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Quarta feira, 1 de abril de 2015

( Is 50, 4-9a; Sl 69(68); Mt 26, 14-25)

Desde domingo, a liturgia tem nos colocado diante do personagem


Judas Iscariotes e da sua relação com o desencadeamento do processo de
condenação de Jesus. Judas aparece poucas vezes nos Evangelhos.
Encontramos ele negociando com os sumos sacerdotes para entregar Jesus
(Mc 14, 1 - 15-47); na casa de Lázaro quando ele se preocupa com o
desperdício do perfume que ungiu os pés de Jesus e que deveria ter sido
vendido e dado aos pobres (Jo 12, 1-11); na última ceia (Jo 13, 21-33.36-38);
na noite em que entregou Jesus com um beijo (Mc 15, 43-46); e sobre a sua
morte segundo Mateus (Mt 27, 3-5). Depois de sua morte, Matias foi
escolhido para ocupar o seu lugar no grupo dos Doze, porém ele nunca
deixou de fazer parte dos apóstolos constituídos por Jesus.
Também hoje, o texto fala de Judas. Segundo o evangelista, as
palavras de Jesus dirigidas a ele são duras: "O Filho do Homem se vai,
conforme está escrito a seu respeito. Ai, porém, daquele por quem o Filho do
Homem é entregue! Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido!"
Nos aproximadamente três anos de convívio com os seus discípulos,
Jesus os conhecia muito bem, suas fraquezas e seus valores. O real motivo
pelo qual Judas entrega Jesus, os evangelhos não nos dizem explicitamente.
O trecho do evangelho de hoje, assim como o de João (12, 1-11), parece
querer nos fazer entender se tratar de dinheiro. A ceia pascal é a ceia de
despedida de Jesus, uma ceia de adeus. A ceia pascal, lugar da memória da
misericórdia de Deus que fez seu povo sair da “casa da servidão” (Ex
12,1ss), é palco da revelação dramática da traição de Jesus por um dos
Doze. A memória da escravidão e da libertação do Egito, parte integrante da
ceia pascal, desvela o mal que ainda aprisiona o ser humano. Em face da
fidelidade de Jesus ao Pai se revela, paradoxalmente, a infidelidade de
Judas. À pergunta de Judas, a resposta de Jesus é intencionalmente
ambígua: “Tu o dizes”. A cada um é deixada a possibilidade de julgar-se na
sua relação pessoal com Jesus Cristo. que possamos viver intensamente
esta semana santa, buscando reforçar nosso compromisso com Cristo.

Fr. Edson Guedes, OFMcap.

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