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CONVERGÊNCIA Escolas Cristãs,.

(Lassalistas), de Porto
Revista da Conferência Alegre, RS . Aqui está a interpretação feita
do~ Religiosos
, do
. Brasil .- pelo Autor sobre a sua .arte: "As três faixas
represeniam os três: votos que os reli-
Diret9r-Responsãv,,-l: . .. giosos professam. As faixas formam,
Ir. Claudino Falquetto, FMS visualmente, as mãos em oração, orien-
Redator-Responsável: tadas para cima, num sentido positivo,
Padre Marco.s de Lima , SOB para-0 bem, para Deus. Ao mesmo tempo,
(Reg. 12.679/78) uma faixa branca invade as mãos e as en-
Equipe de Programarf,ío: volve: é o invislvel mas presente SER que é
Pe . Atico Fassini, MS Deus. A entrega, a oferenda do religioso e
Pe . Cleto Caliman, SOS a aceitação e envolvimento de Deus estão
Ir. Oelir Brunelli, PIOP expressos no conjunto do desenho. As
Ir. Maria Carmelita de Freitas, FI mãos se encontram como os seres hu-
manos se encontram em Deus. E ~ com
Oireç50, Reda,Ção, Administração: suas mâos que os religiosos'ajudam a trans-
Rua Alcindo Guanabara, 24 - 4? andar iformarja :realídade num,"mundo de justiça
2003 1 RIO DE JANEIRO - RJ e fraternidade. servindo os homens, seus
irmãos. Sugerimos a cor azul por lembrar o
infinito de Deus e a eternidade do homem
Assinaturas para 1986 em Deus" . Convergência vai publicar. a ar-
te do Irmão Anali no Zorzi, FSC, em bran-
Brasil, taxa única, terrestre ou aérea: co, vazado na cor, que varia em cada mês.
Até 30.04.1986 ............. CzS 170,00
Exterior: marítima :. ...... .. .. USS 38,00
aérea......... ........ USS 48,00.
Número avulso ................ CrS 17,00 Registro na Divisão de Censura e Oiver:.
sões Públicas do O.P .F. sob o n? 1.714-
P.209/73.
Os artigos assinados são da responsa-
bi lidade pessoal de seus autores e não
refletem necessariamente o pensamento
-
SUMARIO
da CRB como tal.

EDITORIAL ................ .. .. .......... .................. 513


Composição: Linolivro S/C Ltda ., Rua Or.
JOÃO PAULO 11
Odilon Benévolo, 189 - Benfica - 20911 AOS SUPERIORES E SUPERIORAS
Rio de Janeiro, RJ . MAIORES DO BRASiL .......................... 515
Fotocomposição: Estúdio VM - Com- ABERTURA DA XIV AGO DA CRB
posições Gráficas, Ltda., Rua Escobar, 75, . Irmão Claudino Falquetto, FMS ................ 521
s. 202 - São Cristóvão - 20940 Rio de
Janeiro, RJ . PARA REFORÇAR A COMUNHÃO
Cardo Jean Jérôme Hamer, OP ................ 526
Impressão: Oficinas Gráficas da Editora
Vozes Ltda ., Rua Frei Luis, 100 - Centro NA ABERTURA DA XIV AGO DA CRB
Cardo Paulo Evaristo Arns .... ..................... 528
- 25685 Petrópolis, RJ.
NA ABERTURA DA XIV AGO DA CRB
Dom Carlo Fu rno........ ........ ............ ...... ... .. 531
Nossa Capa MANHÃ DE ESPIRITUALlDADE
NA XIV AGO DA CRB
O Irmão Claudino Falquetto, FMS , Pre- Cardo Aloisio lnrscheider ......................... . 548
sidente Nacional da Conferência dos
Religiàsos do Brasil, lançou um concurso, PRIORIDADES E LINHAS .
ém' 1985, em todo o Brasil, para escolher o DE AÇÃO: 1986-1989 ....... :........... ....... .. 56~
logotipo da CRB Nacional. Venceu o con- A IGREJA E A NOVA ' .
curso o Arquiteto, Irmão Analino :ãJrzi, CONSTITUiÇÃO DO BRASIL
FSC, Religioso do Instiiuto dos Irmãos das Pe. Fernando Bastos de Ãvila. SJ ........ .... 566
•• • . ': ,"
..
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. ", .".

. .

EDITORIAL
.
. De 21 a 26 de julho de 1986, o pe de Reflexão Teológica e das
LiceU Coração de Jesus, dos. Assessorias' Nacionais da ' CRB,
Revm9s Peso Salesianos, em SÃO às Prioridades da CRB para o
PAULO, acolheu a XIV Assem- triênio 1986-1989.
bléia Geral Ordinária da CONFE-
CONVERGeNCIA quer partici-
ReNCIA DOS RELIGIOSOS DO
par a seus leitores os momentos
BRASIL. Com a participação de mais fortes da caminhada vivida
cerca de 600 pessoas, entre Su- pela Assembléia, enfatizando as
periores MaioTes residentes no contribuições de conteúdo mais
Brasil, Convidados, Observado- denso e alguns expedientes sig-
res e Assessores, a Assembléia nificativos. .
reflejiu sobre o tema "A dimen-
são ·profética da Vida Religiosa . Na sessão de abertura, além
no Brasil hoje", discernindo os do Presidente Nacional da CRB,
rumos da CRB para .o próximo fez uso . da palavra o Cardeal
triênio. O encontro foi marcado HAMER, OP, manifestando sua
pela oração, pelo estudo, pela alegria de poder, com sua pre-
participação intensa e interessa~ sença, "reforçar os laços de co-
da, pela presença significativa mlmhão" entre a Sé Apostólica
do Cardeal Jean Jérôme HAMER, e a Vida Religiosa no Brasil. No
OP, Prefeito da Congregação pa- final de sua alocução, entregou
ra os Religiosos e Institutos Se- a Mensagem do Papa à Assem-
culares, e particularmente pela bléia, lida e acolhida pelos prt;l-
Carta queo Papa JOAOPAULO
sentes em pé, com aplausos e
11 solicitamente enviou aos Supe-
cantos. O tema da Cárta centra-
riores e Superioras Maiores reu-
nidos na XIV AGO. liza . orientações claras para a
formação à Vida Religiosa, e pa-
. A Assembléia, preparada pelos ra a desafiadora missão das Re-
quadros da CRB Nacional e pe- ligiosas e Religiosos junto ao
las 17 Secções Regionais da povo brasileiro. "Anima-vos aqui-
CRB que recolheram as reflexões lo que é o sentido Insito à vida
de Provlncias e Comunidades so- consagrada: crescer no conhe-
bre o profetismo da Vida Religio- cimento e no amor, para serdes
sa, desenrolou-se em miniplená- testemunhas e profetas de Cristo
rios e plenários para avaliar si- no mundo de hoje, em. fidelidade
nais e desafios vividos hoje pé- dinâmica à vocação religiosa e
los Religiosos no Brasil, e em ao carisma deis vossos Fundado-
pairiéis sobre áreas de atuação TEis. Tendes diante dos olhós,
e interesse da Vida Religiosa, até como um livro aberto, a grande
se chegar, com a ajuda da Equi- população do Brasil, com toda

513

a sua realidade histórica, social a) missão encarnada em con-
e religiosa; e a vossa mente se . texto sócio-eclesial, criticamente
abre também para todos os pOc . · discernida;
vos do mundo, que vos interpe-
l;'Im. e. representam um desafio à . b) ., cÇlragem para assumir . a
opçãO' pelos . pobres . segundcl ' o
qriativioade eàcapacidade evan, . . . . . '
proprlo carisma congregaClonal;
g.elizadora 'd e toda a Igreja,. mas . . .. -.. ,- " .. . . ..
particularmente dos Religlosbs e · . c)experiência .de Deus . pre-'
das Religiosas, suscitados por sénte na história ..dos homens. :
Deusp-ara serem ' pioneiros 'nos '. A Assembléia ' propôs também
camiriho~:i"
,. , .
da riiissãoenas
. .. .. . .
sen~ ' Linhas ' de Ação na ' direção da
das doEspírito" (n9 19). Vida Religiosa inserida em meios
: -A seguir, deixaram sua mensa- populares, na dei Formação à Vi" '
gem D;' PAULO EVARISTO ARNS, da Religiosa, na da Vida Religio-
OFM, Cardeal-Arcebispo de SÃO sa a serviço :da Saúde e Educa~
PAULO, o . Núncio Apostólico D. ção" nada Vida Religiosa faGe '
ao Envio AD AGENTES.. e face
QARLQ ..FURNO, D. . IVO LORSc
aos Meios de Comunicação So-
CH.E.lTER, . Presidente da CNBB, cial. · . . . '.
O.• .LU.CIANOMENQES DE .AL-. . .
MEIDA, . . SJ,.8ecretário .Geral .. da. · A XIV Assembléia Geral Ordi-
' .

CNBB, e D.. ALorSJO. LORSCHEI-. nária . da ' CONFER!:NCIA DOS


. ".
o..l;fI que .orientou Uma. manhã de . RELIGIOSOS DO BRASil paten~ '
espiritualidade. teou um. profundo amor dos Re-
ligiosos e Religiosas à Igreja .e
· As' palavras desses Pastores seus Pastores . . Expressou autên-
repercutiram · nos . trabalhos da tica espiritualidade. através de.lh
Assembléia e certamente i nfl ui- turgias participadas, dinâmlcas .e
ram no espírito e no texto das comprometedoras, presididas pe-
Prioridades para o novo triênio. 10sSrs. Bispos presentes. Vi •.
Dessas ·PriOridades, meditadas e venciou genuína fraternidade ma-
assumidas a nivelnacional,re- nifestada em inúmeros gestos de
9ional e mesmo pessoal, depen- entreajuda. Propiciou ' reflexões
de em 'grande parte o desenrolar centradas na Palavra de Deus,
do processo' de renovação da Vi- ria situaçâo do povo, nos caris-o
da Reiigjosa nos próximos anos. mas ena missão encarnada.
· Em definitivo; ' a Prioridade é · · p.ode-se afirmar que a Assem-
uma ' só: "O cOmpromisso de vi- bléia foi uma. graça, um momen-
ver a' dimensão profética da Vi- to forte de experiência .de Deus
da Religiosa" . . ' nos c~minhos: da Vida Religiosa.
. , . . " ..

. : .. . . .. . . - _. . .
· Para implementar essa Priori- Irmão Claudíno · FalqueHo, . FMS.
dadeexigEj-se; .' : .. Presidente. Nacional da eRB . '.
.. .. . .. . .. . . ,

51:4;
. JOÃÓ ·PAULO
.. ...
,U' . ~ .
.
. .
. . ..
", . .
..
... ..
• '0 ··· . ..
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.
• , .
.

AOS:..SUPERIORES
.
. E
..
"sUPERiORAS
...
. • .. ,
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:, . ...... .....'
_. .
MAIORES DO BRASil ·
.
.
·' ..
,
, .
-. '. . . ...
..
- ...

Ámados
. . ..
.irmãos e.· irmãs:
.. . . - ,

: E para mim grata a oportunidade


,

. . . '

...
'. . .' de .vosrlirigir esta . mensagem, para
: 1. . ~'Graça .e paz vos sejam dadas que a nossa alegria . seja completa
da parte. de:p~us, nosso Pai, ,e da (cf... 1 10 1,4). : .
do Senhor Jesus Cristo!" (1 . Cor , . .
.
.
1,3); ... .. Quereria exprimi!", em primeiro
... .
lugar, a minha. estima para com to·
l'incontrais-vos . reunidos . nesta dos os Religiosos e Religiosas do
XIV Asserilbléià Geral da Confe- Brasil ti .o meu apreço pelo testemu-
rência . dos · Religiosos- do Brasil Ílhoadmirável çle oração e de. em-
(CRB) como·· os ' Apóstolos no Ce-- penho apostólico que continúam à
náculó, em comunhão entre vós, com dar, sem olhar a sacrifícios, guiados
os vossos Bispos e o vosso povo; .e, ,pelo amor e animados pela esperan-
ao mesmo · tempó; com · o · Papa e ça. Os números . falam por si: mais
com toda··a Igreja. E "a nossa co- de 38.220. Religiosas, 7.716 Reli-
munhão é com· o Pai ti com o seu giosos sacerdotes" 2.547 escolástic
Filho, J,esus Cristo." (1 Jo 1,3). .Ani~ cos que se 'prepar!!m para o Sacer-
iII1a-vosaquilo que é o sentido ínsito .
dócio, .2.391 ÍlJll.ãos leigos, 2.783
. -
1l0VIÇOS e nOVIças, t:staoao serVIço .
à: vida consagrada: .crescer no. cO-
do reino .de Deus na 19rejaque está
nhecimento e nO amor, para serdes no Biasil(Departamento Estatístico
testemunha.s e profetas de Cristo. no do CERIS, 1984). ~ também sigpi-
mundo · de hoje, em fidelidade . dinâ~ fiCativo o fato de quase a metade
miCa à vocação religiosa· e ao caris- dos· Bispos, exatamente 168, serem
ma dos vossos ·· Fundadores. . . Religiosos, e de um grande número
. . Tendes de .consagrados brasileiros estarem
. .' diante
. dos olhos,
. como
ao serviço da Igreja universal, em
um livro aberto, a grande popula-
. , .
países de missão. E também a vida
ção do Brasil,' com to.da a sua rea"; contemplativa se apresenta flores-
lidade histórica, social e religiosa,; Cente, com 107 mosteiros femininos
e a vossa -mente,se abre t~mbém para e 19 mosteiros inasculinos.
todos os pOvos . do mundo, que· vos •
interpelam e representam um desa- . Faço ·minhas as' palàvras do meu
fio : à : criatlvidadee à capacidade Predecessor Paulo VI: · .. verda-
evangelizadora ' de'tocla a. Igreja, ·mas deiramente a Igreja deve--lhes mui-
particw!!IJD.eilte :dos Religiosos e da» to" . (Exort. ApQst,: Ev,tngelii Nun-
Religios~s, suscitã~os por Deu~ pa- tianfli, '· 69). · Confortado pelo teste-
ta se~em '·i>ioneitos nos cilDiiulios ·da munho dadopelQS BispOs brasileiros
misSão , e nás sendas do Espírito. acerca ·da 'vida religiosa, · no decor-
. ."
515
rer das recentes visitas "ad li mina toridade não ' é delegada, como no
Apostolorum", acrescento: a Igreja ', Antigo Testamento, porque Ele é o
agradece-vos e conta convosco. , Filho Unigênito. Ele, anuncia a sal-
vação e ao mesmo tempo a realiza;
2. Querendo partiCipar nos vos- transmite ao povo a Palavra do Pai;
sos trabalhos, não só ,com ,a oração, Ele mesmo é a Palavra encarnada,
mas também com esta Mensagem que não veio para condenar, mas
que confio ao Senhor Cardeal Dom para irradiar universalmente o amor
Jean Jérôme Hamer, Prefeito da que regenera; leva o homem a pôr-
Congregação para os Religiosos e se bem frente 'a .Deus, para que pos-
os, Ii:lsti.tu'tos SeCulareS, desejo cha· sa, descobrir a SJl!l presença" retor-
iíIaI a vossa atenção ,para alguns nar ' a Ele, acolhê-IQ como Pai, 'p ar-
pontos fundamimlais a , respeito ' da tilhar 'com ,Ele o seu desígnio e, co-
formação, na linha do ' Concílio Vati- mo filho, tomar-se em Cristo conse
cano II e dO ,'recente SÚlodo Ex- trutor de 11m mundo novo. ',' ,
traordinário ,çlos Bispos. , '

, Os Religiosos, de , fato, em virtu-


" Vós sabeis ' que a ,vitalidade das de ' do seu Batism.o,partiCipampor
:paroDias relígiosas, a :qualidade e a Cristo e pelo , dom do ESpírito na
!!riatiyidade do , serviço apostólico e inissão, profética de toda a Igreja,
a eficáCia da ação profética depen- que se exprime;' fundamentalmente,
dem, em , grande parte, da' fOl11Ilação na ' escuta ' no anúncio da Palavra e
iniciai- , e ' permanente , dos ' que , são é no testemunho ' de vida; ou ' seja,
chamados li tão ,nobre missão. SeI no Evange1ho meditado; ' proclama-
que é para'vós preocupação constan_ do e vivido. '
te esta forina'çãoó Com efeito, para .... . . ,
'. -"
assegurar as
" .. novas
-. '
, geraçoes, aos , 'Alé:m:
di~so, dado que a vida reli~
formadores e ,às fcirinadorás e a to- giosa costinua a representar ,n a Igre-
dos os ' Religiosos e Religiosas uma jaa mesma ,condição de ,vida que
preparação adequada, criastes , e o , Filho, de' Deus abraçou, quando
lançastes mão de ';nuiDerosas formas veio' ao 'mlindo para faZ~r a vontade
de cooperação;, e acompanhais, com do Pai (cf. Consto dogm. Ll1men
olhar , vigilante, as várias iniciativas gentium,. 44),. "ela proporciona a to'
surgidas para o , seu creséimeneto e do o Povo de Deus um testemunho
sua organização específica, haurm- que bem podemos denominar profé-
de inspiração da ' Palavra de Deus, tico. Em primeiro lugar, pela ex-
atentos ' aos ensinamentos ,do Ma- pressão multifolme ,d e vida evangé-
gistério 'd a Igreja e 'tendo presente lica com a , qual as pessoas consagra-
a realidade concreta. das tomam viva, e presente a riquee
. ,.. "
za do inistério de Cristo, seguindo
, 3. Conviderando a formação em os conselhos evangélicos de casti-,
todos os seus.- aspectos; parece ser dade; pobreza e obediência, IC as pe-
• • O, " • ••

!llUltO oportuno o ·tema que vos pro- culiaresopções, sempre a partir do


pusestes' examinar. A ' dimensão pro- ;Evangelho; contidas nos carismas
fetica da vida religiosa nasce, efeti- dos Fundadores. , Deste modo, a ,ta,·
yamente, da ,sua inserção 'em Cristo, dicalidade da seqüela de Cristo 'e , da,
\>Profetà poi: exce1êricili; a ' s1Ja im- deqicação :tota1a,0 se1;Viço ' da ,Igreja
o • • • • • • ' . . , .

516,.,"
f~ de, cada' Comunidade religiosa e do ainor (cf. Jo J3;LG ,9; GS 38),
de cada, utn , dos seus membros um constituímos a família de, -Deus, cha'-
sinal de vida evangélica e um tes- mada a ser fermento e alma da hu-
temunho , vivo e interpelante que manidade (cf. Const. past. Gaud;um
'atrai o povo de Deus para o cami- 6t Spes, 40).
MO da santidade e da doação pes-
soal ao serviço dos irmãos. 4. O fato ' de estarmos cônscios
dos apelos da hora atual e da his-
A mensagem que a vida religiq- tória, bem como <Ias nossas respon~
sa proclama não ' é sua; mas é-lhe sabilidades, impõem-nos assegurar
confiada por Cristo e pela Igreja. aos jovens, Religiosos e Religiosas,
E,mais ainda, a consagração reli- uma formação adequada, o mais
giosa, vivida como aliança esponsal completa possível, em fidelidade di-
e comunhão' de amor com Deus, es- nâmica a Cristo e à Igreja, ao ca-
tá na origem de uma genialidade risma do Fundador e aos homens do
apostólica que suscita s6 por si a nosso tempo.
admiração (cf. Exort. Apest. Evan-
gelii Nuntiandi, 69). O seu testemu- No encontro de Porto Alegre com
nho, para mnitos jovens e adultos, os vocacionados e seus formadores,
toma-se mediação segura para a durante a minha visita pastoral ao
descoberta da , pr6pria vocação e Brasil, a 5 de Julho de 1980, f~
~ma pergunta aos responsáveis da
convite "jubiloso para seguir a , Cris-
to com o coração indiviso. formação que desejo apresentar
mais , uma vez, no contexto dos vos~
Abrem-se novas e oIDaravilhosas sos trabalhos: "Na hora atual, de-
perspectivas, para a formação das cisiva para o próprio destino e para
novas gerações e para o próprio pe- o do mundo, terá o Brasil Seminá~
vo de Deus se renovar, quando se rios, ' Casas ' religiosas de formação
aprofunda a vocação religiosa em ou outras instituições eclesiásticas,
todas as suas dimensões, à luz da
vida da Igreja e dQ ensino do Con- terá sobretudo os reitores e mestres
cílio Vaticano 11. capazes , de prepararem Sacerdotes e
Religiosos à altura dos problemas
Exorto-vos, meus amados Irmãos postos por uma população em con-
, • • A. •

e Irmãs, a fazer este aprofundamen- tmuo aumento e com eXIgenClaS


to, com renovado empenho e com pastorais cada vez mais vastas e
simplicidade de coração, para apre- complexas?" Aludia na mesma ' al-
sentar aos jovens e a todos os cha- tura a alguns problemas que me pa~
mados os valores profundos que ' reciam prioritários, nC) intuito de
lhes expliquem o significado da sua dar estímulo a uma ulteriorrefle-
yjda eda sua particular presença xão e busca. Trata-se de problemas
no povo de Deus. Os jovens têm que já tiveram algtimas respostas no
direito , a esta visão, ampla e apro- decorrer destes os últimos anos; mas
• •
fundada. Eles não nos pertencem a permanecem sempre atullls e precl~
nós; mas a Cristo e ao Pai, coino sam de ser objeto- de contínua con~
cada utn de nós. Com eles 'e todos sidernção para ' bem da , Igreja e da
ein ,conjunto, ligados pelos vínculos 'Vida religiosa e sacerdotal. • '.

si1
, ' Seja"me, pi;lrmitido ' agpra pr9porà -às:,$u:as,' exigências ',de ~empre ,cres~
,voSsa ': lltenção :,mai,salguns ' pontos, ,cente J ,nterioridade, "de· experiência
~!lsp!iitallteS , à fo,n nação ' 4as novas ,de ' Deus 'e de' :fraternidade e de ini-
:gerações, .que me , estij;o , pªrticular7 ciaçãq , à ' missãô.ForrÍlador/ls , que
mente a peito, não per,d endonunca saibam , educar plll:a o ,discernimen-
"
de vista a . ,Igreja
" ~ . .
'"
universal
. .
e tendo to, --a docilidade e obediência,. a ,lei-
'bel)l' presentes ' as voss'as responsa- tura dos ,sinaisd9§tempo§e dasne-
bilidádes, ' quanto ao ' presente e ce,ssidade~ do povo, e' para respon-
quanto ào fufuro. " ,' , , ,, , 'der a esses' sihais; com solicitude e
audácia; ,mas em ,plena ' coniillihão
,Não,' obstàilte as ,grandes necessi~ eclesial. "
diides apostólicas e as sitUações pre, , .' .. .

mirites, em ~ que 'as" Famíliás religio~ , A ConferênCia dos ,Religiosos do


sãs 'exercem suas ' atividades, conti- Brasil ,está chamada a desemperihar
nua a serprioritárici iiin cuidado es- um papel , importante ' neste Cllmpo,
merado ria escolha e na preparaçãci quer , transniitirido ' com. 'fidelidade ,

dos formadores e das ' formadoras. as orientações da, Igreja, queresti-


Trata-se ' ,de ' um ' dos ' ministérios e mulando ' a colaboração intercongre-
serviços à ' Igreja dos mais difíceis gacional ,e provIdenciando, coro ' iní~
e delicados, que preCisa de todo o ciativas apropriadas, à preparação
vosso apoio e confiança. : dos formadores. Atuando ' ein srnto-
, '
nia com"o Episcopado, ' em todos os
~ :,,'
Os formadores' e as formadoras níveis ' (nacional, regionhl e dioce-
encontrarão sempre nos: docmuentos sano), vós, Superiores e Superioras
~oMagistério da Igreja o caminho maiores, podereis aproveitar 'dó tIa-
seguro da: doutrina e da vida, com balho dos colábotadores . melhores
a ,qual ôe devem , identificar, para de ~cada, Iilstituto; e, correlativamen"
oferecer aos jovim~ formandos, Re- oe, prest!ll"' serviços; que nãq só aju~
ligiosos e Religiosas, ,os conteúdos
de pensamento ede estilo concreto dem a superar ' eventuais limitações;
de vida consagrada. :a um direito mas
.. ,,criem
.
' . . um estilo. válido
. ..
". '
defor·. .
.

quê 'deveser respeitado; é uma ex- mação para a vida i eligiosa,,' " ,"
. ", . ,; . . ."
pectativa ,que não pode ser desilu- , Estas iniciatiyas intercongrega-
diÇla, a fim de a vida religiosa; iri~~ cionais ajudarão, ao 'meSmo' tempo,
ridaplenamente na Igreja, sl.lr sem- a valorizar os ' carismas eSpecíficos,
pre ,alimentada ccima própria ver~ desenvolvendo 'a : comuIlhão :,e a
dàdeqriea Igreja propõe , para os consCiênCia ' da ' c'o'nipleinentaridade
séiisfi,lhos, para ' qil.e ,nao sejam dis~ e
tia ' fraterriidade: 'a brindo 'os hori-
cípulos senãl;> 'do ÚÍlÍcoMestre que zontes 'da Ciiridllde " para , a Igreja,
é Cristo;
. . .' .
.'
" , " ,: . . '" , , , ,
. . ". ' .
universal' e paríl' toda Igreja local; a
e~ -'ordem: a uma açãoevllngeÍÍza-
, .Osjovêns' e ' as jqvens têm' neces'~ dota e pastoral mais unitária e e(i-
sidªde scibretu!io de mestres que se- (jaz;
jam., para, ' eles: 'pessoas : totahJleIJ,.te .
. '
. sob
.. . àcirientação
,"
. . . . dos
. Bispos. ' ..
.... . .••.. .... o .'

de Deus; : conh~edorasrespeitosas ,: ~ . :
;rl,ldo ,jsto requer, evidente-
90 cOração: hum!lnO ' eAos camInhos ment,e, ', além de ,um",' presença ativa
do EspírjJo, capazes de ;responder " ,
e:discreta ,dos: form<l;dOl:ese :deV9s-

l;18
. .. .
.:sa ...parte, : : coino.:. Superigres, - um · do : ila~ noxma ;· das . '"norinas:
". . da .:yida
_acurado . e .tempestivo. discernimento ..r~ligiosa, .~qual· . é ..·.0 · :ses.l1imento , 4e
. vocacional. As . necessidadeS -e :w- ·Cr!sto; . e ,no: carisma: 4o , FundadÔr.
:gências . apostólicas nunca .justifica- · Exige . para .. to,dos,: más cem ..:parti- .
ora0: um :. discernimento apressado ;e · cuIar pata .os.Religiosos : cham.ados
·uma inadequada pr!?paração para o ··ao ·:.Sacerdócio,.. 11m a"·.. sólida.' f Olma-
-noviciado.' Para . o próprio amadu- · ção .teológica; bíblica e .l,itúrgica, co-
-recillll<)nto, ·.a pessoa lem necessida- · mo .s e: encontra.:.indicado nas. nor-
·de . ele .percorrer um . itineráiio. de fé · mas .da Igreja uníversal .eloc.a l .e
.e. de empenho :no seniço, gradual e · de .c ada Instituto. . . ... ... . '. ".
-PersonaliZado .. ' A iniciação à vida . . . . .

.religiosa· maIograr~se~á se vier a fal- . São ' necessátios,- por fim; oS 10-
.tar uma verdadeira conversão .e urna · cais de forinação süsceptíveis .de 'as-
\ilÍtêiiticaópçãó . por cristo, na li- segurar, efetiv'allllente; -a consecuçíio
J~er?l!de e na expeJ::iência do seu · dos ' objetivos
. .. . lir6priosde
. . . ..cada fase ,..
_arçlOr, porque "o chamado para o · da fo'rTlmm. ação. Será ,b om, .. portanto,
· caminho · dos . conselhos evangélicos que os. jovens, dill-anteo.. período..
.de
:nasce do encontro- interior com o formação,: residam . elI! comunidades
..amor: de . Cristo; que é. amor redeil- ·foxmativas, onde. não .há de .. faltar
tor" . (Exort. Apost: Redemptionis · nenhuma c;Ias .·condiçóe.s requeridas
: ~onl1m, 3); . . _ para uma .formação ..completa: · es-
. ,.
Toda a foronação religios'a se de- piritual; : intelectual; cultural,. litúir-
.s enrola .em tomo do eixo da seqüe- . gica; comunitária e pastoral; ·· con-
:la de Cristo, . pela '.'participação in- · diçõe.s. estas, 'que, raramente, 'se' pei- o • • • ". '. •

teilsa .rios seu&, mistéri<;isatuaIiz,!-dos :del11 encontrar' todas" nas . pequenas


Pi\ Uf\lrgia e yiVidos:na Igreja, pela · comunidades. ~ . sempre . iÍldispens~·
~tescente doação de si mesmO aos vel, no entanto, ir beber na 'experi~
'h;mãos; segundo a .seilsibilidade pró- "êl!,cia pedagógica .. da' Igreja . tudo
·pti.a da vocação específica, ila assi- ~' aqllilo que noS permite .' avaliar do
milação e ' participação progressiva acerto com .-que se· proCessa ' e ' en-
do carisma do Fundador. . ' . .. riquecer ":a fouDação' em ' uma eo-
" A seqüela de Cristo leva a com- '~munidade 'adequada às ' pessoas e 'à
.,partjlhar,. cada. Ve.2; .mais consciente :sua vo~açãoi:eligiosa: "'e,emalguns
· e concretamente, o niistério da sua casbS;"·sacerdotal. .' . .' . .- '.
paixão, morte e ressurreição. O Q f - I'
Mistério pascal deve ser..como- que _. _......ll!~F ...elita . o~açao se rea IZe to-
o coração dos programas de for- t~lmente no mte!lOr do~ vossos I!1s-
mação enquanto é fonte de vida e . tl~utoS, qu~r. ~eJ~ co~ada parclal-
'"oile,,-C''màtoridaQe.
'. :' .. " ", "
·~. sot:ire. dite" alicei:ce ··· m.ent~. ', a mlClatlVas _mtercoIIgre~a­
. . ' _ . " •.. , .: .. , '. ,. CIOnaIS a': vossa' funçao' de ' Supeno-
que' sefoxma ' '? homem "n~vo. o're~: .' . . ' . . . . ' ,
ligtoso' ·e· o· ·apósfolo.. ·.· . .. .. . ...• res.e .S.upedoras .maIOres e sempre
.... ..... .~ .~ '. '.' .. ; . .. .: . ',' ~' ... - '.' :,,: .. mllIfo . :Importante" no ' processo .. de
~, . A -formação requ(lr:.períodos " de , 'foiinação ' dos ." yosso's " candidatos,
,tempo .adequados·eum ·.ptograma ·or~ . ;:: cujas ·responsabilidade;. ~ diante:, . de
:gâ;nico;' coinpleto:,.iexigente, ..estiinli.~..· 'Deus eda Igreja, p~sa s.e mpre.·so-
lante, aberto e claramente inspira- bre vós. ,. ..'-....... '

\51-9
, ,6. A Igreja que eStá no Brasilre- do em que ' vivfllllos, hoje ' mais do
quer uma. pastoral' de muito empe- :que nunca, tem nec,essidade de ver
,nhamento; é, sem dúvida, uma Igre- ' em vós homens e mulheres que
ga viva e dinâmica; mas os traba- acreditaram na Palavra do Senhor
lhadores ' sao poucos, É fácil; por- :e apostaram no amor. No intuito ,d e
"tanto; correr-se o risco de cair no que vossa vida; florescendo e fruti-
, ativisiÍi.o; qiIepoderia levar a um ficando no amor indiviso pelo Se-
esvaziamento espiritual e a um can- nhor, seja cada vez mais vivifican-
saço precOce. Daí resulta a urgên- te para toda a Igreja e para o mun-
cia de uma formaçao constante, pa- do, procurei encorajar-vos a "tra-'
ra revitalizar as forças espirituais zer para o hoje da vida e da Inis-
' daqueles que , se dedicam ao, servi- ' são de cada Instituto aquele arrojo
ço da evengelização, em qualquer
o

com que o,s Fundadores se deixa-


campo e situação. É tarefa que se ram conquistar pelas intenções ori-
impoe a todos os Institutos religio- o ginárias do 'Espírito'" (Cong. para
sos, portanto, programar e realizar os Religiosos e os Institutos Se-
um plano adequado de formação culares, Religiosi e ProlllQziorie
permanente, para OS seus membros. Umana; de 25 abril de '1978, n9
,Um prograina que não vise somen- ' 30), acentuando sobretudo a urgên-
te a formação da inteligência, mas cia de uma sábia formação das no-
de toda a pessoa; principalmente na vas levas de almas enamoradas de
sUa dimensão espiritual, para que Jesus Cristo.
todos os Religiosos e Religiosas pos-
,sam viver em pfunitude a própria , Que Maria, modelo de todos 05
consagração a Deus, na missão es- ,consagrados, seja vosso sustentá·
'pecífica que lhes foi confiada pela culo na caminhada,reavive em vós
Igreja. ' a plena comunhão e a afugria de
pertencerdes a Cristo e fortifique o
7. Meus amados irmãos, Supe- vosso zelo apostólico! Com minha
riores e Superior'as maiores: quis afetuosa e ampla Bênção Apostó-
partilhar convosco, alguns pensa- lica,

mentos que ammam a nossa ora-
ção e reflexão na caminhada da Vaticano, 11 de Julho de 1986.
Igreja e da vida religiosa na histó-
o

ria, no limiar do ano 2000. O mun- loannes Paulus, pp n

: "Para se ter vida plena, o fundamental é amar, A ausência, porém,


, de atos concretos de amor caracteriza a sua inautenticidade teórica e denota
a sua falsidade na prática" (quarta capa, Convergência, ' outubroj86). O
' afeto abstrato é tão abominável quanto o rastro do 6dio. Só o amor mani-
,festo constrói e produz fraternidade e paz. Ninguém se convence pelas
' boas intenções de ''iuem quer qUe seja:',M uita palavra e pouca ação revela
falta' <je coragem, sobra de pusilanimidade,
. '"
a eloqüência
.
,iniIrcha dos que
mentem. , ',', ',' '

,520
. . .. .. .. .

ABERTURA DA· ·XIV AGO •

. '

• DA CRB . •

Claudino Falquetto, FMS



Presidente Nacional da eRB

1 Esta é a XIV AGO da CRB co e uma revitalização espiritual


Nacional. Nos seus 32 anos de exis- das. gJ:"andes linhas do Concílio Va-
tência a CRB Nacional sempre deu ticano lI. O tema: . "A Dimensão
privil!egiada ilriportância às As- PROFSTICA da Vida Religiosa",
sembléias Gerais porque é delas que que . aprofundaremos nesta . As-
'partem as grandes linhas do pro- sembléia, ' vai muito além das mais
cesso de caminhada de toda a Vida evidentes conceituações relacionadas
Religiosa no país. Além disso a com anúncios e denúncias; desce ao
Assembléia Geral, por ser o orga- âmago da própria consagração re-
nismo decisório máximo de qual- ligiosa, encontra apoio e alicerce no
quer Sociedade, configura também Senhor Jesus e no fundamental pro-
llS reais características da institui~ jeto de seu seguimentQ. A Vida Re-
ção. Os Superiores Maiores são os ligiosa é por essência profética. Ra-
vogais com plenos direitos e de suas dicada na dimensão carism;ática da
decisoes emanam os rumos da ins- Igreja, é livre, pode e deVe, por con-
tituição. Este fato, inscreve a CRB seqüência, apresentar-se ao mundo e
entre os organismos próprios de Su- à sociedade como iluminadora dos
perior.es Maiores. Sobre as delibera- valores evangélicos. É consolador
ções dos Superiores Maiores será averiguar a força interior de tantos
posteriormente montada a progra- religiosos, espalhados por 'esse Bra-
mação das atividades tanto da Na- sil continental, que a partir do se-
cional, quanto das 17 Regionais, vi- guimento de Jesus Cristo testemu-
sando sempre a Animação e Pro- nham profeticamente o Evangelho
moção da Vida Religiosa, objetivo para o povo de Deus e para a Igre-
estatutário da CRB. ja. A partir do Vaticano II e na
esteira das corajosas op.ções do
2 A presente Assembléia, pela Episcopado latino-americano, a Vida
temática a ser · abordada quer pro- Religiosa ganhou qualitativamente
porcionar verdadeira experiência fra- naqueles segmentos que mais se pro-
terna de vida religiosa e de discer- jetaram no esforço de renovação e
nimento no Espírito, na busca de na resposta aos desafios da Igreja.
objetivos comuns. A .cami1;1hada da lloje como nunca a Vida Religiosa
Vida Religiosa. nos últimos 20 anos, constitui-se Dum incomparável pa-
de acordo com a · avaliação do. Sí- trimônio espiritual e na maior for-
nodo Extraordinário
. . de.85 está . a ça pastoral à disposição da Igreja
exigir · um aprofundamento teológi" DO Brasil.

521
3 Sentimos também que sem- sência nos remete ao Espírito e aos
Pre mais se e""atlder, ~.t' .g § "'\
a éo'itshiênciã
.~
' of ' -, •. , . "," ,.-,." 't. ,, ". '\,' .'':-,-:F:; r
,;' "'Funtla:Aóres' "i, . '. '
fraterna da con1Plementariêdàde Ül/~'" ",. ",.. '. "" ,":"\""" , , .
tercongregacional e o espírito ,-.de "22,, llm~ ,análise da reahda~e <l;a
cooperação entre os religiososIj,Nic,,! YI!:!iyRehg!O~a ,:omo resp~~ta as dl-
de-oo este fato consolador pela cres- ferentes medlaçoes apostohcas;
cente participação no,~" p'Urs<?~, semi" . . .....:?).~nT'a . , e)~Roração de respostas
n:rrios, encont,ros de f<i~nia~ão' em . : çci4êl1é~is, A~ ;'áção, dentro da atual
diferentes ll:ível~, nas assessonas' t~n~ "'córijüíiiiiài, confrontadas com as
to das ~egI~nll1s, quant~ ~a Naclo- propostas de renovação suscitadas
nal"lja "'lII,Ulto,, mals ,r,ehglosos . par- p'elo'" Con"c'ilio' V'a'tl"cano II ,.; .. ' .
t"""'''·''d '' ..h··oe
,\OlpIl1l0 ..j "', ,d'aV1
: "d, a.. .,"d'
.a ... CRB'
,, ' ",' """, ". ' ,'. '.- "" ' , ,, ' ,' " ,'"
, . ,0 ' ..

graças' :asljéni : sl\~idaS' teritli:tivas .:, 6 .> Essas,gr<iíid,es '),inbás soirie~~


dê ' ôp~:racionalizà'r'" a j)f()posta ,Qe Iti 'séraó ' il'llliiiriiÚ,Í(J.s . e 'irÔlplemenfa:
9,éscentiilllzaçãà' , votadai).in'ná .. da~ d,às, ,e".somente : no~,)evai;ão ', aprô;.
I'di?ridà'des, :õa' ~tÍÍlÍa~ss~in?léia;:, p~stàs' dinamizádôràse .catiaiiza~o~
:,:; 4; ,; Esta:· XIV' Assembléia' res' ,a~ '\ d9S , t~~b~lhos' da, :CRR, para' ,o
pondetiunbémaos a)1seios ' de cOr" pró~~9?,iênio" , lIl~d~~tea ;fl!')na
rêSpémsal>ilidad~ páfticipativaect:e pa:tIc~paçaQ QO&S?P~flOI1~S MaIOres,
desce!ltralizaçiÍo;-' ,As reflexões '.que pnmelros . respOn~a~eJs pela renoVa"
farenicWaquipartem; da: ; i:on:tribu!~ ção;daVldaReligIosa; ,.
çao advinda' das bases; 'd'a s 'comu~ ' ,' 7 :::":: T~m~~ .a . ale ' ia: de contar'
nida,des, das ' Congregações, ,dos hbj~ cçrtl aprese~ça ~es,Ejncia.ci
CónselhosPióvinciais, .dás: Regia, Cáideal ' Jean rérôme lIamer, OP,
nilis, da~ f..ssessorias, d~. mi~harés Pre.6eitÓ . da Congregação para oi;
de religiOSOS .. que, ~msll1torua, se Religiosos' e Institutos Seculares. Te-
debruçaram prática e ' reflexivamen- mos certeza, Sr, Cardeal, de que sua
te sobre o' tema . do ProfetislIlo . da presença há de estreitar .ainda mais
Vida· Religiosa. : Esta Assembléia a coanunbão dessa pai<;ela da Vida
p.ode ;auscultar:' o coração' da . Vida R,eligiqsa de ll-ossocontinente ' com
Religiosa emilosso país;. Oportuna- a: Sé Apostólica:; ." , ,
mente voltaremos ' à ' qúestão do te"
ma, quando se, apresentará a , gêne- , ' 8 ' '. Os Superiores Maiores çles-
se:' e á dinâmica da presente ,As- ta: Assembléia, Si. ,Cardeal, . iepre:
sembléia. · ':. sentam os 48,267teligilisos (Dados
. '. . . . . . do
. 5 ,' . As ,pretens!ies de quem ima~ Brasil afora, . tentll1ldo viver com
A.C,85) ,espalhados por esse
ginou ..e, de quem veio a. ,este con- amor e fidelidade o Seguimento de
clave, 'passam , t;ertalIlente ' pelo .dis- Jesus Cristd, a consagração C e o sér"
ceriJiqri.érito ,reflêxivo ,e ,orantee pela:
viço : áos irmãOs. São 38.220 reli-
busca ' de umáreoovada fidelídade giosas, 7;716 religiosos sacerdotes e
prospectiyà.~, O . t.e ma. ilos' __,permite
2.331 ,irmãos, distribuídos em 9.062
!,'m sÍ!<\s:,
" ' ".. -
grandes li,nhas': , ..,' :....
",. ", ' .
: comunidades, ,'que :enriqueceni . a
.': 1) -' uma ' aproxirnaçÍio' téológica I)lr~ja' at,iàvés dás maiS' diferentes
da Vida Religiosa, que nà 'suá: es~ mediaç:ões ' ;apdstólicàS. ' DentteliS

522

·548: n~iigrêgações ' oti·· Ói:dêiis" mui~ 'tto.'··:CdIilr&í'cimos." o "mcintivo . 'e ;:o
~".,. , L _ ._.

tas nasceram em 'eteITaS'..:·tliásileirás 'àc'oli1pànIlaIfiltnto~i,'qÜ'e :V-;Emcia ; dá


~ . ~t '
e .:.·126, ,.çr:>muDidades . de.~C/lm-se à labs 1t6ligio~bs:··tleStit:Jgreja ..:Agrade;.
P'Jiia.:.:coiíteJ#plação.·. Q'ra:ilde, · ~..~ ,ie~" cemos seu exempló ·:â~: ·;pastor :'80-:'
'ónsabilidadê' dos i:eligiósõs Íl.a. âj"eà .lícito e".. ,sua.. pry~e!lça.. aqui,.. em·, nos-
aa: ~Mcâção 'e . no:; setoJ;~ 'da- saÍíd~, ."' "
.~a
.. .....
. ' . o>• . • •....•. .' . . ._ . .... .... . - •
J\ssf'J!ll1>lel.a,
' . ..
~

, .. ..__ ...'. ......."


~,

.. . . , ........ .......
". . . ...
.Máis,·qti: 20.000 i:~glo~ps e Iel!gio~
.~as \ se · eD;lperibam': ilii Ipririação ..qaS .i. ' 12.;:Sãudamos agtadeéemos.·es• '-e
D,ovaã,.gerllções .de~t~p~s: ji>venieiil pecialmente ao Sr. Núncio. Apostó-
.e];cqllÍs; urii.versidiides. e çeIittos .to~ ,ljco, Dom >ÇadQ FurI)o, ,pela )lQn-
,nÚi'1i(áriçs e lUtam pel<i d.e fesil4a .r,()s.a pr.eseriçil. .:É a"" ;2~ .: vez " ql\e
vida, sêja ' ém. ins(itiíiçóes .hospit!(la'.- ,V.Exçi!\'•.'.Se .t:âz . presente .:em, .ii.o~sa
res, seja na saúde preventiva' e' co'- ,Assembteia Nilcionel •.. 'Cp.!iici repre:
munitária: -Outros muitos religiosos 'seritani~. ::p*e)níIPeb,t(dci ' Santo Pa-
idoam ' ia ' 'própria Vida em regiões dre·· e'in-nossa ' pátria TenMmos-lhe
- _ " . '- . ' . " •. ' ,,- L ' • , o ,

·agrestes e insalubres' tmto nó 'aspec- 'nossa · hi>l11eilageni · obseqlliosa. '.Sin~


-to: '.geo-c1imático ,qUanto. no aspecto ta-se cordialmente " . acolhido, - Si':
'sóci6c eéonôJ;llico, vivendo ' e convi- Núncio.:.. ·. '. '
vendo. com; os. de.serdados dos bens
, . . ,. , ' .',
13. : Umá das ' características' 'da
d,este.'mundo. : . .. . Igl-êjad~ Brasil; ,repetiIrios, .é o eX::
" 9. Ess~ Vida Religiosa, Sr. Car- celente .entendimento' ê ' a .profunda
deal, busca e quer 'constantemente .comunhão alcançados 'entre a .Con-
ser+ie~ ao Evangelho e àIgreja no ,ferêncii1 .N acion~ ' dos . Bispos .' e a
aqui e agora de nossa realidade. Po- ..C.onfel;ência
- "
- . ' dos .ReIi~osos~
.. ' .re- " .
Ao
demos 'afirmar e ' confirma, nossa conhecer mais . uma , vez :esta ,graça
comunhão com o episcopado, com do Espírito homenágeamos " nossos
a , CNl3B, com as Igrejas particula- bispos e a · CNBB, ,aqui répresenta-
res. . Podemos .. apr.esentar nossos da . na pessoa' do ' ·P.residente, DollÍ
mártires, religiosas e religiosos que Ivo Lorscheiter; pelo Secretário Ge-
derramanim o próprio sangue por rál, D.LUCIANO MENDES DE
Jesus' Cristo presente nosempobre" ·ALMEIDA, SI e por Doni Davi
cidos, : nos injustiçados, nos fracos. .Picão, Responsável pela Vida Con-
. . sagrada, junto à ' CNBB. Reiteramos
Essa é a vida religiosa aqui pre-
sente: .riCa e pobre, 'saDta e peca- noaso reconhecimento e nClSSO apoio,
dora,. sempre a caminho e sempre :reafirmando nosso anseio ' de plena
.
generosa. .
. . comunhão. Lpuvado :seja' o Senhor
-' .. pelos pastores que .
nos con.cedeu. .
. 10. Seja bem--vindo, Cardeal "

. .
llamerLDesde já agradecemos seu . . 14.'
.-
. Destacamos . a· . fraternidade
..
carinho para ' conosco e receba nos· dos padres salesianos que 'nos abric
~á' efusiva homenagem. . .
ram ..as portas
.. .deste Liceu .. Coração
..... .

.
' . .'
deJesus~ · Homenageamos esses be-
. .1 F. 'MUito.
. .
nos honra tambéJJtJ 'a Iieméritos baIideirantes dà Igreja dO
presença
.. , '-'.
. de' Dom ·Paulo· Evaristo
~. . .
Bt;asil, " ·desbravadores: . evangélicos
Arns, OFM; em: cuja círcúnscrlçãO das: florestas' .amazônicas'· e 'incansá-
eclesiástica . teafi:ial11bs .nosSo enéon~' 'veis ·· c-ondu[ores :. da ' juventude · bra"

523
sileira. , Nos~os ,. a~ad~ÍI!lentos, ~ a valiosa ajilqa aos programas para
, Comunidades dalrulpetoJ;ia e do Li- as Conte:mplativas. '
,
,ceu.DeI!S lhes .pag!le pelo seIVÍÇ9
Pelos ,organismos íntemacio-
que ',nos prestal11; naisde apoio aos objetivos e às ati-
. 1'5. Saudamos' com resp,eito e gra- vidades da CRB declaramos nossa
tidão os representantes de organis- gratidão ao Adveniat, à Misereor e
- • o. o' . •
mos ,naClon,alS e mternaclon1Us, ' aqUI à Ação Quaresmal. Embora não te-
presentes: nham enviado representantes, mani-
festaram-se presentes; por carta. A
-'- Pelo Centro de Estatística Re- esses organismos a CRB é devedo-
ligiosa e Investigações Sociais, rece- ra, 'em grande ' parte, de sua sobre-
bemos cordialmente D. Afonso Feli- vivência financeira.
pe Gregory, Bispo Auxiliar do Rio
de Janeiro e mui digno presidente 16. Saudamos e acolhemos com
do CERIS a quem agraoocemos to- alegria os eméritos presidentes da
da a ·colaboração. Coníerência dos Religiosos do Bra-
'sil que tanto fizeram para a im-
- Pela Associação de Educação plantação e a consolidação da CRB:
Católica do Brasil (AEC) acolhe- Pe.MarceIlo de Carvalho Azevedo,
'mos fraternalmente a Secretária SI e Pe. Décio Batista Teixeira,
Executiva, Irmã IDA POSSAP.
, '
'.
SOB. Sua presença nos dá segnran-
.
ça e mcenllvo.
. ' .

Pela União dos Superiores


Gerais (USG) honra-nos a pessoa do 17. Saudam os a presença e agra-
Pe. Calisto Vendrame, MI, Superior decemos o apoio, a orientação e
Geral dos Camilianos. acompanhamento dos membros do
Conselho SupeJjÍor e do Conselho
Pela União das Coníerências
Fiscal, sempre fraternos e perspica-
Européias de , Superiores Maiores zes em suas análises e observações.
(UCESM) Pe. Pier Giordano Cabra,
também presidente da Conferência 18,. Em nome da Diretoria Na-
dos Superiores Maiores da Itá- cional que termina seu mandato
lia (CISM), e Superior Geral da trienal, o testemunho da sincera gra-
Congregação da Sagrada Família. tidão àqueles que doaram tempo,
talentos e esforços para que a CRB
Pela' Coníederação Latino- prosseguisse na missão de Animar
Americana de Religiosos (CLAR) e Promover a Vida Religiosa.
encontram-se entre nós o Presiden- ,

te; Pe. Luís Ugalde, SJ e a Secre- 19. Referimo-nos, em primeiro lu-


gar, à equipe do Executivo Nacio-
tária Geral, Iimã Hermengarda Al-
ves Martins, RSCI. nal, sempre dedicada e criativa, efi-
dente e perseverante, fraterna e cor-
, - Pela Coníerência de Religiosos responsável. Agradecemos 'igualmen-
da ,Holanda-AMA, saudamos o Pe. te às respectivas , Congregações que
KAREL Weerkamp, também res- entenderam o alcance multiplicador
ponsável pelo Departamell,to Missio- e eclesial na liberaçiío, para a CRB,
nário de Religiosos e agradecemos de 11m de seus membros. ,

524..
,
20. Referimo-nos às qualificadas tante e a colaboração preciosa de
e diferentes Assessorias que permi- nossos funcionários, tanto da Sede
tiram iluminação e acompanhamento ' Nacional, alguns deles aqui presen-
. de todo .0 processo de renovação, tes, como também os das Regio-

através de propostas e de ativida- n!!Js.
des condizentes . com as exigências .
atuais. Lembro: . 23. Apresentamos à Assembléia e
desde já agradecemos a presença e
- A Equipe de Reflexão Teoló- a colaboração do PoC. José Maríns e
gica, no seu 14'? ano de colabora- da Irmã Carolee Chanona, equipe
ção. experiente e dedicada à Igreja, que
se dispôs a nos assessorar nesta As-
- O Grupo de Reflexão sobre sembléia.
Educação - GRE.
. 24. Ao abrirmos os trabalhos des-
- O Grupo de 'Reflexão sobre
ta XIV Assembléia Geral Ordiná-
Saúde - GRS.
ria da CRB Nacional saudamos os
O Grupo de Reflexão sobre Superiores Maiores, os vogais, os
Inserção nos meios populares convidados, os observadores e au-
GRI. xiliares, dando-lhes as boas vindas,
- O Grupo de Reflexão para a invocando a luz e a força do Espí-
Formação GRF. rito Santo, a fim de que Ele nos
alcance o dom do discernimento e
- A Equipe de Coordenação do da fidelidade: discernimento dos si-
Programa Formadoras Contempla- nais e da vontade de Deus para o
tivas PRO-FOCO. próximo triênio; fidelidade ao Se-
- A Equipe de Coordenação das nhor Jesus, que no Seu seguimen-
Superioras Gerais Brasileiras to nos interpela através da reali-
SGB; '. dade, da Igreja e de nossa Consa-
gração específica. IIivocamos igual-
Sua colaboração foi inestim ável e
mente a presença materna de Ma-
lhes somos gratos! ria, primeira cristã e fiel discípula.
21. Referimo-nos às Diretorias Que Ela nos encontre disponíveis e
das 17 Regionais, aqui representa- dóceis, fraternos e corresponsáveis,
das por seus Presidentes, e referi- certos de que em nossas mãos ' re-
mo-nos igualmente agradecidos aos !pousam ' os destinos da CRB, no
Executivos nas Regionais sempre triênio que hoje alvorece.
muito eficientes na colaboração e
abertos na unidade. . . Declaro aberta a XIV Assembléia
Geral da CRB Nacional!
22. ReferimocIios;;·destacamos o
afeto, a amizade. a dedicação cons- São Paulo, 21 de julho .de 1986.

,
. .

CoJillÍto:pássagem obrigatória para se résponder e corresponder a ·Deus;

525
.'

. - . .... .'. .
.
'.
.


.: :]'ARAREF:ORÇAg ~ ;'

.
A COMUNHÃO : --
.' - ' , -.

. " . .. . . . .
. .. ' "
. . . . ..
Carde·a l . Jean. Jérôme Hamer, oP. '.
'refeito . da .Sagrada Congregação para os Religiosos
.' .e.. Institutos: Seculares, à XIV AGO da CRB .
. . .. ' ~

• - -" . _.
. ,'. ..
Estou muito felii ·por encontrar- Romanas, No decurso de um belo
me aqui, hoje, nomeio de vós. Vós díáIogo; conCreto; vivo e sereno, foi
me . convidastes a vir, desejastes a feito um balanço dessa Visita, após
minha presença .para reforçar a co- o qual JOÃO PAULO li enviou
munhão com a Sé Apostólica. Não aos Bispos. d.o .Brasil, reunidos em:
pá .objetivo que melhor possa res- ITAlCI, uma Carta que abre· am-
ponder à.s .minhas . próprias inten- plas .. ... prospectivas.
. ., .. ... . . . ..
çõ~. . ' . .
. , Estes foram então, dois: atosca-
" Reforçar 'a comunhão eclesial de- raterísticos .dessa comunhão ecle-
ve ser' nossa constante preocupação. ~iill, ' desse làço que une entre si os
:e o vosso· objetivo. :e o de toda a membros da ' Igreja:; o Corpo Mís~
Igreja ,:que vive do Espírito .. ' , tico de Cristó. · Realidàde ao mes-
mo telllPo e, inseparavehp.ente espi-
: Em menos de um ano parti~ipei rituaL e .visível; a ,comunhão é cons-
de dois' grandes eventOfõ que tinham tituída da santidade interior: .. -da
pór finalidade reforçar a Comu- Igreja e de todos os .. instrumentos
ilhão: " , . ' ,
" externos dessa santidade. Esta Une
,,:. " o Sínodo dos Bispos, ,nospas- o amor de Deus e ' os "grandes mi-
sados, meses. de novembro ,e dezem- pistériosda . Igreja, a, palavra . e os
'~, ' o qu<tl .· .assl'"l1iiu .. como , ~arefa sacralllentos, q1,le .estão !l, serviço
celebrar, verificar e . promover o en- de,s.se ,mesnw a!llo~. Associa em per~
s,iname_nto do Vaticano li, em vista feita upião a imeI).s,a "variedade das
de maior ,assimilação, :c!essa mensa~ pessoas e das f1lDçõ~s .na Igreja, e
gem; faz de. . c!ld,a Um de nós, parte de
"

_. . . .. um todo línico, .
- a Vi.s itaAd Limina do Epis-
copado brasileiro e sua conclusão Sinto-me feliz, por estar no meio
num ' encontro ' de trabalho de três de vós, como "operário" Ou como
dias ' COlii '0 Sánto Padre que reu- "agente'" dessa mesma comunhão.
nira, com essa finalidade, de 13 a Colaborador do Santo Padre, que
15 de março, 21 Bispos-'braS:ilêitéls " ê"'ô 'ceIitro"e o princípio visível da
- dentre os quais seis Cardeais comunhão, sou seu porta-voz en-
~ .. dez :,P.refeitos. <le Çongr,egações~ , quantol11inhl!, lÍnica aml:>ição éa de
. . '. ..
. .. .
526'
trazer-vos fielinente SUA palavra: A comunhão de que vivemos,
uma palavra que ilumina, ensina, também queremos com.unicá-Ia; de-
que conduz, que governa, ' sustçií'l;sejaríamosarrastar o mundo intei-
consola, protege ... ; breve, ljma 'pa- 'ro num movimento de comnnhão. A
lavra que suscita a ,c omunhão e faz Igreja não é, em Cristo, como , que
progredir. ' ', ' mil sacramento da unidade de todo
o gênero humano (LG I)?
Nós, religiosos e religiosas, esta-
mos particularmente empenhados ' Falandocvos com fervor da co-
neste mistério da comunhão. Primei- ' ' munhão porém; ' 'não me entrego à
ramente, porque assumimos um es- euforia. A comunhão, qualquer que
pecial empenho pela Igreja e por seja" passa através do sofrimento.
's ua santidade, com a profissão dos 'Suscitar , á ' comunhão ' no mundo,
'conselhos evangélicos. Depois, por- suscitá-la aqui, , no BrasU, significa
que 'queremos , viver á nossa vida de trabalhar pela libertação dos ho-
comunidade ' como forma privilegia- mens para fazê-los 'chegar ' ao amor.
'da e tangível do amor que anima a Trabalho assim não é fácil. n uma
comunhão de toda a Igreja. VIA CRUCIS que é preciso per-
correr, ,um caminho que leva ao
Certamente nosso lugar na comu- Calvano. Nós . porém, ' nenhum te-
:Iihao univetsalda Igreja é o do dis- mor carregilmospois que sabemos
'c ípulo que segue o Cristo sob a que li Cruz do :Cristo é vitoriosa.
'guia daqueles a quem o Senhor con-
fiou a guarda de seu rebánho. Isso ' Reforçar acomunhão, eis p<ll1an-
implicá docilidade ,' e obediência, en- to, o , motivo ' de minha ,presença en-
tão, uma' aceitação generosa da tra- fre vós. 'Não é a prillJeira vez que
dição espiritual que o Papa e os venho ao Brasil,eaquitenhomui-
,Bispos ,têm por missão transmitir. tos amigos . . ' A , minha , estadia me
No entanto, ~o~o~ "a~iv~s" napélmitirá ' ampliar grandementeó
:Comunhão. Antes e acima de tudo, circuitada amizade,. , mas também
. . , ' " - ' 'li" ' ·aprofundâ.-Ia ao,'·. :IIlelhor ,perceber
'e m nossa consagraçao re .O"' mosa, em :qüe tár,:,·ainizade ,tem. , suas raÍZes no
~ossa ' oblação , total ao Senhor, a mistério ' dá Igreja, pois' que a ami-
'qual, 'por si mesma e· antes, de qual- zade que nos reúne, provém da co-
quer ação exterior, tem uma secre- munhão do amor e , da verdade que
ta fecUÍldidade apostólica. Mas nós :urie Jesus Cristo, a seu Pai e a to-
,o somos também pela ação visível dosas seus testemunhas (Jo 1,3-7).
que :exercemosna ' Igreja eno mun,
'do,' realizando o apostolado que nos
foi confiado pela missão da Igreja. ,- Muito obrigado por. , vossa aten-
ça(). ' , 'O

,
. . ",
, ,

Dar de tal modo que não se podendo retribuir, aprenda-se a distribuir;


não se podendo ' pagar, comece a imitar. Amor não é comércio, ou troca,
,ou competição ' de favores, puro interesse. Amor é sempre gratuidade.
;Dom, sem preço, incálculável. Por issQ:,.. ~''peus ' lhe 'pagne''' , Deu ,de graça
..como J)eus' é graça. A obrigação de pagar, é ' dEle. "

527
, '" , ,

- ' , '
, ,
. ,. .- .

- NA ABERTURA.. .. . ., . . . '
-
DA XIV AGO DA CRB
Cardeal Paulo Evaristo Arns
Arcebispo Metropolitano de São Paulo, SP

Eminentíssimo Senhor Cardeal mo ideal, aos Religiosos, e ao que


Jean Jérôme Hamer, Dignlssimo a Assembléia dos Bispos da Améri-
Prefeito da Sagrada Congregação ca Latina, realizada em Puebla,
para os Religiosos e Institutos Se- apresentava como as 4 tendências
culares, •
que caractermlUn aos que se consa-
Excelentíssimo Senhor Núncio gram a Deus neste momento da
Apostólico, Dom Carlo Fumo, História.
Para ser breve, como é sempre
Prezado Iwão Claudino Falquet-
to, presidente Nacional da nossa aconselhável, numa Abertura de tra-
CRB: balhos, contento-me com a enume-
ração das características apresenta-
Como Arcebispo de São Paulo, das na "Evangelií Nuntiandi" e com
tenho a haura e a alegria de trans- a reprodução do retrato escrito de
mitir as saudações mais cordiais e Puebla.
os votos mais ardentes ao Eminen-
tíssimo Senhor Cardeal Prefeito da Diz-nos o texto, grandioso e in-
Sagrada Congregação e a todos os substituível, da "Evangelização do
Mundo Contemporâneo", em seu
Superiores Maiores das Ordens e
Congregações Religiosas, junto com nÍlmero 69: "Graças à sua consa-
os seus Delegados das 17 Regionais gração religiosa, eles são por exce-
da CRB_ lência voluntários e livres para dei-
xar tudo e ir anunciar o Evangelho
Logo de início, gostaria também ,até as extremidades da terra".
de comunicar que todos os Conven-
tos contemplativos de São Paulo se Desde o início de nossa Histó-
tia do Brasil até os dias de hoje,
compromtlteram, a meu pedido, a
acompanhar com as suas orações e foram os Religiosos, muitas vezes,
sacrifícios, os trabalhos desses dias,os únicos a levarem a Palavra e o
que prometem ser tão fecundos! ", Plano de Deus junto com o amor de
' Cristo até ' os rincões onde jamais
, O, tema escolhido para essa As- , haviam. pisado os pés dos assim
sembléia Geral Ordinária, OS PRO- cbamadOs civilizados. Assim falou
, ' ,

PETAS BlliLÍCOS iNTERPELAM ' um ' antigo governador do Estado do


A VIDA RELIGIOSA, crirrespon- ' _Maranhãq e, quase nos mesmos ter-
de ao ' que o Papa Paulo VI propu- mos, ' me , coilfessou ,recentemente
nha, na "Evangelii Nunti'andi"; co- . 1llII1; Prefeito de São Paulo, acrescenc
tando, esse último: "A única orga- gelii NUJ;lti.andi": "Eles são genero-
nização efetiva que encontrei nas sos, encontram-se com freqüência
periferias mais abandonadas foi nos postos de vanguarda da missão,
aquela da Igreja Católica, mantida a .arrostar com os maiores perigos
por motivos religiosos". . pilra sua própria vida."
. Daí a segunda palavra da "Evan- Foi ' o que ainda verifiquei na úl-
gelii NuntiiLndi": "Os religiosos são tima' viagem a Roma, quando Deus
empreendedores". me concedeu a graça de acompanhar
De fato, nossas estatísticas estão 'um Prelado missionário com a
todas elas erradas, nos mesmos dias saúde totalmente arruinada, voltan-
em que as publicamos, porque, se- do para a Itália; mas repetíndo
mana por semana, se acrescentam contantemente: "Jamais saberei vi-
novas obras às anteriores e se mul- v,er sem pensar na minha gente que-
tiplicam os Centros Comunitários rida e pobre de Parintins!"
.em nossas periferias, como por to- Portanto, Eminentíssimo Senhor
das as partes de nossa terra. Cardeal, todos os Bispos e Prela-
Continua, o 'P apa Paulo VI: "O dos : do Brasil fazem coro à con-
seu apostolado é muitas vezes mar- clusão . breve e ' peremptória da
cado por uma originalidade e feição "EvangeIü Nuntiandi": "A Igreja
própria, que lhes granjeiam, forço-
·t · "
Ihes deve .mwo.
samente, admiração". Repito: a ' Igreja do Brasil deve
Um grande sociólogo nosso afir- muito aos Religiosos, e gostaria que
mou, diante da Assembléia dos Bis- esse nosso reconhecimento fosse le-
pos do Brasil, que o Estado, ou vado peló Prefeito da Sagrada Con-
qualquer iristituição, . pode abrir es- gregação para' os Religiosos e Ins-
colas, -hospitais, orfanatos e centenaS titutos Seculares até o coração do
de outras obras, mas só a Igreja é Papa, que nos ama e nos acompac
capaz de apresentar uma Religiosa ilha com tanto carinho!
ou um 'Religioso capaz de consu- No momento em que essa As-
mir-se vinte, ou cinqüenta ou mais sembléia examina a Vida Religiosa
anos, junto aos doentes e pobres, sob a .perspectiva do Profetismo Bí-
unicamente por amor, como sinal _ blico, não há de esquecer, em ne-
visível e constante da presença do nhum momento, de reeditar as 4
próprio Deus.
tendências, que os Delegados da As-
Que os diversos carismas, reve- sembléia de Puebla assinalaram com
lando a riqueza de Deus, continuem tanta precisão:
à manifestar-se, mesmo quando pro-
vocam perseguições, em vez de gran- - P,rimeira tendência: A experi-
jearem forçosamente a adanjração, ência de Deus, revelada por uma
como diz o Papa, neste momento. "oração visível e estimulante, e so-
bretudo por uma Eucaristia parti-
. Continua o texto, majestoso e ao cipada". Aí está o profeta, diante
mesmo tempo incisivo, da "Evan- de Deus, para escutá-l'O.

529
. -
- . Segunda tendência: A comu- dos .Ministros nã~ordenados está
nida~k fraterna; que numa "dimen- de tal forma interligada com .a dos
são de fé adotou o estilo de vida lteligiosos, .' que . toda a admiração e
mais simples e acolhedor; com diá- Iam bém quase todas as falhas po-
logo e participação". Aí estão os dem e devem sei: atribuídas a am-
Religiosos, a preparar-se para fala- bos. Temos a graça extraordinária,
rem e agirem entre os ' homens aos verdadeiro dom do Espírito Santo,
que se exprime pela união de nós
..quais são enviados pelos Pastores, .,

com quem querem comungar na prá- todos, sobretudo na' pastoral que a
tica pastoral. hierarquia deseja pôr em prática.
Terceira tendência: A opção No início, ' afirolei que pedi as
preferencial pelos pobres, "traba- 'orações e os sacruícios. de todas as
comunidades contemplativas de nos-
lhando em zonas marginais e düí-
sa ArquidioceSe. Eu as visito re-
ceis", sem excluir nada e ninguém, gularmente durante a Quaresma, não
para a vinda do Reino de Deus. para fazer penitência, mas para re-
. . Quarta tendência: Inserção na ceber Q estÍIDuloem favor da Fra-
-Vida da Igreja Particular, ou seja, terpidade. Sobre elas diremos o que
"redescob()rta e vivência do misté- também a Assembléia de Puebla ex-
rio desta 'Igreja". Aí estánovamen- primiu nesses -termos: "As comlmi-
te o profeta, comunicando ao povo dades contemplativM - acrescenta~
o que· de Deus ouviu. mos os dons ct:mtemplativos de to.
. . dos os que aceitam a missão .pro-
Eniinência, ~eus irmãos: Os meus ~ética - são como o coração da
vinte anos de Bispo em São Paulo Vida Religiosa". ' . .
. .
foram: sU$tentados, inspirados ·e . rea- .

niJInados.. pela amizade e ação dos _Que Deus inspire essa Assembléia
Religiosos junto ao Povo e pela res- e nos faça crescei: ria fé, na espe~
posta generosa do.. mesmo Povo à rança .e nQ ainor,com as bênçãos
ação profética de nossos Religiosos. do nosso Pai comum ' e a assistência
• . ' _ . . . ' • 0.0

c:arfuhosa de seu Delegado e nosso


. Mas, . quero acrescentar, que a Prefeito,
. '
Cardeal
. . . Jean Jérôme
.
Ha-
açãQ .de nossos Padres diocesanos e mero []
. . .
..
'.
~ . .. ..
,

Secularização & Secularismo .

Secularização: esforço justo e legítimo, compatível com a. fé e a reli-


gião, para :descobrir na criação, ' em, cada coisa, em cada · acontecimento
do universo, as leis que os regem com certa autonomia. Convicção iriterior
de que o Criador está presente nestas leis que dão consistência à criação.
Secularismo: pensar o mundo como' se Deus não existisse. Posição de reta-
giIaida, .. redutora da reruidade. Seculadzação e esperança. Seculadsmo é
fatalidade. ' '. . . .

530'
.


NA -ABERTURA ..

-. DA XIVAGO DACRB
Dom Carlo Furno
• •
Núncio Apostólico no Brasil •

· -

· tl com prazer que participo da PELAM · A VIDA RELIGIOSA".


XIV Assembléia Geral Ordinária A opção foi feliz, pois é apta a vos
da Conferência dos Religiosos do levar a descobrir sempre - mais o
Busil, sediada nesta cidade de São sentido da vossa vocação e o lugar
Paulo; - onde o Santo Padre João que ocupais na Igreja. PeImiti, pois,
Paulo TI dirigiu famosa alocução às que neste momento medite breve-
Religiosas do Brasil. Em · nome de mente COllVOSCO sobre Profetismo e
Sua santidade e em meu próprio no- Vida Religiosa.
me, . desejo saudara todos os par-
tícipantes deste certame: a Diretoria 1. Os Profetas Bíblicos ...
da CRB, sob a presidência do. Ir- .. .
mão . Claudiuo Falquetto, todos os .' São diversos os aspectos · que os
Religiosos e Religiosas que aqui se Profeta~ Bíblicos apresentam aos
encontram, numa atitude de abertu- olhos
. .do cristão.
, .
ra · ao Senhor,.·em 'férvida demanda
das luzes do Espírito ·Santo. : Será difícil fazer uma síntese dou"
. '.' . trinal' dos ensinamentos dos Profe-
-... Desejo apresenta.-:- l]rma saudação tas, que aparcam as noções de Deus,
especial, deferente e cordial ao Emi- dos .anjos, do homem e do mundo;
nentíssimo Senhor Cardeal Jérôme da morte, '!la vi!la religiosa, da mo-
Hamer que, na sua qualidade de ral pública .e privada, da missão de
Prefeito da Congregação para os Israel, do culto e , particUlarmente,
Religiosos e. Institutos Seculares, dos tempos messiânicos e escatoló-
tem a ·Presidência de Honra desta gicos.
Assembléia e dará a mensagem do
Santo Padre. para .os Religiosos do Desde o primeiro momento de sua
Brasil, dispensando, em benefício vocação, ·aparecem ·como homens
desta reunião, a sua doutrina e ·ex- marcados por Deus: Jeremias é re-
periência
.
religiosa
.
e eclesial. servado pelo Senhor desde o seio de
sua mãe (cf . .Jr 1,5); o Espírito se
Com a sua presença toma-se mais apodera· de Ezequiel (cf.Ez 3,12.14);
vivo e operante o .interesse e o afe- Aniós exclam a: "O Senhor Javé fa-
to do Santo Padre para com os Re- la; quem não profetizaria?" (cf.Am
ligiosos do . Brasil. . .'
3,8;7,14). Tóda a vida dos Profe-
, Escolhestes como tema central de tas decorre . sob o impulso do Es-
vossa.Assembléia o Profetismo: "OS pírito, qtie :os move às mais inespe-
PROFETAS BíBLICOS .INTER- radas façanhas. .

531
Em conseqüência, os Profetas são por um anjo do Senhor (1 Rs
os Grandes Amigos de Deus, aos 19,3-8), na missão de Moisés, guia
quais o Senhor revela seus elevados do Povo no deserto (Nm 11,10-
desígnios; lemos em Amós: "O Se- 23). •. O Senhor não prometia vi-
nhor Javé não faz coisa alguma sf'Jlll tórias aos seus Profetas, mas lhes
revelar o seu segredo aos seus ser- assegurava que a sua vida e os seus
vos, os Profetas" (3,7). Pergunta Je- esforços nao seriam estéreis, pois
remias: "Quem esteve presente no tinbam eficácia escatológica; eles
conselho de Javé, para ver e ouvir preparavam a vinda do Messias (cf.
a sua palavra? Quem prestou aten- 1 Pd 1,10-12).
ção à sua palavra e, a ouviu?" (Ir Estes traços característicos dos
23,18). Notável entre outros é oca- Profetas nos dão a ver que eram
so de Abraão, a ' quem Javé mani- dons do Senhor à sua comunidade.
festa a próxIma ruína de Sodoma e O Povo não os podia instituir co-
Gomorra e permite, interceda em fa- mo instituía reis para si (cf. Dt
vor das ' cidades prevaricadoras; 17,14 ss). A falta desse dom fez-se
(cf.Gn 18, 17-19; 20,7). Intimamen- sentir especiaimente após , o eXílio
te unidos a Deus, os ' Profetas usam babilônico (cf. 1 Me 9,27; SI 73,9).
de parrhesía ou liberdade para di- A restauração do profetismo seria,
zer ao Senhor tudo o que lhes vai para Israel, sinal do sorriso de Deus
no coração; (cf.Jr 12,1 ss; Hab a ,seu Povo e 'testemunho da vinda
1,1-3). Tornam-se assim os interces- do Messias (cf. 1 Mc 4,46; 14,41).
sores qualificados em favor dos ho-
mens feridos pelo pecado: assim Je- Pois bem" meus caros Religiosos,
remias (Jr 17,16), (Is 37,4), o Ser- os Profetas Blblicos assim identifi-
vidor de Jávé (is 53, 5.11 ss) ... cados interpelam a Vida Religiosa,
como bem dizeis. Vejamos em que
. Observamos, outrossim, que os sentido o fazem.
Profetas Bíblíeos transmitiam ' orá-
culos não somente através de suas 2. ... Interpelam a
palavras, mas também mediante ' o Vida Religiosa
seu teor de vida.
Podemos dizer que o carisma dos
Mais: Os Profetas experimenta~
P!rofetas ' Bíblicos se prolonga, de
ram fases difíceis, em que o ' peso terto modo, no da Vida Religiosa.
de sua missão parecia sobrepujar as E isto, a vários títulos:
. .
sammo, procuraram na oraçao a-
suas forças. Mas, tentados pelo de-
, Antes do mais, notemos que a
força necessária para superar as an- Vida Religiosa ' supoea gratuidade
gústias. Descobrimo-Ios a braços de uma vocação a mais íntima união
com as crises que podem afetar to- com Deus; os Religiosos são chama-
dos os 'heróis, perseverantes, porém, dos a ser, por excelência, os amigos
na oração: 'é o que vemos muito de Deus... amigos que acreditam
vivo nas "Confissões" do 'profeta Je- no cbamado do Senhor, como
remias , (Jr 11;18-12,6; 15,10-21; Abraão acreditou, tornando-se, por
17,4-18; 18,18-23; 20,7-18), na his- isto, amigo do Senhor (cf. Rm 4,3;
tória de Elias, que foi tecoDfortado Tg2,23).

532
Esta intimidade deve redundar trata de "apelo . a íntima conversão
numa intuição mais profunda do do coração e à participação na vida
mistério de Deus e dos desígnios de do Deus Uno e Trino". Acrescenta
sua Providência. O Religioso e a ·que o cultivo da santidade e dos ele-
Religiosa hão . de ser pessoas dota- .mentos que a favorecem (oração, pe-
das de sólida vida de oração alimen- nitência, prática da caridade e da
tada pela freqüência aos Sacramen- justiça . .. . ) há de ser uma resposta
tos, particularmente da penitência e ao vazio interior e à crise espiri-
da Eucaristia. A . oração assídua e tual .que muitas pessoas sentem hoje
fielmente cultivada deve levá-los à em dia. :B interessante notar que
coerência de vdda moral ijue en- nesta passagem os padres sinodais
carne, por todo o seu ser e o seu quiseram apontar, de preferência a
. agir, a palavra de Deus; esta, pro- outros recUrsos, os meios de santi-
clamada pelos lábios, deve ser a ex- ficação cristãos como fatores que
.
pressão do coração ou de íntima ex- podem preencher o vazio dos n05-
periência de Deus; "não aconteça, sos ·contemporaneos e a sua cnse . m-,
diz São Paulo, que, tendo procla- tima. A linguagem é corajosa e
mado a mensagem aos outros, ve- digna das premissas da nossa fé. .
nha eu mesmo a ser reprovado" (1
Cor 9,27). O texto continua fazendo referên-
cia à enorme colaboração que OS
Os Religiosos que assim vivem, Santos em todos os tempos presta-
podem realmente ser considerados 'rall! à Igreja: " Na!\ circunstâncias
Profetas. São, por sua existência mais difíceis para toda a história da
mesma, uma mensagem subsistente, Igreja, os Santos e Santas sempre
que edifica o Povo de Deus. Este foram fontes e orígem de renova-
estima os irmãos e as irmãs consa- ção". Com efeito, à guisa de exem-
grados porque os tem na conta de . plo, podemos lembrar o século XVI,
portadores do Eterno e dos valo- fortemente conturbado dentro e fora
res · transcendentais para o mundo da Igreja; certamente a. seiva nova
imerso no material e no imanente. com que a Igreja contou para atra-
Os homens querem ver nos seus Re- vessar a borrasca, jorrou, em gran-
ligiosos o que é específico a estes de parte~ da obra dos Santos Reli-
e justifica a sua existência, ou seja, giosos que reformaram suas fallDí-
o testemunho de uma mensagem que lias claustrais ou fundaram Congre-
-
nem a Sociologia, nem a· Economia, gaçoes ...
ne"" a Psicologia, nem outra ciência
pode dar adequadamente a quem Continua o texto sinodal: "Hoje
tem sede do infinito. temos grande necessidade de santos,
graça esta que devemos continua-
Aliás, a função dos Religiosos no mente implorar aDeus". Mas, além
mundo de hoje pode ser ilustrada de implorar, diz ainda o documen-
pelo Documento Final do Sínodo to, devemos procurar viver o ideal
Extraordinário dos Bispos realizado da santidade a fim de contribuirmos
em 1985. Em sua Parte nQ 4, o tex- para a renovação da Igreja e a sal-
to fala da "vocação universal· à san- vação do mundo. E, entre os que
tidade". Lembra-nos então que se são assim interpelados, os padres si-

533
'nodais mencionam' em primeiro lu- Vida Religiosa: ProcUrai ser santos ;
·gar os Religiosos: "Os Institutos de esforçai-vos com renovado zelo.por
vida consagrada mediante a profis- praticar a .conversão do coração, que
.são dos conselhos evangélicos :de- ,possibilita á .participação na vida do
·vem estar conscientes de sua espe- Deus Uno e Trino. O . desempenho
cial missão na Igreja de hoje, e nós ·fiel e tenaz desta tarefa é a vossa
<levemos encorajá-los nestasna mis- eloqüente mensagem: ao mundo de
·são" . 'hoje, que precisa de santos em .seu
. . meio e os pede a Deus.
'. Meus caros irmãos e irmãs, é este
apelo dos Bispos do mundo sob a Para tanto, contai com a bênção
presidência do Santo Padre que de- generosa do Santo Padre, que vos
sejo .deixar vivo aos vossos ouvi- dedica férvido afeto e iinplora de
'dos no illomento presente. Podemos Deus as melhores graças para a vos-
dizer que tal é a voz da profecia e 'sa Assembléia
. . ' e as vossas futuras
dos profetas que interpelam hoje a tarefas. O

A crise da eRB: 1971-1974

"A CRB enfrentou enorme crise.. . O desdobrainento da crise levou


ao sacrifício. .. Somente uma ação lenta e paCiente permitiu sanear radi·
calmente todos os ângulos da crise ... A CRB descobriu um caos adminis·
trativo ... " (Convergência, set./86, pág.428). "O terremoto econômico-
financeiro que abalou
.
... " (Convergência,. nov./86, pág. 537). .
..
Como vê, são recordações muito recentes. Como testemunha ajudada
pelo recuo histórico que permite avaliar e compreender melhor, penso que,
de fato, a CRB sofreu um verdadeiro"processo revolucionário com a sua
crise de 1971-1974 . .Abstraindq-se de estereótipos, forçosamente deforman·
tes, a idéia de revolução é de natureza semânticá. Se se admite como fato
revolucionário apenas aquele que altere profundamente ' as instituições,
pode-se concluir .que. a crise não corresp'ondeli ' a 'uma revolução. Toda vez,
entretanto, que ocorre mudança relevante de atitude ' em faCe ' dos proble-
mas, a revolução. está presente e atuante. Sob este aspecto, a CRBpassou,
por força da -crise, .por uma alteração significativa. Pagou preço caro para
chegar a novas fronteiras. Assuiniu o seu papel e traçou o risco do futuro,
.Colocou-seno lugar certo no 'momento necessário. Mudou de escala .e de
estilo. Ninguém 'poderá recusar ou desconhecer a nova diinensão ,assumida
pela CRB no cenário. eclesial no Brasil e no' mundo (pe. 'j\farcos de Lima,
SDB). . .' , " .

534
. . . .' .~ : " , ' . "
.. ", '~", . t ·"


XIV ' AGO DA CRB '
, \ - , , -

VISÃO DE CONJUNTO

Pe. Atico Fa$sini, MS


Rio de Janeiro, RJ

1. A CONFE~NCIA POS RE- cupações, esperanças e o desejo sin-


LIGIOSOS DO BRASIL instala cero de viver uma Vida Religiosa
hoje, mais uma ASSEMBLÉIA GE- verdadeiramente profética em meio
RAL ORDINÁRIA, a XIV em seus ao nosso povo. O resultado desse
32 ,anos de existência. Quis Deus, esforço iluminará, sem dúvida, as
por sugestão de seu Santo Espírito, ,reflexões e decisões que esta As-
impostar esse evento no tom ma:ior sembléia é chamada 'a elaborar. A
do confronto entre vocação profé- tantos, por tanto, externamos todos,
tica e realidade , histórica da Vida nossa gratidão.
Religiosa no Brasil. ,

1 - TEMA DA XIV AGO


2. Na verdade, a XIV AGO vem • •

acontecendo há mais tempo. g ca- ; .1. Processo de escolha


minhada que hoje e néste local en-
contra, sua referência terminal. Ca- , 4. O tema"A dimensão profética
minhada que se fez, veio crescen- da Vida Religiosa ' no ' Brasil hoje'"
do e envolvendo sempre mais Re- cataliZou' os preparativos e a dinâ-
ligiosos e Religiosas do Brasil a tal inica interna da XIV AGO. A idéia
ponto que, por si só, independente- do tema surgiu muito espontanea-
mente do sucesso ' ou não da pre- mente', durante o Encontro Anual
sente Assembléia, alcançou valor da 'Diretoria e Executivo Nacionais
quase otimal. com os ,Presidentes e Executivos
Regionais ,da CRB em novembro de
3. Nessa caminhada, como na Via 1984, em BRASILIA. , Com , o , te-
Láctea, a beleza do conjunto se im- ma surgiu tamb~m o ' método de
pôs ' ao 'brilho solitário de estrelas abordagem: VER-JULGAR-AGIR.
.
ou constelações dada a participação ,

, ' 5. Em dezembro de 1984 foien-


corresponsável de todos quantos
caminhada uma ' sondagem de opi-
acolheram o apelo da Direção Na-
nião, junto aos Superiores Maiores,
cional da CRB. Inúmeras foram as quanto ao mesmo tema e método;
Comunidades e Províncias , R,eligio-
e quanto ao -Iocal e data da XIV
sas que andaram nesse caminhar, e AQO. , ' ., . " ,
através ' das respectivas Regionais de ,,' .. . . . , .
. . .-:.~
, )
. -' ". ,"
,

CRB, puseram com' simplicidade" à: , 6. Em ' março, de'· 19,85, o resul"


dispo,sição de todQs, reflexões, preo- tado: ,da. sondagem, largamente' fa-
,

53.5,
,

vorável à proposta enviada, foi le- e alegremente participaram da ca-


vado ao conhecimento da Direto- minhada.
ria Nacional da CRB para fixação
definitiva do assunto. 9. Por sua vez, e sem pretensões
estatísticas, as Secretarias Regionais
7. Logo após, a decisão foi co- da CRB recolheram os dados pro-
municada à EQUIPE DE REFLE- venientes das Comunidades e Pro-
XÃO TEOLÓGICA da CRB Na- víncias, sintetizando-os em tomo de
cional, a quem a Diretoria solicita- duas questões propostas pela Na-
va o encaminhamento dós estudos cional:
teológicos preparatórios para 'o lan-
çamento do tema da XIV AGO aos a) Quais os sinais proféticos da
Religiosos e Religiosas do Brasil. A Vida Religiosa em sua Regional?
Justifique. , '
ERT se entregou ,dedicadamente a
essa tarefa, durante todo o primei- b) Quais os desafios proféticos
ro semestre de 1985. No início de para a Vida Religiosa ' em sua Re-
julho, a Diretoria ' Nacional recebia gional? Justifique. ' ,
para apreciação, o texto "OS PR0- ,

FETAS BIBLICOS INTERPELAM As sínteses resultantes formam O


A VIDA RELIGIOSA", fruto da instrumento de trabalho dos. MINI-
excelência e disponibilidade " ,dos PLENARIOSdesta Assembléia.
Teólogos que compõem a Equipe. 10. No entretempo, a Nacional,
Diga-se ' que o sucesso 'alcançado por suas Assessorias (GRF, GRI,
por esse texto de estudo foi enorme,
GRE; GRS), solicitara às Assesso-
não s6 entre Religiosos mas tam-
bém junto a Bispos e Dioceses que rias Regionais homônimas, o envio
de ' dados sobre ' estas quatro áreas
dele fizeram , subsídios para reflexão
em reuniões e assembléias. As su- de interesse da Vida Religiosa. Três
cessivas edições do fascículo alcan- questões facilitaracrn 'a coleta de da-
çaram a elevada cifra de .20.000 dos: ' •
exemplares. a) Quais os grandes avanços nes-
8. O texto, cujo objetivo era o sas quatro áreas?
de ser um instrumento detrabalbo b) Quais os grandes desafios ali
em preparàçãoà XIV AGO; foi ini- vePficados?
cialmente enviado às Regionais de
CRB, com a recomendação de que c) Que pistas de caminhada são
dele fizessem uso nas Assembléias sugeridas pará as diferentes áreas?
Regionais de 1985, e o divulgassem A síntese desses dados, elabora-
o mais possível junto às Comunida- da pelas respeCtivas Assessorias da
des Religiosas. A essas Comuni- Nacional, será por sua vez, instru-
dades se pedia que, uma vez feita mento de trabalho nos quatro P AI-
a reflexão com a ajuda do fasCículo, N1HS a se realizarem na XIV AGO.
repassassem à Secretária da respec~
tiva Regional, o conteúdo da análi- 11. Encerrava-se nesse ponto, a
se elaborada. Muitas foram ' as ,C0- fase do VER. Compete agora, aos
munidades que entenderam o apelo, participantes desta Assembléia, le-
var adiante o processo, particular- ,queninas luzes do novo dia que hoje
mente em suas fases do JULGAR e melhor aparece.
AGIR, definindo as PRIORIDA-
DES que deverão nortear a orienta- E a CRB, como instituição,
ção e atuação ·da CRB no próximo via-se ainda às voltas com as con-
_A

tnewo.
• . seqüências do terremoto econômico-
financeiro que ,abalou por inteiro
12. Toda essa dinâmica foi obje- sua estrutura.
to de consideração por parte do En-
contro Anual da Diretoria e Exe- 15. Justificava-se pois, a aborda-
gem do tema, em Assembléia. Era
cutivo Nacionais com os Presiden- preciso reencontrar o vigor do Espí-
tes e Executivos regionais da CRB rito, a seiva da existência. A CRB
realizado em BRASILIA, em no- o fez, debruçando-se sobre a Vida
vembro de 1985.
Religiosa sob o enfoque de sua mis-
são profética. Pe. MARCELLO DE
1.2. Razões da escolha CARVALHO AZEVEDO, sr, Pre-
sidente Nacional da CRB então, re-
13. Uma pergunta, no entanto, conhecia, , na alocução de abertura
:peninaneceno cabide: Quais as da X AGO: "~ um tema de fundo,
razões para a escolha do tema desta de cunho interior, que visa primor-
Assembléia, "A dimensão profética dialmente a linha do SER do reli-
da Vida Religiosa no Brasil hoje?" gioso". E se perguntava: "Nossa
O tema "profetismo" .parece ter so- presença na Igreja e no mundo COl::-
frido certo desgaste nos últimos responde efetivamente à vocação a
anos, por diferentes motivos. A ní- que fomos chamados?.. Questio-
vel de CRB corremos também o ris- nar-se com lealdade sobre isto é
co da repetitividade, sobretudo se tanto mais urgente quanto sabe11lllos
considerannos que o . tema foi ob- que, mais do que em outros tempos,
jeto de estudo na X AGO, em 1974, a Vida Religiosa deve ser exigente,
'sob o enfoque: "A Missão profética coerente, transparente, sobretudo na
do Religioso Hoje". sua contextura interior".
14. A época da X AGO foi extre- A temática central daquela As-
,rnamente prob1emática: sembléia foi desdobrada nas seguin-
tes reflexões, conduzidas por emi-
- Do ponto de vista s6cio-polí- nentes palestristas:
tico chegara-se ao auge da ditadura
que oprimia o povo brasileiro e exi- a) A experiência de Deus na Vi-
gia inaudito esforço profético da da Religiosa.
Igreja. b) Os limites na atual estrutura
- Por sua vez, a Vida Religiosa da Vida Religiosa
como um todo, sofria de convulsões c) Consciência crítica do Reli-
características das crises profundas, •
glOSO •
.geradas por fatores externos 'e inter-
nos, embora na escura noite da Vida d) As novas fonuas de Vida ' Re-
Consagrada da época, vagassem pe- ligiosa.

.,537
" ':Édifíciiavaliar; -a curta distância GR!, ' ORE;' GRS), a CRB procura
no tempo, as conseqüências de todo -estar atenta aos apelos da realidade
esse trabalho. Mas sem dúvida, fo- -brasileira,às expectativas da Igre-
',iam -elas muitas e boas. ' -" ja no Brasil de hoje, para ajudar ,OS
Religiosos- a assumir a !Ill'ssão pro-
'_ 16; A época da XIV AGO tem fética que o Senhor lhes confia e o
'conotações distintas: - momento presente reclama.
O Estado, encerrada a fase 17. Justifica-se então, o tema cen-
'ditatorial, apresenta-se com: fisiono- ' trai da XIV AGO?
mia maquiada; mais démocrática:; a " '

Nação porém, não participa ainda A espontaneidade com que sur-


em plenitude, do processo de cons- giu, e o trânsito fácil que encontrou,
trução do próprio destino; o mesmo talvez , .
sejam sinal .do. intuito do Es-
povo que saiu às ruas' pela redemo- pIrIta para o momento presente da
'cratização, vê-se tolhido do proces- Vida R!eligiosa no Brasil.
so constituinte, esmagado pela dívi~
Mais do que oportuno, é indis-
da externa; empacotado em planos
Cruzados; agrários e outros; a vio- pensável "que Religiosas e Religio-
lência campeia, com assassinatos sos, por si ou por seus Superiores
' inclusive de Agentes de Pastam!, de Maiores em Assembléia, verifiquem
Sacerdotes, de R!eligiosas e Religio- os apelos de Déus e o , significado
sos; , o 'análfabetismo, a fome, a profético da ' própria consagração
doença, o desemprego, o êxodo ru- para0 momento presente, sem an-
ral, as migrações forçadas, menores siedades, sem dicotomia entre SER
,abandonados, a miséria se avolu- e AGIR, mas no discernimento ena
mam criando 11ma conjuntura que disponibilidade
. ao
'
serviço do Pai no
está a exigir voz e ação de profetas. serVIço a seu Povo.
- - A ' Vida Religiosa andou e Hoje como ontem, a questão é de
muito nos últimos anos. Paulatina- fundo. Exige questionamento since-
mente vem- aSsimilando as _exigên- ro em virtude da contextura inte--
cias de renovação interna, as opções rior da Vida Religiosa, e também
da Igreja no l3rasil, 11m novo modo da conjuntura externa que a mani~
de estar com ' o povo e de ser povo. festa e revela o seu vigor ou seu
Se a Vida Religiosa se debate ainda fracasso. talvez. Assim, tem pleno
fortemente consigo mesma, nova es- valor , amda, a pergunta de Pe.
MARCELLO à X AGO: "Nos-
perança porém, alimenta sua cami- sa presença na Igreja e no mundo
nhada. corresponde efetivamente à vocação
-'.' A CRB, , despojada dos es- a que fomos chamados?"
plendores de sua fase triunfalista, 18. Justifica"se o tema porque a
trilha, parece, caminhos de simpli- Vida Religiosa:
cidade serviçal, tão necessária para
quem tem a missao de animar e pro~ , é universo privilegiado para a
mover a Vida Religiosa no ' Brasil. _experiência de Deus no seguimento
Por suas assessorias (ERT, ' GRF, apaixonado a Jesus Cristo; ,' " -

-538
-"". tem . especiaL \locação para ser . 20. , Deve,.se resSaltar porém, que
. consc~ência;meniória e· vivência. dos ,os : passos'.. :;Indados ' não :eliminaram
.valores ,do Reino; ,', "., :, ' certas ansiedades ,e : esp.eéulaçoés,
vangua,niis>mo e , regressão. A par
-:- forte~ente relacionada. 'com a ' ~asereilidade ' interior, conquistada
vida e sailtidadedá. Igreja (LO 44), por Religiosos em 'profética e incon-
é privilegiada ' mediação ecIesialda 'dicional . entrega 'aos desígnios do
ordem do carisma e não do princí- Senhor ' para o ' momento ' atual, veri:"
pio hierárquico; ' - fjcam-se . desaoert.os.: internos em re-
, evangeIiza enquanto serve à ,I!lçãp ,As " opçiies : d!j. .Igreja , no Bra-
missao da Igreja; ,si!, e distanciamentos eqilívocos em
relação ao povo a quem Religiosas
é· chamada a assumir, em ·e Religiosos são enviados. Desafios
_ ... • • "".. ' • ó
'consclencla
, ' ,
cntlca, o seJ)vlço mcon- à Vida Religiosa geram . ainda, per-
,dicional , ao pobre, no testemuIiho 'plexidade e insegurança, em vez de
da ·fraternidade e justiça; suscitarem coragem evarigélica e
tem compromisso libertador, firmeza profética . . Conflitos e ten-
na .esperança' de um mundo novo a sões, propiciados pelà vertiginosa
vifl.lda . histórica pós-conciliar, não
ser construído segundo o .p rojeto e
foram ,ainda suficientemente assimi-
a' benignidade de Jesus Cristo.
" lados a nível de espiritualidade con-
19. O tema se justifica ainda pelo gregacionaI. Soluções escapistas sur-
caminho percorrido, nos últimos ,gem, articulando-se em visões
anos, pela Vida Religiosa como um ideológicas condicionadoras da es-
.todo, no Brasil, e em particular pela .piritualidade, do exercício da auto-
CRB. Os textos de: ridade, da vida comunitária, ' da
formação, eda ,ação na missão. A
- ' Irmã MARIA CARMELITA
experiência do apelo do Senhor para
DE FREITAS, FI, "Os Religiosos a audácia do novo evangélico con-
no Brasil nos últimos vinte anos (I fronta-se, às vezes até dentro da
e lI)", em CONVERG:f!.NCIA de mesma comunidade, com a tenta-
jp1:ho/ago~to e de setembro de
ção conservadora da busca de segu-
1986;
rança anacrônica num passado su-
Irmã ' DELIR BRUNELLI, postamente ideal.
CF, "Profetas do Reino"; Publica-
ções CRB/1986; 21. O tema finalmente se justifi-
ca dada a coexistência exótica de
Pe. MARCELLO CARVA- opções, engajamentos e modelos di-
LHO DE AZEVEDO, SJ, "Os Re- vergentes de Vida Religiosa. Dom
ligiosos, Vocação e Missão: um en- ALOISIO LORSCHEIDER, OFM,
foque. exigente e atual", 4~ ed. ,Pu- 'e m "Ao dimensão profética· da Vida
blicações CRBj1986 dão contadas Religiosa "no Brasil", in CONVER-
transformações e do dinamismo vi- G:f!.NCIA n9 191, abri! de 1986, p,
vidos neste · período por Religiosas ,166s, . caracteriza três l)iodelos ele
e , Religiosos,
. Comunidades ' e Pro- Vida ' Religiosa ' coexistentes. e con-
vmC13S.
. ..' flitantes hoje no Brasil: . "

539

- Vida Religiosa como fuga do zamento e ·entrelaçam~nto de certas
mundo, que busca no passado seu questões em nível macrorregional,
ideal integrador. e seu conveniente ·tratamento. O re-
sultado das reflexões em miniplená-
Vida Religiosa Inserida no rios refluirá para o plenário que lhe
mundo, que tira seu fuudamento do dará encaminhamento oportuno .
. VATICANO 11 e por ele justifica
as transfomnações ocorridas. Por sua vez, as diferentes áreas
em que a Vida Religiosa tem parti-
Vida Religiosa Inserida no cular interesse e ação - Formação
submundo, . com raízes foI1les no à Vida Religiosa, Inserção em
pós-Concilio, sobretudo em ME- Meios Populares, serviço à Educa-
DELLfN e PUEBLA; fundada na ção e prOIILoção da Saúde -serão
opção pelos pobres, leva ao conví- tratadas em PAImIS específicos, à
vio solidário com eles, num com- .luz do tema central da Assembléia.
promisso de libertação na fraterni-
dade e justiça. 23. A XIV AGO está estruturada
de forma a possibilitar maior parti-
Por qual dos três modelos passa
cipação dos presentes. Responde-se
hoje a força da profecia evangéli-
assim, ao desejo expresso na ava-
ca? Qual deles melhor responde às
liação final da XIll AGO, e aos an-
expectativas da Igreja e às reais ne-
seios dos quadros das Regionais da
·cessidades do povo empobrecido a
CRB, · convocadas para efetiva par-
quem a Vida Religiosa é hoje envia-
ticipação tanto na preparação quan-
da, no Brasil? Qual deles melhor
to na realização da Assembléia.
veicula o clamor do povo ao PAI,
e anuncia mais vigorosamente ao P AlN~IS e sobretudo MINIPLE-
NARIOS foram o percurso escolhi-
povo o Projeto do PAI em JESUS
CRISTO? A feliz conjunção desses do para que isso ocorra. A ausência
dois pólos determina, parece, a de conferências teológicas não sig-
qualidade da profecia da Vida Re- nifica desconfiança ou inutilidade.
ligiosa. Na verdade, o trabalho dos Teólo-
gos da CRB é subjacente ao pro-
A esta Assembléia compete pois, cesso todo, discreto mas qualifica-
fazer essa avaliação, à luz da di- do. A presença deles em painéis e
mensão profética da Vida Reli- miniplenários assegura a indispensá-

glosa. vel assessoria teológica à XIV AGO.

2 - DINAMICA DA XIV AGO 2.2. Liturgias e Manhã


de espiritualidade
2.1. Painéis e Miniplenários
24. Todos os momentos de ora-
22. O tema da XIV AGO será ção da XIV AGO serão orientados
tratado através de MINIPLENÁ- por grupos de Regionais da CRB,
RIOS formados por grupos de Re- para cada dia da Assembléia. Os
gionais de CRB geograficamente participantes da Assembléia terão,
próxim as. Com a ajuda das Sínteses na manhã de 24 de julho, um perío-
Regionais se verão melhor o enrai- do de oração e reflexão conduzidas

540
pelo Cardeal Dom ALOISIO LOR- 2.7. Eleições
SCHEIDER, OFM, que bondosa-
n..ente vem de Goiânia, onde acom- 29. A presente Asseinbléia é de
panha o 6Q Encontro Inter-eclesial caráter eletivo. Os participantes car-
de CEB's, ·para nos dar sua mensa- regam sobre si a responsabilidade

gem e apolO. da escolha das pessoas que vão com-
por os diferentes estratos da Dire-
2.3. Prioridades ção Nacional da CRB no próximo
triênio. Amplo espaço desta XIV
25. A CRB aguarda desta Assem- AGO está reservado para tão im-
bléia a definição das prioridades portante decisão.
que a orientarão em suas atividades
no próximo triênio. Uma Comissão 2.8. Palestra: "Por uma
de Redação estará atenta aos resul- nova ordem constitucional"
tados dos PAINflIS, MINlPLENÁ-
RIOS e PLENARIO, para garim- 30. Nossa Pátria vive uma fase
par os elementos necessários à ela- histórica de imensa responsabilida-
boração do Projeto de Prioridades a de para o futuro de seu povo e ins-
ser submetido à Assembléia. tituições. Emersa de um passado re-
cente de obscurantismo opressor e
2.4. Relatórios Trienal e discricionário, a Nação quer cons-
Financeiro
truir um Brasil novo e não apenas
uma "nova república". Às vésperas
das eleições para a Constituinte, e
26. A XIV AGO tomará coube- · em consonância com as orientações
cimento das atividades da 'CRB no do Episcopado brasileiro em sua úl-
último triênio, através da apresen-
tima Assembléia Geral, a
tação dos Relatórios Trienal e Fi- rece aos membros da XIV AGO aCRB ofe-
nanceiro a serem apreciados por oportunidade de uma reflexão sobre
Comissões ad hoc que levarão seu () assunto: Pe. FERNANDO BAS:-
Parecer ao voto do Plenário. TOS DE ÁVILA, SJ, Assessor da
CNBB e Membro da Comissão Pró-
2.5. Estatutos Constituinte, dirigirá sua palavra
autorizada a esse propósito.
27. Momento de particular aten-
.;ao será dedicado à revisão exigi- 2.9. Equipe Marins
da por especiais circunstâncias.
31. Pe. JOSÉ MARINS, Irmã
2.6. Assembléia da TEOLIDE MARIA TREVISAN,
ELO-Cooperação e ICM e Irmã CAROLEE CHANO-
Integração NA, RSMaqui estão para, bondo-
samente, nos ajudar. Vieram de
28. ELO-Cooperação e Integra- longe !porque nos querem bem.
ção terá, sua Assembléia dentro da Aqui estão para <iiDamizar as ativi-
XIV ·AGO, para avaliação das pró- .dades da XIV AGO. Por isso lhes
prias atividades e existência. somos imensamente gratos.

541
. . . '. . .
32. Esse, irmãs e , irmãos, é o nos, ajude ii realizar o desígrno que
campo de jogo que lhes é pro- nos , reservou para 'esses dias. Esta
posto para o bom certame da pre- Assembléia tem uma missão " pro"
sente Assenibléiada CRB. Que fética ' a cwnprir. Bom trabalho a
o PAI, pelo Cristo e no Espírito, todos! O

Ser santo no mundo,


,
hoje (I)

Doutrina velha como o Evangelho ' e, como ele, nova:, a chamada uni-
versal de todos, os leigos incluídos, à santidade e ao apostolado. A Igreja,
vivendo hoje seus vinte anos de Concílio Vaticano 11" ressalta a atualidade
do tema da vocação e da missão do leigo e da necessidade de aprofundá-lo.
, ' ,

Por que também o leigo é cham,a do à santidade? '

Por que não o seria? A santidade não é coisa de privilegiados. Podem


ser divinos todos os caminhos da terra, todas as profissões, todas as tarefas.
Para ser santo não é preciso fazer coisas esquisitas e inéditas. Para a maio·
ria dos homens e mulheres, ser santo significa santificar o próprio trabalho,
santificar-se no trabalho e santificar os outros com o trabalho. l! assim que
encontrarão Deus nos caminhos da vida.

Mas o leigo não trabalha no mundo? , , ,

E alguém trabalha fora do mundo? O mundo pode ser entendido como


este modo de pensar, de falar, de agir e de amar que não ' corresponde ao
Evangelho. É o anti-Reino, lugar de resistência à palavra e ao -plano de
Deus; Pois é justallDlente para este contraditório do Evangelho que o leigo
procura respostas Cristãs. Nada é alheio ao interesse de Cristo. S6 de um
ponto-de.vista meramente funcional se podem classificar as re,a lidades como
indiferentes, ou nobres, ou menos nobres ou mais nobres. Não há realidade
exclusivamente profana. O trabalho é instrumento e âmbito de santific[lção.

Deus não está fora do mundo?

Esta é uma teologia inaceitável para o cristão. Franz Kafka é quem


ensinava que o sentido do mundo está em Deus: Mas Deus está fora do
mundo. Logo, o sentido do mundo é inatingível e incompreensível para
o homem. Este Deus absconso e kafkiano é anti-humano. JESUS rios reve·
lou e' se l:evelou D'EUS misericordioso, pai, presente e agindo. A fé traz
asalvação e .traz ,o sentido para o mundo. O cristianismo não é uma reli·
gião ' do desespero. Pelo contrário, é a religião da esperança: S6 a fé em
Deus, s6 a dimensão espiritual abre horizontes à esperança (pe. Marcos
de Lima, SDB). '

542



HOMILIA

Cardeal Jean Jérôine 'Hamer, OP


Missa: do dia 23 . 07.86 na XIV AGO da CRB

Falamos do testemunho proféti- tive um encontro com as Religiosas


co. Gostaria de me deter hoje, con- da Região Norte da Diocese de
vosc,o, . sobre a testemunha, isto é, São Paulo;
sobre 'a pessoa que nos :traz o teste-
munho profético. , A tanto nos con- hoje, .' quarta-feira de tarde,
Vida especia1rilente a primeira leitu- mantive um encontro com a CRB
ra dá ~ssa ' de hoje. Regional de São Paulo;
( ; ,
.. :, 1. Comovente' foi o modo pelo durante o tempo livre, recebi
qual ' acolhestes " na segunda-feira Superiores e Superioras que deseja-
passada, a mensagem do Santo Pa- vam falar comigo. '
dre. Pusestes-vos de pé e esponta- , 3. Amanhã parto para encontrar
neam:ente entoastes o canto em hon-
, , Religiosos e Religiosas em outras
ra do Santo Padre. Agora, essa men- Dioceses, . e especialmente para fa-
sagem será para vós também, objeto zer uma visita 'à Cartuxa de Nossa
demeditaçao e nOImá de vida. Senhora Medianeira, na Diocese de'
, 2. De minha parte, desde segun- Santa Maria, fundação nova que é
da-feira passei à escuta (primeira muito significativa do interesse da
condição para um diálogo que pre- Igreja, aqui no Brasil, pela vida re-
tendo prosseguir numa comuIÚcação ligiosa contemplativa.
mais aprofundada);
, ,
, 4 . Nesses primeiros dias encon-
participei de vossas sessões trei Religiosos e Religiosas anima-
plenárias e pude superar em parte dos por um grande amor a Deus;
o obstáculo da língua graças à gen- desejosos , de um grande empenho
til colaboração de um confrade do- eclesial; movidos por decidida von-
• •
mllllcano; tade de entrega à obra da evangeli-
zaçao; particulallnente atentos aos
segunda-feira à tarde, visitei mais desprovidos, aos mais pobres;
uma comunidade na favela de Santo dispostos ao sacrifício e, se necessá-
André, 'c onfiada aos Padres Reden- rio, também ao sacrifício da própria
toristas e dedicada à , Rainha dos vida. E sabemos que aqui, no Bra-
Mártires; , sil, isso não é uma fórmula retórica.
terça-feira, de tarde, junto , Esses valores da vida consagrada
com ti Bispo Auxiliar, Dom JOEL, são essenciais para o futuro da Vida,

543
Religiosa no Brasil, e para o futuro ceto na da Virgem Maria. O teste-
da Igreja. Esses valores vos ajuda- munho, então, jamais poderá subs-
rão a superar todas as dificuldades tituir a Palavra de Deus. Em ver-
que deveis enfrentar. dade, é nesta que as testemunhas do
Oristo conhecem sua norma e seu
O diálogo que iniciei aqui é, para ideal; .
.mim, motivo de esperança e de co-
ragem. Uma vez de retorno a Roma, Por isso, o testemunho de uma
sentir-me-ei feliz em dizê-lo ao San- vida autenticamente entregue a Deus
to Padre que muito se interessa por e doada ao próximo numa genero-
vosso país. sidade sem limites sempre foi um
meio privilegiado de evangelização,
5. Agora não gostaria de nada inseparável da mensagem. O teste-
acrescentar à mensagem do Santo
Padre, mas · apenas desenvolver um munho é um caminho, uma pedago-
ponto que me parece especialmente gia, que conduz a uma mensagem
importante. .Falar-vos-ei então da que o supera.
testemunha. 2. Quando consideramos o nosso
contributo específico à· obra da
Vida Religiosa e Evangelização Evangelização do homem de hoje,
é aqui .que descobrimos o nosso lu-
1. E preciso crer no anúncio do gar. DeixlÚ que com simplicidade
Evangelho mediante sinais palpá- vos relembre ·uma passagem daque-
veis de testemunhas de vida, salva- le grande documento magisterial
dores e libertadores, válidos para os sobre a evangelização, que é a
homens de nosso tempo. A essa Exortação Apostólica EVANGE-
exigência, nós, Religiosos e Religio- LU NUNTIANDI, de PAULO VI,
sas, devemos estar particulalmente publicada em 1975, um ano depois
atentos. do Sínodo dos Bispos consagrado
Certamente, s6 a Palavra de Deus ao mesmo assunto e à mesma soli-
pode anunciar a salvação oferecida citaçao dos Padres Sino dais.
a cada pessoa humana, como dom Entre os "operários" da evange-
da graça e da n:iisericórdia, em J e- lização, o Santo Padre dá um lugar
sus Cristo, IlIIOrto e ressuscitado,
especial aos Religiosos (EN 69).
salvação que responde às esperan-
Esses "encontram em sua vidacon-
ças temporais, mas que ultrapassa
todos os limites; salvação que se sagrada um meio privilegiado para
realiza .na comunhão com o único lima evangelização eficaz. Com a
Absoluto, o de Deus; salvação . mesma íntima natúreza de seu ·ser,
transOendénte que tem seu início colocam-se dentro do dinamismo da
nesta vida, mas que se completará Igreja, sedenta do Absoluto de
na eternidade(EN 27). Deus, chamada à santidade. Desta
santidade esses são testemunhas.
Esta Palavra· de Deus que a Igre- Encarnam a Igreja enquanto desejo-
Ja proclama, não tem confronto ade- sa de entregar-se ao radicalismo das
quado na vida dos homens, nem Bem-aventuranças. Com sua vida
mesmo na· dos maiores santos, ex- são sinal da · total disponibilidade
para Deus, para a Igreja, para os retamente ao apostolado, o Santo
irnn·ãos" . Padre é muito explícito.
. . - Cito por
extenso esse texto unportante que
Depois dessa primeira afiImação, . nos diz diretamente respeito: a ação
o Santo Padre continua: "O silencio- . missionária .desses .religiosos "de-
so testemunho de pobreza e desape- pende evidentemente da hierarquia
go, de pureza e de transparência, e deve estar coordenada com a pas-
de abandono na obediência pode toral que esta quer operacionalizar.
tornar-se além de uma provocação
Mas quem não considera o contri-
ao mundo e ' à própria Igreja, tam- buto imenso que esses têm dado e
bém uma pregação eloqüente, ca- continuam a dar à evangelização?
paz de impressionar também os não- Graças à sua consagração religiosa,
cristãos de boa vontade, sensíveis a
esses são, por excelência, voluntá-
certos valores".
rios e livres para tudo deixar e para
Isso não precisa ' de comentários. ir anunciar o Evangelho até os con-
Uma vida, doada inteiramente a fins do mundo. Esses são empreen-
Deus e aos homens, com os votos de dedores, e seu apostolado é muitas
castidade, pobreza e obediência, tem vezes assinalado por uma originali-
um valor de protesto profético - dade, uma genialidade que levam à
pacífico mas incontestiÍ!vel con~ admiração. São generosos: eles se
tra uma sociedade impregnada de encontram muitas vezes nos postos
erotismo, de afirmação exagerada avançados da missão, e assumem os
de si mesmo, e de espírito de gozo: maiores riscos para sua saúde e pa-
O valor . universal de semelhante ra sua própria vida. Sim, verdadei-
testemunho é bem ilustrado pelo ramente a Igreja muito deve a eles."
prestígio de um São Francisco. O
4. Seguindo o Santo Padre, nota-
dom de si, realmente vivido, é uma mos primeiramente -que o estado re-
exigência de transcendência.
ligioso não nos constitui em força
3. PAULO VI fala a seguir de apostólica autônoma. Ao contrário,
cada . uma das duas grandes famí- a formação que recebemos em nos-
lias da vida religiosa: a constituída sas ordens e congregações, em ple-
pelos institutos dedicados totalmen- na fidelidade ao pensamento de
te à contemplação e a que reúne os nossos fundadores e ao caráter pró-
institutos votados às atividades da priode . nossos institutos, prepara-
vida apostólica. Da primeira, re- nos, qualifica-nos e tios torna dispo-
lembra o papel evangelizador. Sabe- níveis . para um apostolado eclesial
se que o Vaticano II também subli- a ser exercido sob a guia dos ' suces-
nhou a secreta fecundidade apostó- sores dos Apóstolos a quem o Se-
lica dos mosteiros, cujos membros nhor confiou a missão de fazer de
"se entregam unicamente às coisas todos os povos discípulos seus, de
de Deus na solidão e no silêncio, em assim propagar a Igreja e de assu-
contínua oração e intensa penitên- mir seu ministério pastoral (Cfr. Mt
cia"(pC 7). 28,16-20; LG 19).
Quanto à segunda família, aque- 5. O texto da EVANGELII NUN-
la cujos :membros se consagram di- TIANDI que há pouco citamos,

545
ilumina também de modo muito realizar dia 'após dia. Para um reli-
simpático, .0 caráter empreendedor, gioso, uma evangelização dissocia-
a originalidade, a imaginação, a ge- da da vida seria ,uma forma de in-
nerosidade e a coragem da obra consciência, um esquecimento da
apostólica realizada no mundo pelos própria identidade, seja como for,
religiosos. Isso, de fato, correspon- um contratestemunho, para não di-
de à realidade. Vede as missoes nos zer outra coisa.
diferentes continentes. Neste início
da celebração do quinto centenário 6. JOÃO PAULO 11 volta fre-
da evangelização da América Latina ,qüentemente a esse assunto, sob
é preciso relembrar a parte determi- uma forma simples, tornada fami-
nante que tiveram os religiosos? E, liar, mas que é 'extremamente p'ro-
hoje ainda, quantos deles pagaram funda: aquilo que importa acima de
com a própria vida a fidelidade ao tudo não é o que fazemos mas o
Cristo na pessoa de seus irmãos. que somos, em virtude de nossa
consagração ao Senhor. É assim que
Mas o Papa não se satisfaz em
fazer um quadro da situação, de o ' nosso . primeiro'campo de aposto-
dar uma espécie de fenomenologia lado é a nossa vida pessoal. É assim
da ' santa audácia dos apóstolos re" que a mensagem deve ser acima ,de
ligiosos, ele aduz o motivo e o fun~ tudo pregada e vivida (Cfr. Discur-
damento para tanto: "Graças à sua so em Maynooth, a 1Q de outubro
consagração, esses são por excelên- de 1979). É na medida em que o
Cia voluntários e livres para deixar religioso acolhe em si mesmo o
tudo ... " Eis o ponto decisivo. B a Evangelho que pode, por sua vez,
existência vivida de conformidade evangelizar os outros.
com a consagração religiosa que ex-
7. O desafio da secularização é
plica o extraordiI1ário dinamismo
particularmente vivo hoje. Nós o
apostólico ' manifestado pelos reli-
giosos ao longo dos séculos. Pois afrontaremos reconhecendo" certa-
que seu apostolado não é um acrés- mente, a legítima autonomia das
cimo à sua consagração, mas dela realidades temporais (cfr. GS 36),
- -
emana, e sua expressa0 concreta, mas também combatendo toda in-
como diz de outra fOJJIDa, o Concí- filtração de secularismo na socieda-
lio: "A ação apostólica ( ... ) faz de cristã e também na vida religio-
' parte da própria natureza da vida sa. Fá-Io-emos vivendo ' a nossa con-
religiosa, enquanto constitui um sagração de modo autêntico, gene-
ministério sagrado" (PC 8). Aposto- roso, com :lmmildade; 'mas também
lado e consagração são, pois, duas sem esconder-nos. Seguimos o Cris-
realidades correlatas, inseparáveis. to abertamente, como os apóstolos
que O acompanhavam pelas estra-
Sempre que falamos de evangeli- das da Palestina, e não como Nico-
zação e de vida religiosa somos le- demos que ia vê-Lo à noite;
vados à' existência concreta que vi-
vemos, à generosidade de uma pro- Vós sois testemunhas. Isso requer
fissão religiosa ' que fizemos uma uma grande determinação, sem
vez por todas, m'as que devemos nieias medidas, fundada sobre a

546
convicção indestrutível de que o países, "em qualquer ocasião" ("op-
Cristo é a única resposta válida pa- portune et importune") (1 Tiro 4,
ra os problemas do homem de nos- 2), com a certeza da força do Espí-
so tempo. ' rito e o vigor de' vossa fé. Sobretu-
do, compete a v6s vivê-la.
A vós, pessoas consagradas, com- '
pete dizer e redizer essa mensagem Que a Virgem Maria vos acompa-
aos homens e mulheres de vossos nhe nessa grande missão! O

• Ser santo no mundo, hoje (11)

Fico, sempre, porém, com a impressão ,d e que o mundo•••

Ainda ' bem que é s6 impressão mesmo. É só a aparência. Não é a


verdade. O mundo saiu das mão,s de Deus. É criatura dEle. Javé o olhou e
viu que era bom. Não se conhece Deus sem o mundo e é , impossível um
mundo sem Deus. Evadir-se das realidades diárias é, para homens e mulhe-
res, coisa oposta à v,ontade de Deus. Deus espera que cada um saiba mate-
rializar sua vida espiritual sem naturalizar o seu mistério. Deus repele,
com nojo, a dubiedade e rejeita a dupliddade de vida: de um lado, a vida
interior; a vida , de relação , com Deus e, de outro, diferente e segregada,
a vida familiar, profissional e social, cheia de realidade,s. terrenas. Ninguém
pode viver esta esquizofrenia. Há uma vida só, feita de corpo e espírito,
e que deve ser santa e plena de Qeus. '
E o Religioso acredita 'e m tudo isso?
. , ,

Não se deve ter ilusões. Mas afirmo: sim. Pode haver, todavia, muita
superficialidade nesta teoria. Esta convicção pode carecer de rl/ízes capazes
de acolher à novidade do Espírito. E esta superficialidade gera ceticismo,
desinteresse, acomodação, aburguesamento. Superficialidade, a mola da
álienáção. Não se passa à prática. Tenta-se anular a realidade com a versão.
Fabrica-se mais retórica do que coerência. Em suas' atividades e em seus
empreendimentos, o Religi.oso, por vezes, se transforma num gerente, quan-
do devia ser Um missionário. Comportamento inadequado! ,
E; então, o que concluir?

, ' Voltemos ao começo, página 542. Alcança-se à santidade não com


ações extraordinárias., Na vida cristã, é o modo de realizar o ordinário que
não pode' ser comuln. "Põe tudo o que és no mínimo qúe fizeres", sentencia
Fernando Pessoa (pé. Marcos de Lima" SDB).

547
MANHÃ DE ESPIRITUAlIDADE
NA XIV AGO DA CRB

Cardeal Aloísio Lorscheider


Arcebispo Metropolitano de Fortaleza, CE

1. O profeta é um homem novada entre os homens. Desta sor-


de oração te, a vida cOll.sagrada é uina afirma-
ção profética do valor supremo da
Profeta é aquele que fala em no- comunhão com Deus e entre os ho-
me de Deus. O profeta é pessoa es- mens ... " (PUEBLA, 744). O ser
colhida por Deus e enviada para ser contemplativo marca a vida do pro-
portador da Palavra de Deus e dos feta. A importância da ascese do si-
sinais de Deus: "Iahweh me ungiu lêncio na vida do profeta: silêncio
e me enviou a anunciar a boa nova exterior, quando possível; silêncio
• •
aos pobres, para curar os corações rntenor, sempre.
contritos, para proclamar aos de- Quanto mais conseguirmos colo-
portados a libertação, aos prisionei- car Jesus vivo no meio dos homens,
ros a liberdade, para proclamar um tanto mais profetas seremos.
ano de graça de laihweh" (Is 61,1;
Lc 4,18). "Só lhe é dado ser pro- 2. O profeta é um evangelizador
feta na medida em que tiver feito
a experiência do Deus vivo. Só esta "O Senhor me ungiu e me enviou
experiência fá-lo-á portador de \lma para evangelizar ... " (ls 61,1; Lc
palavra poderosa para transformar a 4,18).
vida pessoal e social dos .homens,
de conformidade com o desígnio do "Bem-vindos sobre os montes os
Pai" (pUEBLA, 693). Deixar-se en- pés dos que anunciam a boa nova,
volver por Deus - absorção em dos que anunciam o bem-estar,
bem-vindos os pés dos mensageiros
Deus - imersão no divino: "Falai,
da ventura, dos arautos da salvação,
Senhor, ·que o vosso servo escuta"
dos que dizem a Sião: 'Teu Deus é
(lSam 3,10). O profeta é alguém
que vive na intimidade de Deus, na Rei!'" (Is 52,7).
comunhão mais íntima com o Pai. Jesus, o profeta por excelência,
"Especialmente chamados são eles não veio ab-rogar a l:ei e os profetas;
(os Religiosos) para viver em inten- veio ' aperfeiçoá-los, levá-los à ple-
sa ' comilnhão como Pai, que os . nitude" (Mt 1,17). O profeta não
cumula do seu Espírito, urgindo-os acaba com os valores da . vida; ele
a construir a comunhão sempre re- . léva todos os 'valores à perfeição.

548'
A evangelização é oroaior benefí- dade, verdadeiros ciganos jogados
cio ,que alguém pode prestar à hu- de um lado para o outro, mal vistos
manidade; é a grande missão do por onde aparecem:. Pessoas que não
profeta ' ir pelo mundo pregando são "grandes". Existem como se não
'o Evangelho a toda a criatura (Mc, existissem. Pessoas sem haver, sem
16,15). poder, sem prazer, sem lazer. Pes-
soas totalmente dependentes.
Tendo em vista a nossa situação
histórica, evangelizar o quê? O Este rosário de situações já não
Evangelho da pobreza, da fraterni- causa medo? Nem gostamos de ou-
dade e da liberdade em Jesus Cristo. vi-las enumeradas.
E quantas são? Mais de dois ter-
3. O Evangelho da Pobreza ços dos nossos conacionais?
Parece-me que no referente à po- Por que chegamos a tal situação?
breza duas questões se nos colocam: Quantos deles merecem a nossa
a questão da propriedade e a ques- ' atenção? Antes, ao ' serviço de quem
tão da ótica dos empobrecidos. nos encontramos? A serviço deles ou
Questão da propriedade como dos outros que são minoria? Por
nós religiosos a ' encaramos? O que que será?
ela significa em nossa vida? Pode- A Igreja pede que "vivamos nu-
mos afirmar que vivemos, realmen- ' ma contínua autocrítica, à luz do
te, 'despojados? Ou também não Evangelho, em nível pessoal, grupal,
a,contece que o nosso lugar mais comunitário, para nos despojarmos
'sensível é o nosso bolso? O que sig- de qualquer atitude que não seja
nifica para a nossa vida o ter e, evangélica e desfigure a fisionomia
mais ainda, o não ter? de Cristo" (puebla, 972}. Como co-
locar a nossa vida religiosa dentro
Questão da ótica do empobreci- da ótica do empobrecido?
do até que ponto está acontecen-
do em nós a mudança do lugar so- Jesus, embora sendo Deus e bem
cial? A nossa opção profética, pre- sabendo que o seu ser igual a Deus
ferencial, solidária pelos pobres o não era roubo, esvaziou-se a si
que está significando em nossa vida mesmo, assumiu a condição de ser-
diária? Ficamos agastados em só vo, tornou-se solidário conosco. Je-
ouvir falar desta opção ou deste sus tomou a fOrIDa dos pobres, a
amor? forma dos sem poder, dos sem terra,
Temos que ser o sinal (a profe- dos sem casa: "As raposas têm toca,
cia) de um Cristo Pobre no meio de as aves do céu, ninhos, mas o Filho
um povo de pobres. do Homem. não tem onde reclinar a
cabeça" (Mt 8,20). É a opção que
E que pobres?!. .. Pessoas sem Jesus fez no desempenho de sua
poder nem influência. Pessoas à , missão. O seu nascimento, dentro
margem da vida. Pessoas sem terra, do nosso contexto, é mnito típico:
sem casa, sem voz nem vez. Pes- não havia lugar para eles na hospe-
soas migrantes, em eterna mobili- daria (Lc 2,7). É um estilo de vida
, .
549
. completamente novo' que ·Jesus veio . . O. verdadeiro· profetll: é um pobre
instaurar. A Sua Encarnação não é e. uni sem poder; um 'sem terra, um
. apenas 'revestir-,s e de nossa carne sem casa; sem emprego; ,um sem
mortal" mas é assumir-nos .em t9da nada .. ~um ' livre e despojado. ~
a, nossa pobreza e miséria fazendo- , alguém qUe põe ao serviço dos ou-
se pt;cado e maldição por n6s (cf. 2 tros a força de sua energia.. moral,
Cor 5,21; Gál 3,13), A deséida à do seu tempo e, . até, de sua vida.
mansão dos mortos, . que recorda- É alguém que entra na renúncia de
mos no "Credo", indica a medida JesUs: . esquecimento de si mesmo
total desta Encarnação: "obediente - s6 preocupado com o Pai e com
até a morte e morte de cruz" (Filip os que o Pai lhe confiou total-
2,8). Obediente totalmente à es- mente despojado numa doação total
cuta da Palavra do Pai ,os ouvi- da vida ' obediente até a morte
dos sempre atentos à voz do Senhor da cruz s6 voltado para a . sua
até a morte da cruz! "O Senhor lah- missão celibato. ~ o grão de · tri,-
weh me deu uma língua de discípu- go que morre para produzir · fruto
lo, para que eu sçubesse trazer ao (Jo 12,24). Talvezdevêssemo's me-
cansado uma palavra de conforto. ditar mais em nossa vida sobre o
De manhã em manhã ele me desper- sentido da impotência da cruz como
ta, sim, desperta o meu ouvido para força de vida nova em nosso mun-
que eu ouça como os discípulos. O do tão arruinado. A Igreja realiza
Senhor lahwt:h me abriu os ouvidos sua missão na kénosis da impotên-
e eu não fui rebelde, não .recuei" cia huniana significada na impotên-
(Isaías 50,4-5). cia da cruz. Toda nossa força pro-
. O estilo velho de vida mata pre- fética está no seguimento da kéno-
matw'amente as pessoas. ~ o siste· sis de Jesus Cristo, s'e m jamais cair
ma conoentrador do haver, poder, na tentação do domínio temporal,
prazer, laZer. Profundamente eiva- do poder, da propriedade, do amar
do de ódio: o outro é sempre um a sua vida (cf. Galilea S., Espiritua-
adversário, um competidor, um ini- lidade da Libertação, Petr6polis
migo. Ele deve ser eliminado antes 1975-45-51).
que me elimiDJe. O outro s6 é supor- O Evangelho ' da pobreza vai,
tado existir enquanto serve à minha pois, na linba do que é fraco aos
existência. Caso contrário, perde a olhos dos ·homens é forte aos olhos
sua razão de ser. de Deus (ICor 1,26-31).
Jesus, ao contrário, é o caminho,
a verdade, a vida. A vida ... ! O 4. O Evangelho da Fraternidade
Evangelho é. vida! ~ amor! É res- . .
peito! É ser irmão e menor, irmão Também aqui um .questionamen-
dos menores, manso e bumilde de to: como está dentro de n6s a rea-
coração. É a ruína do edifício lega- lidade patrão-.o perário, senhor-ser-
lista farisaico da Torá; é a ruína do vo, .empregador-empregado, . supe-
imperialismo romano endellsando o .rior-súdito? Tudo visto na luz do
César. É uma força nova de pres- Evangelho . de Nosso Senhor Jesus
são, ,decisiva na marcha da hist6ria. Cristo.

550
Jesus Cristo é . o Verbo Eterno, o Esta imersão em Jesus, !evadaa
Filho .deDeus, Deus como o Pai e . sério' até o seu extremo, .caracteriza
o Espírito Santo. Ele é enviado pelo a vida religiosa. A vida religiosa é
Pai ao mundo para salvar o mundo a expressão mais plena do santo ba-
e não para condená-lo: "Tanto Deus . 'tism~(Perfectae Caritatis, 5). O ba-
. amou o mundo que lhe deu o seu tismo · é a nossa imersão, inserção,
· Filho único . para que todo o que incorporação, D<t Pessoa de . Jesus
nele crer . não pereça, mas tenha . a Cristo Encarnado, . Morto e Ressus-
vida eterna" (Jo 3,16). Quem nele citado. l:t por isso mesmo comunhão
crer nao será condenado; está salvo e participação nas suas ações histó-
(cf. Jo 3,17-18). Ele é oNovíssimo ricas salvíficas (Rom 6,1 ss,; Col
jo mundo, 'é o Eschaton, nEle tudo 2,11.15-3,5) Inserção naencarna-
substiste, nele aprouve a Deus fazer çao e na morte = compromisso de
· habitar · ·a plenitude (COI 1,15-19; . morrer à carne e ao mundo, enquan-
Hebr 1,3). Ele éo ponto referencial . to corpo de pecado; inserção na res-
ubrigatório, l:t na' visao do Verbo surreição= produzindo nova vida.
que se · fez. carne e colocou a sua Matando 'a . velha criatura em nossa
tenda entre nós, . que tudo deve ser . carne·. e vivendo a nova criatura em
visto. O imanente, o intramundano nosso espírito vivificado pelo Espí-
só recebe o seu· pleno sentido, o seu rito do Senhor Jesus, Espírito que
sentido total, no · Verbo que se fez o ressuscitou dos mortos. l:t préciso
carne. Crer é ler tudo a partir desta . ter a convicção que pelo batismo
Presença Divina, deste eixo cristo- 'fomos introduzidos na comunidade
lógico, no meio dos homens. l:t o de Jesus Cristo Morto e Glorifica-
Tabernáculo de Deus no mundo; é do: estamos em Cristo Jesus! (con-
Deus armando a sua Tenda no meio forme a felíz expressão de São Pau-
dos homens. l:t a Tenda do Conse- lo). Não é mais possível viV1er alheio
lho todos que tínham algum pro- a esta comunidade. l:t a comunidade
blema a resolver iam à Tenda do nova dos que nasceram não do san-
Prófeta que era Moisés. Agora é gue nem da vontade da carne nem
o Profeta no qual todos os profetas da vontade do homem, mas de
verdadeiros, autênticos se encon- Deus (Jo 1,13). l:t ela que determina
tram: "Nenhum outro nome foi da- a nossa fraternidade: "Vivo já não
do aos homens no qual devam ser eu, mas vive Cristo em mim" (Gál
salvos a não ser o nome de Jesus" 2m20). ·"Minha vida presente na
(Atos 4,12). l:t neste Nome .(nesta carne, eu a vivo pela fé no Filho
· Pessoa) que ,se dobra todo Joe~ho de Deus, que me amou e se entre-
que ha no ceu, ~a terra e embalXo gou a si mesmo por mim" (Gal 2,
, da terra,. Tod~ Imgua confessa 9~e 20), "Que todos sejam um para
· Jesus Casto. e ~~or para glona que o mundo .creia que tu me envias-
de Deus Pai (Fillp 2,10-11). Por te e que os amaste como amaste a
isso, seja cad~ um batizado no nome mim" (Jo 17,21-23) .
.de Jesus, seja banhado, mergulha-
do, imerso na Pessoa de Jesus. Imer- Tocamos aqui a mensagem cen-
sos nEle, estaremos · todos imersos . trai dó Evangelho de Jesus, amen-
no Pai. . sagem da fra~emidade; l:t o grande

55'1
. .
mandamento. É o · ~u mandamento. · 10,30). A comunhão intratrinitária
É o mandamento da vida, da vida é o modelo acabado da fraternidade
eterna. cristã.
. Fraternidade é pobreza, é parti- Na prática da fraternidade é bom
lha, é humildade, é ser tudo para pensai como Deus nos ama, nos
todos. É também na luz da frater- ama gratuitamente, e nos ama co-
nidade que deve ser visto o proble- mo somos. Deus aceita-nos e nos
ma da propriedade: "Se queres ser ama como somos. E até nos ama
perfeito, vai, vende tudo o que tens, muito mais do que somos capazes de
dá-o aos pobres, depois vem, toma amar a n6s mesmos. Ama-nos com
· a 'tua cruz e segue-1Ile" (Mt 19,21; amor infinito. Será que o acredita-
Lc 9,23). mos?
. Também o problema Superior- Logicamente, n6s também deve-
· Súdito, que talvez no passado tenha mos amar-nos gratuitamente, acei-
· estado por demais marcado. pela tando-nos como somos, Está aí o
· analogia patrão-servidor, recebeho- caminho da superação de inúmeras
je um. deslocamento de acento, um tensões e de muitos conflitos que
outro enfoque. Acentua-se mais a enchem a nossa vida fraterna.
co-responsabilidade dentro da co- Temos Deus PAI, Deus FILHO
munidade. Co-responsabilidade que e Deus ESP1RITO SANTO. Não
traz consigo o esforço, a busca, à sei se já nos perguntamos alguma
luz da fé, para discernir os sinais vez: por que PAI? Por que F1LHO?
da presença atuante de Deus na vi- Por que ESP1RITO SANTO? Será
da das pessoas e da história na qual que este ser PAI, este ser FILHO,
estamos ·envolvidos. É o "ob-audi- · este ser ESPIRIfO SANTO tem
re", o colocar-se à escuta, em comu- algum alcance e significado especial
nidade, que nos dá o alcanoe mais para a nossa eXlstencla,. .'" . para a nos-
profundo e vital da obediência reli- sa vida?
giosa. É pela fraternidade na comu-
nidade que descobrimos o caminhar "Não tendes muitos pais; um só
de Deus em nossa história. Haverá é o vosso Pai, o celeste" (cf. Mt
sempre alguém que terá a última · 23,9). Esta paternidade caracteriza
· palavra. É aquele que está à frente a nossa fraternidade Somos uma
da comunidade. É ele o intérprete · só Fam ília. O PAI, que gera eter-
mais autorizado da ·voz da comuni- namente o FILHO, escolhe-nos nes-
dade. te FILHO, o seu Bem-Amado, o
Filho do seu amor (Cf. 1,6; Col 1,
. Na vivência da fraternidade cris- 13), antes que o mimdo fosse. So-
tã encontra-se, hoje, o sinal proféti- mos escolhidos no FILHO pelo PAI
co que cria credibilidade e transfor- antes que o mundo fosse, para ser-
mação. A fraternidade considerada iIIlOs santos como Ele é santo (Lev
na luz do um só em Cristo JiIlSUS, 19,2; 1 Pd 1,15), no amor (Ef 1,4).
um s6 que, por sua vez, se ilumina Para sermos, à semelhança do Filho
no "Eu e o Pai somos um s6" (10 do seu amor, filhos no amor.

.552
É profunda a indicação de Jesus: Filho de D<:us por obra e ação do
"Permanecei no meu amor como eu Esprito Santo.
permaneço no amor do . Pai" (Jo
Na realidade, não estamos na or-
15,7-10). Só assim a nossa alegria,
fandade, não somos órfãos. Temos
o nosso gozo será total (Jo 15,11).
. 11m Pai, que é sempre fiel e que com
Por que? Só em Jesus, amor do tanto amor nos diz: "tudo o que é
Pai, encontra-se a ' plenitude. meu é teu" (Le 15,31). Aliás, nada
temos nem somos que não nos te-
Por isso também é "esta a vida
nha vindo do Alto,do Pai das IU2les
eterna: que eles te conheçam a ti, . (= das constelações), junto de quem
o ' único Deus verdadeiro, e aquele não há mudança nem sombra de
que enviaste, Jesus Cristo" (10 17, mudança (Tg 1,17). A paternidade
3). "O único Deus· v.erdadeiro" de Deus envolve o Universo: "Do-
nada de deuses falsos, nada de ído- bro os meus joelhos em presença
los em nossa vida. Eles só trazem do Pai, do qual toda gentJe no céu
a morte! "Eu vim para que te- e na terra recebe nome" CEf 3,14-
nham a vida e a tenham em abun- 15). É esta presença do Pai pelo
dância" . (Jo 10,10). "Ninguém co- Filho no dinamismo do Espírito
nhece o Filho senão o Pai, e nin- Santo que dá consistência à nossa
guém conj1ece ' o Pai senão o Filho fraternidade. A nossa fraternidade
e a quem o Filho o quiser revelar" (comunidade) é uma palavra profé-
(Mt 11 ,27). E foi de fato "o Filho 'fica anunciada ao mundo para ' que
Unigênito, que está no seio do Pai, eLe creia que o Filho do amor do
quem no-lo revelou" (10 1,18). Pai veio e que o Pai nos amou como
E quem faz o enlace de toda esta amou o Filho (Jo 17,21-23). É, por
vida maravilhosa em Deus e em isso, o Amor Incriado sempre ativo
nós? Nenhum outro a não ser o Es- em nossa comunidade (fraternida~
pírito Santo, o Amor do Pai e do de). Ele é a Alma da Igreja! Ele é
Filho, amor de Deus derramado em o Animador por excelência do nos-
uossos corações pelo Espírito Santo so amor fraterno. É ele que, com a
que nos foi dado (Rom 5,5) (João nossa colaboração, faz . novas todas
Paulo 11, Encíclica "Dominum ' et as coisas, transformando os nossos
vivificantem", 18-5-1986, n. 67). É corações de pedra em corações de
no coração do homem que "se en- carne CEz 11,19).
contra o lugar recôndito do encon- A fraternidade cristã é, assim,
tro com o Espírito Santo, o Deus es- por sua própria natureza, profecia
condido, tomando-se aí o Espírito e fermento dinâmico daquilo que
Santo 'nasoertte de água que jorra todos são chamados a ser. Em nos-
para a vida eterna'" (10 4,14 so ambiente o mais total respeito a
João Paulo II, ibidem, n. 67). É a todo e qualquer ser humano por
constante presença e atuação do mais desprezh.,el ou insignificante
Dom Incriado, do Amor, da Santi- que ele nos apareça: "O que tiver-
dade, da Verdade, no coração do des feito ao menor dos meus irmãos,
dom criado, o homem, feito à ima- a mim o tereis feito" (Mt 25,40),
gem e semelhança de Deus, filho no não importa, como bem mostra a

553
parábola do bom saanaritano, nem . A nossa . identificação . em tudo
o seu credo nem a sna ideologia (Le com Jesus Cristo. deve ser levada ao
lQ, .30 ss.). ponto . máximo · incluindo a nossa
morte corporal. Ela · deve tomar-se
. . É preciso cdar. condições para
como o foi para Jesus a dÇlação su-
que cada qual possa ser gente, sen- prema do nosso amor a Deus e aos
tindo-se irmão um do outro. A re- irmãos. Não há em nossa vida mo-
flexão sóbre. a igUaldade humana e . mento inais decisivo e relevante do
cristã fundamental entre todos é in- que o da nossa morte. Tantos mor-
dispensável para não se esvaziar a D~m prematuramente, vítimas da in-
fraternidade. Palavras bíblicas como justiça de 11m sistema voraz que está
"não julgueis para não serdes julga- levando a hllmanidade à própria
dos; não condeneis para não serdes destruição: "... com todo o pro-
condenados, sede · misericordiosos gresso vertiginoso da civilização
como vosso Pai é misericordioso, técnico-científica e não obstante as

com a . medida com que medirdes reais conquistas e as metas alcança-
ser-vos-á medido outra vez" (cf. Le das, o homem está .ameaçado, a hu-
6,36-38), tomam-se orientação obri- manidade está ameaçada" (João
gatória na vivência da dimensão paulo 11, Encíélica "Dominum et
profética de nossa vida consagrada vÍvificantem", n. 65). É a autodes-
ao Deus sumamente amado. Perdão truição de que o Papa já falou na
- Reconciliação - Compreensão "Redemptor Hominis", na "Dives
---, Misericórdia serão presença cons- in Misericordia" e na "Laborem
tante em nosso ser ·fratemo. Penso Exercens". A nossa atitude deve ser
que as conhecidas passagens dos a de Jesus: a oblação voluntária:
Atos sobre a comunidade cristã em numa obediência, mima escuta e
Jerusalém não perderam a SUi!- atua- adesão à Palavra de Deus até a mor-
lidàde.
.
Lá como, numa síntese, en- te e morte de cruz. Deve ser aceita
. .
contramos, de modo cOlicreto, o qoo livremente, nllma participação nos-
significa 'para o mundo de hoje, co- sa muito conscientt>, para livrar os
mo profecia, à vivência fraterna nossos irmãos desta iniqüidade a
(Atos 2,42-47; 4,32-37). Da mes- que estão sujeitos e quebrar o sis-
ma fomia ' as parábolas (alegoria) tema pecaminoso instalado em nos-
do Bom Pastor (Jo 10; Le 15; Mt so mundo. Deste grãozinho de trigo
18), do Pai Misericordioso (Lc 15), a mais que morre, vai brotar nova
do Bom Samaritano (Le 10) e do vida. A morte faz parte da profecia
Fariseu e Publicano eLe .18), indi- (k nossa vida. A Cruz é o instru-
caIll a ' medida do nosso ser proféti- mento que mais alto grita: quando
co num mundo tão órfão, tão ne- eu for exaltado, atrairei tudo a mim.
cessitado de carinho, ternura, amor Isto ele dizia significando de que
fraternos: "Tudo o q\lie é meu .é morte morreria (Jo 12,34). Afinal,
teu"; "Se gastares algo a mais, na ninguém tem maior amor do que
volta eu o pagarei"; "Derramou óleo aquele .que dá · a sua vida por seus
e. vinho sobre -as feridas".. Só a doa" amigos (10 15,13). Jesus, pela en-
ção .tota). de si . mesmo impact.a o trega de . si mesmo, salva !! povo.
mundo perdido nO espaço! :. Dentro.. desta visão . de 'fé, 'uma das

554
nossas especialidades proféticas será dotes? Todos reis; todos sacerdotes;
a de transmitir alegria . e confiança: todos.. iguais;todossoberanos; . ne-
"não estamos só; o Pai está .sempre nhum inferior; nenhum superior; to-
conosco" (cf. Jo 16,32). "Pai, 'em dos inilãos entre si; todos respeitan-
tuas mãos entrego o meu espírito - . doe lutandó pelas leis de lahweh!
Pai, em, tuas mãos eu me entrego - Assim anunciando as. maravilhas de
E inclinando a cabeça, entregou o quein os tirou das trevas para a sua
seu espírito" (Lc 23,46; Jo 19,30). luz maravilhosa, de quem os tirou
"Tudo está consumado!" (Jo 19, da escravidão do Egito, carregan-
30): do-os sobI1e asas. Um povo proféti-
co, um povo santo, um povo régio,
5. O Evangelho da liberdade um povo sacerdotal. São todos os
nossos títulos! Será que desejamos
. Fr.a teroidade e liberdade ligam-se títulos mais gloriosos do que es-
estreitamente; ' É digna de maioI tes?!. ..
aprofundamento a 1 Pd 2,9-10:
"Mas v6s sois a raça eleita; o sacer- . E como Nosso Senhor nos quer
d6cio real, a nação santa, o povo ver honrando estes títulos I Como
de 'sua particular propriedade, a fim Ele gosta de rios ver soberanos! Co-
de que proclameis as excelências da- mo gosta de nos ver livres! "Aque-
quele que vos chamou das trevas le que ama seu pai ou II).ãe mais do
para a sua luz maravilhosa, v6s que que a mim não é digno de mim. E
outrora não éreis povo, mas agora aquele que ama filho . ou filha mais
sois ' o povo de Deus, que não tí- do que a mim não é digno de mim.
nheis alcançado miseric6rdia,mas Aquele que não toma a sua cruz e
agora alcançastes". Esse texto pos- me segue não é digno . de mm.
sui uma ressonância no Antigo Tes- Aquele que acha a sua vida, vai per-
tamento, ·Exodo 19,6, quando Deus dê-la, mas quem perde a sua vida
diz ao povo hebreu: "V6s mesmos por causa de mim, vai achá-la'" (Mt
vistes o que eu fiz aos egípcios, e 10,37-39) . . Para ser perfeito, é ()
como vos carreguei sobI1e asas · de mesmo que dizer para ser livre, é
águia e vos trouxe a mim. Agora, se preciso deixar tudo e seguir Jesus
ouvirdes 'a minha voz e guardardes no 'mesmo despojamento que Ele as-
a minha aliança, sereis para mim sumiu vivendo entre n6s. O Filho
ü!'I1a propriedade peculiar entre to- do Homem não teve onde reclinar
dos' os povos, porque toda ' a terra a cabeça. Ele não tem com que pa-
é minha. V6s . sereis para . mim. um gar o imposto. Ele não está amarra-
reino de sacerdotes e uma nação do . a ninguém nem mesmo à sua
santa ... ". ·0 Apocalipse 'retoma a querida Mãe. Aos doze anos per-
mesma idéia: ."Fez dé n6s · um reino manece 'no Templo, enquanto José e
de sacerdotes para Deus, seu Pai. .. Maria ' o procuram entre os parentes
Deles fizestes para nosso Deus uni e amigos. Quando, admirados, o en-
reino de sacerdotJes e. eles reinarão contram no Templo, a ' sua ' resposta
sobre a terra" (Apc. l,6;5,10). é: "Não sabíeis que eu devia. estar
na Casa do meu Pai?" CLe 2,49).
:. . O que ' significa um: reino de sa- Na Casa do Pai, lá é· o seu lugar.
cerdotes? Um reino. de . reis e sacer- Não havia lugar para eles na hospe"

555
daria. Na Casa do ' Pai sempre há plena segurança. "Se não () crerdes,
lugar. Há lugar para todos. :B a ~­ não subsistireis" (Is 7,9; cf. tb 2
sa de quem é livre, totalmente li- Cr 20,20).
vre. Na Casa do Pai não há maior
nem menor, todos são iguais; .
Em. nossa liberdade joga um pa-
, . um só pel importante a Image~ que. nos
,
é o Senhor ' Deus o AltISSImO, o fazemos de Deus. Qual e esta lIIla-
Excels'o. M~S, apesar de Altíssimo, gem dentro de nós? Quem é Deus
apesar de Senhor, Ele não empata -p ara nós? Dizia Jesus: "Se não vos
a liberdade de ninguém. Antes é na converterdes e tornardes como
Sua liberdade que todas as liberda- crianças, não podereis entrar _ n~
des encontram a sua perfeição. Na Reino dos Céus". Que conversa0 e
oportunidade, José e Maria nada esta de se tornar criança? Li uma ex-
compreenderam. , Jesus desceu c~m 'plicação exegética que díz: se não
eles para Nazaré e era-lhes submIs- aprenderdes de novo a dizer ~A­
so. Sua mãe conservava tudo em PAI, não podereis entrar no Remo
seu coração (Lc 2,50-51). Não era dos céus. Está aí a imagem que de-
fácil entender. Havia aí um misté- vemos ter de Deus, a imagem de
rio. Ha~ia aí algo completamente Aba-Pai. Deus é o nosso Pai. Pai
novo. O que era? Mais tarde ainda, Nosso que estás no céu. .. Este Pai
nas bodas de Caná: "Eles não têm é o modelo para toda a nossa vida.
mais vinho". Respondeu-lhe Jesus: Jesus quer que todo o nosso ser e
"Que queres de mim, mulher? Mi- agir se , oriente segundo o ser e o
nha hora ainda não chegou" (Jo 2, agir do Pai. Devemos. fazer o bem
3-4). Desta vez Jesus também , foi para que os homens vejam as n?ssas
submisso à sua Mãe, mas em plena boas obras e glorifiquem o Pai que
liberdade de decisão., Tudo tão anis-
, . está no céu. Nunca devemos pro-
terioso. Como tambem em nossa VI- curar os elogios 'e aplausos dos ho-
da tudo tão misterioso. Parece que mens porque, desta forma, o Pai
co;seguimos superar uma dificulda- Celeste não nos poderá recompen-
de e já se levanta outra. Não enten- sar. Em nossa oração é necess~rio
demos ' bem tanto sacrifício que se procurar primeiro a glória do Pat, .a
nos pede. Mas, o caminho é por aí expansão do seu reino, o cllmpn-
mesmo. :B no lusco-fusco da fé que mento de sua vontade e SÓ então
se vai aperfeiçoando a nossa liber- ,pensar em nós. Necessitarmos amar
dade• As nossas decisões vão ama- • os inimigos, ser bons para com os
durecendo e sempre, logo mais que são maus conosco, reza: pelos
adiante, enxergamos que foi assim que nos perseguem e call1Dlam, ~
melhor para nós. No momento em fim de sermos filhos de nosso Pai
que nego 11m sacrifício, estou negan- Celeste o qual faz nascer o sol so-
do a aliança do Senhor, estou pre- bre bo~s e maus e faz vir chuva so-
judicando à minha liberdade: •~ão , bre justos e injustos. Nosso modelo
são os assírios nem os babiloruos de perfeição é 'o Pai Celeste (cf. Mt
nem os egípcios nem o rei de Israel 5,16; 48; 44 ss.;' 6,9 ss. etc.).
nem qualquer outra aliança que ga-
rante a nossa liberdade. :B tão so- E como é este relacionamento
mente a aliança de lahweh que dá com o Pai, Jesus deixa-o ver atra-

556
vés do seu próprio relacionamento. age em nós. Livres para descobrir
É interessante ver sobretudo o evan- os caminhos de Deus em nossa vi-
gelista Sao João. É um relaciona- da, os passos libertadores divinos.
mento todo impregnado de confian- Livres para questionar e nos deixar
ça, de amor, de conhecimento, de , questionar. Livres. para não fazer-
' aceitar
. aco-
doação. mos c01llpromlssoS ou
modações com forças dominantes.
Será que Deus como Pai significa N1Im mundo tremendamente domi-
algo para a nossa vida e, em nossa nador, a nossa liberdade é um sinal
vida? profético de valor incalculável. En-
contramo-nos num mundo amarra-
, Devemos ' ser muito livres para do, sensível, cheio de suscetibilida-
escutar o que o Espírito tem a di- des, de conchavos, de manipula-
zer à sua Igreja. Livres para escutar çoes. .. O mundo deve ver a nossa
o Espírito de Peus. Livres para es- total liberdade e glorificar o Pai que
cutar o Espírito Santo qoo fala e está nos céus~ O

A Fidelidade - A Lei
, ,
A Aparência

Bíbliã - "Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim
para os abolir, mas, sim, para levá-los à perfeição", Mt 5, 17.
Leitor- A Lei vai ser cumprida integralmente. Nem uma letra ou uma
" vírgula deixarão de acontecer. Tudo_ terá pleno cumprimento,
não em sua materialidade, mas no seu espírito. E o espírito da
lei toda é este: ser justo, ser misericordioso, ser irmão no sentido
mais singelo e evidente. E 'agir diante de Deus. A lei, assim
e)1tendida, é sabedoria da parte de Deus. Cumpri-Ia é sabedoria
da parte do homem. É o caminho do céu. II entrar na ótica de
Deus, ou seja, priorizar a interioridade sobre a aparência. Preo-
cupar-se, portanto, com o primeiro, lugar, com a aparência, em
demasia, é revelar não ter o senso de Deus. É sintoma de vazio
interior: "O essencial é invisível", afirrn;l o Pequeno Príncipe.
Bíblia "Pouco me importa ser julgado por vocês. Quem me julga é o
Senhor. Ele mostrará o que estiver escondidó e manifestará os
projetos dos corações. Cada 11m receberá, então, de Deus, o lou-
vor que merece", 1 Cor 4, 1-5 (pe. Marcos de Lima, SDB)•

557
. .

PARECER SOBRE .O RELATÓRIO '


.

DE ATIVIDADES DA CRB:
1983-1986 ,

Consideramos o Relatório criação de' grupos de assessoria -


apresentado uma verdadeira rique- reuniõe.s da Diretoria, Executivo e
za e uma expressão da vitalidade de Regionais, , Diretoria e Organismos.
nossa CRB. Além de organizado e
objetivo, não se limita a 11m elenco 2) Formação

de dados e realizações, mas traduz •
muito bem as ' tendências e avanços, 2.1 - Equipe de Reflexão
ás inquietações, questionamentos e Teo.lógica
esperanças da Vida Religiosa no
Brasil. Serve como fonte de consul- Gostaríamos de acentuar nos ser-
ta e orientação. viços da CRB através da ERT os
seguintes pontos que aparecem no
- Endossamos a análise do Con- Relatório:
selho Superior da CRB, em' seu pa-
recer sobre o triênio, quanto à fide- a) A excelência, especialização e
lidade às prioridades estabelecidas variedade da Equipe.
pela XIII AGO.
b) A presença nela de duas mu-
Queremos também fazer al- lheres, cabendo-lhes o serviço de
guns destaques .sobre . as diversas . coordenação.
partes do Relat6rio:
'
. .. -
" ' I - ,
,"
,
, .' . .
c) O vastl) trabalho produzido e
1) ' bihição' . .... . '
' o • • •"
divulgado. •· · . .
, ... . . .,
'. d) A oportunidade .e a felicidade
-'- Não obstante as várias 'substi- do texto "Os profetas bíblicos ' inter-
tuições de membros, a Diretoria pelam .a VR", com a ' conseqüente
cumpriu com a sua missão de "ani- . 'divulgação e réf,lexãoamplas.
mar, promover e' coordenar; a VR ' ..... '. :. . '. '
no Brasil". 2.2 CETESP
.• . .
". Constituiu um ' grupo de vida,
e não s6' de trab~o. Cfr. p. ex. pág. Além de se .perceber .. a continui-
19: ';Diaria.mente; na .sede · da ' Na:- dade dinâmica do mesmo a serviço
cionãl, . os mémbros do Executivo se ,de 'uma maior segurança' nas linhas
reúnem para ti Eucaristia; celebrlln:..- de formação para. a VR: no Brasil,
do . a vida que acontece na CRB". . consideramos como um dos pontos
, .' . . . altos deste Relat6rio 'a consciJeIicio~
; . '. Alguns pontos a sublinhar: : sa ~ ampla avaljaçãodo mesmo
desçentralização de lItribuições Centro pllra toroácIo ainda mais eU-
corresponsabilidadie e unidade ' ciente .el,ll seus ' serviços. .

558..'
2.3 CERNE nomia" das Congregações Brasilei-
. raspara concretizar hoje a origina-
O Relatório, após expor os obje- lidade fundacional no contexto da
tivos do Curso, o número e os res- ·vealidade brasileira atual. ·
ponsáveis deles, recolhe também
alguns depoimentos de Cernistas e 2.6 - GRF
da Coordenação, revelando a re-
percussão dessa iniciativa na VR, Houve uma retomada no empe-
como momento forte de reciclagem. nho que a CRB vinha desenvolven-
São apontadas algumas dificuldades do, . procurando dar à Formação
para a realização do CERNE, mas, aquele enfoque adequado ao mo-
pelos resultados obtidos, parece que
o trabalho vem sendo bem compen- mento atual.
sado. . Destacamos:
2.4 PRÓ-FOCO - A criação do GRF N acíonal
e, conseqüentenrente, dos GRFs em
Consideramos como pontos a su- quase todas as Regionais.
blinhar: - A nova metodologia dos Semi-
- .o fato de cada cursista repe- nários, possibilitando a participação
tir para a sua comunidade a etapa de
.
formadores. de maior nÚllIlero de
realizada, relatando o resultado de Regionais e de .Congregações.
seu trabalho ao iniciar a etapa se~
guinte; Os Cursos realizados em di-
versas Regionais.
- o. crescimento da comunhão e
integração entre as várias Ordens - A atenção ao Formador ---:- e
Contemplativas; ao Formando. . ...
a maior si:nt.onia dos Mostei- . . . . Revalorização da orientação
ros com a realidade eclesial, suas espiritual. .
exigências e seus desafios;
.. 2.7. GRl .
. - a consciência de que aVR - .
contemplativa ajuda a sus1Jentar a Assumindo a prioridade. inserção
luta pela justiça e a fidelidade dos estabelecida pelos Superiores Maio-
homens a Deus; .
res na xm AGO, a Diretoria muito
o estudo do documento "Os fez, não só para os l1eligiosos inseri-
profetas bíblicos interpelam a VR" dos em meios populares, mas tani-
e a constatação de desafios bastante bém ·apoiando, incentivando e aco-
fortes para
. .
a vida contem.plativa.
. lhendo ás Íniciativas dos próprios
religiosos. .
2.5 Superioras Gerais
. de Congregáções Brasüeiras Para melhor dinamização do se-
tor ·foi criado o GRI Nacional que
Entre asperspertivas destaca-se está se · estendendo às Regionais,
a de prosseguir na busca da "fisio- através dos GRIs Regionais.

559
. Ressaltamos ainda a realização A destacar: os encontros realiza-
dos três Semjnários, em Regiões di- dos, a participação na Pastoral da
ferentes, . com nova metodologia e Criança, ·o avanço numa nova com-
conteúdos adequados às . necessida- preensão da saúde preventiva, glo-
des constatadas pelos religiosos in- .bal, comunitária e popular.
. seridos.
3) Publicações
2.8 - GRE
- A revista Convergência, com
A CRB deu 11m apoio maior aos cerca de 3.000 assinaturas no triê-
I\eligiosos que atuam no campo da nio, ocupa o maior e spaço do Re-
educação, sobretudo ajudando a dis-
• • A' •
latório. ao tratar das publicações da
cerrur as eXlgencIas que o momento CRB.
histórico faz às Congregações cujo
carisma inclui a Pastoral da Educa- Dado que marcou positivamente
ção e a buscar alternativas a partir a revista neste triênio foi a adoção
do Ser Religioso e da opção pelos de um tema central anual, além do
pobres. cuidado para usar linguagem aces-
sível à maioria dos religiosos, con-
. O desenvolvimento do GRE Na- se:rvando o níveD de profundidade
cional e dos GREs RJegionais muito
contribuiu para aprofundar a refle- beológica.
xão e envolVier maior número de
4) Comunicação
pessoas, o que favorecerá a união
de forças e a tomada de decisões
- O Relatório apresenta detalha-
concretas.
damente 1I.m vasto leque de comu-
Destacamos a realiZação dos di- nicações da CRB com outros orga-
versos Seminários, quer a nível na- nismos, visando sempre a animação
cional, quer a nível inter-regional, e da VR no Brasil.
a integração com a AEC le CNBB,
sobretudo por ocasião do Encontro ..:... Percebemos o alto nível de
de Provinciais sobre "Igreja e De- interesse eclesial desses contatos,
mocratização do Ensino", em maio particularmente intensos no que se
de 1986. refere ao relacionamento com as
Regionais e com a CNBB.
2.9 - GRS
5) Serviços
O fortalecimento da equipe do
GRS e o melhor relacionamento - Fica claro no Relatório o au-
com as Regionais representa lIma mento e eficiência dos serviços pres-
ajuda importante a 11m setor que tados na área de especializações e
vem carecendo de maior animação bolsas de estudo mesmo consideran-
até mesmo da Igreja, no sentido de do ·que tais serviços ainda não atin-
revitalizar o Ser Religioso na área gem as regiões mais carentes do
saúde e descobrir novas dimensões Brasil, fato não devido à vontade da
de atuação. atual gestão da CRB.

560

6) Funcionários São Paulo, 24 ,de julho de 1936


XIV AGO Comissão "ad hoc":
- Percebe-se a partir do Rela-
tório, e de quanto se vê e se ouve Assinam:
dizer, a harmonia, o espírito, de .
família e a preocupação fOlmativa Inmã Maria de Lourdes Barreto,
existentes entre os funcionários da FMA
CRB Nacional e a Direção da En-
tidade. Ixmã Adylles Augusta Rossato,
ICM
Concluímos, parabenizando a
eqnipe da CRB Nacional pelo bri- Padre Décio Zandonade, SDB
lhante trabalho e generoso serviço
prestados à VR no Brasil, no triê- Irmão Antonio Carlos M. Rama-
nio que agora finda. lho, FMS. O

Vida Religiosa & Democracia

Será a democracia aplicável à Vida Religiosa?

Até que a pergunta é pertinente. Estamos em clima de eleição e Cons-


tituinte. Creio, porém, que não se aplica a democratização à Vida Religiosa.
O conceito de democracia, proposto à sociedade civil, se transposto para
a Vida Religiosa geraria distorções, criaria expectativas falsas e imporia
modos de agir nao condizentes com sua natureza. Os critérios da Vida
Religiosa não podem ser os critérios de uma sociedade qualquer. Na Vida
Religiosa não se podem implantar mecanismos de representatividade de
classes. O que se pretende é corresponsabilidade, é partilha, é presença
e ação. O ideal não é estar acima. Nem abaixo. É envolver-se. Estar por
dentro. Aquilo que não se agita, apodrece. Quem ' ~e omite nunca tem
razão. A solução do silêncio, do escape, a postura da fuga, do isolamento:
são uma ,total impropriedade, um sério pecado de nossos dias. É sucumbir
pura e simplesmente ao medo, sem praticar -nenhuma virtude.
,E o Superior? E a Superiora?

A figura de quem preside, de quem dirige é insubstituível em qualquer


grupo, comunidade ou sociedade. Mas em Cristo somos todos filhos de
Deus. Conseqüentemente, todos ,irmãos. Não sobra lugar para nenhum pai
aqui ria terra. Parece ser anti-cristão, ,todo ,paternalismo ' porque encerra
domínio, mal1tém dependência, reinvidica superioridade, gera discrimina-
ção, identifica presunção de privilégio. O Superior, ~ SUPeriora ~ a auto-
ridade " é imprescindível. Mas não 'é paternal, ne~ lUateJ;llal. Na Vida
'Religiosa ' a autoridade é fraterna. Não vai à frente. Não caminha na retác
guarda. Está sempre ao lado (pe; Marcosde'Lima,SDB);' " ,

'561
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1986-1989 '. ".
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A XIV ASSEMBlillIA GERAL *
Impulsionando a inserção nos
ORDINÁRIA DA CRB. refletiu so- meios populares; segundo a diver-
bre ' a DiMENSÃO PROFÉTICA sidade
. .
dos carismas; ', .
. .
DA VIDA RELIGIOSA NO BRA-
SIL a partit da visão bíblíco.:teoló- . * Aprofundando
a . espiritualidade
giba do profetismo. . .. ' . que nasce da .experiência . de Deus
no compromisso com a libertação
Tendo presente que: .. .. .. . ..· · ·do povo; "
- O profetismo é elemento cons~ Para operacionalizar esta Priori-
titutivo da Vida Religiosa como se- dade, a XIV AGO propõe como li-
guimento de Jesus e compromisso nhas de ação:
com o Reino.
" . . Os: coiillitos originados nas es- . 1. Inserção nos mei.os populares
trilturas injustas da sociedade bra-
1.1. Levando em conta. li evolu-
·sileira constituem um lugar teoló- ção do prooesso de inserção das Co~
, ,

gico que. interpela .os Religiosos. .munidades Religiosas em meios po-


- . .. . . . .
· .. . O. .nosso país, vive um mo- pulares, a CRB as ' assessore na bus-
mento decisivo, - . na busca_. de uma or-
-
ca de uma Vida Religiosa, ,mais pro: -

dem constit\lcional justa. fética · a partir da experiência de


Deus na vida do povo. .
: . ' · A~ . op,çõe~ p~st~rais de nossa · '

Jgrejaprocuràm.respondér a6s cla-1:2. COm a colaboração dos Re-


inores .do nosso ' povo ·oprimido. ligiosos Inseridos, a . CRB promova
. .. a explicitação e sólida fundamenta-
- A transformação da Vida Re- ção de uma espiritualidadeencarna-
ligiosa à luz do Vaticano 11, Me- da; ajude a aprofundar o sentido da
dellín e Puebla brota do processo inserção, e aninie ' a releitura e vi-
de conversão q\lJe passa pela media- vência do carisma congregacional no
ção dó pobre, asSlIme como PRIO- exercício da missão.
RIDADE: .. . . 1.3. A CRB continue incentivan-
: O compromisso de vivera di.- . do os Religiosos a encontrar novas
mensão profética ' da vida religiosa: . mediações de compromisso liberta-
· . dor com · os marginalizados e opri-
, .* Discernindo . criticamente no inidos e a redimensionar as próprias
,contexto sócio-eclesial, as formas ob,ras sociais . na linha do testemu-
adequadas de encarnação-missão; . nho profético.

562
,d;4.AÇR~l~, ajllde o~; RcrUgiOs,os c!.!l1l :de PW!Og ,popul~e~; vl!lprq,anc1O,
a ser apoio e presença lib~rtado~a sua cultura" qrigina1•
..e , geu ':engaja-;
nos movinIentos populares e nas

mento em movimentos populares.


pastorais .especjficas c()m ' particular . ... : ' ., "' . . ,, " :'. ". ....
atenção à fonnação de liderançall e 2.$. Que ílCRB ' promova' es~­
lt ::orgall!za,ç.ã o. .do. 'povo; ' visando a d<>s s~bre (i situação da Mulher, COn-
transfqrmação da sociedade. sagnjçla, . s,e u ' c:ompromissoprOféticO
' 'o , •
íunto ' ao povo, . (:f seu . papel . lia
' : 1;5. A CRB apóie as iniciativas Igreja. .
na linha 'da sociaUzaçãodos meios ... . . .. .. . '.

de : ptodução. e ' bens . de consumo ..


3. Saúde . '. .

pertencentes á Religiosos. ' . .. ,


..
.
.,
. 3.1. Que a CRB promova o es-
o ' • _,

~:. Formação tudo do processo de socialização da


. ,
. saúde, .nas Instituições Religiosas e
> _. ,. Frente à IJealidade
. 2.1.
~ . "
coriflitiva Civis, .delltro da éonjuntura atual,
'.

do . noSso contexto sócio-político e visando. a ' um posiÇionamento crí-


ecOnÔmico, à CRBcontinue a pro- tico frente ao .mesmo ' processo. .
mover a fonnação da consciência . .
. 3.2; A CRB ' continue 'o' trabalho
, . .

crítico~profética . dos ,Religiosos, à


lliz da Palavra de Deus, para parti- junto aos Religiosos, levandó-os .a
Çiparem lucidamente do processo de . assuniirem uma · postura crítica··e a
transfolJlliação da realidade na pers- dispensaIJem particular atenção à
pectiva do Rleino. saúde . comunitária,
.
e à medicina
.. . . . . . .',
preventiva e alternativa. ... ' .
• .Neste mesmo sentido, a ·CRB as- ' . ".
sessore as Províncias Religiosas na , .3,3. A CRB aj~de _a repensar, na
elaboração de um projeto de for- ottca da e:,~gehzaçao ~be:tadora,
mação integral, coerente. com ." a8.-. ,~,. rroElellllittca ,~os hospItaIs ,ate~­
exigências do testemunho profético, ~ldos pelos ~ehgIOsos, frente. as dI-
num contexto de conflito. fIculdades cnadas pelos atuaIS me-
canismos. de. opressão. e. exploração.
2,2. A CRB leve as ,Congregaçoes
a orientarem ' a fonnação como pro- 3.4. Através do GRS, a CRB
cesso global, /inperandQ' ·.a , dicoto- . mantenha. entendimento • com . a •

mia entre as diferentes etapas de CNBB para que se chegue a upla


foi;mação. ' . organização da' Pastoral da 'Saúde
. . .. . -
.. . e se estudem em conjunto os pro-
2,3. A CRB . prossiga animando blemas sociais que " interferem na
8; promoção vocacional e a fOlJllia- melhoria das condições de vida.
ção intercongregacional na linha do
profetismo, e dê especial atenção à
fo~ação na e para a ipserção, à 4. Educação e
itit~gração fé e política.
, . . .
.- -.
.
..
"
. 4.1. Que a CRB apóie' a AEC na
,,· :·2.4.
, .'
Que
.. a CRB
. suscite estudos . luta por uma ,educação democrática,
. . ,

sobre a formação - de vocações


_. - oriun- ,participativa .e . comunitária, respei-
"

563
tadora dos valores cristãos, como Maiores, em lilaió ,' de 1986, Men-
agente de transformação. desfRJ.
,

4.2. A CRB leve os Religiosos 5. Envio .. Ad Gentes"


Educadores a , enfatizar a educação
para ' a justiça ' e a assumir novas al- Que a CRB, 'e m comunhão com
ternativas de educação dirigidas, so- a CNBB, Q,CIMI, e outros organis-
bretudo, às classes mais necessita- mos voltados à , dimensão missioná-
das, destacando o menor carente. ria, preste maior' apoio aos Reli-
4.3. Que a CRB ajude os Reli- giosos que são enviados para 11m
giosos a se deixarem questionar pe- serviço profético "Ad Genbes".
la juventude. Ajude-os iguaJ",ente
a buscarem, na linha do próprio ca- 6. Meios de comunicação social
risma, 'respostas adequadas aos de-
safios lançados pelos jovens. A eRB mcentive os Religiosos à
leitura crítica e à utilização proféti-
4.4. Que a CRB fortaleça a ani- ca dos MCS, tendo em conta o pa-
mação dos GREs Nacional e Re- pel que estes meios desempenham na
gionais na perspectiva do profe- sociedade atUal.
tismo.
Na operacionalização destas Ii-
4.5. Que a CRB encoraje os Pro- linhas de ação, a CRB atuará em
. .. . ''''
vmClalS a se unrrem na ammaçao comunhão com a CNBB, e à luz das
profética dos Religiosos Educado- DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO
res, e na concretização das Conclu- PASTORAL DA IGREJA NO
sões do Encontro de Superiores BRASIL. O

A Lei - O Direito - A Justiça - A Constituinte

Bíblia - "A letra mata, mas o Espírito vivifica", 2 Cor 3, 6.


Leitor _ A Lei, da mesma forma como o Direito, não é um fim em si,
mas um meio. Na escala dos valores morais não aparece a Lei.
Nem o Direito. Aparece, sim, a Justiça. Frente à Justiça, o Di-
reito é tão·somente uma via de acesso. Acima da Lei, o Direito.
E acilpa do Direito, a Justiça. E acima da Justiça, a Fraterni-
dade. A Lei em si ,é moral e socialmente indiferente. Pode ser
boa ou má, imoral ou anti-social. Sã9 Paulo fez, para todos os
.. stSculos, a luminosa distinção: a letra da Lei mata. O espírito

, da Lei vivifica. Um país pode viver COlll Leis más se seus juízes
• , forem bons. 'A um país, de nada serVem boas Leis, se os seus
' juízes forem iníquos (pe. MarCos de Lima, SDB).

564
DIRETORIA NACIONAL ,E CONSELHO
SUPERIOR DA eRB NACIONAL
A XIV Assembléia Geral Ordinária da CONFE~NCIA DOS REU-
GIOSOS DO BRASIL, depois de refletir sobre seu tema central, "A di-
mensão profética da Vida Religiosa no Brasil hoje", e de introduzir algu-
mas indispensáveis modilii:cações no Estatuto ' da entidade, realizou elei-
çõ,es para os novos quadros de direção da CRB Nacional.
Para Presidente da CRB Nacional foi reconduzido o Irmão CLAUDINO
FALQUETTO, FMS.

A nova Diretoria Nacional é composta por:

- Irmã ,ADYUES AUGUSTA ROSSATO, ICM


- Innão ANTONIO CARLOS MACHADO RAMALHO DE AZE-
VEDO,FMS ,
- Pe. Dt!.CIO ZANDONADE, SDB
- Pe. FABIO BERTOU, SJ
- Irmã GERTRUDES MOREIRA; Irm.: da ' Assunção
- Irmã InLDA ROSA, Franc. da Provo de Deus
- Pe. JOÃO AUGUSTO MAC DOWELL, SJ
- Pe. JOÃO EDSNIO DOS REIS VALLE, SVD (reeleito)
- Irmã MARIA LEA RAMOS, FMA
- Irmã ZENILDA NOVAIS ROCHA, CF


Para o Conselho Superior da CRB J:ifacional
. . .. .
foram ,eleitos:

- Irmão ARLINDO CORRENT, FMS


- ,Irmã EDWIRGES VANNUCCHI, MJC
- Irmã ILDA MARIA ALOCHIO, JSSmaEucar.
- Irmã INSS COST ALUNGA, Miss. da Imaculada
- Pe. ISIDRO AUGUSTO PERIN;MS .
- Pe. rOVIANO DE UMA JÚNIOR, SSS '
- Irmã NAIR DOS REIS, MJC '

, , CONVERGBNCIA a todos apresellta, felicitações, e votos de valioso


serviço à causa da Vida Religiosa no Brasil; atràvés da, CRB.
,

Pe. Atico Fassini ms


.' .. Secretário Executivo

565,
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1 - As Constituições brasileiras 2 - Porqueum,a' n~va . ' . .. ' .


Constituição?
O Brasil, nação independente des-
de 1822, já teve sete Constituições: :. A :razão' é ' siniples, Rigofosamen-
a de 1824, que fundava o Império te falando, o Brasil não tem hoje
do Brasil; a de 1891 que ip,stituíà.a ." umáConstituição,mastiJna 'Emen-
República; a .de .1934; qUe. inaugti-' dá ' ConstituCional, . que, emsimes-
rava a Segunda República, após a ma, é uma abetiaçãode todo Di-
revolução de 1930; a de 1937, que :· reito . . No.' seu ' pi:oêniio, : diz que" os
estabelecia o Estado Novo, ou seja, Ministros .da Maririha,do .. Exército
a ditadura de Getiílio;Vargás; .. a .de . .é da Aeronáutica, considerando a
1946, que voltava à democracia li- situação hiasiJeira;prómulgam ' uma
beral, após a 2'1- Guerra Mundial; .à . Emenda Constitucional que -revoga
de 1967, que : cOIlsagrava o golpe' . a preoedente · e· cuj6 29 artigo" de-
militar de 1964 .e, ~nfim, a chamada: '. ·clàni .que todo podér emanado po-
Emenda ConstituCIOnal de '. 1969, vo e em · seu nome deve ser 'exer-
promulgada por uma Junta Militar cido.
e que, curiosamente ainda está <em .
vigor, conqtiánto ' também ' · emen- '. Esta Emenda Constitucional ' con-
dada. fere poderes ditatoriais a 11m Pre-
o ' sidente da República . eleito por um
• _ ' ; .

Das sete Constltmçoes .brasilel- .' Colégio Eleitoral,para .11m manda-


ras, apenas três foram preparadas . to de 6 anos. ' .. . . ..
por uma Assembléia Nacional. Cons~ . , . .. . .. .,
tituinte eleita pelo povo. As outra,s . .os Mmls!I0s .~tar~s q~e a . pro-
quatro, foram outorgadas 0:u' impos- : mwgaram,unagmavam assun ID;m-
tas pelo Poder Executivo. 'ter indefinidamente a tutela militar
. . . _ sobre a sociedade, através de um
.' . ~!U. g~ral, as . co.?shtulç<:es for~m .partido governamental submisso . ao
promulgadas sQb: a lll,v~~9a.? d.o nO'".. . General . Presidenre~ . . . ' .: . ' .
me de Deus .. A ·Constltmçao lmpe-" . . . . .. ' . .. . ' .' . ,,,
rial de 1824 foi ,até . mesmo -. . . .decre- .-, Aconteceu porém o inevitável. O
tada "em nOllÍe '·dil.:SailtÍssilna\Ttin-
•. . , 'O regime militar, distante da nação,
~.

dade". ,...." , . ." " '. '...',,'; '.;' ::, '.. perdeu credibilidade envolvido nas
• • • 0 ,0 •

'fmllÍiis "fu:rus' escái'ldálosàs ' de " : co]i~ iJiêüté· ':adS'· pattidos'; pl<ilítícos : 'cGtt!~
rtip: "lib~ ithp
.
~. ' liDe;'
_ .k crise .·iiitehlaJ " exiJ.~ . ptômétid,6iF' com tiltenisses ;' eléitotei~
·· 1~, · 11 - . · ," 0-. " "' ....... : ... ' • ... . - -. ~-' • ~ .
terb adá: pelos ''êhoquC$ 'eXternos ''dlis 'i'<
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. · · .. .. .. .. . ....... . ···
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bi:X<as' ·dê ·ii4"os; j'li:ôvoçõü \ÍÓl 'movi· p ~1J!t;~ple~t~" }I~--:,d~s > c9ns!içõe.~
mento: p,bpulat·' ex;igi~do · eleições: di~ l,oramd1.~gl!?~~ .)?~*;l , p~-ppri(l ,~,C;Op,.
~tetãs;' ; Ü -:.lmoVimeJito ' se· avolurbóu, gre~s.~ :; ::tjaFoll~! ' ,; aprovap-do '. ,proj'
posta do Poder Exeêutivo. · A .4J;-
'assumiiidp'; Btôpor~ões kiga:iit~scàs; sembléia Constituinte será coiripos:'
'dóS' maiores ' eventos' cíVicos ' da his:' 'ta pelos' depút.a dos' e'· senadores lise-
íótiá 'brasileira> o 'Congresso p'res~ rem'·;elditos li: i'5 ·de ··,Ilovembro; :eD.-
~,sip,~à~o" :p'e!os:, :(',ill~t<lTes; ,~o~sê~uí..u tre candidatos ' '.apresentados . pelos
.?E;~~~r~, o.·.1'~9J,eto<ie. e!~!çoes . ~l~ yelhos . partis!ps,: ,polítjcos . q)le ,de-
r~tll:~,-~ m!!~ ' ,Jl!ldíl cÇlpseSU1ll" ~eter. o f:eJlSib.J].a~aÍp ~ ;.Ópjnjiíb pública; : ,. t
moVÍlJientO, aa' nação
> _. - " .0·
."
exigindo,
·· . '• . '
'n'lU~
.
.. .... . , .... r • • \... " .... , , ' . ""''':. _, , ' '. " . - •

aáhça~ " lmet!iatas. ' Foi ' .e ste m6vi~


• .• , . ... ~
' ,. , .
. 1 ... • , . • . ·
" Pat~ .Contrabalançar, ·· de '. certo
m~nt()que ·, ~onsegulu a vitona no modo;' esta decepção ' foram ' toma"
C91~gio ' Bleítoial, ~ d,o candidato '. d!1 das duas medÍdás: ' .' .. : ' , " . : .
Cipp~içãQ..' l'$cred6. NeYeS; .que' i~à)l~
.: : . ," . :', ~ . ,." . ' -; .. .
A primeira, foi , á . nomeação de
gura,va ii ' Noya Reptll:\liCa epto~ uma Comissão ' de Estudos ' Consti~
,
ÍnetÍli: : a ..cóuvQcação <;le · uma As~ -tucionais, . encarregada .de preparar
'

.sémbi~a Nai;l.oóal · Constituinte. O hm ..'auteprojeto de. Constituição, : a


suêessordê Tilncredo Neves,séu vi~ ser;' oferecido' pelo Executivo, .como
oe-presidente, e hoje Presidente da subsídio . à- . futura Assembléia Na·
Repiíblica, José Sarney, ·:i):J.anteve o ciOi).aI- , Constituiu.t~.. A- . composição
ccimpromisso:· convocou' uma As- desta Comissão procurou · refletir· os
sembléia, Constituinte' a· ser eleita a diversqs . segmentos representativos
15 de novembro . do' presente ano.
• v • • da Sociedade. O autor destas linhas
0 ,0 ,.
. ....
• •

.
. :
"

. faz parte desta Comissão, a qual re-


3- "
.
' Umaespli!rança
' . . ..
'frustrada
.
" cebeu mais de 10.000 propostas de
. ..'
todas as classes. e lIegiões do país,
A nação e, dentro dela, a Igreja sugerin'do idéias a serem incluídas
no .. Brasil, depositavam sua esperan- )1.0. antéprojeto, .' . ' . ' ..
ça '.na eleição de uma Assembléia '" . . : .. . "

Constituinte' que interpretasse de A segunda medida foi a prepa-


maneira' autêntica as · grandes aspi- ração, ainda em debate, de um pro-
rações de mudanças mstitucionais jeto de' lei. coibindo. a interferência
reclamadas pelo' povo, contra os ,in- 40 poder eC0nômlCo na eleição dos
teresses cOllServadores do status quo. futuros .deputados e senadores cons~
Para tanto, julgava-se, talvez com tituintes. A nação não esconde seu
li!" a cert,a ingenuidade, que a As- ceticismo com relação à eficácia de
sembléia fosse autônoma; ' que' . se tal projeto, '
das pressões do poder econômico, ..
sob . duas ç:ondições: .que a As- 4 O desafio da. Igreja
sembléia" fosse aut~nóma; . que : se
, .
'.'. "
. '
. ,. . . . .. ,

pelmitisse :'a '; eleição de candidatoS .. ' O .Brasil é 'hoje, : estatisticamente,


avulsós, 'Ílão ·viriculado's: necessar:ia~ a nação ' catÓ1i2amaisnUtiletosa .do

561
,mundo.. Setáque ' uma nação com .povo . de Deus, ,par!L debatê-las em
tão grande Dqmero de católicos não ,todos os setores da comunidade na-
será capaz de eleger constituintes piQnp1: . escolas, universidades, sin-
dignos e confiáveis, ou seja, cons.- dicatos, associações, as mais varia-
utüinies ' que defendam valores e das, partidos políticos, movimentos
'princípios coerentes com as profun- leigos. A mobilização deverá desa-
dás aspirações humanas e cristãs do guar em manifestações públicas' e
povo? ' ' cornfcios a nível diocesano, regio-
nal e mesmo nacional. Neste pro-
11: este o desafio, para enfrentar cesso e nestes debates, ' o povo de
o qual, a Igreja e,tá se preparando Deus, que constitue a grande massa

com coragem e entusiasmo. de cidadãos eleitores, terá oportu-
, A Igreja tem C9nsciência de que nidade de ir discernindo os candi-
toda sua colaboração nestas dUáS datos capazes de defender os prin~
décadas de regime militar, para a cípios cristãos na Assembléia Cons-
construção de uma sociedade me~ tituinte, princípios relátivoS ao di~
nos injusta e m~is fraterna, passa ~eitQ à vida, inclusive do nasi:ituro,
agora por uma afirmação de sua 'aós ' direitos da farnflia, à real li-
presença no processo constituinte. berdade de ensino, à destinação so-
cial da propriedade, aos direitos do
Como ponto de partida para esta trabalho, à reforma agrária, à par-
afirmação, a Conferência Nacional ticipação do povo nas decisões p0-
Bispos. do Brasil (CNBB), aprovou líticas,
, .
.
'" . .
um documento com a participação
A Igreja .não se ilude quanto à
de 260 bispos, sobre o tema: Exi- grandeza das dificuldades que de-
gênCias Cristãs de umat nova ordem verá enfrentar: a solércia dos polí-
Constitucional. Documento da maior ticos profiSsionais, a força do po-
importância, porque explicita os cri- der econômico, a timidez dos pró-
térios básicos e as exigências ime- pdos católicos em assumir sua res-
diatas que, à luz da fé, devem ori- ponsabilidade política, neste mo-
entar os católicos, na nova ordena- mento decisivo.
ção da sociedade, nas suas diversas
dimensões: social, econômíca, polí- . A consciência das düiculdades é
tica e cultural. a primeira condição para superá-las.
A Igreja contudo sabe também que
'. A clara posição, assumida pela nenhuma instituição tem hoje no
Igreja neste documento sobre ques- Brasil uma presença junto às bases
tões fundamentais, vai permitir e maior que a sua. E os seus inimi-
provocar uma ampla mobilização do góstambém sabem disto.
",. '. . ., '
. .
EXIGeNCIAS CRISTAS DE UMA NOVA ORDEM CONSTITUCIONAL
IGREJA E CONSTITUIÇÃO
,

A Igreja no Brasil, através de sua construção de uma sociedade justa


ação pastoral, no campo social, pro- e fraterna. Pode-se mesmo afirmar
curou dar sua -contribuição para a que o empenho nesta construção foi

5,68
o objetivo ' que' ·revela o sentido e a quais a nação' deposita sua esperan-
_coerência: das numerosas iniciativas, ça na novidade da· ·República que

pronunciamentos, campanhas de- se anuncIa.
_senvolvidas pela Igreja, na sua pas-
. toral social, especialmente durante . Perdida esta chance histórica, a
. os anos difíceis do ciclo militar que llrustração do povo poderia. preci-
se encerrou, com' o advento da Nova pitar a nação nurO processo de tur-
República. bulência . social de conseqüências
imprevisíveis. As . disparidades .so-
.. A Igreja tem. consciência que seu
ciais e regionais se acentuariam até
desejo de contribuir para uma so-
ciedade mais justa e fraterna passa aproximar-se perigosamepte da si-
hoje por um esforço de explicitar tuação de um apartbeid social, no
as . eJcigências cristãs de uma nova qual, setores minoritários altamente
ordem constitucional. Desenvolvo modernizados da sociedade seriam
aqui os temas principais da 1'1- par- submersos na inundação crescente
te do documento da CNBB. da pobreza, da indigência e da roi-
, .
sena.
1 Importância do
Esta situação extremamente in-
Momento Político
justa, a ponto de tomar-se ameaça-
o Brasil atravessa um momento dora, exige, como pTÚneira condi-
político grave. As opções a serem ção de sua superação, uma profun-
feitas neste momento serão decisi- da reforma das instituições, reforma '
vas para o futuro da nação diante que deverá consolidar-se Dum novo
da alternativa com a qual ela se de- pacto constitucional.
fronta. A alternativa é a seguinte:
ou preparar o caminho para a con- 2 O Sentido da Constituição
solidação de uma democracia real-
mente participativa com a elevação A rigor, o Brasil não possui uma
das condições de vida da popula- Constituição. Possui uma Emenda
ção a níveis de decência social, ou Constitucional outorgada em 1969
perder esta oportunidade histórica, pela Junta Militar então no poder.
esvaziando o sentido de novlidade Tal emenda se destinava a dar
que se pretende garantir à atual ex- maiores poderes discricionários ao
periência política brasileira. Por ou'" regime militar instalado pelo golpe
tras palavras: trata-se ou de optar de 1964.
por construir algo de realmente no-
vo, ou de oferecer à nação o triste O governo militar se extinguiu
espetáculo de. um mero .revezamen- 'submerso pelos grandes movimentOs
to no poder de lideranças políticas cívicos que se estenderam a toda
pre!ias aos mesmos interesses parti- nação, em 1984. Inaugurou-se um
dários, preocupadas com os mesmos novo regime político já denominado
cálculos . deitoreiros, vítima dos de Nova República. ' Um novo re-
mesmos vícios políticos e apenas Te- gime não pode continuar a funcio-
toricamente . empenhadas com às nar . com uina ' velha constituiçã(),
mudanças profundas e radicais nas inadequada às novas réaIidadesein"
-
569
,ç!!,paz de :resppnder, aos novos an- "participação" do ' povo neste proces-
:seios ':da : nação.: '. . . ,sQe deJIma . importâricia: decisiva.
·SÓ um ,'povo que participa .assumi-
Uma constituição, com efeito, é o rá a ,futurace!nstituição . como obra
paçto institucional fundamental que sua; . saberá . comprometer-se : com
· deve regular toda a vida da nação. ela e eldgir a sua vigência. A Igre-
,E a lei básica que consagra as gran- ja; que caminhou junto , a este .povo
,des noIUIlaS com .as quais se devem no período difícil que se. encerrou,
êOnfolU).ar toda's as, leis. É a Carta não poderá . omitir-se no. momento
J"lagrta à qualcompete,em linhas 'decisivo que inaugura um novo pe-
gerais, sem entrar em miilUdências ríodo da vida nacional . .
·regulamentares: . ' .,
. :i .... legitimar o' poder do Esta- :3 ~ A COlaboração
..
'da.. Igreja
• •

do,. e. orgaruzar a forma pela ' qual . ,

·deve ser exercido; .' .


- . '
É difícil compreender a atuação
pastoral da Igreja no Brasil sem re-
, 2 : . : definir as relações dos Po- lieri-Ia a· um fato de capital impor-
deres Nacionais, Executivo, Legisla- tância, A Igreja chegou a um a cons-
tiyo e Judiciário, sua organização e ciência clara de duas realidades: pri-
suas. .comPetências; .. . . , meira, o Brasil é hoje numericamen-
. .. . .
te a maior nação católica do mun-
" .3 . delimitar as áreas de compe-
tência do eXercício do poder em seus do; segunda, o Brasii é hoje o país
,diversos níveis: federal, estadual e marcado pelas . mais 'profimdas dis-
municipal; '. ' . 'criminações sociais do mundo. Esta
. . -. . ". .' . 'dupla constatação despertou na Igre-
4 - explicitar os deveres do Es- ja ' uma aguda preocupação por sua
tado para com a nação e a maneira ,responsabilidade evangelizadora. Se
pela qual deve cllmpri"los através da 'ilenhilJl'Íi 6deologi'a tem exigências
adininistração pública; 'sociais rriiüs radicais do que as de-
. . '. .
conentes 'd a fé no evangelho, na
'$ ...:.- assegurar ~ lib'erdades cívi-
Boa Nova da salvação, não é tole-
; cas, as garantJias individuais e os
diveitos sociais, 'bem .c,o mo .os meca- rável qJIe o'maior país catÓlico do
nismos ' eficazes para ' reivíndicá-Ios. DlUrido seja incapaz de ' demonstrar
,- .
.. .,
...
:. .
. . ao mundo, que, a partir da fé, é pos-
, " 6 : : garantir a ,soberania , nacio- ...'sível. . construir
, . . , uma
. sociedade
. . justa
:!1al eapresçrvação<la . ordem de- 'e fratenrà.. . , ' ·- . ,, - , ' . ..
. .
mocratica.
- ". ,
, '

.' É '. a consciência , desta dupla rea-


·.'. A l).açãoeslá vivendo íntensamen- lidade que . permite . entender .a coe-
·te . oprqcesso ,constitll:j.nte, · através .rência da atuação da Igreja, nó cam-
do. q\lal vai 'explicitando suas aspi- po :,da pastoral social; coerência .que
:rações e anseios e 'vai discemindo não elimina tensões e contradições:
aqueles que melhor a , dever:ã o ' re- a Igreja optQu pelas mudançaspru-
,ptesentar na Assembléia a ser elei- .fundas 'e' radicFlis, mas r.ejeitolÍ ' sein.~
,ta :no dia :lS."de novembro. É . um pre ' a violência,' éomo meio ,de rea.-
,tmomeiJto privilegiado de ed,ucação e :lizá-las. SJIa' oPção; . ernsua dupla
Ce!nsciell.~ação :política' de! povo. A dimensão,. 'pela: m,udànça, . ..contra, a

'~70
~ql~nci.a;Joirel:()nheci9.a , c()mopas- ,valores
. .. . ·éticos·
. . , .' ·fundamentais:Ela
. . . ".
tem
...
~or,allIl.ente ·. YáUcla; .· el;ll' .
inequívocos .c()~sdênci.a ·· de · qu~,sem a .preser-
pro.nUll.cia,ment()s do ·. Sarito:Padre, vaç~o. desto::.!! valo1)es; as mU(!!lIlçaS,oll
.
,PQr ocas,ião. ·de.. ·sua vi~ita . à n.oss.a
r serão frustradas, gerando n.oyos con~
Pátria, ....." r·. .· ·· . . ' flitos, ..ou servirão c]e pretexto para
~ ._ . .

, .. 'atropelar . drreítos ' inalienáveís . da


. " Não ~ra': : ent:.retanto, uma opção 'lies'soa' humana, Entre estlis:'áreas,
·cgmodá. 'Situava-se . e,nt,e f()gos cru- ressaltàom:. éomó de maior ' importân-
'zagos: de. um lado,. os .que se bem:~ ·cia: a organização dó poder a ser-
Iiciavam
,~ ...,
.iartamente
.. .. de uma situa~.
,"
.viço ,do ' bem ·. comum e ' os · direitos
:ção de injustiça social; ; de outro, relativo,s.. à . vü!a, à · família; àedll-
os , que ' a. acusavam . de refoImismo ,cação, ao trabalho e à propriedade;
conformista e. se impacientavam por .. ,
trimsformar em luta ostensiva ós .. . .
conflitos latentes gerados pela mes- .4 . ,. A . Participação
. do ·. Povo
.ma . injllstiça. ' .
. '. A colaboração da Igreja não deve
.. " A naçãO amild1lIeceu nosofrimen- ser dissociada da participação do po-
'tl) nestes iongos an9S de arbítrio e vo, A Igreja é o sacramento ilauni-
<Ia. difícil conjunfura por eles lega~ dade, o sinal visíveJ e eficaz da ne-
da. O illDad1lIecimento .s e processou concilIação ase~ cel~bradil na ação
.exatamente ria' linha de coerência da 'de . graças, á eucaristia, :pelo . povo
Igreja. Hoje, eXiste .0 consenso na- 'de ' Deus, uni,doaseus pastores,' pa-
.d anal pela .necessidadedas ·mudan- ·ta acolher, proteger, respeitar e pro-
ças epela,necessidade que estas mu- mover av.id·á · comunicada ·por Cris-
.danças se. 'realiZem dentro dos ' es- to attavésde ·seu Espírito, A co-
:paçosd~m6cÍ'á!i~os abertos pelo no- laboraçãodà . Igreja far-se~á, ' assim
vo .'re;gime. -- por outras . palavras: com .o povo, .pelo povo e para o
.existe ';o' consenso.·. deque as mu- .povo. '. . .. . .'
danças ·devem · passarp.o r um' novo . ' Este pov'o é um·povo 'que, na': sua
pacto constitucionaLgtalide · maioria guardá a . fé cristã
" .EstaU;~s. vjYendó o mo~~nto h.is~ que r.ecebeu através de qnase'S 'sé-
.i()Hco ·noquál á ·Igreja, .cl)ntinuan\lo 'culos de evangelização, fé sincera e
'n a sua linha de coerência, 'deve co- 'p rofúndá; 'não· obstante.'ascontami-
laborar ativamente para que este nações do sincretismo e as devasta-
novo pacto, dando uma base cons- ções do consulll;i!>mo pelmissivi~ta.
titucional às mudanças inadiáveis, Nes~e mome~to .unportante da v.lda
canalize, para a construção."de uma .. , .. n.a.C;!2n,~1. 7~ ,md~spensável q~~ este
nova sociedade, os dinamismos que p~vo.! maJontanan;.~nt~ cato11co e
se extenuariam em conflitos e vio- cIIstao, t0!lle consclencl:;t de sua for-
lências de altos custos sociais e hu- ç~. Ele nao p~~e se deIXa: submer-
manos. gir numa espeCle de anonunato ca-
. . :tólico, : deixando que 'minorias rui-
Dentro deste objetivo, a colabo- dosas ocupem a arena do debate
,ração' · esp~ífica " da : Igreja ' deve":' ço.nstitllcionál, ·. Se . somos ·..maioria,
it'!Í •.'orientar-se ' p$c;ipalniente ;p~a : · wjaroWsllma: maior.ill' ruidosa. Num
aquelas áreas onde estão em jogo espaço . cultural pluralista, temos', .o
direito de levantai nossa: voz em dé- realidade em 'queelas estão inseri~
·fesa de nossos valores que se iden" das, para·poder discernir o que pode
tif.rcam com os autênticos valores ·ficar e o que deve mudar. Refletin-
humanos. do sobre ·esta realidade,. que ele co.-
nhece porque a sofre na própria
Não é necessária uma análiSe so.- .carne, qualquer brasileiro -tem uma
fisticada da realidade social para palavra a 'd izer sobre como a socie-
constatar que este povo rejeita 'a so.- dade deve . se organizar, como deve
ciedade que aí está; que ele tem an- ,funcionar no cumprimento dos de-
seios e aspirações voltadas para mu- veres e no respeito dos direitos, do
danças profundas e radicais. Agora governo, dos cidadãos e de todas as
ele tem a chance de realizá-las atra- instituições intermediárias. O · im-
vés de uma participação ativa no portante é não se omitir para não
debate constitucional que já come- ehegar atrasado.
çou com o processo constituinte. li Entretanto, para que esta parti-
uma chance nova para anjlhões de ,cipação de todos seja eficaz, é in-
'brasileiros que nunca participaram dispensável definir conteúdos mini-
de 11m tal processo. mos necessários, sobre os quais os
A elaboração da constituição cristãos devem estar de acordo e pe-
não é monopólio de peritos na or- los quais devem lutar. Esta luta não
tografia constitucional. A contribui- se identifica com uma campailha por
ção destes é indispensável para dar um moralismo conservador que, sob
forma articulada ao texto final. Mas a retórJCa de um discurso morali-
é a participação do povo que de- zante, esconde a defesa de interes-
verá definir o seu conteúdo. ses egoísticos ou classistas. li lima
luta por resgatar a dignidade do ho.-
Não se trata de uma tarefa difí- mem e da mulher, no , cenário do
cil, reservada a juristas e a especia- novo horizonte cultural em que vi-
listas. Qualquer brasileiro tem con- vemos, para constrnir uma socieda-
dições para participar do debate da de onde seja possível viver com de-
Constituinte. Basta que: ele reflita cência e sem medo. A definição des-
sobre as condições de sua vida, de tes conteúdos é obj:eto da 2'!- parte
sua família, de seu trabalho, da <leste documento. O

.. ,

" . Por que sera que tantos s,e .deixam enganar?


.
. O ser
..
.
humano é
. . . -
, '
. .
feito .assim: Não , importa 'se persegue uma quimera·.
,Prefere uni ' falso ideal, uni falso profeta, a ideal nenhuin; à mediocridade
ura. :' , . . ' ... ' ·C . · " " . " . , •
P
572
,
'.' .. . " , . . .
'. , .
, ,
.,
CORRESPONDÊNCIAS · .. . ,

DA XIV AGO DA CRB


.. .
, .
,


.
, . '. ' ..

1. CORRESPONDENCIA EXPEDIDA

· . .
Telegrama ao Santo Padre ' gregações mascuJinase femininas
reuDidos .XIV Assembléia Geral
Religiosas e ReIi~osos do Brasil, conlierência Religiosos Brasil cons-
rennidos XIV Assembléia Geral, ín- ci.entes dramática situação lavrado.-
tima comunhão com povo Pa!ltores res . brasileiros, violência arbitrária;
Igreja e Santa Sé presente pessoa grupos . pQderosos comprometidos
Cardeal Prefeito · Jean Jérôme Ha- pela . for~ da fé libertação povo
mero ...
. .
, oprimido sentem dever di!;igir Vos-
sencia insistente apelo . RefOllllla
Externamos Vossa Santidade ju- Agrária· ampla ·e'. urgente .confOlme
bilosa .gratidão luminosa mensagem palavras Santo .Padre: ESTE PRO"
nós enviada sobre· missão profética JBTO NÃO PODE FRACASSAR
Vida Religiosa e caminhos formação PORQUE 13 QUESTÃO .JUSrrçA
nova geração religiosos, à luz inser- SOCIAL E DEMOCRACIA.
ção ,em Cristo, Profeta do Pai; .
.. .
, , e, renovamos nosso
. ' . . .
comproInlsso . Padre João Mac DoweU,. SJ
cOlisagração ' a, DeuS, seguimento . . .. Presidente
,
da XIV' .
AGO
Jesus pobre e serviçO libertador nos- · . . ' . . . . .. .
so povo, apoiados força Espírito e Carta à ConferêncIa dos Bispos
alentados m'agistério e semço apos- Cat6lieosda
· Afriea
. do Sul , . .
tólico sucessor de Pedro. . . . . ,.
Em Cristo, SOUTHERN AFRICAN CA-
THOLIC BISHOPS CONF'EREN-
Padre João Mac DoweU, SJ CE*, P.O. · BOX 941 PRETORIA
Presidente da XIV
" . . AGO 0001 SOUTH AFRICA, AFRICA
DO SUL. .
Teh:igrllma ao
,
PreSidente da República Revm9s Srs, Bispos,
Exm~.sr, José , Sarney . Nós, Superiores de COngregações
DO, Presidente da República Religiosas do Brasil; . reunidos em
Assembléia, temos procurado acom-
SUPERIORES . PROVINCIAIS panhar .a solidariedade dos Cristãos
representando ·50 mil membros Con- com . a luta . secular ·do Povo .da

573
África do Sul por sua libertação. mentamos as constantes persegui-
Sabemos que "durante muitos anos ções e muitas mortes qlre estão
rezaram para que o gov,erno mudas~ acontencendo na Igreja do Mara-
se sua política. Queremos agorare- nhão.
zar com vocês por uma 'mudança de .
estrutura para que o povo se liberte . Rezamos suas lutas, suas con-
e possa viver em paz". quistas, seus gra,nd.es esforços para
a mudança desse sistema opressor.
As recentes notíoias nos mostram
que hoj,e os cristãos por sua solida- Sentimo-nos em comunhão com
riedade sofrem ' a mesma repressãO" v"ocê e· a:Igreja cIe Bacabal, solidá-
que os negros sofreram desde a che- rios pela mesma causa para que se
gada dos priimeiros brancos em 1950. faça justiça e a fraternidade possa
A prisão de tantos padres, . pasto- acontecer.
res, . diáconos, seminaristas, religio- Sr. Bispo, conte com nos~ apoio
sas, agéntes' de pastoral, atesta o es- e· nossa ·:prece, . ."'
. -
,

forço de fideliditde dos cristãos ao' --o , " . ' . ."


Nosso' Mestre. Qrieremos:. aqui ma- " .- : .. ' - '. Fratetnalmente,
nifestar nossa solidariedade e'· agra- .
.. . .
.
.. -
decer a ,Deus ·pela,'s ua :coragem que Padre João Mac DoweH, SJ""
nos aIliina a noS 'comprometer .cada Presidente da XIV AGO .
vez mais cóm · a luta do · p'ovo que .
. ' . . .
aqui como aí ,busca·.construiro, Rei- ." .'
. ,
no ~ de Justiça:e . Paz. . . ' . : . Telegrama d~ solidariec!acle
. .." . - ." .
' . . ..' . .ao VI Encontro . , Inter-ecleslal..
..:. ·Padre JôãoMac DoweH, SJ ' das CEaS.
.. ·· . ..
.. '.,

. . ".
Presidente da .XIV AGO
.. '"
M6~bros xIv . ASSEMnL~IA
GERAL . CONFER:aNCIA RELI-
*IBssa Carta foi' enviada também GIOSOS .BRASIL (CRB) r.eunida
ao Conselho das Igrejas da A/rica São Paulo: saúdam M('!Il1:bros VI
do Sul, ao Ministro da Ordem e da ENCONTRO .. INTER-ECLESIAL
Lei da Africa do Sul, ao Sr. Embai- CEBs é 'companheiros 3~ Romaria
xador da A/rica do Sul no Brasil, e Terra Trindade. .
ao ,Conselho . Mundial de Igrejas.
. ' . . Est·amos unidos vocês na Oração
·0 .' texto entre aspas foi tirádo de no anseio e lu~ pela transformação
uni .texto .' do Conselho Sul-africano nossa· realidade; solidários na Fi.de-
de Igrejas e 'publicado em . um . nú- lidade ao Evangelho e Orientação
mero de SEDOC do ano passado. EcL-esial, no ser-viço mais pobres e
oprimidos, no sofrimento e no mar-
Carta ao Sr. 'Bispo de: túio. .
Bacabal, MA' ,
.
. -, . ,
Auguramos"bênçãos divinas e6ti~
" "
.
Sr. Bispo". de BACABAL .. . . mos resultados trabalhos. • .
..
- .. ".
. . . .
".'
. '".
. -. .. . ..
, .N6s "Religiosos, ieunidos na XIV . Padre Jõão Mac' DoweH, SJ
Assembléia Naciónal : da CRB : la" .. : . Presidente da XIV AGO ..

574.'
Carta aos Irmjio$ da Igr~ia . . ' ' . . .. é , testemunhar, ante todos que esta-
de Oriximiná, PA mos unidos a vocês porque reco-
. . qhecemosem slla. açã:o o ,espírito do
.' . . '" . '..
. ~.A{)~ , ~que~dos .iJ:nlão~joão, Ma~ . Evangelho e o compromisso prefe-
noel .. e Amélia e ' a t04o& .os . irmãos rencial da Igreja com ' os pobres e '
e irmãs que estão na: igreja de Ori- opr.1midos.. ~ . ..
xirniná, paz e alegria no Senhor.
-- No amor e na paz do Deus da
Nossa XIV · Assembléia· .Geral, Justiça: . ' .... .'. " .
reunifl(~o ,seiscentos Religiosos vin- ",- '. .

dos de, todo ° terr.1tório brasileiro, Padre João Mac DoweD, SJ


Presidente da XIV AGO .
recebeu com()vida a carta em que
vocês nos narram algoda dura rea-
lidade que estão 'vivendo ultima- Carta à direção da revista VEJA
mente em Oriximiná.
, .
. Os Süperiores Maiores de mais de
. Vocês estiveram muito presentes quarenta mil ,Religiosos do Brasil,
em· nossa oração a,tó longo destes reunidos na XIV Assembléia Geral
dias. O próprio tema de nossa re- Ordinária da ' Conferência ' dos Rec
flexão "Os Profetas bíblicos in- ligiosós dó 'Brasil, em São Paulo,
terpelam a Vida Religiosa" nos nos dias ' 21 ·a 26 de julho, manifes-
levou ' a unia 'profunda comunhão tam seu total-tepúdio 'ao artigo "Cer-
com vocês e com todos os outros co da Igreja" publicado 'em VEJA
iriliãos e irmãs que, em diversos lu- n9. 931 . de 09 de julho de 1986,
garesdoBrasil, experimentam per- contra a Coilférência Nacional dos
seguição por causa do ReÚlo de Bispos , do -- .Brasil e , seu Presidente,
Deus. Estas situações que já leva- D., Ivo Lorscheiter. '
ram .alguns dos nossos ao martírio
nos encheram de '.preocupação. .Mas, O escrito , ofende publicamente
ao mesmo tempo, delas decorre pa- pessoas da Igreja que lutam por
ra , a Igreja e ·a Vida Religiosa um uma .!foeiedade· . justa fi fraterna e
poderoso incentivo na linha das pelo bem do povo, partiCularmen-
. .
Bem-aventuranças ·dos' discípulos de te o mais necessitado e sofrido.
,

Jesus. O seguimento do Senhor pas.- Conhecedores da CNBB e de sua


sa pela perseguição, . mas é caminho atuação, os Supedores Maiores cons-
que leva com absoluta certeZia à res- tatam 'que o artigo deturpa: a verda-
surreição e à vida. de perdendo com isso sua legitimi-
dade como fonte de conhecimento
.. Pedimos ao Deus de Jesus Cristo objetivo da realidade.
e ao .Consolador que vocês .
possam ·
expenmentar nestes duros momen- Finalmente hipotecam total soli-
tos a alegria da ráscoa, e do lento daríedade à CNBB, a seu Presiden-
caminhar do . povo . rumo à liberta- te e a sua ação, buscando seguir
ção que virá, pois Deus é fiel . ., . cada ' vez mel1h or sUas diretri:z:es e
orientações; ' ' . . ' . '
,... ,Mais ..qU!LPfQtestar junto <J.os .PQ-.. , .. . .
derosos· que . se .armam contra ' sua .. . Padre João Mac DoweD, SJ
paJilyr:a !,:' .t.estCê1I.1im!i.Q.!).6s .queremoS, , ~ PtéSidEinte da XIV' AGO

575 ,:
' 2. CORRESPONDeNCIA RECEBIDA
I. _", •

, '

UNIONE SUPERIOR! GENERAU são teológica, Representação junto


Segreteria Genera1e a "COR UNUM", etc. Portanto,
muito indicado para seguir, em nos-
Roma, 14 de julho de 1986 so lugar, os trabalhos da CRB e
trazer, em seguida, lima boa rela-
Ao Rev. Frei CLAUDINO FAL- ção para os membros da União.
QUEITO, FMS
:É-nos, grata a oportunidade para
DO. Presidente Nacional da . agradecer a agilidade de colabora-
Conferência dos Religiosos do ção com que sempre contamos jun-
Brasil to d~sa ativa Conferência que, sob
muitos pontos de vista, serve de mo-
, ' Caríssimo Fr. , Claudino Falquetto, delo para outras Conferências co-
mo: organização nacional, organiza-
, O Conselho da União dos Supe- ção dos setores regionais filiados à
riores Gerais agradece seu amável organização central e, por sua vez,
éonvite à participação da XIV As- s.ubdivididos em 'centros diocesanos.
Sembléia Geral Ordinária da CRB,
que terá lugar de 21 a 26 de julho Congratulamo-nos pela solidez de
do corrente ano. ' sua,s reflexões que tão bem transpa-
recem na . revista "CONVERG:ÉN-
Os abaixo assinados, Presidente e eIA", e ' pela atividade da equipe
Secretário Geral ' da USG, sentir-se- teológica.
iam particularmente .felizes de parti-
cipar dessa Assembléia, colhendo A . recente brochura, situada en·
assim a oportunidade de tomar con- treas últimas cronologicamente, po-
tato com os IlUmerosos partecipan- rém não de menor importância, "Os
~es de todo o Brasil e, em vista tam- profetas ·bíblicos ·únterpelam a Vida
bém da ;importância e atualidade do Religiosa", cuja tiragem de 20.000
tema , a : ser tratado: "A dimensão (lxemplares, é um tocan!ie exemplo de
profética da Vida Religiosa". preparação à Assembléia geral e de
difusão sistemática.
Lamentamos de termos, ambos os •

dois, já assumido outros compro- ' Estaremos unidos a V.R. e a to-


missos para essa, mesma data. To- dos nesses dias de reflexão, dias que
davia o Conselho da União tem o visam pôr em relevo a profunda ex-
prazer de delegar, em nome da USG, periência de Deus de quem são tes-
o Rev. P. CALISTO VENDRAME, temunhas "os profetas", porta-voz
MI ' Superiol1 Geral dos Caro;. do Senhor.
Uanos. ' , Qne nossa vida religiosa possa

, P. Calisto está ligado ao Brasil impregnar~se desta ' profunda experi-


por laços de sangue e de coração, ência · de D.eus, a qual nos permite
como também, há anos, ' vem cola· •
borando atiovamente com as múlti-
pias ' organizações da USG: Comis-
, (Continua na 3" capa ao lado)
576
' . . ..,'
CONFERrNCl A DOS RELIGIOSO S DO BRASil (C RB)
• Rua Alcindo Guanabara, 24 - 4 ~ andar I 20031 Rio de Janeiro, RJ

Prezado Assinante: Rio de Janeiro, RJ


1 de novembro de 1986
No mundo inteiro, são feitas restrições aos meios de comunicação de massa.
O jornal, a revista, o rádio, O disco e, sobretudo, a televisão são vistos com des-
confiança por intelectuais de diversas tendências, os quais, no entanto, por curio-
so que pareça, são unânimes na prioridade ao livro.
A Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) não é uma editora, isto é, não
mantém atividade habitual de editar livros e revistas. Mas de forma eventual, em-
bora cíclica e programada, ela faz circular algumas obras seja em coedição. seja
por iniciativa sua singular. São titulos catalogados em PUBLICAÇÕES CRB e, pe-
lo testemunho coletivo, sempre apreciados porque atuais. Examine a terceira ca-
pa desta revista.
O livro é o mais decisivo divisor de águas em nível de informação. de cultu-
ra e de lazer. Com ele se ganha em altituae e seriedade. Derrota-se, por um lado,
uma espécie de desconfiança em relação à intelectualidade e, por outro, se trans-
cendem vagas considerações e até manifestações de vulgaridade. Se o livro não
chega, ainda, a ser uma prioridade, em nossa vida pessoal e comunitária, certa-
mente sua ausência é um complicador a mais.
Para quem está empenhado num projeto de consolidação espiritual, o livro
é uma questao a ser revista com certa urgência. A televisão toma todos os espa-
ços. Torna-se uma experiência desconcertante. Por vezes nos sentimos encurrala-
dos por assuntos e temas apequenados. De repente, a iluslio de que tudo é show.
Esta mentalidade apaga a autenticidade das pessoas e anula a autonomia do pen-
samento e do comportamento. Deus nos livre de um processo de avanço para
um point of no return ou para o risco de nos transformar numa geração de vidio-
tas.
A finalidade última da leitura é fazer o leitor atingir uma compreensão maior
e melhor das pessoas e do mundo. Torná-lo, portanto, mais humano, menos igno-
rante, menos mecanizado. O hábito de ler é uma forma privilegiada de aperfei-
çoar o esplrito, de conquistar espaços no momento histórico que se vive, de to-
mar consciênc ia do tempo. O livro é permanente mecanismo de atualização das
pessoas para que participem e influenciem no traçado da rota a ser percorrida
pelo homem.
Ler ajuda a encontrar o sentido da vida ligado ao que cada um de nós tem
de único e irrepetível. Ler dá energia à ação, audácia serena nas decisões, dire-
ção à força. Força sem direção é caos. Como o livro verdadeiro supera o tempo,
seu manuseio comunica, também, a sensação e a certeza de que a própria finitu-
de da vida humana, sua temporal idade, seu caráter irreversível - vai-e-não-volta
- é nota constitutiva de seu sentido. Aproveitar, pois, ao máximo, cada um de
seus momentos como kairós. tempo oportuno. denso e precioso.
Religioso(a), leia. Quem lê antecipa-se ao que vai acontecer e tem o espírito
aberto ao mundo moderno que o livro reflete.
Sempre ao seu inteiro dispor, fraterna amizade, subscre\< me,

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