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Noção de Sacramento
Atendendo à nossa natureza sensível, Cristo quis transmitir-nos a graça
por meio de um sinal sensível. Assim sabemos se recebemos a graça,
quando e como. Daí, a definição de sacramento: Um sinal sensível,
instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, para nos conferir a graça. Três
coisas, portanto, constituem a essência de um sacramento: o sinal
sensível, a produção da graça, a instituição divina.
Matéria e Forma
A matéria é uma substância natural (água, óleo, pão) ou um ato (acusação
dos pecados, imposição das mãos). E a forma são as palavras, que juntas
à matéria, constituem o sacramento.
Estas duas coisas — matéria e forma — unidas formam um só sinal
sensível: por isto não podem vir separadas.
A forma determina o sentido da matéria. Derramar água na cabeça é para
molhar e lavar; mas as palavras do Batismo dão a este ato a significação
espiritual. Por isso, o cuidado de não alterar a forma.
Instituição Divina
A Igreja não pode instituir Sacramentos. Mas Jesus Cristo é que os
instituiu, como provaremos de cada um, em seu lugar. É fácil perceber que
somente o Senhor da graça pode fazer uma coisa sensível produzir
eficazmente a graça.
O número dos sacramentos dependeu exclusivamente da vontade de
Jesus. Mas podemos ver como era bastante conveniente que fossem sete.
Há uma perfeita analogia entre a vida natural e a sobrenatural. Vejamos
como as duas correm semelhantes. O homem nasce — o Batismo; cresce
e fortifica-se — Crisma; alimenta-se — Eucaristia; doente, cura-se —
Penitência; na velhice ou enfermidade, refaz-se — Extrema Unção; vive em
sociedade, sob a autoridade de chefes — Ordem; perpetua a espécie —
Matrimônio. Deste modo, durante a vida inteira, os cristãos têm a seu
dispor os socorros espirituais de que precisam.
Quem Administra
Pertence aos sacerdotes a administração dos sacramentos, exceto o
Matrimônio, cujos ministros são os próprios nubentes. Aos Bispos cabe
administrar a Ordem.
O ministro é ordinário, quando pode administrar o sacramento em virtude
de sua ordenação e de seu cargo. Mas quando só o pode por necessidade
ou delegação, diz-se ministro extraordinário.
Para que o sacramento seja válido, é necessário:
1) Que o ministro tenha os poderes indispensáveis, recebidos de Deus.
2) A intenção de administrar um sacramento, fazendo o que a Igreja faz.
Para a licitude se requer:
1) Que o ministro esteja em estado de graça.
2) Que observe as cerimônias prescritas pela Igreja.
O ministro tem o dever de recusar os sacramentos às pessoas indignas de
recebê-los.[8]
Quem Recebe
Os sacramentos foram dados aos homens para ganharem a vida eterna.
Portanto só os podem receber os vivos. Para quem não tem uso de razão é
a única condição no Batismo.
Os outros sacramentos só podem receber os que foram batizados. É que
os sacramentos foram instituídos em favor dos cristãos.
Os adultos em uso de razão devem ter a intenção. Porque a graça divina
não é imposta a ninguém, mas deve ser aceita, por um ato de vontade.
Um sacramento pode ser válido e não produzir seus frutos.[9]
Mas nós devemos ter cuidado, não só de receber válida e frutuosamente
os sacramentos, como de nos dispor para maior efusão da graça, por meio
de uma boa preparação.
Obrigação Diferente
A graça divina nos é comunicada pelos sacramentos. Somos obrigados,
pois, a recebê-los. Do contrário, eles seriam praticamente inúteis — e
Jesus Cristo nada fez de inútil.
Mas há sacramentos mais necessários. Assim, o Batismo é necessário a
todos os homens, como meio de salvação. Igualmente, a Penitência a
todos os que cometeram pecado mortal depois do Batismo. Estes são,
pois, necessários por necessidade de meio.
Outros — Confirmação, Eucaristia, Extrema-Unção — são necessários
também, mas por necessidade de preceito: há um preceito implícito de
Jesus Cristo, aos instituí-los, e um explícito da Igreja, obrigando-nos a
recebê-los em determinados tempos e circunstâncias.
Os dois últimos — Ordem e Matrimônio — embora obrigatórios à
comunidade, são de livre escolha às pessoas.
Para Viver a Doutrina
Os Sacramentos são os principais meios de santificação. Foi o próprio
Jesus Cristo que os pôs à nossa disposição. Não seria só ingrato, mas
temerário menosprezar tão ricos dons da misericórdia divina. Eu devo, por
isso, receber os Sacramentos.
Se uns Sacramentos dão a vida à alma, os demais alimentam e
desenvolvem esta vida. Levam-nos à perfeição. Entre estes, principalmente
a Penitência e a Comunhão, que eu devo e quero receber com muita
frequência.
Há, infelizmente, muitos cristãos que desprezam os sacramentos, não os
recebem. Vivem afastados. Católicos de nome... Privados da graça! Galhos
secos da Divina Videira! Membros paralíticos do Corpo Místico. É meu
dever de cristão levar estes maus católicos aos sacramentos.
Há homens que nem conhecem os sacramentos. São milhões! Não lhes
chegou o benefício da Redenção. Devo trabalhar na conversão dos infiéis.
A obra das Missões ficará inserida nas minhas atividades apostólicas.
Os sacerdotes são os ministros de Cristo e dispensadores dos mistérios de
Deus (1Cor 4, 1). Por eles nos dá Jesus Cristo as suas graças, sem
depender das virtudes pessoais ou dos defeitos. É, pois, nosso dever
respeitar o sacerdote como ao próprio Cristo. E agradecer a Nosso Senhor,
ao mesmo tempo, ter-nos dado os sacramentos e o sacerdócio que
distribui os sacramentos.
QUESTIONÁRIO
1. Que é sacramento? 2. Que se entende por matéria e forma de um sacramento? 3. O
sacramento produz eficazmente a graça? 4. Que são sacramentos de mortos e de vivos?
5. Que é graça sacramental? 6. Que é caráter do sacramento? 7. Por que só Jesus Cristo
podia instituir os sacramentos? 8. Que semelhança há entre os sacramentos e a vida
natural? 9. A quem pertence a administração dos sacramentos? 10. Que é ministro
ordinário e extraordinário? 11. Que se requer no ministro para a validade do sacramento?
12. Quem pode receber os sacramentos? 13. Quais os requisitos para a recepção lícita?
14. Que se entende por necessidade de meio e de preceito? 15. Que deveres práticos
decorrem destas doutrinas para um bom católico?
O S
A maldição de Deus ao homem pecador atingiu a natureza inteira, que
tinha sido ordenada para servir ao homem. São Paulo diz que toda criatura
está no cativeiro da corrupção (Rm 8, 21).
Embora vencido por Cristo, o demônio continua a usar das criaturas para
nos perturbar e perder.
Para dar ataque ao demônio em todos os seus redutos e esconderijos,
para auxiliar os cristãos nesta luta, a Igreja, entre outros meios, tem os
Sacramentais, de uso fácil e abundante, que nos podem prestar grandes
serviços.
Noção e Efeitos
Os Sacramentais são causas ou ações instituídas pela Igreja, para obter
efeitos temporais e principalmente espirituais.
Podemos reduzir a quatro os efeitos dos Sacramentais:
1) Produzem a graça. Não a santificante, mas atual. É o principal efeito.
2) Perdoam os pecados veniais, desde que o sujeito esteja nas devidas
condições.
3) Afugentam o demônio.[10]
4) Operam o bem temporal. Se mesmo nos sacramentos encontramos a
produção de efeitos temporais (como na Extrema-Unção), não é de
admirar que constituam objeto dos Sacramentais.
Espécies
Os sacramentais são numerosíssimos e alcançam as mais variadas
necessidades e atividades da vida humana e cristã. Podemos, entretanto,
classificá-los em quatro categorias: exorcismos, bênçãos consecratórias,
bênçãos invocativas, objetos bentos.
1) Exorcismos. Assim como Cristo, a Igreja usa frequentes vezes do
poder de expulsar o demônio. Os exorcismos são usados nas
bênçãos mais importantes (água, sal, igreja, óleo, sinos, etc) e
principalmente nos casos de possessão.
2) Bênçãos Consecratórias. São Sacramentais que consagram
pessoas ou coisas ao serviço de Deus, de maneira permanente.
Assim a tonsura clerical; a bênção dos abades, a profissão religiosa; a
sagração da igreja, do altar, do cálice; a bênção dos sinos, e outros.
3) Bênçãos Invocativas. São orações da Igreja feitas por seu ministro,
pedindo os favores de Deus. Essas bênçãos produzem seus efeitos
independentemente das disposições do ministro que as dá e da
pessoa a quem são dadas. Tanto que se dão a crianças ou mesmo a
animais e coisas. São súplicas que têm a seu favor a eficácia
impetratória da Igreja.
4) Objetos Bentos. Velas, ramos, cinzas, cruzes, imagens, água, são
frequentemente usados, e com uma eficiência só não mais sensível
porque já muito costumeira. Operam seus efeitos em qualquer parte
onde estão, mesmo sem o conhecimento do sujeito.
Principais Sacramentais
Entre os principais Sacramentais se contam:
1) Água Benta. Seu uso, tão comum entre os fiéis, é ordenado pela
liturgia para as bênçãos: o Asperges do povo nas Missas de preceito.
É antigo e salutar costume guardá-la em casa, donde afasta as
incursões diabólicas, atraindo as bênçãos divinas. Pode-se ver o valor
da água benta, lendo-se as orações do Ritual e principalmente a
Bênção da Fonte, no Sábado Santo.
2) Pão Bento. O costume é antiquíssimo. No momento do Ofertório,
separava-se a matéria necessária ao Sacrifício. O resto ficava ao lado
do altar e era bento para ser distribuído aos necessitados ou aos que
não podiam comungar e tinham saído da igreja. Era um sinal de
fraternidade. Na sua bênção atual, a Igreja pede para quem o comer
socorros espirituais e corporais e proteção contra as moléstias e os
inimigos.
3) Confiteor com a absolvição. Ocorre na Missa, na Comunhão e no
Ofício Divino. Há outras orações litúrgicas Sacramentais, como o
Pater (na Missa), o Lavabo, o Evangelho, a bênção da Missa, etc. A
Bênção do Bispo, mesmo dada em particular, é também Sacramental.
Algumas Bênçãos
Para termos uma ideia das bênçãos da Igreja, do cuidado com que ela
provê a todas as necessidades de seus filhos, damos alguns exemplos
tirados do Ritual:
Animais: sãos, doentes. Rebanhos. Abelhas. Cavalos. Aves. Contra os
animais: ratos, gafanhotos, lagartas, etc. Aveia, sal para os animais
doentes.
Arquivos: bibliotecas, contra incêndios.
Bandeira: de uma sociedade qualquer.
Cadeira: para doente.
Campos: jardins; sementes, colheitas, frutos novos, vinhas, celeiros:
conservação, prosperidade.
Casas: proteção, defesa, saúde dos habitantes.
Crianças: sãs, doentes.
Enfermos: saúde, cura, paz, reconforto.
Escolas: escolares, professores: sua virtude, progresso, sabedoria.
Inundações: (contra).
Manteiga: queijos, ovos, toucinho e qualquer alimento.
Máquinas: tipográficas, de usina elétrica, para apagar incêndios, de
estradas de ferro, telégrafo.
Moléstias: águas: — de Santo Alberto, contra febres; de Santa Adelaide,
Santo Inácio, São Pedro Mártir, São Vicente Ferrer, São Vicente de Paulo,
contra moléstias em geral; de São Brás (água, pão, vinho e frutas) contra
as moléstias de garganta; de São Bento e de São Vilibrordo contra
moléstias nervosas; de Santo Huberto, contra a raiva. Há também a
bênção de óleo para uso dos enfermos.
Mulher: antes do parto e depois.
Remédios: eficácia.
Veículos: carros, automóveis, navios, aeroplanos.
O Batismo Cristão
Este sacramento, que é a porta da Religião cristã e da vida eterna (Ritual),
foi instituído por Jesus Cristo, como se pode ver no Evangelho.
Depois da Ressurreição, o Senhor dá aos Apóstolos o preceito divino de
batizar em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 19).
Iniciada a vida da Igreja, no próprio dia de Pentecostes, São Pedro batiza
3.000 pessoas (At 2, 41). De então por diante, é tão frequente a prática do
Batismo nos Atos dos Apóstolos e nas Epístolas, que não a podemos
acompanhar aqui (ver: Filipe batiza o oficial da Rainha da Etiópia em At 8,
36-38); São Paulo batizado por Ananias (At 9, 18); São Pedro manda
batizar os gentios (At 10, 48).
Água Regeneradora
O Batismo se faz com água natural, que é a matéria deste sacramento.
Mas no Batismo solene deve ser usada obrigatoriamente água batismal,
que é diferente da água benta comum.
A matéria deve ser aplicada ao sujeito pelo ministro, ao mesmo tempo em
que pronuncia a forma: Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo. Estas palavras são essenciais.
Como se Batiza
A pessoa que batiza é a mesma que derrama a água no sujeito,
pronunciando ao mesmo tempo a forma.
A ablução batismal pode-se fazer de 3 modos:
1) Infusão, derramando água na pessoa.
2) Imersão, mergulhando a pessoa na água.
3) Aspersão, jogando água nas pessoas.
Quem Batiza
O batismo deve ser administrado pelo sacerdote, sendo, porém, um direito
do pároco; mas, em caso de necessidade, qualquer pessoa pode batizar,
mesmo que não seja católica nem batizada.[15]
Todos têm obrigação de saber batizar, para poderem fazê-lo quando
necessário. Especialmente os médicos e profissionais que lidam com
crianças recém-nascidas. E já no catecismo e nas escolas católicas se
deve ensinar bem a cerimônia essencial do Batismo.
Sujeito do Batismo
Todo ente humano vivo e ainda não batizado pode receber o Batismo. Se
não se sabe se está vivo, batiza-se sob condição. Mas se há toda certeza
de que está morto, não se batiza.
Os filhos de católicos devem ser solenemente batizados quanto antes
(Can. 770), dentro de uma semana. É pecado mortal deixar a criança um
mês sem batizar, por causa dos padrinhos que moram longe, ou porque
querem reunir a família, ou outros motivos. Ótima compreensão mostram
os pais que mandam batizar seus filhinhos imediatamente, fazendo-os
renascer para o céu.
Os filhos de hereges, pagãos ou cismáticos só podem ser batizados com o
consentimento dos pais e garantia de educação cristã. Mas, em caso de
morte, devem ser batizados, mesmo contra a vontade dos pais.
Necessário a Todos
O Batismo é necessário por necessidade de meio, a todos os homens, de
tal modo que, sem ele, não é possível a salvação: Em verdade, em
verdade te digo que quem não renascer da água e do Espírito Santo, não
pode entrar no reino de Deus (Jo 3, 5).
Quando não é possível o Batismo de fato, basta o desejo de ser batizado
— o desejo explícito de quem conhece o Batismo e quer recebê-lo, ou o
desejo implícito de quem está disposto a fazer todo o necessário à
salvação.
O batismo de sangue também supre o Batismo. É quando se padece a
morte ou tormentos mortais por causa de Cristo. Quem perde a sua vida
neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna (Jo 12, 25).
Padrinhos
Nos primeiros tempos da Igreja, quando as perseguições ameaçavam levar
os cristãos fracos à apostasia, só se aceitava um candidato ao Batismo se
ele era apresentado por cristãos que o conhecessem e se
responsabilizassem pela sua conduta. Eram os Padrinhos. Função,
portanto, muito séria e cheia de responsabilidades.
Este costume ficou, na Igreja. Ainda hoje os padrinhos são os responsáveis
pela criança perante a Igreja. Em nome do afilhado, eles renunciam ao
demônio e fazem a profissão de fé. Estão obrigados a ensinar à criança a
manter os compromissos assumidos no Batismo, verdadeiros pais
espirituais dos afilhados, principalmente se os pais não cumprem bem os
deveres de educadores cristãos (Can. 769).
Não pode ser padrinho quem:
1) Não é batizado, não é católico ou é excomungado (como protestante,
espírita, maçom).
2) Não tem 14 anos.
3) É pecador público (como os amasiados e casados só civilmente).
A Graça Santificante
Por causa do pecado original, o demônio exerce poderes sobre os homens.
No batismo a Igreja expulsa o demônio da alma do batizado. O sacerdote
sopra na face da criança e diz: Sai dela, ó espírito imundo, e dá o lugar ao
Espírito Santo.[16]
No momento em que fomos batizados, a Santíssima Trindade veio e
habitou em nós. Começamos a ser desde aquele momento um templo de
Deus. O demônio fugiu e deu lugar ao Espírito Santo. Fomos
transformados em templos de Deus vivo, e o Espírito Santo habitou em
nós.[17]
É muito significativa a cerimônia da túnica branca — símbolo da graça que
nos reveste a alma. Não a recebemos por algum tempo, mas para toda a
vida, e devemos apresentar-nos diante do tribunal de Jesus Cristo
revestidos dela, para podermos merecer a vida eterna (ver a fórmula).[18]
Filhos de Deus
Recebendo a graça santificante, passamos a ser filhos de Deus. Não por
natureza, como o Verbo Eterno, mas por adoção. Vós sois filhos de Deus,
diz São Paulo aos Gálatas (3, 26) e aos Efésios explica que somos filhos
adotivos (1, 5). Mas a adoção divina é incomparavelmente superior à
humana, porque nos dá a participação da natureza divina, de tal modo que
nós não somos apenas chamados, mas realmente somos filhos de Deus,
como diz São João (1Jo 3, 1).
Somos filhos, e não mais escravos (Gl 4, 7); e por isso devemos cumprir
nossos deveres para com Deus filialmente, por amor, e não em espírito de
servidão (Rm 8, 15).
Filhos de Deus, nossa verdadeira morada é o céu. Todo filho tem direito a
um lugar na casa do pai. E vivemos na família de Deus. E herdaremos dos
bens eternos.
Membros da Igreja
O Batismo nos torna membros da Igreja. Como sócios desta Sociedade,
participamos de todos os atos de seu culto, podemos receber os
Sacramentos, ficamos obrigados a suas leis e a trabalhar em sua defesa e
em seu engrandecimento.
Há uma cerimônia do Batismo que indica isto. Tudo vai-se desenrolando à
porta da Igreja (como manda o Ritual), e depois o sacerdote autoriza a
entrada no templo, dizendo estas palavras: Entra para o templo de Deus,
para que tenhas parte com Cristo para a vida eterna. A entrada para a
Igreja nos torna participantes de tudo o que pertence a Cristo.
O Caráter
O caráter é o primeiro e o mais importante efeito do Batismo. Ele é um
sinal que marca a alma, de maneira indelével, distinguindo-a das almas
que não são cristãs. É inerente à alma, coisa real, e não mero título, e
nunca se apagará. Nos santos permanece para sua glória; nos réprobos,
para sua confusão.
Estamos marcados com o sinal de Cristo, porque pertencemos a Ele.[19]
O caráter batismal nos configura a Cristo. É como se a figura de Cristo
fosse impressa em nossa alma, em toda a nossa alma e não numa só
parte, e de maneira profunda, que nunca mais se pode apagar.
A graça nos torna semelhantes a Cristo por uma semelhança de natureza;
e o caráter, por uma semelhança de função. Ora, como a função própria de
Cristo é o seu sacerdócio, o caráter nos faz participantes do sacerdócio de
Cristo. Esta participação começa no Batismo, aumenta na Crisma e se
completa na Ordem (com o poder de consagrar a Eucaristia e reconciliar os
homens com Deus).
Para Viver a Doutrina
Devemos agradecer frequentemente a Deus o nosso Batismo. E o melhor
modo de fazê-lo é viver uma boa vida cristã, fazendo filialmente a sua
santa vontade.
Revestidos de Cristo pelo Batismo, tornemo-nos semelhantes a Ele,
mortificando as nossas paixões (Gl 5, 24), enchendo-nos de seus
sentimentos (Fl 2, 5) e glorificando-o por nossos atos (1Cor 6, 20).
Católicos, ligados à sorte da Igreja, interessemo-nos por tudo o que é dela:
suas lutas, suas necessidades, seus trabalhos. E tenhamos uma santa
ufania de ser católicos.
Templos do Espírito Santo. Vivamos sempre em estado de graça. Como
terei coragem de expulsar de mim o Espírito Santo e me entregar de novo
ao demônio? Seria profanar um membro do Corpo de Cristo!
O dia mais feliz de nossa vida foi o dia de nosso Batismo, disse Pio XI.
Celebremos seu aniversário com uma festa espiritual. Sejamos devotos do
santo cujo nome recebemos. Transformemos nosso Batismo em objeto de
especial devoção.
QUESTIONÁRIO
1. Por que é o cristão templo do Espírito Santo? 2. Quais são os pecados que o Batismo
apaga? 3. Explique a nossa incorporação a Cristo pelo Batismo. 4. Como se prova que
temos, por filiação, direito ao céu? 5. Como membros da Igreja, a que têm direito os
batizados? 6. Que é o caráter batismal? 7. Que consequência tira dos efeitos do Batismo
para a sua vida cristã?
L B
Juntamente com a doutrina, damos a liturgia de cada sacramento. É a
maneira oficial de administrar a graça, adotada pela Igreja. Aí, nas orações,
nas admoestações, nos gestos e atitudes, encontramos uma grande
riqueza de doutrina e sentimentos católicos. Obrigados a viver em contato
permanente com tudo isto, há muitos cristãos que perdem este caudal de
seiva eclesiástica, porque ignoram por completo o que veem e ouvem.
Privam-se assim de um substancioso alimento, que procuram substituir
pelos alimentos fraquinhos das devoções individuais, novenas, confrarias
ou livrinhos de orações. Tudo isto é bom, mas nunca poderá comparar com
o que nos fornece a Liturgia. Estudando a liturgia dos Sacramentos, vamos
ver como os nossos olhos se abrem para divisar tesouros, que foram para
muitos católicos verdadeiros tesouros escondidos.
Um Pouco de História
A cerimônia essencial do Batismo foi dada pelo próprio Jesus Cristo (Mt 28,
19) e os primeiros batizados constaram somente dela, como ainda hoje nos
casos de necessidade, quando um leigo batiza. Assim foi com o etíope que
São Filipe batizou. Mas, mesmo neste episódio, já vemos que antes houve
uma doutrinação e uma profissão de fé e que o sujeito pediu o batismo:
“E abrindo Filipe a sua boca, principiando por este trecho da Escritura, anunciou-
lhe Jesus. E continuando eles o caminho, encontraram água; e o eunuco disse:
Eis aqui água. Que me impede de ser batizado? Disse, porém, Filipe: Se crês
de todo o coração, é possível. E respondendo, disse: Creio que Jesus é o Filho
de Deus (At 8, 35-37 — ver todo o episódio). E Filipe o batizou.”
Este costume de instruir para depois batizar, baseia-se na palavra de
Cristo: Ide, ensinai... batizando. Os Apóstolos o seguiram, só ministrando o
Batismo depois da instrução. Lídia, instruída e batizada por São Paulo (At
16, 14-15); Apolo, instruído por Áquila e Priscila, antes de ser batizado (At
18, 24-26), etc.
As Cerimônias Antigas
Como as atuais cerimônias do Batismo se esclarecem muito com o
conhecimento do Catecumenato, examinemos as suas três fases.
1.ª fase: ADMISSÃO
O candidato era apresentado ao Bispo. Este fazia um interrogatório sobre a
sua vida, as intenções e uma advertência prévia do que devia fazer, se
queria entrar na vida eterna. E, tomando-se-lhe o nome, era o candidato
admitido como ouvinte, mediante os seguintes ritos:
a) Exsuflação[20] no rosto, com uma fórmula de exorcismo.
b) O sinal da cruz na fronte e no peito.
c) A imposição das mãos sobre a cabeça.
d) A introdução do sal na boca. Depois disto, o catecúmeno tem o direito
de ocupar um lugar nas reuniões cristãs, para ouvir as leituras e
homilias, cânticos e orações (a parte da Missa até ao Evangelho era
destinada aos catecúmenos) e o dever de receber as instruções,
renunciar aos costumes e divertimentos pagãos, exercitar-se nas
virtudes.
2.ª fase: PREPARAÇÃO PRÓXIMA
Terminada esta preparação remota, feito o exame de suas vidas e grau de
instrução, se ofereciam garantias para a vida cristã, eram aceitos e
inscritos no registro da Igreja. Era no princípio da Quaresma, durante a
qual se intensificava a preparação próxima. Esta constava de:
a) Preparação ascética: jejuns, penitência e confissão dos pecados
(não, porém, confissão sacramental).
b) Preparação catequética: repetidas instruções privadas e solenes,
explicando os pontos principais da fé, o Símbolo e o Pater.
c) Preparação litúrgica: exorcismo, imposição das mãos e orações antes
ou depois da catequese, e os escrutínios, reuniões solenes, que eram
exames dos eleitos.[21]
3.ª fase: PREPARAÇÃO IMEDIATA
Era durante a noite do sábado de Aleluia ou na vigília do Pentecostes. As
cerimônias eram bem longas e ia até ao amanhecer do soleníssimo dia de
Páscoa. A solenidade desta vigília constitui a liturgia do sábado de Aleluia
(ver no Missal).
Começava pela Bênção do Fogo, na qual se faz alusão à saída do Egito,
passagem do Mar Vermelho, e outras figuras do Batismo (ver o Exultet,
que é um belíssimo poema).
Vinham depois as leituras. Era a última instrução que os catecúmenos
recebiam.
Fazia-se então a procissão para o Batistério, para a Benção da Água
destinada a regenerar os homens (ver no Missal as orações que falam
tão admiravelmente do Batismo). Em seguida, administrava-se o Batismo
aos eleitos.
Antes do Batismo o Bispo os interrogava sobre o Símbolo e eles faziam
uma solene profissão de fé. E eram batizados. Vestiam uma túnica branca,
símbolo da inocência recobrada. Recebiam um círio aceso e voltavam em
procissão. Começava então a Missa de Páscoa, na qual todos faziam sua
primeira comunhão.
A Liturgia Atual
Nas atuais cerimônias do Batismo se encontra, resumido e simbolizado,
quase tudo o que acabamos de ver ligeiramente. Principalmente no
Batismo de Adultos, cujo cerimonial é muito mais longo. Mas, por ser mais
comum, veremos o Batismo das Crianças, ao qual tantas vezes assistimos
sem entender, mas que nos pode ser uma fonte de meditações, renovando
os nossos propósitos de vida cristã. Vimos que todo o ritual do Batismo se
desenrolava em três fases, que duravam mais de um ano.
P F . Na primeira fase — admissão — depois do interrogatório e
duma advertência ao candidato, fazia-se a exsuflação, o sinal da cruz, a
imposição das mãos e do sal. Vejamos isto no Batismo atual.
1) Interrogatório. Fora do Batistério, o sacerdote vestido de sobrepeliz e
estola roxa, interroga a criança, pela qual os padrinhos respondem e
se responsabilizam:
N..., que pedes à Igreja de Deus? N..., quid petis ab Ecclesia Dei?
A fé. Fidem.
Que te dará a fé? Fides quid tibi praestat?
A vida eterna. Vitam aeternam.
2) Advertência.
Pois, se queres entrar na vida Si ígitur vis ad vitam ingredi, serva
eterna, observa os mandamentos. mandata. Diliges Dóminum Deum
Amarás o Senhor teu Deus de todo o tuum ex toto corde tuo, et ex tota
teu coração, com toda a tua alma, de ánima tua, et ex tota mente tua; et
toda a tua mente e a teu próximo próximum tuum sicut te ípsum.
como a ti mesmo.
São Boaventura diz que a unção se faz no peito para que se tenha força de
amar a Deus, nas costas, para levar o jugo de sua Lei.
5) Profissão de Fé. O sacerdote troca a estola roxa pela branca. As
cerimônias até agora tinham o caráter de penitência e tristeza, por
causa do estado de pecado do catecúmeno; mas a vitória, a
inocência, a alegria do Batismo pedem a cor branca. Mas antes
interroga o candidato sobre a sua fé, com três perguntas que
resumem todo o Credo. Isto corresponde à antiga Entrega do Símbolo
— Redditio Simboli.
N…, crês em Deus Pai todo- N..., credis in Deum Patrem
poderoso, Criador do céu e da terra? omnipoténtem, Creatórem coeli et
R. Creio. terrae?
Crês em Jesus Cristo, seu único R. Credo.
Filho, Nosso Senhor, que nasceu e Credis in Jesum Christum Filium ejus
padeceu? únicum Dóminum Nostrum, natum et
R. Creio. passum?
Crê no Espírito Santo, na Santa R. Credo.
Igreja Católica, na comunhão dos Credis in Spíritum Sanctum,
santos, na remissão dos pecados, na Sanctam Ecclésiam cathólicam,
ressurreição da carne e na vida Sanctórum communiónem,
eterna? remissiónem peccatórum, carnis
R. Creio. resurrectiónem, et vitam aetérnam?
R. Credo.
A Instituição
Não sabemos em que momento foi instituída a Confirmação. Mas Cristo
prometeu o Espírito Santo a todos os seus discípulos (Jo 7, 38). E os
Apóstolos, depois de Pentecostes, impunham as mãos aos que tinham sido
batizados e eles recebiam o Espírito Santo (ver At 8, 15-17).
Por aí se vê:
1) Que um sinal sensível (a imposição das mãos) produz a graça.
2) Que isto se dá com pessoas que já tinham recebido o Batismo. Deve-
se, pois, concluir que: a) Que se trata de um verdadeiro sacramento
instituído por Jesus Cristo, porque só o Senhor da graça pode ligar a
sua produção a um mero sinal natural. b) Que este sacramento é
inteiramente distinto do Batismo.
Matéria e Forma
A matéria da Confirmação é o Santo Crisma e a imposição da mão.
O Catecismo do Concílio de Trento explica que esta matéria significa os
efeitos do sacramento: — o óleo, escorregadio, propenso a difundir-se,
exprime a plenitude de graça divina, que se derrama sobre nós; — o
batismo significa o odor das virtudes que os fiéis devem exalar, depois de
aperfeiçoados pela Confirmação.
A forma são as palavras pronunciadas pelo ministro no ato de crisma: Eu te
marco com o sinal da cruz e te confirmo com o crisma da salvação. Em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. E dizendo-a, faz com o
Santo Crisma o sinal da cruz na fronte do sujeito.
Ministro
O Ministro ordinário é o Bispo.
O Ministro extraordinário é o sacerdote a quem a Santa Sé concedeu a
faculdade de Crisma.
Sujeito
Qualquer pessoa batizada e ainda não crismada pode receber a
Confirmação. Um pagão não é capaz de receber este sacramento. Os
crismados também não o são, porque o sacramento imprime caráter e não
se repete.
Antes do uso da razão, a Igreja supre a intenção; mas no adulto a intenção
é necessária para a validade.
As condições requeridas para a liceidade são:
1) O estado de graça. Sem ele, o sacramento seria válido, mas não
produziria outro efeito além da impressão do caráter. Até constituiria
um sacrilégio, pois que é sacramento de vivos.
2) Suficiente instrução, tanto das verdades necessárias, como do
próprio sacramento que se vai receber.
As crianças devem ser crismadas ao atingir o uso da razão, salvo se estão
em perigo de morte ou o ministro julga conveniente por causas graves.[22]
A Crisma não é necessária por necessidade de meio. Mas somos
obrigadas a recebê-la, tanto em razão de sua instituição como por preceito
da Igreja. Em nossos dias ela é particularmente necessária, para que
possamos viver cristãmente no meio deste mundo corrompido e
paganizado.
Padrinhos
Para ser padrinho de Crisma são necessárias as mesmas condições
exigidas para o Batismo, e mais: ser crismado, ser do sexo do afilhado e
não ser o padrinho de Batismo dele.
Aos padrinhos cabe velar pela educação cristã dos afilhados, se eles
precisam ou os pais lhes faltam num ponto tão importante.
A Graça
A Crisma deve ser recebida em estado de graça. E ela aumenta a graça
santificante, com uma graça mais intensa que a do Batismo, tirando-nos da
condição espiritual de crianças e levando-nos à condição de adultos
espirituais.
O Espírito Santo, que já habitava em nós pelo Batismo, nos é comunicado
em maior efusão pela Crisma. Recebemos os seus dons e as virtudes
infusas, cujo desenvolvimento fica a nosso cargo.
Esta vinda do Espírito Santo produzirá em nós os mesmos efeitos que
produziu nos Apóstolos em Pentecostes, não, porém repentinamente, mas
mediante o nosso trabalho (ver como eram antes os Apóstolos e como
ficaram depois do Pentecostes).
Caráter
A Crisma imprime caráter. Deixa em nós um sinal espiritual que nos
distingue do simples batizado, nos aproxima ainda mais da missão de
Cristo, dando-nos maior participação em seu sacerdócio.
É um caráter de militantes: tornamo-nos soldados de Cristo. Como tais,
somos obrigados não só a lutar por nós mesmos, mas também pelos
outros, para que vivam cristãmente.
A vida cristã tem exigências e impõe às vezes sacrifícios. É preciso vencer
a nós mesmos, as seduções do mundo, as tentações do demônio, às
vezes até a oposição dos próprios parentes. Devemos estar prontos para
dar testemunho de Cristo, vivendo como cristãos sempre e em toda parte
e, sendo preciso, até para morrer por Ele.
Para isto é que recebemos a Confirmação. Fomos chamados para a milícia
de Deus (Tertuliano).
A Liturgia Atual
1) Instrução. O Bispo se paramenta, senta-se de face para o povo e lhe
dirige uma instrução sobre a Confirmação.
2) Invocação do Espírito Santo. De joelhos os corfirmandos, o Bispo
invoca sobre eles a força do Espírito Santo:
O Espírito Santo desça sobre vós e a Spíritue Sanctus supervéniat in vos
força do Altíssimo vos guarde dos et virtus Altíssimi custódiat vos a
pecados. peccátis.
R. Amém. R. Amen.
Vejam como esta oração é rica! Que tesouro contém as orações litúrgicas!
9) Benção Final. O Bispo anuncia a bênção que vai dar aos
confirmandos, cujas boas disposições reconhece dizendo:
É assim que será abençoado o Ecce sic benedicétur omnis homo qui
homem que teme ao Senhor. timet Dóminum.
E traça o sinal da Cruz sobre eles, dizendo estas palavras ricas de votos
espirituais:
De Sião, o Senhor vos abençoe, Benedicat vos Dóminus ex Sion, ut
para que vejais os bens de videátis bona Jerúsalem omnibus
Jerusalém todos os dias de vossa diébus vitae vostrae, et habeátis
vida e alcanceis a vida eterna. vitam aetérnam.
R. Amém. R. Amen.
Noção
Todos os povos, mesmo os mais incultos, oferecem a Deus sacrifícios.
Não há mesmo religião sem sacrifício.[25]
1) Sacrifício é um ato de todas as religiões.
2) E os sacrifícios são sempre oferecidos por um sacerdote — isto é,
uma pessoa consagrada ao serviço de Deus.
3) O sacrifício é sempre oferecido a Deus.
4) O sacrifício se faz por dois atos: o oferecimento da vítima a Deus e a
imolação ou destruição da vítima, que é o ato essencial do sacrifício.
5) Fim principal é reconhecer o supremo domínio de Deus sobre as
criaturas.[26]
6) Finalmente a Divindade com isto se compraz e aplaca,
estabelecendo-se entre ela e os homens mais perfeita união.
Em vista destes elementos, podemos definir o sacrifício: — o oferecimento
duma coisa sensível, acompanhado da sua destruição, feito somente a
Deus para reconhecer o seu supremo domínio, por uma pessoa
legitimamente constituída, seguindo-se uma certa comunhão com Deus.
Examine esta definição parte por parte e veja que ela corresponde à
exposição feita acima.
Na Lei Patriarcal
Desde os primeiros tempos da humanidade, encontramos o oferecimento
de sacrifícios.
Caim ofereceu em oblação ao Senhor dos frutos da terra. Abel também
ofereceu dos primogênitos do seu rebanho (Gn 4, 3-4).
Terminado o dilúvio, ao sair da arca, Noé edificou um altar ao Senhor e
tomando de todos os animais e de todas as aves puras, ofereceu-os em
holocausto sobre o altar (Gn 8, 20).
Quando Abraão chegou à terra que Deus lhe tinha prometido, o Senhor lhe
apareceu e Abraão naquele lugar edificou um altar ao Senhor que lhe tinha
aparecido (Gn 12, 7).
Célebre entre todos é o de Melquisedec, rei e sacerdote, que ofereceu um
sacrifício de pão e vinho, em ação de graças pela vitória de Abraão (Gn 14,
17-20). Este sacrifício é único no gênero, figurativo do sacrifício de Cristo, a
quem o salmista chamou de sacerdote eterno, segundo a ordem de
Melquisedec (Sl 109 (110), 4).
Os Sacrifícios Mosaicos
Na lei mosaica os sacrifícios foram ordenados com todos os pormenores e
eram muito numerosos.
Os sacrifícios eram cruentos (se a vítima era animal e havia derramamento
de sangue) ou incruentos (se as ofertas eram vegetais, e não havia,
portanto, derramamento de sangue).
Dos sacrifícios cruentos eram mais importantes:
1) O holocausto, cujo fim principal era louvar e adorar a Deus, por sua
soberana majestade, era sobretudo um sacrifício latrêutico.[27]
2) A hóstia pacífica tinha por fim principal a ação de graça ou a súplica
em favor dos oferentes.[28]
3) Pelo pecado ou pelo delito[29]. O seu fim, como o próprio nome indica,
era aplacar a cólera divina e obter perdão para o pecado. Era um
sacrifício propiciatório.
Alguns Ritos
Se os sacrifícios eram públicos, custeava-os o tesouro público. Os
particulares traziam as suas vítimas ou compravam mesmo em Jerusalém.
[30]
O próprio ofertante conduzia a vítima ao Templo.
Chegado ao Templo com a vítima, o sacerdote vinha ao seu encontro,
tomava com ele a oblação e a balançava de diante para trás e de trás para
diante, de cima para baixo e de baixo para cima.[31]
Rito muito frequente, a imposição das mãos sobre a vítima significa a
substituição do homem pela vítima (Ex 29, 10; Lv 8, 14). No sacrifício de
Isaac o próprio Deus manda sacrificar um cordeiro em substituição ao
menino.[32]
Valor desses Sacrifícios
O sacrifício é um presente que se oferece a Deus. Um presente pode valer
pela coisa em si ou pela pessoa que oferece.
Que podiam valer diante de Deus aqueles sacrifícios? As vítimas eram
inferiores; os sacerdotes, pobres pecadores. Os sacrifícios eram ineficazes
por si mesmos, incapazes, todos juntos, de expiar um só pecado (Hb 10,
4). Eram sacrifícios imperfeitos, infinitamente abaixo da dignidade de Deus.
Valiam mais por serem o símbolo do Sacrifício de Cristo (ver Hebreus
Capítulos 8 e 9). Todo aquele sangue derramado valia só porque
representava o Sangue de Cristo; todos aqueles sacrifícios, porque
representavam o Sacrifício da Cruz.
Ainda assim, Deus os aceitava, na sua infinita misericórdia, desde que os
homens os oferecessem com bons sentimentos.[33]
Em Sentido Lato
Chamamos também de sacrifício a todos os atos que exigem alguma
renúncia (pois neles há uma certa imolação das paixões ou da vontade) ou
exprimem doação a Deus.[34]
Na Vida da Igreja
A Igreja vive do sacrifício de Cristo. Para ela o sacerdócio eterno continua
nos seus ministros, que não agem por si mesmos, mas é Cristo que age
neles. Assim se explica que todos os atos sacerdotais valem eficazmente,
como atos de Cristo e independentemente das qualidades do ministro,
porque Cristo é o verdadeiro agente na Missa e nos Sacramentos e a sua
causa eficiente.
Nas suas orações a Igreja não esquece que Cristo é o Pontífice e
Mediador. E sempre se dirige ao Pai, pedindo: Por nosso Senhor Jesus
Cristo — fórmula que encerra as orações litúrgicas.[36]
Nas solenidades litúrgicas, o mistério da Cruz é constantemente lembrado.
[37]
Os Evangelhos
Na última ceia, instituindo a Eucaristia, Cristo ofereceu um verdadeiro
sacrifício, embora incruento. Depois, mandou aos Apóstolos que fizessem
o mesmo que Ele acabara de fazer: Fazei isto em memória de mim.
Portanto, a Missa é o mesmo sacrifício incruento que Cristo ofereceu.
A Missa é o Sacrifício da Nova e Eterna Aliança (Mt 26, 28), instituindo
para substituir o cordeiro pascoal, porque Cristo é o nosso Cordeiro
Pascoal (1Cor 5, 7).
São Paulo compara o Sacrifício da Nova Aliança com o da Antiga, e diz
que o nosso é superior, considerando, portanto, a Missa como verdadeiro
sacrifício.
Razão de Conveniência
Sabemos que as verdades de fé não se provam com argumentos de razão.
Mas podemos achar conveniências de serem as coisas assim como Deus
as fez.
No caso, achamos conveniente:
1) Que Cristo nos concedesse a felicidade de assistir e oferecer com Ele
seu Sacrifício ao Pai.
2) Que a Religião Cristã, única perfeita, tivesse um Sacrifício para
oferecer a Deus (ou ficaria inferior, o que nos repugna admitir).
3) Que cada um de nós tivesse modo de prestar a Deus um culto
perfeito.
Somente pela Missa temos tudo isto.
Um Só Sacrifício
Cristo ofereceu um sacrifício na Ceia; a sua Morte foi também um
sacrifício; a Missa é também um sacrifício. Mas não são três sacrifícios: é o
mesmo sacrifício. Difere o modo de ser oferecido.
A Missa é o mesmo Sacrifício da Cruz:
1) Porque a Vítima é a mesma: Jesus Cristo.
2) Porque o Sacerdote é o mesmo: Jesus Cristo.
3) Porque os frutos são os mesmos, com a diferença apenas de que na
Cruz Cristo no-los mereceu e na Missa no-los aplica.
Os Quatro Fins
A Missa é celebrada para adorar, agradecer, propiciar e suplicar a Deus. E
alcança estes fins com a mesma eficácia do Sacrifício da Cruz:
1) Adoração. A Santa Missa, sendo um sacrifício de valor infinito, dá
mais glória a Deus que as homenagens de todos os santos e anjos
desde o começo do mundo e por toda a eternidade.
2) Ação de graças. Depois de receber tantos benefícios de Deus, nós
lhe oferecemos, como agradecimento, o seu próprio Filho. Recebendo
um dom igual a si mesmo, o Pai se compraz infinitamente nele — e
nós oferecemos o que podíamos oferecer de melhor.
3) Propiciação. Está nas próprias palavras de Cristo na Ceia: Este é o
meu sangue do Novo Testamento que será derramado... para
remissão dos pecados (Mt 26, 28); e a Missa é o mesmo Sacrifício
da Ceia. De modo que oferecemos a Deus o Sangue de seu Filho
para aplacá-lo e torná-lo propício.
4) Impetração. Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, Ele vo-lo
dará — disse Jesus Cristo. Na Missa, não só pedimos em seu nome,
mas pedimos por seu intermédio. Eis por que a súplica feita na Missa
pelo sacerdote é mais facilmente ouvida do que qualquer outra.
Na Liturgia
A Liturgia exprime admiravelmente todas essas verdades. Tanto no
Ordinário da Missa como nas partes variáveis encontramos continuamente
afirmações dos quatro fins. Vejamos alguma coisa (acompanhar com o
Missal):
1) Adoração. Comecemos pelo Glória, que contém de modo explícito
os quatro fins: Nós vos louvamos, bendizemos, adoramos,
glorificamos. No fim do Cânon, o Per Ipsum, dando a Deus toda a
honra e glória. Nas orações, sempre nos dirigimos a Deus, porque só
a Ele é oferecida a Santa Missa, por ser um ato de adoração. Não se
celebra Missa aos santos, mas dos santos, em homenagem a eles,
como as próprias orações indicam (ver algumas no Missal).
2) Ação de graças. No Glória: Nós vos damos graças. O Prefácio
convida-nos: Demos graças ao Senhor nosso Deus. Todo o Cânon
constitui um hino de gratidão por todos os bens concedidos ao
homem.
3) Propiciação. A começar do Confiteor até ao Pláceat (antes da
bênção). Ver no Missal: as duas orações quando padre sobe ao altar,
o Súscipe (no Ofertório), Agnus Dei.
4) Súplica. O Glória: Recebei a nossa súplica (notar como o Glória é
uma oração completa, além de belíssima). As coletas, que pedem as
mais variadas e preciosas graças (examinar algumas no Missal). Os
Mementos. As orações do Cânon em geral: pela Igreja, pelos
pecadores, pela nossa perseverança. A própria atitude de orante:
braços abertos.
Para Viver a Doutrina
Eu existo para dar glória a Deus. Se eu me unir ao Sacrifício de Cristo, os
meus atos participarão do seu valor infinito. Por isto eu devo ouvir Missa
com mais frequência e unir à Missa toda a minha vida.
Obrigados a prestar culto a Deus, nós nunca o faríamos de modo perfeito,
se não tivéssemos a Missa. Como o domingo é o dia do culto a Deus, a
Igreja nos obriga a ouvir Missa, para prestar a Deus um culto perfeito.
Sacrifício universal, a Missa é oferecida a Deus desde o nascer até ao por
do sol. A cada hora do dia ou da noite, em algum ponto do globo, se está
celebrando a Santa Missa. Eu posso unir-me em espírito às Missas, para
dar a Deus maior glória. Formular a intenção na oração da manhã.
Uma ignorância horrível dos fiéis sobre a Missa impede a primeira e melhor
devoção. Aqui está um campo de apostolado em que posso me exercitar.
Nas conversas, nos círculos de estudos, emprestando e aconselhando
livros, etc; divulgarei o conhecimento da Santa Missa — e contribuirei para
dar a Deus a maior glória que é possível dar-lhe.
QUESTIONÁRIO
1. Que contém a profecia de Malaquias sobre a Missa? 2. Por que ela só pode referir-se à
Missa? 3. É a Missa um verdadeiro sacrifício? 4. Prove isto por São Paulo. 5. Pode a
razão achar a conveniência da Santa Missa? 6. Por que é a Missa o mesmo Sacrifício da
Cruz? 7. Quais são os quatro fins da Missa? 8. Mostre como a Liturgia exprime estes fins.
9. Que tem em vista a Igreja obrigando-nos à Missa de domingo? 10. Que consequência
prática pode você tirar de ser a Missa um Sacrifício oferecido a cada hora do dia? 11. Por
que o povo fiel ama tão pouco a Santa Missa? 12. Como podemos remediar tão grande
mal?
O F M
Realiza-se a palavra do profeta. Todos os dias, de sol a sol, em todas as
partes do mundo, a todas as horas, os sacerdotes sobem ao altar e
oferecem ao Senhor das nações uma oblação pura e agradável. O culto
mosaico desapareceu, como figura que era da realidade que chegou. Os
homens têm como apresentar a Deus um culto digno da sua infinita
excelência. O Sangue de Cristo, derramado uma só vez no Calvário,
continua a aplicar às almas os merecimentos sem limite, para realizar em
cada uma a expiação necessária a alcançar-lhe as graças de que precisa.
Resta-nos pôr-nos em condição de aproveitar desses frutos riquíssimos,
que a bondade divina deixa diariamente ao alcance de nossa mão.
Produção dos Efeitos
A Missa produz seus efeitos por si mesma, independentemente das
virtudes do celebrante. Este é um ministro secundário, que não pode
diminuir a dignidade de Cristo, Ministro primeiro.[38]
A adoração e a ação de graças se produzem imediatamente e
infalivelmente. Mas a propiciação e a súplica podem deixar de produzir
seus efeitos ou demorá-los, porque dependem das disposições do sujeito.
[39]
O Fruto Geral
A Missa é oferecida em nome da Igreja e por toda a Igreja. Por isto os
frutos da Missa se estendem a toda Igreja — à Igreja Triunfante, para glória
e alegria dos que estão no céu; à Igreja Padecente, para alívio e conforto
aos que estão no purgatório; à Igreja Militante, para expiação, e para
alcançar mais graças aos que ainda combatem na terra.
Esta participação tem para nós vários graus:
1) Pelo fato de estar em estado de graça, eu participo de todas as
Missas que se celebram no mundo.
2) Aumento esta participação, se tiver uma intenção de participar dessas
Missas — para o que basta formulá-la de quando em quando.
3) Esta participação pode-se tornar atual, se eu assisto à Missa.[40]
O Fruto Especial
Como celebrante da Missa, o padre pode determinar a quem devam
pertencer os frutos, que não são gerais. Ele tem o direito de aplicá-los a si
mesmo ou a outrem.
O celebrante pode ser mesmo obrigado por justiça a isto ou em razão do
ministério (como os Bispos e os párocos) ou quando recebe uma espórtula
para oferecer a Santa Missa em determinada intenção.
Devemos lembrar que não se trata de pagar a Missa, quando os fiéis dão
ao sacerdote uma espórtula, ao pedirem que a Missa seja dita em sua
intenção. A Missa é uma coisa sagrada, que não se vende. Os que
pretendessem comprar com dinheiro as coisas santas mereceriam o
mesmo tratamento que São Pedro deu a Simão Mago (ver o episódio: At 8,
18-24). A autoridade eclesiástica fixa o que se deve dar aos sacerdotes
para lhes garantir a subsistência, pois não têm outro meio de que viver e o
Senhor ordenou aos que pregam o Evangelho que vivam do Evangelho
(1Cor 9, 14).[41]
Nas Fórmulas da Missa
Como sempre, nós encontramos na própria liturgia os ensinamentos
teológicos. Nas orações da Missa está contida a doutrina que estudamos
sobre os frutos que o Santo Sacrifício distribui:
1) As fórmulas do oferecimento: Da Hóstia: Recebei, Pai Santo... esta
hóstia... por meus inúmeros pecados... por todos os assistentes,
e por todos os fiéis cristãos. Do cálice: Senhor, nós vos oferecemos
o cálice da salvação... para salvação nossa e de todo o mundo (ver
as orações na íntegra no Missal).
2) O Te igitur, no começo do Cânon: — Nós vos suplicamos ... que
aceiteis... estas hóstias santas e sem mancha, primeiramente pela
vossa Santa Igreja Católica... e todos os que professam conosco a
mesma fé. — No memento dos vivos reza por todos os presentes e
por todos os seus. — No memento dos mortos, por todos os que
repousam em Jesus Cristo.
A Participação dos Fiéis
Basta pertencer à Igreja para participar de todas as Missas celebradas no
mundo.
Mas, além desta participação passiva, os fiéis são chamados a uma
participação ativa na Missa a que assistem, cooperando nela e não
simplesmente ouvindo-a.
Cristo não somente se imolou por nós, mas nos imolou com Ele. O
Sacrifício de Cristo é também nosso: tomamos parte nele, oferecendo-o e
oferecendo-nos.
A Missa é um ato de toda a Igreja, de todos os cristãos, mas
principalmente dos que se reuniram no templo para oferecê-la. Ato de
todos, todos têm o dever de tomar parte ativa nela, de modo interior
primeiramente, mas também exterior: acompanhando, respondendo,
comungando.
A Voz da Igreja
Vamos ver as fórmulas da Missa a necessidade desta participação ativa:
1) A Missa é ação também dos fiéis, e não apenas do celebrante. As
palavras do Orate, Fratres, são as mais frisantes: Rezai, irmãos, para
que o meu e vosso sacrifício seja aceito. — Este pensamento de
que o sacrifício é também dos fiéis está expresso nas fórmulas em
que o padre fala na 1.ª pessoa do plural — o que só se pode entender
se são muitos que oferecem e não ele só. Assim: No oferecimento
do cálice; no oferecimento dos fiéis; no Súscipe, Sancta Trinitas;
nas orações do Cânon as fórmulas vêm sempre no plural (ver as
fórmulas no Missal). — E quando o ato é individual o celebrante fala
no singular: Senhor eu não sou digno.
2) Nas orações da Missa há verdadeiros diálogos entre o celebrante
e os fiéis. O celebrante se dirige ao povo, saudando-o: O Senhor seja
convosco. Convida-o para rezar com ele: Oremos; Orai, irmãos;
Demos graças ao Senhor nosso Deus. Trava diálogo: no Salmo ao pé
do altar; no início do Prefácio.
Daqui concluímos:
1) Não é justo que deixemos o padre a um lado oferecendo sozinho um
sacrifício que também é nosso, sem tomarmos parte nele.
Principalmente tratando-se do melhor ato do culto que é possível
prestar a Deus.
2) Não é razoável que esqueçamos até as boas normas de educação —
e não respondamos às saudações, não atendamos aos convites,
quando partem precisamente de quem age em nosso nome e advoga
os nossos interesses junto de Deus. Isto seria intolerável na vida
comum: por que há de ser tolerado na vida oficial da Igreja?
A Liturgia vai mais longe, e fala naqueles que oferecem o sacrifício.
Evidentemente não se trata de oferecer a Missa com o poder da Ordem,
que só os padres têm. Mas certamente da participação ativa dos presentes
ao ato, e pelos quais o celebrante está rezando (ver o Memento dos Vivos).
[42]
No Terceiro Século
Vão-se juntando novos elementos. Reúnem-se junto ao túmulo de um
mártir. Iniciam-se as preces, a que o povo responde: Kyrie Eleison.
Fazem-se longas orações: a Coleta. Longas leituras do Antigo e do Novo
Testamento. Solene canto do Evangelho. Homilia do Bispo. Eram então
despedidos os catecúmenos.
Ficavam só os fiéis, e ia começar a Missa, propriamente dita. Os fiéis
oferecem o pão e o vinho para o Sacrifício, e outras coisas necessárias
ao clero e aos pobres. O Bispo faz o Ofertório e convida o povo a rezar
para que Deus aceite o Sacrifício: Orate, Fratres. Segue-se a Oração
Eucarística ou Cânon, com a Consagração. Ao fim da Oração Eucarística,
todos respondem: Amém.
Todos comungam com o Bispo. Os que não podem comungar, retiram-se
antes da Comunhão. Troca-se antes da Comunhão o ósculo da paz. Faz-
se a ação de graças. O Bispo abençoa a assembleia e a despede com o
Ite, Missa est.
Do quarto século, com a liberdade da Igreja dada por Constantino, as
cerimônias ganharam ainda maior solenidade. Introduziram-se as solenes
procissões do Intróito e os cortejos das Estações. A Missa do Pontífice
era já muito semelhante ao Pontifical solene de hoje.
As Duas Partes
Desde os primeiros tempos, a liturgia da Missa pode ser claramente
dividida em duas grandes partes: a Missa dos Catecúmenos e a Missa
propriamente dita. A primeira é preparatória. Não tem ligações diretas com
o Sacrifício. A segunda é que constitui o oferecimento do Sacrifício. Como
se explica isto?
A explicação é fácil. Os primeiros cristãos eram judeus que se
convertiam. Estavam acostumados às assembleias religiosas judaicas, que
constavam de orações, cânticos, leituras e explicações das leituras.
Ou eram pagãos que precisavam de aprender a doutrina e o espírito da
Igreja, para serem batizados.
Uns e outros frequentavam reuniões em que rezavam e eram instruídos,
mas não tomavam parte na Missa, porque não eram cristãos.
Essas reuniões, a princípio, eram inteiramente distintas da Missa. Depois
se fez uma só reunião e, terminada a instrução, eram despedidos os
catecúmenos e celebrava-se a Missa. Daí ficar-se chamando à 1.ª parte —
Missa dos Catecúmenos, e à 2.ª — Missa dos Fiéis.
Intróito*
Kyrie
Orações
Glória
Coleta*
Missa dos Catecúmenos Epístola*
Gradual*
Aleluia*
Instrução
Evangelho*
Homilia (sermão)
Credo
O Ciclo Temporal
Em lugar do sábado, os Apóstolos santificaram o domingo, o dia do Senhor
(Ap 1, 10), que é, na Liturgia, um dia sagrado.
Os dois maiores acontecimentos da vida de Cristo — Ressurreição e Natal
— receberam sempre maior comemoração.
Em torno delas foram-se agrupando outras solenidades, dando origem aos
Dois Ciclos: Páscoa e Natal.
Cada uma destas festas tem uma preparação, a celebração da Festa,
seguindo-se depois um tempo complementar.
O Ciclo do Natal
Aqui as festas são todas em datas fixas. No centro, está a grande festa,
que é preparada pelas 4 semanas do ADVENTO, durante as quais a Igreja
dispõe os fiéis para a chegada (adventus) do Messias.
Depois do Natal, seguem-se as festas da Circuncisão e da Epifania.
Epifania quer dizer manifestação. E, de fato, naquele dia Jesus Cristo se
manifestou como Deus aos gentios, recebendo a adoração dos Reis
Magos. Seguem-se outras manifestações (epifanias) da divindade de
Cristo: o milagre de Caná e o Batismo. — Foram-se juntando outras festas:
o Santo Nome de Jesus, o encontro do Menino no Templo.
Podemos, então, formar o seguinte esquema do Ciclo de Natal:
CICLO ADVENTO 1º Domingo Aproxima-se o reino
DO de Deus
NATAL Os Sinais do reino de
2º Domingo
Deus
O Precursor anuncia
3º Domingo
o Messias
Quarta-feira
Anunciação a Maria
(Têmporas)
Sexta-feira Maria Visita a Santa
(Têmporas) Isabel
São João Batista
4º Domingo prepara os caminhos
para o Messias
Anunciação a São
Vigília
José
O nascimento de
1ª Missa Jesus em Belém: —
adoração dos anjos
Adoração dos
NATAL 2ª Missa
pastores
A geração eterna do
3ª Missa Verbo, que se
encarnou
Circuncisão do
Circuncisão
Senhor
O Santíssimo Nome
Domingo
de Jesus
EPIFANIA Fuga para o Egito
Vigília
(por antecipação)
Epifania Adoração dos Magos
Domingo da Encontro de Jesus no
oitava templo
Oitava Batismo de Jesus
2º Domingo Bodas de Caná
As Têmporas são 3 dias de penitência e oração com que a Igreja costuma
santificar o início das estações do ano. São práticas muito antigas, que
alguns fazem remontar aos Apóstolos. Celebram-se no Advento
(dezembro), na Quaresma (março), em junho e em setembro.
Ciclo da Páscoa
Terminado o Ciclo do Natal, começa a preparação para a Páscoa:
1) Setuagésima.
2) Quaresma: Jejum, abstinência, orações.
3) Paixão: cobrem-se as imagens, concentrando a atenção toda no
Mistério da Redenção.
4) Semana Santa: a PÁSCOA.
A Páscoa é a maior festa da Igreja, o centro de todo o ano litúrgico. A
alegria da Ressurreição perdura toda a semana (oitava) e se projeta até a
Ascenção, que se celebra 40 dias depois, seguindo-se o Pentecostes, com
os numerosos domingos que comemoram a vida pública de Jesus e a vida
cristã de cada um de nós. No último domingo se celebra o Juízo Universal:
é o fim do ano litúrgico.
Do ciclo da Páscoa podemos fazer o seguinte esquema:
CICLO DA Convite para
PÁSCO Setuagésima o reino
A de Deus
SETUAGÉSIM Convite para
A Sexagésima o reino
de Deus
Quinquagésim Anuncia a
a Paixão
QUARESMA Quarta-feira de Convite ao
Cinzas Jejum
1º Domingo da Jejum e
Quaresma tentação
Fatos da
3 Domingos vida
pública
Semana da Entrada
Paixão triunfal
em
Domingo de Jerusalé
Ramos m
Quinta-feira Última Ceia
PAIXÃO
Morte na
Sexta-feira
Cruz
As santas
mulheres
Sábado
no
sepulcro
Ressurreiçã
Páscoa
o
Várias
Oitava
aparições
Subida ao
Ascenção
céu
PÁSCOA
Descida do
Pentecostes Espírito
Santo
Segunda
Último
vinda de
Domingo
Cristo
Depois de Pentecostes agrupam-se algumas festas especiais, sem ligação
com o Ciclo de Cristo, destinadas a honrar de modo particular alguns
mistérios: Santíssima Trindade (1º Domingo de Pentecostes); Corpus
Christi (Quinta-feira seguinte), Sagrado Coração de Jesus (Sexta-feira
depois da oitava de Corpus Christi), Coração Eucarístico de Jesus (Quinta-
feira depois do Coração de Jesus), Cristo Rei (último domingo de outubro).
O Ciclo Santoral
As festas dos santos celebram-se em dia fixo — quase sempre o dia da
morte, que a Igreja chama de natal (em que nasceram para o céu).
Exceção única, além de Nossa Senhora (que foi concebida sem pecado), é
São João Batista (que foi purificado antes do nascimento pela presença de
Cristo, na visita de Nossa Senhora a Santa Isabel).
O primeiro lugar cabe às Festas de Nossa Senhora. É tão grande a ligação
de Maria com Cristo que ela é celebrada em quase todas as festas de
Cristo. Principalmente no Ciclo do Natal, onde Mãe e Filho estão
inseparáveis. Maria é tão semelhante a seu divino Filho que se pode
estabelecer um verdadeiro paralelo entre as suas festas:
Imaculada Conceição (8 de
Anunciação (25 de março)
dezembro)
Natividade de Maria (8 de
Natal (25 de dezembro)
setembro)
Santíssimo Nome de Jesus Santo Nome de Maria (12
(1 de janeiro) de setembro)
Apresentação de Jesus no Apresentação de Maria (21
templo (2 de fevereiro) de novembro)
Paixão de Jesus (sexta- Nossa Senhora das Dores
feira santa) (sexta-feira da Paixão)
Ascensão de Jesus Assunção (15 de agosto)
Para Viver a Doutrina
Acompanhando as solenidades do Ano Litúrgico, eu me santifico:
1) Desenvolvendo em mim a vida de Cristo e dos santos que o Ano
Litúrgico comemora.
2) Penetrando-me cada vez mais dos sentimentos da Igreja.
O Santo Padre Pio X lastimou que as festas dos santos eclipsassem no
povo cristão as festas do Temporal, que são os mistérios do próprio Cristo.
Isto ainda se dá, infelizmente. Muitos ainda dão mais importância aos
servos do que ao Senhor. Para repormos Cristo no seu lugar, é necessário
um apostolado. Eis aí um bom apostolado litúrgico.
Tomando gosto pelas solenidades litúrgicas, eu irei me desligando dessas
festas exteriores, pomposas, muitas vezes profanas, que os “festeiros”
promovem, a pretexto de festas religiosas, mas contra as determinações
da Igreja. E sem proveito nenhum para o povo, que tanto as aprecia, por
não conhecer verdadeiras festas eclesiásticas. É também um excelente
apostolado celebrar bem as festas litúrgicas e encaminhar o povo para
elas. É unir o povo à Igreja, fazê-lo sentir com ela: Sentire cum Ecclesia. E
pela Igreja a Cristo![55]
QUESTIONÁRIO
1. Que é Ano Litúrgico? 2. Em quantos ciclos se divide todo o Ano Litúrgico? 3. Como se
divide o Temporal? 4. Que é Advento? 5. Que são Têmporas? 6. Como se faz a
preparação para a Páscoa? 7. Que festas se seguem à Páscoa? 8. Em que dia costuma a
Igreja celebrar a festa dos santos? 9. Mostre como as festas de Maria estão ligadas às de
Cristo. 10. Por que devemos acompanhar as festas litúrgicas?
C 5–OC
J :J
OS E
O Batismo nos deu a vida sobrenatural: nascemos para a graça. A
confirmação desenvolveu esta vida sobrenatural, elevando-a à condição de
adulto. Mas é necessário um alimento para a nossa vida espiritual, sem o
que ela pereceria, como sem alimento perece o nosso corpo. Jesus Cristo
providenciou isto para nós dando-se como alimento da nossa alma no
Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
Podemos considerar a Eucaristia sob dois aspectos: como Sacrifício — e
tem por objeto especialmente a Deus a quem é oferecido; como
Sacramento — e se refere diretamente aos homens.
A Promessa
Há no Antigo Testamento várias figuras da Eucaristia: o pão que o anjo
levou a Elias (1Rs 19, 1-8), o maná do deserto, a farinha inesgotável da
viúva de Sarepta (1Rs 17, 10-16).
Jesus fez solene promessa da Eucaristia: O pão que eu hei de dar é a
minha carne para a vida do mundo (Jo 6, 52). Os ouvintes se admiraram,
dizendo: Como pode Ele nos dar a sua carne para comer? Mas Ele insistiu:
Minha carne é verdadeiramente comida e se não comerdes a carne do
Filho do homem, não tereis a vida em vós (ver o capítulo 6, 26-59).
Estas palavras não podem ter outro sentido, senão o próprio. Quando
Jesus falou do fermento dos fariseus e os ouvintes entenderam num
sentido errôneo, Ele os retificou (Mt 16, 6-12). Como deixaria em erro sobre
matéria de muito maior importância?
A Instituição
Na quinta-feira santa, Jesus cumpriu o que tinha prometido. Foi na Ceia, no
episódio que já conhecemos (confira Mt 26, 26-27; Mc 14, 22-23; Lc 22, 19-
20; 1Cor 11, 23-25).
As palavras de Cristo são claras e não deixam lugar a dúvida sobre a
Presença Real: Isto é o meu corpo. Interessante é notar que todos os
quatro tópicos da Escritura referem estas palavras do Salvador.
Testemunho de São Paulo
Além da narrativa da Ceia, São Paulo pergunta: O cálice que benzemos,
não é a comunhão do sangue de Cristo? E o pão, que partimos, não é a
comunhão do corpo do Senhor (1Cor 10, 15-16)?
Mas o Apóstolo tem uma afirmação ainda mais clara. É quando fala da
comunhão indigna: Todo aquele que comer deste pão ou beber do cálice
do Senhor, indignamente, será réu do Corpo e do Sangue do Senhor...
não discernindo o corpo do Senhor (ver 1Cor 11, 21-29). Só podia ser réu
do Corpo e do Sangue do Senhor, se este Corpo e este Sangue
estivessem ali realmente presentes.
Jesus na Hóstia
Pelas palavras da Consagração opera-se a mudança do pão e do vinho no
Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fica tudo o que os
sentidos percebem — as espécies; mas a substância do pão e do vinho
muda-se na substância de Cristo. A esta mudança de substância se chama
transubstanciação.
A substância é indivisível: Cristo está todo na Hóstia e no Vinho
Consagrados. Todo em cada espécie: e a comunhão sob uma espécie é
tão completa quanto sob as duas. Todo em cada gota ou fragmento das
espécies consagradas: — é claro que a substância de Cristo está onde
estaria a substância do pão ou do vinho.
Operada a transubstanciação. Cristo está presente enquanto as espécies
de pão e vinho se conservarem incorruptas. Se a Hóstia se corromper pelo
tempo, umidade, etc; ou se dissolver na água, não persevera a Presença
Real.
O Culto Eucarístico
A Santíssima Eucaristia é o centro de todo o culto católico. Toda a honra e
toda a glória que a Igreja presta a Deus tem a sua máxima expressão na
Eucaristia. Todas as festas do ano litúrgico se refletem na Missa e se
exprimem por ela.
Mas a Missa não foi instituída para prestarmos culto à Eucaristia. Pelo
contrário: foi instituída para prestarmos culto à Santíssima Trindade por
meio de Cristo na Eucaristia. Isto, porém, não nos impede de rendermos à
Eucaristia o culto de latria a que tem direito Jesus Cristo como verdadeiro
Deus. E de fato o rendemos na própria Missa, de diversas maneiras que a
piedade foi introduzindo no culto litúrgico.[56]
Mas no Sacramento é que o culto à Eucaristia se desenvolveu.[57]
O Sacramento
A matéria deste sacramento é pão de trigo e vinho de uvas.
A forma são as palavras da Consagração.
Ministro ordinário da Eucaristia é o sacerdote, porque só a ele compete o
poder de consagrar — o que lhe confere também o direito de ministrá-lo.
Em caso de extrema necessidade, qualquer pessoa pode dar a comunhão.
Disposições
Aqui, mais do que nos outros sacramentos, se exigem do sujeito condições
condignas da grandeza e excelência do Santíssimo Sacramento:
1) O estado de graça, pois se trata de Sacramento de vivos. Trata-se de
receber o próprio Jesus Cristo.
2) A reta intenção, isto é, o desejo de comungar para glória de Deus e
nosso maior bem espiritual, e não por motivos humanos.[58]
3) O jejum eucarístico se limita a 3 horas antes da Comunhão, quanto a
alimentos sólidos e bebidas alcoólicas, e a 1 hora, quanto a alimentos
líquidos, sendo que água não quebra o jejum.[59]
A preparação e ação de graças aumentam as nossas disposições e os
frutos da nossa Comunhão.
Efeitos da Comunhão
Quanto à alma:
1) A Eucaristia produz um aumento de graça santificante. Para vermos
quão grande é esta produção da graça, basta lembrarmos que todos
os sacramentos produzem a graça, mas este contém o próprio Autor
e Senhor da graça.
2) Estabelece uma união profunda entre Cristo e a pessoa que
comunga.[60] É a união que se estabelece entre a pessoa e o alimento
tomado, com diferença de que aqui não é Cristo que se transforma
em nós, mas somos nós transformados em Cristo.
3) Excita o fervor, pelas graças atuais que confere.[61]
4) Favorece as virtudes, porque, alimentados pela Eucaristia, todas as
virtudes e dons do Espírito Santo, que estão em nós pelo Batismo e
pela Confirmação, encontram facilidade em crescer.
5) Perdoa pecados veniais, de que estamos arrependidos. De modo que
os pecados veniais não constituem impedimento para a comunhão, e
até ficam perdoados por ela, se não ficarem com a absolvição que o
sacerdote dá antes da Comunhão.
Quanto ao corpo:
1) Modera as paixões. Isto se dá de dois modos: a) Produzindo um
aumento de caridade, produz por isto mesmo uma diminuição das
paixões — que se opõem à caridade; b) Agindo diretamente sobre o
nosso corpo, a Carne de Cristo diminui os sentimentos desordenados:
— a nossa carne, transformando-se na Carne de Cristo, vai tomando
aos poucos as suas virtudes.
2) Prepara a ressurreição gloriosa, porque nos comunica as qualidades
da Carne de Cristo ressuscitado. Nosso Senhor frisou este efeito:
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna;
e eu o ressuscitarei no último dia (Jo 6, 55).
A Comunhão e a Missa
O sacramento interessa apenas a quem o recebe; ao passo que o
Sacrifício interessa diretamente ao Corpo Místico, a todos os fiéis vivos e
defuntos. Eis o que diz Santo Tomás: Porque uma ou várias pessoas
comunguem, as outras nada aproveitam.
Isto significa que a Comunhão não é coisa que se possa fazer por outrem.
Diz Santo Tomás: As pessoas que comungam pelas almas do purgatório se
enganam. Por isso pode-se tanto comungar pelos outros como se pode
confessar-se por eles ou casar-se por eles.
Entretanto, comungando, aumentamos em nós a caridade, e fazemos atos
de caridade mais intensos, e com o valor desses atos podemos beneficiar
os próximos tanto vivos como defuntos. Assim as orações que fazemos
depois da Comunhão têm mais valor.
A Liturgia
A maior parte da liturgia da Comunhão já vimos nas lições da Missa. Agora
notaremos como é simples a liturgia da Comunhão fora da Missa. Reza-se
o Confiteor; o padre, voltando-se para o povo, dá uma absolvição. Toma
depois uma partícula, ergue-a acima do cibório e diz, voltando-se, de novo,
para a assembleia:
Eis o Cordeiro de Deus; eis o que tira Ecce Agnus Dei; ecce qui tollit
os pecados do mundo. peccata mundi.
E acrescenta:
Senhor, eu não sou digno de que Dómine, nom sum dignus ut intres
entreis em minha casa, mas dizei sub tectum meum, sed tantum dic
uma só palavra e minha alma será verbo et sanábitur ánima mea.
salva.
Ao dar a Hóstia ao comungante, diz:
O corpo de Nosso Senhor Jesus Corpus Dómini Nostri Jesu Christi
Cristo guarde a tua alma para a vida custódiat ánimam tuam in vitam
eterna. Amém. aeternam. Amen.
Se a Comunhão é na Missa, como deve ser sempre que não haja uma
causa razoável para ser fora, o padre volta ao altar e continua a Missa.
Mas se é fora, tendo voltado ao altar, o padre diz:
Ant. Ó sagrado banquete, em que se Ant. O sacrum convívium, in quo
recebe a Cristo, se renova a Christus súmitur, recólitur memória
memória de sua paixão; a alma passionis ejus; mens impletur grátia:
enche-se de graça; e nos é dado o et futurae glóriae nobis pignus datur.
penhor da glória futura. O pão Panem de caelo praestitisti eis.
celeste que lhes concedestes. R. Omne delectamentum in se
R. Encerra em si toda a doçura. habentem.
Atendei, Senhor, à minha oração. Dómine, exaudi orationem meam.
R. E chegue até vós o meu clamor. R. Et clamor meus ad te veniat.
O Senhor seja convosco. Dóminus vobiscum.
R. E com o vosso espírito. R. Et cum spíritu tuo.
Oremos. Ó Deus, que neste Oremus. Deus qui nobis sub
admirável sacramento nos deixastes Sacramento mirábili, passionis tuae
a memória de vossa paixão; memóriam reliquisti; tribue,
concedei, nós vos suplicamos, que quaésumus, ita nos Córporis et
veneremos os sagrados mistérios de Sánguinis tui sacra mystéria
vosso corpo e sangue, para que venerári, ut redemptionis tuae
sintamos sempre em nós o fruto de fructum in nobis júgiter sentiámus.
vossa Redenção. Vós, que viveis e Qui vivis et regnas cum Deo Patre in
reinais com Deus Pai na unidade do unitate Spíritus Sancti Deus, per
Espírito Santo, Deus, por todos os omnia saecula saeculorum. Amen.
séculos dos séculos. Amém. A Benedictio Dei omnipotentis Patris †,
bênção de Deus Todo Poderoso, do et Filii et Spíritus Sancti, descendat
Pai †, e do Filho, e do Espírito Santo, super vos, et máneat semper.
desça sobre vós e fique sempre R. Amen.
convosco.
R. Amém.
Nestas orações notamos uma grande riqueza de doutrina:
1) A Presença Real: se recebe a Cristo.
2) Memorial da Paixão: renova-se a memória de sua paixão.
3) A Produção Abundante da Graça: a alma enche-se de graça.
4) A Ressurreição Gloriosa: e nos é dado o penhor da glória futura.
5) A Alegria Espiritual: encerra em si toda a doçura.
6) Aplicação dos Méritos da Paixão: sintamos sempre em nós o fruto
da Redenção.
Instituição da Penitência
Cristo perdoou pecados (ver nos Evangelhos algumas passagens em que
Cristo perdoou pecados). E quando disse ao paralítico: Os teus pecados
estão perdoados, os escribas murmuraram. Então Ele curou o paralítico
para provar que podia perdoar pecados (ver o episódio em Mt 9, 2-7).
Cristo prometeu aos Apóstolos o poder de perdoar pecados: Tudo o que
ligardes na terra, será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra,
será desligado no céu (Mt 18, 18).
Cristo deu aos Apóstolos o poder de perdoar pecados. No mesmo dia da
Ressurreição lhes disse: Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-
ão perdoados; e aos que retiverdes, ser-lhe-ão retidos (Jo 20, 21-23).
Os protestantes dizem que quem inventou a Confissão foi o Papa
Inocêncio III, no Concílio IV de Latrão (1215), mandando aos fiéis que se
confessassem ao menos uma vez cada ano. Mas não raciocinam que esta
ordem só pode ser dada, supondo-se que a Penitência seja uma prática
universalmente adotada, da qual se regulava então a frequência
obrigatória.
Nem era possível instituí-la humanamente. Quem havia de fazê-lo? Os
fiéis? Não, porque é prática penosa à natureza humana, repugnante ao
nosso orgulho, contrária às nossas paixões. Os sacerdotes? Também não,
porque é um ministério trabalhoso, sem nenhum interesse material, que
lhes consome grande tempo, exige muita paciência, nada lhes adiantando
pessoalmente. Conhecemos os inventores de tantas coisas, e o inventor
humano da confissão não é ao menos apontado! É que este inventor
humano não existe, nem podia existir. A tão duro jugo os homens só se
submetem por determinação divina.
Matéria
Somos obrigados a confessar todos os pecados mortais que não foram
ainda acusados, dizendo também o seu número e as circunstâncias que os
tornam mais graves.
Isto é tão importante que a confissão é sacrílega, se eu me lembrar de um
pecado mortal e não quiser acusá-lo.
Se eu não acusei por esquecimento, posso ficar tranquilo, pois fui
perdoado. Mas na próxima confissão confessarei o pecado esquecido.
Não somos obrigados a confessar os pecados veniais; mas é muito melhor
confessá-los do que deixá-los manchando a alma e ter de pagá-los no
purgatório.
Forma
A forma é a própria fórmula da absolvição: Eu te absolvo de teus
pecados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Mas a forma comum trazida pelo Ritual é a seguinte:
Dada a penitência, o confessor diz:
Deus Onipotente se compadeça de ti Miseratur tui omnípotens Deus et
e, perdoados os teus pecados, te dimíssis peccátis tuis, perdúcat te ad
conduza à vida eterna. Amém. vitam aeternam. Amen.
Depois estende a mão direita para o penitente, e acrescenta:
O Senhor Onipotente e Indulgéntiam, absolutiónem et
misericordioso te conceda remissiónem peccatórum tuórum
indulgência, absolvição e remissão tribuat tibi omnipotens et meséricors
de teus pecados. Amém. Dominus. Amen.
Que Nosso Senhor Jesus Cristo te Dóminus Noster Jésus Christus te
absolva e eu, pela sua autoridade, te absólvat et ego auctoritáte ipsíus te
absolvo de todo o vínculo de absolvo ad omni vínculo
excomunhão ou interdito, enquanto excommunicationis et interdíct, in
eu posso e tu precisas. Depois eu te quantum póssum et tu índiges.
absolvo de teus pecados em nome Deinde ego te absolvo a peccátis
do Pai e do Filho e do Espírito tuis, in nómine Patris, et Filii, et
Santo. Amém. Spíritus Sancti. Amen.
Ao dizer: em nome do Pai, etc; traça o sinal da cruz sobre o penitente, e
continua:
Que a paixão de Nosso Senhor Pássio Dómini Nostri Jesu Christi,
Jesus Cristo, os méritos da Bem- mérita Beata Maria Virginis, et
Aventurada Virgem Maria e de todos ómnium Sanctorum, quidquid boni
os santos e todo o bem que fizeres e féceris et mali sustinúeris, sint tibi in
todo o mal que sofreres, te sirvam remissionem peccatórum,
para a remissão dos pecados, para augmentum gratiae, et praemium
vitae aeternae. Amen.
aumento da graça e recompensa na
vida eterna. Amém.
Ministro
O sacerdote, na sua ordenação, recebeu de Cristo, por intermédio do
Bispo, o poder de perdoar os pecados. É ele, pois, o ministro da
Penitência.
Mas para poder absolver pecados, é preciso que o padre tenha uso de
ordens na diocese.
Em caso de necessidade, qualquer sacerdote pode absolver, ainda que
fosse um padre suspenso ou mesmo excomungado.
Necessidade da Penitência
O sacramento da Penitência é necessário a todos os que cometerem
pecado mortal depois do Batismo. Aprendemos isto nas próprias palavras
de Cristo. Se Ele tivesse dito somente: Aqueles a quem perdoardes os
pecados, ser-lhe-ão perdoados, a Penitência seria uma das maneiras de
perdoar pecados. Mas Ele acrescentou: e aos que retiverdes, ser-lhe-ão
retidos, como se dissesse: e não há outro meio de receber o perdão.
A contrição perfeita perdoa até mesmo os pecados mortais. Mas só quando
a pessoa não se pode confessar, embora deseje. De modo que a confissão
é sempre necessária — quando não de fato, ao menos em desejo.
A Igreja obrigou todos os católicos a se confessarem uma vez por ano.
Mas um cristão que caiu em pecado mortal tem grave obrigação de se
confessar quanto antes, para voltar ao estado de graça.
Para Viver a Doutrina
Quantas graças devemos dar a Jesus Cristo pela instituição do sacramento
da Penitência! Felizes de nós. Que seria de nós, sem este sacramento?
Mesmo nos arrependendo, ficaríamos na incerteza do perdão. E em que
angústia havíamos de viver!
Quantos há que não conhecem os benefícios da Penitência! Não lhes
chegou a luz da Redenção. São ainda mais numerosos que os cristãos. É
nosso dever voltar as atenções para os pobres infiéis. Rezar, trabalhar
pelas missões.
Outros infelizes conhecem, mas desprezam esses grandes benefícios. São
maus católicos, que nem cumprem o grave dever da Confissão anual. São
galhos secos da Videira Divina. Mas nós temos o dever de levá-los à seiva
da graça. É o trabalho da Ação Católica. Não é possível assistirmos de
braços cruzados à perda de tantas almas, marcadas com o sinal de Cristo
no Batismo!
Eu devo ter o máximo cuidado para conservar sem mancha a túnica branca
do Batismo. Mas, se manchá-la, irei sem demora purificá-la na Penitência.
É a piscina probática (confira Jo 5, 2-4) em que os doentes espirituais se
regeneram.
Agradecer especialmente a Deus o ministério dos confessores. Ver no
confessor o próprio Jesus Cristo que me perdoa. Que seria de mim sem o
confessor? Eu ficaria sem o perdão dos pecados, ou, ao menos, sem a
tranquilidade de consciência que me dá a certeza do perdão.
QUESTIONÁRIO
1. Tinha Cristo o direito de perdoar pecados? 2. Como provou que tinha este poder? 3.
Com que palavras instituiu Jesus a Penitência? 4. Que pecados somos obrigados a
acusar? 5. Qual a conveniência de confessar os pecados veniais? 6. Quais as palavras da
absolvição? 7. Quem pode perdoar pecados? 8. Só a absolvição perdoa pecados? 9.
Então não é necessária a confissão? 10. Quando somos obrigados a confessar-nos? 11.
Que conclusões tiramos desta doutrina para a vida?
AC
A Penitência exige uns tantos atos que perfazem o Sacramento. Estes atos
são cinco:
1) Exame de consciência.
2) Arrependimento dos pecados.
3) Propósito de nunca mais pecar.
4) Acusação dos pecados.
5) Satisfação.
Embora sejam uns mais importantes que outros, são todos indispensáveis
à confissão. De seu estudo muito poderemos aproveitar para nossa vida
cristã.
Exame de Consciência
Para fazer uma boa confissão, devemos começar por um bom exame de
consciência.
Sempre importante, este exame é gravemente obrigatório a quem tem
pecados mortais, para não correr o risco de esquecer algum desses
pecados. As pessoas que se confessam frequentemente podem examinar-
se mais rapidamente, mas nunca devem deixar de fazê-lo.
No exame de consciência deve-se investigar tudo o que se tem obrigação
de acusar: pecados mortais, número, espécie, circunstâncias que mudam a
espécie, ocasiões graves, etc.
Não nos devemos satisfazer em conhecer os pecados, mas devemos
procurar-lhes as causas. Sem sabermos o porquê dos nossos pecados,
continuaremos a acusar-nos sem nos corrigirmos. Uma coisa é faltar à
caridade por leviandade, outra por inveja.
Fica à nossa escolha o método para este exame.[63]
Qualquer que seja o método, comecemos pela invocação do Espírito Santo
e da proteção de Nossa Senhora, examinemo-nos como se tivéssemos de
comparecer naquele momento ao tribunal divino.
Acusação
É necessário fazer ao sacerdote a acusação dos pecados, com intenção de
receber a absolvição.[64]
Nesta acusação devemos dizer os pecados:
1) Com muita humildade, porque estamos arrependidos e queremos ser
perdoados.
2) Com muita confiança, dizendo tudo como está em nossa consciência,
pois o confessor nos está ouvindo em nome de Cristo para perdoar-
nos, e é obrigado a guardar sigilo, mesmo em face da morte.
3) Com discrição, dizendo só o que é necessário, com palavras dignas,
evitando narrações inúteis.
Em qualquer dificuldade, devemos pedir o auxílio do confessor. Podemos
também levar os pecados por escrito, se temos dificuldade em acusá-los.
Para Viver a Doutrina
Quando for confessar, lembrar-me-ei de que falo a Deus. Acuso faltas que
Ele já conhece. Procurar ocultá-las ou dissimulá-las seria maior loucura do
que foi cometê-las. Mesmo que iludisse ao confessor, a Deus não poderia
iludir.
Terei sempre o cuidado de me confessar bem: acusação precisa, dizendo
tudo em poucas palavras, com sinceridade, confiança e humildade.
Farei sempre um cuidadoso exame de consciência, mesmo que me
confesse com frequência. Levarei este exame às causas dos pecados e
até mesmo das imperfeições, para tirar maior proveito de minhas
confissões.
Muito facilita o conhecimento de nós mesmos o exame de consciência
cotidiano. Santo Inácio propõe o seguinte método:
1) Dar graças pelos benefícios recebidos.
2) Pedir a graça de conhecer os pecados e bani-los do coração.
3) Examinar os pensamentos, palavras e ações, desde o momento de
levantar.
4) Pedir perdão.
5) Tomar a resolução de se corrigir.
Maneira prática de se confessar:
1) Reze, o Eu, pecador antes de ir para o confessionário.
2) Logo que se ajoelhar, diga: Padre, dai-me vossa bênção porque
pequei.
3) Diga quanto tempo faz que se confessou e comece a acusação dos
pecados, sem ser preciso que o padre pergunte.
4) Responda ao que o padre perguntar. Escute os conselhos e a
penitência imposta.
5) E, enquanto o padre der a absolvição, reze o ato de contrição.
6) Agradeça ao padre a confissão, levante-se e vá cumprir a penitência.
É preciso agradecer a Deus o perdão recebido, principalmente se tínhamos
pecado mortal. Grande fortuna é nos podermos confessar. Recebemos de
novo a vida, ou, pelo menos, um aumento de vida espiritual.
QUESTIONÁRIO
1. Quais são os atos exigidos para a Confissão? 2. A quem é o exame de consciência
obrigatório? 3. Por que devemos procurar as causas de pecados? 4. Por que é necessária
a acusação dos pecados? 5. Como deve ser feita a acusação? 6. Que aconteceria a quem
procurasse iludir o confessor? 7. Como se faz o exame cotidiano de consciência? 8. Sabe
a maneira de se confessar?
C
A contrição é a alma do sacramento da Penitência. De tudo o mais se
pode, às vezes, dispensar — e haver o perdão. É grande o valor da
acusação; mas, em casos urgentes (doença, incapacidade moral, etc), é
dispensável — e se recebe válida e licitamente a absolvição. Ainda maior é
a importância da absolvição, mas, em casos de impossibilidade, sem a
absolvição se consegue a justificação. Mas sem a contrição não é possível
o perdão.
Sua Necessidade
Contrição é o sincero arrependimento de nossos pecados por motivo
sobrenatural e com o propósito de não pecar mais. Não é mera formalidade
exterior, mas deve vir de dentro do coração: Rasgai os vossos corações e
não as vossas vestes (Jl 2, 13). Não basta rezar o ato de contrição; é
preciso sentir o que ele diz.
Devemos arrepender-nos de todos os pecados mortais, sem exceção de
nenhum, porque todos ofendem a Deus e dele nos apartam. Um só pecado
mortal de que a pessoa não se arrepende, basta para anular a confissão.
Se quisermos ser perdoados dos pecados veniais, devemos arrepender-
nos também deles; sem o arrependimento e o propósito de emenda é inútil
acusar-nos deles.
Quando nos arrependemos exclusivamente por amor de Deus, é a
contrição perfeita; mas se nos arrependemos por medo dos castigos de
Deus, é a contrição imperfeita.
Basta a contrição imperfeita para recebermos o perdão sacramental. Mas
isto é apenas o começo da vida cristã perfeita: O temor de Deus é o
princípio da sabedoria (Sl 110 (111), 10) (procurar no Ato de Contrição as
palavras que indicam a contrição perfeita e a imperfeita).
A contrição se baseia em motivos sobrenaturais. Os motivos naturais (a
honra perdida, a saúde arruinada, castigos recebidos, desgostos aos pais,
etc) não bastam, para o perdão dos pecados, mesmo com a absolvição.
Bom Propósito
O propósito de não pecar mais está contido na própria contrição. Não é
possível eu me arrepender de uma coisa e continuar a querê-la. Se não há
propósito, também não há contrição.
Jesus o exigiu da mulher pecadora: Não peques mais (Jo 8, 11). Nós o
exprimimos no Ato de Contrição: prometo firmemente nunca mais pecar.
O propósito deve ser firme: estarmos decididos mesmo a não recair.
Faremos tudo o que estiver em nós para que ele seja eficaz: fugiremos das
ocasiões, recorreremos à oração e aos sacramentos, etc; porque quem
quer os fins, emprega os meios.
Satisfação
Satisfazer é fazer o suficiente (satis facere) para pagar uma dívida física ou
moral. Em religião, é praticar bons atos que sirvam para compensar a
justiça divina das injúrias recebidas pelos pecados.
Perdoados os pecados, ficam ainda as penas que lhe são devidas. Estas
penas ou as pagaremos no purgatório, ou as descontaremos neste mundo,
com orações, esmolas, sacrifícios e outras boas obras.
Para nos ajudar a descontar essas penas, o confessor nos impõe uma
penitência, que varia conforme a situação do penitente.
Quem se confessa tem obrigação de aceitar a penitência imposta pelo
confessor, e deve cumpri-la quanto antes. O melhor é cumpri-la logo depois
da confissão, para completar o sacramento e receber todas as suas
graças.
A penitência faz parte do sacramento e perdoa as penas devidas aos
pecados absolvidos. É por isso muito mais importante do que outras
penitências que fazemos por nossa conta, embora também estas
contribuam para a expiação dos pecados.
É muito recomendável unirmos todos os nossos atos e principalmente os
sofrimentos aos sofrimentos de Cristo, através do Santo Sacrifício da
Missa. Assim tudo em nós adquire um valor imenso, pois aparece diante do
Pai revestido dos merecimentos de Cristo.
A Graça
O pecado mortal destrói a graça santificante que nos foi dada no Batismo,
expulsa de nós o Espírito Santo e nos entrega ao demônio. Deixa a pessoa
em pior situação do que estava antes do Batismo (Mt 12, 45). — É por isso
que a pessoa que cai em pecado mortal, deve ir confessar-se
imediatamente.
Assim como no Batismo, também na Confissão, se víssemos as realidades
espirituais, veríamos, no momento da absolvição, o demônio abandonar a
alma e o Espírito Santo voltar a habitar nela.
Se já estamos em estado de graça, a Confissão aumenta em nós a graça
santificante. É por isso que a Confissão frequente é vantajosa, mesmo às
pessoas que só têm pecados veniais.
Benefícios Espirituais
Além dos efeitos sacramentais, a Confissão nos causa grandes benefícios:
1) Dá-nos paz de consciência. Não há paz para os ímpios (Is 48, 22).
Trazidos de novo à graça divina, gozamos da tranquilidade dos que
amam a Deus.
2) Faz evitar novos pecados, pelas graças que nos dá e o salutar temor
de confessá-los.
3) Facilita a correção, porque impõe a fuga dos perigos e das más
ocasiões.
4) Ensina-nos a virtude, pois é uma verdadeira escola de humildade, de
amor ao próximo, de justiça, etc.
Vantagens Morais
Mesmo do ponto de vista natural, traz a Confissão muitas vantagens:
1) O penitente desafoga o coração ao confessar as suas faltas, sente-
se amparado contra novos assaltos do inimigo, protegido dos
possíveis gestos de desespero, orientado por seguros conselhos.
2) A família se vê protegida pela volta da harmonia, pela força para
carregar as cruzes domésticas, pelo amor que ia sendo desviado para
ligações ilícitas, pelos bens que estavam sendo desperdiçados no
vício.
3) A sociedade se beneficia do respeito aos direitos do próximo, da
moderação das paixões que evita crimes e desordens, da segurança
e tranquilidade entre os homens.
Testemunhos Insuspeitos
São os protestantes os maiores inimigos da Confissão. Vejamos o que
dizem alguns dos mais eminentes:
“A confissão é ótimo remédio às consciências aflitas. (Lutero)”
“A confissão é uma instituição digna da sabedoria divina. (Leibniz)”
“A confissão nunca devia ter sido tirada aos homens. (Goethe)”
Dos muitos ímpios que têm louvado à Confissão, citemos dois:
“Não há instituição mais sábia que a confissão. (Voltaire)”
“A quantas restituições e reparações a confissão obriga! (Rousseau)”
Instituição Divina
Não sabemos quando foi instituída a Extrema-Unção. Mas São Tiago é
muito claro: Está alguém entre vós enfermo? Chame os presbíteros da
Igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor; e a
oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o aliviará; e se estiver em
pecados, ser-lhe-ão perdoados (Tg 5, 14-15). Neste texto encontramos
todos os requisitos de um sacramento:
1) Sinal Sensível: a oração e a unção: orem sobre ele, ungindo-o com
óleo.
2) Produção da Graça: com o perdão dos pecados vem, ao mesmo
tempo, a graça santificante.
3) Instituição Divina: somente Deus pode ligar a produção da graça a
uma causa natural. Donde se vê que, se os Apóstolos agiam assim,
não era por iniciativa deles, mas por ordem expressa de Cristo, o
único que podia fazer uma simples unção produzir o perdão dos
pecados.
Elementos do Sacramento
Quem deve normalmente administrar a Extrema-Unção é o pároco; mas
qualquer padre pode fazê-lo em caso de necessidade.
As unções são feitas com óleo sagrado pelo Bispo na Quinta-feira Santa.
Ao fazer a unção sobre cada um dos 5 sentidos, o padre diz: Por esta
santa unção e sua piíssima misericórdia o Senhor te perdoe tudo o que
pecaste pela vista (e vai designando os sentidos à medida que os unge).
A Extrema-Unção só é administrada às pessoas gravemente enfermas e
que já têm uso de razão. É grande caridade nossa providenciar para que
elas recebam este sacramento. Os que não chamam o sacerdote para
seus doentes, agem com eles como o pior inimigo, e cometem uma falta
grave.
Podemos formular três hipóteses para os nossos doentes:
1) São ímpios, e não é possível que os queiramos deixar morrer na
impiedade.
2) São negligentes, e, avisados em tempo, irão pôr em ordem as contas
que não tardam a prestar.
3) São piedosos, e receberão com alegria a graça do sacramento que
os prepara para o encontro definitivo com Aquele a quem amaram e
serviram. De qualquer modo, devemos receber em tempo a Extrema-
Unção.
A Extrema-Unção pode ser repetida nos seguintes casos: — em outra
moléstia; — na mesma moléstia, se o perigo de morte tinha cessado, mas
voltou; — ainda na mesma moléstia, se ela se prolonga e se duvida se o
perigo de morte tenha desaparecido — e neste caso é muito conforme às
praxes antigas da Igreja repetir o sacramento.
Mas não se pode repetir na mesma enfermidade, mesmo longa, se o
perigo de morte perdura.
Efeitos
A Extrema-Unção tem por fim preparar a alma para entrar no céu sem
demora, logo que deixe esta vida. Para isto ela produz os seguintes efeitos:
1) Aumenta a graça santificante.
2) Perdoa os pecados, mesmo os mortais, se a pessoa não os pôde
confessar.
3) Perdoa as penas devidas aos pecados.
4) Alivia o doente dos sofrimentos e ansiedades de consciência, dando-
lhe forças para a batalha final.
5) Ajuda a recobrar a saúde, quando isto convém à glória de Deus e à
salvação do enfermo.[67]
Um Péssimo Costume
A Igreja manda administrar a Extrema-Unção quando o doente está em
perigo de morte e não em artigo de morte.
O detestável costume anticristão, infelizmente ainda hoje seguido, de
esperar a última hora, vem de grosseiras superstições e de profunda
ignorância dos benéficos efeitos da Extrema-Unção, como poderemos
ainda observar.
Não valem os pretextos:
1) O doente vai se espantar. É possível. Mas, em compensação, os
efeitos do sacramento lhe levantarão as forças, para aceitar a vontade
de Deus.
2) Vai se apressar a morte. Isto é ímpio. É uma injúria ao sacramento.
Mas, mesmo que fosse verdade, é melhor viver uns momentos menos
e assegurar a salvação eterna, do que viver algum tempo mais e
privar-se dos benefícios eternos.
3) O médico não acha prudente. Porque o seu médico é um ímpio, um
mau católico, ou um veterinário que trata o seu enfermo como um
simples animal, sem se preocupar com a salvação da alma! Outra
coisa diria se fosse um homem de fé, como os católicos devem
sempre preferir.
Morte e Sepultura
Além da Extrema-Unção, o Viático e a Missa pelos enfermos, tem a Igreja
outros auxílios para seus filhos enfermos.[68]
A sepultura eclesiástica consta de Encomendação, Missa e Ofício. Aos que
morrem cristãmente a Igreja manda cercar de sinais de religião, que
exprimem a fé na imortalidade e na ressurreição: Crucifixo, velas acesas,
água benta.
Os pagãos e hereges, como também os pecadores públicos (casados só
civilmente, concubinários, etc) não podem ter encomendação nem Missa,
pois ou não pertencem à Igreja ou renunciaram a seus benefícios, com o
desrespeito público a suas leis.
Para Viver a Doutrina
Devemos ter uma grande estima à Extrema-Unção, em vista dos seus
maravilhosos efeitos. Ela é o mais precioso auxílio que nos dá a Igreja, na
hora em que se decide a nossa eternidade.
Há pessoas que lançam mãos de meios ilícitos para aliviar seus doentes
(espiritismo, benzedores), mas temem a Extrema-Unção, cujos efeitos são
precisamente o conforto do espírito e o alívio do corpo. Ó! Como estão
longe do espírito cristão! O Jesus que deu aos Apóstolos o poder de curar
os enfermos (ver Mt 10, 8) e realizou tantas outras curas (ver as curas nos
Evangelhos) é ainda e sempre o mesmo. A Ele é que devemos ir, para
dizer-lhe como as irmãs de Lázaro: Senhor, aquele a quem amas está
doente (Jo 11, 3).
Quando adoecermos, não deixemos a nossos parentes o cuidado de pedir
sacramentos para nós. Peçamos nós mesmos, e não aceitemos desculpas
para retardá-los. O célebre Cardeal Mercier pediu a Extrema-Unção.
Disseram-lhe que ainda podia esperar mais. Ele respondeu: Eu sempre
desejei receber a Extrema-Unção quando pudesse e não quando
devesse.
Chamemos o sacerdote para os nossos doentes, assim que eles piorem. É
nossa obrigação de caridade.
Recebendo a Extrema-Unção em tempo, plenamente conscientes,
podemos preparar-nos com devoção. E faremos assim a melhor
preparação para uma santa morte.
Santa Teresinha moribunda dizia: Se soubésseis quanto os moribundos
padecem, como rezaríeis por eles! Tomemos por hábito rezar diariamente
pelos que estão em agonia e hoje mesmo têm de morrer. Principalmente
na Santa Missa.
Assistamos às Missas de defuntos como cristãos, comungando nelas e
rezando pelo morto, e não somente como uma pragmática social.
QUESTIONÁRIO
1. Quando foi instituída a Extrema-Unção? 2. Como se prova a sua instituição divina? 3.
Qual é a matéria e qual a forma deste sacramento? 4. Qual é o ministro ordinário? 5.
Quem pode recebê-la validamente? 6. É pecado deixar a Extrema-Unção para a hora da
morte? 7. Quando se pode repetir a Extrema-Unção? 8. Qual o efeito deste sacramento?
9. E quanto ao corpo? 10. Como, então, morrem as pessoas ungidas? 11. Que dizer do
costume de ungir os enfermos à última hora? 12. Que outros cuidados tem a Igreja para
os doentes e moribundos?
AL E -U
Mãe carinhosa, desvela-se a Santa Madre Igreja em súplicas de conforto
espiritual e corporal pelos seus filhos doentes. A saúde do corpo e a da
alma estão igualmente cuidadas nessas orações tão lindas, que os
enfermos seriam os primeiros a querê-las rezadas por si, se as
conhecessem. A doutrina da Extrema-Unção está contida na sua
administração, pois a Liturgia é uma Teologia que se estuda de joelhos.
Preparativos
Arranja-se decentemente o quarto do doente. Prepara-se uma mesa,
coberta com uma toalha branca. Um Crucifixo, ladeado por duas velas de
cera. Um prato com seis ou mais flocos de algodão, para o sacerdote
limpar as unções feitas no enfermo. Água benta. Ponha-se ao lado uma
bacia com água e sabão, uma toalha limpa, para o padre lavar as mãos.
Tudo dever ser disposto antes que o padre chegue.
Ao entrar no aposento do enfermo, o sacerdote diz:
Paz a esta casa. Pax huie domui.
R. E a todos os seus habitantes. R. Et omnibus habitantibus in ea.
Dá o crucifixo a beijar ao enfermo. Depois, jogando água benta no
enfermo, nas demais pessoas e no aposento, diz:
Aspergi-me, Senhor, com hissopo e Asperges me, Domine, hyssopo, et
tornar-me-ei puro; lavai-me e serei mundabor; lavabis me, et super
mais branco do que a neve. nivem dealbabor.
Salmo. Tende piedade de mim, Psalmus. Miserere mei Deus
segundo a vossa grande secundum magnam misericordiam
misericórdia. tuam.
Glória..., etc. Gloria Patri...
Aspergi... Asperges me...
Vejam que começa o cuidado de purificar a alma do enfermo. Iremos
grifando as palavras que indicam os efeitos do sacramento.
Orações Preliminares
Iniciando o rito sacramental propriamente dito, com três orações em que
pede a Jesus que abençoe a casa, derramando sobre ela seus divinos
favores (primeira), convida os assistentes a rezarem para que se afastem
os poderes infernais e todos sejam protegidos contra os perigos da alma e
do corpo (segunda) e suplica a Deus que mande o seu santo anjo guardar
todos os que habitam naquela casa (terceira). Assim vemos que as
bênçãos da Extrema-Unção não se limitam ao enfermo: estendem-se a
toda a família.
As Unções
Terminadas estas orações, reza-se o Confiteor, em latim ou português. O
sacerdote dá uma absolvição.
E com a mão direita estendida sobre a cabeça do enfermo, prossegue,
afastando o influxo do demônio, pela invocação de Nossa Senhora e dos
Santos.
E passa a fazer as unções, com o polegar direito molhado no Óleo Santo,
em forma de Cruz, em cada uma das partes a ungir, dizendo ao mesmo
tempo a fórmula. A unção dos pés se pode omitir por motivo razoável.
Orações Finais
Seguem três outras orações.
Na primeira recorda as palavras de São Tiago e pede mais uma vez a
saúde e a cura da alma e do corpo, o perdão dos pecados, a cessação das
angústias e dores.
Na segunda suplica a misericórdia de Deus para o doente, cujo nome
pronuncia, e que ele se emende pelo castigo da enfermidade.
Na terceira insiste particularmente sobre a saúde corporal, mostrando que
a Igreja se interessa maternalmente pelos seus filhos e como é vantajoso,
mesmo para a saúde, receber em tempo a Extrema-Unção.
Últimas Admoestações
Terminada a cerimônia, o Ritual diz que o sacerdote pode fazer ao enfermo
umas breves admoestações para fortalecê-lo ainda mais contra as
tentações do demônio e dispô-lo a bem morrer, se for esta a divina
vontade. Recomenda também que fique água benta no quarto e a imagem
de Cristo crucificado, para que o enfermo o possa olhar, piedosamente
abraçar e beijar — o que tanto contribui para despertar sentimentos de
devoção e amor a Deus, inspirando, ao mesmo tempo, contrição e
confiança, além de muita conformidade e paz de espírito.
Para Viver a Doutrina
Como a Liturgia é rica de doutrina e sentimentos! A Liturgia é a expressão
oficial dos sentimentos da Igreja. A norma de um bom católico sendo sentir
com a Igreja, não podemos perder de vista o que a Igreja sente e exprime
pela Liturgia. Temos mais uma prova na liturgia da Extrema-Unção.
Vendo que há outros cristãos que não aceitam o sacramento da Extrema-
Unção, sentimo-nos particularmente felizes em ser católicos. Temos este
preciosíssimo socorro ao termo da nossa vida. Demos graças a Deus!
A divulgação da liturgia da Extrema-Unção será um excelente modo de
torná-la conhecida e amada. Aí se encontra a doutrina, cheia de carinho
materno, na forma consoladora de oração. Com isto modificaríamos, sem
dúvida, as atitudes de certas famílias, corrigindo a desedificação e
ensinando a boa norma de assistir a este sacramento.
Boa preparação será a leitura e a meditação destas consoladoras orações
com os nossos doentes. Já ninguém temeria receber o sacramento em que
tanto se pede conforto para o espírito e saúde para o corpo. Então, os
doentes o receberiam em tempo de produzir normalmente os seus efeitos.
QUESTIONÁRIO
1. Como se prepara o quarto de um doente para a Extrema-Unção? 2. Quantas são as
unções? 3. Por que quase nunca os padres fazem as admoestações finais aos nossos
enfermos? 4. Que achou mais tocante nesta liturgia? 5. Serão conhecidas do nosso povo
estas cerimônias? 6. Acha que a divulgação melhoraria os sentimentos gerais a respeito
da Extrema-Unção?
C 8–O M C
AO
Os cinco primeiros sacramentos consideram o homem como indivíduo; os
dois últimos — ordem e matrimônio — consideram o homem como parte da
sociedade, e foram instituídos para santificar as duas principais funções
sociais a que o homem pode ser chamado — função de ministro de Cristo
e de propagador do gênero humano. Mas a dignidade e excelência da
Ordem sobre o Matrimônio se podem ver, desde logo, considerando que a
paternidade é possível sem o sacramento (só com o contrato natural),
enquanto que a Ordem é necessária para dar à Igreja ministros capazes de
ser intermediários entre o homem e Deus. E principalmente considerando a
natureza do ministério sacerdotal.
A Instituição Divina
No Antigo Testamento, as funções sacerdotais eram reservadas aos
descendentes de Arão, ficando as demais funções do culto entregues aos
levitas (pertencentes à tribo de Levi).
No Novo Testamento, Jesus Cristo aboliu os privilégios de nascimento. Na
quinta-feira santa, depois de instituir a Eucaristia, Jesus Cristo disse aos
Apóstolos: Fazei isto em memória de mim (Lc 22, 19). Por estas palavras
instituiu o sacramento da Ordem.
A eles foram cometidos outros poderes, como batizar (Mt 18, 19), perdoar
pecados (Jo 20, 23), pregar o Evangelho (Mc 16, 15).
Os Apóstolos transmitiram o poder que receberam de Jesus Cristo, por
meio da imposição das mãos. Assim São Paulo escreveu a Timóteo: Não
negligencies a graça que está em ti e que te foi dada... pela imposição
das mãos do presbitério (1Tm 4, 14).
Elementos do Sacramento
Quem administra o sacramento da Ordem é o Bispo.
Juntamente com a imposição das mãos o Bispo faz ao candidato a entrega
dos instrumentos próprios de cada ordem, dizendo ao mesmo tempo as
palavras da forma.
Para receber ordens sagradas é necessário que o candidato seja batizado
e crismado, esteja em estado de graça, tenha a intenção de se ordenar,
costumes dignos, idade exigida e que tenha vocação.[69]
Efeitos
A Ordem produz um aumento de graça santificante e as graças
necessárias para exercer santamente as funções sagradas.
Imprime na alma um caráter que torna a pessoa em condições de exercer
as mesmas funções de Cristo.[70]
O caráter é o primeiro e o mais importante efeito do Sacramento da Ordem.
É o caráter que dá ao padre poder sobre o Corpo Real e o Corpo Místico
de Cristo.
Grandeza do Sacerdócio
Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens (ver 1Tm 2, 5).
Foi pelo seu sacrifício que os homens se reconciliaram com Deus. Ele é o
nosso advogado junto do Pai (1Jo 2, 1).
Mas como a natureza humana precisa de um sacerdócio visível, Cristo
instituiu o Sacramento da Ordem e exerce o seu ministério por meio dos
sacerdotes, que são os seus legítimos representantes, verdadeiros
embaixadores de Cristo (2Cor 5, 20) e dispensadores dos mistérios de
Deus (1Cor 4, 4).
Por isto, os atos sacerdotais não dependem das qualidades e virtudes do
padre, mas valem por si mesmos, como se fossem praticados pelo próprio
Cristo, que o padre apenas representa.
Daí, a imensa dignidade sacerdotal. O padre continua entre nós a fazer o
que Cristo fez pela redenção dos homens. É, portanto, muito feliz a
conhecida frase: O sacerdote é um outro Cristo.
Para Viver a Doutrina
A doutrina do sacerdócio me ensina, antes de tudo, a ter um grande
respeito aos sacerdotes. A qualquer sacerdote. Não por motivos pessoais
(é amigo, fala bem, é culto, é delicado, etc), mas por seu caráter
sacerdotal. Respeito à sua missão, à sua pessoa sagrada, ao ungido do
Senhor.
Mesmo que não seja um bom padre, deve ser respeitado. É sempre o
representante de Jesus Cristo. Qualquer injúria feita a ele, seria ofensa
feita àquele a quem ele representa.
Fazem os inimigos da Igreja uma campanha diabólica contra os padres.
Caluniam. Exageram as faltas. Atribuem a todos as faltas que um e outro
comete. Afastam dos sacerdotes o povo por meio de superstições (os
padres dão azar, causam desastres, etc). É que os inimigos sabem que,
enfraquecendo a ação dos padres, enfraquecem à Igreja; e, se fosse
possível arruiná-los por completo, conseguiriam destruir também a Igreja.
Um católico deve tratar sempre bem um sacerdote, mesmo desconhecido.
Dar-lhe mostras de acatamento e gentileza. Defender sempre o clero,
confundir os seus acusadores.[71] Lembremo-nos da palavra de São
Francisco de Assis: Se eu encontrasse um padre e um anjo, saudaria
primeiro o padre (ver como se trata o padre na sua cidade).
As vocações sacerdotais no Brasil são muito poucas. É o fruto dos
costumes paganizados. Rezar pelas vocações. Rogai, pois, ao Senhor da
messe que mande operários à sua messe (Mt 9, 38).
Ou, então, só aparecem entre os pobres que não têm meios de manter-se
nos seminários. Eu devo, por isso, ajudar as vocações, materialmente, à
medida de minhas posses.
QUESTIONÁRIO
1. A quem pertencia o sacerdócio na Lei Antiga? 2. Como fez Cristo no Novo Testamento?
3. Quando instituiu a Ordem? 4. Que poderes foram dados aos Apóstolos? 5. Como os
Apóstolos ordenaram padres? 6. Qual a matéria e a forma deste sacramento? 7. E o
ministro? 8. Quem pode receber validamente a Ordem? 9. Quais são os efeitos da
Ordem? 10. Explique qual é o caráter da Ordem. 11. Por que precisa ser visível o
sacerdócio católico? 12. Quais os nossos deveres para com os sacerdotes? 13. Como os
inimigos movem campanha contra o clero? 14. Que diz São Francisco do respeito aos
padres? 15. Que pode você fazer pelas vocações sacerdotais?
L O
A Liturgia da Ordem se encontra no Pontifical, e não no Ritual, porque é
função do Bispo, e não do simples sacerdote. É muito rica e grande,
estendendo-se desde a Tonsura até ao Episcopado. Seu estudo servirá
para fazermos ideia da elevação e dignidade deste sacramento.
Não teremos aqui lugar para um resumo histórico da Liturgia da Ordem,
nem como fizemos nas outras lições. Vamos dar somente a liturgia atual,
isto mesmo em resumo, e sem fórmulas.
Hierarquia da Ordem
O Sacramento da Ordem é um só, mas os seus poderes são conferidos
parceladamente. Assim a Hierarquia eclesiástica é constituída por ministros
do culto, em graus diversos.
A Hierarquia de Ordem está assim constituída:
Sacerdócio
Ordens Presbiterato
Diaconato
Maiores Episcopado
Subdiaconato
Hierarquia
de Ordem Ostiariato
Ordens Leitorato
Menores Exorcistato
Acolitato
A Tonsura é apenas a introdução na vida clerical e uma preparação para
as ordens. Mas não é ordem.
Estas várias ordens são como degraus da escada que leva ao sacerdócio.
Cada uma dá uma função com referência à celebração da Santa Missa.
Essas funções vão desde abrir a igreja até ordenar o padre que celebra a
Missa. As ordens que conferem funções no próprio altar chamam-se
ordens maiores; as que dão funções apenas preparatórias e subalternas
chamam-se ordens menores.
Os Ritos
I — TONSURA
O Bispo corta o cabelo do candidato nas quatro extremidades da cabeça,
em forma de cruz, e depois, no alto da cabeça. Com isto indica que ele
renuncia a tudo o que é supérfluo e vaidoso neste mundo, para melhor se
dedicar ao serviço de Deus.
O candidato deixa de ser leigo (simples fiel) e passa a ser clérigo (membro
do clero), iniciado no estado eclesiástico.
II — AS ORDENS MENORES
Ostiário quer dizer: porteiro. A Igreja quer todas as funções religiosas
exercidas por pessoas consagradas ao culto.[72] O Bispo lhe entrega as
chaves da igreja. Ele vai à porta do templo fechá-la e abri-la, tocando os
sinos em seguida. É o mais longínquo passo para a celebração da Santa
Missa.
O LEITOR tem como ofício ler publicamente nas funções litúrgicas, a
Sagrada Escritura. Deve catequisar o povo nas coisas da fé. O Bispo lhe
entrega o livro das lições.
O EXORCISTA recebe o poder de expulsar o demônio, colocar bem os fiéis
para a Comunhão, preparar a água para ser benzida nas vigílias da
Páscoa e Pentecostes. Na ordenação o Bispo entrega ao ordenando o livro
dos exorcismos.
O ACÓLITO exerce a mais importante das ordens menores. Suas funções
são já bem próximas do altar do Sacrifício. Cabe-lhe acender as velas,
conduzir os candelabros e preparar o pão e a água para a Sagrada
Eucaristia. Por isto, na ordenação, o acólito recebe as galhetas[73] vazias e
uma vela apagada.
III — AS ORDENS SACRAS
Subdiaconato
O Subdiaconato foi considerado Ordem Maior, porque o seu ministério se
exerce no altar, embora não sirva diretamente ao celebrante, mas ao
diácono (daí o nome de subdiácono).
Os poderes do subdiácono são:
1) Levar a água para o Sacrifício e deitá-la no cálice.
2) Ajudar ao diácono no altar, levando-lhe o cálice e a patena.
3) Lavar palas e corporais.
4) Ler a Epístola na Missa cantada.
É nesta ordenação que o candidato faz o voto de castidade, abraçando
definitivamente o celibato, e contrai a obrigação, também perpétua, de
rezar diariamente o Breviário, a oração oficial do louvor que a Igreja levanta
incessantemente a Deus.
A cerimônia do voto de castidade é muito sugestiva. Os candidatos se
apresentam de alva e cíngulo, o manípulo na mão esquerda, a tunicela
sobre o braço esquerdo e uma vela na não direita. De pé ouvem uma
admoestação do Bispo dizendo-lhes que considerem bem o que vão
fazer, porque ainda são livres de voltar para a vida secular; mas, se
receberem esta Ordem, não poderão mais recuar, devendo consagrar-
se perpetuamente ao serviço de Deus e guardar para sempre castidade
perfeita. Pensem, enquanto é tempo; mas, se estão neste santo propósito,
se aproximem. Então, os candidatos dão um passo em frente — e com
este passo definitivo está feito o voto e assumido o compromisso que ele
encerra.
O Bispo entrega-lhe o cálice vazio com patena e as galhetas com vinho e
água, revestindo a cada um com a tunicela, entregando-lhes, por fim, o
Epistolário, com o poder de ler solenemente as Epístolas.
Diaconato
Antigamente os diáconos exerciam papel importante na Igreja. Servem à
mesa, pregam e batizam, como Estevão (ver At 6, 8-10) e Filipe (At 8, 38).
Mais tarde, eram mandados às paróquias rurais, onde também
administravam a Eucaristia.
Os poderes são:
1) Assistir diretamente o celebrante na Missa, oferecendo com ele o
cálice no Ofertório.
2) Batizar (ministro extraordinário).
3) Pregar.
4) Ler solenemente o Evangelho da Igreja.
5) Dar a Comunhão.
6) Despedir os fiéis da Missa (cantando o Ite, Missa est).
O Bispo estende a mão direita sobre a cabeça do candidato, dizendo:
Recebei o Espírito Santo, para ter força e resistir ao diabo e às suas
tentações, em nome do Senhor. Entrega-lhe o livro dos Evangelhos, e o
reveste dos paramentos litúrgicos.
Presbiterato
Dificilmente daremos, em resumo, ideia cabal da solenidade e grandeza da
liturgia do presbiterato, principalmente da beleza de suas orações e
admoestações em que aparece a excelência do sacerdócio e a
santidade dos que o recebem e exercem. O rito do presbiterato é muito
mais solene que todos os anteriores.
O Bispo impõe as mãos sobre a cabeça de cada ordenando, fazendo o
mesmo todos os sacerdotes presentes, conservando a mão direita
estendida sobre os candidatos. Depois lhe põe a estola ao pescoço, e lhe
impõe a casula, veste sacerdotal por excelência, e lhe unge as mãos com
óleo sagrado (dos catecúmenos), como se ungiam outrora os sacerdotes,
profetas e reis. É com essas mãos ungidas e consagradas que o padre vai
benzer, consagrar e santificar as coisas.
Dá-lhe o poder de celebrar Missa, entregando-lhe o cálice e a patena com
a hóstia, dizendo: Recebe o poder de oferecer sacrifício a Deus e
celebrar Missas, tanto pelos vivos como pelos defuntos.
Segue-se nova imposição de mãos, feita agora só pelo Bispo, que diz:
Recebei o Espírito Santo; a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão
perdoados, e a quem retiverdes, serão retidos. E com isto lhe dá o
poder de perdoar os pecados, assim como Jesus Cristo deu aos Apóstolos
(ver Jo 20, 23).
Episcopado
O episcopado não é uma nova ordem, mas a plenitude do sacerdócio.
Confere o poder de ordenar sacerdotes e de confirmar. Por isto, o Bispo é
o ministro ordinário destes sacramentos.
Para a sagração de um Bispo são necessários três Bispos — um que oficia
e dois que auxiliam (consagrantes). Na sagração, o Bispo recebe o báculo,
símbolo do governo pastoral; o anel, símbolo do desposório com a Igreja; a
mitra; as luvas, símbolo das boas obras, que a Igreja espera das suas
mãos; o livro dos Evangelhos, representando o poder de ensinar naquele
que entra para a Igreja docente. Mas o rito essencial é a imposição das
mãos, feita pelos três Bispos.
Hierarquia e Jurisdição
A ordenação confere o poder. Mas não dá autorização para exercer esse
poder. Isto pertence à Hierarquia de Jurisdição, que consta do Papa e dos
Bispos.
Todo o poder conferido à Igreja está entregue ao Papa. Mas, embora tenha
poder sobre todos os católicos do mundo, não os pode governar por si
mesmo. Nomeados pelo Papa, os Bispos recebem autoridade para
governar uma porção da Igreja.
Os Bispos delegam jurisdição aos párocos. E autorizam os sacerdotes a
exercer as suas ordens na diocese.[74]
Indissolubilidade
Desde a sua instituição, o matrimônio foi sempre indissolúvel. O casamento
consumado só pode ser desfeito pela morte. Cristo ensinou que os
casados não se podem separar para casar com outrem (Mt 5, 31-32), pois
o que Deus uniu, o homem não separe (Mt 19, 6).
Eis porque a Igreja sempre condenou o divórcio e há de condená-lo até à
consumação dos séculos. A própria razão, reforçada pela experiência, nos
diz que o divórcio:
1) Rebaixa a dignidade do matrimônio.
2) Prejudica os filhos.
3) Dissolve a família que fica à mercê das paixões e dos caprichos,
abalando assim os próprios alicerces da sociedade.
Mas e os casamentos infelizes? É sempre a pergunta. Nesses casos, a
Igreja permite a separação dos cônjuges, mas não o divórcio.
Quando, pois, os governos civis adotam o divórcio, é claro que isto nenhum
valor tem, porque o homem está separando o que Deus uniu.
Os casos de desquite seguem a mesma regra do casamento civil: só tem
valor como regulamentação de bens — coisa meramente civil, sem
nenhuma importância religiosa.
Fins
O matrimônio foi instituído por Deus, primeiramente para geração e
educação dos filhos. Para geração: está na Bíblia: Crescei e multiplicai-
vos. Para educação porque o homem precisa da boa educação para se
salvar; logo, o matrimônio tem também como fim primário educar os filhos.
Os fins secundários do matrimônio são:
1) O amor mútuo e a vida comum. Deus mesmo disse: Não é bom que o
homem esteja só: façamos-lhe um auxiliar semelhante a ele (Gn 2,
18).[75]
2) Um remédio à concupiscência.[76]
Efeitos
São estes os efeitos do matrimônio:
1) Une os cônjuges por um vínculo perpétuo.
2) Aumenta a graça santificante.
3) Confere as graças necessárias ao bom cumprimento dos deveres da
vida de casados.
Deveres
O primeiro dever dos esposos é respeitar as leis do matrimônio, para
viverem em estado de graça, santificando-se mutuamente e sem se
criarem dificuldades espirituais.
Os esposos são obrigados a guardar mútua e inviolável fidelidade. Este
dever obriga tanto à mulher como ao homem.
Os esposos têm o dever de se amar reciprocamente, pois o amor é o
fundamento da união conjugal: Maridos, amai a vossas esposas como
Cristo amou a sua Igreja (Ef 5, 25).
O marido é o chefe da família. Por isso, a mulher deve-lhe respeito e
obediência — não como serva, mas como companheira.[77]
Grave dever é a geração dos filhos. Para isto se casam. É o fim primário do
casamento. É dever dos esposos cristãos aceitar como presente do céu
todos os filhos que Deus lhes quiser dar. E constitui verdadeira
abominação a prática de evitar filhos.
Para Viver a Doutrina
O casamento é uno e indissolúvel. Pensem nisto os que o pretendem.
Preparem-se para as dificuldades que irão encontrar. O divórcio nunca é
permitido. A separação traz sempre perigos. O estado matrimonial exige
muita virtude dos cônjuges. E requer muito cuidadosa preparação.
Os católicos aceitam o casamento civil não como verdadeiro casamento,
mas como garantia legal de direitos perante o Estado. A Igreja aconselha
aos fiéis o respeito às leis civis, como coisa puramente civil. Mas considera
amasiados os que são casados somente no civil.
Na luta do mundo moderno contra o matrimônio, os fins são
particularmente visados. Não querem filhos; não procuram ajudar-se
mutuamente; não fazem caso de um amor puro e elevado, mas se
entregam às paixões. Daí tanta infelicidade nos casamentos. O desprezo
das leis de Deus atrai castigo (ver na Casti Conubii os ataques ao
casamento cristão e os remédios).
Sacramento de vivos, os que vão receber devem estar em estado de
graça. Quem está em pecado mortal tem obrigação de confessar-se. A boa
preparação próxima aumenta as graças recebidas. Então, mesmo os que
estão na graça divina, confessando-se e comungando, alcançam melhores
frutos do matrimônio. Por isto a Liturgia quer que o casamento seja feito na
Missa e os nubentes comunguem.
É preciso que todos os cristãos vejam sempre no casamento um ato santo
— um sacramento. E o respeitem como tal. Jesus Cristo fez do matrimônio
um sacramento para ajudar os casados a se salvarem.
QUESTIONÁRIO
1. Por quem foi instituído o matrimônio? 2. Quando Nosso Senhor instituiu o sacramento
do matrimônio? 3. Qual é o ministro do matrimônio? 4. Qual o papel do sacerdote no
matrimônio? 5. Que é necessário para ser válido o contrato matrimonial? 6. Que se
entende por unidade do matrimônio? 7. Em que consiste a indissolubilidade? 8. Pode a
Igreja aceitar o divórcio? 9. Como resolver os casamentos infelizes? 10. Qual a atitude de
um católico se o governo civil adota o divórcio? 11. Qual é o fim primário do casamento?
12. Quais os efeitos do sacramento do matrimônio? 13. Quais os deveres dos cônjuges?
E F V
Um olhar em torno de nós mostrará como vai sendo encarado o matrimônio
pelos próprios católicos em nossos dias. Uma tristeza! Ignoram a doutrina
da Igreja e se deixam levar pelos erros que os inimigos de Deus espalham.
Atiram-se para o casamento com uma incrível leviandade, sem nenhuma
preparação espiritual, e, como consequência, vão encontrar dissabores e
infelicidades no lar, que fundaram, muitas vezes, sobre um alicerce de
pecados.
Bem diversa seria a situação, se fossem respeitadas as sábias e prudentes
determinações da Igreja. Convém muito conhecê-las.
Preparação Remota
Somos cristãos — e nunca podemos perder de vista a nossa dignidade
sobrenatural![78] Temos de procurar primeiro o reino de Deus, e todas as
outras coisas nos serão dadas por acréscimo (Mt 6, 33). Este grande
princípio é que nos há de dirigir em tudo. Qualquer que seja o nosso
gênero de vida, temos de fazer a vontade de Deus, e o Apóstolo diz que a
vontade de Deus é que nos santifiquemos (1Ts 4, 3).
A melhor preparação remota para o casamento é uma boa vida cristã. A
fundação de um lar exige muito devotamento, muita luta pela educação dos
filhos. E tudo isto só é possível aos que se educam nos bons princípios e
na prática da piedade.
A vida conjugal é uma vida comum, por sua natureza. Os que vivem bem
no lar a que pertencem hoje, preparam-se para ser felizes no que fundarem
amanhã. Assim os bons filhos, bons irmãos, acostumados a suportar com
paciência as dificuldades alheias, têm as melhores probabilidades para
uma boa vida comum. O contrário também é verdade (ver os livros de Rute
e Tobias, no Antigo Testamento).
Preparação Próxima
Chegados à idade em que é possível casar-se, os que pretendem o
matrimônio devem, antes de tudo, saber se têm vocação. Pesar os deveres
e as responsabilidades de uma família; encarar com seriedade o estado de
vida em que duas pessoas se unem para sempre; pensar que o casamento
não é a festa do dia de núpcias, mas toda uma vida, onde as dificuldades
são muito numerosas; saber se as suas qualidades de saúde e de caráter
são compatíveis com o estado matrimonial.
Em seguida, vem a reta intenção. É necessário saber por que motivos
querem se casar. A principal ponderação é a salvação eterna. Qualquer
consideração deve passar para segundo plano, quando se trata da
salvação da alma. Todas as considerações humanas, que também devem
ser pesadas, nada valerão em face disso. A suprema preocupação é saber
se o casamento vai trazer facilidade ou dificuldade para a salvação eterna.
E resolver-se-á à luz deste critério.
Para isto ter sempre em vista os fins do matrimônio: gerar e educar filhos,
auxiliar-se mutuamente na vida comum, conter as paixões pelos castos
prazeres conjugais. Ter filhos é o fim principal do matrimônio. Não pode
nunca ser afastado das intenções de quem vai se casar.[79]
Como se vê destes rápidos princípios, é sumamente importante orientar-se
pela grandeza do matrimônio. É um passo definitivo, e não atitude leviana.
É um sacramento — uma coisa santa e santificadora — que exige séria
preparação espiritual.
A Escolha
A primeira condição para uma boa escolha é ainda aquela de São Paulo:
case com quem quiser, contanto que seja no Senhor (1Cor 7, 39), isto é,
contanto que seja com um católico. Somente assim é possível ver no
matrimônio um meio de salvação, uma facilidade para a salvação. E não se
contentem com uma religião de nome, mas exijam sempre uma vida de
piedade: católicos piedosos. Eis o ideal.
Uma escolha prudente requer sempre a virtude. Booz casou com Rute por
causa de suas qualidades morais (Rt 4). Ai de quem buscas suas
preferências nas riquezas, na formosura, na posição social ou noutros
dotes naturais, que cedo o tempo desfaz! Estes dons não são desprezíveis,
mas não podem ser os principais.
As grandes diferenças (de idade, condição social, educação, bens
materiais, etc) perturbam quase sempre o bom entendimento do casal,
porque raramente permitem a desejada união espiritual.
Os jovens, antes de tudo, rezem a Deus e consultem os pais e o confessor.
Mesmo porque, sem isto, os namoros levam, geralmente, a não pequenos
perigos para a salvação das almas, para os bons costumes e a honra das
famílias.
O namoro só é lícito entre pessoas que podem e querem casar-se e
quando feito em condições condizentes com a santidade do sacramento
em que deve culminar. Sem a intenção de casamento e os requisitos de
pureza e seriedade, é pecado e fonte de numerosos pecados.
Namorados e noivos têm o direito e mesmo o dever de frequentar-se, para
se conhecerem. Amanhã viverão definitivamente unidos, e precisam saber
se esta união lhes proporcionará felicidade. Namoro e noivado têm por
finalidade preparar um lar feliz. Como preparação para uma coisa santa
(um sacramento), eles devem ser santos, levados na santidade, na graça
de Deus, na oração e na frequência dos sacramentos. Ai dos que não
agirem assim!
Impedimentos
Com o fito de defender a dignidade do matrimônio, de garantir a sua
validade, de proteger o bem espiritual e mesmo natural dos esposos e dos
filhos, a Igreja estabeleceu alguns impedimentos, que anulam ou tornam o
casamento ilícito.
I — OS QUE ANULAM
Quem casasse, estando com um impedimento desses, na realidade, não
ficaria casado. Vejamos alguns destes impedimentos.
1) Idade. A Igreja determinou a idade de 14 anos feitos para a mulher e
16 feitos para o homem. — Entre nós, porque o direito civil exige 16
anos para a mulher e 18 para o homem, a Igreja dificulta o casamento
religioso aos que não têm a idade requerida pela lei civil.
2) Vínculo. Uma pessoa casada é inábil para contrair novas núpcias.
3) Voto. O voto solene de castidade (ver no livro Caminho da Vida).
4) Ordens Sagradas. Na Igreja Romana as ordens sacras são o
subdiaconato, o diaconato e o presbiterato.
5) Parentesco ou Consanguinidade. Todo parentesco em linha reta
(avô, pai, filho, neto, etc) é dirimente. Mas em linha colateral só é
dirimente até 3º grau inclusive, isto é: irmãos, tios, tios-avós, primos
primeiros e primos segundos[80].
6) Afinidade. É o parentesco que um dos cônjuges adquire com os
parentes do outro. Em linha reta, a afinidade é sempre dirimente. Em
linha lateral, até ao 2º grau inclusive.
7) Disparidade de Culto. Entre um católico e um pagão (judeu,
maometano, etc).
II — OS QUE TORNAM ILÍCITO
Os impedimentos que não tornam o matrimônio nulo, mas simplesmente
ilícito, são dois:
1) Voto simples de castidade.
2) Mista religião. Não é a mesma coisa que disparidade de culto. Lá é
entre um pagão e um cristão. Aqui são dois cristãos, porém um
católico e outro herege ou cismático. Embora aqui o casamento seja
válido, é gravemente pecaminoso e de desastrosas consequências.
Dispensas
Há certos impedimentos de ordem divina e natural dos quais ninguém pode
dispensar. Nem o Papa.
De todos os outros impedimentos criados pela Igreja, o Papa pode
dispensar, porque o legislador fica sempre superior à lei.
Anulações
Pelo que acabamos de ver, há casamentos aparentemente válidos, mas na
realidade nulos. Isto, no entanto, não pode ser resolvido pelos
interessados, mas sim pelo julgamento da Igreja, que tem para este fim os
seus tribunais, do mesmo modo que o Estado tem tribunais para julgar as
causas civis.
Quando aparece um caso desses, o seu estudo é minuciosamente feito, e
depois é dada a sentença. Se o casamento tinha sido nulo desde o
começo, a Igreja declara a sua nulidade. Mas se ele foi válido, e os
cônjuges viveram juntos, a Igreja declara que o casamento continua a
vigorar até a morte.
Casamentos Mistos
A Igreja tem especial cuidado na proibição dos casamentos mistos. O
Código do Direito Canônico os proíbe severissimamente. E acrescenta
que, se há perigo de o cônjuge católico ou os filhos perderem a fé, o
casamento é proibido pela lei divina (Cânon 1060).
Por isso mesmo ela só dispensa nesses casos, por causas muito graves,
com sérias exigências e garantias, proibindo que os cônjuges compareçam
perante ministro acatólico e não permitindo as cerimônias de costume.
A experiência ensina que nos casamentos mistos:
1) O casal vive em discórdia, porque não há entendimento num ponto
essencial da vida, como é a religião.
2) A parte católica tem dificuldade em cumprir os seus deveres
religiosos.
3) A parte católica perde a fé, levada pela parte protestante ou pelos
protestantes que lhe frequentam a casa.
4) Os filhos são mal educados religiosamente, ficando maus católicos ou
totalmente indiferentes, por verem a diversidade de crença dos pais.
5) As separações são frequentes, como mostram as estatísticas.
Para Viver a Doutrina
Vida cheia de renúncias e sacrifícios, o matrimônio não é para os que não
querem responsabilidades. Só deve pretender casar-se quem tiver
coragem de enfrentar e vencer as muitas dificuldades que o casamento
oferece.
Quando tivermos de deliberar se casaremos, a primeira coisa é saber se o
casamento nos facilitará a salvação da alma. Se não facilita, não
casaremos! Quantas moças piedosas que, depois de casadas, se
afastaram dos sacramentos, por causa de pecados, que não cometeriam
se não fossem casadas ou se tivessem casado com um bom cristão!
Por isso mesmo resolvam desde agora: Casar com um católico. É a
primeira coisa a saber, antes de começar o namoro. Do contrário, vão ser
infelizes.[81]
O namoro só é lícito a quem pode e quer casar. E é uma preparação para
um sacramento — uma coisa santa. Portanto, nada de passatempo, de
leviandade, de liberdades pecaminosas. Tudo isto é pecado. É assim que
se preparam as desgraças dos lares, os casamentos infelizes!
Quando noivos, tenham em vista o sacramento que vão receber. O noivado
é a preparação para um sacramento! Coisa santa também o noivado!
Noivado de cristãos não teme a luz, nem as salas, nem o público. Só um
noivado de virtude prepara um lar feliz! A felicidade vem de Deus. E Deus
não a dá aos que o ofendem.
QUESTIONÁRIO
1. Por que é necessário conhecer a doutrina católica sobre o matrimônio? 2. Qual a
melhor preparação remota para o casamento? 3. Por que só os bons filhos e irmãos serão
bons cônjuges? 4. Em que consiste a vocação para o matrimônio? 5. Qual é a reta
intenção para o casamento? 6. Pode-se casar com desprezo dos fins do casamento? 7.
Qual é o sentido do namoro? 8. Que dizer do namoro de criançolas, ou por passatempo?
9. Que familiaridade é lícita entre noivos? 10. Que pensar dos que a ninguém consultam
sobre o seu casamento? 11. Qual o fim dos impedimentos matrimoniais? 12. Quais são os
impedimentos dirimentes? 15. Quais as determinações sobre os casamentos mistos? 16.
Que diz a experiência sobre esses casamentos?
L M
À grandeza e elevação do matrimônio feito sacramento acode a Igreja com
os seus ritos, cheios de doutrina, sentimento e simbolismo. O estudo da
liturgia nupcial há de contribuir notavelmente para a elevação do nível
espiritual da vida conjugal, desde os seus pródromos.
Um Pouco de História
Como as outras, a liturgia do matrimônio não foi sempre a mesma. Variou
com os tempos e os lugares. Ainda hoje não é idêntica em toda parte.
O casamento estava regulamentado no direito romano, e em todos os
povos foi sempre tido como um ato religioso. A Igreja conservou os ritos
existentes, dando-lhes um sentido cristão e acrescentando o que julgou
necessário.
Entre os romanos, o rito essencial dos esponsais consistia no anel que o
moço colocava no anular esquerdo da noiva. No dia do casamento,
realizava-se a união das mãos (destrarum junctio), cerimônia que era
assistida por uma testemunha autorizada. A noiva, no dia do casamento,
cingia uma coroa de flores e folhas e se cobria de um véu vermelho.
A Liturgia conservou o anel, que recebe uma bênção, e é o símbolo da
fidelidade, a união das mãos e a testemunha. Deixou a grinalda para as
virgens. Mudou para branco o véu, o qual, antigamente, cobria toda a noiva
e também o noivo desde os ombros.
Desde o século V se encontram documentos da existência da Missa
Nupcial. A cerimônia do casamento propriamente era feita no átrio do
templo. Depois entravam e se celebrava a Missa pelos esposos. A bênção
era dada, como ainda hoje, dentro no Cânon, o que mostra não só como é
antiga (talvez do século III), mas também como é solene — porque só as
bênçãos solenes eram dadas assim, como ainda hoje a dos Santos Óleos,
na quinta-feira santa.
Os esposos apresentavam uma oferenda, ao Ofertório; recebiam a bênção,
depois da Consagração; recebiam a Comunhão, depois do celebrante.
Preliminares
O exame dos noivos é de obrigação. O pároco deve certificar-se da
condição dos noivos, se entre eles existe impedimento, se querem casar-
se livre e honestamente, se são batizados e estão livres para o matrimônio
e suficientemente instruídos na doutrina católica.
Os proclamas ou banhos servem primeiramente para que a sociedade
cristã saiba do casamento e também para que os fiéis rezem pelos que vão
casar, ou denunciem os impedimentos existentes entre os noivos.
Tempo e Lugar
Tudo devidamente preparado, os nubentes vão à igreja paroquial, que é o
lugar próprio para a celebração do matrimônio.
O casamento se pode celebrar em qualquer parte do ano. Mas no Advento
e na Quaresma é proibido dar a bênção nupcial, embora seja permitido
celebrar o casamento.
A Celebração do Matrimônio
I — O RITO ESSENCIAL
Os noivos se apresentam diante do altar — o noivo à direita, (lado da
Epístola), a noiva à esquerda — acompanhados ao menos de duas
testemunhas.
O pároco ou o sacerdote por ele autorizado, de sobrepeliz e estola branca
(se quiser, também pluvial), ou paramentado para a Missa, se esta vai se
seguir, mas com pluvial em vez da casula, e sem manípulo, voltado de face
para os noivos, anuncia:
“Aqui se acham presentes, a fim de se unirem pelo sacramento do matrimônio, o
Sr. N... e a Srta. F... Se entre eles houver algum impedimento canônico que torne o
casamento nulo ou ilícito, quem o souber é obrigado, sob pena de pecado mortal,
a denunciá-lo.”
Se nenhuma denúncia houver, pede o consenso dos noivos:
“O Sr. N... quer receber a F... aqui presente por sua legítima mulher, conforme o
rito da Santa Madre Igreja?
O noivo responderá: Quero.
A mesma pergunta, com as devidas mudanças é feita à noiva, que também
responderá: Quero.”
O sacerdote põe na palma da mão esquerda a ponta esquerda da estola e
sobre ela a noiva coloca a mão direita, sem luvas, com a palma para cima,
e o noivo põe a palma da mão direita, sem luvas, sobre a mão da noiva.
O sacerdote cobre as mãos dos noivos com a extremidade direita da
estola, pondo por cima a sua mão direita e faz o noivo dizer:
“Eu, N..., recebo a vós, F..., por minha legítima mulher, assim como manda a Santa
Madre Igreja Católica, Apostólica, Romana.
Depois a noiva:
Eu, F..., recebo a vós, N..., por meu legítimo marido, assim como manda a Santa
Madre Igreja Católica, Apostólica, Romana.”
É isto que constitui o casamento. Em todo o cerimonial isto é o essencial.
O resto são bênçãos e orações.
O sacerdote acrescenta:
E eu vos uno em matrimônio. Em Ego conjugo vos in matrimonium. In
nome do Pai, † do Filho e do Espírito nómine Patris † et Filii et Spiritus
Santo. Amém. Sancti. Amen.
E, descobrindo as mãos dos esposos, asperge-as com água benta.
II — A BÊNÇÃO DO ANEL
Segue-se então a bênção do anel, com uma oração em que se pede a
Deus a fidelidade conjugal, a paz doméstica, a qual é fruto da submissão à
vontade divina, e o amor mútuo dos esposos.
O sacerdote asperge o anel com água benta, e o entrega ao esposo que o
coloca no anular esquerdo da esposa. E continua, pedindo a Deus que
auxilie e conserve na sua graça os que se unem.
A Benção Nupcial
Estes ritos acima descritos constituem propriamente o cerimonial do
matrimônio. Tanto assim que são sempre feitos, mesmo quando não se dá
a benção nupcial. Esta pode ser dada na Missa ou fora da Missa.
I — A BÊNÇÃO NA MISSA
É preferível fazer-se o casamento com a Missa. Vimos que foi sempre este
o costume da Igreja: os esposos assistem à Missa, na qual recebem a
bênção e comungam.
Há uma Missa própria (Pro sponso et sponsa), cujas orações, leituras e
cânticos se referem ao matrimônio — como podem ver no Missal.[82]
A bênção nupcial na Missa é muito mais solene. A Missa decorre sem
modificação até ao Pater Noster. Terminado este, o celebrante se volta
para os esposos, que estão ajoelhados diante do altar, e reza duas
orações. A primeira, muito semelhante à que se seguiu à bênção do anel,
pede igualmente por ambos os esposos. A segunda, longa e muito ornada,
tem em vista particularmente a esposa.[83]
Depois, continua a Missa. Os esposos são os primeiros a comungar depois
do celebrante e as duas partículas devem ter sido consagradas naquela
Missa para eles. Depois do Ite, Missa est, o celebrante, voltado para os
esposos, dá-lhes uma bênção em que pede para eles vida longa e feliz e o
reino dos céus. Faz, em seguida, uma exortação aos esposos, asperge-os,
ao fim, com água benta. E termina a Missa, como de costume.
II — A BÊNÇÃO FORA DA MISSA
Quando não se celebra o casamento com a Missa, a Santa Sé permite, por
privilégio especial, esta bênção, para que os nubentes não se privem de
seus benefícios. No Brasil, em vista da falta de clero e das grandes
distâncias, a Santa Sé autorizou esta bênção, que é mais usada do que a
solene. Mas hoje, graças a uma instrução melhor, os casamentos na Missa
vão sendo muito frequentes, como a Igreja quer.
Terminado o rito matrimonial, voltado para os esposos o sacerdote reza um
salmo cheio de votos para a esposa e os filhos, pede a Deus que abençoe
os cônjuges para que sejam bons cristãos e que o Senhor os cumule com
suas bênçãos.
G C R R
C A S
Este é um guia simples de como rezar o rosário, segue os moldes de
aplicativos de celular, basta ir rezando e mudando as páginas. No índice
tem os Mistérios e os dias em que se rezam, possui também o Rosário
Completo com todos os Mistérios.
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AM B A P :R
I O P C
S V M
P J M L
Publicado originalmente em 1936, esta grande obra do Padre Julio Maria
de Lombaerde, na qual defende de modo enérgico a Virgem Santíssima,
sua honra e sua dignidade, ganha finalmente uma Nova Edição. Antes
relegada aos sebos, agora tem a oportunidade de novamente ser luz para
muitos cristãos, fazendo Nossa Senhora ser cada vez mais conhecida e
amada.
Padre Julio diz sobre o seu livro:
"É um livro de doutrina. Um livro evangélico. Um livro de exegese,
mostrando os fundamentos do culto de Maria Santíssima, os alicerces
evangélicos da sua grandeza e a fragilidade das objeções diversas.
Nenhuma tese, nenhum princípio, nenhuma conclusão, nenhum título será
admitido neste livro que não tenha a sua base na Sagrada Escritura."
E assim ele cumpre o que diz, defendendo com maestria Maria Santíssima
e todas as suas prerrogativas, dando respostas irrefutáveis frente as mais
diversas objeções. E tudo isso, como ele mesmo diz, com a Bíblia na mão
e um pouco de lógica na cabeça.
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Livro Físico, ISBN 9781684547043, 459 Páginas: (bit.ly/2FswUUz)
Primeiros Capítulos GRÁTIS: (bit.ly/2U6j97n)
AP A :F D E A
P P P C
Publicado originalmente em francês em 1880, e em português em 1882;
esta obra do Padre Pierre Chaignon ganha finalmente uma Nova Edição.
Traduzida por Francisco de Azeredo Teixeira de Aguilar, o 2º Conde de
Samodães; esta publicação foi totalmente reeditada em português atual e
adicionada pequenas e poucas Notas de Rodapé, apresentando
brevíssimas biografias de autores citados, entre outros.
A obra trata da Paz da Alma, será que conhecemos a riqueza deste
tesouro, o deplorável estado daqueles que a perderam e a felicidade dos
que a possuem? Dois mananciais nos trazem esta paz: A Devoção à
Sagrada Eucaristia e o Abandono à Providência Divina, e assim sendo,
este livro é dividido em duas partes.
A primeira nos explica como haurir da Santa Eucaristia todas as graças e
bênçãos necessárias para nossa vida, progredindo assim, na santidade. E
a segunda, consequência da primeira, o autor sintetiza e compila várias
obras de grandes mestres da vida espiritual franceses e santos; tratando
de como podemos nos abandonar inteiramente nos braços de Deus,
confiando nossa vida a Ele e permitindo que sua vontade se realize
plenamente em nós.
Desta forma, este livro serve de apoio aos cristãos na progressão das
virtudes, alçando voo em direção à perfeição; e de confiança, nos livrando
do temor desmedido de fazermos um Ato de Abandono em Deus. Tudo
isso traz como fruto, a tão desejada Paz da Alma, anseio de toda a
humanidade.
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Livro Físico, ISBN 9781646069330, 369 Páginas: (bit.ly/2H0F1bJ)
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AS M L :U E S S
M F M C
Publicado originalmente na Alemanha em 1704, e no Brasil no início do
século XX sob o título de "Explicação da Santa Missa"; esta grande obra do
Frei Martinho de Cochem ganha uma Nova Edição.
Com linguagem simples e ingênua, e com jeito admirável de falar ao
coração humano, como também pela vivacidade e clareza do estilo, Frei
Martinho nesta obra explica as excelências da Santa Missa. Explica como
ela é o perfeito sacrifício e culto supremo de latria, como os sacrifícios do
Antigo Testamento foram figuras deste, profecias à respeito da Santa
Missa, 77 graças e frutos que alcançamos durante ela, como o Sacrifício
da Cruz de Jesus se renova na Santa Missa, bem como também o que
podemos fazer para apreciá-la como se deve, a fim de que possamos
receber o perdão de todos os nossos pecados e entrar de vez na vida de
santidade.
Com diversos testemunhos de Santos, relatos históricos, citações bíblicas
e entre diversas outras coisas, este livro serve para ensinar-nos de
maneira simples o quão grande tesouro temos em nossas mãos,
impedindo o demônio de cegar-nos sobre o valor infinito do Santo Sacrifício
para que pouco o apreciemos e deixemos de assisti-lo, ou não tiremos os
abundantes frutos de graças que poderíamos colher.
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Livro Físico, ISBN 9781646331437, 303 Páginas: (bit.ly/2Mnydto)
Primeiros Capítulos GRÁTIS: (bit.ly/2LQU7pq)
R C :E
S C C
Publicado originalmente na França em 1684, e no Brasil excertos em 1934;
esta obra recolhe 3 trechos da obra Reflexões Cristãs, que é uma
coletânea de meditações de São Cláudio de la Colombiére compiladas
após sua morte. Este santo foi confessor de Santa Margarida Maria
Alacoque, e junto dela foi propagador da devoção ao Sagrado Coração de
Jesus.
Nesta nova publicação, que é uma reedição da antiga brasileira, ele trata
da Submissão à Vontade de Deus, das Adversidades e uma linda reflexão
sobre a Oração. Todos estes pontos são extremamente necessários
àqueles que querem chegar à santidade e ele faz com seus pensamentos
que tenhamos ardentes desejos de nos entregar inteiramente a Deus, que
Ele realize plenamente sua vontade em nós, louvando tanto na
prosperidade como na dor, e além de tudo isso, firme resolução de ter com
Ele uma união íntima através da oração.
Ebook Kindle – Disponível no Unlimited:
(amazon.com.br/dp/B07WCY4SCC)
Livreto Físico, ISBN 9781646698899, 65 Páginas: (bit.ly/2OYeDqg)
Primeiros Capítulos GRÁTIS: (bit.ly/2YUEyPq)
OS S E :S E
F
F B D
Publicado originalmente em 1940 aqui no Brasil, esta obra do Frei
Benvindo Destéfani ganha, finalmente, uma Nova Edição.
Com brevidade e concisão, o autor traz noções claras e exatas sobre o
maior dos sete sacramentos, a Santíssima Eucaristia. Ele ensina sobre a
presença real de Cristo na Eucaristia, o Santo Sacrifício da Missa e a
Sagrada Comunhão. Demonstra-nos como podemos nos aproveitar deste
imenso tesouro, através de uma fé viva e ardente, fonte de graça e imensa
misericórdia.
Quem se aproveita deste manancial riquíssimo e abundante, tem como
destino certo a santidade, esta que alegrará muito a Trindade Santa, a
Santíssima Virgem e o céu inteiro. O demônio treme quando um cristão
recebe devotamente a Eucaristia, pois sabe que esta alma irá para o céu e
levará muitos com ele, enfraquecendo o seu poder infernal.
E assim acontece com aqueles que leem e põem em prática os
ensinamentos deste livro. A Eucaristia é puro amor de Cristo para conosco,
pobres criaturas, e amor com amor se paga. Vamos amá-lo com todo o
nosso ser?
Ebook Kindle – Disponível no Unlimited:
(amazon.com.br/dp/B07YTHB23C)
Livro Físico, ISBN 9781647138448, 133 Páginas: (bit.ly/2VFtGoN)
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G C R N R S T
M J
C A S
Este é um guia bem simples de como rezar a Novena das Rosas de Santa
Teresinha do Menino Jesus, bastar ir rezando com fé e mudando as
páginas. Segue os moldes de um aplicativo de Smartphone, quem já
possui o nosso Guia de Como Rezar o Rosário já está familiarizado com o
procedimento. Esta Novena é poderosa e inúmeras pessoas já relataram o
aparecimento misterioso das rosas durante e após o término dos 9 dias da
Novena, entre eles o Papa Francisco. Eu também já recebi uma rosa de
Santa Teresinha e deixo neste e-book o meu testemunho.
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(amazon.com.br/dp/B083JN2375)
A DOUTRINA VIVA
M Á N
Publicado originalmente em 1939 aqui no Brasil, esta obra do grande
mestre catequético Monsenhor Álvaro Negromonte ganha, finalmente, uma
Nova Edição.
Este livro foi concebido inicialmente como suplemento para estudos de
catequese dos adolescentes que frequentavam o Ensino Secundário da
Época (hoje seria os anos finais do Ensino Fundamental e o atual Ensino
Médio). Como que de lá pra cá o ensino brasileiro só esteve em declínio, e,
infelizmente, o de catequese também, os ensinamentos que aqui constam
muitos adultos não conhecem ou não compreendem bem. Desta forma,
faz-se oportuno a publicação desta obra, visto que o autor, possuidor dos
dons de escritor claro e limpo, sóbrio e discreto, nos põe em contato com a
Palavra de Deus e sua Doutrina de forma fácil e objetiva, traduzindo em
atos concretos, nos ensinando em como viver os santos ensinamentos de
Cristo e da Igreja.
Perpassando por todos os pontos básicos da Religião, desde a explicação
da existência de Deus, vai se desenvolvendo até chegar a assuntos mais
complexos da doutrina católica, como o Mistério da Encarnação, Instituição
da Santa Igreja, Dogmas, Comunhão dos Santos, Purgatório, Infalibilidade
do Papa, Tradição, etc. Todos estes conhecimentos nos faz amar ainda
mais a Deus, e o Monsenhor Álvaro Negromonte nos ensina ao final de
cada capítulo a pôr em prática tudo o que ensinou nele. Assim, nos
tornamos conscientes das ofensas que fazemos a Deus diariamente
urgindo em nós um imenso desejo de santidade e penitência pelos nossos
pecados que tanto entristece o nosso Salvador.
Ebook Kindle – Disponível no Unlimited:
(amazon.com.br/dp/B08LVX47YC)
Livro Físico, ISBN 9781647644291, 293 Páginas: (bit.ly/35FdQzD)
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AVISO DO EDITOR
Se você gostou deste livro, por favor, peço que faça uma avaliação no site
da Amazon ou no da loja que o adquiriu. Isto nos ajuda a alcançar mais
pessoas, fazendo com que a Palavra de Deus e de sua Santa Igreja
possam frutificar em um número cada vez maior de famílias. Meu muito
obrigado e Salve Maria!
[1]
NE: O mesmo que padre, algumas vezes também são chamados de Cura de Almas.
[2]
NE: Complementando esta nota biográfica, o Monsenhor Álvaro Negromonte faleceu
em 17 de agosto de 1964, duas horas depois do lançamento do seu livro A Eterna Aliança.
[3]
NE: A Ação Social Católica é o conjunto de movimentos criados pela Igreja Católica no
século XX, visando ampliar sua influência na sociedade, através da inclusão de setores
específicos do laicato e do fortalecimento da fé religiosa, com base na Doutrina Social da
Igreja.
[4]
NE: Um concílio é uma reunião de autoridades eclesiásticas com o objetivo de discutir e
deliberar sobre questões pastorais, de doutrina, fé e costumes (moral). Os concílios
podem ser ecumênicos, plenários, nacionais, provinciais ou diocesanos, consoante o
âmbito que abarquem.
O primeiro concílio ocorreu em Jerusalém, conforme pode ser lido no livro dos Atos dos
Apóstolos, quando os Apóstolos se reuniram para tratar sobre os temas que estavam
dividindo os primeiros cristãos: de um lado os judaizantes (judeus convertidos) e do outro
os gentios (não-judeus convertidos).
[5]
NE: Se trata de um Concílio Ecumênico (ecumênico: universal, ou seja, toda a Igreja
Católica). É uma reunião de todos os Bispos da Igreja. É convocado e presidido pelo Papa
ou por algum Bispo, isso porque não é necessário o Papa estar presente para a realização
de um concílio, mas para ele ser válido precisa de sua confirmação.
[6]
No Batismo, para viver cristãmente; no Matrimônio, para cumprir os deveres de
esposos e pais; na Ordem, para exercer santamente as funções sagradas.
[7]
O Batismo nos marca como filhos de Deus, separando-nos dos infiéis; a Crisma, como
soldados de Cristo; a Ordem como ministros de Cristo.
[8]
Os sacramentos não produziriam efeito, seriam profanados e se daria escândalo aos
fiéis. Jesus Cristo proíbe lançar pérolas aos porcos (Mt 7, 6) e a Igreja ameaça com
penas severas os ministros que dessem sacramentos aos indignos (Can. 2364).
[9]
Quem recebesse o Matrimônio, em pecado mortal. Então, os efeitos ficam suspensos
para se produzirem quando for removido o obstáculo.
[10]
Há no Ritual Romano muitas bênçãos e exorcismos com que a Santa Madre Igreja
afugenta o demônio dos homens, dos animais e até das coisas inanimadas. É que o
inimigo não só atormenta os homens nos seus corpos (obsessão, possessão) e nas suas
almas (tentações interiores), mas também fazendo o mal ao que lhes pertence, como se
vê no livro de Jó.
[11]
Assim, em caso de necessidade, as demais cerimônias podem ser omitidas,
restringindo-se tudo ao essencial. E o Sacramento é igualmente válido.
[12]
Cada gesto, cada coisa, cada palavra ali encerra um significado. A imposição das
mãos, o sopro, o óleo, as atitudes, tudo, enfim, tem uma significação. E tudo isto é para
edificação dos fiéis. Mas é um livro fechado, se nós o ignoramos.
[13]
NE: Santo Padre, quando não se refere ao Papa, se refere aos Pais da Igreja; também
são chamados de Padres da Igreja e Padres Apostólicos. Estes são grandes cristãos dos
oito primeiros séculos depois de Cristo, que se distinguem pelos seus ensinamentos,
coerentes com a sua vida, que contribuíram para a edificação da Igreja em suas estruturas
primordiais.
[14]
É bem expressivo aquele símbolo que mostra da rocha do Calvário, correndo, 7
canais.
[15]
Mas o clérigo deve ser preferido ao leigo, o homem à mulher, o católico ao não
católico. Os pais só podem batizar quando de todo não há quem batize.
[16]
Isaías e São Paulo dizem que Cristo destruirá o inimigo com um sopro: Então
aparecerá o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca (2Ts 2,8 —
Is 11, 4).
[17]
Cumpriu-se a palavra de Jesus Cristo no Evangelho: Se alguém me ama... nós
viremos a ele e faremos nele a nossa morada (Jo 14, 23). E São Paulo pergunta: Não
sabeis que os vossos membros são templo do Espírito Santo, que habita em vós?
[18]
No ofício de Santa Luzia, 13 de dezembro, se lê que ela respondeu ao prefeito pagão:
Os que vivem casta e piedosamente são templos do Espírito Santo. E do beato Suso
se conta que ele viu no seu coração o Divino Espírito Santo. No Batismo de Cristo o
Espírito Santo desceu sobre ele em forma visível. No nosso Batismo o Espírito Santo
também veio à nossa alma, com a única diferença de que não o vemos. Mas a realidade é
a mesma.
[19]
Os pagãos se marcavam com sinais sagrados para mostrar que pertenciam aos
deuses. A marca era um sinal de posse: a pessoa pertencia àquele cuja marca trazia. Os
chefes militares marcavam seus soldados; o senhor, seus escravos, como ainda hoje
fazem os criadores com suas reses. O assinalado ficava sob a proteção do senhor.
Transferindo isto para o terreno espiritual, São Paulo diz que Deus nos marcou com o seu
sinal quando nos deu o Espírito Santo (2Cor 1, 22) e que fomos assinalados em Cristo (Ef
1, 13) e acrescenta: Ninguém me moleste, porque eu trago no meu corpo os sinais do
Senhor Jesus (Gl 6, 17).
[20]
NE: Soprar para fora ou à distância.
[21]
Estes exorcismos deixaram muitos sinais na liturgia atual. No 1.º escrutínio recebiam
os Mandamentos. Era na quarta-feira da terceira semana, cujas leituras (Epístolas e
Evangelho) falam dos Mandamentos (ver no Missal). No 3º escrutínio fazia-se a abertura
dos ouvidos, preparando-os para ouvir o Símbolo, o Pater e os Evangelhos, cujos
começos eram cantados para eles. Este escrutínio era na quarta-feira da quarta semana,
cuja Missa traz muitas referências a ele (ver no Missal). O último, que se realizava na
véspera da Páscoa, continha as seguintes solenidades: a) um solene exorcismo, com
imposição de mão; b) o rito do Ephpheta; e) a unção no peito e nas costas; d) a tríplice
renúncia a Satanás; e) a profissão de fé com a recitação do Símbolo e do Pater — ritos
estes que ainda hoje se conservam.
[22]
O costume de crismar as criancinhas, outrora muito comum entre nós, quando os
Bispos eram raros, não tem mais razão de ser, uma vez que todas as nossas dioceses
são frequentemente visitadas.
[23]
NE: O mesmo que beijo.
[24]
Só muito tardiamente aparece isto como sendo uma bofetada (!) para lembrar o que
deve sofrer um soldado de Cristo.
[25]
Temos, pois, o direito de dizer que o Protestantismo não é uma religião, nem mesmo
falsa, porque não tem sacrifício nem sacerdócio.
[26]
É para isto que se destrói a vítima, para significar que Deus é o Senhor da vida, da
qual dispõe como verdadeiro dono e soberano.
[27]
NE: Culto de latria, ou seja, que se presta exclusivamente a Deus.
[28]
Era, pois, um sacrifício eucarístico ou impetratório.
[29]
O delito era uma ação má, feita inconscientemente, porém em presença de outras
pessoas; ao passo que o pecado era consciente, mas sem testemunhas.
[30]
A ganância levou essas vendas ao próprio templo, de onde Jesus expulsou os
vendedores. Comprassem fora e levassem ao templo só para o sacrifício, e não
transformassem a casa de oração em casa de comércio (Ver Mt 21, 12).
[31]
Note-se a semelhança deste rito, com o que faz o sacerdote com a hóstia e o cálice,
no Ofertório, antes de depô-los no corporal.
[32]
Na missa, o celebrante estende as mãos sobre a oblata pedindo a Deus que aceite
aquele reconhecimento de nossa submissão e nos livre da eterna condenação. Como se
vê das palavras, há uma substituição dos ofertantes pela oblata, além do sentido de
adoração. Ver no missal o Hanc Igitur.
[33]
O Senhor olhou para Abel e para suas ofertas (Gn 4, 4). A felicidade do povo, a vitória
sobre os inimigos, e os próprios frutos da terra dependiam da fidelidade aos sacrifícios.
[34]
Assim, São Paulo chama de hóstias às esmolas (Fl 4, 18) e manda que nos
apresentemos a Deus como uma hóstia viva (Rm 12, 1). E o salmista diz que um coração
contrito e humilhado é um sacrifício agradável a Deus (Sl 49 (50), 14) e que a oração é um
sacrifício de louvor.
[35]
NE: Este termo é usado em teologia para se referir à forma como Deus e a
humanidade estão unidos em Jesus Cristo, sendo Cristo Deus e Homem ao mesmo
tempo.
[36]
Assim faz também o que aconselhou o próprio Jesus: Tudo o que pedirdes ao meu Pai
em meu nome, Ele vô-lo dará (Jo 16, 23).
[37]
Basta saber que a Missa memorial da Paixão é o centro de toda a liturgia (ver o
Suscipe, Sancta Trinitas; Unde et memores; a 1ª oração antes da Comunhão). No
tempo da Paixão, há uma natural insistência no tema. No Domingo de Ramos, celebrando
o triunfo real de Cristo, põe uma oração (Deus, qui miro, etc.), que diz o simbolismo da
cerimônia. A Liturgia da Quinta e Sexta-feiras Santas é cheia de ideia do Sacrifício de
Cristo (ver em particular os Impropérios).
[38]
Mas a santidade dos que oferecem a Missa, tanto sacerdotes como os fiéis, aumenta o
valor da Missa, dando maior glória a Deus e facilitando aos homens a recepção dos frutos.
[39]
Se o pecador resiste à graça ou não se põe em condições de receber o que a Missa
pede, não se produzem estes dois últimos efeitos. A Missa é eficaz em si; falham as
disposições do sujeito.
[40]
Mas esta assistência comporta maior ou menor participação. Assim eu posso: 1)
Assistir apenas; 2) Acompanhar o celebrante, considerando as cerimônias que realiza,
escutando as leituras (ou fazendo-as em português), unindo-me às orações que ele reza,
em meu nome, porque em nome da Igreja; 3) Responder ao celebrante, executar os
cânticos na missa solene; 4) Ajudar o celebrante em tudo o que se refere à Missa, desde
o ofício do ostiário até ao de diácono; 5) Oferecer a matéria para o sacrifício — hóstia,
vinho, velas para o altar, etc; 6) Comungar na Missa, depois do sacerdote, integrando de
modo cabal o sacrifício oferecido. A cada um destes graus corresponde um aumento
do fruto.
[41]
NE: Contudo, mesmo sem receber nenhuma espórtula, recomenda-se vivamente aos
sacerdotes que celebrem a Missa segundo a intenção dos fiéis, especialmente dos
pobres.
[42]
E eis que ele (Booz) chegou de Belém, e disse aos ceifadores: O Senhor seja
convosco. Eles lhe responderam: O Senhor te abençoe (Rt 2, 4). Que diria Booz de
seus operários, se os saudasse: Dominus vobiscum, e eles continuassem conversando,
ou trabalhando, ou lhe dissessem palavras inteiramente sem ligação com a saudação que
lhes fizera?
[43]
NE: Este livro, como já mencionado, foi escrito antes da reforma litúrgica promovida
pelo Concílio Vaticano II. Para normas litúrgicas mais atuais, convém consultar o atual
Missal.
[44]
Às vezes, ele dá todo o sentido da festa numa frase rápida e profunda. Na Missa do
dia de Natal: Nasceu para nós um Pequenino, na Ressurreição: Ressuscitei; no
Pentecostes: O espírito do Senhor encheu todo o universo.
[45]
Notar a solenidade da leitura do Evangelho: o celebrante pede a Deus que lhe
purifique os lábios e o coração, e beija o livro que traz a palavra de Cristo; o povo aclama
o próprio Cristo, como se Ele estivesse presente: Louvor a vós, ó Cristo.
[46]
A genuflexão que o sacerdote faz no meio do Credo é uma adoração ao Verbo
Encarnado, ao dizer precisamente as palavras que enunciam o mistério da Encarnação
(ver no Missal).
[47]
Antigamente, retirados os catecúmenos, os fiéis levavam as suas oferendas ao altar.
Cantava-se então um salmo. Tendo-se omitido a oblação dos fiéis, o salmo se reduziu à
antífona.
[48]
O Ofertório é uma preparação indispensável, a Comunhão é o complemento
necessário que integra e consuma o Sacrifício.
[49]
Palavra grega. Significa regra, norma invariável. Está bem aplicada, porque as orações
são sempre as mesmas, salvo o Communicantes e o Hanc igitur, que têm pouquíssimas e
ligeiras intercalações durante o ano.
[50]
Estamos tirando estas indicações do seu livro La Sainte Messe expliquée dans son
Histoire et sa Liturgie. O quadro sinóptico também é seu, com modíficações nossas, para
melhor compreensão e maior facilidade.
[51]
No Communicantes são enumerados 12 Apóstolos e 12 Mártires dos mais venerados
em Roma. Aqui aparecem São João Batista, Santo Estêvão, Matias e Barnabé (Apóstolos
que não entraram na primeira relação) e outros mártires dos mais queridos em Roma.
[52]
Antigamente a fração dos pães para dar a Comunhão ao povo ocupava Bispo,
sacerdotes e diáconos e era feita em silêncio. Mas demorava. E o Papa Sérgio (século
VII) introduziu o canto do Agnus Dei pelo clero e o povo durante a fração. É bem o
Cordeiro de Deus que está sendo imolado, prestes a ser consumido no banquete sagrado.
[53]
NE: Se trata da passagem do Evangelho de João, Capítulo 1, versículos do 1 ao 14.
[54]
NE: No texto original estava também: “os que a ouvem diariamente para comungar...
não sabem o que é a Missa”. Como a comunhão diária é altamente recomendada pela
Igreja e o próprio autor também a recomenda no Capítulo 5, acredito que seja algum erro
ou o sentido não está muito claro. Assim, resolvi tirar do texto e explicar pela presente
nota o motivo.
[55]
NE: Para um estudo e reflexão mais aprofundada sobre o Santo Sacrifício da Missa,
adquira o livro que reeditamos: A Santa Missa para Leigos do Frei Martinho de Cochem.
Publicado originalmente na Alemanha em 1704.
[56]
As genuflexões depois da Consagração, por exemplo. A elevação à Consagração foi
introduzida para os fiéis adorarem a Eucaristia. Neste momento os fiéis devem olhar a
Hóstia e não baixar a cabeça. Como ato de adoração, é costume aprovado e
indulgenciado dizer-se em voz submissa: Meu Senhor e meu Deus — as palavras de
adoração de São Tomé.
[57]
Muito popular é a Benção do Santíssimo, que se introduziu na Igreja nos fins do
século XV. Não faz parte do culto litúrgico. É simples ato de devoção. As Horas Santas
tomam também grande incremento. As Procissões do Santíssimo, promovidas pelos
Congressos e Semanas Eucarísticas, prestam à Eucaristia uma honra social reparadora
do abandono em que vive o Senhor na maioria dos sacrários. A Visita ao Santíssimo, ao
mesmo tempo, homenageia a Jesus e acostuma à meditação, quando não é feita somente
pelos livros. Devemos manter o costume de se descobrirem os homens e se benzerem
as mulheres, quando passam defronte das igrejas onde está o Santíssimo Sacramento.
Mas não esqueçamos que, por importantes que sejam, estes atos são secundários e,
dando-lhes bom acolhimento, reservaremos sempre à Comunhão e sobretudo à Missa
o lugar primordial que a Igreja sempre lhes deu.
[58]
Cuidem disto, de modo especial, os colegiais, a quem o demônio tentar à Sagrada
Comunhão para agradar aos superiores, ou para não destoar dos companheiros que
comungam, ou para adquirir vantagens temporais.
[59]
NE: O Papa Paulo VI, em 1965, reduziu a 1 hora.
[60]
Foi Jesus mesmo que disse: Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue,
permanece em mim e eu nele (Jo 6, 57).
[61]
Devemos entender por fervor a disposição para o serviço de Deus e a prática da
virtude, e não propriamente uma excitação sensível, que não faz parte da santidade.
[62]
NE: Para um estudo e reflexão mais aprofundada sobre a Santa Eucaristia, adquira o
livro que reeditamos: O Santo Sacramento da Eucaristia do Frei Benvindo Destéfani..
Publicado originalmente em 1940.
[63]
O mais usual é passar em revista os Mandamentos de Deus e da Igreja, os pecados
capitais, os deveres de estado. Pode nos servir de guia o exame de consciência que
trazem os livros de orações, contanto que não nos prendamos servilmente a ele.
[64]
Isto é necessário porque o padre tem de julgar para perdoar ou reter os pecados. Um
juiz precisa de conhecer o crime a as disposições do réu, para saber se absolve ou não.
Quem contasse ao padre seus pecados para receber conselhos apenas, ou por desabafo,
não faria uma confissão.
[65]
Deus diz por Ezequiel: Se o ímpio fizer penitência de todos os pecados que cometeu...
eu não me lembrarei mais de nenhuma das iniquidades que praticou (Ez 18, 21-22).
[66]
NE: Pecado de ter vergonha de assumir a posição de cristão, sobretudo de católico,
nos meios em que se vive.
[67]
Dirão, talvez, que são inúmeros os que foram ungidos e morreram. Respondemos: 1)
A Extrema-Unção não suprime a lei da morte; 2) Não é possível o sacramento produzir
este efeito, quando administrado a quem já está expirando. Poderíamos respondem
também que sabemos que muitíssimos outros que não foram ungidos... e morreram!
A experiência mostra que, ungidos em tempo, os enfermos experimentam melhoras; e
ainda que morram (como é natural), morrem muito mais tranquilos, e como bons cristãos.
[68]
O Ritual traz os 7 salmos penitenciais; orações e bênçãos para o enfermo; orações
para a agonia, a expiração, e a Bênção apostólica com indulgência plenária, que se dá
quase sempre depois da Extrema-Unção.
[69]
Quando Deus quer que um jovem entre para o sacerdócio, Ele o chama; dá-lhe as
qualidades necessárias ao cumprimento dos deveres sacerdotais, a indispensável virtude
e a reta intenção de ir para o sacerdócio com os fins para que Cristo o instituiu, e não com
vistas humanas.
[70]
Pelo Batismo começamos a participar do sacerdócio de Cristo, com direito a unir-nos
a seu sacrifício e a receber os sacramentos. Pelo Crisma fomos convocados oficialmente
a trabalhar pela Igreja e pela salvação das almas. Pela Ordem o padre tem o poder de
exercer as funções de Cristo, oferecendo o seu mesmo sacrifício e administrando os
sacramentos.
[71]
Taine, o conhecido escritor francês, era anticatólico, mas escreveu estas palavras
dignas de divulgação: Todos os ladrões, todos os comunistas, todos os desordeiros, todos
os ébrios, todos os pervertidos, todos os indivíduos dignos de prisão são inimigos dos
padres. Em compensação, todos os homens de brio, de bem, honestos, caridosos,
estimáveis, delicados, todos estes simpatizam com os sacerdotes professando respeito
por eles.
[72]
As funções do ostiário são: 1) Abrir e fechar as portas do templo, impedindo a entrada
de pessoas indignas; 2) Cuidar da sacristia e dos objetos do culto; 3) Tocar os sinos e
campainhas, chamando os fiéis para os ofícios divinos; 4) Sustentar o livro do Evangelho
ao pregador.
[73]
NE: Cada um dos dois pequenos vasos que contêm o vinho e a água usados na
celebração da Missa.
[74]
Há muitos outros títulos que são apenas honras ou correspondem a cargos que
sacerdotes ou Bispos ocupam. Cardeal, monsenhor, etc; são simples honras com que a
Santa Sé distingue virtudes e serviços à Igreja. Essas honras são, como é claro, muito
inferiores à dignidade sacerdotal.
[75]
E a própria natureza (porque há no homem características inteiramente diferentes das
da mulher e que se completam maravilhosamente) inclina um para o outro, a fim de que
na vida comum cada qual encontre no outro aquilo que lhe falta.
[76]
É melhor casar-se do que abrasar-se (1Cor 7, 9). Por causa dos perigos da
incontinência, cada um tenha a sua mulher e cada uma tenha o seu marido (1Cor 7, 2).
[77]
As mulheres sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor; pois o marido é a
cabeça da mulher como Cristo é a cabeça da Igreja (Ef 5, 22-23).
[78]
Os jovens que pretendem casar-se leiam depois meu livro Noivos e Esposos, no qual
são estudados os problemas do matrimônio.
[79]
Quando se casou, o jovem Tobias, modelo de esposo temente a Deus, rezou assim:
Senhor, tu sabes que não é por motivo de paixão que tomo esta minha irmã por esposa,
mas só pelo desejo de ter filhos, pelos quais o teu nome seja bendito pelos séculos dos
séculos (Tb 8, 9).
Esta irmã era prima, filha de um irmão do pai de Tobias. Era costume dos orientais chamar
de irmãos aos parentes mais próximos. É assim que os Evangelhos falam em irmãos de
Jesus ao referir-se aos seus primos (ver Mt 13, 55).
[80]
NE: Atualmente, casamento entre primos segundos não anulam mais o matrimônio.
[81]
Ver o folheto: Não te Cases com Ele, do Padre Geraldo Pires de Souza, sobre os
casamentos mistos.
[82]
Não a damos integralmente aqui; mas para terem uma ideia, diremos que nela se pede
que Deus os una (Intróito), os encha de sua graça (Coleta), e lhes dê muitos filhos
(Gradual) e os proteja e vele por eles (Aleluia) e disponha bem a sua vida (Secreta) e os
faça ver os filhos de seus filhos (Communio) e os conserve numa paz duradoura (Pos-
Communio). A Epístola é de São Paulo aos Efésios (5, 21-33), naquele trecho em que o
Apóstolo compara o casamento com a união de Cristo com a Igreja: Cristo amou a Igreja
até morrer por ela, mas a Igreja é submissa a Cristo. Neste puro e elevado amor se deve
inspirar o dos esposos. O Evangelho é aquele trecho de São Mateus (19, 3-6), em que
Jesus Cristo reafirma a indissolubilidade do matrimônio, lembrando a Igreja com isto aos
esposos que eles estão unidos até à morte.
[83]
Pede a Deus que criou a mulher para companheira do homem e instituiu o casamento
indissolúvel, que santificou a união conjugal pelo sacramento, que proteja aquela esposa,
tornando-lhe leve o jugo matrimonial, fazendo-a fiel e casta, amável e sábia, longeva e
modesta, fecunda e virtuosa, e que ambos vejam seus descendentes até a terceira e
quarta geração.