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Título: As Fontes do Salvador.

Autor: Monsenhor Álvaro Negromonte (1901-1964).


Edição Baseada: Editora José Olympio, 17ª Edição, Brasil, 1960.
Edição Original: Editora Vozes, Brasil, 1941.
Nova Edição: Edições Católicas Independentes, 1º Edição, Brasil,
Fevereiro de 2020.
Distribuição: KDP Amazon.
EDIÇÕES CATÓLICAS INDEPENDENTES
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Edição, Transcrição, Revisão: César Augusto Simões.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
(CIP)
N393a
Negromonte, Álvaro (1901-1964)
As Fontes do Salvador / Monsenhor
Álvaro Negromonte — 1ª ed. — Edições
Católicas Independentes, 2020.
1. Religião. 2. Igreja Católica. 3.
Catecismo. 4. Sacramentos
I. Título
CDD: 238
CDU: 27-1
ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Credos, Confissões de Fé, Tratados e
Catecismos - 238
REIMPRIMA-SE.
B. Horizonte, 18 de julho de 1944.
Mons. José Augusto D. Bicalho
V. Geral
Aos meus caríssimos Padres
F D C
e
H C
amigos como irmãos.
S
APRESENTAÇÃO À NOVA EDIÇÃO INDEPENDENTE
P E
CARTA DO VATICANO
NOTA DA EDITORA JOSÉ OLYMPIO
AOS PROFESSORES
NOTAS EDITORIAIS
CAPÍTULO 1 — A FORÇA SANTIFICADORA
O S
O S
O S L
CAPÍTULO 2 — O FILHO DE DEUS
E B
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CAPÍTULO 3 — O SOLDADO DE CRISTO
E E C
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CAPÍTULO 4 — O CULTO PERFEITO
OS A L
OS N L
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L M A
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CAPÍTULO 5 – O COMPANHEIRO DE JORNADA: JESUS
OS E
CAPÍTULO 6 – A VOLTA DO FILHO PRÓDIGO
AP
AC
C
E P
Í
CAPÍTULO 7 – AS PORTAS DA ETERNIDADE
AE -U
AL E -U
CAPÍTULO 8 – OS MINISTROS DE CRISTO
AO
L O
CAPÍTULO 9 – O LAR CRISTÃO
OM
E F V
L M
NOSSOS LANÇAMENTOS
A N E
I
Em tempos recentes, surgiu o interesse dos católicos pelas obras antigas
da catolicidade; estas obras são verdadeiras pedras preciosas, que
infelizmente não ganharam novas edições na atualidade, tornando-se
assim, verdadeiras Obras Raras do Catolicismo. Esta falta de interesse das
grandes Editoras por essas obras nós não sabemos; porém, a iniciativa
popular e pequenas Editoras, com muito custo, estão conseguindo
devolver ao mercado editorial estas grandes obras esquecidas, relegadas
aos sebos.
Esta Nova Edição Independente faz parte deste movimento editorial,
tentando impedir que estes tesouros entrem verdadeiramente em extinção,
porque estas publicações antigas estão se deteriorando e se perdendo
com o tempo. É nosso desejo que aos poucos e com a graça de Deus,
estes tesouros sejam republicados, não só pelas iniciativas independentes,
mas também pelas grandes Editoras. Que este movimento chame a
atenção delas e vejam o quão importante é isso, dando resposta ao anseio
do mundo católico.
Que Nossa Senhora interceda por esses projetos, que é como se fosse
uma verdadeira restauração de uma "Biblioteca de Alexandria Católica".
P E
Nesta edição, a grafia das palavras foi atualizada para a norma vigente. No
caso da ortografia, em alguns casos, palavras muito arcaicas foram
trocadas por outras equivalentes na atualidade; quando não se tinha uma
palavra equivalente, foi adicionado o significado nas Notas de Rodapé, na
qual várias foram tomadas do Dicionário Online de Português Dicio.
Foram adicionadas também Notas que complementam o texto e atualizam
algum dado histórico defasado, as originais foram mantidas. Todas as
Notas de Rodapé que foram adicionadas pelo Editor estão assinaladas
com um NE.
Sendo este livro escrito antes da publicação do novo Código do Direito
Canônico de 1983 e também antes da reforma litúrgica promovida pelo
Concílio Vaticano II, todas as referências aos cânones são da edição de
1917; e normas e diretrizes litúrgicas são da liturgia tridentina, hoje
chamada de forma extraordinária do Rito Romano.
Como esta Edição é uma iniciativa particular de uma só pessoa, poderá
haver alguns erros. Pedimos que qualquer erro, sugestão ou crítica, nos
contate pelo e-mail ou por nossas Redes Sociais. Agradecemos a todos
vocês e pedimos que Deus nos abençoe e que Nossa Senhora nos cubra
com seu Manto Protetor.
Novamente, meu muito obrigado!
O Editor
C V
Vaticano, 30 de dezembro de 1950
Reverendo Padre
Por intermédio dos bons ofícios do Exmo. Sr. Núncio Apostólico, o Santo
Padre recebeu a devota homenagem de algumas de suas obras
catequéticas.
Tenho o prazer, agora de comunicar a V. Rev.ª que o Augusto Pontífice,
dignou-se não só aceitar esta reverência filial, mas também apreciar a sua
nobre tarefa, cujo fim primordial é oferecer às crianças e à juventude uma
visão clara da doutrina e da moral cristãs.
Nada mais perigoso há, de fato, do que a ignorância religiosa, porque
corrompe a reta noção de Deus e da Igreja e dos deveres do homem para
com Deus, para com o próximo e para consigo mesmo.
Com razão escreveu V. Rev.ª: a base de toda a formação religiosa sólida é
a educação cristã, porque o estudo do catecismo não é só instrução, mas
também e sobretudo formação espiritual; não é só luz para a inteligência,
mas também calor para o coração, a fim de que o cristão, com a graça de
Deus, dirija as suas ações para o bem e viva, com conhecimento e amor,
de acordo com a sua Fé.
Sua Santidade, congratulando-se pela sua atividade no campo literário e
no do Apostolado como diretor do Ensino Religioso na Arquidiocese do Rio
de Janeiro e em penhor de celestes favores sobre a sua dupla e santa
missão em prol das crianças e da juventude, concede, de todo o coração, a
Vossa Reverência a Bênção Apostólica.
Com a maior consideração, me subscrevo
De Vossa Reverência
muito dedicado no Senhor
Rev.mo Sr.
Pe. Álvaro Negromonte
Diretor do Ensino Religioso
Rio de Janeiro
N E J O
Se o sacerdote é um educador pela própria natureza de sua missão
espiritual, educador sobretudo do ponto de vista moral e catequético, é
necessário, entretanto, que nele se destaquem certas qualidades
vocacionais inatas, e não apenas o sentido do dever religioso diante dos
seres que lhe cabe conduzir e orientar no rumo das verdades sobrenatural
e terrena. Evidentemente, a reunião, numa só personalidade de duas
categorias espirituais tão próximas entre si — sacerdócio e educação —
exige ou impõe certas qualificações, indispensáveis umas, desejáveis
outras, que nem todos possuem em grau idêntico. Mas tais qualificações,
no caso particular do autor desta obra — Monsenhor Álvaro Negromonte —
ajustam-se harmoniosamente entre si com o sinal em verdade muito claro
de uma autêntica vocação plenamente realizada.
De fato, se o autor deste livro possui as qualidades indispensáveis ao
exercício de sua missão religiosa-educacional, possui também outras de
todo desejáveis, que nem a todos é dado ter, como por exemplo os seus
dons de escritor claro e limpo, sóbrio e discreto, que muito o ajudam no
desempenho de sua atividade espiritual.
Nascido a 26 de outubro de 1901, no engenho Gameleira, município de
Timbaúba (Pernambuco), e batizado a 8 de dezembro de 1901, Monsenhor
Negromonte fez o curso primário na escola municipal de sua freguesia,
ingressando a seguir no tradicional seminário de Olinda. Ordenando-se
sacerdote a 8 de junho de 1924, foi designado logo após Diretor do Colégio
Diocesano, e Capelão do Colégio Santa Cristina, em Nazaré. Vemo-lo,
portanto, desde os primórdios de sua carreira, já ligado às atividades
educacionais, prosseguindo uma tradição que a Igreja vem mantendo
secularmente no Brasil desde a descoberta, desde que os primeiros
jesuítas plantaram entre nós as sementes germinadas do saber temporal e
da sabedoria divina. Mas não tardou que o jovem sacerdote abrisse novos
caminhos para si e para sua missão religiosa, deixando o ambiente rural de
Pernambuco em busca das cidades do sul.
Saindo da província natal em 1927, transferiu-se para Minas Gerais, onde
passou a exercer a capelania do hospital de Ituna, para depois fixar-se em
Belo Horizonte. E foi na capital mineira que o autor de O Caminho da Vida,
integrou-se definitivamente na atividade catequética, setor educacional e
intelectual que tanto brilho lhe daria à carreira sacerdotal.
Secretário do Arcebispado, Capelão do Hospital Militar, Cura[1] da Catedral,
Professor e Capelão da Escola de Enfermagem Carlos Chagas, Professor
de Catequética no Seminário de Belo Horizonte, fundador e Reitor do
Instituto Católico de Cultura, Vice-Presidente da Sociedade Pestalozzi, e,
finalmente, Diretor Arquidiocesano do Ensino Religioso, assim desdobrou-
se a sua atividade prática e intelectual, dividindo-se entre o serviço de
Deus e o serviço dos homens com o entusiasmo e a força de quem sabia
realmente o que pretendia.
Mas a palavra falada, instrumento principal da atividade de Monsenhor
Negromonte, pela limitação de seu alcance já não lhe bastava no púlpito ou
na cátedra, junto ao altar ou junto aos discípulos que o ouviam divulgando
o saber e a verdade. Em 1935, acrescentando à palavra falada a palavra
escrita, publica seu livro de estreia — O Caminho da Vida — ao qual se
seguiu Pedagogia do Catecismo, de 1936, que sintetiza os princípios
pedagógicos de renovação catequética, realizada na série dos livros de
textos.
Vinha de longe, contudo, sua experiência de escritor, pois desde os
primeiros tempos de sacerdócio ele se dedicava à imprensa como
atividade complementar e auxiliar da vocação religiosa. E de Minas, onde
já seu nome se propagara com brilho como educador dos mais ilustres,
veio para o Rio, centro irradiador por excelência, onde foi logo designado,
em 1945, Orientador Educacional do Serviço de Assistência a Menores, do
Ministério da Justiça e um dos mais ajustados sem dúvida à sua
personalidade de desbravador e lutador pelas boas causas. Como
educador, aliás, sua atividade continua fecunda: através das Semanas de
Estudos que tem promovido em quase todo o Brasil; de suas concorridas
conferências; de assídua colaboração na imprensa do país e, muito
principalmente, através de sua numerosa obra toda ela publicada por esta
Casa, onde em livros como Educação Sexual, Noivos e Esposos, e O que
Fazer de Seu Filho, ele encara de frente, com prudência, mas sadia e
indispensável objetividade já louvada por Tristão de Ataíde, os complexos e
difíceis problemas da educação sexual e do matrimônio naqueles dois
primeiros livros e os da educação dos filhos no último. Mas não apenas
nessas obras está presente o Monsenhor Negromonte, pois o educador
prolonga-se ainda nos vários textos para o ensino da religião, abrangendo
os ciclos primário, secundário e normal. De par com sua atividade literária
intensa através do livro, de conferências, do rádio (há cerca de dez anos
dirige-se ao povo carioca no programa Palavra Sacerdotal, inicialmente da
Rádio Cruzeiro do Sul e hoje da Rádio Guanabara) é Diretor do Ensino
Religioso na Arquidiocese do Rio, para o qual foi nomeado em 1950.
Monsenhor (Camareiro Secreto) de Sua Santidade, o Papa Pio XII desde
1956, Monsenhor Negromonte já representou o Brasil no Congresso
Internacional de Catequética realizado em Roma em 1950, e sua vida
continua sendo, por tudo isso, o cumprimento, já milenar, da ordem divina:
Ide, pois, e ensinai todas as gentes...[2]
Rio de Janeiro, outubro de 1958.
A P
Apresento mais um volume para o curso secundário de Religião, e assim
fica faltando apenas a História da Igreja, para completar os textos do curso
secundário.
A ideia de vida — viver cristãmente — é sempre a ideia central em nosso
estudo. A doutrina é necessária e básica. Mas não é possível continuarmos
o errado caminho dos que fizeram do ensino religioso uma ciência vã, que
deixava os corações longe de Deus. Conhecer a Deus, para amá-lo e
servi-lo — há de ser sempre a boa norma do Catecismo em todos os
graus. Por isto, a parte de formação continua ligada à doutrina, saindo dela
naturalmente em conclusões lógicas e vivas que os alunos tratarão de
traduzir em atos, sob a vigilante orientação dos mestres.
Formados num regime apologético, sentimos uma certa dificuldade em
desprender-nos daquelas normas intelectualistas, quase sempre estéreis,
mas fecundas para produzir indiferentes e racionalistas. Façamos sempre
o estudo dogmático: baseado na palavra de Deus escrita e oral. Só em
último lugar vem a razão, como simples argumento de conveniência.
Muitos quereriam que os alunos se convencessem mais: — são restos do
intelectualismo que nos formaram (ou deformaram). Mas, se falamos
principalmente à inteligência natural do aluno, acostumamo-lo a aceitar
porque compreendeu, e não pela autoridade de Deus que revelou. Sem
desprezar a razão, devemos falar, antes de tudo, às faculdades
sobrenaturais, desenvolvendo as virtudes e dons com que nos enriqueceu
o Espírito Santo no Batismo e na Crisma.
O uso da Escritura Sagrada é sempre largo. Não era possível fazer todas
as citações. Fica, muito frequentemente, ao aluno procurar os textos. É
puro trabalho, no melhor método ativo, acostumando os jovens católicos ao
trato e conhecimento da Bíblia, para que não envelheçam na sua
ignorância! Mas fica aos professores exigirem esse trabalho, para que ele
seja feito. Assim também com o Missal. Em muitas lições será impossível
dar aula sem o Novo Testamento e o Missal em mãos.
Chamo a atenção dos professores para a facilidade de decorar dos alunos,
que estão na boa idade da memória. À preguiça intelectual, à dificuldade
de compreender acodem com a memorização fácil com que muitos
mestres ainda se iludem. Aqui poderemos aceitar, com Montaigne, que
saber de cor não é saber. É preciso que o aluno saiba dizer por suas
palavras. Peça o professor resumos escritos, quadros sinóticos da lição, ou
aplique o questionário, fazendo trabalhar a inteligência.
Na constante preocupação de prender o cristão à Igreja, procura uni-lo à
Liturgia e à Ação Católica[3], que não podem ser consideradas novidades
por quem sabe o que é o Cristianismo. Um é o culto que a Igreja presta
Deus, outra é dever essencial da vida cristã (Pio XI) — ambas são
manifestações do Corpo Místico a que cada cristão está ligado por laços
necessários. É natural que no estudo da Missa e dos Sacramentos a
Liturgia apareça inseparável deles, como eles são inseparáveis da Liturgia.
A Missa é obrigação de todas as semanas e devoção cotidiana para
muitos; os Sacramentos nos obrigam por lei ou moralmente de modo muito
constante. Não é possível continuar a ignorar coisas tão costumeiras, mas
tão vitais da Religião. Atendi às recomendações do Concílio[4] de Trento[5],
renovadas insistentemente por Pio X e Pio XI, e dei às cerimônias e sua
significação histórica e mística um mais amplo lugar do que costumam dar
os compêndios de aula. A quem quer fazer viver a Religião, não era
possível agir de outra maneira.
Continuo a pedir aos professores de Religião a caridosa advertência às
falhas que encontrarem em meus livros. Assim poderemos ter melhores
elementos para um bom ensino religioso — único meio capaz de levantar o
nível moral destes tempos atormentados.
Belo Horizonte, novembro de 1940.
Padre Álvaro Negromonte
N E
Nesta nova edição, além de ligeira modificação tipográfica, saem
numeradas as perguntas dos questionários. Assim os alunos poderão,
muitas vezes, responder às questões apenas pondo, à margem do texto, o
número da pergunta, cuja resposta o trecho numerado contém.
Para ajustar este volume ao programa oficial de religião, adotado pelos
Bispos do Brasil para o curso secundário, reduzi a matéria a “unidades
didáticas”. O livro já estava paginado, quando fiz a modificação. Se, por um
lado, tive a satisfação de ver como ele corresponde às exigências dos
Ordinários, por outro fui obrigado a adiar pequeninos retoques que o
ajustarão em definitivo ao programa.
Rio, 1944, na festa de Nossa Senhora do Carmo.
***
Esta 5.ª edição sofreu algumas modificações, no sentido de reduzir o texto,
que vários professores achavam extenso demais. Se foi com pesar que o vi
perder em riqueza, folgo em pô-lo mais ao alcance dos alunos.
Rio, 1949, na festa de São Pedro de Alcântara.
C 1—AF S
O S
Pela morte do Filho de Deus feito homem, recuperou a humanidade a
participação na vida divina. Mas Cristo quis que os seus méritos fossem
aplicados a cada um em particular por meios diretos, que são os
Sacramentos. Por eles é que cada homem se põe em comunicação com o
oceano sem limite dos merecimentos de Cristo, que descem do Calvário,
como torrentes de águas vivas. É por isso que aos sacramentos se
costuma chamar de os canais da graça. Ou, então, como nós os
chamamos aqui — as fontes do Salvador, servindo-nos da palavra de
Isaías: Tirareis com gosto água das Fontes do Salvador (Is 12, 3).

Noção de Sacramento
Atendendo à nossa natureza sensível, Cristo quis transmitir-nos a graça
por meio de um sinal sensível. Assim sabemos se recebemos a graça,
quando e como. Daí, a definição de sacramento: Um sinal sensível,
instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, para nos conferir a graça. Três
coisas, portanto, constituem a essência de um sacramento: o sinal
sensível, a produção da graça, a instituição divina.
Matéria e Forma
A matéria é uma substância natural (água, óleo, pão) ou um ato (acusação
dos pecados, imposição das mãos). E a forma são as palavras, que juntas
à matéria, constituem o sacramento.
Estas duas coisas — matéria e forma — unidas formam um só sinal
sensível: por isto não podem vir separadas.
A forma determina o sentido da matéria. Derramar água na cabeça é para
molhar e lavar; mas as palavras do Batismo dão a este ato a significação
espiritual. Por isso, o cuidado de não alterar a forma.

Efeitos dos Sacramentos


Os sacramentos não são meras cerimônias, mas produzem eficazmente a
graça na alma que não lhes opõe obstáculos.
Notemos, pois, que é certa a produção da graça quando recebemos um
sacramento nas devidas condições. Basta que o sacramento tenha sido
administrado. Ele age por si mesmo (ex opere operato),
independentemente das disposições do ministro (ex opere operantis). Um
sacramento tem o mesmo valor, administrado por um sacerdote virtuoso ou
indigno.
O Batismo e a Penitência chamam-se sacramentos de mortos, porque
tiram a alma do pecado para a graça santificante. Os demais se chamam
sacramentos de vivos, porque aumentam a graça já existente.
Além disto, os sacramentos produzem uma graça própria, diferente para
cada um. Esta graça sacramental é um direito às graças atuais necessárias
para cumprir as obrigações impostas pelo sacramento.[6]
Três sacramentos imprimem na alma um sinal espiritual, que nunca mais
se apaga. É o que se chama caráter sacramental.[7]

Instituição Divina
A Igreja não pode instituir Sacramentos. Mas Jesus Cristo é que os
instituiu, como provaremos de cada um, em seu lugar. É fácil perceber que
somente o Senhor da graça pode fazer uma coisa sensível produzir
eficazmente a graça.
O número dos sacramentos dependeu exclusivamente da vontade de
Jesus. Mas podemos ver como era bastante conveniente que fossem sete.
Há uma perfeita analogia entre a vida natural e a sobrenatural. Vejamos
como as duas correm semelhantes. O homem nasce — o Batismo; cresce
e fortifica-se — Crisma; alimenta-se — Eucaristia; doente, cura-se —
Penitência; na velhice ou enfermidade, refaz-se — Extrema Unção; vive em
sociedade, sob a autoridade de chefes — Ordem; perpetua a espécie —
Matrimônio. Deste modo, durante a vida inteira, os cristãos têm a seu
dispor os socorros espirituais de que precisam.

Quem Administra
Pertence aos sacerdotes a administração dos sacramentos, exceto o
Matrimônio, cujos ministros são os próprios nubentes. Aos Bispos cabe
administrar a Ordem.
O ministro é ordinário, quando pode administrar o sacramento em virtude
de sua ordenação e de seu cargo. Mas quando só o pode por necessidade
ou delegação, diz-se ministro extraordinário.
Para que o sacramento seja válido, é necessário:
1) Que o ministro tenha os poderes indispensáveis, recebidos de Deus.
2) A intenção de administrar um sacramento, fazendo o que a Igreja faz.
Para a licitude se requer:
1) Que o ministro esteja em estado de graça.
2) Que observe as cerimônias prescritas pela Igreja.
O ministro tem o dever de recusar os sacramentos às pessoas indignas de
recebê-los.[8]

Quem Recebe
Os sacramentos foram dados aos homens para ganharem a vida eterna.
Portanto só os podem receber os vivos. Para quem não tem uso de razão é
a única condição no Batismo.
Os outros sacramentos só podem receber os que foram batizados. É que
os sacramentos foram instituídos em favor dos cristãos.
Os adultos em uso de razão devem ter a intenção. Porque a graça divina
não é imposta a ninguém, mas deve ser aceita, por um ato de vontade.
Um sacramento pode ser válido e não produzir seus frutos.[9]
Mas nós devemos ter cuidado, não só de receber válida e frutuosamente
os sacramentos, como de nos dispor para maior efusão da graça, por meio
de uma boa preparação.

Obrigação Diferente
A graça divina nos é comunicada pelos sacramentos. Somos obrigados,
pois, a recebê-los. Do contrário, eles seriam praticamente inúteis — e
Jesus Cristo nada fez de inútil.
Mas há sacramentos mais necessários. Assim, o Batismo é necessário a
todos os homens, como meio de salvação. Igualmente, a Penitência a
todos os que cometeram pecado mortal depois do Batismo. Estes são,
pois, necessários por necessidade de meio.
Outros — Confirmação, Eucaristia, Extrema-Unção — são necessários
também, mas por necessidade de preceito: há um preceito implícito de
Jesus Cristo, aos instituí-los, e um explícito da Igreja, obrigando-nos a
recebê-los em determinados tempos e circunstâncias.
Os dois últimos — Ordem e Matrimônio — embora obrigatórios à
comunidade, são de livre escolha às pessoas.
Para Viver a Doutrina
Os Sacramentos são os principais meios de santificação. Foi o próprio
Jesus Cristo que os pôs à nossa disposição. Não seria só ingrato, mas
temerário menosprezar tão ricos dons da misericórdia divina. Eu devo, por
isso, receber os Sacramentos.
Se uns Sacramentos dão a vida à alma, os demais alimentam e
desenvolvem esta vida. Levam-nos à perfeição. Entre estes, principalmente
a Penitência e a Comunhão, que eu devo e quero receber com muita
frequência.
Há, infelizmente, muitos cristãos que desprezam os sacramentos, não os
recebem. Vivem afastados. Católicos de nome... Privados da graça! Galhos
secos da Divina Videira! Membros paralíticos do Corpo Místico. É meu
dever de cristão levar estes maus católicos aos sacramentos.
Há homens que nem conhecem os sacramentos. São milhões! Não lhes
chegou o benefício da Redenção. Devo trabalhar na conversão dos infiéis.
A obra das Missões ficará inserida nas minhas atividades apostólicas.
Os sacerdotes são os ministros de Cristo e dispensadores dos mistérios de
Deus (1Cor 4, 1). Por eles nos dá Jesus Cristo as suas graças, sem
depender das virtudes pessoais ou dos defeitos. É, pois, nosso dever
respeitar o sacerdote como ao próprio Cristo. E agradecer a Nosso Senhor,
ao mesmo tempo, ter-nos dado os sacramentos e o sacerdócio que
distribui os sacramentos.
QUESTIONÁRIO
1. Que é sacramento? 2. Que se entende por matéria e forma de um sacramento? 3. O
sacramento produz eficazmente a graça? 4. Que são sacramentos de mortos e de vivos?
5. Que é graça sacramental? 6. Que é caráter do sacramento? 7. Por que só Jesus Cristo
podia instituir os sacramentos? 8. Que semelhança há entre os sacramentos e a vida
natural? 9. A quem pertence a administração dos sacramentos? 10. Que é ministro
ordinário e extraordinário? 11. Que se requer no ministro para a validade do sacramento?
12. Quem pode receber os sacramentos? 13. Quais os requisitos para a recepção lícita?
14. Que se entende por necessidade de meio e de preceito? 15. Que deveres práticos
decorrem destas doutrinas para um bom católico?
O S
A maldição de Deus ao homem pecador atingiu a natureza inteira, que
tinha sido ordenada para servir ao homem. São Paulo diz que toda criatura
está no cativeiro da corrupção (Rm 8, 21).
Embora vencido por Cristo, o demônio continua a usar das criaturas para
nos perturbar e perder.
Para dar ataque ao demônio em todos os seus redutos e esconderijos,
para auxiliar os cristãos nesta luta, a Igreja, entre outros meios, tem os
Sacramentais, de uso fácil e abundante, que nos podem prestar grandes
serviços.

Noção e Efeitos
Os Sacramentais são causas ou ações instituídas pela Igreja, para obter
efeitos temporais e principalmente espirituais.
Podemos reduzir a quatro os efeitos dos Sacramentais:
1) Produzem a graça. Não a santificante, mas atual. É o principal efeito.
2) Perdoam os pecados veniais, desde que o sujeito esteja nas devidas
condições.
3) Afugentam o demônio.[10]
4) Operam o bem temporal. Se mesmo nos sacramentos encontramos a
produção de efeitos temporais (como na Extrema-Unção), não é de
admirar que constituam objeto dos Sacramentais.

Espécies
Os sacramentais são numerosíssimos e alcançam as mais variadas
necessidades e atividades da vida humana e cristã. Podemos, entretanto,
classificá-los em quatro categorias: exorcismos, bênçãos consecratórias,
bênçãos invocativas, objetos bentos.
1) Exorcismos. Assim como Cristo, a Igreja usa frequentes vezes do
poder de expulsar o demônio. Os exorcismos são usados nas
bênçãos mais importantes (água, sal, igreja, óleo, sinos, etc) e
principalmente nos casos de possessão.
2) Bênçãos Consecratórias. São Sacramentais que consagram
pessoas ou coisas ao serviço de Deus, de maneira permanente.
Assim a tonsura clerical; a bênção dos abades, a profissão religiosa; a
sagração da igreja, do altar, do cálice; a bênção dos sinos, e outros.
3) Bênçãos Invocativas. São orações da Igreja feitas por seu ministro,
pedindo os favores de Deus. Essas bênçãos produzem seus efeitos
independentemente das disposições do ministro que as dá e da
pessoa a quem são dadas. Tanto que se dão a crianças ou mesmo a
animais e coisas. São súplicas que têm a seu favor a eficácia
impetratória da Igreja.
4) Objetos Bentos. Velas, ramos, cinzas, cruzes, imagens, água, são
frequentemente usados, e com uma eficiência só não mais sensível
porque já muito costumeira. Operam seus efeitos em qualquer parte
onde estão, mesmo sem o conhecimento do sujeito.

Principais Sacramentais
Entre os principais Sacramentais se contam:
1) Água Benta. Seu uso, tão comum entre os fiéis, é ordenado pela
liturgia para as bênçãos: o Asperges do povo nas Missas de preceito.
É antigo e salutar costume guardá-la em casa, donde afasta as
incursões diabólicas, atraindo as bênçãos divinas. Pode-se ver o valor
da água benta, lendo-se as orações do Ritual e principalmente a
Bênção da Fonte, no Sábado Santo.
2) Pão Bento. O costume é antiquíssimo. No momento do Ofertório,
separava-se a matéria necessária ao Sacrifício. O resto ficava ao lado
do altar e era bento para ser distribuído aos necessitados ou aos que
não podiam comungar e tinham saído da igreja. Era um sinal de
fraternidade. Na sua bênção atual, a Igreja pede para quem o comer
socorros espirituais e corporais e proteção contra as moléstias e os
inimigos.
3) Confiteor com a absolvição. Ocorre na Missa, na Comunhão e no
Ofício Divino. Há outras orações litúrgicas Sacramentais, como o
Pater (na Missa), o Lavabo, o Evangelho, a bênção da Missa, etc. A
Bênção do Bispo, mesmo dada em particular, é também Sacramental.
Algumas Bênçãos
Para termos uma ideia das bênçãos da Igreja, do cuidado com que ela
provê a todas as necessidades de seus filhos, damos alguns exemplos
tirados do Ritual:
Animais: sãos, doentes. Rebanhos. Abelhas. Cavalos. Aves. Contra os
animais: ratos, gafanhotos, lagartas, etc. Aveia, sal para os animais
doentes.
Arquivos: bibliotecas, contra incêndios.
Bandeira: de uma sociedade qualquer.
Cadeira: para doente.
Campos: jardins; sementes, colheitas, frutos novos, vinhas, celeiros:
conservação, prosperidade.
Casas: proteção, defesa, saúde dos habitantes.
Crianças: sãs, doentes.
Enfermos: saúde, cura, paz, reconforto.
Escolas: escolares, professores: sua virtude, progresso, sabedoria.
Inundações: (contra).
Manteiga: queijos, ovos, toucinho e qualquer alimento.
Máquinas: tipográficas, de usina elétrica, para apagar incêndios, de
estradas de ferro, telégrafo.
Moléstias: águas: — de Santo Alberto, contra febres; de Santa Adelaide,
Santo Inácio, São Pedro Mártir, São Vicente Ferrer, São Vicente de Paulo,
contra moléstias em geral; de São Brás (água, pão, vinho e frutas) contra
as moléstias de garganta; de São Bento e de São Vilibrordo contra
moléstias nervosas; de Santo Huberto, contra a raiva. Há também a
bênção de óleo para uso dos enfermos.
Mulher: antes do parto e depois.
Remédios: eficácia.
Veículos: carros, automóveis, navios, aeroplanos.

Para Viver a Doutrina


A Igreja nos ensina a santificar todos os atos da vida cotidiana. O uso dos
Sacramentais nos ajuda admiravelmente nisto.
Devemos ter uma grande confiança na eficácia dos Sacramentais.
Devemos mesmo usá-los mais, muito mais do que o temos feito. Recorrer
às numerosas bênçãos da Igreja, tão fácil remédio às necessidades
espirituais e temporais.
Entretanto, nos acautelemos quer de emprestar aos Sacramentais um valor
superior ao que realmente têm, quer de lhes sacrificar os atos essenciais
da vida Cristã. Eles são auxiliares dos sacramentos.
Usados com mais largueza, dentro dos justos limites, serão remédios à
tendência, cada vez maior, da nossa gente à superstição — amuletos,
orações fortes, benzeduras, águas fluidas, etc — a que recorrem apenas
os ignorantes dos amplos recursos que a Igreja oferece nos seus
Sacramentais, onde todos encontrarão as virtudes que procuram em vão
nessas crendices.
QUESTIONÁRIO
1. Por que a Igreja institui Sacramentais? 2. Que é sacramental? 3. Em que se diferencia
de Sacramento? 4. Quais seus efeitos? 5. Como os Sacramentais produzem seus efeitos?
6. Como podemos classificar os Sacramentais? 7. Quais são os principais Sacramentais?
8. Enumere algumas bênçãos da Igreja. 9. Que confiança podemos ter nos Sacramentais?
10. Por que é conveniente ao povo o seu uso?
O S L
Jesus Cristo instituiu os Sacramentos e os confiou à Igreja. É a Igreja que
os guarda e os distribui aos fiéis. Naturalmente, a administração dos
Sacramentos havia de constituir uma das principais funções da Igreja. E é
mesmo a maior, depois da celebração do Santo Sacrifício da Missa. Por
isso, foi sempre cercada de todo respeito, de toda pompa, de todos os
preparativos necessários à compreensão e estima da graça que os fiéis
vão receber. Daí, as cerimônias de que a Igreja cercou a administração dos
Sacramentos.
Essencial e Acidental
A Missa e os Sacramentos foram instituídos por Cristo no que têm de
essencial. Mas as cerimônias que cercam o rito essencial são acidentais:
— foram instituídas pela Igreja e não pertencem propriamente ao
sacramento.[11]
Ao mesmo tempo, as cerimônias são obrigatórias por imposição da Igreja.
A Igreja manda observá-las rigorosamente na administração solene dos
Sacramentos, condenando os que dizem que elas podem ser desprezadas
ou omitidas sem pecado (Concílio de Trento).
As cerimônias não foram todas feitas de uma vez, nem começaram assim
como hoje existem. Evolveram com o tempo, e variam de lugar para lugar,
constituindo diferentes ritos. Hoje, constam dos livros oficiais da Igreja e
são de tal maneira fixas e respeitáveis que nem os Bispos podem mudá-
las, porém só o Papa. Esses livros são o Missal para a Missa e o Pontifical
e o Ritual para os Sacramentos.

Vantagens das Cerimônias


Nisto a Igreja se afez ao procedimento do próprio Cristo. Lidando com
criaturas sensíveis, Jesus Cristo quis conferir-nos a graça por meios
sensíveis.
Desta maneira, Jesus Cristo despertava a atenção, impressionando os
sentidos, e excitava a piedade.
A Igreja desperta o nosso interesse, levando-nos por cerimônias acidentais
ao que é essencial no sacramento. Toca os nossos sentidos por meio de
ritos majestosos, simbólicos, cheios de significação, que fazem ressaltar
melhor a eficácia do sacramento.
As palavras são sempre ou orações ou admoestações ou ensinamentos.
Umas se dirigem a Deus, em súplicas oficiais pelos que recebem os
sacramentos: — são as melhores de todas as orações, porque são da
própria Igreja e não de pessoas particulares. Outras chamam a atenção
para a dignidade do sacramento, as condições de sua digna recepção, os
preciosos efeitos que produz — mandando, às vezes, ao sujeito, que
atente no que faz e nas responsabilidades que contrai.
Com isto, compenetra, não só quem recebe, mas também quem assiste ao
sacramento, do sentido espiritual, alimentando a devoção, excitando o
respeito, aumentando o amor, melhorando assim as disposições — o que
concorre para aumentar as graças recebidas.
Conhecimento Necessário
Todas essas vantagens ficariam inúteis, se os fiéis ignorassem as
cerimônias. Por isso, a Igreja quer que as conheçamos. Quanto melhor as
conhecemos, tanto mais conscientes e mais piedosos seremos, ao receber
os sacramentos, e mais úteis eles nos serão.[12]
O Ritual é um livro cheio do pensamento da Igreja. A verdadeira piedade
eclesiástica está no Missal e no Ritual. Mas o Ritual é, talvez, ainda mais
rico de sentimento da Igreja, porque nele há menos fórmulas bíblicas e
mais fórmulas eclesiásticas. A Igreja coligiu ali a piedade tradicional, a
doutrina dos Santos Padres[13], o que há de mais sólido e prático para a
edificação da vida cristã.
Muitas cerimônias são remanescências históricas, que só podem ser
compreendidas mediante estudo. Outras são simbólicas e o simbolismo
das coisas da Igreja há de significar o que ela entende e não o que nós
quisermos imaginar: — precisam também de estudo.
A Liturgia é o método oficial de santificação da Igreja. Por ela a Igreja
realiza eficazmente a nossa santificação. Os métodos particulares, embora
aprovados, não podem equiparar-se à Liturgia nem prescindir dela. Por
melhores que sejam, seria lamentável preferi-los à orientação oficial da
Igreja.
Fontes de Graça
Todos os sacramentos estão em íntima relação com o Sacrifício do
Calvário, continuado e aplicado na Santa Missa. Todas as graças têm sua
origem e razão de ser na Encarnação, Paixão e Morte do Senhor. Santo
Agostinho diz que do lado de Cristo, aberto pela lança na Cruz, manaram
os Sacramentos da Igreja.[14]
A liturgia dos sacramentos tem origem na própria liturgia da Missa. É que,
ou eram administrados durante a Santa Missa, ou estão com ela ligados
em íntima conexão. Missa e Calvário são de tal maneira unidos que não é
possível separá-los.

Para Viver a Doutrina


Recebendo ou assistindo aos Sacramentos, quero portar-me sempre com
atitudes respeitosas, pois que estou vendo o Sangue de Cristo verter do
Calvário sobre as almas.
Como não se pode gostar do que não se conhece, dedicar-me-ei
cuidadosamente ao estudo dos Sacramentos e da sua liturgia, aprendendo
com espírito de fé as lições que este livro me der. E me penetrarei
vivamente do que estudar, principalmente quando receber ou assistir aos
Sacramentos.
É pena que tantos cristãos ignorem a liturgia dos Sacramentos e o seu
conteúdo, a sua grandeza, as lições que encerra. Eu farei um grande bem
a essas almas, se tomar parte no apostolado litúrgico, fazendo chegar-lhes
o conhecimento e a estima desses tesouros da Igreja. Isto faz parte da
Ação Católica: Sentire cum Ecclesia.
Os livros litúrgicos são ricos de ensinamentos. Procurarei meditar de vez
em quando os textos litúrgicos dos sacramentos, para melhor fixá-los na
minha vida cristã. E farei do Missal o meu livro de oração, por excelência.
QUESTIONÁRIO
1. Nos sacramentos, que foi instituído por Cristo, ou pela Igreja? 2. Quando se pode omitir
o cerimonial dos sacramentos? 3. E se omitissem, sem necessidade, o sacramento seria
válido? 4. Como se constituíram as cerimônias? 5. Onde se encontram elas? 6. Exponha
as vantagens das cerimônias eclesiásticas. 7. Por que precisamos conhecer as
cerimônias? 8. Por que devemos preferir o método litúrgico? 9. Mostre as ligações dos
sacramentos com o Sacrifício de Cristo no Calvário e na Missa. 10. Que reflexos tem em
nossa vida este estudo? 11. Que entende por apostolado litúrgico?
C 2—OF D
E B
Quando o mundo se maculou de tantos pecados, Deus o mergulhou no
Dilúvio, purificando-o pela água (Gn 6 — 7). Fugindo à fúria do Faraó, os
hebreus só escaparam através da miraculosa passagem do Mar Vermelho
(Ex 14, 15-31). Naamã curou-se de lepra, lavando-se sete vezes no
Jordão, por ordem de Eliseu (2Rs 5, 1-14). Está no Evangelho que a
piscina probática curava o primeiro enfermo que lhe tocasse as águas,
depois de agitadas pelo anjo (Jo 5, 2-4). Todas estas figuras do Batismo
cristão culminariam no Batismo de João, no qual foi batizado o próprio
Jesus Cristo (Mt 3, 5-17).

O Batismo Cristão
Este sacramento, que é a porta da Religião cristã e da vida eterna (Ritual),
foi instituído por Jesus Cristo, como se pode ver no Evangelho.
Depois da Ressurreição, o Senhor dá aos Apóstolos o preceito divino de
batizar em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 19).
Iniciada a vida da Igreja, no próprio dia de Pentecostes, São Pedro batiza
3.000 pessoas (At 2, 41). De então por diante, é tão frequente a prática do
Batismo nos Atos dos Apóstolos e nas Epístolas, que não a podemos
acompanhar aqui (ver: Filipe batiza o oficial da Rainha da Etiópia em At 8,
36-38); São Paulo batizado por Ananias (At 9, 18); São Pedro manda
batizar os gentios (At 10, 48).

Água Regeneradora
O Batismo se faz com água natural, que é a matéria deste sacramento.
Mas no Batismo solene deve ser usada obrigatoriamente água batismal,
que é diferente da água benta comum.
A matéria deve ser aplicada ao sujeito pelo ministro, ao mesmo tempo em
que pronuncia a forma: Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo. Estas palavras são essenciais.

Como se Batiza
A pessoa que batiza é a mesma que derrama a água no sujeito,
pronunciando ao mesmo tempo a forma.
A ablução batismal pode-se fazer de 3 modos:
1) Infusão, derramando água na pessoa.
2) Imersão, mergulhando a pessoa na água.
3) Aspersão, jogando água nas pessoas.

Quem Batiza
O batismo deve ser administrado pelo sacerdote, sendo, porém, um direito
do pároco; mas, em caso de necessidade, qualquer pessoa pode batizar,
mesmo que não seja católica nem batizada.[15]
Todos têm obrigação de saber batizar, para poderem fazê-lo quando
necessário. Especialmente os médicos e profissionais que lidam com
crianças recém-nascidas. E já no catecismo e nas escolas católicas se
deve ensinar bem a cerimônia essencial do Batismo.

Sujeito do Batismo
Todo ente humano vivo e ainda não batizado pode receber o Batismo. Se
não se sabe se está vivo, batiza-se sob condição. Mas se há toda certeza
de que está morto, não se batiza.
Os filhos de católicos devem ser solenemente batizados quanto antes
(Can. 770), dentro de uma semana. É pecado mortal deixar a criança um
mês sem batizar, por causa dos padrinhos que moram longe, ou porque
querem reunir a família, ou outros motivos. Ótima compreensão mostram
os pais que mandam batizar seus filhinhos imediatamente, fazendo-os
renascer para o céu.
Os filhos de hereges, pagãos ou cismáticos só podem ser batizados com o
consentimento dos pais e garantia de educação cristã. Mas, em caso de
morte, devem ser batizados, mesmo contra a vontade dos pais.

Necessário a Todos
O Batismo é necessário por necessidade de meio, a todos os homens, de
tal modo que, sem ele, não é possível a salvação: Em verdade, em
verdade te digo que quem não renascer da água e do Espírito Santo, não
pode entrar no reino de Deus (Jo 3, 5).
Quando não é possível o Batismo de fato, basta o desejo de ser batizado
— o desejo explícito de quem conhece o Batismo e quer recebê-lo, ou o
desejo implícito de quem está disposto a fazer todo o necessário à
salvação.
O batismo de sangue também supre o Batismo. É quando se padece a
morte ou tormentos mortais por causa de Cristo. Quem perde a sua vida
neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna (Jo 12, 25).
Padrinhos
Nos primeiros tempos da Igreja, quando as perseguições ameaçavam levar
os cristãos fracos à apostasia, só se aceitava um candidato ao Batismo se
ele era apresentado por cristãos que o conhecessem e se
responsabilizassem pela sua conduta. Eram os Padrinhos. Função,
portanto, muito séria e cheia de responsabilidades.
Este costume ficou, na Igreja. Ainda hoje os padrinhos são os responsáveis
pela criança perante a Igreja. Em nome do afilhado, eles renunciam ao
demônio e fazem a profissão de fé. Estão obrigados a ensinar à criança a
manter os compromissos assumidos no Batismo, verdadeiros pais
espirituais dos afilhados, principalmente se os pais não cumprem bem os
deveres de educadores cristãos (Can. 769).
Não pode ser padrinho quem:
1) Não é batizado, não é católico ou é excomungado (como protestante,
espírita, maçom).
2) Não tem 14 anos.
3) É pecador público (como os amasiados e casados só civilmente).

Para Viver a Doutrina


Diante do Batismo, não nos devíamos cansar de agradecer a Nosso
Senhor esta graça que fez a todos os homens em geral, mas em particular
a nós. E talvez nunca tenhamos agradecido! Ou tenhamos tão pouco.
É do espírito da Igreja que o Batismo seja feito na própria paróquia. A
matriz é a casa da grande família cristã que é a paróquia. O pároco é o pai
espiritual. Este espírito paroquial seja um dos bons cuidados da nossa vida
cristã. A Pia Batismal em que nascemos para o céu como nos deve ser
grata! São Luiz, de França, costumava assinar: — Luiz de Poissy, nome da
paróquia em que foi batizado.
Tão grande a necessidade do Batismo! E tantos ainda que não lhe
recebem os benefícios! A Igreja tem incrementado de mais a mais a Ação
Missionária. Eu devo ajudar os missionários! Diz-se que Santa Teresa,
pelas suas orações, converteu mais infiéis do que São Francisco Xavier.
Quanto eu posso ajudar os missionários! Mesmo com outros auxílios
(Como se pode ajudar as Missões?).
Não haverá, nos meus conhecimentos, crianças ou mesmo adultos sem
Batismo? Que tenho feito por eles? Não é meu dever de caridade trabalhar
por isso? Cuidarei disto agora.
Ser padrinho! Como se entende levianamente esta responsabilidade! E que
ignorância reina, em geral, a este respeito! Excelente preocupação de
Ação Católica será divulgar as verdadeiras noções do múnus de padrinho.
Se eu ganhar algum afilhado, ao invés da preocupação do enxoval ou do
presente, procurarei velar sobre a alma do meu afilhado, com um cuidado
perpétuo, como manda a Igreja.
QUESTIONÁRIO
1. Como iniciou a Igreja a prática do Batismo? 2. Qual é a matéria do Batismo? 3. Diga a
forma do Batismo e a maneira de batizar. 4. Qual é o ministro ordinário do Batismo
solene? 5. Quando se devem batizar os filhos de católicos? 6. E os filhos de acatólicos? 7.
Quem pode batizar em caso de necessidade? 8. Quem pode ser padrinho?
E B
Os nossos catecismos, em geral, apenas enunciam os efeitos do Batismo.
Assim, por exemplo, o terceiro catecismo diz: Os efeitos do Batismo são os
seguintes: 1.º confere a graça santificante, que apaga o pecado original e
também o atual, se o houver; 2.º perdoa toda a pena devida a esses
pecados; 3.º imprime na alma o caráter de cristãos; 4.º faz-nos filhos de
Deus, membros da Igreja e herdeiros do céu; 5.º torna-nos capazes de
receber os outros sacramentos, porque o Batismo é a porta dos
sacramentos. E só. Nem mais um comentário. No entanto, isto é o centro e
o fundamento de toda a vida cristã, que consiste em viver o Batismo.

A Graça Santificante
Por causa do pecado original, o demônio exerce poderes sobre os homens.
No batismo a Igreja expulsa o demônio da alma do batizado. O sacerdote
sopra na face da criança e diz: Sai dela, ó espírito imundo, e dá o lugar ao
Espírito Santo.[16]
No momento em que fomos batizados, a Santíssima Trindade veio e
habitou em nós. Começamos a ser desde aquele momento um templo de
Deus. O demônio fugiu e deu lugar ao Espírito Santo. Fomos
transformados em templos de Deus vivo, e o Espírito Santo habitou em
nós.[17]
É muito significativa a cerimônia da túnica branca — símbolo da graça que
nos reveste a alma. Não a recebemos por algum tempo, mas para toda a
vida, e devemos apresentar-nos diante do tribunal de Jesus Cristo
revestidos dela, para podermos merecer a vida eterna (ver a fórmula).[18]

Remissão dos Pecados


O Batismo apaga o pecado original e todos os demais pecados, com todas
as suas penas. De sorte que, se o batizado morre antes de cometer outro
pecado, vai imediatamente para o céu.
O Batismo confere a graça santificante. Ora, isto só é possível mediante o
perdão dos pecados mortais, incompatíveis com o estado de graça. Cada
um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos
vossos pecados (At 2, 38).
Muitos se admiram de que uma desobediência tão simples como foi o
pecado original pudesse ter tão graves consequências. Não pensam que
tanto mais fácil era obedecer, tanto mais culpado foi desobedecer. Mas
deviam, ao menos, observar também como uma coisa tão simples —
algumas palavras e um pouco de água — produz tão excelentes efeitos. Se
o demônio foi terrível destruindo em tão curto instante a felicidade
sobrenatural do homem, Deus revelou o seu poder e o seu imenso amor
restituindo-nos a grandeza primitiva com a simplicidade do Batismo.
Incorporação a Cristo
O Batismo nos torna membros de Cristo. É a nossa incorporação a Cristo,
como membros do Corpo Místico (ver na Doutrina Viva o capítulo A
Comunhão dos Santos).
São Paulo fala muitas vezes no homem velho e no homem novo. O homem
velho é o que vem de Adão, com a natureza corrompida pelo pecado; e o
homem novo é o que foi regenerado pelo Batismo. Assim, Cristo é o
cabeça e o chefe do homem da graça, como Adão o é da humanidade
pecadora. Por isto, São Paulo chama a Jesus Cristo de o novo Adão (1Cor
15, 45).
Pelo nosso nascimento, pertencíamos ao primeiro Adão. Pelo Batismo, que
é um novo nascimento (Jo 3, 3-7), passamos a pertencer a Jesus Cristo,
agora nosso chefe e cabeça (Ef 5, 23). Fomos incorporados: passamos a
fazer parte do Corpo de Cristo. E isto se dá pelo Batismo: Fomos todos
batizados, para formarmos um mesmo Corpo (1Cor 12, 13). O Batismo é,
pois, o Sacramento da incorporação a Cristo.
O cristão é realmente Cristo — tal a união que o Batismo estabelece entre
Cristo e nós. O que fizestes a um deste meus irmãos mais pequeninos, a
mim o fizestes (Mt 25, 40). E a Saulo, que perseguia os primeiros cristãos,
perguntou Cristo por que o perseguia (At 9, 4).

Filhos de Deus
Recebendo a graça santificante, passamos a ser filhos de Deus. Não por
natureza, como o Verbo Eterno, mas por adoção. Vós sois filhos de Deus,
diz São Paulo aos Gálatas (3, 26) e aos Efésios explica que somos filhos
adotivos (1, 5). Mas a adoção divina é incomparavelmente superior à
humana, porque nos dá a participação da natureza divina, de tal modo que
nós não somos apenas chamados, mas realmente somos filhos de Deus,
como diz São João (1Jo 3, 1).
Somos filhos, e não mais escravos (Gl 4, 7); e por isso devemos cumprir
nossos deveres para com Deus filialmente, por amor, e não em espírito de
servidão (Rm 8, 15).
Filhos de Deus, nossa verdadeira morada é o céu. Todo filho tem direito a
um lugar na casa do pai. E vivemos na família de Deus. E herdaremos dos
bens eternos.

Membros da Igreja
O Batismo nos torna membros da Igreja. Como sócios desta Sociedade,
participamos de todos os atos de seu culto, podemos receber os
Sacramentos, ficamos obrigados a suas leis e a trabalhar em sua defesa e
em seu engrandecimento.
Há uma cerimônia do Batismo que indica isto. Tudo vai-se desenrolando à
porta da Igreja (como manda o Ritual), e depois o sacerdote autoriza a
entrada no templo, dizendo estas palavras: Entra para o templo de Deus,
para que tenhas parte com Cristo para a vida eterna. A entrada para a
Igreja nos torna participantes de tudo o que pertence a Cristo.
O Caráter
O caráter é o primeiro e o mais importante efeito do Batismo. Ele é um
sinal que marca a alma, de maneira indelével, distinguindo-a das almas
que não são cristãs. É inerente à alma, coisa real, e não mero título, e
nunca se apagará. Nos santos permanece para sua glória; nos réprobos,
para sua confusão.
Estamos marcados com o sinal de Cristo, porque pertencemos a Ele.[19]
O caráter batismal nos configura a Cristo. É como se a figura de Cristo
fosse impressa em nossa alma, em toda a nossa alma e não numa só
parte, e de maneira profunda, que nunca mais se pode apagar.
A graça nos torna semelhantes a Cristo por uma semelhança de natureza;
e o caráter, por uma semelhança de função. Ora, como a função própria de
Cristo é o seu sacerdócio, o caráter nos faz participantes do sacerdócio de
Cristo. Esta participação começa no Batismo, aumenta na Crisma e se
completa na Ordem (com o poder de consagrar a Eucaristia e reconciliar os
homens com Deus).
Para Viver a Doutrina
Devemos agradecer frequentemente a Deus o nosso Batismo. E o melhor
modo de fazê-lo é viver uma boa vida cristã, fazendo filialmente a sua
santa vontade.
Revestidos de Cristo pelo Batismo, tornemo-nos semelhantes a Ele,
mortificando as nossas paixões (Gl 5, 24), enchendo-nos de seus
sentimentos (Fl 2, 5) e glorificando-o por nossos atos (1Cor 6, 20).
Católicos, ligados à sorte da Igreja, interessemo-nos por tudo o que é dela:
suas lutas, suas necessidades, seus trabalhos. E tenhamos uma santa
ufania de ser católicos.
Templos do Espírito Santo. Vivamos sempre em estado de graça. Como
terei coragem de expulsar de mim o Espírito Santo e me entregar de novo
ao demônio? Seria profanar um membro do Corpo de Cristo!
O dia mais feliz de nossa vida foi o dia de nosso Batismo, disse Pio XI.
Celebremos seu aniversário com uma festa espiritual. Sejamos devotos do
santo cujo nome recebemos. Transformemos nosso Batismo em objeto de
especial devoção.
QUESTIONÁRIO
1. Por que é o cristão templo do Espírito Santo? 2. Quais são os pecados que o Batismo
apaga? 3. Explique a nossa incorporação a Cristo pelo Batismo. 4. Como se prova que
temos, por filiação, direito ao céu? 5. Como membros da Igreja, a que têm direito os
batizados? 6. Que é o caráter batismal? 7. Que consequência tira dos efeitos do Batismo
para a sua vida cristã?
L B
Juntamente com a doutrina, damos a liturgia de cada sacramento. É a
maneira oficial de administrar a graça, adotada pela Igreja. Aí, nas orações,
nas admoestações, nos gestos e atitudes, encontramos uma grande
riqueza de doutrina e sentimentos católicos. Obrigados a viver em contato
permanente com tudo isto, há muitos cristãos que perdem este caudal de
seiva eclesiástica, porque ignoram por completo o que veem e ouvem.
Privam-se assim de um substancioso alimento, que procuram substituir
pelos alimentos fraquinhos das devoções individuais, novenas, confrarias
ou livrinhos de orações. Tudo isto é bom, mas nunca poderá comparar com
o que nos fornece a Liturgia. Estudando a liturgia dos Sacramentos, vamos
ver como os nossos olhos se abrem para divisar tesouros, que foram para
muitos católicos verdadeiros tesouros escondidos.

Um Pouco de História
A cerimônia essencial do Batismo foi dada pelo próprio Jesus Cristo (Mt 28,
19) e os primeiros batizados constaram somente dela, como ainda hoje nos
casos de necessidade, quando um leigo batiza. Assim foi com o etíope que
São Filipe batizou. Mas, mesmo neste episódio, já vemos que antes houve
uma doutrinação e uma profissão de fé e que o sujeito pediu o batismo:
“E abrindo Filipe a sua boca, principiando por este trecho da Escritura, anunciou-
lhe Jesus. E continuando eles o caminho, encontraram água; e o eunuco disse:
Eis aqui água. Que me impede de ser batizado? Disse, porém, Filipe: Se crês
de todo o coração, é possível. E respondendo, disse: Creio que Jesus é o Filho
de Deus (At 8, 35-37 — ver todo o episódio). E Filipe o batizou.”
Este costume de instruir para depois batizar, baseia-se na palavra de
Cristo: Ide, ensinai... batizando. Os Apóstolos o seguiram, só ministrando o
Batismo depois da instrução. Lídia, instruída e batizada por São Paulo (At
16, 14-15); Apolo, instruído por Áquila e Priscila, antes de ser batizado (At
18, 24-26), etc.

As Cerimônias Antigas
Como as atuais cerimônias do Batismo se esclarecem muito com o
conhecimento do Catecumenato, examinemos as suas três fases.
1.ª fase: ADMISSÃO
O candidato era apresentado ao Bispo. Este fazia um interrogatório sobre a
sua vida, as intenções e uma advertência prévia do que devia fazer, se
queria entrar na vida eterna. E, tomando-se-lhe o nome, era o candidato
admitido como ouvinte, mediante os seguintes ritos:
a) Exsuflação[20] no rosto, com uma fórmula de exorcismo.
b) O sinal da cruz na fronte e no peito.
c) A imposição das mãos sobre a cabeça.
d) A introdução do sal na boca. Depois disto, o catecúmeno tem o direito
de ocupar um lugar nas reuniões cristãs, para ouvir as leituras e
homilias, cânticos e orações (a parte da Missa até ao Evangelho era
destinada aos catecúmenos) e o dever de receber as instruções,
renunciar aos costumes e divertimentos pagãos, exercitar-se nas
virtudes.
2.ª fase: PREPARAÇÃO PRÓXIMA
Terminada esta preparação remota, feito o exame de suas vidas e grau de
instrução, se ofereciam garantias para a vida cristã, eram aceitos e
inscritos no registro da Igreja. Era no princípio da Quaresma, durante a
qual se intensificava a preparação próxima. Esta constava de:
a) Preparação ascética: jejuns, penitência e confissão dos pecados
(não, porém, confissão sacramental).
b) Preparação catequética: repetidas instruções privadas e solenes,
explicando os pontos principais da fé, o Símbolo e o Pater.
c) Preparação litúrgica: exorcismo, imposição das mãos e orações antes
ou depois da catequese, e os escrutínios, reuniões solenes, que eram
exames dos eleitos.[21]
3.ª fase: PREPARAÇÃO IMEDIATA
Era durante a noite do sábado de Aleluia ou na vigília do Pentecostes. As
cerimônias eram bem longas e ia até ao amanhecer do soleníssimo dia de
Páscoa. A solenidade desta vigília constitui a liturgia do sábado de Aleluia
(ver no Missal).
Começava pela Bênção do Fogo, na qual se faz alusão à saída do Egito,
passagem do Mar Vermelho, e outras figuras do Batismo (ver o Exultet,
que é um belíssimo poema).
Vinham depois as leituras. Era a última instrução que os catecúmenos
recebiam.
Fazia-se então a procissão para o Batistério, para a Benção da Água
destinada a regenerar os homens (ver no Missal as orações que falam
tão admiravelmente do Batismo). Em seguida, administrava-se o Batismo
aos eleitos.
Antes do Batismo o Bispo os interrogava sobre o Símbolo e eles faziam
uma solene profissão de fé. E eram batizados. Vestiam uma túnica branca,
símbolo da inocência recobrada. Recebiam um círio aceso e voltavam em
procissão. Começava então a Missa de Páscoa, na qual todos faziam sua
primeira comunhão.
A Liturgia Atual
Nas atuais cerimônias do Batismo se encontra, resumido e simbolizado,
quase tudo o que acabamos de ver ligeiramente. Principalmente no
Batismo de Adultos, cujo cerimonial é muito mais longo. Mas, por ser mais
comum, veremos o Batismo das Crianças, ao qual tantas vezes assistimos
sem entender, mas que nos pode ser uma fonte de meditações, renovando
os nossos propósitos de vida cristã. Vimos que todo o ritual do Batismo se
desenrolava em três fases, que duravam mais de um ano.
P F . Na primeira fase — admissão — depois do interrogatório e
duma advertência ao candidato, fazia-se a exsuflação, o sinal da cruz, a
imposição das mãos e do sal. Vejamos isto no Batismo atual.
1) Interrogatório. Fora do Batistério, o sacerdote vestido de sobrepeliz e
estola roxa, interroga a criança, pela qual os padrinhos respondem e
se responsabilizam:

N..., que pedes à Igreja de Deus? N..., quid petis ab Ecclesia Dei?
A fé. Fidem.
Que te dará a fé? Fides quid tibi praestat?
A vida eterna. Vitam aeternam.

2) Advertência.
Pois, se queres entrar na vida Si ígitur vis ad vitam ingredi, serva
eterna, observa os mandamentos. mandata. Diliges Dóminum Deum
Amarás o Senhor teu Deus de todo o tuum ex toto corde tuo, et ex tota
teu coração, com toda a tua alma, de ánima tua, et ex tota mente tua; et
toda a tua mente e a teu próximo próximum tuum sicut te ípsum.
como a ti mesmo.

3) Exsuflação. O sacerdote sopra três vezes na face da criança e diz,


dirigindo-se a Satanás, fazendo assim o primeiro exorcismo:
Sai dele (ou dela) espírito imundo, e Exi abe o, immúnde spíritus, et da
dá o lugar ao Espírito Santo locum Spiritui Sancto Paraclito.
Paráclito.

4) Sinal da Cruz. E então, com o polegar da mão direita, traça o sinal da


cruz na fronte e no peito do batizando — na fronte, para que não se
envergonhe, mas se glorie de sua fé; no peito, para que ame a Jesus
crucificado, dizendo:
Recebe o sinal da cruz, tanto na Accipe signum crucis tam in fronte
fronte como no coração, aceita a fé quam in corde, sume fidem
dos preceitos divinos, e sejam tais os coeléstium praeceptórum: et talis
teus costumes que já possas ser um esto móribus, ut templum Dei jam
templo de Deus. esse possis.

E faz em seguida esta oração:


Oremos. Senhor, nós vos pedimos Oremus. Preces nostras,
que escuteis benignamente as quaesumus, Dómine, cleménter
nossas preces, e guardeis com o exáudi: et hune electuum tuum N...,
vosso perpétuo poder este vosso Crucis Dominicae impressióne
eleito N... (ou eleita) marcado com a signátum, perpétua virtúte custódi;
impressão da Cruz do Senhor, para ut, magnitúdubus glóriae tuae
que, guardando os rudimentos da rudiménta servans, per custódiam
grandeza de vossa glória, pela mandatórum tuórum ad
observância dos vossos regenerationis glóriam pervenire
mandamentos, possa chegar à glória meraátur. Per Christum Dóminum
da regeneração. Por Cristo Nosso Nostrum.
Senhor. R. Amen.
R. Amém.

5) Imposição das mãos. O sacerdote põe a mão sobre a cabeça da


criança, e erguendo-a, diz:
Oremos. Onipotente e eterno Deus, Oremus. Omnípotens, sempiterme
Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus, Pater Dómini nostri Jesu
dignai-vos de olhar para este vosso Christi, respícere dignáre super hune
servo N... (ou serva), que vos fámulum tuum N..., quem ad
dignastes chamar aos primeiros rudimenta fídei vocáre dignátus es:
ensinamentos da fé; afastai dele omnem caecitátem cordis ab eo
toda a cegueira de coração; expélle: disrúmpe omnes láqueos
quebrai todos os laços de Sátanae, quibus fuérat coligátus;
Satanás, com que estava preso; áperi ei, Dómine, jánuam pietátis
abri-lhe a porta da vossa tuae, ut, signo sapiéntatiae tuae
misericórdia, para que, marcado imbútus, ómnium cupiditátum
com o sinal da vossa sabedoria, foctóribus cáreat, et ad suávem
fique livre da infecção das odórem praeceptórum tuorum laetus
paixões, e vos sirva com alegria na tibi in Ecclésia tua desérviat, et
Igreja, atraído pelo suave perfume proficiat de die in diem. Per eúndem
dos vossos Mandamentos e cresça Christum Dóminum nostrum.
em virtude, de dia em dia. Pelo R. Amen.
mesmo Cristo Nosso Senhor.
R. Amém.

6) Imposição do sal. Toma um pouco de sal, exorcizado e bento, capaz


de afugentar o inimigo, poderoso remédio espiritual, e introduz na
boca da criança:
N…, recebe o sal da sabedoria; que N..., áccipe sal sapiéntiae; propitiátio
ele te seja de proveito para a vida sit tibi in vitam aetérnam.
eterna. R. Amen.
R. Amém. Pax tecum.
A paz seja contigo. R. Et cum spíritu tuo.
R. E com o teu espírito. Oremus. Deus patrum nostrórum,
Oremos. Deus de nossos pais, Deus Deus inivérsae cónditor veritátis, te
criador de toda verdade, nós vos súplices exorámus, ut hune fámumul
suplicamos que vos digneis de olhar tuum N... respícere dignéris propitius,
para esse vosso servo N... (ou serva) et hoc primum pábulum salis
que prova pela primeira vez o gustántem, non diútius esuríre
alimento do sal, para que não o permittas, quo minus cibo expléatur
deixeis por mais tempo privado do coelésti, quátenus sit semper spíritu
alimento celeste, mas que ele seja fervens, spe gaudens, tuo semper
sempre cheio de fervor e de alegre nómini sérviens. Perdue eum,
esperança e sempre servindo ao Dómine, quaésumus, ad noave
vosso nome. Levai-o, Senhor, ao regeneratiónis lacvácrum, ut cum
banho da nova regeneração, para fidélibus tuis promissiónum tuárum
que possa merecer as recompensas aetérna praémia consequi mereátur.
eternas das vossas promessas, Per Christum Dóminum Nostrum.
juntamente com os vossos fiéis. Por R. Amen.
Cristo Nosso Senhor.
R. Amém.

S F . Historicamente, vimos que na preparação próxima havia


dois escrutínios que eram mais notáveis: o 3º e o 7º, cujas solenidades
estão conservadas no atual cerimonial. Vejamos por partes.
O terceiro escrutínio constava de: exorcismo, sinal da cruz, imposição das
mãos, entrega do Símbolo e Pater, que os eleitos deviam saber recitar e
cuja profissão faziam no dia do Batismo. Vamos ver no Ritual de agora.
1) Segundo Exorcismo. Três vezes o sacerdote faz o sinal da cruz sobre
a criança, com ordem ao demônio para que se retire. Isto lembra, os
numerosos exorcismos antigos:
Eu te exorcizo, espírito imundo, em Exorcizo te, immúnde spíritus, in
nome do Pai e do Filho e do Espírito nómine Patris et Filii et Spirictus
Santo, para que te retires e saias Sancti, ut éxeas, et recédas ab hoc
deste servo (ou serva) de Deus, N... fácmulo Dei N... Ipse enim tibi íperat,
Pois quem te manda, maldito maledícte damnáte, qui pédibus
condenado, é Aquele que andou com super mare ambulávit, et Petro
mergénti déxteram porréxit.
os pés sobre o mar e estendeu a Ergo, maledícte diábole recognósce
mão a Pedro que se afogava. senténtiam tuam, et da honórem Deo
Portanto, diabo maldito, reconhece a vivo et vero, da honórem Jesu
tua condenação, e honra ao Deus Christo Filio ejus, et Spíritui Sancto,
vivo e verdadeiro; honra o seu Filho et recéde ab hoc fámulo Dei N...,
Jesus Cristo e ao Espírito Santo. E quia istum sibi Deus et Dóminus
retira-te deste servo de Deus, N..., Noster Jesus Christus ad suam
porque Jesus Cristo Nosso Deus e sanctam grátiam, et benedictiónem,
Senhor se dignou chamá-lo à sua fontémque baptismatis vocáre
santa graça e bênção e à fonte do dignátus est.
Batismo.

2) Nova Consignação. E, para tornar ainda mais eficiente a expulsão


feita por tão enérgica linguagem, o sacerdote faz na fronte da criança
o sinal da cruz, com que Cristo venceu o demônio, dizendo:
E este sinal da cruz que nós Et hoc signum sanctae Crucis, quod
imprimimos em sua fronte, tu, nos frontiejus damus, tu, maledícte
maldito diabo, nunca te atrevas a diábole, nunquam audeas violáre.
profanar. Pelo mesmo Cristo Nosso Per eúmdem Christum Dóminum
Senhor. nostrum.
R. Amém. R. Amen.

3) Imposição das Mãos. Põe a mão sobre a cabeça da criança,


erguendo-a, em sinal de posse, e reza:
Oremos. Senhor Santo, Pai Oremus. Aetérnam ac justíssimam
Onipotente, Eterno Deus, Autor da pietátem tuam déprecor, Dómine
luz e da verdade, eu invoco a vossa sancte, Pater Omnípotens, aetérne
eterna e justíssima piedade sobre Deus, Auctor lúminis et veritátis,
este vosso servo (ou serva) N..., super hunc fámulum tuum N..., ut
para que vos digneis iluminá-lo com dignéris illum illumináre lúmine
a luz da vossa inteligência: purificai- inteligéntiae tuae; munda eum, et
o e santificai-o; dai-lhe a verdadeira santifica; da ei sciéntiam veram, ut,
ciência, para que, tornando-se dignus grátia Baptismi tui efféctus,
digno da graça do Batismo, tenha téneat, consílium rectum, doctrinam
uma esperança firme, um sanctam. Per Christum Dóminum
julgamento reto, uma doutrina Nostrum.
santa. Por Cristo Nosso Senhor. R. Amen.
R. Amém.

4) Entrada na Igreja. Estendendo a extremidade da estola sobre a


cabeça da criança — símbolo da autoridade eclesiástica — o
sacerdote manda que entre na igreja (as cerimônias anteriores se
passam à porta da igreja ou fora do batistério), abrindo-lhe, com isto,
as portas do redil de Cristo, fora do qual não há salvação:
N…, entra no templo de Deus, para N..., ingrédere in templum Dei, ut
teres parte com Cristo na vida hábeas partem cum Christo in vitam
eterna. aetérnam.
R. Amém. R. Amen.

5) Profissão de Fé. Agora, ao entrar na igreja, o candidato, pelos seus


padrinhos que respondem por ele, faz a profissão de fé, rezando o
Credo e o Pai Nosso.
No último escrutínio, o sacerdote fazia o exorcismo, o Ephpheta, a renúncia
a Satanás, a unção, a profissão de fé (a entrega do Símbolo, que o
candidato recitava de cor). Tudo isto se encontra na liturgia atual.
1) Terceiro Exorcismo.
Eu te exorcizo, espírito imundo, em Exorcizo te, omnis spíritus immúnde,
nome de Deus Pai Onipotente, e em in nómine Dei Patris Omnipoténtis et
nome de Jesus Cristo, seu Filho, in nómine Jesu Christi Filii ejus, et in
Nosso Senhor e Juiz, e pela força do virtúte Spiritus Sancti ut discédas ab
Espírito Santo, para que te afastes hoc plásmate Dei N..., quod Dóminus
desta criatura de Deus, N..., que noster ad templum sanctum suum
Nosso Senhor se dignou de chamar vocáre dignátus est, ut fiat templus
ao seu santo templo, para que se Dei vivi, et Spíritus Sanctus hábitet in
torne um templo de Deus vivo e o eo. Per eúmdem Christum Dóminum
Espírito Santo habite nele. Pelo Nostrum, qui ventúrus est judicáre
mesmo Cristo, Nosso Senhor, que há vivos et mortuos, et saéculum per
de vir julgar os vivos e os mortos e o ignem.
mundo pelo fogo. R. Amen.
R. Amém.

2) Ephpheta. O sacerdote, a exemplo do que fez Cristo com o surdo-


mudo (Mc 7, 32), com o polegar ligeiramente molhado em saliva, toca
as orelhas e narinas da criança, dizendo:
Ephpheta, isto é, abre-te para o odor Ephpheta, quod est, Adaperire. In
da suavidade. odorem suavitátis.

Ao que se segue imediatamente uma intimação ao demônio, cuja derrota


está iminente:
E tu, ó demônio, foge; porque se Tu autem effugáre, diábole;
aproxima o reino de Deus. appropinquábit enum judicium Dei.

3) Renúncia ao Demônio. Mas tudo isto é inútil, se a própria pessoa não


quer renunciar ao demônio. Tudo indica que quer, mas a Igreja exige
que o diga pública e formalmente:
N…, renuncias a Satanás? N..., abrenúntias Sátanae?
Renuncio. Abrenúntio.
E a todas as suas obras? Renuncio. Et ómnibus péribus ejus? Abrenúntio.
E a todas as suas pompas? Et ómnibus pompis ejus? Abrenúntio.
Renuncio.

4) A Unção. Sim. Mas o demônio não se dá tão facilmente por vencido.


Não se retira em definitivo, e voltará para os assaltos. A luta vai se
travar. Então é preciso que este novo atleta da fé seja ungido como o
eram os antigos atletas, antes dos combates. Que este óleo lhe seja
um óleo de salvação. E o sacerdote unge o peito e as costas da
criança, dizendo:
Eu te unjo com o óleo da salvação Ego te línio óleo salútis in Christo
em Jesus Cristo Nosso Senhor para Jesu Dómino Nostro ut hábeas vitam
que tenhas a vida eterna. aetérnam.
R. Amém. R. Amen.

São Boaventura diz que a unção se faz no peito para que se tenha força de
amar a Deus, nas costas, para levar o jugo de sua Lei.
5) Profissão de Fé. O sacerdote troca a estola roxa pela branca. As
cerimônias até agora tinham o caráter de penitência e tristeza, por
causa do estado de pecado do catecúmeno; mas a vitória, a
inocência, a alegria do Batismo pedem a cor branca. Mas antes
interroga o candidato sobre a sua fé, com três perguntas que
resumem todo o Credo. Isto corresponde à antiga Entrega do Símbolo
— Redditio Simboli.
N…, crês em Deus Pai todo- N..., credis in Deum Patrem
poderoso, Criador do céu e da terra? omnipoténtem, Creatórem coeli et
R. Creio. terrae?
Crês em Jesus Cristo, seu único R. Credo.
Filho, Nosso Senhor, que nasceu e Credis in Jesum Christum Filium ejus
padeceu? únicum Dóminum Nostrum, natum et
R. Creio. passum?
Crê no Espírito Santo, na Santa R. Credo.
Igreja Católica, na comunhão dos Credis in Spíritum Sanctum,
santos, na remissão dos pecados, na Sanctam Ecclésiam cathólicam,
ressurreição da carne e na vida Sanctórum communiónem,
eterna? remissiónem peccatórum, carnis
R. Creio. resurrectiónem, et vitam aetérnam?
R. Credo.

Então, para se certificar da espontaneidade com que o candidato procura o


Batismo, com as suas graves responsabilidades, o sacerdote pergunta-lhe
pública e solenemente:
N…, queres ser batizado? N.... vis baptizári?
R. Quero. R. Volo.

T F . Correspondente historicamente à solenidade do sábado


de Aleluia, na solene vigília da Páscoa. Era a solenidade do Batismo
propriamente.
1) O Rito Essencial. Um dos padrinhos toma a criança e o outro deve
tocá-la, enquanto o sacerdote lhe derrama água na cabeça, em forma
de cruz, dizendo, ao mesmo tempo, as palavras sacramentais:
N…, eu te batizo em nome do Pai e N..., ego te baptizo in nómine Patris
do Filho e do Espírito Santo. et Filii et Spíritus Sancti.

2) Unção do Crisma. O sacerdote unge o alto da cabeça da criança (e


não a testa) com o Santo Crisma dizendo:
O Deus Onipotente, Pai de Nosso Deus Omnípotens, Pater Dómini
Senhor Jesus Cristo, que te Nostri Jesu Christi, qui te regenerávit
regenerou pela água e pelo Espírito ex aqua et Spíritu Sancto, quique
Santo, e que te perdoou todos os dedit tibi remissiónem omnium
teus pecados, Ele mesmo te unja peccatórum, ipse te líniat Chrismate
com o crisma da salvação no mesmo salútis in eodem Christo Jesu
Jesus Cristo Nosso Senhor, para a Dómino Nostro in vitam aéternam.
vida eterna. R. Amen.
R. Amém. Pax tibi.
A paz seja contigo. R. Et cum spíritu tuo.
R. E com o teu espírito.

3) A Veste Branca. Em memória da túnica branca de antigamente, o


sacerdote põe sobre a cabeça da criança uma toalha branca, símbolo
da graça divina que reveste aquela alma, dizendo:
Recebe a veste branca, a qual Accipe vestem cándidam, quam
deves apresentar sem manha pérferas immaculátam ante tribunal
diante do tribunal de Jesus Cristo, Dómini Nostri Jesu Christi, ut hábeas
para obter a vida eterna. vitam aetérnam.
R. Amém. R. Amen.

4) A Vela Acesa. Em seguida, põe-se na mão da criança uma vela


acesa — para que seja sempre vigilante, seja cumpridora fiel dos
Mandamentos e guarde o que prometeu no Batismo. As palavras do
sacerdote dizem precisamente isto:
Recebe esta vela acesa, e guarda Accipe lámpadam ardéntem, et
irrepreensível o teu Batismo; irreprehensibilis custódi Baptismum
observa os mandamentos de tuum; serva Dei mandáta, ut cum
Deus, para que quando o Senhor Dóminus vénerit ad núptias, possis
vier para as núpcias, possas ir-lhe occúrrere ei una cum ómnibus
ao encontro junto com todos os Sanctis in aula coelésti, et vivas in
santos da corte celeste, e vivas saécula saeculórum.
pelos séculos dos séculos. R. Amen.
R. Amém.

Para compreender melhor a recomendação da vigilância, convém reler a


parábola das virgens (Mt 25, 1-13), cuja semelhança é evidente com esta
fórmula.
5) Saudação e Despedida. E o sacerdote, dirigindo-se ao novo cristão,
despede-o com estas palavras, que são o mais perfeito voto de
felicidade:
N…, vai em paz e o Senhor esteja N.... vade in pace et Dóminus sit
contigo. tecum.
R. Amém. R. Amen.

Para Viver a Doutrina


Quanta beleza nestas cerimônias. Quanta significação nestes ritos. Quanta
doutrina nestas palavras. Nós que meditamos em tantos livros de
meditação, nunca meditamos nestas coisas! De quando em quando, quero
tomar esta liturgia do Batismo como assunto para as minhas meditações.
Assisto tantas vezes ao Batismo e pouco tenho penetrado de sua
significação e de seu valor. No entanto é uma excelente oportunidade para
refazer comigo mesmo todos aqueles compromissos.
Há também um apostolado a desenvolver. A imensa maioria dos católicos
não compreende o Batismo e a ele assiste displicente ou
desrespeitosamente. Ou não ligam: — mandam a empregada levar a
criança com os padrinhos... Isto se dá, talvez, nas pessoas de minha
amizade e convivência. Eis um ótimo campo para um proveitoso trabalho
de Ação Católica: se conhecessem, amariam o Batismo.
QUESTIONÁRIO
1. Como batizavam os Apóstolos? 2. Faça, em resumo, o histórico das cerimônias do
Batismo nos primeiros tempos. 3. Quem eram os eleitos? 4. Que se entende por
escrutínios? 5. A que correspondem as atuais cerimônias do Sábado de Aleluia? 6. Em
que dias era administrado o Batismo? 7. Mostre como nas cerimônias atuais estão
conservadas, em essência, as cerimônias antigas: interrogatórios, catequeses, exsuflação,
consignação, imposição das mãos, exorcismos, profissão de fé, o Ephpheta, a renúncia ao
demônio, as unções, a imposição da túnica branca, a profissão de volta à Igreja. 8. Diga o
que achou mais tocante ou significativo nestas cerimônias.
C 3—OS C
E E C
Livres do pecado original, continuamos com as más tendências que são
obstáculos e dificuldades à virtude. A vida do homem é um combate (Jó 7,
1) contra os inimigos da salvação. Ele precisa de forças para lutar enérgica
e constantemente. Jesus Cristo providenciou para os cristãos novas graças
que os sacramentos distribuem. A confirmação nos comunica uma energia
adulta, levando-nos espiritualmente à idade do homem feito (Ef 4, 13) e
armando-nos para os combates espirituais.

A Instituição
Não sabemos em que momento foi instituída a Confirmação. Mas Cristo
prometeu o Espírito Santo a todos os seus discípulos (Jo 7, 38). E os
Apóstolos, depois de Pentecostes, impunham as mãos aos que tinham sido
batizados e eles recebiam o Espírito Santo (ver At 8, 15-17).
Por aí se vê:
1) Que um sinal sensível (a imposição das mãos) produz a graça.
2) Que isto se dá com pessoas que já tinham recebido o Batismo. Deve-
se, pois, concluir que: a) Que se trata de um verdadeiro sacramento
instituído por Jesus Cristo, porque só o Senhor da graça pode ligar a
sua produção a um mero sinal natural. b) Que este sacramento é
inteiramente distinto do Batismo.

Matéria e Forma
A matéria da Confirmação é o Santo Crisma e a imposição da mão.
O Catecismo do Concílio de Trento explica que esta matéria significa os
efeitos do sacramento: — o óleo, escorregadio, propenso a difundir-se,
exprime a plenitude de graça divina, que se derrama sobre nós; — o
batismo significa o odor das virtudes que os fiéis devem exalar, depois de
aperfeiçoados pela Confirmação.
A forma são as palavras pronunciadas pelo ministro no ato de crisma: Eu te
marco com o sinal da cruz e te confirmo com o crisma da salvação. Em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. E dizendo-a, faz com o
Santo Crisma o sinal da cruz na fronte do sujeito.
Ministro
O Ministro ordinário é o Bispo.
O Ministro extraordinário é o sacerdote a quem a Santa Sé concedeu a
faculdade de Crisma.
Sujeito
Qualquer pessoa batizada e ainda não crismada pode receber a
Confirmação. Um pagão não é capaz de receber este sacramento. Os
crismados também não o são, porque o sacramento imprime caráter e não
se repete.
Antes do uso da razão, a Igreja supre a intenção; mas no adulto a intenção
é necessária para a validade.
As condições requeridas para a liceidade são:
1) O estado de graça. Sem ele, o sacramento seria válido, mas não
produziria outro efeito além da impressão do caráter. Até constituiria
um sacrilégio, pois que é sacramento de vivos.
2) Suficiente instrução, tanto das verdades necessárias, como do
próprio sacramento que se vai receber.
As crianças devem ser crismadas ao atingir o uso da razão, salvo se estão
em perigo de morte ou o ministro julga conveniente por causas graves.[22]
A Crisma não é necessária por necessidade de meio. Mas somos
obrigadas a recebê-la, tanto em razão de sua instituição como por preceito
da Igreja. Em nossos dias ela é particularmente necessária, para que
possamos viver cristãmente no meio deste mundo corrompido e
paganizado.

Padrinhos
Para ser padrinho de Crisma são necessárias as mesmas condições
exigidas para o Batismo, e mais: ser crismado, ser do sexo do afilhado e
não ser o padrinho de Batismo dele.
Aos padrinhos cabe velar pela educação cristã dos afilhados, se eles
precisam ou os pais lhes faltam num ponto tão importante.
A Graça
A Crisma deve ser recebida em estado de graça. E ela aumenta a graça
santificante, com uma graça mais intensa que a do Batismo, tirando-nos da
condição espiritual de crianças e levando-nos à condição de adultos
espirituais.
O Espírito Santo, que já habitava em nós pelo Batismo, nos é comunicado
em maior efusão pela Crisma. Recebemos os seus dons e as virtudes
infusas, cujo desenvolvimento fica a nosso cargo.
Esta vinda do Espírito Santo produzirá em nós os mesmos efeitos que
produziu nos Apóstolos em Pentecostes, não, porém repentinamente, mas
mediante o nosso trabalho (ver como eram antes os Apóstolos e como
ficaram depois do Pentecostes).
Caráter
A Crisma imprime caráter. Deixa em nós um sinal espiritual que nos
distingue do simples batizado, nos aproxima ainda mais da missão de
Cristo, dando-nos maior participação em seu sacerdócio.
É um caráter de militantes: tornamo-nos soldados de Cristo. Como tais,
somos obrigados não só a lutar por nós mesmos, mas também pelos
outros, para que vivam cristãmente.
A vida cristã tem exigências e impõe às vezes sacrifícios. É preciso vencer
a nós mesmos, as seduções do mundo, as tentações do demônio, às
vezes até a oposição dos próprios parentes. Devemos estar prontos para
dar testemunho de Cristo, vivendo como cristãos sempre e em toda parte
e, sendo preciso, até para morrer por Ele.
Para isto é que recebemos a Confirmação. Fomos chamados para a milícia
de Deus (Tertuliano).

Para Viver a Doutrina


Como crismado, meu grande deve é defender a Cristo e a seu reino,
primeiramente em mim, vivendo em estado de graça, vencendo as paixões,
disposto antes a morrer que a ofender a Deus. Antes morrer que Vos
ofender.
O soldado deve defender também os outros. Trabalharei para que todos
vivam na graça divina. Ajudarei o próximo a vencer os inimigos espirituais.
A Confirmação me obriga à Ação Católica.
Um soldado se orgulha de sua pátria e de sua bandeira. Nunca me
envergonharei de minha religião. Cumprirei meus deveres religiosos em
qualquer parte. Tomarei parte ativa no culto, acompanhando as orações e
os cânticos. Isto é dar testemunho de Cristo e da Igreja.
QUESTIONÁRIO
1. Quando foi instituída a Confirmação? 2. Como se prova que Jesus Cristo a instituiu? 3.
Qual é a matéria da Confirmação? 4. Qual o seu simbolismo? 5. Qual é a forma? 6. Quem
é o Ministro ordinário? 7. Em que idade manda o Direito que se receba a Confirmação? 8.
É necessária a Confirmação? 9. Quem pode ser padrinho? 10. Por que dizemos que a
Confirmação nos torna soldados de Cristo? 11. Em que consiste o caráter da
Confirmação? 12. Que obrigações nos impõe a Confirmação? 13. Resuma Para Viver a
Doutrina.
L C
Na liturgia do sacramento encontramos muitos ensinamentos dogmáticos e
ascéticos. A Igreja se compraz em revestir de solenidade o rito essencial,
para nos edificar e dispor melhor para os frutos do sacramento. A liturgia
da Confirmação é bem mais simples que a do Batismo, mas nem por isto é
menos venerável.
Um Pouco de História
Os Apóstolos administravam a Crisma com cerimônia muito simples:
faziam oração por eles... lhes impunham as mãos, e eles recebiam o
Espírito Santo (ver At 8, 4-17). Este rito era reservado aos Apóstolos, e não
realizado pelos ministros do Batismo.
Nos primeiros séculos, os catecúmenos, depois de batizados, recebiam
imediatamente a Crisma. Já as cerimônias eram mais desenvolvidas: o
Pontífice lhes impunha as mãos, invocava o Espírito Santo, ungia-os na
fronte com óleo sagrado pronunciando a forma sacramental, e dava-lhes o
ósculo[23] da paz.
Quando o aumento das conversões não permitiu mais que o Bispo
batizasse a todos, os batizados eram levados ao Bispo para a recepção da
Crisma. Foi então que o rito tomou maior desenvolvimento.

A Liturgia Atual
1) Instrução. O Bispo se paramenta, senta-se de face para o povo e lhe
dirige uma instrução sobre a Confirmação.
2) Invocação do Espírito Santo. De joelhos os corfirmandos, o Bispo
invoca sobre eles a força do Espírito Santo:
O Espírito Santo desça sobre vós e a Spíritue Sanctus supervéniat in vos
força do Altíssimo vos guarde dos et virtus Altíssimi custódiat vos a
pecados. peccátis.
R. Amém. R. Amen.

3) Invocações Preliminares. Diz estas invocações com que começam


quase todas as bênçãos da Igreja:
O nosso auxílio está no nome do Adjutórium nostrum in nómine
Senhor. Dómini.
R. Que fez o céu e a terra. R. Qui fecit caelum et terram.
Senhor, ouvi minha oração. Dómine, exáudi oratiónem meam.
R. E o meu clamor chegue até vós. R. Et clamor meus ad te véniat.
O Senhor seja convosco. Dóminus vobiscum.
R. E com o vosso espírito. R. Et cum spiritu tuo.

4) Imposição das Mãos. O Bispo estende as mãos sobre os


confirmandos e reza uma oração que lembra a regeneração do
Batismo, invoca mais uma vez o Espírito Santo, agora chamado de
Espírito Septiforme, e faz a enumeração dos sete dons.
Oremos. Orémus.
Deus Onipotente e eterno, que vos Omnípotens sempitérne Deus, qui
dignastes de regenerar estes vossos regeneráre dignátus es hos fámulos
servos pela água e pelo Espírito tuos ex aqua et Spíritu Sancto;
Santo, e que lhes destes o perdão de quique dedísti eis remissiónem
todos os pecados; enviai do céu omnium peccatórum; emitte in eos
sobre eles o vosso Santo Espírito septifórmem Spíritum tuum
Septiforme Consolador. Sanctum Paráclitum de caelis.
R. Amém. R. Amen.
Espírito de sabedoria e Spíritum Sapiéntiae et Intellectus.
inteligência. R. Amen.
R. Amém. Spíritum Consilii et Fortitúdinis.
Espírito de conselho e fortaleza. R. Amen.
R. Amém. Spiritum Sciéntiae et Pietátis.
Espírito de ciência e piedade. R. Amen.
R. Amém. Adniple eos Spíritu timóris tui; et
Enchei-os do Espírito de vosso consigna eos signo cruces Christi, in
temor, e marcai-os com o sinal de vitam propitiátus aeternam. Per
Cruz de Cristo, para a vida eterna. eúmdem Dóminum Nostrum Jesum,
Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Christum, Filium tuum, qui tecum vivit
Cristo, vosso Filho, que convosco et regnat in unitáte ejusdem Spíritus
vive e reina na unidade do mesmo Sancti, Deus, per ómnia saecula
Espírito Santo, Deus, por todos os saeculórum.
séculos dos séculos. R. Amen.
R. Amém.

5) O Rito Essencial. Depois o Bispo impõe a mão direita sobre a cabeça


do confirmando e lhe faz com o polegar a unção com o Santo Crisma
na fronte, em forma de cruz, dizendo, ao mesmo tempo, as palavras
sacramentais:
N…, eu te marco com o sinal da N..., signo te signo Crucis, et
Cruz e te confirmo com o Crisma da confirmo te Chrismate salútis. In
salvação. Em nome do Pai † e do nómine Patris †, et Filii †, et Spíritus
Filho † e do Espírito Santo †. Sancti †.
R. Amém. R. Amen.

É esta a imposição de mão essencial ao sacramento, unida à unção.


6) A Paz. Antigamente o Bispo dava neste momento o ósculo da paz ao
confirmando. Mais tarde, o ósculo foi substituído por um carinho feito
com a mão na face do sujeito.[24] Realmente, neste momento, o Bispo
exprime um desejo de paz, a paz de Deus, que supera todo o
entendimento (Fl 4, 7), dizendo:
A paz seja contigo. Pax tecum.

7) A Antífona. Terminada a unção, os ministros cantam ou recitam:


Confirmai, ó Deus, o que fizestes Confirma hoc, Deus, quod operátus
conosco, do vosso templo santo que es in nobis, a témplo sancto tuo,
está em Jerusalém. quod est in Jerúsalem.
Glória ao Pai, etc. Glória Pátri, etc.
Confirmais, ó Deus, etc. Confirma hoc, Deus, etc.

8) A Oração. Repetida a antífona, o Bispo diz:


Mostrai-nos, Senhor, a vossa Ostende nobis, Dómine,
misericórdia. misericórdiam tuam.
R. E dai-nos a vossa salvação. R. Et salutáre tuum da nobis.
Senhor, ouvi minha oração. Dómine, exáudi oratiónem meam.
R. E o meu clamor chegue até vós. R. Et clamor meus ad te véniat.
O Senhor seja convosco. Dóminus vobiscum.
R. E com o vosso espírito. R. Et cum spíritu tuo.
Oremos. Orémus.
Ó Deus, que destes o Espírito Santo Deus, qui Apóstolis tuis Sanctum
aos vossos Apóstolos e quisestes dedísti Spíritum, et per eos,
que por eles e pelos seus corúmque successóres, céteris
sucessores ele fosse transmitido fidélibus tradéndum esse voluísti,
aos outros fiéis, olhai propício para réspice propítius ad humilitátis
a nossa humilde condição de servos, nostrae famulátum, et paesta, ut
e concedei que o mesmo Espírito, córum corda, quorum frontes sacro
descendo sobre os corações destes, Chrismate delinívimus, et signo
cujas frontes ungimos com o Crisma sanctae Crucis singátivimus, idem
sagrado e marcamos com o sinal da Spíritus Sanctus in eis superveniens,
Santa Cruz, habitando neles, os templum glóriae suae dignánter
torne templo digno de sua glória; inhabitando perficiat; qui cum Patre,
Vós que com o Pai, e o mesmo et eódem Spíritu Sanctu vivis et
Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, regnas, Deus, in saécula
por todos os séculos dos séculos. saéculórum.
R. Amém. R. Amen.

Vejam como esta oração é rica! Que tesouro contém as orações litúrgicas!
9) Benção Final. O Bispo anuncia a bênção que vai dar aos
confirmandos, cujas boas disposições reconhece dizendo:
É assim que será abençoado o Ecce sic benedicétur omnis homo qui
homem que teme ao Senhor. timet Dóminum.

E traça o sinal da Cruz sobre eles, dizendo estas palavras ricas de votos
espirituais:
De Sião, o Senhor vos abençoe, Benedicat vos Dóminus ex Sion, ut
para que vejais os bens de videátis bona Jerúsalem omnibus
Jerusalém todos os dias de vossa diébus vitae vostrae, et habeátis
vida e alcanceis a vida eterna. vitam aetérnam.
R. Amém. R. Amen.

Para Viver a Doutrina


Há nas cerimônias da Igreja — tanto nas fórmulas como nos gestos —
muita seiva com que podemos alimentar e enriquecer a nossa vida cristã. É
preciso pôr em nosso proveito esta riqueza da Igreja.
Quando assistir à administração da Confirmação, aproveitarei para reviver
as minhas disposições de crismado, suprindo o que, talvez, me faltou
quando me crismei.
É uma pena que o povo, em geral, assista a tudo isto com tanta indiferença
ou tão mau espírito. Há um apostolado imenso a exercer com os que vão
se crismar e mesmo com os já confirmados, para tomarem consciência da
sua dignidade.
Chegam a ser vergonhosas as atitudes dos fiéis durante a recepção deste
sacramento. Bem se vê que nada entendem do que fazem e veem. Tem
cabimento excelente a divulgação da doutrina pelas cerimônias.
Em que dia me crismei? Talvez não saiba. Mas no dia de Pentecostes, ou
mesmo em toda a oitava eu bem podia tomar para meditação as minhas
responsabilidades de crismado, refletindo mais uma vez nas solenes
palavras desta liturgia.
QUESTIONÁRIO
1. Como administraram os Apóstolos o sacramento da Confirmação? 2. Quais eram os
ritos deste sacramento nos primeiros séculos? 3. Por que a Confirmação se separou do
Batismo? 4. Qual é o rito essencial da atual liturgia da Confirmação? 5. Qual a significação
da pequena bofetada que o Bispo dá no confirmado? 6. Em que posição devem estar o
afilhado e o padrinho no momento do rito essencial? 7. Como pode você aproveitar na sua
vida cristã a liturgia da Confirmação? 8. E na sua vida apostólica?
C 4—OC P
OS A L
O homem sente necessidade de prestar culto a Deus:
1) Adorar a Deus, reconhecendo-o como seu Criador e Senhor.
2) Agradecer-lhe todos os benefícios recebidos.
3) Pedir-lhe perdão dos pecados cometidos.
4) Suplicar-lhe as graças de que necessita.
O homem seria feliz se, por um só ato de culto, pudesse realizar tudo isto:
— adorar, agradecer, propiciar, suplicar. E, se este ato existisse, seria
certamente o ato essencial, o ato central da Religião. Ora, este ato existe:
— é o sacrifício.

Noção
Todos os povos, mesmo os mais incultos, oferecem a Deus sacrifícios.
Não há mesmo religião sem sacrifício.[25]
1) Sacrifício é um ato de todas as religiões.
2) E os sacrifícios são sempre oferecidos por um sacerdote — isto é,
uma pessoa consagrada ao serviço de Deus.
3) O sacrifício é sempre oferecido a Deus.
4) O sacrifício se faz por dois atos: o oferecimento da vítima a Deus e a
imolação ou destruição da vítima, que é o ato essencial do sacrifício.
5) Fim principal é reconhecer o supremo domínio de Deus sobre as
criaturas.[26]
6) Finalmente a Divindade com isto se compraz e aplaca,
estabelecendo-se entre ela e os homens mais perfeita união.
Em vista destes elementos, podemos definir o sacrifício: — o oferecimento
duma coisa sensível, acompanhado da sua destruição, feito somente a
Deus para reconhecer o seu supremo domínio, por uma pessoa
legitimamente constituída, seguindo-se uma certa comunhão com Deus.
Examine esta definição parte por parte e veja que ela corresponde à
exposição feita acima.

Na Lei Patriarcal
Desde os primeiros tempos da humanidade, encontramos o oferecimento
de sacrifícios.
Caim ofereceu em oblação ao Senhor dos frutos da terra. Abel também
ofereceu dos primogênitos do seu rebanho (Gn 4, 3-4).
Terminado o dilúvio, ao sair da arca, Noé edificou um altar ao Senhor e
tomando de todos os animais e de todas as aves puras, ofereceu-os em
holocausto sobre o altar (Gn 8, 20).
Quando Abraão chegou à terra que Deus lhe tinha prometido, o Senhor lhe
apareceu e Abraão naquele lugar edificou um altar ao Senhor que lhe tinha
aparecido (Gn 12, 7).
Célebre entre todos é o de Melquisedec, rei e sacerdote, que ofereceu um
sacrifício de pão e vinho, em ação de graças pela vitória de Abraão (Gn 14,
17-20). Este sacrifício é único no gênero, figurativo do sacrifício de Cristo, a
quem o salmista chamou de sacerdote eterno, segundo a ordem de
Melquisedec (Sl 109 (110), 4).

Os Sacrifícios Mosaicos
Na lei mosaica os sacrifícios foram ordenados com todos os pormenores e
eram muito numerosos.
Os sacrifícios eram cruentos (se a vítima era animal e havia derramamento
de sangue) ou incruentos (se as ofertas eram vegetais, e não havia,
portanto, derramamento de sangue).
Dos sacrifícios cruentos eram mais importantes:
1) O holocausto, cujo fim principal era louvar e adorar a Deus, por sua
soberana majestade, era sobretudo um sacrifício latrêutico.[27]
2) A hóstia pacífica tinha por fim principal a ação de graça ou a súplica
em favor dos oferentes.[28]
3) Pelo pecado ou pelo delito[29]. O seu fim, como o próprio nome indica,
era aplacar a cólera divina e obter perdão para o pecado. Era um
sacrifício propiciatório.
Alguns Ritos
Se os sacrifícios eram públicos, custeava-os o tesouro público. Os
particulares traziam as suas vítimas ou compravam mesmo em Jerusalém.
[30]
O próprio ofertante conduzia a vítima ao Templo.
Chegado ao Templo com a vítima, o sacerdote vinha ao seu encontro,
tomava com ele a oblação e a balançava de diante para trás e de trás para
diante, de cima para baixo e de baixo para cima.[31]
Rito muito frequente, a imposição das mãos sobre a vítima significa a
substituição do homem pela vítima (Ex 29, 10; Lv 8, 14). No sacrifício de
Isaac o próprio Deus manda sacrificar um cordeiro em substituição ao
menino.[32]
Valor desses Sacrifícios
O sacrifício é um presente que se oferece a Deus. Um presente pode valer
pela coisa em si ou pela pessoa que oferece.
Que podiam valer diante de Deus aqueles sacrifícios? As vítimas eram
inferiores; os sacerdotes, pobres pecadores. Os sacrifícios eram ineficazes
por si mesmos, incapazes, todos juntos, de expiar um só pecado (Hb 10,
4). Eram sacrifícios imperfeitos, infinitamente abaixo da dignidade de Deus.
Valiam mais por serem o símbolo do Sacrifício de Cristo (ver Hebreus
Capítulos 8 e 9). Todo aquele sangue derramado valia só porque
representava o Sangue de Cristo; todos aqueles sacrifícios, porque
representavam o Sacrifício da Cruz.
Ainda assim, Deus os aceitava, na sua infinita misericórdia, desde que os
homens os oferecessem com bons sentimentos.[33]

Em Sentido Lato
Chamamos também de sacrifício a todos os atos que exigem alguma
renúncia (pois neles há uma certa imolação das paixões ou da vontade) ou
exprimem doação a Deus.[34]

Para Viver a Doutrina


Todos os atos essenciais da religião se encontram no sacrifício. E o
sacrifício é o ato central de toda religião. Ora, nós temos, no Catolicismo, o
Santo Sacrifício da Missa. Não é possível que ela seja para mim menos do
que os sacrifícios antigos para os judeus! Mais devoção à Missa.
O fim essencial do sacrifício sendo a adoração, quero fazer de minha vida
uma constante adoração a Deus. E eu poderei oferecer facilmente o
sacrifício de toda a minha vida.
Além dos sacrifícios obrigatórios, os judeus mandavam celebrar sacrifícios
espontâneos. Nós temos as missas de obrigação, a que não podemos
falhar, sob pena de pecado, a não ser com justa causa. E cada fiel participa
de todas as Missas do mundo. Mas é de grande proveito que eu assista e
mande celebrar Missas por minha intenção.
O mundo me afasta o mais possível da ideia do sacrifício, de renúncia, de
abnegação e me seduz com o conforto, o gozo da vida, a satisfação dos
sentidos. Mas São Paulo me ensinou a apresentar a minha vida a Deus
como uma hóstia. Este espírito de sacrifício, que o mundo detesta, é o
próprio da doutrina cristã.
Neste sacerdócio que oferece sacrifícios espirituais, eu posso e devo
oferecer a Deus todos os meus atos — e todos lhe serão agradáveis, se eu
tiver a graça divina e a pureza de intenção.
QUESTIONÁRIO
1. Quais são os atos essenciais da religião? 2. Dê a noção de sacrifício. 3. Por que o
sacrifício só pode ser oferecido a Deus? 4. Como sacrifício significa a adoração? 5. É
universal o sacrifício? 6. Que são sacrifícios cruentos e incruentos? 7. Quais são os ritos
mais importantes desses sacrifícios? 8. Conservamos alguns ritos? 9. Que valor tinha os
sacrifícios mosaicos? 10. Donde vinha sua imperfeição?
OS N L
Só pela Encarnação do Verbo pôde a humanidade prestar a Deus um culto
perfeito. Como homem, Cristo presta culto ao Pai; e como Deus o seu culto
tem valor infinito, igual ao próprio Pai. Em Cristo não temos somente a
reparação perfeita, temos também o perfeito louvor e ação de graças. Ele é
Sacerdote e a Vítima da humanidade regenerada. Por Ele, com Ele e n’Ele
prestamos a Deus o nosso culto perfeito.
Conceito de Sacerdócio
Na Epístola aos Hebreus, São Paulo dá o conceito de sacerdócio. O
pontífice deve ser um homem, escolhido por Deus, para as funções
sagradas de mediador, principalmente para oferecer sacrifício a Deus.
Textualmente: Todo pontífice, tirado de entre os homens, é constituído a
favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecer dons e
sacrifícios pelos pecados (Hb 5, 1).
Ora, em Cristo nós encontramos tudo isto:
1) É homem, em tudo semelhante a nós, exceto no pecado (Hb 4,
15).
2) Escolhido por Deus. A vocação sacerdotal de Jesus efetuou-se pelo
mesmo decreto eterno em que foi decidida a Redenção, mas o
sacerdócio lhe foi conferido no momento da Encarnação. E a
Encarnação foi obra de Deus (confira Lc 1, 35 e Mt 1, 20).
3) Mediador. A função sacerdotal é pôr o homem em comunicação com
Deus. Apresentar à divindade o culto do homem, trazendo para este
as graças que santificam. E o principal ofício do sacerdote é oferecer
sacrifícios: para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados.
Se tudo mostra que Jesus Cristo era sacerdote, vejamos quanto o
sacerdócio de Cristo está acima do sacerdócio antigo.
Cristo, Sacerdote Eterno
O Verbo Eterno é em tudo igual ao Pai e não lhe pode, portando, prestar
culto, porque o culto implica o reconhecimento de uma superioridade que,
no caso, não existe. Mas, a humanidade dá ao Verbo a capacidade de
prestar culto a Deus.
Nos ritos de sagração sacerdotal, tanto antigos como atuais, fazia-se a
unção do sacerdote com o óleo, para indicar que a virtude do Altíssimo lhe
possuía o ser como a força daquelas unções penetrantes. Pois bem, a
Encarnação é a unção sacerdotal de Cristo. Desde o primeiro momento
da Encarnação, a união hipostática[35] consagra a humanidade de
Jesus, penetrando-a por completo até aos seus últimos refolhos,
impregnando-a de tal modo da Divindade, que o seu nome será CRISTO,
isto é, Ungido. E assim lhe chamam as Sagradas Escrituras.
O Sacerdócio de Cristo está acima de tudo que o precedeu. São Paulo (Hb
7) prova com muito argumentos esta superioridade:
1) Cristo é mais elevado do que os céus (Hb 7, 62).
2) O seu sacerdócio é eterno, enquanto o dos outros acaba com a vida.
3) Ele continua sempre vivo a interceder por nós (Hb 7, 25).
4) Por isso é o único Mediador e não tem sucessores.
O Sacrifício de Cristo
Cristo oferece a Deus o sacrifício de sua vida inteira, consumando-o na sua
morte na Cruz. Desde a Encarnação, começou o sacrifício de Cristo.
Mas este sacrifício se consumou na Cruz. De fato, a morte de Cristo foi um
verdadeiro sacrifício. Nela encontramos:
1) O sacerdote: Cristo que se oferece: Ofereceu-se porque Ele mesmo
quis (Is 53, 7).
2) A Vítima: o próprio Cristo, imolado como o Cordeiro da Nova Pascoa,
o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo (Jo 1, 29).
3) A oblação: Cristo nos amou e se entregou por nós como oblação e
sacrifício a Deus (Ef 5, 2).
Valor deste Sacrifício
Relembremos os motivos de imperfeição dos sacrifícios antigos. Eles
bastariam para fazer ressaltar a superioridade infinita do sacrifício de
Cristo.
Perfeitíssimo:
1) Da parte da vítima, cuja dignidade infinita empresta-lhe aos atos um
infinito valor.
2) Da parte da imolação, que foi completa, porque Cristo suportou
muitos e cruéis sofrimentos, e tudo livremente, com a máxima
paciência e tudo por amor — amando-nos até aos extremos (Jo 13,
1).
Eficacíssimo:
Os repetidos e numerosos sacrifícios antigos não conseguiam tirar os
pecados (Hb 10, 11). Ao passo que Cristo se ofereceu uma só vez (Hb 7,
27) e com um só sacrifício consumou para sempre os que são
santificados (Hb 10, 14).
Quanto aos frutos. Vejamos, por parte, cada fim particular:
1) Adoração. Os sacrifícios antigos não representavam em rigor o
soberano domínio de Deus sobre todas as criaturas, porque não
ofereciam a mais alta vítima. Mas no Calvário a vítima era a mais alta
de todas não só visíveis, como também invisíveis.
2) Ação de graças. Para significar o seu reconhecimento, a humanidade
apresenta a Deus a mais santa criatura, que transcende sozinha
todas as perfeições do universo.
3) Propiciação. A justiça divina exigia uma satisfação equivalente à
ofensa — e somente Cristo a podia apresentar. Ele é a propiciação
pelos nossos pecados (1Jo 2, 2). Como seu sacrifício é infinito,
sobrepujou os nossos pecados.
4) Impetração. É fácil compreender como um tal sacrifício nos alcançou
todas as riquezas da graça (Ef 1, 7).
Sacrifício Redentor
O homem vivia na escravidão do demônio, o dominador deste mundo (Jo
16, 11) e não tinha meios de lhe escapar.
Foi desta situação que o Sacrifício de Cristo nos libertou. Ofereceu-se por
nós, para nos remir de toda iniquidade (1Jo 1, 7). Éramos os filhos da ira
(Ef 2, 3), inimigos de Deus (Rm 5, 10) e fomos reconciliados com Ele. Toda
a destruição do pecado foi reparada pela morte de Cristo: Ele destruiu o
império da morte e libertou os que estavam submetidos à escravidão (Hb 2,
14-15).
Assim a morte de Jesus não é uma derrota, mas uma verdadeira vitória. É
a sua vitória sobre o pecado. O império de Satanás foi destruído. O
demônio, que tanto temia nos Evangelhos (confira Mt 8, 29; Mc 5, 7; Lc 8,
28), está agora esmagado debaixo de seus pés (confira Rm 16, 20) e foi
precipitado nos infernos (confira Ap 12, 10). A Ressurreição ratificou este
triunfo, que o Sacrifício na Cruz alcançou.

Na Vida da Igreja
A Igreja vive do sacrifício de Cristo. Para ela o sacerdócio eterno continua
nos seus ministros, que não agem por si mesmos, mas é Cristo que age
neles. Assim se explica que todos os atos sacerdotais valem eficazmente,
como atos de Cristo e independentemente das qualidades do ministro,
porque Cristo é o verdadeiro agente na Missa e nos Sacramentos e a sua
causa eficiente.
Nas suas orações a Igreja não esquece que Cristo é o Pontífice e
Mediador. E sempre se dirige ao Pai, pedindo: Por nosso Senhor Jesus
Cristo — fórmula que encerra as orações litúrgicas.[36]
Nas solenidades litúrgicas, o mistério da Cruz é constantemente lembrado.
[37]

A Igreja instituiu uma festa especial para o Preciosíssimo Sangue (1 de


julho) para nos ensinar a venerar com um culto solene o preço da nossa
salvação (ver toda a Missa, que é muito instrutiva).
Vai tão longe a solicitude da Igreja por tudo o que se refere ao Sacrifício de
Cristo que presta um culto especial à Cruz, que serviu de altar à imolação
da Vítima Divina. Na Sexta-feira Santa se faz a tocante cerimônia chamada
Adoração da Cruz (ver no Missal). Instituiu duas festas litúrgicas: Invenção
(3 de maio) e Exaltação (14 de setembro) da Santa Cruz.

Para Viver a Doutrina


Devemos uma grande ação de graças ao Pai que não poupou o seu Filho
para nos salvar (confira Rm 8, 32), e a Jesus Cristo que tomou sobre o seu
corpo os nossos pecados na cruz, a fim de que nós, mortos para o pecado,
vivamos para justiça (1Pd 2, 24).
Tenho o dever de aproveitar dos benefícios do Sacrifício de Cristo. Ele
exige de mim uma grande cooperação. Todos os esforços são poucos para
eu viver cristãmente. Cristo se cansou me procurando; sofrendo na cruz
me remiu: não seja perdido tanto trabalho (Dies irae. Ver no Missal).
O Sacrifício de Cristo me ensina, particularmente, o horror ao pecado. Que
terrível não há de ser o pecado que reduziu o Filho de Deus a mais se
parecer um verme do que um homem (Sl 21 (22), 7)! E este horror ao
pecado deve ser uma atitude prática. Um bom cristão há de estar sempre
decidido a morrer antes do que pecar. Fugir do pecado, das ocasiões e
perigos de pecado, para não crucificar de novo o Filho de Deus (Hb 6, 6).
Cristo podia ter salvo a humanidade de modo muito mais simples, mas quis
consumar na dor a Redenção. É justo que tenhamos também de passar
pelo sofrimento antes de chegar à vitória final. Todos temos que sofrer. Mas
o Sacrifício de Cristo nos ensina a aceitar, até mesmo a amar o sofrimento.
São Paulo se alegrava nos sofrimentos: Completo na minha carne, dizia
ele, o que falta à Paixão de Cristo (Cl 2, 24). Esta é também a grande lição
dos santos.
Entre as devoções extralitúrgicas, aprovadas e recomendadas pela Igreja,
lembremos que o rosário tem os Mistérios Dolorosos que, bem
contemplados, são uma boa meditação da Paixão de Cristo. Do mesmo
modo a Via Sacra.
Cristo ofereceu o seu Sacrifício por todos os homens. Mas quantos ainda
vivem sem lhe conhecerem os frutos: — impõe-se-me o trabalho pelas
Missões. E quantos cristãos não sabem aproveitar-se desses frutos! A
Ação Católica exige muita atividade de minha parte. Mas atividade
apostólica, sobrenatural.
QUESTIONÁRIO
1. Qual é o conceito de sacerdócio dado por São Paulo? 2. Como se aplica a Cristo? 3.
Por que não podia o Verbo prestar culto ao Pai? 4. Como adquiriu esta capacidade? 5.
Quando começou o sacerdócio de Cristo? 6. Mostre que Cristo é Sacerdote Eterno. 7.
Quando começou o sacrifício da vida de Cristo? 8. Mostre que a morte de Cristo foi um
verdadeiro sacrifício. 9. Devemos considerar a morte de Cristo uma derrota ou uma
vitória? 10. Há muitas memórias da Paixão na Liturgia? 11. Como o Sacrifício de Cristo me
ensina a evitar o pecado? 12. E a sofrer? 13. E a trabalhar pelas Missões ou na Ação
Católica?
OS M
Cristo ofereceu ao Pai o seu Sacrifício por nós. Mas nós também
oferecemos o seu Sacrifício, porque estamos unidos a Ele como membros
à Cabeça. E Ele quis deixar em nossas mãos meios de renovarmos o seu
Sacrifício, para podermos prestar ao Pai um culto perfeito, fazendo nosso o
próprio Sacrifício de Cristo.
É pela Missa que se realiza esta maravilha.
A Célebre Profecia
O Profeta Malaquias anunciou assim o Sacrifício da Nova Aliança: O meu
afeto não está em vós, diz o Senhor dos exércitos; nem eu aceitarei
oferenda alguma de vossa mão. Porque, desde o nascer do sol até ao
poente, o meu nome é grande entre as nações, e em todo lugar se sacrifica
e se oferece ao meu nome uma oblação pura; porque o meu nome é
grande entre as nações, diz o Senhor dos exércitos (Ml 1, 10-11).
Aqui está anunciado:
1) Um sacrifício novo: Não aceitarei, etc.
2) Agradável a Deus: oblação pura.
3) Universal: em todo lugar.
Ora, este sacrifício anunciado por Malaquias não podia ser:
1) Os sacrifícios mosaicos, que a profecia declara ab rogados, e
eram celebrados num só lugar.
2) Os sacrifícios pagãos, oferecidos entre as nações pelos sacerdotes
pagãos, porque os profetas sempre os abominaram, como o próprio
Deus de quem eram enviados
3) O sacrifício da cruz, que, embora seja novo e agradável a Deus, foi,
contudo, oferecido em um só lugar e uma só vez — e, portanto, não o
é do nascer até o por do sol, nem entre gentios.
Portanto, concluímos, só pode ser o Sacrifício da Missa. Ele, realmente,
contém tudo o que está na profecia: é novo, é agradável a Deus, celebra-
se entre os gentios (os que não são judeus), e desde o nascer até ao por
do sol.

Os Evangelhos
Na última ceia, instituindo a Eucaristia, Cristo ofereceu um verdadeiro
sacrifício, embora incruento. Depois, mandou aos Apóstolos que fizessem
o mesmo que Ele acabara de fazer: Fazei isto em memória de mim.
Portanto, a Missa é o mesmo sacrifício incruento que Cristo ofereceu.
A Missa é o Sacrifício da Nova e Eterna Aliança (Mt 26, 28), instituindo
para substituir o cordeiro pascoal, porque Cristo é o nosso Cordeiro
Pascoal (1Cor 5, 7).
São Paulo compara o Sacrifício da Nova Aliança com o da Antiga, e diz
que o nosso é superior, considerando, portanto, a Missa como verdadeiro
sacrifício.
Razão de Conveniência
Sabemos que as verdades de fé não se provam com argumentos de razão.
Mas podemos achar conveniências de serem as coisas assim como Deus
as fez.
No caso, achamos conveniente:
1) Que Cristo nos concedesse a felicidade de assistir e oferecer com Ele
seu Sacrifício ao Pai.
2) Que a Religião Cristã, única perfeita, tivesse um Sacrifício para
oferecer a Deus (ou ficaria inferior, o que nos repugna admitir).
3) Que cada um de nós tivesse modo de prestar a Deus um culto
perfeito.
Somente pela Missa temos tudo isto.
Um Só Sacrifício
Cristo ofereceu um sacrifício na Ceia; a sua Morte foi também um
sacrifício; a Missa é também um sacrifício. Mas não são três sacrifícios: é o
mesmo sacrifício. Difere o modo de ser oferecido.
A Missa é o mesmo Sacrifício da Cruz:
1) Porque a Vítima é a mesma: Jesus Cristo.
2) Porque o Sacerdote é o mesmo: Jesus Cristo.
3) Porque os frutos são os mesmos, com a diferença apenas de que na
Cruz Cristo no-los mereceu e na Missa no-los aplica.
Os Quatro Fins
A Missa é celebrada para adorar, agradecer, propiciar e suplicar a Deus. E
alcança estes fins com a mesma eficácia do Sacrifício da Cruz:
1) Adoração. A Santa Missa, sendo um sacrifício de valor infinito, dá
mais glória a Deus que as homenagens de todos os santos e anjos
desde o começo do mundo e por toda a eternidade.
2) Ação de graças. Depois de receber tantos benefícios de Deus, nós
lhe oferecemos, como agradecimento, o seu próprio Filho. Recebendo
um dom igual a si mesmo, o Pai se compraz infinitamente nele — e
nós oferecemos o que podíamos oferecer de melhor.
3) Propiciação. Está nas próprias palavras de Cristo na Ceia: Este é o
meu sangue do Novo Testamento que será derramado... para
remissão dos pecados (Mt 26, 28); e a Missa é o mesmo Sacrifício
da Ceia. De modo que oferecemos a Deus o Sangue de seu Filho
para aplacá-lo e torná-lo propício.
4) Impetração. Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, Ele vo-lo
dará — disse Jesus Cristo. Na Missa, não só pedimos em seu nome,
mas pedimos por seu intermédio. Eis por que a súplica feita na Missa
pelo sacerdote é mais facilmente ouvida do que qualquer outra.
Na Liturgia
A Liturgia exprime admiravelmente todas essas verdades. Tanto no
Ordinário da Missa como nas partes variáveis encontramos continuamente
afirmações dos quatro fins. Vejamos alguma coisa (acompanhar com o
Missal):
1) Adoração. Comecemos pelo Glória, que contém de modo explícito
os quatro fins: Nós vos louvamos, bendizemos, adoramos,
glorificamos. No fim do Cânon, o Per Ipsum, dando a Deus toda a
honra e glória. Nas orações, sempre nos dirigimos a Deus, porque só
a Ele é oferecida a Santa Missa, por ser um ato de adoração. Não se
celebra Missa aos santos, mas dos santos, em homenagem a eles,
como as próprias orações indicam (ver algumas no Missal).
2) Ação de graças. No Glória: Nós vos damos graças. O Prefácio
convida-nos: Demos graças ao Senhor nosso Deus. Todo o Cânon
constitui um hino de gratidão por todos os bens concedidos ao
homem.
3) Propiciação. A começar do Confiteor até ao Pláceat (antes da
bênção). Ver no Missal: as duas orações quando padre sobe ao altar,
o Súscipe (no Ofertório), Agnus Dei.
4) Súplica. O Glória: Recebei a nossa súplica (notar como o Glória é
uma oração completa, além de belíssima). As coletas, que pedem as
mais variadas e preciosas graças (examinar algumas no Missal). Os
Mementos. As orações do Cânon em geral: pela Igreja, pelos
pecadores, pela nossa perseverança. A própria atitude de orante:
braços abertos.
Para Viver a Doutrina
Eu existo para dar glória a Deus. Se eu me unir ao Sacrifício de Cristo, os
meus atos participarão do seu valor infinito. Por isto eu devo ouvir Missa
com mais frequência e unir à Missa toda a minha vida.
Obrigados a prestar culto a Deus, nós nunca o faríamos de modo perfeito,
se não tivéssemos a Missa. Como o domingo é o dia do culto a Deus, a
Igreja nos obriga a ouvir Missa, para prestar a Deus um culto perfeito.
Sacrifício universal, a Missa é oferecida a Deus desde o nascer até ao por
do sol. A cada hora do dia ou da noite, em algum ponto do globo, se está
celebrando a Santa Missa. Eu posso unir-me em espírito às Missas, para
dar a Deus maior glória. Formular a intenção na oração da manhã.
Uma ignorância horrível dos fiéis sobre a Missa impede a primeira e melhor
devoção. Aqui está um campo de apostolado em que posso me exercitar.
Nas conversas, nos círculos de estudos, emprestando e aconselhando
livros, etc; divulgarei o conhecimento da Santa Missa — e contribuirei para
dar a Deus a maior glória que é possível dar-lhe.
QUESTIONÁRIO
1. Que contém a profecia de Malaquias sobre a Missa? 2. Por que ela só pode referir-se à
Missa? 3. É a Missa um verdadeiro sacrifício? 4. Prove isto por São Paulo. 5. Pode a
razão achar a conveniência da Santa Missa? 6. Por que é a Missa o mesmo Sacrifício da
Cruz? 7. Quais são os quatro fins da Missa? 8. Mostre como a Liturgia exprime estes fins.
9. Que tem em vista a Igreja obrigando-nos à Missa de domingo? 10. Que consequência
prática pode você tirar de ser a Missa um Sacrifício oferecido a cada hora do dia? 11. Por
que o povo fiel ama tão pouco a Santa Missa? 12. Como podemos remediar tão grande
mal?
O F M
Realiza-se a palavra do profeta. Todos os dias, de sol a sol, em todas as
partes do mundo, a todas as horas, os sacerdotes sobem ao altar e
oferecem ao Senhor das nações uma oblação pura e agradável. O culto
mosaico desapareceu, como figura que era da realidade que chegou. Os
homens têm como apresentar a Deus um culto digno da sua infinita
excelência. O Sangue de Cristo, derramado uma só vez no Calvário,
continua a aplicar às almas os merecimentos sem limite, para realizar em
cada uma a expiação necessária a alcançar-lhe as graças de que precisa.
Resta-nos pôr-nos em condição de aproveitar desses frutos riquíssimos,
que a bondade divina deixa diariamente ao alcance de nossa mão.
Produção dos Efeitos
A Missa produz seus efeitos por si mesma, independentemente das
virtudes do celebrante. Este é um ministro secundário, que não pode
diminuir a dignidade de Cristo, Ministro primeiro.[38]
A adoração e a ação de graças se produzem imediatamente e
infalivelmente. Mas a propiciação e a súplica podem deixar de produzir
seus efeitos ou demorá-los, porque dependem das disposições do sujeito.
[39]

O Fruto Geral
A Missa é oferecida em nome da Igreja e por toda a Igreja. Por isto os
frutos da Missa se estendem a toda Igreja — à Igreja Triunfante, para glória
e alegria dos que estão no céu; à Igreja Padecente, para alívio e conforto
aos que estão no purgatório; à Igreja Militante, para expiação, e para
alcançar mais graças aos que ainda combatem na terra.
Esta participação tem para nós vários graus:
1) Pelo fato de estar em estado de graça, eu participo de todas as
Missas que se celebram no mundo.
2) Aumento esta participação, se tiver uma intenção de participar dessas
Missas — para o que basta formulá-la de quando em quando.
3) Esta participação pode-se tornar atual, se eu assisto à Missa.[40]
O Fruto Especial
Como celebrante da Missa, o padre pode determinar a quem devam
pertencer os frutos, que não são gerais. Ele tem o direito de aplicá-los a si
mesmo ou a outrem.
O celebrante pode ser mesmo obrigado por justiça a isto ou em razão do
ministério (como os Bispos e os párocos) ou quando recebe uma espórtula
para oferecer a Santa Missa em determinada intenção.
Devemos lembrar que não se trata de pagar a Missa, quando os fiéis dão
ao sacerdote uma espórtula, ao pedirem que a Missa seja dita em sua
intenção. A Missa é uma coisa sagrada, que não se vende. Os que
pretendessem comprar com dinheiro as coisas santas mereceriam o
mesmo tratamento que São Pedro deu a Simão Mago (ver o episódio: At 8,
18-24). A autoridade eclesiástica fixa o que se deve dar aos sacerdotes
para lhes garantir a subsistência, pois não têm outro meio de que viver e o
Senhor ordenou aos que pregam o Evangelho que vivam do Evangelho
(1Cor 9, 14).[41]
Nas Fórmulas da Missa
Como sempre, nós encontramos na própria liturgia os ensinamentos
teológicos. Nas orações da Missa está contida a doutrina que estudamos
sobre os frutos que o Santo Sacrifício distribui:
1) As fórmulas do oferecimento: Da Hóstia: Recebei, Pai Santo... esta
hóstia... por meus inúmeros pecados... por todos os assistentes,
e por todos os fiéis cristãos. Do cálice: Senhor, nós vos oferecemos
o cálice da salvação... para salvação nossa e de todo o mundo (ver
as orações na íntegra no Missal).
2) O Te igitur, no começo do Cânon: — Nós vos suplicamos ... que
aceiteis... estas hóstias santas e sem mancha, primeiramente pela
vossa Santa Igreja Católica... e todos os que professam conosco a
mesma fé. — No memento dos vivos reza por todos os presentes e
por todos os seus. — No memento dos mortos, por todos os que
repousam em Jesus Cristo.
A Participação dos Fiéis
Basta pertencer à Igreja para participar de todas as Missas celebradas no
mundo.
Mas, além desta participação passiva, os fiéis são chamados a uma
participação ativa na Missa a que assistem, cooperando nela e não
simplesmente ouvindo-a.
Cristo não somente se imolou por nós, mas nos imolou com Ele. O
Sacrifício de Cristo é também nosso: tomamos parte nele, oferecendo-o e
oferecendo-nos.
A Missa é um ato de toda a Igreja, de todos os cristãos, mas
principalmente dos que se reuniram no templo para oferecê-la. Ato de
todos, todos têm o dever de tomar parte ativa nela, de modo interior
primeiramente, mas também exterior: acompanhando, respondendo,
comungando.
A Voz da Igreja
Vamos ver as fórmulas da Missa a necessidade desta participação ativa:
1) A Missa é ação também dos fiéis, e não apenas do celebrante. As
palavras do Orate, Fratres, são as mais frisantes: Rezai, irmãos, para
que o meu e vosso sacrifício seja aceito. — Este pensamento de
que o sacrifício é também dos fiéis está expresso nas fórmulas em
que o padre fala na 1.ª pessoa do plural — o que só se pode entender
se são muitos que oferecem e não ele só. Assim: No oferecimento
do cálice; no oferecimento dos fiéis; no Súscipe, Sancta Trinitas;
nas orações do Cânon as fórmulas vêm sempre no plural (ver as
fórmulas no Missal). — E quando o ato é individual o celebrante fala
no singular: Senhor eu não sou digno.
2) Nas orações da Missa há verdadeiros diálogos entre o celebrante
e os fiéis. O celebrante se dirige ao povo, saudando-o: O Senhor seja
convosco. Convida-o para rezar com ele: Oremos; Orai, irmãos;
Demos graças ao Senhor nosso Deus. Trava diálogo: no Salmo ao pé
do altar; no início do Prefácio.
Daqui concluímos:
1) Não é justo que deixemos o padre a um lado oferecendo sozinho um
sacrifício que também é nosso, sem tomarmos parte nele.
Principalmente tratando-se do melhor ato do culto que é possível
prestar a Deus.
2) Não é razoável que esqueçamos até as boas normas de educação —
e não respondamos às saudações, não atendamos aos convites,
quando partem precisamente de quem age em nosso nome e advoga
os nossos interesses junto de Deus. Isto seria intolerável na vida
comum: por que há de ser tolerado na vida oficial da Igreja?
A Liturgia vai mais longe, e fala naqueles que oferecem o sacrifício.
Evidentemente não se trata de oferecer a Missa com o poder da Ordem,
que só os padres têm. Mas certamente da participação ativa dos presentes
ao ato, e pelos quais o celebrante está rezando (ver o Memento dos Vivos).
[42]

Para Viver a Doutrina


A Missa é o Sacrifício de Cristo e da Igreja. Mas é também o meu
Sacrifício. Unido ao padre que celebra, eu ofereço também a Santa Missa!
Ouvir Missa é o que de melhor eu posso fazer para a glória de Deus e
minha santificação. Irei à Missa sempre que me for possível. Isto é mais
eficaz para minha vida cristã do que todo o dia passado em oração e boas
obras (valor infinito da Missa).
Quero me acostumar a rezar e agir em união com as Missas que estão
sendo celebradas no momento, em algum ponto do globo. Assim, na
oração da manhã, fazer o meu ato de adoração e agradecimento em união
com a Missa; na oração da noite, o meu ato de contrição, unindo-me às
Missas que estão sendo celebradas àquela hora; a minha visita ao
Santíssimo, o meu terço, tudo, afinal. Isto orientará toda a minha vida para
a Missa e dará a meus atos um novo e imenso valor.
Nada há que se compare à Missa para alcançar a conversão dos
pecadores, a libertação das almas do purgatório, a expiação das penas dos
pecados, as graças de que temos necessidade. Para bons cristãos não há
cuidado comparável ao de mandar celebrar Missas por essas intenções
para si e os seus. Não há mais rico presente, nem melhor mostra de
amizade cristã.
Há muitas maneiras de ouvir Missa. Acompanhar o celebrante, unir-se a
ele como participante no ofício, atender ao que faz, rezar as mesmas
orações, possuir-se dos sentimentos que ele exprime — eis, sem dúvida, o
melhor método. Por bons que sejam, os outros não são oficiais. Este é o
método oficial da Igreja.
QUESTIONÁRIO
1. De que modo produz a Missa seus efeitos? 2. Quem aproveita dos frutos da Missa? 3.
Aproveitam todos na mesma medida? 4. Que é fruto especial? 5. Por quem não se pode
aplicar a Missa? 6. Mostre nas fórmulas da Missa que ela aproveita a todos e
especialmente aos presentes. 7. Posso dizer que a Missa é meu sacrifício? 8. A Missa
valerá mais do que um dia de orações? 9. Por que é a Missa a melhor devoção? 10. Qual
o melhor método de ouvir Missa?
F L M
A Missa tem um rico e majestoso cerimonial. Há um núcleo essencial,
invariável, que foi sempre o mesmo, e vem do próprio Jesus Cristo. E o
mais foi rodeando este núcleo, preparando-o, seguindo-o, para melhor
dispor o espírito para o Santo Sacrifício e para agradecer a Deus a
felicidade de tê-lo celebrado. Isto, porém, não se fez de uma vez. A
formação foi lenta e durou séculos.
Primeiros Tempos
Na quinta-feira santa, Jesus celebrou a primeira Missa do mundo.
São Mateus narra assim:
“Estando, pois, eles ceando, Jesus tomou o pão, benzeu, partiu e deu a seus
discípulos, dizendo: Tomai e comei; isto é o meu corpo. E tomando o cálice, deu
graças e Ihos deu, dizendo: Bebei dele todos; pois isto é o meu sangue do novo
testamento que será derramado por muitos para remissão dos pecados. (Mt 26,
26-28)”
Aqui estão os 3 atos principais da Missa:
1) Ofertório — tomou o pão... deu graças.
2) Consagração — Isto é o meu Corpo.
3) Comunhão — Tomai e comei.
Os Apóstolos celebraram a Missa, tal como viram Cristo celebrá-la. Mas já
aproveitaram a ocasião para explicar a doutrina de Cristo: foi o primeiro
acréscimo (ver a descrição de uma reunião dessas: At 20, 7-11).
Do segundo século em diante, em torno das cerimônias primitivas vão-se
acrescentando novos ritos: salmos, leitura da Bíblia, saudações, ósculo da
paz, aclamações, orações. Já então encontramos bem claras as duas
partes: Ante-Missa e Missa propriamente dita.

No Terceiro Século
Vão-se juntando novos elementos. Reúnem-se junto ao túmulo de um
mártir. Iniciam-se as preces, a que o povo responde: Kyrie Eleison.
Fazem-se longas orações: a Coleta. Longas leituras do Antigo e do Novo
Testamento. Solene canto do Evangelho. Homilia do Bispo. Eram então
despedidos os catecúmenos.
Ficavam só os fiéis, e ia começar a Missa, propriamente dita. Os fiéis
oferecem o pão e o vinho para o Sacrifício, e outras coisas necessárias
ao clero e aos pobres. O Bispo faz o Ofertório e convida o povo a rezar
para que Deus aceite o Sacrifício: Orate, Fratres. Segue-se a Oração
Eucarística ou Cânon, com a Consagração. Ao fim da Oração Eucarística,
todos respondem: Amém.
Todos comungam com o Bispo. Os que não podem comungar, retiram-se
antes da Comunhão. Troca-se antes da Comunhão o ósculo da paz. Faz-
se a ação de graças. O Bispo abençoa a assembleia e a despede com o
Ite, Missa est.
Do quarto século, com a liberdade da Igreja dada por Constantino, as
cerimônias ganharam ainda maior solenidade. Introduziram-se as solenes
procissões do Intróito e os cortejos das Estações. A Missa do Pontífice
era já muito semelhante ao Pontifical solene de hoje.
As Duas Partes
Desde os primeiros tempos, a liturgia da Missa pode ser claramente
dividida em duas grandes partes: a Missa dos Catecúmenos e a Missa
propriamente dita. A primeira é preparatória. Não tem ligações diretas com
o Sacrifício. A segunda é que constitui o oferecimento do Sacrifício. Como
se explica isto?
A explicação é fácil. Os primeiros cristãos eram judeus que se
convertiam. Estavam acostumados às assembleias religiosas judaicas, que
constavam de orações, cânticos, leituras e explicações das leituras.
Ou eram pagãos que precisavam de aprender a doutrina e o espírito da
Igreja, para serem batizados.
Uns e outros frequentavam reuniões em que rezavam e eram instruídos,
mas não tomavam parte na Missa, porque não eram cristãos.
Essas reuniões, a princípio, eram inteiramente distintas da Missa. Depois
se fez uma só reunião e, terminada a instrução, eram despedidos os
catecúmenos e celebrava-se a Missa. Daí ficar-se chamando à 1.ª parte —
Missa dos Catecúmenos, e à 2.ª — Missa dos Fiéis.

Para Viver a Doutrina


A evolução da liturgia da Missa nos prende à própria Ceia de Cristo. Não
só fazemos a mesma coisa, mas fazemos do mesmo modo, quanto à
essência litúrgica. E nós, cristãos de hoje, nos sentimos presos aos
cristãos de todos os tempos, na maravilhosa unidade do Corpo Místico.
Todas as épocas unidas a Cristo pelo Sacrifício do altar!
Conhecendo melhor a Missa, posso compreendê-la e vivê-la melhor. Devo
estudar sempre mais a Santa Missa.
Missa e Comunhão eram ações inseparáveis para os primeiros cristãos.
Como cristão, eu devo viver sempre em estado de graça — e posso
comungar todos os dias. E comungarei na Missa, depois do celebrante, no
momento próprio da Comunhão.
As orações da Missa são o mais perfeito formulário de orações. Fórmulas
antigas, venerandas, cheias de doutrinas, de piedade, merecem a nossa
preferência. Sem excluir outras orações, o cristão esclarecido deve sempre
preferir as orações oficiais da Igreja.
QUESTIONÁRIO
1. Formou-se de uma vez a liturgia da Missa? 2. Qual foi a liturgia primitiva? 3. De que
consta? 4. Os Apóstolos celebraram Missa? 5. Como? 6. Os catecúmenos assistiam ao
Sacrifício? 7. Como se fazia o Ofertório? 8. Que modificações litúrgicas determinou a
vitória de Constantino? 9. Como os fiéis tomam parte no Sacrifício? 10. Por que o
Pontífice lavava as mãos depois das oferendas? 11. Por que se chama Missa dos
Catecúmenos? 12. Qual é o fim da Missa dos Catecúmenos? 13. Por que as orações da
Missa são o melhor formulário de orações?
L M A
Já conhecemos o valor da Santa Missa como Sacrifício de Cristo,
perpetuado no altar. Vimos em que consistem os ritos essenciais, em torno
dos quais a Igreja juntou um maravilhoso conjunto de cerimônias e
fórmulas, que nos impressionam os sentidos e elevam o espírito à
contemplação das coisas divinas que se contém no Santo Sacrifício da
Missa. Estes ritos chegaram ao ponto em que atualmente estão. Conhecê-
los contribuirá para a necessária compreensão do que vemos e facilitará a
devoção esclarecida, a participação mais frutuosa.[43]
Divisão Geral
A Missa se divide em duas grandes partes: Missa dos Catecúmenos e
Missa dos Fiéis, nomes cujas razões já conhecemos. A primeira vai do
começo até ao Ofertório, e se chama também Ante-Missa. A segunda, do
Ofertório ao Ite, Missa est, e constitui a Missa propriamente dita.
Pela sua própria estrutura vemos que a primeira parte se destina à oração
e à instrução, e a segunda parte, com o Sacrifício, encerra o Ofertório, a
Consagração e a Comunhão.
Podemos resumir toda a Missa nestas palavras:
Eu rezo — do começo à coleta.
Eu ouço — Epístola, Evangelho, sermão.
Eu ofereço — Ofertório.
Eu sacrifico — Cânon (Consagração).
Eu recebo — Comunhão.
Eu agradeço — Depois da Comunhão.
A atual Missa rezada é um resumo da Missa papal. Antigamente a Missa
era sempre cantada: o celebrante era ajudado por ministros e acólitos em
vários serviços que hoje ele faz sozinho. O que era cantado pelo
subdiácono (Epístola), diácono (Evangelho), pelos cantores (salmos), hoje
o celebrante reza.
É um resumo também noutro sentido. Muitas cerimônias e orações foram
reduzidas, ou desapareceram, deixando apenas um sinal, como o Kyrie, o
Lavabo, etc.

Missa dos Catecúmenos


A Missa dos Catecúmenos consta de uma preparação, orações e
instrução. Damos em esquema:
Orações ao pé do altar Preparação

Intróito*
Kyrie
Orações
Glória
Coleta*
Missa dos Catecúmenos Epístola*
Gradual*
Aleluia*
Instrução
Evangelho*
Homilia (sermão)
Credo

As partes variáveis estão marcadas com um asterisco, no esquema. As


orações invariáveis se chamam — Ordinário da Missa.
Vejamos resumidamente cada parte. 
I — PREPARAÇÃO
Orações ao pé do altar. Aproximamo-nos do altar com alegria e humildade:
o salmo Júdica. Purificamo-nos dos pecados, pelo Confiteor. Insistimos na
purificação do coração: orações subindo ao altar e beijando-o (ver no
Missal).
II — ORAÇÕES
Intróito. É o antigo salmo que a Schola cantava à entrada (intróito quer
dizer entrada) do Pontífice. Hoje o celebrante lê só a antífona, um versículo
e o Glória Patri.[44]
Kyrie. Era a resposta do povo às invocações, em forma de ladainha.
Suprimida a ladainha, ficou o Kyrie Eleison. É uma súplica confiante.
Glória. É um canto de louvor a Deus Trino: Pai: Pai onipotente; Filho:
Unigênito Filho de Deus Jesus Cristo; Espírito Santo: Com o Espírito
Santo.
Coleta. O celebrante reza a oração própria da Missa que está celebrando:
a Coleta.
Contém o que o Igreja quer que peçamos e o que ela pede para nós
naquela Missa. — Como parte variável contém sempre a ideia geral da
festa (ver alguns exemplos no Missal: Epifania, Ascensão, etc; como
também dos santos: Santo Estêvão).
III — INSTRUÇÃO
Depois da preparação do coração pelas orações, vamos fazer a
preparação do espírito pela instrução. Na oração falamos a Deus; agora é
Ele que nos fala.
Na Epístola, fala-nos pelos Profetas e Apóstolos; no Evangelho, pelo seu
próprio Filho; na Homília, pela Igreja.[45]
Credo. Terminada a instrução, fazemos nosso ato de fé nas verdades que
Deus nos ensinou: é o Credo.[46]

Para Viver a Doutrina


Como preparação ao Santo Sacrifício, nada pode haver melhor do que a
Ante-Missa. Aqui eu me purifico de meus pecados, nas orações ao pé do
altar; rezo no glória uma oração perfeita; peço na coleta a graça que a
Igreja acha mais vantajosa para mim. Nunca me prepararei melhor do que
unindo-me ao celebrante e rezando com ele.
A Ante-Missa fortalece a minha fé. Mas eu só aproveitarei desta instrução
da Missa, recebendo-a, isto é, acompanhando as leituras pelo meu Missal
e ouvindo a pregação. Se enquanto o celebrante anuncia a Epístola e o
Evangelho, eu canto, rezo, a finalidade daquelas partes não se realizam.
Isto me obriga a acompanhar a Missa, assim como está sendo celebrada.
As orações da Missa são feitas pela Igreja, oficialmente: têm o valor que
tem a Esposa de Cristo. Ao passo que as orações que eu faço na Missa
valem apenas o que eu valho! É de meu interesse rezar as próprias
orações da Missa em união com o celebrante.
Todas as partes variáveis estão agrupadas em torno de um pensamento: o
espírito da festa ou do santo. Compreendê-las é alimentar a alma,
fomentando a virtude que a festa desperta. Assim, a Missa me será ainda
mais proveitosa à vida espiritual.
A Liturgia ensina admiravelmente o respeito às coisas santas. As
solenidades de que cerca o Evangelho são características. Tratar a palavra
de Cristo como se fosse o próprio Cristo! Como isto dispõe a alma a crer, a
venerar, a amar o que o Evangelho ensina!
QUESTIONÁRIO
1. Como se divide a Missa atual? 2. A que se destina a primeira parte? 3. Onde está
propriamente o Sacrifício? 4. Como podemos resumir a significação de toda a Missa? 5.
Por que dizemos que a Missa atual é um resumo da primitiva? 6. De que consta a Missa
dos Catecúmenos? 7. Que é Intróito? 8. E o Kyrie? 9. Qual o sentido do Glória? 10. Que é
a Coleta? 11. Que partes da Missa nos ministram instrução? 12. Mostre o respeito de que
a Igreja cerca o Evangelho. 13. Qual o sentido do Credo? 14. Por que o celebrante
genuflete, rezando-o? 15. Como pode o fiel aproveitar da Ante-Missa?
AM F
A Missa dos Catecúmenos não pertence propriamente à Missa: é uma
preparação para o Sacrifício, que vai começar agora. De agora em diante é
que a função é essencialmente sacerdotal. O celebrante poucas vezes
levantará a voz e falará à assembleia. Mas falará em voz baixa, porque se
dirige a Deus. A própria participação dos fiéis consistirá agora em unir-se à
ação do celebrante que é, no altar, o seu intermediário junto de Deus. Aqui
está o que propriamente constitui o Sacrifício: a oblação, a imolação e a
comunhão.
I – Ofertório (1.ª lição)
V D
Com o Ofertório começa o Sacrifício propriamente. Só um legítimo ministro,
ordenado para isto, é capaz de oferecer um Sacrifício verdadeiro. Então, o
Ofertório, sendo parte da Missa, como tal, é ato sacerdotal.
Mas não é exclusivamente do celebrante. A Missa é o Sacrifício do Corpo
Místico. E o sacerdote o oferece não em seu nome particular, mas em
nome de todos os batizados.
Os fiéis participam, portanto, do Ofertório. É o sacerdote quem oferece,
mas eles oferecem e se oferecem, com o sacerdote. Por isso mesmo os
fiéis não se alheiem do Sacrifício, que é também deles.
D
O Ofertório consta dos seguintes atos:
1) Antífona.
2) Oblação da hóstia.
3) Mistura d’água com vinho.
4) Oblação do cálice.
5) Oblação dos oferentes.
6) Lavabo.
7) Oração à Santíssima Trindade.
8) Orate, fratres.
9) Secreta.
Vejamos cada uma destas partes:
Antífona. Terminado o Credo, o celebrante lê um versículo de um salmo.[47]
Oblação da Hóstia. O celebrante repete o gesto de Jesus na Ceia. Toma a
hóstia, eleva-a e oferece a Deus. Oferece pessoalmente como sacerdote,
como sacrificador, mas sem esquecer que o faz por todos os cristãos e
principalmente pelos que ali se reuniram (ver no Missal a oração).
Água e Vinho. Ao pôr vinho no cálice, o celebrante mistura-lhe água. Isto
simboliza a nossa participação na Divindade de Cristo, assim como Ele
participa de nossa humanidade (ver a oração no Missal).
Oblação do Cálice. O celebrante toma o cálice com vinho e água, eleva-o à
altura dos olhos e oferece a Deus, em nome da assembleia (o aluno tome
o ordinário da Missa e vá acompanhando com as orações, uma por uma,
até ao fim deste estudo).
Oblação dos fiéis. Embora os fiéis já estejam simbolizados no pão e no
vinho do Ofertório, o celebrante faz expressamente o oferecimento dos
fiéis, em espírito de humildade e coração contrito. Prestemos bem atenção
a isto: na Missa nós somos oferecidos a Deus.
Lavabo. Antigamente era uma necessidade lavar as mãos depois de
receber as ofertas dos fiéis. Hoje o Lavabo tem o sentido de purificação
espiritual.
Orate, Fratres. Depois de novo oferecimento à Santíssima Trindade, o
celebrante convida o povo a rezar para que Deus aceite o Sacrifício, que é
também dos fiéis: meu e vosso sacrifício.
Secreta. Então o sacerdote termina o Ofertório, pedindo a Deus que receba
os dons que lhe foram oferecidos, e nos santifique para nos tornarmos
dignos de seu santo serviço (ver o sentido das secretas, no Missal).

Para Viver a Doutrina


O pão e vinho do Ofertório nos representam. O pão é o nosso trabalho; o
vinho é o nosso sofrimento. Toda a nossa vida aí está oferecida ao Pai. No
momento do Ofertório me lembrarei disto e unirei ao celebrante para me
oferecer a Deus.
Nós cristãos estamos tão unidos a Cristo, que o seu Sacrifício é também
nosso. Nós nos unimos à sua Divindade como a gota d’água se une ao
vinho. Então o nosso sacrifício se apresenta diante de Deus tão agradável
como o de Cristo.
A Missa é nossa. Somos oferecidos pelo celebrante e juntamente com ele
oferecemos a Missa a Deus. Trata-se de um ato nosso, que devemos
acompanhar com o mesmo cuidado e a mesma devoção do celebrante.
QUESTIONÁRIO
1. Qual o valor doutrinal do Ofertório? 2. Como se explica a atual antífona? 3. Qual a
significação da mistura da água com o vinho? 4. De que modo somos oferecidos? 5. Qual
a significação do Lavabo? 6. Qual o sentido do Orate, fratres? 7. Qual o sentido da
Secreta? 8. Quais são os atos essenciais do Ofertório? 10. Como nos devemos unir ao
Ofertório?
II – Consagração (2.ª lição)
Caminhamos para o momento mais solene, o ponto culminante de toda a
Missa. Se os atos que constituem o Sacrifício são três — Ofertório,
Consagração, Comunhão — a essência mesma do Sacrifício está na
Consagração, em que a Vítima realmente presente é misticamente
imolada.[48]
D
O Cânon[49] é preparado pelo Prefácio e vai até ao Per omnia saecula
saeculorum que precede o Pater Noster.
Compreendemos melhor este conjunto de orações, se o dividirmos bem.
Como a Consagração é o centro de toda esta parte (como de toda a
Missa), partiremos dela. É Jesus Cristo realmente presente no altar,
renovando a Deus Pai o seu Sacrifício. Em torno do Redentor se reúnem
todos aqueles que precisam da Redenção. São eles:
Antes da Consagração:
1) A Igreja Militante em geral.
2) Os que nós queremos distinguir na Igreja ou estão presentes.
3) A Igreja Triunfante — os santos, que devem sua vitória ao Sacrifício
Redentor e querem ajudar-nos a alcançar a vitória.
Depois da Consagração:
1) A Igreja Padecente, que espera a Redenção definitiva.
2) Nós mesmos, que lá estamos buscando para nós os frutos da
Redenção. A parte da Consagração se compõe de duas orações
sacrificais, antes, e duas depois. No centro está a Consagração
precedida da narrativa da Ceia e seguida de uma memória da Morte e
Vitória de Cristo.
Pius Parsch[50] chega a estabelecer uma simetria perfeita entre todas essas
partes, até nas cruzes — 3 e 5 antes e depois — e uma conclusão
correspondendo à introdução. O quadro sinóptico nos dará melhor visão de
conjunto.
QUADRO SINÓTICO
Prefácio Canto solene de introdução
Três cruzes
CONSAGRAÇÃO A Igreja Militante Te igitur: a Igreja, o Papa, o Bispo.
Os vivos Memento: os presentes e
A Igreja escolhidos.
Triunfante Communicantes.
Hanc igitur: pede uma vida
tranquila, a libertação do inferno, a
Orações
conquista do céu.
sacrificais
Quam oblationem: Cristo vai
reparar por nós.
Cinco cruzes
Qui pridie: lembra o Sacrifício do
Narração da Ceia Cenáculo.
CONSAGRAÇÃO Cristo renova o Sacrifício da Cruz.
Oração memorial Unde et memores: lembra a Morte
e a Vitória de Cristo.
Cinco cruzes
Supra quae: Pede que aceite o
Santo Sacrifício como aceitou o de
Orações Abel, Abraão e Melquisedec.
sacrificais Supplices: Pede que um anjo
apresente o Sacrifício no céu à
presença de Deus.
A Igreja Memento dos mortos.
Padecente Nobis quoque: pede nossa união
Nós, pecadores aos santos.
Três cruzes Per ipsum: conclusão pela
Pequena doxologia.
elevação
Prefácio. É uma oração de louvor e graças ao Pai, cujos benefícios
recebemos sempre e em toda parte, por Jesus Cristo. Termina com duas
aclamações: a dos anjos que louvam a Deus no céu: Santo, Santo, Santo
(Is 6, 1) e dos homens aclamando a Cristo: Hosana (Mc 11, 9).
Te, Igitur. Em profundo silêncio, falando a Deus como representante do
povo, de braços estendidos, reza o celebrante pela Igreja, pelo Papa e pelo
Bispo da Diocese.
Memento dos Vivos. Reza pelos vivos, citando os nomes dos que quer
lembrar em especial.
Communicantes. Em união com a Virgem Maria, os Apóstolos e os
Mártires, pede a proteção de Deus.[51]
Hanc igitur. Para indicar que Jesus é a Vítima que se oferece em nosso
lugar, o celebrante estende as mãos sobre a hóstia e o vinho, oferecidos a
Deus. Cristo continua a tomar sobre si os nossos pecados e a expiar e
interceder por nós. Por Ele somos arrancados à condenação eterna e
contados no número dos eleitos.
Quam oblationem: pede a Deus que abençoe a hóstia e o vinho para que
se tornem o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo.
A CONSAGRAÇÃO. É o momento mais solene do Santo Sacrifício. É o ato
essencial. Tudo o que o precede e segue forma uma coroa em torno deste
ato que realiza com espantosa simplicidade a maior de todas as
maravilhas: — a mudança da substância do pão e do vinho no Corpo e
Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O sacerdote toma o pão nas suas mãos, levanta os olhos ao céu, benze-o
e diz: Isto é o meu Corpo. Faz imediatamente genuflexão, para adorar a
Jesus Cristo realmente presente e eleva a Hóstia consagrada à adoração
dos fiéis. Toma o cálice, benze-o e diz: — Este é o cálice do meu Sangue
do Novo Testamento — Mistério de Fé — que será derramado por vós e
por muitos em remissão dos pecados. Genuflete, para adorar o
preciosíssimo Sangue de Cristo e levanta o cálice à adoração dos fiéis.
Unae et memores. O celebrante oferece agora ao Pai não mais o pão e o
vinho, mas o seu próprio Filho e lhe pede que o aceite em Sacrifício, como
aceitou o sacrifício de Abel, Abraão e Melquisedec (Supra quae).
Supplices. E, profundamente inclinado sobre o altar, pede a Deus que
mande o seu anjo tomar o Sacrifício do altar da terra e apresentá-lo no
altar do céu.
Memento dos Mortos. Juntando as mãos, reza por todos os que repousam
em Cristo, lembrando pelo nome aqueles por quem quer rezar em especial.
Nobis Quoque. Levantando a voz, bate no peito, como pecador contrito, e
pede a Deus por nós também pecadores, a fim de alcançarmos a
companhia dos santos no céu.
Assim, todos os cristãos se reúnem em torno de Cristo, para oferecer com
Ele o Sacrifício ao Pai: os da terra, os do Purgatório e os do Céu, isto é,
toda a Igreja, porque a Missa é o Sacrifício de Cristo Total: Cristo e os
cristãos.
Fim do Cânon. O Sacrifício de Cristo envolve toda a natureza: ele santifica
todas as criaturas. Assim santificados, todos esses bens servem à glória do
Pai por intermédio de Cristo (Per quem). Aliás, é por intermédio de Cristo
que se presta a Deus toda honra e toda glória (Per Ipsum), pois Cristo é
nosso Mediador e Pontífice junto ao Pai.
Atitude da Assembleia. O celebrante oficia o Sacrifício, falando em silêncio
a Deus. Mas agora, quando encerra as orações do Cânon, levanta a voz,
para que os fiéis se unam ao sacrificador, aderindo à ação sacerdotal. O
Amém que os fiéis então respondem vem dos tempos apostólicos.

Para Viver a Doutrina


A Missa é o ato mais importante de minha vida. Preciso interessar-me
profundamente por ela. Para isto unir-me-ei ao celebrante:
1) Oferecendo com ele o Santo Sacrifício.
2) Pondo minha vida a serviço de Deus.
3) Rezando as próprias orações da Missa.
São ricas de sentimentos as orações da Missa. Procurarei conhecê-las e
penetrar-me delas, para traduzi-las em minha vida.
Na Missa reza-se por todas as necessidades da Cristandade: o Papa, o
Bispo, todos os cristãos, os mortos. E estas orações têm um valor que
jamais teriam feitas particularmente. Não há meio melhor para uma oração
universal do que acompanhar a Missa.
QUESTIONÁRIO
1. Qual o ato mais importante da Missa? 2. Que é o Cânon? 3. Que é o Prefácio? 4. Em
que oração se reza pelos vivos? 5. Que significa o padre estender as mãos sobre a
oblata? 6. Por que o celebrante faz novo oferecimento depois da Consagração? 7. Qual o
sentido do Nobis Quoque Peccatoribus? 8. Como se une a assembleia aos atos e às
orações do celebrante no Cânon? 9. Como me posso unir à Missa? 10. Faça uma divisão
geral do Cânon, consultando o quadro sinótico.
III – Comunhão (3.ª Lição)
A Comunhão é o centro desta última parte da Missa. Todos os ritos, do
Pater ao fim, servem-lhe de preparação e ação de graças. São o melhor
modo de preparar-nos e agradecer, pois este é o método oficial da Igreja.
Ele consta de:
Pater
Preparação Fração do pão
Paz
Orações
Domine, non sum dignus
Comunhão
As fórmulas da Comunhão
O Communio
Ação de Graças Abluções
Post-Communio
Pater Noster. Vem precedido de uma introdução, que diz bem alto do valor
desta oração divina. Não fosse o preceito do próprio Cristo (confira Lc 11,
2) e a instituição divina desta oração, nenhum de nós se atreveria a falar
assim a Deus. Oração da família cristã — Pai nosso — é recitada em voz
alta e a assembleia se une à oração do celebrante pela resposta das
últimas palavras.
É seguido do Libera nos, em que se desenvolve o sentido da última
petição, pedindo a Deus que nos livre de todos os males passados,
presentes e futuros.
Fração do Pão. Este rito é tão antigo como a própria Missa. Jesus Cristo o
fez na Ceia. E o gesto ficou tão característico que o deu a conhecer aos
discípulos de Emaús (confira Lc 24, 30). O primeiro nome da Missa foi —
Fração do pão.[52]
Paz. Outro rito de grande importância antigamente e hoje bem reduzido é o
ósculo da paz. A última súplica do Agnus Dei se repete nesta oração. A
paz sobrenatural, reconciliação do homem com Deus, é o fruto do Santo
Sacrifício.
Comunhão. O celebrante passa então à preparação imediata para a
Comunhão, rezando duas orações em que pede a libertação de todos os
pecados, a perseverança na união com Cristo e os frutos permanentes da
Comunhão.
Depois, toma a Hóstia na mão esquerda, diz três vezes o Domine, non sum
dignus, e comunga.
É agora o lugar por excelência da Comunhão dos Fiéis. Não é antes, nem
depois da Missa, mas neste momento, diz o Ritual, salvo se houver motivo
razoável. Assim como os fiéis não somente assistem, mas também
oferecem o Santo Sacrifício, assim igualmente devem integrar o Sacrifício
com a sua Comunhão.
Faz parte ainda da Comunhão a antífona Communio, resto do salmo que
se cantava outrora durante a Comunhão dos Fiéis, como ainda hoje na
Missa cantada, e que nas Missas rezadas o celebrante lê após as
abluções.
Ação de graças. Enquanto o celebrante purifica o cálice pede que
conservemos no espírito o que a boca recebeu e que, pela união de Cristo
conosco, não fique em nós mancha alguma de culpa. São poucas palavras,
é verdade, mas que riqueza de substância.
O Post-Communio é a oração de ação de graças. É a súplica para que
permaneçam em nós os frutos do Sacrifício. É que a melhor ação de
graças não é a de palavras, mas a das ações: é uma ação — a vida vivida
em união com Cristo. Por isto, a oração pode ser rápida; mas nós
viveremos o Sacrifício que celebramos.
Despedida. Está terminada a Missa e o celebrante o anuncia ao povo com
o Ite, Missa est. É muito expressiva a resposta do povo: Deo gratias. Quer
dizer: nós vamos, e todo o nosso dia vai ser ocupado em dar graças a
Deus; as nossas ações serão ações de graças.
O celebrante dá a bênção ao povo.
O Último Evangelho[53] é um resumo do mistério de nossa Redenção, cujas
graças a Missa distribui.

Para Viver a Doutrina


Para me unir facilmente à Santa Missa, o mais prático é reduzir tudo a uns
poucos sentimentos essenciais. Tomando os 3 grandes ritos — Ofertório,
Consagração e Comunhão — eu os acompanho: ofereço-me a Deus,
juntamente com as oferendas que o celebrante faz; sacrifico-me com Cristo
na Consagração neste Sacrifício que também é meu; uno-me a Deus, na
participação do banquete sagrado.
Seria tão fácil comungar cada vez que ouço Missa! Vivendo em graça,
estou apto a comungar. Comungarei então na Missa que ouço. Não antes,
nem depois (como quem não sabe o que é o Sacrifício), mas na Missa.
Acompanhando as orações da Missa, faço preparação e dou ação de
graças perfeita. É assim que farei sempre.
Há um apostolado imenso a fazer pela Missa. Os que não a ouvem nem
nos dias de preceito, os que a ouvem rezando terços, fazendo novenas e
meses, não sabem o que é a Missa.[54] Enquanto não ensinarmos à nossa
gente o que é o Santo Sacrifício, seremos um povo que perde Missa de
preceito! Isto me obriga a um apostolado.
QUESTIONÁRIO
1. Onde começa a parte relativa à Comunhão? 2. De que partes se compõe toda a
Comunhão? 3. Que é a fração do pão? 4. Por que devem os fiéis comungar à Missa? 5.
Em que consiste a ação de graças na Missa? 6. Que quer dizer o Deo Gratias dos fiéis, na
despedida? 7. Qual o sentido do último Evangelho?
OA L
A Igreja santifica toda a nossa vida. O tempo também está santificado pela
Igreja. Há os tempos litúrgicos, que duram meses inteiros; há festas e
oitavas, comemorando a vida de Cristo e a morte dos santos.
A organização desses tempos e festas se chama Ano Litúrgico.
Os Dois Ciclos
Jesus Cristo ocupa o centro do Ano Litúrgico. Toda a vida de Nosso Senhor
é comemorada. As festas de Cristo são as mais importantes na Liturgia.
Dominam todo o Ano Litúrgico. Constituem o Ciclo Temporal, também
chamado de Ciclo de Cristo.
Ao lado das festas de Cristo, o Ano Litúrgico celebra também as festas dos
santos. No Ciclo dos Santos ou Ciclo Santoral as festas de Nossa Senhora
têm o primeiro lugar.

O Ciclo Temporal
Em lugar do sábado, os Apóstolos santificaram o domingo, o dia do Senhor
(Ap 1, 10), que é, na Liturgia, um dia sagrado.
Os dois maiores acontecimentos da vida de Cristo — Ressurreição e Natal
— receberam sempre maior comemoração.
Em torno delas foram-se agrupando outras solenidades, dando origem aos
Dois Ciclos: Páscoa e Natal.
Cada uma destas festas tem uma preparação, a celebração da Festa,
seguindo-se depois um tempo complementar.
O Ciclo do Natal
Aqui as festas são todas em datas fixas. No centro, está a grande festa,
que é preparada pelas 4 semanas do ADVENTO, durante as quais a Igreja
dispõe os fiéis para a chegada (adventus) do Messias.
Depois do Natal, seguem-se as festas da Circuncisão e da Epifania.
Epifania quer dizer manifestação. E, de fato, naquele dia Jesus Cristo se
manifestou como Deus aos gentios, recebendo a adoração dos Reis
Magos. Seguem-se outras manifestações (epifanias) da divindade de
Cristo: o milagre de Caná e o Batismo. — Foram-se juntando outras festas:
o Santo Nome de Jesus, o encontro do Menino no Templo.
Podemos, então, formar o seguinte esquema do Ciclo de Natal:
CICLO ADVENTO 1º Domingo Aproxima-se o reino
DO de Deus
NATAL Os Sinais do reino de
2º Domingo
Deus
O Precursor anuncia
3º Domingo
o Messias
Quarta-feira
Anunciação a Maria
(Têmporas)
Sexta-feira Maria Visita a Santa
(Têmporas) Isabel
São João Batista
4º Domingo prepara os caminhos
para o Messias
Anunciação a São
Vigília
José
O nascimento de
1ª Missa Jesus em Belém: —
adoração dos anjos
Adoração dos
NATAL 2ª Missa
pastores
A geração eterna do
3ª Missa Verbo, que se
encarnou
Circuncisão do
Circuncisão
Senhor
O Santíssimo Nome
Domingo
de Jesus
EPIFANIA Fuga para o Egito
Vigília
(por antecipação)
Epifania Adoração dos Magos
Domingo da Encontro de Jesus no
oitava templo
Oitava Batismo de Jesus
2º Domingo Bodas de Caná
As Têmporas são 3 dias de penitência e oração com que a Igreja costuma
santificar o início das estações do ano. São práticas muito antigas, que
alguns fazem remontar aos Apóstolos. Celebram-se no Advento
(dezembro), na Quaresma (março), em junho e em setembro.
Ciclo da Páscoa
Terminado o Ciclo do Natal, começa a preparação para a Páscoa:
1) Setuagésima.
2) Quaresma: Jejum, abstinência, orações.
3) Paixão: cobrem-se as imagens, concentrando a atenção toda no
Mistério da Redenção.
4) Semana Santa: a PÁSCOA.
A Páscoa é a maior festa da Igreja, o centro de todo o ano litúrgico. A
alegria da Ressurreição perdura toda a semana (oitava) e se projeta até a
Ascenção, que se celebra 40 dias depois, seguindo-se o Pentecostes, com
os numerosos domingos que comemoram a vida pública de Jesus e a vida
cristã de cada um de nós. No último domingo se celebra o Juízo Universal:
é o fim do ano litúrgico.
Do ciclo da Páscoa podemos fazer o seguinte esquema:
CICLO DA Convite para
PÁSCO Setuagésima o reino
A de Deus
SETUAGÉSIM Convite para
A Sexagésima o reino
de Deus
Quinquagésim Anuncia a
a Paixão
QUARESMA Quarta-feira de Convite ao
Cinzas Jejum
1º Domingo da Jejum e
Quaresma tentação
Fatos da
3 Domingos vida
pública
Semana da Entrada
Paixão triunfal
em
Domingo de Jerusalé
Ramos m
Quinta-feira Última Ceia
PAIXÃO
Morte na
Sexta-feira
Cruz
As santas
mulheres
Sábado
no
sepulcro
Ressurreiçã
Páscoa
o
Várias
Oitava
aparições
Subida ao
Ascenção
céu
PÁSCOA
Descida do
Pentecostes Espírito
Santo
Segunda
Último
vinda de
Domingo
Cristo
Depois de Pentecostes agrupam-se algumas festas especiais, sem ligação
com o Ciclo de Cristo, destinadas a honrar de modo particular alguns
mistérios: Santíssima Trindade (1º Domingo de Pentecostes); Corpus
Christi (Quinta-feira seguinte), Sagrado Coração de Jesus (Sexta-feira
depois da oitava de Corpus Christi), Coração Eucarístico de Jesus (Quinta-
feira depois do Coração de Jesus), Cristo Rei (último domingo de outubro).
O Ciclo Santoral
As festas dos santos celebram-se em dia fixo — quase sempre o dia da
morte, que a Igreja chama de natal (em que nasceram para o céu).
Exceção única, além de Nossa Senhora (que foi concebida sem pecado), é
São João Batista (que foi purificado antes do nascimento pela presença de
Cristo, na visita de Nossa Senhora a Santa Isabel).
O primeiro lugar cabe às Festas de Nossa Senhora. É tão grande a ligação
de Maria com Cristo que ela é celebrada em quase todas as festas de
Cristo. Principalmente no Ciclo do Natal, onde Mãe e Filho estão
inseparáveis. Maria é tão semelhante a seu divino Filho que se pode
estabelecer um verdadeiro paralelo entre as suas festas:
Imaculada Conceição (8 de
Anunciação (25 de março)
dezembro)
Natividade de Maria (8 de
Natal (25 de dezembro)
setembro)
Santíssimo Nome de Jesus Santo Nome de Maria (12
(1 de janeiro) de setembro)
Apresentação de Jesus no Apresentação de Maria (21
templo (2 de fevereiro) de novembro)
Paixão de Jesus (sexta- Nossa Senhora das Dores
feira santa) (sexta-feira da Paixão)
Ascensão de Jesus Assunção (15 de agosto)
Para Viver a Doutrina
Acompanhando as solenidades do Ano Litúrgico, eu me santifico:
1) Desenvolvendo em mim a vida de Cristo e dos santos que o Ano
Litúrgico comemora.
2) Penetrando-me cada vez mais dos sentimentos da Igreja.
O Santo Padre Pio X lastimou que as festas dos santos eclipsassem no
povo cristão as festas do Temporal, que são os mistérios do próprio Cristo.
Isto ainda se dá, infelizmente. Muitos ainda dão mais importância aos
servos do que ao Senhor. Para repormos Cristo no seu lugar, é necessário
um apostolado. Eis aí um bom apostolado litúrgico.
Tomando gosto pelas solenidades litúrgicas, eu irei me desligando dessas
festas exteriores, pomposas, muitas vezes profanas, que os “festeiros”
promovem, a pretexto de festas religiosas, mas contra as determinações
da Igreja. E sem proveito nenhum para o povo, que tanto as aprecia, por
não conhecer verdadeiras festas eclesiásticas. É também um excelente
apostolado celebrar bem as festas litúrgicas e encaminhar o povo para
elas. É unir o povo à Igreja, fazê-lo sentir com ela: Sentire cum Ecclesia. E
pela Igreja a Cristo![55]
QUESTIONÁRIO
1. Que é Ano Litúrgico? 2. Em quantos ciclos se divide todo o Ano Litúrgico? 3. Como se
divide o Temporal? 4. Que é Advento? 5. Que são Têmporas? 6. Como se faz a
preparação para a Páscoa? 7. Que festas se seguem à Páscoa? 8. Em que dia costuma a
Igreja celebrar a festa dos santos? 9. Mostre como as festas de Maria estão ligadas às de
Cristo. 10. Por que devemos acompanhar as festas litúrgicas?
C 5–OC
J :J
OS E
O Batismo nos deu a vida sobrenatural: nascemos para a graça. A
confirmação desenvolveu esta vida sobrenatural, elevando-a à condição de
adulto. Mas é necessário um alimento para a nossa vida espiritual, sem o
que ela pereceria, como sem alimento perece o nosso corpo. Jesus Cristo
providenciou isto para nós dando-se como alimento da nossa alma no
Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
Podemos considerar a Eucaristia sob dois aspectos: como Sacrifício — e
tem por objeto especialmente a Deus a quem é oferecido; como
Sacramento — e se refere diretamente aos homens.

A Promessa
Há no Antigo Testamento várias figuras da Eucaristia: o pão que o anjo
levou a Elias (1Rs 19, 1-8), o maná do deserto, a farinha inesgotável da
viúva de Sarepta (1Rs 17, 10-16).
Jesus fez solene promessa da Eucaristia: O pão que eu hei de dar é a
minha carne para a vida do mundo (Jo 6, 52). Os ouvintes se admiraram,
dizendo: Como pode Ele nos dar a sua carne para comer? Mas Ele insistiu:
Minha carne é verdadeiramente comida e se não comerdes a carne do
Filho do homem, não tereis a vida em vós (ver o capítulo 6, 26-59).
Estas palavras não podem ter outro sentido, senão o próprio. Quando
Jesus falou do fermento dos fariseus e os ouvintes entenderam num
sentido errôneo, Ele os retificou (Mt 16, 6-12). Como deixaria em erro sobre
matéria de muito maior importância?
A Instituição
Na quinta-feira santa, Jesus cumpriu o que tinha prometido. Foi na Ceia, no
episódio que já conhecemos (confira Mt 26, 26-27; Mc 14, 22-23; Lc 22, 19-
20; 1Cor 11, 23-25).
As palavras de Cristo são claras e não deixam lugar a dúvida sobre a
Presença Real: Isto é o meu corpo. Interessante é notar que todos os
quatro tópicos da Escritura referem estas palavras do Salvador.
Testemunho de São Paulo
Além da narrativa da Ceia, São Paulo pergunta: O cálice que benzemos,
não é a comunhão do sangue de Cristo? E o pão, que partimos, não é a
comunhão do corpo do Senhor (1Cor 10, 15-16)?
Mas o Apóstolo tem uma afirmação ainda mais clara. É quando fala da
comunhão indigna: Todo aquele que comer deste pão ou beber do cálice
do Senhor, indignamente, será réu do Corpo e do Sangue do Senhor...
não discernindo o corpo do Senhor (ver 1Cor 11, 21-29). Só podia ser réu
do Corpo e do Sangue do Senhor, se este Corpo e este Sangue
estivessem ali realmente presentes.

Jesus na Hóstia
Pelas palavras da Consagração opera-se a mudança do pão e do vinho no
Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fica tudo o que os
sentidos percebem — as espécies; mas a substância do pão e do vinho
muda-se na substância de Cristo. A esta mudança de substância se chama
transubstanciação.
A substância é indivisível: Cristo está todo na Hóstia e no Vinho
Consagrados. Todo em cada espécie: e a comunhão sob uma espécie é
tão completa quanto sob as duas. Todo em cada gota ou fragmento das
espécies consagradas: — é claro que a substância de Cristo está onde
estaria a substância do pão ou do vinho.
Operada a transubstanciação. Cristo está presente enquanto as espécies
de pão e vinho se conservarem incorruptas. Se a Hóstia se corromper pelo
tempo, umidade, etc; ou se dissolver na água, não persevera a Presença
Real.

O Culto Eucarístico
A Santíssima Eucaristia é o centro de todo o culto católico. Toda a honra e
toda a glória que a Igreja presta a Deus tem a sua máxima expressão na
Eucaristia. Todas as festas do ano litúrgico se refletem na Missa e se
exprimem por ela.
Mas a Missa não foi instituída para prestarmos culto à Eucaristia. Pelo
contrário: foi instituída para prestarmos culto à Santíssima Trindade por
meio de Cristo na Eucaristia. Isto, porém, não nos impede de rendermos à
Eucaristia o culto de latria a que tem direito Jesus Cristo como verdadeiro
Deus. E de fato o rendemos na própria Missa, de diversas maneiras que a
piedade foi introduzindo no culto litúrgico.[56]
Mas no Sacramento é que o culto à Eucaristia se desenvolveu.[57]
O Sacramento
A matéria deste sacramento é pão de trigo e vinho de uvas.
A forma são as palavras da Consagração.
Ministro ordinário da Eucaristia é o sacerdote, porque só a ele compete o
poder de consagrar — o que lhe confere também o direito de ministrá-lo.
Em caso de extrema necessidade, qualquer pessoa pode dar a comunhão.
Disposições
Aqui, mais do que nos outros sacramentos, se exigem do sujeito condições
condignas da grandeza e excelência do Santíssimo Sacramento:
1) O estado de graça, pois se trata de Sacramento de vivos. Trata-se de
receber o próprio Jesus Cristo.
2) A reta intenção, isto é, o desejo de comungar para glória de Deus e
nosso maior bem espiritual, e não por motivos humanos.[58]
3) O jejum eucarístico se limita a 3 horas antes da Comunhão, quanto a
alimentos sólidos e bebidas alcoólicas, e a 1 hora, quanto a alimentos
líquidos, sendo que água não quebra o jejum.[59]
A preparação e ação de graças aumentam as nossas disposições e os
frutos da nossa Comunhão.
Efeitos da Comunhão
Quanto à alma:
1) A Eucaristia produz um aumento de graça santificante. Para vermos
quão grande é esta produção da graça, basta lembrarmos que todos
os sacramentos produzem a graça, mas este contém o próprio Autor
e Senhor da graça.
2) Estabelece uma união profunda entre Cristo e a pessoa que
comunga.[60] É a união que se estabelece entre a pessoa e o alimento
tomado, com diferença de que aqui não é Cristo que se transforma
em nós, mas somos nós transformados em Cristo.
3) Excita o fervor, pelas graças atuais que confere.[61]
4) Favorece as virtudes, porque, alimentados pela Eucaristia, todas as
virtudes e dons do Espírito Santo, que estão em nós pelo Batismo e
pela Confirmação, encontram facilidade em crescer.
5) Perdoa pecados veniais, de que estamos arrependidos. De modo que
os pecados veniais não constituem impedimento para a comunhão, e
até ficam perdoados por ela, se não ficarem com a absolvição que o
sacerdote dá antes da Comunhão.
Quanto ao corpo:
1) Modera as paixões. Isto se dá de dois modos: a) Produzindo um
aumento de caridade, produz por isto mesmo uma diminuição das
paixões — que se opõem à caridade; b) Agindo diretamente sobre o
nosso corpo, a Carne de Cristo diminui os sentimentos desordenados:
— a nossa carne, transformando-se na Carne de Cristo, vai tomando
aos poucos as suas virtudes.
2) Prepara a ressurreição gloriosa, porque nos comunica as qualidades
da Carne de Cristo ressuscitado. Nosso Senhor frisou este efeito:
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna;
e eu o ressuscitarei no último dia (Jo 6, 55).
A Comunhão e a Missa
O sacramento interessa apenas a quem o recebe; ao passo que o
Sacrifício interessa diretamente ao Corpo Místico, a todos os fiéis vivos e
defuntos. Eis o que diz Santo Tomás: Porque uma ou várias pessoas
comunguem, as outras nada aproveitam.
Isto significa que a Comunhão não é coisa que se possa fazer por outrem.
Diz Santo Tomás: As pessoas que comungam pelas almas do purgatório se
enganam. Por isso pode-se tanto comungar pelos outros como se pode
confessar-se por eles ou casar-se por eles.
Entretanto, comungando, aumentamos em nós a caridade, e fazemos atos
de caridade mais intensos, e com o valor desses atos podemos beneficiar
os próximos tanto vivos como defuntos. Assim as orações que fazemos
depois da Comunhão têm mais valor.
A Liturgia
A maior parte da liturgia da Comunhão já vimos nas lições da Missa. Agora
notaremos como é simples a liturgia da Comunhão fora da Missa. Reza-se
o Confiteor; o padre, voltando-se para o povo, dá uma absolvição. Toma
depois uma partícula, ergue-a acima do cibório e diz, voltando-se, de novo,
para a assembleia:
Eis o Cordeiro de Deus; eis o que tira Ecce Agnus Dei; ecce qui tollit
os pecados do mundo. peccata mundi.
E acrescenta:
Senhor, eu não sou digno de que Dómine, nom sum dignus ut intres
entreis em minha casa, mas dizei sub tectum meum, sed tantum dic
uma só palavra e minha alma será verbo et sanábitur ánima mea.
salva.
Ao dar a Hóstia ao comungante, diz:
O corpo de Nosso Senhor Jesus Corpus Dómini Nostri Jesu Christi
Cristo guarde a tua alma para a vida custódiat ánimam tuam in vitam
eterna. Amém. aeternam. Amen.
Se a Comunhão é na Missa, como deve ser sempre que não haja uma
causa razoável para ser fora, o padre volta ao altar e continua a Missa.
Mas se é fora, tendo voltado ao altar, o padre diz:
Ant. Ó sagrado banquete, em que se Ant. O sacrum convívium, in quo
recebe a Cristo, se renova a Christus súmitur, recólitur memória
memória de sua paixão; a alma passionis ejus; mens impletur grátia:
enche-se de graça; e nos é dado o et futurae glóriae nobis pignus datur.
penhor da glória futura. O pão Panem de caelo praestitisti eis.
celeste que lhes concedestes. R. Omne delectamentum in se
R. Encerra em si toda a doçura. habentem.
Atendei, Senhor, à minha oração. Dómine, exaudi orationem meam.
R. E chegue até vós o meu clamor. R. Et clamor meus ad te veniat.
O Senhor seja convosco. Dóminus vobiscum.
R. E com o vosso espírito. R. Et cum spíritu tuo.
Oremos. Ó Deus, que neste Oremus. Deus qui nobis sub
admirável sacramento nos deixastes Sacramento mirábili, passionis tuae
a memória de vossa paixão; memóriam reliquisti; tribue,
concedei, nós vos suplicamos, que quaésumus, ita nos Córporis et
veneremos os sagrados mistérios de Sánguinis tui sacra mystéria
vosso corpo e sangue, para que venerári, ut redemptionis tuae
sintamos sempre em nós o fruto de fructum in nobis júgiter sentiámus.
vossa Redenção. Vós, que viveis e Qui vivis et regnas cum Deo Patre in
reinais com Deus Pai na unidade do unitate Spíritus Sancti Deus, per
Espírito Santo, Deus, por todos os omnia saecula saeculorum. Amen.
séculos dos séculos. Amém. A Benedictio Dei omnipotentis Patris †,
bênção de Deus Todo Poderoso, do et Filii et Spíritus Sancti, descendat
Pai †, e do Filho, e do Espírito Santo, super vos, et máneat semper.
desça sobre vós e fique sempre R. Amen.
convosco.
R. Amém.
Nestas orações notamos uma grande riqueza de doutrina:
1) A Presença Real: se recebe a Cristo.
2) Memorial da Paixão: renova-se a memória de sua paixão.
3) A Produção Abundante da Graça: a alma enche-se de graça.
4) A Ressurreição Gloriosa: e nos é dado o penhor da glória futura.
5) A Alegria Espiritual: encerra em si toda a doçura.
6) Aplicação dos Méritos da Paixão: sintamos sempre em nós o fruto
da Redenção.

Para Viver a Doutrina


Devo fazer da Eucaristia o centro da minha vida cristã. Todo o meu culto
para Jesus Eucarístico e por Jesus para a Santíssima Trindade. A Missa, a
Comunhão, a Visita, a Bênção... A devoção aos santos, em segundo lutar:
eles são servos, e na Eucaristia é o Senhor!
O exterior influi muito. O meu comportamento na Igreja deve corresponder
à minha fé na Presença Real. Lá está Jesus; como me portaria eu, se Ele
estivesse visível? Assim hei de me portar!
Muitos estranham o esplendor do culto católico. Tudo ainda seria pouco
para honrar a Jesus Cristo presente na Hóstia. Igrejas bonitas, altares
ricos, paramentos preciosos. Quem compreende isto deve fazer os outros
compreenderem. Não deixaremos que o nosso Divino Rei nasça de novo
em estrebarias e viva na pobreza da oficina de Nazaré. Dar-lhe-emos o
que possuímos de melhor. E mais Ele merece!
Como é fácil a Comunhão frequente! Se eu puder, devo comungar todos os
dias. Se não, comungarei todos os domingos. Vou à Missa e completarei a
minha Missa com a Comunhão.
Um apostolado pela vida eucarística é uma necessidade. A nossa pobre
gente entra na Igreja, passa diante do Santíssimo exposto sem uma
genuflexão e vai rezar diante de uma imagem. Outros tão devotos dos
santos, pouco se lembram de Nosso Senhor na Eucaristia. Dar-lhes o
exemplo, falar-lhes, emprestar livros. Fazer que a Eucaristia seja de fato o
centro de toda a vida cristã, como é por direito.[62]
QUESTIONÁRIO
1. Por que nos é necessária a Eucaristia? 2. De quantos modos se pode considerar a
Eucaristia? 3. Dê algumas figuras da Eucaristia no Antigo Testamento. 4. Como prometeu
Cristo a Eucaristia? 5. Cristo cumpriu sua promessa? 6. Prove que não são metafóricas as
palavras de Cristo na promessa e na Ceia. 7. Que é transubstanciação? 8. De que modo
está Cristo na Hóstia consagrada? 9. Quanto tempo permanece Jesus na Hóstia? 10. A
Missa é propriamente para prestarmos culto à Eucaristia? 11. Qual é a matéria do
sacramento da Eucaristia? 12. A forma? 13. O ministro? 14. Pode qualquer pessoa dar a
comunhão em caso de necessidade? 15. Quais são as disposições, para comungar? 16.
Dê os efeitos da Comunhão. 17. Faça um resumo da Liturgia da Comunhão.
C 6–AV F P
AP
Talvez o mais atacado dos sacramentos, a Penitência é também dos mais
desconhecidos e temidos. Os inimigos da Igreja se comprazem em
combater a Confissão com numerosos argumentos onde a ignorância se
mostra quase sempre maior do que a má fé. Ainda os que se valem dos
seus abundantes e preciosos frutos não estão suficientemente instruídos a
respeito deste Sacramento. Importa muito estudá-lo.

Instituição da Penitência
Cristo perdoou pecados (ver nos Evangelhos algumas passagens em que
Cristo perdoou pecados). E quando disse ao paralítico: Os teus pecados
estão perdoados, os escribas murmuraram. Então Ele curou o paralítico
para provar que podia perdoar pecados (ver o episódio em Mt 9, 2-7).
Cristo prometeu aos Apóstolos o poder de perdoar pecados: Tudo o que
ligardes na terra, será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra,
será desligado no céu (Mt 18, 18).
Cristo deu aos Apóstolos o poder de perdoar pecados. No mesmo dia da
Ressurreição lhes disse: Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-
ão perdoados; e aos que retiverdes, ser-lhe-ão retidos (Jo 20, 21-23).
Os protestantes dizem que quem inventou a Confissão foi o Papa
Inocêncio III, no Concílio IV de Latrão (1215), mandando aos fiéis que se
confessassem ao menos uma vez cada ano. Mas não raciocinam que esta
ordem só pode ser dada, supondo-se que a Penitência seja uma prática
universalmente adotada, da qual se regulava então a frequência
obrigatória.
Nem era possível instituí-la humanamente. Quem havia de fazê-lo? Os
fiéis? Não, porque é prática penosa à natureza humana, repugnante ao
nosso orgulho, contrária às nossas paixões. Os sacerdotes? Também não,
porque é um ministério trabalhoso, sem nenhum interesse material, que
lhes consome grande tempo, exige muita paciência, nada lhes adiantando
pessoalmente. Conhecemos os inventores de tantas coisas, e o inventor
humano da confissão não é ao menos apontado! É que este inventor
humano não existe, nem podia existir. A tão duro jugo os homens só se
submetem por determinação divina.
Matéria
Somos obrigados a confessar todos os pecados mortais que não foram
ainda acusados, dizendo também o seu número e as circunstâncias que os
tornam mais graves.
Isto é tão importante que a confissão é sacrílega, se eu me lembrar de um
pecado mortal e não quiser acusá-lo.
Se eu não acusei por esquecimento, posso ficar tranquilo, pois fui
perdoado. Mas na próxima confissão confessarei o pecado esquecido.
Não somos obrigados a confessar os pecados veniais; mas é muito melhor
confessá-los do que deixá-los manchando a alma e ter de pagá-los no
purgatório.

Forma
A forma é a própria fórmula da absolvição: Eu te absolvo de teus
pecados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Mas a forma comum trazida pelo Ritual é a seguinte:
Dada a penitência, o confessor diz:
Deus Onipotente se compadeça de ti Miseratur tui omnípotens Deus et
e, perdoados os teus pecados, te dimíssis peccátis tuis, perdúcat te ad
conduza à vida eterna. Amém. vitam aeternam. Amen.
Depois estende a mão direita para o penitente, e acrescenta:
O Senhor Onipotente e Indulgéntiam, absolutiónem et
misericordioso te conceda remissiónem peccatórum tuórum
indulgência, absolvição e remissão tribuat tibi omnipotens et meséricors
de teus pecados. Amém. Dominus. Amen.
Que Nosso Senhor Jesus Cristo te Dóminus Noster Jésus Christus te
absolva e eu, pela sua autoridade, te absólvat et ego auctoritáte ipsíus te
absolvo de todo o vínculo de absolvo ad omni vínculo
excomunhão ou interdito, enquanto excommunicationis et interdíct, in
eu posso e tu precisas. Depois eu te quantum póssum et tu índiges.
absolvo de teus pecados em nome Deinde ego te absolvo a peccátis
do Pai e do Filho e do Espírito tuis, in nómine Patris, et Filii, et
Santo. Amém. Spíritus Sancti. Amen.
Ao dizer: em nome do Pai, etc; traça o sinal da cruz sobre o penitente, e
continua:
Que a paixão de Nosso Senhor Pássio Dómini Nostri Jesu Christi,
Jesus Cristo, os méritos da Bem- mérita Beata Maria Virginis, et
Aventurada Virgem Maria e de todos ómnium Sanctorum, quidquid boni
os santos e todo o bem que fizeres e féceris et mali sustinúeris, sint tibi in
todo o mal que sofreres, te sirvam remissionem peccatórum,
para a remissão dos pecados, para augmentum gratiae, et praemium
vitae aeternae. Amen.
aumento da graça e recompensa na
vida eterna. Amém.

Ministro
O sacerdote, na sua ordenação, recebeu de Cristo, por intermédio do
Bispo, o poder de perdoar os pecados. É ele, pois, o ministro da
Penitência.
Mas para poder absolver pecados, é preciso que o padre tenha uso de
ordens na diocese.
Em caso de necessidade, qualquer sacerdote pode absolver, ainda que
fosse um padre suspenso ou mesmo excomungado.
Necessidade da Penitência
O sacramento da Penitência é necessário a todos os que cometerem
pecado mortal depois do Batismo. Aprendemos isto nas próprias palavras
de Cristo. Se Ele tivesse dito somente: Aqueles a quem perdoardes os
pecados, ser-lhe-ão perdoados, a Penitência seria uma das maneiras de
perdoar pecados. Mas Ele acrescentou: e aos que retiverdes, ser-lhe-ão
retidos, como se dissesse: e não há outro meio de receber o perdão.
A contrição perfeita perdoa até mesmo os pecados mortais. Mas só quando
a pessoa não se pode confessar, embora deseje. De modo que a confissão
é sempre necessária — quando não de fato, ao menos em desejo.
A Igreja obrigou todos os católicos a se confessarem uma vez por ano.
Mas um cristão que caiu em pecado mortal tem grave obrigação de se
confessar quanto antes, para voltar ao estado de graça.
Para Viver a Doutrina
Quantas graças devemos dar a Jesus Cristo pela instituição do sacramento
da Penitência! Felizes de nós. Que seria de nós, sem este sacramento?
Mesmo nos arrependendo, ficaríamos na incerteza do perdão. E em que
angústia havíamos de viver!
Quantos há que não conhecem os benefícios da Penitência! Não lhes
chegou a luz da Redenção. São ainda mais numerosos que os cristãos. É
nosso dever voltar as atenções para os pobres infiéis. Rezar, trabalhar
pelas missões.
Outros infelizes conhecem, mas desprezam esses grandes benefícios. São
maus católicos, que nem cumprem o grave dever da Confissão anual. São
galhos secos da Videira Divina. Mas nós temos o dever de levá-los à seiva
da graça. É o trabalho da Ação Católica. Não é possível assistirmos de
braços cruzados à perda de tantas almas, marcadas com o sinal de Cristo
no Batismo!
Eu devo ter o máximo cuidado para conservar sem mancha a túnica branca
do Batismo. Mas, se manchá-la, irei sem demora purificá-la na Penitência.
É a piscina probática (confira Jo 5, 2-4) em que os doentes espirituais se
regeneram.
Agradecer especialmente a Deus o ministério dos confessores. Ver no
confessor o próprio Jesus Cristo que me perdoa. Que seria de mim sem o
confessor? Eu ficaria sem o perdão dos pecados, ou, ao menos, sem a
tranquilidade de consciência que me dá a certeza do perdão.
QUESTIONÁRIO
1. Tinha Cristo o direito de perdoar pecados? 2. Como provou que tinha este poder? 3.
Com que palavras instituiu Jesus a Penitência? 4. Que pecados somos obrigados a
acusar? 5. Qual a conveniência de confessar os pecados veniais? 6. Quais as palavras da
absolvição? 7. Quem pode perdoar pecados? 8. Só a absolvição perdoa pecados? 9.
Então não é necessária a confissão? 10. Quando somos obrigados a confessar-nos? 11.
Que conclusões tiramos desta doutrina para a vida?
AC
A Penitência exige uns tantos atos que perfazem o Sacramento. Estes atos
são cinco:
1) Exame de consciência.
2) Arrependimento dos pecados.
3) Propósito de nunca mais pecar.
4) Acusação dos pecados.
5) Satisfação.
Embora sejam uns mais importantes que outros, são todos indispensáveis
à confissão. De seu estudo muito poderemos aproveitar para nossa vida
cristã.

Exame de Consciência
Para fazer uma boa confissão, devemos começar por um bom exame de
consciência.
Sempre importante, este exame é gravemente obrigatório a quem tem
pecados mortais, para não correr o risco de esquecer algum desses
pecados. As pessoas que se confessam frequentemente podem examinar-
se mais rapidamente, mas nunca devem deixar de fazê-lo.
No exame de consciência deve-se investigar tudo o que se tem obrigação
de acusar: pecados mortais, número, espécie, circunstâncias que mudam a
espécie, ocasiões graves, etc.
Não nos devemos satisfazer em conhecer os pecados, mas devemos
procurar-lhes as causas. Sem sabermos o porquê dos nossos pecados,
continuaremos a acusar-nos sem nos corrigirmos. Uma coisa é faltar à
caridade por leviandade, outra por inveja.
Fica à nossa escolha o método para este exame.[63]
Qualquer que seja o método, comecemos pela invocação do Espírito Santo
e da proteção de Nossa Senhora, examinemo-nos como se tivéssemos de
comparecer naquele momento ao tribunal divino.
Acusação
É necessário fazer ao sacerdote a acusação dos pecados, com intenção de
receber a absolvição.[64]
Nesta acusação devemos dizer os pecados:
1) Com muita humildade, porque estamos arrependidos e queremos ser
perdoados.
2) Com muita confiança, dizendo tudo como está em nossa consciência,
pois o confessor nos está ouvindo em nome de Cristo para perdoar-
nos, e é obrigado a guardar sigilo, mesmo em face da morte.
3) Com discrição, dizendo só o que é necessário, com palavras dignas,
evitando narrações inúteis.
Em qualquer dificuldade, devemos pedir o auxílio do confessor. Podemos
também levar os pecados por escrito, se temos dificuldade em acusá-los.
Para Viver a Doutrina
Quando for confessar, lembrar-me-ei de que falo a Deus. Acuso faltas que
Ele já conhece. Procurar ocultá-las ou dissimulá-las seria maior loucura do
que foi cometê-las. Mesmo que iludisse ao confessor, a Deus não poderia
iludir.
Terei sempre o cuidado de me confessar bem: acusação precisa, dizendo
tudo em poucas palavras, com sinceridade, confiança e humildade.
Farei sempre um cuidadoso exame de consciência, mesmo que me
confesse com frequência. Levarei este exame às causas dos pecados e
até mesmo das imperfeições, para tirar maior proveito de minhas
confissões.
Muito facilita o conhecimento de nós mesmos o exame de consciência
cotidiano. Santo Inácio propõe o seguinte método:
1) Dar graças pelos benefícios recebidos.
2) Pedir a graça de conhecer os pecados e bani-los do coração.
3) Examinar os pensamentos, palavras e ações, desde o momento de
levantar.
4) Pedir perdão.
5) Tomar a resolução de se corrigir.
Maneira prática de se confessar:
1) Reze, o Eu, pecador antes de ir para o confessionário.
2) Logo que se ajoelhar, diga: Padre, dai-me vossa bênção porque
pequei.
3) Diga quanto tempo faz que se confessou e comece a acusação dos
pecados, sem ser preciso que o padre pergunte.
4) Responda ao que o padre perguntar. Escute os conselhos e a
penitência imposta.
5) E, enquanto o padre der a absolvição, reze o ato de contrição.
6) Agradeça ao padre a confissão, levante-se e vá cumprir a penitência.
É preciso agradecer a Deus o perdão recebido, principalmente se tínhamos
pecado mortal. Grande fortuna é nos podermos confessar. Recebemos de
novo a vida, ou, pelo menos, um aumento de vida espiritual.
QUESTIONÁRIO
1. Quais são os atos exigidos para a Confissão? 2. A quem é o exame de consciência
obrigatório? 3. Por que devemos procurar as causas de pecados? 4. Por que é necessária
a acusação dos pecados? 5. Como deve ser feita a acusação? 6. Que aconteceria a quem
procurasse iludir o confessor? 7. Como se faz o exame cotidiano de consciência? 8. Sabe
a maneira de se confessar?
C
A contrição é a alma do sacramento da Penitência. De tudo o mais se
pode, às vezes, dispensar — e haver o perdão. É grande o valor da
acusação; mas, em casos urgentes (doença, incapacidade moral, etc), é
dispensável — e se recebe válida e licitamente a absolvição. Ainda maior é
a importância da absolvição, mas, em casos de impossibilidade, sem a
absolvição se consegue a justificação. Mas sem a contrição não é possível
o perdão.
Sua Necessidade
Contrição é o sincero arrependimento de nossos pecados por motivo
sobrenatural e com o propósito de não pecar mais. Não é mera formalidade
exterior, mas deve vir de dentro do coração: Rasgai os vossos corações e
não as vossas vestes (Jl 2, 13). Não basta rezar o ato de contrição; é
preciso sentir o que ele diz.
Devemos arrepender-nos de todos os pecados mortais, sem exceção de
nenhum, porque todos ofendem a Deus e dele nos apartam. Um só pecado
mortal de que a pessoa não se arrepende, basta para anular a confissão.
Se quisermos ser perdoados dos pecados veniais, devemos arrepender-
nos também deles; sem o arrependimento e o propósito de emenda é inútil
acusar-nos deles.
Quando nos arrependemos exclusivamente por amor de Deus, é a
contrição perfeita; mas se nos arrependemos por medo dos castigos de
Deus, é a contrição imperfeita.
Basta a contrição imperfeita para recebermos o perdão sacramental. Mas
isto é apenas o começo da vida cristã perfeita: O temor de Deus é o
princípio da sabedoria (Sl 110 (111), 10) (procurar no Ato de Contrição as
palavras que indicam a contrição perfeita e a imperfeita).
A contrição se baseia em motivos sobrenaturais. Os motivos naturais (a
honra perdida, a saúde arruinada, castigos recebidos, desgostos aos pais,
etc) não bastam, para o perdão dos pecados, mesmo com a absolvição.
Bom Propósito
O propósito de não pecar mais está contido na própria contrição. Não é
possível eu me arrepender de uma coisa e continuar a querê-la. Se não há
propósito, também não há contrição.
Jesus o exigiu da mulher pecadora: Não peques mais (Jo 8, 11). Nós o
exprimimos no Ato de Contrição: prometo firmemente nunca mais pecar.
O propósito deve ser firme: estarmos decididos mesmo a não recair.
Faremos tudo o que estiver em nós para que ele seja eficaz: fugiremos das
ocasiões, recorreremos à oração e aos sacramentos, etc; porque quem
quer os fins, emprega os meios.

Satisfação
Satisfazer é fazer o suficiente (satis facere) para pagar uma dívida física ou
moral. Em religião, é praticar bons atos que sirvam para compensar a
justiça divina das injúrias recebidas pelos pecados.
Perdoados os pecados, ficam ainda as penas que lhe são devidas. Estas
penas ou as pagaremos no purgatório, ou as descontaremos neste mundo,
com orações, esmolas, sacrifícios e outras boas obras.
Para nos ajudar a descontar essas penas, o confessor nos impõe uma
penitência, que varia conforme a situação do penitente.
Quem se confessa tem obrigação de aceitar a penitência imposta pelo
confessor, e deve cumpri-la quanto antes. O melhor é cumpri-la logo depois
da confissão, para completar o sacramento e receber todas as suas
graças.
A penitência faz parte do sacramento e perdoa as penas devidas aos
pecados absolvidos. É por isso muito mais importante do que outras
penitências que fazemos por nossa conta, embora também estas
contribuam para a expiação dos pecados.
É muito recomendável unirmos todos os nossos atos e principalmente os
sofrimentos aos sofrimentos de Cristo, através do Santo Sacrifício da
Missa. Assim tudo em nós adquire um valor imenso, pois aparece diante do
Pai revestido dos merecimentos de Cristo.

Para Viver a Doutrina


É preciso fazer da contrição um cuidado constante da minha vida. Um só
pecado cometido bastava para eu chorar toda vida!
Acompanhando a vida da Igreja, temos constantes oportunidades de
exercitar a contrição. Assim na Missa (principalmente na Ante-Missa), nas
orações da Quaresma e das Têmporas. A Liturgia nos ensina a penitência
não de modo teórico, mas prático e vívido.
A Igreja nos obriga a certas práticas de penitência (como o jejum e a
abstinência) que nos ajudam a esses sentimentos de contrição. Devemos
obedecer filialmente e empregar meios para que outros obedeçam (Ação
Católica). E não esquecermos que a essas penitências, como pecadores,
estamos obrigados.
O Ato de Contrição é muito rico de substância. Mas o recitamos, às vezes,
mecanicamente. É bom tomá-lo algumas vezes para tema de meditação, a
fim de aprofundar os motivos de contrição, que ele exprime.
Cuidar especialmente, quando só tiver pecados veniais, de me excitar
bastante à contrição, para evitar confissões nulas. Ver no pecado venial um
grande mal: é uma ofensa a Deus!
Para alcançar a verdadeira contrição devemos:
1) Pedi-la sempre a Deus.
2) Pedi-la por intermédio de Nossa Senhora (ver o Stabat Mater).
3) Meditar sobre o pecado e as suas desgraçadas consequências — a
perda do céu, o castigo do inferno.
4) Considerar especialmente a Paixão de Cristo, fruto dos meus
pecados.
QUESTIONÁRIO
1. Por que é a contrição o elemento mais necessário da Confissão? 2. Em que consiste a
contrição? 3. Precisamos arrepender-nos de todos os pecados mortais? 4. E dos veniais?
5. Que é contrição perfeita e imperfeita? 6. É necessário o propósito de emenda? 7. Como
deve ser ele? 8. Qual a finalidade da satisfação? 9. De que modo podemos valorizar todos
os nossos sofrimentos?
E P
Há dois fatos na Bíblia que importa lembrar aqui.
O primeiro é a história de Naamã. O grande general sírio era leproso.
Tendo sabido que o Profeta Eliseu seria capaz de curá-lo, foi à terra de
Israel, com muitos ricos presentes, para ter com o profeta. Este nem o
recebeu. Só mandou dizer-lhe que se lavasse sete vezes no Jordão e
ficaria curado. Irritado com isso, Naamã se retirou, dizendo que os rios de
sua terra tinham águas melhores que os de Israel. Mas os de sua comitiva
insistiram com ele, ponderando que assim como faria uma coisa difícil que
o profeta mandasse, devia também, com maioria de razão, banhar-se no
Jordão. E ele foi, banhou-se sete vezes no Jordão, e ficou curado (confira
2Rs 5, 1-14).
O outro é do Evangelho. Descia um anjo, em certo tempo, à Piscina
Probática, em Jerusalém, e agitava as águas. A primeira pessoa que
descia à piscina depois de agitadas as águas, ficava curada de qualquer
enfermidade que tivesse (confira Jo 5, 1-4).
Nestes dois fatos podemos ver excelentes imagens do Sacramento da
Penitência, com seus maravilhosos frutos. Foi muito mais longe a bondade
de Cristo: impôs coisa mais fácil do que irmos banhar-nos no Jordão ou
aguardarmos a descida do anjo à Piscina Probática. E em troca do pouco
que fazemos no Sacramento da Penitência nos concede as riquezas
espirituais que vamos agora estudar.

Remissão dos Pecados


Desde que o penitente esteja nas condições devidas, a Penitência perdoa
todos os pecados. Não há, portanto, pecado, por grande que seja, que não
possa ser perdoado. Jesus Cristo fala em pecado que não será perdoado
nem neste mundo nem no outro (confira Mt 12, 32). Mas isto se dá por falta
de arrependimento do pecador.
O Sacramento da Penitência perdoa os pecados de modo:
1) Imediato: no momento em que é dada a absolvição, ficam perdoados
os pecados pela própria força e ação do sacramento (ex opere
operato).
2) Definitivo: o pecado perdoado não volta mais. Se eu recair no mesmo
pecado mortal, serei devedor de novo pecado e não do que já foi
perdoado.[65]
Remissão das Penas
O Sacramento da Penitência perdoa por inteiro a pena eterna. Esta pena é
ligada ao pecado mortal: perdoado este, fica ela perdoada. A pessoa não
está mais em poder do demônio, e não irá mais para o inferno.
Os pecados veniais acarretam penas temporais. Recebendo o perdão da
culpa, já não merecemos mais os mesmos castigos. A Confissão diminui
os castigos devidos ao pecado venial.
Revivescência dos Méritos
As nossas boas obras só têm merecimento para o céu, se forem praticadas
em estado de graça. São obras vivas. Se forem praticadas em pecado
mortal, não têm merecimento algum sobrenatural. São obras mortas.
Quem praticou boas obras em estado de graça priva-se de todos os
merecimentos adquiridos, ao cometer um só pecado mortal.
Mas a Confissão faz renascerem todos os méritos anteriores ao pecado
mortal. Por aí se vê que grande vantagem é viver em estado de graça, e
que perigo viver em pecado mortal.

A Graça
O pecado mortal destrói a graça santificante que nos foi dada no Batismo,
expulsa de nós o Espírito Santo e nos entrega ao demônio. Deixa a pessoa
em pior situação do que estava antes do Batismo (Mt 12, 45). — É por isso
que a pessoa que cai em pecado mortal, deve ir confessar-se
imediatamente.
Assim como no Batismo, também na Confissão, se víssemos as realidades
espirituais, veríamos, no momento da absolvição, o demônio abandonar a
alma e o Espírito Santo voltar a habitar nela.
Se já estamos em estado de graça, a Confissão aumenta em nós a graça
santificante. É por isso que a Confissão frequente é vantajosa, mesmo às
pessoas que só têm pecados veniais.
Benefícios Espirituais
Além dos efeitos sacramentais, a Confissão nos causa grandes benefícios:
1) Dá-nos paz de consciência. Não há paz para os ímpios (Is 48, 22).
Trazidos de novo à graça divina, gozamos da tranquilidade dos que
amam a Deus.
2) Faz evitar novos pecados, pelas graças que nos dá e o salutar temor
de confessá-los.
3) Facilita a correção, porque impõe a fuga dos perigos e das más
ocasiões.
4) Ensina-nos a virtude, pois é uma verdadeira escola de humildade, de
amor ao próximo, de justiça, etc.
Vantagens Morais
Mesmo do ponto de vista natural, traz a Confissão muitas vantagens:
1) O penitente desafoga o coração ao confessar as suas faltas, sente-
se amparado contra novos assaltos do inimigo, protegido dos
possíveis gestos de desespero, orientado por seguros conselhos.
2) A família se vê protegida pela volta da harmonia, pela força para
carregar as cruzes domésticas, pelo amor que ia sendo desviado para
ligações ilícitas, pelos bens que estavam sendo desperdiçados no
vício.
3) A sociedade se beneficia do respeito aos direitos do próximo, da
moderação das paixões que evita crimes e desordens, da segurança
e tranquilidade entre os homens.
Testemunhos Insuspeitos
São os protestantes os maiores inimigos da Confissão. Vejamos o que
dizem alguns dos mais eminentes:
“A confissão é ótimo remédio às consciências aflitas. (Lutero)”
“A confissão é uma instituição digna da sabedoria divina. (Leibniz)”
“A confissão nunca devia ter sido tirada aos homens. (Goethe)”
Dos muitos ímpios que têm louvado à Confissão, citemos dois:
“Não há instituição mais sábia que a confissão. (Voltaire)”
“A quantas restituições e reparações a confissão obriga! (Rousseau)”

Para Viver a Doutrina


Eis aqui boas normas para a frequência da confissão:
1) Quem está em pecado mortal procure confessar-se
IMEDIATAMENTE, para voltar ao estado de graça.
2) Quem estiver em perigo de cair em pecado mortal, vá se confessar
quanto antes, para evitar a queda.
3) Quem está estabilizado no estado de graça, se confesse, para
aumentar a graça santificante.
Quando a confissão nos custar, lembremo-nos de Naamã. Bem pouca
coisa nos pede Deus para nos dar em troca os efeitos da confissão.
Vençamos a natureza soberana e rebelde e vamos frequentemente ao
confessionário.
A confissão frequente é um excelente auxiliar no progresso espiritual. As
vantagens espirituais (ver acima) que nos proporciona são de primeira
ordem para a perfeição, principalmente se tivermos um bom diretor
espiritual.
Num meio como o nosso, de tantos católicos nominais, pouco esclarecidos
e entibiados, um apostolado pela confissão frequente se impõe. Cada um
deve agir no círculo de suas relações, sem respeito humano[66], para tornar
este sacramento mais frequentado, conhecido e amado.
QUESTIONÁRIO
1. Como Naamã e a Piscina Probática são figuras da confissão? 2. Há pecados
irremissíveis à Penitência? 3. De que modo a Penitência perdoa? 4. Pode ser perdoado
um pecado venial sem o serem outros? 5. Que entende por Revivescência de Méritos? 7.
Diga os benefícios espirituais da Penitência. 8. E as suas vantagens morais para o
indivíduo, a família e a sociedade. 9. Cite testemunho de protestantes a favor da
confissão. 10. Que normas devemos ter sobre a frequência à confissão? 11. Que
vantagem há em acusar os pecados veniais?
C 7–A P E
AE -U
Jesus Cristo, o nosso Divino Amigo, providenciou tudo para que os seus
auxílios não nos faltassem em nenhuma oportunidade da vida. Recebeu-
nos no berço pelo Batismo, alentou-nos para os combates da vida pela
Confirmação, nutriu-nos a alma pela Eucaristia, pensou-nos as chagas pela
Penitência. Irá conosco até ao fim. Quando chega a hora derradeira, em
que todos deste mundo nos abandonam, Cristo não nos abandona.
Lembra-se do irmão que está à morte, como outrora se lembrou de Lázaro
(confira Jo 11, 11), e vai em seu auxílio. Para isto instituiu a Extrema
Unção.

Instituição Divina
Não sabemos quando foi instituída a Extrema-Unção. Mas São Tiago é
muito claro: Está alguém entre vós enfermo? Chame os presbíteros da
Igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor; e a
oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o aliviará; e se estiver em
pecados, ser-lhe-ão perdoados (Tg 5, 14-15). Neste texto encontramos
todos os requisitos de um sacramento:
1) Sinal Sensível: a oração e a unção: orem sobre ele, ungindo-o com
óleo.
2) Produção da Graça: com o perdão dos pecados vem, ao mesmo
tempo, a graça santificante.
3) Instituição Divina: somente Deus pode ligar a produção da graça a
uma causa natural. Donde se vê que, se os Apóstolos agiam assim,
não era por iniciativa deles, mas por ordem expressa de Cristo, o
único que podia fazer uma simples unção produzir o perdão dos
pecados.

Elementos do Sacramento
Quem deve normalmente administrar a Extrema-Unção é o pároco; mas
qualquer padre pode fazê-lo em caso de necessidade.
As unções são feitas com óleo sagrado pelo Bispo na Quinta-feira Santa.
Ao fazer a unção sobre cada um dos 5 sentidos, o padre diz: Por esta
santa unção e sua piíssima misericórdia o Senhor te perdoe tudo o que
pecaste pela vista (e vai designando os sentidos à medida que os unge).
A Extrema-Unção só é administrada às pessoas gravemente enfermas e
que já têm uso de razão. É grande caridade nossa providenciar para que
elas recebam este sacramento. Os que não chamam o sacerdote para
seus doentes, agem com eles como o pior inimigo, e cometem uma falta
grave.
Podemos formular três hipóteses para os nossos doentes:
1) São ímpios, e não é possível que os queiramos deixar morrer na
impiedade.
2) São negligentes, e, avisados em tempo, irão pôr em ordem as contas
que não tardam a prestar.
3) São piedosos, e receberão com alegria a graça do sacramento que
os prepara para o encontro definitivo com Aquele a quem amaram e
serviram. De qualquer modo, devemos receber em tempo a Extrema-
Unção.
A Extrema-Unção pode ser repetida nos seguintes casos: — em outra
moléstia; — na mesma moléstia, se o perigo de morte tinha cessado, mas
voltou; — ainda na mesma moléstia, se ela se prolonga e se duvida se o
perigo de morte tenha desaparecido — e neste caso é muito conforme às
praxes antigas da Igreja repetir o sacramento.
Mas não se pode repetir na mesma enfermidade, mesmo longa, se o
perigo de morte perdura.
Efeitos
A Extrema-Unção tem por fim preparar a alma para entrar no céu sem
demora, logo que deixe esta vida. Para isto ela produz os seguintes efeitos:
1) Aumenta a graça santificante.
2) Perdoa os pecados, mesmo os mortais, se a pessoa não os pôde
confessar.
3) Perdoa as penas devidas aos pecados.
4) Alivia o doente dos sofrimentos e ansiedades de consciência, dando-
lhe forças para a batalha final.
5) Ajuda a recobrar a saúde, quando isto convém à glória de Deus e à
salvação do enfermo.[67]

Um Péssimo Costume
A Igreja manda administrar a Extrema-Unção quando o doente está em
perigo de morte e não em artigo de morte.
O detestável costume anticristão, infelizmente ainda hoje seguido, de
esperar a última hora, vem de grosseiras superstições e de profunda
ignorância dos benéficos efeitos da Extrema-Unção, como poderemos
ainda observar.
Não valem os pretextos:
1) O doente vai se espantar. É possível. Mas, em compensação, os
efeitos do sacramento lhe levantarão as forças, para aceitar a vontade
de Deus.
2) Vai se apressar a morte. Isto é ímpio. É uma injúria ao sacramento.
Mas, mesmo que fosse verdade, é melhor viver uns momentos menos
e assegurar a salvação eterna, do que viver algum tempo mais e
privar-se dos benefícios eternos.
3) O médico não acha prudente. Porque o seu médico é um ímpio, um
mau católico, ou um veterinário que trata o seu enfermo como um
simples animal, sem se preocupar com a salvação da alma! Outra
coisa diria se fosse um homem de fé, como os católicos devem
sempre preferir.
Morte e Sepultura
Além da Extrema-Unção, o Viático e a Missa pelos enfermos, tem a Igreja
outros auxílios para seus filhos enfermos.[68]
A sepultura eclesiástica consta de Encomendação, Missa e Ofício. Aos que
morrem cristãmente a Igreja manda cercar de sinais de religião, que
exprimem a fé na imortalidade e na ressurreição: Crucifixo, velas acesas,
água benta.
Os pagãos e hereges, como também os pecadores públicos (casados só
civilmente, concubinários, etc) não podem ter encomendação nem Missa,
pois ou não pertencem à Igreja ou renunciaram a seus benefícios, com o
desrespeito público a suas leis.
Para Viver a Doutrina
Devemos ter uma grande estima à Extrema-Unção, em vista dos seus
maravilhosos efeitos. Ela é o mais precioso auxílio que nos dá a Igreja, na
hora em que se decide a nossa eternidade.
Há pessoas que lançam mãos de meios ilícitos para aliviar seus doentes
(espiritismo, benzedores), mas temem a Extrema-Unção, cujos efeitos são
precisamente o conforto do espírito e o alívio do corpo. Ó! Como estão
longe do espírito cristão! O Jesus que deu aos Apóstolos o poder de curar
os enfermos (ver Mt 10, 8) e realizou tantas outras curas (ver as curas nos
Evangelhos) é ainda e sempre o mesmo. A Ele é que devemos ir, para
dizer-lhe como as irmãs de Lázaro: Senhor, aquele a quem amas está
doente (Jo 11, 3).
Quando adoecermos, não deixemos a nossos parentes o cuidado de pedir
sacramentos para nós. Peçamos nós mesmos, e não aceitemos desculpas
para retardá-los. O célebre Cardeal Mercier pediu a Extrema-Unção.
Disseram-lhe que ainda podia esperar mais. Ele respondeu: Eu sempre
desejei receber a Extrema-Unção quando pudesse e não quando
devesse.
Chamemos o sacerdote para os nossos doentes, assim que eles piorem. É
nossa obrigação de caridade.
Recebendo a Extrema-Unção em tempo, plenamente conscientes,
podemos preparar-nos com devoção. E faremos assim a melhor
preparação para uma santa morte.
Santa Teresinha moribunda dizia: Se soubésseis quanto os moribundos
padecem, como rezaríeis por eles! Tomemos por hábito rezar diariamente
pelos que estão em agonia e hoje mesmo têm de morrer. Principalmente
na Santa Missa.
Assistamos às Missas de defuntos como cristãos, comungando nelas e
rezando pelo morto, e não somente como uma pragmática social.
QUESTIONÁRIO
1. Quando foi instituída a Extrema-Unção? 2. Como se prova a sua instituição divina? 3.
Qual é a matéria e qual a forma deste sacramento? 4. Qual é o ministro ordinário? 5.
Quem pode recebê-la validamente? 6. É pecado deixar a Extrema-Unção para a hora da
morte? 7. Quando se pode repetir a Extrema-Unção? 8. Qual o efeito deste sacramento?
9. E quanto ao corpo? 10. Como, então, morrem as pessoas ungidas? 11. Que dizer do
costume de ungir os enfermos à última hora? 12. Que outros cuidados tem a Igreja para
os doentes e moribundos?
AL E -U
Mãe carinhosa, desvela-se a Santa Madre Igreja em súplicas de conforto
espiritual e corporal pelos seus filhos doentes. A saúde do corpo e a da
alma estão igualmente cuidadas nessas orações tão lindas, que os
enfermos seriam os primeiros a querê-las rezadas por si, se as
conhecessem. A doutrina da Extrema-Unção está contida na sua
administração, pois a Liturgia é uma Teologia que se estuda de joelhos.
Preparativos
Arranja-se decentemente o quarto do doente. Prepara-se uma mesa,
coberta com uma toalha branca. Um Crucifixo, ladeado por duas velas de
cera. Um prato com seis ou mais flocos de algodão, para o sacerdote
limpar as unções feitas no enfermo. Água benta. Ponha-se ao lado uma
bacia com água e sabão, uma toalha limpa, para o padre lavar as mãos.
Tudo dever ser disposto antes que o padre chegue.
Ao entrar no aposento do enfermo, o sacerdote diz:
Paz a esta casa. Pax huie domui.
R. E a todos os seus habitantes. R. Et omnibus habitantibus in ea.
Dá o crucifixo a beijar ao enfermo. Depois, jogando água benta no
enfermo, nas demais pessoas e no aposento, diz:
Aspergi-me, Senhor, com hissopo e Asperges me, Domine, hyssopo, et
tornar-me-ei puro; lavai-me e serei mundabor; lavabis me, et super
mais branco do que a neve. nivem dealbabor.
Salmo. Tende piedade de mim, Psalmus. Miserere mei Deus
segundo a vossa grande secundum magnam misericordiam
misericórdia. tuam.
Glória..., etc. Gloria Patri...
Aspergi... Asperges me...
Vejam que começa o cuidado de purificar a alma do enfermo. Iremos
grifando as palavras que indicam os efeitos do sacramento.
Orações Preliminares
Iniciando o rito sacramental propriamente dito, com três orações em que
pede a Jesus que abençoe a casa, derramando sobre ela seus divinos
favores (primeira), convida os assistentes a rezarem para que se afastem
os poderes infernais e todos sejam protegidos contra os perigos da alma e
do corpo (segunda) e suplica a Deus que mande o seu santo anjo guardar
todos os que habitam naquela casa (terceira). Assim vemos que as
bênçãos da Extrema-Unção não se limitam ao enfermo: estendem-se a
toda a família.
As Unções
Terminadas estas orações, reza-se o Confiteor, em latim ou português. O
sacerdote dá uma absolvição.
E com a mão direita estendida sobre a cabeça do enfermo, prossegue,
afastando o influxo do demônio, pela invocação de Nossa Senhora e dos
Santos.
E passa a fazer as unções, com o polegar direito molhado no Óleo Santo,
em forma de Cruz, em cada uma das partes a ungir, dizendo ao mesmo
tempo a fórmula. A unção dos pés se pode omitir por motivo razoável.
Orações Finais
Seguem três outras orações.
Na primeira recorda as palavras de São Tiago e pede mais uma vez a
saúde e a cura da alma e do corpo, o perdão dos pecados, a cessação das
angústias e dores.
Na segunda suplica a misericórdia de Deus para o doente, cujo nome
pronuncia, e que ele se emende pelo castigo da enfermidade.
Na terceira insiste particularmente sobre a saúde corporal, mostrando que
a Igreja se interessa maternalmente pelos seus filhos e como é vantajoso,
mesmo para a saúde, receber em tempo a Extrema-Unção.
Últimas Admoestações
Terminada a cerimônia, o Ritual diz que o sacerdote pode fazer ao enfermo
umas breves admoestações para fortalecê-lo ainda mais contra as
tentações do demônio e dispô-lo a bem morrer, se for esta a divina
vontade. Recomenda também que fique água benta no quarto e a imagem
de Cristo crucificado, para que o enfermo o possa olhar, piedosamente
abraçar e beijar — o que tanto contribui para despertar sentimentos de
devoção e amor a Deus, inspirando, ao mesmo tempo, contrição e
confiança, além de muita conformidade e paz de espírito.
Para Viver a Doutrina
Como a Liturgia é rica de doutrina e sentimentos! A Liturgia é a expressão
oficial dos sentimentos da Igreja. A norma de um bom católico sendo sentir
com a Igreja, não podemos perder de vista o que a Igreja sente e exprime
pela Liturgia. Temos mais uma prova na liturgia da Extrema-Unção.
Vendo que há outros cristãos que não aceitam o sacramento da Extrema-
Unção, sentimo-nos particularmente felizes em ser católicos. Temos este
preciosíssimo socorro ao termo da nossa vida. Demos graças a Deus!
A divulgação da liturgia da Extrema-Unção será um excelente modo de
torná-la conhecida e amada. Aí se encontra a doutrina, cheia de carinho
materno, na forma consoladora de oração. Com isto modificaríamos, sem
dúvida, as atitudes de certas famílias, corrigindo a desedificação e
ensinando a boa norma de assistir a este sacramento.
Boa preparação será a leitura e a meditação destas consoladoras orações
com os nossos doentes. Já ninguém temeria receber o sacramento em que
tanto se pede conforto para o espírito e saúde para o corpo. Então, os
doentes o receberiam em tempo de produzir normalmente os seus efeitos.
QUESTIONÁRIO
1. Como se prepara o quarto de um doente para a Extrema-Unção? 2. Quantas são as
unções? 3. Por que quase nunca os padres fazem as admoestações finais aos nossos
enfermos? 4. Que achou mais tocante nesta liturgia? 5. Serão conhecidas do nosso povo
estas cerimônias? 6. Acha que a divulgação melhoraria os sentimentos gerais a respeito
da Extrema-Unção?
C 8–O M C
AO
Os cinco primeiros sacramentos consideram o homem como indivíduo; os
dois últimos — ordem e matrimônio — consideram o homem como parte da
sociedade, e foram instituídos para santificar as duas principais funções
sociais a que o homem pode ser chamado — função de ministro de Cristo
e de propagador do gênero humano. Mas a dignidade e excelência da
Ordem sobre o Matrimônio se podem ver, desde logo, considerando que a
paternidade é possível sem o sacramento (só com o contrato natural),
enquanto que a Ordem é necessária para dar à Igreja ministros capazes de
ser intermediários entre o homem e Deus. E principalmente considerando a
natureza do ministério sacerdotal.

A Instituição Divina
No Antigo Testamento, as funções sacerdotais eram reservadas aos
descendentes de Arão, ficando as demais funções do culto entregues aos
levitas (pertencentes à tribo de Levi).
No Novo Testamento, Jesus Cristo aboliu os privilégios de nascimento. Na
quinta-feira santa, depois de instituir a Eucaristia, Jesus Cristo disse aos
Apóstolos: Fazei isto em memória de mim (Lc 22, 19). Por estas palavras
instituiu o sacramento da Ordem.
A eles foram cometidos outros poderes, como batizar (Mt 18, 19), perdoar
pecados (Jo 20, 23), pregar o Evangelho (Mc 16, 15).
Os Apóstolos transmitiram o poder que receberam de Jesus Cristo, por
meio da imposição das mãos. Assim São Paulo escreveu a Timóteo: Não
negligencies a graça que está em ti e que te foi dada... pela imposição
das mãos do presbitério (1Tm 4, 14).
Elementos do Sacramento
Quem administra o sacramento da Ordem é o Bispo.
Juntamente com a imposição das mãos o Bispo faz ao candidato a entrega
dos instrumentos próprios de cada ordem, dizendo ao mesmo tempo as
palavras da forma.
Para receber ordens sagradas é necessário que o candidato seja batizado
e crismado, esteja em estado de graça, tenha a intenção de se ordenar,
costumes dignos, idade exigida e que tenha vocação.[69]
Efeitos
A Ordem produz um aumento de graça santificante e as graças
necessárias para exercer santamente as funções sagradas.
Imprime na alma um caráter que torna a pessoa em condições de exercer
as mesmas funções de Cristo.[70]
O caráter é o primeiro e o mais importante efeito do Sacramento da Ordem.
É o caráter que dá ao padre poder sobre o Corpo Real e o Corpo Místico
de Cristo.

Grandeza do Sacerdócio
Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens (ver 1Tm 2, 5).
Foi pelo seu sacrifício que os homens se reconciliaram com Deus. Ele é o
nosso advogado junto do Pai (1Jo 2, 1).
Mas como a natureza humana precisa de um sacerdócio visível, Cristo
instituiu o Sacramento da Ordem e exerce o seu ministério por meio dos
sacerdotes, que são os seus legítimos representantes, verdadeiros
embaixadores de Cristo (2Cor 5, 20) e dispensadores dos mistérios de
Deus (1Cor 4, 4).
Por isto, os atos sacerdotais não dependem das qualidades e virtudes do
padre, mas valem por si mesmos, como se fossem praticados pelo próprio
Cristo, que o padre apenas representa.
Daí, a imensa dignidade sacerdotal. O padre continua entre nós a fazer o
que Cristo fez pela redenção dos homens. É, portanto, muito feliz a
conhecida frase: O sacerdote é um outro Cristo.
Para Viver a Doutrina
A doutrina do sacerdócio me ensina, antes de tudo, a ter um grande
respeito aos sacerdotes. A qualquer sacerdote. Não por motivos pessoais
(é amigo, fala bem, é culto, é delicado, etc), mas por seu caráter
sacerdotal. Respeito à sua missão, à sua pessoa sagrada, ao ungido do
Senhor.
Mesmo que não seja um bom padre, deve ser respeitado. É sempre o
representante de Jesus Cristo. Qualquer injúria feita a ele, seria ofensa
feita àquele a quem ele representa.
Fazem os inimigos da Igreja uma campanha diabólica contra os padres.
Caluniam. Exageram as faltas. Atribuem a todos as faltas que um e outro
comete. Afastam dos sacerdotes o povo por meio de superstições (os
padres dão azar, causam desastres, etc). É que os inimigos sabem que,
enfraquecendo a ação dos padres, enfraquecem à Igreja; e, se fosse
possível arruiná-los por completo, conseguiriam destruir também a Igreja.
Um católico deve tratar sempre bem um sacerdote, mesmo desconhecido.
Dar-lhe mostras de acatamento e gentileza. Defender sempre o clero,
confundir os seus acusadores.[71] Lembremo-nos da palavra de São
Francisco de Assis: Se eu encontrasse um padre e um anjo, saudaria
primeiro o padre (ver como se trata o padre na sua cidade).
As vocações sacerdotais no Brasil são muito poucas. É o fruto dos
costumes paganizados. Rezar pelas vocações. Rogai, pois, ao Senhor da
messe que mande operários à sua messe (Mt 9, 38).
Ou, então, só aparecem entre os pobres que não têm meios de manter-se
nos seminários. Eu devo, por isso, ajudar as vocações, materialmente, à
medida de minhas posses.
QUESTIONÁRIO
1. A quem pertencia o sacerdócio na Lei Antiga? 2. Como fez Cristo no Novo Testamento?
3. Quando instituiu a Ordem? 4. Que poderes foram dados aos Apóstolos? 5. Como os
Apóstolos ordenaram padres? 6. Qual a matéria e a forma deste sacramento? 7. E o
ministro? 8. Quem pode receber validamente a Ordem? 9. Quais são os efeitos da
Ordem? 10. Explique qual é o caráter da Ordem. 11. Por que precisa ser visível o
sacerdócio católico? 12. Quais os nossos deveres para com os sacerdotes? 13. Como os
inimigos movem campanha contra o clero? 14. Que diz São Francisco do respeito aos
padres? 15. Que pode você fazer pelas vocações sacerdotais?
L O
A Liturgia da Ordem se encontra no Pontifical, e não no Ritual, porque é
função do Bispo, e não do simples sacerdote. É muito rica e grande,
estendendo-se desde a Tonsura até ao Episcopado. Seu estudo servirá
para fazermos ideia da elevação e dignidade deste sacramento.
Não teremos aqui lugar para um resumo histórico da Liturgia da Ordem,
nem como fizemos nas outras lições. Vamos dar somente a liturgia atual,
isto mesmo em resumo, e sem fórmulas.
Hierarquia da Ordem
O Sacramento da Ordem é um só, mas os seus poderes são conferidos
parceladamente. Assim a Hierarquia eclesiástica é constituída por ministros
do culto, em graus diversos.
A Hierarquia de Ordem está assim constituída:
Sacerdócio
Ordens Presbiterato
Diaconato
Maiores Episcopado
Subdiaconato
Hierarquia
de Ordem Ostiariato
Ordens Leitorato
Menores Exorcistato
Acolitato
A Tonsura é apenas a introdução na vida clerical e uma preparação para
as ordens. Mas não é ordem.
Estas várias ordens são como degraus da escada que leva ao sacerdócio.
Cada uma dá uma função com referência à celebração da Santa Missa.
Essas funções vão desde abrir a igreja até ordenar o padre que celebra a
Missa. As ordens que conferem funções no próprio altar chamam-se
ordens maiores; as que dão funções apenas preparatórias e subalternas
chamam-se ordens menores.
Os Ritos
I — TONSURA
O Bispo corta o cabelo do candidato nas quatro extremidades da cabeça,
em forma de cruz, e depois, no alto da cabeça. Com isto indica que ele
renuncia a tudo o que é supérfluo e vaidoso neste mundo, para melhor se
dedicar ao serviço de Deus.
O candidato deixa de ser leigo (simples fiel) e passa a ser clérigo (membro
do clero), iniciado no estado eclesiástico.
II — AS ORDENS MENORES
Ostiário quer dizer: porteiro. A Igreja quer todas as funções religiosas
exercidas por pessoas consagradas ao culto.[72] O Bispo lhe entrega as
chaves da igreja. Ele vai à porta do templo fechá-la e abri-la, tocando os
sinos em seguida. É o mais longínquo passo para a celebração da Santa
Missa.
O LEITOR tem como ofício ler publicamente nas funções litúrgicas, a
Sagrada Escritura. Deve catequisar o povo nas coisas da fé. O Bispo lhe
entrega o livro das lições.
O EXORCISTA recebe o poder de expulsar o demônio, colocar bem os fiéis
para a Comunhão, preparar a água para ser benzida nas vigílias da
Páscoa e Pentecostes. Na ordenação o Bispo entrega ao ordenando o livro
dos exorcismos.
O ACÓLITO exerce a mais importante das ordens menores. Suas funções
são já bem próximas do altar do Sacrifício. Cabe-lhe acender as velas,
conduzir os candelabros e preparar o pão e a água para a Sagrada
Eucaristia. Por isto, na ordenação, o acólito recebe as galhetas[73] vazias e
uma vela apagada.
III — AS ORDENS SACRAS
Subdiaconato
O Subdiaconato foi considerado Ordem Maior, porque o seu ministério se
exerce no altar, embora não sirva diretamente ao celebrante, mas ao
diácono (daí o nome de subdiácono).
Os poderes do subdiácono são:
1) Levar a água para o Sacrifício e deitá-la no cálice.
2) Ajudar ao diácono no altar, levando-lhe o cálice e a patena.
3) Lavar palas e corporais.
4) Ler a Epístola na Missa cantada.
É nesta ordenação que o candidato faz o voto de castidade, abraçando
definitivamente o celibato, e contrai a obrigação, também perpétua, de
rezar diariamente o Breviário, a oração oficial do louvor que a Igreja levanta
incessantemente a Deus.
A cerimônia do voto de castidade é muito sugestiva. Os candidatos se
apresentam de alva e cíngulo, o manípulo na mão esquerda, a tunicela
sobre o braço esquerdo e uma vela na não direita. De pé ouvem uma
admoestação do Bispo dizendo-lhes que considerem bem o que vão
fazer, porque ainda são livres de voltar para a vida secular; mas, se
receberem esta Ordem, não poderão mais recuar, devendo consagrar-
se perpetuamente ao serviço de Deus e guardar para sempre castidade
perfeita. Pensem, enquanto é tempo; mas, se estão neste santo propósito,
se aproximem. Então, os candidatos dão um passo em frente — e com
este passo definitivo está feito o voto e assumido o compromisso que ele
encerra.
O Bispo entrega-lhe o cálice vazio com patena e as galhetas com vinho e
água, revestindo a cada um com a tunicela, entregando-lhes, por fim, o
Epistolário, com o poder de ler solenemente as Epístolas.
Diaconato
Antigamente os diáconos exerciam papel importante na Igreja. Servem à
mesa, pregam e batizam, como Estevão (ver At 6, 8-10) e Filipe (At 8, 38).
Mais tarde, eram mandados às paróquias rurais, onde também
administravam a Eucaristia.
Os poderes são:
1) Assistir diretamente o celebrante na Missa, oferecendo com ele o
cálice no Ofertório.
2) Batizar (ministro extraordinário).
3) Pregar.
4) Ler solenemente o Evangelho da Igreja.
5) Dar a Comunhão.
6) Despedir os fiéis da Missa (cantando o Ite, Missa est).
O Bispo estende a mão direita sobre a cabeça do candidato, dizendo:
Recebei o Espírito Santo, para ter força e resistir ao diabo e às suas
tentações, em nome do Senhor. Entrega-lhe o livro dos Evangelhos, e o
reveste dos paramentos litúrgicos.
Presbiterato
Dificilmente daremos, em resumo, ideia cabal da solenidade e grandeza da
liturgia do presbiterato, principalmente da beleza de suas orações e
admoestações em que aparece a excelência do sacerdócio e a
santidade dos que o recebem e exercem. O rito do presbiterato é muito
mais solene que todos os anteriores.
O Bispo impõe as mãos sobre a cabeça de cada ordenando, fazendo o
mesmo todos os sacerdotes presentes, conservando a mão direita
estendida sobre os candidatos. Depois lhe põe a estola ao pescoço, e lhe
impõe a casula, veste sacerdotal por excelência, e lhe unge as mãos com
óleo sagrado (dos catecúmenos), como se ungiam outrora os sacerdotes,
profetas e reis. É com essas mãos ungidas e consagradas que o padre vai
benzer, consagrar e santificar as coisas.
Dá-lhe o poder de celebrar Missa, entregando-lhe o cálice e a patena com
a hóstia, dizendo: Recebe o poder de oferecer sacrifício a Deus e
celebrar Missas, tanto pelos vivos como pelos defuntos.
Segue-se nova imposição de mãos, feita agora só pelo Bispo, que diz:
Recebei o Espírito Santo; a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão
perdoados, e a quem retiverdes, serão retidos. E com isto lhe dá o
poder de perdoar os pecados, assim como Jesus Cristo deu aos Apóstolos
(ver Jo 20, 23).
Episcopado
O episcopado não é uma nova ordem, mas a plenitude do sacerdócio.
Confere o poder de ordenar sacerdotes e de confirmar. Por isto, o Bispo é
o ministro ordinário destes sacramentos.
Para a sagração de um Bispo são necessários três Bispos — um que oficia
e dois que auxiliam (consagrantes). Na sagração, o Bispo recebe o báculo,
símbolo do governo pastoral; o anel, símbolo do desposório com a Igreja; a
mitra; as luvas, símbolo das boas obras, que a Igreja espera das suas
mãos; o livro dos Evangelhos, representando o poder de ensinar naquele
que entra para a Igreja docente. Mas o rito essencial é a imposição das
mãos, feita pelos três Bispos.

Hierarquia e Jurisdição
A ordenação confere o poder. Mas não dá autorização para exercer esse
poder. Isto pertence à Hierarquia de Jurisdição, que consta do Papa e dos
Bispos.
Todo o poder conferido à Igreja está entregue ao Papa. Mas, embora tenha
poder sobre todos os católicos do mundo, não os pode governar por si
mesmo. Nomeados pelo Papa, os Bispos recebem autoridade para
governar uma porção da Igreja.
Os Bispos delegam jurisdição aos párocos. E autorizam os sacerdotes a
exercer as suas ordens na diocese.[74]

Para Viver a Doutrina


A Liturgia me ensina a prezar os ministros de Cristo e da Igreja — aos
quais cada cristão está tão estreitamente ligado. Prezar o seu nome, a sua
dignidade sacerdotal e pessoal. Infamado um padre, diminuída a sua
grandeza, cada cristão foi também ferido: — a causa é comum. Dizer
sempre bem dos sacerdotes — ou então calar.
Há certas particularidades interessantes e muito instrutivas. Por exemplo: o
exorcista organizando o povo para a Comunhão. E isto, em virtude de uma
Ordem. Quer dizer que eu devo obedecer quando o vigário ou outro
sacerdote marca lugares, dá instrução sobre o modo de estar na igreja. E
obedecer prontamente, sem murmurar, dando o bom exemplo, e fazendo
apostolado para que os outros obedeçam.
A submissão à Hierarquia é um laço de Catolicismo. Só a caridade dá valor
à obediência. Eu devo obedecer ao meu vigário, como obedeço ao meu
Bispo, como obedeço ao Papa — pois o vigário é o representante da
Hierarquia junto ao povo.
QUESTIONÁRIO
1. Por que o rito da Ordem está no Pontifical e não no Ritual? 2. Qual é a Hierarquia de
Ordem? 3. Quais são as ordens Menores? 4. E as sacras? 5. A Tonsura é ordem? 6.
Quais são as funções do diácono e do subdiácono? 7. Quais são os ritos mais importantes
da ordenação de presbítero? 8. Qual é a Hierarquia de jurisdição?
C 9–OL C
OM
Da boa organização dos lares depende o futuro da sociedade. Os inimigos
de Deus sabem disto e empregam todos os meios para destruir a família.
Precisamos conhecer bem a doutrina sobre o matrimônio, para evitar os
erros que por aí andam disseminados.
Os que hoje estudam estas lições, serão amanhã chefes de família, e
devem estar preparados para as responsabilidades que os esperam.
Instituição Divina
O casamento é tão antigo como a humanidade. Desde o princípio Deus
criou o homem e a mulher e os uniu numa união perfeita e lhes confiou a
tarefa de perpetuar e aumentar o gênero humano na terra.
Mais tarde, Jesus Cristo juntou ao contrato natural a graça santificante que
sobrenaturaliza o amor humano e santifica os cônjuges. Desde então para
os cristãos não pode haver contrato conjugal que não seja ao mesmo
tempo sacramento.
O momento em que Jesus Cristo instituiu este sacramento é incerto.
Uns acham que tenha sido nas Bodas de Caná, quando abençoou e
santificou o casamento a que assistiu.
Constituição do Matrimônio
O que constitui propriamente o matrimônio é o consentimento mútuo dos
esposos expressos de modo sensível.
Os próprios nubentes são também os ministros do sacramento do
matrimônio, porque só eles podem dispor de suas pessoas para realizar o
contrato. É este o único sacramento em que o ministro não é o sacerdote
ou o Bispo.
Salvos casos excepcionais, só são válidos os casamentos feitos perante o
pároco do lugar em que se faz o casamento (ou sacerdote por ele
autorizado) e duas testemunhas.
Para que o casamento seja válido é também necessário que os nubentes
sejam livres em expressar o seu consentimento e estejam em condições de
casar, sem impedimentos.
Unidade
A unidade do matrimônio consiste em ele só poder existir entre um só
homem e uma só mulher. É o que se chama — monogamia.
Quando Deus instituiu o matrimônio foi entre um só homem e uma só
mulher.
A Poligamia (casamento de um homem com várias mulheres) e a
poliandria (de uma mulher com vários homens) são contrários à lei natural.
A monogamia favorece a educação dos filhos, permite uma tranquila vida
doméstica, eleva o nível moral, assegura a dignidade do matrimônio,
garante a organização social, que ela mesma estabeleceu nos países
civilizados.

Indissolubilidade
Desde a sua instituição, o matrimônio foi sempre indissolúvel. O casamento
consumado só pode ser desfeito pela morte. Cristo ensinou que os
casados não se podem separar para casar com outrem (Mt 5, 31-32), pois
o que Deus uniu, o homem não separe (Mt 19, 6).
Eis porque a Igreja sempre condenou o divórcio e há de condená-lo até à
consumação dos séculos. A própria razão, reforçada pela experiência, nos
diz que o divórcio:
1) Rebaixa a dignidade do matrimônio.
2) Prejudica os filhos.
3) Dissolve a família que fica à mercê das paixões e dos caprichos,
abalando assim os próprios alicerces da sociedade.
Mas e os casamentos infelizes? É sempre a pergunta. Nesses casos, a
Igreja permite a separação dos cônjuges, mas não o divórcio.
Quando, pois, os governos civis adotam o divórcio, é claro que isto nenhum
valor tem, porque o homem está separando o que Deus uniu.
Os casos de desquite seguem a mesma regra do casamento civil: só tem
valor como regulamentação de bens — coisa meramente civil, sem
nenhuma importância religiosa.
Fins
O matrimônio foi instituído por Deus, primeiramente para geração e
educação dos filhos. Para geração: está na Bíblia: Crescei e multiplicai-
vos. Para educação porque o homem precisa da boa educação para se
salvar; logo, o matrimônio tem também como fim primário educar os filhos.
Os fins secundários do matrimônio são:
1) O amor mútuo e a vida comum. Deus mesmo disse: Não é bom que o
homem esteja só: façamos-lhe um auxiliar semelhante a ele (Gn 2,
18).[75]
2) Um remédio à concupiscência.[76]
Efeitos
São estes os efeitos do matrimônio:
1) Une os cônjuges por um vínculo perpétuo.
2) Aumenta a graça santificante.
3) Confere as graças necessárias ao bom cumprimento dos deveres da
vida de casados.
Deveres
O primeiro dever dos esposos é respeitar as leis do matrimônio, para
viverem em estado de graça, santificando-se mutuamente e sem se
criarem dificuldades espirituais.
Os esposos são obrigados a guardar mútua e inviolável fidelidade. Este
dever obriga tanto à mulher como ao homem.
Os esposos têm o dever de se amar reciprocamente, pois o amor é o
fundamento da união conjugal: Maridos, amai a vossas esposas como
Cristo amou a sua Igreja (Ef 5, 25).
O marido é o chefe da família. Por isso, a mulher deve-lhe respeito e
obediência — não como serva, mas como companheira.[77]
Grave dever é a geração dos filhos. Para isto se casam. É o fim primário do
casamento. É dever dos esposos cristãos aceitar como presente do céu
todos os filhos que Deus lhes quiser dar. E constitui verdadeira
abominação a prática de evitar filhos.
Para Viver a Doutrina
O casamento é uno e indissolúvel. Pensem nisto os que o pretendem.
Preparem-se para as dificuldades que irão encontrar. O divórcio nunca é
permitido. A separação traz sempre perigos. O estado matrimonial exige
muita virtude dos cônjuges. E requer muito cuidadosa preparação.
Os católicos aceitam o casamento civil não como verdadeiro casamento,
mas como garantia legal de direitos perante o Estado. A Igreja aconselha
aos fiéis o respeito às leis civis, como coisa puramente civil. Mas considera
amasiados os que são casados somente no civil.
Na luta do mundo moderno contra o matrimônio, os fins são
particularmente visados. Não querem filhos; não procuram ajudar-se
mutuamente; não fazem caso de um amor puro e elevado, mas se
entregam às paixões. Daí tanta infelicidade nos casamentos. O desprezo
das leis de Deus atrai castigo (ver na Casti Conubii os ataques ao
casamento cristão e os remédios).
Sacramento de vivos, os que vão receber devem estar em estado de
graça. Quem está em pecado mortal tem obrigação de confessar-se. A boa
preparação próxima aumenta as graças recebidas. Então, mesmo os que
estão na graça divina, confessando-se e comungando, alcançam melhores
frutos do matrimônio. Por isto a Liturgia quer que o casamento seja feito na
Missa e os nubentes comunguem.
É preciso que todos os cristãos vejam sempre no casamento um ato santo
— um sacramento. E o respeitem como tal. Jesus Cristo fez do matrimônio
um sacramento para ajudar os casados a se salvarem.
QUESTIONÁRIO
1. Por quem foi instituído o matrimônio? 2. Quando Nosso Senhor instituiu o sacramento
do matrimônio? 3. Qual é o ministro do matrimônio? 4. Qual o papel do sacerdote no
matrimônio? 5. Que é necessário para ser válido o contrato matrimonial? 6. Que se
entende por unidade do matrimônio? 7. Em que consiste a indissolubilidade? 8. Pode a
Igreja aceitar o divórcio? 9. Como resolver os casamentos infelizes? 10. Qual a atitude de
um católico se o governo civil adota o divórcio? 11. Qual é o fim primário do casamento?
12. Quais os efeitos do sacramento do matrimônio? 13. Quais os deveres dos cônjuges?
E F V
Um olhar em torno de nós mostrará como vai sendo encarado o matrimônio
pelos próprios católicos em nossos dias. Uma tristeza! Ignoram a doutrina
da Igreja e se deixam levar pelos erros que os inimigos de Deus espalham.
Atiram-se para o casamento com uma incrível leviandade, sem nenhuma
preparação espiritual, e, como consequência, vão encontrar dissabores e
infelicidades no lar, que fundaram, muitas vezes, sobre um alicerce de
pecados.
Bem diversa seria a situação, se fossem respeitadas as sábias e prudentes
determinações da Igreja. Convém muito conhecê-las.
Preparação Remota
Somos cristãos — e nunca podemos perder de vista a nossa dignidade
sobrenatural![78] Temos de procurar primeiro o reino de Deus, e todas as
outras coisas nos serão dadas por acréscimo (Mt 6, 33). Este grande
princípio é que nos há de dirigir em tudo. Qualquer que seja o nosso
gênero de vida, temos de fazer a vontade de Deus, e o Apóstolo diz que a
vontade de Deus é que nos santifiquemos (1Ts 4, 3).
A melhor preparação remota para o casamento é uma boa vida cristã. A
fundação de um lar exige muito devotamento, muita luta pela educação dos
filhos. E tudo isto só é possível aos que se educam nos bons princípios e
na prática da piedade.
A vida conjugal é uma vida comum, por sua natureza. Os que vivem bem
no lar a que pertencem hoje, preparam-se para ser felizes no que fundarem
amanhã. Assim os bons filhos, bons irmãos, acostumados a suportar com
paciência as dificuldades alheias, têm as melhores probabilidades para
uma boa vida comum. O contrário também é verdade (ver os livros de Rute
e Tobias, no Antigo Testamento).

Preparação Próxima
Chegados à idade em que é possível casar-se, os que pretendem o
matrimônio devem, antes de tudo, saber se têm vocação. Pesar os deveres
e as responsabilidades de uma família; encarar com seriedade o estado de
vida em que duas pessoas se unem para sempre; pensar que o casamento
não é a festa do dia de núpcias, mas toda uma vida, onde as dificuldades
são muito numerosas; saber se as suas qualidades de saúde e de caráter
são compatíveis com o estado matrimonial.
Em seguida, vem a reta intenção. É necessário saber por que motivos
querem se casar. A principal ponderação é a salvação eterna. Qualquer
consideração deve passar para segundo plano, quando se trata da
salvação da alma. Todas as considerações humanas, que também devem
ser pesadas, nada valerão em face disso. A suprema preocupação é saber
se o casamento vai trazer facilidade ou dificuldade para a salvação eterna.
E resolver-se-á à luz deste critério.
Para isto ter sempre em vista os fins do matrimônio: gerar e educar filhos,
auxiliar-se mutuamente na vida comum, conter as paixões pelos castos
prazeres conjugais. Ter filhos é o fim principal do matrimônio. Não pode
nunca ser afastado das intenções de quem vai se casar.[79]
Como se vê destes rápidos princípios, é sumamente importante orientar-se
pela grandeza do matrimônio. É um passo definitivo, e não atitude leviana.
É um sacramento — uma coisa santa e santificadora — que exige séria
preparação espiritual.
A Escolha
A primeira condição para uma boa escolha é ainda aquela de São Paulo:
case com quem quiser, contanto que seja no Senhor (1Cor 7, 39), isto é,
contanto que seja com um católico. Somente assim é possível ver no
matrimônio um meio de salvação, uma facilidade para a salvação. E não se
contentem com uma religião de nome, mas exijam sempre uma vida de
piedade: católicos piedosos. Eis o ideal.
Uma escolha prudente requer sempre a virtude. Booz casou com Rute por
causa de suas qualidades morais (Rt 4). Ai de quem buscas suas
preferências nas riquezas, na formosura, na posição social ou noutros
dotes naturais, que cedo o tempo desfaz! Estes dons não são desprezíveis,
mas não podem ser os principais.
As grandes diferenças (de idade, condição social, educação, bens
materiais, etc) perturbam quase sempre o bom entendimento do casal,
porque raramente permitem a desejada união espiritual.
Os jovens, antes de tudo, rezem a Deus e consultem os pais e o confessor.
Mesmo porque, sem isto, os namoros levam, geralmente, a não pequenos
perigos para a salvação das almas, para os bons costumes e a honra das
famílias.
O namoro só é lícito entre pessoas que podem e querem casar-se e
quando feito em condições condizentes com a santidade do sacramento
em que deve culminar. Sem a intenção de casamento e os requisitos de
pureza e seriedade, é pecado e fonte de numerosos pecados.
Namorados e noivos têm o direito e mesmo o dever de frequentar-se, para
se conhecerem. Amanhã viverão definitivamente unidos, e precisam saber
se esta união lhes proporcionará felicidade. Namoro e noivado têm por
finalidade preparar um lar feliz. Como preparação para uma coisa santa
(um sacramento), eles devem ser santos, levados na santidade, na graça
de Deus, na oração e na frequência dos sacramentos. Ai dos que não
agirem assim!
Impedimentos
Com o fito de defender a dignidade do matrimônio, de garantir a sua
validade, de proteger o bem espiritual e mesmo natural dos esposos e dos
filhos, a Igreja estabeleceu alguns impedimentos, que anulam ou tornam o
casamento ilícito.
I — OS QUE ANULAM
Quem casasse, estando com um impedimento desses, na realidade, não
ficaria casado. Vejamos alguns destes impedimentos.
1) Idade. A Igreja determinou a idade de 14 anos feitos para a mulher e
16 feitos para o homem. — Entre nós, porque o direito civil exige 16
anos para a mulher e 18 para o homem, a Igreja dificulta o casamento
religioso aos que não têm a idade requerida pela lei civil.
2) Vínculo. Uma pessoa casada é inábil para contrair novas núpcias.
3) Voto. O voto solene de castidade (ver no livro Caminho da Vida).
4) Ordens Sagradas. Na Igreja Romana as ordens sacras são o
subdiaconato, o diaconato e o presbiterato.
5) Parentesco ou Consanguinidade. Todo parentesco em linha reta
(avô, pai, filho, neto, etc) é dirimente. Mas em linha colateral só é
dirimente até 3º grau inclusive, isto é: irmãos, tios, tios-avós, primos
primeiros e primos segundos[80].
6) Afinidade. É o parentesco que um dos cônjuges adquire com os
parentes do outro. Em linha reta, a afinidade é sempre dirimente. Em
linha lateral, até ao 2º grau inclusive.
7) Disparidade de Culto. Entre um católico e um pagão (judeu,
maometano, etc).
II — OS QUE TORNAM ILÍCITO
Os impedimentos que não tornam o matrimônio nulo, mas simplesmente
ilícito, são dois:
1) Voto simples de castidade.
2) Mista religião. Não é a mesma coisa que disparidade de culto. Lá é
entre um pagão e um cristão. Aqui são dois cristãos, porém um
católico e outro herege ou cismático. Embora aqui o casamento seja
válido, é gravemente pecaminoso e de desastrosas consequências.
Dispensas
Há certos impedimentos de ordem divina e natural dos quais ninguém pode
dispensar. Nem o Papa.
De todos os outros impedimentos criados pela Igreja, o Papa pode
dispensar, porque o legislador fica sempre superior à lei.
Anulações
Pelo que acabamos de ver, há casamentos aparentemente válidos, mas na
realidade nulos. Isto, no entanto, não pode ser resolvido pelos
interessados, mas sim pelo julgamento da Igreja, que tem para este fim os
seus tribunais, do mesmo modo que o Estado tem tribunais para julgar as
causas civis.
Quando aparece um caso desses, o seu estudo é minuciosamente feito, e
depois é dada a sentença. Se o casamento tinha sido nulo desde o
começo, a Igreja declara a sua nulidade. Mas se ele foi válido, e os
cônjuges viveram juntos, a Igreja declara que o casamento continua a
vigorar até a morte.
Casamentos Mistos
A Igreja tem especial cuidado na proibição dos casamentos mistos. O
Código do Direito Canônico os proíbe severissimamente. E acrescenta
que, se há perigo de o cônjuge católico ou os filhos perderem a fé, o
casamento é proibido pela lei divina (Cânon 1060).
Por isso mesmo ela só dispensa nesses casos, por causas muito graves,
com sérias exigências e garantias, proibindo que os cônjuges compareçam
perante ministro acatólico e não permitindo as cerimônias de costume.
A experiência ensina que nos casamentos mistos:
1) O casal vive em discórdia, porque não há entendimento num ponto
essencial da vida, como é a religião.
2) A parte católica tem dificuldade em cumprir os seus deveres
religiosos.
3) A parte católica perde a fé, levada pela parte protestante ou pelos
protestantes que lhe frequentam a casa.
4) Os filhos são mal educados religiosamente, ficando maus católicos ou
totalmente indiferentes, por verem a diversidade de crença dos pais.
5) As separações são frequentes, como mostram as estatísticas.
Para Viver a Doutrina
Vida cheia de renúncias e sacrifícios, o matrimônio não é para os que não
querem responsabilidades. Só deve pretender casar-se quem tiver
coragem de enfrentar e vencer as muitas dificuldades que o casamento
oferece.
Quando tivermos de deliberar se casaremos, a primeira coisa é saber se o
casamento nos facilitará a salvação da alma. Se não facilita, não
casaremos! Quantas moças piedosas que, depois de casadas, se
afastaram dos sacramentos, por causa de pecados, que não cometeriam
se não fossem casadas ou se tivessem casado com um bom cristão!
Por isso mesmo resolvam desde agora: Casar com um católico. É a
primeira coisa a saber, antes de começar o namoro. Do contrário, vão ser
infelizes.[81]
O namoro só é lícito a quem pode e quer casar. E é uma preparação para
um sacramento — uma coisa santa. Portanto, nada de passatempo, de
leviandade, de liberdades pecaminosas. Tudo isto é pecado. É assim que
se preparam as desgraças dos lares, os casamentos infelizes!
Quando noivos, tenham em vista o sacramento que vão receber. O noivado
é a preparação para um sacramento! Coisa santa também o noivado!
Noivado de cristãos não teme a luz, nem as salas, nem o público. Só um
noivado de virtude prepara um lar feliz! A felicidade vem de Deus. E Deus
não a dá aos que o ofendem.
QUESTIONÁRIO
1. Por que é necessário conhecer a doutrina católica sobre o matrimônio? 2. Qual a
melhor preparação remota para o casamento? 3. Por que só os bons filhos e irmãos serão
bons cônjuges? 4. Em que consiste a vocação para o matrimônio? 5. Qual é a reta
intenção para o casamento? 6. Pode-se casar com desprezo dos fins do casamento? 7.
Qual é o sentido do namoro? 8. Que dizer do namoro de criançolas, ou por passatempo?
9. Que familiaridade é lícita entre noivos? 10. Que pensar dos que a ninguém consultam
sobre o seu casamento? 11. Qual o fim dos impedimentos matrimoniais? 12. Quais são os
impedimentos dirimentes? 15. Quais as determinações sobre os casamentos mistos? 16.
Que diz a experiência sobre esses casamentos?
L M
À grandeza e elevação do matrimônio feito sacramento acode a Igreja com
os seus ritos, cheios de doutrina, sentimento e simbolismo. O estudo da
liturgia nupcial há de contribuir notavelmente para a elevação do nível
espiritual da vida conjugal, desde os seus pródromos.

Um Pouco de História
Como as outras, a liturgia do matrimônio não foi sempre a mesma. Variou
com os tempos e os lugares. Ainda hoje não é idêntica em toda parte.
O casamento estava regulamentado no direito romano, e em todos os
povos foi sempre tido como um ato religioso. A Igreja conservou os ritos
existentes, dando-lhes um sentido cristão e acrescentando o que julgou
necessário.
Entre os romanos, o rito essencial dos esponsais consistia no anel que o
moço colocava no anular esquerdo da noiva. No dia do casamento,
realizava-se a união das mãos (destrarum junctio), cerimônia que era
assistida por uma testemunha autorizada. A noiva, no dia do casamento,
cingia uma coroa de flores e folhas e se cobria de um véu vermelho.
A Liturgia conservou o anel, que recebe uma bênção, e é o símbolo da
fidelidade, a união das mãos e a testemunha. Deixou a grinalda para as
virgens. Mudou para branco o véu, o qual, antigamente, cobria toda a noiva
e também o noivo desde os ombros.
Desde o século V se encontram documentos da existência da Missa
Nupcial. A cerimônia do casamento propriamente era feita no átrio do
templo. Depois entravam e se celebrava a Missa pelos esposos. A bênção
era dada, como ainda hoje, dentro no Cânon, o que mostra não só como é
antiga (talvez do século III), mas também como é solene — porque só as
bênçãos solenes eram dadas assim, como ainda hoje a dos Santos Óleos,
na quinta-feira santa.
Os esposos apresentavam uma oferenda, ao Ofertório; recebiam a bênção,
depois da Consagração; recebiam a Comunhão, depois do celebrante.
Preliminares
O exame dos noivos é de obrigação. O pároco deve certificar-se da
condição dos noivos, se entre eles existe impedimento, se querem casar-
se livre e honestamente, se são batizados e estão livres para o matrimônio
e suficientemente instruídos na doutrina católica.
Os proclamas ou banhos servem primeiramente para que a sociedade
cristã saiba do casamento e também para que os fiéis rezem pelos que vão
casar, ou denunciem os impedimentos existentes entre os noivos.
Tempo e Lugar
Tudo devidamente preparado, os nubentes vão à igreja paroquial, que é o
lugar próprio para a celebração do matrimônio.
O casamento se pode celebrar em qualquer parte do ano. Mas no Advento
e na Quaresma é proibido dar a bênção nupcial, embora seja permitido
celebrar o casamento.
A Celebração do Matrimônio
I — O RITO ESSENCIAL
Os noivos se apresentam diante do altar — o noivo à direita, (lado da
Epístola), a noiva à esquerda — acompanhados ao menos de duas
testemunhas.
O pároco ou o sacerdote por ele autorizado, de sobrepeliz e estola branca
(se quiser, também pluvial), ou paramentado para a Missa, se esta vai se
seguir, mas com pluvial em vez da casula, e sem manípulo, voltado de face
para os noivos, anuncia:
“Aqui se acham presentes, a fim de se unirem pelo sacramento do matrimônio, o
Sr. N... e a Srta. F... Se entre eles houver algum impedimento canônico que torne o
casamento nulo ou ilícito, quem o souber é obrigado, sob pena de pecado mortal,
a denunciá-lo.”
Se nenhuma denúncia houver, pede o consenso dos noivos:
“O Sr. N... quer receber a F... aqui presente por sua legítima mulher, conforme o
rito da Santa Madre Igreja?
O noivo responderá: Quero.
A mesma pergunta, com as devidas mudanças é feita à noiva, que também
responderá: Quero.”
O sacerdote põe na palma da mão esquerda a ponta esquerda da estola e
sobre ela a noiva coloca a mão direita, sem luvas, com a palma para cima,
e o noivo põe a palma da mão direita, sem luvas, sobre a mão da noiva.
O sacerdote cobre as mãos dos noivos com a extremidade direita da
estola, pondo por cima a sua mão direita e faz o noivo dizer:
“Eu, N..., recebo a vós, F..., por minha legítima mulher, assim como manda a Santa
Madre Igreja Católica, Apostólica, Romana.
Depois a noiva:
Eu, F..., recebo a vós, N..., por meu legítimo marido, assim como manda a Santa
Madre Igreja Católica, Apostólica, Romana.”
É isto que constitui o casamento. Em todo o cerimonial isto é o essencial.
O resto são bênçãos e orações.
O sacerdote acrescenta:
E eu vos uno em matrimônio. Em Ego conjugo vos in matrimonium. In
nome do Pai, † do Filho e do Espírito nómine Patris † et Filii et Spiritus
Santo. Amém. Sancti. Amen.
E, descobrindo as mãos dos esposos, asperge-as com água benta.
II — A BÊNÇÃO DO ANEL
Segue-se então a bênção do anel, com uma oração em que se pede a
Deus a fidelidade conjugal, a paz doméstica, a qual é fruto da submissão à
vontade divina, e o amor mútuo dos esposos.
O sacerdote asperge o anel com água benta, e o entrega ao esposo que o
coloca no anular esquerdo da esposa. E continua, pedindo a Deus que
auxilie e conserve na sua graça os que se unem.

A Benção Nupcial
Estes ritos acima descritos constituem propriamente o cerimonial do
matrimônio. Tanto assim que são sempre feitos, mesmo quando não se dá
a benção nupcial. Esta pode ser dada na Missa ou fora da Missa.
I — A BÊNÇÃO NA MISSA
É preferível fazer-se o casamento com a Missa. Vimos que foi sempre este
o costume da Igreja: os esposos assistem à Missa, na qual recebem a
bênção e comungam.
Há uma Missa própria (Pro sponso et sponsa), cujas orações, leituras e
cânticos se referem ao matrimônio — como podem ver no Missal.[82]
A bênção nupcial na Missa é muito mais solene. A Missa decorre sem
modificação até ao Pater Noster. Terminado este, o celebrante se volta
para os esposos, que estão ajoelhados diante do altar, e reza duas
orações. A primeira, muito semelhante à que se seguiu à bênção do anel,
pede igualmente por ambos os esposos. A segunda, longa e muito ornada,
tem em vista particularmente a esposa.[83]
Depois, continua a Missa. Os esposos são os primeiros a comungar depois
do celebrante e as duas partículas devem ter sido consagradas naquela
Missa para eles. Depois do Ite, Missa est, o celebrante, voltado para os
esposos, dá-lhes uma bênção em que pede para eles vida longa e feliz e o
reino dos céus. Faz, em seguida, uma exortação aos esposos, asperge-os,
ao fim, com água benta. E termina a Missa, como de costume.
II — A BÊNÇÃO FORA DA MISSA
Quando não se celebra o casamento com a Missa, a Santa Sé permite, por
privilégio especial, esta bênção, para que os nubentes não se privem de
seus benefícios. No Brasil, em vista da falta de clero e das grandes
distâncias, a Santa Sé autorizou esta bênção, que é mais usada do que a
solene. Mas hoje, graças a uma instrução melhor, os casamentos na Missa
vão sendo muito frequentes, como a Igreja quer.
Terminado o rito matrimonial, voltado para os esposos o sacerdote reza um
salmo cheio de votos para a esposa e os filhos, pede a Deus que abençoe
os cônjuges para que sejam bons cristãos e que o Senhor os cumule com
suas bênçãos.

Para Viver a Doutrina


A Liturgia põe em relevo a grandeza e a dignidade do matrimônio cristão. É
pena que tantos fiéis olhem para tudo isto sem nada entender. Eis aqui um
bem orientado apostolado litúrgico: fazer conhecer essas belezas do culto.
Há umas tantas providências que os nubentes não devem deixar para a
última hora. A preparação dos proclamas, por exemplo. Com um ou dois
meses de antecedência procurem o vigário para isto. Cuidem da certidão
de batismo (prova de que são batizados). Estes cuidados a tempo evitam
muitos transtornos e aborrecimentos.
Ficará de hoje em diante em nossos hábitos rezar pelos nubentes cujos
proclamas ouvimos. Eles fazem parte da família paroquial a que
pertencemos.
A nossa cultura católica já exige uns tantos cuidados que outros não
puderam ter. Os casamentos em casa são um abuso, como os casamentos
de tarde — fora da Missa. Noivos bons cristãos devem querer sempre
casar na igreja paroquial (e não em capelas, e menos ainda em casa) e na
Missa.
Fruto de mentalidade pouco cristã, sempre se estabelece nos casamentos
um ambiente dissipado, redundando em falta de silêncio na igreja, em
cumprimentos que transformam o lugar sagrado em salão de festas, e
outros inconvenientes que uma boa preparação cristã evitará.
O conhecimento da Liturgia nupcial contribuirá, sem dúvida, para a boa
preparação e a celebração condigna deste sacramento.
QUESTIONÁRIO
1. Aproveitou a Igreja cerimônias pagãs para a sua liturgia? 2. Quais foram essas
cerimônias do casamento? 3. Que modificações introduziu? 4. Que se entende por exame
dos noivos? 5. Qual é a finalidade dos proclamas? 6. Onde devem ser feitos? 7. Quantas
vezes são lidos ao povo? 8. Onde se deve celebrar o casamento? 9. Qual é o rito
essencial do matrimônio? 10. Qual é o verdadeiro lugar da bênção nupcial? 11. É normal a
bênção fora da Missa? 12. Por que no Brasil quase que só se dá esta bênção?
N L

G C R R
C A S
Este é um guia simples de como rezar o rosário, segue os moldes de
aplicativos de celular, basta ir rezando e mudando as páginas. No índice
tem os Mistérios e os dias em que se rezam, possui também o Rosário
Completo com todos os Mistérios.
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AM B A P :R
I O P C
S V M
P J M L
Publicado originalmente em 1936, esta grande obra do Padre Julio Maria
de Lombaerde, na qual defende de modo enérgico a Virgem Santíssima,
sua honra e sua dignidade, ganha finalmente uma Nova Edição. Antes
relegada aos sebos, agora tem a oportunidade de novamente ser luz para
muitos cristãos, fazendo Nossa Senhora ser cada vez mais conhecida e
amada.
Padre Julio diz sobre o seu livro:
"É um livro de doutrina. Um livro evangélico. Um livro de exegese,
mostrando os fundamentos do culto de Maria Santíssima, os alicerces
evangélicos da sua grandeza e a fragilidade das objeções diversas.
Nenhuma tese, nenhum princípio, nenhuma conclusão, nenhum título será
admitido neste livro que não tenha a sua base na Sagrada Escritura."
E assim ele cumpre o que diz, defendendo com maestria Maria Santíssima
e todas as suas prerrogativas, dando respostas irrefutáveis frente as mais
diversas objeções. E tudo isso, como ele mesmo diz, com a Bíblia na mão
e um pouco de lógica na cabeça.
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Publicado originalmente em francês em 1880, e em português em 1882;
esta obra do Padre Pierre Chaignon ganha finalmente uma Nova Edição.
Traduzida por Francisco de Azeredo Teixeira de Aguilar, o 2º Conde de
Samodães; esta publicação foi totalmente reeditada em português atual e
adicionada pequenas e poucas Notas de Rodapé, apresentando
brevíssimas biografias de autores citados, entre outros.
A obra trata da Paz da Alma, será que conhecemos a riqueza deste
tesouro, o deplorável estado daqueles que a perderam e a felicidade dos
que a possuem? Dois mananciais nos trazem esta paz: A Devoção à
Sagrada Eucaristia e o Abandono à Providência Divina, e assim sendo,
este livro é dividido em duas partes.
A primeira nos explica como haurir da Santa Eucaristia todas as graças e
bênçãos necessárias para nossa vida, progredindo assim, na santidade. E
a segunda, consequência da primeira, o autor sintetiza e compila várias
obras de grandes mestres da vida espiritual franceses e santos; tratando
de como podemos nos abandonar inteiramente nos braços de Deus,
confiando nossa vida a Ele e permitindo que sua vontade se realize
plenamente em nós.
Desta forma, este livro serve de apoio aos cristãos na progressão das
virtudes, alçando voo em direção à perfeição; e de confiança, nos livrando
do temor desmedido de fazermos um Ato de Abandono em Deus. Tudo
isso traz como fruto, a tão desejada Paz da Alma, anseio de toda a
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Publicado originalmente na Alemanha em 1704, e no Brasil no início do
século XX sob o título de "Explicação da Santa Missa"; esta grande obra do
Frei Martinho de Cochem ganha uma Nova Edição.
Com linguagem simples e ingênua, e com jeito admirável de falar ao
coração humano, como também pela vivacidade e clareza do estilo, Frei
Martinho nesta obra explica as excelências da Santa Missa. Explica como
ela é o perfeito sacrifício e culto supremo de latria, como os sacrifícios do
Antigo Testamento foram figuras deste, profecias à respeito da Santa
Missa, 77 graças e frutos que alcançamos durante ela, como o Sacrifício
da Cruz de Jesus se renova na Santa Missa, bem como também o que
podemos fazer para apreciá-la como se deve, a fim de que possamos
receber o perdão de todos os nossos pecados e entrar de vez na vida de
santidade.
Com diversos testemunhos de Santos, relatos históricos, citações bíblicas
e entre diversas outras coisas, este livro serve para ensinar-nos de
maneira simples o quão grande tesouro temos em nossas mãos,
impedindo o demônio de cegar-nos sobre o valor infinito do Santo Sacrifício
para que pouco o apreciemos e deixemos de assisti-lo, ou não tiremos os
abundantes frutos de graças que poderíamos colher.
Ebook Kindle – Disponível no Unlimited:
(amazon.com.br/dp/B07VQLHB7D)
Livro Físico, ISBN 9781646331437, 303 Páginas: (bit.ly/2Mnydto)
Primeiros Capítulos GRÁTIS: (bit.ly/2LQU7pq)
R C :E
S C C
Publicado originalmente na França em 1684, e no Brasil excertos em 1934;
esta obra recolhe 3 trechos da obra Reflexões Cristãs, que é uma
coletânea de meditações de São Cláudio de la Colombiére compiladas
após sua morte. Este santo foi confessor de Santa Margarida Maria
Alacoque, e junto dela foi propagador da devoção ao Sagrado Coração de
Jesus.
Nesta nova publicação, que é uma reedição da antiga brasileira, ele trata
da Submissão à Vontade de Deus, das Adversidades e uma linda reflexão
sobre a Oração. Todos estes pontos são extremamente necessários
àqueles que querem chegar à santidade e ele faz com seus pensamentos
que tenhamos ardentes desejos de nos entregar inteiramente a Deus, que
Ele realize plenamente sua vontade em nós, louvando tanto na
prosperidade como na dor, e além de tudo isso, firme resolução de ter com
Ele uma união íntima através da oração.
Ebook Kindle – Disponível no Unlimited:
(amazon.com.br/dp/B07WCY4SCC)
Livreto Físico, ISBN 9781646698899, 65 Páginas: (bit.ly/2OYeDqg)
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OS S E :S E
F
F B D
Publicado originalmente em 1940 aqui no Brasil, esta obra do Frei
Benvindo Destéfani ganha, finalmente, uma Nova Edição.
Com brevidade e concisão, o autor traz noções claras e exatas sobre o
maior dos sete sacramentos, a Santíssima Eucaristia. Ele ensina sobre a
presença real de Cristo na Eucaristia, o Santo Sacrifício da Missa e a
Sagrada Comunhão. Demonstra-nos como podemos nos aproveitar deste
imenso tesouro, através de uma fé viva e ardente, fonte de graça e imensa
misericórdia.
Quem se aproveita deste manancial riquíssimo e abundante, tem como
destino certo a santidade, esta que alegrará muito a Trindade Santa, a
Santíssima Virgem e o céu inteiro. O demônio treme quando um cristão
recebe devotamente a Eucaristia, pois sabe que esta alma irá para o céu e
levará muitos com ele, enfraquecendo o seu poder infernal.
E assim acontece com aqueles que leem e põem em prática os
ensinamentos deste livro. A Eucaristia é puro amor de Cristo para conosco,
pobres criaturas, e amor com amor se paga. Vamos amá-lo com todo o
nosso ser?
Ebook Kindle – Disponível no Unlimited:
(amazon.com.br/dp/B07YTHB23C)
Livro Físico, ISBN 9781647138448, 133 Páginas: (bit.ly/2VFtGoN)
Primeiros Capítulos GRÁTIS: (bit.ly/2OAE9Af)
G C R N R S T
M J
C A S
Este é um guia bem simples de como rezar a Novena das Rosas de Santa
Teresinha do Menino Jesus, bastar ir rezando com fé e mudando as
páginas. Segue os moldes de um aplicativo de Smartphone, quem já
possui o nosso Guia de Como Rezar o Rosário já está familiarizado com o
procedimento. Esta Novena é poderosa e inúmeras pessoas já relataram o
aparecimento misterioso das rosas durante e após o término dos 9 dias da
Novena, entre eles o Papa Francisco. Eu também já recebi uma rosa de
Santa Teresinha e deixo neste e-book o meu testemunho.
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(amazon.com.br/dp/B083JN2375)
A DOUTRINA VIVA
M Á N
Publicado originalmente em 1939 aqui no Brasil, esta obra do grande
mestre catequético Monsenhor Álvaro Negromonte ganha, finalmente, uma
Nova Edição.
Este livro foi concebido inicialmente como suplemento para estudos de
catequese dos adolescentes que frequentavam o Ensino Secundário da
Época (hoje seria os anos finais do Ensino Fundamental e o atual Ensino
Médio). Como que de lá pra cá o ensino brasileiro só esteve em declínio, e,
infelizmente, o de catequese também, os ensinamentos que aqui constam
muitos adultos não conhecem ou não compreendem bem. Desta forma,
faz-se oportuno a publicação desta obra, visto que o autor, possuidor dos
dons de escritor claro e limpo, sóbrio e discreto, nos põe em contato com a
Palavra de Deus e sua Doutrina de forma fácil e objetiva, traduzindo em
atos concretos, nos ensinando em como viver os santos ensinamentos de
Cristo e da Igreja.
Perpassando por todos os pontos básicos da Religião, desde a explicação
da existência de Deus, vai se desenvolvendo até chegar a assuntos mais
complexos da doutrina católica, como o Mistério da Encarnação, Instituição
da Santa Igreja, Dogmas, Comunhão dos Santos, Purgatório, Infalibilidade
do Papa, Tradição, etc. Todos estes conhecimentos nos faz amar ainda
mais a Deus, e o Monsenhor Álvaro Negromonte nos ensina ao final de
cada capítulo a pôr em prática tudo o que ensinou nele. Assim, nos
tornamos conscientes das ofensas que fazemos a Deus diariamente
urgindo em nós um imenso desejo de santidade e penitência pelos nossos
pecados que tanto entristece o nosso Salvador.
Ebook Kindle – Disponível no Unlimited:
(amazon.com.br/dp/B08LVX47YC)
Livro Físico, ISBN 9781647644291, 293 Páginas: (bit.ly/35FdQzD)
Primeiros Capítulos GRÁTIS: (amzn.to/3kGRZhC)
AVISO DO EDITOR
Se você gostou deste livro, por favor, peço que faça uma avaliação no site
da Amazon ou no da loja que o adquiriu. Isto nos ajuda a alcançar mais
pessoas, fazendo com que a Palavra de Deus e de sua Santa Igreja
possam frutificar em um número cada vez maior de famílias. Meu muito
obrigado e Salve Maria!
[1]
NE: O mesmo que padre, algumas vezes também são chamados de Cura de Almas.
[2]
NE: Complementando esta nota biográfica, o Monsenhor Álvaro Negromonte faleceu
em 17 de agosto de 1964, duas horas depois do lançamento do seu livro A Eterna Aliança.
[3]
NE: A Ação Social Católica é o conjunto de movimentos criados pela Igreja Católica no
século XX, visando ampliar sua influência na sociedade, através da inclusão de setores
específicos do laicato e do fortalecimento da fé religiosa, com base na Doutrina Social da
Igreja.
[4]
NE: Um concílio é uma reunião de autoridades eclesiásticas com o objetivo de discutir e
deliberar sobre questões pastorais, de doutrina, fé e costumes (moral). Os concílios
podem ser ecumênicos, plenários, nacionais, provinciais ou diocesanos, consoante o
âmbito que abarquem.
O primeiro concílio ocorreu em Jerusalém, conforme pode ser lido no livro dos Atos dos
Apóstolos, quando os Apóstolos se reuniram para tratar sobre os temas que estavam
dividindo os primeiros cristãos: de um lado os judaizantes (judeus convertidos) e do outro
os gentios (não-judeus convertidos).
[5]
NE: Se trata de um Concílio Ecumênico (ecumênico: universal, ou seja, toda a Igreja
Católica). É uma reunião de todos os Bispos da Igreja. É convocado e presidido pelo Papa
ou por algum Bispo, isso porque não é necessário o Papa estar presente para a realização
de um concílio, mas para ele ser válido precisa de sua confirmação.
[6]
No Batismo, para viver cristãmente; no Matrimônio, para cumprir os deveres de
esposos e pais; na Ordem, para exercer santamente as funções sagradas.
[7]
O Batismo nos marca como filhos de Deus, separando-nos dos infiéis; a Crisma, como
soldados de Cristo; a Ordem como ministros de Cristo.
[8]
Os sacramentos não produziriam efeito, seriam profanados e se daria escândalo aos
fiéis. Jesus Cristo proíbe lançar pérolas aos porcos (Mt 7, 6) e a Igreja ameaça com
penas severas os ministros que dessem sacramentos aos indignos (Can. 2364).
[9]
Quem recebesse o Matrimônio, em pecado mortal. Então, os efeitos ficam suspensos
para se produzirem quando for removido o obstáculo.
[10]
Há no Ritual Romano muitas bênçãos e exorcismos com que a Santa Madre Igreja
afugenta o demônio dos homens, dos animais e até das coisas inanimadas. É que o
inimigo não só atormenta os homens nos seus corpos (obsessão, possessão) e nas suas
almas (tentações interiores), mas também fazendo o mal ao que lhes pertence, como se
vê no livro de Jó.
[11]
Assim, em caso de necessidade, as demais cerimônias podem ser omitidas,
restringindo-se tudo ao essencial. E o Sacramento é igualmente válido.
[12]
Cada gesto, cada coisa, cada palavra ali encerra um significado. A imposição das
mãos, o sopro, o óleo, as atitudes, tudo, enfim, tem uma significação. E tudo isto é para
edificação dos fiéis. Mas é um livro fechado, se nós o ignoramos.
[13]
NE: Santo Padre, quando não se refere ao Papa, se refere aos Pais da Igreja; também
são chamados de Padres da Igreja e Padres Apostólicos. Estes são grandes cristãos dos
oito primeiros séculos depois de Cristo, que se distinguem pelos seus ensinamentos,
coerentes com a sua vida, que contribuíram para a edificação da Igreja em suas estruturas
primordiais.
[14]
É bem expressivo aquele símbolo que mostra da rocha do Calvário, correndo, 7
canais.
[15]
Mas o clérigo deve ser preferido ao leigo, o homem à mulher, o católico ao não
católico. Os pais só podem batizar quando de todo não há quem batize.
[16]
Isaías e São Paulo dizem que Cristo destruirá o inimigo com um sopro: Então
aparecerá o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca (2Ts 2,8 —
Is 11, 4).
[17]
Cumpriu-se a palavra de Jesus Cristo no Evangelho: Se alguém me ama... nós
viremos a ele e faremos nele a nossa morada (Jo 14, 23). E São Paulo pergunta: Não
sabeis que os vossos membros são templo do Espírito Santo, que habita em vós?
[18]
No ofício de Santa Luzia, 13 de dezembro, se lê que ela respondeu ao prefeito pagão:
Os que vivem casta e piedosamente são templos do Espírito Santo. E do beato Suso
se conta que ele viu no seu coração o Divino Espírito Santo. No Batismo de Cristo o
Espírito Santo desceu sobre ele em forma visível. No nosso Batismo o Espírito Santo
também veio à nossa alma, com a única diferença de que não o vemos. Mas a realidade é
a mesma.
[19]
Os pagãos se marcavam com sinais sagrados para mostrar que pertenciam aos
deuses. A marca era um sinal de posse: a pessoa pertencia àquele cuja marca trazia. Os
chefes militares marcavam seus soldados; o senhor, seus escravos, como ainda hoje
fazem os criadores com suas reses. O assinalado ficava sob a proteção do senhor.
Transferindo isto para o terreno espiritual, São Paulo diz que Deus nos marcou com o seu
sinal quando nos deu o Espírito Santo (2Cor 1, 22) e que fomos assinalados em Cristo (Ef
1, 13) e acrescenta: Ninguém me moleste, porque eu trago no meu corpo os sinais do
Senhor Jesus (Gl 6, 17).
[20]
NE: Soprar para fora ou à distância.
[21]
Estes exorcismos deixaram muitos sinais na liturgia atual. No 1.º escrutínio recebiam
os Mandamentos. Era na quarta-feira da terceira semana, cujas leituras (Epístolas e
Evangelho) falam dos Mandamentos (ver no Missal). No 3º escrutínio fazia-se a abertura
dos ouvidos, preparando-os para ouvir o Símbolo, o Pater e os Evangelhos, cujos
começos eram cantados para eles. Este escrutínio era na quarta-feira da quarta semana,
cuja Missa traz muitas referências a ele (ver no Missal). O último, que se realizava na
véspera da Páscoa, continha as seguintes solenidades: a) um solene exorcismo, com
imposição de mão; b) o rito do Ephpheta; e) a unção no peito e nas costas; d) a tríplice
renúncia a Satanás; e) a profissão de fé com a recitação do Símbolo e do Pater — ritos
estes que ainda hoje se conservam.
[22]
O costume de crismar as criancinhas, outrora muito comum entre nós, quando os
Bispos eram raros, não tem mais razão de ser, uma vez que todas as nossas dioceses
são frequentemente visitadas.
[23]
NE: O mesmo que beijo.
[24]
Só muito tardiamente aparece isto como sendo uma bofetada (!) para lembrar o que
deve sofrer um soldado de Cristo.
[25]
Temos, pois, o direito de dizer que o Protestantismo não é uma religião, nem mesmo
falsa, porque não tem sacrifício nem sacerdócio.
[26]
É para isto que se destrói a vítima, para significar que Deus é o Senhor da vida, da
qual dispõe como verdadeiro dono e soberano.
[27]
NE: Culto de latria, ou seja, que se presta exclusivamente a Deus.
[28]
Era, pois, um sacrifício eucarístico ou impetratório.
[29]
O delito era uma ação má, feita inconscientemente, porém em presença de outras
pessoas; ao passo que o pecado era consciente, mas sem testemunhas.
[30]
A ganância levou essas vendas ao próprio templo, de onde Jesus expulsou os
vendedores. Comprassem fora e levassem ao templo só para o sacrifício, e não
transformassem a casa de oração em casa de comércio (Ver Mt 21, 12).
[31]
Note-se a semelhança deste rito, com o que faz o sacerdote com a hóstia e o cálice,
no Ofertório, antes de depô-los no corporal.
[32]
Na missa, o celebrante estende as mãos sobre a oblata pedindo a Deus que aceite
aquele reconhecimento de nossa submissão e nos livre da eterna condenação. Como se
vê das palavras, há uma substituição dos ofertantes pela oblata, além do sentido de
adoração. Ver no missal o Hanc Igitur.
[33]
O Senhor olhou para Abel e para suas ofertas (Gn 4, 4). A felicidade do povo, a vitória
sobre os inimigos, e os próprios frutos da terra dependiam da fidelidade aos sacrifícios.
[34]
Assim, São Paulo chama de hóstias às esmolas (Fl 4, 18) e manda que nos
apresentemos a Deus como uma hóstia viva (Rm 12, 1). E o salmista diz que um coração
contrito e humilhado é um sacrifício agradável a Deus (Sl 49 (50), 14) e que a oração é um
sacrifício de louvor.
[35]
NE: Este termo é usado em teologia para se referir à forma como Deus e a
humanidade estão unidos em Jesus Cristo, sendo Cristo Deus e Homem ao mesmo
tempo.
[36]
Assim faz também o que aconselhou o próprio Jesus: Tudo o que pedirdes ao meu Pai
em meu nome, Ele vô-lo dará (Jo 16, 23).
[37]
Basta saber que a Missa memorial da Paixão é o centro de toda a liturgia (ver o
Suscipe, Sancta Trinitas; Unde et memores; a 1ª oração antes da Comunhão). No
tempo da Paixão, há uma natural insistência no tema. No Domingo de Ramos, celebrando
o triunfo real de Cristo, põe uma oração (Deus, qui miro, etc.), que diz o simbolismo da
cerimônia. A Liturgia da Quinta e Sexta-feiras Santas é cheia de ideia do Sacrifício de
Cristo (ver em particular os Impropérios).
[38]
Mas a santidade dos que oferecem a Missa, tanto sacerdotes como os fiéis, aumenta o
valor da Missa, dando maior glória a Deus e facilitando aos homens a recepção dos frutos.
[39]
Se o pecador resiste à graça ou não se põe em condições de receber o que a Missa
pede, não se produzem estes dois últimos efeitos. A Missa é eficaz em si; falham as
disposições do sujeito.
[40]
Mas esta assistência comporta maior ou menor participação. Assim eu posso: 1)
Assistir apenas; 2) Acompanhar o celebrante, considerando as cerimônias que realiza,
escutando as leituras (ou fazendo-as em português), unindo-me às orações que ele reza,
em meu nome, porque em nome da Igreja; 3) Responder ao celebrante, executar os
cânticos na missa solene; 4) Ajudar o celebrante em tudo o que se refere à Missa, desde
o ofício do ostiário até ao de diácono; 5) Oferecer a matéria para o sacrifício — hóstia,
vinho, velas para o altar, etc; 6) Comungar na Missa, depois do sacerdote, integrando de
modo cabal o sacrifício oferecido. A cada um destes graus corresponde um aumento
do fruto.
[41]
NE: Contudo, mesmo sem receber nenhuma espórtula, recomenda-se vivamente aos
sacerdotes que celebrem a Missa segundo a intenção dos fiéis, especialmente dos
pobres.
[42]
E eis que ele (Booz) chegou de Belém, e disse aos ceifadores: O Senhor seja
convosco. Eles lhe responderam: O Senhor te abençoe (Rt 2, 4). Que diria Booz de
seus operários, se os saudasse: Dominus vobiscum, e eles continuassem conversando,
ou trabalhando, ou lhe dissessem palavras inteiramente sem ligação com a saudação que
lhes fizera?
[43]
NE: Este livro, como já mencionado, foi escrito antes da reforma litúrgica promovida
pelo Concílio Vaticano II. Para normas litúrgicas mais atuais, convém consultar o atual
Missal.
[44]
Às vezes, ele dá todo o sentido da festa numa frase rápida e profunda. Na Missa do
dia de Natal: Nasceu para nós um Pequenino, na Ressurreição: Ressuscitei; no
Pentecostes: O espírito do Senhor encheu todo o universo.
[45]
Notar a solenidade da leitura do Evangelho: o celebrante pede a Deus que lhe
purifique os lábios e o coração, e beija o livro que traz a palavra de Cristo; o povo aclama
o próprio Cristo, como se Ele estivesse presente: Louvor a vós, ó Cristo.
[46]
A genuflexão que o sacerdote faz no meio do Credo é uma adoração ao Verbo
Encarnado, ao dizer precisamente as palavras que enunciam o mistério da Encarnação
(ver no Missal).
[47]
Antigamente, retirados os catecúmenos, os fiéis levavam as suas oferendas ao altar.
Cantava-se então um salmo. Tendo-se omitido a oblação dos fiéis, o salmo se reduziu à
antífona.
[48]
O Ofertório é uma preparação indispensável, a Comunhão é o complemento
necessário que integra e consuma o Sacrifício.
[49]
Palavra grega. Significa regra, norma invariável. Está bem aplicada, porque as orações
são sempre as mesmas, salvo o Communicantes e o Hanc igitur, que têm pouquíssimas e
ligeiras intercalações durante o ano.
[50]
Estamos tirando estas indicações do seu livro La Sainte Messe expliquée dans son
Histoire et sa Liturgie. O quadro sinóptico também é seu, com modíficações nossas, para
melhor compreensão e maior facilidade.
[51]
No Communicantes são enumerados 12 Apóstolos e 12 Mártires dos mais venerados
em Roma. Aqui aparecem São João Batista, Santo Estêvão, Matias e Barnabé (Apóstolos
que não entraram na primeira relação) e outros mártires dos mais queridos em Roma.
[52]
Antigamente a fração dos pães para dar a Comunhão ao povo ocupava Bispo,
sacerdotes e diáconos e era feita em silêncio. Mas demorava. E o Papa Sérgio (século
VII) introduziu o canto do Agnus Dei pelo clero e o povo durante a fração. É bem o
Cordeiro de Deus que está sendo imolado, prestes a ser consumido no banquete sagrado.
[53]
NE: Se trata da passagem do Evangelho de João, Capítulo 1, versículos do 1 ao 14.
[54]
NE: No texto original estava também: “os que a ouvem diariamente para comungar...
não sabem o que é a Missa”. Como a comunhão diária é altamente recomendada pela
Igreja e o próprio autor também a recomenda no Capítulo 5, acredito que seja algum erro
ou o sentido não está muito claro. Assim, resolvi tirar do texto e explicar pela presente
nota o motivo.
[55]
NE: Para um estudo e reflexão mais aprofundada sobre o Santo Sacrifício da Missa,
adquira o livro que reeditamos: A Santa Missa para Leigos do Frei Martinho de Cochem.
Publicado originalmente na Alemanha em 1704.
[56]
As genuflexões depois da Consagração, por exemplo. A elevação à Consagração foi
introduzida para os fiéis adorarem a Eucaristia. Neste momento os fiéis devem olhar a
Hóstia e não baixar a cabeça. Como ato de adoração, é costume aprovado e
indulgenciado dizer-se em voz submissa: Meu Senhor e meu Deus — as palavras de
adoração de São Tomé.
[57]
Muito popular é a Benção do Santíssimo, que se introduziu na Igreja nos fins do
século XV. Não faz parte do culto litúrgico. É simples ato de devoção. As Horas Santas
tomam também grande incremento. As Procissões do Santíssimo, promovidas pelos
Congressos e Semanas Eucarísticas, prestam à Eucaristia uma honra social reparadora
do abandono em que vive o Senhor na maioria dos sacrários. A Visita ao Santíssimo, ao
mesmo tempo, homenageia a Jesus e acostuma à meditação, quando não é feita somente
pelos livros. Devemos manter o costume de se descobrirem os homens e se benzerem
as mulheres, quando passam defronte das igrejas onde está o Santíssimo Sacramento.
Mas não esqueçamos que, por importantes que sejam, estes atos são secundários e,
dando-lhes bom acolhimento, reservaremos sempre à Comunhão e sobretudo à Missa
o lugar primordial que a Igreja sempre lhes deu.
[58]
Cuidem disto, de modo especial, os colegiais, a quem o demônio tentar à Sagrada
Comunhão para agradar aos superiores, ou para não destoar dos companheiros que
comungam, ou para adquirir vantagens temporais.
[59]
NE: O Papa Paulo VI, em 1965, reduziu a 1 hora.
[60]
Foi Jesus mesmo que disse: Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue,
permanece em mim e eu nele (Jo 6, 57).
[61]
Devemos entender por fervor a disposição para o serviço de Deus e a prática da
virtude, e não propriamente uma excitação sensível, que não faz parte da santidade.
[62]
NE: Para um estudo e reflexão mais aprofundada sobre a Santa Eucaristia, adquira o
livro que reeditamos: O Santo Sacramento da Eucaristia do Frei Benvindo Destéfani..
Publicado originalmente em 1940.
[63]
O mais usual é passar em revista os Mandamentos de Deus e da Igreja, os pecados
capitais, os deveres de estado. Pode nos servir de guia o exame de consciência que
trazem os livros de orações, contanto que não nos prendamos servilmente a ele.
[64]
Isto é necessário porque o padre tem de julgar para perdoar ou reter os pecados. Um
juiz precisa de conhecer o crime a as disposições do réu, para saber se absolve ou não.
Quem contasse ao padre seus pecados para receber conselhos apenas, ou por desabafo,
não faria uma confissão.
[65]
Deus diz por Ezequiel: Se o ímpio fizer penitência de todos os pecados que cometeu...
eu não me lembrarei mais de nenhuma das iniquidades que praticou (Ez 18, 21-22).
[66]
NE: Pecado de ter vergonha de assumir a posição de cristão, sobretudo de católico,
nos meios em que se vive.
[67]
Dirão, talvez, que são inúmeros os que foram ungidos e morreram. Respondemos: 1)
A Extrema-Unção não suprime a lei da morte; 2) Não é possível o sacramento produzir
este efeito, quando administrado a quem já está expirando. Poderíamos respondem
também que sabemos que muitíssimos outros que não foram ungidos... e morreram!
A experiência mostra que, ungidos em tempo, os enfermos experimentam melhoras; e
ainda que morram (como é natural), morrem muito mais tranquilos, e como bons cristãos.
[68]
O Ritual traz os 7 salmos penitenciais; orações e bênçãos para o enfermo; orações
para a agonia, a expiração, e a Bênção apostólica com indulgência plenária, que se dá
quase sempre depois da Extrema-Unção.
[69]
Quando Deus quer que um jovem entre para o sacerdócio, Ele o chama; dá-lhe as
qualidades necessárias ao cumprimento dos deveres sacerdotais, a indispensável virtude
e a reta intenção de ir para o sacerdócio com os fins para que Cristo o instituiu, e não com
vistas humanas.
[70]
Pelo Batismo começamos a participar do sacerdócio de Cristo, com direito a unir-nos
a seu sacrifício e a receber os sacramentos. Pelo Crisma fomos convocados oficialmente
a trabalhar pela Igreja e pela salvação das almas. Pela Ordem o padre tem o poder de
exercer as funções de Cristo, oferecendo o seu mesmo sacrifício e administrando os
sacramentos.
[71]
Taine, o conhecido escritor francês, era anticatólico, mas escreveu estas palavras
dignas de divulgação: Todos os ladrões, todos os comunistas, todos os desordeiros, todos
os ébrios, todos os pervertidos, todos os indivíduos dignos de prisão são inimigos dos
padres. Em compensação, todos os homens de brio, de bem, honestos, caridosos,
estimáveis, delicados, todos estes simpatizam com os sacerdotes professando respeito
por eles.
[72]
As funções do ostiário são: 1) Abrir e fechar as portas do templo, impedindo a entrada
de pessoas indignas; 2) Cuidar da sacristia e dos objetos do culto; 3) Tocar os sinos e
campainhas, chamando os fiéis para os ofícios divinos; 4) Sustentar o livro do Evangelho
ao pregador.
[73]
NE: Cada um dos dois pequenos vasos que contêm o vinho e a água usados na
celebração da Missa.
[74]
Há muitos outros títulos que são apenas honras ou correspondem a cargos que
sacerdotes ou Bispos ocupam. Cardeal, monsenhor, etc; são simples honras com que a
Santa Sé distingue virtudes e serviços à Igreja. Essas honras são, como é claro, muito
inferiores à dignidade sacerdotal.
[75]
E a própria natureza (porque há no homem características inteiramente diferentes das
da mulher e que se completam maravilhosamente) inclina um para o outro, a fim de que
na vida comum cada qual encontre no outro aquilo que lhe falta.
[76]
É melhor casar-se do que abrasar-se (1Cor 7, 9). Por causa dos perigos da
incontinência, cada um tenha a sua mulher e cada uma tenha o seu marido (1Cor 7, 2).
[77]
As mulheres sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor; pois o marido é a
cabeça da mulher como Cristo é a cabeça da Igreja (Ef 5, 22-23).
[78]
Os jovens que pretendem casar-se leiam depois meu livro Noivos e Esposos, no qual
são estudados os problemas do matrimônio.
[79]
Quando se casou, o jovem Tobias, modelo de esposo temente a Deus, rezou assim:
Senhor, tu sabes que não é por motivo de paixão que tomo esta minha irmã por esposa,
mas só pelo desejo de ter filhos, pelos quais o teu nome seja bendito pelos séculos dos
séculos (Tb 8, 9).
Esta irmã era prima, filha de um irmão do pai de Tobias. Era costume dos orientais chamar
de irmãos aos parentes mais próximos. É assim que os Evangelhos falam em irmãos de
Jesus ao referir-se aos seus primos (ver Mt 13, 55).
[80]
NE: Atualmente, casamento entre primos segundos não anulam mais o matrimônio.
[81]
Ver o folheto: Não te Cases com Ele, do Padre Geraldo Pires de Souza, sobre os
casamentos mistos.
[82]
Não a damos integralmente aqui; mas para terem uma ideia, diremos que nela se pede
que Deus os una (Intróito), os encha de sua graça (Coleta), e lhes dê muitos filhos
(Gradual) e os proteja e vele por eles (Aleluia) e disponha bem a sua vida (Secreta) e os
faça ver os filhos de seus filhos (Communio) e os conserve numa paz duradoura (Pos-
Communio). A Epístola é de São Paulo aos Efésios (5, 21-33), naquele trecho em que o
Apóstolo compara o casamento com a união de Cristo com a Igreja: Cristo amou a Igreja
até morrer por ela, mas a Igreja é submissa a Cristo. Neste puro e elevado amor se deve
inspirar o dos esposos. O Evangelho é aquele trecho de São Mateus (19, 3-6), em que
Jesus Cristo reafirma a indissolubilidade do matrimônio, lembrando a Igreja com isto aos
esposos que eles estão unidos até à morte.
[83]
Pede a Deus que criou a mulher para companheira do homem e instituiu o casamento
indissolúvel, que santificou a união conjugal pelo sacramento, que proteja aquela esposa,
tornando-lhe leve o jugo matrimonial, fazendo-a fiel e casta, amável e sábia, longeva e
modesta, fecunda e virtuosa, e que ambos vejam seus descendentes até a terceira e
quarta geração.

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