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3o.

DOMINGO DA QUARESMA
(Ex 20, 1-17; Sl 18; 1Cor 1,22-25; João 2,13-25)

O que seria uma religião verdadeira? Ao longo da Bíblia, encontramos uma


resposta invariável: é aquela pensada e vivida à luz de um projeto de libertação.
Toda religião que aprisiona as pessoas e impede seu crescimento deixa de
representar a verdade e passa a ser grande mentira. Deus sempre é aquele que
propõe e defende a vida e, portanto, a religião invariavelmente necessita se por ao
lado daquelas pessoas que vivem em estado de empobrecimento.
Neste domingo, a liturgia nos leva a perceber que a religião verdadeira
somente pode ser pensada à luz de um projeto de libertação. Nada do que aprisiona
e mantém o ser humano em um estado de anti-vida pode ser considerado como
divino.
Dessa forma, as leituras propostas na liturgia da palavra de hoje nos
orientam a vivermos religiosamente de verdade, onde os ritos, as orações, enfim,
aquilo compõe o corpo doutrinal de nossa religião venha a nos ajudar a se aproximar
de Deus na pessoa do outro.
A primeira leitura demonstra que o terreno onde se constrói os dez mandamentos é
a liberdade: “Eu sou Javé seu Deus, que tirou você da terra do Egito, da casa da
escravidão” (Ex 20,2). A sociedade que se espera construir à luz dos mandamentos
é baseada em relações de libertação, fraternidade e solidariedade; uma sociedade
onde caibam todos. Já na segunda leitura, Paulo, escrevendo aos Coríntios,
descreve a complexidade da mensagem de Jesus aos olhos de alguns grupos: seria
uma impostura para os judeus e loucura para os gregos. Anunciar um Messias
crucificado seria um despropósito! Afinal, a cruz não seria a negação da própria
vocação do Messias? A cruz de Cristo pode, sim, parecer loucura e sinal inevitável
de fraqueza. Todavia, Deus transformou a cruz em sabedoria e caminho de
salvação. Na teologia paulina, cresceu substancialmente a compreensão e a
convicção de que Deus escolheu preferencialmente os mais empobrecidos.

É exatamente por isso que Jesus tomará, logo no inicio de seu ministério,
uma atitude que o marcará consideravelmente diante do povo e dos chefes
religiosos e políticos do seu tempo. Uma atitude profética em favor dos pobres que
eram explorados pelo sistema econômico e politico. A atitude de Jesus é drástica,
porque a situação era drástica. Se para o povo isso representou a que Jesus veio,
as lideranças de seu tempo desde então procuraram um meio de se livrar dele.

Neste tempo quaresmal, tempo de renovação e conversão, tempo da


campanha da Fraternidade que convoca a Igreja a uma inserção mais profunda no
meio social, a reconhecer os valores que a sociedade moderna trouxe, como por
exemplo: o respeito pelas diferenças e neste dia internacional da mulher, a
valorização da mulher como companheira, com os mesmos direitos do homem.
Valores alicerçados no evangelho que no entanto não foram valorizados o suficiente
até recentemente, seja na igreja, seja na sociedade. Reconhecer a dignidade da
mulher, feita a imagem e semelhança de Deus, é devolver a ela o que Cristo deu:
dignidade, reconhecimento. A presença da mulher na Igreja a torna mais semelhante
ao rosto de Deus.

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