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4 Editorial
Sentimento e abnegação
11 Entrevista: Clauber Campos Cecconi
O artista das capas de livros
Fundada em 21 de janeiro de 1883
Fundador: AUGUSTO ELIAS DA S ILVA 21 Esflorando o Evangelho
O novo mandamento – Emmanuel
Revista de Espiritismo Cristão 22 Falando de Livro
Ano 131 / Abril, 2013 / N o 2.209
O livro espírita na FEB – Geraldo Campetti Sobrinho
ISSN 1413-1749 27 Em dia com o Espiritismo
Propriedade e orientação da
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Biodiversidade biológica – Marta Antunes Moura
Diretor Interino: ANTONIO CESAR PERRI DE CARVALHO
Editor: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES 30 Evangelização Espírita Infantojuvenil
Redatores: ALTIVO FERREIRA, EVANDRO NOLETO BEZERRA,
GERALDO CAMPETTI SOBRINHO, JOSÉ CARLOS DA SILVA
A tarefa de evangelização no Centro Espírita –
SILVEIRA E MARTA ANTUNES DE OLIVEIRA DE MOURA Departamento de Infância e Juventude/FEB
Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA
35 A FEB e o Esperanto
Gerente: SADY GUILHERME SCHMIDT
Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E “Nosso lar” na Hungria via Esperanto – Affonso Soares
SARAÍ AYRES TORRES
Equipe de Revisão: WAGNA CARVALHO E ISAURA DA 36 Doutrina Espírita / Spiritisma Doktrino
SILVA KAUFMAN
Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA 39 Reformador de ontem
Capa: AGADYR TORRES PEREIRA
Um livro sublime – Ismael Gomes Braga
REFORMADOR: Registro de publicação
o
n 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de 42 Seara Espírita
Polícia Federal do Ministério da Justiça)
CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503 5 Moradas do Espírito – Christiano Torchi
Direção e Redação: 8 Religiosidade juvenil – Fator de importância para o
SGAN 603 – Conjunto F – L2 Norte
70830-030 • Brasília (DF) Espiritismo – Clara Lila Gonzalez de Araújo
Tel.: (61) 2101-6150
FAX: (61) 3322-0523 13 Paralelismo neuropsicofísico – Richard Simonetti
Home page: http://www.febnet.org.br 14 Educar – Vinícius
E-mail: feb@febnet.org.br
15 O livro dos espíritos – Farol a indicar caminhos
Departamento Editorial:
Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040 (Capa) – A. Merci Spada Borges
Rio de Janeiro (RJ) • Brasil
Tel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298
18 Ave, Cristo! – 60 anos de lançamento –
E-mails: redacao.reformador@febrasil.org.br Antonio Cesar Perri de Carvalho
feb@febrasil.org.br
23 Ao leitor
PARA O BRASIL 24 Esde – 30 anos – Ide e pregai
Assinatura anual R$ 52,00
Assinatura digital anual R$ 24,00
32 O século XXI chegou. A lei de talião finalmente se
Número avulso R$ 7,00 foi? – Rogério Miguez
PARA O EXTERIOR
Assinatura anual US$ 50,00
34 Allan Kardec – Mário Frigéri
Assinatura de Reformador: 37 Seminário, ações sobre o Evangelho e início de
Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274
www.feblivraria.com.br cursos na FEB
assinaturas.reformador@febrasil.org.br 38 O bom livro – André Luiz
Editorial
Sentimento e
abnegação
N
as efemérides do ano em curso, dois portentosos romances de auto-
ria do Espírito Emmanuel – Renúncia e Ave, Cristo! – completam,
respectivamente, 70 e 60 anos de lançamento pela FEB.
Dois enredos assentados em episódios, nos quais a mensagem do Cristianismo é
o pano de fundo e transbordam as emoções e sentimentos humanos.
O autor espiritual destaca na apresentação de Renúncia: “Este é um livro de
sentimento, para quem aprecie a experiência humana através do coração. [...]”.1
Os grandes exemplos de renúncia da personagem Alcíone são comparáveis aos de
Quinto Varro, em Ave, Cristo!, e dos que entregaram suas vidas sob a égide do
clamor: “Ave, Cristo! os que aspiram à glória de servir em teu nome te glorificam e
saúdam!”.2
A dedicação e renúncia dos cristãos primitivos se repetiram em outros momentos
de nossa civilização, através de personificações nobres e altaneiras.
O Espiritismo, em sua obra inaugural, define claramente: “A verdadeira adoração
é a do coração. [...]”3 e esta se concretiza com aperfeiçoamento moral e espiritual.
O Espírito de Verdade define que a sabedoria humana reside em duas palavras:
“[...] A abnegação e o devotamento são uma prece contínua e encerram um ensina-
mento profundo. [...]”.4
Nos momentos difíceis de nossos tempos, a grande tarefa é a concretização das
propostas cristãs com a compreensão adquirida na Doutrina Espírita.
1
XAVIER, Francisco C. Renúncia. Pelo Espírito Emmanuel. 3. ed. esp. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.
Velhas Recordações, p. 8.
2
Idem. Ave, Cristo! Pelo Espírito Emmanuel. 1. reimp. Brasília: FEB, 2012. Ave, Cristo!, p. 8.
3
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB,
2011. q. 653.
4
Idem. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB,
2012. cap. 6, it. 8.
H
á longo tempo questiona- com dogmas impostos pela teologia Os Espíritos superiores defini-
-se sobre o real significado humana, que embutem promessas ram o paraíso ou o céu como sendo
da máxima:“Na casa de meu vazias de um céu beatífico, a ser
Pai há muitas moradas” (João, 14:2). conquistado com a prática de me- o espaço universal; são os pla-
O Espiritismo, revelando o princí- ros rituais exteriores, ou que pre- netas, as estrelas e todos os
pio da pluralidade dos mundos ha- gam a existência de um inferno ter- mundos superiores, onde os Es-
bitados, alargou o conceito, situan- rível, como destino fatal e irrevogá- píritos gozam de todas as suas
do as “moradas do Pai” nos mundos vel daqueles que cometem erros faculdades, sem as tribulações
físicos que formam o Universo, on- em uma única existência física. da vida material, nem as angús-
de vivem e progridem outras comu- Os Espíritos superiores ensinam tias inerentes à inferioridade.3
nidades humanas. Localizou, ainda, que não há um lugar restrito no
tais moradas nos planos espirituais Universo, destinado às penas e aos Os dicionários humanos não
superiores, intermediários e inferio- gozos dos Espíritos. Em realidade, contêm palavras suficientes para
res, onde a vida pulsa com a mesma as penas e os gozos refletem o grau explicar a felicidade dos que con-
intensidade dos grandes centros de perfeição do Espírito. Quanto quistaram o céu em si mesmos:
urbanos da Terra. Mas não ficou só mais atrasado em moralidade, mais
nisso, esclareceu que as moradas sujeito aos sofrimentos. Quanto A suprema felicidade consiste no
também representam as infinitas mais adiantado, mais livre e feliz. gozo de todos os esplendores da
faixas evolutivas do psiquismo, on- Portanto, como a felicidade e a Criação, que nenhuma lingua-
de se agitam pensamentos e senti- infelicidade constituem verdadeiras gem humana jamais poderia des-
mentos em vasta gama, a expressar “moradas” ou criação dos Espíritos, crever, que a imaginação mais
o estado feliz ou infeliz do Espírito. os quais estão por toda a parte, é fecunda não poderia conceber.
O conceito de moradas como lícito dizer que não há nenhum Consiste também na penetração
departamentos da mente possui es- lugar limitado que se destine a uns de todas as coisas, na ausência de
treita relação com a temática “pa- ou a outros. De fato, a noção de céu sofrimentos físicos e morais,
raíso, inferno, purgatório, paraíso e inferno, em seu conceito tradicio- numa satisfação íntima, numa
perdido e pecado original”.1 Por nal, como regiões localizadas no alto serenidade de alma imperturbá-
que tais ideias, sobretudo paraíso e e embaixo, respectivamente, encon- vel, no amor que envolve todos
inferno, andam tão desacreditadas? tra-se superada pelo avanço das os seres, por causa da ausência
O homem está sedento de conhe- ciências, que destruiu a ideia de que de atrito pelo contato dos maus,
cimentos e não se contenta mais a Terra era o centro do Universo.2 e, acima de tudo, na contempla-
O artista das
capas de livros
Clauber Campos Cecconi comenta sobre sua atuação como capista de obras
editadas pela FEB e sobre a importância da capa de um livro. Atua há 50 anos
no campo da Arte (pintura). Desde 2006 ocupa a Cadeira n o 15 na Academia
Brasileira de Belas Artes, que pertenceu ao pintor Pedro Américo
Reformador: Teria
algum comentá-
Capa do livro da FEB, Bem-aven- rio final?
turados os simples, e quadro Cecconi: Consi-
Abertura do Mar Vermelho, dero-me privile-
ambos pintados por Cecconi giado em poder
ser entrevistado
Cecconi: Não tinha preferência! pela revista Re-
Fui apenas um profissional formador da FEB.
executando meu trabalho de Arte. Lembro que toda
leitura boa de-
Reformador: Como trabalhava: Cecconi: Produzia as capas em monstra cultura. E o espírita lê
na FEB ou em outro local? Quan- outro local, no meu Estúdio muito! A produção da FEB sem-
tas capas produziu para a FEB? (Cecconi Comunicação Visual), pre foi de alto nível.
F
ala-se que o século XXI será Opção sexual, inteligência, essas conclusões, pretendendo que
o século do cérebro, com a uti- doenças, depressão, déficit de derrubam o princípio da reen-
lização de modernos instru- atenção, vícios, enfim, tudo es- carnação, segundo o qual nossa
mentos de pesquisa, como a resso- taria sujeito à condição neuro- maneira de ser, com tendências
nância magnética e a tomografia lógica do indivíduo. e motivações, facilidades e limi-
computadorizada, que permitem tações, guarda sua origem em pre-
uma visão ampla dos socavões da téritas existências.
massa encefálica. Como sempre, falta aos de-
Com base nesses recur- tratores um mínimo de coe-
sos, está em moda, nos rência em suas observa-
meios científicos, o ções, a partir da iniciativa
princípio do Paralelis- elementar de, primei-
mo Neuropsicofísico, ro, conhecer a Dou-
segundo o qual o trina Espírita, para
histórico do indiví- depois criticá-la.
duo, com suas ten- Se se dessem ao
dências, aptidões, trabalho de estudar,
fragilidades, limita- verificariam que es-
ções, doenças e defi- se paralelismo em
ciências, está subordi- nada compromete os
nado às disposições da princípios doutriná-
massa cerebral. rios.
Pesquisadores avançam A razão é simples: o ar-
nesse paralelismo. A todo mo- ranjo das células cerebrais
mento, estamos vendo a mídia des- não obedece a circunstâncias alea-
tacar situações e tendências com- tórias. Ocorre a partir do molde
portamentais, que seriam originá- Como era de esperar, mate- perispiritual.
rias do arranjo das células na cai- rialistas e adeptos de outras reli- O Espírito tem em seu corpo
xa craniana. giões brandem em nossa cabeça espiritual, o períspirito, o somató-
O livro dos
espíritos Farol a indicar caminhos
A. M E R C I S PA DA B O R G E S
A
história das civilizações se mento da natureza dos Espí- Seu conteúdo se distribui em
perpetua através dos livros, ritos e nos mistérios da vida quatro partes; os temas, adrede-
proporcionando o enri- de além-túmulo. Quem o lê mente escolhidos, são desenvol-
quecimento histórico e cultural vidos de forma muito original:
dos povos. O livro, cada vez perguntas e respostas. É uma
mais lido, torna-se instru- disposição que facilita agra-
mento atuante sobre a men- davelmente a leitura e o seu
te humana. Os livros tanto entendimento.
podem enriquecer, ampliar, A primeira edição dessa obra
libertar, quanto deturpar ou monumental foi revelada ao
escravizar consciências. Por- público a 18 de abril de 1857.
tanto, é necessário valorizar Não foi por acaso que essa data
aqueles que dignificam o ho- ficou gravada nos anais do Espi-
mem. Sob a luz abençoada do ritismo. Tão importante se tor-
Consolador, O livro dos espí- nou que, na atualidade, foi insti-
ritos comemora 156 anos a tuída como Dia Nacional do Es-
iluminar consciências. piritismo.
Segundo publicação do pró- O êxito do lançamento foi es-
prio Codificador: plêndido. A primeira edição esgo-
tou-se rapidamente. Em março
Contém a doutrina comple- de 1860, após revista, corrigida e
ta, como a ditaram os pró- ampliada, foi lançada a segunda edi-
prios Espíritos, com toda a ção, com seu conteúdo e formato
sua filosofia e todas as suas compreende que o Espiritis- definitivos. Completou-se, dessa
consequências morais. É a re- mo objetiva um fim sério, forma, o primeiro livro da Codifi-
velação do destino do ho- que não constitui frívolo pas- cação Espírita em toda sua ampli-
mem, a iniciação no conheci- satempo. 1 tude filosófica e moral.2
O Espírito Baluze, em comuni- época se apressaram a publicar rio desencarnado, foi publicada a
cação mediúnica e espontânea, artigos favoráveis sobre essa obra sua biografia, de que extraímos o
faz referência a esse estandarte do monumental: seguinte excerto:
Espiritismo:
O livro dos espíritos, do Sr. Data do aparecimento de O
E quando tantas esperanças não Allan Kardec, é uma página no- livro dos espíritos a fundação
pedem senão para se espalhar, va do grande livro do infinito, e do Espiritismo que, até então,
quando tantas outras regiões estamos persuadidos de que só contara com elementos es-
estão, como essa, numa prostra- um marcador assinalará essa parsos, sem coordenação, e
ção mortal, desejamos que, em página. Ficaríamos desolados se cujo alcance nem toda gente
todos os corações, em todos os pensassem que acabamos de fa- pudera apreender. A partir
recantos perdidos deste mun- zer aqui um anúncio biblio- daquele momento, a doutrina
do, penetre O livro dos espíritos. gráfico; se pudéssemos supor prendeu a atenção dos homens
Só a doutrina que ele encerra que assim fora, quebraríamos sérios e tomou rápido desen-
será capaz de mudar o espírito a nossa pena imediatamente. volvimento. Em poucos anos,
das populações [...].3 (Destaque Não conhecemos absolutamen- aquelas ideias conquistaram
nosso.) te o autor, mas confessamos numerosos aderentes em todas
abertamente que ficaríamos fe- as camadas sociais e em todos
Em 1868, ao ser lançada A gê- lizes em conhecê-lo. Aquele que os países. Esse êxito sem pre-
nese, Allan Kardec ressalta em escreveu a introdução que ini- cedentes decorreu sem dúvida
suas páginas: cia O livro dos espíritos deve ter da simpatia que tais ideias des-
a alma aberta a todos os senti- pertaram, mas também é de-
O livro dos espíritos só teve con- mentos nobres. vido, em grande parte, à cla-
solidado o seu crédito, por ser a [...] reza com que foram expostas
expressão de um pensamento A todos os deserdados da Terra, e que é um dos característicos
coletivo, geral. Em abril de 1867, a todos os que caminham e dos escritos de Allan Kardec.6
completou o seu primeiro perío- caem, regando com suas lágri- (Destaque nosso.)
do decenal. Nesse intervalo, os mas o pó da estrada, diremos:
princípios fundamentais, cujas Lede O livro dos espíritos; isso O Sr. Camille Flammarion fez
bases ele assentara, foram suces- vos tornará mais fortes. Tam- um discurso emocionante junto
sivamente completados e desen- bém aos felizes, aos que pelos ao túmulo de Kardec:
volvidos, por virtude da progres- caminhos só encontram os
sividade do ensino dos Espíritos. aplausos da multidão ou os sor- [...] Quando, pelo ano de 1850,
Nenhum, porém, recebeu des- risos da fortuna, diremos: Estu- as manifestações, novas na
mentido da experiência; todos, dai-o; ele vos tornará melho- aparência, das mesas girantes,
sem exceção, permaneceram de res.5 (Destaques nosso.) das pancadas sem causa osten-
pé, mais vivazes do que nunca, siva, dos movimentos insólitos
enquanto que, de todas as ideias Chegara o momento em que o de objetos e móveis começa-
contraditórias que alguns tenta- eminente trabalhador deveria re- ram a prender a atenção pública,
ram opor-lhe, nenhuma preva- tornar ao lar espiritual. Comple- determinando mesmo, nos de
leceu [...].4 (Destaque nosso.) tara galhardamente a missão a imaginação aventureira, uma
que viera: a Codificação estava es- espécie de febre, devida à novi-
Tão importante se tornou O li- truturada no Pentateuco Conso- dade de tais experiências, Allan
vro dos espíritos que os jornais da lador. Tendo o grande missioná- Kardec, estudando ao mesmo
tempo o magnetismo e seus espíritos alcançou sua décima sexta 2. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB,
singulares efeitos, acompanhou edição francesa. E, nos dias atuais, 2009. Lembrança retrospectiva de um
com a maior paciência e clari- após 156 anos de divulgação, a obra Espírito.
4
vidência judiciosa as experimen- basilar da Codificação já foi tradu- ______. A gênese. Trad. Guillon Ribeiro,
tações e as tentativas numero- zida para as mais diversas línguas 52. ed. 5. reimp. Rio de Janeiro: FEB,
sas que então se faziam em Paris. do mundo, entre elas o japonês. 2012. Introdução, p. 16.
5
Recolheu e pôs em ordem os re- O livro dos espíritos é o alicerce ______. Revista espírita: jornal de estu-
sultados conseguidos dessa lon- sólido, a pedra angular dessa con- dos psicológicos. ano 1, n. 1, p. 64 e 65,
ga observação e com eles compôs soladora Doutrina, revivescência do jan. 1858. Trad. Evandro Noleto Bezerra.
o corpo de doutrina que publi- Evangelho de Jesus.8 4. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011.
cou em 1857, na primeira edição A Doutrina Espírita, p. 64 e 65.
6
de O livro dos espíritos. Todos Referências: ______. ______. ano 12, n. 5, p. 188 e
1
sabeis que êxito alcançou essa KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. 189, mai. 1869. Trad. Evandro Noleto Be-
obra, na França e no estrangeiro. Trad. Guillon Ribeiro. 80. ed. 4. reimp. zerra. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
Havendo atingido a 16a edição, Rio de Janeiro: FEB, 2012. pt. 1, cap. 3, Do Biografia do sr. Allan Kardec.
7
tem espalhado em todas as clas- método, it. 35. ______. ______. p. 197. Discursos pro-
2
ses esse corpo de doutrina ele- ______. Revista espírita: jornal de estudos nunciados junto ao túmulo. O espiritismo
mentar [...].7 (Destaque nosso.) psicológicos, ano 3, n. 3, p. 154 e 155, mar. e a ciência.
8
1860. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco.
Doze anos depois de seu lança- 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. À venda Allan Kardec – Pesquisa biobibliográfica e
mento, precisamente em maio de O livro dos espíritos – Segunda edição. ensaios de interpretação. 4. ed. Rio de Ja-
3
1869, após a desencarnação do ______. ______. ano 9, n. 5, p. 199, mai. neiro: FEB, 1998. v. 3, cap. 1, As obras es-
amorável Codificador, O livro dos 1866. Trad. Evandro Noleto Bezerra. píritas de Allan Kardec.
A
os 18 de abril de 1953, Os romances históricos do cita- Hoje, como outrora, na organi-
Emmanuel – o orientador do autor espiritual focalizam cená- zação social em decadência, Je-
espiritual de Francisco rios relacionados com a história do sus avança no mundo, restau-
Cândido Xavier – assinou a apre- Cristianismo: quatro deles vincula- rando a esperança e a fraterni-
sentação de Ave, Cristo!, em Pedro dos aos séculos iniciais do movi- dade, para que o santuário do
Leopoldo (MG), dando por con- mento cristão, enquanto Renúncia amor seja reconstituído em
cluída a redação do livro, que foi tem como pano de fundo algumas seus legítimos fundamentos.4
lançado pela FEB na passagem de ações religiosas na Espanha e na
novembro para dezembro do mes- França. Mesmo considerando-se as O século III é o cenário para as
mo ano. Já na edição de dezembro diferenças de contextos, “os cinco tramas relatadas em Ave, Cristo!.
de 1953, Reformador estampava romances em questão são adequa- No decorrer do período focali-
uma resenha da obra, sob o título dos e direcionados às vivências em zado no romance – quase 50 anos
Monumentos literários: curso no nosso tempo”.2 Tais obras – sucederam-se vários impera-
dores, diversos deles citados pelo
É o relato de uma série imensa [...] têm a finalidade de nos ser- autor espiritual: de Caracala –
de crimes, cometidos no tercei- vir de roteiro e fonte de inspira- governo de 211 a 217 d.C., pas-
ro século de nossa era, demons- ção para melhor conduzirmos, sando por Macrino, Heliogábalo,
trando a degradação do Paga- em termos morais, as nossas vi- Alexandre Severo, Maximino,
nismo na decadência do Império das. Ademais, o autor espiritual Gordiano, Filipe, Décio, Gallus,
Romano, e o triunfo do Cris- nos induz à reflexão sobre a Emiliano, até Valeriano (período
tianismo no martírio de multi- existência de certa similitude 253 a 260 d.C.). O enredo se de-
dões de Espíritos sublimes que entre o momento em que vive- senrola na capital do Império, na
desceram à Terra para exempli- mos e os três primeiros séculos Gália Narbonense e na região
ficar a Boa Nova.1 do Cristianismo – época em que da Campânia.
transcorreu a maior parte das A história dos personagens se
Esta edição de Reformador tam- histórias por ele narradas. [...]3 desenvolve a partir de episódio
bém publicava um anúncio: “Natal! trágico durante viagem em navio
Ano Novo! Presenteie seu amigo Na apresentação de Ave, Cristo!, de propriedade de Opílio Veturo,
com Ave, Cristo!”.1 Emmanuel fez a seguinte colocação: no momento em que Ápio Corvino
O novo
mandamento “Um novo mandamento vos dou:
– Que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei.”
– Jesus. (João, 13:34.)
A
leitura despercebida do texto induziria o leitor a sentir nessas palavras do
Mestre absoluta identidade com o seu ensinamento relativo à regra áurea.
Entretanto, é preciso salientar a diferença.
O “ama a teu próximo como a ti mesmo” é diverso do “que vos ameis uns
aos outros como Eu vos amei”.
O primeiro institui um dever, em cuja execução não é razoável que o homem
cogite da compreensão alheia. O aprendiz amará o próximo como a si mesmo.
Jesus, porém, engrandeceu a fórmula, criando o novo mandamento na comuni-
dade cristã. O Mestre refere-se a isso na derradeira reunião com os amigos queri-
dos, na intimidade dos corações.
A recomendação “que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei” assegura o
regime da verdadeira solidariedade entre os discípulos, garante a confiança frater-
nal e a certeza do entendimento recíproco.
Em todas as relações comuns, o cristão amará o próximo como a si mesmo, reco-
nhecendo, contudo, que no lar de sua fé conta com irmãos que se amparam efeti-
vamente uns aos outros.
Esse é o novo mandamento que estabeleceu a intimidade legítima entre os que se
entregaram ao Cristo, significando que, em seus ambientes de trabalho, há quem
se sacrifique e quem compreenda o sacrifício, quem ame e se sinta amado, quem faz
o bem e quem saiba agradecer.
Em qualquer círculo do Evangelho, onde essa característica não assinala as mani-
festações dos companheiros entre si, os argumentos da Boa Nova podem haver atin-
gido os cérebros indagadores, mas ainda não penetraram o santuário dos corações.
Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. 3. reimp. Brasília: FEB, 2012. cap. 179.
O livro
espírita
na FEB
“O livro espírita é dos maiores veículos de divulgação da Doutrina codificada por
Allan Kardec, levando a mensagem para as mais longínquas partes do mundo.” 1
A
centenária e respeitável
instituição Federação
Espírita Brasileira (FEB),
desde seus primórdios, no final
do século XIX, quando foi fun-
dada, já se ocupava com impor-
tantes serviços para promover
a divulgação do Espiritismo.
O cuidado em preservar a
documentação arquivística, a fun-
dação da primeira livraria, a or-
ganização da biblioteca e a publi-
Foto da livraria antiga na Sede Histórica da FEB, Av. Passos
cação das obras sob os seus aus-
pícios constituíram impactantes ini- tante o desenvolvimento cientí- Atribuída a Mário Quintana,
ciativas da Casa de Ismael até mea- fico e tecnológico, com a inven- a feliz expressão: “Os livros não
dos do século XX, quando se insta- ção de poderosas mídias eletrô- mudam o mundo, quem muda o
lou o parque gráfico da Federação e nicas e digitais, guardou em seu mundo são as pessoas. Os livros
inaugurou-se, na gestão de Wantuil conceito a admirável capacidade só mudam as pessoas” apresenta,
de Freitas, o que ficou internamente adaptativa de acompanhar a evo- com inteligência, a extraordinária
conhecido como “a cidade do livro”. lução dos tempos e permanecer missão desse companheiro de to-
O livro foi o principal veículo atual e imprescindível ao registro, das as horas, nos mais diversificados
de difusão doutrinária. E, não obs- resgate e estudo de informações, formatos, sempre com o propósito
assim como à aquisição e pros- de ilustrar, esclarecer e consolar, in-
1 pecção de conhecimentos trans- termediando os saberes acumula-
CAMPETTI SOBRINHO, Geraldo (Coord.).
O espiritismo de a a z. 4. ed. 2. reimp. Rio de Ja- formadores de costumes e cultu- dos no processo de evolução antro-
neiro, FEB: 2012. Verbete livro espírita, p. 514. ras sociais e espirituais. possociopsicológica e espiritual do
ser humano nas variadas fases por rança no segmento cada vez mais tálogo da maior editora espírita
que atravessou a Humanidade. numeroso da população mundial do Brasil e do planeta, com a pro-
O livro é o médium da informa- de pessoas na terceira idade. fícua produção do “livro espírita
ção, do conhecimento e da sabedo- A FEB Editora, mantendo “o tra- para um novo mundo”.
ria. E o livro espírita possui a impor- dicional ainda mais bonito”, pre- Reconhecemos, com a humil-
tante missão de espargir luzes de serva o conteúdo espírita de exce- dade que ainda precisamos con-
esclarecimento e consolação a todas lência, com rigorosa base nas obras quistar, que nossa atuação em prol
as mentes sedentas de explicações e organizadas por Allan Kardec, e da difusão doutrinária é diminuta
àquelas em busca de entendimen- inova com o atual conceito edito- se comparada com as oportunida-
tos, bem como aos corações aflitos rial de reunir em um mesmo pro- des de trabalho e aprendizado que
que anseiam apaziguar sofrimentos duto a profundidade e a acessibili- constantemente recebemos da
e encontrar alívio aos seus pesares. dade, a seriedade e a leveza em pro- bondade divina.
Ciência, filosofia, religião, histó- jetos gráficos arrojados que refle- O Espiritismo merece esse em-
ria, arte e educação são algumas tem beleza, harmonia e utilidade. penho da FEB Editora e você, ami-
das facetas exploradas por esse Reedições com novas diagra- go leitor, também é digno de nos-
veículo disseminador da luz em pá- mações e oportunos lançamentos sa atenção e carinho na oferta do
ginas encardidas pelo tempo na somam-se, em trabalho de equi- melhor livro espírita que puder-
vestimenta de obras raras e valiosas, pe, para constituir o precioso ca- mos publicar.
como as que podem ser pesquisa-
das na Biblioteca de Obras Raras da
FEB, fisicamente em Brasília, ou Ao leitor
pelo portal <www.febnet.org.br>, Informamos as referências completas sobre os autores men-
no link “Pesquisas – Obras Raras”. cionados na entrevista de Éden Ernesto da Silva Lemos, publicada
Entretanto, o livro também se em Reformador de fevereiro último, p. 10(48) a 12(50):
reveste de nova roupagem, no con- LEGOFF, Jacques. História e memória. Campinas, SP: Editora da
teúdo ou na forma de apresenta- Unicamp, 2008.
ção, encantando crianças, desper- RICCEUR, Paulo. A memória, a história, o esquecimento.
tando o interesse de jovens, educan- Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2010.
do adultos e estimulando a espe-
A
orientação de Jesus indica da obra divina, cada um em si [...] Ide e pregai a palavra divi-
a extensão do programa mesmo, para que ela transborde na. É chegada a hora em que
de trabalho que compete a em ações efetivas no contato com deveis sacrificar à sua propaga-
todos os que se inteiram dos ensi- o semelhante, dando de graça o ção os vossos hábitos, os vossos
namentos do Evangelho. O apren- que de graça é recebido. trabalhos, as vossas ocupações
dizado é o primeiro passo, vindo, Da perspectiva em que a Dou- fúteis. Ide e pregai. Convosco es-
em seguida, o compromisso de es- trina Espírita nos apresenta a vi- tão os Espíritos elevados. [...]1
palhar a mensagem, para que seja da, fica evidente que cada um é
possível a renovação do mundo. artífice do seu caminho evolutivo Como se pode observar, não se
Na execução de sua missão, e ninguém será dispensado do esfor- trata simplesmente de pregar com
Jesus falou ao povo, esclareceu, ço de se aprimorar. Mas, destaca-se a palavra, mas com o exemplo,
assistiu aos necessitados de toda também a informação de que, no fruto da convicção, que produz a
ordem e orientou os discípulos a processo de ampliação do conhe- reforma íntima do candidato ao
fazer o mesmo. Não há, no Evan- cimento, é possível contar com o serviço no campo do Senhor.
gelho, base para supor que Ele apoio de companheiros mais ex- O Espiritismo vem se propa-
orientasse simplesmente visando perientes. Não tem sido outra a gando pela Terra, porque há aque-
à pregação pomposa e vazia em atitude dos abnegados mentores les que entenderam e vêm aten-
nome de qualquer tipo de hierar- espirituais, que não se cansam de dendo a esse chamado, alguns
quia ou para satisfação de vaidades nos intuir e orientar por todos os com mais, outros com menos en-
e veleidades humanas transitórias. meios. Cada um de nós também, à volvimento. Sua difusão iniciou-
A única autoridade reconheci- medida que avançamos no apren- -se com o livro, as revistas, jornais
da pela Boa Nova é a que resulta da dizado da Doutrina Espírita, as- e a propaganda boca a boca. No
misericórdia e da dedicação em sim como recebemos ajuda, somos entanto, o que levou o Espiritismo
favor do próximo. Por isso mes- convidados a auxiliar aqueles com
mo, o “e, indo” não se restringe quem compartimos a caminhada. 1
simplesmente ao caminhar em Erasto, discípulo de Paulo de KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed.
direção a algum lugar, mas aplica- Tarso, dirigindo-se aos espíritas, 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2012. cap.
-se ao movimento de realização propõe: 20, Missão dos espíritas, it. 4.
Biodiversidade
biológica M A RTA A N T U N E S M O U R A
E
xpressão corriqueira nos dias nidades, que se organizam em gridem materialmente. Quem
atuais, biodiversidade bioló- ecossistemas. “Ecossistema é um pudesse acompanhar um mundo
gica ou biodiversidade refere- sistema de interação e relações em suas diversas fases, desde o
-se à variedade de seres vivos do entre seres vivos (plantas, animais instante em que se aglomera-
Planeta e às diferentes relações eco- e micro-organismos) e o ambiente ram os primeiros átomos desti-
lógicas que estabelecem, entre si e em que eles vivem, formado tam- nados a constituí-lo, vê-lo-ia per-
com os ambientes da Natureza. O bém por fatores químicos e físicos correr uma escala incessantemen-
estudo da biodiversidade, segundo (água, ar, nutrientes, luz solar, te progressiva, mas de degraus im-
a Ciência, abrange três níveis: temperatura, chuvas etc.).”2 perceptíveis para cada geração,
e a oferecer aos seus habitantes
• Variedade biológica: os indivíduos O Espiritismo extrapola o conhe- uma morada cada vez mais agra-
são agrupados em espécies de acor- cimento científico porque as suas dável, à medida que eles próprios
do com a história evolutiva em co- orientações consideram o mundo fí- avançam na estrada do progres-
mum. Espécie “é um grupamento sico e o extrafísico. Assim, os espíri- so. Marcham, assim, paralela-
de indivíduos com profundas se- tas entendemos que a biodiversidade mente, o progresso do homem,
melhanças entre si. Esses indiví- presente em cada orbe planetário é, o dos animais, seus auxiliares, o
duos vivem na mesma região geo- efetivamente, definida pelo Criador dos vegetais e o da habitação, por-
gráfica e mostram fortes seme- supremo, tendo em vista a destina- que nada permanece estacioná-
lhanças bioquímicas [...], origi- ção de cada mundo. Sabemos tam- rio na Natureza. [...]4
nando novos descendentes férteis bém que todos os seres da Criação
e com as mesmas características”.1 evoluem, pois “o progresso é uma Os seres vivos, que integram os
• Variedade genética: os indivíduos das leis da Natureza. Todos os seres ecossistemas, não vivem isolados
de uma mesma espécie são ge- da Criação, animados e inanimados, na Natureza. A sua manutenção e
neticamente diferentes, pois ca- estão submetidos a ele pela bon- sobrevivência dependem de inter-
da um possui uma combinação dade de Deus, que deseja que tudo -relações: internas com os organis-
própria de genes. se engrandeça e prospere. [...]”.3 mos da própria espécie, externas
• Variedade ecológica: é a inter-rela- com outros seres, e, ambas, com os
ção dos indivíduos da mesma es- Ao mesmo tempo que os seres diferentes ambientes. Mas, para ga-
pécie com os de outras espécies, vivos progridem moralmente, os rantir a sobrevivência dos ecossis-
conduzindo à formação de comu- mundos que eles habitam pro- temas, faz-se necessário manter a
A tarefa de
evangelização no
Centro Espírita
Departamento de Infância e Juventude/FEB
quipe de Jesus em ação”.1 Esta é a defini-
“E
jovens, oferecendo-lhes ferramentas para o autoapri-
ção de Instituição Espírita dada por Be- moramento e para a construção do mundo novo. A
zerra de Menezes em mensagem datada fé raciocinada, a prática da caridade e a formação do
de 1982, que aborda a relevância da tarefa de evange- homem de bem, fundamentadas no conhecimento
lização espírita infantojuvenil. da Doutrina Espírita, articulam pensamento, senti-
Sintética, mas completa, tal definição convida os mento e ação, dando-lhes coerência e fortalecendo
trabalhadores espíritas a uma ação conjunta e inte- os Espíritos recém-reencarnados em suas escolhas e
grada, fortalecida nos ensinos do Evangelho de Jesus atitudes diante da vida.
e dinamizada pelo espírito de união que deve per- Por essa razão, a organização da atividade de
mear o estudo, a prática e a difusão da Doutrina evangelização espírita infantojuvenil nas instituições
Espírita. espíritas apresenta-se como ação relevante e é des-
O conjunto das nobres ações, realizadas pelos tacada por Espíritos como Bezerra de Menezes,
centros espíritas, encontra ressonância no coração Guillon Ribeiro, Francisco Thiesen e Joanna de
de todos os que buscam o esclarecimento e o con- Ângelis, cujas mensagens e orientações, de alto signi-
solo proporcionado pelos ensinamentos espíritas, ficado, são apresentadas nos trechos a seguir:
abrangendo a sociedade em geral, desde a tenra
idade. Bezerra de Menezes
Referindo-se aos compromissos da Instituição • “Tem sido enfatizado, quanto
Espírita, Bezerra completa: possível, que a tarefa da Evan-
gelização Espírita Infantoju-
[...] como tal [equipe de Jesus em ação], deverá con- venil é do mais alto significado
cretizar seus sublimes programas de iluminação das dentre as atividades desenvol-
almas, dedicando-se com todo empenho à evangeli- vidas pelas Instituições Espíri-
zação da infância e da mocidade.1 tas, na sua ampla e valiosa pro-
gramação de apoio à obra educativa do homem.
A ação evangelizadora nos centros espíritas pro- Não fosse a evangelização, o Espiritismo, distante
move a aproximação da mensagem de Jesus e dos de sua feição evangélica, perderia sua missão de
ensinamentos espíritas aos corações das crianças e Consolador [...].”2
N
estes tempos de moderni- mas existia como um preceito mo- trar que esta lei ainda existe, deter-
dade, quando tudo se reno- ral com aplicação civil. Embora minar quem tem autoridade para
va e se transforma, hábitos, de caráter divino, podia ser e era aplicá-la e em que circunstâncias.
costumes e conceitos do passado empregada pelos homens. A introdução deste princípio nas
encontram cada vez menos espaço Entretanto, esta antiquíssima leis da Humanidade visou estabe-
para debates. Há mesmo certa aver- lei, de quase quatro milênios, con- lecer uma primeira noção de jus-
são generalizada pelas tradições, tinua sendo usada a todo mo- tiça nas relações sociais, visto que,
práticas e ideias antigas. Tudo tem mento, para surpresa e espanto de no passado, a cobrança da dívida,
que ser atual, novo, tecnológico, muitos, sempre que necessário, fosse ela qual fosse, era desmedida,
cabeça aberta para as inovações. sob certas condições, é verdade. En- alcançava o devedor de um modo
Falar de passado é out, in é falar tretanto, agora não deveria mais desproporcional ao prejuízo cau-
do moderno. ser aplicada pelos homens. sado, extrapolava o direito de res-
Hoje em dia, de modo geral, não Diz a nossa História que esta sarcimento da possível perda. Os
se sabe quem foi este tal de talião. máxima já constava de um antigo fortes se sobrepunham aos fracos.
Assim, a primeira informação de código de leis, elaborado na Me- Então, em tempos bárbaros, a pro-
interesse para todos nós é que ta- sopotâmia, no reino da Babilônia, posta de uma lei que acenasse com
lião não foi uma pessoa, é uma pa- chamado Código de Hamurabi visão mais equânime da justiça foi
lavra oriunda do latim talionis que (século XVIII a.C.). É também o uma dádiva para as sociedades da
significa tal, parelho, de tal tipo, por conhecido princípio do olho por época, um verdadeiro avanço mo-
isso não se escreve com letra capi- olho, dente por dente de Moisés, um ral. Tentou equacionar as questões
tal. Também conhecida por pena conceito de fato disciplinador. Há jurídicas, de modo a não incenti-
de talião, sugere desta forma uma uma discussão na História se Moi- var a vingança, impedindo que o
pena ao infrator, semelhante, pare- sés teria se inspirado no Código de castigo fosse maior que o próprio
lha, tal qual o prejuízo daquele que Hamurabi, ou se propôs esta lei pa- delito, ou seja, devia-se pagar, mas
se sentiu prejudicado. ra o povo judeu espontaneamente, na mesma moeda.
Relacionava-se às questões do talvez inspirado. Essa questão, no Os tempos escoaram, e chega à
delito e de sua correspondente momento, é de pouca relevância Terra o Espírito puro por excelên-
punição. É vista por muitos como para a nossa abordagem. O que cia: Jesus, o Cristo. O que faz Jesus
cruel e bárbara, extemporânea, nos interessa de imediato, é mos- em relação a esta lei? Derroga-a?
D
esde quando, a partir dos anos
40, iniciou-se no Brasil a divulga-
ção da Doutrina Espírita no
mundo, através do Esperanto, logo se
evidenciou uma significativa utilidade
do idioma a serviço do Consolador
Prometido: tal iniciativa não se limitaria
a beneficiar exclusivamente os círculos
esperantistas, mas poderia também abran-
ger mais vastas coletividades, a socieda-
de em geral. Alguns esperantistas, além de
nossas fronteiras, cujos corações eram to-
cados pelas luzes da Revelação dos Es-
píritos, logo compreenderam que a Lín-
gua Internacional Neutra seria capaz de
funcionar como ponte para que se pro-
duzissem versões, em línguas nacionais, Tibor Szabadi e Nestor João Masotti, ex-presidente da FEB
das obras sobre Espiritismo, publicadas
no Brasil. Em estoniano, O livro dos espíritos e O espiritismo
Ao aparecimento, em 1971, de O livro dos espíritos em sua expressão mais simples;
em japonês, traduzido por Yoshimi Umeda com base Em húngaro, O espiritismo em sua expressão mais
na versão em Esperanto, publicada pela Federação simples, Introdução ao estudo da doutrina espírita,
Espírita Brasileira (FEB), em 1946, seguiram-se versões O livro dos espíritos, Memórias de um suicida, O se-
em línguas nacionais, nos países do Leste Europeu, de meador, Vida feliz, O céu e o inferno, Os mensageiros,
outras obras doutrinárias, igualmente baseadas nas tra- Ação e reação;
duções em Esperanto lançadas no Brasil. Algumas des- Em tcheco, O livro dos espíritos, O livro dos
sas versões em Esperanto não tiveram edição, mas estão médiuns, O céu e o inferno, O evangelho segundo o
disponibilizadas na rede mundial de computadores. espiritismo, Nosso lar, Ação e reação, A caminho da luz
Em albanês, O livro dos espíritos e Pai nosso (ape- (edições amadoras, com pequenas tiragens, por ha-
nas na web), O porquê da vida e O semeador; verem surgido na vigência do regime comunista).
Em búlgaro, Introdução ao estudo da doutrina Há pouco menos de um mês, recebemos a aus-
espírita; piciosa notícia, intermediada em e-mail de nossa
Fonte: KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Fonto: KARDEC, Allan. La evangelio la9 spiritismo. Trad.
Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, Ismael Gomes Braga. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980. /ap. 6,
ro
2012. cap. 6, it. 5, Advento do Espírito de Verdade. n 5, Regado de la Spirito de Vero.
transmitido ao vivo pela TVCEI e pressão pela FEB de O novo testa- Brasileiro (abril de 2014), que se-
pela Rádio Web Fraternidade. O mento (os quatro Evangelhos e rá realizado simultaneamente em
objetivo do Seminário foi infor- Atos dos apóstolos), traduzido por quatro regiões: Manaus, João Pes-
mar sobre as propostas de ação do Haroldo Dutra Dias – a ser lan- soa, Vitória e Campo Grande. In-
Nepe, as quais estão disponíveis çado este mês –, e sobre os prepa- formações: <nepe@febnet.org.br>;
no Portal da FEB: <http://www. rativos para o 4o Congresso Espírita <diretoria@febnet.org.br>.
febnet.org.br/blog/topico/geral/
pesquisas/nepe/>.
Após um intervalo, às 18h30,
Haroldo Dutra Dias proferiu a pa-
O bom livro
lestra de abertura de todos os cur- O livro edificante é sementeira da Luz Divina,
aclarando o passado,
sos e atividades da Sede da FEB, dis-
orientando o presente
correndo sobre o tema “Parábolas e preparando o futuro...
do Trigo e do Joio e do Semeador”.
Instrutor do espírito – esclarece sem exigências,
Nesta oportunidade, a vice-presi-
Médico da alma – cura sem ruído,
dente Marta Antunes de Moura, Sacerdote do coração – consola sem ritos exteriores.
supervisora da Área de Estudo do
Campo Experimental da FEB, apre- Amigo vigilante – ampara em silêncio,
Companheiro devotado – jamais abandona,
sentou os coordenadores de todos
Cooperador eficiente – não pede compensações.
os cursos e atividades da Sede.
Nos dois eventos, o presidente Semeador do infinito – fecunda os sentimentos,
Benfeitor infatigável – permanece fiel,
interino da FEB, Antonio Cesar
Arquiteto do bem – constrói no espírito imorredouro.
Perri de Carvalho, teceu conside-
rações de que naquele dia estavam Altar da simplicidade – revela a sabedoria,
se iniciando as ações predeces- Fonte inesgotável – jorra bênçãos de paz,
Campo benfazejo – prepara a vida eterna.
soras do Sesquicentenário de O
evangelho segundo o espiritismo e Lâmpada fulgurante – brilha sem ofuscar,
apresentou a edição histórica des- Árvore compassiva – frutifica sem condições,
Celeiro farto – supre sem perder.
ta obra, editada pela FEB em par-
ceria com as 26 Entidades Federa-
André Luiz
Fonte: XAVIER, Francisco C. Relicário de luz. Autores diversos. 6. ed. 1. reimp. Rio
tivas Estaduais e a do Distrito Fede-
de Janeiro: FEB, 2011. p. 17
ral. Informou ainda sobre a reim-
Um livro sublime I S M A E L G O M E S B R AG A
E
mmanuel, o grande Espírito que nos vem enri- concepção mais elevada do sofrimento. Segundo a
quecendo as letras espíritas com uma coleção convicção generalizada dos reencarnacionistas, cada
de obras que encantam como arte e santifi- sofrimento corresponde a uma falta cometida, é uma
cam como doutrina, aumentou expiação, uma experiência do-
o nosso tesouro literário com lorosa na escola eterna da vida.
mais um volume destinado a
grande futuro. Agora é Renúncia
Emmanuel Sem negar essa verdade, que ca-
da ação produza o seu efeito,
que o dedicado “secretário” de nos ensinou a não Emmanuel nos ensinou a não
Emmanuel, o nosso caro Fran- vermos sempre no sofredor um
cisco Cândido Xavier, entrega
ao mundo sofredor e sedento de
vermos sempre culpado, porque nos apresenta,
em dois romances, duas heroí-
consolações.
É um romance grande, de
no sofredor um nas sofrendo a perseguição do
mundo durante a vida inteira,
mais de quatrocentas páginas
compactas, bem revistas e bem
culpado, porque sem culpa alguma a reparar, só
para exemplificar, para elevar o
impressas. É grande, mas lê-se
de um fôlego, sem poder parar,
nos apresenta [...] nível moral dos homens. São Es-
píritos de grande superiorida-
numa emoção crescente, com os
olhos úmidos e o coração palpi-
duas heroínas de, de pureza inatacável, cheios
de amor, que descem à Terra em
tante. Vive-se naquelas páginas missão por eles mesmos solici-
o Evangelho vivo, com o espíri-
sofrendo a tada, para se sacrificarem em
to de sacrifício elevado ao subli- benefício da Humanidade.
me, esquecendo-se a justiça, a perseguição do Esse esforço de Emmanuel, a
lógica, as conveniências, as con- um exame superficial, não será
venções, as fórmulas, para sen- mundo [...] compreendido, pois que a nos-
tir-se unicamente amor, amor sa mentalidade está sempre dis-
nas suas expressões divinas de sem culpa posta a considerar o sofrimento
força criadora, organizadora, ligado ao crime, como repara-
diretora, governadora dos mun- alguma a reparar ção; nunca a ver no sofredor um
dos e dos seres. modelo descido do Céu. É uma
A tese principal deste, como já fora de outro ro- tese de grande oportunidade e deve ser seriamente
mance de Emmanuel, é desfazer uma convicção meditada, a fim de nos livrar de juízos temerários
muito enraizada entre os espíritas e, em geral, em to- quanto aos que sofrem. Com a tendência extremista
dos os reencarnacionistas, substituindo-a por uma de ver em cada sofredor um culpado, uma vítima de
Rio Grande do Sul: Boa Nova tações nos dias 9 e 10, 16 e 23 de março, no Centro
No dia 16 de fevereiro, a Federação Espírita do Rio Espírita Luz, Fé e Caridade. Os expositores convidados
Grande do Sul (Fergs) completou 92 anos de funda- foram Ercília Zilli, Wellington Balbo e Júpiter Villoz
ção. Em comemoração, foi realizado o Seminário Silveira. “Psicoterapia do Espírito”, “Jesus, a alegria
“Personagens da Boa Nova”, proferido pela assessora dos homens” e “Drogadição, Homeopatia e Espiritis-
de comunicação social espírita da Federação Espírita do mo” foram os temas discutidos durante o evento. In-
Paraná (FEP), Maria Helena Marcon. Informações: formações: <www.feluzecaridade.net>.
<www.fergs.org.br>.
Distrito Federal: Aprenda a falar em público
Tocantins: Acolher e Consolar sem desencarnar de medo
“Centro Espírita Acolhe, Consola, Esclarece e Orien- A Federação Espírita Brasileira promoveu o workshop
ta” foi o tema do Seminário para trabalhadores, mi- “Como falar em público sem desencarnar de medo”, no
nistrado por Antonio Cesar Perri de Carvalho e dia 9 de março. Contou com público-alvo composto por
Aston Brian Leão, na sede da Federação Espírita do palestrantes, dirigentes de palestras públicas, prepara-
Estado de Tocantins, no dia 24 de fevereiro. Informa- dores e demais interessados. O evento foi conduzido,
ções: <www.feetins.org.br>. no Cenáculo FEB, por Geraldo Campetti, vice-presiden-
te da FEB. Informações: <diretoria @feb net. org.br>.
Ceará: Jovens Espíritas
O XV Encontro de Mocidades Espíritas do Ceará Minas Gerais: Comenda Chico Xavier
ocorreu nos dias 9, 10, 11 e 12 de fevereiro, no Lar No dia 8 de março foi realizada a cerimônia de con-
Fabiano de Cristo, em Maraponga, Fortaleza (CE). decoração da Comenda da Paz Chico Xavier, no An-
“O que é ser jovem espírita?” foi o tema principal do fiteatro da Prefeitura de Uberaba. Trata-se de outorga
evento. Informações: <emece.feec@hotmail.com>. do Governo do Estado de Minas Gerais e foi entregue
aos agraciados pelo governador Antonio Anastasia.
Paraíba: Encontro de jovens O evento objetivou homenagear pessoas físicas ou
Nos dias 9, 10, 11 e 12 de fevereiro, os Polos Distritais jurídicas que tiveram destaque na promoção da paz e do
de João Pessoa realizaram o Encontro Espírita Parai- bem-estar social. Entre os agraciados de 2013 estiveram
bano (Enesp) destinado aos jovens, com o intuito de Antonio Cesar Perri de Carvalho, presidente interino
debater temas como “O carnaval na visão do Espiri- da FEB, o Grupo Espírita Dias da Cruz (de Caratinga,
tismo, saúde, enfermidade, cura e cirurgias espirituais”, MG), Augusto César Vanucci (in memoriam), entre ou-
“Reflexões sobre o tríplice aspecto da Doutrina Espí- tros. Informações: <cerimonial@governo.mg.gov.br>.
rita”, “As predições segundo o Espiritismo”, entre ou-
tros. Estiveram presentes no evento: Mauro Aldrigue, FEB: Reinício de cursos
Marcos Sodré, Josefa Vênus, Josy Honório, Suely Entre os dias 6 e 10 de março, foram reiniciados os
Cavalcanti, Júlio César, Ajicé Chaves, Otávio Caúmo, cursos da FEB, oferecidos em sua Sede, em Brasília, e
Breno Henrique, Emmanuel, Joelma, Ismael Maia, na Sede Seccional, no Rio de Janeiro. Neste ano, na
Anna Thereza, Marco Lima e Jair Herculano. Infor- Sede da FEB, ocorreram mais de 800 inscrições e,
mações: <www.fepb.org.br>. além dos cursos anteriormente oferecidos – Esde,
Eade, Mediunidade, Esperanto e reuniões para a In-
São Paulo: Mês Espírita fância e Juventude –, foram implantados cinco cursos
A União das Sociedades Espíritas – Intermunicipal sobre as Obras Básicas da Codificação. Informações:
de Marília (SP), realizou o mês espírita com apresen- <diretoria@febnet.org.br>.