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Expediente Sumário

4 Editorial
Nova Era para o Mundo
11 Entrevista: Charles Kempf

Fundada em 21 de janeiro de 1883 A difusão do Espiritismo no mundo


Fundador: AUGUSTO ELIAS DA S ILVA
21 Esflorando o Evangelho
A boa parte – Emmanuel
Revista de Espiritismo Cristão
Ano 131 / Março, 2013 / N o 2.208 22 Falando de Livro

ISSN 1413-1749 Coleção Fonte viva – Geraldo Campetti Sobrinho


Propriedade e orientação da
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
26 Em dia com o Espiritismo
Diretor: NESTOR JOÃO MASOTTI
Editor: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES
Água – Um tesouro da Natureza – Marta Antunes Moura
Redatores: ALTIVO FERREIRA, ANTONIO CESAR PERRI DE
32 Evangelização Espírita Infantojuvenil
CARVALHO, EVANDRO NOLETO BEZERRA, GERALDO
CAMPETTI SOBRINHO, JOSÉ CARLOS DA SILVA SILVEIRA Plano de Trabalho – Área da Infância e Juventude
E MARTA ANTUNES DE OLIVEIRA DE MOURA

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA 37 A FEB e o Esperanto


Gerente: SADY GUILHERME SCHMIDT
Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E Do Movimento Esperantista – Affonso Soares
SARAÍ AYRES TORRES
Equipe de Revisão: WAGNA CARVALHO E ISAURA DA
39 Reformador de ontem
SILVA KAUFMAN
O 31 de março na história do Espiritismo – Antonio Tulio
Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA
Capa: AGADYR TORRES PEREIRA
41 Conselho Espírita Internacional
REFORMADOR: Registro de publicação
o
n 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de A FEB em evento federativo no Uruguai
Polícia Federal do Ministério da Justiça)
42 Seara Espírita
CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503
Direção e Redação:
SGAN 603 – Conjunto F – L2 Norte 5 Ressurreição da carne – Christiano Torchi
70830-030 • Brasília (DF)
Tel.: (61) 2101-6150 8 Desafios à fé – Vianna de Carvalho
FAX: (61) 3322-0523
Home page: http://www.febnet.org.br 10 Missionário em chefe – Mário Frigéri
E-mail: feb@febnet.org.br
14 Lições oportunas – Clara Lila Gonzalez de Araújo
Departamento Editorial:
Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040 17 Benedita Fernandes – Um dos marcos dos hospitais
Rio de Janeiro (RJ) • Brasil
Tel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298 espíritas – Antonio Cesar Perri de Carvalho
E-mails: redacao.reformador@febrasil.org.br
feb@febrasil.org.br 20 Razão providencial da dor – Mauro Paiva Fonseca
PARA O BRASIL 23 A tragédia em Santa Maria
Assinatura anual R$ 52,00
Assinatura digital anual R$ 24,00 24 Motivo de resignação – Allan Kardec
Número avulso R$ 7,00
PARA O EXTERIOR 25 Um novo estilo de vida – Dalva Silva Souza
Assinatura anual US$ 50,00
29 Esde – 30 anos – O Esde na edificação de um
Assinatura de Reformador:
Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274 mundo melhor
www.feblivraria.com.br
assinaturas.reformador@febrasil.org.br 34 Considerações sobre mediunidade – José Passini
Editorial
Nova Era
para o Mundo
N
o pioneiro Congresso Espírita Internacional, ocorrido em Barcelona,
nos idos de 1888, entre os visitantes, a delegação cubana era a mais nu-
merosa. Passados 125 anos, Cuba sedia, de 22 a 24 de março, o 7o Con-
gresso Espírita Mundial, promovido pelo Conselho Espírita Internacional (CEI).
A visão espírita sobre os conceitos de união e de unificação tem permitido condi-
ções para o amadurecimento dos ideais do CEI, no relacionamento e intercâmbio com
espíritas de distintos países, respeitando-se as tradições e culturas de cada um deles.
A difusão da Doutrina Espírita está se consolidando pelos livros em vários idio-
mas, nas opções impressas e em e-books. As diversas formas de mídia têm colabora-
do para se ampliar a difusão dos princípios espíritas.
Em depoimentos pioneiros sobre suas primeiras incursões pelo então nascente
Movimento Espírita, Allan Kardec comentou:

[...] o Espiritismo será o traço de união que aproximará os homens divididos pelas
crenças e pelos preconceitos mundanos; [...] os homens se habituarão a ver irmãos na-
queles que só viam como inimigos. [...]1

Essa expectativa se relaciona com a concretização da proposta de ação sugerida


pelo tema central do evento, “A Educação Espiritual e a Caridade na Construção de
um Mundo de Paz”, que reflete a essência do conteúdo das obras do Codificador, as
quais estimulam reflexões sobre a união, concórdia e benevolência, com fundamen-
tação nos conceitos sobre a imortalidade da alma.
Representações espíritas de dezenas de países vibram pelo evento histórico e
marcante que assinala o início das comemorações do Sesquicentenário de O evange-
lho segundo o espiritismo!
Que o Congresso Espírita Mundial, que se realiza em Havana, represente um
marco e um estímulo a que os princípios espíritas contribuam para a construção de
uma Nova Era para a Humanidade!

1
KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862 e outras viagens de Kardec. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2.
ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. cap. Discursos pronunciados nas reuniões gerais dos espíritas de
Lyon e Bordeaux, it. 3, p.104.

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Ressurreição da carne
C H R I S T I A N O TO RC H I

S
erá possível uma pessoa tor- sa tese – da volta do Espírito a um tronco encefálico, critério atual-
nar à vida, mesmo depois corpo já morto – que para Deus mente aceito pela comunidade
de literalmente morta, isto nada é impossível e que existem científica.*
é, após o desligamento definitivo “milagres”, como aqueles atribuí- Os teólogos, quase sempre dis-
entre corpo e espírito? Se isso fos- dos a Jesus e descritos no Novo tanciados das leis naturais, adota-
se possível, estaríamos diante de Testamento (Lucas, 7:11 a 17 [o fi- ram também, para o termo “res-
algo extraordinário, em oposição a lho da viúva de Naim] e Mateus, surreição”, a conotação escatoló-
uma lei divina básica, que trata com 9:23 a 26 [a filha de Jairo]), sendo gica, fundada na interpretação li-
absoluta equidade todos os seres a ressurreição de Lázaro (João, 11:1 a teral da Bíblia: a ressurreição dos
humanos: a perecibilidade do cor- 45), o caso mais conhecido). mortos no dia do “Juízo Final”, ig-
po físico, cujo propósito é a reno- Não se desconhece o poder do norando que “muitas vezes a pala-
vação do Espírito em sua trajetória Criador, mas teria ele realmente vra de Jesus era alegórica e em for-
evolutiva, a qual se faz por etapas. necessidade de revogar as pró- ma de parábolas, porque Ele fala-
Talvez por isso pareça tão es- prias leis, tão somente para provar va de acordo com a época e os lu-
tranho a nós outros, estudiosos o seu poder, de modo a agradar gares”,3 até o momento em “que a
dos princípios espirituais, consta- ou convencer criaturas céticas e Ciência, de um lado, e o Espiritismo,
tar pessoas gastando milhões de ignorantes quais nós, ainda ma- de outro, revelassem as novas leis da
dólares com a criogenia humana, triculadas nas primeiras lições do Natureza, tornando compreensí-
na esperança de que, num futuro alfabeto do Espírito? vel o seu verdadeiro sentido”.4
incerto, seus corpos possam ser Para decepção dos que cul- Em vista disso, o Espiritismo
descongelados e ressuscitados, se- tuam o “maravilhoso”, é preciso perfilha uma interpretação racio-
ja para a eliminação de doenças informar que o fenômeno descri- nal para o fenômeno da ressurrei-
atualmente incuráveis, seja para to no Novo Testamento não se tra- ção da carne, no dia do “Juízo
alcançar uma utópica imortalida- ta de nenhum milagre, pois aque- Final”:
de na carne, que, se possível fosse, les personagens bíblicos não esta-
mais se assemelharia a uma “mal- vam efetivamente mortos.2 Pos-
dição” do que a uma bênção. sivelmente, experimentaram os *A catalepsia e a letargia são uma espécie
de sono físico de ordem patológica. Carac-
A palavra “ressurreição”, do efeitos de outra lei natural, a fa- terizam-se pela perda temporária da sensi-
ponto de vista semântico, é um culdade de emancipação ou des- bilidade e do movimento do corpo físico,
termo equívoco ou polissêmico, dobramento da alma, que ocorre que assume, temporariamente, a aparên-
cia da morte biológica. Há registros, ainda
isto é, possui mais de um signifi- por meio da catalepsia e da letar-
na atualidade, de pessoas sepultadas vivas,
cado ou interpretação. No sentido gia, desconhecidas da Medicina por terem sido diagnosticadas, equivoca-
tradicional do termo, é mais co- naquele recuado período, época damente, como mortas. (Para mais infor-
nhecida como o “ato de ressurgir em que o diagnóstico da morte mações, remetemos o leitor ao artigo de
nossa autoria, sob o título Letargia, cata-
ou reaparecer vivo depois de ter era aferido pela simples parada lepsia, mortes aparentes, publicado nesta
morrido; restituição do morto à cardiorrespiratória e não pela Revista em novembro de 2008, p. 29(427)
vida”.1 Dizem os que defendem es- cessação do funcionamento do a 31(429).)

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A ressurreição dos mortos no Conforme orientam os Espíri- pelo termo ressurreição o que o
último dia, no fim dos tempos, tos da Codificação, o dogma da Espiritismo, mais judiciosamen-
é uma alegoria judaica de que ressurreição da carne, tomado em te, chama reencarnação. Com
Jesus se serviu, como de tantos seu real sentido, é a consagração da efeito, a ressurreição pressupõe o
outros elementos do Judaísmo, imortalidade e da reencarnação en- retorno à vida do corpo que já
para ensinar o sentido verda- sinadas pelos Espíritos superiores: está morto, o que a Ciência de-
deiro da morte como transição monstra ser materialmente im-
ou passagem de um mundo pa- A reencarnação fazia parte dos possível, sobretudo quando os
ra outro, do mundo material dogmas dos judeus, sob o nome elementos desse corpo já se
para o espiritual. O último dia é de ressurreição. Somente os sa- acham desde muito tempo dis-
apenas aquele em que morre- duceus, que pensavam que tudo persos e absorvidos. A reencar-
mos.5 (Grifo nosso.) acabava com a morte, não acre- nação é a volta da alma ou Es-
ditavam nisso. As ideias dos ju- pírito à vida corpórea, mas em
Portanto, a crença na “ressur- deus sobre esse ponto, como outro corpo, novamente forma-
reição” como volta do Espírito ao sobre muitos outros, não eram do para ele e que nada tem de
mesmo corpo, após o “Juízo Fi- claramente definidas, porque só comum com o antigo. A palavra
nal”, também não tem respaldo tinham noções vagas e incom- ressurreição podia assim apli-
científico, pois os despojos do or- pletas acerca da alma e da sua car-se a Lázaro, mas não a Elias,
ganismo humano não se conser- ligação com o corpo. Acredita- nem aos outros profetas. Se, por-
vam homogêneos e se decom- vam que um homem que vivera tanto, segundo a crença deles,
põem em seus elementos quími- podia reviver, sem saberem pre- João Batista era Elias, o corpo
cos, que vão ser utilizados para a cisamente de que maneira o fa- de João não podia ser o de Elias,
estruturação de novos corpos.6 to poderia dar-se. Designavam pois que João fora visto crian-

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ça e seus pais eram conhecidos. espírito não pode ser visto, após espiritual, temos a oportunidade
João, pois, podia ser Elias reen- a morte, pois volta à terra que o de ressuscitar todos os dias para a
carnado, mas não ressuscitado.7 originou e por ela é destruído. melhoria de nossas condições
E assim, o que se chama de res- morais, exercitando os legítimos
Toda vez que se pronuncia o surreição é o mesmo que Reen- valores da vida, corrigindo em
termo ressurreição, logo o associa- carnação, e como vimos, segun- nós os vícios que entorpecem as
mos ao fenômeno do reapareci- do Daniel e Ezequiel, ela ocorre potências do Espírito, destinado
mento de Jesus entre os homens, na terra e não no mundo espiri- ao progresso e à felicidade plena.
após a tragédia do Gólgota, que, via tual, e ocorre todos os dias con-
de regra, é interpretado como sendo forme afirma Paulo aos hebreus Referências:
1
o ressurgimento do Mestre com o 9:27: após a morte ocorre o juízo. Dicionário brasileiro da língua portugue-
mesmo corpo material que utiliza- Ficando a verdadeira e conheci- sa. 4. ed. São Paulo: Enciclopédia Mira-
ra em sua sublime missão terrena. da “ressurreição do último dia” dor Internacional, 1980. Verbete “ressur-
Todavia, mais uma vez, é preci- como sinônimo de “estágio final reição”, v. 2, p. 1.506.
2
so colocar as coisas no seu devido de evolução” em nosso planeta. KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Guillon
lugar. A “ressurreição” de Jesus não A ressurreição do último dia será Ribeiro. 52. ed. 5. reimp. Rio de Janeiro:
tem nada em comum com o que a conquista espiritual suprema FEB, 2012. cap. 14, it. 29 e 30 (Catalepsia.
aconteceu com o filho da viúva de obtida por nós. Após ela, não ha- Ressurreições) e 35 a 39 (Aparições.
Naim, com a filha de Jairo ou com verá mais necessidade de Reen- Transfigurações); e cap. 15, it. 37 (A filha
Lázaro. O que os apóstolos e ou- carnação.8 (Grifos nossos.) de Jairo), 38 a 40 (O filho da viúva de
tras pessoas viram, muito prova- Naim [e a ressurreição de Lázaro]).
3
velmente, não foi o corpo físico de Em suma, a ressurreição da KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.
Jesus e sim o seu Espírito momen- carne é a própria reencarnação, Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp.
taneamente materializado. corolário da imortalidade do Es- Rio de Janeiro: FEB, 2011. q. 627.
4
Em abono dessas afirmações, pírito, princípio encontrado em ______. O evangelho segundo o espiri-
encontramos os seguintes esclare- inúmeras passagens dos textos bí- tismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp.
cimentos do escritor espírita Se- blicos (Velho e Novo Testamentos), (atualizada). Rio de Janeiro: FEB, 2010.
verino Celestino da Silva, profes- sob a forma alegórica. cap. 24, it. 6.
5
sor da disciplina Ciências das Re- A seu turno, a ressuscitação físi- PIRES, J. Herculano. Educação para a
ligiões, pela Universidade Federal ca de um ser que ainda não desen- morte. 9. ed. São Paulo: Editora Paideia
da Paraíba, que assim resume a carnou é de efeito temporário, Ltda., 2004. p. 159.
6
posição espírita: pois a lei natural da morte biológi- KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.
ca atinge a todos indistintamente, Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.
Quem ressuscita é o Perispírito. e até Jesus a esta se submeteu den- reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Comen-
É ele o molde do corpo, consti- tro da normalidade das coisas. tário de Allan Kardec à q. 1.011.
7
tuído de matéria quintessencia- Já a ressurreição espiritual é o ______. O evangelho segundo o espiri-
da, funcionando como o inter- retorno do ser ao mundo espiri- tismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1.
mediário entre o corpo físico e tual de onde veio, antes da encar- reimp. (atualizada). Rio de Janeiro: FEB,
o espírito, durante a vida cor- nação, podendo se fazer visível e 2010. cap. 4, it. 4.
8
pórea, portanto, é o que vemos até tangível ou não aos encarna- SILVA, Severino Celestino da. Analisan-
após a morte. Foi o perispírito dos, conforme as circunstâncias a do as traduções bíblicas. Refletindo a es-
do Cristo que foi visto no ter- que dão ensejo as leis divinas. sência da mensagem bíblica. 3. ed. Revis-
ceiro dia e não o seu corpo. O Finalizando, nunca é demais ta e ampliada. João Pessoa: Ideia, 2001.
corpo que serviu de morada ao recordar que, num outro sentido p. 232.

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Desafios à fé
A
sociedade hedonista atual, O ser humano renasce para a mento do tempo para o desorde-
vinculada ao consumismo conquista da autoconsciência, para nado jogo do prazer, especial-
exorbitante, no qual pare- a superação dos arquétipos pertur- mente quando os pais imaturos
ce encontrar segurança em rela- badores, que lhe permanecem no competem com os filhos nos seus
ção aos conflitos existenciais, man- inconsciente, impondo diretrizes campeonatos de insensatez, entre-
tém atávica resistência a todas e de libertação que mais o afligem. gando-se à exaustão dos vícios,
quaisquer expressões de fé religio- O prazer tornou-se o novo deus, perdendo a infância que cede lu-
sa, buscando mecanismos de fuga substituindo os deuses de outrora, gar ao amadurecimento precoce,
da realidade, como afirmação da e os ases dos esportes, do cinema, invariavelmente resultado da ne-
liberdade de expressão e de autor- da televisão, do poder, dos diverti- cessidade de competir desde mui-
realização. mentos, das fantasias, passam a ser to cedo com os mais velhos, apro-
Nada obstante, avança em de- inspiração para as buscas ator- veitando-se das oportunidades que
sabalada correria para as fugas mentadoras, gerando mais confli- lhes chegam.
psicológicas, tombando, não pou- tos que se tornam epidêmicos. Os tormentos sexuais instalam-
cas vezes, no vazio existencial, na Eles próprios, os novos centu- -se-lhes prematuramente e as ex-
depressão ou no consumo do riões e gladiadores do panis et cir- periências dessa natureza sucedem-
álcool, do tabaco, das drogas ilíci- censes da velha Roma, desfilam -se, sem qualquer controle, atin-
tas, dos alucinógenos e dos des- nos carros da alucinação e da gló- gindo níveis de elevada frustração
vios de comportamento sexual. ria de um dia, logo substituídos e desencanto.
As castrações impostas pelas por outros mais audaciosos e inu- Sem o amparo do lar, os jovens
religiões ortodoxas do passado meráveis, porém, portadores de gra- formam clãs primitivos, fogem
prosseguem afligindo a sociedade ves transtornos psicológicos e psi- para as ruas do desgoverno social,
de tal forma, que a simples lem- quiátricos, que se opõem à or- entregando-se, na sua ignorância,
brança de qualquer expressão dou- dem, à beleza, à estesia, celebri- curiosidade e inexperiência, a toda
trinária a induz ao pensamento zando-se pelas alucinações e agres- sorte de sensações apressadas.
das imposições asselvajadas dos sões que lhes retratam a violência Certamente, existem exceções
regimes políticos ditatoriais, ou, e o desconforto interno. enobrecedoras, que mantêm o equi-
quando se referem ao Espírito, res- Pergunta-se: – Para onde segue líbrio social e trabalham pelo pro-
suma inconsciente aversão, decor- a sociedade? gresso com elevados sentimentos
rente dos abusos da fé arbitrária Os padrões éticos destroçam-se morais.
dos tempos recuados. nas aventuras chocantes e desas- Referimo-nos, porém, à devas-
Pensa-se unicamente em viver- trosas em que malogram os novos tadora cultura newtoniana e carte-
-se as comodidades defluentes da programadores dos destinos, dan- siana estruturada no conceito da
Tecnologia e das ciências, porta- do lugar a tragédias contínuas, à matéria, cuja máquina expressa na
doras, sem dúvida, de valores ines- violência e à degradação dos cos- organização física dos seres todas
timáveis, mas, nem por isso, úni- tumes. as especiais conjunturas que con-
cas proporcionadoras de harmo- A juventude, sem a assistência duzem ao aniquilamento, em razão
nia e de completude. da família, opta pelo aproveita- do desequilíbrio de suas peças.

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Como efeito, somente apresen- interrompida pela morte, para ela Aos espíritas cabe a desafiadora
ta validade o que pode ser apalpa- ruma. tarefa de apresentar a fé racioci-
do, medido, programado, exata- Desse modo, quando as forças nada e lógica, legada pela Codi-
mente quando as conquistas da físicas e mentais, emocionais e ficação do Espiritismo, de manei-
Tecnologia avançada oferecem à estruturais do corpo diminuem ra a enfrentar o materialismo nos
reflexão o bóson de Higgs, o ma- com o advento das enfermidades seus significativos estertores e a
peamento do DNA ou código da inevitáveis e da velhice, a amargu- atender à grande massa humana
vida, a visão do Universo com os ra, a revolta ou o desespero mais aturdida por haver perdido o ru-
seus bilhões de galáxias, induzin- se insculpem no âmago do indiví- mo religioso na neblina da igno-
do o pensamento a uma causali- duo, que não se conforma com o rância e do dogmatismo.
dade não física ou a uma assinatu- aniquilamento, nem com a perda Observando-se o interesse dos
ra de Deus nas expressões mais dos recursos propiciatórios dos astrofísicos em constatar a probabi-
extraordinárias da energia. gozos, agora, mais difíceis. lidade de vida em outros planetas ou
A alucinação pelo conforto, no Para todos os seres humanos, quaisquer outros astros do Universo,
entanto, sempre transitório e frus- entretanto, existe o Espiritismo qual ocorre com as extraordinárias
trante, em razão da sua fugacida- com as suas portentosas demons- análises do solo de Marte, ora estu-
de, que logo exige novas expres- trações positivas em torno da so- dado pelo jipe-robô Curiosity, deve
sões mais fortes, deixa o indivíduo brevivência do ser real, em torno o ser humano reflexionar em torno
distante dessas referências, que do mundo legítimo e causal, da da vida de maneira mais grave e não
induzem ao aprofundamento da programática existencial no superficialmente, nem com indi-
mente nas causas da vida e no seu cômputo das leis universais per- ferença, qual vem ocorrendo com
significado, mantendo-o iludido feitas, elaboradas pela inteligência a quase generalidade.
quanto ao sentido da sua existên- suprema e causa primeira de todas Basta breve meditação em torno
cia planetária que, não sendo as coisas, que é Deus. do ser existencial para logo se che-

Março 2013 • Reformador 87 9


gar à conclusão do sentido da vida
na Terra, do seu magnífico pro-
grama educacional e de desenvol-
vimento da divina fagulha de que
Missionário em chefe
se constitui, despertando-se para “Ao te escolherem, os Espíritos conheciam a solidez das tuas convicções
os valores éticos e os objetivos e sabiam que a tua fé, qual muro de aço, resistiria a todos os ataques.”
reais, proporcionadores da har- Um Espírito
monia interior e do equilíbrio dos Mário Frigéri
sentimentos com a razão.
A existência terrena é mais do Kardec me abriu a mente:
que um licor ou fel para serem tra- Venci o medo da morte.
Hoje eu vejo claramente
gados pela imposição nefasta do Quanto é bela a minha sorte!
acaso ou do destino injustificável.
Pode, sim, tornar-se uma e Ao ler os sábios do mundo
Lhes faço um salamaleque,
outra coisa, dependendo de como Mas a obra em que vou fundo
se considera a experiência fantás- É sempre a de Allan Kardec
tica do viver, dela fazendo um vale
E luarizo esse estudo
de lágrimas das ultrapassadas ale- Nesta fé raciocinada:
gorias religiosas ou um paraíso de Com Kardec temos tudo,
benesses das utopias passadistas. Sem Kardec temos nada.
Desse modo, o Espiritismo, Nos arraiais em que a obra
como filosofia científica, em razão Penetre e seja fanal,
dos seus fundamentos poderem ser A Doutrina se desdobra
demonstrados nos laboratórios das Em seu aspecto moral.
experiências mediúnicas, também “É inabalável somente
é uma ciência filosófica, em face A fé que pode encarar
dos seus paradigmas elucidativos A razão sempre de frente,
em torno do ser, do destino e do Em qualquer tempo e lugar.”
sofrimento, ao mesmo tempo em Kardec em sua missão
que constitui uma religião de pro- Sempre foi, será e é
fundos conteúdos psicológicos e Sacerdote da razão
No templo augusto da fé.
éticos centrados no amor, na auto-
conquista, na iluminação interior. Seu rosto exsuda ciência,
Investigá-la com seriedade, sem Sisudez, austeridade,
Mas na sua quintessência
parcialismo, é dever de todo ser
Kardec é simplicidade...
inteligente que anela pela autocons-
ciência, a fim de viver com discer- Jesus é amor e perdão
Kardec é razão e luz
nimento e harmonia.
– Com Kardec a Evolução,
– A Perfeição com Jesus.
Vianna de Carvalho
Fonte de consulta: Pensamentos respigados na Doutrina Espírita e em seus nobres
expositores.
(Página psicografada pelo médium Dival-
Epígrafe: KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad. Guillon Ribeiro. 40. ed. 3. reimp. Rio
do Pereira Franco, na manhã de 27 de
de Janeiro: FEB, 2010. pt. 2, p. 340.
outubro de 2012, em Sydney, Austrália.)

10 88 Reformador • Março 2013


Entrevista CHARLES KEMPF

A difusão do
Espiritismo no mundo
Charles Kempf, da França, secretário-geral interino do Conselho Espírita
Internacional (CEI), discorre sobre este órgão e os preparativos para
o 7 o Congresso Espírita Mundial, em Havana (Cuba), e cita a afirmação de
Kardec de que o Espiritismo terá “lugar entre os conhecimentos humanos”

Reformador: Como você avalia os espiritual, moral e material à luz da Terra muitas pessoas já estão pron-
20 anos de existência do Conselho Doutrina Espírita”. Como se pode tas para acolher e aceitar a Doutrina
Espírita Internacional? ver, esses objetivos são semelhan- Espírita, mas a Doutrina ainda não
Charles: O Conselho Espírita In- tes aos objetivos das Entidades Fe- chegou até eles. O CEI começou
ternacional foi fundado, em 28 de derativas nacionais, mas o âmbito com uma edição comemorativa de
novembro de 1992, por represen- é mundial. Apesar das dificulda- Le livre des esprits por ocasião do bi-
tantes de nove países, numa reu- des naturais, em razão da diversi- centenário do nascimento de Allan
nião em Madrid, Espanha, depois dade de culturas pelo mundo, o
de contatos prévios, incluindo reu- CEI conseguiu levar à frente, nes-
nião em um Congresso Espírita, tes 20 anos de existência, vários
em São Paulo, em 1989, e num ou- programas de acordo com esses
tro, em Liège, Bélgica, em outubro objetivos e atividades priori-
de 1990. A Instituição completou tárias, e conta hoje com 35
20 anos de existência no ano pas- países-membros. Outros paí-
sado. Os trabalhos preparatórios, ses já se manifestaram para
realizados por uma comissão de se unir ao CEI na sua pró-
representantes de vários países, xima Assembleia Geral
permitiram definir bases sólidas e que ocorrerá em Hava-
objetivos claros para a Instituição: na, Cuba, em seguida ao
“I – promover a união solidária e 7 o Congresso Espírita
fraterna das Instituições Espíritas Mundial.
de todos os países e a Unificação
do Movimento Espírita Mundial; Reformador: Como tem se expan-
II – promover o estudo e a difusão dido a divulgação pelos livros?
da Doutrina Espírita, no mundo, Charles: A divulgação pelos livros
em seus três aspectos básicos: cien- é uma das atividades prioritárias,
tífico, filosófico e religioso; III – de acordo com uma comunica-
promover a prática da caridade ção espiritual, afirmando que na
Kardec e do 4o Congresso Espírita dial. A Internet também permite, dos em determinados países, é pre-
Mundial, em Paris. No ano seguin- hoje em dia e a custo muito baixo, ciso adaptá-los, principalmente na
te, o CEI editou as cinco primeiras realizar cursos, seminários e reu- sua forma, para atender às especifi-
traduções de livros de Chico Xavier niões de trabalho on-line, facili- cidades locais nos outros países:
para o idioma francês. Daí por tando os contatos e reduzindo as caso contrário, a difusão pode ficar
diante, o trabalho se multiplicou despesas e o tempo de viagens. prejudicada. O mesmo se dá com as
bastante, o CEI organizou uma edi- Outro exemplo é a TVCEI, que co- palestras, nas quais é preferível o uso
tora – a Edicei –, que conta hoje meçou como Web-TV com canais da língua nativa dos assistentes, as-
com mais de 200 títulos, em vários em vários idiomas, inclusive per- sim como o palestrante precisa ter
idiomas, como: francês, inglês, ale- mitindo transmissão de eventos experiência e sensibilidade para se
mão, português, espanhol, russo, ao vivo, e que hoje alargou a difu- adaptar à cultura local, como é o
sueco, húngaro, polonês, finlandês, são utilizando satélites que abran- caso das palestras em espanhol pro-
estoniano, grego, e tem projetos gem a América Latina. feridas por Divaldo Pereira Franco.
para o árabe e chinês. Esse trabalho
é imenso, envolve altos custos, mas é Reformador: As experiências e pro- Reformador: Você tem conhecimento
necessário, como se pode consta- gramas devem ser copiados ou ade- de grupos ou pessoas que estudam o
tar, pois está dando frutos com o quados? Espiritismo na África, além dos paí-
aumento da demanda. Os livros da Charles: De acordo com o Estatuto ses de idioma português?
Edicei estão disponíveis no formato e os princípios do trabalho de unifi- Charles: A Doutrina Espírita está
eletrônico em várias plataformas cação, todo e qualquer programa e se espalhando pouco a pouco pela
mundiais de venda de e-books, in- material de apoio, oferecidos pelo África, onde encontra boa recepti-
cluindo a Amazon e a Apple Store. CEI, não terão aplicação obrigató- vidade na cultura local. Há alguns
ria, ficando a critério das Entidades espíritas na África do Norte, domi-
Reformador: A Internet tem facili- Nacionais adotá-los ou não, parcial nada pela religião islâmica, como
tado a difusão do Espiritismo? ou totalmente, ou adaptá-los às suas no Marrocos (vejam: <http://www.
Charles: A Internet se tornou um próprias necessidades ou conve- groupe-el-houda.org/>); na África
canal essencial para a difusão do Es- niências. Este ponto é fundamental, Central, de idioma francês e inglês
piritismo e o crescimento do Movi- principalmente quando se opera no (República Democrática do Congo
mento Espírita, atingindo grande âmbito internacional, em virtude e Quênia) e na África do Sul, além
quantidade de internautas e tam- da grande diversidade de culturas. de Angola, já membro do CEI, e
bém as pessoas isoladas no mundo, Allan Kardec, quando frequentou a Moçambique, que se prepara para
em países onde a Doutrina não tem, escola de Pestalozzi, muito famosa se integrar ao CEI, que acompanha
no momento, outro meio para ser na Europa à época, esteve em conta- este desenvolvimento e vai ajudando
difundida. Muitos livros e revistas to desde jovem com muitos amigos na medida do possível, visto que as
espíritas, de direito livre estão dis- de outras línguas, religiões, culturas. carências são grandes em muitos
poníveis on-line, incluindo as obras Este fato o ajudou muito na tarefa países daquele Continente.
de Allan Kardec, Léon Denis e que ia desenvolver mais tarde, dan-
Gabriel Delanne, no idioma francês do às obras da Codificação uma for- Reformador: Como você analisa
(acessem: <www.spiritisme.net>). ma adaptada para várias culturas, o o revigoramento do Espiritismo em
A página eletrônica do CEI <www. que se confirma hoje com o sucesso Cuba, que agora sedia um Congresso
intercei.com> está sendo reformu- de suas obras traduzidas para diver- Mundial?
lada para uma plataforma multilín- sas línguas e junto a pessoas de dife- Charles: O Espiritismo existiu em
gue, necessária para atender à difu- rentes culturas. Mas, com relação Cuba desde os primórdios do Movi-
são do Espiritismo em nível mun- aos programas e materiais elabora- mento Espírita. Kardec já tinha cor-

12 90 Reformador • Março 2013


e chegou o tempo em que ocupará
lugar entre os conhecimentos hu-
manos”. Porém, advertiram também
que: “Terá, no entanto, que susten-
tar grandes lutas, mais contra o in-
teresse, do que contra a convicção
[...]”. E Kardec comenta: “As ideias
só com o tempo se transformam;
nunca de súbito. De geração em ge-
ração, elas se enfraquecem e acabam
por desaparecer, paulatinamente,
com os que as professavam [...]”. É
exatamente isso que observamos
pelo mundo hoje em dia: as ideias
Página eletrônica em árabe espíritas progridem, apesar das lutas
dos opositores, encarnados e desen-
respondentes naquele país, e repre- congressos nacionais, entre os anos carnados. Pouco a pouco, a crença
sentantes de Cuba visitaram a Eu- 2008 e 2011. Nessas ocasiões, repre- na existência do Espírito, na sua so-
ropa e participaram dos congressos sentantes do Ministério das Reli- brevivência após a morte do corpo
espíritas: de 1888, em Barcelona; e giões têm afirmado que o Governo físico, na comunicabilidade entre
de 1889, em Paris. De fato, parece cubano apoia o Movimento Espí- encarnados e desencarnados se tor-
que o Movimento começou forte rita, principalmente pelo fato de nam mais e mais aceitas pela popu-
em Cuba e continuou se desenvol- que a Doutrina Espírita recomen- lação, diante dos fenômenos espí-
vendo continuamente pelo tempo. da a paz e a caridade. Esta situa- ritas, constituindo uma formidável
Nas últimas décadas, devido a certo ção favorável permitiu que o Movi- convergência de provas. Há muito a
isolamento, houve poucas informa- mento cubano fosse escolhido para fazer, a tarefa nos parece às vezes
ções sobre o Movimento Espírita sediar o 7o Congresso Espírita Mun- além das nossas possibilidades, mas a
cubano, mas hoje constatou-se que dial, que ocorrerá em Havana, de 22 Espiritualidade superior assegura
existem cerca de 600 grupos, ge- a 24 de abril de 2013. As informa- apoio constante aos trabalhadores
nuinamente espíritas, oficialmente ções podem ser obtidas nas páginas encarnados que se empenham, hu-
cadastrados e reconhecidos pelo eletrônicas: <www.7cem.org>; <http: mildemente, com boa vontade, com
Governo, a maioria na parte orien- //congressoespirita.com.br/>. amor e caridade, unindo-se a outros
tal da Ilha. Assim, Cuba é hoje o se- trabalhadores, para implantar a
gundo país no mundo com maior Reformador: Quais são suas expec- Doutrina consoladora pelo mundo.
número de grupos espíritas, depois tativas para o Espiritismo no mundo? O Movimento Espírita brasileiro e o
do Brasil. O CEI já vem acompa- Charles: À questão 798 de O livro CEI têm papel importante nesse
nhando o Movimento cubano, e dos espíritos: “O Espiritismo se tor- sentido, pelo apoio que prestam aos
hoje Cuba é um país representado nará crença comum, ou ficará sendo movimentos nascentes nos outros
no CEI. Os contatos são mantidos partilhado, como crença, apenas por países, pela literatura espírita e pelo
pelo Coordenador do CEI para a algumas pessoas?”, os Espíritos da material didático que colocam à dis-
América Central e Caribe, Edwin Codificação responderam: “Certa- posição dos trabalhadores de ou-
Bravo. Além de visitas regulares, o mente que se tornará crença geral e tros países, facilitando o trabalho
CEI participou de um primeiro marcará nova era na história da hu- de adaptação necessária diante das
Encontro Espírita Cubano e de manidade, porque está na Natureza diversas realidades de cada local.

Março 2013 • Reformador 91 13


Lições oportunas
“Jesus lhe diz: Mulher, por que choras? A quem buscas? Ela, supondo ser o jardineiro,
lhe diz: Senhor, se tu o carregaste, dize-me onde o colocaste, e eu o levarei.
Jesus lhe diz: Maria! Voltando-se, ela lhe diz em hebraico Rabbuni,
1
que se diz Mestre.” (João, 20:15 e 16.)*

CLARA LILA GONZALEZ DE ARAÚJO

A
belíssima passagem do en- Amélia Rodrigues se expressa o de que despertava, com a alma
contro de Maria Madalena amor acendrado de Madalena por em cânticos de excelsa alegria.2
com Jesus se dá por oca- Jesus, tornando-a como símbolo
sião de sua ida ao sepulcro, junto da mulher cristã que segue com Esses momentos de inexcedí-
com outras mulheres, para o em- rara abnegação os passos do Cristo, veis venturas se transformaram na
balsamamento do corpo do meigo sobretudo ao ser arrastado às mensagem de esperança para os
Nazareno, sobre o qual iam der- agonias do Calvário: cristãos. Anunciava-se a realidade
ramar perfumes e bálsamos logo da ressurreição como essência
que despontasse o sol no primeiro [...] O deslumbramento domi- divina que daria eternidade ao
dia da semana, após a crucificação. nou-a. O Mestre vivia e ali es- Cristianismo. No gesto inesquecí-
Maria Madalena, separando-se tava radioso como a madruga- vel e simbólico do Nazareno, que
das companheiras, que foram ao da nascente! teria aparecido primeiramente
encontro dos apóstolos e dos – “Não me detenhas! Vai para para Madalena, habituada às sen-
discípulos para anunciar o desa- meus irmãos e dize-lhes que eu sações difíceis de serem destruí-
parecimento do veículo físico do sigo para meu Pai e vosso Pai, das, mas que teria, de maneira
Rabi, é agraciada com a visão de meu Deus e vosso Deus.” valorosa, conseguido superá-las
seu Senhor que, em voz dulcíssima, A luz de ouro do amanhecer com a ajuda dele, observa-se o
chama-a pelo nome, aplacando incidia sobre as suas vestes, que fulgente ensinamento do Mestre,
as excessivas lágrimas que verteu fulguravam, e miríades de pe- conforme interpretação clara do
por não tê-lo encontrado no tú- queninos sóis pareciam incrus- Espírito Emmanuel:
mulo. Nas palavras do Espírito tados n'Ele.
Ficou esmagada de felicidade. [...] Jesus ratificou a lição de
*As narrativas de Mateus (28:1 a 15), Desejou traduzir com palavras que a sua doutrina será, para
Marcos (16:1 a 11) e Lucas (24:1 a 12), so- as impressões incomparáveis todos os aprendizes e seguido-
bre esse episódio evangélico, comparadas como as dores vividas até há res, o código de ouro das vidas
com a de João (20:11 a 23), que está mais
pouco. Não pôde fazê-lo [...]. transformadas para a glória do
minuciosa, se completam. Cada registro
dos evangelistas é parte essencial dos Pôs-se de pé. Sorriu e, sem mais bem. E ninguém, como Maria
acontecimentos citados. delongas, tomou o rumo da cida- de Magdala, houvera transfor-

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mado a sua, à luz do Evange- Com Jesus iniciou-se o verda- cansável em favor do Espiritismo,
lho redentor.3 deiro feminismo, independente das analisa a situação da mulher, e
ideologias políticas e sociais, que conclui:
A história de Maria Madalena exigiram lutas e movimentos A história humana assinala
enaltece as mulheres para o cum- radicais na defesa dos direitos da profunda injustiça praticada
primento de seus deveres morais, mulher e de suas expectativas em pelo homem contra a mulher,
nobres e edificantes, pois nos função das oportunidades ofere- sua companheira, no decorrer
tempos primitivos havia um gran- cidas no mundo moderno, sem das civilizações e dos milênios.
de desprezo por O Cristo de Deus,
elas. Eram ignora- em sua Mensagem
das, sem primazia de ensinos e de
intelectual, estabe- exemplos, e o Con-
lecendo-se profun- solador, em sua
das diferenças en- Doutrina de escla-
tre os dois sexos. recimentos e de con-
Mas Jesus as valo- solações, mostraram
rizava, ao desmis- o grande engano do
tificar a doutrina desprezo e da des-
judaica repleta de qualificação da mu-
preconceitos para lher, como se ela
com o chamado fosse um ser infe-
sexo frágil, e enun- rior ao seu compa-
ciava o convite do nheiro de jornada
amor divino ao ou- evolutiva.4
torgar-lhes a mis-
são de amar e pro- Libertando-as,
fetizar. Muitas pas- o Cristo lhes ou-
sagens do Evange- torgou as faculda-
lho confirmam a des preciosas do
doçura do Mestre, Espírito para o in-
cheio de mansidão tercâmbio entre
para com as suas se- ambos os mun-
guidoras, desde o dos, estimulando-
início da Boa Nova! -as a exercer o
Na citação evangé- dom da mediuni-
lica, destacada an- dade, pois tam-
teriormente, con- Jesus e Maria Madalena
bém, nesse terre-
fere-se às mulhe- no, não há supe-
res, que lá estavam naquele dia ines- perceber que o Evangelho inau- rioridade masculina. É impor-
quecível, a mesma concessão dada gurara uma nova era para as suas tante ressaltar que não só Maria de
a Madalena com a aparição do legítimas esperanças. Magdala, mas todas as suas acom-
Senhor numa segunda oportuni- A par dessas reflexões, Juvanir panhantes, ao serem menciona-
dade, envolvendo-as em profusões Borges de Souza (1916-2010), es- das pelos evangelistas sobre o epi-
de carinho e vibrações salutares. critor espírita e trabalhador in- sódio da ressurreição, possuíam

Março 2013 • Reformador 93 15


faculdades psíquicas extrema- da Doutrina Consoladora, lega- dendo a servir na labuta cristã,
mente expressivas, permitindo- ram para nós, em suas obras de que é a maneira de conseguir-
-lhes ver (vidência) e ouvir (au- extraordinários ensinamentos, mos consolar os corações dos que
diência) a Jesus e aos Espíritos psicografadas ou não, profundas mais sofrem.
superiores que ali estavam para lições de engrandecimento e co- Infelizmente, nos dias de hoje,
anunciar que o Mestre já não se ragem, para que não deixásse- permanecem certos preconceitos
encontrava no sepulcro. O fato, mos de prosseguir na luta que em relação à mulher. De acordo
porém, não foi constatado, igual- travamos para não nos descui- com os Espíritos reveladores, “o
mente, pelos guardas que vigiavam darmos do caminho a percorrer, primeiro princípio de justiça é
a sua tumba. como valiosa oportunidade de este: não façais aos outros o que
Ao louvar a mulher médium, obter a reforma íntima e o pro- não quereríeis que vos fizessem”.5
recordamos aquelas que, ao longo gresso espiritual. Em consequência, as leis huma-
da história da civilização, soube- São elas missionárias do devo- nas devem consagrar a igualdade
ram servir de forma perseverante tamento, a vibrar em faixas de dos direitos do homem e da mu-
à causa espírita-cristã, desven- verdadeiro amor! lher, sem permitir o predomínio
dando os mistérios do sobrena- Ao escolher Maria Madalena injusto e cruel que sobre a con-
tural e provocando fenômenos para concretização da mensa- dição feminina é exercido em cer-
fantásticos por meio das chama- gem da alegria, que fez ressoar a tos países, pois a sua emancipa-
das comunicações com o plano luz da ressurreição em nossos ção acompanha o progresso da
espiritual, submetendo-se, em corações, o Nazareno nos faz ava- civilização.
certas épocas, aos maiores sacri- liar, nos recessos da própria al- A mulher recebeu a sagrada
fícios e humilhações em prol do ma, a conduta como mulher. Em missão da vida, e o ensino de Je-
exercício da mediunidade, nem se tratando de faltas e quedas nos sus é o cumprimento da lei, pelo
sempre aceito com compreensão domínios do Espírito, Jesus nos amor mais sublime, no supremo
e entendimento. alertou sobre as nossas tendên- esforço de iluminar o mundo!
Lembramos também as in- cias, conhecedor profundo dos
cansáveis e perseverantes sea- problemas difíceis que enfrenta- Referências:
1
reiras responsáveis pela labuta ríamos, sobretudo, no exercício DIAS, HAROLDO D. (Trad.) O novo tes-
nos esforços despendidos para do papel de esposa, mãe, filha, tamento. Brasília (DF): Edicei, 2010. p.
consolidação da prática do Es- irmã e tantas outras funções de- 466.
2
piritismo no Brasil e no mundo, sempenhadas nas relações fami- FRANCO, Divaldo P. Primícias do reino.
em nome da caridade e do amor liares, imprescindíveis para a Pelo Espírito Amélia Rodrigues. Salvador:
ao próximo, fundando lares-abri- evolução do Espírito. Talvez, por Leal, 1975. cap. A rediviva de Magdala,
gos, escolas de evangelização, edu- esse motivo, ainda estejamos dis- p. 159-175.
3
candários, hospitais e centros tantes de alcançar níveis mais al- XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade
espíritas, como forma de aco- tos de progresso moral, de modo a e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 3.
lher a todos os sofredores que amealhar as condições ideais de reimp. Brasília: FEB, 2012. cap. 92.
4
aqui aportam na busca de suas trabalhos sublimes acalentados LOUREIRO, Carlos Bernardo. As mu-
difíceis e onerosas experiências no curso das reencarnações. Res- lheres médiuns. 3. ed. 1. reimp. Rio de
existenciais. ta-nos, no entanto, a certeza de Janeiro: FEB, 2008. Apresentação, p. 11
Outras mulheres espíritas, como que haveremos de superar os en- a 13.
5
as escritoras, expositoras, educa- dividamentos frente às leis divi- KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.
doras ou enfermeiras generosas nas, aperfeiçoando, passo a passo, Trad. Guillon Ribeiro. 92. ed. 2. reimp.
das doenças morais, estudiosas as qualidades próprias e apren- Rio de Janeiro: FEB, 2012. q. 822.

16 94 Reformador • Março 2013


Benedita
Fernandes
Um dos marcos dos hospitais espíritas
A N TO N I O C E S A R P E R R I DE C A RVA L H O

O
itenta anos de funciona- ela em função de seu desequilí- No dia 6 de março de 1932, fun-
mento de um hospital, brio mental/espiritual. Pela sua dou a Associação das Senhoras
em atividade ininterrup- cor e considerando-se a região de Cristãs que originou o atual Hos-
ta, iniciado por uma pioneira es- seu nascimento, certamente era pital Benedita Fernandes. Surgia
pírita, é fato deveras marcante. descendente próxima de escravos. a primeira obra assistencial espí-
Este ano transcorrem 130 anos do Nos anos 1920, ela foi curada rita da cidade e da região, bem
nascimento de sua fundadora de atroz subjugação espiritual
Benedita Fernandes, vulto que por um carcereiro da cidade de
colaborou para a construção de Penápolis (SP), que era
uma das marcas que caracterizam espírita. A partir daí,
Araçatuba (SP), quando a cidade ocorreu profunda
tinha apenas 20 anos de existência. transformação na
Ela fundou uma obra assistencial sua vida. Chega a
que sensibilizou a população e Araçatuba com o
começou a registrar de forma propósito de tra-
concreta a prática da benemerên- balhar pelo próxi-
cia, da solidariedade e da orien- mo e, no então Pa-
tação espiritual. trimônio de Dona
Benedita Fernandes nasceu em Ida, atual bairro
Campos Novos de Cunha (SP), Santana, juntamente
um povoado entre Guaratinguetá com outras lavadei-
e Parati, nos altos da Serra do ras – pessoas simples
Mar, no dia 27 de junho de 1883, e de pouca instrução
e desencarnou, em Araçatuba, no –, deu início ao atendi-
dia 9 de outubro de 1947.1 Sabe-se mento a pessoas, na épo-
o mínimo sobre sua família, pois ca consideradas “loucas”,
Benedita perdeu o contato com e a crianças abandonadas.

Março 2013 • Reformador 95 17


como um dos marcos históricos No Movimento Espírita, Bene- reunião sobre tratamento de doen-
do Movimento Espírita. dita tinha amizade e contato, nos tes mentais. Na oportunidade,
Durante os 20 anos de sua anos 1930, com Cairbar Schutel, Benedita, fazendo referência à “mo-
profícua atuação assistencial e que publicava notícias sobre as da da época”, de que o obsidiado
espírita naquela cidade, Benedita suas obras em O Clarim, e, na dé- deveria desenvolver a mediuni-
Fernandes manteve também a cada seguinte, com Leopoldo dade, arrematou sabiamente: “ao
Casa da Criança, o Asilo Dr. Machado – um dos grandes líde- invés de desenvolvidos, vão é
Jaime de Oliveira, o Albergue res espíritas do País –, que escre- acabar envolvidos...”.1 A lucidez
Noturno e as Escolas Mistas, to- veu várias vezes sobre ela, princi- doutrinária da pioneira pode ser
dos funcionando na rua Newton palmente no citado periódico. comprovada com a leitura do ca-
Prado, próximos ao lugar onde Num desses artigos, Leopoldo faz pítulo Dos inconvenientes e peri-
está situado o atual Hospital. registro importante de um depoi- gos da mediunidade, de O livro
Também foi pioneira nos esfor- mento de Benedita: dos médiuns.
ços de união dos espíritas, com a Por outro lado, a título de con-
fundação da União Espírita Re- Houve um tempo em que meus tribuição para as reflexões, princi-
gional da Noroeste, nos idos de passes e minha água fluida an- palmente dos dirigentes espíritas,
1942, ação antecessora da movi- daram curando muita gente. destacamos que o exemplo mar-
mentação que gerou a fundação Quase me canonizaram por cante da pioneira e a expressão de
da União das Sociedades Espíri- isso! Minha santidade crescia suas obras não impediram que
tas do Estado de São Paulo, em à medida que as curas se ope- ocorressem momentos de dificul-
1947. Conquistou o respeito e a ravam. E eu, embora passan- dade e até de tentativas de detur-
admiração do povo e das autori- do por santa, já não tinha as pação das obras. Anotamos a preo-
dades, de políticos locais e de go- mesmas horas livres para tra- cupação em artigo escrito, após a
vernadores do Estado.1 tar de minhas crianças, de superação dos problemas:
Benedita era muito procura- meus obsidiados.
da por pessoas que recorriam à Acontece, ainda, que os doen- Os vários tipos de crises que o
sua assistência espiritual e auto- tes só pensando na sua cura, Sanatório Benedita Fernandes
ridade moral, que conquistou egoisticamente, em si mesmos, passou nos últimos cinquenta
pelo trabalho dedicado e desin- não aceitavam explicações, não anos sugerem algumas refle-
teressado, presente em muitos respeitavam horas de consul- xões sobre as instituições assis-
episódios. tas. Acabei com a santidade e tenciais em geral. Sem conside-
Depois de prestar um atendi- com os passes e água fluida, rar a complexa questão da ad-
mento domiciliar à nossa bisavó vendo, meus amigos, que ser ministração de instituições,
materna, nos idos de 1939, alguns santo é o diabo!...1 como os hospitais que envol-
de nossos familiares foram visi- vem várias nuances eminente-
tar as obras de Benedita, até co- Frases simples e de efeito, mas mente técnicas, no momento, é
mo gratidão pela assistência es- com fundamentação doutrinária, oportuna a avaliação doutriná-
piritual recebida e, entre outras surgiam sempre, o que refletia sua ria e para o movimento espírita.
observações, “viram uma doente lucidez espiritual. Em absoluto não estamos criti-
mental, toda contorcida que, ao Em visita à Fundação Pesta- cando, mas realizando uma
ouvir as palavras de dona Bene- lozzi, em Franca (SP), no ano de análise depois de ponderável
dita, alusivas à fé e à bondade de 1979, o médico e educador Tomaz período de tempo. Esse não é o
Deus, juntou as mãos como se es- Novelino relatou-nos que ele e Be- primeiro caso conhecido em
tivesse orando”.1 nedita estiveram presentes a uma que o labor assistencial des-

18 96 Reformador • Março 2013


Foto do ano 1930 – Benedita é a última à direita, em pé, com os doentes

vinculado do Centro Espírita homenageada, nas dependências neira em várias regiões do País e
pode apresentar problemas sé- do Sanatório, nos centros espíri- conhecemos instituições que a ho-
rios. Há situações que a obra tas da cidade, e oferta de painel, menageiam, designando-se Bene-
chega a se descaracterizar. As- alusivo à obra de Benedita, no dita Fernandes, em cidades de São
sim, é sempre cabível a discus- Museu local. Na oportunidade, Paulo, Paraná, Mato Grosso, Mato
são sobre os objetivos reais das lançamos o nosso livro Dama da Grosso do Sul e Pará.
instituições espíritas e sobre caridade, biografia da homena- A mulher simples e humilde se
suas formas de engajamento geada, editado pela União Muni- transformou num marco da cida-
nos labores de construção de cipal Espírita de Araçatuba. de de Araçatuba e região, e numa
uma sociedade em novas bases Surgiram mensagens de Bene- das referências históricas dos hos-
e a ação sincrônica e fraternal dita, psicografadas por Dolores pitais espíritas!
com o movimento espírita.2 Bacelar – dirigente e médium que
atuou na cidade do Rio de Janeiro Referências:
1
Desde nossa juventude, nutri- –, que nos relatou episódios inte- CARVALHO, Antonio Cesar Perri de. Da-
mos admiração por seu vulto e di- ressantes, relacionados com o tra- ma da caridade. 2. ed. São Paulo: Ed.
vulgamos, logo após o apareci- balho da seareira paulista; e tam- Radhu, 1987. p. 94.
mento, a psicografia de Chico bém por Divaldo Pereira Franco,1,4 2
______. Benedita Fernandes. 50 anos
Xavier, de 1963, intitulada Num inclusive no ambiente de nosso depois. In: Dirigente Espírita. Órgão da
domingo de calor, assinada pelo lar, ainda em Araçatuba. Os exem- USE-SP. ano 8, n. 43, p. 3, set. e out.
Espírito Hilário Silva, referente plos de Benedita e as mensagens 1997.
3
a Benedita Fernandes, na qual ela é espirituais de sua autoria foram XAVIER, Francisco C. Num domingo de
chamada de “abnegada fundadora” utilizados por muitos expositores, calor. Pelo Espírito Hilário Silva. In: Anuá-
e “mulher admirável”.3 entre eles, Mário da Costa Bar- rio espírita – 1964. Araras (SP): Ed. IDE,
Em 1967, propusemos a come- bosa, que trabalhou na área da as- 1964. p. 49. Ver também: ______. Ideias
moração dos 20 anos de sua de- sistência social espírita nos Esta- e ilustrações. 7. ed. 2. reimp. Rio de
sencarnação e, em março de 1982, dos de São Paulo e do Pará. Sobre Janeiro: FEB, 2011. cap. 30.
4
promovemos a “Semana Benedita as propostas de trabalho deste úl- FRANCO, Divaldo P. Sementes de vida
Fernandes”, patrocinada pela en- timo lidador, a FEB editará o livro eterna. Por diversos Espíritos. Salvador:
tão União Municipal Espírita de Conviver para amar e servir.5 Leal, 1978. cap. 20 e 21.
5
Araçatuba, com palestras alusivas Há muitos anos já havia refe- NO PRELO. Ed. FEB (lançamento previs-
ao Jubileu de Ouro da obra da rência à atuação espiritual da pio- to para o segundo trimestre de 2013).

Março 2013 • Reformador 97 19


Razão
providencial da dor
M AU R O P A I VA F O N S E C A

A
ignorância, a indiferença, Estivemos, estamos e estaremos as nuanças dos sofrimentos, em
a rebeldia e a negligência por toda a eternidade, sujeitos ao que se incluem não somente as do-
são poderosas forças im- determinismo da grande lei de cau- res e desequilíbrios físicos, mas os
peditivas do progresso e, conse- sa e efeito, ou lei casual, que, im- psíquicos, sentimentais e morais.
quentemente, da felicidade das perativamente, nos governa através Assim, quando todos os argu-
criaturas. Através da desculpa, so- dos pensamentos, palavras e atos. mentos da lógica, do bom senso e
fisma, acomodação, descrença, ne- Já que progredir é uma lei a que da razão são rejeitados e a inércia
gligência e indiferença pela verda- todos estamos sujeitos e a cujas na busca da verdade ameaça gra-
de, uma grande parte dos homens imposições não nos podemos fur- vemente a evolução pela reincidên-
foge ao conhecimento e à vivência tar, de que recursos dispõe seu au- cia nos erros, pecados e crimes
da realidade, que os faria cada vez tomatismo para impedir o exces- clamorosos, a dor então impõe a
mais livres e poderosos; entretan- sivo retardamento na evolução das procura da solução verdadeira,
to, as leis divinas que governam a criaturas acomodadas ao menor promovendo com isso o retorno
vida são perfeitas, justas e auto- esforço? Como age para despertar ao esforço progressista.
máticas. Esses atributos, porém, os enceguecidos pela ignorância, Inúmeros foram os missioná-
escapam à percepção da maioria, que inevitavelmente os conduzirá rios enviados à Terra para abrir os
que não os considera com a im- à desilusão e derrota? olhos aos homens, trazendo-lhes
portância merecida. Às vezes a inconsequência não as verdades sobre a vida real, a vi-
A vida presente, com os praze- os deixa perceber toda a sua reali- da futura. O maior deles, o amado
res e as vantagens que os homens dade, o prejuízo que a indiferença Mestre Jesus, deixou-nos o legado
possam auferir, limita-lhes o cír- causa ao próprio progresso, arras- imortal do seu Evangelho, senten-
culo de interesses, alimentando- tando-os por decênios ou séculos ciando em um de seus inesquecí-
-lhes o imediatismo das conquis- em estado de penosa estagnação veis ensinamentos: “A cada um,
tas mundanas, ávidos de opulência, com todas as suas deploráveis de- conforme suas obras” (Romanos,
comodidades e gozos que satisfa- corrências. É aí que o automatis- 2:6), ou seja: a vida de cada um é
çam os impositivos da vida mate- mo da grande lei entra em ação, sempre fruto de seu próprio es-
rial, colocados como prioridades promovendo a terapia de choque: forço, no caminho do mal ou do
no seu existir. a dor! Nela estão incluídas todas bem.

20 98 Reformador • Março 2013


Esf lorando o Evangelho
Pelo Espírito Emmanuel

A boa
parte
“Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada.”
– Jesus. (Lucas, 10:42.)

N
ão te esqueças da “boa parte” que reside em todas as criaturas e em todas as
coisas.
O fogo destrói, mas transporta consigo o elemento purificador.
A pedra é contundente, mas consolida a segurança.
A ventania açoita impiedosa, todavia, ajuda a renovação.
A enxurrada é imundície, entretanto, costuma carrear o adubo indispensável à
sementeira vitoriosa.
Assim também há criaturas que, em se revelando negativas em determinados
setores da luta humana, são extremamente valiosas em outros.
A apreciação unilateral é sempre ruinosa.
A imperfeição completa, tanto quanto a perfeição integral, não existem no plano
em que evolutimos.
O criminoso, acusado por toda a gente, amanhã pode ser o enfermeiro que te
estende o copo d’água.
O companheiro, no qual descobres agora uma faixa de trevas, pode ser depois o
irmão sublimado que te convida ao bom exemplo.
A tempestade da hora em que vivemos é, muitas vezes, a fonte do bem-estar das
horas que vamos viver.
Busquemos o lado melhor das situações, dos acontecimentos e das pessoas.
“Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada” – disse-nos o Senhor.
Assimilemos a essência da divina lição.
Quem procura a “boa parte” e nela se detém, recolhe no campo da vida o tesouro
espiritual que jamais lhe será roubado.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Fonte viva. 3. reimp. Brasília: FEB, 2011. cap. 32.

Março 2013 • Reformador 99 21


Falando de Livro

Coleção
Fonte viva GERALDO CAMPETTI SOBRINHO

A
literatura espírita é ma- entendimento das inteligências Livros que nos acompanham
nancial de luz a esclarecer mais humildes. de há muito e que devem fazer
o Espírito em sua senda Assim é a Coleção Fonte Viva, parte do cotidiano de nossas vi-
evolutiva rumo a Deus. constituída das obras Caminho, ver- das, tamanho o potencial renova-
Livros que iluminam almas, vin- dade e vida, Pão nosso, Vinha de dor de suas páginas, ensejando-
dos a lume pelas abençoadas inspi- luz, Fonte viva e Ceifa de luz. -nos efetiva transformação moral
rações do plano superior e materia- São explicações admiráveis do e reforma íntima.
lizados por mãos de dedicados nobre Espírito que sabiamente con- Cada frase, oriunda da reflexão
apóstolos do bem a serviço do amor. segue elucidar trechos, revelar de Emmanuel, compartilhada com
Nesse rol de cooperadores divi- lições e atender às necessidades todos os que têm a oportunidade
nos, temos a figura luminar de diversas, abrigadas em nosso ser, de ler seu acervo, é roteiro para o
Chico Xavier. Em parceria pro- pela leitura de páginas reflexivas comportamento saudável na exis-
fícua com Emmanuel, seu guia de consolo e esclarecimento. tência de relação com o seme-
espiritual, contribuiu de forma va- A FEB Editora relança essa Co- lhante.
liosa para o melhor entendimento leção, repleta de significativas in- Sirvamo-nos das belas lições ao
do Evangelho de Jesus, em expli- formações, em obras de bela apre- aprendizado constante e compar-
cações cristalinas ao alcance do sentação gráfica tilhemos seus ensinos com todos
para alegria dos os interessados em prosseguir na
leitores. jornada de luz proporcionada pe-
lo estudo do livro espírita para a
construção de um novo mundo.

22 100 Reformador • Março 2013


A tragédia em
Santa Maria
A cidade de Santa Maria (RS) apoiadas por uma rede de solidarie- ponibilizou em seu Portal, no mes-
foi abalada na madrugada de 27 de dade, com a participação da Fergs, mo dia do acidente, nota de soli-
janeiro do corrente ano por uma objetivando ofertar alimentação, dariedade e transcrição de mensa-
das maiores tragédias do país, pro- hospedagem e atendimento nos gem esclarecedora de Emmanuel,
vocando a desencarnação de mais hospitais aos enfermos e suas famí- ensejando reprodução de textos
de 200 pessoas e com muitos ou- lias. Nas demais cidades, foi dispo- de apoio, consolo e esclarecimento
tros feridos graves. nibilizado o canal da Web-TV Fergs pelas redes sociais. Esta iniciativa
A comoção – com naturais rea- causou forte impressão, foi tão sig-
ções de muita dor e até de revolta nificativa que – no mesmo dia, 27
– surgiu e persiste. de janeiro –, ocorreram 15 mil
A comunidade local se mo- acessos à nota da FEB.
bilizou de várias formas Situações como as das de-
para o socorro material, sencarnações coletivas me-
psicológico e espiritual. recem o apoio espiritual,
Houve também a ação principalmente com o
solidária de espíritas, respeito que se deve ter
como da Federação Es- às diferentes crenças.
pírita do Rio Grande Todavia, a mensa-
do Sul (Fergs), que rea- gem espírita tem po-
lizou ampla mobilização, tencial consolador e es-
pois entre os desencarna- clarecedor.
dos havia jovens de várias Na fase inicial, como a
regiões do Estado. A Equipe que ainda se vive após a tra-
da Fergs compareceu em Santa gédia, o consolo é a prioridade.
Maria, incluindo integrantes de A certeza da vida imortal e de
sua Diretoria Executiva, para parti- que o ente querido não “morreu”
cipar de um Momento de Oração no é muito importante.
Abrigo Oscar Pithan. Centros espí- para palestras sobre expiações cole- Chico Xavier foi autêntico
ritas da cidade realizaram plantão tivas, orientando a abordagem. campeão do consolo a milhares e
permanente para Atendimento Fra- Houve entrevistas e comentários milhares de famílias que o pro-
terno. Todas as noites foram feitas esclarecedores com espíritas na TV curaram, gerando as chamadas
irradiações coletivas. Em Porto Ale- Urbana e Web, na RBS TV, afiliada “cartas familiares”, publicadas
gre, as famílias que acompanharam da rede Globo, que produziu o pro- em dezenas de livros, que contêm
os seus jovens em leitos de UTI, grama Força Santa Maria. A Fede- páginas psicográficas do inesque-
transferidos de Santa Maria, foram ração Espírita Brasileira (FEB) dis- cível médium.

Março 2013 • Reformador 101 23


“Assim, o que, sem a preexis-
tência da alma, é incompreensível
e inconciliável com a Justiça de
Deus, se torna claro e lógico me-
Motivos de resignação
diante o conhecimento dessa lei.”1
O mentor espiritual Emma-
nuel nos esclarece:
“P or estas palavras: Bem-aventurados os aflitos, pois que se-
rão consolados, Jesus aponta a compensação que hão de
ter os que sofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer
do sofrimento, como prelúdio da cura.
Lamentemos sem desespero, Também podem essas palavras ser traduzidas assim: Deveis
quantos se fizerem vítimas de considerar-vos felizes por sofrerdes, visto que as dores deste mun-
desastres que nos confrangem do são o pagamento da dívida que as vossas passadas faltas vos
a alma. A dor de todos eles é a fizeram contrair; suportadas pacientemente na Terra, essas dores
nossa dor. Os problemas com vos poupam séculos de sofrimentos na vida futura. Deveis, pois,
que se defrontaram são igual- sentir-vos felizes por reduzir Deus a vossa dívida, permitindo que
mente nossos.
a saldeis agora, o que vos garantirá a tranquilidade no porvir.
Não nos esqueçamos, porém, de
O homem que sofre assemelha-se a um devedor de avultada
que nunca estamos sem a presen-
soma, a quem o credor diz: ‘Se me pagares hoje mesmo a centési-
ça de Misericórdia Divina junto às
ma parte do teu débito, quitar-te-ei do restante e ficarás livre; se o
ocorrências da Divina Justiça, que
não fizeres, atormentar-te-ei, até que pagues a última parcela.’ Não
o sofrimento é invariavelmente
se sentiria feliz o devedor por suportar toda espécie de privações
reduzido ao mínimo para cada
para se libertar, pagando apenas a centésima parte do que deve?
um de nós, que tudo se renova
Em vez de se queixar do seu credor, não lhe ficará agradecido?
para o bem de todos e que Deus
Tal o sentido das palavras: ‘Bem-aventurados os aflitos, pois
nos concede sempre o melhor.2
que serão consolados.’ São ditosos, porque se quitam e porque,
O momento é de solidariedade depois de se haverem quitado, estarão livres. Se, porém, o homem,
às famílias envolvidas, de vibrações ao quitar-se de um lado, endivida-se de outro, jamais poderá al-
amorosas aos desencarnados e de cançar a sua libertação. Ora, cada nova falta aumenta a dívida,
esclarecimento amplo dos princípios porquanto nenhuma há, qualquer que ela seja, que não acarrete
espíritas, respaldados na convicção forçosa e inevitavelmente uma punição. Se não for hoje, será ama-
de que Deus é nosso Pai, da imor- nhã; se não for na vida atual, será noutra. Entre essas faltas, cum-
talidade da alma e do continuado pre se coloque na primeira fiada a carência de submissão à vontade
trabalho de “formiguinhas” na ação de Deus. Logo, se murmurarmos nas aflições, se não as aceitar-
solidária, fraterna e amiga! mos com resignação e como algo que devemos ter merecido, se
acusarmos a Deus de ser injusto, nova dívida contraímos, que
Referências: nos faz perder o fruto que devíamos colher do sofrimento. É por
1
KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad. isso que teremos de recomeçar, absolutamente como se, a um
Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: credor que nos atormente, pagássemos uma cota e a tomássemos
FEB, 2009. pt. 1, cap. Questões e proble- de novo por empréstimo.”
mas – Expiações coletivas.
2 Allan Kardec
XAVIER, Francisco C.; PIRES, Herculano J.
Chico Xavier pede licença. Por Espíritos Fonte: O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed. 2. reimp.
diversos. S. Bernardo do Campo (SP): Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2012. cap. 5, it. 12. (Transcrição parcial.)
Geem. cap. 19.

24 102 Reformador • Março 2013


Um novo estilo de vida
D A LVA S I LVA S O U Z A

“A
mulher é um Espírito à massa, mas criar, no contexto ideais, das abençoadas realizações
reencarnado. Aporta social que nos abriga, as diferenças da vida, dos estímulos ao progres-
a essa vida, trazendo profundas a definirem o compor- so e, sobretudo, das boas obras’.
em seu arquivo milhares de expe- tamento cristão, que fará a coleti- Caberá à sociedade, compreen-
riências pretéritas. São conheci- vidade, sob as altas temperaturas dendo a importância da presença
mentos e vivências que se trans- do sofrimento, crescer na vivência materna na formação da mente
formam em um chamamento da verdadeira fraternidade. infantil, criar leis que possibilitem
forte para realizações neste ou As que se reconhecerem chama- à mulher assistir os próprios filhos,
naquele setor da atividade huma- das ao labor doméstico, realizem sem prejuízo de sua atuação pro-
na. Privá-la de responder a esse seu trabalho sem inibições, sem se fissional. Na verdade, o momen-
chamamento interior será, mais sentirem marginalizadas pelo con- to em que vivemos representa um
uma vez, restringir-lhe a liberda- texto social, conscientes da impor- grande apelo a homens e mulheres
de, considerando-a um ser inca- tância da função que abraçam. As para que se associem na constru-
paz de tomar decisões, de gerir que identificarem o chamamento ção de uma sociedade mais huma-
sua própria vida e, sobretudo, se- para a contribuição profissional, na e mais justa. Enquanto persistir
rá impedi-la de conhecer-se e de exerçam suas atividades com ho- esse sistema em que todos profes-
crescer espiritualmente. nestidade e retidão, usando sua sam o Cristianismo apenas com os
É preciso criar-se um contexto sensibilidade na criação de um lábios e não com os atos, o impo-
em que a mulher possa exercer ambiente de amizade e respeito. sitivo de trabalho aos que já com-
verdadeiramente seu livre-arbítrio. As que receberem o apelo íntimo preenderam o verdadeiro espírito
Nem a obrigatoriedade de traba- para as realizações no plano polí- da Doutrina Espírita – reviver o
lhar fora de casa para se adequar tico, saibam adoçar sua atuação Cristianismo – é imenso. É preciso
ao padrão de modernidade, nem com as características femininas, colocar mãos à obra e procurar a
o de se fazer surda ao seu mundo buscando a resolução dos conflitos superação das amarras dos inúme-
íntimo, limitando-se à função de no diálogo equilibrado e fraterno. ros condicionamentos culturais
dona de casa e mãe, como preco- Aquelas que acumulem funções, que nos impedem a absorção das
nizam algumas vozes retrógradas, porque, não obstante terem cons- verdades libertadoras, cuja atua-
desligadas das propostas reais da tituído um núcleo familiar, sen- ção, de dentro para fora, renovar-
Doutrina Espírita. O grande desa- tem forte apelo para realizações -nos-á, apontando a cada um de
fio que a Doutrina reitera à mulher que extrapolam as paredes do lar, nós, homens e mulheres, caminhos
de hoje está contido na assertiva do saibam estabelecer prioridades, cada vez mais seguros de cresci-
Evangelho, de que nós, cristãos, não comprometendo a formação mento individual e de interação
homens ou mulheres, devemos ser dos filhos, utilizando sua criativi- harmoniosa.”
como “o fermento que leveda toda dade na geração de um novo estilo
a massa”. Isso significa viver con- de vida. Batuíra diz que ‘a mulher é Fonte: Os caminhos do amor. 2. ed. Rio
forme a nossa época, como o fer- sempre mãe – não só dos próprios de Janeiro: FEB, 2007. p. 40-42. (Transcri-
mento que se torna homogêneo filhos, mas também dos grandes ção parcial.)

Março 2013 • Reformador 113 25


Em dia com o Espiritismo

Água
Um tesouro da Natureza
M A RTA A N T U N E S M O U R A

A
água no estado líquido co- Esta propriedade é fundamental nio e o hidrogênio; mas, se se pu-
bre de 70 a 71% da superfí- para o surgimento e a manutenção ser em contato com a água um
cie do Planeta. Deste total, da vida. No sangue, por exemplo, corpo que tenha com o oxigê-
97% estão nos oceanos e mares – são várias substâncias, como sais mine- nio mais afinidade do que a que
águas de elevada concentração de rais, vitaminas, açúcares, entre ou- este tem com o hidrogênio, a
sais, sobretudo o cloreto de sódio –, tras, são transportadas dissolvidas água se decompõe; o oxigênio
2% nas geleiras eternas (situadas nos na água. O corpo humano possui é absorvido, o hidrogênio torna-
polos e cordilheiras) e 1% nos rios, aproximadamente 80% de água. -se livre e já não haverá água.1
lagos e reservatórios subterrâneos. Segundo a Doutrina Espírita, a
Da pequena parcela de água doce propriedade da água de ser um sol- Para atender a esta e a outras
disponível, apenas 0,26% é indica- vente universal está relacionada inúmeras finalidades, a água é
da para o consumo humano. Neste aos princípios de afinidade pre- usualmente encontrada nos esta-
contexto, o Brasil é um país privile- sentes em todos os corpos e subs- dos sólido, líquido e gasoso, mas
giado, pois abriga entre 12 e 15% da tâncias do Universo: passa facilmente de um estado fí-
reserva de água doce planetária. sico para outro, conforme as cir-
A água é um mineral constituído A composição e a decomposição cunstâncias e necessidades.
de dois átomos de hidrogênio (H) dos corpos se operam em virtude Por ser um elemento vital da or-
e um de oxigênio (O), formando a do grau de afinidade que os prin- ganização da Natureza, os Espíritos
molécula H2O. A despeito da simpli- cípios elementares guardam en- construtores, que sempre agem sob
cidade da molécula, as proprieda- tre si. A formação da água, por a segura direção do Cristo, construí-
des da água são, praticamente, ilimi- exemplo, resulta da afinidade re- ram inúmeros reservatórios hídricos
tadas. Destaca-se entre elas a capaci- cíproca que existe entre o oxigê- na Terra, que são alimentados pelo
dade de dissolver um número signi-
ficativo de substâncias, condição
que a classifica como sol-
vente universal.

26 104 Reformador • Março 2013


Ciclo da Água (ou Ciclo Hidrológico), Os espessos vapores aquosos que Associa-se a essa intranquila
um movimento contínuo mantido se elevavam de todas as partes da situação o uso indiscriminado (e
ao longo das eras. Este Ciclo pode imensa superfície líquida recaíam excessivo) de água nas irrigações
ser assim resumido: 1) evaporação em chuvas abundantes e quen- agrícolas e pecuárias, assim como
de águas líquidas (rios, lagos, lagoas, tes, que obscureciam o ar. [...]2 no consumo individual e coletivo.
mares, regiões glaciais, lençóis de Em razão da gravidade do assunto,
gelo, vegetais e transpiração dos ani- Com o passar do tempo, o Ciclo a Assembleia Geral da Organização
mais) da superfície planetária que da Água estabilizou-se, fornecendo das Nações Unidas (ONU), através
adquirem a forma de vapor d’água; condições ideais para o surgimento da Resolução 47/193, de 21 de feve-
2) agregação dos vapores de água e da biodiversidade das espécies. reiro de 1993, declarou 22 de mar-
formação de nuvens na atmosfe- Contudo, é lamentável constatar ço, de cada ano, como o Dia Mun-
ra; 3) condensação dos vapores de que, na atualidade, graves proble- dial da Água (DMA), integrando
água nas nuvens que ficam eletrica- mas interferem diretamente no fun- um dos itens da Agenda 21 – um
mente carregadas; 4) esfriamento cionamento desse Ciclo, afirmam dos principais resultados da con-
da atmosfera no local onde estão cientistas e estudiosos do mundo ferência Eco-92, ocorrida no Rio de
as nuvens; 5) precipitação da água inteiro. As pesquisadoras brasilei- Janeiro, em 1992. Este documento
das nuvens na forma de chuva; 6) ras, Fátima Casarin e Monica dos estabelece o compromisso de cada
retorno da água aos reservatórios Santos, destacam alguns fatores país refletir, global e localmente,
naturais do Planeta, infiltrando-se prejudiciais: sobre a forma pela qual gover-
uma parte no solo para formar/ali- nos, empresas, organizações não
mentar os lençóis freáticos (ou sub- [...] Áreas imensas dos solos fo- governamentais e todos os seto-
terrâneos); 7) brotamento de águas ram impermeabilizadas por cons-
subterrâneas na superfície, nutrin- truções, calçadas e asfalto. Reser-
do nascentes de rios e fontes. vas como piscinas, barragens, cai-
O Espiritismo ensina, em conso- xas d’água e cisternas impedem a
nância com os avanços da Ciência, infiltração da água no solo e o rea-
que, diferentemente do que acontece bastecimento de aquíferos (gran-
hoje, no início da formação da Terra des reservatórios de água que
ficam em camadas profundas
As águas, pouco profundas, co- do solo). [...]3
briam quase toda a superfície do
globo, à exceção das partes soer-
guidas, formando terrenos baixos
frequentemente alagados. [...]

Março 2013 • Reformador 105 27


res da sociedade poderiam coo- O consumo abusivo de água é ou- população mundial têm escasso
perar na solução de problemas tro fator complicador. Por exemplo, acesso à água. Pela educação, che-
socioambientais. na África o índice de disponibilidade gará o dia em que a mentalidade
O Espírito André Luiz destaca, de água é muito crítico, considerando humana saberá preservar a água
a propósito: que a média diária de consumo como tesouro da Natureza e terá
por pessoa, em vários países do con- alcançado a compreensão de
– Na Terra quase ninguém cogi- tinente, é de 10 a 15 litros, enquanto
ta seriamente de conhecer a im- que na cidade de Nova Iorque um [...] que a água, como fluido cria-
portância da água. Em “Nosso indivíduo chega a utilizar dois mil dor, absorve, em cada lar, as carac-
Lar” [Colônia espiritual de tran- litros de água por dia. Na Turquia, terísticas mentais de seus morado-
sição], contudo, outros são os res. [...] Será nociva nas mãos per-
conhecimentos. Nos círculos o segundo maior lago do país – o versas, útil nas mãos generosas e,
religiosos do planeta, ensinam Tuz – teve o seu tamanho redu- quando em movimento, sua cor-
que o Senhor criou as águas. zido devido a captação ilegal de rente não só espalhará bênção de
Ora, é lógico que todo serviço água para irrigação. Na Grécia, as vida, mas constituirá igualmente
criado precisa de energias e plantas da planície de Argolis estão um veículo da Providência Divina,
braços para ser conveniente- ressecadas pela entrada de água absorvendo amarguras, ódios e
mente mantido. Nesta cidade salgada nos lençóis subterrâneos.6 ansiedades dos homens, lavando-
espiritual, aprendemos a agra- -lhes a casa material e purifican-
decer ao Pai e aos seus divinos Retornando a André Luiz, trans- do-lhes a atmosfera íntima.7
colaboradores semelhante dá- crevemos as seguintes considera-
diva. Conhecendo-a mais inti- ções de Lísias, dedicado enfermeiro, Referências:
1
mamente, sabemos que a água é habitante de Nosso Lar: KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro
um veículo dos mais poderosos Noleto Bezerra. 1. reimp. Rio de Janeiro:
para os fluidos de qualquer na- – O homem é desatento há mui- FEB, 2011. cap. 10, it. 6.
tureza. [...]4 tos séculos [...]; o mar equilibra- 2
______. ______. cap. 7, it. 22.
3
-lhe a moradia planetária, o ele- CASARIN, Fátima; DOS SANTOS, Monica.
Estudos confiáveis demonstram mento aquoso fornece-lhe o cor- Água: o ouro azul, usos e abusos dos re-
a existência de regiões no mundo po físico, a chuva dá-lhe o pão, o cursos hídricos. Rio de Janeiro: Garamond.
onde há severa escassez de água, rio organiza-lhe a cidade, a pre- cap. 2, p. 16.
4
com o agravante de que sença da água oferece-lhe a bên- XAVIER, Francisco C. Nosso lar. Pelo Es-
ção do lar e do serviço; entretan- pírito André Luiz. 4. ed. esp. 2. reimp. Rio
[...] a pouca água disponível to, ele sempre se julga o absoluto de Janeiro: FEB, 2010. cap. 10, p. 65.
5
costuma ser de pior qualidade, dominador do mundo, esquecen- CASARIN, Fátima; DOS SANTOS, Monica.
já que os poluentes estão menos do que é filho do Altíssimo, an- Água: o ouro azul, usos e abusos dos re-
diluídos e há riscos de a água do tes de qualquer consideração. [...]7 cursos hídricos. Rio de Janeiro: Gara-
mar invadir as reservas subter- mond. cap. 4, p. 61.
6
râneas naturais, tornando-as Um amplo processo de cons- ______. ______. p. 61 e 62.
7
salgadas. Com isso não só o ho- cientização ecológica precisa ser de- XAVIER, Francisco C. Nosso lar. Pelo Es-
mem sofre, mas as plantas e senvolvido no mundo, sobretudo pírito André Luiz. 4. ed. esp. 2. reimp. Rio
animais são prejudicados.5 quando se constata que 35% da de Janeiro: FEB, 2010. cap. 10, p. 66.

28 106 Reformador • Março 2013


Esde – 30 anos
O Esde na edificação
de um mundo melhor
D
e que vale ao homem uma novo homem, a partir do conhe- Com ampla visão do futuro,
crença cega e dogmática, cimento de sua origem, de seu des- Kardec já alertava sobre a neces-
diante das novas e cada vez tino e de sua missão na Terra. sidade da criação de semelhantes
mais surpreendentes revoluções Diversos são os canais e os espaços de aprendizagem, nos mol-
tecnológicas e científicas, que im- meios de acesso ao conhecimento des de um “curso regular de Espi-
pelem os cientistas, filósofos e reli- espírita. Porém, qual deles nos per- ritismo”,1 com metodologia apro-
giosos à constante necessidade de mite absorver esse conhecimento, priada, visando a realizar um es-
revisão de seus paradigmas? De que de forma segura, continuada e com tudo sério e continuado da Dou-
vale uma esperança vaga ou funda- oportunidade de intercâmbio de trina Espírita, judiciosamente por
da em preceitos equivocados com ideias e experiências, senão em ele chamada de “a Ciência do In-
relação ao futuro do Espírito, nessa grupos de estudos oferecidos pelo finito”,2 cujos ensinos – naturais
hora extrema em que transitamos Centro Espírita, célula básica do antídotos do materialismo – não
inexoravelmente para outra reali- Movimento Espírita? se improvisam e não se adquirem
dade – a de um mundo em rege- Com efeito, o Centro Espírita, em apenas algumas horas, sem
neração – que mal começa a ser vis- que tem por missão acolher, con- método e sem perseverança.
lumbrada por alguns, mas que per- solar, esclarecer e orientar as cria- O Codificador designa a Ciên-
manece incompreendida ou des- turas, à luz do Espiritismo e do cia Espírita como o “elemento de
considerada pela maioria, ávida de Evangelho de Jesus, encontra, nos progresso, porque estimula o Es-
novidades, mas tardia em mover-se grupos de estudos e especialmen- pírito”,3 considerando que
no sentido do progresso espiritual? te no Esde, uma notável ferramen-
O estudo e a assimilação do ma- ta de auxílio ao cumprimento de [...] somente ela pode dar ao
nancial de conhecimentos legado sua vocação, visto que tais núcleos homem coragem nas suas pro-
pela Doutrina Espírita à Humani- de estudos, por meio de recur- vas, porque lhe fornece a razão
dade é, indubitavelmente, um ins- sos apropriados, facilitam a vivên- de ser dessas provas, perseveran-
trumento extraordinário para a edi- cia do aprendizado do Espiritis- ça na luta contra o mal, porque
ficação de um mundo melhor, por- mo, preparando a pessoa para sua lhe assina um objetivo [...].3
que, além de permitir a filtragem e a integração, de maneira extensiva,
releitura da realidade ostensiva até no núcleo social em que se insere, Eis a razão pela qual é tão im-
então conhecida, oferece elementos de forma espontânea, consciente e portante “formar essa crença no
preciosos para a reconstrução do produtiva. espírito das massas”.3 Em vista

Março 2013 • Reformador 107 29


disso, a implantação de um curso Mas, como o progresso intelec- que somos todos irmãos, de que a
revestido de tais características tual pode fomentar o progresso vida continua e que todos esta-
exercerá “capital influência so- moral? A esse respeito, os Espíri- mos destinados à felicidade. Além
bre o futuro do Espiritismo e tos esclarecem: disso, precisa apoiar essas pessoas
sobre suas consequências”. 1 em seu processo de autoconheci-
Complementando essa orien- Fazendo que se compreenda o mento, de reforma interior, ense-
tação, o Codificador enfatiza que bem e o mal; o homem, então, jando-lhes o desenvolvimento de
não basta cuidarmos somente do pode escolher. O desenvolvimen- seus potenciais positivos, de con-
nosso adiantamento individual. to do livre-arbítrio acompanha dições para atuar de maneira cons-
Necessário se faz, também, levar- o da inteligência e aumenta a ciente, segura e amorosa na socie-
mos às criaturas, sedentas de es- responsabilidade dos atos.4 dade à qual pertencem. Para isso,
clarecimentos e consolações, a efi- é necessário atuar em conformi-
ciente divulgação da mensagem Desse modo, a Instituição Espí- dade com os princípios doutriná-
espírita, oferecendo-lhes o leniti- rita pode oferecer aos que a bus- rios, com simplicidade e humilda-
vo dos seus postulados. Sob esse cam, por meio de diferentes reu- de, sem elitismos de academia.
aspecto, cabe aos que se encon- niões de estudo e, em particular, O estudo disciplinado e perse-
tram na dianteira a condução dos pelos grupos do Estudo Sistema- verante é solo seguro para edificar
retardatários ao mesmo deside- tizado da Doutrina Espírita (Esde), o progresso. É a base sólida, sem a
rato, oferecendo-lhes possibilida- o acolhimento e envolvimento qual nenhuma convicção se sus-
des de estudar e aprofundar o co- fraternos, o esclarecimento sobre tenta. Mas, apenas estudar não é
nhecimento dos princípios espí- o que somos, o porquê dos sofri- suficiente, é preciso o contato com
ritas, enraizados na revelação da mentos, o destino que nos aguar- o outro, necessária se faz a vivên-
Boa Nova. da e o consolo pela convicção de cia diária dos ensinamentos cris-

30 108 Reformador • Março 2013


tãos para evoluir. De que adianta- Somos hoje melhores do que fo- da Doutrina Espírita é um pro-
ria o conhecimento sem o amor, mos ontem e seremos melhores do grama permanente sob a inspira-
que é construído no dia a dia, que somos agora. O espírita, escla- ção do Cristo, “de suma impor-
com a prática da tolerância, da recido pelo estudo sério a que se tância para a felicidade futura de
aceitação do outro, da compreen- dedica, torna-se mais apto a com- cada um de nós”,6 cujo êxito auxi-
são dos problemas de cada um e preender e a enfrentar as deman- liará na edificação de um mundo
que transforma o ser? das do cotidiano. Pelo exemplo do melhor, pois tem como objetivo
Ao utilizar como técnica prin- trabalho no bem, da atitude serena final a transformação efetiva do
cipal a interação dentro do grupo, e fraterna, do pensamento amoro- homem e do meio. Por isso, nunca
o Esde propicia a convivência, o so, do sentimento de humildade, foi tão importante conclamar os
intercâmbio de ideias, a troca de externados por aqueles que estu- dirigentes dos centros espíritas de
experiências e o aprimoramento dam e compreendem a Doutrina todo o país a apoiar a implanta-
dos relacionamentos interpessoais, Espírita – sem olvidar o seu cará- ção e o aprimoramento constante
à feição de verdadeiro laborató- ter universalista, racional, fraterno do Esde, incentivando os partici-
rio da prática do Espiritismo, ao e perene – será possível atuar na pantes, facilitadores, coordenado-
mesmo tempo em que oferece o sociedade e fazê-la progredir. res, enfim, todos os envolvidos
esclarecimento que ampara e con- A propósito, a mensagem do no processo, a atender ao chama-
sola. Todo aquele que frequenta ou venerando Bezerra de Menezes per- do amoroso do Mestre, que reco-
atua como facilitador de um grupo manece atual como nunca: menda: “Ide por todo o mundo e
de Esde tem a oportunidade de pregai a toda criatura”. (Marcos,
modificar-se e inspirar mudan- A Codificação Espírita é o alfa- 16:15.)
ças ao seu redor, ainda que vaga- beto da Nova Era sobre o qual
rosa e gradualmente, mas sem- se erguerá o Templo da Paz,
pre com segurança e qualidade, quando a mensagem da Tercei- Referências:
1
sem rituais nem fanatismos, por- ra Revelação atingir todas as KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad.
quanto haure o conhecimento criaturas do Orbe, realizando o Guillon Ribeiro. 40. ed. 3. reimp. Rio de
dentro de suas possibilidades in- fanal da imensa revolução so- Janeiro: FEB, 2010. Projeto-1868, it. Ensi-
telecto-morais, com ampla liber- cial que modificará as estrutu- no espírita, p. 376.
dade de consciência. ras da Terra.5 2
______. O livro dos espíritos. Trad.
Para o espírita, integrar o Cen- Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.
tro Espírita e o grupo social do Com esta afirmação, temos o reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Intro-
qual faz parte é tarefa atual e ur- roteiro seguro que indica o cami- dução, it. 13.
3
gente. O programa do Esde, ade- nho para a necessidade e a impor- ______. Obras póstumas. Trad. Guillon
quado às particularidades e neces- tância do estudo das obras básicas Ribeiro. 40. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro:
sidades da coletividade onde está do Espiritismo, das mais diferen- FEB, 2010. Credo espírita, Preâmbulo,
inserido, desenvolve o conheci- tes formas, seja nas palestras pú- p. 425.
4
mento, modifica os envolvidos, blicas, em reuniões específicas ______. O livro dos espíritos. Trad.
auxilia a integração e, consequen- para examinar cada um dos li- Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp.
temente, impulsiona a evolução vros, seja pela sistematização ofe- Rio de Janeiro: FEB, 2011. q. 780a.
5
da sociedade. recida pelo Esde, a fim de seguir- REFORMADOR. Ano 109, n. 1.945, p.
Conhecer e conhecer-se, escla- mos uma mesma direção, sem des- 23(115), abr. 1991.
6
recer e esclarecer-se é o grande vios e sem demora. TORCHI, Christiano. Espiritismo passo a
propósito, enquanto caminhamos Por tudo que se viu, a Cam- passo com Kardec. 3. ed. 2. reimp. Rio de
da vida finita rumo ao infinito. panha do Estudo Sistematizado Janeiro: FEB, 2011. cap. 6, p. 282.

Março 2013 • Reformador 109 31


Evangelização Espírita Infantojuvenil

Plano de
Trabalho
Área Infância Juventude
da e

A
Evangelização Espírita Infantojuvenil representa tidades Federativas Estaduais e em estreita articulação
ação relevante para a formação das novas ge- com o “Plano de Trabalho para o Movimento Espírita
rações mediante o estudo da Doutrina Espírita Brasileiro (2013-2017)” do CFN da FEB.
e a vivência do Evangelho de Jesus junto às crianças e Para tanto, as diretrizes, os objetivos e as ações estraté-
aos jovens. A importância da tarefa é destacada por gicas para o trabalho da Área de Infância e Juventude fo-
vários benfeitores espirituais que nos alertam quanto ram elaborados com foco na infância, na juventude e na
à seriedade e à necessidade de um planejamento ade- família, por meio de ações junto aos evangelizadores, di-
quado para o alcance dos seus objetivos. Bezerra de rigentes de instituições espíritas e demais trabalhadores
Menezes (1982)1 afirma que “a especialidade da tarefa da evangelização, tendo como finalidade o pleno alcance
não se compraz com improvisações descabidas, tão dos objetivos da Evangelização Espírita Infantojuvenil.
logo a experiência aponte o melhor e o mais rendoso”, O referido Plano de Trabalho está organizado em
incentivando o meio espírita a uma organização con- três Diretrizes Nacionais, as quais apresentamos a se-
dizente em todos os níveis de abrangência. guir, de forma sintética, com seus respectivos objeti-
O ano de 2012 foi marcado pela comemoração dos vos e fundamentações:
35 anos da Campanha Permanente de Evangelização
Espírita Infantojuvenil e um grande passo foi dado na Diretriz 1: Dinamização da Campanha Permanente
estruturação da tarefa em âmbito nacional, sendo con- de Evangelização Espírita Infantojuvenil
solidado, durante o VI Encontro Nacional de Diretores • Objetivo geral: divulgar e dinamizar a Campanha
de DIJ (Brasília, julho de 2012), o “Plano de Trabalho Permanente de Evangelização Espírita Infantoju-
para o Movimento Espírita Brasileiro – Área da Infân- venil junto às crianças, jovens, familiares, centros
cia e Juventude” para o período de 2012 a 2017. espíritas e sociedade em geral.
Mediante a trajetória percorrida pelo Movimento • Finalidade: favorecer o conhecimento da tarefa de
Espírita Brasileiro e a experiência adquirida pela Área Evangelização, fortalecer a ação evangelizadora e
de Infância e Juventude das Entidades Federativas proporcionar o alcance pleno dos seus objetivos.
Estaduais ao longo dos anos, os Estados foram convi- • Fundamentação:
dados a prosseguir e avançar, consolidando-se, sob a • “A Evangelização Espírita Infantojuvenil, assim, vem
coordenação nacional da Área de Infância e Juven- concitar a todos para um trabalho árduo e promissor,
tude das Comissões Regionais do CFN/FEB, o “Plano no campo da implantação das ideias libertadoras, a que
de Trabalho para o Movimento Espírita Brasileiro – fomos chamados a servir, pela vitória do conhecimento
Área de Infância e Juventude (2012-2017)”, construído superior e pela conquista da Vida Maior.” (Bezerra de
coletivamente com os representantes do DIJ das En- Menezes, 1982.)1

32 110 Reformador • Março 2013


Diretriz 2: Capacitação de trabalhadores da Evan- e, como tal, deverá concretizar seus sublimes progra-
gelização Espírita Infantojuvenil mas de iluminação das almas, dedicando-se com todo
• Objetivo geral: assegurar a formação inicial e con- empenho à evangelização da infância e da mocidade.”
tinuada de trabalhadores da Evangelização Espíri- (Bezerra de Menezes, 1982.)1
ta Infantojuvenil.
• Finalidade: primar pela fidelidade doutrinária, pela As Diretrizes Nacionais referidas contemplam
qualidade metodológica e pelo zelo relacional, in- aspectos de relevância para a ação evangelizadora,
dispensáveis à prática evangelizadora, de modo a estabelecendo roteiros para a construção de estra-
proporcionar a conscientização acerca da respon- tégias que permitam o desenvolvimento da tarefa
sabilidade dos trabalhadores da evangelização e a de evangelização em nível nacional, estadual e local,
segurança necessária à adequada condução da ta- considerando-se a diversidade sociocultural do
refa assumida. país.
• Fundamentação: Dessa forma, almeja-se que o Plano de Trabalho
• “Que jamais se descuidem do aprimoramento peda- para a Área de Infância e Juventude, tal como bússola
gógico, ampliando, sempre que possível, suas aptidões e mapa, auxilie no norteamento das ações evangeli-
didáticas, para que não se estiolem sementes promisso- zadoras, delineando caminhos e fortalecendo os passos
ras ante o solo propício, pela inadequação de métodos rumo ao alvo, certos de que o momento atual do pla-
e técnicas de ensino, pela insipiência de conteúdos, pe- neta requer que a mensagem do Evangelho de Jesus
la ineficácia de um planejamento inoportuno e inade- se amplie nos corações das crianças, jovens e adultos,
quado. Todo trabalho rende mais em mãos realmente fortalecendo-os na fé raciocinada, proporcionada
habilitadas. [...] É bom que se diga, o evangelizador pela Doutrina Espírita.
consciente de si mesmo jamais se julga pronto, acabado, Prossigamos, convictos, para o alvo, conforme
sem mais o que aprender, refazer, conhecer... Ao con- exorta o grande trabalhador do Evangelho, Paulo de
trário, avança com o tempo, vê sempre degraus acima Tarso, rumo à união do discípulo com o Mestre, como
a serem galgados, na infinita escala da experiência e sintetiza Emmanuel.3 Prossigamos a Evangelização
do conhecimento.” (Guillon Ribeiro, 1963.)2 de corações!

Diretriz 3: Organização e Funcionamento da Evange- (O documento “Plano de Trabalho para o Movimento Espírita Bra-
lização Espírita Infantojuvenil no Centro Espírita sileiro – Área de Infância e Juventude” encontra-se disponível na
• Objetivo geral: promover e estimular a implantação, íntegra para download no site do Departamento de Infância e
a implementação e a integração da Evangelização Juventude da FEB, por meio do link <http://www.dij.febnet.
Espírita Infantojuvenil no conjunto de atividades org.br/evangelizador/material-de-apoio/plano-de-trabalho-para-a-
dos centros espíritas. area-de-infancia-e-juventude-2012-2017/>.)
• Finalidade: sensibilizar os dirigentes e trabalhado-
res dos centros espíritas quanto à ação integrada Referências:
1
da evangelização às demais atividades da Institui- BEZERRA DE MENEZES. Mensagem recebida pelo médium Júlio
ção, oferecendo orientações que possam auxiliar Cezar Grandi Ribeiro, em sessão pública, no dia 2/8/1982, na Ca-
sua organização e funcionamento nos aspectos sa Espírita Cristã, em Vila Velha, Espírito Santo.
2
doutrinários, administrativos, pedagógicos e rela- GUILLON RIBEIRO. Mensagem recebida, em 1963, pelo médium
cionais, respeitando-se as possibilidades, culturas Júlio Cezar Grandi Ribeiro, durante o 1o Curso de Preparação de
e necessidades locais. Evangelizadores (Cipe), realizado pela Federação Espírita do Estado
• Fundamentação: do Espírito Santo.
3
• “Já tivemos oportunidade de lembrar que uma Insti- XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 2. imp.
tuição Espírita representa uma equipe de Jesus em ação Brasília: FEB, 2012. cap. Para o alvo, p. 113.

Março 2013 • Reformador 111 33


Considerações sobre
mediunidade J O S É PA S S I N I

A
mediunidade é conhecida e na parede uma mensagem em lín- patenteada a conversa do rei Saul
registrada desde tempos re- gua desconhecida, a qual foi deci- com o Espírito Samuel, através da
motíssimos. Conheceram- frada pelo profeta Daniel (5:1 a 31), pitonisa. Nessa oportunidade, o
-na hindus, egípcios, gregos e he- quando ainda bem jovem. rei foi advertido de que, se entras-
breus. Os registros mais acessíveis No capítulo 3, do primeiro livro se na batalha, morreriam ele e os
encontramo-los no Judaísmo, no de Samuel, este, pela sua mediuni- seus filhos. Ele, que era prepoten-
assim chamado profetismo. Todos dade nascente, informa ao sacerdo- te, como estava a buscar apoio e
os reis de Israel eram aconselha- te Eli que ele havia caído em des- não conselho, entrou em luta com
dos por profetas, quando eles pró- graça diante de Deus por não os filisteus e morreu, juntamente
prios não o eram. Os profetas, educar convenientemente seus fi- com os filhos, como fora previsto
além de anunciarem, por séculos lhos. Nesse mesmo livro, no capí- pelo Espírito.
seguidos, a vinda de Jesus, tiveram tulo 28, há o registro da visita que Há, ainda, os que invocam a
presença marcante nas cortes de o rei Saul fez à pitonisa de En- proibição de se consultarem os
Israel, cujos reis recebiam, através -Dor, conforme título dado pelo mortos como consta no livro Deu-
deles, orientações e até severas ad- tradutor João Ferreira de Almeida. teronômio, capítulo 18, versículos 9
moestações do mundo espiritual. Há traduções mais modernas em a 14, a ela referindo-se como Lei de
Os reis, que não raro eram prepo- que a palavra pitonisa foi substi- Deus. Como se sabe, as leis de Deus
tentes, por não gostarem das ad- tuída por médium, sobressaindo- são os Dez Mandamentos. Essa
vertências recebidas, às vezes orde- -se uma que diz médium espírita. proibição faz parte dos regulamen-
navam severos castigos aos profe- A impropriedade da expressão é tos disciplinares de Moisés, que pre-
tas, conforme registra Paulo: flagrante, pois se existem médiuns tendeu, com essa medida, coibir os
desde todo o sempre, o Espiri- abusos do intercâmbio mediúnico
Foram apedrejados, serrados, tismo só existe a partir de 1857, – com a qual o Espiritismo con-
tentados, mortos a fio de espa- quando Allan Kardec cunhou os corda plenamente – com a única
da; andaram vestidos de peles de vocábulos espiritismo, espiritista e diferença de não proibir, mas ape-
ovelhas e de cabras, desampara- espírita. Foi ele quem tomou ao nas desaconselhar, uma vez que o
dos, aflitos e maltratados. (He- latim a palavra medium, na sua Espiritismo não proíbe nada... A
breus, 11:37.) forma original, para designar o in- mediunidade, segundo se aprende
termediário, o profeta, em lingua- no Espiritismo, deve ser usada
O Velho Testamento registra gem própria do Espiritismo. Por para fins nobres, de interesse ge-
inúmeros fenômenos mediúnicos, aí pode-se avaliar o grau de desco- ral, e não para conversa miúda.
como o da mão que surge diante nhecimento ou o desejo de con- Deve-se ressaltar, entretanto,
da corte do rei Baltazar e escreve fundir... Na citada passagem, fica que a proibição de Moisés em si

34 112 Reformador • Março 2013


mesma constitui prova concluden- de alguém”. Quando os textos Não devem ser chamados pro-
te a respeito da existência do fe- bíblicos começaram a ser tradu- fetas aqueles que simplesmente
nômeno mediúnico, pois ninguém zidos em grego, a palavra nabi foi interpretam oráculos, mas aque-
proíbe o que não existe. As leis são traduzida pelo termo prophetes. les que falam em transe.
sempre feitas a posteriori, isto é, O termo grego é formado pelo
para proibir ou regulamentar uma prefixo pro, que significa em lugar Hermínio Miranda, em sua obra
atividade já existente. Por que não de, e phetes, locutor, isto é, aquele As marcas do Cristo (v. 2, cap. 6),
há lei que proíba alguém voar so- que fala, em lugar de alguém, por cita:
bre o quintal do seu vizinho? Sim- alguém.
plesmente porque o homem não A Enciclopædia britannica (edi- [...] que o excelente dicionário
voa. Mas, no momento em que se ção original) diz que a origem da Funk & Wagnalls coloca a ques-
inventar um aparelho que possi- palavra nabi é obscura, mas que tão nos seus verdadeiros termos
bilite o voo individual ao homem, suas derivações significam “inten- [...] ao declarar que no contexto
haverá certamente leis que irão sa excitação”, reportando-se a uma bíblico, profetizar “é pronunciar
resguardar a privacidade das pes- palavra assíria que significa cair verdades religiosas sob inspira-
soas, prevendo punição àqueles em transe. ção divina, não necessariamente
que as transgre- predizer aconteci-
direm. A pró- mentos futuros, mas
pria existência admoestar, exortar,
da lei consti- confortar etc.”.
tuirá prova ca-
bal de que, a Exatamente co-
partir de deter- mo entende o Es-
minada época, piritismo: os pro-
o homem co- fetas bíblicos eram
meçou a voar... médiuns! E existi-
Quem pode ram profetas maio-
negar a condi- res, que se notabi-
ção de médium lizaram, deixando
aos profetas bí- seus nomes na His-
blicos? A pala- tória, e outros de
vra profeta, na menor expressão,
sua origem, já que passaram anô-
indica a condi- A festa de Baltazar. Pintura de Rembrandt van Rijn
nimos. O mesmo
ção de media- ocorre na atuali-
neiro, de intermediário. A edição Algumas enciclopédias, como dade com os médiuns, sejam eles
da Bíblia sagrada, da Editora das a Britannica e a Americana, mos- espíritas ou não.
Américas (vol. 15), na sua Intro- tram o verdadeiro significado É relevante o que consta no Di-
dução geral dos livros do antigo e da palavra: a Britannica diz que cionário da Bíblia, de John D. Davis,
novo testamentos, diz que os ho- profeta, em grego clássico, quer em seu verbete “espírito familiar”:
mens que recebiam as manifesta- dizer “aquele que, ao falar, não o
ções divinas eram conhecidos por faz pelos seus pensamentos, mas Espírito de uma pessoa falecida
nebi-in (plural de nabi), que sig- por uma revelação ‘de fora’”. Cita que os médiuns invocavam para
nifica “aquele que fala em nome Platão: consultas, que parecem falar des-

Março 2013 • Reformador 113 35


de a terra, ou encarnar-se [sic] no Paulo continua enumerando os Amados, não creiais em todo
médium, homem ou mulher. dons, falando da mediunidade de espírito, mas provai se os espíri-
cura, de efeitos físicos, a que ele tos são de Deus, porque já mui-
No Novo Testamento encontra- chama operação de maravilhas (a tos falsos profetas se têm levan-
mos provas de que o profetismo Parapsicologia diz ectoplasmia). tado no mundo. (I João, 4:1.)
teve sua atividade estimulada. No Chega a dizer do dom de discernir
Cristianismo nascente, a presença os espíritos, o qual pode ser inter- Essas duas passagens, primeiro a
da mediunidade foi marcante. É pretado como a mediunidade in- de Paulo, recomendando seja feito
digna de nota a naturalidade com tuitiva, que deve ter o dirigente de um julgamento após duas ou três
que são relatados os fenômenos uma reunião mediúnica, a fim de comunicações, e a de João, no sen-
mediúnicos no Novo Testamento. saber com que Espírito dialoga tido de se verificar a índole do Es-
O apóstolo Paulo, seguramente a através do médium. pírito que se comunica, servem de
maior autoridade em assuntos Refere-se também à capacidade resposta aos que dizem que é o de-
mediúnicos do seu tempo, escre- de falar línguas, mediunidade que mônio que sempre se comunica.
veu o primeiro livro dos médiuns o Espiritismo cataloga como xeno- Ora, se se comunicassem apenas
de que se tem notícia. O Apóstolo glossia. Mas, com o bom-senso que Espíritos voltados ao mal, nem um
revela profundo conhecimento do lhe conhecemos, adverte judiciosa- nem outro teria feito recomenda-
fenômeno em sua Primeira Carta mente, numa demonstração de que ções com o fim de serem feitas as
aos Coríntios, nos capítulos 12 e 14. entendia a mediunidade como prá- verificações e avaliadas as comuni-
Paulo não só reconhece o exercí- tica útil, construtiva, edificante: cações. Teriam, simplesmente, dito
cio mediúnico como atividade que todas as comunicações deve-
útil, como recomenda o seu de- Mas, se não houver intérprete, riam ser recusadas por serem pro-
senvolvimento, conforme se lê no esteja calado na igreja e fale duzidas por Espíritos malignos,
primeiro versículo do capítulo 14: consigo mesmo e com Deus. (I como querem aqueles que, teimo-
Coríntios, 14:28.) samente, negam a mediunidade.
Segui a caridade e procurai com Embora existam ainda aqueles
zelo os dons espirituais, mas Paulo entendia o exercício me- que negam a mediunidade, os tem-
principalmente o de profetizar. diúnico como atividade eminen- pos estão mudando. Depois do
temente prática, não se perdendo longo e benéfico testemunho de
No capítulo 12, versículo 7, ele em encantamentos místicos. É Francisco Cândido Xavier, muitos
Paulo assim se refere à mediuni- dentro dessa perspectiva que re- milhares de pessoas conseguem
dade: “Mas a manifestação do Es- comenda: “E falem dois ou três ver a mediunidade como ativida-
pírito é dada a cada um para o profetas, e os outros julguem”(I de caridosa e respeitável, vendo ne-
que for útil” e, a seguir, enumera Coríntios, 14:29). Essa passagem le um profeta dos tempos novos,
os vários tipos de mediunidade que está inserida num trecho a que um profeta cristão, que se enqua-
João Ferreira de Almeida, na sua João Ferreira de Almeida, em sua drou perfeitamente na recomen-
tradução da Vulgata latina, para o tradução, intitulou A necessidade dação contida no livro Didaquê,
português, intitula Acerca da di- de ordem no culto. O que demons- no verbete “profeta” da Enciclopæ-
versidade de dons espirituais: tra ter também o tradutor enten- dia britannica:
dido que a prática mediúnica re-
Porque a um, pelo Espírito, é dada quer controle e avaliação. Profeta para ser digno de acata-
a palavra da sabedoria; e a outro, Essa necessidade de análise das mento e respeito deve ter pie-
pelo mesmo Espírito, a palavra comunicações é enfatizada tam- dade indubitável e conduta dig-
da ciência. (I Coríntios, 12:8.) bém por João, quando diz: na do Senhor.

36 114 Reformador • Março 2013


A FEB e o Esperanto

Do Movimento
Esperantista
A F F O N S O S OA R E S

A
Universala Esperanto-Asocio (UEA) disponi- Há mais falantes de Esperanto do que de islandês,
biliza, na seção UEA-vikio <http://uea.org/ segundo dados do guia editado pela CIA [Central
vikio/Unua_komuniko_en_la_portugala>, Intelligence Agency].
interessante texto sobre atualidades em torno do Espe- O Esperanto é ensinado oficialmente em 150 uni-
ranto e seu Movimento, que abaixo transcrevemos: versidades e outras instituições de ensino superior e
em 600 escolas de ensino fundamental e médio, em
Os falantes da língua Esperanto prepararam para 28 países. Conta com uma rica literatura de mais de
2013 uma campanha em favor da justiça linguística 50 mil títulos, com novos acréscimos semanalmen-
sob o título “Comunicação Justa”. Este é também o te. Além de emissões de rádio em podcast, há por
o
tema do 98 Congresso Mundial de Esperanto, que exemplo a Muzaiko – <http://muzaiko.info> – esta-
ocorrerá em julho no prestigioso Centro Harpa, em ção de rádio 24 horas por dia e um canal de televi-
Reikjavik, capital da são pela rede na China.
Islândia, com mais O progresso do Esperanto
de mil participan- foi barrado por precon-
tes de 50 países. ceito e desconhecimento
Com apenas 125 dos fatos. Tanto Adolf
anos, o Esperanto Hitler como Joseph Stalin
encontra-se entre perseguiram falantes de
as 100 línguas mais Esperanto. Ambos desa-
utilizadas, das 6.800 pareceram, assim como
línguas faladas no seus regimes, enquanto
a
mundo. É a 29 lín- o Esperanto permaneceu,
gua mais usada na cresceu, evoluiu e é hoje
Página da rádio on-line em Esperanto
Wikipédia, à frente usado vivamente para a
do sueco, do japonês e do latim. O Esperanto é uma comunicação pessoal entre milhares de cidadãos de
das línguas disponíveis no Google, no Skype, no Firefox, mais de 100 países.
no Ubuntu e no Facebook. Google Translate, o progra- A UEA (Associação Mundial de Esperanto) – <http://
ma de tradução do Google, adicionou recentemente www.uea.org> – tem relações consultivas com a Unesco,
a língua à sua célebre lista de 64 línguas. A língua relações oficiais com as Nações Unidas e também
também se encontra nos celulares inteligentes, como com o Conselho da Europa. O Esperanto permite na
os que usam Android. comunicação internacional um nível de discussão neu-

Março 2013 • Reformador 115 37


tro e justo, um entendimento mútuo, e assim pro- evidenciava o fervor com que a Casa de Ismael ini-
tege o direito das línguas minoritárias e indígenas, ciava seus trabalhos ligados ao Esperanto. Eis um
tratando todas numa base igualitária e com respeito trecho da notícia:
à diversidade linguística e cultural de seus falantes.
ESPERANTO – O nosso companheiro2 que dirige

o curso de esperanto, da Federação, para dar uma
Há 100 anos, desencarnava em Annecy, França, ideia dos progressos da língua auxiliar internacio-
com apenas 47 anos, um dos maiores propagandistas nal, inaugurou, em nossa sede, uma interessante
do Esperanto: Carlo Bourlet. exposição esperantista, constando de uma esplêndi-
Bourlet era doutor em ciências, matemático, pro- da e variegada coleção de revistas e jornais que se
fessor de Mecânica, autor de cursos completos de publicam atualmente, em esperanto, em todos os
aritmética, álgebra e geometria, usados dentro e fora países do mundo.
da França. Acham-se também expostos no belo mostruário
Graças à projeção que muitas brochuras, conten-
desfrutava nos círculos do relatórios, catálogos,
científicos da época, sua trabalhos literários, etc.,
adesão à Língua Interna- relativos ao genial invento
cional Neutra imprimiu do insigne poliglota polaco
forte impulso ao Movi- Dr. Lázaro Zamenhof.
mento Esperantista, che- Fotografias, mapas explicati-
gando a conquistar para o vos e uma magnífica coleção
Esperanto a simpatia da de cartões postais, de corres-
Universidade de Sorbonne pondência internacional,
e da afamada editora Ha- mostrando vistas pitorescas,
chette, que passou a editar paisagens, monumentos, etc.,
o periódico La Revuo, por de várias cidades do globo,
ele fundado em 1906, bem completam a vistosa exposi-
como as obras produzidas ção, que tem sido bastante
pelo iniciador do Esperan- concorrida. [...]
to, Lázaro Luís Zamenhof,

originais e traduzidas.
Seu prestígio teve tal al- Neste mês, o Esperan-
cance que a Federação Espí- to está em foco na Sede
rita Brasileira, sob a influên- Histórica da FEB, pelo
Carlo Bourlet
cia de Ismael Gomes Braga, fato de que ali se realiza
publicou, em duas edições, o livro Monumento de Carlo o seminário a cargo do Prof. Dr. José Passini, de
Bourlet, composto por alguns de seus artigos estam- Juiz de Fora (MG), com o título “Evangelho, Espiri-
pados em La Revuo, na rubrica Babilado (Bate-papo). tismo, Esperanto”. O evento ocorrerá no quarto
sábado do mês, dia 23, das 9h às 12h. Contamos

com a prestigiosa presença dos esperantistas, espí-
1
Também há 100 anos, Reformador noticiava, na ritas e não espíritas.
página 155, da Coleção de 1913, uma atividade que
2
José Machado Tosta, a quem se deve a iniciativa, em 1912, dos
1
Ano 31, n. 9, mai. 1913, Coluna Echos e Factos. cursos gratuitos de Esperanto na FEB.

38 116 Reformador • Março 2013


Reformador de ontem

O 31 de março
na história
do Espiritismo
A N TO N I O T U L I O

N
o dia 31 de março de 1848, na cabana de falsa, levantada especialmente para ocultar o cadá-
John Fox, na aldeia de Hydesville, próximo ver, em frente à parede antiga. Apareceu, então, o
à cidade de Rochester, nos Estados Uni- esqueleto do mascate e toda a sua narrativa de meio
dos, travou-se a primeira conversação, por meio século antes se achou confirmada.
de pancadas convencionadas, com um Espírito A família de John Fox foi acusada de mistificação,
desencarnado. Já de longo tempo aquela cabana heresia, e sofreu toda sorte de perseguições; teve seu
era mal-assombrada. Lá se ouviam pancadas per- verdadeiro calvário.
turbadoras, vindas de todos os lados, sem possível Nada obstante, estava estabelecida comunicação
explicação. Na noite de 31 de março de 1848, de- com o Espírito de um morto e não se tardou a des-
pois de esgotadas todas as tentativas para se desco- cobrir que se poderiam estabelecer comunicações
brirem os autores invisíveis de tal perturbação, com outros, desde que na roda de experimentadores
uma das meninas filhas do casal Fox teve a ideia de houvesse alguma pessoa dotada de uma faculdade
dirigir a palavra ao autor das pancadas, pedindo especial e inexplicável que veio a tomar o nome de
que batesse em determinado ponto. Atendida nes- mediunidade. Por toda parte reuniam-se grupinhos
sa solicitação, convencionou-se um processo de de pessoas em volta de um móvel, quase sempre uma
respostas, para afirmar e negar, a perguntas e logo mesa, à espera de ouvirem as pancadas que revelas-
depois um alfabeto, por meio do qual o perturba- sem a existência de um médium do lado humano e
dor relatou sua história. um Espírito do lado invisível. Ouvidas essas panca-
Havia sido um mascate chamado Carlos B. Rosma das, entabulavam-se conversações. A novidade atra-
e fora assassinado naquela casa cinco anos antes, vessou o Oceano e por toda a Europa surgiram as
para ser roubado. Achava-se seu corpo sepultado na mesas girantes, tidas, porém, como mero passa-
mesma casa. Pesquisas para descobrir o cadáver ini- tempo. Não se acreditava muito no que diziam as
ciaram-se de pronto; mas, apenas se encontraram respostas da mesa, nem se procuravam explicações
vestígios. O cadáver não apareceu. Somente uns cin- para o fenômeno.
quenta anos mais tarde, havendo caído uma parede A moda das mesas girantes invadiu Paris e uns
da adega da casa, verificou-se que a tal parede era quatro anos mais tarde era chamada para essa curio-

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sidade a atenção do médico1 e educador francês Leão um sistema filosófico mais completo do que qualquer
Hipolito Dénisart Rivail,2 que ao tempo contava 50 outro, explicando a criação dos mundos, dos seres
anos de idade. Pensador profundo e estudioso de mag- pensantes e a evolução universal. A esse precioso volu-
netismo, então em grande voga nas rodas instruídas me foi dado o título de O livro dos espíritos e assinado
de Paris, o médico e professor passou a estudar mui- com o pseudônimo de Allan Kardec. O livro dos espíri-
to pacientemente o fenômeno e não tardou a chegar tos apareceu nas livrarias de Paris no dia 18 de abril de
a conclusões de grande significação filosófica. Se as 1857, nove anos depois da primeira conversação esta-
respostas, dizia, eram inteligentes, deveria ser inteli- belecida entre os dois mundos, na casa de John Fox.
gente o autor delas; logo, seus esclarecimentos deve- Esse livro foi apenas o primeiro de uma série, que
riam ser aceitos, pelo menos como hipótese de traba- continuou em O livro dos médiuns, em janeiro
lho. Desses esclarecimentos constava que o autor dos de 1861; O evangelho segundo o espiritismo, em abril de
movimentos da mesa era o Espírito ou Alma de um ser 1864; O céu e o inferno, em agosto de 1865; A gênese,
humano que vivera neste mundo e conservava, após a em janeiro de 1868, e outros menores, além de nu-
morte do corpo, sua personalidade intelectual e moral. merosos manuscritos que após a desencarnação do
Aprofundando-se cada vez mais nessas observa- missionário foram reunidos em mais um volume
ções, o Sr. Denisart Rivail recebeu comunicações com o título de Obras póstumas.
cada vez mais profundas, mais inteligentes e, dentre No dia 31 de março de 1869, desencarnou Allan
outras destinadas ao público, obteve o esclarecimen- Kardec, a figura inconfundível do Espiritismo. Logo,
to de que ele próprio trazia ao mundo a missão de o dia 31 de março, na história do Espiritismo, marca
codificar aqueles ensinos em um corpo de doutrina a origem do movimento espírita em 18483 e, precisa-
que seria ditada por Espíritos de pessoas cultas e de mente 21 anos mais tarde, o desaparecimento do
elevação moral, ou seja, de Espíritos superiores. Mestre, o Codificador da doutrina.
Entregando-se inteiramente a esse trabalho, Segundo um biógrafo de Kardec, começou ele a
Denisart Rivail teve respostas a uma série imensa de interessar-se pelo Espiritismo, ou, melhor, pelos fe-
perguntas, formando com elas um volume de revela- nômenos, por volta do ano de 1855, aos 51 de idade,
ções, no qual aparecia, posto em linguagem vulgar, e trabalhou incansavelmente até à morte, em 1869.
Portanto, toda a obra imensa de Allan Kardec foi rea-
1 lizada em 14 anos, ou pouco menos.
N. da R.: Na obra Allan Kardec: o educador e o codificador, (v. 1,
cap. 31, Rivail médico?, Rio de Janeiro: FEB, 2007), Zêus Wantuil No local onde existiu a cabana de John Fox, levan-
e Francisco Thiesen, os autores, citando artigo de Reformador de tou-se há poucos anos um monumento de pedra
março de 1958, esclarecem que “[...] não apareceu, até hoje, ne- com estes dizeres em língua inglesa: “Aqui nasceu, no
nhum documento que pelo menos prove haver Rivail frequenta-
do, como aluno ou mesmo como ouvinte, alguma Faculdade de
dia 31 de março de 1848, o Novo Espiritualismo”.
Medicina, não existindo em seus escritos nenhuma nota ou refe- Portanto, o dia 31 de março traz ao coração dos
rência que possa dirimir a questão. Jamais, em lugar algum, espíritas a recordação saudosa da partida do Mestre
Rivail-Kardec se disse formado em Medicina, jamais antecedeu ao para a Pátria espiritual e a lembrança do nascimento
seu nome o título de Doutor. Apenas lembraria, mais tarde (Revue
Spirite, 1859,* p. 145), haver realizado ‘estudos especiais de Anato- do Espiritismo.3
mia’, acrescentando ter tido a honra de ensinar não só essa É data que não podemos esquecer.
matéria, que também ciências físicas e naturais”. *Ver tradução de
Evandro Noleto Bezerra, publicada pela FEB Editora, página 220,
Fonte: Reformador, ano 61, n. 4, p. 7(83) e 8(84), abr. 1943.
mês junho.
2
N. da R.: Na obra acima mencionada (Apêndice da primeira
3
parte, p. 227 a 232), os autores, baseados em diversas pesquisas, N. da R.: Mais precisamente surgimento do Novo Espiritualis-
afirmam ser Hippolyte Léon Denizard Rivail a forma acertada de mo, pois o Espiritismo, isto é, a Doutrina Espírita surgiu em 18 de
se grafar o nome do Codificador da Doutrina Espírita. abril de 1857 com o lançamento de O livro dos espíritos.

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Conselho Espírita Internacional

A FEB em evento
federativo no Uruguai
A Federação Espírita Uruguaia Chuy. Este curso foi iniciado em ja- encerramento do curso. Houve
(FEU) comemorou os seus 26 anos neiro de 2012, na sede da FEU, com também exposições por Eduardo
de fundação com um evento sig- a participação de Antonio Cesar Dos Santos, Pablo Arias, Angela
nificativo em sua sede – o Centro Perri de Carvalho, pois se trata do Núñez e Edimilson Nogueira. Es-
Espírita “Hacia la Verdad”, na ci- mesmo curso implementado pela tiveram presentes cerca de 50 re-
dade de Montevidéu, nos dias presentantes de centros das ci-
19 e 20 de janeiro. A presidente dades mencionadas.
da Federação anfitriã, Mirta Cals, No final da tarde do sábado,
coordenou o evento, que com- houve palestra pública de Anto-
preendeu quatro etapas distin- nio Cesar Perri de Carvalho, no
tas e contou com a presença dos mesmo local. No domingo, ocor-
convidados: Antonio Cesar Perri reram apresentações das Áreas de
de Carvalho, presidente interino Trabalho da FEU, à semelhança
da Federação Espírita Brasileira do que acontece nas Comissões
(FEB), e Gustavo Martínez, pre- Regionais do CFN da FEB, que
sidente da Confederação Espí- também contam com a partici-
rita Argentina (CEA). Assim, pação das equipes uruguaias na
houve o encontro de presiden- reunião da Região Sul. O presi-
tes de federativas nacionais da Gustavo Martínez (presidente da dente interino da FEB fez uma
Confederação Espírita Argentina);
Argentina, Brasil e Uruguai. exposição final. No mesmo dia
Mirta Cals (presidente da Federação
No dia 19, ocorreu a conclu- Espírita Uruguaia) e Antonio Cesar Perri comemoraram-se os 26 anos da
são do Curso de Gestão “Her- de Carvalho (presidente interino da FEB) Federação Espírita Uruguaia. In-
ramientas para Mejorar la Ges- formações: <feuruguay@gmail.v
tión de La Casa Espírita”, que foi Secretaria-Geral do CFN da FEB, com>; <www.espiritismouruguay.
desenvolvido ao longo de 2012, com nos idos de 2003, que foi convida- com>; <diretoria@febnet.org.br>;
a coordenação do ex-presidente da do para realizar uma exposição no <www.febnet.org.br>.
FEU, Eduardo Dos Santos, envolven-
do participantes de todos os centros Coordenadores das Áreas da Federação Espírita Uruguaia (FEU)
espíritas do País, com quatro reu-
niões presenciais bimestrais, alter-
nando-se os grupos de centros das
Regionais Norte e Sul, a saber: ci-
dades do Norte – Artigas, Tacua-
rembó, Salto e Rivera; e do Sul –
Maldonado, Rocha, Montevidéu e
Seara Espírita

Amazonas: 109 anos da Federação Rio de Janeiro: Educar é preciso


A Federação Espírita Amazonense (FEA) comemo- “Educação à luz do Espiritismo. Educar é preciso” foi
rou 109 anos de sua fundação no dia 1o de janeiro de o tema do seminário organizado pelo Conselho Es-
2013. A programação do evento contou com momen- pírita do Estado do Rio de Janeiro, no dia 20 de
tos artísticos e breves apresentações sobre temas his- janeiro, no Centro Espírita Fonte Viva. Darcy Mo-
tóricos da FEA, tais como Encontro com Jesus, a reira Neves esteve presente como palestrante. Infor-
Campanha da Paz, os 130 anos da Revista Reformador, mações: <www.ceerj.org.br>.
os 30 anos da Campanha do Estudo Sistematizado
da Doutrina Espírita (Esde); e para preparar as come- Mato Grosso do Sul: Curso para
morações dos 150 anos de O evangelho segundo o espi- Evangelizadores
ritismo, em 2014, foi lançada a Campanha Luz no Lar. Nos dias 23 e 24 de fevereiro, ocorreu o Encontro
Informações: <www.feamazonas.org.br>. Estadual de Evangelizadores da Área da Infância e
Juventude, em Campo Grande, promovido pela Fe-
Roraima: Feira do Livro Espírita deração Espírita de Mato Grosso do Sul, com atua-
A Federação Espírita Roraimense promoveu, no ção de Miriam Masotti Dusi, coordenadora da Área
período de 30 de novembro a 9 de dezembro, a 16a de Infância e Juventude do CFN da FEB. Informações:
Feira do Livro Espírita. O evento disponibilizou para <www.fems.org.br>.
a comunidade obras básicas e complementares da
Doutrina Espírita, além de DVDs com palestras e Tocantins: Seminário e Eventos Federativos
CDs de músicas espíritas. A equipe da Federação A Federação Espírita do Estado de Tocantins pro-
também realizou o diálogo fraterno, atendimento às moveu em sua sede, em Palmas, no dia 23 de feve-
pessoas que buscam orientações sobre o Espiritismo. reiro, o Seminário “Ações de Acolhimento, Consolo,
Informações: <www.fer.org.br>. Esclarecimento e Orientação”, com a presença da
vice-presidente da FEB, Lourdes Pereira de Oliveira,
Paraíba: Congresso e Seminário e do secretário da Comissão Regional Centro do CFN,
Ocorreu em João Pessoa, Paraíba, de 4 a 6 de janeiro, Aston Brian Leão. No dia seguinte, houve reunião de
o V Congresso Estadual de Espiritismo, promovido dirigentes com o presidente interino da FEB, Anto-
pela Federação Espírita Paraibana, com o tema cen- nio Cesar Perri de Carvalho. Informações: <www.
tral “Amanhecer de uma Nova Era”. Participaram do feetins.org.br>.
evento Divaldo Pereira Franco, Haroldo Dutra Dias
e Sandra Borba. Houve mesa-redonda com a parti- Goiás: Congresso Estadual
cipação do Arcebispo de João Pessoa, Dom Aldo A Federação Espírita do Estado de Goiás pro-
Pagotto, do Pastor Estevam, da Irmã Aila e de Sandra moveu, de 9 a 12 de fevereiro, o XXIX Congresso
Borba, que trataram do tema: “A Religiosidade do Espírita do Estado, com programação para adul-
Ser na Nova Era – Diálogos Inter-Religiosos”. An- tos, jovens e crianças, sob o tema central “Atitu-
tecedendo o Congresso, no dia 4, ocorreu a reunião de Cristã – Senhor, que queres que eu faça?”. Fo-
do Conselho Estadual, contando com os represen- ram expositores: Carlos Abranches, Ana Tereza Ca-
tantes do Interior do Estado, quando foi desenvolvi- masmie, Rossandro Klinjey, Haroldo Dutra Dias,
do o seminário “Planejamento Estratégico para o Sérgio Lopes, Décio Iandoli Jr., Alberto Almeida,
Movimento Espírita Paraibano”, pelo diretor da FEB, Divaldo Pereira Franco e Antonio Cesar Perri de
Roberto Fuina Versiani. Informações: <www.fepb. Carvalho, presidente interino da FEB. Informações:
org.br>. <www.feego.org.br>.

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