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FE D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

DEUS, CRISTO E CARIDADE Ano 124 • Nº 2.122 • Janeiro 2006

ISSN 1413 - 1749


R$ 5,00

9 771413 174008

PAZ
Construamos a Paz
Promovendo o Bem!
Caro Leitor,
Reestruturamos o nosso periódico com um design mais
atraente, para que você possa identificar com facilidade os ar-
tigos através de novas cores e vinhetas; enriquecemos as pági-
nas com fotos, aumentando assim a interatividade com as ma-
térias. O nosso objetivo é o de proporcionar maior prazer à
sua leitura.

Aos nossos prezados colaboradores solicitamos o obséquio


de enviarem suas matérias, de preferência, digitadas no pro-
grama Word e com no máximo 110 linhas, na fonte Times New
Roman, corpo 12, régua 15, justificado, para que estas sejam
devidamente ilustradas.
Contamos com o apoio de todos para que possamos con-
tinuar unidos, trabalhando em função da divulgação da nos-
sa Doutrina.

A Editoria
Expediente Sumário
4 Editorial
Construamos a Paz!
12 Presença de Chico Xavier
Apelo à união – Pedro da Rocha Costa
Fundada em 21 de janeiro de 1883
13 Entrevista: José Raimundo de Lima
Fundador: Augusto Elias da Silva
O Trabalho Federativo leva a mudanças importantes
21 Esflorando o Evangelho
Revista de Espiritismo Cristão
Ano 124 / Janeiro, 2006 / N o 2.122 Cultiva a paz – Emmanuel
27 A FEB e o Esperanto
ISSN 1413-1749
Propriedade e orientação da Canal de Televisão em Esperanto – Affonso Soares
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
Diretor: NESTOR JOÃO MASOTTI 32 Páginas da Revue Spirite
Diretor-Substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA Belo exemplo da caridade evangélica – Allan Kardec
Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO
CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO 33 Uma rainha médium – Allan Kardec
NOLETO BEZERRA e LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO
Secretária: SÔNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO 36 Conselho Federativo Nacional
Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA
Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE
Realiza-se em Brasília a Reunião do CFN, de 2005
Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR 42 Seara Espírita
TORRES E CLAUDIO CARVALHO
Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA
CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação


no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí- 5 As parábolas do Mestre – Juvanir Borges de Souza
cia Federal do Ministério da Justiça),
CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503
9 A pulga – Richard Simonetti

Direção e Redação: 10 Coragem de ser feliz – Joanna de Ângelis


Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 15 Criminalidade e delinqüência –
70830-030 • Brasília (DF)
Tel.: (61) 3321-1767 Marcelo Henrique Pereira
FAX: (61) 3322-0523
Departamento Editorial e Gráfico: 18 Deus e a Ciência Humana – Considerações –
Rua Souza Valente, 17 • 20941-040
Rio de Janeiro (RJ) • Brasil Renato Costa
Tel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298
E-mail: redacao.reformador@febrasil.org.br 22 Assistência Espírita ao Preso no Estado do
Home page: http://www.febnet.org.br Rio de Janeiro – Humberto Portugal Karl
E-mail: feb@febrasil.org.br e
webmaster@febnet.org.br 23 Suicídio, nunca! – Francisco Rebouças

PARA O BRASIL
26 Museu Metropolitan de Nova York
Assinatura anual R$ 39,00 29 V Congresso Nacional de Espiritismo em Portugal
Número avulso R$ 5,00
PARA O EXTERIOR 30 Definição e trabalho em tempos difíceis –
Assinatura anual US$ 35,00
Camilo
Assinatura de Reformador:
Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274
34 A grave questão do amor – Robinson Soares Pereira
E-mail:
assinaturas.reformador@febrasil.org.br
41 Divaldo e Raul falam aos brasilienses

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA


Capa: JULIO MOREIRA
Editorial
Construamos a Paz!
O
constante contato com a violência e a agressividade, seja em caráter indivi-
dual ou através das notícias veiculadas por todos os meios de comunicação,
quase sempre apresentadas de forma alarmante, vem desgastando conside-
ravelmente o ser humano.
Nas situações em que essa violência gera um impacto pessoal e social maior, esse ser
humano se angustia e parte em busca da paz. Nesse momento constata que a paz por
todos nós buscada não se acha pronta: é necessário construí-la.
Na conversação que mantinha com os discípulos pouco antes de iniciar o seu cal-
vário, Jesus observou: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o
mundo a dá.”1 Realmente, a paz que o mundo nos dá é ainda marcada com a idéia da
ausência de guerra, de doença e de dor, e também com a imagem da inatividade,
da preguiça, do comodismo.
A paz que Jesus nos deixa, todavia, caracteriza-se pela vivência das Leis Morais que
Ele nos ensinou e exemplificou, Leis essas que são incompatíveis com a inércia, com o
egoísmo, com o orgulho e com os caprichos pessoais.
A pratica da Lei de Amor, que o Evangelho nos revela, implica uma ação permanente
voltada ao propósito de nos melhorar, não apenas no que diz respeito à conquista de
conhecimentos que ainda não possuímos, mas, acima de tudo, à conquista de valores
morais que nos permitam conviver em harmonia com a nossa própria consciência –
onde está escrita a Lei de Deus, como esclarecem os Espíritos Superiores.2 Para con-
quistar a paz que buscamos, não é, pois, suficiente deixar de fazer o mal; é necessário
fazer o bem no limite das nossas forças.
Sem dúvida, a paz que necessitamos e que buscamos se encontra dentro de nós, e a
desenvolveremos colocando em prática a máxima: “Fora da Caridade não há salva-
ção.” Mesmo que ao nosso redor ocorra a violência e a miséria, se estivermos sincera-
mente empenhados em trabalhar pelo nosso próprio aprimoramento, amando o
próximo e auxiliando-o nas suas carências, estaremos vivenciando, tanto quanto nos
seja possível, a Lei de Amor, estaremos em paz com Deus e, por conseqüência, em paz
conosco mesmos.
Jesus encerra a conversação com os discípulos, a que nos referimos, com a seguinte
observação: “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis
aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”3
Se quisermos realmente encontrar a verdadeira paz, aprendamos a construí-la em
nós mesmos, promovendo e fazendo o bem, tendo por diretriz a prática do Evangelho.

1
João, 14:27.
2
Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Questão 621.
3
João, 16:33.

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As parábolas
do Mestre
J U VA N I R B O R G E S DE SOUZA

T
odas os seres humanos que, ocupando diferentes posições geo- sário lembrar que o Mestre In-
em todos os tempos, têm gráficas no planeta. comparável deixou a grandeza na-
habitado este Planeta de No seio de uma raça, ou de uma tural de sua condição de Espírito
expiações e provas são aprendizes, nacionalidade, as individualida- Puro para vir ao encontro dos ho-
em sua marcha evolutiva, em busca des se apresentam em diferentes mens, em missão ímpar de solida-
da perfeição e da felicidade. condições de progresso. riedade e amor aos seus tutelados
Nos caminhos da vida cada Essas considerações se justifi- da retaguarda.
aprendiz se depara com as lições cam quando procuramos enten- Para isso humilhou-se, dimi-
que lhe dizem respeito, com os der os ensinos do Cristo constan- nuiu-se, a fim de assemelhar-se
trabalhos que precisa executar, tes dos Evangelhos. àqueles aos quais procurava ser-
com as provas necessárias ao Muitos estudiosos das religiões vir, espalhando a luz de uma Re-
aprendizado e com as retificações cristãs estranham ou não enten- velação nova que marcaria uma
indispensáveis. dem, por que o Mestre não utili- Nova Era para a Humanidade.
Nem sempre há o aproveita- zou sempre uma linguagem sim- Nessa missão excepcional o
mento visado nas provas e nos ples, direta e facilmente inteligível Mestre Divino inicia-se em am-
compromissos, que precisam ser a todos em suas lições e ensinos, biente humilde, para continuá-la
repetidos em novas vivências e no- recorrendo muitas vezes às pará- junto a Espíritos simples e amo-
vas oportunidades. bolas, às pequenas narrativas e às rosos em Nazareth, e depois em
O aprimoramento do Espírito coisas do conhecimento comum contato com doutores, fariseus e
imortal demanda luta e esforço do povo. saduceus palavrosos e orgulho-
constantes. Assim tem sido em to- Ao penetrarmos mais a fundo sos em Jerusalém, ricos e pobres,
dos as épocas da história do ho- nos ensinamentos do Divino Mes- justos e injustos, velhos e jovens,
mem na Terra, na sua busca do tre, sejam eles verbais ou através de mulheres e crianças, doentes e
progresso nos conhecimentos e exemplificações, verificamos serem sãos, vale dizer, toda a gama de
nos sentimentos. sempre sábios e sublimes em todas uma população diversificada, re-
É interessante observar que, as suas expressões, inclusive quan- presentativa da Humanidade nas
desde os tempos primitivos, a Hu- do prefere o silêncio, na célebre in- diferentes condições em que se
manidade sempre se constituiu de dagação feita por Pôncio Pilatos apresenta.
seres em diversas faixas evoluti- sobre o que é a verdade. Na fase final de sua missão esco-
vas, com as raças, povos e nações Antes de tudo torna-se neces- lhe doze discípulos para apoiar-lhe

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a obra grandiosa, formando o Co- A utilização das parábolas – (A Caminho da Luz, pelo Espíri-
légio Apostólico com o qual man- narrações alegóricas nas quais o to Emmanuel, 14. ed. FEB, p. 69.)
tém estreito relacionamento, mi- conjunto dos elementos busca, A vinda do Cristo em condi-
nistrando-lhe ensinamentos espe- por comparação, outras realidades ções simples e humildes, contra-
ciais. Dentre os escolhidos, um se de ordem superior – demonstra a riando totalmente a perspectiva
transviou, traindo-o tristemente. sabedoria do Mestre ao valer-se de daquele povo, foi a primeira causa
Era diferente a forma utilizada determinado método capaz de es- para a não identificação e a recusa
por Jesus quando se dirigia aos tender o ensino a diferentes apren- do Missionário excepcional.
apóstolos e discípulos de boa von- dizes, em circunstâncias variadas As outras causas prendem-se às
tade ou ao povo em geral, aos fari- de tempo, de espaço, de entendi- pregações do Mestre, com muitas
seus e contraditores. mento e de idioma. verdades e retificações que contra-
Sua palavra, conforme a oca- Jesus desempenhou sua gran- riavam as crenças dos orgulhosos
sião e a oportunidade, era direta e diosa missão junto aos homens no judeus, que não podiam admitir,
clara, ou velada propositalmente. seio do povo hebreu, aquele povo no seu exclusivismo, que seu Deus
Em quaisquer circunstâncias sa- que, desde suas origens na Me- fosse o mesmo Pai e Criador de to-
bia que seus ensinos não se diri- sopotâmia, passando pela escravi- dos os homens, de todas as raças e
giam somente aos que os ouviam dão no Egito, fixou-se finalmente de todos os tempos.
diretamente mas ficariam registra- na Palestina. Daquela geração do tempo de
dos, por alguns de seus discípulos, Ao contrário de todos os povos Jesus somente uma pequena mi-
para serem retransmitidos aos e civilizações antigas, que criaram noria aceitou seus ensinos. A
povos no grande futuro, através e cultivaram o politeísmo religio- grande maioria recusou sua pala-
dos Evangelhos, escritos muitos so para satisfazer às aspirações e vra, suas instruções, suas retifica-
anos após sua presença entre os crenças das multidões, os hebreus ções no entendimento da Lei.
homens. sempre acreditaram na existência O Judaísmo, exclusivista e or-
Somente a sabedoria, a supe- do Deus Único. gulhoso, continuou sua saga, sem
rioridade do Mestre poderiam Tudo indica que esse foi o prin- compreender as pregações e as
atender a condições tão diferentes cipal motivo da presença do Cris- exemplificações do Mestre Divino.
na transmissão de sua Mensagem to no âmago do povo judaico, Mas o Cristo, na sua grandeza e
à Humanidade. anunciada pelos profetas muitos amor exemplificados, nem por

séculos antes de sua vinda. isso comprometeu o posiciona-
No templo de Jerusalém os dou- mento daquele povo rebelde e da
tores da Lei transmitiam às mul- coletividade judaica, em suas op-
tidões a idéia de que um Messias ções, mesmo sabendo de sua vai-
esperado viria “no seu carro vitorio- dade pretensiosa e impositiva.
so, para proclamar a todas as gen- Essa foi uma das razões pelas
tes a superioridade de Israel e ope- quais se utilizou das parábolas
rar todos os milagres e prodígios”. para ministrar seus ensinos. Era a
bondade do Mestre entendendo
o que se entranhara na crença do
povo, evitando impor-lhe uma
compreensão que correspondia a
uma retificação de vários pontos
de suas crenças.

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A palavra velada pelos símbolos, amedrontar, de infundir o terror às senta o próprio Cristo, ministran-
sujeita a interpretações, não com- criaturas inclinadas à prática do do seus ensinos à Humanidade,
prometia os que se mostravam mal e à desobediência de regras na forma simbólica do “semear”.
avessos ao entendimento exato da instituídas pelo poder religioso, du- Aquela mulditão, constituída por
Lei, que preferiam continuar com rante séculos e milênios. indivíduos das mais diferentes
suas crenças tradicionais. Essas crenças tiveram sua razão condições sociais – homens, mu-
Mas os que estavam abertos à de ser em um mundo atrasado, lheres, jovens, velhos, crianças, ri-
nova compreensão, como no caso para impedir a prática de muitos cos e pobres – era a representação
dos apóstolos e discípulos, que per- atos originados na consciência de dos próprios habitantes da Terra,
ceberam a superioridade de Jesus homens inclinados ao mal, até não somente naquele instante,
e de seus ensinos logo entende- que surgisse a perspectiva de uma mas também do passado e do fu-
ram os símbolos das narrativas nova realidade que veio com o turo, visto que o semeador é tam-
alegóricas utilizadas pelo Mestre, Consolador Prometido. bém o Governador espiritual des-
que lhes acrescentava as explica- Agora, com a Nova Revela- te orbe, como seria revelado com
ções complementares, quando ne- ção, não mais se justificam aqueles a vinda do Consolador.
cessárias. símbolos, entendidos como reali- 4. Enquanto semeava, uma par-
Era a prática do ensino alegóri- dades (satanás, céu, inferno) já que te das sementes caiu à margem do
co segundo o qual “muito será da- o homem tomou conhecimento de caminho, os pássaros do céu vie-
do ao que já tem e ao que pouco que, segundo a Lei Divina, res- ram e as comeram – 5. Uma outra
tenha, mesmo esse pouco será ti- ponde pelas conseqüências de seus parte caiu em terreno pedregoso,
rado” (Lucas, 12:48), de tão difícil pensamentos e ações, no bem e no onde muito pouca terra havia; as
compreensão pelos que se ape- mal, que se projetam no seu futu- sementes germinaram prontamen-
gam ao pé da letra das Escrituras. ro, em vidas sucessivas, nas quais te, pois que a terra ali não tinha
As imagens e alegorias, ontem resgata e retifica erros cometidos e profundidade – 6. O Sol, nascendo,
quanto hoje, destinam-se a apre- colhe os frutos do que semeou. crestou-as; e como não tinham raí-
sentar aos que se apegam ao ma- zes, secaram. – 7. Uma outra caiu

terialismo figuras emblemáticas entre espinheiros que cresceram e a
daquilo que é essencialmente es- Como exemplo de ensino sim- abafaram. – 8. Uma outra final-
piritual. bólico de que se utilizou Jesus, em mente caiu em terra boa e as
Os Evangelhos, ao lado de ensi- diversas ocasiões, vamos focali- sementes frutificaram, produzindo
nos claros e diretos, contêm ou- zar a célebre parábola do semea- aqui cem, ali sessenta, acolá trinta.
tros, como as parábolas, que preci- dor, tomando por base o texto do – 9. Quem tiver ouvidos de ouvir,
sam ser entendidas em seu sentido Evangelho de Mateus, cap. 13, ouça. – 10. Os discípulos, aproxi-
alegórico compreendendo a vida vv. 1 a 23. mando-se, lhe perguntaram: Por-
que se desdobra tanto no terreno Narra o evangelista que Jesus, que lhes falas por parábolas? – 11.
da matéria quanto no do Espírito. saindo de casa, foi sentar-se à bei- Respondeu Ele: É porque a vós vos
As crenças humanas nas perso- ra-mar, onde grande multidão se é dado conhecer os mistérios do rei-
nalidades do diabo, do demônio e reuniu. Então o Mestre entrou no dos céus; mas a eles não.
de satanás, e nas figuras do inferno numa barca, aí se sentou, ficando A narrativa evangélica conti-
eterno e do reino dos céus origina- a multidão na praia. E começou a nua, explicando Jesus aos após-
ram-se de símbolos interpretados dizer muitas coisas por parábolas: tolos o sentido real de um ensi-
de forma incorreta e infeliz pelas 3. Eis que o semeador saiu a se- namento complexo dirigido não
igrejas. Foram a materialização de mear... a uma classe homogênea de apren-
figuras simbólicas como meio de A figura do “semeador” repre- dizes atentos e capazes de en-

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tender as lições, mas a uma po- ensinos e trazer o conhecimento reino de Deus e sua justiça são de
pulação planetária diversifica- de coisas novas. difícil compreensão pela grande
da, incluídas nela as futuras As referências da parábola às maioria de seus habitantes, in-
gerações. diversas parcelas das sementes se- fluenciada permanentemente pe-
Hoje podemos compreender meadas – as que caíram à margem las múltiplas formas do materia-
que a sabedoria e a bondade do do caminho e os pássaros as co- lismo e pelas interpretações reli-
Cristo, que acompanha a evolu- meram; as que caíram em terreno giosas nem sempre correspon-
ção dos habitantes deste planeta, pedregoso, onde pouca terra ha- dendo à verdade.
desde o princípio, não podia dei- via e o Sol as crestou; as que caí- Os Evangelhos foram no passa-
xar de atender àqueles que já se ram entre espinheiros que as aba- do e serão no futuro a base para o
achavam em condições de receber faram; e, finalmente, as que caí- progresso das almas, iluminando
novos ensinamentos. ram em terra boa e frutificaram, os caminhos da evolução com sua
Mas, de outro lado, o Mestre produzindo resultados diferentes, luz imperecível.
não podia comprometer uma mas positivos – são símbolos das Mas essa Mensagem do Cristo
grande parcela da população que diversas condições em que se en- precisa ser interpretada em seu
ainda não havia adquirido as con- contram partes consideráveis da justo sentido e não adaptada aos
dições evolutivas necessárias para Humanidade. interesses das igrejas, que se trans-
a assimilação de verdades novas. O Cristo presta assistência a to- viaram em muitos pontos, inclu-
Os orgulhosos e pretensiosos de dos, através de revelações, ensina- sive proscrevendo a doutrina da
então e do futuro, os que se con- mentos, esclarecimentos e envio reencarnação, admitida pelo Cris-
tentavam com os conhecimentos de emissários. tianismo primitivo.
que possuíam, os que não aspira- Mas, como se pode observar É de Emmanuel a observação
vam por melhores sentimentos através da História, o progresso do de que a Igreja de Roma, “coope-
em relação a seus semelhantes, os homem, o aproveitamento espiri- rando com o Estado, faz sentir a
que se sentiam satisfeitos com as tual dos habitantes deste planeta é força de suas determinações arbi-
crenças em suas divindades, on- muito lento e apenas uma menor trárias. Trezentos anos lutaram os
tem como hoje necessitam de parcela dessa massa humana apro- mensageiros do Cristo, procuran-
amadurecimento espiritual para veita as oportunidades que a As- do ampará-la no caminho do amor
aceitar novas verdades que con- sistência Divina lhe proporciona. e da humildade, até que a deixa-
trariam o que está assente e está- A maioria, usando o livre-arbí- ram enveredar pelas estradas da
vel em seus sentimentos. trio de que é dotado cada ser, per- sombra (...)”. (A Caminho da
Foi por falsas interpretações da siste no erro e nos descaminhos, Luz, 14. ed. FEB, p. 138.)
Mensagem deixada por Jesus, le- desprezando ou não percebendo Como opor-se aos erros, à rebel-
vando à confusão os interesses ma- as oportunidades para o cresci- dia e aos desvios do espírito huma-
teriais e imediatos com o que diz mento e a libertação das amarras no, que se organiza em instituições
respeito ao Espírito eterno, na vi- da ignorância. poderosas para impor seus pontos
da material e na espiritual, que o Por isso a repetição das vidas na de vista e seu entendimento sobre
Cristianismo primitivo se trans- Terra, a bendita lei da reencarna- verdades já reveladas pelo Alto à
formou nas instituições humanas ção, é a grande solução para o pro- Humanidade? A resposta encon-
denominadas igrejas cristãs. blema da rebeldia de uns e a difi- tramos no outro Consolador
E esse foi um dos motivos de- culdade de outros para o reencon- enviado pelo Cristo no tempo opor-
terminantes da vinda do outro tro com o progresso e a evolução. tuno, como socorro e apoio a todos
Consolador prometido e enviado Na Terra, a realidade do Espí- os que já despertaram e procuram
pelo Cristo, para relembrar seus rito e o entendimento do que é o seguir o caminho certo.

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A pulga
RICHARD SIMONETTI

E
ntusiasmada com a revela- artes, na religião, constituem mi- Mesmo sem procurar por re-
ção que lhe fora feita por um noria, certamente há algo de equi- velações, podemos ter uma idéia
médium, a senhora infor- vocado nessas revelações que pri- do que fomos, analisando nossas
mou a Chico Xavier: vilegiam todos os consulentes. tendências, nossa maneira de ser.
– Recebi uma notícia maravi- A experiência demonstra que Mas, é preciso cuidado para não
lhosa! são produzidas por médiuns ou interpretar de forma equivocada
– O que foi, minha irmã? Espíritos espertos, interessados os sinais.
– Minha identidade nos tem- em incensar a vaidade das pessoas, Alguns exemplos:
pos apostólicos! a fim de conquistar sua confiança
– Beleza! e admiração. • Gostar de roupas elegantes e
– Fui mártir. Estive no Circo Raros não sentem inflar o ego caras.
Romano. Morri devorada por um ante a informação de que foram Suposição: Dama da realeza.
leão! figuras destacadas, em pretéritas Realidade: Costureira de mo-
Ante a admiração do médium, existências. dista.
perguntou: Daí sua disposição em oferecer • Apreciar finas iguarias.
– E você Chico, já sabe quem foi? créditos de cega confiabilidade Suposição: Rico e refinado
– Ah! minha irmã, sei sim… em favor desses “reveladores”. gourmet.
– E daí? Estou curiosa… Realidade: Cozinheiro.

– Fui a pulga do leão. • Estimar a solidão.
Não é prudente, portanto, nem Suposição: Filósofo.

conveniente, estarmos devassan- Realidade: Solitário estágio
O episódio, que nos fala da hu- do o passado à procura de títulos no Umbral.
mildade e do bom humor de Chi- e honrarias. • Apreciar viagens.
co, remete-nos a uma curiosa ten- Destaque-se que a simples esti- Suposição: Desbravador de
dência, relativa às famosas re- ma por notícias dessa natureza é terras novas.
velações. um atestado negativo. Realidade: Caixeiro-viajante.
Geralmente o iluminado foi rei, Os Espíritos esclarecidos, que • Amor à primeira vista.
rainha, estadista, cientista, artista realmente ofereceram contribui- Suposição: Reencontro com
famoso… ções marcantes, aqueles que dei- alma gêmea.
Sempre alguém importante, xaram a Terra melhor do que a Realidade: Fantasia delirante.
que se destacou em determinado encontraram, não se interessam
setor de atividade. por glórias do passado. Mais interessante deixar o ter-
Não se ouve falar de lixeiro, Importa-lhes as realizações do reno das suposições e encarar a
operário, camponês, homem do presente, dando o melhor de si realidade.
povo… mesmos em favor do progresso e Se Chico se dizia a pulga do
Detalhe relevante, nesse assun- bem-estar da Humanidade. leão, é bem provável que tenha-
to, amigo leitor: considerando que mos sido um Dipylidium caninum,

os que se destacam na política, nas o verme da pulga.

Janeiro 2006 • Reformador 7 9


Coragem
de ser feliz
V
ive-se, desde há algum tem- triunfo, no mesmo momento em Simultaneamente, os transtor-
po, a grande transição por que a fome e as epidemias devo- nos de conduta e as obsessões
que vem passando o Plane- ram milhões de vidas inermes, campeiam em desvario, ceifando
ta e a sociedade que o habita. ensejando que o sofrimento estiole vidas, ou, pelo menos, desarmo-
Repentinamente grandes mu- os corações. nizando mentes e sentimentos que
danças operaram-se em torno dos Adaptações geológicas têm ocor- são alcançados sem o necessário
valores ético-morais, dos compor- rido, produzindo terríveis cataclis- suporte de forças para a superação
tamentos sociais e dos relaciona- mos, enquanto o progressivo aque- que se impõe.
mentos humanos, de alguma for- cimento do Planeta e a poluição Sem dúvida, são muitas as gló-
ma gerando graves transtornos in- desmedida do ar, das reservas de rias do engenho do pensamento
dividuais e coletivos, em face do água, ameaçam de extinção a di- através das conquistas logradas,
agravamento da ansiedade e da cul- versidade de expressões de vida, alterando completamente a paisa-
pa que se vêm instalando nos indi- inclusive a humana... gem terrestre, ao tempo em que,
víduos. Sucede que o veloz desenvolvi- também, são incontáveis os desas-
A liberação sexual, a igualdade mento científico e tecnológico não sossegos que irrompem em toda
dos direitos da mulher, leis mais tem sido acompanhado por igual parte, gerando sofrimento e pâni-
justas em torno dos direitos hu- crescimento de natureza moral, co em progressão imprevisível.
manos, respeito à fauna e à flora, atormentando aqueles mesmos que ...E o ser humano, que poderia
mais possibilidades de encontrar a o promovem, e que, para enfren- encontrar-se feliz ante as realiza-
própria identidade passaram a ser tarem os volumosos desafios dis- ções valiosas que lhe assinalam
realidades nas últimas décadas do so decorrentes, robotizam-se, per- estes dias de deslumbramento da
século passado e no amanhecer dendo a identidade, fugindo para inteligência e de ambições emocio-
deste novo milênio. o desespero ou para a exorbitân- nais, peregrina triste, quase sucum-
Nada obstante, açodados pelas cia dos prazeres, como mecanis- bido ante o peso das inquietações
paixões predominantes em a sua mos de neutralização da consciên- que o assolam.
natureza animal, os indivíduos cia ante os torpes acontecimentos. A alegria vem-se transforman-
tombaram em maior volume de Esses fenômenos, no entanto, do em algazarra e o sorriso em es-
agressividade e de despautério, vi- fazem parte do processo da trans- gar, quando não em máscara ela-
timados pela alucinação do prazer, formação que se opera na Terra, tra- borada para ocultar os inquie-
em total desrespeito à constituição balhando as condições definidoras tantes estados íntimos.
orgânica e aos impositivos da evo- do futuro, quando a dor deixará de A coragem de lutar e de superar
lução moral. ser o instrumento hábil para o des- os impositivos decorrentes do des-
Regimes totalitários foram der- pertamento das responsabilidades preparo para enfrentar os males
rubados e sofrem os últimos ester- morais e sociais dos Espíritos, con- que se tem causado diminui, na
tores agônicos, enquanto outros se vidando-os às reflexões de amor e razão direta em que o consumo
ergueram em algazarra de falso de auxílio mútuo entre todos. de álcool, de drogas, as fugas espe-

10 8 Reformador • Janeiro 2006


taculares de todo porte aumentam A coragem vem sempre asso- ver apenas por agora, porque con-
vertiginosamente, numa voragem ciada à humildade que faculta a tinuarás vivendo, queiras ou não
assustadora. perfeita identificação do indivíduo o queiras, após cessado este mo-
com os seus valores reais, em face mento.

do autoconhecimento de que se Reflexiona antes de agires, aten-
É imprescindível, porém, deter- tornou possuidor. dendo aos impositivos da evolução.
-te na desorganizada correria para Assim sendo, supera o medo da Estás na Terra para a realização
o nada, em reflexão a respeito da vida, isto é, o receio dos conflitos, de tarefas próprias, que não po-
coragem. das necessárias provações que for- des relegar a plano secundário ou
Coragem não é somente a in- talecem o caráter e desenvolvem ignorá-las.
tempestiva reação do desespero, que os sentimentos, aprimorando o Desperta do letargo e age no
se anota como sendo de alto valor Espírito, assim como o da morte, bem, libertando-te da canga da fu-
físico ou moral, mas é a capacida- que se denominou como sendo a tilidade e da insensatez, agindo
de de enfrentar situações calami- perda da identidade, a submissão com prudência.
tosas e assustadoras, sem desânimo, aos afetos, a dependência de ou- É tempo ainda de imprimires
apesar desse mesmo desespero. trem... rumo novo à existência.
A coragem física, nos padrões Quem aprendeu a ser livre não Não passarás incólume pela
convencionais, resultado de ante- se encarcera facilmente, tampou- tempestade, pois que não existem
riores conflitos do lar, de medos co aprisiona outrem, estando em privilégios.
ocultos, de agressões sofridas na condições de arrostar conseqüên- Tem tento!
infância, muitas vezes não passa de cias, sejam quais forem, pelas de- 
arrogância que intimida e recebe cisões tomadas em clima de tran-
aplauso da insensatez. qüilidade. Iluminando-te interiormente
A verdadeira coragem moral Torna-se, portanto, urgente, nes- com a chama da fé, vencerás a
deve predominar no comporta- te momento de crises existenciais e grande noite.
mento, convidando ao equilíbrio e de descalabros morais, que te im- Semeia hoje misericórdia e com-
à alegria de viver. ponhas uma cuidadosa auto-aná- paixão, a fim de poderes colher no
O exibicionismo, que passa como lise a respeito do comportamento futuro afeição e paz.
vitória, e a prepotência, que ameaça, que te permites, desenvolvendo a Se estás, porém, sob os camarte-
na maioria das vezes são necessi- coragem de amar, de lutar por los de algum drama existencial, ora
dades de valorização do ego com ideais de engrandecimento pessoal e age no bem, reservando ao futuro
enormes prejuízos para si mesmo. e social, encontrando alegria de alegria e realização superior.
Enquanto que a coragem moral é o viver e de desenvolver as aptidões Só o amor, conforme o lecionou
desafio para a consideração positiva divinas em ti adormecidas. Jesus, pode diluir os dramas exis-
e a ação dignificadora dos aconteci- Obtempera com cuidado antes tenciais do momento, facultando-
mentos em torno dos valores éticos da tomada de decisões pela menti- -te esperança de felicidade.
e espirituais que os caracterizam. ra e pelos encantos da fantasia,
Dessa forma, é necessário que armazenando equilíbrio e dever Pelo Espírito Joanna de Ângelis
tenhas coragem de reconhecer os em relação à vida.
teus limites, deficiências e dificul- O mundo não se encontra, po- (Página psicografada pelo médium Dival-
dades de maneira honorável. Nem rém, à matroca. do P. Franco, na sessão mediúnica da noi-
uma postura extravagante de auto- A grande transformação vem-se te de 1o de novembro de 2004, no Centro
comiseração, nem a audácia pre- operando conforme planos sábios. Espírita Caminho da Redenção, em Salva-
sunçosa de que és irretocável. Não invistas na estratégia do vi- dor, Bahia.)

Janeiro 2006 • Reformador 9 11


Presença de Chico Xavier

Apelo à união
Jesus-Cristo Nosso Senhor seja louvado. rância construtiva e cristã, por intermédio da descul-
pa automática a todas as pequeninas ofensas e a

E
todas as insignificantes incompreensões do caminho,
m nossa Doutrina Redentora, as campanhas de para que a bandeira renovadora de nossa fé não se
assistência são inegavelmente as mais variadas. perca na escura província do tempo perdido.
Temos as que favorecem os recém-nascidos, rele- União, através da prece que auxilia em silêncio, do
gados ao desamparo, as da sopa dedicada aos famin- gesto que ajuda sem alarde, da atitude que ampara
tos da jornada humana, as de socorro aos compa- sem ruído e da língua capaz de estender o amor de
nheiros obsidiados que reúnem os caracteres firmes Jesus no combate sistemático à maledicência, à calú-
e os corações generosos a benefício dos alienados nia, à perturbação, à indisciplina e à desordem...
mentais, as do cobertor para as noites enregelantes Ninguém imagina, nas leiras de serviço em que a
do inverno, visando ao reconforto daqueles irmãos convicção espírita deve servir infatigavelmente,
sitiados na carência de recursos terrestres, as dos am- quanto nos dói o tempo desaproveitado, depois que
bulatórios que se abrem acolhedores em favor dos o corpo de carne – a enxada sublime – nos escapa das
doentes, dos feridos e dos angustiados de todas as mãos espirituais.
procedências, as do remédio gratuito e valioso, que Indiscutivelmente, é preciso haver perdido a opor-
objetivam o alívio dos enfermos necessitados e te- tunidade para que o valor dela se nos apresente tal
mos ainda aquelas das conferências públicas que vei- qual é, aos olhos da mente acordada nos compromis-
culam o conhecimento doutrinário para a ignorân- sos que esposamos diante do Cristo.
cia das criaturas que tateiam ainda nas sombras da Em verdade, não disponho de elementos intelec-
inteligência. tuais para a criação de muitas imagens, em torno da
Dispomos dos mais diversos movimentos de cari- tese que nos serve de assunto nesta visita rápida,
dade para os quais há sempre bolsas abertas e braços contudo, reconhecemos-lhe a imensa importância.
amigos, trabalhando na redenção do próximo, prin- Por isso mesmo, encerramos a nossa conversação
cipalmente na salvação do equilíbrio orgânico dos despretensiosa, rogando a Jesus nos desperte o en-
nossos companheiros de Humanidade. tendimento para que a comunhão fraternal seja, de
Entretanto, seria de todo muito oportuna uma fato, uma campanha que venha a merecer de todos
campanha mais vasta, da qual participem os nossos nós, desencarnados e encarnados, no Espiritismo
sentimentos mais dignos, favorecendo-nos a união com Jesus, a fiel atenção que será justo consagrar-
no campo do Espiritismo. -lhe, para que as nossas horas, no dia de hoje, não
Não nos reportamos à união dos pontos de vista, estejam amanhã vazias com os tristes selos da inuti-
porque a igualdade do pensamento é francamente lidade que denominamos “remorso”e “arrependi-
impraticável. mento”.
Cada espírito observa o painel do mundo, confor-
me a visão que já conseguiu descerrar no campo de Pelo Espírito Pedro da Rocha Costa
si mesmo, e cada alma repara as manifestações da
Vida, segundo o degrau evolutivo em que se coloca. Fonte: XAVIER, Francisco C. Vozes do Grande Além. 4. ed. Rio de
Referimo-nos à união fraternal, através da tole- Janeiro: FEB, 1990, cap. 43, p. 179-181.

12 10 Reformador • Janeiro 2006


Entrevista J O S É R A I M U N D O DE LIMA

O Trabalho Federativo
leva a mudanças importantes
José Raimundo de Lima, Presidente da Federação Espírita Paraibana, destaca os 90 anos
desta Entidade Federativa. Comenta que o trabalho para qualificação do trabalhador e do
dirigente espírita é imprescindível, a fim de vencermos os obstáculos para o desenvolvi-
mento da Casa e do Movimento Espírita
Reformador: Há quanto tempo um trabalho para tentar res-
você atua no Movimento Espí- gatar a memória do Espiritismo
rita? na Paraíba. Estamos lançando o
Raimundo: Iniciamos o contato livro 90 Anos de Espiritismo com
com o Espiritismo em feverei- Jesus, focalizando o que aconte-
ro de 1969, e nas atividades do ceu a partir de 1916. Mas há
Movimento Espírita já no ano alguns fatos interessantes ante-
seguinte começamos a ter parti- riores a esta data. Neste livro,
cipação em nível interestadual naturalmente resgatamos mui-
do trabalho infanto-juvenil. tos fatos históricos que nem tí-
nhamos conhecimento. Chega-
Reformador: E as suas ativida- mos, por exemplo, a ter provas
des no trabalho de unificação? de que no ano de 1898 já ocor-
Raimundo: A partir de 1972 riam reuniões espíritas na cida-
passamos a freqüentar um cur- de de Areia, terra natal de José e
so de juventude e desde então Pedro Américo. Temos confir-
nos envolvemos com o traba- mação que antes da fundação
lho da Federação Espírita Pa- da Federação, Solano Lucena já
raibana. Constatamos a ausência Espírita da Paraíba, mas princi- fazia reunião espírita na cidade de
de trabalhadores envolvidos na palmente no do Nordeste. Senti- Bananeiras e depois, como Gover-
tarefa de unificação e como, de mos mudanças de paradigmas e nador, autorizou a impressão do
certa forma, temos facilidade de de hábitos e, graças a Deus, sem- jornal O Além nas Gráficas do Pa-
comunicação em trabalho de gru- pre no sentido positivo. lácio Redenção (sede do Governo
po, aí nos agregamos. Estadual). Reformador publicou
Reformador: A Federação Espí- uma comunicação deste Espírito
Reformador: Nesse período de tem- rita Paraibana está completando em agosto de 1926. Outro fato in-
po você notou alguma alteração no 90 anos de existência. O que você teressante ocorreu com José Rodri-
cenário do Movimento Espírita da teria a dizer sobre este marco? gues Ferreira, nascido nos Estados
Paraíba? Raimundo: A Federação completa Unidos, filho de diplomata brasi-
Raimundo: Notamos alterações 90 anos, no dia 17 de janeiro de leiro, engenheiro civil, e que veio ao
não só no cenário do Movimento 2006, e para isso estamos fazendo Nordeste trabalhar na implantação

Janeiro 2006 • Reformador 11 13


Entrevista

das redes ferroviárias, e terminou Hoje nós estamos com 116, e in- tente entre os Estados. Não havia
sendo Presidente da Federação Es- centivamos o trabalho de interio- um trabalho maior de intercâm-
pírita Paraibana (1924-1928). Este, rização do Movimento Espírita, bio. E os eventos eram poucos
ao desencarnar, pediu aos seus pa- de maneira que tivemos de alterar em nível de Nordeste. Como a
rentes que incluíssem no seu tú- o rumo administrativo da Federa- Paraíba é um Estado dos mais
mulo a mesma inscrição colocada ção, abrindo espaço para a reali- pobres e menores do Brasil, na-
no túmulo de Kardec, em Paris. zação de reuniões do Conselho turalmente o processo era muito
Registramos também a visita da Federativo Estadual no interior. autocrático e não havia maior
Caravana da Fraternidade, e há Isto possibilitou o aumento de ca- participação em relação ao inte-
retratos, inclusive, da presença de sas espíritas, e também, um maior rior. A partir do trabalho dos
todo aquele pessoal; a visita de entrosamento, um maior inter- Conselhos Zonais, numa reunião
Pietro Ubaldi e do ex-Presidente da câmbio entre a Federação e os cen- ocorrida em João Pessoa, em
Federação Espírita Portuguesa Isi- tros espíritas do interior e, ao mes- 1980, concluiu-se pelo estudo di-
doro Duarte, à Paraíba, em 1952. mo tempo, entre as várias coorde- recionado à orientação ao Centro
nadorias regionais. De forma que Espírita. Entendemos que deve-
Reformador: Houve espíritas pa- hoje o Movimento Espírita parai- ríamos partir para maior dina-
raibanos que estiveram vinculados à bano está bem integrado. mização do Movimento com
FEB e ao Movimento Espírita brasi- Outra atuação importante foi a participação entre os Estados e
leiro? transferência da antiga sede, que participação no trabalho de inte-
Raimundo: Podemos citar dois permaneceu 40 anos no centro de riorização do Movimento Espí-
importantes líderes nascidos na João Pessoa, para a nova sede que rita paraibano. Desde a Comis-
Paraíba: Leopoldo Cirne, que foi atualmente dispõe de espaço físico são Regional Nordeste, iniciada
Vice-Presidente da FEB na gestão de quase quatro mil metros qua- em 1986, sentimos que houve
de Bezerra de Menezes (1895- drados e de um dos maiores audi- um crescimento em qualidade e
-1900) e Presidente de 1900 a 1914, tórios do Estado. Então, esses dois em quantidade de eventos no
tendo construído a sede da Avenida marcos nos parecem significativos. Nordeste. Houve a implantação
Passos no 30, e exercido a função de do Estudo Sistematizado de Dou-
Redator-Secretário de Reformador, Reformador: Desde a sua participa- trina Espírita, a participação no
de 1905 a 1913. O outro foi Arthur ção inicial no Conselho Federativo trabalho da infância e da juven-
Lins de Vasconcellos, um dos gran- Nacional e a criação da Comissão tude sempre com a coordenação
des divulgadores e incentivadores Regional Nordeste, você sente refle- da FEB, e assim se criou a possi-
do Movimento Espírita em âmbito xos destes órgãos sobre o Movimento bilidade de termos as Comissões
nacional, sendo signatário do Pacto Espírita na Paraíba e no Nordeste? Regionais Nordeste com seis áreas.
Áureo. Sempre contamos com bons Raimundo: Quando iniciamos Embora ainda existam pouquís-
trabalhadores espíritas que estão nossa participação em 1972, fun- simas resistências, o dirigente da
ligados ao processo federativo. cionavam os Conselhos Zonais. atualidade está consciente de que
Os Estados participavam através deve participar dos trabalhos
Reformador: Quais são as princi- destas Reuniões Zonais, apresen- federativos. Então, a Comissão Re-
pais linhas de atuação da Federa- tando temas que eram estudados gional Nordeste vem crescendo
ção Espírita Paraibana? durante aproximadamente dois muito, convidando-nos a traba-
Raimundo: Estamos trabalhando anos e meio, havendo a conclu- lhar mais e nos organizar melhor
na área federativa e quando assu- são final em Reunião do Conse- para atender a esse grande pro-
mimos a Federação, em 1985, con- lho Federativo Nacional. Era mui- cesso de crescimento do Espiri-
távamos com 54 centros espíritas. to pequeno o entrosamento exis- tismo no Nordeste.

14 12 Reformador • Janeiro 2006


Criminalidade
e
delinqüência
Análise do crime sob as óticas da Justiça Humana e da Justiça Divina

M A R C E LO H E N R I Q U E P E R E I R A

A
s dificuldades de entendi- nível evolutivo dos homens e a ral; os criminosos são classifica-
mento interpessoal e a bus- perfeição da Divindade. dos em ocasionais, habituais, na-
ca desenfreada pelo “ter” A Constituição Brasileira (arti- tos, passionais e doentes mentais.
configuram os maiores problemas go 5o, XXXV a XLI e XLV a LV) A pena é, assim, a retribuição
da modernidade. Havendo a pre- disciplina as regras gerais de apli- jurídica para o restabelecimento
visão de regras legais para o bom cação da justiça em nosso país: da ordem jurídica violada. Funda-
convívio social, todos os dias, pes- nenhum ato escapa à análise do -se na culpa. Há, no Direito, a céle-
soas que não se adaptam aos mo- judiciário e as condutas humanas bre distinção entre atos culposos e
delos de conduta válidos acabam só podem ser consideradas crimi- dolosos, ou, entre culpa e dolo.
delinqüindo, isto é, desrespeitan- nosas havendo lei anterior à práti- Neste último, manifesta está a in-
do (através da ação pessoal ou co- ca daquelas que assim as definam. tenção na ação, e o agente efetiva-
letiva), as normas vigentes. O Di- Crime, portanto, é o ato delituo- mente quis o resultado. No pri-
reito funciona como o freio de so, fato individual que viola a lei, meiro, ao contrário, o agente não
harmonização ou adequação das conduta humana que infringe a lei queria o resultado, mas, de certa
práticas humanas ao padrão so- penal. Da lição dos estudiosos, te- forma, sua atitude – negligente,
cialmente eleito, calcado nas pe- mos os princípios básicos: o crime imprudente, ou imperita – con-
nas, que são “castigos” de nature- é um fenômeno natural e social; a duziu a ele.
za monetária (multas ou indeni- responsabilidade penal cabe à so- Os bens jurídicos tutelados são,
zações), ou de cerceamento da li- ciedade; a pena é meio de defesa em ordem de importância: 1) vi-
berdade de ir e vir (detenção ou da sociedade e visa recuperar os da; 2) integridade física; 3) liber-
reclusão). Por mais desenvolvida criminosos recuperáveis e isolar dade; 4) propriedade material. De
seja uma Sociedade, entretanto, a os irrecuperáveis; o método de es- acordo com esta gradação, são es-
justiça aplicável não é perfeita, ab- tudo do Direito Penal é o experi- tabelecidos os níveis de penalida-
soluta, definitiva. Há entre a justi- mental; o criminoso é um indiví- des. A apreciação jurisdicional en-
ça humana e a divina um hiato duo anormal, e essa anormalida- quadra a ação criminosa, a inten-
proporcional à distância entre o de decorre de causa física ou mo- ção do agente, o resultado obtido

Janeiro 2006 • Reformador 13 15


e a relação crime–vítima e cri-
me–sociedade, fixando as senten-
ças condenatórias, conforme a
“dosimetria da pena” (dosagem
do remédio jurídico para o mal
[crime] existente).
Interessa à Doutrina Espírita a
configuração do criminoso. Em
relação à análise da conduta hu-
mana, são princípios fundamen-
tais: 1) o mal é a ausência do bem;
2) o ato contrário às Leis Divinas
denota o primitivismo moral do
ser, que é superado à medida que
o Espírito evolui; 3) o livre-arbí-
trio – direito do ser espiritual –
condiciona a responsabilidade e,
quanto mais esclarecido o Espíri-
to, maiores são a culpa/mereci-
mento deste; 4) as punições da Lei
Divina têm apenas o caráter edu-
cativo; 5) o resumo da Lei está no
axioma: amar ao próximo como a
nós mesmos (questão 876 de O
Livro dos Espíritos).
Para o conceito espiritual de
crime, lembra-se aqui a questão
358 de O Livro dos Espíritos, que
pontua: Há crime sempre que
transgredis a lei de Deus

16 14 Reformador • Janeiro 2006


crimes, pela maior ou menor in- agente – o criminoso; 3) sintonia Humanidade. Em linhas gerais, a
fluenciação espiritual de um (ou mental/vibratória/psicológica entre filosofia espírita contém – no nos-
mais) ser(es) sobre outro(s). Em o(s) Espírito(s) desencarnado(s) e so entender – as bases e as explica-
muitos criminosos, numa análise o(s) encarnado(s), que se compra- ções necessárias e verdadeiras dos
clínica e psicológica, tem-se per- zem, ambos, na prática da delin- fatos espirituais/humanos. Co-
cebido a existência do que a Me- qüência. Fala-se, aqui, na formação nhecer a Doutrina, com seus
dicina chama de “múltiplas perso- de falanges espirituais, e a perma- princípios e teorias, é primordial
nalidades”, grupos de Espíritos nência – mesmo temporária – de para a melhora individual e cole-
que “apossam-se” do ser encarna- um ou mais elementos desta, no tiva. Não devemos fechar os olhos
do, sugestionando-o e valendo-se plano da carne, pode ser um fator para o crime, para a violência, pa-
do necessário meio físico para a providencial para o cometimento ra a iniqüidade, só porque não
prática de atos (criminosos) no dos atos desejados por todos.* está acontecendo conosco, naque-
plano da matéria. Espiritualmen- Mas as sintonias também ocor- le momento... Se nos calamos an-
te, podemos estar diante dos se- rem na senda do Bem. Apregoa-se te a injustiça, a intolerância, o
guintes desdobramentos: 1) vin- muito, em nossos dias, a influên- egoísmo e a maledicência, quem
gança do(s) Espírito(s) desencar- cia do Espiritismo no progresso da sabe não será tarde, para nós, sair-
nado(s) em relação ao encarna- mos do silêncio quando formos a
do criminoso, influenciando-o na vítima. Talvez não possamos se-
*
execução de delitos; 2) vingança “Influem os Espíritos em nossos pensa- quer nos manifestar em vida, por-
mentos e em nossos atos? Muito mais do
do(s) Espírito(s) desencarnado(s) que até esta já pode ter sido ceifa-
que imaginais. Influem a tal ponto, que,
em relação a um (ou mais) encar- de ordinário, são eles que vos dirigem.” da pela criminalidade.
nado(s), utilizando-se de outro (Questão 459 de O Livro dos Espíritos.) Pense nisso!

Janeiro 2006 • Reformador 15 17


Deus e a
Ciência Humana
CONSIDERAÇÕES
R E N ATO C O S TA

Q
ualquer espírita que não trada. Desse modo, se, por um la- tantes do Positivismo Lógico mi-
tenha tido formação cientí- do, o ateu sempre abrirá polêmica graram para os Estados Unidos,
fica ficará, no mínimo, sur- contra o crente, o agnóstico sim- onde influenciaram consideravel-
preso se, após ler, na Parte Pri- plesmente fará saber ao crente mente a filosofia americana. Po-
meira, capítulo I de O Livro dos Es- que o assunto Deus não é para ele de-se dizer que, até a década de 50
píritos, as questões 4 a 9, que tratam foco de interesse nem tema válido do século passado, o Positivismo
das “Provas da Existência de Deus”, de discussão. Lógico foi adotado praticamente
for informado de que a maior par- Bem, o que têm as definições como única abordagem à filosofia
te da comunidade científica não só acima a ver com nosso estudo? da Ciência pela comunidade in-
não crê em Deus como sequer con- Muito simples: a filosofia predo- ternacional. Daí o porquê de sua
sidera a existência ou não de Deus minante da ciência hoje em dia e influência ainda ser tão forte hoje
uma questão a ser tratada. desde o início do século XX é, com em dia, apesar de propostas mais
Antes de esclarecermos o ponto menores ou maiores variações, o flexíveis terem ganhado força pos-
acima destacado, convém definir chamado Positivismo Lógico, que, teriormente, em decorrência da
bem dois termos com significados como iremos ver, tem uma postu- própria ampliação do campo de
diferentes, mas que costumam, ra totalmente agnóstica. pesquisa das ciências em direção
equivocadamente, ser tratados O Positivismo Lógico foi uma ao macro e ao microcosmo.
como se sinônimos fossem, quais corrente filosófica que surgiu na De acordo com o Positivismo
sejam ateísmo e agnosticismo. Áustria e na Alemanha na década Lógico, somente existem duas
O ateu nega a existência de de 20 do século passado, voltada à fontes de conhecimento: o racio-
Deus e a realidade espiritual. A análise lógica do conhecimento cínio lógico e a experiência em-
atitude de um ateu é, portanto, científico. O Positivismo Lógico pírica.
negativa em relação à do crente. Já negava qualquer sentido na filo- Diz o chamado Princípio da
o agnóstico, este apenas afirma sofia tradicional e na metafísica, Verificabilidade que uma senten-
que não é possível hoje compro- afirmando que muitos dos pro- ça faz sentido se e somente se ela
var quer a existência, quer a não blemas, então ditos filosóficos, ca- puder ser provada como verda-
existência de Deus, sem, contudo, reciam até mesmo de sentido en- deira ou falsa, pelo menos em
negar que, um dia, tal prova, a quanto problemas. Na década de princípio, por meio de experiên-
favor ou contra, possa ser encon- 30, os mais importantes represen- cia. Em outras palavras, uma sen-

18 16 Reformador • Janeiro 2006


tença é significativa factualmente Como dissemos, outras filo- leitor quanto ao porquê de ser o
para uma pessoa qualquer se e sofias foram propostas para a homem atual incapaz de compro-
somente se ela souber como veri- Ciência após o Positivismo Lógi- var Deus através de sua Ciência.
ficar a proposição que tal sen- co, sem que nenhuma delas te- Esperemos, portanto, pacientes,
tença pretende expressar, isto é, se nha, entretanto, prescindido da que a Humanidade terrestre se al-
a pessoa souber quais observa- verificabilidade. Ao contrário do ce a patamares mais altos de evo-
ções poderão ser feitas que a le- que ocorria no século XIX, no lução. Crescendo a Humanidade
varão, sob certas condições de- entanto, a comunidade científica em entendimento, crescerá em
finidas, a aceitar a proposição atual sabe que a verdade que pro- alcance sua Ciência e nova e mais
como verdadeira ou a rejeitá-la cura provar é provisória e que abrangente será a filosofia a ins-
como falsa. será, mais tarde, reformulada ou pirá-la. A esse respeito, convém
O sentido de uma sentença, por- negada pelo próprio avanço da dar atenção à questão seguinte de
tanto, está no conhecimento que Ciência, inexoravelmente. O Livro dos Espíritos e à sua sábia
temos das condições em que a Tal certeza reforça mais ainda a resposta:
dita sentença poderá ser provada postura agnóstica da Ciência. Se, 11. Será dado um dia ao ho-
como verdadeira ou falsa. Sen- antes, afirmações sobre Deus mem compreender o mistério da
tenças metafísicas são, por isso eram descartadas como metafísi- Divindade?
mesmo, inválidas para o Positi- cas, hoje, nem mesmo as teorias Quando não mais tiver o espíri-
vista Lógico, pois, para ele, não comprovadas, por mais que tra- to obscurecido pela matéria. Quan-
fazem sentido como sentenças. O tem de conceitos finitos e cognos- do, pela sua perfeição, se houver
motivo para tal é evidente. Afinal, cíveis, são vistas como definitivas aproximado de Deus, ele o verá e
nenhum dos atributos normal- e imutáveis. Colocando de outro compreenderá.
mente relacionados ao Divino modo, a comunidade científica Como vemos, não devemos
pode fazer parte de uma sentença em nossos dias sabe que não pro- esperar tal mudança para este
válida para o Positivismo Lógico, cura a verdade absoluta. Assim ou para os séculos vindouros. A
posto que conceitos como infinita- sendo, uma vez que Deus é a Ver- Ciência, como podemos entender
mente justo, infinitamente bom, dade Absoluta, não há como um em nosso estágio atual de desen-
onipotente e onisciente formarão dia ela o vir a encontrar. volvimento, não pode prescindir
sempre proposições inverificáveis. A esse respeito, vale a pena de uma filosofia semelhante às
Indo ao cerne da questão, que é recordarmos a questão 10 da Par- que hoje adota. Não se trata de
a própria idéia de Deus, vale lem- te Primeira, capítulo I, de O Livro incapacidade intelectual. Por mais
brar que, como já nos ensinava a dos Espíritos, que fala dos “Atri- brilhante que seja o aluno do CA,
mais antiga tradição religiosa da butos da Divindade”. ninguém espera dele que pro-
Humanidade, a multimilenar reli- 10. Pode o homem compreen- ponha uma revolucionária teoria
gião hindu, Brahma, o Absoluto, der a natureza íntima de Deus? econômica, invente um dispositi-
é incognoscível. Ora, sendo incog- Non; c’est un sens qui lui man- vo eletrônico ou encontre a cura
noscível, toda afirmação que o te- que, diz a segunda edição francesa de importante doença. Tudo tem
nha como termo é inverificável. de 1860. seu tempo na senda evolutiva. Ho-
Como tal, Deus jamais será com- O que, em português moder- je, imersos na matéria e com nos-
provado pela Ciência que hoje no, cremos ser bem traduzido sos sentidos por ela obscurecidos,
conhecemos. Mais que isso, tal como: nossa percepção de Deus vem
Ciência sequer considerará a bus- Não, falta-lhe entendimento pa- pela meditação, pela intuição, pe-
ca da divindade entre as metas a ra tal. la comunhão com o que há de
que se irá dedicar. Esperamos ter deixado claro ao melhor em nós, com o mais ín-

Janeiro 2006 • Reformador 17 19


timo de nosso ser, em decorrência noscíveis e verificáveis e, sendo as- URL:http://www.utm.edu/research/iep/l/
da reforma íntima. sim, mais dia, menos dia, a Ciên- logpos.htm.
Não queremos concluir nosso cia atual logrará comprová-los.
Logical Positivism. Philosophy Pages.
estudo sem antes pedir ao leitor que
URL:http://www.philosophypages.
atente para o fato de que estamos Bibliografia:
.com/hy/6q.htm.
falando exclusivamente da prova da KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 77.
Atheism, Agnosticism, Free Thinking, Hu-
existência de Deus e não de provas ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997.
outras concernentes aos fenômenos FILHO, Alberto Mesquita. Teoria sobre o manism etc. Religious Tolerance. Junho de
de natureza espiritual. Estes, ao Método Científico. 2002.
contrário de Deus, a Causa Primá- Logical Positivism. The Internet Encyclope- URL: http://www.religioustolerance.org/at_
ria, fazem parte da criação, são cog- dia of Philosophy. Junho de 2002. ag_hu.htm.

20 18 Reformador • Janeiro 2006


Esf lorando o Evangelho
Pelo Espírito Emmanuel

Cultiva a paz
“E, se ali houver algum filho da paz, repousará sobre ele a
vossa paz; e, se não, ela voltará para vós.”
– JESUS. (LUCAS, 10:6.)

m verdade, há muitos desesperados na vida humana. Mas quantos se ape-

E gam, voluptuosamente, à própria desesperação? quantos revoltados fogem à


luz da paciência? quantos criminosos choram de dor por lhes ser impossível
a consumação de novos delitos? quantos tristes escapam, voluntariamente, às bên-
çãos da esperança?
Para que um homem seja filho da paz, é imprescindível trabalhe intensamente no
mundo íntimo, cessando as vozes da inadaptação à Vontade Divina e evitando as
manifestações de desarmonia, perante as leis eternas.
Todos rogam a paz no Planeta atormentado de horríveis discórdias, mas raros se
fazem dignos dela.
Exigem que a tranqüilidade resida no mesmo apartamento onde mora o ódio
gratuito aos vizinhos, reclamam que a esperança tome assento com a inconforma-
ção e rogam à fé lhes aprove a ociosidade, no campo da necessária preparação espi-
ritual.
Para esmagadora maioria dessas criaturas comodistas a paz legítima é realização
muito distante.
Em todos os setores da vida, a preparação e o mérito devem anteceder o benefício.
Ninguém atinge o bem-estar em Cristo, sem esforço no bem, sem disciplina eleva-
da de sentimentos, sem iluminação do raciocínio. Antes da sublime edificação, pode-
rão registrar os mais belos discursos, vislumbrar as mais altas perspectivas do plano
superior, conviver com os grandes apóstolos da Causa da Redenção, mas poderão
igualmente viver longe da harmonia interior, que constitui a fonte divina e inesgotá-
vel da verdadeira felicidade, porque se o homem ouve a lição da paz cristã, sem o pro-
pósito firme de se lhe afeiçoar, é da própria recomendação do Senhor que esse bem
celestial volte ao núcleo de origem, como intransferível conquista de cada um.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005, cap. 65,
p. 145-146.

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Assistência Espírita
ao Preso
no Estado do Rio de Janeiro
H U M B E RTO P O RT U G A L K A R L

O
Movimento Espírita do Es- minário Estadual de Assistência
tado do Rio de Janeiro já Espírita ao Preso com o objetivo de
vem de longa data realizan- conhecer os agentes dessa atividade
do profícuo trabalho de evangeli- em nosso Estado, trocar experiên-
zação dos detentos do sistema pri- cias e planejar ações integradas. Es-
sional do Estado, com excelentes tiveram presentes autoridades go-
resultados na recuperação de pes- vernamentais, da Justiça, da Uni-
soas que descobriram na Doutrina versidade, do Movimento Espírita
Espírita a saída de seus angustiosos e egressos, que enriqueceram as
dramas. discussões com o seu saber e expe-
Atualmente há cerca de uma riência. Esse tema foi levado à XVII
dezena de escolas espíritas nas di- Confraternização Espírita do Esta-
versas organizações prisionais do do do Rio de Janeiro, em dezem-
Estado com muitos companheiros bro, no Riocentro.
Idalinda de Aguiar Mattos, a pioneira
matriculados. É um trabalho de Estamos avaliando o Seminário
na evangelização dos detentos.
dedicação, pois exige boa vontade em seus desdobramentos e já vi-
e renúncia. mos realizando treinamentos para orientação espírita, com a finali-
Estamos fazendo um esforço os voluntários interessados em ini- dade de assistir o egresso do sis-
de aproximação com o Movimen- ciar o trabalho em um dos diversos tema prisional, que sem qualquer
to Espírita organizado. Não pode- grupos, bem como auxiliando na ajuda volta a delinqüir ou pro-
ríamos esquecer da companheira obtenção dos vistos como agente cura o suicídio, direto ou indire-
Idalinda de Aguiar Mattos, já de religioso. to. São altos os índices de rein-
volta ao Plano Espiritual, que fez A ressaltar que, devido à esca- cidência. Nossos irmãos, pelos
de sua vida um trabalho cons- lada da violência, os presídios es- anos de afastamento, perdem o
tante nessa área. A Instituição Es- tão cercados de medidas de se- fio de sua história. A Instituição
pírita Cooperadoras do Bem gurança que dificultam o acesso do Homem Novo desenvolve pro-
Amélie Boudet, em Vila Isabel, de voluntários. Com o apoio ins- jetos socioeducativos voltados
no Rio de Janeiro, e outras vêm- titucional da Federativa Estadual para indivíduos em situação de
-se desincumbindo brilhantemen- procuramos cooperar com essa extremo risco social, para inser-
te dessa tarefa. meritória atividade. ção cidadã de egressos do sistema
Realizamos, em 2005, o III Se- Foi fundada uma ONG, de penal.

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Suicídio , nunca!
FRANCISCO REBOUÇAS

N
ão é possível abranger, nes- 6. sugestões de encarnados ou zindo-nos ao desânimo e insu-
te modesto artigo, ou até desencarnados. flando-nos o desespero; todavia, se
mesmo num simples capí- acendemos no coração leve flama da
tulo de um livro, o ato tão angus- A falta de fé é sem dúvida a prece, fios imponderáveis de con-
tioso, grave, sombrio e infeliz maior responsável pela quase tota- fiança ligam-nos o ser a Deus”.
que é o suicídio, o qual em muito lidade dos suicídios.
tem elevado as estatísticas mun- É justamente na fé que encon- O orgulho exacerbado não é
diais dos fatores que redundam tramos o alimento que nos fortale- outra coisa senão a ausência de
em morte. ce a alma, revigorando-nos para os humildade, pois o humilde não se
Que poderá levar o homem a embates naturais da vida de qual- faz orgulhoso; ao contrário, humil-
cometer esse gesto de extremo quer ser humano, com perspecti- dade é o mais poderoso antídoto
desespero? vas otimistas de alcançar a vitória para o orgulho e o egoísmo. O or-
Eis a pergunta inquietante, que ao final da luta. gulho ferido tem sido causa de de-
a mente humana formula em to- É pela fé que nos propomos a sastres e dores que castigam seus
dos os continentes, diante da in- fazer a parte que nos cabe executar portadores por séculos a fio.
cidência de suicídios em milha- e esperamos confiantes em Deus,
res e milhares de lares de todo o nosso Pai, e em seus dignos emis- O desespero e o tédio que asso-
planeta, quer sejam lares humil- sários, a resolução da parte que lam grande parte das criaturas hu-
des, quer nos de mediana condi- não depende de nossa vontade. manas as levam a se acharem sem
ção, ou naqueles onde a riqueza A fé é mãe generosa dos que quaisquer perspectivas de melhora
impera. confiam, que trabalham convictos e, invadidas pelo desgosto que as
Apontamos, em tese, algumas de que no momento certo a ajuda espreita, encontram como solução
das principais motivações, ao nos- do Alto lhes chegará; e aquele que para seus problemas o fim da vida
so modesto modo de ver, que le- a tem eleva seu pensamento numa que julgam acabar também com os
vam o indivíduo a pensar e até mes- calorosa prece, haurindo do flui- problemas que vivenciam. São inú-
mo cometer este desesperador ato, do cósmico universal as substân- meras as mensagens deixadas pe-
sabendo que outras inúmeras cau- cias balsâmicas, calmantes, har- los desesperados suicidas, com re-
sas podem ser aduzidas a estas que moniosas... que nos ajudam a acla- ferência ao “desencanto com a vi-
abaixo relacionamos. rar o entendimento e fortalecer o da”, sem que procurassem buscar
coração. ajuda para o fortalecimento da es-
1. Falta de fé; O Benfeitor Emmanuel nos es- perança em dias melhores.
2. orgulho exacerbado; clarece que “quando a dor nos en-
3. desespero e tédio; tenebrece os horizontes da alma, O desequilíbrio nervoso, que
4. desequilíbrio nervoso; subtraindo-nos a serenidade e a ale- poderia ter sido combatido e até
5. desânimo com moléstias con- gria, tudo parece escuridão envol- evitado no seu início, se o indiví-
sideradas incuráveis; vente e derrota irremediável, indu- duo tivesse procurado os adequa-

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dos recursos que a moderna Me- zão, em todas as épocas da Huma- ter chegado ao limite de sua capa-
dicina é capaz de propiciar, muito nidade”; pede a seus sinceros adep- cidade de ação, não encontrando
provavelmente ter-se-ia restabele- tos para suportar e vencer, resistir recursos nos atuais conhecimentos
cido o seu equilíbrio emocional, e transpor os mais sérios obstá- desenvolvidos pelas pesquisas cien-
e não teria chegado às raias da lou- culos, até mesmos os relacionados tíficas?
cura para tal cometimento. com uma existência dolorosa, sob
o aspecto moral ou físico, pois os Sugestões de encarnados e de-
Desânimo com moléstias consi- férteis e aflitivos problemas de sencarnados: Há outro tipo de sui-
deradas incuráveis: As moléstias nossa estada neste planeta em cada cídio, aquele que resulta da indu-
incuráveis são também fatores de encarnação não passam de um pis- ção, sutil ou ostensiva, de terceiros,
grande motivo de suicídios, pois car de olhos se comparados à eter- encarnados ou desencarnados, es-
muitos dos portadores dessas mo- nidade que nos espera para gozar- pecial e mais numerosa dos desen-
léstias não vêem mais motivos pa- mos da verdadeira felicidade que carnados, não sendo demais afir-
ra continuarem nas estatísticas dos não conquistaremos nesse nosso mar, por efeito de observação, que a
vivos, não percebendo que a Deus estado de Espíritos imperfeitos, quase totalidade dos auto-extermí-
tudo é perfeitamente possível, e que mas, fadados ao progresso e à su- nios foi estimulada por entidades
muitas das enfermidades que on- blimação; afirma-nos que quem infelizes, inimigas ferrenhas do pas-
tem matavam sem apelação, hoje tem fé não deserta da vida, pois sa- sado, que se ligando ao campo
são perfeitamente controladas pela be que os recursos divinos, de so- mental de quantos idealizam, em
Medicina moderna, e com o pen- corro à Humanidade, são inesgo- momento infeliz, o suicídio, inten-
samento desarmonizado, esperan- táveis. Não conseguiremos jamais sificam-lhes, na hora adequada, a
do apenas o dia da morte, têm na esvaziar os mananciais sublimes e sinistra idéia.
vida um fardo altamente pesado incalculáveis da misericórdia de Grande número dos suicidas se
de que desejam se ver livres o mais Deus! deixou envolver pelas sugestões
breve possível, visualizando no Diante dos problemas causados de pessoas desequilibradas dos
suicídio a única solução viável. pela moléstia considerada incurá- dois planos da vida, e se já tinham
O desânimo é uma falta, escla- vel, procura o enfermo, algumas motivos pessoais para cometer
recem-nos os Espíritos Superiores, vezes, no suicídio, a solução do seu esse ato lastimável, encontram
falta que é sem dúvida na maioria problema; infeliz engano, pois a nessas sugestões material farto e
dos casos o início de tudo; é ele ninguém é lícito conhecer até on- poderoso para seu cometimento.
inimigo perigoso, contra o qual de- de chegam os recursos curadores Pessoas há que não sabem sugerir
veremos estar sempre alertas, visto da Espiritualidade Superior, que é coisas positivas, e só conversam so-
que é altamente contagioso, insta- a representação da soberana bon- bre assuntos negativos, desanima-
lando-se quase que de maneira dade divina, caindo em desespero dores, influenciando o fraco de
imperceptível no ser, que passa de ainda maior, visto que além da espírito ao desespero e à desdita.
repente a não ter vontade para as doença de que não se curará por si Precisamos entender que o ser
coisas mais normais do dia-a-dia, só, ainda terá que dar conta do humano tem na consciência o
perdendo pouco a pouco o inte- veículo físico que a misericórdia grande e justo juiz de seus atos,
resse pela vida e não acreditando divina lhe concedeu para seu cres- pois é pela razão que deve embasar
sequer nos poderes do Pai Celes- cimento como Espírito imortal a seus fundamentos materiais, mo-
tial. caminho da angelitude. rais, religiosos, utilizando-se dessa
A Doutrina Espírita nos esclare- Quantas vezes amigos do Mais eficaz ferramenta para consolidar
ce que “fé inabalável só o é a que Alto intervêm, prodigiosamente, uma fé raciocinada, que lhe indica-
pode encarar frente a frente a ra- quando a Medicina, já desistiu por rá o melhor caminho a seguir, mes-

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mo diante de inúmeras sugestões enviar ao seu filho muito amado de encarnado, e com isso diminui-
dos “entendidos” que não deixarão que deveria acreditar que na hora riam quase que totalmente as esta-
de dar sua opinião, ainda que sem mais adequada o socorro chegaria. tísticas sobre esse tipo de morte.
serem convidados a opinar. Os mais variados efeitos psico- O Espiritismo, chamando a
Do outro lado da vida, o suicida lógicos e as mais diversas repercus- atenção dos homens para a realida-
que teve a ilusão de ver seus pro- sões morais tornam a presença do de da vida do suicida após a morte
blemas resolvidos com a extinção suicida, no Mundo espiritual, um do corpo físico, apresentando a
do corpo físico, que acreditava ver autêntico inferno, onde estagiará todos os testemunhos dos próprios
cessarem suas dores e problemas, não se pode precisar por quanto Espíritos que cometeram esse ato
depara-se com a inusitada situação tempo, pois tudo dependerá de insano, ensina-nos que a vida é
de ver agravada sua desgraça, com uma série de fatores que não te- concessão de Deus e só Ele pode
os mesmos sofrimentos dos quais mos condições de enumerar, mas dar-lhe cabo no devido tempo.
se julgava livre, e mergulhado na que fazem parte da Lei de Amor e Em O Livro dos Espíritos, Parte
tortura. Justiça. Quarta, capítulo I, “Das penas e go-
A Doutrina Espírita nos apre- Sofrerá inevitavelmente os ata- zos terrestres”, encontramos nume-
senta relatos de antigos suicidas. E ques de entidades cruéis, com acu- rosas perguntas formuladas pelo
obras especializadas, de origem sações e blasfêmias, tornando-se Codificador e tão bem esclarecidas
mediúnica, falam-nos de vales si- vítima de sevícias e de sinistros ver- pelos Espíritos Superiores sobre o
nistros, onde se congregam, em in- dugos que o perseguirão na longa suicídio.
felizes e trevosas sociedades, os que noite dos que não tiveram cora- Convidamos o leitor a lê-las e
sucumbiram no auto-extermínio. gem para enfrentar o fardo que sobre elas meditar.
Nessas regiões, indescritíveis na Deus lhes confiou para seu pró- Que o bondoso Mestre de Na-
linguagem humana, os quadros prio burilamento. zaré nos envolva em suas bênçãos
são terríveis, de desespero, angús- Se fosse possível aos nossos olhos e que jamais busquemos no suicí-
tia, lamentação, solidão, trevas, uma breve e pálida visão das cenas dio a solução para qualquer dos
pesadelos horrendos, com a sensa- torturantes com que se deparam os nossos problemas.
ção, por parte do infeliz, de que se suicidas, no mundo Espiritual, com
encontra “num deserto, onde os absoluta certeza afirmamos, que o
gritos e gemidos têm ressonâncias homem jamais admitiria a morte
fúnebres”, o arrependimento do por fuga de seus problemas na vida
impensado ato cometido lhe traz a
visão constante das cenas do seu
suicídio; recordação aflitiva dos fa-
miliares do lar distante, dolorosa-
mente perdidos na insânia de sua
atitude, causando dores e lágrimas
em todos.
Passa então a ter saudades da
vida; dos entes queridos; das coisas
que possuía e que não soube valo-
rizar, por lhe haver faltado um
pouco mais de fé e confiança na
ajuda de Deus, que tem sempre no
momento adequado a solução para
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Museu Metropolitan
de Nova York
Exposição de fotos históricas sobre fenômenos mediúnicos

or ocasião do 3o Encontro

P
as efluviografias dos anos 70 do
de Dirigentes e Trabalha- século XX. Aparecem personalida-
dores Espíritas dos Estados des históricas como a Sra. Amélie
Unidos, realizado em Nova York, Boudet com materialização par-
nos dias 15 e 16 de outubro de 2005, cial de Kardec, em foto feita por
promovido pelo Conselho Espírita Édouard Isidore Buguet entre
dos Estados Unidos com o apoio do 1873-1875, médiuns como Floren-
Conselho Espírita Internacional, ce Cook, Eusapia Palladino, e cien-
alguns de seus participantes tiveram tistas conhecidos como William
a oportunidade de visitar histórica Crookes, Camille Flammarion, Ga-
exposição na mesma cidade. briel Delanne, Albert von Schrenck
Notzing, Alexander Aksakoff.
Jornal destaca Exposição Juntamente com as fotos e ál-
buns originais, há painéis expli-
O tradicional The Metropolitan Um dos cartazes promocionais cativos muito bem elaborados,
Museum of Art exibe de setembro a da Exposição onde as informações adotam ter-
dezembro a exposição The Perfect minologia como fluidos, fluido
Medium-Photography and the Oc- nos paranormais. A reportagem universal, passe, psicografia e es-
cult. A mostra teve como curador sintetiza um histórico sobre as fotos crita direta.
Pierre Apraxine, que foi alvo de des- expostas, citando médiuns e pesqui-
tacada matéria em The New York sadores do final do século XIX e iní- O livro
Times, do dia 4 de setembro de cio do século XX.
2005. O jornal nova-iorquino desta- Nos vários postos de venda dos
ca que um curador muito sério viaja A Exposição produtos e recordações do Metro-
ao outro lado e começa a matéria politan Museum, está disponibili-
comentando que Pierre Apraxine Em quatro salas do 2o andar do zada a portentosa obra The Perfect
fez pesquisas na American Society Metropolitan Museum, a exposição Medium-Photography and the
for Psychical Research – na mesma apresentou 120 fotos originais ob- Occult, de autoria de Clément
cidade – há 120 anos repositório do tidas desde o século XIX, com ilus- Chéroux, Andréas Fischer, Pierre
paranormal que entre seus fundado- trações de fenômenos de efeitos Apraxine, Denis Canguilhem e
res inclui o filósofo William James; e físicos, predominando casos de Sophie Schmit, publicada pela Yale
narra os esforços para reunir cole- materialização, e chegando até University Press, com 287 páginas
ções históricas de fotos de fenôme- fotos com o médium Ted Serious e ricamente ilustradas com fotos.

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A FEB e o Esperanto

Canal de
Televisão em
Esperanto
A F F O N S O S OA R E S

D
esde o dia 5 de novembro do ano passado, 100.000 visitantes por mês, mais de 2,5 milhões de
está em funcionamento o primeiro canal de leituras (pageviews) e que é atualizado diariamente
televisão a usar exclusivamente a Língua com noticiário mundial, artigos, vídeos, blogs, jogos
Internacional Neutra – Internacia Televido (Tele- de vídeo, fotoblogs e fóruns virtuais, tudo em espe-
visão Internacional) –, e a que se pode assistir em ranto.
todo o mundo através da rede de computadores,
acesso em http://internacia.tv/ . E o principal responsável por tão arrojado em-
preendimento é o empresário paulista Flávio Rebelo,
Usando a tecnologia de rádio, televisão e Internet, diretor-geral da CIDKON e do mencionado portal,
a ITV apresenta programação variada com jorna- que vê em sua iniciativa como que uma revitalização
lismo, documentários, entrevistas, música, cinema, do esperanto por lhe possibilitar mais rápida difusão,
culturas exóticas e turismo, além de disponibilizar graças aos milhares de jovens usuários que apren-
informações, em mui- dem o idioma direta-
tas línguas, sobre o mente na rede mun-
próprio canal e a res- dial de computadores.
peito do Esperanto.
Abaixo estão alguns
A ITV nasce de um esclarecimentos sobre
projeto elaborado em a ITV, colhidos no
dois anos e concretiza- endereço acima citado
do pela empresa bra- http://internacia.tv/ :
sileira CIDKON, que
também administra o As imagens e sons
Gxangalo.com, o maior passam do servidor aos
portal em esperanto computadores graças a
no mundo, com deze- uma corrente de trans-
nas de canais, acima de missão que não é se-

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melhante a um download, pelo que o usuário não Mas essas dificuldades, que resultam de temporá-
poderá salvar quaisquer imagens ou sons em seu ria carência de investimentos, serão em breve supe-
computador. radas, com o lançamento de novas possibilidades de
transmissão. Por essa razão os responsáveis pela ITV
As configurações mínimas do computador para permanecem em campanha para obter novos inves-
receber a corrente de transmissão da ITV são: timentos.

• Windows (no mínimo 98), ou Linux (versões que A presença da Língua Internacional Neutra na
aceitem WMV), ou Macintosh (de preferência rede mundial de computadores pode ser mensura-
OSX); da pelo fato bastante significativo, entre muitos
• possuir o Windows Media Player (no mínimo a outros, de que o resultado da consulta, pelo nome
versão 8); esperanto, no site de busca Google, é da ordem de 66
• processador 1,2 Gz; milhões de páginas de acesso.
• memória RAM de 128Mb;
• conexão à rede 128 Kbps; Com efeito, o esperanto é uma língua viva, usada
• circuito de som de 16 baites; por uma coletividade disseminada pelo mundo in-
• circuito de vídeo de 24 baites. teiro, com uma cultura própria, impregnada dos
ideais que oferecem consistência ao espírito do idioma
Sem estas configurações, a possibilidade de assis- e se manifestam nas atividades do Movimento Espe-
tir à ITV dependerá da qualidade da conexão à re- rantista sempre voltadas para a paz, a justiça, a frater-
de, sendo mais provável que só se consiga ouvir o nidade nas relações entre os povos, sendo a Internet
canal ou ver os programas com longas pausas entre um campo por excelência para que essa coletividade
as imagens. prove e afirme o seu legítimo caráter internacional.

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V Congresso Nacional
de
Espiritismo em Portugal
A Federação Espírita Portugue- da FEB e Secretário-Geral do CEI Encruzilhada, de autoria do Presi-
sa, com apoio da União Espírita do Nestor João Masotti. Divaldo Pe- dente da FEP Arnaldo Carvalhais
Algarve, promoveu, no período de reira Franco proferiu as palestras da Silveira Costeira.
29 a 31 de outubro de 2005, o V de abertura e de encerramento do Durante o evento também fo-
Congresso Nacional de Espiritis- evento. Ao todo, companheiros de ram lançadas edições da FEP de O
mo, no Conservatório Regional do várias regiões de Portugal proferi- Livro dos Espíritos, O Livro dos
Algarve, na cidade de Faro. Subor- ram 16 palestras, cujos resumos Médiuns e O Evangelho segundo o
dinadas ao tema central Divul- foram disponibilizados em um Espiritismo, mediante cessão de
gação Espírita, Novas Tecnologia e caderno oferecido aos congressis- direitos da tradução adotada pela
Inovação foram desenvolvidas vá- tas. Entre as atividades culturais, FEB. Antes da palestra de encerra-
rias palestras e atividades culturais. sempre de muito bom gosto, o mento, todos os expositores cons-
Na cerimônia de abertura, o Di- Grupo de Teatro Hybris fez exce- tituíram uma mesa de conclusões,
retor da FEB Antonio Cesar Perri lente apresentação sobre o tema oportunidade em que responde-
de Carvalho fez uma saudação “O Aborto”, com base no livro que ram às perguntas formuladas pe-
como representante do Presidente estava sendo lançado Vidas em los participantes do Congresso.

Mesa de conclusões com os


expositores do Congresso

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Definição e trabalho
em
tempos difíceis
Situações difíceis do dora, de cuja intimidade voejaram te considerada, ao invés de termos
mundo e esparramaram por todos os um indivíduo, de fato, ou seja, in-
sítios as mazelas e infelicidades, divisível, integral.

A
impressão que se tem, no que tantos transtornos vêm tra- Disparatam-se as mentalidades
momento presente do pla- zendo à Humanidade. em nível sociopolítico, nas múlti-
neta, é a de que se escan- Parece que, para onde quer que plas áreas do planeta, nos vários
carou a mitológica caixa de Pan- olhemos, as almas estão pasma- povos e países, onde multidões
das, aterradas, diante de enigmas passivas, submetidas, amargando
da existência, para os quais não revoltas internas, falam acerca da
conseguem achar respostas, pelo realidade em que se encontram.
menos respostas amadurecidas, Comumente, estão onustas de
que nutram o discernimento ou maus presságios, de pesadelos em
que iluminem as reflexões. Ima- torno do futuro, que se lhes apre-
ginam, por isso, que não há mais senta quase sempre sombrio, vio-
soluções para os dramas que lento e doloroso.
avançam sobre as massas tumul- Descoroçoadas as pessoas assis-
tuadas. tem ao desfile da falácia brilhan-
Há indícios de que os indiví- te e ao pisoteio da exploração per-
duos reencarnados no mundo, niciosa, perpetrada por inteligên-
mesmo atuando no âmbito das cias tão hábeis quanto soezes que,
variadas crenças religiosas, mos- por meio de sofismas de ordem
tram comportamentos díspares, política e de ocas filosofias que coi-
relativamente às teorias de fé ou sificam o ser humano, passando-
às teologias que afirmam adotar, -lhe a impressão de que tudo está
como se pudessem repartir a pes- sendo feito em seu proveito e com
soa em compartimentos: da vida a sua anuência... pelo povo, para o
íntima, da vida social amplamen- povo e com o povo. Essas inteli-
gências calculistas e cínicas têm
conseguido ludibriar uma quanti-
dade imensa de criaturas incautas
ou despreparadas para o entendi-
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mento desses jogos perigosos do Por outro lado, não nos devere- Todos os males que agora exor-
intelecto malconduzido. mos atrelar às excitações utópicas bitam, que ora perturbam e infe-
que não nos permitem desenvol- licitam, estão com seus dias con-
Não nos cabe fraquejar ver as reflexões sobre a extensão tados uma vez que vanguardeiros
do milênio começante, dando- valorosos de Jesus já se acham
Para a visão do homem co- -nos conta de que tudo o que no renascidos nos campos planetá-
mum, o mundo está de mal a seu período alcançaremos está rios terrestres, alguns deles chega-
pior; para grande parcela social, diretamente ligado à força de dos à idade da razão, iniciando
não há mais solução para os dra- vontade, à boa disposição de ser- seus movimentos íntimos e exter-
mas que avassalam o espírito da vir e ao destemor que vivencie- nos de acercamento da Sublime
sociedade. Alguns pensadores mos no quotidiano. Tampouco Mensagem dos Imortais.
preconizaram o fim da História, e deveremos adotar impulsos mes- Esses tempos atuais chamam-
asseveraram outros que nada siânicos, salvadores, como se cou- -nos à fidelidade aos projetos do
mais cabe à Ciência investigar. besse somente aos espiritistas o Espírito de Verdade, para que es-
Tudo estaria esgotado, de acordo árduo labor de renovar o mundo. tejamos atentos a fim de que não
com as teses defendidas por esses abandonemos o trabalho genui-
indivíduos, e os tempos atuais Fidelidade aos projetos namente espiritista, passando a
seriam os da grotesca morte de do Espírito de Verdade ocupar valioso tempo com pala-
todas e quaisquer esperanças de vrórios e disputas, situações e
melhoria do mundo. Indubitavelmente, é a Doutri- questões que, declaradamente,
Sem embargo, vive-se na Terra na Espírita a excelente proposta nada tenham a ver com a nossa
um tempo majestoso e instigante. das Esferas Superiores da Vida Causa, por não serem da alçada
Vive-se um tempo de graves e in- que nos convoca à adoção de pas- do Espiritismo.
dispensáveis definições por parte sos firmes na esteira do bem, à O momento de agora é de
de cada um e das instituições que ação definidamente nobre e cons- decisivo e feliz chamamento a
comandam, instituições essas que ciente perante essa onda obscura todos os que se envolveram com
não existem sem os trabalhos dos e que demoradamente se abate o Projeto do Consolador, nos
indivíduos. sobre o mundo, representando dois campos da existência, hones-
Todos estamos chamados ao perigo desafiador para cada ove- tamente interessados em apren-
crescimento, ao inadiável pro- lha do rebanho de Jesus, tanto der, servir e amar, como foi ensi-
gresso com todas as suas facetas, para as que se mostram despertas nado pelo Cristo, pautando-se
dando testemunho de coragem, e coerentes quanto para as tresva- nas vias do ingente trabalho de
de decisão, de honradez, de luci- riadas, que se hão negado a seguir renovação própria e do seu en-
dez e de fé, de modo a afirmar o às pastarias de bênçãos e às fontes torno, sob o clima da solidarie-
nível e a intensidade dos nossos de água pura das escolhas bem- dade e da tolerância, conforme a
vínculos com o Grande Gover- -aventuradas. proposta do Codificador Allan
no planetário, representado pelo Conforme as falas da mitolo- Kardec.
Excelente Administrador, que é gia helênica, o que restou na cai-
Jesus Cristo. xa de Pandora foi a esperança. E
Pelo Espírito Camilo
Não nos cabe, por isso, na hora é com essa esperança que a cada
que passa, qualquer submissão ao um de nós cabe avançar, cami-
desespero, ao desalento, ao desâ- nho afora, na busca de melhor Mensagem psicografada pelo médium
nimo, o que nos faria chafurdar atender os requisitos da nossa Raul Teixeira, durante a reunião do CFN
mais e mais nos pauis do fracasso. própria evolução. da FEB, em 11/11/2005, em Brasília (DF).

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Páginas da Revue Spirite

Belo exemplo da
caridade
evangélica
U
m lance de caridade realizado pelo Sr. Ginet, Acabando a sua obra, o caridoso operário, auxilia-
cantoneiro de Saint-Julien-sous-Montmelas, é do por uma vizinha, amortalha a pobre morta. Algu-
contado pelo Écho de Fourvière: mas pessoas eram de opinião que na noite seguinte ele
No dia 1o de janeiro, ao cair da noite, achava-se colocasse o caixão num hangar vizinho, que estava
agachada na praça de Saint-Julien uma mendiga fechado. “Não, disse ele; esta mulher não é um cão,
profissional, coberta de chagas infectas, vestida de mas uma cristã.” E a velou toda a noite em sua casa,
velhos trapos cheios de bichos e, não obstante isso, com a candeia acesa.
todos a temiam; não respondia ao bem que lhe fa- Às pessoas que lhe exprimiam admiração e o
ziam senão por socos e injúrias. Tomada de súbito aconselhavam a pedir uma recompensa, respondia:
enfraquecimento, teria sucumbido na calçada, não “Oh! não foi o interesse que me levou a agir. Que me
fosse a caridade do nosso cantoneiro que, dominan- dêem o que quiserem, mas nada pedirei. Na posição
do a repugnância, tomou-a nos braços e a levou pa- em que estou, posso encontrar-me no mesmo caso e
ra sua casa. seria muito feliz se tivessem piedade de mim.”
Esse pobre homem tem apenas um alojamento – Que relação tem esse fato com o Espiritismo?
muito apertado, para si, a mulher doente e três filhos perguntaria um incrédulo. – É que a caridade evan-
pequenos; não tem outro recurso senão o seu módico gélica, tal qual a recomendou o Cristo, sendo uma
salário. Pôs a velha mendiga sobre um pouco de palha lei do Espiritismo, todo ato realmente caridoso é
dada pelo vizinho e dela cuida toda a noite, procuran- um ato espírita, e a ação desse homem é a aplicação
do aquecê-la. da lei de caridade no que ela tem de mais puro e
Ao romper do sol, essa mulher, enfraquecendo-se mais sublime, porque ele fez o bem, não só sem es-
cada vez mais, lhe disse: “Tenho dinheiro comigo; eu perança de retribuição, sem pensar em seus encar-
vo-lo dou pelos vossos cuidados.” E acrescentou estas gos pessoais, mas quase com a certeza de ser pago
palavras: “o Sr. cura...” e expirou. Sem se preocupar com ingratidão, contentando-se em dizer que, em
com o dinheiro, o cantoneiro correu para procurar o semelhante caso, quereria que tivessem feito o mes-
cura; mas era tarde demais. A seguir apressou-se a avi- mo por ele. – Este homem é espírita? – Ignoramo-
sar os parentes, que moram numa paróquia vizinha e -lo, mas não é provável. Em todo o caso, se não o era
que estão em posição folgada. Estes chegam e a pri- pela letra, era-o pelo espírito. – Se não era espírita,
meira palavra é esta: “Minha irmã tinha dinheiro con- então não foi o Espiritismo que o levou a esta ação?
sigo; onde está? E o cantoneiro responde: Ela mo dis- – Seguramente. – Então por que o Espiritismo quer
se, mas não me inquietei.” Procuram e encontram, o mérito desta ação? – O Espiritismo não reivindica
com efeito, mais de 400 francos num de seus bolsos. em seu proveito a ação desse homem, mas se van-

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gloria de professar os princípios que o levaram a vo à curiosidade dos leitores. O exemplo é contagio-
praticá-la, sem jamais ter tido a pretensão de pos- so; por que não pôr antes sob os olhos das massas o
suir o privilégio de inspirar bons sentimentos. Ele exemplo do bem, em vez do do mal? Há nisso uma
honra o bem em qualquer parte onde se encontre; e grande questão de moralidade pública, que tratare-
quando seus próprios adversários o praticam, ele os mos mais tarde, com todos os desenvolvimentos que
oferece como exemplo aos seus adeptos. comporta.
É lamentável que os jornais sejam menos pressu-
rosos em reproduzir as boas ações, em geral, do que ALLAN KARDEC
os crimes e os escândalos. Se há um fato que teste-
munha a perversidade humana, pode-se estar certo Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita) – outubro de 1868,
de que será repetido linha por linha, como incenti- p. 436-438, 1. ed. FEB.

Uma rainha
médium
N
ão teríamos tomado a iniciativa de publicar o Poderíamos ter dito: até nos tronos. Vê-se, porém,
fato seguinte; desde, porém, que foi reproduzi- que os próprios soberanos não escapam à qualifica-
do em diversos jornais, entre outros a Opinion ção dada aos que acreditam nas comunicações de
nationale e o Siècle, de 22 de fevereiro de 1864, con- além-túmulo. Os espíritas, que são tratados como
forme o Bulletin diplomatique, não vemos motivo al- loucos, devem consolar-se por estarem em tão boa
gum para nos abstermos. companhia. Assim, o contágio é muito grande, pois
“Uma carta procedente de pessoa bem informada sobe tanto! Entre os príncipes estrangeiros sabemos
revela que, recentemente, num conselho privado, de bom número que tem esta suposta fraqueza, pois
onde era examinada a questão dinamarquesa, a rai- alguns fazem parte da Sociedade Espírita de Paris.
nha (Vitória) declarou que nada faria sem consultar Como querem que a idéia não penetre a sociedade
o príncipe Alberto. E, com efeito, depois de se ter re- inteira, quando parte de todos os níveis da escala?
colhido por algum tempo em seu gabinete, voltou
dizendo que o príncipe se pronunciara contra a
guerra. Esse fato, e outros semelhantes transpiraram ALLAN KARDEC
e deram origem à idéia de que seria oportuno esta-
belecer uma regência.”
Tínhamos, pois, razão quando escrevemos que o Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita) – março de 1864,
Espiritismo tem adeptos até nos degraus dos tronos. p. 118-119. Transcrição parcial. 2. ed. FEB.

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A grave
questão
do amor R O B I N S O N S OA R E S P E R E I R A

O
amor é o sentimento por da carne desprovido daquela es-
excelência, e os senti- sência divina que norteia o amor,
mentos são os instintos aproximando a criatura do ani-
elevados à altura do progresso mal irracional, que faz sexo para
feito...1 atender ao seu instinto natural de
O amor existe nas formas mais reprodução.
diferenciadas, tais como: amor de Infelizmente, muitas uniões con-
mãe, pai, filhos, irmãos, amigos, jugais já nasceram em erro, quan-
parentes, cônjuges etc. do os casais não levaram em
Mas há que se desmistificar es- conta a Lei de Deus. Daí, dizer Je-
sa questão do amor, quando ele é sus: – “(...) no começo, não foi
a manifestação do sentimento en- assim.”2
tre duas pessoas de preferência – A lei de reencarnação, inexorá-
como diz Platão, discípulo de Só- vel em nossas vidas, amplia essa
crates – de sexos opostos. Pois visão limitada do amor, provo-
sendo de essência divina, não de- cando muitas vezes reencontros
veria ser tão banalizada como tem que mostram a gravidade da tro-
sido até os dias atuais. Diz-se ca equivocada de sentimentos ao
com muita facilidade: Eu te amo! longo dos séculos. E que leva ao
Quando em realidade se nutre, retorno mais tarde para os
muitas vezes, apenas um senti- “acertos” do passado pela lei
mento de simpatia, desejos sexuais, de causa e efeito, na qual to-
emanações de sensualidade e até dos estão fatalmente inseri-
mesmo uma forma mais simples dos.
de amor que é o carinho ou a Ainda é quase um ta-
afeição. bu, até mesmo dentro
Sexo sem sentimento é volúpia do Espiritismo, a abor-

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dagem de tais questões, já que se encontram em dificuldades evitarem tais problemas futuros, é
muitas dessas situações envolvem para suportar, ao menos com um mais responsabilidade no relacio-
grandes sofrimentos. O atavismo certo equilíbrio, tamanha proble- namento com outras pessoas. Nun-
do pecado da traição, pelo adul- mática existencial, que são os de- ca direcionar o sentimento de amor
tério, é muito forte na consciên- sejos sexuais e até mesmo o reen- a alguém, sem que esteja certo do
cia das pessoas, desde tempos contro com os “amores” do pas- seu sentimento, e que esse investi-
imemoriais, aliado à hipocrisia sado. Muitos desses falsos mora- mento não seja apenas momentâ-
de alguns pseudomoralistas que, listas parecem os fariseus da pa- neo, para não incorrer no erro tão
sistematicamente, têm negligen- rábola da mulher adúltera.3 comum na atualidade, principal-
ciado o auxílio àqueles irmãos que Esquecendo-se, também, da mente entre os jovens, do abuso
afirmativa do Espírito Emma- decorrente da liberdade sexual.
nuel4 (ler também nota da FEB ao E com isso, vão se comprometen-
final do livro), que não há dor do com várias pessoas para futuros
pior do que a separação de Es- resgates, por vezes penosos.
píritos que se amam de ver- As conseqüências disso são um
dade. Há que se respeitar ao número cada vez maior de uniões
menos tais situações, pois infelizes, fruto da irresponsabili-
ninguém pode medir o dade daqueles que se unem para
grau de comprometimento atender apenas aos “prazeres” do
ou a dor daqueles que se que aos “deveres” que deveriam
amaram muito no passado e ligar uns aos outros ao longo das
hoje estão separados. eras...
Todo espírita sabe da sua res- Em seminários, principalmen-
ponsabilidade com a vida atual e te para jovens, diante da pergunta
com as pessoas que agora fazem acerca do relacionamento sexual,
parte da sua trajetória, mas daí nossa resposta, de sempre: “Sexo
a julgar comportamentos e senti- com amor e responsabilidade.” Fo-
mentos alheios vai uma distância ra disso é só instinto, é retornar à
muito grande. Respeito para a condição animal que já deixamos
dor dos outros e caridade aci- para trás em face da evolução de
ma de tudo no trato com tais todos nós.
questões, orientando e am-
parando quando solicita-
do, sempre com uma Referências Bibliográficas:
postura cristã. 1
KARDEC. Allan. O Evangelho segundo o
O que falta a mui-
Espiritismo. 111. ed. FEB, cap. XI, “A lei de
tas pessoas, para
amor”, p. 186.
2
Idem, ibidem, p. 329.
3
Idem, ibidem, cap. X, item 12, p. 173.
4
XAVIER, Francisco C. O Consolador, pelo

Espírito Emmanuel. 8. ed. FEB, Terceira

parte, cap. III, p. 185.

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Conselho Federativo Nacional

Realiza-se em Brasília
a Reunião do CFN,
de 2005
A Reunião Ordinária de 2005, do Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira,
ocorreu em Brasília, no período de 11 a 13 de novembro, com o comparecimento das 27
Entidades Federativas, estando presentes, também, as Entidades Especializadas de Âmbito
Nacional – Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo, Associação Brasileira dos
Magistrados Espíritas, Cruzada dos Militares Espíritas e Instituto de Cultura Espírita do Brasil.

Abertura da Reunião do CFN: Saudação do Presidente Nestor João Masotti


Abertura e Expediente por unanimidade a Ata da Reu- Entidades Especializadas
nião de 2004, publicada na Edi- de Âmbito Nacional
Na manhã do dia 11, feita a ção Especial de Reformador, de
prece de abertura, o Presidente da maio/2005. Com base no “Relatório da Co-
FEB e do CFN, Nestor João Masot- missão designada para estudar o
ti, saudou os presentes, referiu- Ordem do Dia processo de integração das Enti-
-se à importância dos assuntos dades Especializadas de Âmbito
em pauta e destacou uma vez Destacamos, a seguir, as princi- Nacional no CFN”, fundamenta-
mais a necessidade da união de pais matérias da Ordem do Dia. A da nas reuniões realizadas em 17
todos na tarefa que visa a colocar Ata com o registro completo dos de junho e 10 de novembro de
a Doutrina Espírita ao alcance e a assuntos tratados será publicada 2005, em Brasília, o CFN apro-
serviço de toda a Humanidade. em Edição Especial de Reforma- vou: que as Entidades Especiali-
No Expediente, foi aprovada dor, num dos próximos meses. zadas de Âmbito Nacional se reú-

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nam, ordinariamente, uma vez Apoio por parte da FEB, para Com esse objetivo, a FEB pro-
por ano, de preferência em dias administração desse trabalho con- moverá e coordenará a realização
que antecedem a Reunião do CFN, junto. do 2o Congresso Espírita Bra-
para tratar de assuntos de inte- Foi ainda aprovado que outras sileiro, em Brasília, no período de
resse do Movimento Espírita bra- Entidades Especializadas de Âm- 12 a 15 de abril de 2007. Como
sileiro que requisitem a atividade bito Nacional sejam convida- ações gerais, as Entidades Federa-
conjunta dessas Entidades; que das, oportunamente, a unir-se às tivas Estaduais se incumbirão da
fiquem asseguradas autonomia, in- atuais nesse trabalho conjunto e, coordenação das atividades nas
dependência e liberdade de ação, também, que o esquema de traba- suas áreas de abrangência e de
compreendendo que esse vínculo lho ora aprovado seja colocado acordo com as suas condições re-
de união ao trabalho conjunto em prática, em caráter experimen- gionais. As Entidades Especializa-
tem por fundamento e objetivo, tal, independentemente de alte- das de Âmbito Nacional promo-
tão-somente, a solidariedade e a ração do Estatuto e do Regimento verão atividades de acordo com
fraternidade; que fiquem dispen- da FEB, pelo prazo de cinco anos. suas características próprias. O
sadas de participar do CFN, mas importante será que a comemo-
sejam convidadas a estar presen- Sesquicentenário da ração da efeméride se estenda até
tes em reuniões, não mais como Doutrina Espírita as instituições espíritas, como uni-
Entidades a ele pertencentes, mas dades fundamentais do Movi-
sim como Entidades de finalida- O CFN debateu e aprovou pro- mento Espírita. Serão planejadas
de específica, conscientes da impe- posta geral apresentada pela sua ações para potencializar-se a di-
riosa necessidade da união opera- Secretaria Geral, para as comemo- fusão doutrinária e a edição de
cional e fraternal dos espíritas pa- rações do Sesquicentenário da selo comemorativo.
ra a difusão da Doutrina e com Doutrina Espírita, considerando Foi constituída Comissão do
base no conhecimento de que são que, no dia 18 de abril de 2007, CFN para as definições estratégi-
portadoras; propõem a criação e comemoram-se 150 anos do lan- cas, com vistas às referidas come-
manutenção de uma Secretaria de çamento de O Livro dos Espíritos. morações, integrada pelos seguin-

Aspecto do Plenário

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tes representantes: Região Norte – Com base nas atas elaboradas da qualidade do livro. Referiu-se à
Jorge Alberto Elarrat do Canto e pelos Secretários das Comissões participação da FEB na XII Bienal
Sandra Farias de Moraes; Região Regionais, foi apresentada uma Internacional do Livro, no Rio de
Nordeste – Creuza Santos Lage e síntese dos trabalhos da Reunião Janeiro, no período de 12 a 22 de
Sônia Maria Arruda Fonseca; Re- de Dirigentes de cada Região. maio, e aos preparativos para par-
gião Centro – Maria Túlia Bertoni Foram relatados os desempe- ticipação na Bienal Internacional
e Saulo Gouveia Carvalho; Região nhos de duas reuniões especiais do Livro, em São Paulo, no mês de
Sul – Jason de Camargo e José dessas Comissões, coordenadas março de 2006.
Antonio Luiz Balieiro; Entidades pela Secretaria Geral do CFN. A
Especializadas de Âmbito Nacio- Comissão Regional Centro reu- Reformador
nal – Gezsler Carlos West e Jorge niu-se em Brasília, no dia 3 de O Editor de Reformador co-
Pedreira de Cerqueira; FEB – setembro, para tratar dos temas: mentou a linha editorial do perió-
Altivo Ferreira e Antonio Cesar Obtenção de Recursos para Susten- dico e se reportou ao projeto de
Perri de Carvalho. Participa tam- tação das Atividades Federativas; modernização do mesmo a partir
bém da Comissão César de Jesus Proposta sobre Atuação da Ativida- de janeiro de 2006. Enfatizou que
Moutinho, representando a Fede- de da Capacitação Administrativa este órgão está a serviço do Movi-
ração Espírita do Distrito Federal. de Dirigentes de Centros Espíritas; mento Espírita.
e O Centro Espírita e o Terceiro Se-
Atividade Federativa tor: Organizações Sociais, ONGs e Movimento Espírita
OSCIPs. A Comissão Regional Internacional
Relato das Entidades que in- Nordeste reuniu-se em Recife, nos
tegram o CFN dias 24 e 25 de setembro, para a Como assessor da Comissão
Todas as Entidades apresen- realização do Curso de Formação Executiva do Conselho Espírita
taram relatório escrito e algumas de Trabalhadores da Unificação. Internacional, Antonio Cesar Perri
também na forma de pôsteres Também foram expostas, por de Carvalho fez apresentação so-
sobre suas atividades em 2005 e seus coordenadores, as ações pra- bre as atividades patrocinadas
principais programações para ticadas, em cada Região, pelas pelo CEI, destacando-se em 2005:
2006; a maioria delas mencionou, Áreas de Apoio Administrativo e as Reuniões das Coordenadorias
no Plenário, as suas ações mais Jurídico à Casa Espírita; Assis- da América do Sul, em La Paz, e
significativas. tência e Promoção Social Espí- da Europa, em Luxemburgo; Se-
rita; Comunicação Social Espí- minários para Trabalhadores e
Comissões Regionais rita; Infância e Juventude; Estudo Dirigentes Espíritas, em Londres
O Coordenador das Comis- Sistematizado da Doutrina Espí- (abr./05), Nova York (out./05), Pa-
sões Regionais fez rápido comen- rita; Atividade Mediúnica; e Aten- ris (out./05) e Guayaquil, (Equa-
tário sobre os trabalhos desen- dimento Espiritual na Casa Espí- dor/ago.-out./05); inauguração do
volvidos nas reuniões de 2005 rita. Monumento a Allan Kardec, em
das Comissões Regionais do Nor- Lyon (18/4/05); 1o Encontro Es-
te, Nordeste, Centro e Sul. Desta- Atividade Editorial pírita da Itália, em Lecco; promo-
cou o crescimento das ações rea- ção do Curso de Capacitação do
lizadas pelas Federativas e lem- Difusão do Livro Trabalhador Espírita, em Brasília
brou que a revista Reformador O Vice-Presidente Ilcio Bianchi, (julho/05); lançamento de cinco
registrou as principais ocorrên- que supervisiona as atividades obras de André Luiz, em idioma
cias dessas reuniões nos meses de editoriais da FEB, comentou os francês; início do lançamento da
junho a setembro de 2005. esforços para o aprimoramento coleção da Revista Espírita (pe-

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ríodo de Kardec) em espanhol; ração prestada pelas Federativas, o planejamento das Campanhas
manutenção da edição de La Re- por ocasião das consultas rea- em seus Estados. Fez referência
vue Spirite, em parceria com a lizadas durante as quatro Comis- aos Suplementos Especiais sobre
União Espírita Francesa e Fran- sões Regionais do CFN, à Comis- as Campanhas, publicados por
cofônica; ampliação da edição são designada pelo Conselho Di- Reformador de julho, novembro e
desta revista em idioma espa- retor da FEB e ao grupo de apoio a publicar em dezembro de 2005
nhol, expandindo sua distribui- de colaboradores. e janeiro de 2006.
ção para o Brasil. Na oportunidade, apresentou o
material de apoio às três Cam- Assuntos Gerais
Censo Espírita Brasileiro panhas: o livro recém-editado pela
FEB Família, Vida e Paz, que traz Assistência e Promoção Social
O Secretário-Geral do CFN fez o os subsídios necessários para a À vista de informações prestadas
relato da alteração do projeto de implementação das três Campa- por Clodoaldo Leite, a pedido do
“Censo Espírita” para “Cadastro nhas, que contém: Histórico das Presidente do CFN, sobre altera-
das Instituições Espíritas do Brasil”, Campanhas, Objetivos das Cam- ções na legislação de Assistência e
conforme proposta analisada du- panhas, Fundamentação Doutri- Promoção Social, e das contribui-
rante as quatro Comissões Regio- nária das Campanhas, Temário e ções do Plenário, foi constituída a
nais do CFN. Informou sobre o Bibliografia das Campanhas e Su- Comissão para Assuntos de Assis-
desenvolvimento do Cadastro, dis- gestões para o Desenvolvimento tência e Promoção Social, com a
ponibilizado na página eletrônica das Campanhas; sete cartazes e finalidade de analisar: estudos jurí-
da FEB, desde o mês de setembro, opúsculos sobre as Campanhas dicos relacionados com o tema;
o qual se tem ampliado mensal- Viver em Família e Construamos a processo eletivo e levantamento de
mente. Foi apresentado relatório, Paz Promovendo o Bem!, e sobre dificuldades das entidades junto ao
com dados por Estado, enfatizan- os cinco temas da Campanha Em Conselho Nacional de Assistência
do-se que cabe às Federativas o tra- Defesa da Vida. Os opúsculos reú- Social; diagnóstico da presença
balho de divulgação junto às insti- nem transcrições de textos de Re- espírita nos Conselhos e elabo-
tuições espíritas de seus Estados formador e de obras editadas pela ração de material básico de orien-
para o preenchimento do Cadastro FEB, a qual encaminhará pelo tação ao Movimento Espírita.
e também o acompanhamento da correio a todas as instituições do A referida Comissão é integra-
sua evolução. País um conjunto de cartazes e da por: Clodoaldo Leite e Marília
opúsculos. Caberá às Federativas de Castro (SP); José Raimundo de
Campanhas Família, Vida
e Paz Divaldo falando aos membros do CFN (ao lado Raul Teixeira)

No período da tarde do dia 12


houve o relançamento das Cam-
panhas Viver em Família, Em De-
fesa da Vida e Construamos a Paz
Promovendo o Bem!, em aten-
dimento à deliberação do CFN
de 2004.
O Coordenador das Campa-
nhas, Antonio Cesar Perri de
Carvalho, agradeceu a colabo-
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Lima (PB); Francisco Ferraz Batis- divulgando os opúsculos A Vida pação, em vários momentos, dos
ta (PR); Hélio Ribeiro Loureiro contra o Aborto e O Direito à Vida confrades José Raul Teixeira e
(RJ); Myriam Nydes Monteiro da no Ordenamento Jurídico Brasilei- Divaldo Pereira Franco.
Rocha (TO); Jorge Pedreira de ro, publicados, respectivamente,
Cerqueira (RJ); Nazareno Feitosa pelas citadas Entidades Especia- José Raul Teixeira
(DF); Norberto Pásqua, Rubens lizadas. Estes textos foram entre- Psicografou mensagens dos
Dusi e José Carlos da Silva Silveira gues em audiências com minis- Espíritos Camilo, Joaquim Olym-
(FEB). tros do Supremo Tribunal Federal pio de Paula e José Furtado Be-
(STF), Superior Tribunal de Jus- lém. Na noite de sexta-feira (dia
Nota de Esclarecimento tiça (STJ), Procuradoria Geral da 11), proferiu palestra no auditó-
Com base em relato e proposta República, Presidente do Senado rio do Colégio Militar de Brasí-
apresentados pela Federação Espí- e encaminhados a parlamentares lia.
rita do Estado da Bahia, o CFN federais e a cerca de 20 mil magis-
aprovou uma “Nota de Esclare- trados do País. Em decorrên- Divaldo Pereira Franco
cimento” a propósito de alguns cia desta ação, foi constituída a Falou aos membros do CFN,
pronunciamentos divulgados na Frente Parlamentar Em Defesa ao final dos trabalhos do dia 12,
mídia falada e escrita, tendentes a da Vida Contra o Aborto. (Refor- respondendo a perguntas que
deturpar a natureza da Doutrina mador de julho de 2005 publi- lhe fizeram. Na manhã do dia 13
Espírita no tocante à utilização de cou Suplemento Especial sobre o durante a prece de encerramento
sacramentos e rituais. (Nota pu- Aborto.) da Reunião do CFN, recebeu por
blicada em Reformador de dezem- via psicofônica a mensagem do
bro de 2005, p. 10.) Próxima Reunião Dr. Bezerra de Menezes, inti-
Será realizada nos dias 10, 11 e tulada “O Sal da Terra” (publica-
Esclarecimentos sobre Aborto 12 de novembro de 2006. da em Reformador de dezem-
O Presidente prestou esclareci- bro/2005, p. 8-9). Na tarde de
mentos sobre as ações da FEB, Participação Especial domingo (dia 13) proferiu pales-
com apoio da Associação Médi- tra no Teatro Pedro Calmon, do
co-Espírita e da Associação Brasi- No período da Reunião do Quartel General do Exército, em
leira dos Magistrados Espíritas, CFN, houve a presença e partici- Brasília.

Apresentação do Coral da FEB no Colégio Militar de Brasília

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Divaldo e Raul
falam aos brasilienses

No alto: Palestra de Divaldo Pereira Franco e público no Auditório Pedro Calmon


Abaixo: Palestra de Raul Teixeira no Colégio Militar de Brasília
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Seara Espírita

Espírito Santo: Capacitação de Dirigentes ras que possibilitem o fortalecimento do Movimento


A Federação Espírita do Estado do Espírito Santo es- Espírita.
tendeu para todo o Estado o Curso de Capacitação
Administrativa para Dirigentes de Casas Espíritas. No Paraná: Eventos espíritas
modelo aplicado, o curso é composto de 6 aulas pre- A Federação Espírita do Paraná, além de outras ativi-
senciais, além do necessário estudo por 4 horas sema- dades, realizou dois eventos nos meses de novembro e
nais para cada participante, e tem por objetivo pro- dezembro de 2005:
piciar o desenvolvimento de competências do Diri- l. Promovido pelo seu Centro de Estudos e Pesqui-
gente de Casa Espírita para melhorar a qualidade do sas Espíritas (CEPE), o treinamento intitulado O ensi-
seu desempenho. Cerca de 90 Dirigentes estão en- namento de Jesus e o trabalho espírita, nos dias 16 e 17
volvidos nesse projeto. de novembro, coordenado por Shou Wen Alegretti,
Diretora do Departamento de Orientação ao Serviço
Rio de Janeiro: Núcleos Universitários Assistencial Espírita da FEP;
A União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de 2. O Seminário No rumo da sublime estrela, com
Janeiro (USEERJ), através de sua Área de Relações Ex- Raul Teixeira, em 11 de dezembro, no Paraná Clube –
ternas, está trabalhando com o NEU/RJ – Núcleos Es- Curitiba.
píritas Universitários do Estado do Rio de Janeiro –,
objetivando unificar este segmento, que estava fora Paraguai: Reunião do CEI
do Movimento Espírita federativo estadual. Os NEUs O Conselho Espírita Internacional realizará em As-
funcionam em cerca de 15 grupos ligados a Univer- sunção, no período de 21 a 23 de abril próximo, sua
sidades públicas e privadas daquele Estado. 11a Reunião Ordinária. Na mesma época será pro-
movida a Semana Espírita do Paraguai, com o tema
Colômbia: Congresso Espírita central Família, Vida e Paz. O tribuno espírita Divaldo
Realiza-se em Neiva, Huila, no período de 12 a 15 de Pereira Franco participará dos dois eventos. Infor-
abril de 2006, o XI Congresso Espírita Colombiano, mações com a Federação Espírita do Paraguai pelo
com o tema central: Atualidade da Doutrina Espírita correio eletrônico arami@netrieder.py
no mundo contemporâneo. O evento é promovido pela
Federación Espírita del Surcolombiano, com o apoio Defesa da Vida
da Confederación Espírita Colombiana. Informações: O Centro de Defesa da Vida (CDV), entidade de pre-
www.geocities.com./fedesur; e-mail: secregeneralfe- venção ao suicídio, está com duas novas linhas para
desur@hotmail.com atender ao público. São elas – (11) 9979-2520 e (19)
9720-1937. Muito em breve, a Instituição – que conta
São Paulo: Encontro de lideranças espíritas com a participação de muitos espíritas – também irá
Ocorreu na capital paulista, na FATEC (Avenida Tira- pôr em funcionamento um outro número – (61)
dentes, 615 – Bom Retiro – São Paulo), em fins de ou- 9938-2628, em Brasília.
tubro, o Encontro Espírita “Quem somos, para onde Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de
vamos?”, que reuniu cerca de 200 participantes das 1 milhão de pessoas cometem suicídio a cada ano no
Instituições: Aliança Espírita Evangélica, Federação mundo. Assim, desde que deu início à sua atividade,
Espírita do Estado de São Paulo e União das So- em 1978, o CDV tem ajudado a diminuir significati-
ciedades Espíritas Regional São Paulo. O evento teve vamente essa triste estatística, sobretudo na capital
como objetivo trocar experiências e criar ações futu- paulista e em Campinas (SP).

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