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Expediente Sumário

4 Editorial
Difusor do Espiritismo e da paz
13 Entrevista: Altivo Ferreira
O constante aprimoramento de Reformador
Fundada em 21 de janeiro de 1883
Fundador: AUGUSTO ELIAS DA S ILVA 21 Esflorando o Evangelho
Mãos à obra – Emmanuel
Revista de Espiritismo Cristão 22 Falando de Livro
Ano 131 / Janeiro, 2013 / N o 2.206
Obras de referência na literatura espírita –
ISSN 1413-1749
Propriedade e orientação da Geraldo Campetti Sobrinho
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
Diretor: NESTOR JOÃO MASOTTI 24 Em dia com o Espiritismo
Editor: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES
O trigo e o joio – Marta Antunes Moura
Redatores: ALTIVO FERREIRA, ANTONIO CESAR PERRI DE
CARVALHO, EVANDRO NOLETO BEZERRA, GERALDO 28 Evangelização Espírita Infantojuvenil
CAMPETTI SOBRINHO, JOSÉ CARLOS DA SILVA SILVEIRA
E MARTA ANTUNES DE OLIVEIRA DE MOURA Ano novo, homem novo – Departamento de Infância e
Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA Juventude/FEB
Gerente: SADY GUILHERME SCHMIDT
Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E 33 A FEB e o Esperanto
SARAÍ AYRES TORRES
Equipe de Revisão: WAGNA CARVALHO E ISAURA DA Reformador e Esperanto – Affonso Soares
SILVA KAUFMAN
Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA 36 Conselho Federativo Nacional
Capa: AGADYR TORRES PEREIRA
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REFORMADOR: Registro de publicação
o
n 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de 42 Seara Espírita
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5 O primeiro Reformador (Capa) –
70830-030 • Brasília (DF) Antonio Cesar Perri de Carvalho
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8 Novas conquistas aproximam a Ciência da Religião –
Departamento Editorial: Bezerra de Menezes
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Rio de Janeiro (RJ) • Brasil
Tel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298 15 Autoafirmação – Richard Simonetti
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feb@febrasil.org.br 18 Necessidade de vigilância – Clara Lila Gonzalez de Araújo
23 Ciência do Infinito – Jorge Leite de Oliveira
PARA O BRASIL
Assinatura anual R$ 52,00 27 Ano novo – Vinícius
Assinatura digital anual R$ 24,00
Número avulso R$ 7,00
30 Esde – 30 anos – O Estudo Sistematizado da
PARA O EXTERIOR Doutrina Espírita nos seus 30 anos
Assinatura anual US$ 50,00
34 Reunião das Entidades Especializadas de Âmbito
Assinatura de Reformador:
Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274 Nacional
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assinaturas.reformador@febrasil.org.br 35 Aos Colaboradores
Editorial
Difusor do
Espiritismo
e da paz
A
os 21 de janeiro de 1883, veio a lume o primeiro exemplar de
Reformador, tendo como subtítulo “Órgão Evolucionista”, anun-
ciando:
Abre caminho, saudando os homens do presente, que também o foram do passado e
ainda hão de ser os do futuro, mais um batalhador da paz: – o Reformador.1
Augusto Elias da Silva (1848-1903) foi o fundador desta Revista. Um ano depois,
fundou a Federação Espírita Brasileira, que absorveu a revista como seu órgão oficial.
Nesses 130 anos de circulação ininterrupta – fato raro na história do periodismo
brasileiro –, Reformador transformou-se em um referencial para o Movimento
Espírita brasileiro.
A revista da FEB tem veiculado orientações doutrinárias, recomendações para os
Centros e o Movimento Espíritas e notícias. O manuseio de suas edições, agora em
processo de digitalização para o Portal da FEB, permite a reconstrução da trajetória
do Espiritismo no Brasil.
Os objetivos iniciais da Revista pioneira estão sendo mantidos. Conserva a fideli-
dade aos propósitos de seu fundador, exarados na página de abertura da publicação
inaugural, ao considerar que “ao Espiritismo estava reservado o papel difícil, mas, por
isso mesmo glorioso de estabelecer – a aliança da ciência e da religião”,1 e prossegue
como um “batalhador da paz”,1 que é uma estratégia de ação da Doutrina Espírita.
Da saudação, focalizando o fundador de Reformador, feita por Sylvio Brito Soa-
res, destacamos:
Meus amigos: Com os nossos espíritos genuflexos, elevemos os pensamentos ao Pai
Celestial, implorando hoje e sempre paz e luz ao Espírito de escol de AUGUSTO
ELIAS DA SILVA!2

As homenagens da Federação Espírita Brasileira a Augusto Elias da Silva! Com


seu destemor e idealismo, a difusão do Espiritismo foi solidamente plantada nas
terras do Cruzeiro do Sul.

1
Reformador, ano 1, n. 1, p. 1, 21 de janeiro de 1883.
2
WANTUIL, Zêus. Grandes espíritas do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. p. 197.

4 2 Reformador • Janeiro 2013


Capa

O primeiro
Reformador A N TO N I O C E S A R P E R R I DE C A RVA L H O

A
Revista Reformador sur- Ao Espiritismo estava reserva- futuro. [...] Ergueu-se o véu; o
giu em 21 de janeiro de do o papel difícil, mas, por isso mundo espiritual nos aparece
1883, fundada pelo imi- mesmo glorioso de estabelecer – em toda sua realidade prática.
grante português Augusto [...]2
Elias da Silva (1848-1903).1
As primeiras edições foram Ainda na página pri-
em formato de jornal, com meira, inicia-se a seção
quatro páginas, periodici- “Folhetim”, que continua
dade quinzenal, preparadas na página seguinte, preen-
com recursos próprios chendo-a com resenha
de seu fundador e situando do livro, de origem fran-
a redação e oficinas em cesa, de fundo religioso,
seu atelier fotográfico, na intitulado O Quarto da
rua da Carioca, 120, 2 o Avó ou A felicidade na fa-
andar, na cidade do Rio de mília, de Mademoiselle
Janeiro. Monniot, e trechos do
O novel periódico tinha Boletim do Grande Orien-
como subtítulo Órgão Evo- te do Brasil, do Diário Ofi-
lucionista. Na apresentação, cial, do Jornal do Comércio,
o fundador explicita os ob- de outros periódicos lei-
jetivos do mesmo: gos e da Revista da Socie-
dade Acadêmica. 3 Trata-
Abre caminho, saudan- -se da Sociedade Acadêmi-
do os homens do pre- ca Deus, Cristo e Carida-
sente, que também o fo- de, a primeira Instituição
ram do passado e ainda Espírita frequentada por
hão de ser os do futuro, Edição inicial de Reformador Augusto Elias da Silva,
mais um batalhador da quando procurou o Espi-
paz: – o Reformador. a aliança da ciência e da religião. ritismo. 1
A doutrina espírita muda intei- A terceira página é composta
Em outro trecho comenta: ramente a maneira de encarar o pela “Seção Eclética”:

Janeiro 2013 • Reformador 3 5


Capa

Em outra se- os Grupos Espíritas de todo o


ção “Notícias e mundo.4
Avisos”, é aberto
o espaço para Esclarecemos que a citada União
informações ge- Espírita do Brasil foi presidida
rais. São consi- por Elias, em 1893, e por Bezerra
deradas “seções de Menezes, em 1889.1
livres de Refor- Há também informação sobre
mador as se- a reconstituição legal do Grande
guintes: Seção Oriente do Brasil e sobre a nova
Eclética, Espi- Sociedade Espírita, fundada em
ritismo, Notí- Liège (Bélgica).
cias e Avisos e A última página, dedicada aos
Anúncios”.3 “Anúncios”, contém várias pro-
Notícia mui- pagandas, como fábrica de cha-
to interessante péus e comércio em geral: de
é veiculada na calçados e de couros, de especia-
seção “Notí- lidades para a casa, chapelaria,
cias e Avisos”, padaria, tipografia, relojoaria e
sobre a União bijuteria, águas gasosas, farmá-
Espiritualista cia, alfaiataria, de café e de mó-
Universal, re- veis. Entre estas há uma sobre li-
ferente à reu- vros, com notícia a respeito da
nião ocorrida Livraria da Sociedade Acadêmi-
Edição especial em homenagem em Bruxelas ca – já citada acima –, localizada
a Allan Kardec (Bélgica), no na rua da Alfândega, 120, sobra-
dia 24 de se- do, anunciando: Obras funda-
[...] consagrada a todas as cor- tembro de 1882: mentais do Espiritismo, Revista
porações científicas, filosóficas Espírita, busto e retrato de Allan
e literárias, às quais se remete- Movidos pela ideia iniciada Kardec, e outros. Informam que
rá gratuitamente este jornal pela União Espiritualista em “aceitam-se encomendas de livros;
[para] se comunicarem [as] Liège, muitos Grupos e Socie- as obras Espiríticas expedem-se
que desejam possuí-lo e cole- dades Espíritas de diversos Es- para qualquer localidade sem
cioná-lo.4 tados, incluindo os da União aumento de preço e livre de des-
Espírita do Brasil, manifesta- pesa para o comprador”.5
Em outra nota, é apresentada a ram a adesão à ideia da União Na edição inaugural, Reformador
seção “Espiritismo”: Espiritualista Universal. [...] estampa esclarecimento sobre os
Os Grupos de França fizeram- princípios da Doutrina Espírita,
[...] criamos esta seção espe- -se representar pelo Sr. P. G. destaca notícia a respeito dos es-
cialmente para as Sociedades e Leymarie. [...] forços iniciais, em nível interna-
Grupos Espíritas que funcio- Ficou determinado que na pró- cional, da união dos espíritas, e,
nam no Brasil, nas mesmas xima Assembleia que terá lu- na apresentação inicial e anún-
condições da oferta feita às gar em Fevereiro, se estudará cios, destaca a difusão do Espiri-
outras corporações.4 o melhor meio de se federar tismo e dos livros espíritas.

6 4 Reformador • Janeiro 2013


Capa

Assim nascia Reformador que, seção “Apologética”, na edição de


nesses 130 anos de circulação 1o de janeiro de 1904, destacamos: Referências:
1
ininterrupta, mantém uma marca WANTUIL, Zêus. Grandes espíritas do
histórica, pois são raríssimos os [...] A fé que depositava no fu- Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. p.
periódicos brasileiros que sobre- turo da causa que em boa hora 169 a 197.
2
viveram, por tempo tão longo, com esposara rivalizava com o de- REFORMADOR. Ano 1, n. 1, 21 de janeiro
periodicidade regular. Fato digno sassombro em sustentar as suas de 1883, p. 1.
3
de nota é que, dois meses depois, convicções. A elas, durante mui- ______. ______. p. 2.
4
na edição especial do dia 31 de tos anos, sacrificou os seus inte- ______. ______. p. 3.
5
março de 1883, n. 6, Reformador resses pessoais, as suas comodi- ______. ______. p. 4.
6
dedicou-se inteiramente a Allan dades, não tendo senão uma ______. Ano 2, n. 26, 1º de janeiro de
Kardec, designando-o “Fundador ambição: ver prosperar, com a 1884, p. 3.
7
da Ciência Espírita” e estampou nossa sociedade, a doutrina que ______. Ano 22, n. 1, 1º de janeiro de
em sua página inicial o lema: “Sem lhe dera origem.7 1904, p. 10.
caridade não há salvação”.
No final do mesmo ano,
Augusto Elias da Silva liderou o
processo de fundação da FEB.
O entusiasta idealista deixa clara
Eu sou um
a sua expectativa com a divulga-
ção, ao referir que ser imortal
Acha-se em via de organização A Augusto dos Anjos
a Federação Espírita Brasileira.
Fitando o largo horizonte da Mário Frigéri
propaganda escrita, acredita-
mos que prestará serviços da De onde eu venho? Venho do Infinito,
máxima importância para a Do Todo Universal, da Criação,
vulgarização dos princípios fi- E fui lançado por Deus na Amplidão,
losóficos do Espiritismo.6 Tal como a flecha, para um alvo estrito.

O intimorato pioneiro foi pro- Peregrinei, seguindo o eterno rito,


tagonista de episódios históricos De reino em reino e, pela transição,
do Movimento Espírita nacional, De um reino a outro, até poder então
como a fundação de grupos espí- Conscientizar-me e proferir meu grito.
ritas pioneiros, a criação desta
Revista e a fundação da Federa- Fui revestido, assim, de um corpo etéreo:
ção Espírita Brasileira, integran- Ser racional e livre, o meu afã
do sua primeira diretoria, como Era ascender pelo plano sidéreo.
tesoureiro,1 a qual, então, decidiu
absorver o então jornal como Errei. Caí. Mas no bem hoje insisto.
seu órgão oficial. Quero remir-me, para que amanhã
Da homenagem a seu funda- Eu seja um anjo, um querubim, um Cristo.
dor, prestada por Reformador na

Janeiro 2013 • Reformador 5 7


Novas conquistas
aproximam a Ciência
da Religião
Meus filhos! Que Jesus nos Cada época, no entanto, carac- rios, entender a psique humana,
abençoe! teriza-se pelas suas próprias difi- interpretar vários enigmas do
culdades e celebriza-se pelas con- Universo nas macro e micropar-

P
ergunta-se, ante a grandeza quistas incomparáveis de natu- tículas, desenhando extraordiná-
dos postulados exarados reza intelecto-moral. rios contributos para o progresso
no Evangelho de Jesus, se Não seja de surpreender que a e para a sociedade.
é possível vivê-los na atualidade, Ciência, através de homens notá- Graças ao Espiritismo, na sua
mantendo a pulcritude dos seus veis e de mulheres extraordiná- feição de ciência experimental, foi
conteúdos. rias, vem realizando a sua parte possível lançar a primeira ponte
Esclarece-se que os desafios missionária, oferecendo ao ser sobre o abismo, demonstrando
contemporâneos são muito gra- humano melhores condições de que o resultado máximo da inves-
ves, e os comportamentos huma- vida, longevidade, conforto para tigação científica é o encontro
nos variaram desde aquela época alguns e perspectivas de melho- com a verdade relativa pela lin-
até este momento. res dias para todos. guagem dos fatos e, ao constatar-
Apresenta-se a grande proble- Do ponto de vista filosófico, -se a imortalidade da alma, ao con-
mática do sofrimento coletivo nos recordamo-nos que no século firmar-se a reencarnação nos labo-
transtornos pandêmicos, que sa- XVII grandes filósofos e cientistas, ratórios da mediunidade, foi ine-
codem o planeta por meio das desejando ampliar os horizontes vitável a aceitação de Deus como
criaturas a se debaterem em afli- do conhecimento e libertar a causa do Universo.
ções inenarráveis. Ciência das garras totalitárias E, aberto este novo paradig-
Demonstra-se que a ironia e a das religiões ortodoxas, optaram ma, a evolução da física quântica
perversão dos valores éticos-mo- pela restauração do atomismo chega, na atualidade, a detectar o
rais, com a eleição do erotismo ao grego, abrindo o grande abismo bóson como assinatura de Deus,
posto mais representativo das as- entre Ciência e Religião. enquanto a decodificação do ge-
pirações imediatas, constituem Nos séculos que sucederam noma humano propõe a fórmula
impedimento à vivência das pala- àquele período, a Ciência pôde, para se descobrir como Deus ge-
vras sublimes de Jesus. enfim, penetrar nos laborató- rou a vida.

8 6 Reformador • Janeiro 2013


E, a cada dia, novas conquis-
tas aproximam a Ciência da Reli-
gião. Porém, a Religião baseada nos
fatos, com uma filosofia otimista
e uma psicoterapia libertadora da
ignorância, essa geratriz dos males
que afligem a criatura humana.
Vivemos o momento histórico do testemunho, disfarçado com as-
da grande transição, quando se abra- pectos diferenciados, mas convi-
çarão a Ciência e a Religião, con- dando-vos à confirmação de que do nunca que o amor – do qual se
duzindo as mentes humanas a Deus sois discípulos do Rabi galileu origina o perdão, nasce a compai-
e, por consequência, ao amor, am- que ainda não encontrou no mun- xão e estua a caridade – é a vossa
pliando os horizontes da solidarie- do a aceitação que merece. condecoração para que a imola-
dade para que todas as vidas cons- O Espiritismo, meus filhos, é o ção no Bem seja o momento cul-
tituam o ideal proposto por Jesus: próprio pensamento de Jesus re- minante das vossas vidas entre-
o rebanho único e o seu Pastor. tornando ao mundo, que o aban- gues a Jesus.
Vivemos um momento deci- donou, com o fim de poder cons- Os espíritos-espíritas, que co-
sivo para se demonstrar que é truir a Era Regeneradora para to- mungam convosco e aqui estive-
possível, sim, viver o Evangelho das as criaturas. mos, congratulam-se, todos con-
conforme os apóstolos de Jesus Sede fiéis! Sem qualquer propos- gratulamo-nos com os ideais que
exemplificaram. ta masoquista, pagai o tributo pela abraçais e com os propósitos fir-
Certamente, mudaram as cir- honra e a glória de conhecer Jesus. mados de servir, sempre e mais,
cunstâncias, e as exigências do O holocausto hoje é silencioso, dis- diminuindo-vos para que o Mes-
progresso são diferentes, mas os creto e passa despercebido da mul- tre cresça em vossas, em nossas,
testemunhos que comovem e tidão galhofeira, dos espetáculos na vida de todos.
edificam, que fazem a verdadeira circenses e dos quinze minutos tra- Muita paz, meus filhos!
divulgação do Bem, prosseguem dicionais dos holofotes da ilusão. São os votos do servidor humí-
assinalando as vidas fiéis ao in- Assinalados pela mansidão do limo e paternal de sempre,
comparável Rabi galileu. Cordeiro de Deus, avançai, espar-
gindo luz e felizes pela oportuni- Bezerra

dade autorredentora, pela con-
Fostes convidados a contribuir quista da autoconsciência e pela (Mensagem psicofônica recebida pelo mé-
neste momento glorioso com o co- alegria da certeza imortalista. dium Divaldo Pereira Franco, no encerra-
nhecimento que liberta e o amor Nestes dias, estabelecestes pro- mento da Reunião Ordinária do Conselho
que edifica. gramas para a vivência do Evan- Federativo Nacional, em Brasília, DF, na
Não seja de estranhar que, muitas gelho dentro dos novos paradig- manhã de domingo, em 11 de novembro de
vezes, sentireis na alma o aguilhão mas da sociedade, não esquecen- 2012.) Revisão do Autor Espiritual.

Janeiro 2013 • Reformador 7 9


Arrependimento
e expiação
C H R I S T I A N O TO RC H I

H
abitualmente, consideramos mal e o sofrimento estão intima- livre-arbítrio, por meio do qual
o arrependimento e a ex- mente relacionados à imperfeição, aprende a ser responsável e a dis-
piação como consequên- que denota ignorância em seu sen- cernir o certo do errado, colhendo
cias do mal praticado, que origina tido mais amplo. de seus próprios atos, de acordo
o sofrimento. Mas, por que real- Criados simples e ignorantes, os com a lei do merecimento, os be-
mente sofremos? Os benfeitores do Espíritos necessitam da experiên- nefícios e os ônus de seus acertos
espaço ensinam que “o sofrimento cia na carne, onde, pela ação da e de seus erros.
é inerente à imperfeição”,1 sofri- matéria e sob a forja das infinitas Na sociedade são mais nume-
mento esse que ocorre tanto no experiências, desenvolvem suas rosas as classes sofredoras do que
mundo corporal quanto no mun- potencialidades armazenadas em as felizes, e isso decorre do fato
do espiritual. Infere-se daí que o gérmen no âmago de cada um. de que a Terra é um orbe de ex-
Não sem razão, ensinam os men- piação e provas, das quais o ho-
tores do espaço que, para chegar mem se libertará “quando a hou-
ao bem, os Espíritos passam “não ver transformado em morada do
pela fieira do mal, mas pela da ig- bem e de Espíritos bons”.3
norância”.2 Enfim, tanto o mal co- Quase sempre, o homem é o
mo o sofrimento decorrem da in- próprio causador de seus sofrimen-
fração das leis divinas pelo ho- tos materiais e morais, sobretudo
mem, que deve exercitar seu destes últimos, que são as torturas
da alma. O arrependimento cons-
titui o pesar por alguma falta co-
metida, o qual se confunde com o
remorso, estado de consciência em
que o Espírito começa a se ques-
tionar sobre a própria atitude.
O arrependimento autêntico é
aquele em que a criatura, encon-
trando-se em abatimento moral,
admite o próprio erro e se propõe
sinceramente a modificar o com-
portamento. Todavia, como se

10 8 Reformador • Janeiro 2013


verá, o arrependi-
mento não basta
por si mesmo.
Muito embora o
a r re p e n d i m e n to
também ocorra no
estado corpóreo, se
o Espírito já con-
segue distinguir o
bem do mal, é após
a morte física que
ele se dá, com maior
intensidade. É quan-
do, livre dos grilhões
da carne, percebe
mais nitidamente a
situação em que se
encontra pela pers-
crutação dos pró-
prios atos, recapitulados em sua de ocorrer de forma gradual, não ração de uma falta, tanto mais pe-
tela mental, como se fossem um acontece do mesmo modo e no nosas e rigorosas serão, no futuro,
filme da própria vida, momento mesmo tempo, em virtude da di- as suas consequências”.5
em que passa a compreender me- versidade do progresso de cada um. O arrependimento, porém, cons-
lhor as imperfeições que atrapa- Essa é a razão pela qual o arrepen- titui apenas o primeiro passo. Ele
lham sua felicidade. dimento nem sempre sucede de atenua as dores da expiação, acor-
A consequência do arrependi- pronto, sobretudo em Espíritos en- dando a esperança no caminho da
mento do Espírito, no estado de durecidos. Um dia, entediados de reabilitação. Portanto, para apa-
desencarnado, é o desejo ardente fazer o mal, eles próprios deseja- gar os vestígios de uma falta e suas
de uma nova existência física para rão modificar sua situação. consequências, é necessário um
se depurar, na qual terá, sob a capa Deus nos concede inúmeras ciclo completo: arrependimento,
do esquecimento, a oportunidade oportunidades de progresso, mas expiação e reparação.
de expiar e reparar suas faltas, mui- nem sempre estamos dispostos a Após a desencarnação, o Espírito
tas vezes junto daqueles a quem pre- atender a esses apelos de amor que continua a ser o que é, com seus
judicou. Já o arrependimento do chegam do Alto. Como a lei do pro- defeitos e suas virtudes. Não se
ser, no estado corpóreo, desperta gresso não se compadece com a purifica pelo simples fato de ter
o desejo de iniciar uma nova vida, estagnação, os que permanecerem desencarnado. As preces dirigidas
de aproveitar o tempo perdido estacionados, mesmo que não fa- a ele só têm efeito quando se arre-
para o resgate das faltas. çam o mal, serão compelidos a pende do mal cometido. Até que se
A redenção espiritual é uma fata- adiantar-se pelo aguilhão da dor.4 ache esclarecido pelo estudo e pela
lidade para as criaturas, em virtude Daí ser um erro acreditar que a reflexão, continuará experimentan-
da lei do progresso. Quem for mau reencarnação constitua um estí- do os efeitos de sua rebeldia.
hoje, será bom amanhã; quem for mulo ao adiamento da renovação Já a expiação “consiste nos sofri-
bom hoje, será melhor ainda de- moral do Espírito, porque “quan- mentos físicos e morais que lhe são
pois. Todavia, essa redenção, além to mais nos demorarmos na repa- consequentes, seja na vida atual,

Janeiro 2013 • Reformador 9 11


seja na vida espiritual após a morte, em nosso livre-arbítrio, pois “o Es- Só por meio do bem se repara o
ou ainda em nova existência corpo- pírito deve progredir por impulso mal e a reparação não apresenta
ral”.6 Pela expiação, sobretudo aque- da própria vontade, nunca por qual- nenhum mérito se não atinge o
la ocorrida na existência corpórea, quer sujeição”.9 homem no seu orgulho, nem nos
o Espírito experimenta o que fez o A reencarnação é mecanismo seus interesses materiais. [...]11
outro padecer, método pedagógico, eficiente das leis divinas que permi-
geralmente escolhido pelo próprio te ao Espírito em evolução a repara- Os desafios da existência física
infrator no mundo espiritual antes ção do mal cometido, em circuns- são um convite permanente ao exer-
de encarnar, que o faz compreender tâncias adequadas às suas reais cício do bem, que consiste na prá-
como é a dor do outro, para que necessidades, diante de provas a se- tica da caridade segundo o enten-
não incida mais no mesmo erro: rem vencidas. Muitos males podem dia Jesus: “Benevolência para com
ser reparados na mesma existência todos, indulgência para as imper-
[...] É na vida corpórea que o física. Outros, porém, pela sua in- feições dos outros, perdão das ofen-
Espírito repara o mal de ante- tensidade e gravidade, somente sas”.12 Tomando como propósito de
riores existências, pondo em podem ser corrigidos no curso de vida tal recomendação, estaremos
prática resoluções tomadas na duas ou mais encarnações e, às ve- impulsionando o nosso progresso
vida espiritual. Assim se expli- zes, apenas no curso dos milênios, espiritual, de forma perene e segu-
cam as misérias e vicissitudes numa espécie de moratória conce- ra, sem as algemas das ilusões ter-
mundanas que, à primeira vis- dida ao infrator. Ou seja, o Criador renas, com a certeza de que nunca
ta, parecem não ter razão de ser. “sempre deixa aos filhos uma por- é tarde para recomeçar a constru-
Justas são elas, no entanto, co- ta aberta ao arrependimento”.10 ção de um novo futuro, sem arre-
mo espólio do passado – heran- Intrigado com essa questão, pendimentos e expiações!
ça que serve à nossa romagem Kardec perguntou aos instrutores
para a perfectibilidade.7 da vida maior se podemos, já na Referências:
1
existência atual, resgatar nossas KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Trad.
Por isso, a expiação não deve ser faltas, oportunidade em que eles Manuel Quintão. 60. ed. 3. reimp. Rio de
considerada um castigo, na acep- responderam, positivamente, res- Janeiro: FEB, 2012. Pt. 1, cap. 7, it. 33.
2
ção tradicional do termo, mas uma salvando: ______. O livro dos espíritos. Trad.
oportunidade de crescimento e de Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp.
autossuperação diante das provas. Sim, reparando-as. Mas não Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 120.
3
Vencidas as etapas do arrepen- creiais em resgatá-las por meio ______. ______. Q. 931.
4
dimento e da expiação, resta ao de algumas privações pueris, ou ______. ______. Q. 995.
5
Espírito o passo final a ser dado: a mediante doações póstumas, ______. O céu e o inferno. Trad. Manuel
reparação do mal cometido, que quando de nada mais precisais. Quintão. 60. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro:
“consiste em fazer o bem àqueles Deus não leva em conta um arre- FEB, 2012. Pt. 1, cap. 7, it. 27.
a quem se havia feito o mal”.8 pendimento estéril, sempre fácil 6
______. ______. It. 17.
7
Nunca é demais lembrar que e que apenas custa o esforço de ______. ______. It. 31.
8
os Espíritos em evolução, entre os bater no peito. A perda de um ______. ______. It. 17.
9
quais nos incluímos, não estão dedo mínimo, quando se esteja ______. ______. It. 20.
10
sós nessa jornada. Todos recebemos prestando um serviço, apaga ______. O livro dos espíritos. Trad.
o amparo dos protetores espirituais mais faltas do que o suplício da Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp.
que trabalham incessantemente carne suportado durante anos, Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 171.
11
para nos auxiliar no soerguimento sem outro objetivo senão o bem ______. ______. Q. 1.000.
12
moral sem, entretanto, interferir de si mesmo. ______. ______. Q. 886.

12 10 Reformador • Janeiro 2013


Entrevista A LT I VO F E R R E I R A

O constante
aprimoramento
de Reformador
Altivo Ferreira, ex-vice-presidente da FEB e, por três décadas, editor de
Reformador, faz significativa análise sobre os esforços para o constante
aprimoramento do conteúdo e apresentação da Revista da FEB

Reformador: Quando e como você Reformador: Como chegou a ser várias transformações. Qual você
passou a ser leitor de Reformador? editor e durante quanto tempo de- considera a mais significativa?
Altivo: Nasci em lar espírita e na sempenhou a tarefa? Altivo: Durante minha gestão, Re-
minha juventude tive contato Altivo: Em outubro de 1982, o pre- formador passou por periódicas
com a Doutrina através da leitura sidente da FEB, Francisco Thiesen,
de O livro dos espíritos e de O convidou-me para assumir o car-
evangelho segundo o espiritismo, go de diretor-substituto e editor
de Allan Kardec, assim como das de Reformador, em substituição ao
obras até então psicografadas por Dr. Lauro de Oliveira São Thiago,
Francisco Cândido Xavier. Em que pedira dispensa dessas fun-
1945, fundada a Mocidade Espíri- ções por motivo de ordem pro-
ta de Barretos, da qual fui partici- fissional. Colaborei com este
pante, iniciei minha atividade no no preparo da edição cente-
Movimento Espírita. Meu primei- nária de Reformador, de janei-
ro contato “documentado” com ro de 1983. Em fevereiro do refe-
Reformador ocorreu em 1947, rido ano assumi o cargo de di-
ano do qual possuo o volume en- retor-substituto e editor da revis-
cadernado da revista. A partir ta, exercendo-o por 29 anos, até
daí, passei a ser seu leitor assíduo, março de 2012.
e em 1954 adquiri o respectivo
volume encadernado, formando Reformador: Nesse pe-
desde esse ano a minha coleção ríodo de tempo
da revista, coleção esta que, em a revista pas-
2011, completou 57 anos. sou por

Janeiro 2013 • Reformador 11 13


mudanças com vistas ao aprimo- Allan Kardec e no apoio ao Mo- Reformador: Como avalia a difu-
ramento da sua apresentação, vimento Espírita brasileiro, em são do Espiritismo através de Re-
sempre com a concordância e consonância com as recomenda- formador?
cooperação dos presidentes da ções do Conselho Federativo Altivo: Dado o caráter genui-
FEB, em exercício, respectiva- Nacional. Dessa forma, na sele- namente doutrinário de Refor-
mente Francisco Thiesen, Juvanir ção dos artigos publicados, leva- mador e de ser gratuita sua ex-
Borges de Souza e Nestor João -se em conta a fidelidade doutri- pedição para cerca de nove mil
Masotti. A transformação mais nária do texto, a preservação da instituições espíritas, assim co-
significativa é a atual, a partir de harmonia do seu conteúdo com mo aos seus assinantes e asso-
janeiro de 2006, resultante do os objetivos da Unificação, além ciados da FEB, além do fato de
projeto gráfico elaborado por de sua qualidade literária, atua- cada exemplar ser lido por mais
Júlio Moreira, com novo visual lidade dos assuntos abordados e de uma pessoa, sua ampla vei-
da capa, diagramação e ilustra- o cuidado de não conterem opi- culação constitui valioso ins-
ção das páginas. niões pessoais que reflitam ideias trumento de difusão do Espiri-
Em todas as transformações preconceituosas. tismo em nosso país e no Exte-
efetuadas, foram mantidas as se- rior.
ções permanentes: A FEB e o Es- Reformador: Qual preparação de
peranto e Esflorando o Evange- matéria mais o marcou? Reformador: Comentários finais
lho, sendo criadas as seções Sea- Altivo: No período em que fui para o leitor.
ra Espírita (para divulgação dos editor da revista, as matérias que Altivo: Agradeço, sensibilizado,
eventos realizados pelo Movi- mais me marcaram foram as refe- o apoio incondicional, recebido
mento Espírita), Em Dia com o rentes às notas de desencarnação durante os anos da minha ges-
Espiritismo, redigida por Marta e biografias de Francisco Cândido tão como editor de Reformador, dos
Antunes Moura, e Evangeliza- Xavier e dos dirigentes da FEB: presidentes da FEB, Francisco
ção Espírita Infantojuvenil. Me- Francisco Thiesen, Juvanir Borges Thiesen, Juvanir Borges de Souza
rece referência, também, o fato de Souza, Lauro de Oliveira São e Nestor João Masotti, os quais
de que, em junho deste ano, Ri- Thiago, Amaury Alves da Silva, me concederam plena liberda-
chard Simonetti completará 50 Zêus Wantuil e Norberto Pásqua. de na seleção das matérias inse-
anos de colaboração permanente. ridas na revista. Manifesto tam-
Deve-se o êxito do atual pro- Reformador: Você recebia mani- bém minha gratidão aos reda-
jeto gráfico à competência e de- festações sobre a repercussão da tores e colaboradores do nosso
dicação das equipes de produ- revista? periódico que ensejaram mantê-
ção, diagramação e revisão de Altivo: Ao longo dos anos, rece- -lo em seu excelente padrão dou-
Reformador. bemos sempre manifestações trinário e gráfico, assim como aos
de leitores de Reformador, pes- competentes e dedicados funcio-
Reformador: Quais os principais soalmente ou por vias postal e nários da Produção, Diagrama-
zelos na seleção das matérias para eletrônica, do Brasil e do Exte- ção e Revisão. A Affonso Borges
a revista? rior, com elogios sobre a apre- Gallego Soares, meu sucessor,
Altivo: Sendo Reformador um sentação da revista, a qualida- formulo votos no sentido de que
periódico da Federação Espírita de e a oportunidade das maté- com o seu talento e dedicação
Brasileira, sua orientação edito- rias publicadas, as quais servi- concorra para ampliar o conceito
rial reflete as diretrizes da Insti- ram sempre de estímulo para o e a qualidade editorial de nosso
tuição, fundamentadas na Dou- constante aprimoramento do Reformador, com seus 130 anos
trina Espírita codificada por seu conteúdo. de existência.

14 12 Reformador • Janeiro 2013


Autoafirmação RICHARD SIMONETTI

“N
unca se compraz em Autoafirmação, define o dicio- ma da saúde, das pessoas, do tem-
rebuscar os defeitos nário, é o empenho por sermos po, da vida. Pensamento negativo,
alheios, nem, ainda, aceitos no meio em que vive- perturbador.
em evidenciá-los. Se a isso se vê mos, realizando nossos poten- Seria de bom tom, atitude so-
obrigado, procura sempre o bem ciais de cultura, conhecimento, ciável, que respondesse simples-
que possa atenuar o mal.”1 maneira de ser. mente, rosto emoldurado por
É muito bom saber que as pes- um sorriso:
1
KARDEC. Allan. O evangelho segundo o espi- soas nos estimam, nos recebem – Estou muito bem, com a gra-
ritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed. 2. bem, nos consideram… Nada gra- ça de Deus!
reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2012. Cap. 17, it. 3.
tuito. É preciso que façamos por

merecer o reconhecimento alheio,
cultivando boa vontade, com- Essa tendência negativa, que
preensão, respeito, civilidade. costuma caracterizar o compor-
Começo ideal: exercitar o bom tamento humano, contaminou o
humor. próprio Cristianismo.
Expressão carrancuda, costuma- A teologia medieval fixou
-se dizer, é obra-prima do demô- Jesus como um homem a carre-
nio, afasta as pessoas, predispon- gar os pecados humanos sobre
do-as contra nós. os ombros para lavá-los com o
Pior quando há o vício da próprio sangue. As igrejas eram
queixa, como se o infeliz, por vo- sombrias, escuras, com a figu-
cação, carregasse sobre ra do Cristo crucificado derraman-
os ombros os males do-se em sangue, atormentado,
do mundo. vencido…
Saudamos alguém: Reviviam-se as antigas cerimô-
– Bom dia! Como nias do culto judeu, em que as
vai? faltas da comunidade eram trans-
E a pessoa expli- feridas para um bode. Em seguida,
ca, compondo uma sacrificava-se o animal e todos
anamnese, como se ficavam purificados.
estivesse em consul- Nada mais distanciado da rea-
tório médico. Recla- lidade.
Como todo Espírito superior,
aliás, a maior figura da Huma-

Janeiro 2013 • Reformador 13 15


nidade, Jesus certamente era geralmente fruto do fazer sem re- que o homem de bem jamais
bem-humorado, sorridente, de fletir, quando deveríamos sempre estará preocupado em procurar
relacionamento fácil, sempre refletir antes de fazer. defeitos no próximo e muito
disposto a exemplificar os valo- menos se empenhará em fazer

res da bondade, bom ânimo e propaganda deles.
alegria que ensinava. A falta de reflexão induz à au-

Por isso, o significado do Evan- toafirmação negativa, a mais exer-
gelho é Boa Nova. citada, que seria dar destaque ao E quando somos chamados a
É a excelente notícia da exis- que supostamente é o lado mau apontar falhas alheias, em deter-
tência do Pai Celeste, infinita- das pessoas, guiando-se pela ideia minadas situações?
mente justo e amoroso, a traba- do se eu jogá-lo no chão, ficarei Recomendação de Allan Kar-
lhar incessantemente pela felici- mais alto. dec: veja o bem que possa atenuar
dade de seus filhos. Como culti- Resvalamos para a fofoca, um o mal. Seria corrigir com reforço
var tristezas e temores, dúvidas e dos grandes males da vida social – positivo, nunca negativo. Alguns
incertezas, diante dessa alvissa- o comentário desairoso e descom- exemplos:
reira revelação? promissado em torno do compor- No escritório. O chefe dirige-
Cristão triste, acabrunhado, in- tamento alheio. -se ao subordinado que não está
feliz, é cristão sem o Cristo, O problema é que ela raramen- correspondendo às expectativas.
aprendiz deficiente que não refle- te exprime a verdade e, muito me- Reforço negativo:
tiu sobre a sublimidade de suas nos, toda a verdade, estribando-se – Fulano, você tem cometido
lições e exemplos. sempre em suposições. falhas no processamento de dados.
O próprio Sócrates foi vitima- Se não melhorar, seremos obriga-

do pelas fofocas de pessoas que o dos a tomar medidas drásticas.
Eis um tema que merece nossa acusavam de corromper a moci- O funcionário poderá até em-
atenção: reflexão. dade ateniense, quando, na verda- penhar-se em superar sua defi-
Cultivar vida íntima, o diálo- de, ele apenas estimulava os mo- ciência, mesmo porque precisa do
go interior, a busca do autoco- ços a exercitarem a razão, apren- emprego. Porém, será difícil evitar
nhecimento, aprendendo a pen- dendo a refletir. um sentimento de antipatia con-
sar muito e falar pouco. É o que E porque os seus juízes tam- tra o superior, em face de sua tru-
caracteriza o modo de ser dos bém não estavam habituados a re- culência, o que fatalmente preju-
sábios. fletir, deixaram-se envolver, e Só- dicará seu desempenho.
Sócrates, o grande filósofo crates foi condenado à morte. Reforço positivo:
grego, dizia que a reflexão é in- Foi com base em fofocas das – Você está indo bem. Apre-
dispensável à nossa saúde e bem- lideranças religiosas que Jesus ciamos sua iniciativa e disciplina.
-estar. Sem ela a alma fica num foi julgado como alguém que pre- Se puder melhorar um pouco no
estado semelhante ao do indiví- tendia destruir o culto estabele- processamento de dados ficará per-
duo embriagado, de pensamento cido, terminando por ser conde- feito. Vamos lhe patrocinar uma
confuso, desordenado, capaz de nado à cruz. reciclagem na informática.
dizer e fazer o que não é opor- Helen Keller dizia, com a sabe- O funcionário vai agradecer o
tuno e agir de forma impulsiva e doria que a caracterizava: “Para elogio e aceitar bem a crítica, dis-
comprometedora. que faças brilhar tua estrela não posto a melhorar sua atuação.
Brigas, discussões, desentendi- precisas apagar a minha”. No lar. O marido conversa com
mentos, agressões, vícios, tudo o Está de acordo com a observa- a esposa sobre o almoço que não
que de ruim pode nos acontecer é ção de Kardec. Deixa bem claro está do seu agrado.

16 14 Reformador • Janeiro 2013


Reforço negativo. Diante dessa ameaça, é bem faz o seu senhor; mas tenho-
– A comida está meio insossa. possível que o médium se afaste -vos chamado amigos, porque
Ah! Que saudade da comidinha em definitivo. tudo quanto ouvi de meu Pai
da mamãe! Reforço positivo: vos tenho feito conhecer.2
Talvez a esposa consiga con- – Estamos com saudades. Você
ter o impulso de jogar os pra- faz falta em nossa reunião. Sua Destacando que os apóstolos
tos na cabeça do petulante, mas presença é importante. não eram meros servos para exe-
é quase certo que se sentirá des- Valorizado, o médium vai em- cutar suas ordens, mas amigos
motivada para continuar cozi- penhar-se em cultivar assiduidade. pelos quais ele daria a própria vi-
nhando. da, Jesus deu-lhes o reforço po-

Reforço positivo: sitivo que os inspiraria nas lutas
– Meu bem, o almoço está óti- Diante dos discípulos, na últi- do porvir.
mo. Faltou um tiquinho de sal, mas ma ceia, preparando-os para as Já não eram meros adeptos de
nem mamãe faria melhor! lutas do porvir, Jesus lhes falou: um movimento religioso, relu-
A comida não está lá essas coi- tantes em enfrentar lutas e per-
sas, mas a reação do marido a esti- O meu mandamento é este: seguições, mas amigos do Cris-
mulará a fazer melhor. Que vos ameis uns aos outros, to, dispostos a dar a vida por ele.
No Centro Espírita, o dirigente assim como eu vos amei. Foi graças a esse reforço posi-
de reunião mediúnica conversa Ninguém tem maior amor do tivo que eles ajudaram a instalar
com o médium que vem faltando que este; de dar alguém a sua a luz do Evangelho na Terra, su-
aos trabalhos. vida pelos seus amigos. premo marco de bênçãos para a
Reforço negativo: Vós sereis meus amigos, se fi- edificação do Reino de Deus.
– Infelizmente, se você não fir- zerdes o que eu vos mando.
mar a frequência vou ser obrigado Já vos não chamarei servos,
2
a afastá-lo. porque o servo não sabe o que JOÃO, 15:12 a 15.

Janeiro 2013 • Reformador 15 17


Necessidade de
vigilância
“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está
pronto, mas a carne é fraca.” (Mateus, 26:41.)

CLARA LILA GONZALEZ DE ARAÚJO

E
ssa passagem de Jesus, ocor- depois, ao cume de uma monta- tação de Jesus é, pois, uma figu-
rida no horto de Getsêma- nha, sendo importunado pelo gê- ra e fora preciso ser cego para
ni, no Monte das Oliveiras, nio perverso que, desejando ten- tomá-la ao pé da letra. [...] O
também registrada em Marcos tá-lo, oferece-lhe todos os reinos Espírito do mal não teria ne-
(14:38) e Lucas (22:46), tem sido do mundo e a glória que os cerca nhum poder sobre a essência
ressaltada pelos Espíritos superio- em troca de sua lealdade e adora- do bem. [...]2
res, ao avaliarem o grau de imper- ção às forças do mal (Mateus, 4:1
feição que nos caracteriza o ser, a a 11; Marcos, 1:12 e 13; e Lucas, Inúmeras lições de Jesus cha-
cada oportunidade de encarna- 4:1 a 13). O episódio é citado em mam a nossa atenção para não
ção. Afirma o Espírito Emmanuel, A gênese com a explicação de Allan sermos tentados. Podemos avaliá-
a esse respeito: Kardec de que o importante pre- -las do ponto de vista humano,
ceito não teria sido compreendido pois a expressão tentação, para
As mais terríveis tentações de- na sua qualidade, tendo a creduli- nós, significa problemas a enfren-
correm do fundo sombrio de dade pública o interpretado, ape- tar na luta pessoal por nós travada
nossa individualidade. [...] nas, como fatos materiais. A aná- para aquisição dos bens que o
Renascemos na Terra com as lise, contida na obra citada, foi ex- mundo nos oferece, a qual é aspi-
forças desequilibradas do nos- traída da instrução dada pelo Es- ração justa para a concretização
so pretérito para as tarefas do pírito João Evangelista, recebida em de uma vida melhor, e das situa-
reajuste. Bordeaux, no ano de l862, confor- ções vividas ao lado daqueles que
Nas raízes de nossas tendên- me trecho que se segue: nos rodeiam. No entanto, há cer-
cias, encontramos as mais vi- tos gozos materiais que podem le-
vas sugestões de inferioridade. Jesus não foi arrebatado. Ele ape- var-nos a cometer excessos, o que
[...]1 nas quis fazer que os homens Deus permite para testar a nossa
compreendessem que a Huma- conduta:
Jesus nos fala a respeito das ten- nidade se acha sujeita a falir e
tações e da vigilância em outros que deve manter-se sempre vi- Para estimular o homem ao
ensinamentos, por exemplo, ao gilante contra as más inspira- cumprimento da sua missão e
ser transportado por um Espírito ções a que, pela sua natureza também para experimentá-lo
maléfico ao pináculo do templo e, fraca, é impelida a ceder. A ten- por meio da tentação.3

18 16 Reformador • Janeiro 2013


O Criador nos testa a razão e da sua condição de ser humano, os efeitos das tendências boas ou
nos preserva dos descomedimen- para se equiparar aos animais. más que nos são peculiares. Nesse
tos para não sermos vítimas de [...]4 ponto, porém, acaba o inevitável,
circunstâncias alheias à nossa von- pois da nossa vontade depende
tade, fruto das opções equivoca- Outras ideias referentes ao te- ceder ou não a essas inclinações:
das que nos agradam. A liberdade ma são desenvolvidas no resumo
consiste exatamente em escolher da questão 872, de O livro dos es- [...] Pode deixar de haver fatali-
o que nos atrai e influencia. píritos, citado anteriormente, so- dade no resultado de tais acon-
Possuímos compreensão do bretudo ao destacar o conceito de tecimentos, visto depender do
nosso estado moral e das deci- fatalidade. Para o Espiritismo, a homem, pela sua prudência,
sões que tomamos, modificar o curso das
de acordo com os coisas. Nunca há fatali-
motivos de nossa pre- dade nos atos da vida
ferência, mas que moral.4
nem sempre pode-
rão nos beneficiar es- É fácil avaliar a si-
piritualmente? Que tuação moral em que
justificativa buscar nos encontramos, es-
para as infrações às pecialmente se identi-
leis morais que co- ficarmos os vícios de
metemos? que porventura não
Ao discorrer sobre estejamos completa-
o Resumo teórico do mente libertos.
móvel das ações hu-
manas, Kardec anali- [...] nós os conhecemos
sa a questão do livre- pelas nossas tendências
-arbítrio: atuais, e para elas é que
devemos voltar todas as
Sem o livre-arbí- atenções. Basta saber o
trio o homem que somos, sem que seja
não teria nem necessário saber o que
culpa por prati- fomos.5
car o mal, nem
mérito em prati- Sem o desejo sério
car o bem. Isto é de nos melhorarmos,
de tal modo reconhecido que a fatalidade “existe na posição que o não tomaremos cuidado na urgên-
censura ou o elogio, em nosso homem ocupa na Terra e nas fun- cia da essencial vigilância. Preocupa-
mundo, são feitos à intenção, ções que aí desempenha”,4 con- do com o futuro de seus discípu-
isto é, à vontade. Ora, quem diz corde com o gênero de existência los, por estar próximo ao termo
vontade, diz liberdade. O ho- que o Espírito escolheu para si, de de sua passagem pelos caminhos
mem, portanto, não poderá prova, expiação ou missão. Desse terrenos, Jesus diz para Pedro, no
buscar no seu organismo físico modo, sofremos, fatalmente, cer- expressivo diálogo que manteve
nenhuma desculpa para os seus tos infortúnios a cada vinda ao com ele, narrado na belíssima obra
delitos, sem abdicar da razão e corpo de carne e experimentamos Boa nova:

Janeiro 2013 • Reformador 17 19


[...] A criatura na Terra precisa guimos vencer as lutas morais [...] Desde o primeiro dia de
aproveitar todas as oportunida- oferecidas pela misericórdia divi- razão na mente humana, a
des de iluminação interior, em na, por não aceitarmos as verda- ideia de Deus criou princípios
sua marcha para Deus. Vigia o des eternas do Evangelho de Jesus religiosos, sugerindo-nos as
teu espírito ao longo do cami- que, se aplicadas, poderiam ame- regras de bem-viver. Contudo,
nho. Basta um pensamento de nizar os sofrimentos e as decep- à medida que se refinam co-
amor para que te eleves ao Céu; ções dos tempos atuais? nhecimentos intelectuais, pa-
mas, na jornada do mundo, tam- Se todos os homens pensassem rece que há menor respeito no
bém basta, às vezes, uma pala- de forma consciente em Deus, não homem para com as dádivas
vra fútil ou uma consideração cometeriam tantos erros! Em nota sagradas. [...]8
menos digna para que a alma do a uma das questões de O livro dos
homem seja conduzida ao esta- espíritos, Kardec alerta-nos sobre a Peçamos a Deus a força neces-
cionamento e ao desespero das incapacidade do homem de enten- sária para vencermos a nós mes-
trevas, por sua própria imprevi- der a plenitude infinita de Deus: mos, conforme a oração domini-
dência! Nesse terreno [...], o dis- cal, ensinada por Jesus, ao rogar
cípulo do Evangelho terá sempre A inferioridade das faculdades sinceramente: “E não nos deixes
imenso trabalho a realizar [...].6 do homem não lhe permite cair em tentação, mas livra-nos
compreender a natureza íntima do mal”. (Mateus, 6:13; Lucas,
A tentação, portanto, constitui de Deus. Na infância da Huma- 11:4.)
um ato moral e a vigilância é con- nidade, o homem o confunde
sequência do esforço que faze- muitas vezes com a criatura, cujas Referências:
1
mos, de modo a conquistar a hu- imperfeições lhe atribui; mas, à XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Pelo Es-
mildade, o desinteresse e a renún- medida que nele se desenvolve o pírito Emmanuel. 3. reimp. Rio de Janeiro:
cia de nós mesmos. Entretanto, senso moral, seu pensamento FEB, 2011. Cap. 110.
2
nem sempre conseguimos vencer penetra melhor no âmago das KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro
intimamente. As dificuldades a coisas; então ele faz da Divin- Noleto Bezerra. 1. reimp. Rio de Janeiro:
enfrentar se originam, principal- dade uma ideia mais justa e mais FEB, 2011. Cap. 15, it. 53, p. 438.
3
mente, de não sabermos distin- conforme à sã razão, embora ______. O livro dos espíritos. Trad.
guir as manifestações do nosso in- sempre incompleta.7 Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp.
telecto, que funcionam como au- Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 712.
4
xiliar na reforma íntima, das de- Por isso, avançamos nas des- ______. ______. Q. 872.
5
monstrações dos sentimentos, das cobertas e nos estudos das várias ______. O céu e o inferno. Trad. Evandro
emoções e do estado psíquico em ciências e religiões utilizadas pelo Noleto Bezerra. 1. reimp. Rio de Janeiro:
geral, que afetam a nossa estabili- homem, mas ainda nos colocamos FEB, 2011. Pt. 2, cap. 6, it. Jacques Latour,
dade interior. A renovação efetiva num campo de vulgaridades, inca- p. 455.
6
depende da disposição total do pazes de valorizar as riquezas espi- XAVIER, Francisco C. Boa nova. 3. ed. 5.
Espírito no aproveitamento de to- rituais que nos cercam. O Espíri- reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 21.
7
das as suas possibilidades, na bus- to André Luiz transmite, em um KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.
ca de novas maneiras de ser, de de seus livros, a palavra sensata de Trad. Evandro Noleto Bezerra. Comentário
pensar, de agir, em substituição às Alexandre, instrutor devotado, em de Allan Kardec à q. 11.
8
vivências adquiridas em suas exis- uma sessão de estudos mediúni- XAVIER, Francisco C. Missionários da luz.
tências anteriores. Quantos de cos, que traz apreciações interes- Pelo Espírito André Luiz. 3. ed. especial.
nós, intelectualmente favorecidos santes sobre as concepções exis- 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.
pela razão e pelo saber, não conse- tentes a respeito da obra divina: Cap. 4, p. 41.

20 18 Reformador • Janeiro 2013


Esf lorando o Evangelho
Pelo Espírito Emmanuel

Mãos
à obra
“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina,
tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.”
– PAULO (I CORÍNTIOS, 14:26.)

A
igreja de Corinto lutava com certas dificuldades mais fortes, quando Paulo
lhe escreveu a observação aqui transcrita.
O conteúdo da carta apreciava diversos problemas espirituais dos com-
panheiros do Peloponeso, mas podemos insular o versículo e aplicá-lo a
certas situações dos novos agrupamentos cristãos, formados no ambiente do
Espiritismo, na revivescência do Evangelho.
Quase sempre notamos intensa preocupação nos trabalhadores, por novidades
em fenomenologia e revelação.
Alguns núcleos costumam paralisar atividades quando não dispõem de médiuns
adestrados.
Por quê?
Médium algum solucionará, em definitivo, o problema fundamental da ilumi-
nação dos companheiros.
Nossa tarefa espiritual seria absurda se estivesse circunscrita à frequência
mecânica de muitos, a um centro qualquer, simplesmente para assinalarem o
esforço de alguns poucos.
Convençam-se os discípulos de que o trabalho e a realização pertencem a todos
e que é imprescindível se movimente cada qual no serviço edificante que lhe com-
pete. Ninguém alegue ausência de novidades, quando vultosas concessões da esfera
superior aguardam a firme decisão do aprendiz de boa vontade, no sentido de co-
nhecer a vida e elevar-se.
Quando vos reunirdes, lembrai a doutrina e a revelação, o poder de falar e de
interpretar de que já sois detentores e colocai mãos à obra do bem e da luz, no aper-
feiçoamento indispensável.
Fonte: XAVIER, Francisco C. Pão nosso. 3. reimp. Brasília: FEB, 2012. Cap. 1.

Janeiro 2013 • Reformador 19 21


Falando de Livro

Obras de referência
na literatura espírita
GERALDO CAMPETTI SOBRINHO

A
literatura espírita está cada as obras que são publicadas. O ter, sobretudo quando inci-
vez mais rica, com uma ideal é que tais livros fossem ri- piente em matéria doutrinária.
oferta vultosa de títulos gorosamente selecionados pelas Para facilitar o acesso à infor-
pelo mercado editorial que nos editoras antes de sua edição, mação espírita, têm surgido di-
causa admiração. São obras me- procedimento infelizmente não versas obras de referência destina-
diúnicas e outras escritas das a ser o ponto inicial de
por estudiosos e pesquisa- qualquer pesquisa e estudo
dores do Espiritismo, apre- doutrinário, atendendo a fi-
sentando valiosa contribui- nalidades variadas de prepa-
ção para o entendimento das ração de palestras, aulas, es-
questões transcendentes do tudos individuais e em gru-
Espírito imortal e de suas po, esclarecimento de dúvi-
existências físicas. das, redação de artigos e li-
Dentre esse vasto acervo, vros... São bibliografias, catá-
crescente em escala geomé- logos, dicionários, enciclopé-
trica a cada dia, é recomen- dias, glossários, guias, índices,
dável que jamais descuremos manuais, repertórios, tesau-
do contato com as obras fun- ros, entre outros trabalhos do
damentais, codificadas por gênero, merecedores de espe-
Allan Kardec, a fim de man- cial atenção pelo aprendiz do
termos sempre a segurança Evangelho de Jesus à luz da
doutrinária e sabermos dis- Doutrina Espírita.
tinguir, pela lógica e lucidez, A Federação Espírita Brasi-
o conteúdo espírita do que leira, no cumprimento de sua
vem sendo confundido com missão relativa à difusão, estudo e
outros conceitos, suposta- prática do Espiritismo, preocupa-
mente “espiritistas”, em obras de -se, por intermédio da FEB Edi-
duvidosa origem e informações adotado, na maioria das vezes. Res- tora, em disponibilizar ao público
questionáveis. ta, em tais situações, a seleção da esse valioso recurso de pesquisa.
Como o universo é amplo, leitura pelo próprio leitor, nem Dessa forma, vem publicando ao
não temos tempo para ler todas sempre preparado para esse mis- longo do tempo obras de acentua-

22 20 Reformador • Janeiro 2013


do valor para facilitar a vida do
pesquisador, do estudioso ou
mesmo do curioso em aprofun- Ciência do Infinito
dar seus conhecimentos sobre os
Jorge Leite de Oliveira
conteúdos doutrinários.
Dicionário da alma, Pérolas do As Cruzadas vão à guerra no combate aos muçulmanos,
além, Vocabulário histórico e geo- matam à espada inocentes, ateiam fogo às cidades.
Em nome do Deus de amor, praticam vis atrocidades,
gráfico dos romances de Emmanuel,
em nome da paz do Cristo, quantos atos desumanos!
Palavras de Emmanuel, O livro
espírita na FEB, O espiritismo de A religião estertorava em convulsões insanas,
a venda de indulgências já não enganava esse povo,
A a Z, Guia de fontes espíritas,
as mentes esclarecidas propunham-lhe algo novo,
Índice da revista espírita são al- algo que lhes justificasse as esperanças humanas.
gumas dessas publicações, parte
Gutenberg inventa a imprensa, e o poder de comunicar
delas disponibilizadas para pes-
expande-se pelas aldeias, nações e continentes.
quisa no portal <www.febnet. A Humanidade caminha a passos largos e potentes,
org.br>. e o homem pensa que Cristo mandou morrer ou matar.
Nessa diretriz, a FEB Editora
Revolta-se Lutero com a simonia cristã,
lança mais uma valiosa obra de e, ao lembrar o que o Mestre fez com os vendilhões do templo,
referência intitulada A vida no exorta o povo católico a seguir o seu exemplo:
mundo espiritual: estudo da obra criticar com veemência toda prática pagã.
de André Luiz. Resultado de esfor- Após passados dezessete séculos, a Inglaterra
ço coletivo, e contando com signi- inventa a indústria fabril, e a produção da agricultura
ficativa apresentação do Espírito transforma o Reino Unido no novo berço da cultura,
Manoel Philomeno de Miranda, que se empenha em colonizar os povos de toda a Terra.
pela psicografia de Divaldo Pe- Swedenborg vê o mundo espiritual e conclama
reira Franco, trata-se de repertó- o homem a crer na realidade do Espírito eterno,
rio que contempla o resumo dos irmão do Cristo, Mestre da bondade e do amor fraterno,
livros e de cada capítulo das obras mas o homem nega a verdade e permanece na lama.
da conhecida coleção, mini- Em 1789, a França deu o grito
biografia dos personagens cita- e a monarquia sucumbiu ante o clamor popular,
dos pelo autor, coletânea de ora- que fez da guilhotina um novo modo de protestar.
ções, índice consolidado, glossá- De Roma, triste e temente, tremia seu Papa aflito.
rio, previsões científicas e tecno- Pois viera Voltaire a questionar as crenças romanas,
lógicas na obra de André Luiz, e Thomas Hobbes, antes dele, mostrara-nos o homem-lobo
as referências utilizadas como e após viria Schopenhauer com as artes ab ovo
esclarecer a mente humana ante as ideias profanas.
fonte de consulta para a realiza-
ção do trabalho. Enquanto Nietzsche “mata Deus”, Marx prega o socialismo,
Esperamos que o estimado lei- a teoria torpe da raça superior é pregada,
chamada ópio do povo, a religião é desprezada,
tor usufrua dessa fonte de precio- prega-se o materialismo e faz escola o niilismo.
sos recursos para o estudo e entendi-
mento da atualíssima coleção A vida Já não se sabe distinguir o maldito do bendito,
as teorias materialistas grassam por toda a parte,
no mundo espiritual, ditada pelo
mas, contrapondo-se à filosofia da arte pela arte,
Espírito André Luiz ao médium surge o Espiritismo como Ciência do Infinito!
Francisco Cândido Xavier.

Janeiro 2013 • Reformador 21 23


Em dia com o Espiritismo

O trigo
e o joio
M A RTA A N T U N E S M O U R A

A
Parábola do Trigo e do Joio servos lhe dizem: Sendo assim, escândalos e obreiros sem lei. E
é uma das duas únicas pa- queres que, após sair, o recolha- os lançarão na fornalha de fogo;
rábolas do Evangelho em mos? Ele, porém, diz: Não; para ali haverá o pranto e o ranger
que Jesus não apenas transmite o que, ao recolher o joio, não de- de dentes. Então os justos bri-
ensinamento, como tem o cuidado senraizeis junto com ele o trigo. lharão como o sol, no Reino do
de explicá-lo (a outra é a do Se- Deixai crescer ambos juntos até a seu Pai. Quem tem ouvidos,
meador). De forma genérica, a do ceifa e, no tempo da ceifa, direi ouça! (Mateus, 13:37 a 43.)2
trigo e o joio reflete as lutas trava- aos ceifeiros: Recolhei primeiro
das entre o bem e o mal com a vi- o joio e atai-o em molhos para os Jesus anuncia de forma inequí-
tória final do bem, como pode- queimar; o trigo, porém, reuni voca a Era de Regeneração, que nos
mos conferir nos registros de Ma- no meu celeiro.1 aguarda no futuro, assim como os
teus (13:24 a 30): embates a que a Humanidade se
A interpretação do Cristo ao pró- submeterá a fim de encontrar o
[...] O Reino dos Céus é seme- prio ensinamento é a seguinte: caminho definitivo da felicidade
lhante a um homem que se- verdadeira. A propósito, Bezerra
meou boa semente no seu cam- [...] O que semeia a boa semente de Menezes adverte:
po. Dormindo, porém, os ho- é o filho do homem. O campo é o
mens, veio o seu inimigo e se- mundo. A boa semente, essa são Se amanhece a madrugada de
meou joio no meio do trigo e os filhos do Reino. O joio são os luz, também ainda existem som-
partiu. Quando germinou o ra- filhos do malvado. O inimigo bras densas que tomam conta
mo e produziu fruto, então apa- que o semeou é o diabo; a ceifa de outros segmentos da socie-
receu também o joio. Aproxi- é a consumação da era; os cei- dade, gerando impedimentos
mando-se os servos do senhor da feiros são os anjos. Assim como para a propagação da vida, dos
casa, disseram-lhe: Senhor, não o joio é recolhido e queimado bens da vida, pelos interesses
semeaste boa semente no teu no fogo, assim será na consuma- mesquinhos que defluem do
campo? De onde, portanto, terá ção da era. O filho do homem materialismo e das expressões
vindo o joio? E ele lhes disse: enviará os seus anjos; e reco- covardes da mentira e das pai-
Um homem inimigo fez isso; os lherão, do seu Reino, todos os xões humanas.3

24 22 Reformador • Janeiro 2013


O escritor espírita Rodolfo
Calligaris (1913-1975) con-
sidera que o campo, citado
na parábola, faz referência
à Humanidade terrestre; o
semeador é Jesus; a semente
de trigo é o Evangelho; o joio são
as interpretações capciosas dos
seus textos; e o inimigo são indiví-
duos que produzem discórdias
onde quer que se encontrem.4 A
parábola indica também que
toda semeadura, boa
ou má, estará ine-
vitavelmente atre-
lada à respectiva
colheita que aconte- surgir a qualquer hora, oriundas
cerá no momento oportuno. de diferentes procedências, inclu-
verdadeiramente dolorosas, que sive do grupo de trabalho onde
[...] E colhe da natureza o que serão amenizadas ou deixarão de atuamos, consoante esta outra ins-
plantou. Do que damos, rece- existir à medida que aprendermos trução de Jesus: “Eis que eu vos
bemos. Toda semente, mais ce- a semear a “boa semente”. Consi- envio como ovelhas no meio de
do ou mais tarde, de acordo derando a explicação de Jesus de lobos. Sede prudentes como as ser-
com os dispositivos da Criação, que o campo é o mundo em que pentes e inocentes como as pom-
irá crescer e frutificar. Por isso vivemos, Emmanuel assinala que aí bas”. (Mateus, 10:16.)7
devemos ter o máximo cuidado “há infinito potencial de realiza- Como reflexão, façamos nos-
com o que semeamos no solo ções, com faixas de terra excelente sas as palavras do Benfeitor espi-
do coração, nosso ou do seme- e zonas necessitadas de arrimo, ritual:
lhante. E a semeadura se dá por corretivo e proteção”.6
pensamentos, palavras, gestos e O versículo 25 do texto evangé- O mundo está cheio de enganos
ações. Certamente cada um só lico, ora em estudo, informa que dos homens abomináveis que in-
pode dar do que possui. À vista “dormindo, porém, os homens, vadiram os domínios da política,
disto, precisamos nos suprir do veio o seu inimigo e semeou joio da ciência, da religião e ergue-
que é útil e do que é bom.5 no meio do trigo e partiu”.1 Esta ram criações chocantes para os
frase revela o modo de proceder espíritos menos avisados [...].
A frase “O Reino dos Céus é se- do adversário do Bem, identifi- [...]
melhante a um homem que se- cado como o “inimigo” na parábo- Mas o discípulo de Jesus, bafeja-
meou boa semente no seu campo” la: age em surdina, com o intuito do pelos benefícios do Céu todos
indica que possuímos um campo de plantar discórdia e desunião, os dias, que se rodeia de esclare-
de atuação, moral e intelectual, aproveitando-se do momento cimentos e consolações, luzes e
construído sobre as bases do li- de descanso ou de invigilância do bênçãos, esse deve saber, de ante-
vre-arbítrio. Como consequência trabalhador sincero. Daí a impor- mão, quanto lhe compete reali-
das nossas más escolhas surgem tância de estarmos atentos às in- zar em serviço e vigilância e, caso
provações existenciais, algumas fluências inferiores que podem aceite as ilusões dos homens abo-

Janeiro 2013 • Reformador 23 25


mináveis, agirá sob a responsa- apresentam condições evolutivas mostra que no Celeiro divino só
bilidade que lhe é própria, en- que os habilitam a separar o bem há espaço para o bem, para o Evan-
trando na partilha das aflitivas do mal e dar destinação específica gelho do Reino, representado pela
realidades que o aguardam nos para cada um. O plantio pode ser semente de trigo. Praticando o bem
planos inferiores.8 feito por qualquer um de nós, estaremos dando expansão ao que
aprendizes do Evangelho, mas a há de divino em nós e, em conse-
É muito oportuna a recomenda- ceifa cabe aos ceifeiros, os Espíri- quência, experimentando a felici-
ção transmitida pelo senhor aos tos superiores. dade plena. Assim, sob quaisquer
seus trabalhadores, no momento circunstâncias, é imperioso guar-
em que foi informado que o joio O joio, ao brotar, é muito pare- dar confiança no Senhor, tendo fé
fora semeado ao lado do trigo: cido com o trigo, e arrancá-lo an- em suas promessas e contando com
“Deixai crescer ambos juntos até a tes de estar bem crescido seria a sua proteção, sobretudo nos
ceifa e, no tempo da ceifa, direi aos inconveniente, por motivos ób- momentos de sofrimento em que
ceifeiros: Recolhei primeiro o joio vios. Na hora de produção dos se faz necessário separar o joio do
e atai-o em molhos para os quei- frutos, em que será perfeita a dis- trigo e aquele seja atado em mo-
mar; o trigo, porém, reuni no meu tinção entre ambos, já não ha- lhos para serem queimados.
celeiro”.1 As sutilezas do mal nem verá perigo de equívoco: será ele,
sempre são percebidas pelos servi- então, atado em feixes para ser Referências
1
dores devotados. Faz-se necessário, queimado. Coisa semelhante NOVO TESTAMENTO. Trad. Haroldo Dutra
então, que a erva daninha cresça irá ocorrer com a Humanidade. Dias. Brasília: Edicei, 2010. p. 87.
2
junto com a boa semente para que Aproxima-se a época em que a ______. ______. p. 89.
3
ambas possam ser identificadas, Terra deve passar por profun- FRANCO, Divaldo P. Rumos para o futuro.
sem equívocos ou falsas suposi- das modificações, física e social- Pelo Espírito Bezerra de Menezes. Mensa-
ções. Somente assim a ceifa ocor- mente, a fim de transformar-se gem psicofônica recebida na Reunião Or-
rerá, em condições harmônicas, sem num mundo regenerador, mais dinária do Conselho Federativo Nacional
prejuízos de qualquer natureza. pacífico e, consequentemente, da FEB, em 7/11/2010. Reformador, ano
Importa considerar que a pará- mais feliz.9 129, n. 2.182, p. 8(6)-9(7), jan. 2011.
4
bola destaca dois tipos de traba- CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas evangé-
lhadores: os denominados servos, A ceifa expressa o momento fi- licas. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2011.
incumbidos de semear a semente, nal da produção agrícola. No pla- Cap. Parábola do joio e do trigo, p. 13.
5
e os ceifeiros, responsáveis pela co- no individual, trata-se do instante ABREU, Honório O. Luz imperecível. 2.
lheita, propriamente dita. Os pri- em que a criatura colhe o que cul- ed. Belo Horizonte: UEM, 1997. Cap. 71,
meiros somos nós, todos os traba- tivou. O joio reunido em feixes p. 213.
6
lhadores convocados para servir para ser queimado simboliza a XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Pelo
na seara do Evangelho, cultivado- aferição do real aprendizado do Espírito Emmanuel. 2. reimp. Brasília: FEB,
res da boa semente, de acordo Espírito, demonstrando que as di- 2012. Cap. 68.
7
com nosso entendimento e dispo- ficuldades não vêm isoladas, mas NOVO TESTAMENTO. Trad. Haroldo Dutra
sição. Os segundos, os ceifadores formam, quase sempre, um coro- Dias. Brasília: Edicei, 2010. p. 71.
8
ou “anjos” – segundo a explicação lário de apreensões e dificuldades XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Pelo
de Jesus –, pertencem à outra cate- que nos cabe superar, exercitando Espírito Emmanuel. 2. reimp. Brasília: FEB,
goria de trabalhadores: são os ser- a paciência, a humildade e a con- 2012. Cap. 43.
9
vidores especializados que, por já fiança em Deus. CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas evangé-
conseguirem manter sintonia per- O último ensino de Jesus, “o tri- licas. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2011.
manente com as fontes do bem, go, porém, reuni no meu celeiro”, Cap. Parábola do joio e do trigo, p. 14.

26 24 Reformador • Janeiro 2013


Ano novo
S
erão novos os anos que pas- menos rápidas. Há como que ligeiro qual ele consegue a sua ascensão
sam, os séculos e os milê- repouso. Depois, segue-se a invo- ininterrupta.
nios que se sucedem na am- lução, isto é, o curso descendente Nada significam, portanto, os
pulheta do tempo? que nos leva à velhice, à decrepi- anos que passam e os anos que des-
Não são. O tempo, qual o con- tude e à morte, quando esta não pontam nos calendários humanos.
cebemos, não passa de uma ilusão. intervém acidentalmente, pelas mo- O importante na vida do Espírito
Não há tempos novos, nem tem- léstias, cortando o fio da existên- são as arrancadas para a frente, são
pos velhos. O tempo é sempre o cia em qualquer de suas fases. as etapas vencidas, o saber adquiri-
mesmo, porque o tempo é a eter- Todos esses acontecimentos do através da experiência, e as vir-
nidade. Todas as mudanças que nada têm que ver com o tempo. tudes conquistadas pela dor e pelo
constatamos em nós e em torno Trata-se de manifestações da evo- amor. O que denominamos – passa-
de nós são produtos da transfor- lução da matéria organizada, vi- do – é apenas a lembrança de condi-
mação da matéria. Esta, realmen- talizada e acionada pela influên- ções inferiores por onde já transita-
te, passa por constantes modifica- cia do Espírito. mos. De outra sorte – o futuro não
ções. A mutabilidade é inerente à O Espírito é tudo. Por ele, e para é mais que a esperança que nutri-
matéria e não ao tempo. ele, é que as moléculas se agrupam, mos de alcançar um estado melhor.
A matéria é volúvel como as se associam, tomando forma, neste O presente eterno, eis a realidade.
ondas e instável como as nuvens ou naquele meio, na Terra ou em Encaremos assim o tempo e, par-
que se movimentam no espaço, outras infinitas moradas da casa ticularmente, o ano novo que ora se
assumindo variadas conforma- do Pai, que é o Universo. inicia. Façamos o propósito de al-
ções que se sucedem numa insta- Na eternidade e na imensidade cançar no seu transcurso a maior
bilidade constante. incomensurável do espaço, o Espí- soma possível de aperfeiçoamento.
O nosso envelhecimento não é rito se agita procurando realizar o É o que, de coração, desejamos
obra do tempo como costumamos senso da Vida, que é a evolução. aos nossos leitores.
dizer. É a matéria que se vai trans- Para consumá-la, percorre as in-
formando desde que entramos no contáveis terras do Céu. Ves- Vinícius
cenário terreno. Nascemos, cresce- te e despe centenas de indu-
mos, atingimos as cumeadas do mentos, assumindo milhares Fonte: Na seara do mes-
desenvolvimento compatível com de formas e aspectos. tre. 10. ed. 2. reimp. Rio
a natureza do nosso corpo. Após A matéria é seu instru- de Janeiro: FEB, 2011.
esse ciclo, as mudanças tornam-se mento, e o meio através do p. 11 e 12.

Janeiro 2013 • Reformador 25 27


Evangelização Espírita Infantojuvenil

Ano novo, homem novo


“E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da
vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus.” – Paulo. (Romanos, 12:2.)

D E PA RTA M E N TO DE INFÂNCIA E J U V E N T U D E /FEB

A
chegada de um novo ano costuma represen- A vida tem uma finalidade clara e positiva, que é a
tar a esperança de novas oportunidades para evolução. Esta se processa nos seres conscientes
a Humanidade. e responsáveis mediante renovações íntimas, cons-
A possibilidade de renovar planos, sonhos e metas tantes e progressivas. Semelhante fenômeno deno-
para os 365 dias seguintes reflete, muitas vezes, a mina-se Educação.2 (Destaque nosso.)
renovação de posturas do indivíduo diante da vida,
convidando-o a um olhar diferenciado e à renovação Em continuidade à reflexão, ainda expressa:
de ideais, sentimentos e ações.
As pessoas depositam esperanças no novo ano para [...] Do interior do homem velho cumpre tirar o
a construção de uma nova sociedade; e compreendemos homem novo, a nova mentalidade cujo objetivo será
que a nova sociedade deposita, igualmente, esperanças desenvolver o amor na razão direta do combate às
em pessoas novas e renovadas para a mesma finalidade. multiformes modalidades em que o egoísmo se des-
León Denis, o Filósofo do Espiritismo, apresenta- dobra. [...]3 (Destaque nosso.)
-nos importante alerta sobre essa temática em seu
livro Depois da morte: O contínuo e ascendente processo de aprendiza-
gem e desenvolvimento apresenta-se dinâmico, per-
[...] Para uma sociedade nova é necessário homens meado por experiências individuais e potencializado
novos. Por isso, a educação desde a infância é de im- pelos diferentes conhecimentos construídos ao
portância capital.1 (Destaque nosso.) longo da trajetória individual. Sob a ótica do apri-
moramento espiritual, pode-se conceber a renova-
Dar as boas-vindas a um novo ano representa ção íntima como a tradução dos ensinamentos de
abrir-se à possibilidade de novas experiências e apren- amor em atitudes compatíveis com a vivência cristã,
dizagens, fortalecendo valores e transformando más renovando-as.
inclinações em boas atitudes, ações consideradas fun- Nesse fio condutor, Emmanuel, no livro
damentais para a formação de “homens novos”. A Palavras de Emmanuel, reitera o valor educativo
educação é apontada como essencial ao processo de para o desenvolvimento social e aponta-nos a
evolução do Espírito, por proporcionar a reforma relevância do investimento na alma infantil, ao
íntima, a reorganização de sentimentos, o amadureci- questionar:
mento de ideias e o alinhamento existencial do indiví-
duo com os objetivos reencarnatórios estabelecidos. Como esperar o aprimoramento da Humanidade,
Nesse sentido, Vinícius, pseudônimo de Pedro de sem a melhoria do Homem, e como aguardar o
Camargo, autor de várias obras espíritas de temática Homem renovado, sem o amparo à criança?4 (Des-
educativa, em seu livro O mestre na educação, sintetiza: taque nosso.)

28 26 Reformador • Janeiro 2013


Diante de tais referências, percebe-se que as possi- Auxiliemos a todos, favorecendo, sobretudo, a crian-
bilidades de renovação humana não se dão apenas ça e o jovem a um melhor posicionamento diante da
pela sucessão de novos anos, minudenciados em opor- vida, em face da reencarnação.
tunidades diárias de aperfeiçoamento, mas igualmen- Somente assim plasmaremos desde agora os alicer-
te pela sucessão de novas encarnações, zelosamente ces de uma nova Humanidade para o mundo por-
planejadas, com vistas à evolução espiritual do ser. vindouro.7 (Destaque nosso.)
Similarmente, a postura da criança mediante as
novas experiências reencarnatórias garante-lhe a Renovemo-nos, pois, em alegria e paz, nas tarefas
posição de aprendiz e, consequentemente, propor- abraçadas junto à Evangelização Espírita Infantoju-
ciona-lhe o contínuo aprimoramento, visto que venil e nos ideais propulsores de todas as ações da
“encarnando, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Es- vida, e inspiremo-nos, em cada dia do próximo ano,
pírito, durante esse período, é mais acessível às im- nas oportunas reflexões de Emmanuel:
pressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adian-
tamento, para o que devem contribuir os incumbi- Abre as portas de tua alma a tudo o que seja útil,
dos de educá-lo”.5 nobre, belo e santificante, e, de braços devotados ao
Nesse processo, compreende-se a tarefa da Evan- serviço da Boa-Nova, pela Terra regenerada e feliz,
gelização Espírita Infantojuvenil, desde a tenra idade, sigamos com a vanguarda dos nossos benfeitores ao
como relevante ação promotora do autoaprimora- encontro do Divino Amanhã.8
mento, por meio do estudo, da prática e da difusão
da Doutrina Espírita junto aos seres recém-chegados Muita paz a todos e Feliz Ano Novo!
ao mundo físico que, a despeito de se encontrarem
envoltos em pequena vestimenta física, surpreendem- Referências:
1
-nos com seus grandes sonhos e ideias, bem como DENIS, Léon. Depois da morte. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB,
com sua abertura aos novos ensinamentos da vida. 2011. Pt. 5, cap. 54, p. 419 a 421.
2
Conforme nos alerta Vianna de Carvalho: VINÍCIUS. O mestre na educação. 10. ed. 1. reimp. Rio de Janei-
ro: FEB, 2009. Cap. 3, p. 27 a 29.
3
[...] à Evangelização Espírita Infantojuvenil cabe a ______. ______. Cap. 22, p. 91 a 93.
4
indeclinável tarefa educacional de preparar os futu- XAVIER, Francisco C. Palavras de Emmanuel. 10. ed. 1. reimp.
ros cidadãos desde cedo, habilitando-os com as Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 43, p. 196.
5
sublimes ferramentas do conhecimento e do amor KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 92. ed.
para o desempenho dos compromissos que lhes 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2012. Q. 383.
6
cumprirá atender, edificando a nova sociedade do VIANNA DE CARVALHO (Espírito). Entrevista ao médium Divaldo
amanhã.6 (Destaque nosso.) Pereira Franco, por ocasião dos 30 anos da Campanha Perma-
nente de Evangelização. Resposta à terceira pergunta. In: DUSI,
Aproximar crianças e jovens da mensagem de Miriam (Coord.). Sublime sementeira. 2. imp. Brasília: FEB, 2012.
Jesus e dos ensinamentos espíritas, instrumentali- Pt. 1, p. 44.
7
zando-os em conhecimento e amor, solidifica, indu- GUILLON RIBEIRO (Espírito). Mensagem recebida, em 1963, pelo
bitavelmente, as bases de sua fé raciocinada, fortale- médium Júlio Cezar Grandi Ribeiro, durante o 1o Curso de
cendo-os ante os desafios e posicionamentos a que Preparação de Evangelizadores (Cipe), realizado pela Federação
são convidados a assumir ao longo da jornada terrena. Espírita do Estado do Espírito Santo. Publicada na Separata de
Guillon Ribeiro considera tal aspecto como de Reformador, de outubro de 1985. In: DUSI, Miriam (Coord.). Sublime
especial seriedade e relevo, ao apresentar expressivo sementeira. 2. imp. Brasília: FEB, 2012. Pt. 2, cap. 15, p. 197 a 199.
8
convite aos que abraçam a tarefa de orientação das XAVIER, Francisco C. Correio fraterno. Por Diversos Espíritos.
almas infantojuvenis: 6. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 15, p. 43 a 44.

Janeiro 2013 • Reformador 27 29


Esde – 30 anos
O Estudo Sistematizado
da Doutrina Espírita nos
seus 30 anos 1

O
Espiritismo surgiu da ob- protestantismo, que já não aten- sito de auxiliar, agia de conformi-
servação e análise dos fatos diam às demandas e exigências do dade com sua interpretação parti-
relativos à comunicação dos pensamento, apoiado na razão, e cularista do Espiritismo, expondo
“mortos com os vivos”, guardando o crescente materialismo, fortale- o Movimento ao risco de cisões e
profunda vocação para o estudo. cido pelo combate ao pensamento divisões, evidentemente contrárias
Allan Kardec, pedagogo e discípulo religioso ainda vigente. à proposta da Codificação Espírita.
de Pestalozzi, consciente da impor- O veículo principal de divulga- O Movimento Espírita sentia a
tância do desenvolvimento intelec- ção era e permanece sendo, por necessidade de promover maior
to-moral do ser humano, destacou, mais de século e meio, o livro que conscientização no que se refere à
desde o primeiro momento da Co- vence todas as barreiras, impostas base fundamental do Espiritis-
dificação, a importância do estudo pelas distâncias ou pelos precon- mo, apresentada na obra de Allan
regular da Doutrina, que é resul- ceitos, transformando-se sucessi- Kardec, Léon Denis e de outros es-
tado do esforço conjunto de desen- vamente até adaptar-se à era digital, critores, que seguiram seus passos,
carnados e encarnados, voltado pa- na qual predominam os meios de no desenvolvimento da Doutrina
ra o esclarecimento e orientação comunicação de massa, ancorados de tríplice aspecto, a qual tem por
da Humanidade quanto à sua ori- mais recentemente na Internet. base a Ciência, a Filosofia a Religião.
gem e destino. Apesar de todo o avanço reali- Nesse escopo, desde a Campa-
Ingentes foram as lutas para zado, a acomodação da criatura nha “Comece pelo Começo”, lan-
vencer os preconceitos, prejuízos humana havia estabelecido um çada pela União das Sociedades
e desafios da época, oriundos de modus vivendi, alimentado pelo me- Espíritas do Estado de São Paulo,
duas fontes antagônicas: as impo- nor esforço, no qual o estudo aca- há 40 anos, e o recebimento, pela
sições dogmáticas da Igreja e do bou esquecido ou relegado a segun- médium Cecília Rocha, da mensa-
do plano na maior parte das institui- gem de Angel Aguarod, em 1976,
ções espíritas espalhadas por nosso (transcrita no final deste artigo),
1
Com este, estamos inaugurando uma País. Por isso mesmo, essas institui- indicativa da necessidade de um
série de artigos comemorativos dos 30 ções estavam excessivamente sujeitas estudo sistemático, passando pela
anos do Esde, assinados pela Equipe do
Esde, a serem publicados em Reformador às ideias de um ou outro pensador elaboração e lançamento da Cam-
ao longo deste ano. que, mesmo movido pelo propó- panha do Estudo Sistematizado da

30 28 Reformador • Janeiro 2013


Doutrina Espírita (Esde), em 1983, acolhimento, consolo, esclarecimen- O Esde propõe, assim, à coleti-
até os nossos dias, a conscientiza- to, orientação, cooperação, trabalho vidade, a todos os participantes –
ção sobre a importância do estudo coletivo e divulgação pelo exemplo, estudantes, coordenadores, facili-
regular do Espiritismo nas casas com a proposta de participação de tadores ou colaboradores nas ati-
espíritas tem-se ampliado sempre. todos para o desenvolvimento inte- vidades de apoio – estudar e vi-
Neste ano, o Esde completa seu lecto-moral dos seres humanos. São venciar o Espiritismo de forma re-
30o aniversário. Muitos desafios fo- ações que resultam na humanização gular e contínua, atendendo à mo-
ram superados e outros se apresen- do relacionamento entre as pessoas. ral cristã e aos aspectos evolutivos
tam naturais no desenvolvimento O trabalho do Esde fundamen- da Ciência e da Filosofia.
das atividades que crescem em to- ta-se, pois, nas palavras de Jesus: Desde o começo, destacou-se que
do o Brasil e fora de suas fronteiras. “Conhecereis a verdade e a verdade o Esde não concorre com as demais
Neste momento comemorativo, va- vos libertará”.2 No entanto, o Esde atividades da Instituição Espírita,
le revisitar as dimensões dessa ideia é profundamente relacional, exigin- pois há outras formas de estudo que
norteadora do processo de estudo sis- do, em sua própria dinâmica, a inte- atendem a necessidades diferencia-
tematizado e regular do Espiritismo. ração entre as pessoas. Assim, cabe das, como as atividades da infância
Os resultados alcançados, ao aos responsáveis pelas atividades do e da juventude, o estudo e a prática
longo do tempo, evidenciam que Esde nas instituições espíritas estar da mediunidade, as palestras públi-
a filosofia do Esde reflete o objeti- atentos à definição de Emmanuel: cas, as ações de acolhimento, apoio
vo principal do Espiritismo: trans- material e moral da área de assis-
formação moral dos indivíduos a A fraternidade pura é o mais tência e promoção social, o acolhi-
partir da fé raciocinada. No con- sublime dos sistemas de relações mento espiritual etc. Ao contrário,
ceito espírita, fé significa mais do entre as almas.3 o Estudo Sistematizado da Doutrina
que simples crença, pois resgata o Espírita, quando bem aplicado e
conceito que Jesus e seus primeiros Sendo o estudo regular e siste- direcionado ao objetivo de promo-
seguidores utilizavam. Nessa pro- matizado do Espiritismo o seu ob- ver a integração do indivíduo, atua
posta renovadora, fé é sinônimo de jeto, o Esde busca estimular o como instrumento de identificação
fidelidade, sintonia, respeito e obser- aprendizado e a sua vivência de e de preparação de trabalhadores
vância da Lei Divina, que está ins- forma contínua, tendo como ba- para todas as áreas da Casa Espírita.
crita na consciência de cada ser. É se as obras codificadas por Allan A Federação Espírita Brasileira,
vontade ativa, porque demanda o Kardec e o Evangelho de Jesus. ademais, ao oferecer os programas
conhecimento dessa Lei e de sua do Esde, não tem a pretensão de que
aplicação nas relações com o próxi- 2
JOÃO, 8:32. sejam os únicos recursos de aprendi-
mo, para que o indivíduo sinta jus- 3 zagem a serem utilizados no Movi-
XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo
tificada a sua existência. Essa filo- Espírito Emmanuel. 3. reimp. Brasília: mento Espírita, apoia também ou-
sofia, no Esde, se traduz em ações de FEB, 2010. Cap. 141. tras formas de estudo do Espiritismo,

Janeiro 2013 • Reformador 29 31


desde que guardem coerência com do próximo, todos sempre cons- dos que têm a elevada incumbên-
os postulados da Codificação. De- cientes do propósito da autossu- cia de conservar a Doutrina Es-
fende que todo estudo sistematiza- peração e da importância do apoio pírita dentro de sua verdadeira
do precisa estar orientado por me- mútuo. Nessa linha de raciocínio, estrutura, e com a finalidade de
todologia que garanta a definição surge naturalmente a pergunta que promover a redenção do Espírito,
do que se pretende alcançar (obje- será desenvolvida no próximo arti- curando os males da alma e do
tivos) e a sugestão de possíveis ca- go: “É possível manter no Esde um sentimento, esclarecendo o enten-
minhos para o oferecimento da ambiente aberto ao diálogo e à con- dimento e alargando os horizon-
oportunidade do estudo do conteú- fiança entre os seus participantes?”. tes da Humanidade, na busca da
do espírita, evitando transformar 
felicidade e da paz.
a reunião em palestra ou, ainda, a Cabe, pois, aos espíritas, res-
perda de tempo com a discussão Integridade Doutrinária ponsáveis pelo Movimento Espí-
de quaisquer assuntos ao sabor da rita, uma ampla tarefa de divulga-
“inspiração”, sem a garantia de que “Desde a tarefa apostolar do ção das obras básicas da Doutri-
os participantes, em certo período insigne Mestre de Lion, que o Mo- na, promovendo um estudo siste-
de tempo, adquiram o conhecimen- vimento Espírita por ele iniciado, mático das mesmas, com chamada
to básico dos princípios e da propos- através da monumental obra da de atenção para os aspectos que
ta de renovação individual e coleti- Codificação, tem sofrido oscilações estão colocados à margem com
va, norteadores da filosofia espírita. na sua marcha e tem sido ameaça- graves prejuízos para a assimila-
Não se trata de escolarizar o Es- do na sua unidade ou integridade de ção correta dos princípios e bases
piritismo, como se tem pensado, princípios. do Espiritismo e de sua missão.
mas de oferecer aos interessados a A missão dos homens encarna- Recomendaríamos, portanto, o
oportunidade do estudo conjunto, dos e dos Espíritos encarregados de estudo de um plano amplo, no
para que o espírita, posteriormente, zelar pelo desenvolvimento da ideia sentido de esclarecer os mais res-
se faça autodidata do Espiritismo, ou espírita não tem sido fácil, dado ponsáveis pela dinamização do Mo-
seja, uma pessoa capacitada a buscar ainda o grau de ignorância das cria- vimento Espírita, da importância
por si mesma, por meio da pesquisa turas em geral, que procuram os do estudo, da interpretação e da
individual, os parâmetros que ba- esclarecimentos do Espiritismo de vivência do Espiritismo.
lizem o seu processo evolutivo, apro- maneira superficial e sem desejar, Exorando para todos nós as
veitando a oportunidade da reencar- na realidade, aprofundar conheci- bênçãos de luz e esclarecimento
nação para realizar, agora, o que vem mentos e modificar atitudes. de Deus, nosso Pai, os nossos vo-
adiando, muitas vezes, por séculos Em razão disso, vemos todos os tos de muito êxito na tarefa.”
e até milênios, e que passa neces- dias os mais disparatados concei-
sariamente pelo exercício da fra- tos a respeito da Doutrina Espí- Angel Aguarod
ternidade e da caridade em sua mais rita e, especialmente, da mediuni-
ampla expressão. O Esde, portan- dade, meio de comunicação com (Mensagem recebida na Reunião de Apoio
to, é estudo que convida à prática. o mundo dos desencarnados, pro- e Orientação Espiritual, da Federação Es-
Trata-se de um desafio imenso, vocando situações constrangedo- pírita do Rio Grande do Sul, em 28 de
4
que exige a criação e manutenção ras de toda a sorte para a verda- abril de 1976.)
de ambiente propício à interação, deira interpretação do que seja me-
4
por meio da qual cada um tenha a diunidade, como funciona e prin- OLIVEIRA, Gladis Pedersen. A missão e os
oportunidade de identificar os ele- cipalmente para que serve. missionários. Porto Alegre: Editora Fran-
cisco Spinelli, 2009. Cap. A implantação
mentos que o auxiliem em seu auto- Nesse sentido, há uma preo- da Campanha do Estudo Sistematizado da
conhecimento e no conhecimento cupação significativa por parte Doutrina Espírita – Esde, p. 173 a 175.

32 30 Reformador • Janeiro 2013


A FEB e o Esperanto

Reformador e Esperanto
A F F O N S O S OA R E S

N
a oportunidade em que se comemoram os presidente da FEB,
130 anos de existência ininterrupta de nossa Reformador passa
Revista, queremos ressaltar o fato de que, des- a estampar men-
de sua origem, o trabalho dos esperantistas-espíritas salmente matéria
em nossa terra tem seus êxitos assegurados pela po- sobre o ideal es-
derosa influência de Reformador em ambos os Movi- perantista.
mentos – Espírita e Esperantista. Graças à pene-
Desfrutando sempre de elevadíssimo conceito tração da Revista,
nestes círculos, o órgão oficial da Federação Espírita tornam-se conhe-
Brasileira (FEB) vai fecundando corações idealistas cidas no meio es-
entre os membros da família espírita, atraindo-os pírita nacional
para os ideais, igualmente elevados, da Língua Inter- as páginas me-
nacional Neutra, ao mesmo tempo em que tem lan- diúnicas que,
çado sementes da Doutrina Espírita no seio da cole- juntamente com
tividade esperantista em todo o planeta. o mencionado
Essa trajetória tem início em 1909 (Reformador de documento de 1909,
15 de fevereiro) com a publicação de um documen- são consagradas como pilares sustentadores do pro-
to redigido pelos esperantistas-espíritas da França, grama desenvolvido pela Casa de Ismael em torno
evidenciando as potencialidades da língua para a di- do esperanto, a saber, A Missão do Esperanto, ditada
fusão mundial do Espiritismo. por Emmanuel a Chico Xavier, em 1940, e O Es-
A partir desse peranto como Revelação, da autoria de Francisco
marco inicial, no- Valdomiro Lorenz, igualmente psicografada pelo
tícias e artigos saudoso médium mineiro, em 1959.
esparsos sobre o Consolidando-se na pauta dos trabalhos do Movi-
tema sustentam mento Espírita do Brasil, o esperanto passa a figurar
a divulgação do como seção fixa de Reformador (A FEB e o Esperan-
esperanto entre to), a qual permanece até hoje, impondo-se, pela fe-
os espíritas do cundidade e seriedade de seu conteúdo, como leitu-
Brasil, até que, a ra muito apreciada por todos os esperantistas, inde-
partir de 1937, pendentemente de suas confissões religiosas.
com a ação de Saudamos, portanto, em tão grata efeméride, tanto
Ismael Gomes a figura venerável de Augusto Elias da Silva, fundador de
Braga e o apoio nossa Revista, como o vulto ímpar do ex-presidente
de Luís Olím- da FEB, Leopoldo Cirne, a cujo lúcido idealismo de-
pio Guillon vemos a implantação do esperanto, em 1909, como
Ribeiro, então parte integrante das atividades espíritas no Brasil.

Janeiro 2013 • Reformador 31 33


Reunião das Entidades
Especializadas de
Âmbito Nacional
No dia 8 de novembro, ocor- sociação Brasileira de Divulga- dico-Espírita do Brasil (Ame-Bra-
reu na sede da Federação Espíri- dores do Espiritismo (Abrade), sil), Cruzada dos Militares Espí-
ta Brasileira a Reunião das Enti- Associação Brasileira de Psicó- ritas (CME), Instituto de Cultu-
dades Especializadas de Âmbito logos Espíritas (Abrape), Asso- ra Espírita do Brasil (Iceb), e como
Nacional. Compareceram os re- ciação Jurídico-Espírita do Bra- convidados: Organizacão Social
presentantes da Associação Bra- sil (Aje-Brasil) – em fase de or- Cristã Espírita André Luiz (Oscal)
sileira de Artistas Espíritas (Abrarte), ganização nacional –, Associação e Pró-Saúde Mental.
Associação Brasileira de Espe- Brasileira dos Magistrados Espí- A Reunião foi dirigida pelo
rantistas Espíritas (Abee), As- ritas (Abrame), Associação Mé- presidente interino da FEB,

Representantes das Entidades Especializadas

34 32 Reformador • Janeiro 2013


Antonio Cesar Perri de Carvalho, ficos, seja por demanda da pró- para ser assinado conjuntamen-
contando com a atuação dos di- pria FEB (ou a pedido das Fe- te pelas Entidades.
retores da FEB: Roberto Fuina derativas Estaduais), seja pelo Houve apresentação de pro-
Versiani, como secretário-geral oferecimento de projetos por posta, pela Comissão de Saúde
substituto do CFN da FEB, Célia parte da futura Coordenadoria e Espiritualidade, sobre Política
Maria Rey de Carvalho, como se- ou Conselho das Entidades Es- de Saúde Mental. Em relação às
cretária do evento, e José Valdo pecializadas de Âmbito Nacio- novas Comissões, Comunicação
de Oliveira. Houve relato de ações nal; – atuar junto a políticas pú- e Educação, ainda faltam defi-
das Entidades, passando-se, em blicas, como o trabalho da Co- nições. Hélio Ribeiro Loureiro
seguida, ao estudo de propostas missão de Direito e Acompa- e Ercília Zilli foram designa-
para a sua organização. nhamento Legislativo, em rela- dos relatores das Entidades Es-
Ao final, foi aprovada a estru- ção ao anteprojeto de reforma pecializadas para apresenta-
turação do trabalho das Entida- do Código Penal, e atividade de ção da síntese desta Reunião
des, estudando-se a criação de envio, aos senadores, de e-mails na Reunião Ordinária do CFN
uma Coordenadoria ou Conse- de alerta sobre pontos conside- da FEB, programada para o dia
lho das Entidades Especializadas, rados polêmicos e contrários aos seguinte.
tendo sido escolhida uma Co- princípios espiritistas; – produ- A próxima Reunião será nos
missão para desenvolver tal pro- zir documento específico, a par- dias 6 e 7 de abril de 2013, na
posta, assim constituída: coor- tir da Comissão de Direito e sede da FEB. Informações: <dire
denação – Marcelo Henrique Acompanhamento Legislativo, toria@febnet.org.br>.
Pereira; membros – Ercília Zilli
e Hélio Ribeiro; secretária – re-
presentando a FEB, Célia Maria
Rey de Carvalho. Foi também
Aos Colaboradores
definida a criação do grupo de Aos nossos prezados colaboradores solicitamos o obséquio
e-mails. O papel desta organiza-
de enviarem seus artigos, desde que sejam inéditos (não divulga-
ção será oferecer assessoria, na
forma de serviços e produtos dos em outros periódicos ou por meio eletrônico), para o e-mail
especializados ao Movimento <redacao.reformador@febrasil.org.br>, digitados de preferência, no
Espírita nacional, por meio da programa Word, fonte Times New Roman, tamanho de fonte 12,
FEB. São os vértices de sua atua- régua 15, justificado. O texto, para ser devidamente ilustrado,
ção: – dar apoio técnico à FEB
deve conter: até 30 linhas (1 página), até 80 linhas (2 páginas) e até
em áreas específicas e para a
realização de atividades de con- 110 linhas (3 páginas).
sultoria ao Movimento Espírita. Nas citações, mencionar as respectivas fontes (autor, título da
Como atuação subsidiária: au-
obra, edição, local, editora, capítulo e página), em nota de rodapé
xílio nas Campanhas Perma-
nentes ou Sazonais, adotadas ou referência bibliográfica.
pela Federação Espírita Brasilei- Informamos, outrossim, que só serão publicados os artigos
ra, e ainda algumas em áreas es- aprovados pela Comissão de Redatores.
pecíficas (Arte, Educação, Medi-
cina, Direito, Psicologia, Assis- Agradecemos-lhes o apoio e a compreensão, e que possamos
tência Social, entre outras), continuar unidos na tarefa de divulgação da Doutrina Espírita.
desenvolvendo projetos especí-

Janeiro 2013 • Reformador 33 35


Conselho Federativo Nacional

Reunião Ordinária
do Conselho Federativo
Nacional da FEB
A Reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB, realizada em sua sede, em
Brasília, nos dias 9, 10 e 11 de novembro de 2012, obedeceu à seguinte pauta

Mesa de Abertura: palavra do presidente interino, Antonio Cesar Perri de Carvalho

1. Instalação, prece e de Carvalho; os vice-presiden- Internacional, Charles Kempf


palavra do presidente tes da FEB, Geraldo Campetti So- (da França), e dos relatores das
do CFN brinho, Maria de Lourdes Perei- Entidades Especializadas de Âm-
ra de Oliveira e Marta Antunes bito Nacional.
No dia 9, às nove horas, teve de Moura; e o secretário-geral su- O presidente interino da FEB
início na sede da Federação Espí- bstituto do CFN, Roberto Fuina abriu a reunião solicitando à vi-
rita Brasileira, em Brasília, a Reu- Versiani. Além dos diretores da ce-presidente, Marta Antunes de
nião Ordinária do Conselho Fe- FEB, houve presença dos pre- Moura, proferisse a prece. Na pa-
derativo Nacional da FEB, com sidentes e representantes de to- lavra da presidência, pela primei-
apresentação musical de Gilza das as Entidades Federativas Es- ra vez transmitida ao vivo pela
Aparecida e Lígia Nogueira. Inte- taduais, da Comissão Executiva TVCEI, Antonio Cesar Perri de
graram a mesa: o presidente in- do CFN, do secretário-geral in- Carvalho destacou: “[...] deseja-
terino da FEB, Antonio Cesar Perri terino do Conselho Espírita mos boas-vindas a todos vocês,

36 34 Reformador • Janeiro 2013


que não mediram esforços para dedicou de corpo e alma todos os 2. Expediente
comparecer à Reunião Ordinária esforços de sua existência em fa-
do CFN da FEB, assegurando a vor da evangelização espírita in- Foram aprovadas por unani-
presença maciça da representação fantojuvenil e do Estudo Sistema- midade as Atas da Reunião Ordi-
das Entidades Federativas dos 26 tizado da Doutrina Espírita”. Dis- nária do CFN em 2011, publicadas
Estados e a do Distrito Federal. correu sobre as mudanças de dire- na Edição Especial da Revista
Digno de nota é que nos últimos tores e as reformulações nas Áreas Reformador, de maio de 2012, e
anos temos observado o cres- de atuação da FEB, ocorridas da Reunião Extraordinária do
cente e salutar interesse pelas ati- neste ano. Esclareceu que “em- CFN, realizada em agosto de 2012,
vidades do CFN, haja vista a par- bora não sejam matérias do âm- em São Paulo, na qual foram con-
ticipação de mais representantes bito do CFN, pela singeleza do templadas as emendas apresenta-
dos Estados”. momento” apresentava algumas das em Plenário.
Após referir-se aos convida- informações sobre a própria FEB,
dos, secretários regionais, coorde- referentes ao ano em curso. Assi- 3. Ordem do Dia
nadores de Áreas e assessores do nalou a lembrança pelos 150 anos
CFN, ou seja, da Comissão Exe- da publicação de Viagem Espí- 3.1 Oficina de Trabalho
cutiva do CFN, leu a mensagem rita em 1862, bem como destacou “Gestão das Entidades
do presidente da FEB licenciado, os importantes itens da Pauta, os Federativas”
Nestor João Masotti, que se en- quais terão desdobramentos sig- Marco Aurélio Rosa (equipe da
contra internado em hospital na nificativos para o Movimento Es- Secretaria-Geral do CFN) apre-
cidade de São Paulo, e prestou pírita, enfatizando que o momento sentou os objetivos da mesma. Em
homenagens a Cecília Rocha, ex- “requer de todos além da dedica- seguida, houve estudo em grupo
-vice-presidente da FEB, desencar- ção à Causa, a agilidade e a dina- sobre questões predefinidas, em
nada no dia 5 de novembro, “que mização das ações!”. que se reuniram as equipes por

Aspecto parcial do Plenário

Janeiro 2013 • Reformador 35 37


região, encerrando-se com as apre- – o vice-presidente da FEB, Geraldo Blume comentou a respeito de
sentações das conclusões, no Ple- Campetti Sobrinho; o secretário- um levantamento de dados para
nário, pelos secretários das Co- -geral substituto do CFN, Rober- se conhecer a realidade dos cen-
missões Regionais do CFN. Deci- to Fuina Versiani; e os secretários tros espíritas com relação à Área,
diu-se que esta Oficina de Tra- das Comissões Regionais do CFN destacando várias dificuldades;
balho será desenvolvida nas reu- – Aston Brian Leão (Centro), d) Área de Comunicação Social
niões das Comissões Regionais de Creuza Santos Lage (Nordeste), Espírita: Merhy Seba discorreu
2013. Manuel Felipe Menezes da Silva sobre vários eventos, agradeceu o
Júnior (Norte) e Ricardo de An- apoio recebido nestes 20 anos de
3.2 “Plano de Trabalho para drade T. de Mesquita (Sul). Cada funcionamento da Área e infor-
o Movimento Espírita Bra- Seção Regional do Congresso mou sobre o Encontro Nacional,
sileiro (2013-2017)” contará com uma Comissão Ope- programado para 2013;
Com base nas sugestões pro- racional, coordenada pelo res- e) Área do Estudo, Educação e
venientes das Reuniões das Co- pectivo secretário da Comissão Prática da Mediunidade: Marta
missões Regionais, o texto foi am- Regional e integrada por dirigen- Antunes de Moura discorreu sobre
plamente discutido e, após rece- tes da Entidade Federativa Esta- diversas ações, informou sobre o
ber emendas, foi aprovado, tendo dual anfitriã: o presidente e três Encontro de Coordenadores e As-
sido constituída uma comissão de diretores. sessores Regionais (Brasília, 27-
revisão para proceder às adequa- -30/10/2012), e sobre o projeto
ções ortográficas até o dia 30 do 3.4 Atividades Federativas “Capacitação do Trabalhador da
mês em curso. Áreas das Comissões Regio- Mediunidade na Federativa”;
nais: foi lembrado que as infor- f) Área do Estudo Sistematizado
3.3 4º Congresso Espírita mações sobre as mesmas já foram da Doutrina Espírita: Carlos Ro-
Brasileiro (11 a 13/4/2014) publicadas nesta revista. Passou- berto Campetti relatou as ativida-
Foram aprovadas as cidades- -se às informações mais recentes: des e referiu-se ao Encontro de
-sedes definidas nas Reuniões das a) Área de Apoio Administra- Trabalhadores do Esde (Brasília,
Comissões Regionais: Centro – Be- tivo e Jurídico à Casa Espírita: Ro- 12-14/10/2012) e à proposta do IV
lo Horizonte; Nordeste – Fortaleza; berto Fuina Versiani informou acer- Encontro do Esde (julho de 2013),
Norte – Manaus; Sul – Campo ca dos eventos realizados e co- com vistas à comemoração dos 30
Grande. Os representantes destas mentou sobre os Cursos de En- anos do Esde;
cidades informaram sobre o an- sino a Distância, ofertados pelo g) Área de Infância e Juventu-
damento das providências. Defi- Portal da FEB, e sobre o “Seminá- de: Miriam Masotti Dusi apresen-
niu-se o tema central do Con- rio Integrado Ações de Acolhi- tou as peças comemorativas dos
gresso: “O Evangelho segundo o mento, Consolo, Esclarecimento e 35 anos da Campanha Permanen-
Espiritismo: 150 anos de esclare- Orientação”, efetivado em todas as te de Evangelização Espírita In-
cimento e consolação” e foram regiões; fantojuvenil e explanou sobre as
selecionados 16 temas para pa- b) Área de Assistência e Pro- atividades desenvolvidas no VI
lestras, com base nas sugestões moção Social Espírita: José Car- Encontro Nacional (Brasília, ju-
coletadas nas reuniões das Co- los da Silva Silveira informou, lho/2012).
missões Regionais. Foi constituí- entre várias ações, sobre o En- Em seguida, passou-se à análise
da a Comissão Central Organi- contro Nacional previsto para e às deliberações em torno das prio-
zadora do 4o Congresso: coorde- julho de 2013; ridades para as Comissões Regio-
nador – o assessor do CFN, José c) Área do Atendimento Espi- nais de 2013 e sobre as Áreas. O
Antônio Luiz Balieiro; membros ritual na Casa Espírita: Hélio presidente interino da FEB, com

38 36 Reformador • Janeiro 2013


base em proposta já formulada na setores de estudo do Espiritismo, posta de Ação, com base nestas
Reunião Ordinária do CFN do realizados ou passíveis de serem recomendações e em definições da
ano de 2010, propôs e foi aprova- implementados nas Instituições Comissão Executiva do CFN, em
da a criação de Comissão Jurídi- Espíritas, em uma área denomi- todas as Áreas das Reuniões das
ca de Assessoria e Apoio ao CFN, nada ‘Área de Estudo’, que con- Comissões Regionais do CFN da
coordenada por Francisco Ferraz templará os estudos ou cursos FEB do ano de 2013; 3) Sub-
Batista (PR), tendo como mem- das Áreas de Infância e Juven- meter a proposta final à Reunião
bros Hélio Ribeiro Loureiro (RJ) e tude; Estudo das Obras Básicas; Ordinária do CFN da FEB, em
Gabriel Nogueira Salum (RS). estudo de outras obras como as novembro de 2013; 4) Tratar da
Logo depois, ocorreram várias de André Luiz, as de Manoel P. de operacionalização da proposta (a
manifestações sobre a organiza- Miranda; Esde em sinergia com ser aprovada na Reunião Ordiná-
ção e funcionamento das Áreas o Eade; Estudo da Mediunidade; ria do CFN de 2013), nas Reu-
das Comissões Regionais do CFN, reuniões de estudo específicas de niões das Comissões Regionais
ficando clara a necessidade de al- orientação e apoio à família en- do CFN do ano de 2014”.
gumas adequações. O presidente tre outras similares; e) Preparar
interino da FEB, após resumir as a separação na Área da Infân- 3.5 Apresentação do relatório
manifestações do Plenário, apre- cia e Juventude, no tratamento e das atividades das Entida-
sentou a proposta “Adequações e acompanhamento da Infância des Federativas Estaduais
Reformulações nas Áreas das e da Juventude; definir com as de- que integram o CFN
Comissões do CFN da FEB”, que mais Áreas o tratamento do as- Atendendo à Circular da presi-
foi aceita por unanimidade: “O sunto ‘família’; f) Revisar, na Área dência do CFN, os relatórios fo-
CFN aprovou a recomendação de do Sapse, as estratégias para que, ram preenchidos e encaminhados
urgência quanto à necessidade além das questões governamen- em formulário digital. Algumas
de se analisar e concretizar a in- tais e legais, sejam oferecidas orien- Federativas apresentaram pôs-
terface e a integração em todas as tações para as ações assistenciais teres e outras destacaram infor-
Áreas das Comissões Regionais das Instituições Espíritas; g) En- mações prioritárias em “Assuntos
do CFN. Especificamente, reco- fatizar na Área da Mediunidade gerais”.
menda algumas providências: a) o estudo direto nas Obras Bási-
Operacionalizar nas Áreas o es- cas da Doutrina Espírita; h) Evi- 3.6 Atividade Editorial da FEB
pírito de integração, que balizou tar a reprodução dos processos Reformador: Affonso Borges
a proposta do Seminário Integra- típicos de escolarização (como Gallego Soares, o editor de Refor-
do, efetivado nas Reuniões das prerrequisitos e outras exigên- mador, fez considerações gerais
Comissões Regionais do CFN; b) cias) nos cursos e nas atividades sobre a revista.
Estimular a reflexão sobre a edu- em geral; i) Seguir os passos de Editora da FEB: Geraldo Cam-
cação à luz do Espiritismo e con- acordo com o seguinte crono- petti Sobrinho, o responsável pela
siderar a questão da educação grama: 1) Definir proposta de Editora, apresentou informações
espiritual como fio condutor ação com base nestas Recomen- gerais sobre os livros e a Agenda
perpassando todas as Áreas; c) dações na Reunião da Comissão 2013, em lançamento no CFN, e
Realizar, na Área do Atendimen- Executiva do CFN programada discorreu sobre a proposta de edi-
to Espiritual, o diálogo e defini- para a primeira quinzena de fe- ção em parceria com as Federa-
ções de integração com as Áreas vereiro de 2013, já incorporando tivas da obra O evangelho segundo
de Mediunidade, Comunicação subsídios de reuniões das Coor- o espiritismo (tradução de Guillon
Social Espírita, Esde e Infância e denadorias das Áreas; 2) Anali- Ribeiro), a qual foi aprovada,
Juventude; d) Incluir todos os sar a operacionalização da Pro- tendo sido assinado o Termo de

Janeiro 2013 • Reformador 37 39


Compromisso no 01/
/2012, entre a FEB e
todas as Federativas
Estaduais.

3.7 Campanhas
Família,
Vida e Paz
Ocorreram rela-
tos por várias Fede-
rativas e pela FEB,
incluindo as infor-
mações sobre o Mo-
vimento Em Defesa
da Vida – Brasil sem
Aborto. Jaime Fer-
reira Lopes discor-
reu sobre o Institu- Homenagem ao ex-presidente da FEB: Juvanir Borges de Souza
to Vida (DF), cujo
objetivo é a preven-
ção do aborto. 3.10 Memória da Missão 3.12 Assuntos gerais
Espiritual do Brasil Hélio Ribeiro Loureiro, como
3.8 Movimento Espírita Inter- como “Coração do relator das Entidades Especiali-
nacional Mundo, Pátria do zadas, fez um resumo da reunião,
O secretário-geral interino do Evangelho” realizada no dia 8, e discorreu
CEI, Charles Kempf, discorreu so- Projeto apresentado por Eden sobre a proposta de estruturação
bre as ações do ano e destacou os Ernesto da Silva Lemos (RN), foi no trabalho das mesmas, com a
preparativos para o 7o Congresso aprovado, recebendo-se emendas até criação da Coordenadoria ou
Espírita Mundial (Havana, Cuba, 15/12/2012. A implementação será Conselho das Entidades Especia-
março de 2013). Roberto Fuina analisada nas Comissões Regionais lizadas de Âmbito Nacional. O
Versiani detalhou informações de 2013, e a efetivação, em 2014. presidente interino da FEB co-
sobre este evento. mentou sobre o recém-criado
3.11 Proposta de alterações Núcleo de Estudo e Pesquisa do
3.9 Informações sobre as do documento aprovado Evangelho da FEB, com página
alterações na TV CEI pelo CFN sobre Arte disponível no Portal da FEB.
O presidente interino da FEB Espírita Ocorreram informes pelas Fede-
informou que a TVCEI passou Sandra Farias de Moraes apre- rativas: Goiás, Mato Grosso do
para a gestão administrativa da sentou proposta de ajustes no tex- Sul, Pará, Rio de Janeiro e Rio
FEB. Luís Hu Rivas apresentou to aprovado na Reunião Ordinária Grande do Sul.
alguns programas exibidos e des- do CFN de 2010, igualmente apro-
tacou a ampliação para as TVs a vada, com alteração do título para 3.13 Próxima reunião
cabo e aberta, mediante contratos “Espiritismo e Arte”. As adequa- A Reunião Ordinária do CFN
com novos satélites, um deles em ções finais na redação serão feitas será nos dias 8, 9 e 10 de novem-
parceria com a Rede Boa Nova. pela Comissão Executiva do CFN. bro de 2013.

40 38 Reformador • Janeiro 2013


Divaldo Pereira Franco fala aos membros do CFN

4. Encerramento tes da FEB, na Biblioteca de em fase de edição por equipe da


Obras Raras. Usaram da palavra Federação Espírita Catarinense.
O presidente interino da FEB o presidente interino da FEB, a
passou a palavra a Divaldo Perei- diretora da FEB e filha do ho- 7. Presença de Divaldo
ra Franco, que transmitiu men- menageado, Regina Lúcia de Pereira Franco
sagem psicofônica de Bezerra de Souza Barbosa Rodrigues, que
Menezes, intitulada Novas conquis- estava acompanhada da filha No final da tarde do sábado, o
tas aproximam a Ciência da Reli- Alice. Geraldo Campetti Sobri- convidado fez abordagem sobre
gião (vide p. 8 e 9, desta edição). nho apresentou a citada Biblio- “Gratidão”, e ocorreu o lançamen-
Às 13 horas, o presidente en- teca. to, no Plenário do CFN, do livro
cerrou a Reunião e todos entoa- Em nome do Amor: A Mediuni-
ram o “Hino à Doutrina Espírita” 6. Apresentação especial dade com Jesus (Ed. FEB), com
e a “Canção da Alegria Cristã”. de filme transcrição de palestra, entrevista
na FEB e mensagens. Às 16 horas
5. Homenagem ao Durante a reunião do CFN foi do domingo, Divaldo proferiu pa-
ex-presidente Juvanir apresentado um trailler do filme O lestra pública nas dependências do
Anjo. Foi projetado fora da pauta Auditório Pedro Calmon, no Quar-
Na manhã do dia 9, houve o da Reunião e ocorreram sugestões tel General do Exército.
descerramento do quadro do ex- sobre ele e para o projeto partici- (A Ata desta Reunião do CFN
-presidente Juvanir Borges de pativo das Federativas. Produzido será publicada na Edição Especial
Souza na Galeria dos Presiden- por Marcelo Niess, encontra-se de Reformador, em maio.)

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Seara Espírita

Argentina: 50 anos de visitas de Divaldo das equipes de trabalho da FEB. Informações: <fe_espi
Em seguida à Reunião do CFN da FEB, Divaldo Pe- rita@yahoo.com.br>; <diretoria@febnet.org.br>.
reira Franco proferiu palestra, no dia 13 de novembro,
na Confederação Espírita Argentina, em Buenos Aires, São Paulo: Curso para Expositores
celebrando os 50 anos de sua primeira atuação naque- O 3o Curso de Expositores Espíritas, de Jundiaí e re-
le país. A sua visita inicial à Argentina deu início às gião, foi promovido pela USE – Intermunicipal de
suas atividades fora do Brasil. Nessas cinco décadas, Jundiaí, nos dias 10, 17 e 24 de novembro, em Itupeva
o orador já esteve em 415 cidades de 64 países dos (SP). Programação do Curso: O que é Comunicação;
cinco continentes. Informações: <www.febnet.org.br>; Teoria e Prática da Comunicação; A importância da
<www.mansaodocaminho.com.br>. divulgação do Espiritismo; Técnicas para alcançar os
objetivos da Comunicação Espírita; Análise Técnica
FEB: 70 anos de Paulo e Estêvão de Palestras. Informações: <usejundiaisecretaria@ter
Na Sede Histórica da FEB, no Rio de Janeiro (Av. Pas- ra.com.br>; <www.usesp.org.br>.
sos, 30), ocorreu, na manhã do dia 8 de dezembro, o
seminário “Os trabalhadores espíritas e os primeiros Mato Grosso: Capacitação para
cristãos, à luz da obra Paulo e Estêvão”, contando Evangelizadores
com a atuação do presidente interino da FEB, Anto- “Movimento espírita, a quem servimos?” e “Curso de
nio Cesar Perri de Carvalho, da diretora Célia Maria capacitação de evangelizadores da infância” foram os
Rey de Carvalho e de Wagner Gomes da Paixão. O temas do curso de Capacitação, promovido pela Fe-
evento encerrou as atividades de estudo do ano na deração Espírita do Estado de Mato Grosso, em sua
Sede Histórica da FEB. Este seminário foi implemen- sede, em Cuiabá, nos dias 24 e 25 de novembro.
tado em vários Estados em homenagem aos 70 anos Atuaram como facilitadores: Álvaro Crispino e Cín-
de publicação da obra. Informações: <diretoria@feb tia Vieira Soares. Informações: <www.feemt.org.br>.
net.org.br>.
FEB: Acesso em redes sociais
Primeiro programa de desenho animado O Portal da FEB tem sido muito acessado, diaria-
espírita mente. A página da FEB no Facebook atingiu mais
A TVCEI lançou, no dia 13 de novembro, o programa de 30 mil acessos, chamados “curtições”. Esforço con-
de desenho animado espírita 2D (Duas Dimensões), junto com amigos que acompanham as publicações
o qual é transmitido às terças-feiras, às 19 horas. No diárias de notícias, fotos, vídeos, áudios, mensagens
primeiro episódio, foi exibido o relato de Chico Xa- sobre o Movimento Espírita. Informações: <impren
vier sobre o medo que sentiu numa viagem de avião, sa@febnet.org.br>; <www.febnet.org.br>.
com base em trecho do histórico programa “Pinga
Fogo”. Informações: <www.tvcei.com>. Santa Catarina: Encontro de Medicina
Nos dias 16 e 17 de novembro, ocorreu o Encontro
Ceará: Juventude e Mediunidade Estadual de Medicina e Espiritismo, no Centro Es-
A Federação Espírita do Estado do Ceará promoveu pírita Fé, Amor e Caridade, em Florianópolis. Con-
o XI Congresso de Jovens Espíritas do Ceará, nos dias tou com 209 participantes, incluindo dirigentes de
17 e 18 de novembro, nas dependências do Lar Fabia- Uniões Regionais Espíritas da Federação Espírita
no de Cristo, em Jaguaretama. O tema central foi Catarinense. Houve atuação de Marta Antunes de Mou-
“Potencialidades e Desafios na Mediunidade na Ju- ra, vice-presidente da FEB, e de Ruth Salgado, da União
ventude”, com atuação de Tereza Cristina e Marco Leite, Espírita Mineira. Informações: <www.fec.org.br>.

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