Deus, a bondade divina

FE D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A
DEUS, CRISTO E CARIDADE Ano 126 • Nº 2.148 • Março 2008
“Deus é a inteligência suprema, causa

primeira de todas as coisas.”
ISSN 1413 - 1749
R$ 5,00
reformador Março 2008 - a.qxp 3/4/2008 10:41 Page 3
Expediente Sumário
4 Editorial
A Bondade Divina
12 Presença de Chico Xavier
Morte – Emmanuel
Fundada em 21 de janeiro de 1883
Fundador: Augusto Elias da Silva 13 Entrevista: Milton José Ramos
Confiança e otimismo
Revista de Espiritismo Cristão 21 Esflorando o Evangelho
Ano 126 / Março, 2008 / N o 2.148
Ganhar – Emmanuel
ISSN 1413-1749 34 A FEB e o Esperanto
Propriedade e orientação da
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA “A Tragédia de Santa Maria” – Cinqüentenário de
Diretor: NESTOR JOÃO MASOTTI
Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA publicação – Affonso Soares
Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO
CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO 42 Seara Espírita
NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO
Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA
Gerente: ILCIO BIANCHI
Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE
5 Mensagens do Além – Juvanir Borges de Souza
Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR
TORRES E CLAUDIO CARVALHO 8 O ESDE na visão do Plano Espiritual – Angel Aguarod
Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA
CARVALHO
15 O Homem de Bem – Mário Frigéri
16 III Encontro Nacional de Coordenadores do ESDE –
REFORMADOR: Registro de publicação
o
n 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí- Sônia Arruda
cia Federal do Ministério da Justiça), 18 Aborto – Visão científica e espiritual –
CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503
Weimar Muniz de Oliveira
Direção e Redação:
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20 Conseqüências do Aborto
70830-030 • Brasília (DF) 22 Deus, sua sabedoria e justiça no pensamento do
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Departamento Editorial e Gráfico: 25 Registros inéditos dos que fizeram parte da história
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26 Em dia com o Espiritismo – O Projeto Blue Brain –
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Marta Antunes Moura
29 Deus... – Licurgo Soares de Lacerda Filho
PARA O BRASIL 30 Ação de Deus no mundo e na História – Léon Denis
Assinatura anual R$ 39,00
Número avulso R$ 5,00
31 Cristianismo Redivivo – História da Era Apostólica –
PARA O EXTERIOR Jesus – Governador Espiritual do Orbe –
Assinatura anual US$ 35,00 Haroldo Dutra Dias
Assinatura de Reformador: 36 Amor – Alimento Divino – Hugo Alvarenga Novaes
Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274
E-mail: 37 Sentenças da vida – André Luiz
assinaturas.reformador@febrasil.org.br 38 Suicídio e Lei de Causa e Efeito – F. Altamir da Cunha
Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA 40 Sintonia e vibração – Aylton Paiva
Capa: AGADYR TORRES PEREIRA 41 Desencarna Hélio Burmeister
Editorial
A Bondade
Divina
A
primeira questão que Allan Kardec trata com os Espíritos Superiores,
em O Livro dos Espíritos, é sobre Deus: “Que é Deus?” Eles respondem:
“Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”. 1
Aprofundando a análise sobre os atributos de Deus, os Espíritos confir-
mam: “Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberana-
mente justo e bom”. 2
Analisados sob o ponto de vista materialista ou mesmo espiritualista que aceite
apenas uma única existência, e submetidos ao crivo da razão, esses atributos não
seriam considerados verdadeiros, uma vez que a vida humana se apresenta cheia de
violência e de agressividade, dando a impressão de que o homem já nasce condena-
do a sofrimentos injustos.
Observados, todavia, sob a ótica dos princípios espíritas, que apresentam o ser
humano como Espírito imortal, criado simples e ignorante, mas tendo já conquista-
do conhecimentos e virtudes através de inúmeras reencarnações, e que, por força da
Lei do Progresso, também emanada de Deus, tem, ainda, muitos conhecimentos e vir-
tudes a adquirir por intermédio das encarnações futuras, conquista esta que o levará,
cada vez mais, à felicidade interior decorrente de uma vida em harmonia com a Lei
Divina, passamos a compreender que Deus é realmente “soberanamente justo e bom”.
Quando contemplamos a Natureza, com os mundos se movimentando em equi-
líbrio, com a Terra, nossa casa, proporcionando-nos dias seguidos seguramente
marcados pela presença da luz solar, a qual nos alimenta com sua energia, que pre-
serva o clima adequado à sobrevivência humana e gera os alimentos necessários ao
seu corpo – “máquina” de divina concepção –, constatamos que Deus, na sua infi-
nita bondade, não só criou o homem Ser imortal, como também criou as condições
adequadas ao atendimento das suas necessidades de sobrevivência e evolução.
Por isto, conhecedor desta verdade, Jesus, o Espírito mais perfeito que habitou
entre nós, quando chamado de “bom”, questionou, com sabedoria: “Por que me
chamas bom? Não há bom, senão um só que é Deus”. 3
1
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 1. Ed. FEB.
2
Idem, ibidem. Questão 13.
3
Mateus, 19:17.
4 82 Reformador • Março 2008

Mensagens
J U VA N I R B O R G E S DE
do
SOUZA
Além
N
ão somente os espíritas con- comunicações entre os dois mun- e utilitaristas, que também tive-
fessos, mas inúmeras outras dos jamais deixaram de existir. ram origem no século XIX e se ex-
pessoas, em todo o mundo Com o progresso alcançado pandiram pelo mundo.
e em todos os tempos, têm recebi- por considerável parcela da Hu- Foi o auxílio Superior a uma Hu-
do comunicações das esferas espi- manidade, o Governo Espiritual manidade que progredira muito no
rituais, sob as formas mais diversas. da Terra julgou oportuno auxiliar tocante à existência material, mas
Com as verdades trazidas pelo seus habitantes com mais com- que desconhecia a vida espiritual
Cristo e especialmente por inter- preensão das leis naturais. da essência humana, em perma-
médio da Terceira Revelação, re- O mediunismo ocorrido nos Es- nente contato com os encarnados.
presentada pela Doutrina dos Es- tados Unidos da América, a partir Essa Assistência superior é o ou-
píritos, tornou-se claro, para todos da segunda década do século XIX, tro Consolador prometido pelo
os que conheceram e entenderam culminando com os fenômenos de Cristo, que viria ficar para sempre
as realidades da vida, que o fato de Hydesville, em 1848, continuados com os homens. Ele deu nova in-
o Espírito ligar-se à matéria, através com as denominadas mesas giran- terpretação e nova dimensão à ver-
de um organismo especial, como é o tes, que se espalharam pela Europa, dade e à vida, as quais têm signifi-
corpo humano, passando a defron- foram as formas adotadas inicial- cações que vão muito além das ob-
tar-se com fatos de predominância mente pela Espiritualidade supe- servações e das teorias religiosas e
material, não anula a ligação entre rior, a fim de chamar a atenção dos científicas dominantes neste orbe.
os mundos material e espiritual. homens para uma Nova Revelação, No nosso mundo, a evolução
O Espiritismo, como o Consola- destinada a aclarar as consciências, das idéias e a prevalência da ver-
dor prometido por Jesus, demons- preparando-as para novos conhe- dade, numa palavra, o progresso,
trou essa verdade que, sendo de- cimentos, com a retificação de er- não ocorre de repente, num salto,
corrência natural das leis divinas, ros tradicionais e o entendimento determinando a mudança total
como tantas outras, não havia sido correto da verdade, distorcida por dos paradigmas assentes.
percebida, em toda a sua extensão, interpretações infelizes e inexatas Mesmo comprovadas, as reali-
mas apenas registrada, no decor- das Escrituras de diversas religiões, dades só se firmam aos poucos,
rer da história da vida humana, na entre elas, as igrejas cristãs. numa população que se apega às
Terra, como um fato estranho, ao Surgiu então a Terceira Revela- tradições, aos enganos evidentes
qual eram atribuídas as mais di- ção, fundamentada na realidade para uma minoria, mas que se as-
versas procedências e explicações, dos fatos, no conhecimento das leis senhoreiam da grande maioria.
como a de que se originavam da naturais, ou divinas, ignoradas in- É o que ocorre neste nosso pla-
intervenção demoníaca. clusive pelas ciências dos homens, neta atrasado, com uma imensa
Entretanto, apesar da ignorân- e destinada a se opor às doutrinas população que se destina, ao mes-
cia dos homens, os fenômenos das materialistas, niilistas, positivistas mo tempo, a evoluir, com novos
Março 2008 • Reformador 83 5

conhecimentos e com o aperfei- verdades, respeitando o livre-arbí- pátria o maior centro dos estudos,
çoamento dos sentimentos, e a en- trio e a capacidade de entendimen- da prática e da irradiação do Espi-
frentar as expiações e provas im- to de cada um e dos grupos hu- ritismo no mundo.
postas pela Justiça Divina. manos de todos os quadrantes. É interessante considerar que a
Torna-se importante, para os Diante desse fato, não é de se es- Doutrina Espírita aqui chegou
seguidores sinceros da Doutrina tranhar que, após o sucesso inicial ainda nos tempos do Codificador,
Consoladora, a compreensão das da novel Doutrina, rapidamente quando surgiram grupos espíritas
causas da evolução morosa de um divulgada ao tempo de Allan Kar- na capital do Império e na Bahia.
mundo como o nosso. dec e nos anos que seguiram à sua Com a fundação de algumas ins-
O Governador espiritual deste desencarnação, com o apareci- tituições, entre as quais a Federação
planeta, o Cristo de Deus, oferece- mento de muitos adeptos, não só Espírita Brasileira, em 1884, que se
-nos os exemplos de serenidade, na França, mas em vários outros dispuseram a estudar, praticar e di-
paciência, pertinácia e perseveran- países da Europa, o Movimento vulgar a Doutrina dos Espíritos, fi-
ça, ao aguardar a oportunidade Espírita tenha diminuído, quase cou garantida sua presença entre os
para auxiliar os que se encontram homens, apesar das incompreen-
na retaguarda, respeitando as fa- sões e das perseguições, geradas pe-
ses evolutivas da população para la ignorância de muitos opositores.
enviar-lhe novos conhecimentos

e novos esclarecimentos sobre as-
pectos da verdade. De forma geral, os espíritas
Ele mesmo nos deixou a clara convictos conhecem o Movimen-
advertência: to Espírita brasileiro, estruturado
a partir do grande acontecimento
Conhecereis a verdade e que ficou conhecido como “Pacto
a verdade vos libertará. Áureo”, assinado em 1949.
Por esse acordo, unificou-se o

Movimento em todo o Brasil,
Se observarmos com grande proveito para a
atentamente os traba- Doutrina e seus seguidores.
lhos da Espiritualidade, Nessa época, a Federação já
desde a fenomenologia do sé- havia criado seu Departamento
culo XIX, seguida dos extraordiná- Editorial e Gráfico, tornando-se
Francisco Cândido Xavier
rios ensinos dos Espíritos, conju- a maior editora de livros espíritas
psicografou diversas mensagens
gados aos trabalhos metódicos do do mundo, condição que conti-
Codificador, dos médiuns com os desaparecendo sob o impacto de nua nos dias atuais.
quais trabalhou e de todos os que duas grandes guerras mundiais e Mas, antes da existência do re-
contribuíram para que a Terceira de outros fatores, próprios de um ferido Departamento, a FEB já se
Revelação chegasse ao nosso mun- mundo pouco desenvolvido. preocupava com a divulgação
do, verificamos que, apesar da im- Entretanto, ao mesmo tempo doutrinária, editando livros e sua
portância dos conhecimentos no- que arrefecia o interesse pelo Es- revista Reformador.
vos para toda a Humanidade, nem piritismo na Europa e na América É desse período, que compreen-
o Cristo e todos aqueles que estão do Norte, no Brasil e em alguns de as décadas de 1920 e 1930, que
a seu serviço, nem as leis divinas e países da América do Sul ele cres- vamos destacar algumas publica-
seus executores impõem as novas cia, ao ponto de se tornar a nossa ções da Federação, simples em sua

feição gráfica, mas que tiveram as crises por ela causadas, o temor Com cuidado e vigilância, ob-
grande repercussão nos meios lite- do desconhecido e tudo o que ocor- servava o médium, que escrevia
rários da época, pelas personalida- re em todo o seu desenvolvimento. com incrível rapidez, enchendo as
des dos escritores envolvidos e pe- O autor baseia-se na obra de folhas rubricadas.
las circunstâncias nelas narradas. Ernesto Bozzano, apreciando e co- A primeira mensagem recebida
Dessas publicações, de distribui- mentando o testemunho dos que era um belo soneto, assinado por
ção gratuita, algumas chegaram ao passaram pelo fenômeno da morte. Augusto dos Anjos, com a mesma
conhecimento de amigos e fami- letra, estilo e forma que o distingui-
liares, na minha fase de adolescen- III – Agripino Grieco e as Men- ram quando vivera entre os homens.
te e estudante, de sorte que, só anos sagens do Além Depois foi Humberto de Cam-
mais tarde, percebi sua importância Almerindo Martins de Castro, co- pos, um de nossos maiores escri-
e beleza, razões pelas quais julguei nhecido escritor espírita, narra nes- tores, grande amigo de Agripino,
interessante relembrá-las, para que sa pequena obra, editada pela livra- que lhe enviou longa mensagem,
não caiam em total esquecimento. ria da FEB em 1939, o que ocorreu reiterando a amizade que lhe de-
Eis algumas dessas pequenas pu- com Agripino Grieco, o maior dos dicava e relembrando episódios
blicações, com as respectivas datas: críticos literários de sua época, não da convivência de ambos, no Rio
só pelo fulgor de seu estilo, mas tam- de Janeiro.
I – A Vida além da Morte bém pela erudição de suas críticas.

Impressa nas oficinas do jornal Encontrava-se Agripino de férias,
A Noite (já desaparecido), em 1924. em Belo Horizonte, quando foi con- Atualmente, com o crescimen-
Trata-se da conferência do gran- vidado a comparecer a uma reunião to e modernização do Parque Grá-
de escritor Coelho Neto, no Abri- espírita, onde se encontraria com o fico da FEB, a divulgação tomou
go Thereza de Jesus, no dia 14 de médium Francisco Cândido Xavier. dimensões tais que livros, mensa-
setembro de 1924, na qual o orador Aceitou o convite, por polidez, gens, apostilas, enfim todo e qual-
narra fatos interessantes ocorridos já que era avesso a assuntos que quer tipo de material audiovisual
em sua família e que o levaram a não fossem ligados aos seus pro- é produzido em larga escala para,
converter-se ao Espiritismo. pósitos literários. em tempo mínimo, beneficiar to-
Naquela época, talvez tenha si- Na reunião, percebeu logo a do o Movimento Espírita no Brasil
do a primeira vez que um Espírito simplicidade do ambiente, diferen- e no Exterior sustentando múlti-
(a neta falecida do escritor) tenha te das pompas do culto católico. plas iniciativas doutrinárias.
se comunicado com seus familia-
res através do telefone, o que im-
pressionou a todos que tomaram
conhecimento do fato e foi a cau-
sa determinante da conversão nar-
rada pelo escritor e conferencista.
II – Transposição de Umbrais
Conferência feita na sede da Fe-
deração Espírita Brasileira pelo
Dr. Leal de Souza, em 21 de se-
tembro de 1924, e publicada pe-
la livraria da FEB. Modernização do Parque Gráfico da FEB:
O assunto focalizado é a morte: produção de livros, mensagens, apostilas em larga escala

O ESDE na visão do
Plano Espiritual
Ao aproximar-se mais um evento de âmbito nacional para vitalizar a Campanha do Estudo
Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE), a vice-presidente da FEB Cecília Rocha
lembrou-se da importância de entrevistar seu inspirador – o Espírito ANGEL AGUAROD –,
através do dedicado médium Divaldo Pereira Franco, que obteve as respostas
às perguntas dirigidas ao querido Benfeitor espiritual
1. Podemos dizer que o trabalho curar. Esse o ponto de partida, mos que a aplicação dos valores
que vem sendo desenvolvido na o elemento real do bem-estar, o doutrinários vem obedecendo à
área do Estudo Sistematizado da penhor da segurança de todos.* planificação inicial, sem qualquer
Doutrina Espírita está de acordo retoque.
com a programação do Plano Espi- Logo concluímos que o Estu- Os obstáculos enfrentados fa-
ritual? do Sistematizado da Doutrina zem parte do processo de identifi-
Espírita constitui o mais eficien- cação que deve viger entre os edu-
Consideremos o Espiritismo te método pedagógico para a candos e os métodos educativos,
na sua condição de doutrina educação de todos aqueles que se que o tempo superará em face da
educativa, conforme o pensa- candidatam à auto-iluminação. inteireza dos postulados espíritas
mento do preclaro Codificador, Isto porque, através da instrução propostos, contribuindo para a
na questão 685-a de O Livro dos e do esclarecimento dos aprendi- cura da desordem e da imprevidên-
Espíritos, quando esclarece: zes, favorece a educação moral cia, as duas chagas da sociedade.
em toda a sua profundidade, es-
[...] Esse elemento é a educação, pecialmente pelos exemplos ofe- 2. A Campanha do Estudo Sis-
não a educação intelectual, mas recidos pelos seus divulgadores. tematizado da Doutrina Espírita
a educação moral. Não nos Elaborado no Plano Espiritual foi lançada no Conselho Federa-
referimos, porém, à educação por nobres educadores desencar- tivo Nacional, em 1983. Sabemos
moral pelos livros e sim à que nados, responsáveis pelo pro- que alguns Estados abraçaram-na
consiste na arte de formar os gresso moral das criaturas huma- e a desenvolveram com empenho e
caracteres, à que incute hábitos, nas e transferido para a Terra outros ainda não tiveram essa
porquanto a educação é o con- mediante inspiração aos lidado- determinação. O que podemos fa-
junto dos hábitos adquiridos. res da divulgação do Espiritismo zer para auxiliá-los na implanta-
.................................................... nos seus três aspectos, constata- ção dessa Campanha?
A desordem e a imprevidência
são duas chagas que só uma *
O livro dos espíritos, 29. ed. FEB. (Nota do Toda idéia nova experimenta
educação bem entendida pode Autor espiritual.) reações naturais daqueles que se

encontram ancilosados na roti- diz respeito ao Espiritismo, ain-

na. Sentindo-se incomodados da permanece o interesse ime-
ante os desafios que os novos diatista, egóico, buscando-se no
empreendimentos propõem, fenômeno mediúnico orienta-
preferem ignorá-los, a fim ção e respostas para os pro-
de impedir-lhes o avanço ou blemas que cada qual deve
recusam-se a aceitá-los, con- resolver, mediante a aplica-
siderando desnecessários ou ção do discernimento e da
sem os fundamentos de se- razão defluentes do estu-
gurança para aplicação do sério da Doutrina.
imediata. Outrossim, no Esse comportamento, no
caso, em tela, Forças espiri- entanto, é transitório, e mo-
tuais negativas, que conspi- mento chegará em que no-
ram contra o progresso da vos servidores tomarão o ru-
Humanidade em geral e do mo correto da conduta espíri-
Espiritismo em particular, trata, servindo com afã e divul-
balham com afinco, torpedean- gando-a com sabedoria.
do tudo quanto pode promover e Vale, portanto, insistir, no
dignificar o ser humano. compromisso, estimulando e es-
Jesus enfrentou-as, assim co- clarecendo os Espíritos que se
mo todos aqueles que trabalha- estão reencarnando para auxiliar
ram pelo desenvolvimento ético- a grande transição...
-moral, científico, filosófico e tec-
nológico do ser humano. Angel Aguarod 4. Por que uma Campanha de
Nada obstante, o tempo im- tal envergadura, com tantas possi-
placável sempre termina por manter equipes de trabalho que bilidades no campo da transfor-
vencer a obstinação dos cômo- realmente abracem o ideal da mação moral dos homens, encon-
dos, porque a lei do progresso é Campanha do Estudo Sistema- tra tamanhas dificuldades para ser
inexorável, e os avanços fazem-se tizado da Doutrina Espírita? realizada?
com os homens, sem os homens ou
apesar dos homens. Quando se instalam nas mentes A Terra é um planeta de provas e
Perseverar, portanto, insistindo e nos corações daqueles que abra- expiações, onde predominam, por
na implantação e no desenvolvi- çam a Doutrina Espírita a cons- enquanto, as paixões primárias,
mento de aplicação do ESDE em ciência e o sentimento do dever de dificultando a libertação do ser
toda parte, é o dever que nos cabe divulgá-la por todos os meios pos- humano dos seus instintos agres-
manter, impertérritos, seguindo síveis, qual fizeram os apóstolos de sivos em face da razão em desen-
os passos do Mestre por excelên- Jesus, desprovidos aparentemente volvimento. É um planeta inferior,
cia, que nunca desanimou, bem dos recursos exigíveis para o mi- porque aqueles que a habitam, ain-
como do mestre de Lyon que im- nistério, logo surgem os trabalha- da são Espíritos imperfeitos, con-
plantou intimorato os alicerces da dores de boa vontade e portadores forme acentuou o Codificador.
Nova Era, confiando no futuro. de conhecimentos para o ministé- É compreensível que as valiosas
rio que lhes diz respeito. contribuições em favor da trans-
3. Como pode ser avaliada a di- Ocorre que, em muitos bol- formação moral das criaturas en-
ficuldade dos Estados em formar e sões da cultura terrestre, no que frente as dificuldades decorrentes

do estágio em que se encontram. têm todos aqueles que se candida- Insistir, ponderando na sua
Não foi diferente o que aconteceu tam ao crescimento interior, em- aplicação, é o recurso de que se
com Jesus e vem ocorrendo nos bora os prejuízos que decorrem pode e se deve utilizar, embora
quase dois mil anos desde quando do seu livre-arbítrio... os resultados iniciais não sejam
Ele desejou instalar nos corações Vale, todavia, considerar que muito promissores, o que virá a
o Reino de Deus. esses amigos afetuosos, que assim ocorrer quando as mentes estive-
A Parábola do semeador é um agem, realmente não se encon- rem mais lúcidas e o discerni-
exemplo digno para reflexões em travam preparados para o come- mento mais esclarecido.
torno dos impedimentos encon- timento, aceitando-o momenta-
trados para a aplicação do ESDE neamente por entusiasmo ou 7. Como o Plano Espiritual vê a
na Terra. imaturidade. colaboração que o Brasil vem ofe-
Tenha-se em mente, porém, Outros virão, no momento pró- recendo a outros países na área do
que os avanços são muito mais prio, desde que se porfie no bom Estudo Sistematizado da Doutri-
expressivos do que os recuos e os combate sem desânimo, nem es- na Espírita?
enfrentamentos perturbadores. tatística de avaliação negativa de
O número daqueles que abraçam resultados... Sem nenhum nacionalismo
o excelente método educativo é mesquinho, tenha-se em mente
representativo, significando va- 6. As equipes que trabalham que, no Brasil, o Espiritismo en-
liosas conquistas que se multipli- como coordenadores e monitores controu solo fértil e vem frutifi-
carão no futuro. precisam ser constantemente pre- cando de maneira feliz, embora
paradas e orientadas para o bom os problemas que surgem, vez
5. A constante mudança de pes- desempenho da tarefa. Que orien- que outra, o que é perfeitamente
soas responsáveis pelo trabalho tações pode nos dar para que essa normal, em um Movimento que
tem influído negativamente na formação atenda as necessidades, se expande em todas as direções.
expansão da tarefa? tendo em vista que há muita A experiência do Brasil no que
resistência à adesão aos cursos de diz respeito ao estudo da Dou-
Sem qualquer dúvida, quando capacitação? trina é valiosa, considerando-se
alguém abandona a enxada valio- os programas que têm sido ela-
sa no campo de trabalho, vêm as Hodiernamente, urge a neces- borados e aplicados nas diversas
intempéries que se encarregam de sidade de contínuos cursos de ca- sociedades espíritas deste país
danificar o instrumento e de per- pacitação, de treinamento, de atua- continental.
mitir o surgimento das ervas más lização em todas as áreas do de- Tendo-se em vista o (re)nas-
no terreno... No entanto, em face senvolvimento intelecto-moral cimento do Espiritismo em di-
das necessidades a que muitos tra- da criatura. Observamo-lo em versos países onde dantes houve
balhadores frágeis se referem, mo- todos os capítulos dos empreen- expressivo número de adeptos,
tivando-os às mudanças de atitu- dimentos sociais, culturais, téc- assim como em alguns deles,
de em relação aos compromissos nicos, educacionais... Em razão nos quais não se desenvolveu,
morais e espirituais, compreensi- do incessante progresso, fazem- ou sequer foram criados gru-
velmente, justificam o seu aban- -se indispensáveis os programas pos, a contribuição da experiên-
dono ao dever de iluminação de de modernização, evitando-se o cia brasileira é de grande utili-
consciências e de autolibertação marasmo, a fixação de métodos dade e tem sido valiosa, espe-
das paixões primitivas. Postergam ultrapassados e de informações cialmente naqueles que vêm
o estágio evolutivo para situações que não mais correspondam às aplicando os valiosos contribu-
mais graves no porvir, direito que exigências do momento. tos do ESDE.

8. Qual a melhor mensagem a aceitação por todos aqueles que questão 621), e ninguém consegue
ser transmitida ao trabalhador do anelam por um mundo melhor e anestesiá-la indefinidamente...
ESDE, às voltas com o grande uma sociedade mais feliz.
avanço da Ciência e da Tecnolo- Diálogos, comentários, artigos, 11. Considerando as responsa-
gia, em um contexto social e cul- estudos em grupo, disseminação bilidades daqueles que estão na
tural eivado de contradições e no das teses do ESDE (jornais, rádio, liderança do trabalho do Estudo
qual se observa acentuada inver- televisão, Internet), torná-lo-ão Sistematizado da Doutrina Espí-
são de valores morais? conhecido, facilitando a aceitação rita, que mensagem poderia nos
por parte daqueles que ainda não deixar ao comemorarmos os 25
A melhor mensagem a ser en- o conhecem ou não se identifica- anos da Campanha?
caminhada ao trabalhador do ram, de início, com a sua oportu-
ESDE, neste momento, é a mes- na programação. Um empreendimento de tal
ma enunciada por Jesus, durante porte que comemora um quarto
o Seu ministério: Amar ao próxi- 10. Como os dirigentes espíritas de século é digno do maior res-
mo como a si mesmo e não fazer a poderão colaborar na implanta- peito, ainda mais considerando-
outrem o que não deseja que lhe ção do Estudo Sistematizado e na -se que a proposta não ficou es-
seja feito, constituindo-lhe o mais criação de condições mais favorá- tagnada nas suas bases iniciais.
eficiente roteiro para o equilíbrio veis ao trabalho nessa área tão Antes acompanhou o progresso
moral e emocional, no período importante, por suas característi- da cultura, da Ciência e da Tec-
em que os valores ético-morais cas, no Movimento Espírita? nologia, enriquecendo-se com os
enfermos parecem dar lugar aos mais modernos recursos técni-
desequilíbrios de toda ordem. Os dirigentes espíritas de socie- cos da ciência da educação e da
A observância das máximas de dades doutrinárias têm o dever de metodologia do ensino.
Jesus faculta harmonia interior, conhecer a Doutrina, a fim de Preservar, portanto, as bases
equilíbrio psicológico, felicidade bem a vivenciarem, divulgando os doutrinárias, os paradigmas e li-
real, tornando-se psicoterapia seus postulados. Como o ESDE é ções do Espiritismo conforme
preventiva e curativa para quais- um dos mais valiosos meios para exarados na Codificação, é o de-
quer tipos de aflições. alcançar-se o objetivo essencial da ver de todos aqueles que abraça-
propaganda do Espiritismo, im- mos a Terceira Revelação como o
9. Que recursos poderiam ser, plantá-lo nas entidades que diri- Consolador Prometido, encarna-
ainda, acionados para expandir a gem, após o estudo que se impõe, dos ou desencarnados, a fim de
tarefa de implantação da Campa- constitui compromisso que não que as novas gerações palmilhem
nha do Estudo Sistematizado da pode ser transferido de ocasião. as estradas da iluminação inte-
Doutrina Espírita? Aqueles que, por ociosidade ou rior de forma racional e adequa-
negligência, assumindo responsa- da aos novos tempos.
A divulgação bem-feita de to- bilidades no Movimento Espíri-
da idéia é responsável pela sua ta, por livre e espontânea vontade, Salvador, 30 de janeiro de 2008
aceitação. Ampliar a propagação não se dedicam a ampliar os seus
da Campanha do Estudo Siste- horizontes, hipertrofiam o pro- Angel Aguarod
matizado da Doutrina Espírita, gresso doutrinário e deverão res-
explicando-se os seus conteúdos ponder pela leviandade de que se (Psicografado por Divaldo Pereira Fran-
e finalidades, por todos os meios fazem portadores. A consciência é o co, na manhã de 30 de janeiro de 2008,
ao alcance na atualidade, será o sublime recanto onde está escrita a no Centro Espírita Caminho da Reden-
contributo mais eficaz para a sua Lei de Deus (O Livro dos Espíritos, ção, em Salvador, Bahia.)

Presença de Chico Xavier
Morte
S
endo a mente o espelho da vida, entenderemos Um diploma universitário é, no fundo, o pergami-
sem dificuldade que, na morte, lhe prevalecem nho confirmativo do tempo de recapitulações indis-
na face as imagens mais profundamente inscul- pensáveis ao domínio do aprendiz em certo campo de
pidas por nosso desejo, à custa da reflexão reiterada, de conhecimento para efeito de serviço nas linhas da cole-
modo intenso. Guardando o pensamento – plasma fluí- tividade.
dico – a precisa faculdade de substancializar suas pró- Segundo o mesmo princípio, a morte nos confere a
prias criações, imprimindo-lhes vitalidade e movimento certidão das experiências repetidas a que nos adaptamos,
temporários, a maioria das criaturas terrestres, na tran- de vez que cada espírito, mais ou menos, se transforma
sição do sepulcro, é naturalmente obcecada pelos qua- naquilo que imagina. É deste modo que ela, a morte,
dros da própria imaginação, aprisionada a fenômenos extrai a soma de nosso conteúdo mental, compelindo-nos
alucinatórios, qual acontece no sono comum, dentro do a viver, transitoriamente, dentro dele. Se esse conteúdo é o
qual, na maioria das circunstâncias, a individualidade bem, teremos a nossa parcela de céu, correspondente ao
reencarnada, em vez de retirar-se do aparelho físico, des- melhor da construção que efetuamos em nós, e se esse
cansa em conexão com ele mesmo, sofrendo os reflexos conteúdo é o mal estaremos necessariamente detidos na
das sensações primárias a que ainda se ajusta. parcela de inferno que corresponda aos males de nossa
Todos os círculos da existência, para se adaptarem autoria, até que se extinga o inferno de purgação mereci-
aos processos da educação, necessitam do hábito, por- da, criado por nós mesmos na intimidade da consciência.
que todas as conquistas do espírito se efetuam na base Tudo o que foge à lei do amor e do progresso, sem a
de lições recapituladas. renovação e a sublimação por bases, gera o enquista-
As classes são vastos setores de trabalho específico, plas- mento mental, que nada mais é que a produção de nos-
mando, por intermédio de longa repercussão, os objetivos sos reflexos pessoais acumulados e sem valor na circu-
que lhes são peculiares naqueles que as compõem. lação do bem comum, consubstanciando as idéias fixas
É assim que o jovem destinado a essa ou àquela car- em que passamos a respirar depois do túmulo, à feição
reira é submetido, nos bancos escolares, a determinadas de loucos autênticos, por nos situarmos distantes da
disciplinas, incluindo a experiência anterior dos orien- realidade fundamental.
tadores que lhe precederam os passos na senda profis- É por esta razão que morrer significa penetrar mais
sional escolhida. profundamente no mundo de nós mesmos, consumindo
O futuro militar aprenderá, desde cedo, a manejar os longo tempo em despir a túnica de nossos reflexos menos
instrumentos de guerra, cultuando as instruções dos felizes, metamorfoseados em região alucinatória decor-
grandes chefes de estratégia, e o médico porvindouro rente do nosso monoideísmo na sombra, ou transferin-
deverá repetir, por anos sucessivos, os ensinos e experi- do-nos simplesmente de plano, melhorando o clima de
mentos dos especialistas, antes do juramento hipocrático. nossos reflexos ajustados ao bem, avançando em degraus
Em todas as escolas de formação, vemos professores conseqüentes para novos horizontes de ascensão e de luz.
ajustando a infância, a mocidade e a madureza aos princí-
pios consagrados, nesse ou naquele ramo de estudo, fixan- Pelo Espírito Emmanuel
do-lhes personalidade particular para determinados fins,
sobre o alicerce da reflexão mental sistemática, em forma Fonte: XAVIER, Francisco C. Pensamento e vida. 17. ed. Rio de
de lições persistentes e progressivas. Janeiro: FEB, 2006. Cap. 29, p. 131-135.

Entrevista M I LTO N J O S É R A M O S
Confiança
e otimismo
O presidente da Federação Espírita do Estado de Alagoas, Milton José Ramos,
comenta ações do Movimento Espírita alagoano, o centenário da Federação,
e demonstra confiança, otimismo e disposição para o trabalho
Reformador: Como se desenvolve Esta fase de transição, que teve fácil. Uma sinalização do atual
o Movimento Espírita em Alagoas? início no ano 2000, é cheia de per- momento, é um sonho a ser al-
Milton: As forças vivas do nosso calços, visto que representa mu- cançado, o qual representa a nos-
Movimento estão constituídas pe- dança em hábitos alicerçados ao sa visão de futuro que é “tornar a
las ações da Federação, da Associa- longo do tempo; e mudança com- nossa Federativa a instituição co-
ção Médico-Espírita de Alagoas, portamental não é um processo laboradora na organização das ca-
da Jornada da Mulher Espírita, sas espíritas e na capacitação dos
das ações específicas das casas seus trabalhadores, levando-os a
espíritas, adesas ou não à nossa atuarem na sociedade conforme
Federativa, e por um órgão que a ética do Cristo”.
pretendemos reativar, já que teve
vida efêmera, que é a Associação Reformador: No momento, quantos
dos Divulgadores do Espiritismo centros estão unidos à Federação?
de Alagoas. Milton: Somos 59 instituições
Especificamente, com relação adesas, sendo 35 em Maceió
à Federação, entendo que viven- (Capital) e 24 espalhadas
ciamos uma fase de transição, de por 18 cidades do interior
mudança de um modelo do Estado, além de 6 ins-
que já teve a sua im- tituições com a adesão
portância. Estamos ca- em andamento. Es-
minhando para uma tes dados demons-
ação mais aberta, tram que temos
participativa, ten- muito trabalho
dendo à união pela frente,
entre as pessoas uma vez que
e conseqüente Alagoas pos-
unificação do sui 101 mu-
Movimento. nicípios.

Divaldo Pereira Franco, versan- Maceió e na Assembléia Legisla-

do sobre “A Atualidade Cientí- tiva do Estado, referentes ao Mo-
fica do Espiritismo”; no dia se- vimento “Defesa da Vida e não
guinte realizou-se um seminário ao Aborto”, estivemos voltados
a cargo do presidente da FEB, para consolidar as estruturas da
Nestor João Masotti, sobre o te- nossa Federação, quais sejam: a)
ma “A Instalação da Nova Era” e, captação de recursos financeiros,
em seguida, um seminário com materiais e humanos; b) resgate
Divaldo Pereira Franco intitula- das ações das Coordenadorias,
do “Iluminação Interior”. Nestas do Conselho Fiscal, dos Conse-
comemorações, homenageamos lhos Regionais e do Conselho Es-
as nossas casas espíritas mais an- tadual Espírita. Os dois últimos
tigas: Centro Espírita Alagoano sendo decisivos na elaboração das
Sede da Federação Espírita do
Estado de Alagoas
Melo Maia, com 109 anos, e o Gru- próximas metas, fundamentadas
po União Espírita com 108 anos no nosso “Planejamento Estraté-
Reformador: Quais são as princi- de existência. gico 2008-2012”. As metas conti-
pais comemorações pelo centenário A programação de aniversário das neste planejamento caracte-
da Federação? terá prosseguimento com a reali- rizam-se pelo grande esforço que
Milton: O tema de nosso cente- zação, no período de 16 a 18 de o Movimento Espírita irá em-
nário é “100 anos com Jesus e maio, do IV Encontro de Medi- preender para a sua moderniza-
Kardec iluminando consciências”. cina e Espiritualidade de Ala- ção, organização e humanização
São cem anos de história que goas, promovido pela AME-AL de procedimentos, visando o ama-
contou com a participação de ex- com o tema “Deus, Espírito, Men- durecimento, a solidificação de
poentes do Espiritismo nacional, te e Cérebro”, e terá o seu ápice nossas ações e relações, e a divul-
como Vianna de Carvalho, em nos dias 5, 6 e 7 de setembro, gação da Doutrina Espírita em
1913, e Leopoldo Machado, em quando ocorrerá o 7o Fórum de bases mais sólidas.
1942 e, em 1950, com a Caravana Debates Espíritas de Alagoas Em 2008, trabalharemos fun-
da Fraternidade. Este ano será de (FOREAL), com o tema “A Me- damentados em um “Plano de
muita efervescência, pois que to- diunidade no Mundo em Trans- Gestão” que está se consolidan-
das as realizações de 2008 terão formação”, ambos no Centro de do, em consonância com as dire-
este evento como foco. Especifi- Convenções de Maceió. trizes do “Plano de Trabalho pa-
camente tivemos no dia 6 de ja- ra o Movimento Espírita Brasi-
neiro (data do aniversário) uma Reformador: E os principais pro- leiro (2007-2012)”. A base de
série de homenagens a ilustres es- jetos programados e em execução nosso plano são os objetivos de-
píritas de Alagoas. Neste mesmo para este ano? finidos pelo Conselho Estadual
dia homenageamos as nossas ca- Milton: Em 2007, além de reali- Espírita, em duas reuniões acon-
sas espíritas, entregando-lhes um zarmos alguns eventos signifi- tecidas em Arapiraca, que con-
“Certificado de Adesão” que fun- cativos, dos quais destacamos a templam, entre outras coisas, a
cionará como a sua carteira de “I Semana Chico Xavier”, a “Ses- criação de pólos de capacitação
identidade, tudo isto acompa- são Pública Especial em homena- do trabalhador espírita na sede
nhado de uma programação ar- gem aos 150 Anos de O Livro dos das Regionais, o resgate e vitali-
tístico-cultural a realizar-se na Espíritos” na Assembléia Legisla- zação do Movimento Espírita jo-
nossa sede. No dia 11 de janeiro, tiva de Alagoas e as Sessões Públi- vem e a comunicação em todos
tivemos conferência pública com cas na Câmara de Vereadores de os níveis.

Reformador: Como vocês sentem

a atuação federativa em nível de
Comissões Regionais e do Conse-
lho Federativo Nacional?
O Homem de Bem
A Chico Xavier, onde estiver.
Milton: Com muito bons olhos e
confiança. Parece-nos que há um Mário Frigéri
encadeamento lógico, racional,
O verdadeiro homem de bem
nos desdobramentos das ativi-
Pratica sempre a lei de amor:
dades das Comissões Regionais e
Não faz o mal nunca a ninguém
do Conselho Federativo Nacio-
E se acaso o fere alguém,
nal. Há um esforço generalizado
Desculpa logo o ofensor.
para que as decisões do CFN che-
guem até a unidade fundamen- Passa em revista a consciência
tal do Movimento Espírita, que é E a interroga ao fim do dia:
a casa espírita. Além disso, há a Se não agiu com negligência;
criação de instrumentos impor- Se deu motivo à impaciência;
tantes que levam a qualidade das Se fez o bem que deveria.
ações como o Orientação ao Cen-
tro Espírita e o Manual do SAPSE, É por querer se melhorar
além do grande referencial que é Que ele exercita a introspecção:
o “Plano de Trabalho para o Mo- Suas ações busca pesar
vimento Espírita Brasileiro (2007- E se no fim o bem triunfar,
-2012)”. Repousa em paz o coração.
Ouve os amigos com presteza

Reformador: Qual mensagem dei- E com respeito o inimigo:
xa para os leitores de Reformador? Este lhe aponta uma fraqueza,
Milton: Confiança, otimismo e Talvez até com mais franqueza
disposição para o trabalho. Re- Do que o faria o próprio amigo.
cordemos um trecho da mensa-
gem de Bezerra de Menezes, in- Trabalha em prol da sociedade,
titulada “O Médio-dia da Era No- Sem distinção de crença ou cor:
va” [publicada em Reformador, Se Deus lhe dá autoridade,
Edição Especial de julho de 2007]: Usa o poder com humanidade,
“No momento da grande tran- Tudo reporta ao Criador.
sição por que passa o planeta ter-
Iluminar-se interiormente
restre, marchando para mundo de
É a grande meta que o entretém:
regeneração, a palavra de Jesus res-
Mas o amor que tem presente
taurada pelos Espíritos imortais
No coração puro e na mente
alcança as mentes e os corações,
É que faz dele homem de bem.
inaugurando o período da legíti-
ma fraternidade entre as criaturas.
Fonte: KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Parte terceira, cap. XII, itens
[...] Este é o grande momen- Caracteres do homem de bem, questão 918, e Conhecimento de si mesmo,
to, filhos da alma.” Muita paz pa- questões 919 e 919-a.
ra todos.

III Encontro Nacional de

Coordenadores do ESDE
“Como poderei entender, se alguém não me ensinar?”
Atos dos Apóstolos (8:31.)
S Ô N I A A R RU DA
E
m Obras Póstumas, no – A partir de então, sur-
“Projeto – 1868”, Kardec diz: giram cursos, treinamen-
“Um curso regular de Espi- tos, e dois Encontros
ritismo seria professado com o Nacionais, o último em
fim de desenvolver os princípios 2003, para formação e
da Ciência e de difundir o gosto capacitação de Coorde-
pelos estudos sérios”;1 anterior- nadores e Monitores do
mente já afirmara: “O que carac- ESDE, que teve como ob-
teriza um estudo sério é a conti- jetivo fundamental o es-
nuidade que se lhe dá. [...]”. 2 tudo do Espiritismo de
Em 1977, o Espírito Angel forma séria e continua-
Aguarod enfatiza, em mensagem da, com base nas obras
recebida pela médium Cecília Ro- codificadas por Kardec e
cha, na Federação Espírita do Rio no Evangelho de Jesus.
Grande do Sul: “Cabe, pois, aos Após quase 25 anos de lança- assalta, diante das questões de or-
espíritas, responsáveis pelo Movi- mento da Campanha e 150 anos dem extrafísica, certamente porque
mento Espírita, uma ampla tarefa de Doutrina Espírita, é justo há perguntas que as pessoas não
de divulgação das obras básicas da perguntarmos a nós mesmos: E o querem calar, tais como: De onde
Doutrina, promovendo um es- ESDE, como está? A necessidade viemos? Existe vida após a morte?
tudo sistemático das mesmas”. do estudo hoje é talvez maior do Isto porque o homem, por mais
Em 1983, a Federação Espírita que ontem, uma vez que a mídia que tente ignorar a sua natureza
Brasileira, consciente do seu papel “percebeu” que os temas espíritas espiritual, traz a lei de Deus escrita
de coordenadora do Movimento despertam o interesse do grande “na consciência”, segundo resposta
Espírita no Brasil, lança, através público que acorre às casas espíri- dos Espíritos a Kardec em O Livro
do Conselho Federativo Nacional, tas ou aos adeptos da Doutrina, dos Espíritos (questão 621); porém,
a Campanha do Estudo Sistema- para tirar dúvidas, obter esclareci- na esteira do tempo “ele a es-
tizado da Doutrina Espírita. mento e matar a curiosidade que o quecera e desprezara. Quis então

Deus lhe fosse lembra- das no II Encontro Na-

da” (questão 621-a). cional”, “trocar expe-
Daí a expressão, em riências relativas à im-
Atos dos Apóstolos, já plantação e funciona-
mencionada. Ensinar é mento do ESDE”, “pro-
instruir, orientar, pre- por ações para dina-
parar a terra dos cora- mização dos Cursos” e
ções para receber as se- “apresentar o conteú-
mentes do conhecimen- do do programa de-
to que, ao germinarem senvolvido no EADE
no tempo certo, tra- (Estudo Aprofundado
rão uma nova visão do da Doutrina Espírita)”.
amor, justiça e miseri- Os benefícios alcan-
córdia de Deus. çados com o ESDE vão
Joanna de Ângelis, desde um crescente nú-
no livro Messe de Amor,3 mero de pessoas que
mensagem “Em honra estudam o Espiritis-
do ideal”, alerta-nos: mo, até a formação de
novos trabalhadores
Estás convocado pa- para as casas espíritas,
ra a construção de possibilitando a reali-
um mundo melhor. zação das suas múlti-
Desse modo, pene- plas atividades, de for-
trarás no mundo a ma coerente com os
que realmente aspiras. Cartaz do III Encontro Nacional de princípios doutrinários; daí a
.................................................... Coordenadores do ESDE necessidade da nossa capacitação
Sai a campo. serem plantadas? Respeitamos o permanente nas tarefas sob nos-
.................................................... tempo de “semear” e o tempo de sa responsabilidade:
Há muito solo a desbravar e muito “colher”? Temos plena consciên- “Porque nós somos cooperado-
trabalho a desenvolver em favor cia das pragas que precisaremos res de Deus.” – Paulo. (I Corín-
do futuro. enfrentar, sem perder o bom âni- tios, 3:9.)
mo, a esperança e o entusiasmo
E na mensagem “O livro espí- na semeadura?
rita” enfatiza: Em julho próximo, teremos Referências:
1
uma excelente oportunidade de KARDEC, Allan. Obras póstumas. 40. ed.
Um ensinamento edificante é analisar estas questões vitais e so- Rio de Janeiro: FEB, 2007. Segunda par-
bênção em qualquer lugar. Uma bre elas refletir, uma vez que se te, “Projeto – 1868”, item Ensino Espí-
lição espírita é luz no caminho. trata da divulgação da Doutrina rita, p. 376.
2
que abraçamos. O III Encontro ______. O livro dos espíritos. 91. ed. Rio
Estamos preparados para se- Nacional de Coordenadores do de Janeiro: FEB, 2007. “Introdução”, item
mear corretamente? Conhecemos ESDE vem no momento certo, VIII, p. 39.
3
o campo sob nossa responsabili- porque planejado desde 2003, FRANCO, Divaldo P. Messe de amor.
dade? De que árvores aproveita- tendo como objetivos, entre ou- Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 3. ed.
mos presentemente as sementes a tros, “avaliar as metas estabeleci- Salvador: LEAL, 1973. Mensagens 2 e 58.

Aborto
Visão científica
e espiritual
WEIMAR MUNIZ DE OLIVEIRA
1. O direito do ser humano à No que respeita à ligação do Es- gou a legislação ordinária (Códi-
vida é um direito indisponível, des- pírito ao corpo, em nova encarna- go Penal) quanto à descriminação
de a concepção, a partir do mo- ção, quando se inicia, de fato, uma do aborto provocado nos casos
mento em que o espermatozóide nova existência física, na Terra, a previstos. Essa exegese é partilha-
penetra no óvulo, fertilizando-o. resposta à questão 344, de O Livro da por Ives Gandra da Silva Mar-
Esse direito é defensável cien- dos Espíritos, é incisiva: tins, dos mais renomados consti-
tificamente, tanto no campo do tucionalistas pátrios, que assevera:
Direito quanto no âmbito da Me- Em que momento a alma se une “A lei penal, que permitia o abor-
dicina. ao corpo? to em duas hipóteses (estupro e
A união começa na concepção, perigo de vida para a mãe) não
Essa posição da Ciência é coin- mas só é completa por ocasião do foi recepcionada pela Constitui-
cidente com a dos Espíritos revela- nascimento. Desde o instante da ção de 1988”. Comunga também
dores, quando, em O Livro dos Espí- concepção, o Espírito designado da mesma opinião Zalmino Zim-
ritos, responderam à pergunta 358: a habitar certo corpo a este se liga mermann, presidente da Associa-
por um laço fluídico, que cada vez ção Brasileira dos Magistrados Es-
Constitui crime a provocação do mais se vai apertando até ao ins- píritas (Abrame), em trabalho ju-
aborto, em qualquer período da tante em que a criança vê a luz [...]. rídico elaborado a pedido da Fe-
gestação? deração Espírita Brasileira (FEB)
Há crime sempre que transgre- O art. 5o, caput, do cap. I, dos e distribuído a todos os magis-
dis a lei de Deus. Uma mãe, ou Direitos e Garantias Individuais, trados brasileiros.1 E está com a
quem quer que seja, cometerá da Constituição Federal de 1988, razão ao asseverar, quanto à lega-
crime sempre que tirar a vida a inscreve o cânone da “inviolabili- lização do aborto no Brasil: “Só
uma criança antes do seu nas- dade do direito à vida, à liberdade, restaria a hipótese de uma emen-
cimento, por isso que impede à segurança e à propriedade [...]”, da constitucional”. E acrescenta:
uma alma de passar pelas provas que, ipso facto, estende-se, sem
a que serviria de instrumento o dúvida, ao nascituro. Isso significa 1
O Direito à Vida no Ordenamento Jurídico
corpo que se estava formando. que a Constituição vigente revo- Brasileiro – Abrame.

“Todavia, o art. 60, § 4o, da Cons- cia (Geologia, Biologia, Paleontolo- Do zigoto ao feto, o ser parte de
tituição, impede totalmente a de- gia, etc.). Acrescenta, depois, que no uma única célula, para a extraor-
liberação em torno de qualquer zigoto ou célula-ovo (o óvulo de- dinária complexidade multicelu-
proposta de emenda tendente a pois de fertilizado) estão os germens lar do surpreendente recém-nas-
abolir ‘os direitos e garantias indi- de sua evolução fisiológica, até que cido, passando, nas primeiras se-
viduais’”, citando Ives Gandra, mais ocorra o nascimento, repetindo, na manas do desenvolvimento em-
uma vez, quando este proclama que gestação, por via da ontogênese, toda brionário,por todas as etapas prin-
o nascituro “não pode ser conde- cipais que atravessou: ser unicelu-
nado à morte por lei ordinária”. lar, peixe, anfíbio, réptil, ave, e, fi-
nalmente, mamífero superior.
2. No que tange às razões médi-
co-científicas, Marle- É preciso que fique claro que,
ne Rossi Severino à luz da revelação espírita, a evo-
Nobre, presiden- lução do ser se processa nos dois
te da Associa- planos, físico e extrafísico, em
ção Médico- obediência a um Planejamento
-Espírita do Bra- Inteligente.
sil (AME-Brasil), O corpo espiritual, ou perispí-
em trabalho do gê- rito, funciona como um depósi-
nero, elaborado to psíquico, na infinda caminha-
também a pedido da evolutiva do ser, arquivando
da FEB e que fora, o acervo arquimilenar das expe-
por sua vez, encami- riências adquiridas,
nhado a todos os ma- refletindo, relativa-
gistrados do Brasil, mente, no cor-
demonstra o an- po físico, toda
ticientificismo do vez que o Espí-
aborto, mesmo rito retoma a
tratando-se do anen- existência cor-
céfalo, citando cientistas pórea. Assim, toda
de nomeada, em nações con- a embriogênese obe-
sideradas muito civilizadas.2 As- dece ao molde do Es-
sinala, em seu trabalho, uma espé- pírito – o perispírito.
cie de síntese de seu livro O Clamor De estrutura tridimen-
da Vida,3 que nossa caminhada sional, nele está registrada
evolutiva, desde o princípio, atra- a súmula das fases evolutivas
vés dos ciclos planetários, até ao ad- pelas quais transitou a espécie, no
vento da razão, ascende à cifra ci- passado, até chegar à época atual.
clópica de 3 bilhões e 800 milhões Na verdade, é o perispírito que
de anos, segundo dados da Ciên- a sua evolução filogenética de bilhões guarda a forma específica de ca-
de anos. Daí poder-se afirmar que “a da ser. É esta, noutras palavras,
2 ontogênese recapitula a filogênese”. a lição do prof. Hernane Guima-
A Vida contra o Aborto – AME-Brasil.
3
O Clamor da Vida. Editora e Gráfica Vida No livro citado, à página 126, rães Andrade, de saudosa memó-
& Consciência, 2000. diz Marlene Nobre: ria, que preleciona:

gião no sentido cósmico), revigo-

ram a convicção de que o aborto,
em qualquer das alternativas, é
crime, crime hediondo, contra
quem não tem como se defender.
Realizado o aborto, mesmo no
caso de pretensa permissão legal, o
Espírito reencarnante, revoltado
pela perda da oportunidade de
retornar à liça da experiência físi-
ca, que lhe seria tão útil e necessária,
pode voltar-se, odioso, contra a mãe
e todos os partícipes da interrupção
da gravidez. Daí Emmanuel dizer:
Admitimos seja suficiente breve

Ao efetuar sua ligação com o a seu serviço, o ser viaja no ru- meditação, em torno do aborto
ovo – organismo monocelular mo da elevada destinação que delituoso, para reconhecermos
– o MOB [Modelo Organizador lhe foi traçada no Plano Su- nele um dos grandes fornece-
Biológico] inicia a recapitulação perior, tecendo com os fios da dores das moléstias de etiologia
da história de sua espécie, nele experiência a túnica da própria obscura e das obsessões catalo-
gravada em forma de estruturas exteriorização, segundo o mol- gáveis na patologia da mente,
espaço-tempo sucessivas. A esde mental que traz consigo [...]. ocupando vastos departamen-
trutura espaço-tempo total do tos de hospitais e prisões.6
MOB apresenta uma organiza- Na visão espírita, os argumentos
ção definida e característica pa- de cunho científico e filosófico, so- 6
XAVIER, Francisco C. Vida e sexo. Pelo
ra cada espécie viva.4 mando-se ao sentimento de amor Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro:
e solidariedade universais (Reli- FEB, 2007. Cap. 17, p. 76.
No mesmo sentido, André Luiz,
em Evolução em Dois Mundos,5
informa:
Conseqüências do Aborto
É assim que dos organismos mo- I nvoca-se o direito da mulher sobre o próprio corpo como um dos
mais fortes argumentos para justificação do aborto, entendendo-se
que o filho é propriedade da mãe, não tendo identidade própria, e é
nocelulares aos organismos com-
plexos, em que a inteligência dis- ela quem decide se ele deve viver ou morrer. Esquece-se de que Deus
lhe confia o Espírito que irá reencarnar, concedendo-lhe a bênção da
ciplina as células, colocando-as
maternidade e desenvolvendo suas possibilidades de bem orientá-lo
para a vida.
4 A mulher – argumenta-se – tem o direito de escolher se quer ou
ANDRADE, Hernane G. Espírito, peris-
pírito e alma. Cap. IX, p. 216-217.
não ser mãe e tem toda liberdade de exercê-lo. Entretanto, após a
5
concepção passa a existir o direito de viver de um outro ser, o do nas-
XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. cituro: que se sobrepõe à rejeição materna.
Evolução em dois mundos. Pelo Espírito
André Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, Fonte: O Aborto na visão espírita. Suplemento de Reformador de
2007. Cap. “Evolução e corpo espiritual”, julho/2005.
item Evolução no tempo, p. 42.

Esf lorando o Evangelho

Pelo Espírito Emmanuel
Ganhar
“Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo
e perder a sua alma?”
– JESUS. (MARCOS, 8:36.)
A
s criaturas terrestres, de modo geral, ainda não aprenderam a ganhar.
Entretanto, o espírito humano permanece no Planeta em busca de alguma
coisa. É indispensável alcançar valores de aperfeiçoamento para a vida
eterna.
Recomendou Jesus aos seus tutelados procurassem, insistissem...
Significa isso que o homem se demora na Terra para ganhar na luta enobrecedora.
Toda perturbação, nesse sentido, provém da mente viciada das almas em desvio.
O homem está sempre decidido a conquistar o mundo, mas nunca disposto a
conquistar-se para uma esfera mais elevada. Nesse falso conceito, subverte a ordem,
nas oportunidades de cada dia. Se Deus lhe concede bastante saúde física, costuma
usá-la na aquisição da doença destruidora; se consegue amealhar possibilidades
financeiras, tenta açambarcar os interesses alheios.
O Mestre Divino não recomendou que a alma humana deva movimentar-se
despida de objetivos e aspirações de ganho; salientou apenas que o homem neces-
sita conhecer o que procura, que espécie de lucros almeja, a que fins se propõe em
suas atividades terrestres.
Se teus desejos repousam nas aquisições factícias, relativamente a situações
passageiras ou a patrimônios fadados ao apodrecimento, renova, enquanto é
tempo, a visão espiritual, porque de nada vale ganhar o mundo que te não pertence
e perderes a ti mesmo, indefinidamente, para a vida imortal.
Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
Cap. 58, p. 131-132.

reformador março 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:45 Page 22
Capa
Deus, sua sabedoria e justiça

no pensamento do homem
“Não procures Deus nos templos de pedra e de mármore, [...] e sim no templo eterno da Natureza,
no espetáculo dos mundos a percorrer o Infinito, nos esplendores da vida que se expande [...].
E Deus está, assim, em cada um de nós, no templo vivo da consciência. É aquele o lugar
sagrado, o santuário em que se encontra a divina centelha. [...]
[...] Há coisas que, de tão profundas, só se sentem, não se descrevem. [...]”*
NEY DA S I LVA P I N H E I R O
N
esta espiral do século que na afirmativa do escritor francês, Para compreendê-lo, instrui-
se inicia, observamos o or- Jean-Baptiste Alphonse Karr, cita- -nos o eminente Codificador do
ganismo coletivo intoxi- do no livro Deus é o Absurdo. Espiritismo, no seu exegético e
car-se nos descaminhos de um Comecemos por lembrar que erudito livro A Gênese:
materialismo irracional, imedia- Deus não se define, pois defini-lo
tista, degenerante dos usos, dos seria limitá-lo. Para o pensamento [...]nos falta o sentido próprio,
costumes, das idéias e do pensa- augusto e clarividente de Allan que só se adquire por meio da
mento, mecanismos estes que de- Kardec, completa depuração do Espírito.
sencadeiam inquietantes e graves [...] (Cap. II, item 8, Ed. FEB.)
perturbações sociais. Parece-nos Deus é infinito em suas perfei-
oportuno, numa tentativa, ainda ções, mas o infinito é uma abs- Os cientistas, com certas per-
que temerária para os nossos re- tração. Dizer que Deus é o infini- plexidades e vacilações, a maioria,
cursos interiores, dizer algo a res- to é tomar o atributo de uma entretanto, condicionada ao aca-
peito de Deus, a Verdade Abso- coisa pela coisa mesma, é definir demicismo preconceituoso da co-
luta, a Fonte Inabordável da Vida, uma coisa que não está conheci- munidade científica dominante,
refúgio em nossas desolações e cer- da por uma outra que não o está analisam o problema da causa da
teza de amparo incondicional, no mais do que a primeira. (O Livro gênese do Universo, saindo-se pe-
seu amor e na sua justiça. dos Espíritos, cap. I, questão 3, co- la ótica nebulosa e incoerente do
Registraremos fatos colhidos ao mentário de Kardec, Ed. FEB.) “acaso”, que nada explica.
longo da literatura consultada:“Não Todavia, é justo referir as honro-
do Deus que os homens fizeram, Nessas circunstâncias, defini-lo sas exceções, poucas, porém valoro-
mas do Deus que fez os homens”, seria limitar o ilimitado às dimen- sas e exemplares; servindo-nos da
sões do nosso conceber e enten- literatura ao nosso alcance, lembre-
*DENIS, Léon. O grande enigma. Rio de der. Podemos apenas conceituá-lo mos Albert Einstein, que assinalou
Janeiro: FEB, 2008. Primeira parte, “Deus com os recursos da nossa ignorân- significativa diretriz ao pensamento
e o Universo” e itens “I – O grande enig-
ma” e “IX – Objeções e contradições”, p.
cia, tateando nos limites elementa- científico, no seu tempo. E com
23, 27 e 115. ríssimos de nossas possibilidades. admirável lucidez espiritual, em sua

Capa
O sentimento religioso assume a Na obra de Richard P. Brennann,

forma de um arroubo de estu- Gigantes da Física (Jorge Zahar,
pefação, à vista da harmonia da Editor, RJ), um livro notável para
lei universal, que revela uma os curiosos da física teórica, o au-
Inteligência de tamanha tor informa:
superioridade que em face
dela todo o raciocínio sis- Embora não envolvido em reli-
temático não passa de um gião Einstein possuía um senso
reflexo extremamente insignifi- genuíno do espiritual. (p. 97.)
cante. (p. 213.)
O cerne da discórdia de Einstein
A sensibilidade intuitiva era com a idéia sustentada por
Albert Einstein
de Einstein revela-se nesta Bhor (Niels Henrik Bhor, vulto
declaração que o coloca, segundo eminente do pensamento cien-
cosmovisão da vida, conceitua Deus nos ensina o Espiritismo, na cate- tífico dinamarquês), de um uni-
“como a lei e o legislador do Uni- goria de Missionário da Ciência: verso “probabilístico”, em que o
verso”, acrescentando, com notável acaso desempenha importante
clarividência, que “a religião do fu- Eu penso 99 vezes e não descu- papel na ocorrência dos even-
turo será cósmica e transcenderá bro a Verdade, paro de pensar, tos. Isto ofendia profundamente
um Deus pessoal, evitando os dog- mergulho em profundo silêncio, o senso de ordem de Einstein e
mas e a Teologia”, pregadas pela reli- e eis que a Verdade se me revela. sua convicção num Poder Su-
giões dominantes. Afirma, alhures: premo no comando do Univer-
“A Ciência sem a Religião é paralíti- E, em outra oportunidade, co- so, quando afirma e reafirma sua
ca, e a Religião sem a Ciência é cega”. mo que reiterando, declara: convicção na célebre frase: “Deus
Colocando-se acima da orto- não joga dados com o Univer-
doxia dominante do establishment Não existe nenhum caminho ló- so”. (p. 162.)
científico, esclarece: “Ainda que gico para descobrimento das leis
os domínios da Religião e da Ciên- elementares, o único caminho ló- O Dr. Paul Davies, expoente
cia estejam, por si mesmos, nitida- gico é o da intuição. (p. 222 e 223.) do pensamento científico de pro-
mente demarcados, existem con- jeção mundial, professor de filo-
tudo, entre ambas, fortes rela- É antológica, esta declaração de sofia natural na Universidade de
ções de dependências recíprocas”. Einstein: Adelaide, Austrália, autor do li-
E pondera: “A fonte principal dos vro Deus e a Nova Física (que o
conflitos atuais, entre as esferas Saber que existe algo insondável, saudoso cientista brasileiro, Dr.
da Religião e da Ciência, está nes- sentir a presença de algo profun- Hernani Guimarães Andrade, de-
se conceito de um Deus pessoal”. damente racional, radiantemen- clara, no seu livro Uma Luz no
Esse antropomorfismo incoerente belo, algo que compreende- Fim do Túnel, ser uma obra monu-
te, acrescentamos, de um Deus mos apenas em forma rudimen- mental), observa, com todo o pe-
com forma humana, que nos reve- tar, é esta experiência que consti- nhor de sua autoridade:
la um entendimento primaríssimo tui a atitude genuinamente reli-
da grandeza cósmica Divina. giosa. Neste sentido, e neste senti- A idéia do acaso é um argumento
No livro Einstein, o Enigma da do somente, que pertenço aos ho- que agride o rigor do pensamento
Matemática, Huberto Rohden, ci- mens profundamente religiosos. científico, quando a intransigente
tando Einstein, registra: (p. 225.) (Grifo nosso.) ciência ortodoxa postula o nada

Capa
para interpretação da gênese do Matemática, Deus seria equi- máquina, mas a um vasto pensa-
Universo. (Grifamos.) valente a um teorema matemá- mento; [...] acabamos de ver
tico. (p. 223.) que, por trás do nascimento do
O Dr. Paul Davies, detentor do Universo, há uma força organi-
prêmio Templeton, conferido a Nesse mesmo livro, à p. 158, é zadora, que deve ter calculado
pessoa que revelasse singular cria- taxativo, ao declarar: tudo, elaborado tudo, com uma
tividade na promoção do entendi- minudência inimaginável. [...]
mento de Deus ou da Espirituali- Não existe nenhuma descober- tudo nos leva a pensar que há,
dade, em entrevista ao New York ta científica que possa ser usada no fundo do próprio Universo,
Times, declara categórico: para questionar ou negar a exis- uma causa da harmonia das cau-
tência de Deus. sas, uma inteligência suprema.
As pessoas em geral pensam que,
à medida que a ciência avança, a No livro Sonhos de uma Teoria E conclui, a certa altura de suas
religião retrocede.Mas,quanto mais Final (Ed. Rocco Ltda., RJ), seu considerações:
descobrimos acerca do mundo, autor, Steven Weinberg, Prêmio
mais percebemos que há um pro- Nobel de Física, declara: A probabilidade matemática de
pósito ou um desígnio por trás que o Universo tenha sido criado
disso tudo. (Ver Gigantes da Física, Se há algo na natureza que pode- pelo acaso é praticamente nula.
Jorge Zahar Editor, p. 263 e 269.) ria nos fornecer alguma com-
preensão especial sobre o traba- Poderíamos, ainda, citar outros
O Dr. Antônio Zichichi, físico lho de Deus, devem ser as leis fi- nomes ilustres do pensamento cien-
nuclear, professor da Universida- nais da natureza. Conhecendo tífico e filosófico, com destaque aos
de de Bolonha, Itália, e presidente tais leis, teremos em nossa posse gigantes do pensamento espírita.
da Federação Mundial de Cientis- o livro das regras que governam Colocamos um ponto final
tas, declara no seu livro Por que as estrelas, as pedras e todo o nesta laboriosa caminhada, lem-
acredito naquele que fez o mundo: resto. É, portanto, natural que brando o pensamento do Espírito
Stephen Hawking (considerado Emmanuel, ao abrir as páginas do
Quem escolhe o Ateísmo reali- êmulo de Einstein) se refira às seu notável O Consolador (psico-
za, portanto, um ato de fé no leis da natureza como a mente de grafia de Francisco C. Xavier):
NADA. Deus. (p. 190.)
[...] O concurso científico é
E acrescenta: Jean-Marie Pierre Guitton, pro- sempre útil, quando oriundo da
fessor de História da Filosofia e consciência esclarecida e da sin-
Se fosse possível demonstrar a membro da Academia Francesa, ceridade do coração. Importa
existência de Deus através de recentemente falecido, no seu mag- considerar, todavia, que a ciên-
um procedimento de Lógica nífico livro Deus e a Ciência (Ed. cia do mundo, se não deseja
Nova Fronteira S. A., RJ), continuar no papel de compar-
escrito em colaboração com sa da tirania e da destruição,
os físicos russos Igor e tem absoluta necessidade do
Grichka Bagdanov, doutores Espiritismo, cuja finalidade di-
em física teórica, escreve: vina é a iluminação dos senti-
mentos, na sagrada melhoria das
O Universo que nos cerca não é características morais do homem.
mais comparável a uma imensa (Questão 1, Ed. FEB.)

Registros inéditos dos que fizeram

parte da história do Espiritismo
Anna Blackwell
WA S H I N G TO N L U I Z F E R N A N D E S
A
nna Blackwell (1816-1900) O Livro dos Médiuns, e há referên- residente na Inglaterra, que nos trans-
é pessoa muito importante cia de que em 1877 tinha começa- mitiu uma mensagem por ela conse-
na história do Espiritismo, do a tradução de O Céu e o Inferno. guida num site inglês, o qual comen-
pois além de amiga pessoal do Ela foi jornalista, professora, tava que Anna Blackwell passou um
casal Allan Kardec, participou de escritora e poetisa, e tudo indica período nos Estados Unidos, com a
reuniões na Sociedade Parisiense ter sido uma tradutora profissio- saúde delicada, e tinha sido irmã de
de Estudos Espíritas (SPEE) e foi nal, pois se contam em muitas de- Elizabeth (1812-1910), pessoa histo-
quem primeiro traduziu obras zenas suas traduções, ao inglês, de ricamente importante para a área
da Codificação Espírita ao inglês. vários autores e em diferentes médica naquele país, principalmen-
No “Prefácio” de The Spirits’Book áreas. Filha de Samuel e Hanna te para as mulheres. Então fizemos
(O Livro dos Espíritos), em 1876, Blackwell, teve oito irmãos. Ne- contato por e-mail com o Instituto
ela transmitiu muitas informa- nhuma das cinco irmãs se casou. Smithsonian, que informou estar to-
ções históricas valiosas sobre Allan Seu pai trabalhou em refinarias do o acervo da família Blackwell na
Kardec, desde sua infância: notas de açúcar. A família mudou-se da Universidade de Harvard. Passamos
biográficas e familiares (também de Inglaterra para Nova York, em e-mail e felizmente nos enviaram pela
Amélie-Gabrielle Boudet); des- 1832, depois Jersey, Cincinnati, Internet a biografia da família e fotos
crição física e psicológica do Co- em 1838, depois Kentucky, Caro- de Anna Blackwell em
dificador; desenvolvimento do linas e Filadélfia. diferentes idades.
Espiritismo na primeira hora. Ela Fica este impor-
foi correspondente espírita de Pesquisa: Achar algo sobre Anna Bla- tante registro para a
Allan Kardec em Londres, Ingla- ckwell foi uma demorada “novela”, história do advento
terra, conforme constatamos na mesmo antes do surgimento da In- do Espiritismo.
Revista Espírita, março de 1869, ternet. Primeiro foram contatados ami-
“O Espiritismo por toda parte”. gos residentes na Inglaterra, sem su-
Apesar de ter havido referência cesso. Com o advento da WEB, tenta-
de tradução ao inglês de fragmentos mos via e-mail com a Biblioteca Na-
de O Livro dos Espíritos, em 1861 (Re- cional da Inglaterra e com outros ami-
vista Espírita, fevereiro de 1861), gos que residiam na Inglaterra, mas
foi Anna Blackwell quem primei- nada foi conseguido. Informação de-
ro o traduziu, logo em seguida cisiva foi dada pela amiga Elsa Rossi,

Em dia com o Espiritismo
O Projeto
Blue Brain
M A RTA A N T U N E S M O U R A
res.1 Para se ter idéia da dimensão
A
união da Ciência à Tecno- -las, e, também, para prevenir a
logia representa um dos manifestação de doenças neuroló- financeira do empreendimento, sa-
mais notáveis meios de gicas e mentais, e tratá-las. be-se que 3 bilhões de dólares são
progresso existentes no Planeta. In- O controle das psicopatias, se- utilizados, anualmente, somente
dica um impulso progressivo que gundo o instrutor Calderaro, cita- em gastos com eletricidade. Com
atinge todas as áreas do saber hu- do pelo Espírito André Luiz em seu a conclusão da instalação de todos
mano, ocorrendo em ritmo cada livro No Mundo Maior, está efetiva- os equipamentos, o supercomputa-
vez mais acelerado, sobretudo na mente relacionado a conhecimentos dor ocupará uma área que abran-
última década. Algumas conquistas mais abrangentes sobre o cérebro: ge vários campos de futebol.
científicas, entretanto, surpreen- Em 2007 foi possível produzir
dem pela sofisticação dos recursos [...] Para isto, convém estudar- séries inteiras de neurônios (nome
utilizados e pela magnitude do em- mos, mais detidamente, o cére- da principal célula nervosa), que
preendimento, conseguindo extra- bro do homem encarnado e o foram catalogados em 400 tipos,
polar os limites da ficção científica. do homem desencarnado em por tamanho. Em conseqüência,
Enquadra-se nessa situação o posição desarmônica, por si- os cientistas conseguiram entre-
Projeto Blue Brain (Cérebro Azul), tuarmos aí o órgão de manifes- laçar ou conectar dez mil células
cujo objetivo é criar um cérebro tação da atividade espiritual.2 nervosas artificiais, número que
humano artificial, a partir do de- deverá ser ampliado para um mi-
senvolvimento de modelo com- O projeto de pesquisa Blue Brain lhão, no corrente ano. A meta final
putadorizado do cérebro de ma- foi iniciado em 2005, mas tem pra- é entrelaçar 100 bilhões de neurô-
míferos.1 O Projeto, muito bem zo para a sua conclusão: 2015. Está nios, número equivalente ao exis-
estruturado, não se restringe à sendo desenvolvido em Lausanne, tente no cérebro humano.
construção de mais um programa na Suíça, em ação conjunta da Éco- No ano passado, a pesquisa de-
de inteligência artificial. A propos- le Polytechnique Fédérale de Lau- senvolveu estudos minuciosos
ta é, de fato, audaciosa: visa cons- sanne (EPFL) e da IBM, gigante da com neurônios de ratos, assim
truir uma máquina, um super- informática.1 O biólogo sul-africa- especificados:3
computador, capaz de reproduzir no Henry Markran, 45 anos, é di- 1. Os cientistas retiram peque-
as funções do sistema nervoso hu- retor-geral do Projeto e da equipe nas fatias de cérebros de ratos e
mano, para melhor compreendê- transdiciplinar de 35 pesquisado- as mantém vivas em laboratório.

2. Sensores enviam informações de funcionamento do cérebro, dos Ciência esteja suficientemente ap-
sobre os impulsos elétricos dos seus genes reguladores, do seu meta para compreender os ensinos
neurônios dessas fatias para o tabolismo e do seu complexo sis- existentes do além-túmulo, divul-
computador, que cria réplicas di- tema neural, assim como o da ma- gados pela Doutrina Espírita. Lem-
gitais de cada neurônio. 3. Cada nifestação de doenças. bramos, entretanto, que certas in-
neurônio digital é processado A comunidade científica, médi- formações transmitidas pelo Espí-
por um chip de um supercom- cos, psicólogos, biólogos, jornalis- rito André Luiz, há cinqüenta anos,
putador. O Projeto Blue Brain tas etc., aguardam com muita ex- ou mais, somente agora estão sen-
já tem 10.000 chips com esses pectativa os recentes relatos dos do visualizadas no meio científico.
neurônios. Esse é o número de Há também esclarecimentos que
células contido numa única co- sequer são cogitados pelos cientis-
luna neocortical, estrutura do tas, porque as suas investigações
neocórtex, área responsá- se restringem à realidade físi-
vel pelo aprendizado e pe- ca. Como exemplo, citamos
la lingüagem. 4. O cére- o conceito de pensamento
bro artificial funciona- e a idéia de mensuração da
rá a partir da interação matéria mental, ensinados
entre várias colunas por aquele Espírito:
neocorticais digitais.
[...] Aí, nessa delicada re-
Em linhas gerais, o de de forças [dos cen-
supercomputador tros encefálicos], atra-
Blue Gene da IBM – vés dos núcleos inter-
capaz de realizar 23 calados nas vias aferen-
trilhões de cálculos tes, através do sistema
por segundo – deverá talâmico de projeção di-
emitir informações fusa e dos núcleos par-
sobre o comportamen- cialmente abordados pela
to de conjuntos de neu- ciência da Terra (quais os
rônios reais (físicos ou da linha média, que não se
biológicos), relativas às suas degeneram após a extirpação
propriedades e funções. Com do córtex, segundo experiências
isso, pretende-se compreender co- conhecidas), verte o pensamen-
mo é processado o pensamento, to ou fluido mental, por secre-
ao comparar as informações trans- resultados do Projeto Blue Brain, ção sutil não do cérebro, mas
mitidas por esse supercomputa- que serão transmitidos, entre 12 e da mente, fluido que influência
dor com as análises de imagens do 16 de julho próximo, no 6o Fó- primeiro, por intermédio de
cérebro de voluntários, obtidas rum Europeu de Neurociências, impulsos repetidos, toda a re-
por tomografia de emissão de pó- em Genebra, Suíça. gião cortical e as zonas psicos-
sitron, entre outros métodos. Os Essa pesquisa abrirá um leque somatossensitivas, vitalizando e
pesquisadores avaliam que essas para outros estudos, no mundo dirigindo todo o cosmo biológi-
informações irão aprofundar o inteiro, relacionados ao funciona- co, para, em seguida, atendendo
conhecimento sobre os princípios mento do cérebro, solidificando o ao próprio continuísmo de seu
biológicos que regem o mecanismo conhecimento científico, até que a fluxo incessante, espalhar-se em

torno do corpo físico da indivi- carnado, conferiria-lhe enorme fero, segundo a força do senti-
dualidade consciente e respon- projeção, alçando-o ao topo do mento que o tipifica e configu-
sável pelo tipo, qualidade e apli- universo científico. Eis como An- ra, nomeável, à falta de termi-
cação do fluido, organizando- dré Luiz se exprime, a respeito: nologia equivalente, como “raio
-lhe a psicosfera ou halo psíqui- da emoção” ou “raio do desejo”,
co, qual ocorre com a chama de A partícula de pensamento, pois, força essa que lhe opera a dife-
uma vela que, em se valendo do como corpúsculo fluídico, tan- renciação de massa e trajeto,
combustível que a nutre, esta- to quanto o átomo, é uma uni- impacto e estrutura.5
belece o campo em que se lhe dade na essência, a subdividir-se,
prevalece a influência. porém, em diversos tipos, con-
.................................................... forme a quantidade, qualidade, Referências:
1
Esse fluido ou matéria mental comportamento e trajetórias dos BLUE BRAIN PROJECT. EPFL: École Poly-
tem a sua ponderabilidade e as componentes que a integram. technique Fédérale de Lausanne: Suíça.
suas propriedades quimio-ele- E assim como o átomo é uma School of Life Sciences-BBP. Disponível
tromagnéticas específicas, defi- força viva e poderosa na pró- em: http://bluebrain.epfl.ch/
2
nindo-se em unidades perfeita- pria contextura, passiva, entre- XAVIER, Francisco Cândido. No mundo
mente mensuráveis, qual acon- tanto, diante da inteligência que maior. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed.
tece no sistema periódico dos a mobiliza para o bem ou para o Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 3, p. 48.
elementos químicos [...].4 mal, a partícula de pensamento, 3
CAMARGO, Leoli. As conexões do raciocí-
embora viva e poderosa na com- nio. VEJA: Editora Abril. Edição 1997, de
Outra informação de André posição em que se derrama do 28 de fevereiro de 2007. Disponível em:
Luiz, a de que o pensamento não espírito que a produz, é igual- http://veja.abril.com.br/280207/popup_cien
é algo tão abstrato, como se supõe mente passiva perante o senti- cia01.html
4
usualmente, mas constituído de mento que lhe dá forma e natu- XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Wal-
partículas elementares, posiciona- reza para o bem ou para o mal, do. Evolução em dois mundos. Pelo Espí-
das em dimensão diferente, fora convertendo-se, por acumula- rito André Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro:
do cérebro e oriunda da mente do ção, em fluido gravitante ou li- FEB, 2007. Cap. 13, item Centros encefá-
Espírito, representa um esclareci- bertador, ácido ou balsâmico, licos, p. 124-125.
5
mento extraordinário que, se fos- doce ou amargo, alimentício ou Idem, ibidem. Item Reflexão das idéias,
se emitido por um cientista en- esgotante, vivificador ou mortí- p. 125-126.

Deus...
“Duas coisas me enchem sempre a mente com nova e crescente admiração
e respeito...: o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim.”
Immanuel Kant (1724–1804)
L I C U R G O S OA R E S DE L AC E R DA F I L H O
A
colocação do influente fi- tendiam a atribuir uma “perso- temente de qualquer interven-
lósofo alemão nos remete na” à Divindade. ção externa, e a fazem de forma
inevitavelmente a Deus. Fossem eles basear-se na res- interrupta.
Para muitos, a existência do posta dada pelos Espíritos Supe- Ora, se assim é, urgiria escla-
Criador é um fato que independe riores, que se relaciona à primei- recer a origem da energia e da
de comprovação, pois no próprio ra pergunta de O Livro dos Espí- matéria primordial que permi-
íntimo as convicções calam qual- ritos – bem como seus desdo- tiram àqueles sistemas tomarem
quer dúvida; são, em geral, indiví- bramentos –, e veriam que, para o primeiro impulso para a sua
duos acionados pela fé, que con- entender a existência de Deus, organização, ou seja, onde e co-
duzem as suas vidas na certeza da seria fundamental despersonali- mo os primeiros elementos fo-
presença divina. zá-lo, desvinculando-o de uma ram colocados em atividade? Cer-
Contudo, os que se fazem diri- inadequada e inoportuna simi- tamente, nesta origem de tudo
gir pela razão, não raro, questio- laridade humana. está a inegável ação de uma In-
nam Deus, pois não encontram Para defender as suas teses, os teligência Suprema e Criadora de
provas tangíveis ou mensuráveis céticos se alicerçam na afirmati- todas as coisas: Deus.
que sustentem a sua existência. va de que as próprias organiza- Outros descrentes acham que o
Há, na incerteza destes últimos, ções da Natureza e do Universo surgimento de organismos com-
uma expressiva contribuição de são capazes de uma autogestão, plexos na face da Terra deu-se por
antigos sistemas religiosos, que isto é, funcionam independen- simples obra do acaso, e não pela

ação de um Criador. Para estes, os uso e possa alcançar o seu apri- “A inferioridade das faculdades
elementos estavam lá, combina- moramento progressivo. do homem não lhe permite com-
ram-se sem que houvesse uma in- Agora, se perguntarem qual é a preender a natureza íntima de
tencionalidade, e fizeram surgir forma que Deus assume, quais são Deus.”.
os primitivos seres que origina- as suas características externas, de- Mas, se perguntarem onde age
ram toda a diversidade biológica vemos afirmar ser impossível des- Deus, diremos com convicção que
que habita o Planeta. crevê-lo em nosso atual estágio evo- Ele se manifesta tanto no verme
De acordo com esta tese, nos- lutivo, já que tal conceito extrapola minúsculo, quanto nos turbilhões
sos corpos foram gerados por um nossas insignificantes concepções. estelares; e que pode ser sentido
“golpe de sorte”, que poderia até É o que afirma Allan Kardec, com admirável respeito no senso
mesmo nem ter dado certo, e, em no comentário à questão 11 de O moral que se encontra dentro de
assim sendo, nem poderíamos Livro dos Espíritos (Edição FEB): cada um de nós.
estar aqui... O absurdo de tal idéia
se descaracteriza por si mesmo.
Talvez esses radicais da razão
não se dado tenham à análise,
Ação de Deus no mundo
pois se assim fizessem observa-
riam que, além de organismos
e na História
complexamente formados, todos
nós somos, acima de tudo, inteli-
gências individuais guiadas por
D eus, foco de inteligência e de amor, é tão indispensável à vida
interior, quanto o Sol à vida física!
Deus é o sol das Almas. É dele que emana essa força, às vezes
uma moral íntima, inerente a
todas as pessoas – por mais aluci- energia, pensamento, luz, que anima e vivifica todos os seres.
nadas que possam transitoria- Quando se pretende que a idéia de Deus é inútil, indiferente, tanto
mente se comportar. valeria dizer que o Sol é inútil, indiferente à Natureza e à vida.
Perguntamos: acaso esta inteli- Pela comunhão de pensamento, pela elevação da Alma a Deus,
gência e esta moral seriam pro- produz-se uma penetração contínua, uma fecundação moral do
priedade das organizações celu- ser, uma expressão gradual das potências nele encerradas, porque
lares? Porventura se manifestam a essas potências, pensamento e sentimento, não podem revelar-se
partir de tecidos e fluidos corpo- e crescer senão por altas aspirações, pelos transportes do nosso
rais? Quem sabe estariam nas só- coração. Fora disso, todas essas forças latentes dormitam em
lidas formações ósseas? nosso íntimo, conservam-se inertes, adormecidas!
Então, por que os minerais não ............................................................................................................
desenvolveram qualquer desses
O homem que desconhece Deus e não quer saber que forças,
atributos? Qual a razão de os me-
que recursos, que socorros dele promanam, esse é comparável a
tais não realizarem escolhas, de as
um indigente que habita ao lado de palácios cheios de tesouros, e
rochas não manifestarem senti-
mentos, expressarem opiniões? se arrisca a morrer de miséria diante da porta que lhe está aberta
Todas estas questões nos dire- e pela qual tudo o convida a entrar. [...]
cionam inevitavelmente à crença Léon Denis
na ação contínua de uma Causa,
que criou a matéria para que fosse Fonte: O grande enigma. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Primeira parte, cap. VIII,
um instrumento de ação do Es- p. 95-96.
pírito, a fim de que este dela faça

Cristianismo Redivivo
História da Era Apostólica
Jesus – Governador Espiritual do Orbe
“Não podemos conhecer o Jesus ‘real’ através da pesquisa histórica, quer isto
signifique sua realidade total ou apenas um quadro biográfico razoavelmente
completo. No entanto podemos conhecer o ‘Jesus histórico’. Por Jesus da
história, refiro-me ao Jesus que podemos ‘resgatar’ e examinar utilizando os
instrumentos científicos da moderna pesquisa histórica.” 1
HAROLD O DUTRA DIAS
U
m longo itinerário foi per- trumentos científicos da moder- do geral, visando à apropriação,
corrido para que pudés- na pesquisa histórica. com maior segurança e legitimi-
semos resumir as fases da dade, da essência da Boa Nova,
pesquisa histórica sobre o Cristia- A atitude de prudência e hu- alicerce de todas as propostas de
nismo, antes de compará-la com o mildade esboçada por esse autor, renovação veiculadas pela Dou-
material revelado pela Espirituali- favorece o diálogo com a Doutri- trina dos Espíritos.
dade superior. na Espírita que, por sua vez, ofere- Nessa linha de raciocínio, so-
Novamente, utilizamos como ce subsídios valiosos, inacessíveis mos inevitavelmente levados a
epígrafe a citação do historiador aos “instrumentos científicos da indagar: Quem é Jesus na visão
John P. Meier, professor na Uni- moderna pesquisa histórica”. Não da Espiritualidade superior? A
versidade Católica de Washington se trata de sobrepujar a Ciência, resposta, em O Livro dos Espíritos,
D. C., considerado um dos mais desprezar suas conclusões, numa é sobejamente conhecida, mas ain-
eminentes pesquisadores bíblicos atitude mística incompatível com da nos convida a profundas re-
de sua geração. Ao estabelecer os a fé raciocinada. O desafio é flexões:
limites da ciência e da investiga- “complementar”, “unir”, “dialo-
ção humanas, ele adverte: gar”, onde ambas as partes estão 625. Qual o tipo mais perfeito
dispostas a ouvir e a falar, sem sub- que Deus tem oferecido ao homem,
Por Jesus da história, refiro-me missão ou subserviência. para lhe servir de guia e modelo?
ao Jesus que podemos “resga- Doravante, destacaremos a con- “Jesus.”
tar” e examinar utilizando os ins- tribuição oferecida pela revelação Para o homem, Jesus representa
espiritual no equacionamento de o tipo da perfeição moral a que
1 graves problemas relativos à his- a Humanidade pode aspirar
MEIER, John P. Um judeu marginal:
repensando o Jesus histórico. 3. ed. Rio de tória de Jesus, dos seus seguidores na Terra. Deus no-lo oferece
Janeiro: Imago, 1993. p. 35. diretos, e do Cristianismo, de mo- como o mais perfeito modelo, e

a doutrina que ensinou é a mais um dos membros divinos, ao Diante do assombro dessas reve-
pura expressão de sua lei, porque nos foi dado saber, apenas lações de Emmanuel, resta-nos in-
que, sendo Jesus o ser mais pu- já se reuniu, nas proximidades dagar o que são Espíritos puros. A
ro que já apareceu na Terra, o da Terra, para a solução de pro- informação é encontrada em O Li-
Espírito Divino o animava. blemas decisivos da organiza- vro dos Espíritos, nas respostas dadas
Se alguns dos que pretenderam ção e da direção do nosso pla- pelos benfeitores espirituais a Allan
instruir o homem na lei de neta, por duas vezes no curso Kardec, nas seguintes questões:
Deus, algumas vezes o desenca- dos milênios conhecidos.
minharam, ensinando-lhe fal- 112. CARACTERÍSTICAS GERAIS –
sos princípios, foi porque se Nenhuma influência da maté-
deixaram dominar por senti-
mentos demasiado terrenos e
Espíritos ria. Superioridade intelectual e
moral absoluta, com relação aos
porque confundiram as leis que Espíritos das outras ordens.
regulam as condições da vida da
alma, com as que regem a vida
puros: 113. Primeira classe. Classe úni-
ca. Percorreram todos os graus
do corpo. Muitos deles apresen- da escala [ver questões 100 e se-
taram como leis divinas o que
eram simples leis humanas,
superioridade guintes] e se despojaram de to-
das as impurezas da matéria.
criadas para servir às paixões e Tendo alcançado a soma de per-
para dominar os homens. (Co- intelectual feição de que é suscetível a criatu-
mentário de Kardec.)2 ra, não têm que sofrer mais pro-
O Benfeitor Emmanuel, por e moral vas, nem expiações. Não estan-

do mais sujeitos à reencarnação
sua vez, enriqueceu nossos estu- em corpos perecíveis, realizam a
dos com surpreendentes informa-
ções sobre o papel desempenhado absoluta vida eterna no seio de Deus.
.....................................................
por Jesus na condução dos desti- 128. Os seres que chamamos an-
nos humanos: A primeira, verificou-se quando jos, arcanjos, serafins, formam uma
o orbe terrestre se desprendia da categoria especial, de natureza
Rezam as tradições do mundo nebulosa solar, a fim de que se diferente da dos outros Espíritos?
espiritual que na direção de to- lançassem, no Tempo e no Espa- “Não; são os Espíritos puros:
dos os fenômenos, do nosso sis- ço, as balizas do nosso sistema os que se acham no mais alto
tema, existe uma Comunidade cosmogônico e os pródromos da grau da escala e reúnem todas
de Espíritos Puros e Eleitos pelo vida na matéria em ignição, do as perfeições.”
Senhor Supremo do Universo, planeta, e a segunda, quando se ....................................................
em cujas mãos se conservam as decidia a vinda do Senhor à fa- 170. Em que se transforma o
rédeas diretoras da vida de to- ce da Terra, trazendo à família Espírito depois da sua última
das as coletividades planetárias. humana a lição imortal do seu encarnação?
Essa Comunidade de seres an- Evangelho de amor e redenção.3 “Em Espírito bem-aventurado;
gélicos e perfeitos, da qual é Jesus em Espírito puro.”4
3
XAVIER, Francisco C. A caminho da luz.
2 4
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Edi- Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio de KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Edi-
ção Comemorativa do Sesquicentenário. Janeiro: FEB, 2007. Cap. I, item A Comu- ção Comemorativa do Sesquicentenário.
Rio de Janeiro: FEB, 2007. nidade dos Espíritos Puros, p. 17. Rio de Janeiro: FEB, 2007.

É forçoso concluir, com o pro- experiências terrestres, reunin- todos os elementos ativos e pas-
fessor John P. Meier, que os ins- do-as, harmoniosamente, umas sivos da existência planetária. No
trumentos científicos da moderna às outras, a fim de que consti- seu coração augusto e misericor-
pesquisa histórica não são capazes tuam o tesouro imortal da alma dioso está o Verbo do princípio.
de nos mostrar o “Jesus real”. Tal- humana em sua gloriosa ascen- Um sopro de sua vontade pode
vez seja essa a razão pela qual os são para o Infinito. renovar todas as coisas, e um
historiadores, como demonstrado .................................................... gesto seu pode transformar a fi-
nos artigos anteriores, acabam Na tela mágica dos nossos estu- sionomia de todos os horizontes
por apresentar uma imagem dis- dos, destacam-se esses missio- terrestres.5
torcida de Jesus. nários que o mundo muitas ve-
5
Jesus é o Governador Espiritual zes crucificou na incompreen- XAVIER, Francisco C. A caminho da luz.
do Planeta, em cujas mãos repou- são das almas vulgares, mas, em Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2007. “Introdução”, p. 14-15.
sam os destinos de toda a huma- tudo e sobre todos, irradia-se a
nidade terrena. luz desse fio de espiritualidade
A tentativa de reduzir o Mestre que diviniza a matéria, enca-
aos parâmetros estritamente hu- deando o trabalho das civiliza-
manos decorre da visão materia- ções, e, mais acima, ofuscando o
lista da maioria dos pesquisado- “écran” das nossas observações
res. É nesse ponto que a revelação e dos nossos estudos, vemos a
espiritual pode contribuir para a fonte de extraordinária luz, de
reconstituição do “Jesus real”, res- onde parte o primeiro ponto
tabelecendo a legítima compreen- geométrico desse fio de vida e
são do Cristianismo. de harmonia, que equilibra e sa-
Emmanuel destaca a relevância tura toda a Terra numa apoteo-
da atuação do Mestre, a pujança da se de movimento e divinas cla-
sua influência, no que diz respeito ridades.
aos rumos do progresso terrestre. Nossos pobres olhos não
Encerramos este artigo com podem divisar particula-
mais uma notável citação desse ridades nesse deslum-
Espírito, que descortina detalhes bramento, mas sabe-
do Governo espiritual do Cristo: mos que o fio da luz
e da vida está nas
Vê-se, então, o fio inquebrantá- suas mãos. É Ele
vel que sustenta os séculos das quem sustenta

A FEB e o Esperanto
“A Tragédia de Santa Maria”

Cinqüentenário de publicação
A F F O N S O S OA R E S
E
sta coluna, dedicada à Língua Internacional tas outras personagens criadas pelo gênio de Tolstoi
Neutra do Dr. L. L. Zamenhof, faz o registro em Ressurreição e Vida e no citado Sublimação?
de tão significativo evento, pois que na trama Nessa trajetória, outra alma, muitíssimo cara ao
de A Tragédia de Santa Maria, do Espírito Adolfo Be- seu coração, lhe está sempre e intimamente associa-
zerra de Menezes, o esperanto desempenha papel da, reencarnando a seu lado, em intensas ligações
bastante sugestivo. sentimentais, sob os nomes de Luís de Narbonne,
O leitor familiarizado com as obras recebidas pe- Henri Numiers, Arthur de Guzman d'Evreux e, mais
la médium Yvonne do Amaral recentemente, encarnado pelo
Pereira estará certamente informa- meado do século XIX, Roberto de
do de que em algumas delas, preci- Canallejas.
samente as dos Espíritos Charles e Sobre Roberto de Canallejas, já
Leão Tolstoi, os autores desenvol- bem conhecido dos leitores de
vem grandes princípios da Dou- Yvonne A. Pereira, há informa-
trina Espírita, inspirando-se nas ções preciosas em Recordações da
peripécias vividas pela própria mé- Mediunidade e Memórias de um
dium em passadas encarnações. Va- Suicida. Voltaria ao mundo cor-
riam os enredos, as épocas, os cená- póreo, durante a última existência
rios terrenos, as expressões sociais de D. Yvonne, em local ignorado
das personagens, mas o núcleo cen- da médium, longe do Brasil, mas
tral inspirador permanece comum que pelas sutilezas da intuição,
a todas: a trajetória de lutas morais sob o amoroso controle dos guias
desse Espírito que, em nosso tem- espirituais, a médium sentia ser a
po, serviu com devotamento e ab- Polônia, o que mais tarde se con-
negação, de modo irrepreensível, na divulgação do firmaria num dos mais belos episódios vividos por
Espiritismo e no exercício da mediunidade, interme- duas almas que se amavam há séculos e se reencon-
diando textos que sempre vão arrebatando almas tram nos cenários da Terra.
frágeis das garras do erro e das inevitáveis conse- Roberto, que ao se despedir dela para reencarnar,
qüências provacionais e expiatórias que ele acarreta. asseverara que a buscaria e lhe daria um sinal, efeti-
Quem não a identifica nas personalidades de vamente ressurge em 1964, na pessoa de Z. P., um
Ruth-Carolina de Brethencourt de La-Chapelle (Nas engenheiro esperantista de Varsóvia, iniciando com
Voragens do Pecado), de Berthe de Sourmeville (O Ca- ela uma correspondência, em esperanto, toda im-
valeiro de Numiers), de Andrea de Guzman (O Dra- pregnada de grande sentimento de amor, até 1977,
ma da Bretanha), de Nina (Sublimação), ou em mui- quando desencarna.

Ora, este fato – o reencontro de ambos, Yvonne e jovem Max Niemeyer, desejoso de transferir-se para
Roberto reencarnado, graças à intermediação do es- a América do Sul. Emociona-se singularmente com a
peranto – já havia sido como que prenunciado por figura do jovem suíço e logo tem início, como co-
Leão Tolstoi, entre 1962 e 1963, no belo conto “Amor mum entre esperantistas, intensa correspondência, e
Imortal” da obra Sublimação. O que está ali se realizou o belo e feliz desfecho o leitor já terá intuído... Tudo,
plenamente e foi mais tarde objeto de circunstanciado tudo muito semelhante ao reencontro de Yvonne
relato por parte da médium, publicado em Reformador com Roberto, reencarnado na pessoa de Z. P....
de setembro a dezembro de 1979, sob o título “Um caso Façamos então nossa homenagem ao venerando
de reencarnação – Eu e Roberto de Canallejas”, textos Bezerra de Menezes, ao mesmo tempo que envolve-
que foram mais tarde enfeixados em pequeno volume mos a grande médium em nosso carinho e gratidão,
publicado pela Sociedade Editora Espírita F. V. Lorenz. lendo, ou relendo, o belo A Tragédia de Santa Maria,
Mas em 1958, na obra que é evocada em nosso rico em ensinamentos sobre as grandes teses do
artigo, também o Espírito Adolfo Bezerra de Mene- Espiritismo e do Evangelho.
zes antecipa, de forma agradavelmente romanceada, Concluímos nosso despretensioso texto, transcre-
a bela ocorrência. Ali se verá o reencontro de duas vendo algumas preciosas observações do Dr. Bezerra
almas que se dedicavam fiel e intenso amor desde de Menezes sobre o esperanto e seus ideais (idem,
longínquo passado reencarnatório: Esmeralda de ibidem):
Barbedo, nascida na noite de Natal de 1863, na man-
são da Fazenda Santa Maria, e Bento José de Souza [...] O Esperanto está a serviço da Fraternidade como
Gonçalves, o “Bentinho”. Grandes tragédias desabam a Beneficência está a serviço do Amor... e introduzir a
sobre as almas que compunham o círculo da “Santa mocidade no seu estudo racional é adverti-la a se pre-
Maria”, principalmente Esmeralda e Bentinho. O parar para um futuro radioso, que tenderá a enlaçar a
reencontro de ambos, agora nas pessoas da jovem Humanidade num mesmo elo de vibrações afetivas...
Pamela, herdeira e legítima proprietária da Fazenda,
e do engenheiro agrônomo suíço Max Niemeyer, [...] os adeptos da Doutrina dos Espíritos cedo com-
também é fruto do cultivo do esperanto. Max, du- preendem o valioso concurso do idioma Esperanto
rante o sono, pede a Esmeralda que se aproxime do ao ideal de unificação humana que esposam. [...]
grande ideal que na Suíça o consola do vazio que
sente no coração (A Tragédia de Santa Maria, Pri- [...] O espírita, quiçá melhor ainda que qualquer outro
meira parte, “Amor de outra vida”): idealista, encontra no Esperanto afinidade e ensejos
para o desdobramento dos dilatados sonhos de soli-
[...] Peço-te, minha querida, que imites o meu gesto, dariedade humana que lhe transbordam do seio. [...]
lá em tua Pátria... [...] Quem sabe, assim chegaremos
a corresponder-nos um dia, através de alguma revis- E no final da obra, unidos pelo matrimônio, en-
ta ou jornal de propaganda do Esperanto?... [...] Cul- quanto elevavam graças ao bom Deus pela imensa
tivando o Esperanto, porém, será mais do que prová- felicidade concedida, Pamela exclama (op. cit., Quar-
vel que, com facilidade, nos ponhamos um diante do ta parte, “... E quando Deus permite!”):
outro, renovando, depois, para o futuro, a felicidade
que tão duramente nos foi arrebatada no passado... – Sim, Max querido! Hosanas ao bom Deus!... E gló-
ria ao Idioma da Fraternidade – ao Esperanto! – sem
Pamela, enquanto aguardava o início dos traba- o auxílio precioso do qual muito dificilmente nos
lhos na Instituição Espírita que freqüentava, vê uma teríamos compreendido para a concretização deste
revista ali deixada casualmente, reconhece o idioma grandioso ideal de Amor que desde os séculos passa-
que já conhecia e se surpreende com o anúncio do dos arrebata nossas almas!...

Amor –
Alimento Divino
H U G O A LVA R E N G A N OVA E S
L
embremo-nos das sábias pa- coisas e ao próximo como a si que nos alimentássemos mutua-
lavras de Jesus, quando, no mesmo é um mandamento que mente de simpatia e fraternidade,
deserto, depois de ter jejua- exprime muito bem toda a lei de que são os grandes patrimônios
do por quarenta dias, afirmou que Moisés e tudo o que disseram os do “amor profundo” e que, indu-
o homem não viverá apenas de profetas. bitavelmente, nos sustentam a al-
pão. (Mateus, 4:4.) Com certeza o amor é o maior ma. Este último sentimento é o
Com isso, Ele quis nos mostrar sustentáculo dos seres humanos. pão divino, nutriente sublime dos
que são mais importantes os ali- Semelhante aos alimentos mate- corações.
mentos espirituais que os materiais, que são fontes de energia im- Se o “amor do próximo” é a ba-
riais. prescindíveis para a manutenção se da caridade, “amar os inimi-
Sem dúvida alguma, o amor das funções vitais das criaturas, gos” (Mateus, 5:44) é a mais excel-
encabeça a lista destes últimos o amor, indiscutivelmente, é o sa “aplicação desse princípio, por-
nutrientes. principal nutriente para o Espíri- quanto a posse de tal virtude re-
O divino Nazareno nos mostra, to. Quanto mais nos enriquecer- presenta uma das maiores vitórias
em suas palavras, que o amor é mos de valores morais, mais pró- alcançadas contra o egoísmo e o
condição sine qua non para que ximo estaremos de Deus. orgulho”. (Allan Kardec – O Evan-
obtenhamos grandes venturas. O O Divino Rabi não nos pre- gelho segundo o Espiritismo, cap.
mandamento maior (Mateus, 22: ceituou que “amássemos uns aos XII, item 3.)
37-40) concita-nos a fazer o bem. outros” (João, 13:34) objetivando O amor é lei da vida. Se não
Quem realmente ama a Deus apenas a caridade material. Reco- houvesse amor, nada faria sentido,
acima de tudo reconhece que to- mendava-nos, de igual maneira, pois só existimos porque Deus nos
dos os dias foram feitos iguais pa- sustenta com o seu amor.
ra servir ao semelhante: ama ao “Busquemos,
próximo como a si mesmo, honra então, meditar so-
pai e mãe, não mata, não comete bre o que temos e
adultério, não levanta falso teste- o que não temos,
munho e não cobiça coisa algu- sobre quem so-
ma de quem quer que seja. mos e sobre quem
O meigo Mestre galileu dei- não somos, a res-
xou lição inesquecível, quan- peito do que faze-
do asseverou ao fariseu mos e do que não fa-
orgulhoso que amar a zemos, guardando a
Deus sobre todas as convicção de que sem

a presença do amor naquilo que te-

mos, no que fazemos e no que so-
mos, estaremos imensamente po-
bres, profundamente carentes, des- Sentenças da vida
vitalizados. A inteligência sem
amor nos faz perversos. A justiça Cumpra os deveres desagradáveis.
sem amor nos faz insensíveis e vin- Buscar apenas o nosso deleite é comodismo crônico.
gativos. A diplomacia sem amor

nos faz hipócritas. O êxito sem
amor nos faz arrogantes. A rique- Vitalize os negócios com a fraternidade pura.
za sem amor nos faz avaros. A O comércio não foge à ação da Providência Divina.
pobreza sem amor nos faz orgu-

lhosos. A beleza sem amor nos faz
ridículos. A autoridade sem amor Coloque o bem de todos acima do interesse partidário.
nos faz tiranos. O trabalho sem A senda cristã nas atividades da vida será sempre “caridade”.
amor nos faz escravos. A simplici-

dade sem amor nos deprecia. A
oração sem amor nos faz calculis- Esqueça as narrativas que exaltem indiretamente o erro.
tas. A lei sem amor nos escraviza. A moral da história mal contada é sempre a invigilância.
A política sem amor nos faz

egoístas. A fé sem amor nos torna
fanáticos. A cruz sem amor se Liberte-se das frases de efeito.
converte em tortura. A vida sem A palavra postiça sufoca o pensamento.
amor... Bem, sem amor a vida não

tem sentido...” (Fonte: CD Mo-
mento Espírita, volume 7, faixa 3.) Evite o divertimento nocivo ou claramente desnecessário.
Paulo demonstra que compre- Os pés incautos encontram a queda imprevista.
endera exatamente os ensinos e

exemplos do Cristo ao afirmar que
mesmo quando ele falasse a lín- Resista à desonestidade.
gua dos anjos, conhecesse toda a O critério do amor não se modifica.
ciência, conseguisse transportar os

montes, repartisse seus bens ou en-
tregasse o próprio corpo para ser Valorize os empréstimos de Deus.
queimado, se não tivesse amor, na- Dar não significa abandonar.
da disso lhe aproveitaria. (I Co-

ríntios, 13:1-7.)
Tenhamos, assim, como via por Prestigie a sabedoria da Lei, obedecendo-lhe.
excelência de nossa elevação mo- O auxílio espiritual não surge sem preço.
ral e espiritual, a prática do amor,
André Luiz
da caridade como Jesus a enten-
dia: benevolência para com to- Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos Espíritos Em-
dos, indulgência para com os er- manuel e André Luiz. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 25, p. 146-147.
ros alheios, perdão das ofensas.

Suicídio e Lei de
Causa e Efeito F. A LTA M I R DA CUNHA
S
omente Deus, que nos de novo, é mais severamente impregnava o seu perispírito, e
concede a vida, poderá tratado. O mesmo se dá com o das repetidas cenas da tragédia
também retirá-la no mo- suicida que julga escapar às mi- de que se fez vítima, vai cedendo
mento que achar conveniente. Ao sérias do presente e mergulha gradativamente aos lampejos de
homem é dado, apenas, o direito em desgraças maiores. (O Evan- arrependimento.
de usufruí-la, mudando o que for gelho segundo o Espiritismo, cap. A misericórdia de Deus é infi-
necessário e estiver ao seu alcance, XXVIII, item 71, Ed. FEB.) nita e jamais abandona seus fi-
desde que para essa modificação lhos, sobre os quais estende, em
ele não transgrida a lei divina. Na De acordo com os relatos que forma de conforto e oportunida-
impossibilidade de mudança, de- nos são transmitidos pelos Espíri- des reparadoras, o seu infinito
ve aceitá-la da forma que ela se tos desencarnados, dores acerbas amor. Da mudança extraordinária
lhe apresente, consciente de que é estão reservadas aos que violam as que o arrependimento causa, ini-
a mais adequada às suas necessi- leis divinas, fugindo da vida pela cia-se um novo capítulo na vida
dades evolutivas. porta falsa do suicídio. Entretanto, do suicida. Surge o ensejo de ser
Seja na tempestade ou na bo- o sofrimento é como o fogo purifi- resgatado por equipes de socorro,
nança, a vida, quando bem apro- cador, a alta temperatura que elimi- que o conduzem a hospital espe-
veitada, será valioso instrumento na os microorganismos causado-
a conduzir-nos ao determinismo res de doença e morte; ele perma-
natural – a perfeição. Se em algum necerá no Espírito não como cas-
momento nos sentimos a sucum- tigo, mas sim, como necessidade.
bir sob o peso das provações, su- Depois de um tempo, que varia
pliquemos à Misericórdia Divina de Espírito para Espírito, esse fo-
a renovação das nossas forças, pa- go divino (a dor), tal qual a alta
ra que transponhamos os obstá- temperatura que dobra o podero-
culos sem aderir à infeliz idéia de so metal capacitando-o às mais va-
suicídio. riadas utilidades, dobra o Espírito,
por mais orgulhoso que seja, ao
Afirma Allan Kardec: reconhecimento da covardia e in-
gratidão cometidas.
[...] O suicida é qual prisioneiro A mente, que antes se vinculava
que se evade da prisão, antes de apenas ao sofrimento, como refle-
cumprida a pena; quando preso xo da vitalidade animal que ainda

cializado. Encontra, assim, a aten- casos, várias reencarnações para Deus é Pai de infinita bondade;
ção, o carinho e os ensinamentos as devidas correções vibratórias. nenhuma de suas leis foi criada
necessários, que o preparam para Vale salientar que este reflexo para punir o infrator, e sim para
um novo retorno ao corpo físico. do sentimento de culpa não acon- estimulá-lo a não mais infringi-la
Oportuno lembrar que as con- tece apenas nos casos de suicídio, a fim de evoluir.
dições do suicida após a desencar- mas em qualquer transgressão das Os mentores espirituais dizem
nação, em qualquer circunstância, leis que regem a vida. Porém, em que os remanescentes do suicídio
com atenuantes ou agravantes, são todas as situações, existirão sempre acompanham o Espírito até que
sempre de muita dor e sofrimento. atenuantes e agravantes. Ladeando ele retorne ao palco da vida cor-
Quanto à duração desse sofrimen- poral, para a devida reparação.
to, não podemos defini-la, pois se- Deus, longe de abandonar o
rá sempre variável e de acordo com transgressor em sofrimentos eter-
a necessidade de cada um. Pode- nos, como afirmam algumas reli-
mos, porém, afirmar que não ter- giões, dá-lhe a oportunidade de
mina quando realizado o resgate resgate e reparação das suas faltas.
pelas equipes espirituais. É bem verdade que este processo
Após o resgate, na verdade, ha- exige dores e sofrimento, que serão
verá certo alívio, que funcionará sempre o remédio amargo, porém
como uma espécie de trégua, para eficaz na cura da sua doença. Para
que se refaça do desgaste gerado no usufruirmos os benefícios deste
período mais ou menos longo que remédio, é preciso aceitá-lo com
passou nas zonas de sofrimento. resignação, sem a presença nociva
O retorno ao palco da vida físi- da revolta. Quem não tem resigna-
ca (reencarnação) será a próxima ção, mesmo sofrendo, não se cura,
etapa considerada de fundamen- retornará ao plano espiritual ain-
tal importância, para que possa da com a enfermidade.
resgatar o débito contraído pela Os amigos espirituais aconse-
sua atitude precipitada e reparar lham a paciência e a resignação, co-
as desarmonias vibratórias em seu mo elementos indispensáveis para o
perispírito (corpo espiritual). êxito nas provações da vida e os me-
Para entendermos o que aqui se- lhores antídotos contra a loucura
rá exposto, lembremo-nos de que e o suicídio, pois são muitos os que
a Justiça Divina se encontra im- desertaram da vida, às vésperas de
pressa na consciência de cada um. terem os problemas solucionados.
A sua execução não é um castigo, Portanto, antes de qualquer ati-
mas sim o reflexo da apreciação in- a Justiça Divina, encontra-se tam- tude precipitada, não esqueça-
dividual a respeito da transgressão bém a misericórdia, permitindo mos: todo sofrimento tem fim e
cometida. Quanto mais consciente que uma atitude de amor tenha o todo problema tem solução. É
for o Espírito a respeito do seu co- poder de remover expiações que oportuno não esquecermos tam-
metimento, maior será a manifesta- exigiriam longos períodos de dores bém o que dizem aqueles que um
ção do remorso e do desejo de repa- e sofrimentos. Foi com base nesta dia impensadamente cometeram
ração. A violência cometida tem ta- verdade, que o apóstolo Pedro afir- o autocídio: “Nenhum sofrimento
manha repercussão no seu perispí- mou: “O amor cobre a multidão na Terra se compara ao sofrimen-
rito, que são necessárias, em alguns de pecados”. (I, 4:8.) to do suicida”.

Sintonia
e vibração
AY LTO N P A I VA
A
Ciência nos demonstra, trole, procurando compreender as arremessa parte do veneno que o
nos dias atuais, que vive- situações desagradáveis ou afliti- consome e ensandece.
mos imersos em um ocea- vas que ele esteja vivenciando. Protegidos pelo escudo da com-
no de ondas e vibrações que atuam Com esse entendimento, po- preensão, procuremos neutrali-
no campo da matéria e avançam deremos aplacar as descargas de zar as flechas mentais envenena-
para o campo da energia, cada vez emoções e pensamentos gerado- das que nos são atiradas e ajamos
mais sutil. res da irritação, da raiva, do ódio de maneira a tentar restabelecer
Também o Espiritismo nos diz e da violência verbal ou física, o equilíbrio e o bom senso no in-
que vivemos imersos em ondas e tanto quanto os estados de an- juriador, pelas ações do amor e pe-
vibrações mentais positivas ou ne- gústia e mal-estar em nosso cam- los atos da justiça.
gativas, boas ou más. Essas vibra- po mental. Se nos sentirmos envolvidos pe-
ções mentais são emitidas pelo Es- A busca da compreensão do es- las emanações de vibrações per-
pírito, esteja ele revestido de cor- tado emocional do outro resulta- turbadoras por aqueles que estão
po físico ou não. rá na nossa possível tranqüilidade ao nosso lado, no lar, no trabalho
Como estamos constantemen- para até mesmo ajudá-lo, estabe- ou em outra parte, emitamos, pe-
te emitindo essas vibrações, é im- lecendo os seus limites de forma la oração, meditação e reflexão, ener-
portante sabermos que tipo de idéia razoável. gias de paz, otimismo, confiança e
e sentimento vamos alimentando: Esse modo de agir será a mani- alegria.
bons ou maus. festação de vibrações de amor ao Procuremos responder às vibra-
Assim, diante de perturbações próximo e a nós mesmos. ções de perturbação com as irra-
com a conduta alheia, analisamos Se nos sentimos feridos por al- diações da paz.
nossa reação e que espécie de vi- guém, vamos nos colocar no lugar Ante as manifestações do de-
brações passaremos a emitir, pois, dessa pessoa, e, sentindo, mais ou sequilíbrio do mal, respondamos
pelo fenômeno da sintonia, pas- menos, o que ela estaria sentin- com as energias do amor, signifi-
saremos a receber, podendo agra- do, poderemos até ter compaixão, cando a nossa sintonia com a har-
var ou diminuir o problema. sem que isso, obviamente, dê ao monia da Vida.
Diminuiremos obstáculos ou agressor o direito de tripudiar so- Recordemo-nos do Mestre Jesus:
aumentaremos problemas. bre os nossos direitos. “Batei e abrir-se-vos-á. Pedi e ob-
Será de bom alvitre, para equi- Se nos consideramos injuria- tereis”.
librarmos as nossas emoções e vi- dos, situemo-nos, de imediato, Essa norma evangélica gover-
brações, que, por momento, nos na posição daquele que nos alve- na também o campo da vibração
coloquemos no lugar do outro, ja com os seus dardos mentais e e sintonia.
analisando tanto quanto possível verbais envenenados, com o que Vibremos Amor e plantaremos,
as causas possíveis do seu descon- compreenderemos que o agressor progressivamente, a Felicidade.

Desencarna
Hélio Burmeister
A
pós prolongada enfermi- Espiritismo foi através da Socie- Deliberativo Estadual. Colaborou,
dade desencarnou, na noi- dade Espírita Francisco de Monte também, na formatação do docu-
te de 23 de dezembro de Alverne. mento “Normas para os Trabalhos
2007, Hélio Burmeister, no Hos- Teve grande destaque durante do Departamento de Assistência
pital Santa Rita, em Porto Alegre. o 2o Congresso Espírita do Rio Social da Sociedade Espírita Fede-
Seu sepultamento foi marcado pa- Grande do Sul, como relator da rada”.
ra o dia 24, às 15 horas, no Cemi- tese “Evangelização dos Lares”, em Foi quem transferiu a livraria
tério João XXIII. 1951. da Federação para o local atual, na
A vida de Hélio Burmeister po- No âmbito estadual e nacional sede da FERGS, abrindo suas portas
deria ser contada de várias formas, Hélio destacou-se pelo exercício da para o público externo, dando nova
principalmente por seus familiares, fase à divulgação do Espiritismo.
que são os detentores das maiores Durante suas gestões foram rea-
e mais íntimas informações sobre lizadas inúmeras Confraterniza-
tão prezado companheiro. Entre- ções de Juventudes Espíritas do Rio
tanto, para o Movimento Espírita Grande do Sul, entre elas as de No-
gaúcho, Hélio significa uma ban- vo Hamburgo, Cruz Alta e Livra-
deira: a da dedicação à causa espíri- mento. Também presidiu o 2o e o
ta, empregando toda sua disponi- 3o Seminário Estadual de Divul-
bilidade ao trabalho. gação do Espiritismo, em maio de
Hélio fez parte do grupo pionei- 1988 e em abril de 1989, respectiva-
ro que, com Francisco Spinelli e mente e, em 1989, o Seminário de
outros valiosos companheiros, ini- Ação Social.
ciou o trabalho de evangelização Hélio Burmeister desencarna
das novas gerações. Participou dos deixando esposa e filhos, mais uma
primeiros momentos do planeja- incontável legião de amigos e pes-
mento e da execução das obras ini- presidência da Federação Espírita soas reconhecidas pela sua genero-
ciais que fariam do Rio Grande do do Rio Grande do Sul durante os sidade e honestidade.
Sul o grande balizador do movi- anos de 1972 a 1976 e de 1988 a Jamais se afastou dos postulados
mento de evangelização da infância 1991, tendo especial participação da verdade e da direção no bem,
e da juventude. no direcionamento da Doutrina lutando para que a paz social pu-
Atrelado ao trabalho de assistên- Espírita no Rio Grande do Sul. desse atingir a todos, principalmen-
cia aos necessitados foi, durante Realizou reformas no estatuto te os menos favorecidos.
grande parte de sua vida, dirigente da FERGS, com a criação das
do Instituto Espírita Amigo Ger- Uniões Distritais e Municipais Es- Fonte: Jornal Diálogo Espírita, da FERGS,
o
mano. Entretanto, sua iniciação no píritas, instituindo o Conselho n 70, de novembro/dezembro de 2007, p. 3.

Seara Espírita
Goiás: Congresso Estadual Espírita mente pela Super Rede Boa Vontade de Rádio, pa-
Ocorreu em Goiânia, de 2 a 5 de fevereiro, o 24o ra todo o Brasil e Exterior, às 16h, com reapresenta-
Congresso Espírita Estadual, uma promoção da ção às 23h e, na manhã seguinte, às 2h e 8h. A fre-
Federação Espírita do Estado de Goiás. Durante qüência da emissora pelos Estados pode ser obtida
o evento foi abordado o tema central “Estudando a na página eletrônica: www.redeboavontade.com
força do pensamento à luz da Doutrina Espírita”. Mais informações: (11) 3358-6800.
Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail:
feego@feego.org.br Uruguai: Seminário para Trabalhadores
Espíritas
Paraíba: Encontro Espírita A convite da Federação Espírita Uruguaia, foi desen-
A Federação Espírita Paraibana realizou o Encontro volvido o seminário “Gestão Administrativa e Dou-
Espírita da Paraíba, de 2 a 5 de fevereiro, com o trinária de Centros Espíritas”, destinado a dirigentes
tema central “Espiritismo: construindo diretrizes e trabalhadores, nos dias 2 e 3 de fevereiro. O progra-
para a família, a vida e a paz”. O evento se desenvol- ma ocorreu na sede da Federação e foi desenvolvido
veu na sede da FEPb, em João Pessoa, e contou com pelo diretor da FEB e do CEI Antonio Cesar Perri de
a participação de vários palestrantes. Informações: Carvalho e por Marco Leite, integrante da equipe
fesppb@gmail.com da Secretaria Geral do CFN da FEB.
Espanha: Congresso Espírita ICEB: Programa de férias

A Federação Espírita Espanhola promoveu o XV O Instituto de Cultura Espírita do Brasil realizou o
Congresso Nacional Espírita Espanhol, tendo como seu programa de férias, desenvolvido em janeiro e fe-
tema central “A Alma é imortal”. O evento acon- vereiro. As palestras ocorreram aos sábados, das 15h
teceu nos dias 7, 8 e 9 de dezembro de 2007, no às 17h, tendo, as de janeiro, como expositores, Noá
Hotel Bayren I, em Gandia, Valência. Informações: Lopes Rafael, João Aparecido Ribeiro e Milton Me-
www.espiritismo.cc nezes; em fevereiro, falaram Cristiano Zakour, Al-
berto Leitão Rosa e Isaura de Oliveira Hart. O local
Amazonas: 104 anos da Federação foi o Auditório Sylvio Walter Xavier, na cobertura do
No dia 1o de janeiro a Federação Espírita Amazonen- edifício-sede do Lar Fabiano de Cristo, Rua dos Invá-
se (FEA) completou 104 anos de fundação. Para co- lidos, l4, Centro – Rio de Janeiro. (SEI, 12/1/2008.)
memorar essa data, a presidente da FEA, Sandra Mo-
raes, proferiu a palestra “A paz do mundo começa Rádio Rio de Janeiro: Índice de audiência
em mim”. Esta comemoração também deu início à De acordo com os dados fornecidos pelo Institu-
ativação da Campanha Construamos a Paz Promo- to Brasileiro de Opinião, Pesquisa e Estatística
vendo o Bem!, aprovada pelo Conselho Federativo (IBOPE), a Rádio Rio de Janeiro atingiu índice iné-
Nacional da Federação Espírita Brasileira. dito e histórico de audiência: o terceiro lugar geral
de audiência aos sábados, dentre as 23 emissoras que
São Paulo: Livro Sexo e Destino no Rádio compõem o rádio AM carioca, aos sábados, nos três
O livro Sexo e Destino, do Espírito André Luiz, psi- últimos trimestres consecutivos. No trimestre setem-
cografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo bro–novembro de 2007, a emissora alcançou, aos
Vieira, foi transformado em radionovela, a qual te- sábados, no Grande Rio, a audiência média de 9.004
ve início no dia 13 de novembro e vai ao ar diaria- ouvintes por minuto. (Assessoria da RRJ.)

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FE D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

DEUS, CRISTO E CARIDADE Ano 126 • Nº 2.148 • Março 2008

“Deus é a inteligência suprema, causa

4 82 Reformador • Março 2008

Março 2008 • Reformador 83 5

6 84 Reformador • Março 2008

Março 2008 • Reformador 85 7

8 86 Reformador • Março 2008

encontram ancilosados na roti- diz respeito ao Espiritismo, ain-

Março 2008 • Reformador 87 9

10 88 Reformador • Março 2008

Março 2008 • Reformador 89 11

Presença de Chico Xavier

12 90 Reformador • Março 2008

Março 2008 • Reformador 91 13

Divaldo Pereira Franco, versan- Maceió e na Assembléia Legisla-

14 92 Reformador • Março 2008

Reformador: Como vocês sentem

Ouve os amigos com presteza

Março 2008 • Reformador 93 15

III Encontro Nacional de

16 94 Reformador • Março 2008

Deus lhe fosse lembra- das no II Encontro Na-

Março 2008 • Reformador 95 17

18 96 Reformador • Março 2008

Março 2008 • Reformador 97 19

gião no sentido cósmico), revigo-

Admitimos seja suficiente breve

20 98 Reformador • Março 2008

Esf lorando o Evangelho

Março 2008 • Reformador 99 21

Deus, sua sabedoria e justiça

22 100 Reformador • Março 2008

O sentimento religioso assume a Na obra de Richard P. Brennann,

Março 2008 • Reformador 101 23

24 102 Reformador • Março 2008

Registros inéditos dos que fizeram

Março 2008 • Reformador 103 25

Em dia com o Espiritismo

res.1 Para se ter idéia da dimensão

26 104 Reformador • Março 2008

Março 2008 • Reformador 105 27

28 106 Reformador • Março 2008

Março 2008 • Reformador 107 29

30 108 Reformador • Março 2008

HAROLD O DUTRA DIAS

Março 2008 • Reformador 109 31

O Benfeitor Emmanuel, por e moral vas, nem expiações. Não estan-

32 110 Reformador • Março 2008

Março 2008 • Reformador 111 33

“A Tragédia de Santa Maria”

34 112 Reformador • Março 2008

Março 2008 • Reformador 113 35

36 114 Reformador • Março 2008

a presença do amor naquilo que te-

Março 2008 • Reformador 115 37

38 116 Reformador • Março 2008

Março 2008 • Reformador 117 39

40 118 Reformador • Março 2008

Março 2008 • Reformador 119 41

Espanha: Congresso Espírita ICEB: Programa de férias

42 120 Reformador • Março 2008

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