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O tópico sobre a humanidade de Jesus não é tão discutido quanto a sua divindade, mas seu estudo é
tão importante quanto este. Que Jesus é Deus, todos os cristãos sinceros concordam e entendem, contudo
a idéia da sua humanidade, ainda que aceita, não é corretamente entendida, e poucas vezes ensinada.
O credo cristão formula a natureza de Jesus como sendo plenamente Deus e plenamente Homem. Ou
seja, o Deus encarnado assumiu completamente a humanidade, tornando-se passível das mesmas
limitações físicas e psicológicas comuns a todos os homens. Uma vez que estávamos separados de Deus
pelo pecado, foi necessário que o próprio Deus encarnasse para que pudéssemos voltar a ter novamente
comunhão com Ele. Dessa forma, a genuinidade da divindade de Cristo garante a eficácia de sua obra
realizada na cruz, e a realidade de sua humanidade garante que sua morte é aplicável a todos os seres
humanos.
Vejamos o que a Bíblia tem a nos ensinar sobre o aspecto humano da natureza de Cristo.
Sua percepção pelos homens (I Jo 1:1; Mt 9: 20-22; 26:12; Jo 20: 25,27): Jesus de fato foi visto e tocado
pelos homens a sua volta. Não era um espírito com a forma humana, nem um fantasma, mas um homem
real, a ponto de Tomé só acreditar em sua ressurreição após tocá-lo. Mesmo o testemunho do Espírito de
Deus afirma que Jesus tomou plenamente a forma humana (I Jo 4: 2,3a).
Sua morte(Lc 23: 46; Jo 19: 33,34): Jesus Podia morrer, como de fato morreu. Sua morte não foi
aparente, mas verdadeira. Seu corpo sucumbiu aos sofrimentos infligidos e de fato expirou à semelhança
de todos os homens. Esta é talvez a suprema identificação de Jesus com a humanidade, pois sendo Deus
não deveria morrer, mas ao assumir plenamente a humanidade, torna-se sujeito a possibilidade da morte.
Eis uma verdade tremenda e profunda.
1.2. Sua Natureza Psicológica e Intelectual
Seu conhecimento era superior ao dos homens: em termos intelectuais, Jesus possuía um
conhecimento que se destacava em relação aos outros homens. Ninguém na História Humana disse
palavras tão belas, de grande profundidade e de maior alcance. Não só isso, Jesus deu claras
demonstrações de um conhecimento além da capacidade humana. Sabia o que pensava os seus amigos e
inimigos(Lc 6:8; 9:47). Conhecia coisas sobre o presente, pois sabia que Lázaro estava morto (11:14), o
passado, uma vez que conhecia o fato da mulher samaritana ter tido cinco maridos (Jo 4:18) e o futuro das
pessoas, ilustrado no fato de antemão ter avisado a Simão Pedro de sua negação (Lc 22:33).
Seu conhecimento não era ilimitado: em algumas passagens vemos Jesus fazendo perguntas retóricas
afim de reforçar algum ensinamento (Mt 22: 41-45), contudo há outras passagens em que Jesus pergunta
sinceramente em busca de informações às quais não possuía. Um exemplo claro foi o caso do garoto
acometido de um espírito de surdez e mudez, onde Jesus pergunta ao pai dele "Há quanto tempo isto lhe
sucede?" (Mt 9: 20,21). Há nesta passagem uma clara alusão que Jesus não tinha tal informação, e a
julgava útil e necessária para promover a restauração daquele garoto. Um outro caso ainda mais explícito
foi no discurso apocalíptico em Mc 13:32, quando ao ser interpelado sobre quando voltaria uma segunda
vez, Jesus respondeu francamente: "Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos
no céu, nem o Filho, senão o Pai". Foi uma declaração clara de sua falta de conhecimento sobre essa
informação
Mantinha uma vida de oração (Lc 6:12; 22: 41,42; Jo 6:15): várias ocasiões vemos Jesus sair para orar
sozinho ou em grupo. Sua dependência humana do Pai era total e a oração era uma prova disso. Em
todas as coisas Jesus se mostrou plenamente humano, tanto no aspecto físico, como no mental. Não
havia dúvidas para os autores do NT que Jesus era plenamente homem.
2. Jesus, Plenamente Homem, Totalmente Singular
Pelos tópicos acima está claro que Jesus assumiu completamente a humanidade, sujeito a todos os
reveses que o estado de humanidade poderia lhe trazer, contudo Jesus não um homem qualquer, igual a
todos os homens. Vários fatos em sua vida mostram essa santa singularidade:
Que nossa salvação é sobrenatural (Jo 1:13): a salvação não vem pelo nosso esforço ou
realização.
Que a salvação é uma dádiva da Graça (Ef 2:8): assim como não houve nenhum mérito em
Maria para que fosse escolhida, da mesma forma acontece conosco quando somos salvos.
A esposa de Pilatos (Mt 27:19): "Não te envolvas com o sangue deste justo".
O ladrão na cruz (Lc 23:41): "este nenhum mal fez".
Judas, o traidor (Mt 27:4) : "Pequei, traindo sangue inocente".
A Bíblia deixa claro portanto, a impecabilidade de Jesus, mas isso não invalida as tentações que
sofreu como algo de humanidade. Foram as tentações genuínas, e embora Jesus pudesse pecar, era certo
que não pecaria. Entretanto, alguém poderia levantar a questão: uma pessoa que não pode cair ao ser
tentado, de fato experimentou a tentação? Um famoso comentarista bíblico, Leon Morris, argumenta que
uma pessoa que resiste até o fim conhece todo o poder da tentação. Dessa forma a impecabilidade aponta
para uma tentação muito mais intensa que estamos geralmente acostumados a pensar e sentir. Diz Morris
que “ o homem que cede a certa tentação não sente todo o seu poder”. Uma outra pergunta que fica no ar
é: se Jesus não pecou, Ele era realmente humano? Se respondermos não, estaremos incorrendo em
gravíssima heresia, pois estamos dizendo em outras palavras que Deus criou o homem naturalmente
pecador e, portanto, Ele é a causa do pecado e o criador de uma natureza má e corrompida. O senhor é
puro de olhos, Ele sequer pode contemplar o pecado (Hc 1.13), quanto mais ser a causa intencional de
seres corrompidos pelo mesmo pecado. Não, a resposta não só não é este como a pergunta está
formulada de maneira errada, pois estamos de certa forma perguntando se Jesus é tão humano quanto
nós. O correto é perguntar: somos tão humanos quanto Jesus? Esta pergunta nos remete a verdade
que não temos a humanidade em toda sua plenitude. Não somos seres humanos genuinamente
puros, assim como Jesus o foi. Do ponto de vista bíblico só houve três seres humanos
completamente humanos: Adão e Eva (antes da queda), e Jesus. Todo o restante da humanidade é
apenas uma sombra da humanidade original. Nossa humanidade é totalmente conspurcada pelo
pecado que tenazmente nos assedia. Somos versões inferiores da versão adâmica original. Dessa
maneira Jesus não só é humano como nós, como também mais humano. É sua humanidade que
deve ser padrão para nós e não o inverso.
"Um só e mesmo Cristo, Filho Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas,
inconfundíveis e imutáveis, indivisíveis e inseparáveis; a distinção de naturezas de modo
algum é anulada pela união, mas pelo contrário, as propriedades de cada pessoa e natureza
permanecem intactas concorrendo para formar uma só Pessoa..."
Jesus ao assumir a forma humana, adquire atributos humanos, mas não desiste de sua natureza divina
(Fp 2: 6,7). Quando Paulo fala em Fp que Jesus se esvaziou assumindo a forma de servo, é da posição de
igualdade com Deus que Jesus se esvazia e não da natureza divina. Assim Jesus se submete
funcionalmente ao Pai e ao Espírito Santo no período da encarnação. Mantém todos os atributos divinos
(Cl 2:9), mas os submete voluntária e humildemente ao Pai, não fazendo uso deles a não ser que seja esta
a vontade dAquele que o enviou. Também deve ficar claro que Jesus não era em algumas ocasiões
humano e noutras divino, e nem mesmo um terceiro ser resultante da fusão das duas naturezas. Seus atos
sempre foram humanos e divinos ao mesmo tempo. Dessa maneira a humanidade e a divindade são
conhecidas de forma mais completa em Jesus Cristo. Não existe melhor fonte para conhecermos como
deveria ser o ser humano do que olharmos para Jesus. Ele é o novo Adão e nEle somos feitos novas
criaturas, segundo a vontade de Deus (Jo 1:12; II Co 5:17). Mas Cristo também é nossa melhor fonte para
conhecermos como e quem é Deus, pois Ele nos revela de forma mais plena possível o Pai:
"Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou"
(Jo 1:18).
"Se vós me tivésseis conhecido, conheceríes também a meu Pai. Desde agora o conheceis e
o tendes visto. Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta. Disse-lhe
Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a
mim, vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?" (Jo 14: 8-11).
Jesus, Nosso Senhor, é alguém totalmente singular entre todas as pessoas que viveram e viverão na
face da terra. Ele é o perfeito humano, sem pecado, dependente da vontade do Pai e submisso a ela. É
também verdadeiro Deus(1Jo 5.20), em honra, majestade e poder, que assumiu a humanidade e do
homem teve compaixão a ponto de morrer por ele, de forma que este fosse liberto do pecado, para que
pudesse viver como filho de Deus(Jo 1.12). Sua obra e propósito eterno foram e serão plenamente
cumpridas. Louvado seja o Senhor por ter enviado seu Filho a mundo, para que fosse salvo todo aquele
que nEle crê(Jo 3.16).
Reflexão conclusiva
“Todo homem quer ser rei; todo rei quer ser Deus; só Deus quis ser homem” refletiu Galileu Galilei . O
desequilíbrio desencadeado pelo pecado dificultou ao ser humano a compreensão de assuntos paradoxais,
considerando-os contraditórios. Desde os judeus ebionitas, que não criam na divindade Jesuânica, até os gnósticos,
que não criam na humanidade Cristológica, a harmonia da natureza divina e humana de Cristo reverbera dissonante.
“O Verbo se fez carne, habitou entre nós e vimos a sua Glória(...)”(Jo 1.14). Deus se fez homem, gente, ser
humano. Chorou; sorriu; se cansou; se alimentou. Sendo homem, evidenciou Deus. Sendo Deus ensinou uma
humanidade que transcende o húmus e nasce no espírito: o amor da autodoação. O vínculo da perfeição(Cl 3.14)
insufla a esperança para a qual aponta sua humanidade, e semeia a fé por sua divindade. As virtudes cardinais
resplandecem diáfanas no Deus-homem Jesus Cristo.
SEMINÁ RIO TEOLÓ GICO BÍBLICO
DIRETOR DA INSTITUIÇÃO: PR. ESDRAS CABRAL
PÓLO DE ENSINAMENTO : ILHA DE ITAMARACÁ
EDUCADOR CRISTÃO : PB. ALDEMÁ RIO ANTONIO
DISCIPLINA : CRISTOLOGIA E PARACLETOLOGIA
A HUMANIDADE DE JESUS
O DEUS ENCARNADO
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
1. Marque com “X” a única resposta correta, quanto a expressão bíblica “E o verbo se
fez carne e habitou entre nós. (Jo 1.14)”:
( ) O texto prova a humanidade de Cristo Jesus
( ) O texto mostra-nos que Cristo habitou entre os homens
( ) O texto mostra-nos o “Deus-humano”
( ) Todas estão corretas
2. Escreva cinco aspectos humano da natureza física de Jesus, e seus devidos textos
bíblicos.
8. Cite três textos bíblicos, que comprovam que Jesus em sua natureza humana não
pecou.
10. Por que é importante estudar sobre a humanidade de Jesus Cristo “o Deus-
homem”?