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A Pessoa de Cristo: Sua Humanidade (Doutrina


Bíblica) [2/3]
Por Vinicius Musselman P… em 12 dez, 2012

PARTE 1   PARTE 2   PARTE 3

A Humanidade de Cristo
Desde o momento da concepção virginal de Jesus no ventre de Maria, a sua
natureza divina foi permanentemente unida à sua natureza humana em uma e a
mesma pessoa, o agora encarnado Filho de Deus. A evidência bíblica para a
humanidade de Jesus é forte, mostrando-nos que ele possuía um corpo
humano, uma mente humana, e experimentou a tentação humana.

Jesus teve um nascimento humano e uma genealogia humana: “vindo, porém, a


plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a
lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção
de filhos” (Gálatas 4.4-5).
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Jesus possuía um corpopostagens?
humano que experimentou crescimento (Lucas 2.40,
52), assim como suscetibilidades físicas, a exemplo de fome (Mateus 4.2), sede
(João 19.28), cansaço (João 4.6) e morte (Lucas 23.46).

Como um homem velho, o apóstolo João ainda estava maravilhado ante o fato
de que a ele fora dado experimentar Deus o Filho em carne. Como uma criança
exultante, ele continua repetindo para si mesmo à medida que descreve a
encarnação:

O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os
nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam,
com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e
dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava
com o Pai e nos foi manifestada),  o que temos visto e ouvido anunciamos
também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão
conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.
(João 1.1-3)

João sabia acerca da encarnação há mais de 50 anos quando escreve essa carta,
mas, ainda assim, ele escreve com maravilhado assombro à medida que reflete
sobre o caminhar nas praias da Galileia, pescar, comer, rir e ter os seus pés
lavados por um carpinteiro que era Deus em carne!

Jesus continua a ter um corpo físico em seu estado ressurreto, e ele esforçou-
se sobremaneira para assegurar que os seus discípulos entenderiam isso: “Vede
as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai,
porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lucas
24.39; cf. Lucas 24.42; João 20.17, 25-27). Após a sua ressurreição, Jesus voltou
para o Pai, ascendendo em seu corpo divinamente reanimado perante os olhos
maravilhados dos seus discípulos, assim testificando a sua plena e contínua
humanidade física (Lucas 24.50-51; Atos 1.9-11). A ascensão tem sido incluída em
cada credo relevante da igreja porque ela ensina a completa e permanente
humanidade de Jesus como o único mediador entre Deus e o homem.
Jesus tinha uma  mente humana, a qual, segundo a vontade do Pai, possuía
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limitações em conhecimento: “Masatualizado das nossas
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daquele dia ou da hora ninguém
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sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai” (Marcos 13.32). A sua mente
humana crescia e amadurecia em sabedoria (Lucas 2.52), e ele até mesmo
“aprendeu a obediência” (Hebreus 5.8-9). Dizer que Jesus “aprendeu a
obediência” não significa que ele se moveu da desobediência para a obediência,
mas que ele cresceu em sua capacidade de obedecer à medida que suportou os
sofrimentos.

Jesus experimentou  tentação humana: “Porque não temos sumo sacerdote que
não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas
as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hebreus 4.15; cf. Lucas 4.1-2).
Embora Jesus tenha experimentado toda sorte de tentação humana, ele nunca
sucumbiu ao pecado (João 8.29, 46; 15.10; 2Coríntios 5.21; Hebreus 7.26; 1Pedro
2.22; 1João 3.5).

Jesus praticava disciplinas espirituais. Ele regularmente orava com paixão


(Marcos 14.36; Lucas 10.21; Hebreus 5.7), adorava nos cultos na sinagoga (Lucas
4.16), lia e memorizava a Escritura (Mateus 4.4-10), praticava a disciplina da
solidão (Marcos 1.35; 6.46), observava o Shabbath (Lucas 4.16), obedecia às leis
cerimoniais do AT (João 8.29, 46; 15.10; 2Coríntios 5.21; Hebreus 4.15), e recebia a
plenitude do Espírito (Lucas 3.22; 4.1). Essas atividades religiosas eram
desempenhadas com diligência (Hebreus 5.7) e habitualidade (Lucas 4.16) como
os meios de um processo de crescimento espiritual verdadeiramente humano.

Dada a natureza divina de Jesus, a normalidade da maior parte de sua vida


terrena é surpreendente. Aparentemente, Jesus passou os primeiros 30 anos de
sua vida em relativa obscuridade, fazendo trabalhos manuais, cuidando de sua
família e sendo fiel em qualquer coisa que o seu Pai o chamasse a fazer. Em seu
ministério público, Jesus operou sinais miraculosos e dispensou ensino
autoritativo que poderia vir apenas de Deus, e isso foi chocantemente ofensivo
para as pessoas de sua cidade natal, as quais viam a simplicidade e humildade
de Jesus como incompatíveis com a sabedoria e o poder messiânicos:

“E, chegando à sua terra, ensinava-os na sinagoga, de tal sorte que se


maravilhavam e diziam: Donde lhe vêm esta sabedoria e estes poderes
miraculosos? Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe
Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas
Quer
as suas irmãs? Donde lheficar atualizado
vem, das nossas
pois, tudo isto?novas
E escandalizavam-se nele.
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Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, senão na sua terra e na
sua casa” (Mt 13.54-57).

Jesus não deixou de ser plenamente humano após a ressurreição. Ele será
homem eternamente, à medida que ele representa a humanidade redimida por
toda a eternidade (Atos 1.11; 9.5; 1Coríntios 9.1; 15.8; 1Timóteo 2.5; Hebreus 7.25;
Apocalipse 1.13).

Implicações da Humanidade de Cristo


É evidente que os homens têm sido continuamente pecaminosos desde a queda.
Portanto, é fácil assumir que ser pecaminoso é uma parte essencial e necessária
de ser um “ser humano”. Mas isso não é verdade. Jesus era humano e, ainda
assim, ele não pecou. O fato de que ele se tornou homem revela a natureza da
verdadeira humanidade. A sua humanidade nos dá um vislumbre de como seria
a nossa humanidade, caso ela não houvesse sido manchada pelo pecado. Ele nos
mostra que o problema com a humanidade não está em sermos humanos, mas
em sermos caídos. A natureza humana de Jesus mostra o potencial da
humanidade tal como Deus intencionou. Essa demonstração da humanidade
sem pecado reafirma a declaração de Deus de que a criação em todas as suas
dimensões originais (material e espiritual), incluindo a humanidade, é, por
definição divina, muito boa (Gênesis 1.31).

A humanidade de Jesus habilita a sua obediência representativa em nosso favor.


“Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para
condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos
os homens para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de
um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da
obediência de um só, muitos se tornarão justos” (Romanos 5.18-19). Porque
Jesus é verdadeiramente humano, a sua vida perfeita de obediência e triunfo
sobre todas as tentações – culminando em sua perfeita morte substitutiva –
pode tomar o lugar da rebelião e do fracasso humanos.

Por causa da humanidade de Jesus, ele pode verdadeiramente ser um sacrifício


substitutivo pela raça humana. “Por isso mesmo, convinha que, em todas as
coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo
sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados
do povo” (Hebreus 2.17). Quer ficar atualizado
Um homem morreudas na
nossas
cruznovas
quando Jesus morreu, e a
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sua morte verdadeiramente é a expiação pelo pecado de seres humanos, de cuja
natureza ele participou.

A humanidade de Jesus faz dele o único mediador eficaz entre Deus e o homem:
“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo
Jesus, homem” (1Timóteo 2.5). As naturezas divina e humana de Jesus o
habilitam a se colocar na brecha entre homens caídos e um Deus santo.

A humanidade de Jesus o habilitou a tornar-se um Sumo Sacerdote empático,


que experiencialmente entende a difícil condição da humanidade em um
mundo caído: “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-
se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa
semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto
ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4.15-16; cf. Hebreus 2.18).

A humanidade de Jesus significa que ele é um verdadeiro exemplo e modelo


para o caráter e a conduta dos homens. “Porquanto para isto mesmo fostes
chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos
exemplo para seguirdes os seus passos” (1Pedro 2.21; cf. 1João 2.6).

Erros Históricos Acerca da Humanidade de Cristo


Uma heresia do segundo século chamada docetismo negava a verdadeira
humanidade de Cristo. O docetismo (do verbo grego dokeō, “aparentar,
parecer-se com”) baseava-se nas pressuposições do gnosticismo, o qual
sustentava uma dicotomia radical entre os reinos físico e espiritual, bem como
uma visão muito negativa da ordem física como sem valor e desprezível. Essas
crenças conduziram a uma negação de que houvesse qualquer substância física
real na humanidade de Jesus. A cristologia docética ensinava que a humanidade
física de Jesus era apenas uma ilusão; uma de suas afirmações era que “quando
Jesus caminhava na praia, ele não deixava pegadas”. O docetismo tem efeitos
devastadores sobre uma correta visão de Cristo, da salvação, da revelação e da
criação. Nessa perspectiva, Cristo não representa a humanidade em sua obra
expiatória, tampouco nos revela Deus em forma humana. Tal ensino também
destrói uma visão biblicamente positiva da criação, conduzindo a uma
perspectiva negativa ou indiferente acerca da vida no corpo. O NT refuta as
sementes do que viria aQuer ficar atualizado
se tornar das nossascom
o gnosticismo, novasa sua visão docética de
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Cristo. João condena severamente qualquer visão que negue a humanidade
plena, física de Cristo: “Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que
confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus” (1João 4.2).

O apolinarianismo foi outra heresia primitiva que negava a humanidade plena


de Cristo. Apolinário (século IV d.C.) acreditava que os seres humanos possuíam
corpos, almas animais e espíritos racionais. Ele ensinava que o logos divino em
Cristo tomou o lugar do espírito racional presente nos homens. Essa visão foi
refutada de modo bem-sucedido no quarto século por Gregório de Nisa e
Atanásio, bem como rejeitada no Concílio de Constantinopla em 381 d.C.. O
concílio demonstrou que se Jesus fosse apenas, digamos, dois terços humanos,
a plena redenção de pessoas plenamente humanas não seria possível. Na
citação célebre de Gregório, “aquilo que Ele não assumiu Ele não curou; mas
aquilo que está unido à Sua Divindade também está a salvo”. Jesus deveria
assumir cada elemento da natureza humana a fim de redimir completamente a
humanidade.

Essas duas heresias ensinam os crentes a apreciarem a importância da


humanidade de Cristo, bem como proporcionam uma lição acerca do método
teológico. Ambas essas visões se aproximam da Bíblia com pressuposições
acerca da humanidade e conformam o ensino bíblico a elas, ao invés de
permitirem que a Escritura governe todas as coisas, incluindo as
pressuposições. O método teológico evangélico deve sempre permitir que o
ensino da Escritura molde as conclusões teológicas, ao invés de distorcer o seu
ensino com base em assunções estranhas a ela. Inúmeros erros teológicos tem
ocorrido pela imposição de ideias humanas à Bíblia.
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Website: thegospelcoalition.org. Original: Biblical Doctrine: The
Person of Christ. © 2001–2012 Crossway. All rights reserved

Tradução: www.voltemosaoevangelho.com.

Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e


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as informações supracitadas, não altere o conteúdo original e
não o utilize para fins comerciais.

Vinicius Musselman Pimentel


Vinicius Musselman Pimentel é presbítero na Igreja Batista da Graça, em São José dos
Campos/SP, Supervisor editorial no Ministério Fiel, Coordenador na Conferência Fiel
Jovens e Coordenador do Intensivo 9Marcas, fundador do Voltemos ao Evangelho,
Professor no Seminário FOCO de teologia bíblica e eclesiologia. É formado em
Engenharia Química pela UNICAMP e mestrando em Estudos Pastorais pelo Centro
Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper. Autor da revista de EBD "Marcas de
uma Igreja Saudável" (Cristã Evangélica). Vinícius é casado com Aline, com quem tem
uma filha, Beatriz.

Convites para pregação e aula podem ser realizados neste formulário.

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Por Alberto Felipe

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