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CURSO DE TEOLOGIA
ANANINDEUA – PA
2022
FLAVIO PINHEIRO DOS SANTOS
HUDSON RODRIGO ARAÚJO DA SILVA
JOSEPH MENDES GARRÉ
MARCILIO CESAR SILVA DE ALMEIDA
VAGNER SOARES DOS SANTOS
ANANINDEUA – PA
2022
BIOGRAFIA
Italiano, nascido em Milão em 1937, padre Alberto Antoniazzi foi um sacerdote que fez
história na Arquidiocese de Belo Horizonte (MG) e faleceu em dezembro de 2004 vítima de
um câncer. Ele chegou à Arquidiocese de Belo Horizonte (MG) em 1964, aos 27 anos,
destacando-se pela capacidade de coordenar projetos, pesquisas e iniciativas pastorais.
Era teólogo e estudioso de temas da religião, foi assessor especial da CNBB por cerca de 20
anos e participou da elaboração dos principais documentos publicados pela entidade. Nos
anos 1990 dedicou-se ao Projeto Pastoral Construir a Esperança, uma referência nacional em
projetos de evangelização da Igreja Católica.
Padre Antoniazzi foi vice-reitor, pró-reitor de Graduação da PUC Minas e integrante do 1º
Ciclo Geral de Estudos. Até falecer, fez parte da diretoria do Instituto do Desenvolvimento
Humano Sustentável (IDHS), quando angariou recursos da Itália para planejar ações de
combate à fome e à desnutrição infantil na Região Metropolitana de Belo Horizonte, dando
origem ao Mapa da Fome.
2 - A “ONDA” COMUNITÁRIA
As mudanças que a Igreja Católica no Brasil enfrentou, segundo o autor, teve dois
pontos mais decisivos: o que ele chamou mudança interna, no que se refere ao modo de
pensar dos católicos, e a mudança externa, no que se refere ao cenário político do país.
Oriunda dessa postura e vontade da Igreja garantir a sua liberdade profética, nos anos
60, surge a denominada “onda comunitária”. Tal vertente é uma espécie de tentativa de
retorno à Igreja primitiva, doméstica, como pequenas comunidades, onde seus membros são
mais corresponsáveis da missão evangelizadora. Essa mentalidade de Igreja ganha notória
relevância no meio das massas católicas, muito mais do que a reflexão de documentos oficias
teológicos, abrindo espaço para inúmeros modos de expressões valorizando o coletivo.
As CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) por exemplo, são a personificação, no
Brasil, desse modo novo de ser Igreja. De certo modo, era uma forma de pensamento que não
valoriza tão somente a hierarquia, mas repropunha o “povo de Deus” como sujeito ativo, ou
seja, uma renovação a partir do baixo, das bases. Na prática, o primeiro plano de ação da
Conferência, nesse sentido, foi o PPC (Plano de Pastoral de Conjunto, 1966-1970).
Antoniazzi diz que o fenômeno das CEBs no Brasil tem convergência ao menos dois fatores:
a existência de comunidades católicas tradicionais no interior e a ação planejada de uma nova
geração de bispos, padres e agentes pastorais, inspirada pela Ação Católica e pela eclesiologia
da Vaticano II.
Embora a CNBB não seja a autora das CEBs, é evidente o significativo propulsor que
lhe foi, basicamente foi a resposta frente uma desinstitucionalização da religião do contexto.
Fica-nos a impressão de o que o Plano Pastoral de Conjunto, valorizou mais a Lumen
Gentium do que a Gaudium et Spes.
Segundo o historiador ainda não se tem uma obra de história dos anos 70 bem
aprofundada, por isso, não se tem como fazer uma análise mais contundente deste período,
porém, não impede de destacar algumas características da ação da Igreja no referido período,
já que ela deixa a aliança com as elites e o poder para uma aproximação mais contundente
com o povo, essa mudança se acentua no âmbito político.
Há uma outra mudança a ser destacada, os padres e bispos por muito tempo residiam
apenas nos centros urbanos, mas nos anos 70 se tem de forma mais efetiva a presença
eclesiástica no meio rural, a Igreja assumiu praticamente sozinha a causa dos direitos dos
“posseiros” e lavradores rurais. Em 1975 acontece o I encontro eclesial das CEBs, são essas
comunidades que tem uma presença mais atenta da Igreja no meio rural com o povo.
Com a criação da CPT-1975 (Comissão Pastoral da Terra) e do CIMI (Conselho
Indigenista Missionário), este último foi criado em 1972, enquanto o primeiro era responsável
por lutar e garantir os direitos dos lavradores, o CIMI era responsável pele defesa dos direitos
indígenas, defesa das terras e das culturas. Tudo isso tornou a presença da Igreja expressiva
no interior do País. Estes fatores e ações foram o modo em que a Igreja se utilizou para se
aproximar do povo e de pôr em prática a “opção pelos pobres” que de forma implícita está nos
documentos de Medellín (1968) e explícita nos documentos de Puebla (1979).