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FACULDADE CATÓLICA DE BELÉM

CURSO DE TEOLOGIA

JOSEPH MENDES GARRE


VAGNER SOARES DOS SANTOS

A FERTILIZAÇÃO IN VITRO

ANANINDEUA-PA
2023
JOSEPH MENDES GARRE
VAGNER SOARES DOS SANTOS

A FERTILIZAÇÃO IN VITRO

Trabalho apresentado à Faculdade Católica de


Belém, como requisito de avaliação na
disciplina de Moral da Pessoa - Bioética do
curso de Teologia orientado pelo Prof. Dom.
Antônio de Assis Ribeiro.

ANANINDEUA-PA
2023
1 – A FERTILIZAÇÃO IN VITRO E O SEU PROCESSO

A fertilização in vitro (FIV) é um tratamento de reprodução assistida em que a


fertilização dos ovos com os espermatozoides ocorre fora do corpo da mulher, em um
laboratório. Esse procedimento é geralmente indicado para casais que têm dificuldade para
engravidar por meio de relações sexuais, devido a fatores como infertilidade masculina ou
feminina, endometriose, obstruções tubárias ou outras condições médicas.
Nesse método, a mulher recebe injeções hormonais para estimular a produção de
vários óvulos, que são então coletados por meio de uma punção ovariana. Os espermatozoides
do parceiro ou de um doador são coletados e preparados em laboratório para serem utilizados
na fertilização dos óvulos. Os óvulos e espermatozoides são colocados juntos em uma placa
de cultura, onde a fertilização ocorre. Após alguns dias, os embriões resultantes são
transferidos para o útero da mulher, com o objetivo de estabelecer uma gravidez. Por ser um
procedimento complexo, pode envolver várias etapas e técnicas diferentes, dependendo da
condição médica do casal. Embora possa aumentar as chances de gravidez em alguns casos, a
FIV não garante a gravidez e pode ser emocionalmente exigente para o casal.

2 – UMA QUESTÃO DE BIOÉTICA

Esse procedimento médico, levanta questões bioéticas importantes, as quais podemos


citar pelo fato de estarem inclusas na FIV:
1. Status do embrião: a FIV envolve a criação de embriões fora do corpo da mulher.
Isso levanta a questão de quando o embrião se torna um ser humano com direitos e proteções
legais. Alguns argumentam que o embrião deve ter direitos desde o momento da fertilização,
enquanto outros acreditam que o status do embrião deve depender do estágio de
desenvolvimento.
2. Seleção de embriões: a FIV permite que os médicos selecionem embriões com
características específicas antes da transferência para o útero da mulher. Isso levanta questões
sobre a eugenia e a seleção de características desejáveis, como a cor dos olhos, que podem
levar à discriminação e desigualdade.
3. Custódia de embriões: a FIV pode levar à criação de embriões que não são
transferidos para o útero da mulher. Isso levanta questões sobre quem tem direito a esses
embriões e se eles podem ser usados para fins de pesquisa ou doados para outras pessoas.
4. Saúde da mãe e do bebê: a FIV pode ser arriscada para a saúde da mãe e do bebê.
Isso levanta questões sobre o equilíbrio entre o direito da mãe de ter um filho e o risco
potencial para sua saúde e para a saúde do bebê.
5. Acesso ao tratamento: a FIV pode ser cara e não está disponível para todas as
pessoas. Isso levanta questões sobre o acesso ao tratamento e se a capacidade de pagar deve
determinar quem pode ter filhos.
É importante que a FIV seja realizada com consideração aos princípios éticos e à
proteção dos direitos e da dignidade de todos os envolvidos.
A bioética é um campo que se preocupa com as questões éticas relacionadas à vida e
à saúde humana. Algumas correntes da bioética são contra a fertilização in vitro por diversas
razões.
Uma das principais preocupações é o uso de embriões na FIV. Alguns argumentam
que a FIV cria uma situação em que muitos embriões são produzidos, mas apenas alguns são
selecionados para a transferência para o útero da mãe, enquanto os demais são descartados,
congelados ou usados para pesquisa. Essa situação é vista como antiética por aqueles que
acreditam que a vida humana deve ser protegida desde a concepção, e que todo embrião tem o
mesmo valor e dignidade de um ser humano.
Outra preocupação é que a FIV pode levar a uma mentalidade que busca a criação de
vidas humanas como um produto, em vez de como um dom da natureza ou de Deus. Essa
visão pode levar a uma diminuição do valor da vida humana e pode desencadear práticas
discriminatórias, como a seleção de embriões com características físicas ou genéticas
desejáveis.
Além disso, a FIV pode ser vista como uma tecnologia de reprodução assistida que
não respeita a integridade do corpo feminino. A estimulação ovariana utilizada na FIV pode
ter efeitos colaterais graves, e a própria técnica de retirada de óvulos pode ser dolorosa e
invasiva.
Em geral, a posição contra a FIV na bioética se baseia em uma visão da dignidade
humana e da proteção da vida humana desde a concepção.
Assim, vale ressaltar que o fato de que a seleção de embriões na fertilização in vitro
se dá em um processo em que os embriões são examinados para determinar se eles têm certas
características genéticas ou características físicas desejadas antes de serem transferidos para o
útero da mãe. E essa seleção de embriões pode ser realizada para várias finalidades, a
detecção de doenças genéticas hereditárias, a escolha do sexo do bebê e essa seleção,
incluindo visa a escolha de embriões com as melhores chances de se desenvolverem em fetos
saudáveis. No entanto, a seleção de embriões também pode ser usada para fins menos éticos,
como a escolha de características físicas como cor dos olhos, cor do cabelo e altura.
Dessa forma, percebe-se que o método é um tema controverso na bioética, com alguns
argumentando que são maneiras de evitar doenças genéticas e garantir a saúde do bebê,
enquanto outros argumentas conduzem para uma eugenia, ou seja, que promove a seleção
artificial dos seres humanos que devem viver com suas características físicas e traços
selecionados, o que é contrário à dignidade humana.

3 – A VISÃO DA IGREJA ENQUANTO AO MÉTODO

A posição da Igreja Católica em relação à fertilização in vitro não é contra a


tecnologia em si, mas levanta preocupações éticas em relação ao tratamento e às questões
relacionadas à vida humana, pois ela acredita que a vida humana deve ser protegida desde a
concepção, e como a FIV envolve a criação e a destruição de embriões em alguns casos, a
Igreja Católica é crítica em relação a essa prática. Também tem preocupações éticas em
relação à seleção de embriões com características desejáveis, o que pode levar à
discriminação e desigualdade.
Além disso, ela levanta preocupações em relação à submissão à vontade de Deus e ao
respeito à dignidade humana. A Igreja acredita que a FIV pode levar a uma mentalidade que
busca a criação de vidas humanas como um produto, em vez de como um dom de Deus.
No documento Dignitas personae, podemos ver que ela reintegra o que já fora
afirmado na Donum vitae, que essa técnica nas diversas demonstrações apontam que nesse
método o embrião humano é considerado um simples conjunto de células, que são usadas,
selecionadas e rejeitadas, uma vez que todos os embriões fecundados não são efetivamente
nascidos, e essa realidade não efetua nenhuma preocupação por parte dos sujeitos envolvidos
no que condiz o direito à vida, uma vez que partem da prerrogativa de estar a serviço da vida
e em casos são novas formas de atentado contra ela.
Outro ponto a ser destacado está na procriação do contexto integralmente pessoal do
ato conjugal, onde não se admite métodos que venham a substituir o casal, se aproximando a
um desrespeito ao ato de procriação, que não se reduz a somente isso, mas inclui o respeito ao
ser humano e íntimo dos esposos que é animada pelo amor conjugal. O desejo de ter um filho
não pode antepor-se a dignidade da vida humana tendo domínio sobre ela, bem como o desejo
de não o ter não justifica o abandono ou até mesmo sua destruição.
“o amor de Deus não faz diferenças entre o neo-concebido ainda no seio da sua mãe,
a criança, o jovem, o homem maduro e o idoso. Não faz diferença, porque em cada
um deles vê a marca da própria imagem e semelhança… Por isso, o Magistério da
Igreja proclamou sempre o carácter sagrado e inviolável de cada vida humana, desde
a sua concepção até ao seu fim natural” (DIGNITAS PERSONAE).

O ensinamento da Igreja funda-se no reconhecimento e promoção dos dons que o


Criador concedeu a humanidade, vida, conhecimento, liberdade e amor. Estes mesmos
ensinamentos possuem um grande apreço pelo pelas atividades cognitivas do homem
manifestas nos seus pensamentos e feitos, capacidades estas que possibilitam o homem na
transformação e ordenamento na obra do Criador, tudo isso em favor dos homens e da
criação. Porém, estes não possuem o direito de abusar desta participação, uma vez que a
história e testemunha da desordem deste uso que pode promover a injustiça e opressão dos
mais fracos e indefesos. Neste viés, com o desenvolvimento na compreensão e no
reconhecimento do valor e da dignidade de cada pessoa, em favor da promoção desta
dignidade que as leis, proibições jurídicas-políticos surgiram em favor de coibir estilos de
vida lesivos, ações estas legitimadas na necessidade de tutelar o bem moral autêntico.
Contudo, a igreja defende os sacrossantos direitos da pessoa assegurados pela
mensagem evangélica do Senhor da Vida, para assim assegurar o cumprimento deste direito,
de forma especial aos injustiçados e descriminados, dos seres humanos ainda não nascidos
que também possuem dignidade de pessoa que fora criada a imagem e semelhança de Deus.
REFERÊNCIAS

CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Dignitas personae. Vaticano, Roma.


2008. Disponível em: https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/
rc_con_cfaith_doc_20081208_dignitas-personae_po.html. Acesso em: 25 abril 2023.

FARIAS, Marta. Bioética e reprodução assistida. CESAD. Disponível em:


https://cesad.ufs.br/ORBI/public/uploadCatalago/10545309052012Bioetica_Aula_4.pdf.
Acesso em: 23 Abril 2023.

SALOMAOZOPPI. Fertilização in vitro: entenda o que é e como funciona uma das técnicas
de reprodução assistida. Disponível em: https://salomaozoppi.com.br/saude/fertilizacao-in-
vitro. Acesso em: 20 abril 2023.

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