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Introdução

Nos dias de hoje a sociedade incute aos casais a importância de estes terem
filhos, existindo assim uma pressão social.
Nos últimos anos tem-se assistido a um aumento da infertilidade nos casais e a
um maior investimento nas técnicas de reprodução assistida. A evolução das
tecnologias da medicina de diagnóstico e de tratamento permite, atualmente, ao ser
humano melhorar o problema de infertilidade. No entanto, com o aparecimento
destas tecnologias surgem sérias questões ao nível ético e legal.
Creio que este tema é importante pois, nos dias de hoje existem muitos casais,
que, conjuntamente, não conseguem ter filhos e a reprodução assistida poderá ajudá-
los a formar uma família.

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Desenvolvimento

O problema em que me vou focar para realizar o ensaio filosófico foca-se na


seguinte questão:
Como é que a ética pode estar envolvida no processo de formação de uma
família?
Por vezes, em filosofia, é mantida uma distinção entre as noções de ser
humano e de pessoa. O primeiro refere-se à espécie biológica, enquanto o segundo
refere-se a um agente racional. Se tal não acontecesse, por definição, apenas
pertenceríamos à espécie humana se fossemos um grupo de organismos capazes de se
reproduzirem e originarem descendentes férteis. Então onde se encaixariam as
pessoas com problemas de infertilidade?
A infertilidade é definida como a incapacidade de um casal em
idade reprodutiva engravidar dentro de um ano, mantendo relações sexuais ao menos
seis vezes por mês sem uso de contracetivos. Aproximadamente 20% dos casais
sofrem algum problema de infertilidade, e uma percentagem dos mesmos, recorre a
métodos alternativos de modo a poderem começar uma família.
Os progressos ao nível científico na biologia, na genética e ainda no
desenvolvimento tecnológico, tiveram um papel muito importante no auxílio deste
problema, permitindo o desenvolvimento de técnicas utilizadas por médicos
especializados, que têm como principal objetivo a tentativa de viabilizar a gestação
para casais com dificuldades em conceber uma criança, que adquiriu a designação de
reprodução assistida.
Existem várias maneiras de se construírem famílias e estas técnicas
não beneficiam apenas indivíduos que sofrem com problemas de infertilidade,
favorecem também casais homossexuais, dando uma oportunidade de terem filhos
sem ter que reprimir ou pôr de parte a sua sexualidade. No entanto, por muitos
benefícios que tenha, levanta sempre questões bioéticas, ou seja, perguntas do foro
biológico e ético. Na reprodução medicamente assistida, têm que se ter vários aspetos
em conta. O Homem é um ser complexo e o nascimento de um, pelos ditos
“processos alternativos”, tem que ter em conta essa complexidade. Estando
estipulados de forma a respeitar o todo a que chamamos de pessoa e, por esse motivo,
entra-se intimamente ligado com os Direitos Humanos. Outro aspeto que temos de ter
em consideração quando falamos de reprodução assistida é a questão da barriga de
aluguer ou de uma mãe de substituição.
A questão da barriga de aluguer ou de mãe de substituição vai contra todas as
regras de conduta com base ética. Nesta situação o embrião é colocado no útero de
uma mulher estranha ao casal, para que sirva de “criadora” até que o bebé nasça para,
então, ser devolvido à “mãe” ou seja á mulher que encomendou o serviço. De facto,
isto permite que uma mulher sem útero tenha um filho, contribuindo com os seus

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óvulos e o esperma do marido ou companheiro para este projeto; por vezes, é uma
familiar, amiga ou até a própria mãe da mulher estéril que empresta o seu útero,
movida por solidariedade. Noutros casos é evidente que se trata de uma transação
comercial, em que a mulher aceita uma gravidez e maternidade temporária apenas por
motivos económicos. Pode também acontecer que a mulher infértil não tenha óvulos,
peça em doação ou compre estas células e os coloque, depois da fecundação num
útero alheio. A mulher que substitui a mãe é transformada em incubadora, é
instrumentalizada; o filho assim criado não terá o diálogo materno-fetal que hoje se
reconhece ter uma grande importância para o bom desenvolvimento do feto e até da
criança já nascida; este terá duas mães biológicas, a fornecedora de óvulos e a
gestacional. Existem situações conflituosas em que a mãe gestacional cria uma relação
afetiva com o feto que no seu ventre se desenvolve e pretende conservar como sua a
criança.
Na minha opinião, a reprodução assistida deve ser permitida tal como as
barrigas de aluguer, pois os casais inférteis também têm o direito de ter filhos tal como
os casais férteis. A reprodução assistida é também uma forma para casais
homossexuais poderem gerar uma família. Porém nos dias de hoje ainda existem
algumas pessoas que não concordam com o facto das famílias homossexuais
recorrerem a estes processos de reprodução assistida.
O tema da reprodução assistida apresenta também algumas objeções como a
proibição da manipulação genética de gâmetas da FIV. Muitas pessoas não concordam
com este tema pois pensam que não é possível prevenir as doenças hereditárias no
embrião por meio de uma pesquisa por mutações genéticas e aumentar as hipóteses
do casal ter uma criança saudável. Porém muitas pessoas não sabem que nos dias de
hoje já é possível interromper essa cadeia de transmissão hereditária e fazer com que
o embrião implantado esteja livre de uma doença.

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Conclusão

Mundialmente ainda se levantam muitas questões éticas relacionadas com a dignidade


da pessoa.
A reprodução assistida ainda não é aceite por todos, uma vez que não permite
salvaguardar os direitos ao novo ser.
Tendo em vista os aspetos acima abordados, constata-se que a discussão acerca dos
aspetos éticos e legais da prática da reprodução assistida está em processo de
desenvolvimento. Assim, é preciso questionar, de imediato, os legitimados a fazer o
uso de tais métodos de reprodução assistida, uma vez que na nossa sociedade existem
diferentes maneiras de se constituir uma família. Todavia, o desafio maior é
estimular o desenvolvimento das ciências de maneira que a dignidade humana
permaneça respeitada.

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