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TEXTO I

ABORTO ; CRIME OU OPÇÃO DA MULHER?


A solução para evitar a prática do aborto , está na prevenção , na informação , na orientação .
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Nas eleições de 2010 , um tema foi ressuscitado no debate , o aborto . Vale salientar , que o debate , surgiu
através da imprensa , de uma declaração dada por parte de uma liderança evangélica , que havia declarado o seu
voto a outro candidato , e após a manifestação da mesma sobre o assunto ,esse líder retirou o apoio, migrando
seu voto para outra candidatura..
O aborto , tem sido nos últimos oito anos um debate acirrado por diversos segmentos da sociedade , incluindo ;
religiosos , movimentos feministas , partidos políticos, e parte de um setor da classe médica . Uns defendem à
descriminalização do aborto , outros defendem à prática do aborto como questão de saúde.Há várias correntes em
relação ao tema . O que diz a ciência ?. O segmento , está divido.
A verdade é que , por ano morrem milhares de mulheres no Brasil vitima da prática do aborto clandestino e vidas
inocentes que não pediram para serem concebidas.
O aborto , é um crime contra a vida , passivo de punição severa , um ato que deve ser intolerável , porque não há
justificativa palatável, e não é uma saída para solução da saúde da mulher. Em vez de propor o aborto , porque
não inserir na pauta da discussão , o planejamento familiar , informações de como funciona o corpo da mulher ,
orientação a adolescência sobre a prática do sexo responsável , o momento ideal para a prática do sexo.
Por que as instituições , a imprensa não fala o que está por trás do aborto , sabemos que , a prática ao aborto
envolve várias questões e situações . São jovens que engravidam de maneira irresponsáveis , são mulheres
casadas que tem relação extra-conjugais , são homens casados que se envolvem com outras mulheres que
engravidam e forçam essas mulheres a prática do aborto.
Não podemos tomar decisões sem nos aprofundar na realidade dos fatos . É preciso discutir o assunto com mais
responsabilidades e com dados concretos.
A própria imprensa , a mídia , já veiculou reportagens em que mulheres que injetaram remédios abortivos e não
obtiveram sucesso, voltaram atrás , deram continuidade a gravidez , tiveram seus filhos , e hoje , declaram felizes
por terem dado continuidade a gestação .
A sociedade vive num processo de degeneração total , a vida não vale mais nada , os verdadeiros valores foram
esquecidos por essa geração , os bons atos e costumes foram deixados na lata do lixo.
E voltando ao assunto da questão de saúde , algumas pesquisas que foram realizadas , comprovam que mulheres
que praticaram o aborto , tiveram certos problemas de saúde , afetaram várias partes do corpo . Muitos médicos já
declaram , que , a mulher que pratica o aborto , não serão mais as mesmas.
A mídia , que muitas vezes ocupam o espaço para muitas vezes estimular a prática do aborto, porque , essa
mesma mídia , não ocupa o espaço para orientar as mulheres , as jovens e adolescentes sobre o sexo , as
práticas mais saudáveis para evitar a gravidez indesejada. Se existem várias maneiras de evitar a gravidez , se
existem vários métodos para evitar a gravidez?
Mas , me parece , que não interessa a mídia falar de métodos contraceptivos , o mais interessante é falar do
assunto que mais dar audiência.
E por que, as instituições públicas , ongs , não fazem campanhas educativas ? E por que nos postos , centros de
saúde e hospitais , não fazem campanhas educativas e distribuem preservativos . E por que , o governo através
do ministério da saúde , não estimula ao homem fazer a vasectomia ?
A solução para evitar a prática do aborto , está na prevenção , na informação , na orientação .

TEXTO II
Como abordar o tema aborto em sala de aula?
Muitos professores não sabem como abordar o tema aborto em sala de aula e acabam emitindo sua opinião.
O aborto é uma realidade para várias mulheres brasileiras
É muito comum que os alunos questionem a posição do professor a respeito de alguns pontos polêmicos, como é
o caso do aborto. É importante que o professor informe o aluno, mas sem emitir opinião com base nos seus
pensamentos religiosos e/ou políticos. Mas como podemos abordar o tema de forma isenta de julgamentos e
opiniões pessoais?
Primeiramente devemos entender que, muitas vezes, nossos alunos estão perguntando sobre o assunto porque
estão passando pelo problema ou conhecem alguém que está sofrendo com isso. A gravidez na adolescência,
infelizmente, é uma realidade, não cabendo a nós julgar, e sim informar.
Para abordar o aborto, comece falando sobre reprodução e os diversos métodos existentes para prevenir uma
gravidez. Explique também como um bebê afeta a vida dos pais, independentemente da idade, e a
responsabilidade de se criar uma criança.
É importante informar que o aborto, apesar de proibido em alguns casos, ainda acontece e é feito no Brasil com
relativa frequência. Por ser feito em clínicas clandestinas, muitas mulheres acabam morrendo em situação
precária. Nesse ponto, é importante questionar se o aborto realmente é a solução mais fácil diante de uma
gravidez indesejada.

Os alunos também devem conhecer os casos em que o aborto no nosso país é permitido. No Brasil, o aborto pode
ser feito em vítimas de violência sexual, quando a gestação causa riscos para mulher e quando o feto é
anencéfalo, ou seja, não desenvolveu grande parte do encéfalo. Apesar de permitido, a decisão é exclusiva da
mulher.
A partir dessas informações, o professor pode promover um debate, separando a sala em dois grupos: um grupo
será responsável por procurar pontos pró-aborto e outros deverão buscar argumentos contra. O papel do
professor será apenas orientar a busca e verificar se os argumentos estão de acordo com a proposta da aula.
Após a coleta de informações, a sala deverá ser organizada e o professor deverá orientar a apresentação dos
argumentos. É importante que cada argumento seja defendido pelo grupo e, quando possível, refutado pelo outro.
Cabe ao professor, nesse ponto, apenas guiar a discussão de modo saudável, nunca expondo sua opinião.
Ao promover o debate, o professor faz com que os alunos desenvolvam sua consciência crítica e aprendam a
argumentar sobre determinado tema. Isso é importante porque, quando o professor emite suas opiniões e valores,
muitos alunos ficam receosos de demonstrar a sua verdadeira opinião e passam a aceitar o que foi dito pelo
professor como verdade.
O aborto é uma questão cada vez mais discutida pela sociedade e, infelizmente, uma dúvida vivida por muitas
meninas, sendo fundamental, portanto, a abordagem do tema em sala de aula. Se discutido de maneira correta, o
debate contribuirá para a formação de cidadãos cada vez mais críticos e informados.
Por Ma. Vanessa dos Santos

TEXTO III

Aborto no Brasil
Lana Magalhães - Professora de Biologia
Aborto é a interrupção da gravidez, que pode ser espontâneo ou induzido. No Brasil a legislação permite que o
aborto seja realizado apenas em casos de estupro, risco à vida da mãe ou anencefalia.
No entanto, é grande o número de mulheres que não se encontram nessas situações e realizam abortos
inseguros. Isso traz sérias complicações, sendo por isso, um grave problema de saúde pública.
Aspectos Jurídicos e Sociais do Aborto
O aborto envolve questões morais, éticas, religiosas e outras que tornam o assunto muito complexo e polêmico.
É muito importante saber dos riscos que representa para a saúde da mulher e das consequências que isso pode
trazer para o resto da sua vida.
A gravidez pode ser interrompida involuntariamente (aborto espontâneo) quando não se desenvolve naturalmente
ou por problemas da mulher. Também pode ser provocado pela própria gestante ou com seu consentimento,
através de ingestão de substâncias abortivas ou por cirurgia.
O aborto não é um método contraceptivo.
É fundamental que mulheres e homens recebam informação de qualidade para: saber usar adequadamente
métodos anticoncepcionais e realizar o planejamento familiar. Desse modo, podem decidir o melhor momento de
ter filhos ou ainda por não ter filhos.

Lei do Aborto
Aborto é crime no Brasil, sendo previsto nos artigos 124 a 127 do Código Penal. As penalidades são relativas:
à gestante que decide abortar (1 a 3 anos),
a quem realiza o aborto (3 a 10 anos),
ou a quem leva uma gestante, considerada incapaz, a abortar (3 a 10 anos).
O artigo 128 apresenta as exceções que são aceites. Em caso de estupro, quando a mulher denuncia na polícia e
faz exame de corpo delito; e nos casos de indicação médica, quando a gravidez traz risco de vida para a mulher
(aborto terapêutico).
Há possibilidade de interromper a gravidez também quando o feto não tem condições de sobreviver, ou seja, se o
cérebro não se desenvolve, condição chamada anencefalia.
Gravidez Indesejada
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2013 acontecem todo ano cerca de 3,2 milhões de
abortos inseguros de adolescentes entre 15 e 19 anos nos países mais pobres. Estima-se que 70 mil adolescentes
morrem a cada ano por complicações durante a gravidez ou o parto.
No Brasil foi publicado em 2010 a Pesquisa Nacional do Aborto. Foi realizada por pesquisadores da Universidade
de Brasília (UNB), com mulheres entre 18 e 39 anos, alfabetizadas e residentes nas áreas urbanas. É possível
que os números sejam ainda maiores se considerar mulheres não alfabetizadas e de áreas rurais.

Alguns dados segundo a pesquisa:

55% das mulheres precisou de internação por complicações decorrentes do aborto;


48% das pesquisadas referiu ter usado medicamentos para abortar;
13% delas relatou ter feito aborto entre 16 e 17 anos;
16% entre 18 e 19 anos;
24% entre 20 e 24 anos.
Muitos motivos tornam a gravidez indesejada para algumas mulheres. Por exemplo, doenças graves do feto que o
afetam por toda a vida, como o caso recente da microcefalia associada ao zika vírus.

Argumentos contra o aborto


A maioria da população brasileira se posiciona contra o aborto, por considerar assim como previsto na lei, que é
um crime contra a vida. Tratam o aborto como eutanásia e não deveria ser realizado em hipótese nenhuma.
Há estudos que demonstram que o feto pode sentir dor. Por esse motivo, muitos consideram que deveria ser
totalmente proibido, principalmente, em estágios mais avançados da gestação, que tornam o aborto mais
complicado.
Legalização do Aborto
Em 2015 o aumento dos casos de microcefalia, relacionados à infecção por zika vírus durante a gravidez,
reacendeu a polêmica do direito ao aborto para mulheres. Essa condição foi defendida pela ONU, que
recomendou que os países mais pobres revejam suas leis.
Aqueles que são a favor do aborto defendem os direitos individuais da mulher de decidir sobre o próprio corpo. Há
também quem defenda a legalização do aborto como tema de saúde pública.
A legalização do aborto seria uma forma de evitar o alto índice de mortes maternas decorrentes de abortos
inseguros principalmente em populações mais pobres.
Depressão na adolescência é grave, veja sintomas e como ajudar
A adolescência é uma fase marcada por muitas mudanças, hormonais e corporais. Durante esse período, o corpo
muda e as ideias também. Como tudo ocorre ao mesmo tempo, é normal que aconteçam conflitos internos e
externos. Somado a isso, existem questões como expectativas acadêmicas e a busca por aceitação pelo grupo
social.
Na sociedade contemporânea ocidental, a adolescência é definida e formada por um complexo jogo de forças
biológicas, culturais, econômicas e históricas. Esse estado ao mesmo tempo transitório e demorado que pode
chegar a durar uma década ou mais é um estado diferenciado no qual o jovem não é adulto inteiramente, nem
criança, mas compartilha desafios, privilégios e expectativas de ambas as épocas. A adolescência é um período
de paradoxos em que encontramos maturidade física e sexual, sem ter-se alcançada ainda a maturidade
emocional e cognitiva. Alguns jovens não conseguem atravessar esse período com a devida saúde mental.
A depressão em adolescentes é um grave problema de saúde que causa uma persistente sensação de tristeza e
perda de interesse nas atividades diárias. Afeta os pensamentos, sentimentos e comportamentos dos
adolescentes, e pode causar problemas emocionais, funcionais e físicos.
Embora a depressão possa ocorrer a qualquer momento da vida, os sintomas nesta fase da vida podem se
expressar de modo diferente que na fase adulta, fazendo com que os familiares muitas vezes confundam com as
próprias mudanças emocionais características deste ciclo de vida, dificultando inicialmente a identificação de uma
situação de adoecimento.
Segundo a psiquiatra Ana Taveira, médica do Hospital Santa Mônica “é importante ressaltar que depressão é
diferente de tristeza comum, e não é um sinal de fraqueza ou algo que possa ser superado com força de vontade
– pode ter graves consequências e requer tratamento”. O tratamento inclui acompanhamento médico e
psicológico.

Sintomas
Os sinais e sintomas de depressão na adolescência incluem uma mudança da atitude e comportamento prévios do
adolescente que pode causar sofrimento e problemas significativos na escola ou em casa, nas atividades sociais
ou em outras áreas da vida e variam em sua gravidade. Os sintomas mais comuns são:
– Tristeza, que pode incluir choro sem razão aparente;
– Desesperança ou sensação de vazio;
– Humor irritado;
– Frustração ou sentimentos de raiva, mesmo em questões pequenas;
– Perda de interesse ou prazer em atividades antes consideradas prazerosas;
– Perda de interesse ou conflito com familiares e amigos;
– Baixa autoestima;
– Sentimentos de inutilidade ou culpa;
– Fixação em falhas passadas ou culpa exagerada;
– Autocrítica exacerbada;
– Extrema sensibilidade a rejeição ou a falha, necessidade de excessiva reafirmação;
– Problemas para pensar, concentrar-se, tomar decisões, queixas de memória;
– Sentido contínuo de que a vida e o futuro são sombrios;
– Pensamentos frequentes de morte ou suicídio.

Mudanças no comportamento:

– Cansaço e perda de energia;


– Insônia ou sono em excesso;
– Alterações no apetite – diminuição do apetite e perda de peso, ou aumento de apetite e ganho de peso;
– Uso de álcool ou drogas;
– Agitação ou inquietação – lentificação da fala ou dos movimentos, movimentos repetitivos e sem sentido;
– Queixas frequentes de dores no corpo, sem explicação aparente, incluindo dores de cabeça, que podem incluir
visitas frequentes à enfermaria da escola ou idas a prontos-socorros;
– Isolamento social;
– Mau desempenho escolar ou frequentes ausências da escola;
– Aparência negligenciada;
– Comportamentos arriscados, ou outros comportamentos agindo fora do padrão;
– Autoagressão – por exemplo, cortar-se, queimar, perfurar ou tatuar;
– Fazer um plano de suicídio ou uma tentativa de suicídio.
O que é normal e o que não é:
Pode ser difícil dizer a diferença entre altos e baixos que são apenas parte da adolescência dita normal, ou
perceber limites do início do adoecimento. O diálogo aberto é a melhor forma de saber se ele ou ela consegue ser
capaz de gerenciar sentimentos desafiadores, ou se a vida parece esmagadora.
Não se sabe exatamente o que causa a depressão, mas várias questões podem estar envolvidas. Incluem:
Química biológica: Os neurotransmissores são substâncias químicas cerebrais de ocorrência natural que
transportam sinais para outras partes do cérebro e do corpo. Quando esses produtos químicos estão anormais ou
prejudicados, a função dos receptores nervosos e sistemas nervosos mudam, levando à depressão.
Hormônios: Alterações no equilíbrio do corpo de hormônios podem estar envolvidos em causar ou desencadear
depressão.
Genética: A depressão é mais comum em pessoas cujos parentes de sangue também têm a condição.
Traumas na primeira infância: Eventos traumáticos durante a infância, como abuso físico ou emocional, ou perda
de um pai, podem causar alterações no cérebro que torna uma pessoa mais suscetível à depressão.
Padrões de pensamentos negativos aprendidos: A depressão no adolescente pode estar ligada à
aprendizagem de se sentir impotente – em vez de aprender a se sentir capaz de encontrar soluções para os
desafios da vida.
A depressão não tratada pode resultar em problemas emocionais, comportamentais e de saúde que afetam todas
as áreas da vida do adolescente. Complicações relacionadas à depressão na adolescência podem incluir, por
exemplo:

– Abuso de álcool e drogas;


– Problemas acadêmicos;
– Conflitos familiares e dificuldades de relacionamento;
– Envolvimento com o sistema de justiça juvenil;
– Suicídio.

Se os sintomas da depressão continuarem ou começarem a interferir na vida do adolescente, fale com um médico
para tratar o adolescente. O médico de família ou pediatra de um adolescente é um bom lugar para começar. A
escola de seu filho pode recomendar alguém.
Os sintomas de depressão não vão melhorar por conta própria – e eles podem piorar ou levar a outros problemas
se não tratados. Adolescentes deprimidos podem estar com risco de suicídio, mesmo se os sinais e sintomas não
pareçam ser graves.
Se você é um adolescente e você acha que pode estar deprimido – ou você tem um amigo que pode estar
deprimido – não espere para obter ajuda. Converse com um médico, ou o psicólogo da escola. Compartilhe suas
preocupações com seus pais, um amigo íntimo, um líder espiritual, um professor ou alguém em quem você confia.
O diagnóstico de depressão é basicamente clínico, ou seja, um Psiquiatra qualificado, especialista em psiquiatria
da Infância e Adolescência, examinará o adolescente, ouvindo suas queixas, seus sintomas, a descrição de seu
comportamento atual, rendimento escolar, relacionamentos interpessoais, etc.
A participação da família para o diagnóstico é fundamental, complementando as observações, o histórico de vida
pessoal, desenvolvimento desde nascimento, infância até os dias atuais, vida acadêmico, comportamentos,
histórico genético de doenças da família, dentre outras informações.
O Psiquiatra poderá realizar exame físico do paciente, solicitar alguns exames laboratoriais (sangue, urina, etc.),
de imagem (tomografia, ressonância) e avaliação neuropsicológica (testes realizados por psicóloga especialista)
para complementar o diagnóstico, ou elucidar dúvidas.
A indicação do tratamento depende do tipo e gravidade dos sintomas do adolescente. Na maioria dos casos, o
tratamento ambulatorial, incluindo consultas médicas regulares com o Psiquiatra, associado a psicoterapia,
realizada por um psicólogo(a) capacitado, serão eficazes. Se seu filho adolescente tiver depressão grave, ele ou
ela pode precisar de uma internação hospitalar.
Psicoterapia
A psicoterapia, também chamada de aconselhamento psicológico, é fundamental para o tratamento da depressão.
Diferentes tipos de psicoterapia podem ser eficazes para a depressão.
A psicoterapia pode ser feita individualmente, com membros da família ou em grupo. Através de sessões
regulares, o adolescente pode:
– Entender fatores desencadeantes da depressão;
– Aprender como identificar e fazer mudanças em comportamentos ou pensamentos distorcidos ou
negativos;
– Explorar relacionamentos e experiências;
– Encontrar maneiras melhores de lidar e resolver problemas;
– Aprender a definir metas realistas;
– Recuperar uma sensação de bem-estar e controle;
– Aprender a lidar com sentimentos como frustração e raiva.

Quando obter ajuda de emergência

O suicídio é frequentemente associado à depressão. Se você acha que seu filho ou você pode se machucar ou
tentar o suicídio, procure um serviço de emergência local imediatamente.
Considere também estas opções se você está tendo pensamentos relacionados a morte:
– Ligue para o seu especialista em saúde mental;
– Procure ajuda do seu médico de cuidados primários ou de outro profissional de saúde;
– Procure um amigo próximo ou amado;
– Entre em contato com um líder espiritual ou alguém em sua comunidade de fé;
– Se um ente querido ou amigo está em perigo de tentar suicídio ou fez uma tentativa;
– Certifique-se de que alguém fique com essa pessoa;
– Ligue para o número de emergência local 190 ou imediatamente;
– Ou, se você puder fazê-lo com segurança, leve a pessoa para a sala de emergência do hospital mais
próximo.
Nunca ignore comentários ou preocupações sobre suicídio. É fundamental sempre tomar medidas para
obter ajuda.
Em algumas situações uma hospitalização torna-se necessária, especialmente em quadros depressivos graves,
onde há risco de suicídio, automutilação, pensamentos de culpa intensos, ou pensamentos irreais. Ou ainda
associação ao uso de álcool e/ou e drogas. Perda de peso significativa e insônia persistente também são
indicações que devem ser consideradas.

A internação hospitalar é um tratamento realizado por uma equipe multiprofissional. Além dos cuidados médicos e
de enfermagem especializada 24 horas, fazem parte da equipe psicólogos, terapeuta ocupacional, educador físico,
assistente social, nutricionista, dentre outros. Todos os profissionais estão empenhados em garantir a segurança e
o bem estar do adolescente e de sua família. Além disso, garante uma melhora mais rápida e um planejamento
terapêutico pós-alta.

Certifique-se de que você e seu adolescente compreendam os riscos, bem como possíveis benefícios se o seu
adolescente adotar a terapia alternativa ou complementar. Não substitua o tratamento médico convencional ou a
psicoterapia pela medicina alternativa. Quando se trata de depressão, tratamentos alternativos não são um
substituto para os cuidados médicos.

Exemplos de técnicas que podem ajudar no tratamento da depressão incluem:


– Acupuntura;
– Técnicas de relaxamento, como a respiração profunda;
– Ioga ou tai chi;
– Meditação;
– Massagem terapêutica;
– Musicoterapia;
Confiar somente nestes métodos geralmente não é suficiente para tratar a depressão. Mas eles podem ser
úteis quando usado, além de medicação e psicoterapia.
Entenda os riscos do uso de drogas na juventude
De acordo com dados do Centro de Referência Estadual em Álcool e Drogas (CREAD), a maioria dos quadros de
dependência química se iniciam ainda na juventude. Muitas vezes, pais e adultos, de forma geral, acabam
ignorando os fatores de risco e os problemas que o adolescente apresenta por acharem que trata-se apenas de
uma fase. Se algo parece errado, é preciso tomar medidas para evitar as graves consequências do uso de drogas
na adolescência.
Para abordar esse assunto de extrema relevância, preparamos este post e explicaremos o riscos do uso de
drogas na juventude, como isso se apresenta no Brasil e no mundo, além de saber quais são as consequências
das drogas na adolescência e os efeitos do uso a longo prazo. Continue a leitura!

Início do uso de drogas na juventude

O primeiro contato com as drogas acontece principalmente na juventude. Isso porque esse é um momento em que
ocorrem diversas mudanças relacionadas com o psicológico do adolescente, que se torna mais vulnerável e, por
isso, pode ser considerado um grupo de risco.
O consumo de drogas lícitas e ilícitas se dá por diversos fatores, entre eles o sentimento de indestrutibilidade,
relações com amigos e família e falta de autoconhecimento. Além desses fatores, é importante compreender de
onde vem o interesse em consumir drogas, pois muitas vezes os jovens têm seus próprios motivos para as
usarem ou utilizam pela primeira vez dentro de casa, com o apoio dos pais. Conheça melhor os principais fatores
de risco!

Cultura
Socialização, tédio, rebeldia, comportamento, estímulos externos e internos têm relações diretas com a cultura. A
mídia, televisão e a Internet apresentam o consumo de drogas de uma forma romantizada e normal. Muitos
adolescentes também já são incentivados a consumir substâncias, principalmente o álcool, em festas de
aniversário, algo que é cada vez mais comum.
Geralmente a droga utilizada pela primeira vez na vida de um jovem é o álcool, por conta da facilidade de acesso
e da cultura ao redor da bebida. Músicas que estimulam o consumo e relacionam a substância como algo
descolado ou para se desinibir, também dão espaço para uma pessoa se comportar de forma agressiva.
Ainda, o tédio e a rebeldia são riscos suficientes para uma pessoa fazer uso de drogas. Aqueles que não
encontram algo para se ocupar, que não conseguem ficar sozinhos ou procuram por algo mais interessante em
suas vidas, acabam por decidir gastar do tempo com essas substâncias.

Prazer instantâneo
Todos os fatores acima relacionados à cultura levam ao prazer instantâneo que as drogas e o álcool
proporcionam. Os seus efeitos iniciais fazem os adolescentes se sentirem bem consigo mesmos, que acabam
associando a droga com o sentimento de felicidade. Ou seja, eles sabem que a cada uso poderão se sentir mais
felizes ou até com uma falsa ideia de maturidade.
Os amigos também acabam por influenciar o consumo para animar uns aos outros quando se sentem tristes ou
porque não estão indo bem na escola. Então, a solução que encontram para amenizar os sentimentos é a
ingestão de bebida alcoólica em locais públicos ou na casa uns dos outros.

Falta de confiança
Jovens que são mais tímidos e têm dificuldades de se socializar tendem a usar drogas ou ingerir bebidas para se
tornarem mais sociáveis, interessantes e fazer algo que eles não fariam se estivessem sóbrios. Por ser um
período marcado por diversas transformações e mudanças internas e externas, a adolescência acaba por gerar
um sentimento de baixa autoconfiança.
Pelo fato de ainda não se conhecer totalmente, o adolescente se torna mais vulnerável à situações de risco. Para
conseguir aprovação social, ele acaba por se sujeitar ao consumo da maconha, cigarro ou álcool, drogas mais
comuns e de fácil acesso.

Uso de drogas no Brasil e no mundo


Falta de políticas efetivas para controlar, alterar e, principalmente, prevenir o uso de drogas em todo o mundo
provoca o aumento do uso de drogas na juventude. Isso acaba colocando em risco a integridade social, física e
mental de adolescentes. O estímulo externo e social acaba por agravar a situação e encoraja o consumo, que
muitas vezes é excessivo.
O uso de drogas é uma das maiores causas de morte de jovens no mundo e pode deixar graves sequelas a longo
prazo. A prevenção pode reduzir os números drasticamente, mas primeiro é preciso entender qual é o cenário
atual do uso de drogas na juventude. Saiba mais como isso se dá no Brasil e no mundo!

No Brasil
Em uma pesquisa realizada pelo IBGE no segundo semestre de 2016, constatou-se que mais da metade dos
jovens (55%, ou 1,44 milhão de alunos) relataram já ter tomado ao menos uma dose de bebida alcoólica.
Outros estudos também relataram um início precoce na experimentação de bebidas alcoólicas. Esse dado é
bastante preocupante se considerarmos que o consumo de bebidas alcoólicas só está legalmente autorizado no
Brasil para indivíduos maiores de 18 anos. Porém, não é difícil adquiri-las em bares, supermercados e lojas de
conveniência, visto que a fiscalização nesses locais é baixa.
A cultura do consumo de álcool no Brasil também é um problema, e é vista como aceitável, pois a substância não
é considerada uma droga. Programas de controle e taxação de bebidas no país também são fracos. O fácil acesso
à outras drogas, como ecstasy, LSD e a maconha, acaba por estimular o uso, que está também relacionado ao
tráfico de drogas, principalmente em periferias das cidades.

No mundo
De acordo com o Estudo de Acompanhamento de Atitude, realizado em 2012, no mundo, 40% dos jovens
concordam que filmes e séries de TV exibem o consumo de drogas como algo totalmente aceitável. Portanto, as
mídias podem ser influenciadoras. É importante que pais conversem abertamente com seus filhos sobre o
assunto.
Em um relatório realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), verificou-se que a ingestão de
substâncias químicas gera 500 mil mortes por ano. Um número alarmante que demanda maior atenção por parte
da saúde pública e não deve ser somente tratado como uma questão criminal.
Muitos países ainda veem o consumo de drogas como algo que está mais sujeito à penas de prisão ou até de
morte em alguns países, em vez de uma doença que merece atenção e um tratamento terapêutico e
multidisciplinar. A dependência química é um transtorno mental e somente duras penas não resolvem o problema.

Ação das drogas no cérebro de adolescentes


Existem diversas substâncias psicoativas, como o álcool, maconha e LSD que podem alterar ou danificar o
desenvolvimento cerebral na adolescência. Elas alteram a função dos neurotransmissores, que permitem a
comunicação com os nervos. Em consequência, a percepção da pessoa também é modificada. O hábito do uso
acaba por afetar o pensamento, raciocínio e a consciência desenvolvidos, podendo permanecer ao longo da vida
de uma pessoa.
Além dessas consequências das drogas na adolescência, vale destacar que o cérebro humano só se forma
totalmente depois dos 24 anos de idade. Por conta disso, jovens que fazem uso de drogas por bastante tempo
podem esenvolver transtornos físicos e mentais crônicos que demandam tratamentos contínuos.

Influência genética no desenvolvimento da prática de ingerir drogas


Em pesquisa publicada recentemente no periódico científico Psychological Medicine, comprovou-se por meio de
análises genéticas o que estudos anteriores já haviam sugerido de forma observacional: o consumo da maconha é
particularmente perigoso para pessoas com propensão genética à esquizofrenia, mas, principalmente, que os
esquizofrênicos tendem a usar mais a droga.

Perigos do uso de drogas na juventude


O uso de drogas na juventude pode trazer diversas consequências, principalmente a longo prazo. Entenda quais
são os principais riscos desse hábito!

Diminuição da interação social


O adolescente que usa drogas tende a mudar seus comportamentos. Se antes costumava estar perto de
familiares e amigos, possivelmente ficará mais isolado e evitará o contato social. Atividades rotineiras também são
deixadas de lado, pois já não trazem mais prazer.

Mau desenvolvimento da memória


Uma das consequências das drogas na adolescência é que as substâncias químicas das drogas, atingem
negativamente a capacidade de memorização, especialmente da chamada memória curta, ou seja, aquela que é
utilizada para realizar as tarefas cotidianas. Assim, o jovem passa a ter problemas de concentração e não
consegue concretizar as atividades planejadas para o seu dia.
É válido ressaltar que o uso frequente das drogas pode ocasionar danos permanentes ao cérebro, visto que a
prática afeta o sistema de ação de neurotransmissores importantes para o correto funcionamento cerebral.

Queda do rendimento escolar


Devido à falta de concentração provocada pela droga, o desempenho na escola tende a cair, fator que dificulta o
aprendizado e, consequentemente, o avanço nas séries escolares. Além disso, de acordo com estudo publicado
na revista The Lancet Psychiatry, a ingestão diária de substâncias químicas diminui também as chances do
indivíduo chegar a concluir o ensino médio.

Redução do senso crítico


A droga prejudica o potencial de racionalidade, uma vez que modifica a atividade cerebral. Nos casos do uso de
alucinógenos, a realidade é transformada e, com isso, há uma mudança nos pensamentos, emoções, bem como
no desenvolvimento de um raciocínio compatível com as situações ao redor do indivíduo. Dessa forma, ocorre
uma redução do senso crítico.

Aumento das chances de aquisição das doenças sexualmente transmissíveis


Com a falta de racionalidade causada pelas substâncias químicas, os jovens ficam mais expostos às doenças
sexualmente transmissíveis, pela ausência de preocupação com o uso de preservativos. No caso das mulheres,
os riscos de uma gravidez não planejada são altos.

Elevado risco de acidentes


O ato de dirigir sob o efeito de drogas aumenta consideravelmente os perigos no trânsito e chances da ocorrência
de acidentes automobilísticos, uma vez que há alteração das noções de espaço e consciência. Isso coloca em
risco não só a vida do condutor como também dos pedestres.

Dependência química no futuro


O uso de drogas na juventude torna a pessoa mais vulnerável à dependência química na vida adulta. Isso porque
o cérebro permanece com inúmeros receptores dessas substâncias e também pelo fato da adolescência ser a
fase em que são definidos os hábitos que serão levados ao futuro.

Aumento dos problemas de saúde mental


Usuários de drogas estão mais propensos a sofrerem com ansiedade e depressão por estarem expostos a uma
série de situações que mexem bastante com o aspecto psicológico. Dessa forma, o consumo de substâncias
químicas associado a esses transtornos pode trazer consequências severas ao indivíduo.
Segundo o psicólogo Erick Marangoni, do Hospital Santa Mônica e da Unidade Integrativa Santa Mônica, a
dependência química é uma doença progressiva, crônica, potencialmente fatal, porém, tratável. Desse modo, é
muito importante se conscientizar sobre os riscos da dependência química na juventude e as consequências das
drogas na adolescência. Afinal, com esse conhecimento entende-se que o tratamento ainda é o melhor caminho
para restabelecer a saúde e qualidade de vida.
TEXTO II
Como jovens têm acesso às drogas?
Em pesquisa recente, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), realizou um levantamento que revela o panorama do
consumo de drogas no Brasil nos últimos dois anos. Em parceria com Secretaria Nacional de Políticas sobre
Drogas (SENAD), órgão vinculado ao Ministério da Saúde (MS), a Fiocruz fez um dos trabalhos mais completos e
com abrangência nacional, inclusive nos municípios menores.
O Órgão divulgou estatísticas que alertam sobre a facilitação do contato inicial dos jovens com substâncias
químicas. Dada à complexidade dessa questão, o governo e a sociedade precisam ampliar as ações de combate à
distribuição indiscriminada de drogas. Independentemente da idade, a maioria dos usuários afirmam que o acesso
aos entorpecentes é cada vez mais fácil. Para a juventude, a disponibilidade desses produtos ainda é maior.

Por isso, listamos algumas maneiras como jovens têm acesso às drogas. Confira!

Com amigos
A adolescência e a juventude são fase de descobertas. Nessa etapa da vida, a maioria dos indivíduos estão em
busca de novos amigos, diversões e de tudo o que pode aumentar a adrenalina e tornar essa fase mais divertida e
alegre.
Porém, o envolvimento com novos amigos pode facilitar o primeiro contato com as drogas. Grande parte dos
jovens que enfrentam problemas com tóxicos foram viciados por amigos. Por isso, os pais e responsáveis devem
ficar de olho no comportamento dos filhos e orientá-los sobre a escolha das amizades.
Dentro de casa
Com o acesso fácil aos meios de comunicação e à internet, atualmente, é possível aprender a fabricar drogas
caseiras. Infelizmente, há diversos sites na rede que ensinam essas coisas. Diante disso, é necessário controlar o
acesso dos jovens a certos medicamentos e até mesmo aos produtos de limpeza, já que é possível fabricar
entorpecentes a partir dessas substâncias.

Pela internet
Principalmente nas grandes cidades, a venda de drogas pela internet é bastante difundida e, os responsáveis por
esses serviços nem sempre são punidos por esse tipo de crime. Eles oferecem os produtos, livremente, nas redes
sociais e combinam entrega em shoppings, estações de metrô ou mesmo nas imediações das escolas.

Em festas
Muitos jovens que, hoje, se encontram no submundo das drogas admitiram que o primeiro consumo aconteceu em
festas e em grupo de amigos. Festas, shows e eventos com aglomerações de jovens são o ambiente ideal para
oferta dessas substâncias, principalmente a de drogas recreativas.

No colégio e na faculdade
O colégio e a faculdade também são pontos estratégicos que os traficantes utilizam para vender seus produtos
ilícitos. Nesses ambientes, não só ocorre a difusão livre do uso de drogas comuns entre os jovens como há
também a prática do aliciamento dos novos alunos para o vício.
Mediante isso, os pais precisam redobrar a atenção quanto às eventuais mudanças no comportamento dos filhos.
Esse cuidado é essencial, principalmente nos primeiros anos do curso, já que a aprovação no vestibular pode
gerar, às vezes, um tom de conquista e de liberdade.

Como a curiosidade por drogas influencia a dependência química em jovens?


Dados do IBGE apontam que, no Brasil, há 3,5 milhões de usuários de drogas ilícitas. Isso sugere a necessidade
urgente de promover campanhas que reduzam o impacto desse problema, não somente sobre a sociedade como
também na qualidade de vida e na saúde do dependente químico.
Esses dados confirmam que o uso de substâncias psicoativas já se tornou, nas últimas décadas, um grave
problema de saúde pública. E, isso, em termos globais, visto que é cada vez maior o número de indivíduos que
utilizam tais substâncias e, depois, enfrentam muita dificuldade para largar o vício.
Nesse sentido, a curiosidade por drogas acaba influenciando a dependência química em adolescentes e jovens. A
maioria dos novos consumidores tem a primeira experiência em festas, shows, bailes funks ou mesmo na escola.
Consequentemente, percebe-se a acentuação dos problemas decorrentes do vício em tóxicos.
Históricos de violência, problemas familiares e transtornos sociais figuram na lista das questões mais evidentes
entre os jovens com dependência química. Além do mais, o envolvimento com substâncias ilícitas está cada vez
mais precoce, o que aumenta o risco para estabelecimento do vício.
Como a adolescência é uma fase marcada como o período mais propício a novas experiências, é necessário estar
atento aos fatores que podem interferir na formação psíquica e emocional desses indivíduos. Independentemente
das formas de intoxicação, o uso de drogas afeta diretamente o desenvolvimento biopsicossocial, o que pode
impedir que o jovem tenha uma vida adulta saudável.
Além da curiosidade, há diferentes questões que influenciam o uso precoce de drogas na juventude. Entre elas,
destacam-se a curiosidade, a influência de problemas familiares, fatores genéticos, aspectos culturais, sociais e
ambientais, além da maior vulnerabilidade dos jovens que compõem o grupo populacional com baixas condições
socioeconômicas.
Percebe-se, então, que esse problema é mais comum nessa etapa de autoafirmação, na qual grande parte dos
adolescentes e jovens tem o primeiro contato com os entorpecentes. Logo, há maior necessidade de apoio e do
suporte profissional, além da presença familiar para orientar e auxiliar na tomada de decisões.

Como solucionar esse problema?


Segundo pesquisas recentes amplamente divulgadas pela mídia, o consumo de drogas está cada vez maior entre
adolescentes e jovens. Nessas circunstâncias, a melhor saída é buscar apoio profissional, já que, nem sempre, a
família consegue resolver esse problema sozinha. O vício em substâncias químicas afeta a vida pessoal, afetiva,
escolar e profissional de quem está dominado pelas drogas.
O ideal é procurar uma instituição que ofereça uma infraestrutura adequada e uma equipe multiprofissional —
formada por médicos clínicos, psiquiatras, psicólogos e terapeutas ocupacionais — para contornar o impacto
desse problema. Tão importante quanto saber como jovens têm acesso às drogas é buscar auxílio imediato para
restabelecer a saúde física e mental do usuário, antes que as consequências se tornem irreversíveis.
POR UMA ESCOLA LIVRE DE VIOLÊNCIAS
As notícias recentemente veiculadas sobre agressões de alunos a professores em escolas têm uma forte vertente
sensacionalista e um viés um tanto superficial, ouvindo basicamente a perspectiva dos adultos (mesmo assim, não
a de todos os envolvidos na comunidade escolar) e realçando prioritariamente a violência dos alunos contra os
professores. Isso é um desserviço à educação, porque cria estigmas, simplifica a questão e induz à busca de
soluções igualmente simplistas e, por isso, ineficientes. Na verdade, alimenta o problema. A violência na escola é
uma questão muito séria e complexa e merece um olhar cuidadoso e responsável.
Se é verdade que a violência está na sociedade e não apenas na escola, que a reproduz, é verdade também que
há violências produzidas no interior da própria escola. Muitas delas funcionam como prisões e lançam mão de
formas autoritárias de “manter a disciplina”; baseadas mais nas interdições – no que é proibido – do que no
investimento na formação de sujeitos capazes de praticar formas democráticas de convívio, as escolas produzem,
assim, um contexto potencialmente violento.
Para esta discussão, é necessário olhar as muitas violências que ocorrem no cotidiano da escola: as institucionais,
as interpessoais, as físicas, psicológicas, simbólicas… Todas geram uma pressão contínua e que pode causar
explosões – maiores ou menores – em determinados momentos e situações. Não queremos, com isso, minimizar
ou justificar a gravidade das agressões dos alunos. Pelo contrário. Esses fatos explicitam a situação extrema de
hostilidade no ambiente escolar.
Adultos e estudantes são agentes e vítimas dessas violências. Preconceitos, discriminações, humilhações,
desrespeito. Do ponto de vista dos alunos, algumas das violências mais sentidas – e permanentes – são o não
atendimento de suas necessidades de aprendizagem e a falta de sentido do que se ensina e do que se aprende,
que acabam funcionando como formas de submissão. Outra é a invisibilidade dos alunos gerada pela falta de
escuta, de espaços de participação e de reconhecimento de suas demandas.
Ao mesmo tempo, os adultos da escola têm uma rotina puxada, atuam sem condições de trabalho adequadas, que
garantam tempo e espaço para se dedicar à complexidade educacional, e nem sempre são autoridades
legitimadas pelos alunos. Na prática, há uma tensão entre o desafio de ensinar conteúdos e o gerenciamento de
indisciplinas dos alunos. E, assim, a escola não consegue cumprir sua função primordial de educar, pois ninguém
aprende e ninguém educa em um ambiente inóspito.
A experiência do Projeto Respeitar é Preciso! mostra que, sem dar atenção às questões que perpassam o
cotidiano escolar, o caldo de violências é continuamente engrossado por discriminações e preconceitos de todo
tipo. Nessas condições, as relações internas da escola tornam-se tensas, desgastantes e pouco frutíferas.
A violência nas escolas, um tema difícil, precisa ser analisada com a seriedade necessária. A abordagem e o
tratamento simplista dado pela mídia ao tema nos preocupam muito, pois, sem contextualização adequada, isso
pode levar a conclusões enviesadas. Apontar, mais uma vez, os alunos como os culpados pela grave situação de
violência nas escolas é injusto, perpetua o estigma e não encara o problema de frente.

TEXTO II
Afinal, como ter uma eficiente segurança nas escolas?
A segurança nas escolas é um tema muito relevante a ser discutido na contemporaneidade. Uma vez que os
indivíduos estão se sentindo cada vez mais vulneráveis e inseguros, tomar atitudes preventivas que garantam a
segurança de todos é imprescindível para gerar um ambiente mais tranquilo e harmonioso.
Vale a pena ressaltar também que, para haver uma segurança eficiente, é preciso prestar atenção tanto no
ambiente interno quanto no perímetro de localização da escola e criar medidas que atendam a todas as demandas
de segurança, indo além da vigilância por meio dos equipamentos eletrônicos.
Neste artigo, vamos expor outros aspectos que devem ser levados em consideração para que o ambiente escolar
se torne de fato seguro. Ficou curioso?.
Contratar uma equipe de primeiros socorros
Para que haja segurança nas escolas, é muito importante investir em uma equipe de primeiros socorros. Como o
número de pessoas é grande e muitas das atividades que ocorrem no ambiente escolar estão relacionadas ao
contato físico, é provável que pequenos imprevistos aconteçam.
Além disso, podem ocorrer acidentes nas estruturas da instituição e, para evitá-los, é muito válido que as devidas
precauções sejam tomadas. Por isso, ter uma equipe de primeiros socorros à disposição é indispensável para que
o atendimento seja feito de forma rápida e eficiente, evitando o risco de complicações futuras à saúde dos
indivíduos.

Investir em proteção contra incêndios e notificações de perigo


Contar com uma proteção contra incêndios gera muita segurança, pois, mesmo que haja a iminência de algum
problema, rapidamente esta situação poderá ser controlada e haverá tempo para levar os integrantes da escola
para locais sem risco, se for necessário.

Investir em notificações de perigo, neste caso, também é bastante relevante para que seja possível alertar as
pessoas de forma mais rápida. Além disso, as ações a serem tomadas, caso ocorra uma notificação, devem estar
bem alinhadas com todos para que o procedimento seja feito com agilidade, sem alarmar as pessoas de forma
excessiva.

Realizar inspeção das instalações e atividades de alto risco


As inspeções servem para verificar se um local está seguro ou se demanda algum tipo de cuidado para que
nenhum acidente aconteça. E para garantir essa segurança nas escolas, é de suma importância realizar uma
verificação cuidadosa das instalações.
O mesmo é válido para as atividades de alto risco, que devem ser devidamente monitoradas, com o objetivo de
torná-las menos arriscadas. Dessa forma, é mais fácil prever e impedir que muitos problemas ocorram, tornando o
ambiente escolar, e suas atividades, mais seguras.

Criar um fórum de segurança


Um fórum de segurança é uma boa estratégia para que os membros da comunidade escolar estejam bem
informados sobre todas as questões da instituição de ensino. Ao realizar reuniões mensais ou bimestrais, é
possível criar medidas preventivas observando os acontecimentos recentes, para impedir que ocorram transtornos
futuros.
Antecipar possíveis problemas e adotar as medidas cabíveis para que eles não aconteçam é uma maneira muito
inteligente de tornar o ambiente mais seguro e de conscientizar as pessoas sobre como devem se precaver no dia
a dia.

Elaborar um manual interno e montar uma estrutura preventiva


Para que as pessoas consigam se prevenir em situações de insegurança, é importante que elas conheçam os
diferentes tipos de ocorrência, saibam como reagir e estejam familiarizadas com a postura da escola perante a
esses possíveis acontecimentos. Por isso, é essencial que o fórum de segurança elabore um manual interno e
monte uma estrutura preventiva.
A estrutura preventiva pode ser feita a partir da instalação de extintores de incêndio, de placas que indiquem
ambientes inseguros, saídas de emergência e notificações de perigo, além da criação acessos seguros a todos os
tipos de pessoas, tanto as mais ágeis quanto aquelas com limitações que as impediriam de se salvar mais
rapidamente.
Já o manual interno, tem o intuito de divulgar informações úteis para situações de perigo, indicando o que fazer
quando uma notificação de emergência é disparada ou como usar um extintor de incêndio, por exemplo.
Esse manual pode apresentar, também, questões de ordem externa, como ensinar o que fazer em casos de
assalto, mostrar a quem o indivíduo pode recorrer em situações de emergência e como adotar outros tipos de
posturas preventivas que minimizem as chances de atitudes equivocadas nesses momentos de estresse.
O cérebro humano não consegue distinguir situações vivenciadas de situações imaginadas, por isso, fazer com
que as pessoas prevejam condições de risco e ensaiem mentalmente a forma como vão agir, faz com que os
indivíduos se tornem mais conscientes e preparados para o caso de uma situação real de perigo.

Registrar e conduzir casos de furto e vandalismo


Em casos de furto e vandalismo dentro do ambiente escolar, é primordial que o caso seja registrado e o
responsável seja devidamente orientado a não cometer esse ato novamente. Isso faz com que os indivíduos
notem que não estão sob um ambiente de impunidade e, dessa forma, evitem este tipo de atitude equivocada.
Além disso, é bom fazer o registro para verificar com que frequência ocorrem os casos e se os locais do
acontecimento são os mesmos. Assim, é possível adotar medidas preventivas, como a instalação de câmeras, o
isolamento do local ou, até mesmo, a contratação de um segurança responsável.

Investir no serviço de segurança profissional


Investir no serviço de segurança profissional é muito benéfico para a instituição, pois gera uma atmosfera mais
segura e as pessoas vão ter a quem recorrer em momentos de conflito. Além disso, o segurança será capaz de
impedir a entrada de pessoas impróprias para o ambiente escolar, impedindo possíveis ataques ou
constrangimentos.
Como vimos, para ter uma segurança eficiente nas escolas, é importante cuidar do tanto do ambiente interno,
quanto externo. Logo, ao contratar um serviço de segurança profissional e orientar os indivíduos a como se
comportar em situações duvidosas, o ambiente escolar se torna mais protegido e as pessoas, mais cuidadosas.
O racismo estrutural na escola e a importância de uma educação antirracista
Entenda como o racismo se manifesta em espaços educativos e a importância de combatê-lo, para uma
educação de qualidade
Por Stephanie Kim Abe

Quando analisamos os indicadores de escolaridade da população com recorte de raça, os dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE (2018) apontam uma evidente desvantagem da população negra
ou parda.
Já na Educação Infantil, o acesso a esse direito apresenta índices diferentes, conforme o grupo racial: 53%
das crianças pretas ou pardas de 0 a 5 anos de idade frequentavam a creche ou escola em 2018, contra
55,8% das crianças brancas.
Entre a população preta ou parda, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais é de 9,1%,
enquanto o mesmo indicador é de 3,9% na população branca. Entre a população negra ou parda, a proporção
de pessoas de 25 anos ou mais com pelo menos o Ensino Médio completo é de 40,3%. Já entre os brancos,
o índice é de 55,8%.
A proporção da população preta ou parda entre 18 e 24 anos com menos de 11 anos de estudo e que não
frequentavam a escola em 2018 era de 28,8%, frente 17,4% de brancos na mesma situação.
Essa profunda desigualdade escolar tem reflexos graves, como na renda e na expectativa de vida dessas
populações.

De acordo com os dados trazidos pelo Relatório Reprovação, Distorção Idade-série e abandono escolar, do
Fundo das Nações Unidas para a Infância  UNICEF, metade dos mais de 910 mil estudantes que deixaram as
escolas municipais e estaduais de todo o país em 2018 eram pretos e pardos (453 mil). Além disso, as
populações preta, parda e indígena têm entre 9% e 13% de estudantes reprovados, enquanto entre brancos
esse percentual é de 6,5%.
Também vale notar que, de acordo com o documento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP) Perfil do Educador da Educação Básica, realizado com dados do Censo
Escolar 2017, 42% de docentes da educação básica eram brancos, contra 4,1% de pretos e 25,2% de
pardos.

Racismo estrutural e educação antirracista


Quem nunca para para olhar esses números e perceber como refletem as desigualdades da sociedade
brasileira não se dá conta de que elas são fruto do racismo estrutural presente em nosso país. Isso quer dizer
que ele permeia, ainda que inconscientemente, as ações e estruturas de diferentes instituições da sociedade,
como o próprio ambiente escolar.
Para explicar melhor o fenômeno e destrinchar o assunto, o Portal CENPEC Educação conversou
com Iracema Santos do Nascimento, professora doutora na Faculdade de Educação da USP (FE-USP) e
ex-coordenadora executiva da Campanha Nacional pelo Direito à Educação (2005 a 2014).

Foto: Arquivo pessoal


Nesta entrevista, Iracema ressalta a importância desse debate – que é uma luta de muitos anos dos
movimentos negros – e quais ações e políticas públicas precisam ser priorizadas para que haja uma
educação de qualidade para todos e todas.
“O racismo estrutural estrutura a sociedade brasileira desde a invasão portuguesa nessas terras. Assim,
quando pensamos na organização das nossas escolas, essa discussão não existia. Atualmente, a educação
antirracista (que vem sendo proposta há décadas) ganhou bastante força, e esse debate tem sacudido todas
as pessoas, negras e não-negras, brancas e não-brancas, a não mais compactuar com essas estruturas.
Esse é um chamamento ético, que se impõe pela força da causa”, defende.

Portal CENPEC Educação: Como a gente pode perceber o racismo estrutural no universo escolar?
Iracema Santos do Nascimento: A percepção do racismo estrutural na escola, assim como em outras
instâncias, é algo que por vezes se torna difícil porque, sendo estrutural, o racismo muitas vezes se manifesta
nas sutilezas. É mais óbvio quando se trata de uma discriminação, uma injúria racial, em que um sujeito
comete um ato contra o outro. Mas como estamos falando de racismo estrutural, isso significa que não está
no sujeito, mas nas estruturas, ou seja, naquilo que dá base às relações.
Mesmo afrodescendentes ou sujeitos não-brancos têm dificuldades de perceber ou denominar essas
situações ou atos, e isso demanda um tempo de elaboração – do sujeito e dos sujeitos envolvidos.
Uma manifestação do racismo estrutural é o silenciamento da instituição diante de situações racistas.
Parece até contraditório falar que o silêncio é uma manifestação. Mas nesse caso é sim.”
Então, quando uma criança negra é chamada pelo colega de “macaco”, “pretinho”, ou ouve que “o cabelo
dela é feio, é ruim” e as pessoas adultas responsáveis pelo processo educativo não fazem nada – ou seja,
silenciam -, temos uma manifestação do racismo estrutural. Ainda que elas tenham se sentido incomodadas e
não tenham agido por não se sentirem preparadas para lidar com o fato, se elas não levam isso adiante e não
procuram ajuda, essas pessoas estão compactuando com o racismo estrutural.
Não ter a representatividade de afrobrasileiros e afrobrasileiras – vale destacar, em situações positivas –, seja
nas imagens que fazem parte da decoração do espaço escolar, seja no material didático, nos materiais de
pintura ou entre os brinquedos na Educação Infantil (como bonecos e bonecas negras), também é um
indicativo de racismo estrutural na escola. Ou, por exemplo, quando vemos pessoas negras apenas no
quadro de apoio (responsáveis pela limpeza e pela comida), e não em cargos de direção ou coordenação.

Portal CENPEC Educação: Como a educação antirracista está ancorada nas leis?
Iracema Santos do Nascimento: Podemos percebê-la em três grandes leis estruturantes e estruturais do
sistema de educação: a Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – Lei
9.394/1996), e o Plano Nacional de Educação (PNE – Lei n° 13.005/2014).
Na Constituição Federal, existem vários artigos que remetem ao tema. O art. 3º estabelece os objetivos
fundamentais da República Federativa do Brasil, e tem quatro incisos:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II – garantir o desenvolvimento nacional;


III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.
Ainda que não falem de educação, obviamente não vamos superar as desigualdades e combater as
discriminações sem educação.
No art. 5º, que versa sobre os direitos fundamentais, temos o inciso 42, que estabelece o racismo como crime
inafiançável.
Já no art. 206, sobre os princípios da educação brasileira, temos o inciso I, que trata de igualdade de
condições para o acesso e a permanência na escola. Não há menção necessariamente à educação
antirracista, mas nós sabemos que nem todos os grupos populacionais têm as mesmas condições de acesso
às escolas e daí a necessidade da educação antirracista.
Na LDB, o art. 3º reitera os princípios estabelecidos na Constituição para a Educação, e insere outros. Mas o
principal artigo que ancora a educação antirracista na legislação educacional está no artigo 26A, que foi
primeiramente adicionado pela Lei 10.639/2003 e depois suplantado pela Lei 11.645/2008, que define que o
currículo da Educação Básica deve ter conteúdo das culturas africana, afrobrasileira e indígena.
No PNE, a meta 7 define qualidade, e a estratégia 25 menciona diretamente a educação antirracista.
Essa foi uma grande conquista de educadores e educadoras negros e negras durante a tramitação do
Plano, porque explicita claramente que, para que o Brasil consiga estabelecer de fato educação de
qualidade, é preciso superar o racismo na educação, é preciso ter uma escola antirracista.”

O combate ao racismo no Plano Nacional de Educação

META 7:  Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do
fluxo escolar e da aprendizagem, de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb.
Estratégia 7.25:  Garantir, nos currículos escolares, conteúdos sobre a história e as culturas afro-brasileira e
indígenas e implementar ações educacionais, nos termos das Leis nos 10.639, de 9 de janeiro de 2003, e
11.645, de 10 de março de 2008, assegurando-se a implementação das respectivas diretrizes curriculares
nacionais, por meio de ações colaborativas com fóruns de educação para a diversidade étnico-racial,
conselhos escolares, equipes pedagógicas e a sociedade civil.
Fonte: (PNE – Lei 13.005/2014)

Portal CENPEC Educação: Você mencionou a Lei 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino de
“História e Cultura Afro-Brasileira e Africana” no currículo da educação básica. Qual foi a importância
dessa lei e como você analisa a sua implementação?
Iracema Santos do Nascimento: Indubitavelmente, esta lei – e depois a Lei 11.645/2008 –, teve uma
importância enorme ao pautar o debate da educação antirracista em todos os âmbitos educacionais. Mesmo
que seja um debate de negação, no sentido de educadores(as), gestores(as) quererem negar a existência do
racismo na escola e a necessidade desse debate. Ainda que ele ocorra dessa forma, o debate é importante,
porque significa que há tensionamento.
A lei impôs uma agenda que teve um efeito dominó. Nos estados e municípios, muitas decisões foram
tomadas nos últimos 17 anos, com relação a formação de docentes, produção de material (didáticos e
paradidáticos) para uso em sala de aula, etc. Já tínhamos experiências antirracistas antes da lei, mas ela
deflagrou esse processo nas escolas e secretarias.
Aliás, é muito importante destacar e valorizar essas iniciativas. Há muitas escolas e professores(as)
realizando experiências de educação antirracista em todo o Brasil, da Creche ao Ensino Superior. Isso
sem contar as iniciativas comunitárias, como cursinhos populares. Esses grupos lutam pela inclusão,
não apenas reivindicando, mas desenvolvendo e criando propostas antirracistas.”
Há também uma avaliação não tão positiva da Lei, quando nos referimos às expectativas criadas e ao papel
do Estado brasileiro nesse processo. Nós nos ressentimos com relação à falta de apoio aos estados e
municípios, e aos(às) gestores(as) dessas esferas, para a implementação da Lei, e à falta de investimento
para o desenvolvimento de projetos permanentes.
Confira aqui 5 dicas para a escola trabalhar a Lei 10.639/03

Portal CENPEC Educação: Qual é o papel das redes de ensino na efetivação de uma educação
antirracista que vá além de projetos pontuais?
Iracema Santos do Nascimento: No âmbito do sistema educacional, instaurar instâncias que sejam núcleos
ou coordenadorias de educação antirracista dentro da Secretaria de Educação – assim como foi, por
exemplo, a Secretaria de Políticas de Promoção para a Igualdade Racial (Seppir), quando instituída em 2003.
Quando você tem uma coordenadoria que cuida das relações raciais, você está sinalizando a importância que
dá ao tema e o seu peso político.
Além de instalar essa instância, é preciso destinar recursos e equipe, para que ela exista de fato e possa
realizar um diagnóstico da rede e elaborar um plano de ação, de forma democrática.
Esse trabalho certamente resultará em formações e outras ações, como concursos que incentivem as escolas
a desenvolverem projetos de educação antirracista – o que seria bem interessante para fortalecer quem já
está fazendo isso e para incentivar quem ainda não começou.
As secretarias também podiam realizar mostras pedagógicas com o tema da educação antirracista, para
incentivar os docentes a apresentarem suas ações e trocar experiências, e incentivar a elaboração de
materiais.
Outro ponto fundamental é o incentivo à pesquisa, que pode e deve ser feito pelos(as) gestores(as)
educacionais em parceria com a universidade e seus órgãos de pesquisa. A partir delas, serão criados
conhecimentos sobre a questão do racismo e o seu enfrentamento na escola, mantendo o assunto em pauta
permanentemente e extrapolando as fronteiras acadêmicas para circular no espaço e na comunidade escolar.

Portal CENPEC Educação: Como a relação da escola com o território do entorno pode ajudar a
combater o racismo?
Iracema Santos do Nascimento: A questão da escola enraizada em sua comunidade, e olhando para o
território, é fundamental na educação brasileira. É, na verdade, um princípio pedagógico defendido pelo norte-
americano John Dewey (1859-1952) e que Anísio Teixeira (1900-1971) incorpora na suas proposições
político-pedagógicas. Ele defende o enraizamento da escola no território, inclusive por meio do currículo, que
abarque os anseios e os saberes da comunidade.
No caso do Brasil, onde o mito da democracia racial é parte componente desse país estruturalmente
racista, esse enraizamento da escola no território tem um efeito especial, principalmente em territórios
periféricos, onde estão a maior parte da população negra e indígena.”
Pensemos uma escola localizada na periferia da capital paulista, onde muitos jovens negros são
assassinados pela polícia ou uma criança negra precisa levantar a blusa ao entrar em uma loja para mostrar
que não está roubando. Se esta instituição está em parceria com o território, olha o que está acontecendo ao
seu redor e reconhece os sujeitos e a realidade local, ela precisa colocar essa questão no seu currículo. O
racismo deverá ser necessariamente discutido dentro da sala de aula, em vários componentes curriculares, e
a escola vai desenvolver ações para enfrentar esse estado das coisas.

Portal CENPEC Educação: Que políticas públicas precisam ser priorizadas para que a educação
antirracista ocorra de fato?
Iracema Santos do Nascimento: No que diz respeito à gestão geral das políticas educacionais, um primeiro
ponto é rever quais são as prioridades, de forma a fazer com que as questões relativas às diferenças e as
diversidades ganhem centralidade. Isso significa que ela vai disputar espaço com outros temas – por
exemplo, a política de avaliação externa, com base em testes de aprendizagem.
Já ouvi muitas vezes depoimento de professoras que pararam de realizar certa atividade, como leitura literária
com as crianças, porque precisavam prepará-las para a prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica
(Saeb) ou, no caso do estado, do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo
(Saresp).
Para escolas implementarem projetos político pedagógicos comprometidos com uma educação antirracista, é
preciso tempo de estudo e dedicação, para a elaboração, implementação e avaliação dessas atividades. Mas
esse tempo é a todo momento disputado por demandas de toda ordem que recaem sobre a escola e isso
interfere na prática pedagógica.

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