(1) O documento discute as questões éticas do uso de óvulos de fetos abortados para fertilização in vitro. (2) Ele apresenta argumentos a favor e contra o procedimento experimental para o caso de Paul e Wendy, que desejam ter um filho mas Wendy tornou-se infértil após tratamento de câncer. (3) A conclusão é que, embora complexa, a decisão mais lógica para o casal é não realizar o procedimento devido às dificuldades éticas e à possibilidade de adoção.
(1) O documento discute as questões éticas do uso de óvulos de fetos abortados para fertilização in vitro. (2) Ele apresenta argumentos a favor e contra o procedimento experimental para o caso de Paul e Wendy, que desejam ter um filho mas Wendy tornou-se infértil após tratamento de câncer. (3) A conclusão é que, embora complexa, a decisão mais lógica para o casal é não realizar o procedimento devido às dificuldades éticas e à possibilidade de adoção.
(1) O documento discute as questões éticas do uso de óvulos de fetos abortados para fertilização in vitro. (2) Ele apresenta argumentos a favor e contra o procedimento experimental para o caso de Paul e Wendy, que desejam ter um filho mas Wendy tornou-se infértil após tratamento de câncer. (3) A conclusão é que, embora complexa, a decisão mais lógica para o casal é não realizar o procedimento devido às dificuldades éticas e à possibilidade de adoção.
O uso de óvulos de fetos abortados para fertilização in vitro perpassa por
questões que atingem tanto o campo biológico quanto ético. No estudo de caso, Paul e Wendy se deparam com a questão se deveriam ou não realizar um procedimento experimental com FIV utilizando tais óvulos, visto que essa pode ser a única alternativa do casal para darem início à gestação de uma criança, uma vez que Wendy desenvolveu câncer de mama precocemente e tenha se tornado infértil graças à quimioterapia. Sendo assim, embora seja uma técnica controversa, é necessário ter em mente o contexto no qual o casal se encontra. Em se tratando da aceitação do procedimento, é preciso levar em conta três tópicos que considero importantes: (1) o desejo do casal visto como um juízo moral, (2) o destino da maioria dos fetos abortados e (3) o uso de procedimentos científicos para avanço do bem-estar humano. Quando pensamos em Paul e Wendy, percebe-se que o casal talvez possua apenas essa alternativa para gerar um filho, visto que Wendy deixou de ser fértil, ainda, é preciso levar em consideração os sentimentos do casal perante essa possibilidade, isto é, a questão sobre a doação não é algo que deva ser analisado puramente de forma mecânica. Ademais, segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, CREMESP, fetos com 500 gramas ou menos são, no geral, descartados junto a lixo hospitalar ou incinerados, ou seja, a doação de óvulos desses fetos estaria sendo uma forma de utilizar ou, ainda, dignificar a vida daquilo que está sendo jogado fora. Por fim, cabe pontuar que a realização desse procedimento é algo complexo e que deve ser visto por várias nuances, mas que não deve ser afetado por fatores religiosos que, por muitas vezes, acabam por atrasar o avanço de procedimento científicos que melhorariam a qualidade de vida da humanidade, nesse caso, a possibilidade de viabilizar a geração da vida por pessoas que, por várias condições, não o são capazes de fazer. Por outra instância, Paul e Wendy devem repensar os pontos contrários ao procedimento, tais como: (1) a impossibilidade de consentimento do feto, (2) a forma de recompensar a família do doador, (3) os impactos psicológicos na criança gerada e (4) a possibilidade de adoção. Por via de regra, o consentimento é um elemento essencial da reprodução (McGee, 2013), seja ela por métodos tradicionais ou in vitro (no caso de doações normais, a mulher está disposta a doar seus óvulos; contudo, aqui, os fetos abortados não tiveram a oportunidade de dar seu consentimento sobre a doação dos óvulos e, ainda, é questionável se a família do feto poderia dar tal consentimento. Ainda no que se refere à família do feto, é praticamente impossível quantificar ou qualificar qual seria a forma de pagamento pelos óvulos, visto que a doação de partes de outra pessoa não é algo que possa ser mensurado em dinheiro. Agora, ao se pensar na criança gerada através do óvulo do feto, é preciso pensar no impacto gerado quando ela souber que, na verdade, sua mãe era um feto, ou que sua “mãe” na verdade não possui os mesmos genes que você. Por fim, talvez o ponto de maior impacto seria o questionamento: “Paul e Wendy não poderiam adotar uma criança?”; aqui, levanta-se a interrogação do quão importante é para eles gerar uma nova vida em vez de adotar uma que já existe (visto que existem milhões de crianças esperando um lar). Tendo em mente todas as diferentes nuances que Wendy e Paul necessitam considerar, creio que a decisão mais lógica é, portanto, não realizar o procedimento. As dificuldades éticas são algo a ser pensado mas, sobretudo, eles ainda possuem a opção de terem um filho adotivo e, de algum modo, ressignificar a vida daquilo que já existe.