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UNIVERSIDADE FEDERAL DE

GOIÁS

A CULTURA DO BAMBU

Orientador: Rogério de Araujo Almeida


Discentes: Bianca Bárbara Fonseca da Silva

Gabriel Ribeiro da Silva

Isac Oliveira Leite

Vivian Araujo Costa e Fonseca

Goiânia, 2019
I. Introdução

O objetivo deste trabalho é realizar um compilado entre as diversas


características presentes no bambu e as utilidades que esta gramínea pode oferecer.

O bambu possui mais de 1300 espécies. No Brasil são encontradas 200 delas,
entre nativas e exóticas, fazendo com que o país seja o com maior diversidade da
planta em toda América.

As suas utilidades já são conhecidas a muito tempo, não apenas é muito


utilizado até hoje na cultura oriental, como também há registros arqueológicos de seu
uso no Equador há mais de 5000 anos.

A eficácia do uso do bambu na construção pode ser verificada nas estruturas


coloniais que foram feitas do material e, mesmo após centenas de anos, permanecem
firmes.

O uso como alimento, vem sendo estudado mais profundamente nos dias
atuais, verificando as porcentagens de nutrientes, suas vantagens para o organismo
e como pode substituir alimentos como farinhas menos vantajosas para corpo em
características gerais.

No artesanato o limite de possibilidades está expresso na imaginação do


produtor. O bambu pode ser utilizado para fabricar cestos, redes, enfeites, cadeiras,
recipientes e até mesmo paletas para instrumentos musicais.

O bambu se tornou indispensável e bastante relevante na agricultura mundial,


entretanto no Brasil o processo de valorização do bambu foi lento, recentemente que
se iniciaram os incentivos, em agosto de 2011 foi sancionada a lei Nº 12.484, Política
Nacional de Incentivo ao Manejo Sustentado e ao Cultivo do Bambu no Brasil,
alavancando à produção comercial do bambu e a sua pesquisa. Apesar de pouco
explorado no Brasil, o bambu vem conquistando rapidamente seu espaço comercial
no país, sendo reconhecido como fonte de renda e não mais praga, como era
comumente visto.

Nos próximos tópicos serão trabalhados com maiores e novos detalhes as


características e possibilidades que o bambu possui consigo e toda sua complexidade.
II. Bambu na Alimentação

Em países como Japão, China e índia a produção de broto de bambu é uma


atividade agrícola comum para fins de consumo alimentícios, sendo muito apreciado
no continente asiático, servindo como fonte de renda e nutrição (BARBOSA, 2018).

No Brasil, o habito de consumir o bambu vem se tornando mais comum,


principalmente nas grandes cidades, por influência de restaurantes chineses e devido
a mudança de hábitos da população, que busca cada dia mais produtos naturais e
saldáveis em prol da saúde (AZZINI,1995). A semelhança do broto com o palmito
tradicional (Euterpe edulis) já muito difundido no brasil propicia também melhor
aceitação dos consumidores.

Muitas receitas podem ser feitas a partir do broto de bambu, como pasteis, tortas,
sopas, strogonnoff, também pode ser servido como acompanhamentos ou peticos,
quando temperados, gratinados ou assados (BARBOSA,2018) Além de saboroso
possui altas propriedades nutricionais de proteínas, minerais, fibras e também
antioxidantes (BRITO, 2013).

Uma das dificuldades de mercado dos produtos alimentícios a base de broto de


bambu, além da aceitação, é a sazonalidade, que nos permite produzir brotos poucas
vezes no ano. Dependendo da espécie, os brotos devem ser colhidos quando estão
em torno de 15 a 30cm, fazendo com que a produção pequena e torne o produto
nobre, com alto custo final para o cliente consumidor (WATANABE, 2016).

Já quando abrangemos comunidades pequenas de baixa renda temos a garantia


alimentar através da produção do broto de bambu, que possui fácil manejo e grande
diversidade gastronômica.

Propriedades nutricionais do broto de bambu

Os brotos de bambu apresentam uma composição de diferentes aminoácidos e


minerais como cromo, zinco, manganês, níquel, cobre e outros. Possuem uma
quantidade considerável de fibras (235,4 g/Kg ) e potássio, os quais contribuem para
uma dieta saudável e regulação intestinal.

São importantes provedores de bioativos, como tocoferol, vitamina C, vitamina


B6, tiamina, riboflavina, niacina, fenois e esteróis. Os brotos são ricos em sacaropina,
ácido esperâmico e ácido glutâmico. E ainda possuem alto teor de proteínas (131,4
g/kg) e carboidratos (787,2 g/Kg), dos quais os principais são glicose, frutose e
sacarose, fontes altamente energéticas que são consumidas gradativamente durante
a estocagem (WATANABE,2016)

Tabela 1: valores nutricionais em 100 g


de broto de bambu cozido.

Cuidados e processamento de broto de bambu

Para obtermos todos os benefícios do broto de bambu precisamos prepara-lo


para o consumo, após a colheita do broto deve ser feita a sua limpeza, onde são
retiradas as folhas, que em algumas espécies, como Bambusa vulgaris, possuem
pequenos espinhos, é recomendável o uso de luvas. Logo em seguida, retira-se a
parte de casca grossa até o broto obter textura macia. Neste processo é gerado uma
grande quantidade de resíduos, que recentemente vem sendo utilizado na fabricação
de farinha de bambu (WATANABE,2016). Após o preparo da peça é feito um corte
longitudinal, seu interior deve ser limpo e as hastes horizontais retiradas, parte macia
do broto deve ser cortada de acordo com a preferência do produtor.

Quatro etapas do processamento do broto de bambu: colheita, retirada dos resíduos


brutos, corte longitudinal, cortes menores.

Os brotos possuem grande valor na alimentação, porém é preciso cautela com


brotos in natura, que não devem ser consumidos. O broto tem em sua composição
ácido cianídrico (HNC), composto com potencial toxicológico, a quantidade de HNC
varia conforme a espécie de bambu, clima e solo onde está sendo cultivado, entre
outros (WATANABE,2016).

Para consumir o broto sem riscos à saúde devemos realizar um tratamento de


calor, que consiste em fervura, através do calor desnaturalizamos o ácido cianídrico e
tiramos o possível amargor do broto, que difere de acordo com a espécie.
Recomenda-se três fervuras, a primeira é feita com bicarbonato de sódio na
quantidade de 15g para 1kg de broto, na segunda se utiliza vinagre na proporção 1/3,
o vinagre além de ajudar na retirada do amargor também auxilia na preservação da
coloração esbranquiçada do broto, na terceira fervura usa-se somente agua, para a
neutralização do sabor (BARBOSA,2018), é importante ficar atento ao tempo de
fervura para que o broto do bambu não chegue a cozinhar para que sua textura não
seja alterada.

Após todo o tratamento o broto de bambu já pode ser consumido, adicionado a


diversas receitas ou ainda mantido em conserva. A conserva é feita em salmoura,
podendo ser em meio de 1% ácido cítrico e 3% cloreto de sódio ou em 25% vinagre e
3% de cloreto de sódio, no recipiente com salmoura pode-se acrescentar condimentos
e temperos.

Dificuldades

Entre as adversidades que a indústria de alimentos precisa enfrentar para


trabalhar com o bambu, está a sazonalidade. A ideia da utilização da planta em
grandes escalas no Brasil é recente, consequentemente ainda estão sendo feitos
estudos sobre as características favoráveis para cada espécie, a possibilidade de
produção durante todo o ano e quais as melhores formas de conservar o alimento.

Formas de comercializar

Uma das formas mais utilizada no país para comercializar e ao mesmo tempo
aumentar a vida útil este alimento, é através de conservas de vinagre. Após realizar a
retirada do ácido cianídrico, o bambu é colocado para ferver em uma solução de 5
litros de água com 750 mL de vinagre branco, 25 g de sal e 10 g de ácido cítrico. Em
seguida já está pronto para ser colocado em recipientes de vidro previamente
esterilizados. Em algumas produções são adicionados temperos, pimenta, ou outros
ingredientes para agregar sabor a conserva.
Outra forma que pode ser comercializado é através das embalagens a vácuo
ou enlatados, em todo o mundo podemos ver as diversas formas e espécies que são
vendidas por esse método.

III. Morfologia do Bambu

A Morfologia, é a ciência que trata do estudo das formas biológicas dos seres
vivos, levando em consideração as características anatômicas e histológicas, se
tornando ferramenta fundamental para a identificação e classificação das espécies
(Bicudo, 2004).

A morfologia vegetal é uma das bases da botânica, tem por objetivo estudar e
documentar formas e estruturas das plantas. Utilizada, dentre outras coisas, no auxílio
à classificação de plantas (também conhecido como sistemáticas) e na fisiologia
vegetal.

Essa classificação baseia-se na ordenação das plantas num táxon. Cada


espécie é classificada como membro de um gênero, cada gênero pertence a uma
família; as famílias estão subordinadas a uma ordem, cada ordem a uma classe, cada
classe a uma divisão.

A necessidade de identificar e classificar as espécies universalmente levou a


utilização de um nome científico. Várias tentativas foram feitas, mas somente Carl
Linné (1707- 1778) conseguiu organizar uma nomenclatura eficiente, formada por
apenas duas palavras: a Nomenclatura Binomial. A primeira palavra seria um
substantivo, retirado do táxon gênero, e a segunda seria um adjetivo que formaria a
espécie (Bicudo, 2004).

Bambu é classificado como da subfamília Bambusoideae, uma da família das


gramíneas (Poaceae ou Gramineae). Essa subfamília se subdivide em duas tribos, a
Bambuseae com espécimes de maior porte, xilemáticos, ou seja, os chamados de
lenhosos e a Olyrae, com espécime de menor porte, os herbáceos. O bambu é ainda
classificado cientificamente na Ordem Poales, Subclasse Commelinidae, Classe
Liliopsida, Divisão Magnoliophyta, Superdivisão spermatophyta, Reino Plantae e
Domínio Eukaryota.

O número exato de espécies de bambu que existem na superfície terrestre


ainda é uma incógnita, devido principalmente a sua grande dispersão nos vários
continentes da Terra. Existem sempre novas espécies e variedades sendo
descobertas, mas é certo que existam aproximadamente 1.200 espécies de bambu
conhecidas e catalogadas cientificamente, divididas em mais de 90 gêneros,
espalhadas por todos os continentes da Terra, com a exceção da Antártida e Europa,
onde não existe nenhuma espécie nativa conhecida.

O estudo da estrutura e da classificação do bambu nos dá conhecimento para


desenvolver conscientemente e obter o plantio do mesmo para uma atividade
prédefinida, como na construção civil, por exemplo.

A identificação da espécie em plantas é feita pela colheita das flores, o que


torna o processo de classificação do bambu demorado, já que bambu não possui um
ciclo anual de floração, a sua floração pode ocorrer em longos períodos de 10, 50 ou
até 120 anos, ao final do seu crescimento vegetativo. Após a floração, algumas
espécies morrem, o que dificulta o estudo das características florais em bambus além
de produzirem baixo número de sementes.

A classificação dos bambus baseia-se em características morfológicas dos


rizomas, nós e entrenós, ramos, colmo, folhas e inflorescências. Porém, observam-se
dificuldades na utilização das características morfológicas vegetativas em bambus,
pelo fato de, relativamente, poucas espécies serem devidamente documentadas,
pelas dificuldades em tentar fazer uma boa caracterização científica das espécies
quando a flor não está disponível, além de não poder estimar qual a ação do ambiente
sobre essas características.

O grupo de bambus simpodiais, ou também conhecidos como entouceirantes,


é representado pelos gêneros Bambusa, Dendrocalamus e Guadua. A maioria desses
bambus se desenvolve melhor em climas tropicais, apresentando um crescimento
mais lento em temperaturas baixas. Os rizomas são sólidos, com raízes na sua parte
inferior e são do tipo paquimórfico por serem curtos e grossos. Seus rizomas, também,
possuem gemas laterais, que dão origem, somente, a novos rizomas, muitas dessas
gemas permanecem inativas de forma permanente ou temporariamente, apenas a
gema apical do rizoma pode dar origem a um novo colmo. Esse processo continua de
tal maneira que os rizomas se desenvolvem formando uma touceira densa (Safe,
2004).

Os bambus monopodiais possuem rizomas que são do tipo leptomórfico,


caracterizados por serem alongados, duros e finos, com entrenós longos e espaçados.
A ponta está, geralmente, orientada horizontalmente, podendo crescer entre um e seis
metros por ano. Os novos colmos e rizomas emergem das gemas dos antigos rizomas
(Silva, 2005). São os bambus conhecidos como alastrantes e considerados de hábito
invasivo. Esse grupo é comum em locais de clima frio e temperado. Porém, o gênero
Phyllostachys é bastante difundido no Brasil, devido à sua grande utilização, como
contenção de declives, na construção civil, no artesanato, como vara de pescar, entre
outros usos (Safe, 2004).

As raízes dos bambus são do tipo fasciculadas, partem dos rizomas e chegam
a profundidades proporcionais ao tamanho de cada espécie. Juntamente com os
rizomas, as raízes ajudam a ancorar a planta e ainda têm a importante função de
absorver nutrientes e água do solo (Silva, 2005).

Geralmente o desenvolvimento vegetativo é separado em quatro fases:


Brotação – fase é caracterizada pela emissão de um novo colmo e termina em seu
estiramento máximo; Juvenil – inicia-se com a queda das folhas caulinares e
desenvolvimento dos galhos e folhas da ramagem; Adulta – é caracterizada pela
mudança da cor verde brilhante para o verde opaco; Senil – o colmo começa a
envelhecer quando os entrenós ficam amarelados e os galhos da porção média
secam.
Os colmos também apresentam a capacidade de realizar fotossíntese, além de
armazenar e conduzir a seiva bruta e elaborada. São segmentados por nós e os
espaços compreendidos entre dois nós são denominados entrenós. As paredes dos
nós são mais finas que as paredes dos entrenós e recebem o nome de diafragma
(Silva, 2005). Os colmos diferem entre as espécies pela cor, diâmetro, comprimento,
espessura da parede, comprimento dos entrenós e outras características, sendo
essas diferenças muito úteis para a identificação (Safe, 2004). Existem bambus que
não passam de cinquenta centímetros, enquanto outros atingem trinta metros de
altura e trinta centímetros de diâmetro.

O broto que originará um novo colmo surge de uma gema ativa do rizoma e
encontra-se protegido pelas folhas caulinares. Nessa fase inicial, observam-se as
maiores velocidades de crescimento em altura do reino vegetal (Silva et al., 2011).
Algumas espécies de bambu podem crescer de 15 a 28 centímetros de altura por dia.

Os galhos se desenvolvem a partir das gemas existentes nos nós dos colmos.
Em algumas espécies, existe um número habitual de galhos por colmo, contribuindo
para facilitar a identificação. Em alguns gêneros, os galhos se formam ainda nos
brotos e aparecem conforme o colmo se alonga, porém, em outros, os galhos só
aparecem após o colmo ter finalizado seu ciclo de alongamento (Safe, 2004).

As ramificações dos bambus originam-se das gemas localizadas nos nós e são
sempre alternas. As espécies apresentam diferenças no número e na posição em que
as ramificações partem do colmo e, também, pela presença ou não de espinhos (Silva,
2005).

Não existe ainda, uma lista de descritores morfológicos vegetativos para


bambus, como há em outras diversas espécies, o bambu é pouco explorado devido à
falta de pesquisas específicas e à insuficiente informação a seu respeito, com o
populacionismo da sua utilização espera-se maiores investimentos em pesquisas
referentes a sua identificação e classificação que contribuam com o desenvolvimento
do seu potencial de uso.
IV. Taxonomia

Por apresentar tantas espécies, que possuem variadas resistências, tamanho


das folhas e colmo, espessura do colmo, tamanho do broto, espaçamento entre nós,
entre outros, é preciso atentar-se sobre qual espécie está sendo observada, ou será
utilizada em determinado procedimento.

Taxonomia é a ciência ou técnica utilizada para classificação de indivíduos,


caracterizando-os não apenas como espécie, mas também em outros grupos como
Reino, filo, classe, ordem, família, subfamília, gênero, subgênero, tribo e subtribo.

Toda essa divisão de características possibilita identificar o parentesco de


determinado ser em relação a outros e é exatamente isso que permite entender o que
é comumente chamado de “bambu’’. Bambu são todas as plantas da subfamília
Bambusoideae que possuem subdivisões nas duas tribos: Bambuseae (chamados de
lenhosos) e Olyrae (chamados herbáceos).

Espécies mais utilizadas no Brasil

Bambusa Vulgaris: nativo da Indochina e da província de Yunnan, são reconhecidos


pelo colmo amarelo com listras verde e folhas escuras. Suas hastes não são retas,
são inflexíveis e possuem paredes espessas. Os colmos possuem entre 10-20m de
comprimento e 4-10cm de espessura, costumam ser retos na base, mas curvados no
topo. Possuem nós com ligeiramente inflados, com internós de 20 a 45cm. As folhas
do colmo são decíduas com pubescência densa. Lâminas de folhas são estreitamente
lanceoladas. É muito utilizado em paisagismo.
Dendrocalamus asper: são conhecidos como bambu balde, é entouceirante (não
alastra), colmo de até 25 m de comprimento com 8-12cm de diâmetro, quando adulto,
apresenta coloração amarronzada e textura áspera. Folhas de 15-30cm de
comprimento e 10-15mm de largura. Comumente encontrado na Índia, Sri Lanka,
sudeste chinês e sudeste asiático. Devido seu tamanho e resistência é utilizado para
paisagismo, alimentação (devido seu broto), estrutura de construções ou barrar vento.

Guadua angustifolia: Predominante na América do sul, seu colmo possui


predominantemente 6-20m de comprimento, mas pode chegar até 30m dependendo
das condições de seu plantio. Seu colmo possui 5-10cm de largura. Cresce de 15-20
metros em 120 dias. Folhas de 10-20cm de comprimento e 6-12mm de largura. Por
possuir espinhos e uma marca branca em volta de seu nó é facilmente reconhecido.
É utilizado principalmente para construção devido sua alta capacidade de absorver
calor e é o bambu com maior valor econômico na América.
Phyllostachys aurea: também chamado de bambu dourado, é nativo de Fujian e
Zhejiang na China, seu colmo é ereto e possui 2-8m de comprimento e 20-30mm de
diâmetro na coloração amarela. Folhas lanceoladas com 5-8cm de comprimento e 5-
11mm de largura. É utilizada em adornos e como corta ventos.
V. Cultivo

Os bambus são fáceis de cultivar, utilizar, transportar, cortar e modelar,


possuem um crescimento rápido e alcançam maturidade em um tempo
relativamente curto.

Os métodos de propagação ou reprodução dos bambus podem ser sexuados


ou assexuados, mediante ao uso de sementes, rizomas, hastes ou pedaços de
colmos. Quando o bambu é plantado com um critério comercial ou de proteção do
solo, procura-se um crescimento rápido.

De um modo geral, a propagação de bambu ainda é complexa devido aos


métodos existentes até o momento. Pouco se sabe sobre esse assunto,
principalmente quando se trata de multiplicação rápida e em grandes quantidades
de mudas.

Reprodução sexuada

A reprodução sexual ocorre por meio de plantio utilizando sementes. A


realizaçao desse método em grandes escalas é inviável pois o bambu pode demorar
até 100 anos para florescer (Azzini, 1982). Além disso, as plantas produzidas a
partir de sementes têm crescimento muito lento (Cortes, 2013).

Devido ao grande intervalo de tempo entre as florações, a propagação


artificial ou induzida do bambu se processa mais comumente por via vegetativa
(Cortes, 2013). De acordo com Ferreira (2014), a floração do bambu é monocárpica,
ou seja, cada população individual apresenta um único evento com floração e
frutificação maciça e sincrônica, seguida de mortalidade de toda população, com
tempo médio de vida entre 27 e 28 anos.

Propagação assexuada

A propagacao assexuada é a mais utilizada, onde várias partes da planta


como, pedaços de rizomas ou raízes e segmentos de caule em crescimento
sao utilizados para a produção de novas plantas.
A propagação do bambu pode ser realizada por meio da divisão de touceiras,
método pelo qual os caules serão cortados acima do segundo ou terceiro
nó tendo como referência a base do colmo. As mudas das espécies
leptomorfas ou alastrantes são obtidas com maior facilidade por meio de fragmentos
de rizomas, tendo em vista a grande disponibilidade e a boa viabilidade desse tipo
de material (Cortes, 2013).

Espécies e métodos de propagação

Os métodos de propagação para o bambu variam por influência de diversos


fatores, tais como vigor da planta matriz, condições ambientais, substrato
adequado, dentre outros, principalmente quando o método de propagação é
vegetativo. O bambu Dendrocalamus giganteus, por exemplo, possui ramificações
primárias no terço superior do colmo. Estas são as partes mais viáveis para a
propagação dessa espécie e normalmente são descartadas no momento da
colheita. Cada colmo pode reproduzir de três a cinco novas mudas através da
propagação por secção de colmo. A espécie Guadua angustifólia é propagada
facilmente através do método de chusquines, o que permite produzir em massa
material de alta qualidade em um curto espaço de tempo e com baixo custo. Para a
espécie Phyllostachys bambusoides a propagação se dá por meio de brotações do
rizoma, por isso se dá a importância de conhecer a espécie que será trabalhada, a
fim de evitar desperdícios e promover melhor aproveitamento do bambu.

Temperatura

A maioria dos bambus se desenvolve em temperaturas variadas entre 20} e


36º C. No entanto, algumas espécies se desenvolvem mais frio e outras melhor no
calor, por isso a importancia da pesuisa e escolha da especie antes do cultivo.

Solo
O bambu prefere solos aluviais e bem drenados. Não resiste solos salinos.
Algumas espécies de bambu podem crescer em solos com pH de até 3,5, mas em
geral o pH ótimo é entre 5,0 e 6,5. Os bambus crescem bem em encostas íngremes,
mas não resistem a fortes raios solares, por ser uma espécie de hábito da floresta,
responde muito bem se encontrar cobertura vegetal abundante, por outro lado,
gosta de piso aerado, e por isso é aconselhado incorporar minhocas para fazer este
trabalho. Também importante que as folhas que caem do bambu não sejam
coletadas, e sim colocados em torno de colmos onde eles podem reciclar a sílica e
outros elementos necessários para o Bambu. A capina deve ser feita regularmente
evitar competição do mato com o bambu por recursos.

Preparação do local da plantação

As plantas de bambu exigem luz abundante no início de seu


desenvolvimento; então o terreno deve estar livre de sombra. A plantação deve ser
escolhida em resposta a característica da espécie, se é paquimorfa ou leptomorfa,
bem como o seu tamanho e de crescimento, é importante também determinar qual
produto o mercado necessita, a qualidade ou fertilidade da terra.
Manejo

O manejo eficiente dos bambuais está diretamente relacionado com o


entendimento dos diferentes tipos e o destino da produção, onde os objetivos podem
ser voltados a diversas áreas como para a produção madeireira, produção de
brotos, polpa e celulose, ornamentação ou para a conservação do solo e água.
Dessa forma, o plano de manejo é constituído por documento pelo qual o
produtor definira os seus trabalhos administrativos fazendo valer as orientações e
informações ao adequado desenvolvimento das atividades e ações necessárias
para se alcançar os objetivos atendendo ao mercado bambuzeiro.

Em uma touceira haverá colmos de várias idades, com denominação para


cada estágio do seu desenvolvimento, os brotos (um ano), jovens (um a três anos)
e maduros (acima de três anos). A identificação dos bambus dá-se pela visualização
de pontos e manchas nos colmos e por sua coloração de forma que a presença
dessas características distribuídas no colmo denuncia a idade de três anos ou mais.
Corte dos colmos

O corte do colmo do bambu deve prezar a longevidade e produtividade do


bambual e para isso é necessário o uso de serra elétrica, porem pode-se utilizar
machado ou facão. O corte deve ser feito à altura do segundo nó, logo acima,
evitando-se, desta forma acúmulo de água sobre o que restou após o corte, este
procedimento evita o apodrecimento da raiz e mantem o rizoma com potencial perene.

A coleta deve ser feita de preferência nos meses em que a umidade do ar é


baixa, ou seja, nos meses de maio, junho, julho, agosto, para que os colmos trinquem
menos. Popularmente, a lua minguante é conhecida como a melhor lua para se cortar
os colmos.

Tratamento e secagem

No processo de secagem ou também conhecido como “cura”, o ataque de


brocas e outros inimigos é bem maior, assim é necessário um cuidado extra. O teor
de umidade definirá a resistência do material. Técnicas naturais como manter a
folhagem por algum tempo, após o corte, para apressar a perda de água, ou artificiais,
como o uso do calor, podem acelerar o processo de secagem.

Os métodos preservativos químicos são todos tóxicos tanto ao homem como


aos animais, de modo que cuidados especiais devem ser tomados durante e após o
tratamento, principalmente em áreas rurais. Os mais utilizados são os hidrossolúveis,
especialmente aqueles sem a fixação de sal, pois eles podem se difundir em colmos
verdes ou recém cortados, penetrando de forma completa no tecido envolvente.
Compostos à base de boro são os mais comuns para a proteção de colmos e de
produtos de bambu. porém o uso dessa prática não é e não deve ser fomentada por
ferir princípios ecológicos que seriam os que justificam o uso do bambu como matéria
prima.
VI. Fitossanidade

Fitossanidade pode ser definida como o conjunto de ciências que estão


relacionadas à sanidade vegetal. A fitossanidade trabalha para a prevenção e o
controle de pragas, doenças e plantas daninhas, buscando a melhoria da sanidade
das culturas, trazendo benefícios como o aumento da produtividade abrangendo
todos os seus aspectos patológicos, desde a diagnose, sintomatologia, etiologia,
epidemiologia até o seu controle.

Mesmo o bambu sendo uma planta muito resistente, ele pode sofrer o ataque
de algumas pragas e doenças. Para evitar que essas pragas prejudiquem toda a
cultura podendo causar enormes prejuízos, são necessários alguns cuidados
básicos, como a limpeza da plantação e vigilância, além do conhecimento acerca do
controle do agente causador de doença.

O bambu, por ser uma gramínea pouca explorada no Brasil, possui POUCA
literatura sobre sua fitossanidade, sendo uma área a ser investida devido ao seu
importante caráter financeiro. Porem sobre algumas enfermidades podemos
dissertar com propriedade, tendo em vista que as doenças e pragas sofrem
influência geográfica podemos analisar as mais frequentes no Brasil.

Broca do Bambu

A principal praga é a broca do bambu (Rhinastus latisternus/ Rhinastus


sternicornis), o controle pode ser feito primeiramente de forma manual na qual
consiste basicamente na remoção manual das pragas adultas localizadas nos caules
das plantas e simultaneamente à destruição das larvas novas, que geralmente
aparecem nos gomos furados. Se o controle manual não apresentar resultados
pode-se optar pelo processo de combate químico, no qual é recomendável a
orientação prévia de um técnico especializado, para evitar intoxicação, utilização de
processo inadequado e até problemas mais graves como atentar contra a saúde de
pessoas residentes nas proximidades ou transeuntes.
Rhinastus sp.
Larva de Rhinastus sp em colmo de bambu

Caruncho-do-bambu

É considerada pelos especialistas como uma praga que ataca somente a


planta cortada, inutilizando completamente seus caules. A Coordenadoria de
Pesquisa Agropecuária do Instituto Agronômico de Campinas recomendava para o
controle dessa praga uma solução de óleo diesel misturada com inseticidas
atualmente de uso restrito pelo Receituário Agronômico, dada a sua toxidez.

Seca-do-bambu

Causada por organismo pertencente à família Thelephoraceae, provoca o


ressequimento dos caules e impede o desenvolvimento dos brotos novos.
Tomentella é o gênero a que pertence o organismo causador da seca-do-bambu e
que faz os brotos apodrecerem, impossibilitando a expansão natural da planta. O
sintoma mais típico da moléstia é o crescimento farináceo branco-acinzentado,
formado pelas basídias do fungo causador.

Essa enfermidade ataca preferencialmente os brotos novos e seu controle é


difícil. Uma das orientações é que se removam as folhas das touceiras portadoras de
sinais da doença, e em seguida se proceda à aplicação de uma calda bordalesa.
VII. Cultura de tecidos

Principio da cultura de tecidos vegetais

A cultura de tecidos consiste em uma técnica com grande aplicação na


agricultura. Nessa técnica, pequenas partes de tecido vivo da planta são isolados,
desinfestados e cultivados assepticamente por períodos distintos e indeterminado em
um meio de cultura apropriado, com o objetivo de se obter uma nova planta porem
idêntica a original, caracterizando a clonagem vegetal.

Esse tipo de cultura pode ser realizado com qualquer planta, inclusive bambu,
sendo uma excelente escolha para se obter mudas livres de vírus, propiciando ainda
variedade genética mediante a produção de variantes somáticas em um mesmo
ensaio, além de permitir a fabricação de mudas em larga escala comercial.

A cultura genética de tecidos de bambu pode ser uma forma de auxiliar na


realização de estudos do desenvolvimento, conservação e transformação genética,
nos permitindo avaliar a interação entre os fatores abióticos e bióticos da planta
objetivando plantações sadias, vigorosas e massivamente multiplicada.
Princípio da cultura de tecidos

A cultura se baseia na teoria da totipotência onde os seres vivos tem a


capacidade de regenerar organismos inteiros, idênticos à matriz doadora, a partir de
células únicas.

Várias partes da planta podem ser utilizadas na cultura de tecidos por meio de
diferentes técnicas, por exemplo:

Cultura de meristema

Consiste no estabelecimento do domo meristemático apical sem os primórdios


foliares. A brotação apical tipicamente cresce, originando um único broto.

Cultura de ápices caulinares

È o estabelecimento in vitro a partir de brotações apicais maiores do que


aquelas utilizadas para iniciar a cultura de meristema, tendo alguns primórdios foliares.
Essas brotações apicais podem produzir múltiplas brotações.

Cultura de segmentos nodais

Os segmentos nodais são constituídos de gemas laterais isoladas, segmentos


de caule com uma ou múltiplas gemas. Cada gema desenvolve para formar uma única
brotação.

Cultura de embriões

É iniciada a partir de embriões zigóticos extraídos de sementes. Os embriões


germinam originando brotos.

Microenxertia

Técnica que consiste em microenxertar, em condições assépticas, um ápice


caulinar, retirado de uma planta matriz, sobre um porta enxerto estabelecido in vitro.

Existem ainda várias outras técnicas de culturas de tecidos utilizadas na


agricultura, são elas: cultura de raízes; conservação in vitro de recursos genéticos de
plantas; polinização e fertilização in vitro; cultura de embriões; cultura de ovários;
protoplasto e indução de mutações in vitro.
Após a escolha do melhor material a ser cultivado, é necessário realizar o
processo de desinfestação, que consiste na esterilização da superfície da planta
visando eliminar os microrganismos como bactérias, fungos e leveduras, evitando que
a planta tenha que competir com os microrganismos afetando sua regeneração.

Feito o processo de esterilização podemos escolher as melhores condições


para o meio de cultura, que é decisivo para o sucesso da regeneração in vitro. O meio
de cultura é constituído de sais minerais, nitrogênio reduzido, fontes de carbono,
vitaminas e reguladores de crescimento necessários para a divisão celular e
proliferação da planta. A combinação adequada entre esses componentes,
associadas as demais condições de cultura como a luz, temperatura, adequadas para
a produção do bambu, e qualidade da amostra inicial é a base da tecnologia da cultura
de tecidos vegetais proporcionando mudas livres de enfermidades em grandes
escalas em ambientes mínimos.

Após um crescimento suficiente no tubo de ensaio, a planta é retirada para uma


embalagem maior e é armazenada em uma estufa, recebendo controle de umidade e
luz para que comece a se adaptar para a sobrevivência no campo porque, como
sempre esteve em um meio ideal, não estaria pronta para sobreviver no campo.

Os cuidados que o agricultor deve ter ao comprar mudas que foram


desenvolvidas pelo sistema de cultura de tecidos, está a divisão do terreno em plantas
com material genético diferente. Como é produzido pelo sistema, muitas plantas com
o mesmo código genético, se forem plantados apenas um deles, se uma planta morrer,
provavelmente todas irão resultando num prejuízo total. Por outro lado, o uso dessas
mudas é muito vantajoso, garantindo a sempre disponibilidade das mudas saudáveis.

Com pensamento no futuro, várias amostras de plantas do mundo todo estão


sendo armazenada através deste sistema, para garantir sua utilização e existência no
futuro.
VIII. Bactérias endofíticas

As bactérias endofíticas são microrganismos bacterianos não patogênicos que


estão presentes em todas as espécies de vegetais já estudadas, elas permanecem
em estado de latência ou atuam colonizando ativamente os tecidos de forma
localizada ou sistematizada, promovendo, ou não, o crescimento das plantas, bem
como reduzindo a incidência de patógenos realizando controle biológico, realizando
uma interação mutualística e intrínseca.

As bactérias endofíticas favorecem o crescimento da planta a partir da fixação


de nitrogênio e pela produção de hormônios vegetais ou de substancias análogas. O
controle biológico é resultado de diversos mecanismos, como a competição por
espaço e nutrientes da planta hospedeira, produção de compostos antimicrobianos e
indução de resistência sistêmica, além do antagonismo direto de bactérias e fungos
deletérios.

Os microorganimos endofíticos podem ser observados nos diversos tecidos


vegetais, como folha, caule, ramos e flores através da microscopia direta, sendo
possível também a realização de isolamento e cultura do material sob condições
controladas. Para isso é necessário colher uma amostragem das comunidades que
estatisticamente represente a diversidade de espécies presentes, devem ser colhidas
plantas sadias sem nenhum sintoma aparente e livre de patógenos.

Após a coleta deve-se armazenar as amostras em sacos plásticos identificados


e transporta-los em caixas térmicas sob refrigeração por no máximo 72 horas. Já no
laboratório, realiza-se a desinfestação, que consiste em eliminar a comunidade
externa mantendo somente a comunidade interna, utiliza-se produtos químicos como
agua oxigenada, álcool, cloreto de mercúrio entre outros, e faz-se o tratamento térmico
e de luz, onde utiliza-se raios ultravioleta, em seguida é preciso verificar se o processo
foi eficiente, se não repete-se todas as etapas ate atingir a desinfestação completa.

O próximo passo é definir os grupos microbianos a serem isolados, no qual a


planta sobre o processamento inicial com cortes dos tecidos, trituração, centrifugação,
pressão ou agitação para que o material seja aplicado em meios de cultura
adequados. Pode ser utilizado suplementos, como ciclosporina, para o isolamento de
bactérias de crescimento lento, mas no geral, a temperatura deve ser de 20 a 37 °C,
e o tempo de cultivo varia de 20 a 30 dias com avaliação desde o 2 dia, sendo repetida
no intervalo de 2-5 dias.

Durante a avaliação faz-se a identificação dos isolados agrupando suas


características macroscópicas, tais como coloração, forma, consistência, odor,
superfície. Após a análise macroscópica é feito a diluição para obtenção de colônias
isoladas, para a preservação do material utiliza-se sílica gel, nitrogênio líquido,
glicerol, água destilada e etc. Para a identificação microscópica usa-se o esquema de
classificação taxonômica de bactérias do Bergey’s Manual of Systematic Bacteriology,
ponderando a forma e arranjo bacteriano, mobilidade, produção de endósporo, serie
bioquímica (de acordo com o meio de cultura). A identificação completa é muitas vezes
exige testes específicos para a determinação de enzimas sendo preciso
biotecnologias avançadas, como, por exemplo, o PCR.

A determinação das bactérias endofíticas é importante pois possibilita a


aplicação das bactérias de forma que favoreça os sistemas de produção, seja no
controle de pragas e patógenos, promoção do crescimento e desenvolvimento
vegetal, produção de fármacos naturais e manipulação genética de microrganismos.

É sabido a existência de diversas bactérias no bambu que promovem sanidade


e crescimento da planta, mas há necessidade de estudos específicos que determinem
a natureza endofítica dos isolados e averiguem os mecanismos bacterianos
envolvidos na produção comercial de bambu.
IX. Fungos endofíticos

Fungos endoíticos são organismos habilitados a sobreviver no interior dos


tecidos de plantas e animais sem causar quaisquer danos, são muitas vezes
considerados uma fonte de suma importância para a obtenção de compostos bioativos
para o organismo onde vivem, possuindo características de significativo interesse na
indústria farmacêutica e na agricultura.

Para a identificação dos fungos endofíticos de bambu faz-se a coleta do


material vegetal a ser avaliado como o colmo ou o broto, seguido de purificação das
colônias onde esterilizamos a superfície exógena na autoclave para que as bactérias
e fungos possivelmente presentes não estejam cresçam na cultura, o que inviabilizaria
o processo de identificação e caracterização dos fungos endofíticos.

A amostra esterilizada deve ser distribuída em diferentes meios de cultura como


ágar-aveia, batata-dextrose-ágar, entre outros. Após no mínimo duas semanas a
material cultivado tem de ser colhido e feita a extração de DNA, para identificação
precisa do fungo, é feita a amplificação do DNA e sequenciamento, seguido de analise
e avaliação da arvore filogenética por meio da sequencia do DNA, com posterior
identificação morfológica.

A avaliação morfológica é realizada com a produção de lâminas do material,


para isso faz-se rolamento com swab sobre a amostra, logo em seguida gentilmente
se espalha a amostra adquirida na lâmina, pode-se realizar o uso de corantes como o
azul de metileno, e observar no microscópio.

A caracterização bioquímica consiste na identificação das enzimas, produtos e


subprodutos produzidos pelo material a ser avaliado, neste caso, seriam os fungos
endofíticos presentes no bambu, através de provas bioquímicas escolhidas de acordo
com o objetivo a ser estudado.

A quantificação de quitinases e glucanases é feita com disco de micélio em


meio mínimo de quitina ou glicose, é retirado material de 1mL a cada dois dias, a
amostra então é centrifugada e emcubada em quitina ou glucano, seguida de
quantificação pelo método DNS, no qual utiliza 3,5-dinitrosalicílico para determinação
de açucares redutores.
Há expectativa para que sejam realizadas maiores pesquisas acerca dos
fungos endofíticos do bambu no Brasil, dada a variedade de espécies de gramíneas
espera-se também grande diversidade de fungos com diferentes propriedades, que
podem agregar de forma significativa o mercado.

X. Utilização do bambu para saneamento básico

Sabe-se que o bambu é uma planta muito versátil, com vasta utilização. Um
dos braços desta utilização é o uso do bambu em sistema de tratamento de esgoto.
O sistema apresenta as vantagens de ter baixo custo de implantação e mostrasse
possível fazer a reutilização da água. O “resíduo” deste sistema, que são as plantas
crescidas também podem ser usadas, sendo destinadas para artesanato, decoração
entre outras aplicações.

Um projeto da Universidade Federal de Goiás (UFG) utilizou bambus para criar


sistemas de tratamentos de esgoto. O tratamento apresenta baixo custo de
implantação, a permite o reuso da água tratada do adubo.

O Bambu serve como uma espécie de filtro, o esgoto passa por várias etapas,
sendo um tratamento primário, onde o material é depositado em um tanque no qual a
matéria orgânica vai para o fundo e a agua fica na parte superior, essa passa então
por tanque onde foram plantados os bambus.

A filtragem ocorre basicamente quando a água residual entra em contato com


o bambu, o bambu apresenta porosidades em seu colmo, e são nesses poros que
abrigam bactérias do tipo Pseudomonas, que se desenvolvem com os contaminantes
presentes na água, ocasionando assim a limpeza. Isso justifica a pureza e o baixo
custo do processo, podendo ser considerada “ecologicamente correta”
(HILLMAN,2017)

São nessas paredes porosas do colmo que óleos, cristais de oxalato, amido e
proteínas são armazenados, essas substancias são as responsáveis pelo tratamento
da água (HILLMAN,2017)
Os sistemas de tratamentos da água com o bambu apresentam visivelmente
melhoria significativa no odor e turbidez da água. No trabalho feito por Hilman em
Criciúma-SC a água residual de um rio, apresentou sem contato com o bambu forte
odor e coloração avermelhada. Já a mesma água em contato com o bambu não
apresentou odor e garantiu uma coloração incolor (HILLMAN,2017)

Apesar da melhoria no odor e aparência, o tratamento não se mostrou eficaz


quanto ao tratamento em relação a PH, DBO, DQO e coliformes totais e termo
tolerantes. Por isso é necessário equilibrar o tratamento com outras alternativas como
geocalcio para ajuste de ph e cloro para combater os coliformes, podendo apresentar
desvantagens econômica por conta disso (HILLMAN,2017)

Segundo o professor da escola de agronomia da UFG Rogério de Araújo


Almeida, o sistema pode ser feito de 2 maneiras “Podemos perder toda a água do
esgoto, fazendo com que a planta absorva todo líquido e, pela evapotranspiração, não
sobre nada nos tanques. Com isso, não teria risco nenhum de contaminação, mas
também não haveria um reaproveitamento direto da água, o que às vezes não é
vantajoso

Na segunda opção Rogério diz que a água que saiu dos barris com os bambus,
já tratada, pode ser devolvida para o lençol freático, sem risco de contaminação, ou
até mesmo usado na agricultura, além disso, seria possível tratar a matéria orgânica
que ficou depositada no fundo dos tanques para utilizar como fertilizante. ”

Almeida destaca que em áreas rurais, por exemplo, esse sistema é uma boa
opção para compensar a falta de saneamento básico. E também em grandes cidades,
podendo utilizar esse tratamento em edifícios.
XI.Produção de mudas de bambu

A espécie de bambu Guagua floresce esporadicamente, entre períodos de 30-


100anos, sendo 95% da floração infértil, dificultando a propagação da espécie por
essa forma. Estas flores estão dispostas em grupos nas extremidades dos ramos, são
escassas e pouco vistosas. As flores do Guagua geram espiguetes que logo se
convertem em sementes, semelhantes ao grão de arroz (FONSECA,2007)

Na propagação vegetativa, uma planta de rara florescência como o bambu, vem


sendo desenvolvidas várias técnicas para a propagação da espécie, técnicas como o
desdobramento de touceiras, enraizamento de estacas ou pedaços de colmos e
ramos. É uma técnica um pouco “rudimentar” e de grande dificuldade para produção
em larga escala, porém é uma solução para as espécies com pouco florescência fértil
(FONSECA,2007).

O Bambu também pode ser propagado por meio de rizomas, que são espécies
de caules subterrâneos que crescem, reproduzem e distancia-se da planta original
dependendo da espécie de bambu. A colonização é feita de maneira subtérreas,
novos brotos de bambu surgem dos chamados rizomas, podendo ser do tipo
alastrante – que são formas de rizomas prolongados – ou entoiceirantes que é quando
os rizomas ficam mais agrupados, fazendo com que os colmos também tenham o
mesmo comportamento (FONSECA,2007).

Outro método tradicionalmente utilizado para a propagação é sacar colmos de


um ou dois anos de idade, corta-los imediatamente acima do 2 ou 3 nós, e com um
pedaço de rizoma na base. Pode-se também propagar a espécie sem os colmos,
consiste na retirada apenas do rizoma com raízes, o método apresenta excelentes
resultados, porem implica no desmatamento de uma área para outro e também deve-
se ter cuidado para não danificar a planta durante o manejo. (FONSECA,2007).

A estaquia consiste em um método propagação vegetativa, muito utilizados em


várias espécies, não apenas de bambu, com ela é possível regenerar uma planta a
partir de uma planta mãe. As estacas caulinares podem ser herbáceas quando aos
tecidos apresentados, com baixa atividade meristemática e baixo grau de lignificação.
(FONSECA,2007).
A propagação por estacas apresenta a vantagem de ser simples e fácil
execução, baixo custo e possibilidade de obter resultados rápidos e excelentes, com
boa uniformidade e garantia de propagação das características da espécie.
(FONSECA,2007).

XII. Bambus no paisagismo e jardinagem

Paisagismo consiste no estudo da composição da paisagem como


complemento da arquitetura, sendo definido como a arte e técnica de promover o
projeto, planejamento, gestão e preservação de espaços livres, urbanos ou não, de
forma a processar o micro e macropaisagens.

O bambu é o material ideal para o paisagismo sustentável, ele permite que o


ambiente tenha elegância, harmonia, rusticidade e sustentabilidade. Além de criar
uma variedade de produtos com grande versatilidade de uso que vão desde utensílios
domésticos até sua utilização em pisos, paredes, mobiliário e construções
habitacionais.

Com as diversas variedades de bambu existentes devemos nos atentar em qual


escolher para criar o ambiente certo para a finalidade escolhida.

Bambu múltiplas folhas (Bambusa multiplex 'Alphonse Karr)

Bambu perfeito para ornamentar jardins, apresentando uma vasta folhagem


delicada e de fácil podagem. Chega atingir de 3 a 4 metros de altura quando adulto
e, por isso, é muito utilizado para fechar espaços ou fazer barreiras vivas.
Mini bambu forração (Pleioblastus distichus)

Pequeno atingindo em média 10cm, composto por folhas bem verdes, pode ser
utilizado para ornamentar jardins, ele é ideal para forração ou para complementar
outras plantas.

Bambu japonês (Pseudosasa japônica)

Bambu fino que possui as hastes bem retas e folhas largas verde escuras. É
um modelo excelente para fazer cerca viva, formar alamedas, sombra e ornamentar
jardins. Seu crescimento é mais rápido do que as outras espécies, podendo atingir de

2 a 3 metros de altura, com varas de 2 cm em sua fase adulta.


Bambu preto (Phyllostachys nigra)

Apresenta o caule preto, característica que o transforma em uma espécie


extremamente rara e com um alto poder de ornamentação. Ele atinge até três metros
de altura e seu crescimento é rápido. Suas folhas contrastam com o caule, deixando
qualquer jardim bem bonito.

Bambus em vasos

Algumas espécies de bambu de jardim podem ser colocadas em vasos, dos


pequenos aos maiores. Eles podem ser expostos tanto em jardins externos quanto
em jardins de inverno e até em mesas de ambientes internos.
O vaso escolhido pode pequeno, médio ou grande, pesado e tenha uma largura
suficiente para comportar a espécie de bambu desejada. O ideal é que o vaso tenha
o dobro do diâmetro da raiz da planta ou com pelo menos 5 cm de espaço entre a raiz
e as laterais do vaso. Deve haver buracos no fundo do vaso para garantir uma boa
drenagem da água. Preencha o vaso com solo bem drenado, que tenha uma
densidade leve e que mesmo assim seja capaz de reter umidade. É bom evitar solos
que sejam muito argilosos, pois possuem a drenagem ruim.

Para plantar o bambu no vaso o ideal é manter o caule e a parte de cima da


raiz acima do nível do solo em uma superfície rasa, evitando seu apodrecimento. A
eliminação de bolhas de ar é imprescindível juntamente com uma rega completa. Além
disso, preste atenção na luminosidade do ambiente, as plantas de folhas pequenas
necessitam de mais luz e as com folhagens maiores, de menos.

Ornamentação
Os exemplares de bambus mais utilizados para ornamentar paredes e muros
são aqueles com as folhagens bem densas, que promovem visual elegante para o
ambiente. Podem ser plantados diretamente na terra ou em grandes e robustos vasos,
preferindo colocar vários deles em série, além disso, há a ideia de criar espaços
específicos para plantar espécies grandes de plantas como esses bambuzais.
Fontes de bambu também são muito utilizadas na ornamentação de espaços
ao ar livre, halls de entrada ou até mesmo salas e jardins de inverno. Elas trazem paz
a qualquer ambiente, primeiro por seu material natural e segundo pelo barulho
proporcionado pela queda da água. Existem muitos tipos de fontes podem ser criadas
com bambu e devem ser adaptadas de acordo com seu projeto.
VII. Energia

Biomassa

O Brasil possui excelentes condições edafoclimáticas e territoriais para a


ampliação da participação da biomassa agrícola e florestal nas suas matrizes
energéticas, sendo a madeira e as culturas agrícolas, como a cana-de-açúcar,
as principais fontes energéticas de biomassa utilizadas atualmente no Brasil
(SOARES et al., 2015). Contudo, outras fontes de biomassa alternativas com
potencial para geração de energia, tais como os resíduos agroflorestais e as
gramíneas, têm sido utilizadas e se tornaram foco de estudo na substituição dos
combustíveis fósseis e do gás natural.

Após estudos, foi observado que os teores médios de carbono fixo,


relacionados ao processo de liberação de energia para a combustão, foram de
21,8% para B. tuldoides, 22,8% para B. vulgaris var. vittata e 23,0% para D.
asper, sendo estes superiores estatisticamente ao encontrado para o E.
urograndis de 17,5%. Combustíveis com alto índice de carbono fixo possuem
queima mais lenta, implicando maior tempo de residência nos aparelhos de
queima, em comparação com outros que tenham menor teor de carbono
fixo(OLIVEIRA et al., 2010), o que indica, por meio dos resultados obtidos, uma
vantagem das espécies de bambu estudadas em comparação à madeira de
eucalipto. Portanto as espécies Bambusa vulgaris var. vittata, Dendrocalamus
asper e Bambusa tuldoides apresentaram características energéticas que
indicam o seu potencial para o uso como fonte de energia.

Carvão vegetal

Outra forma de usar o bambu com finalidades energéticas é como carvão


vegetal. O valor de densidade básica dos colmos se mostraram superiores aos
da madeira de eucalipto. Essa superioridade foi em média, de 41,70% sendo que
o B. vulgaris var. Vittata e D. giganteus possuem os maiores valores. Portanto,
seria muito mais vantajoso o uso destas espécies de bambu do que o tradicional
eucalipto.
Briquetes

Briquetes são blocos densos e compactos de materiais energéticos,


geralmente feito a partir de resíduos de madeira. São ideiais para serem usados
em caldeiras a vapor e fornos, onde produzem vapor e calor de qualidade
superior aos combustíveis fosseis, gerando uma economia de até 60%, podendo
ser usado nas mais diversas indústrias.

Como sua fabricação pode depender de matérias-primas como serragem,


maravalha, casca de arroz, palha de milho, casca de algodão, café, feno de
braquiara ou bagaço de cana-de-açúcar, não é muito difícil imaginar que o
bambu também poderia ser um dessas matérias primas.

As vantagens da utilização de bambu seria o rápido crescimento da


planta, garantindo muita disponibilidade da matéria e como foi retratado, o
bambu possui muita capacidade de gerar energia quando passa por queima.

Tratamento e utilização em construções

Na construção civil são usados dos mais diversos tipos de materiais, na


tentativa de satisfazer as necessidades estruturais do projeto, realizá-lo dentro
do orçamento previsto e com a estética esperada. Portanto, muitas pesquisas
são realizadas com testes e desenvolvimento de materiais resistentes, flexíveis
e rentáveis. O bambu, já usado em países asiáticos por milênios, tem se
destacado e provado sua utilidade em todo o globo, dentro das mais diversas
construções.

O que diferencia o bambu dos demais materiais vegetais é sua


produtividade, pois com cerca de dois anos e meio após o brotamento do solo,
o bambu possui resistência mecânica estrutural elevada, não possuindo nenhum
concorrente no reino vegetal. Também possui outros benefícios como a forma
tubular acabada, ser estruturalmente estável, possuir baixa massa específica,
uma geometria circular oca, otimizada em termos da razão resistência / massa
do material. Os resultados dessas características implicam baixo custo de
produção, facilidade de transporte e trabalhabilidade.

No Brasil, as espécies encontradas que podem ser usadas são: Bambusa


Vulgares, Dendrocalamus giganteus, Phyllostachys áurea, Phyllostachys
heterocycla pubescens. Como visto anteriormente, é necessário saber a
disponibilidade de material e conhecer as características de cada espécie, para
qualquer projeto com uso de bambu.

Antes de utilizar o bambu na construção é necessário fazer um tratamento


adequado. Quando bem tratado pode durar cerca de cem anos, enquanto que
se mal tratado, colhido e armazenado, pode durar apenas três anos, devido ação
de insetos, fungos e variações climáticas. Algumas técnicas de tratamento que
podem ser utilizadas são: a colheita bem realizada, secagem controlada,
imersão em água, tratamento com tanino, imersão em ácido bórico e bórax e
método de Bolcherie.

Colheita

Deve ser realizada, quando o colmo possuir menor quantidade de


atividade de água possível, pois essa água favorece o desenvolvimento de
pragas. É aconselhado ser realizado antes do nascer do sol, pois é antes da
planta começar a transportar mais água para as folhas para realizar fotossíntese.

Para bambus entouceirantes, é recomendado a colheita em forma de


ferradura, que abre espaço para acesso no centro da touceira, permitindo colher
os colmos já maduros que ali estão. Caso seja visto a presença de brocas, é
bom utilizar inseticidas antes da colheita, pois os insetos iniciarão o consumo do
colmo logo após a planta ser cortada e expor seu interior.

Secagem controlada

A umidade ideal para uso do bambu na construção é entre 12% e 25%


entretanto logo após a colheita, os colmos começam naturalmente a perder
umidade, caso essa secagem for rápida e desigual, eles começarão a apresentar
rachaduras e deformações. Essa perda de água também faz com que o colmo
apresente uma retração radial e tangencial.

Para controlar essa secagem podem ser realizadas técnicas de acordo


com a disponibilidade de espaço e recursos do produtor, entre eles:
Secagem na mata: onde não são retiradas as folhas do bambu, pois elas
aceleram o processo por transpirarem
Secagem em estufa: os colmos sem folhas são colocados
horizontalmente em estufa.
Secagem em local coberto: os colmos sem folhas, são armazenados
horizontalmente em local coberto e com boa ventilação.
Secagem ao ar livre: os colmos são armazenados verticalmente, apoiado
em algo. Neste método deve-se tomar cuidado com os insetos que podem
começar a atacar a planta, além disto, os colmos não podem ter contato direto
com o chão, para não absorver umidade dele.

Imersão em água

Após colheita, o bambu é totalmente submerso em água corrente ou


estagnada, com o objetivo de reduzir ou eliminar o amido, por meio da
fermentação anaeróbica. Os colmos devem permanecer nestas condições entre
12 a 14 semanas em água parada e 15 a 20 dias em água corrente.

Tratamento com tanino

Tanino é um produto natural extraído da casca de diversas árvores como


aroeira e pimenteira. Neste método, os colmos são colocados para absorver
essa substância ao serem colocados em recipientes com uma concentração de
5% a 10% de tanino, para absorverem o produto através da substituição de
seiva, portante é necesário que não tenha passado muito tempo desde sua
colheita. As desvantagens do método está na forma que a tonalidade escura do
tanino, pigmentará o bambu, alterando seu aspecto natural.
Imersão em solução de ácido bórico e bórax

É um método bastante usado em países que usam muito o bambu em


suas construções, por ser uma forma eficiente de proteger os fungos contra
fungos e brocas. Como o nome já diz, os colmos são imersos em uma solução
de ácido bórico e bórax, para absorver essas substâncias, as concentrações
desta solução são: 100kg de bórax, 65Kg de ácido bórico e 7,5 Kg de sulfato de
cobre, para 3000 litros de água. Para efetivar a absorção em todo o bambu,
recomenda-se furar os diafragmas com um varão de metal ou vergalhão de ½.

Método de Bolcherie

Também utiliza substâncias preservativas, mas em ver de imergir os


colmos, eles são revestidos na substância desejada, por pressão. Um
maquinário é instalado em uma das extremidades e, após ativada, colocará a
substância e exercerá pressão, ela é deve permanecer ativada até o líquido sair
pela outra extremidade do colmo. Deve-se realizar esta técnica em até 24 horas
após colheita.

Utilização em construções

As variações na espessura da parede de bambu e a distância entre nós


interferem nos valores finais obtidos para resistências, porém esses valores não
interferem muito no resultado final já que o valor do fator de segurança usado
em cálculo estrutural de bambu é em torno de 4, ou seja a carga para qual a
estrutura é projetada equivale a quatro vezes a carga real de solicitação do
projeto. Esse valor é muito alto já que o fator de segurança para obras
convencionais não ultrapassa 1,5.
Para o uso deste material na construção civil há algumas regras básicas,
mas importante, como por exemplo a forma com que o bambu deve sempre
manter uma distância do solo, a fim de evitar contato direto das peças com a
umidade o terreno, que podem resultar no aparecimento de fungos, aumentar a
umidade interna e reduzir a resistência do material. Uma distância
comprovadamente segura seria em torno de 50 cm.
A ligação das varas com a fundação pode ser feita de várias maneiras, a
mais usada é o preenchimento do colmo com concreto, feito através de uma
abertura circular acima do nível de massa a ser usado. Para uma iteração ideal
entre vara e fundação deve-se usar uma barra de ferro chumbada com pelo
menos 30 cm na fundação e 30 cm dentro da vara.
Para realizar conexão nos bambus, existem vários modos, o mais efetivo
e aceito é o denominado boca de pescado e suas variações. Com o uso de uma
serra copo do mesmo diâmetro da vara que receberá a conexão é feito um corte
por toda a extensão da vara, fazendo um encaixe em forma de boca de peixe. É
muito importante que o corte seja feito de forma a encaixar adequadamente na
outra vara a fim de se evitar o cisalhamento no local de apoio entre as peças.
Em alguns projetos estruturais existem peças que possuem um tamanho
relativamente grande. A solução mais adequada é juntar pedaços de diferentes
varas com as características necessárias e uni-las formando uma única vara.
Dentre as técnicas de união de varas estão:
União com embuchamento interno: no interior entre as duas varas deve-
se colocar uma vara de diâmetro menor, que será parafusada em cada vara,
unindo os dois colmos.
União por trespasse de vara: as varas apenas são colocadas uma ao lado
da outra, e parafusadas dessa forma.
União por trespasse de vara e embuchamento interno: é utilizado as duas
técnicas anteriores ao mesmo tempo, havendo conectivo tanto exterior quanto
interior dos colmos.
Após conhecer e dominar as técnicas básicas do uso de bambu, a
construção se limita a imaginação de seu desenvolvedor. As possibilidades são
muitas e já foram demonstradas por grandes designers como Simón Vélez, que
defende o uso de materiais orgânicos na construção, em vez do que se tornou
natural como uso de concreto.
XV. Design

Para alcançar a sustentabilidade do emprego do bambu é necessário


associar todas as partes da cadeia produtiva e ter as boas práticas durante o
manejo das plantações, utilizar todos os resíduos da poda, preservar natureza,
ter bons equipamentos para o beneficiamento e produção de materiais
principais, semi-elaborados ou de com maior valor e por fim, a comercialização
e uso na produção.

O bambu é uma fonte de recurso renovável com grande potencial de


exploração e aplicações no mercado, que ultrapassam o conceito de que bambu
é utilizado para produtos artesanais.

Muitos produtos diferentes podem utilizar bambu como matéria-prima,


podemos citar palitos de dente, canetas, mobílias, painéis, bicicletas, skates,
talheres, pentes, escovas de dentes, brinquedos, óculos e muitos outros.

Devido a todos seus possíveis usos, o bambu tornou-se um eficiente


material para uso no design de produtos, os designers têm procurado incluir o
bambu em seus projetos. A pesquisa de materiais alternativos faz parte das
etapas do processo produtivo que é finalizado com o desenvolvimento do
produto. Ou seja, eles exploram todo o potencial da planta podendo ser usada
na forma natural substituindo outros materiais, como a madeira e plásticos,
quanto como reforço a outros materiais

Sabendo que o bambu é considerado como matéria-prima alternativa e


ecologicamente correta e seguindo a linha do desenvolvimento sustentável, os
produtos desenvolvidos com bambu tendem a ser bem aceitos pelo mercado
brasileiro.
Alguns objetos feitos de bambu:

XVI. Construções

A versatilidade do bambu tem chamado à atenção de arquitetos no mundo


e aparecendo em muitos tipos de projetos. A construção a base de bambu pode
ser grande fonte de crescimento econômico para os países produtores e também
para países emergentes, podendo gerar muitos empregos.

Na Colômbia e no Equador, construir com bambu é cultura local, existem


até programas de habitação popular com base no bambu. Embora o bambu seja
mais explorado nas fazendas, ele tem sido cada vez mais usado em edificações
urbanas. Em Hong Kong e na Colômbia, se encontra grandes edifícios em
construção cercados por andaimes de bambu.
Existem aplicações temporárias que são mais comuns, como em fôrmas
e no escoramento de lajes. Nesse caso e aplicações usuais de colunas de cerca
de 4 m de altura os colmos de bambu são otimos para desempenhar essa
função.

O bambu traz como vantagens construtivas o fato de ser oco e leve, sendo
assim fácil de carregar mas ao mesmo tempo e bem rígido, mais que a madeira
comum. Fazendo com que a construção fique resistente e maleável, devido a ele
não ser como os blocos de cimento. Por ser um material natural, possui melhor
termo-acústico do que a maioria dos materiais industrializados, deixando os
espaços mais confortáveis e agradáveis. O uso do bambu na construção civil
pode diminuir em até 30% o valor total da obra.

Nem todas espécies de bambu podem ser usadas na construção sendo a


“Guadua Angustifolia” a espécie com características mais apropriadas para a
função

Um exemplo conhecido de construção com bambu é a catedral Alterna


Nuestra Señora de La Pobreza, de Simón Vélez, na Colômbia, ela foi totalmente
feita com bambu, até seus ornamentos.

Outros exemplos de construções utilizando bambu:


Considerações finais

Ao longo da apostila observamos que o bambu se apresenta como uma


matéria-prima completa de altíssimo potencial econômico, pela sua ocorrência
em grande escala, cultivo perene e pela sua diversificada linha de aplicações,
que vai desde alimentação até construções civis, uso como biomassa e
tratamento de esgoto.

A cultura do bambu no Brasil ainda se encontra em fase de expansão,


com poucos plantios comerciais. Embora possua exploração comercial e
legislação própria, muitas pesquisas precisam ser feitas a fim de melhorar o
manejo da cultura, é sabido a grande procura do material porem ainda não há
padrões de mercado e nem quantidades significativas disponíveis do material
em disposição no comercio, dificultando a propagação dessa cultura.

Fica claro a necessidade e a importância de adquirirmos maiores


informações tecnológicas para facilitar o manejo de bambuzais e de incentivos
econômicos para novos empreendimentos utilizando bambu, tanto em cultivo
como em outros setores da sociedade.
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