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Universidade Estadual Paulista Júlio De Mesquita Filho

Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias


Campus de Jaboticabal

Seminário
“Nematoides na cultura da Soja”

Docente: Prof. Dr. Pedro Luiz Martins Soares


Departamento de Fitossanidade

Alunos: Caique Augusto Maia de Aguiar


Eduardo De Oliveira Marcari
Gustavo Carneiro de Andrade
Nathã Pereira de Oliveira
Pablo de Oliveira Lima

Turma: TP3
Disciplina: Nematologia

Jaboticabal – SP
INDICE

SUMÁRIO

1. Introdução 3

2. Informações do Produtor 4

3. Nematoides 5

4. Manejo 9

5. Referências Bibliográficas 20

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Introdução

A soja (Glycine max (L.) Merrill) é uma das mais importantes culturas na economia
mundial. Seus grãos são muito usados pela agroindústria (produção de óleo vegetal e
rações para alimentação animal), indústria química e de alimentos. Recentemente, vem
crescendo também o uso como fonte alternativa de biocombustível (COSTA NETO &
ROSSI, 2000).
Embora no Brasil, a soja apresente uma grande área plantada e considerada o principal
produto da agricultura da brasileira, a soja teve origem no continente da Asia, onde sua
disseminação ocorreu por meio de navegações, assim saindo do Oriente e chegando ao
Ocidente.
No Brasil, o primeiro relato sobre o surgimento da soja através de seu cultivo é de 1882,
no estado da Bahia (BLACK, 2000). Em seguida, foi levada por imigrantes japoneses
para São Paulo, e somente, em 1914, a soja foi introduzida no estado do Rio Grande do
Sul, sendo este por fim, o lugar onde as variedades trazidas dos Estados Unidos, melhor
se adaptaram às condições edafoclimáticas, principalmente em relação ao fotoperíodo
(BONETTI, 1981).
Com o estabelecimento de programa genéticos da soja no Brasil, fez com que a cultura
alcançasse regiões onde as temperaturas são elevadas, o desenvolvimento de cultivares
adaptáveis a essas regiões que possibilitou esse feito.
A produção brasileira de soja, apresentou grande avanço, com aplicação de técnicas de
manejo avançada e também aumento da área semeada tornou possível o aumento da
produtividade da cultura no país.
A produtividade média das lavouras brasileiras passou de 1.369,4 kg.ha-1 na safra
1985/86 para 2.927,0 kg.ha-1 na safra 2009/10, o que correspondeu um aumento de
114,77%. No mesmo período, a área cultivada evolui de 9,6 milhões para 23,6 milhões
hectares na safra 2009/10, o que representou um crescimento de 145,83%
(LAZZAROTTO & HIRAKURI, 2010).
A implantação do manejo integrado de pragas, foi outro grande fator que contribuiu
para a expansão da soja no Brasil, controlando os principais insetos causadores de danos
econômicos na cultura. Como outras culturas, a soja enfrenta vários tipos de problemas
fitossanitário que podem fazer causar a redução da produtividade, como a qualidade
final do produto. Atualmente, os problemas mais comuns da soja são, a ferrugem-
asiática, o mofo-branco, a qualidade fisiológica e sanitária das sementes produzidas e os
nematoides.
Esse trabalho tem como foco os problemas causados por nematoide na soja. Associados
a cultura da soja existem mais de 100 espécies de nematoides, com cerca de 50 gêneros,
isso ao redor do Mundo.

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Com o aumento da produção da soja, fez com que agricultores de formas errônea,
intensificasse a monocultura, junto com adoção de práticas inadequadas de manejo,
ações que como consequência, gerou aumento dos níveis de danos causados por
nematoides, nos últimos anos. Até então, a principal preocupação do agricultor/produtor
de soja era com relação ao nematoide-de-cisto (H. glycines). Atualmente, a preocupação
tem aumentado, em vista, de encontrar mais espécies de nematoides presentes nas
lavouras de soja pelo país.
Na produção de soja no Brasil, as espécies que causam os maiores danos são
Meloidogyne javanica, M. incognita, Heterodera glycines, Pratylenchus brachyurus e
Rotylenchulus reniformis (FERRAZ, 2001).
Ao decorrer desse trabalho, será apresentado o estudo de caso realizado sobre
problemas com nematoides, enfrentado pelo agricultor/produtor de soja.

Informações do Produtor

Área localizada na cidade de Maracaí, município brasileiro do estado de São Paulo,


adquirida em 2014 pelo produtor Gunar no qual começou a realizar o plantio logo
no próximo ano, em 2015. O primeiro sintoma a ser percebido e que no qual foi de
grande surpresa ao produtor, foi o aparecimento de reboleiras, ou seja, plantas nas
quais ficam pequenas e amareladas por conta da presença de nematoides. Esse
sintoma é visível e facilmente de ser observado na cultura por conta de se perceber
uma grande e notável diferença na aparência das plantas de um determinado local
em comparação com o restante da lavoura.
De acordo com o produtor, a área já tinha histórico de problemas causados por
nematoides, porém ele desconhecia sobre a existência desses problemas quando fez
a aquisição da área, gerando assim grande espanto quando iniciou-se o plantio
utilizando cultivares sem resistência à esses nematoides, fazendo com que fossem
surgindo os sintomas indicativos de presença desses nematoides, como por exemplo,
as reboleiras nas quais proporcionavam a redução do porte dessas cultivares por
conta da menor absorção e transporte de água e nutrientes dessas plantas, menor
desenvolvimento e amarelecimento, entre diversos outros sintomas nas quais
levaram a morte dessas plantas, diminuindo assim a produtividade na lavoura.
Após os indicativos da presença desses nematoides na área, o produtor começou a se
atentar, por conta de perceber que esses nematoides futuramente podiam ocasionar
grandes prejuízos à sua plantação, gerando uma produtividade muito abaixo do
esperado. Por conta disso, imediatamente o produtor começou a dar os primeiros
passos para ver o que realmente estava acontecendo em sua lavoura.

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O primeiro passo foi a realização de coletas na qual é a etapa de maior importância
que busca demonstrar a situação real do campo por meio da representação da área
através do processo de amostragem. Para isso veio um Engenheiro Agrônomo na
época que representava uma empresa de produtos biológicos no qual se ofereceu
para realizar a coleta na área na qual não foi realizada na reboleira em si mas sim
nas bordaduras, ou seja, local onde os nematoides estavam mais presentes
ocasionando danos. A coleta realizada foi de solo e de raízes nas quais foi coletada
as amostras de solo na região da rizosfera e nas raízes das plantas, essas amostras
foram homogeneizadas e formadas uma amostra composta por talhão. Foram
coletados 1 litro de solo e 100 gramas de raízes. Após a coleta, as amostras foram
encaminhadas para 2 laboratórios (um laboratório próprio e para o laboratório da
UNESP Botucatu onde no qual as amostras foram analisadas por uma especialista
em nematoides.) aumentando assim a confiabilidade dessas análises.
Após o resultado das análises nematológicas, ou seja, análises de fundamental
importância para um bom diagnóstico e escolha das melhores medidas de controle,
foram identificadas duas espécies de nematoides na área. As espécies de nematoides
identificadas foram: Meloidogyne incognita (nematoide de galha) com um nível
populacional de alta populacional e o Pratylenchus (nematoide das lesões
radiculares) com um nível de média população.

Nematoide-das-galhas (Meloidogyne incognita)

Introdução

O nematoide-das-galhas, Meloidogyne incognita, pertencente ao grupo mais


importante no mundo devido a sua ampla distribuição geográfica e por causar grande
danos a culturas chaves no mundo tem a sua ação sobre o sistema radicular alterando a
absorção de nutrientes prejudicando a fisiologia e nutrição da planta. O M. incognita é
encontrado em regiões tropicais e temperadas e, precisamente, no Brasil, é encontrada
em áreas com o cultivo anterior de café ou algodão, ou seja, São Paulo, Minas Gerais,
Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Bahia.

Características

Os nematoides-das-galhas tem como características serem organismos


vermiformes, não segmentados, de simetria bilateral, ovíparos, dioicos, com sistema
digestivo e reprodutivo completo. Não possuem esqueleto, e sua pele ou cutícula age
contra a pressão de turgor interno para manter a forma do corpo e auxiliar na
locomoção.

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Possuem um estilete para injetar secreções e ingerir nutrientes a partir das células
hospedeiras da planta. As fêmeas são esbranquiçadas, brilhantes, globosas e o tamanho
pode variar de 0,5 mm a mais de 2 mm. São incapazes de se locomover, vivendo como
parasitas. Os machos têm corpos tubulares, alongados, de diâmetro praticamente
constante ao longo do comprimento, afilando-se de maneira gradual nas extremidades.
A forma roliça e alongada do corpo é adequada ao movimento serpentiforme de
locomoção, por ondulação transversal. Geralmente o comprimento do corpo é de 500
µm por 15 µm de largura.

Ciclo de Vida

O ciclo de vida do M. incognita é formado por quatro estágios juvenis e tem


início com o ovo deposito pela fêmea. A primeira ecdise, ocorre no interior do ovo.
Logo após isso, o juvenil de 2 estádio (J2) eclode do ovo e anda em direção a uma raiz.
A penetração ocorre na região adjacente à coifa da raiz. Segue em movimento dentro do
córtex até chegar no parênquima vascular tornando-se endoparasito sedentário.
Secreções produzidas pelas glândulas esofagianas do nematoide estimulam a formação
de várias células gigantes nas raízes parasitadas, que fornecem nutrientes para o seu
desenvolvimento. Durante esse processo, o nematoide aumenta rapidamente de tamanho
e passa por novas ecdises, com a formação dos 3º e 4º estádios juvenis (J3 e J4) e,
finalmente, dos adultos (fêmea ou macho). Na última ecdise, o macho se apresenta com
formato longo e filiforme; já a fêmea, no início, mantém o mesmo formato do último
estádio juvenil, mas aumenta quando madura e torna-se piriforme. Quando há boas
condições para o desenvolvimento do nematoide, na maioria das vezes ocorre o
desenvolvimento de fêmeas. Durante esse desenvolvimento pós-embrionário, o sistema
reprodutivo desenvolve-se e crescem as gônadas. No entanto, em condições adversas,
como elevada população de nematoides na raiz ou resistência da planta hospedeira, os
juvenis que originariam fêmeas tornam-se machos, pois seu primórdio sexual se
desenvolve em testículos em vez de ovários. Esse fenômeno é conhecido por reversão
sexual, um dos mecanismos de sobrevivência desses nematoides, pois menos ovos serão
produzidos e o parasitismo sobre a planta infectada será mais brando, garantindo a
sobrevivência das poucas fêmeas formadas. Os machos não parasitam as plantas,
apresentam vida efêmera e logo abandonam a hospedeira; já as fêmeas permanecem na
galha. Não há acasalamento nas espécies partenogenéticas, permanecendo os machos no
solo até a morte. A deposição de ovos pela fêmea completa o ciclo de vida do
nematoide. Em média, são depositados de 500 a 700 ovos. Os ovos são depositados em
uma massa gelatinosa, transparente, que os mantêm agregados. A duração do ciclo é
fortemente afetada pela temperatura, umidade e planta hospedeira. O ciclo se completa,
em média, em 25 dias, em temperaturas próximas de 28 C.

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Sintomas e Danos

Além de parasitar a cana-de-açúcar e culturas econômicas como: soja, algodão,


milho, café e feijão, esse nematoide parasita plantas forrageiras, hortaliças e frutíferas
reduzindo o crescimento das plantas e a produção em si. As galhas produzidas são
resultado da saliva gerada das glândulas esofagianas das larvas infestantes. Sintomas
como: Descolamento do córtex, crescimento reduzido nas pontas das raízes e rachaduras
são comuns. Em campo podemos observar clorose, murcha das plantas durante a parte
mais quente do dia, declínio vagaroso, queda prematura das folhas, queda na produção,
sintomas de deficiências de minerais. Dependendo das condições climáticas locais, a
planta estressada pode definhar.
Nas plantações de soja as folhas podem apresentar manchas cloróticas ou
necroses entre as nervuras, resultando a folha “carijó”. As plantas afetadas não
apresentam sintomas aéreos, típicos da doença, nos locais onde há baixa densidade de
nematoides, mas nota-se a redução da produção e o desenvolvimento apical
deficiente. No local onde o nematoide penetra e a partir de onde começa a alimentar-se
ocorre a formação de células gigantes, ou seja, aumento de tamanho (hipertrofia) e
multiplicação de células (hiperplasia). Observa-se, então, a formação de galhas de
variados tamanhos, denominadas de pipoca. Quando a infestação é severa, os tubérculos
são menores e ocorre baixa produção. O sistema radicular torna-se ineficiente na
absorção de água e nutrientes, afetando o crescimento das plantas.

Nematoide-das-lesões-radiculares (Pratylenchus Brachyurus)

Introdução

Os nematoides-das-lesões-radiculares pertencentes ao gênero Pratylenchus é um


dos maiores problemas em culturas de grande importância econômica, como: soja,
milho, algodão, café, cana, além de diversas forrageiras, hortaliças e frutíferas. Tendo
em vista serem um dos maiores problemas em culturas de grande valor econômico,
acabam ocupando o segundo lugar entre todos os nematoides parasitos de planta. No
Brasil, esse nematoide já era encontrado, porém, com a intensificação de cultivos a sua
implicância econômica tem aumentado.

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Características

As espécies de Pratylenchus são parasitas obrigatórios, endoparasitas


migratórios, que podem tanto se movimentar no solo, migrando de uma planta para
outra, em órgãos vegetais subterrâneos como raízes, rizomas, túberas, tubérculos ou
fruto hipógeo, mas também podem parasitar parte aérea, como estacas e folhas. São
infectantes em qualquer estádio de desenvolvimento, movimentando-se inter ou
intracelularmente. São organismos microscópicos com corpo filiforme, raramente
excedem 0,9mm de comprimento, região labial baixa, no geral 4 linhas no campo
lateral, glândulas esofagianas com sobreposição ventral sobre o intestino, e as fêmeas de
todas as espécies possuem a vulva situada no terço posterior do corpo e são
monodélficas e prodelfas. São encontrados isolados ou associados a microrganismos
como fungos e bactérias, podendo causar redução no volume das raízes parasitadas por
conta das necroses e sintomas reflexos na parte aérea.

Ciclo de vida

A reprodução dos Pratylenchus spp. podem ser por anfimixia, partenogênese


mitótica ou partenogênese meiótica. Seu ciclo de vida dura cerca de 3 a 6 semanas do
período ovo a ovo e depende de fatores ambientais. O ciclo passa da fase de ovo, quatro
estádios juvenis e a fase adulta. As fêmeas podem depositar seus ovos no solo, porém, é
mais comum serem depositados já dentro dos tecidos vegetais.
O juvenil de 1 estádio (J1), acontece apenas dentro do interior do ovo, local
onde, passa por sua primeira ecdise seguindo ao estádio de J2, o qual eclode do ovo.
Eclodindo, os juvenis de J2 a J4 e os adultos podem infectar a planta a qualquer
momento do cultivo da cultura e migrar constantemente no tecido radicular ao parasitar
uma raiz, adentrando e saindo dela. Os nematoides penetram através da epiderme nos
tecidos da planta e através do tecido subepidérmico parenquimático ou do córtex se
movendo de uma célula para outra, adentrando nas paredes celulares. Também,
penetram os tecidos corticais de raízes, produzindo cavidades ou túneis, resultando em
lesões (Agrios, 2005; Lindsey e Cairns, 1971).

Sintomas e Danos

Os danos por Pratylenchus spp. às raízes das plantas hospedeiras são causados
por três tipos de ações: mecânicas - (devido à migração típica do nematoide no interior
do córtex radicular); tóxicas - (devido a injeção no citoplasma de secreções esofagianas

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nas células parasitadas); e espoliativas - (retirada do conteúdo citoplasmático
modificado pelo nematoide das células atacadas (Ferraz, 2006). Os sintomas causados
estão associados a podridões e necroses do sistema radicular das plantas parasitadas,
tendo como resultado a redução das radicelas chegando até a perda das raízes
pivotantes. Na parte aérea podem ser observadas nas estações secas, clorose e
murchamento, seguidos de perda na produção. Em casos de infecção mais severa pode
ocorrer a desfolha total (Campos, 1999).
O fato da planta ser acometida por mais de um tipo de doença acarreta em
grandes implicações na quantificação e diagnóstico dos danos, e na escolha da estratégia
de controle que estará diretamente ligada ao nível das doenças na cultura (Johnson et al.,
1986). A interação entre os patógenos, depende do inóculo inicial dos patógenos, das
culturas e das cultivares em questão (Tu e Ford, 1971; Sikora e Carter, 1987; Weischer,
1993), mas também depende da combinação planta-patógeno e das condições climáticas
(Campbell, 1990), e principalmente da temperatura (Reyes e Chadha, 1972). A presença
de dois ou mais patógenos em uma mesma hospedeira é comum em muitos sistemas de
produção (Kranz e Jörg, 1989). A interação destes patógenos podem ocorrer pelo fato
de os nematoides provocarem feridas em suas hospedeiras que se tornam porta de
entrada para parasitas oportunistas como fungos e bactérias, ou ao modificar a rizosfera
facilitando o crescimento de outros patógenos, ou até mesmo por induzir alterações
fisiológicas na hospedeira provocando uma "quebra da resistência" a certos patógenos
(Bergeson, 1971).
Os sintomas são inespecíficos e podem ser facilmente despercebidos ou
confundidos com sintomas causados por outros patógenos, deficiências nutricionais ou
estresse hídrico. Plantas de soja atacadas apresentam a sua parte aérea clorótica,
sintomas de murcha durante os dias quentes, com recuperação à noite, vagens pequenas
e mal granadas. Esses sintomas dão aparência de irregularidade, podendo aparecer em
reboleiras ou em grandes extensões. Também pode ocorrer nanismo na planta, menor
número de brotações e subdesenvolvimento. Como esta espécie de nematoide abre
portas e destrói tecidos das raízes, causando rompimento superficial e destruição
interna, pode predispor a infecções secundárias de fungos e bactérias. Os efeitos de P.
Brachyurus sobre o crescimento e, consequentemente, sobre a produção vegetal, são
resultantes de desordem e mal funcionamento dos processos de crescimento de raízes e
exploração do solo para obtenção de água e nutrientes.

Manejo dos Nematoides presentes na área (Pratylenchus brachyurus e


Meloidogyne incógnita)

Para o controle da população de nematoides, foi e vem sendo realizado na área, a prática
de rotação de culturas, que no geral não são hospedeiras de ambos os nematoides. As
culturas escolhidas para a rotação foram a Crotalária, tanto a spectabilis quanto a
ochroleuca, e o milheto, os quais apresentam um baixo fator de reprodução (menor que
1) em relação aos nematoides.
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Ademais, ainda na tentativa de reduzir o efeito danoso provocado pelos nematoides,
tem-se usado na área, cultivares de soja resistentes que apresentam baixo fator de
reprodução dos nematoides, sendo que no caso em análise, a que a presentou melhores
resultados foi o cultivar BRS 7380 RR da Embrapa. Além do cultivar BRS 7380 RR,
foram utilizados outros materiais, como a 96Y90 da PIONEER, porém os resultados
não foram tão satisfatórios quanto aos do cultivar da Embrapa.
Além dessas práticas já citadas, outras serão também comentadas posteriormente.

Rotação de culturas – Crotalária e Milheto

Basicamente, a rotação de culturas consiste em alternar, de forma ordenada, diferentes


espécies vegetais em determinado espaço de tempo, na mesma área e na mesma estação
do ano. Essa prática é uma ótima ferramenta para melhorar uma área agrícola, visto os
benefícios que podem ocorrer como: descompactação de solo, aumento de palhada,
matéria orgânica, diversidade de microrganismos, maior retenção de umidade, quebra
de ciclo de doenças e pragas. No caso do controle dos nematoides, a rotação de culturas
pode ser utilizada como uma ferramenta dentro do manejo integrado, com objetivo
principal de reduzir a sua densidade populacional. Porém essa redução depende da
cultura escolhida e sua relação com o nematoide em questão.
Existem plantas que podem ser suscetíveis, tolerantes, intolerantes, resistentes e não-
hospedeiras de determinado nematoide, portanto quando se adota a prática de rotação de
culturas, visando o controle do nematoide, as culturas escolhidas devem
primordialmente ser ou não-hospedeiras ou resistentes, pois dessa forma o fator de
reprodução dos nematoides será reduzido e consequentemente a população sofrerá uma
redução. Como será tratado posteriormente, se uma planta possui um fator de
reprodução menor que 1, ela é considerada resistente.
As perdas causadas por nematoides na cultura da soja são variáveis conforme a espécie
presente, podendo chegar a próximo de 100% nas piores áreas. Devido à inexistência de
cultivares de soja resistente a P. brachyurus, seu manejo tem se baseado no uso de
algumas espécies de crotalária. As crotalárias são empregadas em sucessão ou rotação
de culturas e as espécies mais utilizadas, por serem mais resistentes ao nematoide, são
Crotalaria spectabilis, C. ochroleuca e C. breviflora, sendo que no caso analisado, as
utilizadas foram as duas primeiras. Quanto mais tempo esses adubos verdes são
mantidos no local, maior é seu efeito na redução populacional de P. brachyurus (Dias et
al., 2012; Inomoto et al., 2006, Silva, 2015), assim como também em M. incógnita.
Crotalaria spectabilis e Crotalaria ochroleuca são bastante efetivas no impedimento da
multiplicação das populações de nematoides devido à produção de monocrotalina, que
suprime o desenvolvimento nematológico (CALEGARI et al.,1993).
De acordo com Lordello (1973), Barrons demonstrou que as larvas infestantes do
nematóide das galhas (Meloidogyne spp.) penetram nas raízes de C. spectabilis, mas

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não sobrevivem, perecendo prematuramente sem deixar sobreviventes. Autores, como
Wang et al. (2002) e vários outros, já observaram que M. incognita não se multiplica em
C. spectabilis e ochroleuca, sendo estas, espécies não hospedeiras do parasita com
capacidade de supressão do nematoide no solo.
De uma maneira geral, ambas as espécies de crotalaria usadas (spectabilis e ochroleuca),
reduzem tanto a população de P.brachyurus quanto de M.incógnita. Porém em relação
ao milheto, a situação não é a mesma, pois essa cultura pode se mostrar resistente a P.
brachyurus, porém é favorável a M. incognita. Assim, a prática mais indicada é o
consórcio das duas culturas, por exemplo, o milheto é uma planta hospedeira de M.
incognita (comportamento da maioria das cultivares) e C. spectabilis, uma não
hospedeira. Os exemplares do nematoide que infectarem as raízes de milheto irão se
reproduzir, e os que infectarem as de C. spectabilis, não. Portanto, o efeito do consórcio
no manejo desse nematoide não será tão ruim como uma cultura solteira de milheto,
nem tão bom como em uma solteira de C. spectabilis.
Debiasi et al., (2016), estudando o comportamento de plantas na entressafra concluiu
que o cultivo da C. spectabilis na entressafra, solteira ou consorciada com o milheto
reduz a população e os danos causados por P. brachyurus à soja. No caso em questão
onde a área também é prejudicada por M. incógnita a opção escolhida foi o consórcio de
milheto com crotalaria.
Uma questão interessante é que algumas espécies do gênero crotalaria, como a
Crotalaria pallida, produzem uma proteína denominada CpPRI, inibidora da papaína,
importante enzima alcaloide relacionada à digestão, agindo contra a proteinase digestiva
de M. incognita, adentrando e difundindo por todo o corpo de J2 em poucas horas
(testes in vitro) (ANDRADE et al.,2010), podendo assim, contribuir na explicação da
efetividade da cultura contra o gênero Meloidogyne. Assim uma outra alternativa seria o
uso da Crotalaria pallida.
É importante considerar que fatores relacionando a textura do solo conferindo partículas
maiores ou menores também contribuem para o aumento populacional dos nematoides.
Os solos com características arenosos (< 15% argila) são aqueles nos quais o manejo de
nematoides precisa ser mais intensivo, pois é ambiente altamente favorável ao
nematoide das lesões, além de desfavorável à planta, principalmente pela rápida
degradação da matéria orgânica e a baixa disponibilidade de água entre poros,
favorecendo o aumento a predisposição ao parasitismo dos nematoides (Rocha et al.,
2006), como é o caso da área que estamos tratando.
Como alternativa, além das culturas que já estão sendo utilizadas, poderia ser adotado o
plantio de Crotalaria breviflora ou a Aveia preta, visando o controle de P. brachyurus.
Em relação a M. incognita, algumas alternativas seriam também a já citada Crotalaria
breviflora, pallida, braquiárias e Azevém, as quais reduzem a quantidade de nematoides
de galha no solo pelo fato de serem plantas não hospedeiras.

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Cultivares resistentes

A sucessão e a rotação, quando planejadas com a finalidade de manejar fitonematoides,


devem utilizar, de preferência, plantas não hospedeiras. Porém, para algumas espécies
de fitonematoides, há poucas plantas cultivadas que são comprovadamente não
hospedeiras. Portanto, é importante considerar as plantas resistentes para tal finalidade.
Existem plantas cultivadas que apresentam grande variação genética. A mesma espécie
botânica pode conter variedades ou cultivares que permitem diferentes graus de
reprodução do nematoide. A principal variável utilizada para avaliar a suscetibilidade e
a resistência é o fator de reprodução (FR ou R), que é uma estimativa do aumento ou da
redução populacional do nematoide na planta, durante um período experimental pré-
determinado (em experimentos de casa de vegetação) ou seu ciclo cultural (em
experimentos de campo). Tradicionalmente, plantas com FR<1 são consideradas
resistentes, e com FR>1, suscetíveis.
Em áreas infestadas, o melhor método de manejo é a utilização de cultivares de soja
resistentes ao nematoide, pois, muitas vezes, representa uma solução duradoura, além de
serem acessíveis à maioria dos agricultores e não polui o ambiente (Ferraz, 1999). As
cultivares resistentes possibilitam adequado controle dos nematoides, tanto em sistemas
agrícolas de baixo como de alto uso de tecnologia (Silva, 2001). A resistência descreve
o efeito genético da planta, restringindo ou prevenindo a multiplicação do nematoide,
evitando também danos.
O uso de cultivares resistentes apresenta como vantagem a possibilidade de suprimir a
reprodução dos nematoides, reduzir o risco de contaminação do ambiente, não requerer
equipamentos especiais para a utilização, além de terem o custo na aquisição das
sementes similar ao das cultivares suscetíveis (Silva, 2001). A partir do conhecimento
prévio da população de nematoides presentes na área de cultivo, basta ao agricultor
escolher e realizar o plantio de genótipos resistentes (Ferraz et al., 2010).
Segundo Moura (1997), vários são os sistemas de avaliações da reação de genótipos,
podendo as plantas com meloidoginose ser classificadas em função da taxa de
reprodução do nematoide, desenvolvimento da hospedeira, número de galhas e massas
de ovos presentes nas raízes, fecundidade do nematoide, combinações envolvendo o
índice de galhas, número de juvenis por 100 cm3 de solo e produtividade em kg.ha-1 e
até mesmo a necessidade de estabelecer uma cultivar padrão de suscetibilidade para
cada germoplasma a ser avaliado.
Atualmente, cerca de oitenta cultivares de soja com níveis variados de resistência aos
nematoides das galhas estão disponíveis no Brasil e quase todas descendem de uma
única fonte de resistência, que é a cultivar norte-america Bragg (Dias et al., 2010;
Miranda et al., 2011). Essa cultivar foi semeada nos estados do sul do país e no Mato
Grosso, e tinha alta aceitação entre os agricultores, em especial aqueles onde a soja era

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cultivada desde a década de 60 e onde os nematoides do gênero Meloidogyne ocorriam
com frequência. Quando a população do nematoide está em densidade muito elevada,
mesmo as cultivares resistentes têm sua produtividade reduzida, e, neste caso, deve-se
realizar previamente a rotação de culturas com outras espécies de plantas resistentes,
para então utilizar as cultivares de soja resistentes ao nematoide (Silva, 2001).
Em relação ao Pratylenchus brachyurus, o uso de cultivares resistentes seria o método
ideal de manejo, uma vez que é eficiente na redução populacional do nematoide, bem
como não aumenta o custo de produção, já que a própria semente é a ferramenta de
manejo e não há a necessidade de adaptação de maquinário agrícola dentro da lavoura.
Entretanto, para P. brachyurus, até o momento não foram encontradas fontes de
resistência nas principais culturas agrícolas, como soja, milho e algodão. Para a soja,
existem algumas cultivares consideradas moderadamente resistentes ou, como são
conhecidas mais popularmente, com baixo fator de reprodução.
Diante dessa questão, optou-se pela utilização da cultivar BRS 7380 RR, cultivar
lançada em 2015 pela Embrapa em parceria com a Fundação Cerrados, o Programa de
Melhoramento Genético da Soja conseguiu nesse material desenvolvido pela Embrapa
em parceria com a Fundação Cerrados, reunir resistências a nematoides e alta
produtividade. Essa cultivar, além de ser resistente ao herbicida glifosato (RR)
apresenta resistência a seis raças do nematoide de cisto (Heterodera glycines) – as raças
3, 4, 6,9, 10 e 14, e aos dois nematoides formadores de galhas (Meloidogyne incognita e
o Meloidogyne javanica). Também apresenta baixo fator de reprodução ao nematoide
das lesões radiculares, o Pratylenchus spp. Assim os resultados obtidos com uso dessa
cultivar resistente foram positivos, com a diminuição tanto de M. incógnita tanto de P.
brachyurus na área em questão, o que possibilitou um aumento na produtividade após a
adoção te tal cultivar.
Além da cultivar BRS 7380 RR, outros materiais comerciais também foram utilizados
na ocasião, como por exemplo o 96Y90 da PIONEER, o qual é mais recomendado para
o nematoide do Cisto da Soja raça 14. Desse modo o uso desse cultivar não se mostrou
positivo.

1. INTRODUÇÃO

1.1 Uso de produtos químicos e biológicos no MIN

Atualmente, o controle químico é uma medida que vem sendo adotada para
minimizar os danos causados pelos nematoides das plantas cultivadas, porém devido ao
impacto ambiental, desenvolvimento da resistência dos nematoides aos nematicidas e
alto custo desta medida de controle tornam-se necessário estudar alternativas de
controle, a fim de reduzir os prejuízos causados (FERRAZ; SANTOS, 1995). Outra
barreira dos químicos é a dificuldade dos nematicidas em atingir o alvo com êxito, em
que nem sempre a aplicação desses produtos proporciona controle eficiente dos
nematoides.

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Numa busca por novos incrementos de produtividade e novos padrões de
sustentabilidade exigidos pela sociedade e desejados pelos agricultores foi criada uma
técnica em que se reúne várias formas de controle juntas.
Essa técnica criada que está sendo utilizada atualmente se chama MIN (Manejo
Integrado de Nematoides), em que visa evitar a resistência das pragas, melhorando a
eficiência do controle; preservando os inimigos naturais na área; ajudando na
manutenção do ambiente de produção, reduzindo as chances de contaminação
ambiental; e melhorando a eficácia de intervenções de controle, permitindo, inclusive,
redução dos custos.
As técnicas utilizadas pelo MIN são, evitar entrada e disseminação de
nematoides; alqueivar, escarificar e subsolar o solo; manejo do solo; rotação de culturas;
resistência genética; controle químico; e controle biológico.
A associação de nematicidas químicos e biológicos em uma mesma aplicação
tem sido bastante empregada nos dias atuais. No entanto, para que essa junção de
ferramentas não prejudique a performance dos produtos, é de fundamental importância
compreender a compatibilidade desses produtos, uma vez que dependendo da
combinação de produtos químicos com biológicos pode ocorrer a inibição do
desenvolvimento e inviabilidade de ação desses fungos.
Por outro lado, os biológicos podem aumentar a eficiência dos agroquímicos
como também estender sua vida ao reduzir a pressão de seleção de pragas e doenças
resistentes aos defensivos químicos. Assim, o manejo integrado demonstra claro
equilíbrio, trazendo solução tanto para o produtor quanto para a sociedade.
Ainda em fase de pesquisa, diversos resultados têm demonstrado o aumento da
eficiência nutricional, o equilíbrio fisiológico das plantas e do manejo de pragas e
doenças pela combinação entre químicos e biológicos, além dos vários relatos positivos
de agricultores que estão utilizando essa técnica.
Vários organismos que ocorrem naturalmente no solo são considerados inimigos
naturais dos nematoides, tais como fungos nematófagos e rizobactérias. Há uma
tendência para utilizar o produto químico e biológico nematicida, quando compatível;
caso contrário, o químico é aplicado na semente e o biológico no sulco da sementeira.
Esta estratégia é muito interessante, uma vez que o nematicida químico dará esse efeito
de choque/proteção inicial ao reduzir a infecção inicial da raiz. No entanto, tem um
curto período de ação. Já o biológico é inicialmente mais lento, uma vez que é um
microrganismo vivo. Consequentemente, atuará ao longo de todo o ciclo de cultivo e
pode mesmo permanecer no solo, com utilização sucessiva e contínua, e fazer o solo
reequilibrar novamente em relação a problemas com nematódeos.
Com isso, é importante enfatizar que, embora haja muitos argumentos contrários
ao uso do controle químico com produtos nematicidas, ligados tanto à economicidade
do método quanto principalmente aos aspectos de contaminação do solo com seus
resíduos tóxicos, o emprego de tal técnica foi e continuará sendo recurso ao qual o
agricultor por vezes irá recorrer. Isso porque, aplicados de forma correta e em situações
para as quais a sua recomendação encontra boa justificativa, os nematicidas, ainda que
não erradiquem os fitonematoides da área tratada, causam-lhes reduções populacionais

14
por período de tempo suficiente a que as culturas, em particular as anuais, tenham bom
crescimento inicial e possam depois se mostrar bem produtivas.
Portanto, o ideal não será que o emprego desse tipo de controle seja
simplesmente abolido, mas que se restrinja com o passar do tempo, à medida que outros
eficientes instrumentos alternativos sejam disponibilizados ao produtor rural e ele possa
de fato elaborar para a sua propriedade um programa de MIN ecologicamente
sustentável e economicamente viável.

1.2 Produtos químicos usados pelo produtor

1.2.1 AVICTA 500FS

O AVICTA 500 FS é um nematicida e inseticida de contato e ingestão, produzido pela


Syngenta, formulada para suspensão concentrada para tratamento de sementes (FS), em
que é do grupo químicos das avermectinas e seu ingrediente ativo é a abamectina.
No caso dos nematicidas mais modernos, como as abamectinas, o mecanismo de
ação envolve o bloqueio da transmissão do impulso elétrico entre a célula nervosa e o
músculo, pela manutenção da abertura dos canais de cloreto nas membranas celulares,
com pouco efeito na excitação muscular. Estudos também relatam sua ação na inibição
da eclosão de ovos e na paralisia de juvenis, inclusive sendo esta irreversível em
nematoides do gênero Meloidogyne sp.
Esse produto é utilizado nas culturas do algodão, cana-de-açúcar, cebola,
cenoura, feijão, milho, soja.
AVICTA 500 FS é recomendado para promover a proteção inicial das plântulas
ao ataque de nematoides. Estudos realizados no Brasil e no exterior comprovam que o
dano causado pelo ataque de nematoides é mais importante no desenvolvimento inicial
das culturas.
O tratamento de sementes promove a proteção razoável as raízes das plântulas
até cerca de 20-40 dias após a semeadura e pode aumentar a produtividade em até 10%.
Após este período, os nematoides reaparecem, causando danos e diferenças visuais entre
parcelas tratadas e não tratadas. Isto é comum em áreas com elevada infestação onde a
cultura anterior mostrou danos significativos causados por nematoides e o controle
químico foi utilizado como uma medida isolada numa tentativa de obter controle.
Logo, o uso desse produto não irá eliminar os nematoides de uma área atacada,
então sempre que possível o tratamento deve ser associado com outras técnicas
presentes no MIN, como rotação de culturas, controle biológico, controle por
comportamento, entre outras.
A resistência de pragas a agrotóxicos ou qualquer outro agente de controle pode
tornar-se um problema econômico, ou seja, fracassos no controle da praga podem ser
observados devido à resistência. Por isso, o uso repetido deste inseticida ou de outro
produto do mesmo grupo pode aumentar o risco de desenvolvimento de populações
resistentes em algumas culturas.

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1.2.2 Cropstar

O Cropstar é um inseticida sistêmico combinado com um inseticida de contato e


ingestão, da Bayer, formulada para suspensão concentrada para tratamento de sementes
(FS), em que é do grupo químico dos neonicotinoides e metilcarbamato de oxima e seu
ingrediente ativo é o imidacloprido e o tiodicarbe.
O tiodicarbe é um inseticida do grupo 1A, em que ele é inibidor de
acetilcolinesterase, que impedem que ela se una a outra enzima, a acetilcolina. Assim,
há um acúmulo da acetilcolina na sinapse causando hiperexcitabilidade devido à
transmissão contínua e descontrolada dos impulsos nervosos. Ocorre paralisação dos
músculos, impedindo a respiração e provocando a morte.
O imidacloprido é um inseticida do grupo 4A, em que bloqueia os receptores
nicotínicos do animal que ataca a lavoura, responsáveis por enviar estímulos aos
neurônios que têm como neurotransmissor a acetilcolina. Ao impedir os receptores de
agir, a substância causa a deterioração do sistema nervoso, provocando paralisia e,
eventualmente, morte.
Esse produto é usado nas culturas, algodão, amendoim, arroz, aveia, cevada, feijão,
girassol e mamona, milho, soja, sorgo e trigo.
Como dito anteriormente, o tratamento de sementes não elimina os nematoides
do solo em área infestada, devendo ser associado com outras técnicas dentro de um
planejamento agronômico para o processo de produção.
A proteção ao desenvolvimento de raízes nos primeiros dias ou semanas após a
germinação constitui ponto crítico ao estabelecimento de um potencial produtivo ótimo.
Portanto, o tratamento de sementes com nematicidas, contribui de modo positivo para o
desenvolvimento inicial da planta, na medida em que diminui a penetração do
nematoide e, consequentemente, sua população final e fator de reprodução. Entretanto,
unicamente o tratamento de sementes não garante a proteção completa contra os danos
causados por nematoides, especialmente em altas infestações, por isso deve ser usado
outros métodos do MIN.

1.3 Produtos biológicos

Atualmente, por conta da demanda mundial por sustentabilidade, resistência das


pragas aos químicos, surgimento de empresas multinacionais e adoção em grandes
culturas, o mercado de biológicos está crescendo cada vez mais.
O benefício desses produtos biológicos é que além deles possuírem menor custo
comparado aos químicos e serem de fácil aplicação, eles também, favorecem o
equilíbrio do solo, promovem o aumento dos teores de matéria orgânica ao longo do
tempo e auxiliam na recuperação de áreas ao contribuir com a disponibilidade de macro
e micronutrientes essenciais para o crescimento das plantas. Com isso, as plantas se
desenvolvem mais, o sistema radicular melhora e assim ela absorve melhor os nutrientes
dos fertilizantes e se defende de maneira mais adequada frente aos patógenos.

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Para que o produtor possa usufruir de todos os benefícios da utilização de um
agente de controle biológico como aliado no manejo de nematoides, é necessária a
adoção de uma série de ferramentas complementares de manejo, de modo a criar
condições favoráveis para que o microrganismo seja efetivo. Um agente de controle
biológico aplicado em solo extremamente pobre, degradado, sob condições climáticas
adversas, como veranicos, provavelmente não conseguirá atuar de maneira adequada no
controle de nematoides. O aumento da matéria orgânica no solo é essencial para o
sucesso do agente microbiano; a rotação de culturas e/ou a utilização de plantas de
cobertura vegetal auxiliam não só no aumento ou manutenção dos níveis de matéria
orgânica no solo, como também promovem um microclima bastante favorável para que
o controle biológico tenha efetividade.
Na produção dos nematicidas microbiológicos é necessário profundo
conhecimento sobre ciclos de vida dos inimigos naturais, em especial seus mecanismos
reprodutivos, e as muitas influências as quais estão sujeitos vivendo no solo. É
necessário também técnicas para criação massal in vivo ou in vitro e de formulações que
permitam a sobrevivência do organismo durante meses sem perda de infectividade
(tempo de prateleira) e se revelem economicamente viáveis.
Além disso tem os elevados custos envolvidos nos estudos de avaliação da
eficiência e da segurança de aplicação dos produtos, além de seus demorados processos
de registro junto aos órgãos governamentais, pois no Brasil os bionematicidas são
incluídos na modalidade de “agrotóxicos e afins”, sendo necessário ensaios a campo em
diferentes locais para teste de eficácia.
Tais dificuldades, técnicas e econômicas, devem ser suficientes para explicar a
razão de relativamente poucos produtos biológicos para o manejo de fitonematoides
estarem hoje disponíveis em vista da ampla diversidade de organismos já estudados.

1.3.1 Controle biológico utilizado na área

Como o produtor relatou a presença do Pratylenchus brachyurus e do


Meloidogyne Incognita, nosso trabalho terá como enfoque esses dois nematoides.
Os nematicidas microbiológicos mais utilizados no controle do Pratylenchus
brachyurus são, Bacillus amyloliquefaciensis, Bacillus subtilis, Purpureocillium
lilacinum, B. subtilis + B. licheniformis + P. lilacinum, B. licheniformis + B. subtilis,
Bacillus firmus, Trichoderma harzianum, Bacillus methylotrophicus, Trichoderma
endophyticum, Trichoderma asperellum.
Já no controle do Meloidogyne incognita os mais utilizados são, Bacillus
amyloliquefaciensis, Bacillus subtilis, Purpureocillium lilacinum, Bacillus velezensis,
Trichoderma endophyticum, B. subtilis + B. licheniformis + P. lilacinum, B.
licheniformis + B. subtilis.

1.3.2 Modo de ação desses nematicidas microbiológicos

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O Purpureocillium lilacinum são fungos saprofíticos, logo, independem da
presença de ovos de nematoides no solo para a sua sobrevivência, crescendo
satisfatoriamente em matéria orgânica. Devido a essa característica, se estabelecem mais
facilmente no solo, quando comparados com os fungos predadores. Parasitam
rapidamente ovos e fêmeas de nematoides, destruindo de uma só vez grande quantidade
de indivíduos
Já o Trichoderma spp., embora seu principal modo de controle de nematóides
seja a produção de compostos tóxicos, há vários relatos de parasitismo de ovos de
fitonematoides por esse gênero de fungo (SPIEGEL & CHET, 1998; SHARON et al.,
2001; EAPEN et al., 2005)
O Bacillus spp. possui antagonismo por meio da produção de enzimas líticas,
indução de resistência sistêmica, antibiose e redução de estresse oxidativo (Kloepper et
al., 2004; Zhou et al., 2017), além disso eles também promovem o crescimento vegetal.
Outra característica importante dessas bactérias é a capacidade de formarem
endósporos, estruturas de resistência, formadas a partir da célula bacteriana, que confere
proteção das bactérias às condições extremas, tais como, temperatura elevada,
dessecação e contato com moléculas químicas, permitindo assim a sobrevivência da
bactéria por vários meses, até que encontre condições ambientais favoráveis (Lanna-
Filho et al., 2010; Abd-Elgawad e Askary 2018). Essa é uma característica de grande
relevância na produção de bioprodutos, já que esses produtos são normalmente
utilizados em conjunto com outros defensivos químicos, bem como expostos ao sol
durante longos períodos até sua aplicação.

1.4 Controle de ervas daninhas

O pousio é a manutenção da área agrícola sem nenhum tipo de intervenção


durante o período de entressafra. Nesse momento, a área é tomada por plantas invasoras,
em quantidades e proporções variáveis, dependendo do banco de sementes no solo, da
disponibilidade hídrica e da temperatura no período. Assim, o efeito do pousio sobre a
densidade de fitonematoides é extremamente variável.
Em geral, essas plantas daninhas interferem no crescimento e desenvolvimento
das culturas agrícolas principalmente através da competição por recursos como água,
luz e nutrientes. Além disso, elas produzem grande número de sementes e/ou
propágulos vegetativos, que podem ficar viáveis no ambiente por vários anos,
garantindo disseminação e reinfestações futuras.
De modo geral, apresentam um rápido crescimento inicial, ocupando espaço
entre as culturas e competindo pelos recursos do meio. Essa disputa por espaço e

18
nutrientes pode comprometer o crescimento inicial das culturas agrícolas e,
consequentemente, reduzir seu desenvolvimento e produtividade em até 90 %,
dependendo da espécie daninha e cultura afetada.
O manejo destas espécies é realizado basicamente de forma química, pela
utilização de herbicidas. Porém, o uso repetido por vários anos de um ou poucos
mecanismos de ação herbicida selecionou, em diversas espécies de plantas daninhas, a
resistência a um ou mais herbicidas, dificultando o controle, aumentando os custos de
manejo e reduzindo o potencial produtivo dos cultivos comerciais.
Somado a isso, as plantas daninhas vêm ganhando importância pelos seus efeitos
negativos indiretos, quando servem como hospedeiras alternativas de pragas e doenças
de relevância aos cultivos agrícolas e florestais. Dentre os patógenos hospedados por
plantas daninhas e de grande importância agrícola, destacam-se várias espécies de
nematoides fitoparasistas, especialmente dos gêneros Meloidogyne sp. e Pratylenchus
sp., conhecidos popularmente por nematoides-das-galhas e das lesões, respectivamente.
A questão de resistência a herbicidas é ainda mais preocupante quando as
plantas daninhas agregam o agravante de serem hospedeiras e multiplicadoras de
fitonematoides. Entretanto, o controle de plantas daninhas, além de reduzir os prejuízos
aos cultivos agrícolas provocados por competição, torna-se de vital importância para
reduzir os danos e prejuízos causados por fitonematoides.
Esse fato é decorrente da necessidade deste patógeno ter um hospedeiro vivo
para sobreviver e multiplicar-se, sendo que a ausência de plantas daninhas reduz a
capacidade dos mesmos em permanecer no solo por muitos anos. Nesse contexto, o
conhecimento da ocorrência e distribuição de plantas daninhas hospedeiras de
fitonematoides em áreas agrícolas, em conjunto com a determinação do hábito polífago
dos nematoides, tornam-se ferramentas importantes para delimitar estratégias de manejo
desses dois graves problemas da agricultura atual.
É importante ressaltar que o manejo de fitonematoides é um processo trabalhoso
em tempo e recursos, e, dependerá de esforço contínuo para reduzir sua população em
níveis que não gerem perdas significativas nas culturas de interesse econômico. A
estratégia de manejo deverá estar baseada em uso de cultivares tolerantes, rotações de
culturas com plantas com baixo fator de reprodução, uso de nematicidas químicos e
biológicos, e contínuo monitoramento e controle de plantas daninhas, especialmente nos
períodos em que os cultivos não estão presentes, tornando estas a única fonte de
alimento para os fitonematoides. Deste modo, o manejo integrado de nematoides está
atrelado ao manejo de plantas daninhas hospedeiras desses parasitas, devendo ser
planejado de forma conjunta, contínua e persistente para alcançar resultados
significativos.

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