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BIOÉTICA E FERTILIZAÇÃO IN VITRO

OBS: Nas questões 1 e 2, o que está destacado é a resposta mais simples. Colocamos
informações extras para a melhor compreensão e para aqueles que gostam de respostas
mais elaboradas. Nas demais, é tudo. OBS2: Questão 5 é muito pessoal. Aconselho
àqueles que discordarem fazerem suas próprias respostas.

1. Que se entende por fertilização in vitro?

Fertilização in vitro (FIV) é a técnica de reprodução assistida em que a fertilização e o


desenvolvimento inicial dos embriões ocorrem fora do corpo e os embriões resultantes são
transferidos habitualmente para o útero. A fertilização do óvulo pelo espermatozoide ocorre
em laboratório.

No método convencional, a ovulação é geralmente estimulada, os óvulos são colhidos


[...] e colocados juntamente com os espermatozoides processado sem ambiente com 5% de
CO² e temperatura de 37ºC. Após 24 a 28 horas, os pré-embriões formados contendo quatro a
oito células são transferidos para a cavidade uterina.

A segunda forma de fertilização é a intracitoplasmática, na qual há deposição


mecânica de um único espermatozoide no interior do citoplasma do óvulo denominada
injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI).

2. Porque a Igreja Católica é contra a fertilização in vitro?

A posição da Igreja Católica é que o embrião é uma pessoa e, portanto, com direito à
vida. Deste modo, na visão católica, é inaceitável o descarte de embriões não usados em
técnicas de reprodução. A entidade compara o ato a um aborto, por se tratar de vida. A Igreja
também é contra a criação de embriões para estudo, sua destruição, congelamento e
manipulação em técnicas científicas.

De acordo com Bento XIV, os novos problemas relacionados com o congelamento de


embriões humanos, com a redução embrionária, com o diagnóstico pré-implantatório, com as
investigações sobre células estaminais embrionárias e com as tentativas de clonagem humana,
mostram claramente que com a fecundação artificial extra corpórea, rompeu-se a barreira
da defesa da dignidade humana. Quando seres humanos, no estado mais frágil e mais
indefeso de sua existência são selecionados, abandonados, assassinados ou usados como puro
"material biológico", como negar que são tratados não mais como um "alguém", mas como
"uma coisa", pondo assim em discussão o conceito mesmo de dignidade humana.
Portanto, alega a Igreja Católica que a Fertilização in vitro é a coisificação do ser
humano, a comercialização e a banalização da vida. Além disto, defendem que a concepção
somente pode se dar através da união e do ato de amor dos casados. Assim, a Igreja Católica
se opõe à inseminação artificial e fertilização in vitro, precisamente porque esses
procedimentos interferem no curso natural da concepção, deturpando os conceitos de
casamento e do sexo.

3. Que princípios bioéticos são lesados pela prática da fertilização in vitro?

Os princípios bioéticos lesados são: promoção e defesa da vida; da inviolabilidade e


não comercialização do corpo humano; princípio da não maleficência; dignidade da pessoa
humana. A promoção e defesa da vida é afrontada quando há o descarte dos embriões após
três anos de congelamento, como prevê a Lei de Biossegurança, ocasionando o aborto na
visão bioética.

A afronta à inviolabilidade se dá pela manipulação dos embriões, congelando-os,


realizando pesquisas e descartando-os, violando a proteção que se dá ao corpo humano. A não
maleficência é transgredida nos casos de reprodução póstuma, quando a criança já nasce
fadada ao crescimento sem a companhia de seu genitor, conforme defendem os contrários a
este método.

Por fim, a dignidade humana é violada principalmente em duas situações: no


congelamento e descarte do embrião, violando sua integridade física e seu direito à vida, e na
doação e na maternidade de substituição, nas quais as identidades familiares seriam
distorcidas, prejudicando a integridade moral da futura criança, correndo risco de ficar sem
filiação alguma.

4. Quais os aspectos éticos e legais referentes à reprodução assistida?

O principal aspecto é o destino dos embriões excedentários. As questões bioéticas em


relação à doação de gametas envolvem a introdução de um terceiro elemento na relação
conjugal (o doador), a forma como os gametas são obtidos (pagamento ou não-pagamento do
doador), a questão do anonimato ou não, os possíveis danos psicológicos dessas crianças e o
risco de consanguinidade.

Outro aspecto relevante é o descarte, seja por graves doenças genéticas ou o casal não
permite o congelamento. O questionamento se aproxima das questões éticas a respeito do
aborto. Para aqueles em que defendem o início da vida com a fecundação o descarte de
embriões será aborto, e portanto crime. A técnica de seleção embrionária traz à baila outro
aspecto ético importante, pois se por um lado esse procedimento ajuda casais com risco de
doença genética, por outro traz riscos ao embrião, podendo ocasionar lesões e morte
embrionária. Outro problema seria a seleção, logo eliminação de embriões com anomalia.

Por fim, os aspectos legais estão previstos no Código de ética Médica, na Resolução
1358/92 do Conselho Federal de Medicina e na lei 11.105/2005, conhecida como Lei de
Biossegurança. O Código de Ética Médica prevê o dever do médico de alertar o paciente dos
efeitos e riscos dos métodos contraceptivos e conceptivos, proibindo a fecundação artificial
sem o inteiro conhecimento sobre o procedimento e o acordo dos participantes.

A resolução do Conselho Federal de Medicina reafirma princípios bioéticos, como


a inviolabilidade e não comercialização do corpo humano, exige a gratuidade e anonimato,
bem como delimita o número de receptores por doação, buscando evitar o incesto inadvertido.

A Lei de Biossegurança (lei 11.105/2005) foi inovadora em relação a sua antecessora


(lei de Biotecnologia - 8794 de 1995). Ela prevê a possibilidade de utilização dos embriões
inviáveis e excedentários (após três anos de congelamento) para pesquisas com células-
tronco. Com isso, os aspectos legais da Biossegurança se afastaram de princípios bioéticos
como a promoção e defesa da vida, já que é patente que o descarte é considerado aborto.

5. Os fins justificam os meios? Porquê?

Na verdade, depende dos valores em jogo. Por exemplo, quando se justifica a legítima
defesa, tirar a vida de alguém que está impelindo injusta agressão é optar pela própria vida ou
pela vida de terceiro inocente, em detrimento da do agressor, e é um valor aceito pelo homem,
mesmo se tratando da vida de alguém.

Nesse caso, salvar a vida de um inocente justifica matar o agressor. Portanto, os fins
não justificam os meios quando os meios não são justos, mas havendo justiça, eles são
justificáveis. O problema é que justiça é um conceito muito subjetivo, variando não só de uma
sociedade para outra, como também nas pessoas entre si.

No caso dos embriões, uma vez que a bioética os considera como vida a ser protegida,
considerada bem maior do ser humano, seria injusto em nossa sociedade trocar a vida do
embrião pela das pessoas pela das pessoas que necessitam das células-tronco para tratar sua
doença, pois nesse caso estaríamos dizendo que a vida do embrião vale menos que a do ser
humano nascido, sem qualquer outro motivo embasador. Aqui, não há injusta agressão que
permita que uma vida deva ser salva em detrimento da outra, portanto os meios não são
justos. Por esta linha, se considerarmos embrião como vida humana, não importa o estágio de
desenvolvimento que ela esteja, deverá ser amparada, pois a proteção é da vida e não da sua
viabilidade.

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