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Dissertação

Problemas éticos na manipulação do genoma humano

Maria Rocha nº18 11ºD


Índice

1. Introdução

1.1. Formulação do problema filosófico ___________________________________3


1.2. Identificação da tese_______________________________________________3

2. Desenvolvimento

2.1. Contextualização do tema__________________________________________3


2.2. Apresentação do primeiro argumento_________________________________4
2.2.1. Apresentação do contra-argumento_______________________________5
2.2.2 Refutação do contra-argumento___________________________________6
2.3. Apresentação do segundo argumento_________________________________7
2.3.1. Apresentação do contra-argumento________________________________6
2.3.2 Refutação do contra-argumento___________________________________5

3. Conclusão

3.1. Reiteração da tese_________________________________________________3


3.2. Reflexão final______________________________________________________3
Introdução
Esta dissertação tem como objetivo averiguar e debater os problemas éticos na
manipulação do genoma humano.
Assim, o problema que explorarei e a que procurarei responder é o seguinte: Seria
moralmente aceitável se a ciência alterasse o genoma humano?
Apresento, então, a seguinte tese: Não é moralmente aceitável alterar o genoma humano.

Desenvolvimento

Primeiramente, é pertinente distinguir no campo da manipulação genética, terapia genética


de engenharia genética. Desta forma, a terapia genética seria a modificação do material
hereditário com a finalidade de corrigir genes causadores de doença e a engenharia
genética seria todo o conjunto de modificações orientadas a aperfeiçoar a dotação genética
humana e a introduzir características novas.
Este tema pode ser integrado no contexto de várias áreas temáticas. A natureza da pessoa
humana é eticamente normativa nos valores da sua dignidade, de entre os quais ressalta a
liberdade. Esta é entendida aqui como o direito de cada sujeito humano à sua
autorrealização na linha daquilo que como pessoa é, real ou potencialmente, na sua
individualidade e irrepetibilidade. Estudar os conceitos de liberalismo e determinismo poderá
ser útil para compreender as várias implicações e facetas do tema em questão. Para além
disso, para ter indiferença em relação ao mundo tenho de conhecer o mundo e os outros
seres humanos de alguma forma, logo este tema integra-se também nos módulos da ação
ética e da organização política da sociedade.

Em 2018, o biofísico chinês He Jiankui chocou o mundo ao anunciar que foi o primeiro a
modificar geneticamente embriões em toda a história. O cientista fez uma alteração no gene
CCR5, conhecido por ser a “porta de entrada do HIV”, com a expectativa de deixar as bebés
gêmeas imunes ao vírus.
He Jiankui foi condenado a três anos de prisão e ainda obrigado a pagar uma multa de 380
mil euros visto que o caso foi condenado pela comunidade científica por violar questões
éticas. Terá esta situação sido justa?
Ora, a manipulação do genoma humano nos embriões não deve ser aceite pois trata-
se de um atentado aos seus direitos de liberdade e respeito.
De acordo com a Teoria Concecionista, o embrião humano é, desde o primeiro instante da
sua conceção, uma "pessoa humana", inteira, exatamente igual a qualquer outro indivíduo
da coletividade pois quando um espermatozoide humano fecunda um óvulo humano há
surgimento indiscutível de uma vida humana porque este óvulo fecundado não conduzirá a
outra coisa, se não, a um ser humano. Logo, esta vida deve ser eminentemente respeitável
e protegida desde o seu começo. Não há como fugir desta evidência incontestável.
Desta forma, a teoria admite que o embrião é, desde a fecundação, algo distinto da mãe e
com uma autonomia genética-biológica que não permite estabelecer nenhuma mudança
essencial na sua natureza até à dade adulta.
É nesta perspetiva que o Código Civil fala em nascituro, no art. 4°, quando dispõe que: “A
personalidade civil do homem começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo,
desde a conceção, os direitos do nascituro”.
Assim, a alteração do genoma viola os direitos dos embriões visto que essa prática reduz o
embrião ao nível de ser apenas um objeto de uma tecnologia científica, expondo-o a
situações inadmissíveis tais como ser congelado e conservado no frio, ser utilizado para fins
experimentais e ser manipulado geneticamente. Tudo isto viola os limites do respeito ao ser
humano, mesmo que o ser humano em questão esteja ainda na fase embrionária do seu
desenvolvimento.
Para além disso, todos os cientistas que manipulam os genomas de embriões infringem o
direito à liberdade dos mesmos. De acordo com a Teoria da Apropriação Original do filósofo
empirista, John Locke, também apelidado de “Pai do Liberalismo”, cada indivíduo tem
direitos sobre sua própria vida, liberdade e propriedade. A lei da natureza sustentada por
Locke governa o estado da natureza e exige que todos respeitem os direitos naturais uns
dos outros. Assim sendo, esta prática desrespeita o que este pensador iluminista e
contratualista defende, visto que o embrião não tem a liberdade de escolher não ser
alterado (pois ainda não tem capacidades para tal). E o Contrato Social Lockeano afirma
que para além dos direitos à vida, à liberdade e à propriedade, os indivíduos no estado de
natureza também podem fazer cumprir a lei da natureza. Isto é, defender-se contra
violações de seus direitos, aplicar reparações e punir. Explicando, assim, a multa e
aprisionamento de He Jiankui.
Os cientistas que não respeitam isto, estão a determinar toda a vida dos futuros homens e
mulheres. O verbo “determinar” advém do latim determinare, que significa, literalmente,
“terminar para fora”, ou seja, terminar com vistas a algo externo. O determinismo, enquanto
corrente filosófica, afirma que existe uma cadeia de relações causais (de causa e efeito)
que determinam padrões de construção do mundo, interferindo inclusive nas ações e na
vida das pessoas. Deste modo, o determinismo parte da ideia de que há uma determinação
da ação e da vida dos indivíduos pelo meio, pelos fatores genéticos, pelo contexto religioso
ou por algum outro aspeto. Assim sendo, os cientistas não têm o direito de retirar a
liberdade aos indivíduos, submetendo-os a uma vida já determinada por essa alteração do
seu genoma.
Por oposição, apresento o seguinte contra-argumento: Quem é que, se lhe fosse dada
a opção de evitar uma doença genética, não aceitaria?
A genética, à medida que avança, abre novos caminhos; caminhos estes que, pelo bem da
saúde, precisam de ser percorridos. O objetivo do avanço das pesquisas na área de saúde
é salvar vidas, assim como é o das pesquisas na área de edição genética: salvar futuras
vidas.
Prevenir o tormento de uma pessoa e estar um passo à frente da doença é uma das
possibilidades da edição genética. Por exemplo, uma combinação de um espermatozoide
afetado por uma doença dominante com um óvulo saudável tem 50% de chances de gerar
um embrião afetado, mas com o uso do CRISPR-Cas9 a possibilidade de saúde do embrião
poderia subir para 72%.
Dentro de um laboratório de genética especializado em reprodução humana, identificam
embriões com alterações que podem não apenas gerar doenças graves, mas também
embriões sem chance alguma de gerar um bebé saudável. Se a edição genética for aceite,
um dia será possível tratar destes embriões.
Na entrevista do geneticista e químico estadunidense George Church ao New England
Journal of Medicine, titulada “Razões para reparar o Genoma humano”, o mesmo comenta
que, através das técnicas de clonagem de células-tronco, a taxa de embriões não afetados
por doenças genéticas tem sido conseguida com mais efetividade do que nas ações diretas
nos embriões, pois a utilização de células-tronco clonadas evita erros como por exemplo,
mutações espontâneas, aneuploidias cromossômicas e erros epigenéticos.
Por conseguinte, a maioria dos casos de alteração do genoma têm “uma boa intenção”,
nomeadamente de prevenir uma vida atormentada por certas doenças. Afinal, não seríamos
nós muito mais felizes se não tivéssemos nenhuma e qualquer doença?
Mas o que é felicidade? Provavelmente, cada pessoa que resolver responder a esta
pergunta apresentará uma resposta própria, pois a felicidade, num certo sentido, é algo
individual, pessoal e intransferível. Por outro lado, há uma ideia de felicidade que pertence
ao senso comum e é compartilhada pela esmagadora maioria das pessoas: felicidade é ter
saúde, entre outros fatores. Tal como o filósofo grego Sócrates (século V a.C.) afirmou
"Saúde não é tudo, mas tudo é nada sem saúde." Aristóteles, filósofo grego durante o
período clássico na Grécia antiga, reconhece também a necessidade de elementos básicos,
como a boa saúde para alguém ser feliz.
Posto isto, se todas as doenças manifestadas logo em embriões fossem impedidas, através
da modificação do genoma, todos esses futuros homens e mulheres teriam uma melhor
qualidade de vida visto que não seriam atormentados pela infelicidade que a falta de saúde
poderia causar.
Tendo em conta este ponto de vista, ninguém se iria opor à alteração dos seus próprios
genes, causadores de doenças, pois isso iria apenas salvá-los de sofrimento e desgraça.
Ou seja, mesmo que os embriões tivessem a liberdade de escolher, escolheriam alterá-los.
No entanto, estas manipulações genéticas em embriões apresentam riscos, logo não
podem ser efetuadas já que estes não têm liberdade de escolha.
As tentativas de impedição de doenças apresentam riscos que podem ameaçar igualmente
a vida da futura pessoa então, ninguém tem o direito de as realizar sem o consentimento do
embrião em questão. Como não é possível o mesmo dar a sua opinião, não é moralmente
correto fazer os procedimentos pois para além de violarem os direitos do embrião, estariam
a meter a sua vida em risco.
Primeiramente, a ciência ainda não conhece profundamente nem o genoma humano por
completo, nem o método CRISPR, que pode provocar alterações ainda desconhecidas no
nosso organismo e efeitos inesperados. Segundamente, porque editar embriões faz com
que essas alterações sejam herdadas pelas próximas gerações e isso pode alterar, a longo
prazo, toda a composição do DNA da nossa espécie e também levar a consequências
enormes e imprevisíveis. Poderia também ocorrer extrapolação do procedimento para fins
não terapêuticos tais como clonagem, o que seria um grande problema ético e social ou
surgimento de novos e perigosos vírus. Pode também originar mutações aleatórias no
genoma modificado ou qualquer outro risco imprevisível.
Por exemplo, no caso do cientista He Jiankui mencionado em cima: uma publicação recente
na Revista Nature Medicine mostrou que esse mesmo gene CCR5 pode estar associado à
longevidade, ou seja, ao alterá-lo, o cientista pode ter reduzido a expectativa de vida das
bebés.
Perante os riscos apresentados, já nem toda a gente aceitaria manipular o seu genoma
para, supostamente, evitar doenças genéticas pois podem simplesmente ganhar problemas
maiores. Se as alterações nestes embriões originarem complicações no futuro, quem se irá
responsabilizar? Foi lhes tirada a liberdade de decidir, logo foram perturbados pelo
desrespeito dos cientistas. Para que ninguém inocente seja prejudicado, injustamente, pelos
erros de outros, esta prática de manipular o genoma humano não deve ser moralmente
aceite.

O assunto fica mais nebuloso quando atravessamos a intangível fronteira que separa a
busca pela saúde e a busca pelo melhoramento.

Se pudermos acabar com doenças que o bebé venha a desenvolver, o que nos impediria de
lhe dar mais imunidade? Por que não melhorar também o seu metabolismo, a sua visão? E
que tal fazermos com que o bebé seja alto, forte e não perca cabelo quando adulto? E se
pudermos torná-lo mais inteligente? Se tivesses um filho, não gostarias que ele fosse lindo
com cabelos loiros e olhos azuis?
Com a engenharia genética, seremos capazes de criar um Hulk? Ou quem sabe criar uma
espécie de super-herói, como o Capitão América? Em partes, sim. Existem genes
associados à resistência física, à performance atlética, à força muscular, e melhoramentos
nesses aspetos podem ser possíveis no futuro.
No entanto, tudo isso levanta uma série de questões tais como: Qual seria o impacto
desses melhoramentos genéticos nos desportos competitivos? Qual seria o impacto no
aprofundamento das desigualdades sociais (já que as pessoas com condições de pagar por
uma terapia gênica poderão ter uma genética bastante melhor)? Qual seria o impacto sobre
a diversidade da espécie humana? Num futuro geneticamente desenhado, eu existiria da
mesma forma como sou hoje?

Posto isto, apresento o meu segundo argumento para não ser moralmente aceitável
alterar o genoma humano: o ser humano está a tentar aspirar a um patamar divino (a
tentar substituir Deus).
Essa busca por um melhoramento do ser humano pode tornar-se numa tentativa de nos
aproximarmos a Deus, tentado atingir a perfeição, característica esta que pertence só e
somente a esse ser divino.
Paul Ramsey em … apresenta este argumento teleológico, destacando que os homens não
deveriam tentar ser Deus antes de saberem ser homens e mesmo quando souberem, não
vão ser Deus.
Os seres humanos desejam ter um papel divino, portanto, evitam fazer as perguntas críticas
sobre o significado das responsabilidades humanas do homem como homem ou o papel
real da medicina e da ciência como um empreendimento humano a serviço da vida humana.
O Cristianismo e muitas outras religiões sempre nos ensinaram que o homem sempre teve
o poder de determinar a sua orientação permanente e eterna, mas até agora esse poder foi
exercitado apenas no âmbito do conhecimento contemplativo da metafísica e da fé. Mas,
atualmente, quebrou-se a parte teórica com o começo da prática de alterar genomas
humanos que pode originar a autocriação dos sere humanos. Assim, Karl Rahner afirma
que o homem e essencialmente dono da liberdade; como e criado por deus, na sua proproia
natureza, ele esta inacabado pois liberdade imepe o ser humano de se determinar
irrrevogavelmente
Significado de ser deus em contraste de ser homem na terra
O principal problema da alteração dos genomas não é o futuro das religiões, mas sim o
futuro da humanidade. O homem tornar-se o seu próprio criador levantará mais problemas
do que trepidações de religiões.
Contra-argumento: Donald Fleming, historiador de Harvard, acredita que a norma
reguladora de não ser Deus não faz sentido.
uma revolução total e avassaladora está para vir e tem contacto direto com os fundamentos
da humanidade na ordem natural

Ser deus: Ser perfeito e atribuir caracteristicas e destinos e deterkminsr vids


reforçará a ideia de que podemos criar uma espécie superior, livre de ‘defeitos’?
Tentar mandar numa coisa que não nos cabe a nos decidir, so um ser perfeito e
sumamemnte poderoso e que tem essa funcao, não nos,

Ainda há muitas barreiras tecnológicas a serem vencidas até chegarmos ao melhoramento


genético da espécie humana. Mas o método CRISPR cria um atalho que nos deixa ainda
mais próximos desse dia e torna mais urgente a discussão das questões éticas envolvidas.
Se, no futuro, poderemos ter pessoas com genes que lhe garantam superpoderes, como os
X-Men, eu não sei. Mas, se a discussão sobre os aspectos éticos e a regulamentação da
edição genética em humanos não avançar e se aprofundar, muitos ‘vilões’ do mundo real
poderão acabar utilizando essa ferramenta de formas desastrosas e descontroladas.

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