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O BIODIREITO, A BIOÉTICA E AS CÉLULAS-TRONCO

FABENE, L. R.

Resumo: O tema apresentado está em voga, e tem presença constante nos meios
midiáticos. Isto porque a palavra “célula-tronco” traz esperança de cura a milhares
de pessoas ao redor do mundo, portadoras das mais variadas doenças e
deficiências. Também é um tema polêmico e complexo, já que envolve bastantes
ciências como o Biodireito e a Bioética, entre outras. Aborda legislações
brasileiras, entre elas, a Lei de Biossegurança.
Palavras-chave: Biodireito. Bioética. Células-tronco.

Abstract: The issue presented is in vogue, and has a constant presence coming
from the media. This is because the word "stem cell" brings hope of cure to
thousands of people around the world, who suffering from various diseases and
disabilities. This theme is also controversial and complex as it involves a lot of
sciences such the Biolaw and Bioethics, among others. Discusses brazilian laws,
among them Law on Biosafety.
Keywords: Biolaw. Bioethics. Stem cells.

INTRODUÇÃO

Este resumo expandido abordará um tema muito atual, complexo e


polêmico. Trata-se das pesquisas com células-tronco, a qual é a grande
promessa da pesquisa médica contemporânea, e suas discussões nas mais
diversas áreas como o Biodireito e a Bioética.
O objetivo principal é saber o que nosso ordenamento jurídico permite à
Ciência pesquisar e fazer experiências, principalmente com relação à embriões,
para a obtenção de células-tronco embrionárias. Assim como, tratar da
importância das pesquisas científicas em prol de pessoas doentes, deficientes e
2

demonstrar o posicionamento do STF frente às discussões sobre as pesquisas


científicas.
O trabalho será desenvolvido utilizando os métodos de procedimento
históricos, descrevendo a evolução da Ciência nos últimos anos e também
comparativo, verificando as semelhanças e as divergências das legislações as
quais tratam do assunto em outros países.
A investigação se dará pelo método bibliográfico, baseando-se mais em
revistas conceituadas e sites confiáveis, pois como o tema é moderno,
encontram-se poucos livros ainda. O método de abordagem será indutivo, já que
a partir de pesquisas com células-tronco, muitas pessoas terão uma melhor
qualidade de vida.
Por conseguinte, o desafio do Direito é regulamentar, criar legislações
para as pesquisas científicas sem que estas evoluem não fundamentadas na ética
e não havendo discussão da sociedade. E sua tarefa é dever atuar buscando
sempre o equilíbrio das condutas humanas.

REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

O Direito tem como principal função, quando se trata das novas


biotecnologias, impor limites nas pesquisas dos cientistas, sem impedir seus
avanços, para que direitos importantes dos homens não sejam feridos, como a
dignidade da pessoa humana e principalmente a vida.
Entre as áreas do Direito que tratam desse assunto estão o Biodireito e a
Bioética.
O Biodireito é o guardião da vida. Tem esta como objeto principal e
procura trazer para o campo jurídico os acontecimentos científicos, definindo o
que é lícito e o que é ilícito 1.

1
DINIZ, Maria Helena apud MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus. Curso de Bioética e
Biodireito. São Paulo: Atlas, 2010, p. 16.
3

A Bioética é a ciência da responsabilidade. Responsabilidade da vida


humana, animal, ambiental e dos cientistas em suas pesquisas e suas
aplicações2.
A lei de Biossegurança – nº. 11.105/2005, entre outras regulamentações,
estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que
envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados 3.
Este dispositivo é bastante polêmico e tem em seu artigo 5º 4, o qual
libera as pesquisas com células-tronco embrionárias no país, o seu ápice. Tanto é
que foi parar no STF em maio de 2005, pelo ex-procurador da República Cláudio
Fonteles, que considera o artigo inconstitucional, alegando que “o artigo 5º da
Constituição Federal garante o direito à inviolabilidade da vida humana, e que os
embriões são seres vivos” 5.
As pesquisas embrionárias, após muita discussão, foram aprovadas
pelos ministros do STF em 29/05/2008, onde seis ministros do tribunal votaram a
favor das pesquisas e os outros cinco sugeriram mudanças na lei 6.
O direito à vida, no âmbito da legislação supranacional, se apresenta sob
o prisma dos direitos humanos, e na esfera nacional, é encontrado em várias
normas, a começar pela Carta Maior.
No campo infraconstitucional, o Código Civil de 2.002 resguarda este
direito em muitos artigos, assim como tem amparo jurídico-penal no Código Penal

2
MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus. Curso de Bioética e Biodireito. São Paulo:
Atlas, 2010, p. 6.
3
VADE MECUM SARAIVA. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
4
Art. 5º. É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias
obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo
procedimento, atendidas as seguintes condições:
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que,
já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a
partir da data de congelamento.
o
§ 1 Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
o
§ 2 Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-
tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos
respectivos comitês de ética em pesquisa.
o
§ 3 É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo e sua prática
implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.
5
VEJA.COM. Lei de Biossegurança - março de 2008. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/biosseguranca/index.shtml>. Acesso
em: 25 nov. 2011.
6
CUCOLO, Eduardo. STF aprova realização de pesquisas com células-tronco embrionárias. Folha
Online. Brasília, 29/05/2008. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u406855.shtml>. Acesso em: 25 nov. 2011.
4

brasileiro de 1.940. Algumas Leis serão vistas com mais detalhes, como as Leis
ns. 8.974/95, 9.434/97 e principalmente a Lei n. 11.105/05 (Lei da
Biossegurança).
Em alguns países, principalmente os europeus, as disposições
doutrinárias e legais estão mais avançadas do que o Brasil, e também mais
coerentes com o desenvolvimento científico atual.
Não existe um consenso mundial para a liberação das pesquisas com
células humanas, mas o que se vê hoje é a tendência da prática das mesmas
com células-tronco embrionárias, entretanto, com rígidas restrições éticas.

CONCLUSÃO

O século XX foi marcado não só pelas guerras e pelos crimes, mas


também pela vida, pois através das descobertas científicas, a espécie humana
melhorou sua saúde. Da mesma forma que traz esperança à humanidade, traz
perigo caso seja manipulado erroneamente, com falta de ética.
Destarte, ao impor limites nesta busca de melhorar a qualidade de vida
dos cidadãos, a Bioética e o Biodireito são usados para proteger e respeitar a
VIDA, desde sua concepção.
E o Brasil, com a atual Lei de Biossegurança que liberou as pesquisas
com células-tronco embrionárias, com as devidas restrições, está no caminho
certo nesse campo “embrionário” da área jurídica.
Portanto, diante do sucesso terapêutico que essas pesquisas têm obtido,
elas devem ser incentivadas cada vez mais, porém com responsabilidade civil,
penal e administrativa, da mesma forma, obedecerem aos princípios éticos e
morais.

REFERÊNCIAS
5

BRASIL. Lei de Biossegurança, n. 11.105 de 24 de março de 2005. Disponível


em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm>.
Acesso em: 09 mar. 2012.

CUCOLO, Eduardo. STF aprova realização de pesquisas com células-tronco


embrionárias. Folha Online, Brasília, 29/05/2008. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u406855.shtml>. Acesso em: 25
nov. 2011.

DICIONÁRIO ON LINE. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/>. Acesso


em: 20 mar. 2012.

DINIZ, Maria Helena apud MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus. Curso
de Bioética e Biodireito. São Paulo: Atlas, 2010.

MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus. Curso de Bioética e Biodireito.


São Paulo: Atlas, 2010.

VADE MECUM SARAIVA. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

VEJA.COM. Lei de Biossegurança - março de 2008. Disponível em:


<http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/biosseguranca/index
.shtml>. Acesso em: 25 nov. 2011.

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