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Biodireito

UNIDADE I - Bioética, biodireito e biossegurança

1.1 - Definição e noções gerais.


O Desenvolvimento de técnicas de reprodução humana assistida: escolha
de sexo dos bebês e de outras características, possibilidade de descarte dos
embriões excedentários, discussões acerca do início da vida e do que se
entende por aborto, pílula do dia seguinte, utilização de células tronco para fins
de clonagem humana, transplante de órgãos e tecidos, prolongamento da vida,
mudança de sexo, produção e comercialização de produtos transgênicos, entre
outros, são fatores que estão a motivar o surgimento e desenvolvimento do
biodireito.

1.2 - Relação entre ética, biodireito.

Bioética:
 Termo criado em 1971 pelo oncologista americano Van R.Potter;
 Ramo da ciência que se destina a estudar os problemas éticos
gerados pelos avanços nas ciências biológicas e médicas;
 Estudo sistemático da conduta humana na área das ciências da vida
e do cuidado da saúde, quando esta conduta se examina à luz dos
valores e dos princípios morais;
 O maior mérito da bioética é sistematizar o tratamento de questões
diversas, mas que devem guardar entre si, necessariamente,
princípios e fins comuns;

Biodireito:
 Embora pareça que as ciências em geral, ao menos em seu aspecto
investigatório, não devam ter restrições intrínsecas, sempre se
vetaram determinadas práticas, por razões religiosas, éticas ou
culturais, havendo na atualidade uma série de regras que, se não
condicionam o exercício da inteligência, ao menos restringem alguns
experimentos e certas aplicações práticas da medicina;
 Cabe ao Direito, por meio da lei, entendida como expressão da
vontade da coletividade, definir a ordem social, na medida em que
dispõe dos meios próprios e adequados para que essa ordem seja
respeitada;
 O direito é a regra que uma sociedade se dá.
 “É o ramo do direito público que se associa à bioética, estudando as
relações jurídicas entre o direito e os avanços tecnológicos
conectados à medicina e à biotecnologia.” (Maluf, 2020, p.28)
1.3 - Princípios da Bioética e Biodireito.

Princípios da Bioética:
 Autonomia: respeito a valores e crenças individuais, dele resultando a
exigência do consentimento livre e informado dos pacientes.
 Beneficência: obrigação de não causar dano, ampliando os benefícios
e reduzindo os riscos.
 Não Maleficência: contém a obrigação de não causar dano intencional.
 Justiça ou Imparcialidade: tratamento igualitário aos que se encontram
em iguais condições.

Princípios do Biodireito:

 Autonomia: impõe respeito aos valores e crenças individuais. Ligado ao


autogoverno e às decisões sobre tratamentos médicos e
experimentações científicas. As decisões clínicas deverão ser tomadas
em conjunto na relação médico-paciente.
 Beneficência: ligado ao bem-estar do paciente.
 Sacralidade da Vida: proteção à vida como norte nas experimentações
médico-científicas.
 Dignidade Humana: à vida humana deve ser direcionado tratamento
responsável e digno.
 Justiça: imparcialidade na distribuição de riscos e benefícios entre os
envolvidos na pesquisa científica e nas práticas médicas.
 Cooperação: livre intercâmbio de experiências científicas e mútuo
auxílio tecnológico e financeiro entre países, tendo em vista a
preservação do ambiente e da vida.
 Precaução: impossibilidade de se efetuar qualquer pesquisa científica
até que se comprovem a inexistência de consequências maléficas.
 Ubiquidade: tem por valor principal a proteção da espécie, do meio
ambiente, da biodiversidade e do patrimônio genético.

1.4 - O Biodireito e suas interfaces com a Constituição Federal e o Código


Civil.
 Os princípios constitucionais ou princípios gerais do direito
compreendem os valores primordiais de nossa sociedade, traduzindo,
em sua maioria, direitos fundamentais do homem. Por sua natureza, os
princípios constitucionais devem constituir os princípios do biodireito.
 Não há em nossa Constituição um capítulo dedicado ou pertinente à
Bioética ou ao Biodireito. Na verdade, todas as disposições
constitucionais relativas à vida humana, sua preservação e qualidade,
estão imbricadas com o Biodireito, que não se restringe às questões
atinentes à saúde, ao meio ambiente ou à tecnologia.

1.5 - Macro e Microbiodireito:


 Macro biodireito: tem foco nas relações ambientais , no patrimônio
natural, artificial e cultural.
 Micro biodireito: estuda questões relacionadas aos seres
humanos.

1.6 -     Biossegurança:
 A Lei 11.105/2005 busca assegurar o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo essencial à
sadia qualidade de vida;
 A Lei nº 11.105/2005 veio regulamentar os incisos II, IV e V do
parágrafo 1º do art. 225 da Constituição Federal, bem como
estabelecer normas de segurança e mecanismos de fiscalização de
atividades que envolvam organismos geneticamente modificados e
seus derivados. Ela também criou o Conselho Nacional de
Biossegurança e reestruturou a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança. Além disso, ainda dispôs sobre a Política Nacional
de Biossegurança;
 A Lei nº 11.105/2005 inovou o sistema jurídico de proteção
ambiental pátrio ao dispor expressamente sobre o princípio da
precaução, adotando-o em seu primeiro artigo. A finalidade
do princípio da precaução é a proteção ambiental através da
cautela. Sua definição consiste em aplicar medidas precautórias em
casos nos quais haja risco de significativos impactos ambientais
negativos, mesmo em situações nas quais exista o
desconhecimento científico acerca da sua probabilidade de
ocorrência. Sua aplicação advém, assim, da conjugação da
incerteza científica somada à possibilidade de riscos ambientais
graves.

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