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Bio, do grego bios, significa a vida pulsante que nos mantém vivos enquanto corpos
Ética, do grego ethos, que pertence ao carácter, modo de ser, e representa a conduta moral no
relacionamento entre os humanos, e destes com outras formas de vida (animais, plantas)
A Bioética surgiu em meados do século XX, pois o grande desenvolvimento da medicina e da ciência levou a
grandes modificações da vida humana, promovendo o conforto humano e a longevidade, e levantando novos
desafios éticos, como o uso de cobaias vivas humanas e animais para a validação da investigação científica,
praticando atos não éticos para conseguir os resultados desejados. A Bioética surgiu como necessidade de
evitar essas práticas não éticas.
Thomas L. Beauchamp (1939 – presente), filósofo e professor universitário, e James F. Childress (1940 -
presente), filósofo, teólogo e professor universitário, escreveram o livro Princípios de Ética Biomédica, são dois
dos autores de referência no estudo da Bioética. O seu estudo não partiu do zero, mas teve como ponto de
partida anteriores teorias da ética, como a Kantiana, difundida por Kant, a Utilitarista difundida por Mill e
Bentham e até os tratados e aforismos do, por muitos considerado o pai da medicina, Hipócrates (460 a.c. –
377a.c.). Assim, alguns princípios parecem contradizer os outros, mas é importante agir com bom senso, seguir
o senso comum.
Novos dilemas, tabus, polémicas, apareceram com o desenvolvimento de toda a ciência, sobretudo no campo
da pesquisa científica e consequentes práticas médicas para aplicação das novas descobertas. O desabrochar
do sentimento dos direitos humanos e dos animais levantou a necessidade de evitar e condenar
comportamentos que de algum modo ferissem esses direitos à vida.
Entre as questões polémicas, destaca-se o aborto, as células estaminais, a eutanásia, o suicídio assistido,
clonagem, fertilização in vitro, direitos dos animais, relação profissional de saúde e paciente, relação cientista
e cobaia…
Muitas destas questões, têm enquadramento legal, variável de país para país, mas questiona-se a objeção de
consciência por parte dos profissionais de saúde e a moralidade da prática de determinados atos que sendo
por si só moralmente condenáveis, justificam os fins/benefícios a alcançar.
A Bioética, procura evitar que a vida seja afetada, e tenta regular toda esta prática no maior benefício para o
maior número possível, e estabelece os quatro princípios básicos que devem nortear quer o trabalho de
investigação que envolve cobaias vivas, quer as práticas/técnicas médicas que lidam diretamente com a vida.
Não – maleficência
O profissional de saúde deve ter habilitações não só para o atendimento mas também para a comunicação,
preocupando-se não só com os fatores objetivos mas também com os subjetivos, consciente que as emoções
podem ser a principal causa da sintomatologia apresentada.
Acima de tudo não causar dano. O profissional de saúde apenas pode executar ações para as quais esteja
devidamente habilitado, tendo a obrigação de continuamente zelar pela sua formação profissional.
Autonomia
A autonomia diz respeito à liberdade de escolha que o paciente tem, podendo emitir a sua opinião e aceitar ou
rejeitar o que é proposto pelo profissional de saúde, agindo de forma voluntária e esclarecida. (Ética Kantiana)
Também o profissional de saúde tem o direito de emitir a sua opinião sobre as propostas do paciente,
podendo rejeitar o que for contrário à sua consciência, ao tratamento que julgue mais adequado, ou que
esteja fora da esfera do seu conhecimento.
É reconhecido o direito a cada ser de gerir, com conhecimento pleno, a própria vida, corpo e mente, sendo
que esse direito é atribuído aos representantes legais quando não for considerado capaz de responder por si.
A solicitação do consentimento informado protege o profissional de saúde de danos profissionais, uma vez
que é autorizado pelo paciente, a executar as terapias de que o paciente foi devidamente informado.
Beneficência
O objetivo do profissional de saúde é praticar o bem para o outro, praticando ações que sejam para o melhor
interesse do paciente, aumentando os benefícios e reduzindo os danos, evitando todo e qualquer mal. Se
causar algum dano for inevitável, esse dano deve produzir um bem maior, (Ética Utilitarista) (amputar um
membro ou extrair um órgão para garantir a sobrevivência) e ser executado com o dever de cuidado e
devidamente informado o paciente ou os seus representantes legais dos procedimentos a executar e quais as
expetativas, solicitando a sua autorização.
Justiça
Estabelece o princípio da equidade, devendo o profissional de saúde ser imparcial no atendimento e prática
das técnicas terapêuticas, reconhecendo o direito que cada paciente tem de ser tratado da maneira correta,
impedindo que quaisquer tipos de aspetos discriminatórios (cor, raça, religião, partido político, género,
convicções…) interfiram na relação profissional de saúde / paciente.
A equidade implica o reconhecimento das diferenças, e o direito a ser tratado de modo diferente, de acordo
com as necessidades de cada um, abranda a rigidez da regra e flexibiliza o modo de ação, na medida em que é
preciso tratar de modo diferente quem é diferente, mas impedindo quaisquer tipos de descriminação.
O profissional de saúde deve agir de acordo com virtudes consideradas universais, como honestidade,
transparência, lealdade, dignidade, compaixão, amizade…