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Disciplina: PRR - Avaliação Clínica Facial e Corporal, Elaboração de Ficha de

Anamnese, Elaboração de TCLE, Bioética e Responsabilidade Legal por


Clínica de Estética
Identificador da tarefa: Tarefa 1. Envio de arquivo
Pontuação: 20 pontos

Tarefa 1

No artigo: Weber, JBB. Estética e Bioética. Revista da AMRIGS, Porto


Alegre, 55 (3): 302-305, jul.-set. 2011., que está disponível na biblioteca da
disciplina, o autor faz um relato histórico de como o conceito de beleza foi
primeiramente introduzido na sociedade por meio dos pensamentos filosóficos
de Platão e René Descartes. Além disso, menciona os princípios bioéticos que
devem ser respeitados pelo Biomédico Esteta durante o exercício profissional e
relata os perigos das doenças associadas à imagem corporal. Casos esses,
que podem ser encontrados pelo profissional Biomédico em seu consultório.
Por fim, explica os fundamentos dos códigos deontológicos. Com isso,
baseado nos seus conhecimentos adquiridos durante a disciplina e no artigo
citado, elabore um texto dissertativo expondo o seu ponto de vista sobre: A
importância da utilização dos princípios bioéticos no consultório
biomédico na orientação dos procedimentos estéticos, de acordo com a
necessidade do paciente. Levando em consideração a presença de um
paciente portador de um transtorno dismórfico corporal ou vigorexia.
Qual seria a postura que o Biomédico Esteta deveria tomar nesses
casos?

O texto deve possuir entre 750 e 1000 palavras.


O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é um transtorno mental que se
caracteriza por afetar a percepção que o paciente tem da própria imagem
corporal, levando-o a ter preocupações irracionais sobre defeitos em alguma
parte de seu corpo (por exemplo: nariz torto, olhos desalinhados, imperfeições
na pele etc). Essa percepção distorcida pode ser totalmente falsa (imaginária)
ou estar baseada em alterações sutis da aparência, resultando numa reação
exagerada a respeito, com importantes prejuízos no funcionamento pessoal,
familiar, social e profissional. Acomete mais frequentemente o sexo feminino e
inicia-se em geral na adolescência. A preocupação causa ao paciente um
significativo sofrimento emocional ou prejuízo acentuado em sua capacidade
para funcionar em áreas importantes.

O aumento constante na busca por procedimentos com finalidades


estéticas, novas técnicas, novos produtos com esta finalidade têm surgido no
mercado. É claro que todo o ser humano tem alguma preocupação com sua
estética pessoal. Todos querem ter uma aparência agradável e uma boa
saúde. Mas será que esta busca por procedimentos estéticos visa sempre uma
melhora de saúde para o paciente? Qual o limite entre a saúde e doença na
busca por uma perfeição muitas vezes inatingível?

É necessária, então, uma reflexão quanto a incessante busca por uma


perfeição corporal, através de procedimentos estéticos muitas vezes com
grandes riscos associados para a saúde do paciente e, muitas vezes,
desnecessários. As decisões devem estar baseadas em uma aliança entre o
paciente e a equipe médica na busca da melhor alternativa terapêutica,
levando em consideração as indicações técnicas, os valores e os princípios do
paciente, bem como todas as consequências do tratamento. Somente assim
diminuiremos a possibilidade de um ato eticamente incorreto ou injusto.

Antes de todo tratamento estético é necessária uma anamnese


detalhada com informações sobre histórico clinico, rotina, e expectativas que o
paciente espera do procedimento. O profissional preserva sua autoridade
enquanto detentor de conhecimento e habilidades específicas, assumindo a
responsabilidade pela tomada de decisões técnicas. O paciente também
participa ativamente do processo de tomada de decisões, exercendo seu poder
de acordo com o estilo de vida e valores morais e pessoais. Cabe ao
profissional de saúde tentar destacar os valores dos pacientes e fazer com que
o paciente escolha a decisão que melhor coincida com estes valores. O
profissional da saúde age como conselheiro. Para isto, o paciente deve estar
em sua plena capacidade de decidir o que é melhor para ele, livre de qualquer
transtorno relacionado a sua imagem corporal ou de influências externas.

A Bioética trata, de forma geral, dos aspectos éticos relacionados com o


fenômeno vida nas suas múltiplas variedades. De modo particular, ela estuda
os problemas éticos entre Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Filosofia, e
Direito que investiga as condições necessárias para uma administração
responsável da Vida Humana, animal e ambiental. A utilização dos princípios
bioéticos é muito importante para a decisão de qualquer procedimento estético.

Beauchamp e Childress em 1979 descreveu o principialismo que


determina quatro deveres fundamentais da Bioética. São eles: beneficência,
não maleficência, justiça e respeito a autonomia, todos considerados “deveres
prima facie” para os profissionais da saúde. Autonomia é a capacidade de uma
pessoa para decidir fazer ou buscar aquilo que ela julga ser melhor para si
mesmo. Entretanto, para que ela possa exercer esta autodeterminação, são
necessárias duas condições fundamentais: (A) capacidade para agir
intencionalmente e (B) liberdade, no sentido de estar livre de qualquer
influência controladora. O respeito à autonomia do paciente é a base do
processo de Consentimento Informado, que além de ser um aspecto legal é,
acima de tudo, uma atitude eticamente correta.

Entende-se que os procedimentos estéticos são altamente eficazes,


possibilitando a solução de muitos problemas relacionados à estética corporal e
facial. Por outro lado, os pacientes têm buscado cada vez mais estes
procedimentos, muitas vezes sem necessidades ou indicação médica
submetendo-se a tratamentos com riscos associados. A beleza padronizada
pela mídia mundial que se baseia em modelos anoréxicas, propagandas
sensacionalistas, produtos de beleza e medicamentos autoaplicáveis
disponíveis no mercado e a facilidade de acesso aos procedimentos cirúrgicos
por grande parte da população podem ser apontados como os principais
responsáveis por esta busca incessante pela estética corporal. Cabe, então, ao
profissional assumir uma postura eticamente correta, respeitando a autonomia
do paciente, seus valores, mas sempre levando em consideração as indicações
técnicas, os riscos dos procedimentos e, principalmente, o benefício que isto
trará ao paciente, respeitando outro princípio básico da linha Principialista da
Bioética, a Beneficência, onde o objetivo principal é o bem-estar do paciente,
com minimização de riscos e maximização de benefícios.

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