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Essa análise tem por objetivo sanar as dúvidas que vem surgindo desde o

advento da Lei 13.643 de 03 de abril de 2018. Foram destrinchados todos os


comandos legais previstos na norma, utilizando como parâmetros a intenção
da legisladora em regulamentar a profissão do Esteticista, Deputada Soraya
Santos (com quem o Mutirão da RegulamentAÇÃO atuou em conjunto durante
toda a tramitação do Projeto de Lei 2332/15 até a sanção da Lei, quando se
transformou em ANESCO), a Constituição da República/88, bem como as
demais leis aplicáveis ao caso para esclarecer tudo a respeito da Lei que
Regulamentou a profissão de Esteticista e Cosmetólogo. Esse entendimento
poderá sofrer alterações na forma do Regulamento da profissão a ser ainda
estabelecido quando for criado o Conselho Nacional de Estética e
Cosmetologia.

LEI 13.643/18 COMENTADA

Regulamenta as profissões de Esteticista, que compreende o Esteticista e


Cosmetólogo, e de Técnico em Estética.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono


a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei regulamenta o exercício das profissões de Esteticista, que compreende o
Esteticista e Cosmetólogo, e de Técnico em Estética.

O artigo primeiro regulamenta o exercício da profissão de Esteticista e divide a categoria em dois


grupos de profissionais:

a. Técnico em Estética - profissionais de nível médio com curso Técnico com concentração
em Estética;

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b. Esteticista e Cosmetólogo - profissionais de nível superior de Tecnologia com
concentração em Estética e Cosmetologia ou o seu equivalente, o bacharel com
concentração em Estética e Cosmetologia.

Parágrafo único. Esta Lei não compreende atividades em estética médica, nos termos
definidos no art. 4o da Lei no 12.842, de 10 de julho de 2013.

O parágrafo único veda qualquer tipo de atividade de estética médica que é de competência
privativa do médico, como os procedimentos invasivos.

Existe ainda hoje, uma certa confusão entre procedimentos “injetáveis” (intradérmicos e
subcutâneos) e procedimentos “invasivos”.

Segundo a legislação em vigor no Brasil, o conceito legal de “procedimento invasivo” é o que está
descrito na Lei nº 12.842 de 10 de julho de 2013 que dispõe sobre o exercício ilegal da medicina,
mais conhecido como Ato Médico, previsto no artigo 4º, § 4º, inciso III:

Art. 4º São atividades privativas do médico:


[…]

III – indicação da execução e execução de procedimentos invasivos, sejam


diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, incluindo os acessos vasculares profundos,
as biópsias e as endoscopias;
[…]

§ 4º Procedimentos invasivos, para os efeitos desta Lei, são os caracterizados por


quaisquer das seguintes situações:
I – (VETADO) Invasão da epiderme e derme com o uso de produtos químicos ou
abrasivos;
II – (VETADO) Invasão da pele atingindo o tecido subcutâneo para injeção, sucção,
punção, insuflação, drenagem, instilação ou enxertia, com ou sem o uso de
agentes químicos ou físicos;
III – invasão dos orifícios naturais do corpo, atingindo órgãos internos.

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O Esteticista pode executar procedimentos faciais, corporais e capilares desde que não infrinja a
Lei do Ato Médico e que utilize todos os seus recursos de trabalho registrados na Anvisa, como
cosméticos, materiais para as técnicas estéticas (das mais simples às mais avançadas) e os
equipamentos.

Todas as profissões da área da saúde evoluem rapidamente e assim o Esteticista está em franca
evolução com relação a equipamentos, substâncias e técnicas. Quando utilizamos, por exemplo, a
técnica de Toxina Botulínica para fins estéticos, precisamos utilizar uma substância registrada na
Anvisa (que não necessita de receita específica médica). Se é uma técnica utilizada para fins
estéticos, não para fins terapêuticos em outras instâncias, não há impedimento para o Esteticista,
desde que o profissional tenha a perícia técnica para atuar com tal procedimento ou com uso de
um equipamento de estética.

Art. 2º O exercício da profissão de Esteticista é livre em todo o território nacional, observadas


as disposições desta Lei.

A Constituição estabelece o direito ao livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde
que sejam atendidas as qualificações profissionais necessárias estabelecidas pela lei. Isso
significa que o profissional que não se enquadrar nos requisitos exigidos nesta lei: SER TÉCNICO
EM ESTÉTICA, TER O NÍVEL SUPERIOR EM ESTÉTICA OU SER EQUIPARADO AO TÉCNICO
POR COMPROVAÇÃO DE TEMPO TRABALHADO COM ESTÉTICA, não poderá exercer a
profissão de Esteticista e Cosmetólogo.

Art. 3º Considera-se Técnico em Estética o profissional habilitado em:

I - curso técnico com concentração em Estética oferecido por instituição regular de


ensino no Brasil;

II - curso técnico com concentração em Estética oferecido por escola estrangeira, com
revalidação de certificado ou diploma pelo Brasil, em instituição devidamente reconhecida
pelo Ministério da Educação.

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Parágrafo único. O profissional que possua prévia formação técnica em estética, ou que
comprove o exercício da profissão há pelo menos três anos, contados da data de entrada
em vigor desta Lei, terá assegurado o direito ao exercício da profissão, na forma estabelecida
em regulamento.

O artigo 3º conceitua quem é o Técnico em Estética: é aquele que tem curso Técnico com
concentração em Estética, oferecido por instituição reconhecida pelo MEC ou curso técnico com
concentração em Estética por escola estrangeira com a devida revalidação no Brasil.

O Catálogo Nacional de Cursos Técnicos – CNCT do MEC de janeiro de 2014, na página 22, explica
que o curso Técnico em Estética deverá ter carga horária mínima de 1.200 (mil e duzentas) horas.

Dessa forma, serão considerados Técnicos em Estética os profissionais que:

a. que tenham concluído o curso Técnico com concentração em estética;

b. que tenham cursado a carga horária mínima de 1.200 (mil e duzentas) horas (CNCT/2014
fls. 22), em instituição de ensino reconhecida pelo MEC ou o curso Técnico com
concentração em Estética realizado por escola estrangeira, com revalidação de certificado
em instituição devidamente reconhecida pelo MEC.

Obs.: O CNCT/2014, na forma da Resolução CNE/CEB nº 01/2014, trouxe em seu escopo uma
regra de transição, onde as instituições de ensino tiveram um ano para se adequar às
normativas do Catálogo. Assim sendo, para os cursos Técnicos com concentração em Estética
iniciados até dezembro de 2015, não foi exigida essa carga horária mínima de 1.200 horas,
medida esta que visou garantir o Direito Adquirido dos alunos que já cursavam referidos cursos.

O parágrafo único do art. 3º da Lei 13.643/18 também reconhece como Técnico em Estética o
profissional que puder comprovar o efetivo exercício da atividade de Esteticista por pelo menos 03
(três) anos contados da data da publicação da Lei. Esta medida também visa garantir o Direito
Adquirido dos profissionais que não tenham o curso técnico ou a graduação em Estética, mas que
têm o tempo de experiência e prática necessárias para continuar atuando.

Os parâmetros de convalidação do tempo de atividade SÓ SERÃO INSTITUÍDOS PELO


CONSELHO FEDERAL DE ESTÉTICA E COSMETOLOGIA. Nenhuma instituição, senão o

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Conselho, poderá criar parâmetros de validação de tempo de atividade ou convocar os
profissionais para validar esse tempo na profissão de Esteticista, muito menos cobrar por
tais serviços.

Cursos livres ou cursos profissionalizantes NÃO FORAM AMPARADOS NA LEI. Mesmo se o


profissional somar mais de 1200 horas de cursos livres ou profissionalizantes, não será considerado
Técnico em Estética, nos termos do parágrafo único do Art. 3º da Lei 13.643, a não ser os que
comprovarem ter mais de 03 (três) anos de efetivo exercício da profissão a contar da data em vigor
da lei.

Os responsáveis pelos cursos livres têm que deixar claro, inclusive por escrito, que são
exclusivamente para o aperfeiçoamento do profissional que já é Esteticista graduado ou
técnico e que não sendo, o curso não forma um Esteticista e que não poderá atuar na
estética. Quem fizer um curso livre e só vir a ter ciência de tal fato depois, pode exercer o seu papel
de consumidor e pedir seus prejuízos financeiros com o curso de volta.

Talvez uma das questões mais aventadas seja a da pós-graduação com concentração em Estética.
Existe ainda uma grande confusão sobre as finalidades e as habilitações dos cursos de
graduação e pós-graduação.

Após formados em uma determinada área de atuação, muitos profissionais despertam interesse
em cursos de pós-graduação de outras áreas. É possível ser graduado em uma área e fazer uma
pós-graduação em uma área diferente da sua graduação. Entretanto, para exercer as atividades
de uma profissão de nível superior, regulamentada por lei, é preciso ser portador de diploma
de graduação naquela área e ter o registro no Conselho daquela profissão.

Uma pós-graduação não habilita ninguém a trabalhar em uma área diferente da graduação,
ou seja, a pós apenas complementa/aprofunda o que foi estudado na graduação. Isso se
deve ao fato de que a especialização enfoca aspectos específicos da área profissional a que
se destina, com maior profundidade, enquanto na graduação se procura dar uma formação
ampla e completa.

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O profissional de outra área que faz uma pós-graduação em Estética não é habilitado como
Esteticista e Cosmetólogo. Trata-se de uma grade curricular bem específica e é a grade curricular
de uma graduação que pode habilitar para a prática de uma profissão. Como exemplo, podemos
citar o Esteticista que faz uma pós-graduação em nutrição estética para ampliar o seu conhecimento
e melhorar seus resultados em consutório, entretanto essa pós-graduação não lhe dará a chancela
para trabalhar como Nutricionista. Para tal, o profissional deverá fazer uma graduação na área de
Nutrição. Da mesma forma, profissionais que queiram atuar como Esteticistas deverão fazer um
curso técnico ou uma graduação na área da Estética e Cosmetologia. Mais uma vez, conta aí o fato
de que, se o profissional comprovar ter mais de 03 (três) anos de efetivo exercício da profissão a
contar da data em vigor da lei, poderá ser equiparado ao Técnico em Estética.

Ressaltamos que essa é uma análise perfunctória dos termos previstos na Lei 13.643/18 e que
somente o Conselho Federal de Estética e Cosmetologia, quando for criado, é quem dará a
normativa final acerca dessa situação dos profissionais de outras áreas da saúde que migram e
atuam como Esteticistas e Cosmetólogos e de tantas outras questões que ainda são polêmicas.

Para o profissional que apenas possua cursos livres, profissionalizantes, que seja de outra área de
atuação e tenha apenas uma pós-graduação em Estética e que não possa comprovar o exercício
da atividade profissional por pelo menos 03 (três) anos aconselhamos:

a. Realizar um curso Técnico com concentração em Estética com carga horária mínima de
1200 (mil e duzentas) horas, de acordo com CNCT de janeiro/2014 em uma instituição
reconhecida pelo MEC; ou

b. Realizar um curso superior (tecnólogo ou bacharel) com concentração em Estética e


Cosmetologia com carga horária mínima de 2000 (duas mil) horas, em instituição
reconhecida pelo MEC.

Ressaltamos aqui para o profissional que está em busca de uma Instituição de Ensino e também
para quem ainda está cursando: preste muita atenção e analise a grade curricular para não
cursar técnicos ou faculdades que tenham disciplinas não abrangidas pela área da saúde,
mas que adentram a área do Embelezamento e Imagem Pessoal (maquiagem, corte de cabelo,

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embelezamento de mãos e pés, depilação, maquiagem etc). Trata-se de outra área de atuação,
inclusive registrada no Ministério do Trabalho, na Classificação Brasileira de Ocupações sob o nº
5161, Embelezamento e Imagem Pessoal (que compreendem profissões como barbeiro,
cabeleireiro, depilador, manicure, etc), enquanto o Esteticista está classificado na CBO nº 3221, na
área da saúde. Nas muitas visitas do Sindestetic RJ à faculdades e cursos técnicos que
disponibilizam esse tipo de matéria, as respostas são variadas: que o MEC aceita, que o profissional
tem que conhecer a técnica no caso de abrir um salão de beleza, entre outros tantos absurdos.
Existem muitas faculdades que respeitam e conhecem o trabalho do Esteticista como
profissional da área da saúde, procure por essas faculdades. Isso é tão – ou mais – importante
do que saber a nota da Instituição no MEC.

Observe também se a grade curricular possui a disciplina de pré e pós-operatório, essencial na


área da Estética. Não contrate Instituições de Ensino que não forneçam cursos com a carga horária
mínima e que disponibilizem aos alunos a infraestrutura mínima exigida pelo MEC, como por
exemplo laboratórios e equipamentos atualizados para as disciplinas práticas para não ter
problemas de não reconhecimento pelo Conselho da Classe quando esse for criado.

Na dúvida, consulte a ANESCO para análise das grades curriculares e notas no MEC das
Instituições de Ensino.

Outra observação importante a ser feita é a procura por Instituições de Ensino que valorizem o
profissional da Estética e mantenham em seus quadros de professores Esteticistas e
Cosmetólogos, inclusive, na coordenação.

Art. 4º Considera-se Esteticista e Cosmetólogo o profissional:

I - graduado em curso de nível superior com concentração em Estética e Cosmética,


ou equivalente, oferecido por instituição regular de ensino no Brasil, devidamente
reconhecida pelo Ministério da Educação;

II - graduado em curso de nível superior com concentração em Estética e Cosmética,


ou equivalente, oferecido por escola estrangeira, com diploma revalidado no Brasil, por
instituição de ensino devidamente reconhecida pelo Ministério da Educação.

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O artigo 4º conceitua o profissional Esteticista e Cosmetólogo: trata-se do profissional de curso
superior de Tecnologia com concentração em Estética e Cosmetologia ou o seu equivalente, o
bacharel com concentração em Estética e Cosmetologia, podendo o ser também aquele graduado
com diploma superior com concentração em Estética e Cosmetologia, expedido no exterior e
revalidado no Brasil.

OBS.: O Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia – CNCST do MEC passou a exigir,
a partir de 15 de maio de 2016, a carga horária mínima de 2000 horas para os cursos de Tecnologia
em Estética e Cosmetologia (como as outras áreas da saúde), além de uma infraestrutura mínima
para cada curso (fls. 08 e 10 do CNCST/16) e a nomenclatura atualizada. Assim sendo, os
profissionais graduados até maio de 2016 serão abrangidos pelo rol previsto no artigo 4º, inciso I
da Lei 13.643/18, sendo considerados Tecnólogos em Estética e Cosmetologia mesmo se não
tiverem esses requisitos.

Art. 5º Compete ao Técnico em Estética:

I - executar procedimentos estéticos faciais, corporais e capilares, utilizando como


recursos de trabalho produtos cosméticos, técnicas e equipamentos com registro na
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);

II - solicitar, quando julgar necessário, parecer de outro profissional que complemente


a avaliação estética;

III - observar a prescrição médica ou fisioterápica apresentada pelo cliente, ou solicitar,


após exame da situação, avaliação médica ou fisioterápica.

O artigo 5º da lei dispõe sobre as competências profissionais que o Técnico em Estética poderá
realizar em um consultório ou centro de estética: procedimentos estéticos corporais, faciais e
capilares, utilizando como recursos, técnicas e equipamentos com registro na ANVISA.

A lei não especifica esses procedimentos e isso tende a gerar polêmica. Ora, se uma lei federal
descrevesse procedimentos, técnicas e produtos, isso certamente prenderia o profissional no
tempo, pois a Estética evolui muito rapidamente. Dessa forma, o Técnico em Estética pode aplicar
os procedimentos que aprendeu no seu curso técnico, o que consta na sua Classificação Brasileira
de Ocupações da Estética (CBO 3221-30), além de novas técnicas e tecnologias para as quais faça

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o devido treinamento. Quando o Conselho Federal de Estética for criado, regrará todos essas
questões.

O inciso II mostra que o Esteticista, sendo um profissional da área da saúde, deve solicitar, quando
necessário, parecer de outro profissional da área saúde que complemente sua avaliação estética.
Conforme mostra o inciso III, também deve observar a prescrição médica ou fisioterápica, se
houver, e também encaminhar o paciente para essas avaliações caso seja necessário.

Ressalte-se que o art. 5º traz as competências do Técnico em Estética, entretanto, no art. 6º, inciso
IV, fica claro que o Esteticista e Cosmetólogo é o profissional responsável pela elaboração do
programa de atendimento e é o responsável por escolher o tratamento que julgar necessário.

Nesse caso, podemos entender que o Técnico em Estética não pode atuar livremente em seu
consultório de estética, realizando seus procedimentos sem a supervisão do Esteticista e
Cosmetólogo.

Outro ponto que denota que o Técnico em Estética não pode atuar sozinho fica claro no art. 6º,
inciso I, que mostra que a Responsabilidade Técnica é competência do Esteticista e Cosmetólogo,
profissional de nível superior. Ainda temos a RDC nº 63 da ANVISA que, em seu art. 4º, inciso X,
diz que o Responsável Técnico é “o profissional de nível superior legalmente habilitado, que
assume perante a vigilância sanitária a responsabilidade técnica pelo serviço de saúde, conforme
legislação vigente”, no caso de consultórios ou centros de estética, o Esteticista e Cosmetólogo é
o profissional legalmente habilitado, nos termos da Lei nº 13.643/2018.

Art. 6º Compete ao Esteticista e Cosmetólogo, além das atividades descritas no art. 5º desta
Lei:

I - a responsabilidade técnica pelos centros de estética que executam e aplicam


recursos estéticos, observado o disposto nesta Lei;

II - a direção, a coordenação, a supervisão e o ensino de disciplinas relativas a cursos


que compreendam estudos com concentração em Estética e Cosmetologia, desde que
observadas as leis e as normas regulamentadoras da atividade docente;

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III - a auditoria, a consultoria e a assessoria sobre cosméticos e equipamentos
específicos de estética com registro na Anvisa;

IV - a elaboração de informes, pareceres técnico-científicos, estudos, trabalhos e


pesquisas mercadológicas ou experimentais relativos à Estética e à Cosmetologia, em sua
área de atuação;

V - a elaboração do programa de atendimento, com base no quadro do cliente,


estabelecendo as técnicas a serem empregadas e a quantidade de aplicações necessárias;

VI - observar a prescrição médica apresentada pelo cliente, ou solicitar, após avaliação


da situação, prévia prescrição médica ou fisioterápica.

O artigo 6º enumera as competências e as responsabilidades do profissional Esteticista e


Cosmetólogo. Além das competências já relacionadas no artigo 5º (competências do Técnico), são
também competentes para realizar o que se encontra previsto nos incisos de I a VI:

O inciso I mostra que é da competência do Esteticista e Cosmetólogo a Responsabilidade Técnica


pelos Centros de Estética, observado o disposto nesta lei, ou seja, zelando pelos princípios éticos,
transparência, segurança com os clientes, normas de biossegurança entre outros.

Existem Resoluções de Conselhos Federais de outras profissões que migram para a área da
estética, dispondo sobre outros profissionais serem Responsáveis Técnicos em centros de estética.
Entretanto, após a Lei Federal que regulamentou a profissão de Esteticista e Cosmetólogo, essas
Resoluções tornam-se inconstitucionais, pois tratam da mesma matéria, entretanto, contra
legem.

Se uma norma jurídica posterior – e superior – é criada e passa a tratar sobre uma matéria
que não era regulada por lei, essa Resolução (norma inferior) perde o efeito a partir do
momento que se torna “contra a lei”.

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Isso significa que Resoluções de Conselhos Federais estão bem abaixo de Leis Federais
Ordinárias, não podendo se sobrepor à Lei do Esteticista.

O inciso II dispõe sobre a competência dos Esteticistas e Cosmetólogos para direção, a


coordenação, a supervisão e o ensino de disciplinas relativas a cursos que compreendam estudos
com concentração em Estética ou Cosmetologia, observadas as leis e as normas que
regulamentam a atividade docente (Lei de Diretrizes e Bases da Educação).

Segundo o inciso III, é de competência do Esteticista e Cosmetólogo o exercício de auditoria,


consultoria e assessoria sobre cosméticos e equipamentos de estética.

No incido IV é apontada a competência para a elaboração de informes, pareceres técnicos


científicos, estudos, trabalhos e pesquisa mercadológica ou experimentais relativos a estética e
cosmetologia.

Já no inciso V, a lei indica que o Esteticista e Cosmetólogo é o responsável pela elaboração do


programa de atendimento, fundamentado no seu Prontuário de Avaliação Estética personalizado e
específico (facial, capilar ou corporal), podendo escolher o tratamento que achar adequado.

É orientado no inciso VI que, havendo prescrição médica, esta deve ser obedecida e, caso não
haja, o profissional poderá elaborar programa de atendimento com base no quadro do paciente
baseado no seu Prontuário de Avaliação Estética. Além disso, orienta também que o Esteticista e

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Cosmetólogo poderá solicitar prescrição médica ou fisioterápica para iniciar o tratamento estético
no paciente com suas orientações.

Essa Lei não impõe que o Esteticista e Cosmetólogo peça permissão a médicos ou a fisioterapeutas
para poder exercer seu ofício, bem como não proíbe qualquer tipo de procedimento
reconhecidamente tratado e constante da Classificação Brasileira de Ocupações da Estética (CBO
3221), da grade curricular dos profissionais reconhecidos pela Lei 13.643/18 e das especializações
que o profissional venha a fazer, desde que não pratique estética médica. Em nenhum momento
a lei instrui que o Esteticista e Cosmetólogo tenha a obrigação de passar sua avaliação estética
pelo crivo de outro profissional da área da saúde quando este não vir a necessidade.

Art. 7º O Esteticista, no exercício das suas atividades e atribuições, deve zelar:

I - pela observância a princípios éticos;

II- pela relação de transparência com o cliente, prestando-lhe o atendimento adequado e


informando-o sobre técnicas, produtos utilizados e orçamento dos serviços;

III - pela segurança dos clientes e das demais pessoas envolvidas no atendimento,
evitando exposição a riscos e potenciais danos.

O inciso I do artigo 7º ensina que o Esteticista deve zelar pelos princípios éticos gerais como
transparência, segurança com os pacientes, sigilo profissional, normas de biossegurança entre
outros.

No inciso II, o profissional deverá manter a clareza e deverá prestar um atendimento apropriado,
assim como esclarecer sobre técnicas e os produtos a que serão utilizados e também sobre
orçamento do tratamento estético.

Já o inciso III mostra a necessidade de se prezar pela segurança dos pacientes e demais pessoas
envolvidas nos tratamentos, evitando a exposição a riscos e danos, de modo que o profissional em
Estética deve seguir todas as normas relativas à biossegurança de seus serviços.

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Art. 8º O Esteticista deve cumprir e fazer cumprir as normas relativas à biossegurança e à
legislação sanitária.

Neste artigo é ressaltado, mais uma vez, a necessidade de cumprir as normas de biossegurança e
o atendimento às normas da Vigilância Sanitária.

Art. 9º Regulamento disporá sobre a fiscalização do exercício da profissão de Esteticista e


sobre as adequações necessárias à observância do disposto nesta Lei.

O artigo 9º aponta que as normas de fiscalização serão dispostas no Regulamento. Esse


regulamento será elencado pelo Conselho de Estética e Cosmetologia ou outro órgão
representativo, quando este vier a ser criado.

Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

A lei já está em vigor desde de 03 de abril de 2018, ou seja, já é necessário cumprir e fazer cumprir
a lei. Lembramos também que se trata de uma Lei Ordinária Federal, o que significa ser superior a
qualquer Resolução de Conselhos Federais de outras profissões.

Dr, FREDERICO GALL DE CARVALHO


Presidente da ANESCO Consultor Jurídico da ANESCO

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