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Perguntas mais frequentes sobre a Responsabilidade Técnica (RT)

O que é a Responsabilidade Técnica exigida pelos órgãos fiscalizatórios nos


consultórios de estética/centros de estética?
Todo consultório de Estética, centro de Estética ou centro de fotodepilação, precisa ter um
profissional de saúde Esteticista e Cosmetólogo, legalmente habilitado, para se
responsabilizar por suas práticas de saúde estética.
O Esteticista realiza procedimentos especializados e, dentre eles, os classificados como
injetáveis, ou com uso de equipamentos, ou de materiais que devem ser descartados por
empresas especializadas, além de materiais que devem ser autoclavados. Compreende-se
como procedimento injetável todo aquele que provoca o rompimento das barreiras naturais
do organismo, levando ao interior do corpo humano substâncias e instrumentos. Os
procedimentos de estética, pelas características das substâncias e/ou serviços ofertados,
podem implicar em risco à saúde da população e à preservação do meio ambiente.
É importante entender que, mais do que uma exigência legal, a manutenção de um RT é
uma garantia que a empresa dá à sociedade de que substâncias, equipamentos ou serviços
estão sendo produzidos/executados sob supervisão de um profissional habilitado em
Estética e Cosmetologia.
O Responsável Legal pode ser o Responsável Técnico?
Sim, o Responsável Legal (o investidor ou o proprietário do estabelecimento) pode ser o RT
desde que seja capacitado nos moldes da Lei nº 13.643/18, art. 6º, inciso I.
Existe um número limitado de responsáveis técnicos por empresa?
Não há um limite. O RT deve estar em tempo integral na empresa e nem sempre é possível
para um só profissional. Além disso, os espaços que contam com equipe multidisciplinar, por
exemplo, com nutricionista, educador físico, precisam de RTs dessas atividades.
Como provar para a fiscalização que sou o RT da empresa?
Nos casos de profissões que tenham Conselho Federal, esse cadastro é feito junto ao
Conselho Federal. Por exemplo, um farmacêutico precisa ser registrado como RT junto ao
seu conselho para trabalhar como RT em uma farmácia ou laboratório.
No caso de centros de estética ou outros locais que atuam com estética, essa competência
é do Esteticista e Cosmetólogo, ou seja, o graduado em Estética é o profissional indicado
pela lei para ser o RT.
Mesmo estando especificado na lei 13.643/18, nem todas as Visas aceitam que o TRT seja
tirado na própria sede da Vigilancia Sanitária da região. A maioria das Visas insiste que o
profissional esteja inscrito em uma instituição representante da classe, por conta de leis e
resoluções Estaduais ou Municipais.
A formalização da RT, nesses casos, deve ser feita com o Termo de Responsabilidade
Técnica (TRT), assinado pelo profissional habilitado junto à empresa contratante e com o
Certificado de Responsável Técnico emitido pela ANESCO ou pelo sindicato da profissão da
região.
A empresa deverá manter o TRT e o Certificado, juntamente com o contrato de parceria
(devidamente homologado pelo sindicato representante) nos moldes da Lei 13.352/16, art.
1º-A, § 8º) ou o contrato de trabalho (no caso de profissional contratado pela CLT).

ATENÇÃO: O sindicato de esteticistas da região deve ser devidamente listado no Cadastro


Nacional de Entidades Sindicais no site do Ministério do Trabalho e Emprego. Existem
empresas que se intitulam sindicatos, mas não possuem carta sindical, ou seja, não são
sindicatos, não estão dentro da lei. Inclusive existe uma empresa que se intitula Conselho
Nacional da Beleza que leva a engano o profissional que paga anuidade, acreditando estar
pagando um Conselho de Classe. Pesquise antes, não pague para ser enganado!
Quem pode assumir a função de Responsável Técnico?
O responsável técnico (RT) é o profissional que tem como função precípua garantir ao
consumidor a qualidade do produto final ou do serviço prestado, e por isso responde civil e
penalmente por eventuais danos que venha a causar ao consumidor decorrente da sua
conduta profissional, uma vez caracterizada sua culpa, seja por negligência, imprudência,
imperícia ou omissão.
De acordo com a Lei 13.643/18, o profissional habilitado para responder como responsável
por um centro de estética, centro de estética avançada, fotodepilação, consultórios de
estética etc e responsável por uma equipe que aplica recursos estéticos é o profissional
graduado em Estética e Cosmetologia:
“Art. 6º Compete ao Esteticista e Cosmetólogo, além das atividades descritas no art.
5º desta Lei:
- a responsabilidade técnica pelos centros de estética que executam e aplicam
recursos estéticos, observado o disposto nesta Lei;”
Existem Resoluções de Conselhos Federais de outras profissões que migram para a área
da estética, dispondo sobre outros profissionais serem responsáveis técnicos em centros de
estética. Entretanto, após a Lei Federal que regulamentou a profissão de Esteticista e
Cosmetólogo, essas Resoluções tornam-se inconstitucionais, pois tratam da mesma
matéria, entretanto, contra legem.
Se uma norma jurídica posterior – e superior – é criada e passa a tratar sobre uma matéria
que não era regulada por lei, essa Resolução de Conselho (norma inferior) perde o efeito a
partir do momento que se torna “contra a lei”.
Isso significa que Decretos e Normativas de Conselhos Federais estão bem abaixo de leis
federais ordinárias, como a Lei do Esteticista.
Um Técnico em Estética pode ser Responsável Técnico por um centro de estética?
O Técnico em Estética é o profissional de nível médio e não pode ser responsável por seu
próprio consultório de estética e nem por uma equipe de trabalho.
Ressalte-se que o art. 5º da Lei 13.643/18 traz as competências do Técnico em Estética:
procedimentos estéticos faciais, corporais e capilares, entretanto, no art. 6º, inciso IV, fica
claro que o Esteticista e Cosmetólogo é o profissional responsável pela elaboração do
programa de atendimento e é o responsável por escolher o tratamento que julgar necessário.

Outro ponto que denota que o Técnico em Estética não pode atuar sozinho está no art. 6º,
inciso I, que mostra que a Responsabilidade Técnica é competência do Esteticista e
Cosmetólogo, profissional de nível superior.

Ainda há a RDC nº 63 da ANVISA que, em seu art. 4º, inciso X, diz que o Responsável
Técnico é “o profissional de nível superior legalmente habilitado, que assume perante a
vigilância sanitária a responsabilidade técnica pelo serviço de saúde, conforme legislação
vigente”, no caso de consultórios ou centros de estética, o Esteticista e Cosmetólogo é o
profissional legalmente habilitado, nos termos da Lei Federal nº 13.643/2018.

Por todo o exposto, fica claro que nem o Técnico em Estética e nem os outros profissionais
não-esteticistas que migram para área da estética não são os profissionais habilitados por
lei para serem Responsáveis Técnicos de centros ou consultórios de Estética.
O Responsável Técnico está sujeito a implicações civis e criminais?
O RT responde pela qualidade e segurança dos produtos e serviços prestados. Se a
empresa pela qual ele responde causar danos aos demais profissionais, aos consumidores
dos seus produtos ou aos pacientes de seus serviços, o RT estará sujeito, juntamente com
a empresa, a responder judicialmente, tanto civil quanto criminalmente a depender do caso
concreto.
Qual deve ser a postura de um Responsável Técnico caso receba determinações de
seu empregador que contrariem o correto exercício das atividades da área da saúde
estética?
Para se precaver de situações como essa, é importante que o RT registre sempre suas
ações. Suas determinações devem ser feitas por escrito e assinadas por quem as receber.
Assim, caso suas orientações sejam desrespeitadas e isso venha a trazer consequências
danosas, o profissional terá uma prova material para se defender. Além dessa precaução, o
profissional deve entrar em contato com o sindicato de estética da sua região, na Visa
Municipal ou diretamente no Ministério Público para denunciar eventuais irregularidades.
Por quantas empresas o Responsável Técnico pode “assinar”?
O RT não pode “assinar” por uma empresa: ele precisa exercer de fato a sua função. A
Responsabilidade Técnica não se restringe ao horário de trabalho acertado com a empresa
contratante ou no contrato de parceria, ela vige 24 horas por dia. Caso ocorra um acidente
no trabalho e fique caracterizado que a causa foi a negligência do RT, ele poderá ser
processado civil e criminalmente, juntamente com a empresa.
Assim sendo, é prudente que o profissional se comprometa a ser RT unicamente no espaço
em que trabalha a fim de evitar que tenha problemas no futuro. Há empresas que mantém
mais de um RT e, nesse caso, cada um fica responsável por um turno ou data específica.
O Responsável Técnico (profissional parceiro ou CLT) precisa fazer algum tipo de
contrato com a empresa?
Em caso de empresa que contrata como CLT, o empregado pode firmar um Termo de
Responsabilidade Técnica (TRT) com a empresa, que deverá ser juntado com o Certificado
de Responsabilidade Técnica emitido pelo sindicato da categoria (com carta sindical válida)
ou pela ANESCO que também se responsabiliza pela verificação da documentação para
emitir o Certificado de Responsável Técnico que é aceito junto às Visas. O profissional que
atua como empregado não precisa fazer um contrato adicional, mas, para efeito de
fiscalização, é prudente que a empresa faça as devidas anotações na Ficha de Registro de
Empregado, indicando a data em que o profissional assumiu a Responsabilidade Técnica
pelo consultório ou centro de estética e manter junto com o Certificado emitido pela ANESCO
ou pelo sindicato regional da categoria.
Caso o RT opte pela prestação de serviços como profissional parceiro, poderá firmar um
Termo de Responsabilidade Técnica (TRT) com a empresa, que deverá ser apresentado ao
sindicato da categoria (com carta sindical válida), juntamente com o contrato de parceria
(contrato esse que só tem validade se for homologado pelo sindicato laboral e patronal,
conjuntamente, representantes da classe, nos moldes da Lei 13.352/16, art. 1º-A, § 8º).
O esteticista e cosmetólogo que pretende abrir o seu próprio consultório, envia seus
documentos para serem analisados pela ANESCO que, após análise, emite o Certificado
de Responsabilidade Técnica para que possa ser levado à Visa. Da mesma forma, pode
ser tirado esse certificado no sindicato dos esteticistas da região, devidamente cadastrado
no site do Ministério do Trabalho.

O que a ANESCO está fazendo para solucionar as questões do Esteticista e


Cosmetólogo e do Técnico em Estética com relação à ANVISA e as Visas?

A ANESCO já esteve em três reuniões com a ANVISA e já esteve em reuniões com os três
últimos Ministros da Saúde em Brasília para negociações sobre o Conselho Federal e para
mudar as questões que envolvem o Esteticista na hora de abrir seu consultório ou centro
de Estética, além de cobrar que a lei seja cumprida e que cada local que excute e aplique
recursos estéticos, tenha um RT Esteticista e Cosmetólogo, nos termos da Lei 13.643/2018,
pois somos a única profissão que tem garantido e assegurado em sua norma
regulamentadora a prerrogativa de atuar com Estética. Continuamos trabalhando para fazer
cessar toda os problemas relativos ao efetivo exercício do Esteticista.

O trabalho continua! Estética tem Lei! Conheça sua Lei, Garanta seus Direitos, Cumpra
com seus Deveres.

MÁRCIA COSTA DA SILVA LARICA


Presidente do Sindestetic RJ
Presidente da ANESCO

Fontes: Lei Federal nº 13.643/2018, Lei 13.352/16, ANVISA, Superintendência da Visa do


RJ, Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado da Saúde de
São Paulo, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho, Ministério da
Justiça, Constituição da República Federativa do Brasil, Fecomércio, Assessoria Jurídica
Sindestic RJ e assessoria jurídica da ANESCO.

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