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ESCOLA TÉCNICA TREINASSE

PRIMEIROS SOCORROS /DOENÇAS OCUPACIONAIS – Modulo III

Índice

o INTRODUÇÃO AO SOCORRO
o ASPECTOS LEGAIS DO SOCORRO
o AS FASES DO SOCORRO
o OS 10 MANDAMENTOS DO SOCORRISTA
o SANGRAMENTO
o ASFIXIA E OBJETOS ESTRANHOS
o ENVENENAMENTO
o CHOQUE ELÉTRICO
o PARADA CÁRDIO –RESPIRATÓRIA
o QUEIMADURAS
o TRANSPORTE DE VÍTIMA
o DOENÇAS OCUPACIONAIS./ DEFINIÇÕES LEGAIS
o LER / DORT
o DOENÇAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO
o PAIR

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INTRODUÇÃO AO SOCORRO
OBJETIVOS

Conhecer os principais aspectos do comportamento e da conduta de um profissional de saúde que presta


um atendimento de primeiros socorros,  Conhecer os aspectos legais do socorro, conhecer as 4 fases do
socorro e saber realizar um exame primário e um secundário.

INTRODUÇÃO

Toda pessoa que estiver realizando o atendimento de primeiros socorros deve, antes de tudo, atentar
para a sua própria segurança. O impulso de ajudar a outras pessoas não justifica a tomada de atitudes
inconseqüentes, que acabem transformando-o em mais uma vítima. A seriedade e o respeito são
premissas básicas para um bom atendimento de primeiros socorros. Para tanto, evite que a vítima seja
exposta desnecessariamente e mantenha o devido sigilo sobre as informações pessoais que ela lhe revele
durante o atendimento.

Primeiros Socorros
Conceitos aplicados aos primeiros socorros

Primeiros Socorros

São os cuidados imediatos prestados a uma pessoa cujo estado físico coloca em perigo a sua vida ou a
sua saúde, com o fim de manter as suas funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, até
que receba assistência médica especializada.

Socorrista

Atividade regulamentada pelo Ministério da Saúde, segundo a portaria n° 824 de 24 de junho de 1999. O
socorrista possui um treinamento mais amplo e detalhado que uma pessoa prestadora de socorro.

Urgência

Estado que necessita de encaminhamento rápido ao hospital. O tempo gasto entre o momento em que a
vítima é encontrada e o seu encaminhamento deve ser o mais curto possível.

Emergência

Estado grave, que necessita atendimento médico embora não seja necessariamente urgente.

Acidente

Fato do qual resultam pessoas feridas e/ou mortas que necessitam de atendimento.

Incidente

Fato ou evento desastroso do qual não resulta pessoas mortas ou feridas, mas que pode oferecer risco
futuro.

Sinal

É a informação obtida a partir da observação da vítima.

Sintoma

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É informação a partir de um relato da vítima.


ASPECTOS LEGAIS DO SOCORRO
OMISSÃO DE SOCORRO

Segundo o artigo 135 do Código Penal, a omissão de socorro consiste em "Deixar de prestar assistência,
quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou
ferida, em desamparo ou em grave e iminente perigo; não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
pública."

Pena - detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Parágrafo único: A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta em morte.

Importante: O fato de chamar o socorro especializado, nos casos em que a pessoa não possui um
treinamento específico ou não se sente confiante para atuar, já descaracteriza a ocorrência de omissão
de socorro.

DIREITOS DA PESSOA QUE ESTIVER SENDO ATENDIDA

O prestador de socorro deve ter em mente que a vítima possui o direito de recusa do atendimento.

No caso de adultos, esse direito existe quando eles estiverem conscientes e com clareza de pensamento.
Isto pode ocorrer por diversos motivos, tais como crenças religiosas ou falta de confiança no prestador de
socorro que for realizar o atendimento. Nestes casos, a vítima não pode ser forçada a receber os
primeiros socorros, devendo assim certificar-se de que o socorro especializado foi solicitado e continuar
monitorando a vítima, enquanto tenta ganhar a sua confiança através do diálogo.

Caso a vítima esteja impedida de falar em decorrência do acidente, como um trauma na boca, por
exemplo, mas demonstre através de sinais que não aceita o atendimento, fazendo uma negativa com a
cabeça ou empurrando a mão do prestador de socorro, deve-se proceder da seguinte maneira:
 Não discuta com a vítima.
 Não questione suas razões, principalmente se elas forem baseadas em crenças religiosas.
 Não toque na vítima, isto poderá ser considerado como violação dos seus direitos.
 Converse com a vítima, informe a ela que você possui treinamento em primeiros socorros, que irá
respeitar o direito dela de recusar o atendimento, mas que está pronto para auxiliá-la no que for
necessário.
 Arrole testemunhas de que o atendimento foi recusado por parte da vítima.
 No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita pelo pai, pela mãe ou pelo responsável
legal. Se a criança é retirada do local do acidente antes da chegada do socorro especializado, o
prestador de socorro deverá se possível, arrolar testemunhas que comprovem o fato.

O consentimento para o atendimento de primeiros socorros pode ser formal, quando a vítima verbaliza
ou sinaliza que concorda com o atendimento, após o prestador de socorro ter se identificado como tal e
tiver informado à vítima de que possui treinamento em primeiros socorros, ou implícito, quando a vítima
esteja inconsciente, confusa ou gravemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar
consentindo com o atendimento. Neste caso, a legislação infere que a vítima daria o consentimento, caso
tivesse condições de expressar o seu desejo de receber o atendimento de primeiros socorros.

O consentimento implícito pode ser adotado também no caso de acidentes envolvendo menores
desacompanhados dos pais ou responsáveis legais. Do mesmo modo, a legislação infere que o
consentimento seria dado pelos pais ou responsáveis, caso estivessem presentes no local.

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AS FASES DO SOCORRO
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE

A primeira atitude a ser tomada no local do acidente é avaliar os riscos que possam colocar em perigo a
pessoa prestadora dos primeiros socorros. Se houver algum perigo em potencial, deve-se aguardar a
chegada do socorro especializado. Nesta fase, verifica-se também a provável causa do acidente, o
número de vítimas e a gravidade das mesmas e todas as outras informações que possam ser úteis para a
notificação do acidente. Proceda da seguinte forma:

a. Mantenha a vítima deitada, em posição confortável, até certificar-se de que a lesão não tem
gravidade;

b. Investigue particularmente a existência de hemorragia, envenenamento, parada respiratória,


ferimentos, queimaduras e fraturas;

c. Dê prioridade ao atendimento dos casos de hemorragia abundante, inconsciência, parada


cardiorespiratória, estado de choque e envenenamento, pois EXIGEM SOCORRO IMEDIATO.

d. Verifique se há lesão na cabeça, quando o acidentado estiver inconsciente ou semiconsciente.


Havendo hemorragia por um ou ambos os ouvidos, ou pelo nariz, PENSE em fratura de crânio;

e. Não dê líquidos a pessoas inconscientes;

f. Recolha, em caso de amputação, a parte seccionada, envolva-a em um pano limpo para entrega
IMEDIATA ao médico;

g. Certifique-se de que qualquer providência a ser tomada não venha a agravar o estado da vítima;

h. Chame o médico ou transporte a vítima, SE NECESSÁRIO. Forneça as seguintes informações:


Local, horário e condições em que a vítima foi encontrada;
Quais os Primeiros Socorros a ela prestados.

i. Inspire confiança - EVITE O PÂNICO

j. Comunique a ocorrência à autoridade policial local.

SOLICITAÇÃO DE AUXÍLIO

Solicite se possível a outra pessoa que peça auxílio chamando o socorro especializado comunicando a
provável causa do acidente, o número de vítimas, a gravidade das mesmas e todas as outras
informações que ele precisar. Estas informações você terá obtido anteriormente, durante a fase de
avaliação do ambiente.

SINALIZAÇÃO

Efetuar, sempre que necessário, a sinalização do local para evitar a ocorrência de novos acidentes. Pode
ser feita com cones, fita zebrada, ou qualquer objeto que chame a atenção de outras pessoas para o
cuidado com o local, na falta destes recursos, pode-se pedir para que uma pessoa fique sinalizando a
certa distância.

ATENDIMENTO

Ao iniciar o atendimento, deve-se ter em mente o que fazer e o que não fazer. Manter o autocontrole é
imprescindível nesta fase. Não minta para a vítima. Procure expressar segurança e confiança no que faz.
No atendimento, a pessoa que estiver prestando os primeiros socorros deve realizar os dois exames
básicos: exame primário e exame secundário.

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EXAME PRIMÁRIO

O exame primário consiste em verificar:


 Se a vítima está consciente;
 Se a vítima está respirando;
 Se as vias aéreas estão desobstruídas;
 Se a vítima apresenta pulso.

Este exame deve ser feito em 2 minutos ou menos. Se a vítima não estiver respirando, mas apresentar
batimentos cardíacos (pulso), iniciar a respiração artificial conforme o procedimento. Caso não haja sinal
de pulso, iniciar a RCP segundo o procedimento.

EXAME SECUNDÁRIO

Consiste na verificação de:


Avaliar o nível de consciência.
Escala de Coma de Glasgow.

Avaliar os 4 sinais vitais:

 pulso.
 respiração.
 pressão arterial (PA), quando possível.
 temperatura.

Avaliar os 3 Sinais Diagnósticos:

 Tamanho das pupilas;


 Enchimento capilar (perfusão sangüínea das extremidades);
 Cor da pele.

Realizar o exame físico na vítima:

 pescoço;
 cabeça;
 tórax;
 abdômen;
 pelve;
 membros Inferiores;
 membros Superiores;
 dorso.
O que o prestador de primeiros socorros deve observar ao avaliar o pulso e a respiração

Pulso:
 Freqüência: É aferida em batimentos por minuto, podendo ser normal, lenta ou rápida.
 Ritmo: É verificado através do intervalo entre um batimento e outro. Pode ser regular ou
irregular.
 Intensidade: É avaliada através da força da pulsação. Pode ser cheio (quando o pulso é
forte) ou fino (quando o pulso é fraco).

Respiração:
 Freqüência: É aferida em respirações por minuto, podendo ser: normal, lenta ou rápida.
 Ritmo: É verificado através do intervalo entre uma respiração e outra, podendo ser
regular ou irregular.
 Profundidade: Deve-se verificar se a respiração é profunda ou superficial.

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OS 10 MANDAMENTOS DO SOCORRISTA
1. Mantenha a calma.

2. Tenha em mente a seguinte ordem de segurança quando você estiver prestando socorro:
· PRIMEIRO EU (o socorrista)
· DEPOIS MINHA EQUIPE (Incluindo os transeuntes)
· E POR ÚLTIMO A VÍTIMA

Isto parece ser contraditório a primeira vista, mas tem o intuito básico de não gerar novas vítimas.

3. Ao prestar socorro, é fundamental ligar ao atendimento pré-hospital de imediato ao chegar ao local do


acidente. Podemos por exemplo discar 3 números: 193 (número do corpo de bombeiros da cidade de São
Paulo).

4. Sempre verifique se há riscos no local, para você e sua equipe, antes de agir no acidente.

5. Mantenha sempre o bom senso.

6. Mantenha o espírito de liderança, pedindo ajuda e afastando os curiosos.

7. Distribua tarefas, assim os transeuntes que poderiam atrapalhar lhe ajudarão e se sentirão mais úteis.

8. Evite manobras intempestivas (realizadas de forma imprudente, com pressa)

9. Em caso de múltiplas vítimas dê preferência àquelas que correm maior risco de vida como, por
exemplo, vítimas em parada cárdio-respiratória ou que estejam sangrando muito.

10. Seja socorrista e não herói (lembre-se do 2o mandamento).

Saiba como agir em determinadas situações que exijam o mínimo de conhecimento específico.

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SANGRAMENTO
As hemorragias

O controle da hemorragia deve ser feito imediatamente, pois uma hemorragia abundante e não
controlada pode causar morte em 3 a 5 minutos.

 A hemorragia externa é a perda de sangue ao rompimento de um vaso sanguíneo (veia ou artéria).


Quando uma artéria é atingida, o perigo é maior. Nesse caso, o sangue é vermelho vivo e sai em jatos
rápidos e fortes.

 Quando as veias são atingidas, o sangue é vermelho escuro, e sai de forma lenta e contínua.

 A hemorragia interna é o resultado de um ferimento profundo com lesão de órgãos internos.

Sangramentos externos - o que fazer

 Procure manter o local que sangra em plano mais elevado que o coração.

 Pressione firmemente o local por cerca de 10 minutos, comprimindo com um pano limpo dobrado ou
com uma das mãos. Se o corte for extenso, aproxime as bordas abertas com os dedos e mantenha
unidas. Ainda, caso o sangramento não cesse, pressione com mais firmeza por mais 10 minutos.

 Quando parar de sangrar, cubra o ferimento com uma gaze e prenda-a com uma atadura firme, mas
que permita a circulação do sangue. Se o sangramento persistir através do curativo, ponha novas
ataduras, sem retirar as anteriores, evitando a remoção de eventuais coágulos.

 Observação: Quando houver sangramentos intensos nos membros e a compressão não for suficiente
para estancá-los, comprima a artéria ou a veia responsável pelo sangramento contra o osso,
impedindo a passagem de sangue para a região afetada.

O que não deve fazer

 Não deve tentar retirar corpos estranhos dos ferimentos;

 Não deve aplicar substâncias como pó de café ou qualquer outro produto.

Sangramentos internos - como verificar o que fazer

 Acidentes graves, sobretudo com a presença de fraturas podem causar sangramentos internos.

 A hemorragia interna pode levar rapidamente ao estado de choque e, por isso, a situação deve ser
acompanhada e controlada com muita atenção para os sinais externos: pulso fraco e acelerado, pele
fria e pálida, mucosas dos olhos e da boca brancas, mãos e dedos arroxeados pela diminuição da
irrigação sanguínea, sede, tontura e inconsciência.

 Não dê alimentos à vítima e nem aqueça demais com cobertores.

 Peça auxílio médico imediato.

Sangramentos nasais - o que fazer

 Incline a cabeça da pessoa para a frente, sentada, evitando que o sangue vá para a garganta e seja
engolido, provocando náuseas.

 Comprima a narina que sangra e aplique compressas frias no local.

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 Depois de alguns minutos, afrouxe a pressão vagarosamente e não assoe o nariz.

 Se a hemorragia persistir, volte a comprimir a narina e procure socorro médico.

ASFIXIA E OBJETOS ESTRANHOS

Asfixia

Crianças pequenas podem, acidentalmente, introduzir objetos nas cavidades do corpo, em especial no
nariz, boca e ouvidos.

Estes objetos são, na maioria das vezes, peças de brinquedos, sementes, moedas, bolinhas de papel e
grampos. Se houver asfixia, a vítima apresentará pele azulada e respiração difícil ou ausente.

No ouvido

 Não tente retirar objetos profundamente introduzidos, nem coloque nenhum instrumento no canal
auditivo.

 Não bata na cabeça para que o objeto saia, a não ser que se trate de um inseto vivo.

 Pingue algumas gotas de óleo mineral morno (vire a cabeça para que o óleo e o objeto possam
escorrer para fora), e procure ajuda médica especializada imediatamente.

Nos olhos

 Não deixe a vítima esfregar ou apertar os olhos, pingue algumas gotas de soro fisiológico ou de
água morna no olho atingido. Se isso não resolver, cubra os 2 olhos com compressas de gaze, sem
apertar, e procure um médico.

 Se o objeto estiver cravado no olho, não tente retirá-lo, cubra-os e procure ajuda médica. Se não
for possível fechar os olhos, cubra-os com um cone de papel grosso (por exemplo, um copo) e
procure ajuda médica imediata.

No nariz

 Instrua a vítima para respirar somente pela boca, orientando-a para assoar o nariz.

 Não introduza nenhum instrumento nas narinas para retirar o objeto. Se ele não sair, procure
auxílio médico.

Objetos engolidos

 Nunca tente puxar os objetos da garganta ou abrir a boca para examinar o seu interior.

 Deixe a pessoa tossir com força, este é o recurso mais eficiente quando não há asfixia.

 Se o objeto tem arestas ou pontas e a pessoa reclamar de dor, procure um médico.


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 Se a pessoa não consegue tossir com força, falar ou chorar, é sinal de que o objeto está
obstruindo as vias respiratórias, o que significa que há asfixia.

O que fazer:

 Aplique a chamada "manobra de Heimlich". Fique de pé ao lado e ligeiramente atrás da vítima.

 A cabeça da pessoa deve estar mais baixa que o peito. Em seguida, dê 4 pancadas fortes no meio
das costas, rapidamente com a mão fechada. A sua outra mão deve apoiar o peito do paciente.

 Se o paciente continuar asfixiado, fique de pé, atrás, com seus braços ao redor da cintura da
pessoa. Coloque a sua mão fechada com o polegar para dentro, contra o abdômen da vítima,
ligeiramente acima do umbigo e abaixo do limite das costelas. Agarre firmemente o pulso com a
outra mão e exerça um rápido puxão para cima. Repita, se necessário, 4 vezes numa seqüência
rápida.

 Se a vítima for um bebê ou criança pequena, deite-a de bruços apoiando no seu braço. Dê 4
pancadas fortes, mas sem machucá-lo.

 Mantenha o bebê apoiado no seu braço, virado de costas, com a cabeça mais baixa que o resto do
corpo, e apóie 2 ou 3 dedos no seu abdômen, ligeiramente acima do umbigo e abaixo da caixa
torácica. Pressione as pontas dos dedos com um ligeiro alongamento ascendente. Se necessário,
repetir 4 vezes.

 Procure auxílio médico.

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ENVENENAMENTO

O que acontece

Medicamentos, plantas, produtos químicos e substâncias corrosivas são os principais causadores de


envenenamentos ou intoxicação, especificamente em crianças.

Os sinais e sintomas mais comuns são queimaduras nos lábios e na boca, hálito com cheiro da substância
ingerida, vômitos, alteração da pulsação, perda de consciência, convulsões e, eventualmente, parada
cárdio-respiratória.

O que não fazer

 Se a vítima estiver inconsciente, não provoque vômitos.

 Não induza o vômito se a substância ingerida for corrosiva ou derivada de petróleo (removedor,
gasolina, querosene, polidores, ceras, aguarrás, thinner, graxas, amônia, soda cáustica, água
sanitária, etc). Estes produtos causam queimaduras quando ingeridos e podem provocar novas
queimaduras durante o vômito ou liberar gases tóxicos para os pulmões.

O que fazer

 Se possível, identifique o tipo de veneno ingerido e a quantidade.

 Se a vítima estiver consciente, induza vômitos se o agente tóxico for medicamentos, plantas, comida
estragada, álcool, bebidas alcoólicas, cosméticos, tinta, fósforo, naftalina, veneno para ratos ou água
oxigenada.

 Observação: a indução ao vômito é feita através da ingestão de uma colher de sopa de xarope de
Ipeca e um copo de água, ou estimulando a garganta com o dedo.

 Se a pessoa estiver inconsciente ou tendo convulsões, não induza ao vômito. Aplique, se necessário, a
respiração cárdio-pulmonar e procure socorro médico imediato.

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FRATURAS
É a quebra de um osso causada por uma pancada muito forte, uma queda ou esmagamento.

Há dois tipos de fraturas: as fechadas, que, apesar do choque, deixam a pele intacta, e as expostas,
quando o osso fere e atravessa a pele. As fraturas expostas exigem cuidados especiais, portanto, cubra
o local com um pano limpo ou gaze e procure socorro imediato.

Fratura fechada - sinais indicadores

 Dor ou grande sensibilidade em um osso ou articulação.

 Incapacidade de movimentar a parte afetada, além do adormecimento ou formigamento da região.

 Inchaço e pele arroxeada, acompanhado de uma deformação aparente do membro machucado.

O que não fazer

 Não movimente a vítima até imobilizar o local atingido.

 Não dê qualquer alimento ao ferido, nem mesmo água.

O que fazer

 Solicite assistência médica, enquanto isso, mantenha a pessoa calma e aquecida.

 Verifique se o ferimento não interrompeu a circulação sanguínea.

 Imobilize o osso ou articulação atingido com uma tala.

 Mantenha o local afetado em nível mais elevado que o resto do corpo e aplique compressas de gelo
para diminuir o inchaço, a dor e a progressão do hematoma.

Entorses

É a torção de uma articulação, com lesão dos ligamentos (estrutura que sustenta as articulações). Os
cuidados são semelhantes aos da fratura fechada.

Luxação

É o deslocamento de um ou mais ossos para fora da sua posição normal na articulação. Os primeiros
socorros são também semelhantes aos da fratura fechada. Lembre-se de que não se deve fazer
massagens na região, nem tentar recolocar o osso no lugar.

Contusão

É uma área afetada por uma pancada ou queda sem ferimento externo. Pode apresentar sinais
semelhantes aos da fratura fechada. Se o local estiver arroxeado, é sinal de que houve hemorragia sob a
pele (hematoma).

Improvise uma tala

Amarre delicadamente o membro machucado (braços ou pernas) a uma superfície, como uma tábua,
revista dobrada, vassoura ou outro objeto qualquer.
Use tiras de pano, ataduras ou cintos, sem apertar muito para não dificultar a circulação sanguínea.

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Improvise uma tipóia

Utilize um pedaço grande de tecido com as pontas presas ao redor do pescoço. Isto serve para sustentar
um braço em casos de fratura de punho, antebraço, cotovelo, costelas ou clavícula. Só use a tipóia se o
braço ferido puder ser flexionado sem dor ou se já estiver dobrado

CHOQUE ELÉTRICO
O que acontece

O choque elétrico, geralmente causado por altas descargas, é sempre grave, podendo causar distúrbios
na circulação sanguínea e, em casos extremos, levar à parada cárdio-respiratória.

Na pele, podem aparecer duas pequenas áreas de queimaduras (geralmente de 3º grau) - a de entrada e
de saída da corrente elétrica.

Primeiras providências

 Desligue o aparelho da tomada ou a chave geral.

 Se tiver que usar as mãos para remover uma pessoa, envolva-as em jornal ou um saco de papel.

 Empurre a vítima para longe da fonte de eletricidade com um objeto seco, não-condutor de corrente,
como um cabo de vassoura, tábua, corda seca, cadeira de madeira ou bastão de borracha.

O que fazer

 Se houver parada cárdio-respiratória, aplique a ressucitação.

 Cubra as queimaduras com uma gaze ou com um pano bem limpo.

 Se a pessoa estiver consciente, deite-a de costas, com as pernas elevadas. Se estiver inconsciente,
deite-a de lado.

 Se necessário, cubra a pessoa com um cobertor e mantenha-a calma.

 Procure ajuda médica imediata.

O que acontece

O enfarte ou ataque cardíaco, mais precisamente chamado de infarto do miocárdio, é a obstrução de


uma artéria, impedindo o fluxo sanguíneo para uma área do coração, lesando-a.

Ele pode ser fatal, por isso necessita de ajuda médica imediata.

O que fazer

 Providencie auxílio médico imediato.

 Deixe o paciente em posição confortável, mantendo-o calmo, aquecido e com as roupas afrouxadas.

 Se houver parada cárdio-respiratória, aplique a ressucitação cárdio-pulmonar.

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PARADA CÁRDIO-RESPIRATÓRIA
O que acontece

Em decorrência da gravidade de um acidente, pode acontecer a parada cárdio-respiratória, levando a


vítima a apresentar, além da ausência de respiração e pulsação, inconsciência, pele fria e pálida, lábios e
unhas azulados.

A ressucitação cárdio-pulmonar

Com a pessoa no chão, coloque uma mão sobre a outra e localize a extremidade inferior do osso vertical
que está no centro do peito (o chamado osso esterno).

  

Ao mesmo tempo, uma outra pessoa deve aplicar respiração boca-a-boca, firmando a cabeça da pessoa e
fechando as narinas com o indicador e o polegar, mantendo o queixo levantado para esticar o pescoço.

  

Enquanto o ajudante enche os pulmões, soprando adequadamente para insuflá-los, pressione o peito a
intervalos curtos de tempo, até que o coração volte a bater.
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Esta seqüência deve ser feita da seguinte forma: se você estiver sozinho, faça dois sopros para cada
quinze pressões no coração; se houver alguém ajudando-o, faça um sopro para cada cinco pressões.

QUEIMADURAS
Os mais comuns acidentes domésticos

Podem derivar de contatos com fogo, objetos quentes, água fervente ou vapor, com substâncias
químicas, irradiações solar ou com choque elétrico.

O que acontece

As queimaduras leves (de 1º grau) se manifestam com vermelhidão, inchaço e dor. Nas queimaduras de
2º grau a dor é mais intensa e normalmente aparecem bolhas ou umidade na região afetada. Já nas
queimaduras graves de 3º grau a pele se apresenta esbranquiçada ou carbonizada e há pouca ou
nenhuma dor.

Atenção

 Se as roupas também estiverem em chamas, não deixe a pessoa correr.


 Se necessário, derrube-a no chão e cubra-a com um tecido como cobertor, tapete ou casaco, ou faça
rolar no chão. Em seguida, procure auxílio médico imediatamente.

O que não fazer

 Não toque a área afetada.


 Nunca fure as bolhas.
 Não tente retirar pedaços de roupa grudados na pele. Se necessário, recorte em volta da roupa que
está sobre a região afetada.
 Não use manteiga, pomada, creme dental ou qualquer outro produto doméstico sobre a queimadura.
 Não cubra a queimadura com algodão.
 Não use gelo ou água gelada para resfriar a região.

O que fazer

 Se a queimadura for de pouca extensão, resfrie o local com água fria imediatamente.
 Seque o local delicadamente com um pano limpo ou chumaços de gaze.
 Cubra o ferimento com compressas de gaze.
 Em queimaduras de 2º grau, aplique água fria e cubra a área afetada com compressas de gaze
embebida em vaselina estéril.
 Mantenha a região queimada mais elevada do que o resto do corpo, para diminuir o inchaço.
 Dê bastante líquido para a pessoa ingerir e, se houver muita dor, um analgésico.
 Se a queimadura for extensa ou de 3º grau, procure um médico imediatamente.

Queimaduras químicas - o que fazer

 Como as queimaduras químicas são sempre graves, retire as roupas da vítima rapidamente, tendo o
cuidado de não queimar as próprias mãos.
 Lave o local com água corrente por 10 minutos (se forem os olhos, 15 minutos), enxugue
delicadamente e cubra com um curativo limpo e seco.
 Procure ajuda médica imediata.

Queimaduras solares - o que fazer

 Refresque a pele com compressas frias.


 Faça a pessoa ingerir bastante líquido, mantendo-a na sombra, em local fresco e ventilado.
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 Procure ajuda médica.

TRANSPORTE DE VÍTIMAS
A remoção ou movimentação de um acidentado deve ser feita com um máximo de cuidado, a fim de não
agravar as lesões existentes. Antes da remoção da vítima, devem-se tomar as seguintes providências:

 Se houver suspeita de fraturas no pescoço e nas costas, evite mover a pessoa.

 Para puxá-la para um local seguro, mova-a de costas, no sentido do comprimento com o auxílio de
um casaco ou cobertor.

 Para erguê-la, você e mais duas pessoas devem apoiar todo o corpo e colocá-la numa tábua ou maca,
lembrando que a maca é o melhor jeito de se transportar uma vítima. Se precisar improvisar uma
maca, use pedaços de madeira, amarrando cobertores ou paletós.

 Apóie sempre a cabeça, impedindo-a de cair para trás.

 Na presença de hemorragia abundante, a movimentação da vítima podem levar rapidamente ao


estado de choque.

 Se houver parada respiratória, inicie imediatamente a respiração boca-a-boca e faça massagem


cardíaca.

 Imobilize todos os pontos suspeitos de fratura.

 Se houver suspeita de fraturas, amarre os pés do acidentado e o erga em posição horizontal, como
um só bloco, levando até a sua maca.

 No caso de uma pessoa inconsciente, mas sem evidência de fraturas, duas pessoas bastam para o
levantamento e o transporte.

 Lembre-se sempre de não fazer movimentos bruscos.

Atenção

 Movimente o acidentado o menos possível.

 Evite arrancadas bruscas ou paradas súbitas durante o transporte.

 O transporte deve ser feito sempre em baixa velocidade, por ser mais seguro e mais cômodo para a
vítima.

 Não interrompa, sob nenhum pretexto, a respiração artificial ou a massagem cardíaca, se estas forem
necessárias. Nem mesmo durante o transporte.

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DOENÇAS OCUPACIONAIS

Definição Legal

Os conceitos oficiais de doença profissional ou do trabalho, contam da legislação previdenciária (Lei


8.213/91 e Decreto 3.048/99);

Lei 8.213/91, art.20. Cosideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes
entidades mórbidas:

I – doença profissional, assim entendida a adquirida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar
a determinada atividade;

II – doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais


em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente.

Parágrafo 1º - Não são consideradas como doenças do trabalho:

a) Doença degenerativa;
b) Inerente a grupo etário;
c) Que não produza incapacidade laborativa;
d) Doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo
comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do
trabalho.

FATORES DE RISCO

São responsáveis pelo desenvolvimento de doenças: fatores físicos (ruídos, vibrações, altas pressões e
radiações ionizantes), químicos (benzeno, chumbo, cromo, cianeto entre outros), biológicos
(microorganismos e parasitas) e organização do trabalho (ritmo de produção mecânica ou
eletronicamente controlado, trabalho onde cada um exerce uma única tarefa de forma repetitiva, trabalho
sob pressão permanente das chefias, quadro reduzido de funcionários com jornada prolongada e com
freqüente, ausências de pausas durante a jornada de trabalho, postos de trabalho e máquinas
inadequadas, que obrigam a adoção de, posturas incorretas do corpo durante a jornada de trabalho,
equipamentos com defeito.

COMO PREVINIR AS DOENÇAS DO TRABALHO

A especialidade na área da saúde que se ocupa do assunto, concentrando esforços para estudar e
garantir a saúde dos trabalhadores na comunidade e nos locais de trabalho, é a Saúde Ocupacional ou do
Trabalhador.

A atuação dessa especialidade acontece por meio da:


 Prevenção Primária – promoção da saúde e proteção específica;
 Prevenção secundária – diagnóstico precoce, tratamento imediato e limitação da incapacidade;
 Prevenção terciária – reabilitação.

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A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) definem como
objetivos para a Saúde Ocupacional os seguintes itens:
 Promoção e manutenção do mais alto grau de bem-estar físico, mental e social de trabalhadores de
todas as ocupações;
 Prevenção de deterioração da saúde dos trabalhadores causada pelas condições de trabalho;
 Proteção aos trabalhadores em seus empregos contra os riscos de fatores ou agentes prejudiciais à
saúde;

As Doenças Ocupacionais vão muito mais além das LER’s /Dort’s, o Técnico de Segurança do Trabalho
deve reconhecer uma doença ocupacional pelos riscos que o local de trabalho do funcionário oferece ,
sejam eles riscos físicos , químicos, ergonômicos ou biológicos.

É de suma importância identificar as causas do afastamento do funcionário que adquire a doença


ocupacional , pois , será de sua responsabilidade o não aumento de funcionários com o mesmo problema
de saúde .

Fazer os funcionários utilizarem EPI’s , tomarem consciência dos riscos de acidentes é de


responsabilidade do Técnico de Segurança do Trabalho.

O INSS prevê os seguintes fatores considerados como motivo para afastamento por doença
ocupacional:

 Agentes ou fatores de risco de natureza ocupacional relacionados com a etiologia de doenças


profissionais e de outras doenças relacionadas com o trabalho;

 Doenças infecciosas e parasitárias relacionadas com o trabalho;

 Doenças do sistema nervoso relacionadas com o trabalho;

 Transtornos mentais e do comportamento relacionados com o trabalho;

 Doenças do olho e anexos relacionadas com o trabalho;  

 Doenças do ouvido relacionadas com o trabalho;

 Doenças do sistema circulatório relacionadas com o trabalho;

 Doenças do sistema digestivo relacionadas com o trabalho;

 Doenças da pele e do tecido subcutâneo relacionadas com o trabalho;

 Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, relacionadas com o trabalho;

 Traumatismos, envenenamentos e algumas outras conseqüências de causas externas, relacionados


com o trabalho;

 Doenças do sistema geniturinário relacionadas com o trabalho.

A doença profissional ou do trabalho será caracterizada quando, diagnosticada a intoxicação ou afecção,


se verifica que o empregado exerce atividade que o expõe ao respectivo agente patogênico, mediante
nexo de causa a ser estabelecido conforme o disposto nos Manuais de Procedimentos Médico-Periciais em
Doenças Profissionais ou do Trabalho, levando-se em consideração a correlação entre a doença e a
atividade exercida pelo segurado.
 
O Instituto Nacional do Seguro Social adotará as providências necessárias para edição dos Manuais de
Procedimentos Médico-Periciais em Doenças Profissionais ou do Trabalho, para aplicação a partir de 1º de
setembro de 1999.

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LER/DORT – Lesões por Esforços Repetitivos /


Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho

Histórico

Segundo Maeno et al (2002), sinais de osteofitose marginal em ossos de punhos e joelhos foram
identificados em múmias de populações pré-hispânicas, que permaneciam de joelhos por tempo
prolongado, executando movimentos de flexão e extensão dos membros superiores na atividade de moer
grãos.

Em 1713, o médico italiano Ramazini registrou sintomas dolorosos nos membros superiores de
arquivistas, atribuindo-as a três fatores básicos: vida sedentária, movimento contínuo e repetitivo da
mão e atenção mental para não manchar os livros.

Com a Revolução Industrial, as incidências tornaram-se mais numerosas, relacionando os distúrbios


osteomusculares nos membros superiores de trabalhadores de linha de montagem.

O trajeto oficial da doença no Brasil é registrado principalmente a partir de 1987, quando o Ministério da
Previdência Social (MPS) reconheceu a existência da doença como sendo de origem ocupacional, porém
com restrições quanto a sua denominação, que era então “tenosinovite dos digitadores”.

Como a doença apresentava outras formas clínicas e poderia ocorrer em outras categorias de
trabalhadores, em 1993 o MPS aprovou a denominação “lesões por esforços repetitivos” e, recentemente,
introduziu-se o termo DORT (distúrbios osteomusculares relacionados com o trabalho) como forma de
atualização clínica da doença.

Definição de LER/DORT

As Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho caracterizam-se pelo acometimento de estruturas


ósseas, musculares, tendíneas, nervosas e do tecido conjuntivo.

Apesar de poder ocorrer em qualquer estrutura musculoesquelética, a região lombar, cervical e os


membros superiores é as mais freqüentemente comprometidas; são ocasionadas pela utilização
biomecanicamente incorreta dos membros, que resulta em dor, queda de desempenho no trabalho,
formigamento, incapacidade temporária e, conforme o caso pode evoluir para uma síndrome dolorosa
crônica, nesta fase agravada por fatores psíquicos (no trabalho ou fora dele), capazes de reduzir o limiar
de sensibilidade dolorosa do indivíduo.

É importante ressaltar que a LER/DORT pode ser acometida não só no âmbito profissional, mas fora dele,
onde haja movimentos repetitivos, por exemplo, uma dona de casa, que ao varrer a casa de maneira
inadequada, poderá levar os sintomas de LER/DORT.

As LER/DORT representam mais da metade de todas as doenças ocupacionais acarretando um enorme


custo econômico para o trabalhador, sistema e sociedade.

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Principais Causas da LER

1 - Organização do trabalho

Várias pressões impostas pela organização do trabalho


dentro da empresa contribuem para o surgimento da
LER.
As principais são: procedimentos rígidos do trabalho
com pouca autonomia do trabalhador no
desenvolvimento de tarefas; postura rígida; ritmos
acelerados de trabalho, muitas vezes impostos pelas
máquinas, exigindo esforços exagerados; pressão do
tempo; tensão entre as chefias e os subordinados;
pressão para manter a produtividade; excesso de
trabalho e horas extras; ambiente de trabalho
inadequado 9mito frio, muito calor, excesso de ruídos,
pouca luz, pouco espaço, etc); monotonia e
fragmentação do trabalho (cada trabalhador faz apenas
uma pequena parte, sem ter visão do conjunto do
processo produtivo); ausência de pausas em tarefas
que exigem descansos periódicos, já definidos em
normas e leis.

2 - Conteúdos do Trabalho

A execução de tarefas monótonas e muito fragmentadas, exigindo gestos repetitivos.

3 - Postos de Trabalho

Neste grupo, tem papel importante o desconforto causado pelo uso de móveis, ferramentas e
instrumentos que exijam esforços e favorecem a manutenção de posturas inadequadas.

Como Identificar a LER (Sintomas)

Na LER/DORT, as diversas afecções podem ocorrer isoladas ou associadamente, integrando um ciclo retro
alimentador de dor-inflamação-espasmos-dor, que pode induzir, perpetuar e/ou agravar os sinais e
sintomas da LER/DORT.

- Dor, inicialmente localizada num determinado segmento, distal (mãos, punhos, antebraços ou
cotovelos) ou proximal (pescoço, região cervical, região dorsal e ombros); subseqüentemente, a
dor alastra-se por um membro superior ou ambos, pela região cérvico-dorsal, pescoço e cabeça.
Essa dor pode ser descrita como latejante, em queimação, em peso, em alfinetadas;

- Parestesia, incluindo sensações de pontada, agulhada, dormência, ardor, fraqueza, peso,


fadiga, queimação;

- Sensação de frio nos membros superiores, mais especificamente em mãos e dedos;

- Sensação de inchaço nos membros superiores e ombros;

- Sensação de enrijecimento muscular;


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- Sensação de cãibras;

- Variados graus de distúrbio do sono e acometimento psicológico.

A dor pode ser aguda (fase inicial alerta: inflamação, calor, rubor) ou crônica (gera incapacidade:
persiste além do tempo).

Incapacidades mais comuns

- Diminuição na agilidade dos dedos;

- Dificuldade para pegar, manusear ou segurar pequenos objetos;

- Dificuldade ou incapacidade para manter os membros superiores elevados;

- Sensação de peso em carregar coisas leves.

Outras formas são representadas por quadros mal definidos, onde o paciente não apresenta sinais, mas a
queixa é persistente e relacionada com a musculatura em atividade, seja durante o movimento dinâmico
ou sob tensão estática, devido a posturas estáticas e/ou inadequadas.

As principais síndromes clínicas são:

• TENOSSINOVITE: inflamação do tecido que reveste os tendões.

• TENDINITE: inflamação dos tendões.

• EPICONDILITE: inflamação das estruturas do cotovelo.

• BURSITE: inflamação das bursas (pequenas bolsas que se situam entre os ossos e tendões das
articulações do ombro).

• MIOSITES: inflamação dos músculos.

• SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO: compressão do nervo mediano na altura do punho.

• SÍNDROME CERVICOBRAQUIAL: compressão dos nervos em coluna cervical.

• SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁCICO: compressão do plexo (nervos e vasos).

• SÍNDROME DO OMBRO DOLOROSO: compressão de nervos e vasos em região do ombro.

A lombalgia é a principal causa de afastamentos do trabalho entre os segurados do Instituto Nacional


de Seguridade Social (INSS) no Brasil; a lombalgia ocupacional é uma patologia mais antiga e mais
comum, acometendo cerca de 80% dos trabalhadores durante a toda vida laborativa.

Estágios da LER/DORT

É necessário intervir desde os primeiros estágios de desenvolvimento do quadro clínico, não esperando a
instalação e desenvolvimento de incapacidades permanentes, quanto mais precoce, melhor será o
prognóstico.

Grau I

Sensação de peso e desconforto no membro afetado.

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Dor espontânea localizada, às vezes com pontadas que apareceram em caráter ocasional durante a
jornada de trabalho e não interferem na produtividade.

Melhora com o repouso.

Tem bom prognóstico.

Grau II

A dor é mais persistente e intensa, e aparece durante a jornada de trabalho de modo intermitente. É
tolerável e permite o desempenho da atividade profissional, mas já com reconhecida redução da
produtividade nos períodos de exacerbação.

A dor torna-se mais localizada e pode estar acompanhada de formigamento e calor, além de leves
distúrbios de sensibilidade.

A recuperação é mais demorada mesmo com o repouso e a dor pode aparecer fora do trabalho durante
as atividades domésticas. Prognóstico favorável.

Grau III

A dor torna-se mais persistente, é mais forte e tem irradiação mais definida.

O repouso em geral só atenua a intensidade da dor, não fazendo desaparecer por completo.

Há freqüentes crises dolorosas mesmo fora do trabalho, especialmente à noite.

É freqüente a perda de força muscular e parestesia. Nos quadros com comprometimento neurológico
compressivo a eletromiografia pode estar alterada.

Nessa etapa o retorno à atividade produtiva é problemático. Prognóstico reservado.

Grau IV

A dor é forte, contínua, por vezes insuportável, levando o paciente a intenso sofrimento.

Os movimentos acentuam consideravelmente a dor, que em geral se estende a todo membro afetado.

A perda da força e a perda do controle dos movimentos se fazem constantes. O edema é persistente e
podem aparecer deformidades.

A capacidade de trabalho é anulada.

Os atos da vida diária são também altamente prejudicados.

Há alterações psicológicas com quadros de depressão, ansiedade e angústia.

Prognóstico sombrio.

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DOENÇAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO

O Ambiente de trabalho apresenta freqüentemente agentes nocivos em sua atmosfera, os quais agridem
o aparelho respiratório de diversas formas, produzindo doenças classificadas conforme a OIT em:
pneumoconioses causadas por poeiras de minerais, pneumopatias causadas por poeira de metal pesado,
pneumopatias causadas por poeiras e vegetais, asma ocupacional causada por agentes sensibilizadores
ou irritantes, alveolite alérgica extrínseca e suas seqüelas, causadas por inalação de poeiras orgânicas
definidas pela legislação.

PNEUMOCONIOSES

São patologias resultantes da deposição de partículas sólidas no parênquima pulmonar, levando a um


quadro de fibrose, ou seja, ao endurecimento intersticial do tecido pulmonar.

As Pneumoconioses são definidas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como "doenças
pulmonares causadas pelo acúmulo de poeira nos pulmões e reação tissular à presença dessas poeiras".

As Pneumoconioses mais importantes são aquelas causadas pela poeira de sílica, configurando a doença
conhecida como Silicose, e aquelas causadas pelo asbesto, configurando a Asbestose.

SILICOSE

A silicose é um tipo de pneumoconiose conhecida desde a antigüidade, causada pela inalação de poeiras
contendo sílica livre.

É uma doença de origem tipicamente ocupacional, embora existam relatos de alterações radiológicas
sugestivas de silicose em habitantes de comunidades de regiões desérticas. No Brasil, já há muitos anos,
a silicose é considerada para fins previdenciários, como "doença profissional", o que equivale, para estes
fins, à extensão do conceito de "acidente de trabalho".

A silicose representa um sério problema de saúde pública uma vez que, apesar de ser potencialmente
evitável, apresenta altos índices de incidência e prevalência, especialmente nos países menos
desenvolvidos.

É irreversível e não passível de tratamento, podendo causar graves transtornos para a saúde do
trabalhador, assim como resultar em um sério impacto sócio-econômico. Visando solucionar este
problema, a OMS e OIT lançaram um programa conjunto de erradicação da silicose no ano de 1995.

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No Brasil, a silicose é a pneumoconiose de maior prevalência, devido à ubiqüidade da exposição à sílica.


Embora tenham ocorrido nítidas melhorias nas condições de trabalho em alguns setores nas últimas
décadas, continua-se a diagnosticar casos de silicose com freqüência na prática clínica. A relação das
atividades de risco é vasta:

- Indústria extrativa mineral: mineração subterrânea e de superfície;


- Beneficiamento de minerais: corte de pedras; britagem; moagem; lapidação;
- Indústria de transformação: cerâmicas; fundições que utilizam areia no processo; vidro;
- Abrasivos; marmorarias; corte e polimento de granito; cosméticos;
- Atividades mistas: protéticos; cavadores de poços; artistas plásticos; jateadores de areia.

O número estimado de trabalhadores potencialmente expostos a poeiras contendo sílica no Brasil é


superior a 6 milhões, sendo cerca de 4 milhões na construção civil, 500.000 em mineração e garimpo e
acima de 2 milhões em indústrias de transformação de minerais, metalurgia, indústria química, de
borracha, cerâmicas e vidros. Em 1978, estimou-se entre 25 e 30 mil o número de portadores de Silicose
no Brasil, através de inquérito em hospitais de fisiologia na região Sudeste.

Encontra-se no país, todas as situações de exposição à sílica onde há risco de silicose, assim como
situações peculiares de exposição. A maior parte dos casos diagnosticados de silicose no Brasil é
proveniente da mineração subterrânea de ouro (MG e BA).

Dados nacionais sugerem ser Minas Gerais o Estado com maior número de casos de silicose, com um
registro documentado pelo MS de 7416 casos, a maior parte proveniente de mineração de ouro da região
de Nova Lima e Raposos.

Como a silicose é em geral uma doença de desenvolvimento lento e pode progredir independentemente
do término da exposição, boa parte dos casos só serão diagnosticados anos após o trabalhador estar
afastado da exposição.

Formas de Apresentação

A sílica livre cristalina é extremamente tóxica para o alvéolo devido às suas propriedades de superfície. A
ocorrência da doença depende de vários fatores, dentre eles, a suscetibilidade individual, o tamanho
das partículas, o tempo de exposição e a concentração de sílica livre respirável. O risco de
formação de nódulos está relacionado a poeiras respiráveis que contenham mais de 7,5% de quartzo na
fração respirável. Porém, é necessário lembrar que a presença de outros minerais pode aumentar ou
diminuir a toxicidade da sílica. Portanto, o raciocínio deve estar embasado, preferencialmente, em
medições qualitativas e quantitativas da poeira respirável.

Classicamente são descritos três formas clínicas distintas, a crônica, a acelerada e a aguda.

1. Silicose crônica: também conhecida como forma nodular simples, é a mais comum e ocorre após
longo tempo do início da exposição, que pode variar de 10 a 20 anos, a níveis relativamente baixos de
poeira. É caracterizada pela presença de pequenos nódulos difusos (menores que 1cm de diâmetro), que
predominam nos terços superiores dos pulmões. Este tipo de silicose pode ser exemplificado com os
casos observados na indústria cerâmica no Brasil.

2. Silicose acelerada ou subaguda: caracterizada por apresentar alterações radiológicas mais


precoces, normalmente após cinco a dez anos do início da exposição. É o caso da silicose observada em
cavadores de poços.

3. Silicose aguda: forma rara da doença, associada a exposições maciças à sílica livre, por períodos que
variam de poucos meses até quatro ou cinco anos, como ocorre no jateamento de areia ou moagem de
pedra. A dispnéia costuma ser incapacitante e pode evoluir para morte por insuficiência respiratória. Em
geral ocorre tosse seca e comprometimento do estado geral.

Diagnóstico

O diagnóstico da Silicose é baseado na radiografia de tórax, em conjunto com história clínica e


ocupacional coerentes. Eventualmente, outros procedimentos são necessários.

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História Ocupacional. Um inquérito rigoroso sobre a profissão, ramo industrial, atividades específicas
detalhadas, presentes e passadas, é fundamental para a caracterização da exposição.
História Cínica. A silicose em sua fase inicial é praticamente assintomática. Com a progressão, os
sintomas predominantes são a dispnéia de esforço e a astenia. Nas fases mais avançadas da doença pode
sobrevir insuficiência respiratória, com dispnéia aos mínimos esforços e até em repouso.

Procedimento:

Afastamento imediato e definitivo da exposição, mesmo nas formas iniciais; notificação e investigação do
caso; solicitação de emissão de CAT pela empresa e preenchimento.

ABESTOSE

O amianto ou asbesto é uma fibra mineral natural sedosa que, por suas propriedades físico-químicas
(alta resistência mecânica e às altas temperaturas, boa qualidade isolante, durabilidade, flexibilidade,
indestrutibilidade, resistente ao ataque de ácidos, álcalis e bactérias, facilidade de ser tecida etc.)

No Brasil, o amianto tem sido empregado em milhares de produtos, principalmente na indústria da


construção civil (telhas, caixas d'água de cimento-amianto etc.) e em outros setores e produtos como
guarnições de freio (lonas e pastilhas), juntas, revestimentos de discos de embreagem, tecidos,
vestimentas especiais, pisos, tintas etc., sendo um dos grandes produtores mundiais de asbesto

Entre as doenças relacionadas ao asbesto/amianto estão a asbestose (doença crônica pulmonar de


origem ocupacional), cânceres de pulmão e do trato gastrintestinal, tumor maligno raro e de prognóstico
sombrio, que atinge a pleura.

A doença tem caráter progressivo e irreversível, pode se manifestar alguns anos depois de cessada à
exposição. O período de latência da asbestose é superior a 10 anos. Clinicamente, caracterizam-se por
dispnéia de esforço, estertor crepitante nas bases pulmonar, alterações funcionais e pequenas.

O diagnóstico é realizado a partir da história ocupacional, do exame físico e das alterações radiológicas. O
Rx de tórax, assim como sua leitura, deverá ser realizada de acordo com o preconizado pela OIT.

Procedimento: Afastamento imediato e definitivo da exposição, mesmo nas formas iniciais; notificação
e investigação do caso; solicitação de emissão de CAT pela empresa.

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PAIR – PERDA AUDITIVA INDUZIDA PELO RUÍDO


A sociedade moderna tem multiplicado suas fontes de ruído e aumentado seus níveis de pressão sonora.
Quando a exposição ao ruído que causa perda auditiva está associada com atividades recreacionais ou
não ocupacionais, a perda é denominada de socioacusia.

O ruído é uma das formas de poluição mais freqüentes no meio industrial. Quando o ruído está presente
no ambiente de trabalho é geralmente considerado como um problema mais sério do que a socioacusia, e
é a causa mais comum da perda auditiva.

O risco de lesão auditiva aumenta com o nível de pressão sonora e com a duração da exposição, mas
depende também das características do ruído, sem falarmos da suscetibilidade individual.

O ruído afeta o homem simultaneamente, nos planos físico, psicológico e social.

Efeitos do Ruído à Saúde

Os efeitos auditivos do ruído estão divididos em três tipos:

Trauma Acústico

Decorrente de uma única exposição ao ruído muito intenso (explosão, martelada, tiro de arma de fogo).

O barulho agride violentamente estruturas sensoriais da orelha média e da orelha interna, extrapolando
seus limites fisiológicos resultando, em alguns casos, em perfuração da membrana timpânica,
desarticulação da cadeia ossicular, e de Órgão de Corti.

Mudança Temporária do Limiar Auditivo

Ocorre a fadiga das estruturas sensoriais, mas tem a vantagem da recuperação do limiar depois de
cessada a exposição (geralmente entre 2 e 14 horas).

Mudança Permanente do Limiar Auditivo (ou Perda Auditiva Induzida por Ruído)

São alterações do tipo neurossensorial em que a faixa de freqüência mais atingida está entre 3 e 6 kHz,
de caráter irreversível, instala-se de maneira progressiva e gradual, geralmente bilateral.

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Os principais sintomas da PAIR são: o zumbido uni ou bilateral; a dificuldade na compreensão da fala à
medida que ocorre o avanço do déficit para as freqüências mais baixas; dores de ouvido mediante
exposição a sons intensos (algiacusia) e a sensação de plenitude auricular.

O ruído provoca alem de alterações de ordem auditivas, efeitos colaterais em todo o organismo.

Dentre eles destaca-se a elevação da pressão arterial (sistólica ou diastólica), conseqüência de alterações
provocadas no sistema circulatório, uma vez que a exposição, mesmo que rápida, a níveis fortes de
barulho (de 10 a 20 minutos) pode provocar vaso dilatação dos vasos mais internos, resultando na
diminuição do fluxo sanguíneo.

Assim, devido a alterações na quantidade de sangue bombeado pelo coração, pode haver aumento nos
batimentos, com irregularidade do ritmo cardíaco.

Em um primeiro momento esse processo se dá de forma reflexa e involuntária, voltando ao normal


depois de terminada a exposição, mas estas desordens podem agravar-se, tornando-se crônicas caso
exposição ao ruído seja regular e por tempo prolongado.

Nesse caso o individuo pode tornar-se hipertenso, desenvolvendo sintomas dos mais leves como edemas
das extremidades e cansaço, até os mais graves como o AVC e a morte súbita.

Assim como o aparelho circulatório, o aparelho digestivo também esta sujeito a alterações mediante as
exposições continuas às fortes intensidades de pressão sonora, dentre as quais se destaca a desordem
dos movimentos peristálticos, responsáveis pela condução do bolo alimentar, refletindo em sinais como a
prisão de ventre, cólicas, diarréia, gastrite, úlceras gástricas ou duodenais.

Distúrbios hormonais podem ser desencadeados pela ação nociva do barulho. A produção desordenada
de hormônios ocorre devido à hipo ou a hiperestimulação do hipotálamo, estrutura cerebral responsável
pela produção e regulagem dos hormônios nas glândulas endócrinas. O desarranjo hormonal pode levar a
efeitos colaterais, como por exemplo, o aumento da adrenalina e seus derivados, favorecendo o aumento
da pressão arterial, úlceras e gastrites.

A desordem dos hormônios do crescimento pode causar situações desfavoráveis ao organismo, uma vez
que em taxas elevadas, podem aumentar as taxas de glicose no sangue, provocando o risco de
desencadeamento da Diabetes Mellitus.

O sistema imunológico também pode ser afetado. O ruído provoca alterações na composição dos
elementos de defesa do organismo, tornando-os mais vulneráveis às doenças de origem infecciosas, de
cunho contagioso.

A vida sexual de pessoas expostas ao ruído pode sofrer modificações. As mulheres podem apresentar
sintomas como alterações no ciclo e/ou no fluxo menstrual, cólicas e, em casos particulares, dificuldade
em engravidar. Os homens podem apresentar problemas de impotência e infertilidade.

O equilíbrio pode estar comprometido, pois uma vez que o vestíbulo é afetado, pode provocar náuseas,
tonturas e vômitos. Caso persista o contato constante com o barulho, esses sintomas podem tornar-se
crônicos.

Outra alteração muito comum, e talvez a mais incomoda, é a do sono. Pessoas que estão freqüentemente
em locais barulhentos, relatam dificuldades para adormecer e quando adormecem, despertam com
facilidade.

Em alguns casos, não conseguem dormir, desenvolvendo assim, episódios de insônia, o que leva
conseqüentemente a alterações comportamentais, fazendo com que o individuo apresente-se sempre
mal-humorado, cansado, desatento, estando mais passível de sofrer algum tipo de acidente em casa, na
rua ou no trabalho.

A comunicação e a sociabilidade dessas pessoas podem estar comprometidas, desde que a perda se
desenvolva abrangendo as áreas de freqüências onde se situa a região da fala. Podem apresentar

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dificuldade em entender o que é dito, em ouvir rádio, TV. Nesses casos, a tendência é ao isolamento do
convívio social.

Outros sintomas podem surgir, com manifestações comportamentais como a falta de atenção, a
dificuldade de concentração, os problemas de memória, o desanimo, a irritabilidade e a depressão.

Muitas pessoas submetem-se a tal risco por ignorarem seus efeitos. Porém além de todos os danos já
citados, existe um fato descrito por Axelson (1981) que trata da suscetibilidade individual.

Segundo ele há pessoas que tem maior tolerância ao ruído, por isso são denominadas “orelhas de pedra”.
Já aquelas mais sensíveis, foram definidas como “orelha de cristal”.

Na impossibilidade de se reconhecer a que a categoria de “orelhas de Axelson” os indivíduos pertencem,


cabe apenas o esclarecimento prévio dos efeitos colaterais a que estão submetidos à prevenção.

A preocupação com os efeitos danosos causados pela ação do excesso de barulho rompeu a barreira das
áreas relacionadas à saúde. Órgãos responsáveis pela preservação do meio ambiente e pelo bem estar da
população também estão empenhados na promoção da boa qualidade de vida da comunidade,
combatendo os fatores que contribuem para o aumento da poluição sonora.

A nocividade desse agente físico não afeta tão somente a saúde humana, como prejudica o ambiente,
tornando-o cada vez mais insalubre.

A audição é de extrema importância à vida social e profissional do ser humano. É por isso que a surdez
deve ser prevenida em quaisquer segmentos em que haja a probabilidade de adquiri-la.

Lembre-se, o grande problema do barulho é que os seus efeitos não são imediatos, ou seja, a perda de
audição ocorre aos poucos e vai aumentando com o passar do tempo. A esta altura, não existe cura ou
tratamento, pois a situação é irreversível.

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