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Atendimento inicial da vítima e

2
sinais vitais

Débora Fernanda Amaral Pedrosa

Introdução

Prezado(a) aluno(a), nesse capítulo vocês irão estudar sobre o atendimento inicial a vítima
que sofreu um traumatismo e sobre os sinais vitais que são parâmetros importantes que
devem ser observados durante os eventos traumáticos.

Na ocorrência de um evento que envolva os cuidados de primeiros socorros, torna-se


imprescindível o conhecimento acerca da avaliação inicial das condições da vítima e dos
sinais vitais pelos profissionais da saúde.

A avaliação inicial da vítima deve ser realizada rapidamente com a finalidade de reconhecer
os agravos sofridos pela vítima e obter subsídios para por em prática os primeiros socorros.

Os sinais vitais significam muito para o socorrista pois, são parâmetros importântes para a
manutenção da vida e do funcionamento adequado do corpo humano e, quando alterados,
indicam que algo está disfuncional.

Em primeiros socorros, os sinais vitais fornecem elementos para a tomada de decisões,


prioridade de atendimento da vítima, indica possíveis acometimentos em sistemas
importantes.

Objetivos

• identificar as habilidades fundamentais dos socorristas;

• reconhecer a avaliação inicial em primeiros socorros;

• determinar os sinais vitais;

• conhecer os parâmetros normais e alterados dos sinais vitais;

• identificar os métodos de avaliação dos sinais vitais.

Esquema

2.1 Avaliação inicial da vítima

2.2 Sinais vitais

2.2.1 Pulso
2.2.2 Pressão arterial

2.2.3 Frequência respiratória

2.2.4 Temperatura

2.2.5 Dor

2.3 Conclusão
2.1 Avaliação inicial da vítima
Quando aplicados com eficiência, os procedimentos de primeiros socorros significam a
diferença entre a vida e morte da vítima, a recuperação rápida e hospitalização prolongada e,
a invalidez temporária ou a invalidez permanente.

As urgências e emergências são classificação em quatro níveis. No primeiro nível, a


prioridade de atendimento é absoluta devido ao risco de vida e/ou de perda funcional grave;
no nível 2, a prioridade é moderada, portanto há necessidade de atendimento médico, não
de imediato, mas dentro de poucas horas; no nível 3 a prioridade é baixa pois não há risco
de vida ou de perda de funções e a vítima pode aguardar por algumas horas e, por fim, o nível
4 a prioridade é mínima, nesses casos, o médico regulador pode orientar à vítima por telefone
ou encaminhá-la à uma unidade de saúde.

É importante o socorrista conhecer a gravidade dos casos para poder selecionar a vítima que
irá ter a prioridade no atendimento emergencial. A primeira hora após o acidente é conhecida
como “Hora de Ouro”, ou seja, vítimas potencialmente salváveis e quanto mais rápido for a
assistência à vítima, maiores as chances de sobrevivência e recuperação. Estão incluidas
nessa categoria hematomas epi e subdurais, hemopneumotórax, lesões de fígado e baço,
fraturas pélvicas com sangramento intenso e múltiplas fraturas.

Classificar em qual nível se encontra a vítima é essencial quando temos situações com
múltiplas vítimas. Ao realizar a avaliação inicial da vítima, o socorrista irá determinar em qual
nível ela se encontra e determinar a prioridade do atendimento.

Ao chegar próximo à vítima, é importante que o socorrista conduza uma comunicação efetiva
com ela. Pergunte o nome dela, se apresente, informe que você gostaria de ajudá-la e obtenha
o consentimento da vítima (ou do familiar).

Apresentamos os três tipos de consentimento. O Consentimento Formal ocorre quando a


vítima verbaliza ou sinaliza que concorda com o atendimento; o Consentimento Implícito
incide sobre a vítima inconsciente, confusa ou gravemente ferida, a ponto de não poder
verbalizar ou sinalizar consentindo com o atendimento, desta forma, é presumido que a vítima
forneceria o consentimento caso estivesse em condições de fazê-lo; o Consentimento para
o Menor de Idade deverá ser fornecido pelos pais ou responsáveis legais.

Lembre-se que a vítima tem o direito de recusar o atendimento e não fornecer o consentimento
aos socorristas, entretanto, se houver risco a vida para a vítima, tente argumentar com ela a
fim de obter o consentimento formal, se mesmo diante de seus esforços para obter o
consentimento, a vítima continuar a recusa ao atendimento, o socorrista deverá realizar a
documentação da recusa da vítima em receber o atendimento emergencial ou obter
testemunhas que presenciaram a vítima recusar o atendimento.

De acordo com o Código Penal Brasileiro, em seu capítulo III que trata

“Da periclitação da vida e da saúde”, o artigo 135 nos diz que a omissão de socorro é: -

“Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave
e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é


aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta em morte.” (BRASIL, 1940).
O socorrista deverá proceder a avaliação da vítima de forma sistemática. Se houver mais que
uma vítima, determine a de maior gravidade para oferecer os primeiros socorros.

Questione a vítima sobre os acontecimentos e sua queixa principal, se ela responder, é um


bom sinal, pois significa que as suas vias aéreas não estão obstruídas, ouça atentamente seu
relato para indentificar pistas (dor, falta de ar) que possam ajudá-lo a continuar o atendimento.

Durante a avaliação da vítima inicie pelas vias aéreas e coluna cervical, em seguida pela
respiração, circulação e sangramentos, estado neurológico e, por fim, exponha a vítima para
examiná-la com maior rigor.

• Via aérea e coluna cervical: determine se as vias aéreas estão desobstruídas e


possibilidade de traumatismo na coluna cervical;

• Respiração: verifique se a vítima está respirando ao detectar os movimentos torácicos;

• Circulação: avalie se o sangue está circulando ao tomar o pulso, se você determinar a


ausência do pulso, inicie de imediato a Ressuscitação cardiopulmonar;

• Estado neurológico: a vítima pode estar alerta ou ao contrário, pode não responder
aos estímulos. É necessário saber o nível de consciência da vítima, assim como, as
funções sensoriais e motoras;

• Exposição da vítima: procure no corpo da vítima lesões não vistas anteriormente, deixe
a vítima protegida, principalmente de baixas temperaturas, pois ela pode evoluir para
uma hipotermia.

No capítulo 3 você irá encontrar mais detalhes sobre a Rescuscitação cardiopulmonar e no


capítulo 4 sobre a avaliação primária no trauma.

De acordo com a sua categoria profissional, você terá maior ou menor habilidade em efetuar
os procedimentos em primeiros socorros, entretanto, não realize nenhum procedimento que
você não está apto a fazer. A seguir estão descritas algumas habilidades que os profissionais
da saúde estão aptos a fazer em primeiros socorros.

• Controlar o local onde ocorreu o acidente;

• Acessar a vítima com rapidez e segurança;

• Desobstruir as vias aéreas da vítima;

• Realizar RCP com eficiência;

• Controlar sangramentos;

• Reconhecer os estados de choque;

• Detectar os diversos tipos de lesões;

• Realizar curativos e aplicar as bandagens;

• Reconhecer os casos de envenenamentos e intoxicações;

• Reconhecer as lesões causadas por queimaduras;


• Detectar as condições de ataque cardíaco, acidente vascular encefálico, estado de
coma, crise convulsiva, dentre outros.

<AMPLIANDO O CONHECIMENTO>

Agora, você deverá ler nos “Protocolos de Intervenção para o SAMU 192” o item BC1 –
Avaliação primária do paciente, disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_suporte_basico_vida.pdf

<FECHAR BOX>

A seguir, vamos explorar mais sobre os sinais vitais no atendimento à vítima visto que essas
informações são parâmetros importantes para a prestação do socorro.

2.2 Sinais vitais

Segundo Porto e Souza (2014) cap 21 p. 476, “os sinais vitais expressam o funcionamento e
as alterações dos órgãos e/ou sintomas mais relacionados com a manutenção da vida”. O
pulso, a pressão arterial, a frequência respiratória, a temperatura corporal são considerados
sinais vitais. Apesar de ser um sintoma, dentro da área de saúde, a dor é conhecida como o
quinto sinail vital.

A avaliação dos sinais vitais em diversas situações, inclusive em urgência e emergência,


envolvem procedimentos e técnicas apuradas para a obtenção de dados fidedignos com a
finalidade de conhecer o estado fisiológico dos órgãos vitais que é o reflexo do estado atual
de saúde da vítima.

Ao prestar os primeiros socorros à vítima em situação de urgência e emergência, o socorrista


deve estar atento aos parâmetros dos sinais vitais apresentados pelo paciente com
frequência, pois, é comum encontrar alterações nos sinais vitais que podem indicar a
gravidade do evento que pode evoluir para o óbito. A recomendação é aferir os sinais vitais a
cada 2 a 5 minutos, desta forma, o socorrista conseguirá observar as possíveis alterações no
estado de saúde da vítima e avaliar a eficácia das suas intervenções.

Em serviços de emergência, os sinais vitais são aferidos pelos profissionais de saúde, em sua
maioria pela equipe de enfermagem e registrados em prontuários médicos. Ao analisar esses
parâmetros de registro dos sinais vitais, perceberam que os pacientes que sobreviveram ao
evento adverso à saúde possuíam menos alterações dos parâmetros vitais durante o período
em que tiveram internados em unidades de emergência hospitalar.

2.2.1 Pulso

Em um adulto, a cada batimento cardíaco, o volume de sangue ejetado do ventrículo para a


artéria Aorta é em média 70 ml (volume de ejeção). Esse volume de sangue gera uma força
que distende as paredes arteriais, desta forma, essa onda de pressão é sentida nas artérias
periféricas.
Em geral, o pulso periférico é aferido na artéria radial, entretanto, o pulso carotídeo e o
femoral também poderão ser utilizados.

A frequência cardíaca (FC) é determinada na avaliação do pulso periférico durante um


minuto, entretanto, em determinadas situações onde o pulso é regular, pode-se avaliar a FC
em trinta segundos e multiplicar por dois. Porém, para muitos autores, a recomendação é
aferir o pulso em 60 segundos.

Durante a palpação do pulso podemos avaliar a frequência (velocidade dos batimentos), o


ritmo cardíaco (regular ou irregular) e a intensidade ou força (cheio ou filiforme).

Dependendo do autor que você consultar, algumas diferenças no valor da FC normal


poderão ser observadas, assim como é esperado haver diferenças na FC de acordo com a
faixa etária da vítima e sua situação clínica. Sabemos que quanto mais jovem, mais rápido
será a FC e quanto mais idoso, mais lento tende ser a FC.

A frequência cardíaca no adulto varia entre 60 a 100 batimentos por minuto. Durante os
episódios de taquicardia, temos os batimentos cardíacos acima de 100 por minuto; enquanto
na bradicardia, a FC está abaixo de 60 batimentos por minuto.

<INSERIR EM GLOSSÁRIO>

Pulso regular: Pulsações com intervalos iguais.

Pulso irregular: Pulsações com intervalos desiguais, mais longos e/ou mais curtos.

Pulso filiforme: Pulsações fracas ocasionada pela diminuição do volume de ejeção.

<FECHAR GLOSSÁRIO>

Para aferir o pulso periférico, o examinador deve escolher a artéria a ser avaliada e palpá-la
com os dedos médios contra o osso adjacente (figura 1).

Figura 1: Palpação do pulso radial

Fonte: Acervo Uniube.

Os locais para verificação do pulso periférico são variados (figura 2), porém, em situações de
emergência, recomenda-se aferir o pulso carotídeo em adultos e o braquial em bebês.
Figura 2: Locais para palpação do pulso periférico

Fonte: Acervo Uniube.

2.2.2 Pressão arterial

A pressão arterial (PA) “consiste na força exercida pelo sangue sobre a parede dos vasos”
(PORTO; SOUZA, 20, p. 476).

A pressão arterial sistólica (PAS) é a “pressão máxima sentida na artéria durante a contração
ventricular esquerda ou sístole, enquanto a pressão arterial diastólica (PAD) corresponde a
um rechaço elástico, de repouso, que o sangue exerce constantemente entre cada contração”
(JARVIS, 20, p. 136). Quando atribuímos o valor da PA em 120x80 mmHg, o primeiro valor
corresponde a PAS, o segundo valor a PAD e a unidade padrão utilizada é milímetros de
mercúrio.

Segundo a Sociedade Internacional de Hipertensão (2020), a pressão arterial normal em


adultos acima de 18 anos deverá ser menor que 130x85 mmHg, os valores superiores são
classificados de acordo com o quadro 1.

Categoria PAS (mmHg) PAD (mmHg)

Elevada 130-139 85-89

Hipertensão grau 1 140-149 90-99

Hipertensão grau 2 ≥ 160 ≥ 100

Quadro 1: Classificação da hipertensão segundo a Sociedade Internacional de Hipertensão

Fonte: Adaptado da Sociedade Internacional de Hipertensão (2020).

Entretanto, as diretrizes da American Heart Association (AHA), é mais rigorosa em classificar


a hipertensão (Quadro 2).
Categoria PAS (mmHg) PAD (mmHg)

Normal Menor que 120 Menor que 80

Elevada 120-129 Menor que 80

Hipertensão grau 1 130-139 80-89

Hipertensão grau 2 ≥ 140 ≥ 90

Quadro 2: Classificação da hipertensão segundo a American Heart Association

Fonte: Adaptado da American Heart Association (2017).

A AHA classifica as crises hipertensivas em situações de urgência, quando a PAS está acima
de 180 mmHg e a PAD acima de 120 mmHg e as crises hipertensivas consideradas
emergências, além da pressão estar elevada (180x120 mmHg), ocorre também danos em
órgão importantes.

É aceitável os valores da PA para um adulto entre 140x90 mmHg e 80x50 mmHg. Não existe
classificação para a hipotensão arterial, contudo, em estados de choque, ocorre a queda da
PA abaixo de 80x50 mmHg ou 30 mmHg inferior da pressão basal da vítima.

O choque ao privar os tecidos de oxigênio (oferta x demanda), é considerado uma condição


de emergência devido ao risco de vida que a vítima está submetida. Temos quatro tipos de
choque, o hipovolêmico (hemorragia, diarreia e vômitos, queimaduras ou infarto agudo do
miocárdio), o séptico (infecções), o anafilático (picada de insetos, medicamentos ou
alimentos) e o neurogênico (lesões no Sistema Nervoso Central).

A escolha correta dos instrumentos de aferição da PA tem como objetivo obter dados
fidedignos na medida, desta forma, o esfigmomanômetro deve ser calibrado com frequência
e o tamanho manguito apropriado para adultos e crianças (figura 3).

Figura 3: Tamanho do manguito adulto e infantil

Fonte: Acervo Uniube.


O débito cardíaco, a resistencia vascular, o volume sanguíneo, a viscosidade do sangue e a
elasticidade das artérias são fatores que infuenciam diretamente no valor da PA. Conforme
demonstrado na figura 4.

Figura 4: Fatores que interferem na PA

Fonte: Jarvis, 2012, p. 137.

Em situações de urgência e emergência torna-se difícil seguir as recomendações para


aferição da PA, tal como o repouso, medir em três posicionamentos diferentes e outras
orientações, mas, podemos continuar a posicionar o manguito e o estetoscópio em locais
corretos (figura 5), inflar o manguito até desaparecer o pulso radial e liberar o ar
continuadamente.

Figura 5: Posicionamento do manguito no membro superior e do estetoscópio na artéria


braquial

Fonte: Acervo Uniube.


2.2.3 Frequência respiratória

As funções do sistema respiratório estão centradas no fornecimento de O2 para produção de


energia, na remoção de CO2 (subproduto das reações) e na manutenção da homeostase
(pH). Durante a Inspiração o Centro Regulatório (CR) envia impulsos ao nervo frênico que
contrai o diafragma o que leva a movimentação dos órgãos para dentro do abdome com o
aumento da cavidade peitoral e, por fim, a entrada de ar nos pulmões. Enquanto na
Expiração há o relaxamento do diafragma e músculos intercostais, seguido da elevação do
diafragma, os órgãos abdominais voltam à posição original e a diminuição da caixa torácica.

Em geral, a respiração normal é relaxada, regular, automática e silenciosa. Desta forma, o


“ritmo e a frequência respiratórios normais caracterizam-se pela sucessão regular de
movimentos respiratórios, com amplitude de profundidade mais ou menos igual em uma
frequência de 16 a 20 respirações por minuto, em pessoas adultas, em situação denominada
eupneia” (PORTO; SOUZA, 2014, p. 477).

<INSERIR EM GLOSSÁRIO>

Apneia: parada da respiração.

Dispneia: sucessão de movimentos respiratórios amplos e desconfortáveis.

Taquipneia: respiração rápida e superficial. Frequência aumentada.

Bradipneia: respiração lenta. Frequência diminuída.

<FECHAR GLOSSÁRIO>

Ao avaliar a respiração de uma vítima, o socorrista não deve informar a pessoa que sua
Frequência Respiratória (FR) está sendo avaliada, desta forma, o profissional realizar a
contagem da FR enquanto mantem os dedos médios no pulso. A avaliação da FR é realizada
durante 1’, no qual devemos observar outros aspectos, tais como:

• O ritmo (regular ou irregular);

• A profundidade (superficial ou profunda);

• A presença de desconforto respiratório (dispneia);

• As condições de oxigenação (necessidade de oxigênio).

Segundo Jarvis (2012) existem uma proporção de 4:1 entre a frequência de pulso e a
frequência respiratória, desta forma, o quadro 3 demonstra a frequência respiratória
esperadas por faixa etária.
Faixa etária Frequência respiratória

Recém nascido 30 – 40

1 ano 20 – 40

2 anos 25 – 32

8-10 anos 20 – 26

12-14 anos 18 – 22

16 anos 12 – 20

Acima de 18 anos 10 - 20

Quadro 3: Frequência respiratória desejada segundo a faixa etária.

Fonte: Adaptado de Jarvis (2012).

Em algumas situações, podemos observar mudanças nas características normais da


respiração. O quadro 4 demonstra os padrões respiratórios alterados.

Padrões respiratórios Características respiratórias Condição de saúde

Taquipneia Respiração rápida e Pneumonia


superficial
Lesões na ponte
> 24 por minuto

Ritmo regular

Bradipneia Respiração lenta Uso de fármacos

< 10 por minuto Aumento da pressão


intracraniana
Ritmo regular
Coma diabético

Hiperventilação Aumento da frequência e Coma hepático


profundidade
Lesão do mesencéfalo
Ritmo regular
Aumento de CO2 no sangue

Hipoventilação Respiração superficial Overdose de narcóticos

Ritmo irregular

Cheyne Stokes Respiração que aumenta e Insuficiência cardíaca


diminui
Insuficiência renal
Períodos de respiração
alternado com apneia Meningite
Overdose por drogas

Aumento da pressão
intracraniana

Biot Respiração que aumenta e Trauma no crânio


diminui
Choque térmico
Ritmo irregular

Série de respiração seguido


de apneia

Quadro 4: Tipos respiratórios segundo condições de saúde em urgência e emergência.

Fonte: Adaptado de Jarvis (2012).

2.2.4 Temperatura

O hipotálamo possui um mecanismo de regulação da temperatura corporal e mantém o


equilíbrio entre a produção de calor versus a perda de calor. Em geral, a produção de calor
está relacionada ao metabolismo, prática de exercícios físicos, digestão dos alimentos e
fatores externos diversos; contudo, a perda de calor ocorre por meio de irradiação,
evaporação do suor, convecção e condução.

Existem diversas formas de aferir a temperatura, porém, a mais frequente é a medida da


temperatura axilar, para tal, utiliza-se um termômetro digital que deve ser colocado em contato
com a pele debaixo da axila e a leitura do resultado é feita em um visor de cristal líquido.

A temperatura interna ou central do corpo humano é em torno de 37,2ºC, porém, ao realizar


a medida da temperatura axilar esperamos obter o resultado, na faixa da normalidade, entre
35,5 a 37ºC.

Segundo Porto e Souza (2014), é considerado febre leve a temperatura de 37,5ºC, moderada
de 37,6 a 38,5ºC e alta acima de 38,6ºC.

O socorrista poderá encontrar a vítima com a temperatura alterada, entretanto, não é sempre
que o termômetro estará disponível, desta forma, avalia-se a temperatura relativa da pele ao
colocar o dorso da mão na região frontal da cabeça. Em situações de Urgência e Emergência
a hipotermia pode ser causada por lesão medular ou exposição ao frio e nos casos de
hipertermia por febre ou insolação.

<INSERIR EM GLOSSÁRIO>

Febre: temperatura acima do normal.

Hipotermia: temperatura abaixo do normal.

Hipertermia: temperatura acima do normal e com presença de fatores ambientais envolvidos.

Bradipneia: respiração lenta. Frequência diminuída.


<FECHAR GLOSSÁRIO>

2.2.5 Dor

Em 1979 a International Association for the Study of Pain (IASP), definiu a dor como “uma
experiência sensorial e emocional desagradável associada a, ou semelhante àquela
associada a, dano real ou potencial ao tecido”. Porém, essa definição foi revisada em 2020 e
acrescentou-se alguns elementos descritos abaixo:

• “A dor é sempre uma experiência pessoal que é influenciada em vários graus por
fatores biológicos, psicológicos e sociais”.

• “Dor e nocicepção são fenômenos diferentes. A dor não pode ser inferida apenas da
atividade dos neurônios sensoriais”.

• “Por meio de suas experiências de vida, os indivíduos aprendem o conceito de dor”.

• “O relato de uma pessoa de uma experiência como dor deve ser respeitado”.

• “Embora a dor geralmente desempenhe um papel adaptativo, ela pode ter efeitos
adversos na função e no bem-estar social e psicológico”.

• “A descrição verbal é apenas um dos vários comportamentos para expressar dor; a


incapacidade de se comunicar não nega a possibilidade de que um ser humano ou um
animal não humano sinta dor”. (IASP, 2020, infográfico).

<AMPLIANDO O CONHECIMENTO>

Agora, você deverá ler o artigo “Dor: avaliação do 5º sinal vital. Uma reflexão teórica” de
autoria de Lucimeire Araújo; Bruna Romero, disponível em
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
00132015000400291&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. O texto levanta as questões referentes à dor
como o quinto sinal vital para os profissionais da área de saúde.

<FECHAR BOX>

A dor aguda é um importante sinal de alerta emitido pelo cérebro que indica que algo está
errado, desta forma, a dor aguda é um sintoma que não deve ser ignorado pelo socorrista.
Esse tipo de dor tem a função de alertar para uma lesão e é localizada facilmente pela vítima.

Para o socorrista, a dor aguda é uma importante informação que irá direcioná-lo para a
avaliação da vítima, e possivelmente indicará a localização do traumatismo ou da condição
de saúde alterada. Desta forma, o socorrista poderá utilizar-se de escalas unidimensionais
para avaliar a dor da vítima, assim, quanto maior for a intensidade de dor, mais alta será a
nota que a vítima atribuirá na escala.

Na figura 6, temos exemplos de dois tipos de escalas, a escala de faces e a escala numérica,
ambas avaliam apenas uma dimensão da dor (sensorial), mais voltada para a intensidade da
dor.

A escala numérica, é representada pelos numerais de 1 a 10, sendo que o número 1 indica
uma dor fraca e o número 10, a pior dor sentida; o restante dos números indicam intensidade
de dor intermediárias. O número zero não é indicado nessa escala, porém, ele representa a
ausência de dor.
Na escala de faces, temos a representação de cinco faces, sendo que a primeira (feliz)
representa a ausência de dor e a última (choro) indica a pior dor possível; as outras faces
indicam intensidade de dor intermediária. O socorrista também pode observar expressões de
dor na face da vítima

Figura: Escala unidimensional para avaliação da dor

Fonte: Getty images.

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Provavelmente você não estará com as escalas de dor na cena onde ocorreu a urgência ou
emergência, mas, você pode deixar a vítima expressar a dor por meio de palavras (escala
verbal) no qual a vítima escolherá a palavra que mais representa a dor sentida (nenhuma dor,
pouca dor, dor moderada, dor forte e pior dor). Ou solicitar a vítima que atribua uma nota para
a dor daquele momento, onde o zero representa a ausência de dor e o dez a pior dor já
sentida, lembrando que os outros números intermediários também devem ser utilizados
lembrando que quanto mais próximo ao zero, menor é a intensidade de dor e, quanto mais
próximo ao 10, maior será a intensidade de dor.

2.3 Conclusão

Após estudar esse capítulo, podemos entender que a avaliação inicial da vítima oferece
subsídios para o socorrista executar os procedimentos necessários durante os primeiros
socorros. O socorrista deve seguir uma sequência lógica e possuir habilidades cognitivas,
motoras e emocionais para prestar o socorro à vítima em situação de urgência ou emergência.
Os sinais vitais são parâmetros que refletem as condições de saúde e podem alterar-se
rapidamente indicando a piora do estado de saúde e possibilidade de agravamento da vítima.
Resumo

A chamada “Hora de Ouro” é essencial para o socorro da vítima, pois é durante a primeira
hora que a vítima recebe os primeiros atendimentos pré-hospitalar e/ou intra-hospitalar que
garante a sua sobrevivência e diminui as chances de óbito ou de sequelas graves.

Segundo o código penal brasileiro, o profissional da saúde tem a obrigação de prestar os


primeiros socorros para a vítima. No atendimento inicial pelo socorrista, é importante que ele
tenha o consentimento formal da vítima, no entanto, em algumas situações, o consentimento
implícito também é válido.

Nesse atendimento, o socorrista irá realizar a avaliação da vítima começando pelas vias
aéreas, coluna cervical, respiração, circulação e sangramentos, estado neurológico,
exposição da vítima e controle da temperatura.

Os sinais vitais também são importantes nesse momento e devem ser avaliados a cada 2 a 5
minutos. São considerados “sinais vitais” o pulso (frequência cardíaca), a respiração
(frequência respiratória), a pressão arterial, a temperatura e a dor.

A frequência cardíaca (FC) deve ser avaliada por 60 segundos no pulso radial, braquial ou
carotídeo. Em um adulto a média da FC é de 70 batimentos por minuto, o pulso deve ser
regular e cheio.

A pressão arterial (PA), na maioria das vezes, é aferida nos membros superiores com um
esfigmomanômetro e estetoscópio. A PA em um adulto é em média em torno de 120x80
mmHg, a PA sistólica acima de 130 mmHg e/ou a PA diastólica acima de 85 mmHg são
consideradas elevadas. A PA considerada baixa e pode ser considerada indícios de choque
quando está abaixo de 80x50 mmHg.

A respiração normal de uma pessoa é relaxada, regular, automática e silenciosa. Em um


adulto, a frequência respiratória (FR) está na faixa entre 16 a 20 incursões por minuto. Além
da FR, o socorrista deverá avaliar também o ritmo, a profundidade, a presença de desconforto
respiratório e as condições de oxigenação.

A temperatura axilar normal está na faixa entre 35,5 a 37ºC. Podemos considerar febre
quando a temperatura corporal é a partir de 37,5ºC ou mais.

A dor, apesar de ser um sintoma, é considerada o 5º Sinal vital e é medida por meio de
escalas. No cenário de um acidente, é comum a vítima apresentar dor aguda e facilmente
localizada por ela. O socorrista deve determinar o grau de dor da vítima e solicitar a descrição
desse sintoma.

Leitura(s)

ARAUJO, Lucimeire Carvalho de; ROMERO, Bruna. Pain: evaluation of the fifth vital sign. A
theoretical reflection. Rev. Dor. v. 16, n. 4, p. 291-296, Dez., 2015. Disponível
em:<https://www.scielo.br/pdf/rdor/v16n4/pt_1806-0013-rdor-16-04-0291.pdf>. Acesso em:
10 Fev. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de Intervenção
para o SAMU 192 - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília: Ministério da Saúde,
2016.

Referências

BARROS, A. L. B. L. Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de enfermagem no


adulto. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da


União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Especializada. Regulação médica das urgências. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

HAFEN, Brent Q.; KARREN, Keit J.; FRANDSEN, Kathryn, J. Guia de primeiros socorros
para estudantes. Barueri. Manole, 2002.

JARVIS, Carolyn. Exame físico e avaliação de saúde para enfermagem. In: ______.
Ectoscopia, medidas, vinais vitais. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2014. Cap 9, p.
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LUONGO, Jussara. Tratado de primeiros socorros. São Paulo. Rideel, 2014.

KARREN, Keit J.; HAFEN, Brent Q.; LIMMER, Daniel; MISTOVICH, Joseph J. Primeiros
socorros para estudantes. Barueri. Manole, 2014.

OLIVEIRA Gabriella Novelli et al. Alteração de sinais vitais e desfecho clínico de pacientes
admitidos em unidade de emergência. Rev. Enferm. UFSM. v.10, n. 81, p. 1-19, 2020.
Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/42559/html> Acesso em: 19
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