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CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL:

O Direito Ambiental - pode ser conceituado, portanto, como o conjunto de


princípios, regras e valores relativos ao meio ambiente como bem de uso
comum do povo. Constitui-se de normas decorrentes do Direito Internacional,
da Constituição Federal e da legislação ordinária que regulam atividades
potencialmente danosas ao meio ambiente, visando sempre a sua proteção.
Ou, como referido por Prieur, é composto de um conjunto de regras jurídicas
relativas à proteção da natureza e à luta contra as poluições.

A abordagem ética de “justiça ecológica”[15] da sustentabilidade reformula, a


olhos vistos, a concepção antropocêntrica e individualista de dignidade, de
modo que “sempre haverá como se sustentar a dignidade da própria vida de
um modo geral”[16]. Bosselmann, ao defender uma perspectiva ecológica de
justiça, e confirmando o aqui alegado, refere que as “diferentes abordagens à
justiça ecológica têm como objetivo integrar o mundo não humano na tomada
de decisões ambientais”[17].

O regime do Direito Ambiental brasileiro, consequentemente, reconhece


um valor intrínseco à vida em geral (não exclusivamente humana), como
se verifica, por exemplo, da vedação de qualquer tratamento cruel contra os
animais no artigo 225, parágrafo 1º, inciso VI da Constituição Federal. De
ressaltar que o STF, como não poderia deixar de ser, já entendeu como
ilegítimas práticas tradicionais que se caracterizam como crueldade contra os
animais e, com isso, declarou inconstitucionais a “rinha do galo”[18], a “farra do
boi”[19] e, mais recentemente, a “vaquejada”[20].

No Direito Ambiental, como esclarecem Fensterseifer e Sarlet, “assume relevo


a disputa entre ‘antropocentristas ecológicos (ou moderados)’ e ‘biocentristas
(ou ecocentristas)’”. Predomina, porém, o entendimento de que o regime
constitucional ambiental brasileiro esposa um antropocentrismo
moderado, relativo, alargado ou “jurídico ecológico”[21], para “reconhecer
o valor intrínseco e não meramente instrumental atribuído ao ser humano e a
outras formas de vida não humanas e, é possível afirmar, à própria Natureza
em si”[22]. Os direitos à vida e ao meio ambiente equilibrado, portanto,
devem ser respeitados em uma acepção ampla, ficando vedados
retrocessos inconstitucionais.

PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO AMBIENTAL:

As fontes do Direito são as instituições que regem e dão forma ao ordenamento


jurídico. Entre elas, estão a lei, os costumes, a jurisprudência, a doutrina e os

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princípios, que influenciam o entendimento dos valores tutelados pela justiça
brasileira. O principio, no âmbito jurídico, é a essência da norma e dá início à
produção das demais fontes. O seu objetivo é guiar as regras mais específicas
sob a ótica da legalidade, respeitando a lei vigente. Em se tratando do Direito
Ambiental, tem-se os princípios que o regem: Princípio do Direito ao Meio
Ambiente Ecologicamente Equilibrado, Princípio do Direito a Sadia Qualidade
de Vida; Princípio da obrigatoriedade da proteção ambiental; Princípio da
prevenção; Princípio da Precaução; Princípio da obrigatoriedade da avaliação
Prévia em obras potencialmente danosas ao meio ambiente; Princípio da
publicidade; Princípio da reparabilidade do dano ambiental; Princípio da
Participação; Princípio da Informação; Princípio da função socioambiental da
propriedade; Princípio do poluidor pagador; Princípio da compensação;
Princípio da responsabilidade; Princípio do desenvolvimento sustentável;
Princípio da educação ambiental; Princípio da cooperação internacional e
Princípio da soberania dos estados na política ambiental. Todos serão
desenvolvidos no presente artigo.

Palavras-chave: Meio Ambiente, Princípios, Direito Ambiental.

1. introdução

Caput, Art. 225 CF/88, “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

      Nos dias atuais é notório que a visão do mundo mudou, e hoje enxergamos
a importância do meio ambiente para a perpetuação da vida do homem, a
necessidade que temos de tutelar esse bem para que as próximas gerações
possam existir. Um grande passo que se deu em favor do meio ambiente, a
Conferência de Estolcomo, realizada em junho de 1972 na capital da Suécia, a
ação que repercutiu internacionalmente e nessa grande onda que movimentou
os países, o Brasil consolidou o direito ambiental por meio da constituição de
1988.

Dentro desse contexto nascem os princípios do direito ambiental que são os


norteadores para ações executadas pelo poder público e privado, as leis, a
jurisprudência, a doutrina e os tratados e convenções internacionais são
criados com base em princípios jurídicos.

2. PRINCÍPIOS

2.1. Princípio do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado

       Princípio do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é o


princípio base do direito ambiental, é expressado logo no início do art. 225 da
CF/88, sendo por tanto um direito constitucional, classificado como direito de

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terceira geração e um direito difuso pois o legislador constituinte expressou ali
o adjetivo “todos”, sendo esses: brasileiros e estrangeiros residentes no pais,
todos são titulares desse direito.

       O princípio do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado traduz


a ideia de existência de um direito à não ocorrência de desequilíbrio do
ecossistema, com manutenção de suas características naturais, de forma a
permitir o desenvolvimento dos seres vivos (MACHADO, 2016).

2.2. Princípio do direito a sadia qualidade de vida

No artigo 225 da CF, o legislador transmite a importante relação entre meio


ambiente e homem, essa relação é essencial para que o ser humano não tenha
apenas direito a vida, mas o direito a uma sadia qualidade de vida, o que
implica em viver em um meio ambiente equilibrado, para o uso comum do
povo, onde o legislador impõe ao poder público e à coletividade o dever de
defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. É
importante ressaltar que a conferência de Estocolmo foi um marco, onde
nasceu o primeiro documento do direito internacional a reconhecer o direito
humano a um meio ambiente de qualidade, que é aquele que permite ao
homem viver com dignidade.

2.3. Princípios da obrigatoriedade da proteção ambiental    

       Também denominado o Princípio da Natureza Pública da Proteção


Ambiental, é um princípio Jurídico que rege o Direito Ambiental Brasileiro.

       Este princípio é expresso no dever irrenunciável do Poder Público atuar


como garantidor da proteção do meio ambiente, devendo regular a ordem
econômica ambiental. Por isso, inexiste discricionariedade administrativa na
tutela ambiental, em regra aplicável tanto à propriedade urbana quanto à rural,
a função socioambiental da propriedade exige que esta seja gerida de forma a
considerar a preservação ambiental conforme art.225 da Constituição Federal.  
                                                                
                               

  2.4. Princípios da prevenção e precaução

      O principio da Prevenção visa a inibir o dano potencial sempre indesejável,


e o principio da precaução visa a impedir o risco de perigo abstrato.

      Outra diferença substancial entre os dois princípios é que o Princípio da


Prevenção esta calcado em uma certeza científica que determinada atividade
causará danos, e pode referido, ainda, que o Principio da prevenção tem a
finalidade de se evitar o perigo concreto (comprovado cientificamente) e o
Princípio da Precaução objetiva evitar o perigo abstrato (não comprovado
cientificamente), mas que seja versável a sua ocorrência. O Principio da

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Prevenção, por sua vez, pode ser aplicado para impedir que sejam praticadas
atividades que já se sabem causadoras de danos, por fontes de informações
científicas reconhecidas.

    O Princípio da precaução, pode ser aplicado quando os dados científicos do


risco da atividade a ser realizada são insuficientes ou contraditórios. O risco de
perigo, nesse caso, pode ser meramente potencial, ou seja, configura-se com a
possibilidade verossível de nocividade da atividade, embora não se possa
qualificar e nem quantificar os efeitos do risco. Assim, o Princípio da Prevenção
visa evitar o risco potencial. Assim os conhecimentos impíricos e popular, são
completamente desprezados, quando se invoca o Princípio da Prevenção. 

    Já o Princípio da Precaução parte de uma incerteza científica e, para ser


implementado, deve partir de dados e fatos compreendidos e analisados pela
ciência ainda que não conclusivos, mas também pode ser analisado em
complementação através do povo na gestão do risco e na tomada de decisões
pelo Poder Público.

2.5. Princípio da obrigatoriedade da avaliação prévia

     A avaliação Previa de impactos ambientais é certamente um dos princípios


mais importantes do ordenamento jurídico em matéria de proteção do meio
ambiente prevista de forma expressa no art. 225, inc. IV da CF, no art. 9, inc.III
da lei 6.938//81.

     Embora intimamente ligada a ideia de prevenção de danos ambientais, a


avaliação de impactos no meio ambiente tem conotação um pouco mais ampla,
que exige sua menção em destaque. Na verdade, ela é um mecanismo de
planejamento na medida em que insere a obrigação de levar em consideração
o meio ambiente, antes da realização de atividades e antes da tomada de
decisões que possam ter algum tipo de influência na qualidade ambiental 

     Normalmente, a avaliação prévia de impactos ambientais é efetuada por


meio de Estudo de Impacto Ambiental, instrumento essencial e obrigatório,
para toda e qualquer atividade suscetível de causar significativa degradação do
meio ambiente.

      De qualquer maneira, porém, não há como negar o caráter eminentemente


preventivo de degradações ambientais dessa espécie de instrumento
administrativo, ou seja, refletir antes de agir para evitar degradações
ambientais importantes.

2.6. Princípio da publicidade

      É decorrente do direito constitucional à informação. Através deste princípio


a Administração Pública possibilita à sociedade o conhecimento de seus atos
para, se necessário, impugná-los. Quando ocorre o dano ambiental, o

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responsável tem como obrigação, sob pena de agravar sua responsabilidade,
avisar a comunidade e suas autoridades de sua ocorrência.

2.7. Princípio da reparabilidade do dano ambiental

       Este princípio se baseia na necessidade de que repare o dano aquele que
degrade de qualquer forma o meio ambiente. A lei 6938/81 utiliza a
responsabilidade objetiva embasada a teoria do risco integral que segundo
essa doutrina, qualquer fato culposo ou não culposo, impõe ao agente a
reparação como meio para exigir a reparação dos danos causados.

2.8. Princípio da Participação

      Diante deste princípio, a sociedade deixa de ser observadora e assume o


papel de coadjuvante e parceira na preservação ambiental. Nas questões
ambientais há o envolvimento de todos os segmentos da sociedade. Atribuindo
responsabilidade à sociedade pela preservação do meio ambiente.

2.9. Princípio da informação

Segundo Machado (2010), a informação serve para o processo de educação


de cada pessoa e da comunidade, os dados ambientais devem ser publicados
atendendo a um princípio maior, o da democracia. O princípio da informação
pode ser definido como o direito de todo cidadão ter as informações que julgue
necessário sobre o ambiente em que vive, e que não seja negado o a
informação que possa causar qualquer dano irreparável à sociedade,
prejudicando o meio ambiente, que além de ser um bem de todos, deve ser
sadio e protegido pela coletividade, inclusive pelo Poder Público. Enfim, as
informações ambientais são muito importantes, já que devem ser
disponibilizadas pelo Poder Público e pelas ONGs confiáveis, portanto, o
grande destinatário da informação é o povo em todos os segmentos, incluindo
o científico não governamental, que tem que refletir a opinião sobre os fatos.

2.10. Princípio da função socioambiental da propriedade

       Solução para o conflito de interesses entre o direito à propriedade privada


e o direito ao meio ambiente ecologicamente preservado. Sendo assim, a
função socioambiental da propriedade nada mais é que o condicionamento do
cumprimento da Função Social da Propriedade, perante as normas ambientais
existentes. As questões ambientais também são limitadoras do Direito de
Propriedade, uma vez que o Meio Ambiente é um bem de uso comum do povo.

2.11. Princípio do poluidor pagador

Esse princípio do direito ambiental contempla duas situações: Poluidor pagador


e usuário pagador. São conceitos distintos, primeiramente, o princípio não está
autorizando a poluição mediante pagamento, mas leva em conta o fato dos

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recursos naturais serem escassos. É preciso ressaltar que esse princípio não
tem interesse em punir, mas disposição de defender e proteger o meio
ambiente.            

      A concepção do poluidor pagador é o ato de responsabilizar o poluidor


(aquele que causou degradação) na forma de pagamento em dinheiro ou
ações, visando a recuperação do meio ambiente. Pode-se dizer que o meio
ambiente está sendo indenizado pelo dano sofrido.

      O Princípio do Usuário pagador estabelece o pagamento pela utilização de


recurso ambiental, sem que essa cobrança resulte na imposição de taxas
abusivas, um exemplo disso e a água mineral que se compra.

2.12. Princípio da compensação

      A compensação tem natureza jurídica de forma de extinção de obrigação. A


Compensação Ambiental é um instrumento previsto no art. 36 da Lei nº 9.985,
de 18 de julho de 2000, impõe ao empreendedor o dever de apoiar na
implantação e manutenção das Unidades de Conservação, independente das
ações mitigadoras de impacto ambiental.

2.13. Princípio da responsabilidade

      O princípio da responsabilidade faz com que os responsáveis pela


degradação ao meio ambiente sejam obrigados a arcar com a
responsabilização e com os custos da reparação ou da compensação pelo
dano causado. Está previsto no artigo 225 da Constituição federal e determina
que a Política Nacional do Meio ambiente vai impor ao poluidor essa obrigação
de recuperar ou indenizar os danos causados ao meio ambiente.

Por esse princípio, o responsável pelo dano - seja pessoa física ou jurídica -
responde pelas ações ou omissões causadas, ficando sujeitos à sanções
cíveis, penais ou administrativas.

2.14. Princípio do desenvolvimento sustentável

      Princípio do direito ambiental que tem como objetivo estudar as interações


do homem com a natureza e os mecanismos legais para proteger o meio
ambiente, como forma de prevenção da natureza da precaução, e da
cooperação entre os povos.

       O desenvolvimento sustentável envolve o meio social, ambiental e


econômico com a preocupação de preservar o meio ambiente, pensando nas
gerações futuras. 

2.15. Princípio da Educação ambiental

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      A CF/88 prevê em seu artigo 225, o princípio da educação ambiental. Tal
princípio tem por objetivo promover a educação sobre o meio ambiente em
todos os níveis de ensino e a conscientização pública para preservação do
ambiente. Ao Poder Público, no caso, é competido fornecer essa educação, já
que o princípio é um dos norteadores do direito ambiental.

      O Estado pode informar como o meio ambiente pode ser utilizado sem que
haja sua degradação irreversível, quais os habitats que nunca poderão ser
alvos da atividade humana, os modos de preservação da natureza,
conscientizando a sociedade para a preservação do meio em que vive e habita.

2.16. Princípio da cooperação internacional

      Esboça a necessidade de colaboração entre os Estados no sentido de uma


preservação mais efetiva do meio ambiente. O primeiro texto normativo a
apresentar esse princípio foi a Declaração de Estocolmo, de 1972, em seu
artigo 24, onde expõe que: ”todos os países, grandes e pequenos, devem
ocupar-se com espírito e cooperação e em pé de igualdade das questões
internacionais relativas às proteção e melhoramento do meio ambiente. É
indispensável colaborar para controlar, evitar, reduzir e eliminar eficazmente os
efeitos prejudiciais que as atividades em qualquer esfera possam causar ao
meio ambiente. ”

Essa proteção deve ser imposta através de tratados, acordos ou qualquer outro
meio eficaz desde que respeitados a soberania e o interesse dos Estados. O
princípio da cooperação internacional inclui a obrigação do Estados em
manterem um intercâmbio de informações, de gerarem o fomento de pesquisas
nas áreas da ciência e da tecnologia e prestarem assistência aos Estados que
se encontrarem em situações de risco ao meio ambiente.

Esse princípio é o reflexo de que as atividades que degradam o meio ambiente


têm âmbito transfonteiriço e suas consequências vão além das jurisdições
nacionais.

2.17. Princípio da soberania dos Estados na Política ambiental

O princípio da soberania é muito fortificado no Direito internacional e nas


constituições nacionais. Ele esclarece que cada Estado tem a liberdade para
proteger o meio ambiente presente em seu território. Nesse caso, não pode um
outro estado ou Órgão Externo ditar as normas que deverão ser aplicadas na
preservação do meio ambiente nacional, ou seja, as nações têm soberania
para estabelecer sua política ambiental sem intervenções externas.

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2.18 - P. do direito humano fundamental : caput do art. 225. O direito ao
ambiente é um direito humano fundamental. Primeiro e mais importante
princípio ambiental para Paulo de Bessa Antunes ( pág. 25 ).

2.19 - Princípio da cooperação ou da participação ( de la coopération ),


que informa uma atuação conjunta do Estado ( em seus mais diversos níveis
União, Estados e Municípios) e sociedade na escolha de prioridades da política
ambiental , por exemplo : conselhos de meio ambiente , que presentes nos
Municípios, Estados e a nível Federal (CONAMA - Lei 6.938/81), tem
assegurada a ampla participação da sociedade, através de organismos,
ONGs, e entidades ligadas ao problema do meio ambiente. É muito clara a
presença no texto constitucional deste princípio, consignado inclusive em
textos estrangeiros a exemplo da Constituição Espanhola : “art. 45, §2º - Os
poderes públicos velarão pela utilização racional de todos os recursos naturais,
com o fim de proteger e melhorar a qualidade de vida e defender e restaurar o
meio ambiente, apoiando-se na indispensável solidariedade coletiva”5. Por
este princípio, portanto, fica claro que a responsabilidade de proteção e
preservação do meio ambiente para as gerações futuras é de ordem
privada e pública, tem previsão em nossa Constituição no art. 23, VI, que
dispõe : “ Art. 23 –É competência comum da União, Estados , do distrito
Federal e dos Municípios : VI – proteger o meio ambiente e combater a
poluição em qualquer de suas formas “, tendo ampara, ainda, na Lei do
Meio Ambiente ( Lei nº 9.605/98 ) que impõe a necessidade de cooperação
internacional para a preservação do meio ambiente, nos artigos 77 e 78.

2.20 - P. do poluidor- pagador ( pollueur - payeur ), ou princípio da


responsabilidade( responsabilité ), que impõe ao "sujeito econômico" que
causar um problema ( dano ) ambiental , a obrigação de arcar com os custos
da neutralização do dano. Este princípio está, à título de exemplo, presente na
“Constituição” da Europa ( tratados instituidores de Amsterdam em 02 de
outubro de 1997 , art. 174, n. 2, in fine , de vigência diferida ). No
ordenamento jurídico brasileiro, temos que a responsabilidade civil pela
prática de dano ambiental é objetiva, sendo necessário apenas que se prove
a existência efetiva do dano e a sua autoria, independentemente da

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comprovação de culpa. A este respeito Antônio Herman Benjamin06 anota que :
“ a reparação do dano não pode minimizar a prevenção do dano. É
importante salientar este aspecto. Há sempre o perigo de se contornar a
maneira de se reparar o dano, estabelecendo-se uma liceidade para o ato
poluidor, como se alguém pudesse afirmar : poluo mas pago. Ora , o princípio
poluidor-pagador que está sendo introduzido em Direito internacional não visa
coonestar a poluição, mas evitar que o dano ecológico fique sem reparação... o
princípio poluidor-pagador não é um princípio de compensação dos danos
causados pela poluição. Seu alcance é mais amplo, incluídos todos os custos
da proteção ambiental, quaisquer que eles sejam, abarcando, a nosso ver, os
custos de prevenção, de reparação e repressão do dano ambienta” ;

2.21 - P. do ônus social ( gemeinlastprinzip ) , que representa a antítese do


princípio. do poluidor- pagador (embora atue em apoio e paralelamente àquele
), na medida em que o Estado arcaria com uma parte do custo de
implementação de qualidade ambiental. O ônus da degradação ambiental
deveria ser suportado solidariamente ( responsabilidade civil objetiva / teoria
do risco ) por toda a sociedade que, representada pelo Estado, deve participar
através de seus Órgãos e entidades do processo de recuperação de áreas
degradadas, o que ocorre efetivamente na prática;

2.22 - P. da Responsabilidade Civil Objetiva, pode ser extraído tanto da


Constituição Federal no § 3º do art. 225, assim : “as condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar danos causados” , o que vem a lume igualmente pelo
enunciado da Lei nº 6.938/81 nos art. 4º, VII, e , 14, caput e §1º . Importante
acrescentar que a novel Lei 9.605/98 trazia em seu bojo a responsabilidade
civil objetiva por danos ambientais de forma expressa , tendo sido objeto de
veto presidencial, o que não elide, em absoluto, a aplicação do citado princípio,
pois que o mesmo exsurge do sistema constitucional de proteção ao meio
ambiente, o que denota uma tendência mundial. Corroborando esta assertiva o
Des. Sebastião Valdir Gomes07 esclarece que : “ a responsabilidade civil
objetiva em matéria ambiental, pois, no direito brasileiro, possui assento na

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Carta Magna, que a recepcionou da legislação infraconstitucional, conforme
posto por Paulo de Bessa Antunes compreendendo que há a aditar que a parte
final do parágrafo 3º do art. 225 da Constituição federal estabeleceu a
responsabilidade civil objetiva em matéria ambiental. A bem da verdade deve
ser salientado que a responsabilidade civil objetiva já preexistia à carta
Constitucional no art. 14, parágrafo 1º, da Lei nº 6.938/81 “ ;

2.22-P. da precaução ( précaution ), orienta a política ambiental preventiva,


uma qualidade ambiental favorável ( o máximo possível livre de perigos ) e
utilizadas parcimoniosamente., valendo-se do planejamento e controle prévios
, sendo exemplo a legislação comunitária européia (art. 2, do tratado da União
Européia / Roma e brasileira) . No direito pátrio a exigência legal de
elaboração de EIAs/APIA/ EPIA / AVIA (Estudos de Impacto Ambiental) suas
variantes e seu consectário o RIMAs (Relatórios de Impacto Ambiental, que
surge como consequência natural da avaliação de impactos ambientais, sendo
para Ribas08 “um relatório técnico, produzido da maneira o mais suscinta e
sistematizada, com vistas à discussão em audiências públicas, após ser
submetido, anteriormente, à análise de corpos técnicos pertinentes à questão
do licenciamento ambiental de empreendimentos “), demonstra a necessidade
de se prevenir a ocorrência de danos ao meio ambiente . Na prática, pode-se
afirmar que a decisão final do processo de qualquer avaliação de impacto
ambiental, é um posicionamento político, jurídicamente orientado, devendo o
Ministério Público fiscalizar a medida do bom senso desejada pelo princípio do
desenvolvimento sustentável, sem permitir que fatores ilegais ou espúrios
venham a se impor. Ex: Projeto “Linha Verde” (obra viária que transpõe cerca
de quatrocentos hectares de manguezais - último grande manguezal do
Recife). Visa a a) prevenção ( e até precaução ) do dano ambiental; b)
transparência administrativa quanto aos efeitos ambientais de
empreendimentos públicos e privados; c) consulta aos interessados; d)
decisões administrativas informadas e motivadas”. Este princípio pode, em
suma, ser entendido como corolário da exigência de estudo prévio de impacto
ambiental.

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2.23- P. do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado
(l’environnement équilibré ) - conforme a exegese dos arts. 225 e 170, VI, da
Constituição Federal. A positivação deste princípio ilumina o desenvolver da
ordem econômica, impondo a sua sustentabilidade. Tem hierarquia superior e
ascendência sobre outros princípios, mesmo pela sua origem na Carta Magna.
O meio ambiente é um bem difuso, sendo direito de “terceira geração”,
assegurando a todos indistintamente o direito a um meio ambiente saudável e
livre de poluição.

2.24- Princípio da Reparação, que encontra seu fundamento de eficácia e


validade no princípio da prevenção, na medida em que se for verificada a falha
na prevenção ou precaução do dano ambiental, subsistirá a obrigatoriedade de
reparação do meio ambiente degradado , podendo ser inferido do artigo 225,
§2º , da Constituição da República e bem assim do art. 2º, VIII, da Lei nº
6.938/81. O conteúdo deste princípio, em muito se aproxima do conteúdo
do princípio do poluidor-pagador, que vai indicar a pessoa a ser
responsabilizada apriorísticamente pelo dano, enquanto este apenas vai
sinalizar que o meio ambiente deverá ser recomposto;

2.25- O Princípio do Desenvolvimento Econômico Sustentável ( ou


sustentado ), já amplamente comentado pode igualmente ser considerado
neste contexto.

2.26- P. da universalidade ou da Ubiqüidade , explica Sebastião Valdir


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Gomes que “ o meio ambiente precisa ser levado em consideração
universalmente e no conjunto das atividades humanas, desde as referentes ao
desenvolvimento econômico ( agrário, industrial, comercial, etc ), até as
referentes à educação ( obrigatória em todos os níveis em matéria ambiental ),
cultura, ( a referência do meio ambiente cultural ), consumo ( a exemplo do
controle dos defensivos químicos tóxicos na produção de alimentos ), etc, eis
que dizem respeito à qualidade de vida e, portanto, ao conjunto das condições
da existência humana”.

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2.27- P. da Publicidade , como é notório rege todos os atos da Administração
Pública em geral ( art. 37, caput da CF ), assumindo uma feição especial em
matéria ambiental na Lei maior ( art. 225, parágrafo 1º, inc. IV, parte final ) e em
âmbito infraconstitucional no art. 4º, inc. V, e art. 10, parágrafo 1º da Lei nº
6.938 / 81, sem citar outros dispositivos.

PRINCÍPIOS CONCILIADORES :

PRINCÍPIOS CONCILIADORES DAS “CONSTITUIÇÕES ECONÔMICA E


AMBIENTAL” :

CRISTIANE DERANI - DIREITO AMBIENTAL ECONOMICO

A doutrina e a própria Constituição apresentam princípios conciliadores das "


duas Cartas " : Econômica e Ambiental, são exemplos citados por Stober7 :

A)Princípio da precaução / prevenção contra danos ecológicos, comentado


anteriormente , tendo os Estudos de Impacto Ambiental como sendo um
importante elemento de apoio a prevenção de danos ambientais, sendo
necessário se compreender que o EIA/RIMA é apenas um aspecto a ser
considerado dentro de um procedimento de licenciamento, talvez o mais
importante aspecto. O Estudo de impacto Ambiental não é um instrumento
jurídico completamente independente, mas está integrado a um sistema de
licenciamento para construção ou financiamento, em vigor”, sendo importante
esclarecer que o licenciamento ambiental no Brasil é de competência dos
órgãos estaduais ou municipais integrantes do Sistema nacional de meio
Ambiente / SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do meio Ambiente e dos
recursos naturais Renováveis – IBAMA, este em caráter supletivo e conforme a
natureza do empreendimento, sendo que a legislação ambiental prev6e a
expedição de três tipos de licença : prévia LP, na fase preliminar do
planejamento do empreendimento; de instalação LI e de operação LO,
conforme a fase em que se encontre o projeto ( o licenciamento ambiental
previsto na Resolução CONAMA nº 237/97 .

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B) Princípio da efetividade ecológica, que impõe a necessidade de se
implementar uma efetiva e verdadeira proteção ambiental; não será a simples
autuação de uma indústria poluente que lance detritos em um rio que será
capaz de assegurar a efetividade ecológica, deve-se garantir que as práticas
isoladas revertam num resultado único positivo, garantindo uma melhora
efetiva da qualidade de vida da sociedade, problema este que tem sido
enfrentado na prática, quando o maior poluidor dos recursos hídricos vem a ser
exatamente o Estado, quando age negativamente deixando de implementar
uma política de saneamento e simplesmente alega a ausência de recursos
para deixar de implementa-la. Para Cristiane Derani20 “A efetividade ecológica
tem como instrumento fundamental o asseguramento normativo da execução
das atividades que buscam a otimização do uso dos recursos naturais” ;

C) Princípio da reversibilidade e flexibilidade dos danos, implica que se a


atividade econômica deve ser admitida como necessária, os danos ambientais
decorrentes do seu exercício, devem ser reversíveis ou reparáveis, não
devendo conseqüentemente ser tolerada a prática industrial capaz de ensejar
danos irreversíveis, ou reparável apenas após lapso temporal
demasiadamente extenso ; neste sentido, a atividade consistente na produção
de energia através de meio nuclear, pela produção de dejetos extremamente
tóxicos, deve ser considerada inviável.
.

D) Princípio da praticabilidade ( grau de impacto ambiental x benefícios sociais


), a necessidade e utilidade de uma determinada atividade econômica devem
ser mesuradas, de modo a indicar se é válido o ônus relativamente ao bônus ,
se os benefícios gerados pela atividade nociva devem ser tolerados em função
do benefício proporcionado ; o ideal é que esta avaliação seja feita antes da
atividade ser autorizada pelo poder público, este, de posse das informações
constantes de estudo de impacto ambiental22. Em algumas regiões do Brasil,
pelo seu alto índice de pobreza, as populações preferem submeter-se a
qualquer tipo de atividade, mesmo às mais nocivas ao meio ambiente e à

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sua própria saúde, de forma a auferir algum tipo de rendimento; em
Pernambuco podemos citar a atividade de exploração de gesso no sertão
do Araripe, ou mesmo a atividade agroindustrial da cana-de-açúcar na
zona da mata;

E) Princípio da eficiência econômica (proteção AMBIENTAL não deve


retirar a lucratividade) , sendo certo que a atividade econômica não deve ser
obstada nem direta, nem indiretamente, as exigências impostas pelos órgãos
de controle e prevenção ambiental , não devem ser capazes de inviabilizar a
lucratividade, devendo serem permeadas pelo bom senso capaz de evitar ou
minorar a degradação do meio ambiente, permitindo o início ou a continuidade
da atividade econômica recomendável;

F) Princípio da conformidade ao sistema ( todas as medidas a serem


adotadas não devem levar a uma modificação estrutural do sistema de
produção capitalista ), o capitalismo funciona de forma a buscar o lucro e a
produtividade, tem parâmetros , princípios e fundamentos que norteiam o seu
funcionamento, sendo inaceitável que as exigências protecionistas sejam
capazes, por absurdo, de desvirtuar o modo de produção capitalista;

G) Princípio da justiça distributiva ( benefícios sociais justamente


distribuídos ), se uma obra ou atividade a ser implantada importa em perdas
ambientais, “faz-se mister que todos indistintamente possam fruir das
benesses originadas com a modificação conseqüente do modo de agir , porque
a proteção dos recursos naturais é indissociável, não podendo ser destacada
dos objetivos de bem estar de uma sociedade”23.
3. considerações finais

       A abordagem entre regras e princípios é essencial para tratar da natureza


dos direitos fundamentais.

      Verificamos que a norma jurídica que trata do direito fundamental ao meio


ambiente possui um conteúdo essencial que tem origem da sua natureza
principiológica que representa a própria justiça, essência do direito. Portanto,
quando ocorrer diante de um caso concreto a colisão de um direito fundamental
ao meio ambiente com outro direito fundamental, prevalecerá aquele que
possuir o peso maior. Assim sendo, para que se alcance o almejado pela
14
norma jurídica ambiental e para que se concretize a efetiva proteção ambiental,
é de suma importância que os princípios que fundamentam o direito ambiental
sejam respeitados na integra e harmonizados ao sistema jurídico vigente.
Somente assim será possível implementar e garantir que o direito humano ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado seja implantado e garantido para as
presentes e futuras gerações.

Referências bibliográficas

GARCIA, Leonardo de Medeiros Direito Ambiental 2016

 https://ebradi.jusbrasil.com.br/artigo//principios-do-direito-ambiental Acessado
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https://jus.com.br/amp/artigos/Acessado em 21/03/2019

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Machado, P. A. L. Direito ambiental brasileiro. 22. Ed . São Paulo: Malheiros,


2014.

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