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DIREITO AMBIENTAL

Rayana Pereira Sotão


DIREITO AMBIENTAL
• De início, é necessário ter-se claro que os
princípios gerais do direito se constituem
como um guia teórico norteador da política e
da prática jurídica. Tais princípios servem,
sobretudo, para auxiliar o intérprete na hora
de encontrar soluções à aplicação das normas.
DIREITO AMBIENTAL
Assim:
• De início, é necessário ter-se claro que os princípios gerais
do direito se constituem como um guia teórico norteador
da política e da prática jurídica. Tais princípios servem,
sobretudo, para auxiliar o intérprete na hora de encontrar
soluções à aplicação das normas. Deste modo, é possível
visualizar-se nos princípios tríplice função, a saber:
• • informadora para o legislado;
• • normativa para os casos de lacunas; e
• • interpretadora, como critério de orientação para o
intérprete e para a magistratura
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Princípios Gerais de Direito Ambiental

são “enunciações normativas de valor genérico,


que condicionam e orientam a compreensão do
ordenamento jurídico, quer para a sua aplicação
e integração, quer para a elaboração de novas
normas.”
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Princípio do Ambiente Ecologicamente Equilibrado e
sadia Qualidade de Vida
Foi o primeiro princípio previsto na declaração de
Estocolmo e proclama que “o homem tem o direito
fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute
de condições de vida adequadas em um meio
ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma
vida digna e gozar de bem- -estar, tendo a solene
obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente
para as gerações presentes e futuras
DIREITO AMBIENTAL
Princípio do Ambiente Ecologicamente Equilibrado e
sadia Qualidade de Vida

• Tal princípio foi reafirmado pela Conferência das


Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em
1992. Segundo deliberado naquela oportunidade, “os
seres humanos estão no centro das preocupações com
o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida
saudável e produtiva, em harmonia com a natureza
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Princípio da Natureza Pública da Proteção
Ambiental
O princípio da natureza pública da proteção
ambiental fundamenta-se no fato de que, em
razão do meio ambiente constituir-se como um
bem de uso comum do povo, sua proteção
ambiental deve ser feita visando o bem-estar da
coletividade.
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Princípio da Natureza Pública da Proteção Ambiental

O princípio da natureza pública da proteção ambiental


foi expressamente previsto na Constituição Federal de
1988, a qual estabeleceu que o meio ambiente se
constitui como “bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida”. Tal princípio, assim como
outros, a serem vistos oportunamente, fundamenta a
obrigatoriedade da intervenção do Estado, eis que se
trata de direito relacionado ao interesse público
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O Poder Público passa a figurar não como


proprietário dos bens ambientais, mas, sim,
como gestor de tais bens. Deste modo, eficiência
e prestação de contas passam a fazer parte
dessa nova forma de gestão ambiental.
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A intervenção estatal também foi expressamente
prevista pela Declaração de Estocolmo sobre o Meio
Ambiente Humano, conforme se depreende da
leitura do princípio 17:

Deve-se confiar às instituições nacionais


competentes a tarefa de planejar, administrar ou
controlar a utilização dos recursos ambientais dos
Estados, com o fim de melhorar a qualidade do meio
ambiente.
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Princípio do Controle do Poluidor pelo Poder Público

O princípio do controle do poluidor pelo Poder Público possibilita


a realização de intervenções estatais visando a manutenção,
preservação e restauração dos recursos ambientais, de modo a
possibilitar sua utilização nacional e disponibilidade permanente.
Encontra-se previsto em nosso ordenamento jurídico, por meio
do art. 225, § 1º, V, da Constituição Federal, o qual estabelece
que é da incumbência do poder público “controlar a produção,
comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente”.
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Destaque-se, ainda, que a fixação dos limites é fundamental


para que a Administração possa exercer o poder de polícia
dentro da legalidade. Assim, uma vez estabelecidos tais
limites, pode o poder público aplicar, coercitivamente, as
medidas necessárias para que se evite, ou se minimize, a
poluição e a degradação ambientais. Deste modo, sempre
que houver risco para a preservação do meio ambiente,
deve o poder público intervir, de modo a garantir a
adequada proteção do meio ambiente e sua utilização de
forma racional, em benefício da sociedade.
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Princípio da Consideração da Variável Ambiental no Processo
Decisório de Políticas de Desenvolvimento

O princípio da consideração da variável ambiental no


processo decisório de políticas de desenvolvimento foi
previsto pela Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, a qual estabeleceu que “a
avaliação do impacto ambiental, como instrumento
nacional, deve ser empreendida para atividades planejadas
que possam vir a ter impacto negativo considerável sobre o
meio ambiente, e que dependam de uma decisão de
autoridade nacional competente
DIREITO AMBIENTAL

• Em decorrência desse princípio, sempre que a


Administração Pública tenha que se posicionar
acerca de determinada política de
desenvolvimento, deverá analisar o impacto
desta política em relação ao meio ambiente.
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• Conclui-se, muito embora o desenvolvimento
seja um objetivo perseguido por todas as
sociedades, deve ele ocorrer levando-se em
conta os riscos e danos causados ao meio
ambiente, o qual também deve ser protegido.
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Princípio da Participação Comunitária

A participação da sociedade na proteção ambiental


também foi prevista na atual Constituição Federal, a
qual estabeleceu que o dever de defender e preservar o
meio ambiente compete tanto ao Poder Público quanto
à coletividade. No mesmo sentido foi a orientação
seguida pela Declaração do Rio de Janeiro13, a qual
procurou assegurar a participação de todos os cidadãos
interessados nas questões ambientais.
DIREITO AMBIENTAL
• Com base em tal princípio tem-se que é direito
da comunidade participar na formulação e
execução de políticas ambientais e na tomada de
decisões que tragam repercussões na área. Desse
modo, empreendimentos potencialmente
poluentes ou que possam causar danos ao meio
ambiente deverão ser apresentados previamente
às populações a serem atingidas, possibilitando-
lhes a participação no processo decisório.
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Há que se notar que a participação da sociedade
na proteção do meio ambiente exige acesso à
informação e educação ambiental. Igualmente, a
sociedade pode buscar auxílio junto aos poderes
executivo, legislativo e judiciário, mas, para isso,
é necessário, conhecimento e conscientização
ambiental
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Princípio do Poluidor Pagador

o princípio do poluidor pagador baseia-se na teoria


segundo a qual os agentes econômicos devem levar em
consideração o custo resultante dos danos ambientais no
momento de se elaborar os custos da produção. Deste
modo, tal princípio visa impedir que a sociedade arque
com os custos (financeiros e ambientais) decorrentes da
exploração ambiental realizada por um poluidor
identificável, que auferiu lucros com a atividade
econômica por ele exercida
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• No que se refere à intervenção concretizadora do Poder


Público, torna-se fundamental que este estabeleça o conteúdo,
a extensão e os limites das obrigações dos poluidores.
• Uma observação que precisa ficar clara refere-se ao fato de
que, segundo o princípio do poluidor pagador, este deve
suportar os custos das medidas de proteção do meio ambiente
e, também, procurar corrigir e eliminar as fontes poluidoras,
sendo possível afirmar-se que tal princípio possui uma função
preventiva, reparatória e, também, educativa. Assim, uma vez
ocorrido o dano, deve o poluidor responsabilizar-se pela
reparação do mesmo.
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Princípio da Reparação
• O princípio da reparação foi expressamente
previsto como 13º princípio da Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro
em 1992 e decorre diretamente do princípio
da prevenção e, também, do princípio do
poluidor pagador.
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Princípio da Reparação

Com base nesse princípio, aquele que causar


lesão a bens ambientais deve ser
responsabilizado por seus atos, reparando ou
indenizando os danos causados.
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Princípio da Precaução

O princípio da precaução tem como fundamento


o fato de que, em razão da dificuldade em se
reconstituir uma área que tenha sofrido um
dano ambiental, deve-se evitar, ao máximo, que
o dano chegue a ocorrer. Isso porque, em geral,
a grande maioria dos danos causados ao meio
ambiente são irreparáveis.
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• Em trabalho específico sobre o tema Ana Gouveia e Freitas
Martins19 defende que a implementação do princípio da
precaução gira em torno de sete ideias fundamentais, quais
sejam:
• 1ª) A de que perante a ameaça de danos sérios ao meio ambiente,
ainda que não existam provas científicas que estabeleçam um
nexo causal entre uma atividade e os seus efeitos, devem ser
tomadas as medidas necessárias para impedir a sua ocorrência.
• 2ª) A da necessidade acerca da inversão do ônus da prova,
cabendo àquele que pretender exercer uma atividade que a
Administração julgue potencialmente danosa ao meio ambiente,
que demonstre que os riscos a ela associados são aceitáveis
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 3ª) In dubio pro ambiente, ou seja: o conflito entre
interesses econômicos e interesses ambientais deve
ser decidido em prol do ambiente.
 4ª) A de que a sujeição ao desenvolvimento deve
respeitar os limites de tolerância ambiental, de
modo a proteger os sistemas ecológicos
 5ª) A de exigência de desenvolvimento e introdução
das melhores técnicas disponíveis, de modo a
possibilitar a redução da poluição e da lesão ao meio
ambiente
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 6ª) A da preservação de áreas e reservas
naturais e a proteção de espécies
 7ª) Promoção e desenvolvimento da
investigação científica e realização de estudos
completos e exaustivos sobre os efeitos e os
riscos potenciais decorrentes de uma
determinada atividade
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Princípio da Prevenção

A prevenção relaciona-se à ideia da existência


de um perigo antevisto e comprovado, o qual
deve ser evitado. Na prevenção o nexo causal
entre a conduta e o dano ambiental encontra-se
cientificamente comprovado ou é facilmente
previsível
DIREITO AMBIENTAL
 Apesar de muitos autores utilizarem as expressões
como sinônimas, o princípio da prevenção não se
confunde com o princípio da precaução
 Diferenças entre Ambos os Princípios O princípio da
precaução trabalha dentro de uma lógica de
insegurança científica, ao passo que a prevenção
dentro da lógica de segurança científica. No
princípio da precaução o risco e as consequências
do ato são desconhecidos; no princípio da
prevenção as consequências são conhecidas.
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 Princípio da Função Social da Propriedade

 Princípio da Função Socioambiental da Propriedade

No que tange à propriedade rural Olavo Acyr de Lima Rocha32


relembra ainda, que o artigo 2º, § 1º, da Lei n. 4.504/1964, dispõe que
a propriedade desempenhará integralmente sua função social quando
simultaneamente: a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos
trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias; b)
mantém níveis satisfatórios de produtividade; c) assegura a
conservação dos recursos naturais; d) observa as disposições legais
que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a
cultivem.
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 Princípio do Direito ao Desenvolvimento Sustentável

 Princípio da Cooperação entre os Povos

Ora, a poluição, a diminuição das reservas de recursos naturais, o


aumento da temperatura, o desmatamento, entre outros, trazem
transtornos à população em geral, razão pela qual se faz
necessária a adoção de medidas que permitam a união entre os
países no combate à toda e qualquer agressão ao meio ambiente.
Tal princípio visa permitir o livre intercâmbio de experiências
científicas e do mútuo auxílio tecnológico e financeiro entre os
países, a fim de facilitar a solução dos problemas ambientais.
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• Princípio da Informação
O princípio da informação permite que toda pessoa obtenha
do Estado informações relativas ao meio ambiente. Assim,
qualquer interessado pode participar em questões relativas
à defesa e/ou proteção do meio ambiente
O princípio da informação objetiva fazer com que toda a
sociedade tenha conhecimento acerca da exata situação
ambiental, abrangendo tanto a sua preservação quanto a
sua degradação. O acesso às informações relativas ao meio
ambiente foi previsto pela Declaração do Rio em seu
Princípio 10
DIREITO AMBIENTAL
• Princípio do Usuário-Pagador
O princípio do usuário-pagador deriva do fato de
que, em razão dos recursos ambientais serem
escassos, a apropriação deles, por parte de
determinada(s) pessoa(s) – física(s) ou jurídica(s)
- gera o dever de oferecer à coletividade o direito
a uma compensação. Isto ocorre porque a
produção e o consumo desses recursos podem
gerar sua degradação ou escassez e a utilização
gratuita de tais recursos ambientais proporciona

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