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DIREITO DO AMBIENTE

Unidade 3– Principios ambientais no Ordenamento Juridico


Moçambicano

Docente: Célio Da Conceição Varieque


Noção de Princípios

A Segundo MAURICIO GODINHO DELGADO, palavra principio


significa proposição elementar e fundamental que embasa um
determinado ramo de conhecimento ou proposição logica basica em que
se funda um pensamento.
No entendimento de ROQUE ANTONIO CARRAZA, o principio
juridico é um enumciado lógico implicito ou explicito que, por conta de
sua grande generalidade, ocupa posição de preeminência nos vastos
quadrantes da ciência juridica e por isso vincula de modo inexoneravel.
Principios ambiêntais a luz da Lei 20/97, de 1 de
Outubro

Principio da utilização e gestão racionais dos componentes


ambientais: previsto nos termos da alinea a) do artigo 4 da Lei do
ambiente. Este principio, visa orientar a utilização e gestão racional dos
recursos naturais como facto factor determinante e necessario para a
melhoria da Qualidade de vida dos cidadão, quer no context actual,
referente as gerações presentes, quer no future. Constituem portanto,
ferramentas indispensaveis à protecção e conservação da biodiversidade.
Cont
Principio do reconhecimento e valorização e valorização das
tradições e do saber das comunidades locais: O conhecimento e saber
das comunidades locais constituem pressuposto fundamental para uma
convivência harmoniosa com o ambiente. O que este principio
claramente estabelece, como refere ALDA SALOMÃO “é a necessidade
e importância de reconhecer e valorizar as tradições e o saber das
comunidades locais resultants de uma experiência secular de convivência
e gestão cuidada dos recursos naturais. (eg. Pese embora aterra seja
propriedade do Estado)
Cont
Principio da precaução: consagra que, a gestão ambiental deve
priorizar o estabelecimento de sistemas de prevenção de actos lesivos ao
ambiente, de modo a evitar a ocorrência de impactos ambientais
negativos significativos ou irreversiveis, independentemente dam
existência de certeza juridica sobre a ocorrência do dano.

Precaução vs prevenção – ambos divergem, o principio da prevenção


dirige-se a impedir a produção de danos e agressões ambientais,
justificando a adopção de medidas para evitar a concretização de riscos
certos e conhecidos. Ao passo que, o Principio da precaução surge,
como um
Cont
Reforço qualificado deste, visando a prevenção de riscos cuja
intensidade não representa, ainda, um perigo efectivo e concreto para o
ambiente.

Assim sendo, a precaução actua num momento anterior à própria


prevenção, isto é, “a precaução exige uma actuação mesmo antes de se
impor qualquer acção preventiva, uma vez que, as medidas destinadas a
precaver danos ambientais devem ser tomadas antes de ser estabelecida
qualquer relação causal por intermédio de provas cientificas
absolutamente claras”.
Cont
Principio da visão global e integrada do ambiente: segundo este
principio, o ambiente deve ser visto, e tratado, como um conjunto de
ecossistemas interdependentes, naturais e construidos, que devem ser
geridos de maneira a manter o seu equilibrio funcional sem exceder os
seus limites intrinsecos. Este principio decorre, como refere CARLOS
SERRA, da alteração substancial que ocorreu no direito internacional do
ambiente no que toca ao seu objecto, uma vez que, não è mais um
qualquer dos componentes naturais individualmente considerados –
agua, ar, solo, subsolo, fauna, flora – mas sim a propria biosfera
globalmen-
Cont

Te considerada e analisada.
Principio da ampla participação dos cidadãos : Este princípio
corresponde ao entendimento segundo o qual a participação dos cidadãos
é a condição para o sucesso das políticas de protecção e conservação
ambientais.

Porém, importa realçar que não pode haver participação dos cidadãos na
definição e implementação da política ambiental sem que haja
informação cabal por parte das entidades estatais competentes.
Cont

Este princípio encontra papel de destaque em matéria de Avaliação de


Impacto Ambiental, nos temos do qual, a cabal participação da
comunidade é condição necessária para a atribuição da Licença
Ambiental. Portanto, a melhor forma de tratar questões ambientais é
assegurar a participação de todos interessados, ao nivel mais
conveniente. Também, para motivar comportamentos que contribuam
para a proteção do ambiente, é necessario envolver na tomada de
decisões todos os interessados.
Cont
O principio da participação corresponde ao entendimento Segundo o
qual a participação dos cidadãos é a condição para o sucesso das
politicas de protecção e conservação ambientais.

Principio da igualdade: Este princípio visa garantir oportunidades


iguais de acesso e uso de recursos naturais a homens e mulheres.
Contudo, não nos parece acertado entender este princípio de forma
restritiva, apenas no que
respeita ao acesso aos recursos naturais pelos diferentes géneros, mas
sim de forma a respeitar o princípio da igualdade previsto no art.º 35.º da
CRM.
Cont
Ou seja, também em matéria ambiental os cidadãos são todos iguais,
estão sujeitos aos mesmos deveres e têm os mesmos direitos,
nomeadamente no que respeita a acesso aos recursos naturais.

Principio da responsabilização: Nos termos deste princípio, quem


polui ou de qualquer outra forma degrada o ambiente, tem sempre a
obrigação de reparar ou compensar os danos daí decorrentes. Ora, esta
responsabilidade pode ser tanto de tipo civil, administrativa ou penal.
Cont
Princípio da Cooperação internacional – Quanto a nós, este princípio
assume duas vertentes, uma ao constatar que os danos provocados ao
ambiente já não se cingem aos limites territoriais de um Estado ou, como
se costuma dizer, a poluição não tem fronteiras, nem respeita o sinal
“proibido ultrapassar”. Pelo que é, cada ver mais urgente, a necessidade
de encontrar soluções para os danos transfronteiriços. Outra, ao assumir
que cabe aos países desenvolvidos apoiar os países em vias de
desenvolvimento, na adaptação e mitigação dos efeitos causados pela
poluição ambiental.
Cont
Esta última vertente tem sido sobretudo desenvolvida através das
inúmeras Convenções Internacionais celebradas em matéria ambiental.
Exemplo disto é o Protocolo de Quioto e o seu princípio orientador das
responsabilidades comuns, mas diferenciadas, que mais
não é do que a constatação destes dois níveis de responsabilidade pela
poluição, dita, histórica e acumulada ao longo dos anos que se seguiram
à Revolução Industrial.
Cont
Principio do poluidor pagador: Segundo este principio, o poluidor
deve repor a Qualidade do ambiente danificado e/ ou pagar os custos
para a prevenção e eliminação da poluição por si causada. Ora, o
principio do poluidor pagador tem como finalidades fundamentais a
prevenção e precaução dos danos ambientais, por um lado, e a justiça
na redistribuição dos custos das medidas públicas de luta contra a
degradação do ambiente, por outro.

A primeira finalidade acima referenciada assume a importância para se


distinguir o principio do poluidor pagador do principio da
responsabilização. Isto porque, um
Cont
e outro são inumeras vezes confundidos por alguns autores,
principalmente tendo presente a própria designação poluidor-pagador, a
qual conduz-nos, num primeiro momento, a pensarmos na obrigação que
cabe ao poluidor de reparar/indemnizar os danos por si causados ao
ambiente ou à saude ou interesses patrimoniais das pessoas. O elemento
diferenciador do PPP em relação à responsabilidade tradicional é que
ele busca afastaro onus do custo economico das costas da colectividade e
dirigi-lo directamente ao utilizador dos recursos ambientais, mesmo que
não exista dano plenamente caracterizado.
Referencia Bibliografica
Amaral, Diogo Freitas, Lei de Bases do Ambiente e Lei das Associações
de Defesa do Ambiente, in Direito do Ambiente, INA 1994.
Canotilho, J.J. Gomes, A Responsabilidade por Danos Ambientais, in
Direito do Ambiente, Instituto Nacional de Administração, 1994.
Cordeiro, António Menezes, Tutela do Ambiente e Direito Civil, in
Direito do Ambiente, Instituto Nacional de Administração, 1994.
Gomes, Carla Amado, Dar o duvidoso pelo (In) Certo? Reflexões Sobre
o Princípio da Precaução, in Textos Dispersos de Direito do Ambiente,
AAFDL, 2005.
Gouveia, Ana e Freitas Martins, Princípio da Precaução no Direito do
Ambiente, AAFDL, Lisboa, 2002.

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