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PRINCÍPIOS DO

DIREITO
AMBIENTAL
Profª. Drª. Andrea Bulgakov Klock
• Conceito: Princípio é “uma regra geral e abstrata que se obtém
indutivamente, extraindo o essencial de normas particulares, ou
como uma regra geral preexistente”.

• Os princípios, em regra, são simples, de fácil compreensão e


servem como norteadores para entender a essência de
fundamentos de determinados ramos do Direito, facilitando tanto
a construção do próprio ordenamento jurídico do referido ramo
quanto a sua aplicação e utilização

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1 - PRINCÍPIO DO DIREITO AMBIENTAL COMO
DIREITO FUNDAMENTAL – ART 225 DA CF

• São seus princípios fundamentais ou gerais, que evidenciam o núcleo da


disciplina jurídica e visam a garantir um meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, conforme explicita o art. 225, da Constituição Federal de 1988:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

Como se vê no rol exemplificativo a seguir, os princípios desse ramo de estudo


revolvem em torno do meio ambiente como bem jurídico de natureza difusa.
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2 - PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO
• Pelo princípio em questão, privilegia-se e determina-se a adoção de ações
preventivas de proteção ao meio ambiente. É o princípio que caracteriza
a preocupação com riscos concretos e conhecidos ou situações
iminentemente danosas ao bem jurídico.

O princípio da prevenção assegura o direito à prevenção, à tutela antecipada do


meio ambiente ou do homem diante da iminência de um dano ambiental notório.
Ele assegura a tomada de medidas antecipadas, uma vez conhecido o perigo ou
o risco que se manifestará diante da inércia do agente público ou do cidadão.
(LEITE; BELLO FILHO, 2004, p. 275).

Em suma, tendo conhecimentos sobre o dano previsível, tomam-se as medidas


necessárias para evitá-lo ou mitigá-lo.

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3 - PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO
• O princípio da precaução difere ligeiramente do princípio da prevenção porque
trabalha sobre riscos potenciais, sobre a dúvida e incerteza sobre os danos
possíveis e extensão dos mesmos. Assim, diante da dúvida, procede-se de
maneira cautelosa, com a devida precaução para que não surjam danos ou que
os mesmos não sejam devastadores por falta de zelo prévio.

Assim, a incerteza científica milita em favor do meio ambiente e da saúde (in dubio
pro natura ou salute). A precaução caracteriza-se pela ação antecipada diante do risco
desconhecido. Enquanto a prevenção trabalha com o risco certo, a precaução vai
além e se preocupa com o risco incerto. Prevenção se dá em relação ao perigo
concreto, ao passo que a precaução envolve perigo abstrato ou potencial. (AMADO,
2014, e-book).

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DIFERENÇA ENTRE PRONCÍPIO DA PREVENÇAO E
PRECAUÇÃO

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4 - PRINCÍPIOS DO POLUIDOR-PAGADOR

• Considerando o impacto que certas atividades de agentes públicos e privados


têm sobre o meio ambiente, o princípio estudado dirige aos mesmos uma
proporcional responsabilidade por suas condutas ambientais. O poluidor há de
arcar com os custos ambientais de sua atividade, investindo em prevenção e
precaução. Deve internalizar os prejuízos causados e buscar,
consequentemente, mecanismos mais eficientes e menos danosos ao meio
ambiente.

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5 – PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR

• O Princípio do Usuário Pagador estabelece que quem utiliza o recurso ambiental deve suportar
seus custos, sem que essa cobrança resulte na imposição taxas abusivas. Então, não há que se falar
em Poder Público ou terceiros suportando esses custos, mas somente naqueles que dele se
beneficiaram.

• Ex: água é um bem econômico – art. 19, I, Lei nº 9433/99.



Os recursos naturais devem ser quantificados (colocar preço), para evitar o custo zero e com ele a
hiper exploração e com ela a escassez dos recursos.Ex: água é um bem econômico – art. 19, I, Lei nº
9433/99.Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:I - reconhecer a água como bem
econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor;

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6 - PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR

• Aquele que protege um bem natural em benefício da comunidade deve


receber uma compensação financeira como incentivo pelo serviço de proteção
ambiental prestado. Incentiva economicamente quem protege uma área,
deixando de utilizar seus recursos, estimulando assim a preservação. Pode ser
considerado o avesso do princípio usuário-pagador.

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7 - PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE:

 Indica a responsabilidade (em esfera penal, cível e administrativa) pelos danos que venham a
causar.

 No mais, é interessante observar que a jurisprudência pátria reconhece no dano ambiental uma
espécie de responsabilização objetiva:

[…] a responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo
de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a
invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para
afastar a sua obrigação de indenizar; […] (STJ – Recurso Repetitivo – REsp 1354536 / SE. RECURSO
ESPECIAL. 2012/0246647-8. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO. Órgão Julgador. Data da Publicação:
DJe05/05/2014).

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8 -PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
• Trata-se de norma que busca e direciona a conduta humana a um caminho sustentável, de forma que o
desenvolvimento e evolução da sociedade não corresponda a um malefício e destruição do meio ambiente.
• É um princípio que busca uma harmonização entre o meio ambiente e o caminhar saudável da ordem
econômica. Isso se verifica nos princípios gerais da atividade econômica (art. 170, da CF/88):

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre


iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:

[…]
VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental
dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

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9 - PRINCÍPIO DA UBIQUIDADE
• O princípio em questão trata da cooperação de entidades, Estados-membros e
países para solucionar as crises e problemas ambientais, tendo em vista que são
mazelas que ignoram fronteiras e podem difundir-se com facilidade e rapidez (daí a
noção de ubiquidade, de estar ou existir em mais de um canto ao mesmo tempo). A
norma exige a cooperação internacional e a prontidão de todos, a fim de garantir
que infortúnios ambientais não se espalhem além do necessário.

• Outra faceta do princípio exige que toda conduta com efeitos ambientais leve em
consideração a faceta acima explicitada dos possíveis danos ambientais.

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10 -PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO, COMUNITÁRIO
OU DA PARTICIPAÇÃO CIDADÃ

• Outro conjunto de subprincípios diz respeito à democratização do debate e instituição


de políticas sobre o meio ambiente. Apontam tais princípios que as pessoas devem ter
condições e possibilidade de participação nos processos de deliberação e instituição
de políticas públicas relativas ao meio ambiente. Tais decisões não podem ser
meramente unilaterais, sem debate e abertura social.

• Trata-se de medida de legitimação da atividade deliberativa, garantindo a participação


dos principais interessados no debate (as pessoas, que tem direito a um meio ambiente
equilibrado).

• Também neste caminho pode-se relembrar do princípio da informação, que evidencia


o direito do cidadão (e dever correlato do Estado) de ter acesso às informações sobre
seus interesses, incluindo-se aí direitos de cunho difuso, como o relativo a um meio
ambiente equilibrado.

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10 - PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
• Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
• § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
(...)
• VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para a preservação do meio ambiente;
• Política Nacional de Educação Ambiental
• Lei 9.795 / 1999, que dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de
Educação Ambiental e dá outras providências.
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11 - PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA
PROPRIEDADE
• A propriedade, conforme a constituição atual deve cumprir com sua função
social (art. 182 § 2°, cf.). Além dessa função social, podemos destacar ainda, a
função ambiental que a propriedade deve ter, em preservar a flora, fauna,
belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem
como evitar a poluição do ar e das águas.

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12 - PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL

• Seu conteúdo é expresso no dever das gerações presentes em preservar o meio


ambiente e adotar condutas sustentáveis no uso dos recursos naturais, com o fim de
não privar as futuras gerações da possibilidade de desfrutá-los.

• Possui fundamento no art. 225 da Constituição Federal do Brasil, bem como é previsto
como no Princípio 3 da Declaração do Rio

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13 - PRINCÍPIO IN DUBIO PRO AMBIENTE

• Também chamado de in dubio pro natura, que se constitui em um guia de


interpretação, ou seja, buscando promover a dignidade da pessoa humana e a
paz social, dentro da ramificação ambiental da Ciência Jurídica, a proteção do
meio-ambiente é trazido como elemento catalizador da valoração da vida, bem
como medida de solução às questões reparatórias, para tanto, devendo ser
reconhecido como tal pelo Poder Judiciário.

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14 - PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO RETROCESSO
CONSTITUCIONAL AMBIENTAL/ECOLÓGICO
• A proibição de retrocesso diz respeito a uma garantia de proteção dos direitos
fundamentais (e da própria dignidade da pessoa humana) contra a atuação do
legislador, tanto no âmbito constitucional quanto infraconstitucional , bem como, contra
a atuação da administração pública.

• A proibição de retrocesso consiste (à míngua de expressa previsão no texto


constitucional) em um princípio constitucional implícito, tendo como fundamento
constitucional, entre outros, o princípio do Estado (Democrático e Social) de Direito, o
princípio da dignidade da pessoa humana, o princípio da máxima eficácia e
efetividade das normas definidoras de direitos fundamentais, bem como o princípio da
segurança jurídica e seus desdobramentos.

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15 – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
• A inversão do ônus de provar com fulcro no princípio da precaução é regra de direito
material que determina que sempre que houver incerteza científica acerca da atividade
econômica a ser implementada, deve-se, em homenagem a este princípio, inverter o
ônus probatório para que o potencial poluidor prove que sua atividade não causará dano ao
meio ambiente.

• SÚMULA 618 STJ reconhece inversão do ônus da prova em ação ambiental:

• A decisão também enfatiza que, “como corolário do princípio in dubio pro natura, justifica-se a
inversão do ônus da prova, transferindo para o ônus de demonstrar a segurança do
empreendimento, (...) técnica que sujeita aquele que supostamente gerou o dano ambiental a
comprovar ‘que não o causou ou que a substância lançada ao meio ambiente não lhe é
potencialmente lesiva’”.
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