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Cursa doutorado como aluna especial no Núcleo de Pesquisa e Estudos Ambientais (Nepam) na área de Sociedade
e Ambiente e Economia Ambiental da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em 2006, cursou disciplinas em
nível de pós-graduação stricto sensu no Nepam/Unicamp. É pós-graduada em Jornalismo Científico pelo Laboratório
de Estudos Avançados de Jornalismo Científico da Universidade de Campinas (Labjor/Unicamp) e bacharel e licenciada
em Ciências Sociais e Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). É autora de material didático do Ensino Médio
e professora de Geografia do curso pré-vestibular e do Ensino Médio do Sistema de Ensino Objetivo. Escreveu o livro
Tiwanaku: um Olhar sobre os Andes, editado pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/
USP). Atualmente, realiza trabalho de assessoria de coordenação do Ensino Médio no Departamento de Programação
Geral (DPG) do Colégio Objetivo em São Paulo e em outros estados do Brasil. Participa de aulas on-line na TV Web
Objetivo e faz comentários sobre exames vestibulares e Enem. Coordena o curso de Licenciatura em Geografia na
modalidade de educação a distância (EaD) na Universidade Paulista (UNIP).
É graduando em Saúde Pública na Universidade de São Paulo (USP) e desenvolve estágio no Departamento de
Ciências Biológicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) como crédito necessário para o mestrado em
Ornitologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Em 2008, cursou disciplinas em nível de pós-graduação
no Instituto Federal de Ensino Tecnológico de São Paulo (Cefet-SP). É pós-graduado em Gestão e Organização Escolar
pelo Instituto AVM e licenciado em Biologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É professor de Biologia do
Ensino Médio do Colégio Objetivo e do curso pré-vestibular do Sistema Objetivo. Também é professor de Ciências para
o Ensino Fundamental e Médio na rede municipal de ensino (PMSP). Ministra encontros pedagógicos para professores
de Biologia do Sistema Objetivo em São Paulo e outros estados brasileiros.
CDU 504
U504.43 – 20
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Andréia Andrade
Lucas Ricardi
Sumário
Biomas Terrestres e sua Dinâmica: Questão Ambiental
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8
Unidade I
1 BIOMAS DA TERRA.......................................................................................................................................... 16
1.1 Tundra........................................................................................................................................................ 16
1.2 Taiga (floresta boreal de coníferas)................................................................................................ 17
1.3 Floresta temperada decídua (caducifólia)................................................................................... 17
1.4 Florestas tropicais.................................................................................................................................. 18
1.5 Savana....................................................................................................................................................... 20
1.6 Pradaria..................................................................................................................................................... 20
1.7 Deserto...................................................................................................................................................... 21
2 PRINCIPAIS BIOMAS BRASILEIROS........................................................................................................... 22
2.1 Amazônia.................................................................................................................................................. 22
2.2 Cerrado...................................................................................................................................................... 23
2.3 Mata Atlântica........................................................................................................................................ 23
2.4 Campos...................................................................................................................................................... 25
2.5 Caatinga.................................................................................................................................................... 25
2.6 Pantanal.................................................................................................................................................... 26
3 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DOS BIOMAS.................................................................................... 27
3.1 Aclimatação............................................................................................................................................. 27
3.2 Diversidade de comunidades............................................................................................................ 30
3.3 Domínios morfoclimáticos e províncias fitogeográficas....................................................... 33
4 PROBLEMAS ECOLÓGICOS DO BRASIL E DO MUNDO....................................................................... 36
4.1 Principais problemas............................................................................................................................ 37
4.1.1 Problemas da água e solo: um dos problemas ambientais mais severos.......................... 37
4.1.2 O problema do lixo.................................................................................................................................. 39
4.2 Principais problemas ambientais no Brasil................................................................................. 42
4.3 Como devemos relacionar recursos da natureza e consumo? Estamos consumindo
demais para a conservação da biodiversidade?............................................................................... 43
4.3.1 E a pegada ecológica? Justifica a posição dos economistas ambientais?........................ 45
4.3.2 Quais os indicadores de uma pegada ecológica?....................................................................... 45
4.4 Ciclos biogeoquímicos......................................................................................................................... 48
4.4.1 Ciclo da água............................................................................................................................................. 49
4.4.2 Ciclo do carbono...................................................................................................................................... 50
4.4.3 Ciclo do nitrogênio.................................................................................................................................. 51
Unidade II
5 INTERAÇÃO ECOLÓGICA................................................................................................................................ 56
5.1 Definição de interação........................................................................................................................ 56
5.2 Interação humana, conservação e preservação dos biomas............................................... 62
5.2.1 Unidades de preservação e conservação....................................................................................... 72
5.2.2 Preceitos ecológicos do Padre Cícero.............................................................................................. 78
6 APROVEITAMENTO DOS BIOMAS............................................................................................................... 80
6.1 Brasil........................................................................................................................................................... 80
7 GLOBO................................................................................................................................................................... 84
8 PERSPECTIVAS FUTURAS............................................................................................................................... 87
APRESENTAÇÃO
A disciplina Biomas terrestres e sua dinâmica: questão ambiental apresenta uma análise dos
biomas terrestres e, em particular, do Brasil, caracterizando-os, localizando-os e enumerando as suas
especificidades, bem como as respectivas biodiversidades.
A análise da ação antrópica e sua relação com as atividades econômicas é outro enfoque de nossa
disciplina, bem como os seus reflexos na natureza.
Além de tudo isso, apresentamos aqui, de forma sucinta, algumas alternativas governamentais para
a defesa do ambiente e da biodiversidade.
• analisar as formas assumidas pela ação antrópica e suas consequências e formas de preservação;
• contextualizar as principais conferências internacionais para o meio ambiente e seus princípios e propósitos;
7
INTRODUÇÃO
Em países do Norte (rico) e do Sul (pobre), a qualidade do meio natural e a qualidade de vida
dos grupos humanos constituem um tema absorvente e da mais elevada consideração dentro
da escala de valores que regem as decisões de suas questões nacionais. Constata-se que suas
florestas vêm sofrendo progressiva degradação, que suas águas estão mais comprometidas,
que seu ar está poluído e que o lixo da sociedade moderna não encontra mais lugar sem
custos financeiros e ambientais crescentes para ser depositado com segurança. São constantes
as notícias referentes à destruição da camada de ozônio que protege a biosfera contra os
raios ultravioletas, muito provavelmente oriunda do maltrato humano para com a natureza;
o processo de acidificação da atmosfera, devido à queima desenfreada de combustíveis
fósseis e outras causas; a ameaça do descontrole da utilização da tecnologia nuclear; e a
destruição das florestas tropicais. Esses são alguns dos principais problemas que demonstram
a universalidade das questões que envolvem a preservação do equilíbrio ecológico terrestre e
consequentemente dos biomas.
Devido à grave ameaça aos recursos naturais, foram realizadas conferências que analisaram
esses problemas e estudaram a biodiversidade e um modo de conservá-la. Em uma dessas
conferências, foi assinado um acordo preservacionista, e em alguns de seus artigos define-
se biodiversidade ou diversidade como a variante de organismos vivos de todas as origens,
compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, os marinhos, outros ecossistemas
aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte, compreendendo ainda a diversidade
entre espécies e de ecossistemas.
A diversidade biológica está presente em todo lugar, no meio dos desertos, nas tundras congeladas
ou nas fontes de águas sulfurosas. A diversidade genética possibilitou a adaptação da vida nos mais
diversos pontos da Terra. As plantas, por exemplo, estão na base dos ecossistemas. Como elas florescem
com mais intensidade nas áreas úmidas e quentes, a maior diversidade é detectada nos trópicos, como é
o caso da Amazônia e sua excepcional vegetação. Dois terços da vasta Bacia Amazônica estão no Brasil,
que também abriga o maior sistema fluvial do planeta.
8
Observe:
Os campeões da biodiversidade
Figura 1 – Apenas 17 das 200 nações do planeta concentram 70% da biodiversidade mundial
No entanto, não podemos falar em questão ambiental sem definir o que é biodiversidade, cuja
perda contribui para a desagregação da vida comunitária, comprometendo inclusive a distribuição
da população rural e urbana. Centenas de espécies de plantas com potencial terapêutico estão
ameaçadas e poderão desaparecer por completo antes que se perceba sua importância para a
humanidade.
Biodiversidade
9
Preservá-la é condição básica para manter um meio ambiente equilibrado no planeta. Todos os
seres vivos são interdependentes, participam de cadeia alimentar ou reprodutiva, e quanto maior a
complexidade do ecossistema, maior a diversidade das espécies, que, por sua vez, adquirem maior
capacidade de adaptação às mudanças ambientais. O extermínio de espécies em ritmo acelerado por
uso de queimadas, extrativismo ou desmatamento em áreas tropicais é catastrófico, pois com essa perda
a biosfera vai ficando empobrecida em diversidade biológica, o que é perigoso para o sistema como um
todo. Temos de salientar também a importância econômica e medicinal de cada espécie e seu uso para
a biotecnologia (produzir fontes de energia ou plásticos a partir de bactérias, alimentos a partir de algas
marinhas, remédios eficazes a partir de plantas etc.).
O economista Paul Ekins é professor de Política Energética e Meio Ambiente na Energia no UCL
– Institute University College London. Seu trabalho acadêmico concentra-se sobre as condições e as
políticas para alcançar uma economia ambientalmente sustentável, com foco principal desde sobre
a política energética e climática e a modelagem do sistema energético à inovação sobre o papel dos
instrumentos econômicos, tais como impostos ambientais e sobre o meio ambiente e o comércio.
Aí surge o conceito de riqueza genuína – bens qualitativos que podem estar ao alcance de todos.
Exemplifica a questão das necessidades humanas como sendo as básicas para a sobrevivência e
reporta-se à verdadeira pobreza com o exemplo citado por Carolina de Jesus (Quarto de despejo,
obra traduzida como Child of the Dark, 1962). O outro exemplo dado foi o de Gandhi, que defendia
a sobrevivência para todos. Ele menciona ainda Barry Lopez, segundo o qual a riqueza deveria se
embasar na saúde física e no bem-estar espiritual. Os padres da Igreja, Cristã, em seus sermões,
pregam a riqueza genuína como sendo fundamentada na liberdade interna, os bens espirituais
(virtude, verdade e beleza); já o psicólogo Erich Fromm considera que as pessoas escolhem um entre
dois modos de viver: o ter e o ser, como forças que determinam as diferenças entre os indivíduos
e vários tipos de caráter. É apresentada ainda a definição do teórico político Douglas Lummis, para
quem a riqueza não é algo obtido a partir do desenvolvimento econômico, mas sim pelo ordenamento
político de uma comunidade.
Quaisquer que sejam as posturas acerca da posse ou não de bens, o problema que se expõe
é o da desigualdade, que poderia ser justificada pelo excesso, pela cultura do supérfluo, pelo
superconsumo. Para Goulet, os testemunhos mostrados oferecem um retrato de riqueza genuína,
composta da provisão de bens essenciais para todos, meios de sobrevivência, realce do ser (mais do
que o ter) e a promoção do bem comum. Quanto ao desenvolvimento autêntico, aparece como uma
decorrência de conflitos de valor, o que seria o bem-viver. É apresentado o modelo proposto por
Lebret: uma sociedade é mais desenvolvida quando seus cidadãos podem ser mais, o que depende do
número de pessoas beneficiadas. Os bens qualitativos são os mais importantes e o desenvolvimento
autêntico significa que uma sociedade fornece o nível ótimo de sustentação de vida, de estima e
10
liberdade para todos. A destruição indiscriminada de recursos com o uso de tecnologias é denominada
desenvolvimento destrutivo, não sustentado.
A sustentabilidade, para ser garantida, exige quatro domínios: econômico, político, social e cultural.
Sem saúde ambiental, o desenvolvimento ambiental é impossível, com um alto custo para a nossa
sobrevivência. Gerenciar de forma adequada as economias da natureza e a humana é uma grande
questão para se abordar. Trata-se de um suporte para a vida e, para tanto, as contas públicas têm
que ser “esverdeadas”; para promover o desenvolvimento sustentável, uma nação deve usar contas
ambientalmente integradas e promover a produtividade ambiental.
De acordo com os relatórios Meadows (et al., 1972), se as tendências atuais de crescimento da
população mundial, industrialização, poluição, produção de alimentos e uso de recursos naturais
não mudarem, os limites ao crescimento neste planeta serão alcançados em algum momento dentro
dos próximos 100 anos. O mais provável de ocorrer será um súbito e incontrolável declínio tanto da
população como da capacidade produtiva.
População urbana mundial (% do total) em 2012
População urbana
(% do total)
mais de 84
67 a 83
51 a 66
35 a 50
menos de 34
Figura 2
• se as pessoas no mundo decidirem lutar pelo segundo cenário em vez do primeiro, quanto mais
cedo elas começarem a trabalhar para isso, maior serão as chances de sucesso;
• uma sociedade sustentável ainda é técnica e economicamente possível. Ela poderia ser mais
desejável do que uma sociedade que procura resolver seus problemas por meio de uma constante
11
expansão. A transição para uma sociedade sustentável requer um cuidadoso balanço entre
objetivos em curto e longo prazo e uma ênfase não na quantidade de produto, mas na eficiência, na
equidade e na qualidade de vida. Isso requer mais do que produtividade e mais do que tecnologia;
requer também maturidade, compaixão e sabedoria.
Nosso estudo, portanto, refere-se aos biomas terrestres, sua dinâmica e a questão ambiental, tratando
o tema de forma contextualizada entre a Biologia, a Geografia, a Sociologia e a Filosofia.
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BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Unidade I
Félix Guattari, em sua obra As Três Ecologias – a do meio ambiente, a das relações sociais e a
da subjetividade humana (mente) – expressa sua indignação perante um mundo que se deteriora
em desequilíbrios provocados pela ação antrópica. Intensas transformações técnico-científicas
desencadeiam desequilíbrios que, se não forem remediados em tempo hábil, acarretarão o risco de
extinção não apenas da história humana sobre a Terra como também de toda a vida planetária. Em
conjunto com as perturbações ambientais, os diferentes modos de vida humanos individuais e coletivos
também se deterioram progressivamente.
As redes de parentesco se reduzem ao mínimo, e até mesmo a vida conjugal e familiar, gangrenada
pelo consumo da mídia, se ossifica em padrões de comportamento, enquanto as relações de vizinhanças
paulatinamente desaparecem.
As formações políticas e instâncias executivas apenas começam a tomar consciência dos perigos
mais evidentes que ameaçam o meio ambiente natural. No entanto, restringem-se geralmente aos
danos industriais, numa perspectiva meramente tecnológica, enquanto, no sentido oposto, apenas uma
articulação ético-política, a qual Gattari denomina ecosofia, entre os três registros ecológicos – o
do meio ambiente, o das relações sociais e o da subjetividade humana (mente) – é que poderia melhor
esclarecer essas questões.
As grandes concentrações urbano-industriais tendem a produzir cada vez mais lixo e a gerar mais
poluição dos solos e dos recursos hídricos. Essas concentrações causam grandes impactos não apenas
nos ecossistemas locais como também em todos os ecossistemas planetários.
Os desequilíbrios ocorrem não apenas no âmbito do que podemos observar como meio ambiente
e os diferentes ecossistemas, mas também no das relações sociais – desigualdades socioeconômicas
(concentração da renda), sectarismos etnoculturais e religiosos, ou seja, os de ordem ideológica – e até
no campo da subjetividade humana (mentalidade), representações que ocorrem tanto na esfera da
consciência como na do inconsciente (fantasmas, no dizer de Guattari). Como esses três “ambientes”
estão entrelaçados, não temos como encontrar soluções individualizadas ou segmentadas, mas possíveis
soluções tomadas a partir de um metaponto de vista – um olhar sobre diferentes ângulos, que contemple,
ao mesmo tempo, a ecologia ambiental, a ecologia das relações sociais e a ecologia da subjetividade
(mente) humana.
Dentro desse quadro ambiental descrito, vamos estudar os biomas terrestres e sua dinâmica: questão
ambiental. Mas aí surge a indagação. O que é o bioma? Como se compõe?
Bioma é o conjunto de ecossistemas que mantêm entre si certa homogeneidade. É constituído pelas
comunidades biológicas, ou seja, pelas populações de organismos que formam a biodiversidade animal
e vegetal que interagem entre si e também com o ambiente físico ou natural denominado biótopo. Um
conjunto de ecossistemas constitui um bioma.
Devemos apresentar também outros conceitos importantes para nosso estudo na área ambiental:
• Biótopo ou Ecótopo: é uma palavra de origem grega que significa bio + topos = lugar onde se
desenvolve a vida. O termo topos significa Terra. São espaços em que é possível alguma forma de
vida, o que corresponde ao conceito de habitat, no qual há regularidade nas condições ambientais,
para tanto, depende de fatores físicos e químicos do meio ambiente.
• Biocenose: formada pela fauna e a flora, os micróbios, os seres vivos em geral. Os seres vivos são
biocenose, ou seja, o conjunto de comunidades formadas pelas populações dos organismos das
espécies de seres vivos interagindo entre si.
14
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Na Geografia, há estudos a respeito da temática apresentada. Um bom exemplo pode ser observado
na matéria publicada pela Scientific American Brasil, em maio de 2007. Leia o texto:
O optimum climático
No passado não muito distante, o clima foi mais quente que o atual.
[...]
O bioma constitui-se em um termo que foi usado inicialmente em 1943 por Frederic Edward Clements,
que o descreveu como uma unidade biológica ou espaço geográfico com características específicas
definidas pelo macroclima, a fitofisionomia, o solo e a altitude.
De modo geral é definido como um conjunto de ecossistemas terrestres, com vegetação característica
e fisionomia típica, onde predomina certo tipo de clima.
Devemos observar que geograficamente a Terra apresenta regiões com latitudes coincidentes em que
prevalecem condições climáticas similares, apresentando ecossistemas semelhantes e que constituem os
mesmos tipos de biomas.
15
Unidade I
1 BIOMAS DA TERRA
Figura 3 – Regiões da Terra que ocupam coincidentes latitudes, onde prevalecem condições
climáticas similares, apresentam ecossistemas semelhantes e mesmos tipos de biomas
1.1 Tundra
Situa-se nas regiões próximas ao Polo Ártico: norte do Canadá, da Europa e da Ásia.
A neve recobre o solo durante vários meses do ano, exceto no verão, quando as temperaturas podem
atingir graus positivos. Mesmo quando a superfície do solo descongela, ele permanece congelado alguns
centímetros abaixo. Isso impede a drenagem do degelo, o que muitas vezes forma os pântanos.
No extremo norte do globo, a vegetação compõe-se de musgos e liquens; mais ao sul, encontram-se
gramíneas e pequenos arbustos. A fauna da região é composta por renas, caribus, bois almiscarados e
aves migratórias aquáticas e pernaltas, além de alguns insetos que podem hibernar.
Figura 4
16
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Localizada no hemisfério norte, é encontrada na parte meridional das tundras; no hemisfério sul
também pode ser encontrada nas localidades onde o clima é muito frio.
A vegetação dessa área corresponde às coníferas (pinheiros e abetos), além de musgos e liquens.
A fauna é composta por alces, ursos, lobos, visons, martas e esquilos, animais adaptados ao ambiente
frio.
Típico de certas regiões da Europa e América do Norte, onde o clima é temperado e as quatro
estações do ano são mais bem definidas.
17
Unidade I
A fauna é composta por javalis, veados, raposas, doninhas, esquilos, vários tipos de pássaros, corujas
e muitas espécies de insetos.
Figura 7
Típicas das regiões de clima quente e com elevado índice pluviométrico na faixa equatorial da Terra,
além da latitude do Trópico de Capricórnio.
São encontradas na América do Sul (Bacia Amazônica), América Central, África, Ásia e Austrália.
A vegetação é exuberante, heterogênea, com árvores que atingem grande porte, com variada
estratificação vertical que vai desde grandes árvores até a vegetação arbustiva e a herbácea (rasteira). A
estratificação depende dos diferentes microclimas, além dos graus de luminosidade e umidade da área.
Ocorre reciclagem da matéria orgânica de forma muito rápida, dando origem a um solo escuro rico
em matéria orgânica (húmus). A grande diversidade de habitats permite a existência de uma fauna rica
e variada em distintas espécies de vertebrados e invertebrados.
18
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Figura 9 – As florestas fluviais tropicais são os biomas que apresentam a maior reserva
de biodiversidade do planeta. Um dos animais típicos desses biomas são as serpentes
Figura 10
As áreas em verde-claro
indicam florestas tropicais Costa do Marfim
que já desapareceram; As queimadas, o corte e a Papua-Nova Guiné
as áreas verde-escuras retirada de madeira estão Até agora as florestas sofreram
mostram as que ainda reduzindo as florestas em pouco aqui, mas estão ameaçadas
persistem 15% ao ano, um dos índices pela retirada seletiva de madeira e
mais altos do mundo. queimadas para dar lugar a plantações.
Brasil
Mais de um quarto
das florestas tropicais
sobreviventes está no
Brasil. Por isso novas
ameaças como o garimpo, Nigéria Madagascar
a pecuária e a ocupação No país mais Aqui, as florestas contêm
descontrolada trazem populoso da África, espécies endêmicas únicas
ao páis preocupação a demanda pela e são as mais ameaçadas do
internacional. terra pode eliminar mundo.
as florestas restantes
Figura 11
19
Unidade I
1.5 Savana
A savana africana apresenta fauna com herbívoros de grande porte (girafas, elefantes, rinocerontes,
zebras) e grandes carnívoros (leões, leopardos, guepardos), além da rica avifauna (pássaros, gaviões,
avestruzes), muitos répteis (lagartos, serpentes), anfíbios e rica fauna de invertebrados (insetos,
aracnídeos).
No Brasil a savana corresponde à formação cerrado, que tem como área endêmica a região Centro-
Oeste, embora avance pela Norte (Amazônia) e Sudeste.
Figura 13
1.6 Pradaria
Vegetação constituída basicamente por gramíneas (herbáceas). Ocorrem em períodos secos tanto na
América do Sul como na América do Norte.
20
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Um exemplo de pradaria corresponde aos pampas gaúchos ao sul do Brasil. A fauna é constituída por
roedores, lobos, coiotes, raposa, muitas aves (algumas migratórias) e também por variedades de insetos.
Figura 14
Figura 15 – Pradarias são biomas em que predominam as gramíneas. Na foto, um animal da pradaria do Arizona, EUA
1.7 Deserto
Os desertos são regiões de pouca umidade, com vegetação rala e espaçada (gramíneas, cactos e
pequenos arbustos) ocupando locais onde a água é escassa. É uma paisagem que, embora distinta, tem
predomínio de dunas e montanhas pedregosas desnudadas.
Os maiores desertos são o do Saara na África e o de Gobi na Ásia. Também podem ser encontrados
na Austrália, na América do Sul e na América do Norte.
Sua fauna é composta por roedores, répteis (serpentes e lagartos), insetos e aracnídeos. Os seres vivos
do deserto têm marcada adaptação à falta de água e grande parte deles apresenta hábitos noturnos.
21
Unidade I
Floresta latifoliada
equatorial (Amazônica)
Formações Floresta latifoliada
Florestais ou equatorial (Mata Atlântica)
Arbóreas Mata de Araucária
Mata dos Cocais
Formações Cerrado
Arbusivas e Campos
Herbáceas
Caatinga
Formações Complexo do Pantanal
Complexas Vegetação do litoral
Figura 17
2.1 Amazônia
Sua vegetação é formada por árvores altas com sub-bosque bem desenvolvido, além de
matas de várzea e igapós. Abriga enorme quantidade de espécies animais, muitas delas ainda
desconhecidas.
22
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Figura 18
2.2 Cerrado
Segundo maior bioma brasileiro, encontra-se espalhado por diversos estados e ocupa praticamente
¼ do território nacional. É nesse bioma que nascem grandes bacias hidrográficas como a da Prata e do
São Francisco, resultando em grande disponibilidade hídrica e biodiversidade.
Figura 19
Bioma mais devastado em nosso país, é atualmente representado por somente 7% de sua área
original, mas ainda é uma fonte sem tamanho de biodiversidade. Segundo o IBGE, se estende por
montanhas, vales, planaltos e planícies de toda a faixa continental atlântica brasileira e avança até o
planalto meridional do Rio Grande do Sul.
23
Unidade I
Apesar de muito descaracterizado por sua degradação pelo homem, sua vegetação é constituída por
árvores de grande porte típicas de clima quente e úmido.
Figura 21
Lembrete
24
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
2.4 Campos
Também chamado de pampas, é quase que exclusivo do estado do Rio Grande do Sul. Apresenta
vegetação rasteira, em sua maioria formada por ervas e arbustos.
Possui clima chuvoso, sem período de seca e com frentes polares durante o inverno, atingindo
temperaturas negativas.
Figura 22
2.5 Caatinga
“Mata clara e aberta”. Esse é o significado do termo caatinga, um bioma exclusivamente brasileiro com
formação vegetal característica de clima seco e árido, com plantas espinhosas, retorcidas e deciduais.
Com vários tipos de ecossistemas dentro de um grande bioma, ocupa grande parte do Nordeste
brasileiro e de Minas Gerais, no Sudeste.
Figura 23
25
Unidade I
Lembrete
2.6 Pantanal
Bioma que recobre a Planície do Pantanal, tem uma área no Paraguai e na Bolívia, mas sua maior
extensão localiza-se nos estados brasileiros do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Possui um período longo de inundação devido a um solo pouco permeável e outro período de
estiagem, o que influencia na biodiversidade local.
Figura 24
26
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
3.1 Aclimatação
Sabemos que os organismos vivos se mantêm em constante estado de desequilíbrio frente ao meio
em que habitam, seja com respeito ao calor, recurso hídrico, nutrientes, energia ou demais fatores
abióticos. Para manutenção desse estado – ponto de desequilíbrio – é necessário o gasto de energia
por parte dos seres vivos. Vale ressaltar que cada indivíduo possui seu ponto ótimo dentro do ambiente.
Tal relação entre os organismos e os fatores do meio ambiente que os cerca é fundamental para sua
sobrevivência, e esta depende da habilidade de cada um lidar com essas diferenças.
Outro fator comum na relação dos organismos com seu meio é o aparecimento de micro-habitats
dentro de um habitat maior. Isso ocorre devido a atributos distintos de temperatura, umidade, intensidade
luminosa e outros dentro de um mesmo ambiente, criando assim a sensação de que se tem ambientes
distintos – mas, na verdade, são micro-habitats. Dessa maneira, observamos um único bioma apresentar
condições diversas dentro de uma mesma formação, fato esse que ajuda a explicar a diversidade de
organismos encontrados nos diversos biomas espalhados pelo globo.
Figura 25
Figura 26 – Paisagem onde é possível observar micro-habitats. Note a cobertura vegetal contrastando com as rochas expostas e, ao
fundo a região litorânea, proporcionando diferentes micro-habitats dentro de uma mesma formação
27
Unidade I
Pensando dessa maneira, devemos salientar que a adequação de um organismo ao meio ambiente
varia com o tempo e o espaço – isso em função dos micro-habitats, que se modificam a todo instante,
alterando assim o espaço de atividade que determina o ótimo de desenvolvimento de cada indivíduo
dentro de seu bioma.
As respostas dos organismos às mudanças devem ser significativamente mais rápidas que o período
de mudanças, possibilitando a ele sua sobrevivência no meio. Respostas mais rápidas pressupõem
alterações imediatas no comportamento ou fisiologia dos organismos, podendo ser revertidas a qualquer
momento, enquanto respostas mais lentas levam a alterações permanentes, o que indica processo
evolutivo.
Figura 27 – A raposa do Ártico (Alopex lagopus) é um exemplo de animal que se modifica conforme o ambiente, pois no inverno
rigoroso apresenta pelagem branca e durante o verão apresenta pelagem marrom
A aclimatação é entendida como um processo reversível que segue as variações do ambiente. Mais
substancial nos organismos, são exemplos a produção de determinado hormônio vegetal durante o
inverno ou uma alteração na pele de um animal para suportar o frio rígido, ambas alteradas quando o
ambiente mudar suas características sazonais.
Observação
28
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Quando o ambiente muda muito devagar, as alterações nos organismos tendem a perdurar, alterando
seu fenótipo (interação do genótipo com o ambiente), tornando-se então uma resposta evolutiva.
Figura 28
Figura 29 – Exemplo de resposta evolutiva: iguana de Galápagos (Amblyrhynchus cristatus) e iguana verde (Iguana iguana): espécies
semelhantes que sofreram pressões ambientais diferentes gerando diferentes fenótipos ao longo do tempo
Dessa forma, a aclimatação é um ponto fundamental para entendermos a sobrevivência das espécies
nos biomas, uma vez que esses ambientes são constantemente modificados, seja pelo homem ou por
fenômenos naturais.
29
Unidade I
“Diversidade”, do latim diversitas, significa o que não é igual, que possui diferenças, com aspectos
diferentes.
“Comunidade”, por definição biológica, entende-se como grupo de populações que vivem em
determinada região, ou seja, são todos os indivíduos que habitam uma mesma região interagindo entre
si e com o meio ambiente.
É de conhecimento de todos que fatores como clima, topografia e outros determinam as características
da vida, seja de um animal ou vegetal, de acordo com processos como aclimatação, visto anteriormente.
O que determina as diferenças na biodiversidade local de cada bioma é o tipo de pressão ambiental que
o meio exerce sobre o organismo, determinando assim sua aclimatação em função das relações que os
organismos estabelecem com o meio.
Para entendermos a diversidade das comunidades, é necessário que primeiro compreendamos dois
princípios fundamentais: a adaptação evolutiva, que faz com que os organismos vivam em harmonia
com o meio onde estão inseridos, apresentando assim diferenças de um bioma para outro, e a
distribuição dos diferentes organismos vivos (plantas, microrganismos e animais), que fica restrita a um
pequeno intervalo de zonas climáticas, nas quais esses organismos encontram-se muito bem adaptados.
Sendo assim, notamos espécies novas ao mudarmos de um bioma para outro e podemos observar
particularidades na diversidade de uma região a outra.
A diversidade pode ser alterada de região para região ou de bioma para bioma, de acordo com os
fatores ambientais próprios de cada local. Por exemplo, no hemisfério Norte, árvores comuns como o
maple aparecem por grande parte do território, mesmo este tendo diferentes aspectos de topografia,
temperatura e índices pluviométricos. O mesmo pode ser observado em diversas partes do globo terrestre,
em que plantas de matas tropicais se fazem presentes desde a linha do Equador até as proximidades do
Trópico de Capricórnio.
30
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Vale lembrar que mudanças em uma das condições ambientais acarretam modificações em outras. O
aumento do índice pluviométrico, por exemplo, leva a maior umidade do solo, assim como a temperatura
gera solos mais secos, e essas modificações podem levar a mudanças fisiológicas nos organismos que ali
vivem. Desse modo, observamos que a questão da adaptação está diretamente ligada à diversidade local,
assim como está relacionada com os aspectos abióticos desse ambiente; sendo assim, a adaptação de um
organismo a um determinado ambiente não pode ser desvinculada do meio ambiente no qual ele vive.
Observando os padrões das comunidades, ecólogos concluíram que existe uma regularidade no
número de espécies (diversidade de espécies) dentro de cada uma, sendo que na região entre os trópicos
encontramos maior diversidade do que em altas latitudes. Esse fato é reforçado por teorias de grandes
pesquisadores como Charles Darwin, H. W. Bates, Alfred R. Wallace e outros.
Assim, biologicamente falando, podemos concluir que a forma dos organismos (principalmente
vegetais) está relacionada com o ambiente onde vivem. Não é por acaso que o limbo das folhas
das plantas xerófitas é menor do que o das plantas higrófitas e que o urso polar possui coloração
da pelagem diferente do urso pardo. Basta olharmos os ambientes em que estes organismos se
encontram.
31
Unidade I
Sendo assim, pode-se afirmar que o clima determina a adaptação e consequentemente a evolução
dos seres vivos, haja vista que cada bioma possui características que influenciam na morfologia e no
funcionamento dos organismos e que a diversidade nos biomas surge a partir da multiplicação das
espécies no meio onde interagem entre si.
Por outro lado, existem eventos que afetam o desenvolvimento dos indivíduos e acabam por alterar
a diversidade de um determinado local. Geralmente, esses eventos são de origem humana, uma vez que
o homem é sem dúvida o maior responsável pelas alterações ambientais na atualidade. Ainda que não
devamos desprezar fenômenos climáticos ao redor do globo, tsunamis, furacões, terremotos e outros
fenômenos naturais não são páreos para a atividade humana quando o assunto é modificação das
paisagens naturais e consequente alteração da biodiversidade.
Observação
Figura 31
O crescimento demográfico, a poluição, o uso excessivo dos recursos naturais, a expansão da fronteira
agrícola em detrimento do habitat natural, a expansão urbana e industrial, tudo isso está levando muitas
espécies vegetais e animais à extinção. A cada ano, 17 milhões de hectares de florestas tropicais são
32
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
desmatados. As estimativas sugerem que, se isso continuar, até 60 mil espécies de plantas e um número
ainda maior de animais serão extintos nos próximos 30 anos. Mesmo a diversidade das comunidades
humanas está em risco. Cerca de 92 tribos de indígenas brasileiros desapareceram no século XX, levando
consigo seus conhecimentos tradicionais.
Outro fator que leva à extinção de espécies é a introdução de espécies exóticas, pois a competição
gerada entre os indivíduos no meio ambiente pode levar os endêmicos à morte enquanto favorece o
crescimento da população exótica.
Seis grandes domínios paisagísticos foram identificados no Brasil: três deles abrangem áreas
originariamente florestadas e os restantes correspondem a áreas com predomínio de espécies vegetais
herbáceas e arbustivas. Entre eles, ocorrem faixas de transição, unidades paisagísticas nas quais se
mesclam características dos domínios morfoclimáticos vizinhos (tal como ocorre no Pantanal Mato-
grossense) ou, ainda, áreas onde a instabilidade das condições ecológicas deu origem a uma interação
entre os elementos naturais diversa daquela que caracteriza os domínios circundantes (como ocorre na
Pré-Amazônia Maranhense).
Devido à grande extensão territorial do Brasil, vamos encontrar domínios muito diferenciados uns
dos outros. A classificação feita segundo Ab’Saber (1975) dividiu o Brasil em seis domínios:
• Domínio Amazônico: região norte do Brasil, com terras baixas e grande processo de sedimentação.
Clima e floresta equatorial.
• Domínio dos Cerrados: região central do Brasil. Como diz o nome, vegetação tipo cerrado e
inúmeros chapadões.
• Domínio dos Mares de Morros: região ao leste (litoral brasileiro), onde se encontra a Floresta
Atlântica, que possui clima diversificado.
33
Unidade I
• Domínio das Caatingas: região nordestina do Brasil (polígono das secas), de formações cristalinas,
área depressiva intermontanhas e de clima semiárido.
• Domínio das Araucárias: região sul brasileira, área do habitat do pinheiro brasileiro (araucária),
de planalto e clima subtropical.
O domínio amazônico ocupa uma extensa área na porção norte do território brasileiro. Na maior
parte desse domínio, encontramos as chamadas terras baixas (planícies e depressões), além de áreas
de planalto por onde correm o rio Amazonas e seus afluentes. Destaca-se a presença de uma extensa
floresta densa e heterogênea associada a um clima quente e muito úmido.
Numa porção da região Nordeste denominada Polígono das Secas, aparece o domínio das Caatingas,
marcado pela presença de uma importante depressão localizada entre dois planaltos que contribuem
para a ocorrência de um clima semiárido e de uma vegetação rala formada por poucas árvores, alguns
cactos e bromélias. Apesar da presença da bacia do rio São Francisco, muitos dos rios que percorrem essa
porção do território brasileiro são temporários (secam no período da estiagem).
Na porção central do território brasileiro, predomina o domínio dos cerrados, caracterizado por
um relevo de chapadões e chapadas cobertos por uma vegetação de arbustos com troncos e galhos
retorcidos. Nele, destaca-se a presença de importantes bacias hidrográficas, como as bacias dos rios
Paraná, Paraguai, Tocantins e Madeira. O clima é quente e seco no inverno.
O domínio dos Mares de Morros situa-se na zona costeira brasileira desde o nordeste até o sul do
país, predominando na paisagem os morros em forma de “meia laranja” resultantes da erosão das Serras
do Mar, da Mantiqueira e do Espinhaço. Com clima quente e úmido, surge nesse domínio uma floresta
tropical conhecida como Mata Atlântica.
No sul do Brasil aparece o domínio das Araucárias, predominando um relevo de planaltos cobertos,
em parte, por um tipo de solo de alta fertilidade, denominado terra roxa. Ao clima subtropical associa-se
uma floresta homogênea denominada Floresta de Araucárias ou Mata dos Pinhais. Destaca-se, ainda, a
presença da Bacia do Rio Paraná.
Ainda no sul do Brasil, nas porções mais extremas do nosso território, destaca-se o domínio das
pradarias. A paisagem é marcada por um relevo baixo de ondulações suaves, por isso é conhecido
também como domínio das coxilhas. Predomina nessa região uma vegetação rasteira, conhecida como
campos ou pradarias, sendo representada pelo Pampa ou Campanha Gaúcha.
Além desses domínios, há as chamadas faixas de transição, indicando que no contato de um domínio
com o outro não há uma mudança abrupta. Nas faixas de transição podem ser encontradas características
de dois ou mais domínios morfoclimáticos.
34
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Amazônico
Cerrado
Mares de morros
Caatingas
Araucárias
Pradarias
Faixas de transição
Saiba mais
Saiba mais
35
Unidade I
O Brasil enfrenta problemas ecológicos semelhantes a qualquer outra parte do globo, apresentando
apenas peculiaridades por conta de seu processo de urbanização, formação vegetal diversificada e grau
de desenvolvimento da população.
Figura 33
36
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Toda a água
Oceanos 97%
Água doce 3%
Água doce
Calota de gelo e Água doce
geleiras 79% superficial de
fácil acesso 1%
Água
subterrânea
20%
Vapor d’água
atmosférica 8%
Figura 34
37
Unidade I
A poluição das águas se deve a um grupo restrito de poluentes: substâncias tóxicas (ST), óleos e graxas
(OG), material em suspensão (MS) e substâncias destruidoras do processo de oxigenação natural de
lâmina d’água, que causa a demanda biológica de oxigênio (DBO). Também ocorre em razão de: despejos
de esgotos domésticos ou industriais nas águas, causando sua contaminação; uso indiscriminado de
agrotóxicos que penetram e contaminam o solo e o lençol freático; vazamentos de petróleo de refinarias
ou petroleiros. Muitas são as agressões que os nossos ambientes aquáticos vêm sofrendo: desvio de
águas, derrubada de matas ciliares, assoreamento, construção de barragens etc. Pode-se destacar, no
entanto, a questão da contaminação. O lançamento de inúmeras substâncias, muitas das quais nem se
sabe que efeitos causam, tem impactado significativamente esses ecossistemas.
Sabe-se que, além dos lançamentos diretos de águas residuárias, as substâncias químicas liberadas
para a atmosfera lançadas sobre as plantações ou diretamente aplicadas no solo acabam, de uma maneira
geral, entrando nos corpos d’água. Uma vez no meio aquático, podem matar toda uma comunidade
biológica, sejam seres microscópicos, sejam peixes. São, aliás, frequentes as notícias de mortandade de
peixes. Porém, o lançamento dessas substâncias nem sempre chega a causar mortandades espetaculares,
podendo ser assimilados pelos organismos, como os peixes, muitas vezes consumidos pelo homem.
Os efeitos que essas substâncias causam podem ser irreversíveis. Vários estudos já foram realizados
comprovando tais fatos. Os agrotóxicos, como os organoclorados, embora proibidos por lei, ainda são
utilizados clandestinamente e, uma vez lançados no ambiente, entram na “cadeia alimentar”.
Figura 35
O mercúrio é usado nos mais diversos lugares e com várias finalidades, desde o tratamento dos
dentes até a extração do ouro em garimpos. Nesse processo, o mercúrio se liga ao ouro, tornando-o
(principalmente o ouro em pó) mais pesado, o que facilita a sua captura. Posteriormente, é separado do
38
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
A poluição do solo, outro grave problema, é provocada pelos resíduos químicos derivados dos
insumos agrícolas, pelos resíduos sólidos não degradáveis do lixo, por aqueles que demoram muito
tempo para desaparecer no ambiente, como o vidro, que leva cerca de 5 mil anos para se decompor,
ou ainda pelo uso de componentes químicos. Também é causada por esgotamento, erosão, lixiviação e
laterização – formas de perda do solo.
Um dos grandes problemas urbanos é a geração de lixo, em quantidades variáveis de acordo com o
nível socioeconômico e o consumo. O maior problema é a sua destinação. Em tempos mais remotos, o
lixo era produzido em pequenas quantidades e era basicamente composto de sobras de alimentos. Mas
os hábitos de consumo mudaram?
A Revolução Industrial e a chegada da “era dos descartáveis” aumentaram o volume de resíduos, que
atualmente são variados e vão desde embalagens de plástico e papel até móveis, calçados, pneus, eletrodomésticos,
implementos de informática e o próprio computador. A desova clandestina do lixo não respeita os lugares, e
a natureza é vítima do descaso. As propostas para solucionar os problemas do lixo sempre trazem algumas
desvantagens ou colocam em risco a saúde pública, além de poluírem o solo, a água e o ar. O grande problema é
a sua destinação, que difere entre os países ricos e pobres. Entre as formas de destinação, encontram-se:
• os lixões ou vazadouros a céu aberto: são mais comuns, mas possuem aspectos negativos: são
poluidores, exalam um cheiro fétido no ar e são focos de insetos, ratos e proliferação de doenças;
Figura 36
• os aterros sanitários: têm resíduos compactados e cobertos com terra, são de baixo custo, mas,
se não forem bem administrados, podem se transformar em depósitos de ratos e insetos;
• a incineração: transforma o lixo em cinzas e diminui o seu volume, mas tem um alto custo e a
fumaça polui o ar, embora seja a forma recomendada para lixos hospitalares;
39
Unidade I
• a reciclagem: considerada a solução ideal pelo governo e por ecologistas, consiste no processamento
e reaproveitamento de determinados produtos. Mas, para tanto, algumas providências terão de
ser tomadas, como efetuar coleta seletiva, reutilizar vasilhames, latas e sacolas, doar o que não se
usa e não descartar os resíduos aleatoriamente, entre outras medidas.
Figura 38
Observação
40
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Outro problema é o descarte inadequado desse material em locais inapropriados, como ilustra a foto
a seguir:
Lixões
Habitações
Importação
Incentivos
Financiamento
41
Unidade I
Plano de gestão
União, estados e municípios deverão fazer planos integrados de resíduos sólidos, com
diagnóstico da situação, metas de redução de lixo e reciclagem e ações para atingir os objetivos.
Logística reversa
O ponto positivo da lei é a criminalização dos lixões, que incentivará investimentos em novas
tecnologias. A logística reversa significa que, depois de usados, pilhas, pneus e eletrônicos deverão
retornar para os fabricantes ou distribuidores, que darão a eles a destinação ambiental adequada.
Figura 40
42
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
• Pantanal: caça e pesca predatória; queimadas; poluição dos rios com agrotóxicos, resíduos de
mineração, usinas de açúcar, despejo do vinhoto; implantação de lavoura comercial (soja); e
turismo predatório.
Dessa forma, devemos pensar em um meio ambiente como resultante da interação entre os grupos
humanos e a natureza em um determinado espaço e tempo, sem esquecermos que estão em jogo as
dimensões históricas e culturais, os hábitos e as atividades econômicas dos personagens envolvidos.
Aqui nos deparamos com o conceito de desenvolvimento sustentável – ou, como preferem alguns
ambientalistas, ecodesenvolvimento, termo cunhado pela Comissão das Nações Unidas para o Meio
Ambiente, em 1983. Na oportunidade, a Comissão empenhou-se no sentido de compatibilizar duas
visões distintas do desenvolvimento econômico que vigoravam na época:
Devemos enfatizar que o conceito de desenvolvimento sustentável não é restrito, ele engloba
consumos distintos e também a racionalidade ou não do processo produtivo.
43
Unidade I
Na obra Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento, o professor José Goldemberg afirma que:
O exemplo mencionado pode ser o ponto de partida para justificar um consumismo desenfreado.
A globalização não beneficia todos os países de modo homogêneo. Segundo Herman E. Daly (apud
ARROW et al., 2004), alguns países se beneficiariam com certos padrões de crescimento econômico e
a seu ver a globalização enfraquece as alavancas governamentais reguladoras da economia e os fluxos
de capitais, gerando instabilidade econômica. Como estabelecer a relação entre o capital construído e o
capital natural (recursos naturais)? De acordo com analistas econômicos com visão ambiental, ambas são
complementares, e dentro desse contexto pensamos em sustentabilidade e na eficiência da utilização
dos recursos naturais. A economia ecológica tenta contribuir para que os grupos humanos cheguem a
um caminho mais sustentável de desenvolvimento, mas sem comprometer demasiado a natureza.
O Prof. Ademar Romeiro (Economia Ambiental – Unicamp-SP) defende uma postura acerca dessa
problemática quando afirma em seus discursos que a sustentabilidade do sistema econômico não é
possível sem estabilização dos níveis de consumo per capita de acordo com a capacidade de carga do
planeta. Caberia à sociedade como um todo, seja por meio do Estado ou outra forma de organização
coletiva, decidir sobre o uso desses recursos de modo a evitar perdas irreversíveis potencialmente
catastróficas. O capital natural “crítico” seria avaliado por um trabalho que contemplasse os aspectos
ecológicos (capacidade de carga) e também os socioeconômicos (como os padrões mínimos de
segurança).
Para respondermos a essas indagações, nos apoiamos nos argumentos de Arrow et al. (2004),
quando afirmam que as possibilidades econômicas indicam que a conservação da biodiversidade
não é um critério-chave para determinar se estamos consumindo demais. A solução para o
consumo excessivo atual é aumentar o investimento e também o consumo, e em decorrência
disso a utilidade (ganhos) para o futuro. Quem determina a utilidade é o mercado. Na economia
ecológica, a sustentabilidade está relacionada ao conceito de escala, no que se refere aos
montantes dos recursos ambientais que usamos. Outro aspecto implícito é a distribuição, e ambas
estão relacionadas, pois a escala se refere à quantidade de recursos que usamos, devendo esta ser
compatível com o suporte do planeta Terra.
Para que a população seja feliz, deve haver uma conciliação entre um consumo simples e sem
bloquear o desenvolvimento econômico, envolvendo uma boa distribuição de renda e sustentabilidade.
44
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Os autores William Rees e Mathis Wackernagel buscaram uma forma de quantificar os impactos dos
hábitos de consumo que a humanidade deixava no planeta Terra, ou seja, quais as marcas que poderiam
ser dimensionadas, quais as pegadas decorrentes do consumo humano.
Surge assim um novo conceito: a pegada ecológica, pois em 1996, eles publicaram um livro com
esse título. A tentativa dos autores era reduzir o impacto que os grupos humanos promoviam na natureza
ao apropriarem-se dos recursos, ampliando assim o que denominamos de sustentabilidade. A pegada
considera: área de energia fóssil, terra arável, pastagens, área de floresta e área urbanizada.
Saiba mais
Os autores investigaram, para calcular as pegadas ecológicas, os distintos tipos de lugares – no caso,
os territórios e suas áreas com possibilidade de aproveitamento. Observaram como ocorria o consumo
energético, habitacional e de mobilidade em termos de transportes, entre outros, além das tecnologias
e informações demográficas.
Os dados são utilizados para a elaboração de tabelas, considerando também a deposição de resíduos
e os recursos hídricos que seriam necessários para preservar a biodiversidade.
Consideraram ainda as diferenças de hábitos de consumo em sociedades ricas e pobres, bem como
suas respectivas diferenciações.
Saiba mais
<http://www.wwf.org.br/>.
Não importa se o lugar é cidade ou país e se sua dimensão é pequena ou grande geográfica e
economicamente falando. A pegada é referenciada pela dimensão que apresenta das áreas produtivas,
sejam elas continentais (em terra) ou marítimas. Essa foi a maneira encontrada pelos autores para
45
Unidade I
expressar em hectares (ha) a extensão territorial que um indivíduo ou toda a sociedade utiliza, em
média, para se sustentar.
Desde que iniciou suas atividades no nosso país, o WWF Brasil (Fundo para a Natureza – World Wide
Fund for Nature) utiliza o conceito de pegada ecológica como uma ferramenta para interpretar algo além
do simples consumo. Isso é feito no sentido de dimensionar quais as questões que estão implícitas quando
realizamos uma leitura dos hábitos de consumismo e suas consequências, como a questão das desigualdades
e das injustiças, com o intuito de buscar soluções para melhor distribuir a renda e os recursos naturais.
Observação
A pegada ecológica permite mensurar se o consumo é sustentável ou não e quanta terra produtiva
e recursos naturais são necessários para sustentar uma população, dado o seu nível de vida atual com
as tecnologias disponíveis.
Em Alier (2010), ficou evidenciado que a apropriação humana cresce em função do crescimento
populacional, da urbanização, da agropecuária e da exploração de madeira e que a apropriação humana
consiste não só em colher, mas também em diminuir a produção da biomassa com atuações como a
impermeabilização de ruas e avenidas.
Complementando a noção de pegada, podemos dizer que para que uma economia possa vir a ser
considerada sustentável, a produtividade energética do trabalho humano deve superar ou igualar a
eficiência da transformação da energia dos alimentos convertida em trabalho humano. Podemos assim
concluir que o conceito de sustentabilidade deve ser incorporado à análise metodológica, levando-se
em conta um conjunto de variáveis, não só de caráter ambiental ou econômicas, mas também as sociais,
históricas, geográficas, tecnológicas e as legais regulatórias.
46
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Resumidamente, podemos dizer que devemos repensar os hábitos de consumo com vistas a assegurar
uma existência futura digna a uma satisfatória sobrevivência, mas não esgotando a capacidade do
planeta e sem que seja estabelecido um modo de viver que exija grandes sacrifícios da natureza e
daquilo que ela pode vir a nos oferecer.
O consumo deve ser racional. Infelizmente, no entanto, desde a década de 1980, a demanda da
população mundial pelo consumo de recursos naturais é maior do que a capacidade que o planeta
Terra apresenta em sua capacidade de renová-los. De acordo com o WWF, criado no Brasil em 1996, já
estamos utilizando 25% a mais da disponibilidade de recursos naturais, ou seja, precisaríamos de pelo
menos ¼ a mais de planeta para sustentar o estilo de vida atual. Por isso, o comprometimento também
é muito acentuado em termos de biodiversidade.
A qualidade de vida dos grupos humanos e dos biomas está em jogo no que se refere à sobrevivência.
A qualidade de vida, portanto, deverá ser entendida por meio de três eixos principais:
• satisfação e acesso aos bens básicos como educação, transporte, alimentação, serviço de saúde,
saneamento adequado e ganhos satisfatórios;
• acesso aos bens complementares (lazer, relações afetivas, relações familiares, relações com a
natureza e relações de trabalho);
• bens ético-políticos, assim denominados por se referirem à vida do cidadão, participação política,
envolvimento em causas coletivas e participação na vida cidadã.
A qualidade de vida não depende de um fator, mas de fatores combinados permeados pela questão
ambiental.
Saiba mais
47
Unidade I
Muitos dos problemas aqui apresentados têm como uma de suas consequências a diminuição da
quantidade de nutrientes do solo. Esse fenômeno é conhecido como empobrecimento do solo, que
se torna inapropriado não só para o cultivo e manejo agrícola como também para a recuperação da
vegetação nativa, por meio do processo de sucessão ecológica. Além disso, a eliminação em excesso
de determinados componentes no meio ambiente pode levar a um aumento descontrolado de alguma
substância, causando um desequilíbrio ambiental de proporções quase irreparáveis.
Sabemos que os nutrientes ficam no ecossistema, circulantes entre meio físico e seres vivos, formando
os ciclos biogeoquímicos. A grande parte desses nutrientes tem sua origem na atmosfera terrestre e nas
rochas da crosta e são utilizados por várias vezes pelos organismos vivos em seus processos fisiológicos,
retornando ao meio físico após algum tempo, onde serão novamente absorvidos e reutilizados.
Cada elemento possui um caminho exclusivo determinado pelas alterações que sofre durante os
processos fisiológicos dos quais participa nos seres vivos. Essas transformações têm como objetivo a
produção de energia, a constituição estrutural de um indivíduo ou ainda outros processos vitais para o
organismo.
De maneira geral, todos os ciclos biogeoquímicos tendem a manter as concentrações dos elementos
químicos, tanto no meio quanto nos seres vivos, equilibrada a longo prazo, fazendo com que esses
processos sejam duradouros nos ecossistemas globais. Porém, como citado anteriormente, pode ocorrer
um desequilíbrio nesses ciclos causados por lançamento exagerado de uma substância. São exemplos
disso o carbono eliminado em excesso na forma de gás carbônico, resultante principalmente da queima
de combustíveis fósseis, e a retirada excessiva de um composto, o que ocorre, por exemplo, quando temos
um cultivo intensivo de um vegetal que retira nitrogênio do solo e este não é reposto em quantidades
suficientes.
Fora isso, os ecossistemas perdem e ganham nutrientes a partir de fenômenos naturais como erosão,
chuva, assoreamento e outros, criando um fluxo de nutrientes entre áreas diferentes. Assim, fica evidente
que os ciclos biogeoquímicos constituem um mecanismo dinâmico e que eles estão diretamente ligados
a processos geológicos no planeta.
48
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Essa substância de enorme importância para os biomas terrestres tem seu ciclo fundamentado em
processos físicos como evaporação e precipitação, mas envolve também processos químicos e biológicos
como transpiração e fotossíntese.
De forma simplificada, temos que a energia luminosa do sol aquece a água da superfície terrestre, que
evapora e sobe na atmosfera. Ao atingir camadas mais elevadas, esse vapor se condensa, formando nuvens que
depois precipitam em forma de chuva. A água da chuva retorna aos reservatórios naturais como rios, lagos e
oceanos, na superfície, e também aos lençóis subterrâneos, uma vez que infiltra no solo formando reservas.
Vale ressaltar que aproximadamente 90% de toda água encontra-se presa às rochas, no núcleo da
Terra e em depósitos sedimentares próximos à superfície. São processos geológicos, como o vulcanismo,
que introduzem essa água no ciclo hidrológico.
Observação
Com relação aos processos biológicos, a fotossíntese e a transpiração dos seres vivos são os mais
importantes para o ciclo da água. Na fotossíntese, os vegetais absorvem água do solo através das raízes
e esta é transportada até as folhas onde ocorre a hidrólise (separação do hidrogênio e oxigênio da
molécula) dessa substância. Ao final do processo, novas moléculas de água são formadas e eliminadas.
Pensando nos biomas terrestres, o ciclo da água, além de fazer a manutenção dessa substância, tem
grande influência no clima, uma vez que a quantidade de vapor de água no ar atmosférico determina
mudanças nas condições climáticas ao redor do globo, fazendo desse composto um fator fundamental
para a compreensão das características de cada ecossistema.
Ciclo da água
Condensação
Chuva
Evaporação Formação de
Evaporação na queda
da vegetação nuvens
Enxur Transpiração
rada Evaporação dos
rios e lagos Evaporação
Água do solo Evaporação
gravit Infiltração
ativa
dos oceanos
Água retida no solo Nascentes
Rio Lençol freático
Rocha impermeável Oceanos
Figura 41
49
Unidade I
Como dito anteriormente, o ciclo desse elemento químico se dá por meio da fotossíntese, em que
os vegetais assimilam o gás carbônico da atmosfera e o transformam em carboidrato, e da respiração
celular, que é o consumo do carboidrato para obtenção de energia na célula com a liberação de CO2 para
o ambiente.
Fotossíntese
Respiração
Por fim, devemos observar que atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis,
intensamente aumentada após a revolução industrial, e as queimadas realizadas principalmente
como recurso agrícola têm papel importante no retorno do carbono à atmosfera sob a forma de
gás carbônico.
50
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
CO2
atmosférico Combustão
Fotossíntese
Respiração
Respiração
Respiração
Decomposição
Combustão
Resíduo animal
e vegetal
CO2 Produção gradual de
Bicarbonato Fotossíntese combustível fóssil
Respiração
Peat
Decomposição Carvão vegetal
Oleo e gás
Carbonato Resíduo animal e vegetal
Figura 42
Gás encontrado em maior quantidade na atmosfera terrestre, com cerca de 78% do total dessa
camada, o nitrogênio é um nutriente fundamental nos organismos vivos. Participa da estrutura
molecular das proteínas e ácidos nucleicos (DNA e RNA), sendo de suma importância para a existência
da vida.
Apesar de sua importância, esse gás não pode ser assimilado pela grande maioria dos
organismos vivos de maneira direta a partir do ar, necessitando então de processos dependentes
de microrganismos que absorvem e convertem o nitrogênio e depois fornecem para os organismos
mais complexos.
A partir daí, o nitrogênio, já incorporado nas moléculas orgânicas, passa de indivíduo para indivíduo
nos biomas por meio da cadeia alimentar.
51
Unidade I
Fixação de Nitrogênio
por processos nitrogênio atmosférico
industriais, raios, Tecidos vegetais
vulcões Síntese aminoácidos
Tecidos animais,
fezes, urina
Decomposição Desnitrificação
por fungos e por bactérias
bactérias no solo
Amônio nas
por bactérias plantas
por bactérias simbióticas nos
de vida livre no Compostos
módulos das Assimilação por orgânicos Perda em
solo raízes células vegetais sedimentos
Perda por profundos
nitratos no solo lixiviação
Amonificação por
Nitrificação por bactérias no solo
bactérias no solo
Amônio no solo
Figura 43
Saiba mais
Para trabalhar com crianças sobre problemas ambientais, veja a cartilha
sobre os impactos da monocultura da cana-de-açúcar em Goiás, com textos
simples, diretos e ótimas ilustrações.
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS. Impactos ambientais da
monocultura da cana-de-açúcar. Disponível em: <http://www.mp.ac.gov.
br/wp-content/files/cartilha_03.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2014.
Utilize também os seguintes filmes, com abordagens divertidas sobre
problemas ambientais:
ANIMAIS unidos jamais serão vencidos. Dir: Reinhard Klooss, Holger
Tappe. 93 min. Alemanha: Constantin Film, 2011.
OS SIMPSONS: o filme. Dir: David Silverman. 83 min. EUA: Gracie Films, 2007.
WALL-E. Dir: Andrew Staton. 98 min. EUA: Walt Disney Pictures/Pixar
Animation Studios, 2008.
Resumo
52
BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Exercícios
Questão 1. (Enade, 2008, adaptada) Na obra Domínios da Natureza no Brasil: Potencialidades
Paisagísticas, Aziz Ab’Sáber discute as paisagens como heranças de processos fisiográficos e biológicos
e como patrimônio coletivo dos povos que, historicamente, as herdaram como território de suas
comunidades. A partir desse entendimento, pode-se refletir sobre a herança que a sociedade atual irá
deixar para as gerações futuras. O mapa a seguir apresenta a situação atual das ações antrópicas nos
biomas do Brasil, cujos percentuais são listados na tabela.
Figura 44
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Unidade I
Com base nas informações apresentadas no texto, no mapa e na tabela ao lado deste, julgue os itens
a seguir:
I. O bioma Amazônia, por apresentar o menor percentual de antropização, é o que tem maiores
chances de manter-se como herança.
II. A situação no bioma Pampa se agravará se houver investimentos significativos nas atividades
agrossilvopastoris.
III. O bioma cerrado sofrerá fortes transformações com a expansão da agricultura em decorrência do
cultivo de cana-de-açúcar.
I. Afirmativa correta.
Justificativa: a afirmação é verdadeira do modo como está, pois implica desmatamento e ruptura das
fragilizadas conexões dos sistemas ambientais, com a ressalva de que se trata de atividades convencionais,
não de perfil agroecológico menos impactantes.
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BIOMAS TERRESTRES E SUA DINÂMICA: QUESTÃO AMBIENTAL
Questão 2. (Enem, 2011, adaptada) O acidente nuclear de Chernobyl revela brutalmente os limites
dos poderes técnico-científicos da humanidade e as marchas-a-ré que a “natureza” nos pode reservar.
É evidente que uma gestão mais coletiva se impõe para orientar as ciências e as técnicas em direção a
finalidades mais humanas (GUATTARI, F. As três ecologias. São Paulo: Papirus, 1995).
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