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As vegetações também podem ser chamadas de paisagens da natureza.

Poderíamos dizer, em uma definição simples, mas didática, que a vegetação é


o reflexo das condições naturais de solo e dos tipos de clima. São os grandes
domínios de natureza, os chamados de domínios morfoclimáticos – termo
cunhado pelo geógrafo Aziz Ab’ Sáber para se referir às paisagens naturais.
Outrossim, os termos domínios fitogeográficos ou climatobotânicos expressam
a relação entre vegetação, clima e espaço geográfico das regiões. Aliás, fito ou
phytos, é termo de origem grega que significa plantas.

No caso, a vegetação está diretamente associada aos tipos climáticos, pois


segundo as características climáticas de determinada região – se úmido ou seco,
por exemplo – haverá vegetação de maior ou de menor porte e com maior ou
menor biodiversidade. Por exemplos, em regiões de climas áridos, acabam por
resultar em vegetações diminutas e pouco desenvolvidas, além de menor
biodiversidade local tanto de fauna, quanto de flora, quando comparadas com
regiões de climas chuvosos.

Outra característica física que influencia nos tipos de vegetação são os


diferentes tipos de solo conforme supracitado. Ou seja, se houver solos
pedregosos a vegetação terá maiores dificuldades de se desenvolver na região,
logo há tendência de apresentar menor biodiversidade.

Há classificação das vegetações quanto ao porte, à umidade e aos tipos de


folhas. São classificações conforme suas características físicas e biológicas.
Para tanto consideramos tipos de folhas, de troncos, grau de biodiversidade,
densidade de plantas, salinidade de solo e umidade local.

São três os grandes grupos de vegetação quanto ao porte (tamanho e densidade


das espécies):

Arbórea: apresenta plantas de grande porte, árvores, geralmente é heterogênea


(significativa biodiversidade) e latifoliada (folhas largas); se homogênea, a
exemplo das Coníferas canadenses ou da Araucária do Brasil, apresenta folhas
em forma de espinho a que chamamos aciculifoliada.

Arbustiva: apresenta plantas de médio a pequeno porte, são os arbustos.


Geralmente têm solos expostos e arenosos. Exemplo típico da Caatinga do
Brasil e das Savanas.

Herbácea: apresenta plantas rasteiras e campos abertos. São ervas. No Brasil


temos os campos sulinos e em faixas de latitudes médias do globo temos as
vegetações de Pradarias e Estepes.

Há, ademais, tipos de vegetação que dificilmente conseguimos classificar num


dos grupos citados por causa de sua heterogeneidade e complexidade, a
exemplo do Brasil onde há o Pantanal matogrossense e os Manguezais. Tal
dificuldade se deve à complexidade dessas vegetações, logo são classificadas
como vegetações complexas.
Classifica-se também as vegetações segundo o grau de umidade de suas
regiões de ocorrência. As vegetações são:

Hidrófitas: são vegetações que se desenvolvem em ambientes úmidos e dentro


de corpos d´água. São vegetações de espécies aquáticas e subaquáticas.
Higrófitas: são vegetações que se desenvolvem em ambientes com muita
umidade, mas não são de espécies aquáticas. É muito comum em ambientes
costeiros, a exemplo de praias e mangues.
Tropófitas: são vegetações que se desenvolvem em ambientes com grande
variação de umidade no decurso do ano, em região de climas tropicais. Se
adaptam a variação de umidade e sobrevivem às estações chuvosas e estações
secas.
Xerófitas: são vegetações que se desenvolvem em ambientes semiáridos,
áridos e desérticos, pois se adaptam a pouco volume de chuvas.
Ombrófilas: são vegetações de ambientes equatoriais e muito chuvosos. São
vegetações onde há sombras de umas espécies sobre as outras.
Halófitas: são vegetações que se desenvolvem em regiões de solos com grande
concentração de sais.
Orófilas: são vegetações de relevo e que se desenvolvem em altitudes
consideráveis em decorrência do clima de montanha.

E mais, classifica-se as vegetações de acordo com os tipos de folhas:

Aciculifoliadas: são tipos de folhas em formas de agulhas, finas e pontiagudas.


Tende a se concentrar em regiões de temperaturas baixas em zonas temperadas
e em regiões de elevada altitude.
Latifoliadas: são tipos de folhas largas comum às vegetações equatoriais e de
climas quentes e úmidos.
Caducifólias: são vegetações que perdem as folhas nos períodos de aridez,
notadamente vegetações tropófilas de regiões tropicais.
Decíduas: são vegetações que perdem folhas nos meses de inverno,
notadamente as vegetações de clima temperado.
Perenefólias: são vegetações cuja folhagem não cai ao longo do ano.

Vegetação Mundial

Se as condições pedológicas (de solo) e climáticas influenciam nos diversos


tipos de vegetação, certamente que nas diferentes zonas climáticas teremos
vegetações específicas.
Figura 1. Vegetação mundial. Fonte: Atlas Escolar IBGE.

Tundra: a vegetação de Tundra se desenvolve em dois ambientes geográficos:


altas latitudes – regiões polares – e em altas montanhas. Divide-se, portanto, em
dois tipos: Tundra Ártica e Tundra Alpina. Tundra é termo que tem origem no
finlandês e significa planície sem árvores.

A distribuição geográfica se dá entre as latitudes 60°N e 75°N em terras


meridionais do Ártico e se desenvolve nos territórios da península da
Escandinávia (notadamente nos países da Suécia. Finlândia e Noruega), além
da Sibéria na Rússia, do Canadá, da Groelândia e do Alaska em regiões com
clima polar. Apresenta solo congelado ao longo de todo o ano, tal solo é
conhecido como permafrost. É diferente, porém, dos tipos pedológicos de
regiões montanhosas onde se desenvolve a Tundra Alpina, pois os solos, nessas
regiões, não são congelados.

A Tundra Alpina tende a se desenvolver nos diversos países onde há os


dobramentos do terciário, pois o clima frio de montanha dessas localidades se
assemelha aos climas polares onde se desenvolvem a Tundra.

Caracteriza a região os pequenos arbustos, musgos e líquens. Líquens são


organismos que vivem em simbiose, trata-se da vida conjunta de algas ou
cianobactérias e fungo.
Figura 2. Tunda no Alaska. Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/alaska-montanhas-tundra-angra-ermo-68126/
Acesso: 07/02/2021

Floresta de Coníferas: a vegetação da Floresta de Coníferas também se


conhece como Floresta de Taiga ou Floresta Boreal, pois se desenvolve somente
no hemisfério Norte.

A distribuição geográfica se dá entre as latitudes 50°N e 60°N. Localiza-se ao


sul da vegetação de Tundra nos três continentes exclusivos do hemisfério boreal:
América do Norte, Ásia e Europa. Desenvolve-se em região de clima subpolar
e temperado continental, cujas estações do ano são bem-definidas e com
presença de invernos secos e com neve, verões curtos e com dias longos.
Outrossim, se distribuem entre a Tundra ao norte e as florestas temperadas ao
sul. Possui em torno de 12 milhões de km2 e é o maior bioma do mundo em
extensão territorial.

Desenvolve-se no Canadá, cuja vegetação notavelmente distinta entre a taiga –


em porção mais setentrional e menos arborizada – e coníferas ao sul, com
vegetação mais fechada. É presente no Alaska, na Escandinávia, na Rússia e
no Japão.

Caracteriza a região a vegetação homogênea – baixa biodiversidade – e plantas


com folhagem aciculifoliada (em formas de agulhas) que dificultam a perda de
umidade através de evapotranspiração das espécies para o meio ambiente. As
espécies vegetais apresentam copa em formato cônico, deriva daí o nome de
coníferas, a fim de não acumular neve em suas folhas para as plantas não
morrerem. A espécie mais conhecida é o pinheiro. Ademais, possuem espécies
vegetais de grande porte e em algumas regiões é possível a ocorrência de
vegetações com folhagem latifoliada (folhas largas), e, por fim, possui solos que
descongelam nas estações de verão.
A exploração econômica das espécies da Floresta de Coníferas é fundamental
para produção de celulose e papel, além da indústria madeireira e movelar
voltadas à construção civil, além disso, a vegetação apresenta redução em
decorrência de atividades mineradoras. No Canadá tem enorme importância
econômica. Trata-se, por fim, do bioma mais degradado em extensão territorial.

Figura 3. Vegetação de coníferas. Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/pinheiros-%C3%A1rvores-inverno-neve-


5952534/ Acesso: 07/02/2021

Floresta Temperada: a vegetação de Floresta Temperada é conhecida por ser


vegetação decídua, cujas folhas caem no decurso dos meses de inverno.

A distribuição geográfica se dá nas latitudes médias (entre 30° e 60°) em ambos


os hemisférios. Localiza-se ao sul da vegetação de Taiga e ao norte da
Mediterrânea no hemisfério Norte e está presente no extremo sul do Chile e da
Austrália. Mais precisamente, no hemisfério Norte, se distribui na porção sudeste
dos Estados Unidos e Europa Ocidental, além do sudeste asiático.

Desenvolve-se em região de clima temperado marítimo com estações do ano


bem-definidas. No curso dos verões a vegetação apresenta maior presença de
folhagem latifoliadas em seu dossel e os raios solares não tocam no solo e as
folhas estão verdes, entretanto, nos meses de inverno as vegetações perdem a
folhagem (são decíduas) e a neve recobre as espécies vegetais de folhas
‘’caducas’’. É como se a planta ‘’estivesse hibernando’’. Nas estações da
primavera é comum florescer em diversos tipos de flores coloridas e, em meados
do outono, as espécies terão suas folhas mudando de cores em virtude dos dias
com menor luz solar, as folhas ficam em cores alaranjadas, avermelhadas ou
amareladas por causa da diminuição do processo de fotossíntese na cor verde.
Caracteriza a região a vegetação heterogênea – alta biodiversidade – e plantas
com folhagem latifoliada (folhas largas) e espécies arbóreas e de grande porte.
Apresenta solos ricos em nutrientes em consequência da deposição de folhas
constantes.

Figura 4. Floresta temperada. Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/floresta-mata-lago-%C3%A1rvores-folhas-


5597499/ Acesso: 08/02/2021

Mediterrânea: a vegetação Mediterrânea se desenvolve nos dois hemisférios,


apesar de ser muito associada ao norte da África e sul Europa porque são
regiões banhadas pelo mar Mediterrâneo, tanto quanto o clima mediterrâneo
que possui verões quentes e secos e invernos úmidos. No caso, a vegetação
mediterrânea se localiza no extremo sul da África e na Oceania, além das
Américas.

Caracteriza a região os arbustos em paisagem aberta, pois as espécies se


distanciam umas das outras e apresenta o solo exporto. É comum a presença
de espécies xerófitas, que se adaptam à aridez climática.
Figura 5. Campo de Oliveiras. Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/oliveira-campo-de-oliveiras-3662751/ Acesso:
08/02/2021

Formações Herbáceas: as vegetações herbáceas são ervas e não apresentam


altura superior aos 2m, geralmente são rasteiras em campos abertos. As
vegetações herbáceas estão presentes no interior dos Estados Unidos – porção
centro-oeste daquele país – Canadá, regiões norte e sul da África, sul do Brasil,
Argentina e Uruguai e na porção central da Europa.

Figura 6. Vegetação herbácea nos EUA. Pradarias de Wyoming. Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/wyoming-


pradaria-hulett-eua-1633631/ Acesso: 08/02/2021
- Pradarias: são tipos de vegetação herbáceas e rasteiras, além de apresentar
solos férteis e cobertos. O ciclo das pradarias é curto e por isso há grande
deposição de matéria orgânica em seus solos. Geralmente se encontram
próximos aos desertos. As pradarias se desenvolvem em regiões de climas
tropicais e temperados.

- Estepes: são tipos de vegetação herbáceas com aspecto rasteiro e que forma
uma espécie de ‘’tapete vegetal’’ com predomínio de gramíneas. O clima é mais
seco se comparado aos das pradarias em regiões de influência da
continentalidade.

Figura 7. Espepe na Namímbia, região de clima semiárido. Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/springbok-cabra-


ant%C3%ADlope-%C3%A1frica-3758346/ Acesso: 08/02/2021

Formações de Regiões Semiáridas: diferentemente do que se possa imaginar,


as regiões semiáridas do mundo não se resumem ao Nordeste do Brasil, mas
estão presentes em diversas regiões da superfície terrestre.

O clima semiárido apresenta baixo índice pluviométrico. As vegetações tendem


a ser xerófitas (adaptadas a baixo volume de chuvas). No continente americano
algumas regiões semiáridas, além do Nordeste do Brasil, são:

- Chaco: a região do Chaco se distribui entre os países da Argentina, da Bolívia


e do Paraguai. Possui climas árido, semiárido e sub-úmido.
- Corredor Seco Centro-Americano: abrange os países da América Central,
desde o sul do México e atravessa Guatemala, El Salvador, Honduras,
Nicarágua e Costa Rica.
- Semiárido Venezuelano: semiárido conhecido como Lara-Falcón, se situa na
região norte do país.
A região de clima semiárido mais expressiva, em termos de extensão territorial,
está no continente da África. A região é conhecida como Sahel.

Sahel: a região do Sahel abrange a África setentrional e se distribui por diversos


países, desde a costa do Atlântico, até a costa do mar Vermelho. São mais de
5400km de extensão de leste a oeste e uma faixa de 500km a 700km. Localiza-
se entre o maior deserto árido do mundo – o Saara – e as savanas africanas. As
vegetações predominantes são de estepes, mas há muitas espécies xerófitas e
arbustos, a depender da região.

Figura 8. Arbustos no Sahel. Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/sahara-sahel-arbusto-areia-%C3%A1frica-


696569/ Acesso: 08/02/2021

Deserto: a vegetação dos desertos áridos e quentes ocorre em todos os


continentes, exceto na Antártida. Ou seja, ocorre nos dois hemisférios.

A distribuição geográfica se dá próximo às latitudes de 30°N e 30°S. Desenvolve-


se em região de clima desértico, cujas umidade é baixíssima e com alta
amplitude térmica diária. Ademais, se distribui nas porções ocidentais dos
continentes.

Desenvolve-se na África (Saara e Kalahari), na América (Atacama, no Chile; e


Arizona, nos EUA), na Ásia (Gobi e Arábia) e Oceania (Deserto de Outback, na
Austrália).

Apresenta solos expostos e arenosos, vegetação rarefeita e na forma de


arbustos. Há presença de espécies xerófitas.
Figura 9. Deserto de Gobi, na Mongólia. Ásia. Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/mong%C3%B3lia-gobi-camelos-
ilumina%C3%A7%C3%A3o-695267/ Acesso: 02/08/2021

Floresta Estacional e Savana: a vegetação Estacional é marcada por duas


estações bem-definidas, uma úmida e muito chuvosa e outra de estiagem. São
as vegetações de savanas e cerrados. Desenvolvem-se nas latitudes tropicais
em regiões de clima tropical continental.

Desenvolvem-se na África, América do Sul, sul da Ásia e Oceania.

Caracteriza a região os arbustos em paisagem aberta, pois as espécies se


distanciam umas das outras e apresenta o solo coberto por gramíneas. São
vegetações caducifólias, pois muitas espécies perdem suas folhas ao longo das
estações secas. São vegetações tropófilas e estão sujeitas às queimadas
naturais.
Figura 10. Manada de elefantes em meio à Savana africana, no horizonte o Kilimanjaro, Quênia. Fonte:
https://pixabay.com/pt/photos/%C3%A1frica-qu%C3%AAnia-amboseli-safari-4062680/ Acesso: 08/02/2021

Floresta Pluvial Tropical e Subtropical: a vegetação de Florestas Tropicais e


Subtropicais se desenvolvem em regiões de climas úmidos. As Florestas
Tropicais ocorrem nas regiões de clima equatorial e em baixas latitudes na
América do Sul, na África e sudeste da Ásia, bem como norte da Oceania e
possuem elevada biodiversidade. As Florestas Pluviais Subtropicais ocorrem em
regiões de climas temperados marítimos e subtropicais em regiões de
latitudes próximas às linhas dos trópicos e tendem a ser homogêneas com baixa
biodiversidade.

Caracteriza a região equatorial as florestas densas e fechadas de grande porte.


Possuem folhas latifoliadas e perenifólias.

Figura 11. Floresta tropical fechada. Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/jungle-floresta-%C3%A1rvores-verde-


601542/ Acesso: 08/02/2021
Já a região subtropical se caracteriza por árvores de grande porte, mas
homogêneas com troncos retilíneos e com folhas aciculifoliadas em climas com
estações anuais bem-definidas.

Figura 12. Floresta subtropical no Chile. Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/do-parque-nacional-


conguill%C3%ADo-vulc%C3%A3o-710571/ Acesso: 08/02/2021

Alta Montanha: nos acidentes geográficos montanhosos há o clima frio de


montanha que sofre influência da altitude. Nas regiões de topografia, cuja
altitude é superior aos 3000m, a vegetação é conhecida como orófila ou de
montanha, predomina arbustos e herbáceas.

Vegetação e biomas do Brasil

O Brasil, em virtude de sua grande extensão territorial, apresenta diferentes tipos


de vegetação e especialmente grandes florestas com significativa
biodiversidade, tanto de flora, quanto de fauna.

Vegetações e Biomas: No Brasil há ao menos oito tipos de formações vegetais.


A extensão territorial do Brasil e sua distribuição latitudinal resultam em
diferentes tipos climáticos e consequentemente em grande variação de
paisagens naturais. A vegetação considera os aspectos paisagísticos,
diferentemente dos biomas, onde se consideram clima, relevo e fauna (espécies
animais), além da flora, e de suas inter-relações e interações. Há 6 biomas no
Brasil, são eles: Amazônia, Caatinga, Pantanal, Pampas, Mata Atlântica e
Cerrado.

O Brasil tem em seu território os três grandes grupos de vegetação (arbóreas,


arbustivas e herbáceas – além da vegetação complexa, que são os Mangues
litorâneos, o Pantanal e a Mata de Cocais.
Figura 13. Biomas do Brasil. Fonte: IBGE

Vegetações e Biomas Arbóreos

- Floresta Amazônica: abrange 8 países, além do Brasil, pois se distribui nas


regiões intertropicais do globo terrestre e é presente na Bolívia, no Peru, na
Colômbia, na Venezuela, no Equador, na Guiana, no Suriname e na Guiana
Francesa. 60% do bioma está em solo brasileiro e 13% no Peru.

No Brasil ocupa 9 estados, todos os 7 da região Norte (Acre, Amapá, Amazonas,


Rondônia, Roraima, Pará e Tocantins), além da porção setentrional do Mato
Grosso e a faixa oeste do Maranhão.

Amazônia Legal: é uma delimitação jurídica das porções setentrionais do País


que envolve a bacia de drenagem da Amazônia e o bioma amazônico, o Pantanal
e parte do Cerrado com área acima dos 5 milhões de km2 e que ocupa os 9
estados supracitados por onde se distribui a vegetação ombrófila equatorial do
Brasil. Foi instituída com objetivos geopolíticos, cujos critérios são sócio-
políticos, para planejar e promover o desenvolvimento da região. A Floresta
Amazônica ocupa algo em torno de 49% do território nacional, porém a
delimitação da Amazônia Legal se estende por 61% das terras nacionais. Porém,
não engloba todo o estado do Maranhão, apenas a porção a oeste do meridiano
44°.

A Amazônia Legal é dividida em duas regiões, a Amazônia Ocidental e a


Amazônia Oriental. A região do centro continental amazônica é a Amazônia
Ocidental e corresponde aos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima,
trata-se da região mais isolada da Amazônia Legal e apresenta menores
impactos ambientais e degradação no meio ambiente se comparada à
Amazônia Oriental, que inclui os estados do Amapá, Pará, Tocantins e as
porções amazônicas do Maranhão e do Mato Grosso.

As características da vegetação Amazônica são a de possui enorme


biodiversidade de fauna e de flora. Estima-se mais de 40 mil espécies de plantas.
É vegetação fechada (densa), de grande porte – ao menos 20 mil espécies
angiospermas – e com aspecto paisagístico arbóreo. Pode-se subdividi-la em
três: Mata de Terra Firme, Mata de Várzea e Mata de Igapó.

A Mata de Terra Firme ocupa aproximadamente 80% da vegetação. Possui


dossel fechado e muitos estratos vegetais, são os andares de nichos em virtude
da diversa altura das plantas. A essa característica dá-se o nome de ombrófila.
É latifoliada, ocorre evapotranspiração e é hidrófita. Não está sujeita a
alagamentos periódicos, pois é mais distante dos rios.

Pelo fato de ser vegetação ombrófila e possuir dossel fechado e fazer sombra
no solo, é ambiente propício ao desenvolvimento de muitas epífitas, que são
espécies que vivem sobre outras. Há bromélias, lianas – trepadeiras – cipó e
orquídeas. Ademais, o cedro, a castanheira, o jequitibá e o mogno, que são
espécies de grande porte e que podem ter acima de 45m de altura.

A Mata de Várzea ocupa as margens dos rios amazônicos e está sujeira às


enchentes sazonais. São plantas que se adaptam às cheias dos rios. A espécie
mais conhecida das várzeas é a seringueira, em decorrência da importância
econômica que desempenhou tal espécie em nossa economia e produção de
látex e borracha.

A Mata de Igapó ou Caiapó se constitui de espécies aquáticas, pois vivem dentro


d’água.
Figura 14. Vitória-Régia, espécie aquática. Fonte: https://pixabay.com/photos/vit%C3%B3ria-r%C3%A9gia-nature-
lake-botany-2599388/ Acesso: 02/02/2021

O clima da região Amazônica é o Equatorial, o qual dispõe de elevado índice


pluviométrico (acima de 2000mm anuais), elevadas temperaturas e baixa
amplitude térmica anual. Todas essas condições propiciam o desenvolvimento
da evapotranspiração. A topografia da região é suave e dispõe de significativa
rede de drenagem com diversas sub-bacias hidrográficas do rio Amazonas.

A pedologia amazonense dispõe de solo profundo e é composto por areia e


argila, mas pobre em nutrientes em virtude da lixiviação. Os solos são cobertos
por serrapilheira, que são as folhas e matéria organiza que se depositam a todo
instante sobre a superfície. Fungos e bactérias decompõem a serrapilheira que
origina o húmus local.

A fauna regional é muito diversa e há animais endêmicos, a exemplo do boto


cor-de-rosa e de aves como a harpia.

Impactos Ambientais: há importante economia associada à mineração aurífera


nos rios e igarapés, mas os mineradores utilizam mercúrio em seu processo de
prospecção. Tal atividade afeta sobremaneira a qualidade da água e seus
ecossistemas e do solo. O metal mercúrio é muito tóxico e pode trazer danos
consideráveis à saúde humana, desde má formação dos fetos, problemas
cerebrais e neurológicos e mesmo a morte.

Há enorme contrabando de animais e de plantas, bem como de madeiras


extraídas ilegalmente, além de roubo de produtos nativos por ONGs estrangeiras
e biopirataria. Soma-se a isso o desmatamento ilegal.
Ocorre nos limites meridionais e oriental da Amazônia o avanço da agropecuária
(notadamente gado bovino e soja) que constitui o Arco do Desmatamento.

- Mata Atlântica: abrange 17 estados do território nacional e se distribui em


todas as regiões do Brasil, exceto a região Norte. Além disso, se estende para
os países da América do Sul, através da Bacia do Prata, avançando pela porção
leste do Paraguai, além da Argentina, na região de Misiones.

No Brasil ocupa os 3 estados da região Sul, os 4 estados da região Sudeste e


avança para a região Nordeste e ocupa desde a Bahia até o Rio Grande do Norte
em sua faixa litorânea. No Nordeste só não há manchas de Mata Atlântica no
estado do Maranhão. Na região Centro-Oeste ocupa o Mato Grosso do Sul e
parte de Goiás. Ao todo ocupava 15% do território nacional.

Observe o mapa abaixo da distribuição geográfica da Mata Atlântica no Brasil:

Figura 15. Região de abrangência da Mata Atlântica. Fonte: IBGE.

As características da vegetação de Mata Atlântica são a de possui enorme


biodiversidade de fauna e de flora. Estima-se mais de 8 mil espécies de plantas
endêmicas. É vegetação fechada (densa), de grande porte e com aspecto
paisagístico arbóreo. Caracteriza, ainda, a folhagem perenefólia e latifoaliada.
Diferentemente da Floresta Amazônica, a Mata Atlântica é azonal, isto é: se
distribui em diversas regiões latitudinais do País e ocupa duas zonas climáticas,
tanto a Intertropical, quanto a zona Temperada sul.

Figura 16. Mata Atlântica. Região de Paranapiacaba. Foto: Éder Diego

Os climas da região por onde se distribui a Mata Atlântica é diverso e dependerá


da latitude e da altitude em que estivermos. Há tanto o clima Tropical de Altitude
na região Sudeste, com chuvas concentradas no verão e elevado índice
pluviométrico (em torno de 2000mm anuais), até o clima Subtropical na região
Sul do País com seus invernos semi-rigorosos e estações anuais bem-definidas,
bem como o clima Litorâneo e chuvoso nos meses de inverno dos litorais do
Nordeste oriental.

O diverso comportamento climático da Mata Atlântica, bem como as diferentes


altitudes em que tal vegetação se distribui resulta em enorme biodiversidade.
Aliás, a vegetação possui a maior biodiversidade por área do Brasil, pois há
concentração de muitas espécies por km2, ao passo que a Floresta Amazônica
possui a maior biodiversidade em toda sua extensão. Estima-se 7% da
biodiversidade mundial de plantas na Mata Atlântica. Há as epífitas, que são
plantas não parasitas, mas que usam outras espécies como suporte. 74% de
suas bromélias são endêmicas e há mais de 2300 espécies de orquídeas.

Há três estratos vegetais e a vegetação é ombrófila, possui os estratos arbóreo,


arbustivo e herbáceo.

No estrato arbóreo há plantas como o Ipê, o Jacarandá, a Canela, cujas alturas


podem exceder os 30m. No estrato arbustivo há a Palmeira Jussara – de onde
se extrai o palmito – e a samambaiaçu. E diversas gramíneas. O dossel das
arbóreas são espécies de ‘’teto’’ da floresta.

A pedologia da Mata Atlântica é rasa em diversas regiões e pouco fértil em


decorrência da erosão laminar, apesar da grande presença de serrapilheira
sobre os solos.

A fauna regional é muito diversa e há elevado grau de endemismo. Dos


mamíferos há 300 espécies, das quais 50 são endêmicos. Temos os animais
endêmicos suçuarana, muriqui, mico-leão dourado, paca-paca, esquilo
caxinguelê, morcegos e roedores.

Há mais de mil espécies de aves, 200 espécies endêmicos, a exemplo de


araçirama, saíra de 7 coles, tangará dançarino, surucuá e arirambá. De répteis
há o jacaré de papo amarelo, a jararaca e a surucucu bico de jaca.

Impactos Ambientais: o impacto ambiental na Mata Atlântica é enorme. Aliás,


o bioma da Mata Atlântica é compreendido como um hotspot.

Hotspot: são biomas que apresentam mais de 1500 espécies endêmicas, mas
sofreram significativo processo de degradação ambiental com desmatamento
acima de 50% de sua área original e contém muitas espécies ameaçadas de
extinção.

A Mata Atlântica se distribui em boa medida nas zonas costeiras do País e é


densamente habitada em muitos pontos, pois a intensa urbanização e diversas
atividades econômicas ao longo de sua história, desde ciclos que envolvem o
Pau-Brasil, passando pela mineração aurífera, economia açucareira e
cafeicultora, até as atividades industriais, fizeram com que houvesse grandes
impactos em sua paisagem natural.
Saliente-se que as maiores concentrações urbano-industrial do Brasil ocupam
regiões de outrora Mata Atlântica no Sudeste, na região Sul e Nordeste e muito
nas zonas litorâneas.

Observe a foto feita em Mauá, grande São Paulo, onde temos resquícios de Mata
Nativa e ocupação urbana em meio à vegetação:

Figura 17. Mauá, SP. Região de grande concentração urbano-industrial. Foto: Éder Diego

- Floresta de Araucárias: abrange a região Sul do Brasil, bem como a Região


Sudeste. É notável nas paisagens de São Paulo, Minas Gerais, região serrana
do Rio de Janeiro, é planta símbolo do Paraná, ocorre em Santa Catarina e na
porção norte do estado gaúcho, o Rio Grande do Sul. Além disso, avança em
direção à Argentina em sua região de Misiones. Ocupa o planalto meridional do
Brasil.

As características da vegetação de Araucária são a de se tratar de floresta


ombrófila mista. É comum se referirem às araucárias como mata dos pinhais. É
vegetação fechada (densa), de grande porte, mas com menor biodiversidade e
com paisagem homogênea. As plantas possuem troncos retilíneos e folhagem
aciculifoliada. A espécie é chamada de Pinheiro do Paraná.

Na foto abaixo podemos constatar uma planta de Araucária junto à Capela


Colônia Esperança, em Arapongas, Paraná.

Figura 18. Araucária, Paraná. Brasil. Foto: Éder Diego.

O clima da região de Araucária é o Subtropical com suas estações anuais bem-


definidas e chuvas bem-distribuídas ao longo de todo ano. Nos estados do
Sudeste está presente em regiões de altitude mais elevada, cujo clima é o
Tropical de Altitude.

A pedologia dispõe de solos férteis com elevado grau de nutrientes e matéria


orgânica. A fauna regional é composta pela ave gralha-azul e pela gralha picaça.
Há seriema, papagaio charão e pelo mamífero graxaim do mato.

Impactos Ambientais: houve importante economia associada à produção de


madeira para fabricação de lenha, mas o fogão a gás tem substituído o uso da
lenha. A região Sul nacional é importante zona produtora agropecuária, cujas
atividades agropastoris abriram clarões em meio à vegetação e diminuíram em
muito as regiões de Araucária ao ponto de haver só 5% de sua extensão
originária. Outra atividade econômica importante ligada à planta de Araucária é
a indústria moveleira.

Vegetações e Biomas Arbustivos

- Cerrado: abrange 14 estados do território nacional e se distribui em vastas


extensões do Brasil. Dada a semelhança paisagística é comum se referirem ao
Cerrado como Savana brasileira. A região de ocorrência, sobretudo, é o Planalto
Central do Brasil. Além da região Centro-Oeste, o Cerrado se estende para a
região ocidental dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, bem como
parte considerável do Tocantins e a porção oriental do estado do Maranhão. O
Cerrado também é presente nos estados do Piauí e norte do Paraná. Ademais,
há manchas de Cerrado nos estados de Roraima, Amapá e norte do Amazonas.

Além do Brasil, ocorre na porção leste da Bolívia e nordeste do Paraguai. No


Brasil é o segundo maior bioma com aproximadamente 25% do território com 2,5
milhões de km2.

Observe o mapa abaixo da distribuição geográfica do Cerrado no Brasil, note


que o mapa não nos traz as manchas de Cerrado da região Norte:

Figura 19. Mapa do Cerrado no Brasil. Fonte: Ministério do Meio Ambiente.

As características da vegetação do Cerrado são a de possui enorme


biodiversidade de fauna e de flora, tanto quanto as florestas do Brasil. Estima-se
mais de 10 mil espécies de plantas. É vegetação aberta, de porte pequeno à
médio e com aspecto paisagístico arbustivo. As plantas possuem troncos e
galhos tortuosos. É vegetação tropófila, no caso, sujeita a perder a folhagem no
curso dos meses com baixo índice pluviométrico. Há dois estratos vegetais: um
arbustivo e outro herbáceo. Em grandes extensões do Cerrado o solo não é
exporto, mas coberto por gramíneas que se distribuem em tufos. As raízes da
vegetação são muito profundas, pois há muita água armazenada no solo e isso
possibilita que a vegetação sobreviva nos meses de estiagem.

Os climas da região por onde se distribui Cerrado é o Tropical Continental, que


possui duas estações anuais bem-definidas. O índice pluviométrico varia entre
1000mm e 1500mm anuais.

A pedologia do Cerrado é de solos profundos, pobre em nutrientes, poroso e,


consequentemente, sujeito à intenso processo de lixiviação. Possui PH ácido.
Ademais, o solo é pobre em zinco e rico em alumínio, que resulta nos troncos
tortuosos de suas espécies vegetais.

As gramíneas, no curso dos meses pouco chuvosos, estão sujeitas a pegar fogo.
Naturalmente a vegetação sofre com os incêndios florestais, pois com as
tempestades e a ocorrência de raios e gramíneas secas pode ocorrer fogo que
faz parte do ciclo de renovação da vegetação e quando voltam os meses
chuvosos a vegetação se recompõe, por isso é conhecida como ‘’vegetação de
fênix’’. A propósito, os arbustos possuem raízes profundas, tais raízes são
maiores que o tronco vegetacional de modo que não seria exagero afirmarmos
que os cerrados são ‘’florestas de ponta cabeça’’.

Outrossim, o Cerrado apresenta enorme diversidade de paisagens. Trata-se,


portanto, do resultado do conjunto de biomas que o compõem:

Figura 20. Fonte: USP

- Formações Campestres: dividida em Campo Limpo e Campo Sujo. No Campo


Limpo predomina o estrato herbáceo e suas respectivas gramíneas. No Campo
Sujo há gramíneas e arbustos baixos.
- Formações Savânicas: divide-se em Cerrado e Veredas. No Cerrado temos
a formação típica dos cerrados com gramíneas, arbustos e seus troncos
tortuosos. Nas Veredas temos áreas alagadas e solos hidromórficos.
Caracteriza a região a espécie buriti, que é uma palmeira.
- Formações Florestais: divide-se em Cerradão e Matas de Galeria e Mata
Ciliar. No Cerradão há solo úmido e plantas que excedem os 15m de altura e
aspecto de floresta. As Matas de Galeria e Mata Ciliar são vegetações às
margens de rios e corpos hídricos.

Figura 21. Perfil Esquemático de Matas Galeria e Ciliares sobre rios no Cerrado do Brasil. Fonte: EMBRAPA.

As matas de galeria ocupam as margens de pequenos riachos e seus dosséis


fecham o corpo d’água formando uma galeria vegetacional, já as matas ciliares
estão às margens de rios maiores e não formam galerias sobre os rios.

Impactos Ambientais: o impacto ambiental no Cerrado é enorme. Aliás, o bioma


do Cerrado é também compreendido como um hotspot, assim como a Mata
Atlântica. O Cerrado tem sofrido fortes impactos ambientais nas últimas décadas
com o avanço da ocupação nacional para a região do Centro-Oeste.

Os principais impactos ambientais na região dos cerrados brasileiros estão


associados à agropecuária, pois o avanço da produção de soja, bem como do
gado bovino em direção aos estados do Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do
Sul e Tocantins são os principais impactos na biodiversidade local.

Na produção agrícola, além da sojicultura, há os chamados desertos verdes de


milho, arroz e café. O deserto verde se refere às práticas de monocultura
agrícola.
- Caatinga: o termo Caatinga tem origem indígena e significa ‘’mata branca’’. É
um bioma exclusivamente brasileiro e abrange as regiões Nordeste e Sudeste
do Brasil. Abrange os 9 estados nordestinos e a porção norte de Minas Gerais.
Ocupa aproximadamente 11% do território brasileiro com estimados 850 mil km2.
Figura 22. Região de Abrangência da Caatinga. Fonte: IBGE.

As características da vegetação da Caatinga são a de possui alta


biodiversidade de fauna e média biodiversidade de flora. É vegetação aberta, de
porte pequeno e com aspecto paisagístico arbustivo. É vegetação xerófita, no
caso, adaptada a pouca umidade e baixo índice de chuvas. Nos meses de
estiagem a vegetação assume aspecto embranquecido, justamente para reduzir
seus processos metabólicos e perder menos água para o meio ambiente, daí o
nome de mata branca.

O clima da região por onde se distribui a Caatinga é o Semiárido, que possui


baixo índice pluviométrico que varia entre 200mm e 800mm anuais, chuvas
irregulares e mal distribuídas. Os fenômenos do El-Niño fazem com que as
chuvas no semiárido sejam mais escassas.

A pedologia da Caatinga é variável, a depender da região, bem como sua


fertilidade. Há regiões de solos pedregosos onde é comum a presença das
cactáceas e há regiões de solos arenosos com a ocorrência de serrapilheira em
vegetações mais fechadas e complexas.

A folhagem da Caatinga é pequena, quando latifoliada. Há muitas espécies


espinhosas. Os cactos armazenam grande volume de água em seus tecidos
vegetais e apresentam caules verdes por onde fazem fotossíntese. É comum a
presença de plantas caducifólias que perdem suas folhas nos longos períodos
de estiagem.

Algumas espécies regionais são o Mandacaru, a Palma, o Xique-Xique, a Coroa-


de-Frade, a Gameleira.

Figura 23. Paisagem da Caatinga com o solo exposto. Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/nordeste-paisagem-


nordestina-sert%C3%A3o-2839885/ Acesso: 12/02/2021

Outrossim, a região da Caatinga do Brasil apresenta população acima dos 20


milhões de habitantes. Trata-se do semiárido mais povoado do planeta Terra. E
duas de suas espécies mais exuberantes são os arbustos do Juazeiro e do
Umbuzeiro. O umbuzeiro armazena grande quantidade de água e funciona como
um ‘’oásis’’ para a localidade.
Figura 24. Umbuzeiro e Casario na Caatinga. Anagé, Bahia. Foto: Éder Diego

Impactos Ambientais: o impacto ambiental na Caatinga é mais modesto se


comparado aos demais biomas do Brasil, porém se estima que mais de 42% de
sua área original tenha sido desmatada e alterada.

O desmatamento na região da Caatinga brasileira está associado às questões


econômicas locais e aos seus indicadores sociais de pobreza e falta de
infraestrutura. Há uso da vegetação para produção de lenha, uso da madeira
para construção de casas e estruturas dos vilarejos, além da monocultura de
algodão.

Vegetação e Bioma Herbáceo

- Pampas: abrange apenas 1 estado brasileiro, o Rio Grande do Sul. É nossa


única vegetação herbácea. Também é chamada de campos do sul ou de campos
sulinos. Pampa significa terra plana em decorrência de sua característica
topográfica. No cone sul de nosso continente se estende para o Uruguai e a
Argentina.

Em outras regiões do globo terrestre a vegetação de gramíneas e semelhante


aos pampas brasileiros são chamadas de pradarias, as quais ocupa acima de
20% da vegetação mundial. No Brasil ocupa aproximadamente 2% de nosso
território.

Observe o mapa abaixo da distribuição geográfica dos Pampas no Brasil:


Figura 25. Pampas. Fonte: IBGE

As características da vegetação dos Pampas são a de possui alta


biodiversidade de flora, onde em 1km2 há até 50 tipos de espécies. É herbácea
e consequentemente há predomínio de ervas, mas há pontilhados de arbustos e
até árvores próximas a cursos d’água.

A vegetação campestre possui mais de 450 espécies de gramíneas, a exemplo


do Capim Forquilha, da Grama Tapete, de Flexilhas, de Barbas de Bode, de
Cabelos de Porco. No total há mais de 3 mil espécies vegetais.

O clima da região, tanto quanto o da Araucária, é o Subtropical. Tal clima é úmido


e chuvoso ao longo de todo ano com precipitações bem-distribuídas e elevada
amplitude térmica.

A pedologia dos Pampas é de solo arenoso e raso, porém com cores escuras e
muita matéria orgânica.

Impactos Ambientais: o impacto ambiental nos Pampas diz respeito,


sobretudo, às atividades agropecuárias. Houve intensa produção de gado bovino
na região em virtude de suas condições geográficas favoráveis a tais atividades,
tanto de topografia plana e suave, quanto da biodiversidade de gramíneas.

A produção da pecuária bovina extensiva consome considerável volume de água


e os animais ruminantes emitem consideráveis quantidades de gás CH4
(metano) que é responsável, segundo seus teóricos, pelo agravamento do
aquecimento global.

Ademais, a sojicultura foi muito forte na região Sul do País com propósito de
produzir ração animal e impactou consideravelmente as vegetações originárias.
Além disso, há forte produção monocultora de arroz, trigo e em algumas regiões
eucalipto.

Vegetações e Biomas Complexos

Os biomas complexos são caracterizados como regiões de encontro de dois ou


mais biomas. São compreendidos como Zona de Transição ou Ecótonos. Os
ecótonos são comunidades biológicas mistas.

- Pantanal: abrange apenas 2 estados brasileiros, o Mato Grosso do Sul e o


Mato Grosso. No Brasil ocupa aproximadamente 2% de nosso território. É região
fronteiriça entre Brasil, Paraguai e Bolívia.

As características da vegetação do Pantanal são a de possui alta


biodiversidade, planícies alagadiças e topografia modesta. A diferença para o
pântano é que tais regiões são permanentemente alagadas, diferente do
Pantanal que só alaga nos meses de chuva do clima tropical.

O Pantanal apresenta-se muito complexo é um mosaico de biodiversidade,


apesar do baixo endemismo. Há espécies de diversos biomas, tanto da
Amazônia e Chaco – cuja vegetação se assemelha à de nossa Caatinga –
quanto do Cerrado. Aliás, a vegetação predominante no Pantanal é de Cerrado.
A complexidade do Pantanal se dá através de enorme biodiversidade de
espécies aquáticas, a presença de Matas Ciliares e Matas de Galeria e regiões
florestais que não estão sujeitas ao alagamento.

O clima da região é o Tropical Continental Semi-Úmido.

A pedologia do Pantanal é complexa, há solos arenosos que facilitam as


inundações, solos argilosos e muito férteis. As cheias do Pantanal favorecem a
deposição sedimentar de nutrientes sobre os solos argilosos.

Impactos Ambientais: o Pantanal possui 80% de sua extensão preservada,


entretanto só 5% de sua área é Unidade de Conservação. Há pressão crescente
sobre o Pantanal de atividades econômicas do gado bovino, turismo e
ecoturismo.

- Mata de Cocais: ocorre nas regiões Norte e Nordeste do Brasil em zona de


transição entre as vegetações da Floresta Amazônica, do Cerrado e da Caatinga.
Distribui-se nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Pará e Tocantins. Sua
paisagem típica é das palmeiras e há algumas espécies endêmicas importantes.

Babaçu – árvore símbolo e está presente nos estados do Maranhão e Piauí e


ocorre nas regiões mais úmidas.
Carnaúba – a árvore da vida é símbolo do Ceará. Distribui-se também no Piauí
e é de regiões mais áridas. Outras espécies importantes são: oitiçica, o buriti e
o açaí.

A economia local é fortemente associada ao extrativismo vegetal e envolve


produção para indústria de cosméticos, farmacêutica, alimentícia e de celulose.
Há produção de ceras, óleos, glicerina, álcoois e fibras. Ademais, da carnaúba
se utiliza toda a espécies para fins econômicos.

A carnaúba é conhecida como árvore da vida e não é por acaso, pois o fruto
negro é comestível, tanto cru, quanto cozido e é fonte importante de alimento às
populações locais que se estendem, junto aos carnaubais, e somem de vista nas
paisagens do Ceará e do Piauí. Da planta se aproveita tudo porque nela repousa
a providência aos homens da Terra, pois da raiz à copa da espécie tudo tem fim
e uso conforme se crê em suas regiões. Da raiz se extrai medicamentos
diuréticos, do caule a madeira lenhosa, da folhagem se produz ceras e artefatos
para telhas de casas, cordas e até calçados. Outrossim, o fruto alimenta o gado
e de sua poupa se produz doces e do caroço se extrai óleos. Por fim, com a cera
da folhagem se confecciona diversos produtos como cápsulas de remédio,
componentes eletrônicos e ceras polidoras e de revestimento.

- Manguezais: ocorre nas regiões costeiras e é bioma de transição (ecótono)


entre biomas costeiros e marítimos. Ocorre em zonas de encontro de água doce
e salobra. Manguezal se refere ao bioma e ao conjunto de características
biológicas de fauna e flora, já o termo mangue se refere às vegetações apenas.

No Brasil o mangue se distribuí desde Santa Catarina até o estado do Amapá.

As vegetações são halófitas, adaptadas ao solo com grande concentração de sal


e baixa disponibilidade de oxigênio. Tais raízes são do tipo pneumatófaros –
raízes aéreas ou pneumáticas – para fora dos solos a fim de que a vegetação
faça trocas gasosas.

Os solos dos mangues são salobros, lodosos e pobres em oxigênio. Apresentam


alta concentração de matéria orgânica e alta taxa de decomposição dessa
matéria orgânica, por isso os manguezais apresentam odor característico que é
em decorrência da liberação e gases no processo de decomposição. Os solos
são ricos em nutrientes e habitats de diversas espécies.

Observe a foto abaixo com a vegetação de mangue com suas raízes aéreas.
Figura 26. Mangue. Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/manguezais-%C3%A1rvores-rochas-rio-5205415/ Acesso:
16/02/2021

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