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Figura 4. Distribuição da água doce superficial no mundo. Fonte: Ana Lúcia Souto. Disponível em:
https://pt.khanacademy.org/science/5-ano/matria-e-energia-a-gua-na-terra/a-agua-na-terra/a/distribuicao-da-
agua-na-terra Acesso: 23/02/2021
E mais, quando se compara tais percentuais de água doce com a população que
vive nesses continentes, evidencia-se outro problema que é a dissonância
espacial entre água e demografia. No caso, a distribuição populacional no globo
não coincide com as regiões onde há água doce. Ou seja, por mais que toda
água doce do mundo seja suficiente para a humanidade a água é mal distribuída
e as grandes concentrações demográficas não estão necessariamente onde há
os maiores volumes percentuais da água doce.
Figura 5. Disponibilidade de água doce em metros cúbicos. Fonte: FAO. Disponível em:
https://ecodebate.com.br/pdf/rcman32.pdf Acesso: 23/02/2021
Geopolíticas da Água
Na porção nordeste africana temos um dos maiores rios da Terra, o rio Nilo. As
nascentes do Nilo estão na zona tropical e deságuam no mar Mediterrâneo ao
norte do Egito. A confluência dos rios Nilo Branco e Nilo Azul em Cartum, no
Sudão, dão origem ao Nilo que atravessará todo território das pirâmides
egípcias. O Nilo Branco é oriundo de Uganda e tem nascente no Lago Vitória,
em Uganda, em plena região equatorial de clima muito úmido, o rio Nilo Azul se
origina nos planaltos da Etiópia e atravessa o país até chegar ao Sudão.
O rio Nilo tem drenagem exorréica em sentido sul – norte. No Egito, a partir de
Assuã, o Nilo abre enorme e considerável leque que forma uma planície
habitável há milhares de anos em foz no formato delta entre as cidades de
Alexandria e o Cairo.
Figura 9. Planalto Tibetano e principais rios locais. Mapa: Diana Hubert-Benedetti/Epoch Times
O rio gera tensão entre China e Índia e Índia e Bangladesh. Como o rio, antes
de entrar na Índia, atravessa o planalto tibetano, a China detém o controle da
nascente e alto curso do rio, logo constrói barragens em trecho chinês do rio. A
Índia protesta e acusa a China de ter pretensões de desviar águas do rio para o
norte chinês e suas regiões árida, a exemplo do deserto de Gobi. Ironicamente,
todavia, o Bangladesh também questiona o uso pelas águas do rio Brahmaputra
em solo indiano, pois a Índia também construiu barragens no trecho indiano do
corpo hídrico. Veja o mapa do delta do Ganges no Bangladesh:
Figura 11. Delta do rio Ganges.
Diante desse cenário, o que temos é significativa poluição das águas do rio
sagrado. A presença de lixo e fezes é grande nas regiões de rituais no rio.
Outrossim, há problemas de saneamento básico e tratamento de esgoto no país,
cujo destino são as águas puras do rio que nasce cristalino no Himaláia.
Rios Exorréicos: rios cuja drenagem de suas águas é o litoral, escoam para fora
do território.
Rios Endorréicos: rios cuja drenagem de suas águas é o interior, escoam para
dentro do território.
Rio Arréicos: rios cuja drenagem de suas águas escoam somente dentro de
determinado território e não chegam ao litoral, pois têm foz que deságua em
lagos.
O Brasil possui 13% da água doce do planeta Terra e é, portanto, um dos países
que mais dispõe desse recurso dentro de suas fronteiras. Entretanto, os grandes
volumes d’água no Brasil não significam que não haja falta d’água em algumas
regiões do território nacional, nem que estamos livres de tensões geopolíticas
com nossos países vizinhos, nem mesmo que o acesso às regiões hídricas no
Brasil estejam livres de disputas internas.
A região que apresenta o maior volume de água doce do Brasil é a região Norte,
pois segundo a Agência Nacional da Água há 68% de toda água doce do Brasil
nessa região e apenas 3% da água doce está na região Nordeste. A região mais
populosa do Brasil, o Sudeste, só possui 6% da água do país, já as regiões Sul
e Centro-Oeste possuem 7% e 16% de toda água do Brasil, respectivamente.
Tais dados são notáveis e denotam o grande hiato que há entre demanda e
recursos, pois as regiões mais populosas do País possuem os menores volumes
percentuais de água doce no Brasil.
A região Sudeste tem 2/5 da população nacional, mas dispõe de meros 6% das
águas brasileiras. Entretanto, a região Norte com seus 68% de toda água do
Brasil tem pouco mais que 8,5% da população nacional. O Nordeste com apenas
3% da água doce do Brasil é a segunda região mais populosa e conta com quase
28% da população nacional. Sul com 7% de água, tem a terceira maior
percentagem demográfica nacional – algo em torno de 14% – e a região Centro-
Oeste, curiosamente, possui a mesma quantidade de água que as regiões do
Sudeste, do Nordeste e do Sul juntas, pois dispõe de 16% da água nacional e
apenas 7% de sua população. Observe o mapa abaixo da Agência Nacional de
Águas com a distribuição populacional do Brasil e distribuição da água:
Figura 18. Distribuição da água e população no Brasil. Fonte: ANA
Eixo Leste: um dos eixos é no sentido leste para o estado da Paraíba. Este eixo
capta águas de Pernambuco, no município de Floresta e tem drenagem até o
município de Monteiro, no Sertão da Paraíba, quando deságua no rio Paraíba.
Eixo Norte: o outro eixo é no sentido norte que cruza toda região de Sertão do
Pernambuco até desaguar em açudes e rios intermitentes nos estados do Ceará,
Paraíba e Rio Grande do Norte. Parte do município de Cabrobó e deságua no
açude de Castanhão, e nos rios Jaguaribe e Salgado, no Ceará, e no rio
Piranhas-Açu e rio Apodi, no Rio Grande do Norte.
A bacia dos rios Tietê e Paraná fazem parte da macro-bacia Platina, também
conhecida como bacia do rio da Prata. A chamada macro-bacia do Prata
envolve as sub-bacias dos rios Paraguai, Uruguai e dos rios Tietê e Paraná.
A bacia dos rios Tietê e Paraná envolvem as regiões Sul e Sudeste do Brasil,
bem como os países vizinhos do Paraguai e Argentina. A bacia do Tietê-Paraná
ocupa em torno de 10% do território nacional e se estende por abrangendo sete
estados. A bacia do Tietê-Paraná é a segunda maior bacia hidrográfica do
Brasil, atrás apenas da bacia Amazônica.
O rio Tietê corta o estado de São Paulo e é um tributário do rio Paraná. A bacia
do Tietê-Paraná ocupa importantes os estados do Sudeste, São Paulo e Minas
Gerais, e os estados sulistas do Paraná e de Santa Catarina. Além dos estados
do Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal.
A disputa pela água no Brasil é mais evidente na região Nordeste do País por
causa de suas condições geográficas naturais. Suas tensões se traduzem na
Indústria da Seca e nas disputas geohídricas que envolveram o projeto de
transposição das águas do rio São Francisco. O projeto transposição das
águas do Velho Chico se arrastaram, no curso de nossa história, desde o
governo de D. Pedro II. O tema voltou à cena nacional na década de 1980 e
passou a ser executado na década de 2000, foi viabilizado a partir de 2005 sob
o governo do ex-presidente Lula.