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JOHN BAINES e JAROMÍR MÁLEK
O MUNDO EGÍPCIO
Deuses, Templos e Faraós
VOLUME T
edições
delidrado
Título do original inglês:
Atlas of Ancient Egypt
a a EQUINOX BOOK
8 Quadro cronológico
10 Introdução
Figura de dançarina
em terracota pintada
Período Nagada |
ai
EGEU Neolíti
EE so Idade do Bronze Idade do Bronz
Antigo Média »
A 8
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(NO 15) POLO
MI tc
Império Médio 2040-1640 Império Novo 1550-1070 22.º dinastia 945-712 27.º dinastia (persa) Imperadores
11, dinastia (todo Egipto) 18.º dinastia 1550-1307 23.º dinastia c. 828-712 “*5954()4 RE pe een
2040-1991 Período de Amarna 1352-1333 24.º dinastia 724-712 38.4 dinastia *4014-*399 *30) do Co SEA
12.º dinastia *1991-1783 19.º dinastia 1307-1196 25.º dinastia (Núbia “ga dinastia *399-*38() Í Período j
13.º dinastia 1783-depois de 20.º dinastia 1196-1070 e região de Tebas) “0 ia “3814343 bizantino
1640 o 3.º Período intermédio 770-712 Bperiodo persa O *395-*640
2.º período intermédio 1070-712 Período tardio 712-332 K343 RI
1640-1532 21.º dinastia 1070-945 25.º dinastia (Núbia e todo: greco- romano
Período
15.º dinastia (Hicsos) todo o Egipto) 712-657 *332-*395 d. C.
1640-1532 26.º dinastia? 664- Dinastia macedónia
17.º dimastia (Tebas) “525 *332-*304
1640-1550
Dinastia ptolomaica *304- *30) a. €.
Cabeça de Maya, relevo Pormenor da fachada do Grande
do túmulo tebano de Ramsés
(n.º 55) c. 1360
Templo de Abu Simbel c. 1270
A «Cabeça verde
de Berlim», de uma
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Fachada do templo
de Hátor em Dendera.
Construção consagrada
a 17 de Novembro de
34 d. €. (a decoração
é posterior)
Ea
qresa
Mascara funerária
de ouro com incrusta-
ções de Tutankhamon Figura de bronze com
c. 1325 mecrustações da divma =
esposa Karomana,
E: 350)
Contacto do Incursões | Idade do Bronze Tardio: Monarquia Israelita Domínio persa Império
Egipto com hititas cidades-estado unificada Revolta dos Sátrapas Romano
Biblos Ocupação egípcia Reinos de Israel Alexandre Império
c. 1530-1200 e Judá Magno Bizantino
Mitanni 1520-1330 Expansão Império Seléucida
Domínio hitita assíria Prolomeus
Estados neo-hititas Cativeiro na Babilónia
(Josuéc Juízes) Judeus no Egipto
,
Os monumentos — pirâmides, templos, estrangeiro, entre cerca de 2920 a. C. e 332 a, ES)
túmulos, estátuas e estelas— representam a mais constitui o cenário temporal. Mas é essencial
valiosa fonte para o conhecimento do antigo algum conhecimento do período pré-dinástico |
Egipto. Um estudo dos monumentos egípcios, para se compreender as primeiras fases da história
quer dos que ainda estão em vários locais do dinástica do Egipto, tendo a cultura do período
Egipto, quer dos que se encontram em museus e greco-romano continuado, durante séculos, a ser
colecções, é um ponto de encontro ideal para em grande parte egípcia. Estas duas fases, tratadas,
especialistas e não especialistas. Não é necessário por vezes, em separado, são aqui referidas
qualquer conhecimento especial para se ficar e discutidas na altura apropriada.
impressionado com a grandiosidade e proeza
técnica da Grande Pirâmide de Gizé, para se ficar Ao escrever este livro considerámos como nosso
encantado com as pinturas dos túmulos «leitor típico» todo aquele que se interessa pelo
particulares do período dos Raméssidas, em Deir antigo Egipto e esperamos ter conseguido eliminar
el-Medina, ou para se ficar estupefacto perante a a gíria técnica da egiptologia. Este volume está
opulência e o bom gosto um tanto excêntrico dos organizado de forma que não seja necessário lê-lo
objectos encontrados no túmulo de todo, pois cada secção é compreensível por si
Tutankhamon no vale dos Reis, e que estão agora mesma. Tem um forte enquadramento geográfico
no Museu do Cairo. Em qualquer caso, o e os locais são tratados de sul para norte.
conhecimento pode contribuir para aumentar a Os antigos egípcios utilizavam eles próprios este
nossa compreensão e prazer. método e começavam as suas listas sistemáticas
a partir de Elefantina (Assuão). Muitos livros
O objectivo deste livro define-se, portanto, modernos estão organizados de norte para sul,
facilmente: fazer um levantamento sistemático da sendo esta a perspectiva do viajante do século
localização dos monumentos mais importantes do passado que chegava de barco a Alexandria,
antigo Egipto, uma avaliação da sua importância seguia daí para o Cairo e, se fosse aventureiro e
histórica e cultural e uma breve descrição das suas estivesse preparado para aceitar algum
principais características, com base nos desconforto, continuava para sul. Optámos por
conhecimentos mais actualizados da egiptologia. seguir os Egípcios, de modo a vermos o país,
Outros capítulos e artigos especiais tratam de tanto quanto possível, do seu próprio ponto de
aspectos gerais da civilização egípcia, permitindo vista. O leitor pode, obviamente, escolher o
ao leitor orientar-se no meio do grande volume, ponto onde deseja começar a sua viagem. Um
a princípio desconcertante, de nomes de sítios, de dos nossos objectivos é o de ajudar aqueles que
faraós e de deuses, ajudando-o, ao mesmo tempo, tencionam visitar o Egipto, sugerindo-lhes locais
a compreender as questões mais vastas do de interesse e dando-lhes indicações antecipadas. .
desenvolvimento desta sociedade e fornecendo Os que já viram aquele fascinante país talvez
um pano de fundo para a trajectória irregular desejem refrescar a memória e, quem sabe,
das cidades e dos seus templos. aprofundar a compreensão que têm dele,
enquanto os que gostam simplesmente de
Geograficamente, os limites deste livro são esta- ler alguma coisa sobre civilizações antigas
belecidos pelas fronteiras do Egipto, ao longo do podem apreciar uma nova abordagem de uma
Nilo, desde a primeira catarata até ao mar. À prin- das maiores. Esperamos que este livro possa
cipal excepção é a tradicional expansão ser útil a estudantes de disciplinas afins na
do Egipto até à Baixa Núbia. Os mapas mostram procura de informação fidedigna sobre
topograficamente grande parte do conteúdo deste o antigo Egipto.
livro e complementam em muitos pontos a infor-
mação contida no texto. Os das primeira e terceira À primeira parte é, em grande medida, da autoria
partes estão organizados por temas e períodos. Na de John Baines e a segunda parte de Jaromír Málek.
segunda parte os mapas referentes a cada secção A terceira parte é da autoria de ambos. Queremos
mostram uma visão pormenorizada e em grande agradecer particularmente a Helen Whitehouse a
escala das sucessivas fases da nossa viagem, in- sua contribuição para o capítulo «O Egipto na
cluindo tanto aspectos antigos como modernos. Arte Ocidental», aspecto em que é grande perita.
Gostaríamos também de agradecer a Revel Coles,
O período coberto pelas dinastias de reis John Rea e John Tait pela ajuda que nos deram nos
autóctones (com as breves excepções do domínio campos em que são especialistas.
10
PRIMEIRA PARTE
AMBIENTE
CULTURAL
A GEOGRAFIA DO
ANTIGO EGIPIO
O antigo Egipto foi excepcional pelo seu ambiente e vial no deserto. Assim, o país estava mais isolado dos
único pela sua continuidade. Esse ambiente é o caso seus vizinhos do que os outros estados da Antiguidade é
extremo de entre vários oásis culturais e físicos que a sua excepcional estabilidade foi, em larga medida, de-
foram grandes Estados da Antiguidade. E-nos quase vida ao seu isolamento, de que é notável indício a total
impossível perceber este tipo de situação, com o seu ausência de referências ao Egipto nos textos da Mesopo-
misto de elementos geográficos e humanos, tal como tâmia e da Síria do 3.º milénio antes de Cristo. Talvez
nos é difícil compreender o período de tempo abran- até ao século xi a. C., o Egipto atraiu colonos, mas
gido, equivalente a uma vez e meia a era cristã. À si- não uma invasão concertada, e os imigrantes cram sem-
tuação de quem desenhou a primeira pirâmide, de pre rapidamente absorvidos pela população. Mas em-
quem criou o mais antigo edifício de pedra daquelas bora grande parte da história egípcia seja uma história
dimensões no mundo e viveu no único grande Estado interna, tal não é inteiramente verdade no que se refere
unificado da época não pode ser recriada. Qualquer às mais vastas, e mal conhecidas, alterações da Pré-
tentativa de compreensão do antigo Egipto deve in- -História. Embora o oásis do Egipto estivesse já com-
cluir uma percepção destas e de outras diferenças enor- pletamente formado em finais do 3.º milénio, é neces-
mes entre a Antiguidade e a nossa época. Os homens sário relacionar esta fase da evolução climatérica com as
são, no entanto, iguais em toda a parte, e muitos dos alterações mais profundas verificadas em períodos an-
nossos conhecimentos pormenorizados de outras ci- teriores.
vilizações incluem objectos tão vulgares como os que Nos milénios que se seguiram ao fim da última era
nós próprios utilizamos no dia-a-dia. Ao abordarmos glaciar (cerca de 10 000 anos antes de Cristo), o vale do
uma civilização desconhecida é necessário conhecer- Nilo era uma das zonas que atraíam populações do Sara
mos tanto o vulgar como o exótico, pois ambos são e de grande parte do Norte de África. Durante o Pleisto-
afectados pelas restrições do ambiente. Um explora-o ceno o vale foi, grande parte do tempo, um pântano
de forma rotineira, o outro de modo mais criativo, intransponível e os níveis do rio eram muito mais eleva-
mas nenhum é independente dele. dos do que agora. À medida que, em finais desta fase, o
O Egipto faz parte, no seu contexto geográfico, de Sara se ia desertificando tornava-se cada vez mais inós-
uma zona mais vasta no Noroeste de África e, dentro pito para os grupos de nómadas que se tinham inicial-
desta região, a sua proximidade em relação ao coração mente espalhado por grande parte desta região. Já em
do desenvolvimento agrícola na Ásia ocidental foi, a 15 000 a. C. há uma concentração de povoações do
princípio, muito significativa. O Egipto dinástico Paleolítico no planalto desértico no limiar do vale, e um
manteve-se bastante fechado durante a maior parte dos pormenor destas culturas pode indicar que sentiam já os
períodos, o que se deveu apenas ao facto de a sua eco- efeitos da penúria e de uma pressão demográfica. Algu-
nomia ser basicamente agrícola. Para a obtenção de mas das lâminas de sílex encontradas em certas escava-
muitas matérias-primas e dos requisitos necessários a çoes, tanto no Egipto como na Núbia, mostram sinais
uma grande civilização era necessário o comércio ex- de terem sido utilizadas para cortar erva, possivelmente
terno ou a travessia do deserto, sendo, assim, impres- plantas que forneciam grãos de cereais. É este, talvez, o
cindível ter-se a perspectiva de uma região mais vasta primeiro indício de consumo de cereais conhecido no
para se compreender a cultura egípcia. O mesmo se mundo, apenas comparável ao do Terraço de Hayonim,
pode dizer quanto à população do país, provavelmente na Palestina, o que não constitui prova de uma vida se-
originária de todas as zonas circundantes, e sempre ra- dentária e agrícola, mas antes de uma utilização inten-
cialmente heterogénea. siva dos recursos por parte de uma população ainda nó-
mada.
As fronteiras do antigo Egipto Este exemplo isolado de «progresso» no Egipto pare-
Não é fácil definir as fronteiras do Egipto na Antigui- ce não ter tido quaisquer consequências a longo prazo.
dade, tema muito da preferência dos textos antigos e que Nos anos que vão de cerca de 10 000 a 5000 a. C., veri-
reflecte a obsessão do Egipto com as demarcações em ficou-se uma continuação dos modos de vida do Epi-
geral. As principais regiões do país, o vale do Nilo, o paleolítico e do Paleolítico tardio e não há uma evidente
delta c o Fayum, eram complementadas por partes das continuidade entre os vestígios deste período e os das
zonas circundantes, sobre as quais os Egípcios exerciam culturas posteriores. Estas são normalmente designadas
certos direitos, por exemplo o de exploração mineira. pelos Egípcios por «pré-dinásticas» e são neolíticas e se-
A fronteira meridional, situada tradicionalmente na pri- dentárias, tendo alguns estímulos ao seu desenvolvi-
meira catarata do Nilo, a sul de Assuão, foi alargada mento vindo da Ásia ocidental e datam, talvez, de 4500
mais para sul em certos períodos. No Império Novo há, a. €, até ao início do período dinástico. O ambiente do
por vezes, textos que designam também por Egipto par- Egipto do período pré-dinástico ofereceu oportunidades
tes da Núbia que estavam nessa altura incorporadas no de exploração não muito diferentes das encontradas no
Estado. Para além destas expansões do território egíp- início do século xix d. C. Esta analogia é importante
cio, a linha de oásis que vai de Siwa, a norte, à el- porque grande parte do povoamento teve sempre lugar
-Kharga, a sul, quase paralelamente ao Nilo e cerca de dentro do vale do Nilo e do delta, e não nas franjas do
200 km a oeste, foi ocupada e governada por egípcios
deserto (todas as áreas não atingidas pela cheia são desér-
durante a maior parte do período dinástico, atingindo o pe
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Nilo Branco
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A GEOGRAFIA DO ANTIGO EGIPTO
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de populações na zona inundada e cultivada é quase
nulo. Grande parte da arqueologia egípcia é, portanto,
muito hipotética.
O vale do Nilo foi, no período pré-dinástico e em
períodos posteriores, um centro de desenvolvimento da
agricultura e, mais tarde, da sociedade urbana no Norte
de África (encontra-se agricultura em data anterior mais
para ocidente, ao longo da costa mediterrânica). Toda
esta região, desde a confluência do Nilo Azul e do Nilo
Branco até ao delta, deve ter tido primitivamente uma
cultura semelhante, mas no Egipto propriamente dito as
diferenças tornaram-se marcadas a partir do início da 1.º
dinastia. À concentração de população de várias origens FAIYUM | 7 seroomórous
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trouxe inovações de diferentes origens, tendo o princi- ; CROCODICOPÓLS
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pal estímulo vindo, talvez, do Próximo Oriente. Uma M
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alguma importância. Durante a última parte do 4.º milé- ! r a ANTINÓPOLIS
O vale do Nilo
A queda de chuva no vale do Nilo é quase nula, não
ultrapassando os 100-200 mm por ano no delta. Sem o
Nilo, a agricultura no Egipto seria inviável, excepto,
talvez, na costa mediterrânica. O Nilo é uma fonte de
água mais regular e previsível do que qualquer outro
dos grandes rios do mundo, cujos vales são utilizados
para irrigação. Na Antiguidade, a sua cheia anual, en-
tre Junho e Outubro, cobria a maior parte do terreno
do vale e do delta e permitia, mediante uma gestão
cuidadosa da água depositada, a obtenção de uma co- nes fronteira de nomo
lheita, Já não é possível observar-se o padrão dessa 21 número de nomo
cheia devido à construção, desde 1830, de uma série de Korti nome modemo
barragens e canais. Estes regularizam os níveis da SAS nome clássico
água, desde Sennar, no Nilo Azul, até ao vértice do RM nome antigo
Pithom mome bíblico
delta, a norte do Cairo, e a eles se junta o canal de escala 1:3 300 000 r
Jonglei, no Nilo Azul, no Sul do Sudão, entre Bahr Ú “100km
el-Jebel e o rio Sobat. Em vez de observarmos as con- b “Omi — em
A GEOGRAPIA DO ANTIGO EGIPTO
fon coli terras altas da Etiópia, e do Nilo Branco, que, no Sul um ritmo de vários centímetros por século. Depois de
do Sudão, se divide numa curiosa série de rios mais o nível da água descer, as principais sementeiras eram
85 18 Oh 2Qus pequenos e alcança o lago Vitória, na Africa central. feitas em Outubro c Novembro, podendo ser colhidas
O Nilo Branco é alimentado pelas chuvas da região entre Janeiro e Abril, conforme a espécie. Na Antigui-
6 Se
14 093 22 tropical c tem um caudal relativamente constante ao dade, a agricultura era possível na maior parte do vale
longo do ano, graças ao Sudd, que absorve a maior do Nilo e em grande parte do delta, sendo as principais
fas E parte da água na estação chuvosa. O Nilo Azul c o excepções algumas zonas pantanosas.
Atbara, que se junta ao Nilo um pouco a norte de Car- O vale e o delta formam, em conjunto, uma área de
8 5) 16 é tum, trazem grandes quantidades de água, proveniente cerca de 34 000 km” (números de 1949-1950). Durante
Corte transversal generalizado do
Baixo Egipto: DESTE
nha
f he vale do Nilo (segundo Butzer).
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Ot e qi diques Nilo no Po | principalafastousse para leste,
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estigios de braços subsidiários do Nil = nalurais |
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moderno abandonados O A 6Om anteriores margens elevadas.
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A GEOGRAFIA DO ANTIGO EGIPTO
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A GEOGRAFIA DO ANTIGO EGIPTO
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A GEOGRAFIA DO ANTIGO EGIPTO
Topografia do delta
Topografia do delta,
reconstituída para o ano de
4000 a. €. (segundo Butzer) e
comparada com a situação actual.
O delta setentrional era
inicialmente constituído por
lagunas e pântanos, tendo sido
gradualmente coberto por
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camadas de lodo do Nilo,
aumentando lentamente a
e N, o superfície de terra que só era
E
Damanhurta. k a
alagada sazonalmente,
A margem mais ao norte pode,
no entanto, ter sido mais atraente
para a fixação precoce de
população do que tal poderia
pressupor; há sítios primitivos
no Nordeste e um nomo à volta
do lago Burullus. Como o
sugerem os sítios submersos da
costa, esta zona pode ter sido
areias costeras LJ
fell el: posteriormente limpa em relação
laguna e terrenos pantanosos
O Tell el-Sahale ao delta meridional,
extensão máximai
aproximadamente no eixo do
Er Abu Bio pd
acima co nivel de cheia por volta de 4000 a E uadi Tumilar.
D Ghia
O desenvolvimento geral dos
mundado sazonalmente
braços do rio, possivelmente
inha de costa e braços do rio modernos Eliel Yahudia muito influenciado pelo homem,
principais braços doroe 4000 a C aponta para uma redução do seu
braços de mo menoresc 4000à C número e alteração da sua
D sitios de descoberias anlenores ao Império Novo principal desembocadura em
Sakha nome moderno direcção a oeste.
MELÓPOLIS nome clássico Abu Ravash 1) Mo Laio antigo As Zonas Cuio estavam acima
mente que foram encontrados no deserto vestígios do havido, em certos períodos, um povoamento egípcio
exército de Cambises), e à posterior consulta aí efectua- permanente nesta região. O Sinai é também fonte de
da por Alexandre Magno ao oráculo. Existem também cobre, e em Timna, próximo de Eilat, foram escavadas
oásis mais pequenos, a ocidente do Nilo e mais para sul, minas de cobre contemporâneas das 18.:-20.º dinastias
Kurkur, Dunqul e Salima, que são pontos de paragem egípcias. Estas minas eram provavelmente exploradas
onde não foram encontrados quaisquer vestígios da An- pela população local, sob controlo egípcio, não ha-
tiguidade. vendo indícios de que os Egípcios extraíssem eles pró-
Há testemunhos, datando dos Impérios Médio e prios cobre em qualquer outro local do Sinai. É possí-
Novo, de pessoas que fugiam à justiça ou a perseguições vel que, tal como acontecia com o comércio de cereais
para os oásis de el-Kharga e el-Dakhla, enquanto na 21.º entre o Egipto e o Próximo Oriente, os Egípcios ex-
dinastia os exilados políticos eram para lá banidos. Nes- traíssem cobre, não considerando, porém, essa activi-
se aspecto, esta região era uma faceta da Sibéria egípcia,
sendo outro o do trabalho forçado em condições horrí-
veis, com enormes perdas de vidas, nas minas do de-
Único mapa egípcio antigo. serto oriental.
Fragmento de um esboço de Toda a zona a ocidente do vale do Nilo se chamava,
mapa que representa,
provavelmente, a região central na Antiguidade, Líbia. A região costeira a ocidente de
do uadi Hammamat, onde há Alexandria, até à Cineraica, albergava provavelmente a
pedreiras de grauvaque e minas maioria da população líbia e era menos inóspita do que
de ouro. Alguns outros
fragmentos (que não se vêem parece actualmente. Quase todos os vestígios egípcios
aqui) mostram um longo ali encontrados datam do reinado de Ramsés II, que
caminho com poucos
pormenores topográficos. construiu fortalezas ao longo da costa até Zawyet Umm
As legendas hieráticas descrevem el-Rakham, a 340 km a ocidente de Alexandria, e do
aspectos naturais € outros que são período greco-romano, quando os Ptolomeus construí-
obra do homem, dizendo o todo
respeito à extracção de uma ram, nos estilos grego e egípcio, em Tolmeita, na Cire-
estátua meio trabalhada que foi naica, a 1000 km de Alexandria.
levada para a margem ocidental Durante quase toda a história do Egipto os oásis cons-
de Tebas no ano 6, talvez do
reinado de Ramsés IV. Turim, tituíram um posto avançado contra os Líbios, que ten-
Museu Egípcio. taram, em vários períodos, infiltrar-se. Nos reinados de
Merenre e de Pepi II, o chefe de expedição Harkhuf foi dade suficientemente prestigiosa para a registarem.
várias vezes até Yam, zona que fica, provavelmente, Caso contrário, talvez utilizassem mão-de-obra local,
na região moderna de Kerma e Dongola, a sul da como em Timna, ou comprassem cobre à população
3.º catarata do Nilo. Numa dessas ocasiões, Harkhuf local, ou adquirissem a maior parte do que necessita-
seguiu pela «estrada do deserto», deixando o vale do vam noutro local.
Nilo perto de Abido e passando, certamente, por el- O deserto oriental do Egipto fornecia grande quanti-
-Dakhla. Ao chegar verificou que o governador de dade de pedras para a construção e pedras semipreciosas
Yam tinha ido «correr com o chefe do território líbio e era o caminho para o mar Vermelho. Algumas pedrei-
para o canto ocidental do céu» — descoberta esta pro- ras localizavam-se perto do vale do Nilo, como era o
vavelmente relacionada com a estrada de ocidente, caso de Gebel Ahmar (quartzito) e de Hatnub (alabastro
utilizada nesta expedição. Este pormenor mostra que, egípcio), mas outras, particularmente as de grauvaque
para os Egípcios, a «Líbia» se estendia até cerca de (pedra dura e negra), em uadi Hammamat, e as de ouro,
1500 km a sul do mar. As ruínas do Fezzan, que da- na sua maior parte a sul da latitude de Koptos, implica-
tam, provavelmente, do tempo de Cristo, revelam a vam expedições em grande escala. Sem o domínio egíp-
possibilidade de o Sul da Líbia ter sido povoado na cio sobre a população nómada local, ou sem a sua cola-
Antiguidade, enquanto a zona de Uweinat o foi no 3.º boração, estas minas não podiam ter sido exploradas.
milénio antes de Cristo. Em períodos mais antigos a Este controlo era-lhes igualmente necessário para po-
cultura dos Líbios era semelhante à dos Egípcios e é derem utilizar as três principais vias de acesso ao mar
possível que falassem um dialecto da mesma língua, Vermelho que seguem pelo uadi Gasssus até Safaga,
mas os contactos entre eles foram, durante o período pelo uadi Hammamat até Quseir e pelo uadi Abbad até
dinástico, em boa parte hostis. Berenike, existindo igualmente um caminho menos im-
Dos oásis ocidentais sai um caminho, conhecido hoje portante que vai de cerca de 80 km a sul do Cairo até ao
por Darb el-Arbain («o caminho dos 40 dias»), que leva golfo de Suez, de cuja existência há provas que datam do
a el-Fasher, capital da província de Darfur, no Sudão reinado de Ramsés Il. O testemunho mais antigo da
ocidental. Harkhuf utilizou a primeira parte deste cami- utilização destas rotas data do fim do período pré-
nho, mas é possível que, já na Antiguidade, estivesse -dinástico (uadi el-Qash, de Koptos a Berenike), po-
totalmente aberto ao comércio. Harkhuf viajava com dendo estar relacionada com o comércio do mar Verme-
burros, mas a exploração eficaz de tais caminhos deve lho ou com a exploração mineira. Existem provas da
ter dependido do camelo, introduzido no Egipto, ao que utilização das rotas mais a norte em todos os principais
parece, nos séculos vI-v a. C. períodos da história egípcia e das mais a sul a partir do
Império Novo.
O deserto oriental Nos confins do uadi Gassus encontrava-se um templo
A leste do Egipto existiam várias fontes importantes da 12.º dinastia e em 1976 foram descobertas ruínas do
de minerais. À que se situava mais a norte era o Sinai, porto egípcio próximo, da mesma época. Existem mais
que fornecia turquesas, extraídas pelos Egípcios desde vestígios, das 25.º e 26.º dinastias (700-525 a. C.), e este
a 3.º dinastia até ao fim do Império Novo, mas não padrão manteve-se provavelmente durante o período
mais tarde (teve-se recentemente notícia de descober- persa (séculos vi-v a. C.), altura em que existiam liga-
tas datando do início do período dinástico). As princi- ções com o Irão, contornando a costa arábica. O perio-
pais escavações de ruínas egípcias ficam no Sinai oci- do romano está representado em sítios como Quseir e
dental, no uadi Maghara e Serabit el-Khadim, tendo Berenike, que eram portos de comércio com a África
19
A GEOGRAFIA DO ANTIGO EGIPTO
oriental e com a Índia. Embora não existam provas de meus, fazendo estes parte da paisagem estereotipada do
que os contactos dos Egípcios tivessem chegado tão Egipto na antiguidade clássica. Não se sabe como é que
longe, tais portos deviam ser utilizados para o comércio os Egípcios pagavam tudo isto, e não há praticamente
com as terras quase míticas do Ponto, que aparece refcri- nenhum vestígio arqueológico egípcio na região sub-
do em textos a partir do Império Antigo. À localização sariana. Desconhece-se a origem de muitos dos produ-
do Ponto não está rigorosamente estabelecida, sendo, tos — os pigmeus nunca se devem ter expandido para
para os Egípcios, uma região com várias associações norte do divisor hidrográfico Nilo-Congo, enquanto al-
idealizadas, mas é muito provável que se tratasse da re- guns dos outros artigos devem ter atravessado a floresta
gião da moderna Eritreia ou Somália, onde há notícia de tropical, passando por um certo número de intermediá-
recentes descobertas dos períodos helenístico e romano. rios antes de chegarem ao Egipto. Não nos é fácil avaliar
Os artigos que vinham do Ponto eram quase todos exó- a importância destes produtos para os Egípcios, muitas
ticos ou de luxo, sendo o mais importante o Incenso. vezes de natureza religiosa, mas foram transformados
Não se sabe se o comércio com o país do Ponto era a em foco de prestígio comparável actualmente ao das pe-
única razão para a navegação no mar Vermelho, para dras preciosas.
além do acesso a algumas zonas do Sinai. Há notícia de
terem sido encontradas pérolas egípcias de 18.º dinastia A Palestina e a Síria Em baixo: afloramento granítico
na costa a sul do rio Juba, perto do equador, mas isto A última região importante que é necessário mencionar perto de Ássuão, com marcas de
não significa que os Egípcios tivessem chegado eles pró- aqui é a da costa da Palestina. Já no período pré-dinástico extracção. As filas de entalhes
semelhantes a dentes mostram
prios até aí. existem testemunhos dos contactos entre o Egipto e O onde foram abertas fendas antes
Próximo Oriente e o nome de Narmer, último rei pré- de serem inseridas cunhas de
madeira. Às cunhas eram
A Núbia -dinástico, foi encontrado em Tel-Gat e Tel-Arad, na
molhadas, de modo a incharem,
A fronteira política do Egipto, na 1.º catarata, foi prova- Palestina. O comércio de lápis-lazúli, cuja principal para separar a pedra. Às cicatrizes
velmente estabelecida em fins do período pré-dinástico e fonte era, na Antiguidade, Badakshan, no Afeganistão, que se vêem nalgumas superfícies
foram, possivelmente, feitas com
princípios do dinástico, substituindo a anterior fronteira era então próspero e é possível que o Egipto importasse ferramentas de ferro e são,
natural em Gebel el-Silsila, onde os montes calcários de também metal da Ásia. Há testemunhos, datando do portanto, posteriores a cerca
cada lado do Nilo dão lugar a arenitos, elemento básico Império Antigo, de ligações entre o Egipto e Biblos, no de 700 a. €.
das rochas até Butana, no centro do Sudão. Em Gebel Líbano, e o barco funerário de Kéops, o construtor da Fundo da página: paisagem da
el-Silsila os arenitos chegam até cada uma das margens Grande Pirâmide, era feito de cedro do Líbano. Há pou- parte sul do deserto oriental.
do rio, e era neste local que se encontrava a principal cas árvores no Egipto e a sua madeira é de má qualidade, Embora esta zona seja um pouco
menos árida do que o deserto
pedreira de onde os Egípcios extraíam, a partir do Im- por isso a madeira boa teve sempre de ser importada do ocidental, a organização de
pério Novo, material para construção. O calcário per- Próximo Oriente. Durante o Império Médio estas liga- expedições para extracção ou
mitiu que o Nilo formasse uma planície inundável rela- ções intensificaram-se, enquanto no Império Novo os recolha de minerais deve ter
levantado enormes problemas.
tivamente larga, enquanto a área de terreno útil nas zo- faraós egípcios conquistaram grande parte desta região, Mesmo assim, a exploração foi
nas de arenito é muito pequena. que mantiveram em seu poder durante mais de dois sé- muito completa; foram poucos
A sul de Gebel el-Silsila encontrava-se a primeira pro- culos, explorando os povos subjugados e fazendo co- os depósitos minerais
significativos que se encontram
víncia egípcia, ou nomo, cujas principais cidades eram mércio com os vizinhos. Durante o ressurgimento do que não tivessem sido explorados
Assuão e Kom Ombo. O seu estatuto à parte foi, desde poder egípcio, da 22.º à 26.º dinastias, foram de novo na Antiguidade.
cedo, atestado pelo seu nome, Núbia. Entre as 1.º e 2.º conquistadas partes da Palestina, o que se repetiu no
cataratas encontrava-se a Baixa Núbia, que foi sempre o período ptolomaico. À posse de parte da Síria-Palestina
principal alvo para incorporação no Egipto. Inscrições e era um objectivo normal para um regime forte no
relevos na rocha, na zona da 2.º catarata, datando de Egipto, mas verificou-se ser muito mais difícil do que a
princípios do período dinástico, mostram o interesse do Núbia.
Egipto por esta terra, nessa altura. Na 4.º e 5.º dmastias Muito dos progressos na cultura material do Egipto
quase não havia população permanente na Baixa Núbia. vieram do Próximo Oriente. Em troca destas importa-
Uma povoação egípcia em Buhen, a norte da 2.º catara- ções «invisíveis», assim como da madeira, cobre, talvez
ta, implica, senão governo, pelo menos hegemonia. Na também estanho, prata, pedras preciosas, vinha e óleo,
6.: dinastia os Egípcios cederam perante os habitantes os Egípcios podiam oferecer quatro recursos principais:
locais, mas retomaram o controlo durante a 11.º dinastia ouro, excedentes alimentares, linho e, especialmente em
e, novamente, no fim da 17.º. Os faraós da 18.º dinastia períodos mais recentes, papiro. O comércio do ouro € o
estenderam o domínio egípcio até Kurgus, a sul da rota intercâmbio de produtos africanos importados pelo
das caravanas que atravessam o deserto de Korosko até Egipto são bem conhecidos, mas a exportação de co-
Abu Hamed. Esta aquisição de território foi muito im- mida e de outros produtos sem prestígio só em casos
portante para a história posterior, uma vez que se esta- excepcionais pode ser comprovada. Quase não deixa
beleceu em Napata, capital da Alta Núbia, uma cultura marcas nos registos arqueológicos e quase nunca é men-
de influência egípcia, que viria a dar origem à 25.º dinas- cionada em textos, sendo a mais conhecida referência
tia egípcia c ao reino de Napata-Meroe, que se manteve escrita um presente de cereais de Merneptah aos Hititas,
até ao século Iv d. C. durante um período de fome, o que não constitui co-
A Baixa Núbia parece ter sido considerada como per- mércio. Mas a agricultura egípcia era bastante mais certa
tencendo de direito ao Egipto e era importante para o e mais produtiva do que qualquer outra no Próximo
acesso a matérias-primas, sobretudo pedras duras e ou- Oriente e tal como o celeiro de Roma na época imperial
ro, no deserto de cada lado do Nilo. Num período an- era o Egipto, o mesmo pode ter acontecido para o Pró-
tigo esta região foi utilizada como fonte de madeira, mas ximo Oriente em épocas anteriores. Os cereais foram
nunca pode ter tido grande importância do ponto de um elemento importante da política externa do período
vista agrícola, dado a área cultivável se limitar à uma tardio.
estreita faixa de cada lado do rio. Era também, no en- Podem mencionar-se outras regiões, mais distantes
tanto, a passagem por onde vinham muitos dos produ- do Egipto, que tiveram importância na história egipeia
tos africanos apreciados pelos Egípcios, que incluíam es- em alturas diferentes, entre as quais a Mesopotâmia, a
peciarias, ébano, penas de avestruz e algumas espécies de Anatólia hitita, Creta e Chipre, que não podem ser aqui
babuíno. Ocasionalmente vendiam-se também pip- examinadas.
e
20
A GEOGRAFIA DO ANTIGO EGIPTO
Recursos naturais do antigo LÁ |
Egipto UuEls | “| |
Os locas indicados são aqueles m TE AE | 6X |
eim aque h. explorações Antigas peido do Tr? reu Ao |
dos minerais referidos. É muitas Creta: fo
vezes impossível datar com E es: Ea
precisão estas explorações, mas |
muitas delas são exclusivamente | ,
greco-romanas, por exemplo as
tontes de esmeralda, berilo ou E eo -— ag sr no =
pórfiro co granito do Mons | ES SE SRD RI IO A g
Claudianus. | | I
Outras pedras semmpreciosas | |
e minerais encontram-se |
espalhadas pelo deserto oriental: | | MAR EDITERRÂNEO
agata, brecha, caleite (a 140 km | |
a norte de Asvut). cornalina,
calcedónia, feldspato, granada, | |
ferro, jaspe, cristal-=de-rocha — |
(quartzo), serpentina. A TR e ipi
À oeste do Nilo encontra-se | , |
epsita, em 100 km a sul do sds e” | a
Cairo, cosilex espalha-se por Líbia | a ã
ambos os lados do vale, | e Di |
especialmente entre Luxor | Tr a GA A y y ea
cel-Kab. Os montes próximos | | | Do a “DELTA / ri
do Nilo, para sul até Gebel | | Da DZ”
el-Silsila, são compostos de | AV TS
calcário, sendo apenas marcadas meia ED ?
As prseiras de pedra de boa | CER qro | E tre —
qualidade para construç; |
€ (Us Ariane
oe im portadhs
ES dh RED
mais | || e
Acobre
longe imeluiam incenso e mirra do | ) À | | ÉS
Ponto (Somáha do Norte?) e do | = Oásis de Siwa E cobre e o Uadi Nasb f /
lémen (3). obsidiana do Sul da
Etiópia, prata da Síria lápis- | | á E ==a a (a malquite Se al )À
-lazúl de Badakshan, no | x | vo À UadiMaghara /)
Nordeste do A feganistão. | | DESERTO , " SINAI f Í
A maior parte cram produtos ec ad sis de Bahariya ORIENTAL X | Prata 28º
de luxo, vivendoo egípcio vulgar [1 gs aa = A “ =| — ARS
como agricultor de subsistência | e o |E=á e
e tendo poucos contactos Wa RS
ECONÔMICOS COM O Exterior. | |
A regãão cultivada variava, | 'Oási
enquanto os terrenos disponíveis | aeee +
para pastagem variavam com | | >
as alterações climáticas à longo | À
Prazo, RR e 1 qo | A
46 ):
|
| | ——— ——=sm = e Tra! y
|
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|
|
|
| termacultivada
zonas de pastagem 20!
zonas supostamente de pastagem
cobre recursos /
e sitioderecurso o
D sílio mencionado x
e sítio de recurso mencionado f
E) zona de exploração intensiva ou intermitente
de recurso /
—— = Tola de caravanas rá
E Se Vad / a el-Fasher tg
Assuão nome modemo ne e
TEBAS nome clássico g
HATNUS nome antigo f
escala 1:8 000 000 DESERTO DE BAYUDA tas
Os
b | 150 mi
mom Ro 3” ad te Ra
mi mal
21
O ESTUDO DO DESDE
Caos qua? hi À
ho to À
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'
ao
Pa
ANTIGO EGIPIO É
» Terra Íuis contenta bo:
Os Europeus têm-se interessado quase continuamente ns, non indiga mercis ”
pelo Egipto e vários autores, desde o grego Hekataios Aut Jouis,in Íolo tanta PRA
de Mileto, no século via. C. (cujo livro se perdeu), até elt fiducia Nilo. Lucas | |
êõ
aos nossos dias, têm escrito sobre este país. Quando a
civilização do Antigo Egipto se extinguiu, nos finais
E
do período romano, não podia já ser objecto de estudo
contemporâneo, mas continuou a ser lembrada,
durante toda a Idade Média, pelos seus monumentos,
õ
sobretudo as pirâmides. Alguns peregrinos passaram
pelo Egipto a caminho da Terra Santa, especialmente
para visitarem locais associados com a estada de
Cristo, e acreditava-se mesmo que as pirâmides ti-
nham relação com a história bíblica, sendo considera-
das como os «celeiros de José».
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SOISSISO
a
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Às primeiras fases
.
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O interesse e o conhecimento da Antiguidade renova- Estátua em bloco do sacerdote-
-leitor principal Petamenope:
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ram-se no Renascimento e entre os textos clássicos, tra-
da
gravura em Thesaurus
z
“at SPLIT
zidos à luz do dia no século xv, encontrava-se a Hiero-
É
==
Hicroglyphicorum, de
glyphica de Horapollo, obra do século 1v d. C. que pre- G. Herwart von Hohenburg
(1620), a mais antiga colecção de
tende ser de origem egípcia e dá explicações simbólicas inscrições hieroglíficas publicada.
do significado de um certo número de sinais da escrita
SSS
Herwart representa o mesmo
meroglífica e do Corpus Hermeticus, conjunto de panfle- objecto como se fossem dois
diferentes, utilizando duas fontes
tos filosóficos dos primeiros séculos da nossa era, escri- manuscritas do século xvi.
PPPPSL
tos provavelmente no Egipto e contendo ideias egípcias Proveniente de Roma (2),
originalmente de Tebas,
genuínas, intercaladas com material neoplatónico e ou-
tro. Os textos deste último tipo defendiim, em grande
c. 650 a. €. Paris, Museu e
do Louvre.
parte, o pressuposto — vindo dos primeiros filósofos AEGYPTO
gregos — de que o Egipto era a fonte da sabedoria.
O mesmo se pode dizer do Hieroglyphica, que, se-
gundo se afirmava, descrevia um método de encerrar
verdades profundas em sinais pictóricos.
VS
Eua
3
Es
EL,
Os originais.
É
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id, e pp
na templo romano que se julgava
so, necessidade nem de comércio fontes clássicas, as úmicas entao
forma mais recente da língua egípcia, em letras gregas, externo, nem da chuva que cai do disponíveis para o antigo Egipto,
conter hicróglifos egípcios.
céu» (Lucano, Civil War, 8, 446- de modo que se vécm, por exemt-
-47). Como em muitos outros
copta pto, onde é, até hoje, utilizada plo, as desembocaduras do no da
mapas anteriores a 1800, o Norte época clássica. De notar a lista de
para fins litúrgicos. Os manuscritos podiam, encontra-se à direita, de modo a lugares não identificados. À to-
portanto, poder-se apresentar uma «paisa-
ser estudados por quem soubesse árabe, língua pografia não se baseia em ne-
em que gem» do Nilo, Este mapa é uma
os livros elementares coptas eram escritos. Dois nhum levantamento e é muito
séculos realização notável, mostrando inexacta. Londres, Museu Britã-
quase todas as cidades e nomos nico.
22
O ESTUDO DO ANTIGO EGIPTO
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mais tarde o copta viria a servir de base para a decifração tos edifícios magníficos, tantas igrejas, estátuas, colos-
da escrita hicroglífica. Foi também o elemento inicial de sos, obeliscos e colunas». Mas, «embora tenha ido até
estudo do grande polímata Athanasius Kircher (1602- muito longe, nenhum dos edifícios que vi cra digno de
-1680), que escreveu numerosas obras sobre o antigo admiração, à excepção de um, a que os Mouros cha-
Egipto e foi um dos primeiros a tentar a decifração. mam Ochsur (Luxor, em que o autor inclut tambem
Um fascinante desvio no desenvolvimento do co- Carnaque). À sua opinião iria estar na moda cerca de
nhecimento do Egipto pelos Europeus é revelado por 250 anos mais tarde, quando Luxor se tornou centro de
um manuscrito dando conta da visita, em 1589, de um turismo, € nesse aspecto mostra-se particularmente
anónimo veneziano que viajou pelo Alto Egipto e pela profético. Diz ele, a propósito de Carnaque: «Avalicm
Baixa Núbia até el-Derr. O autor diz que «não viajou se este enorme edificio é superior às Sete Maravilhas
com nenhum objectivo útil, mas apenas para ver tan- do Mundo, Uma delas ainda existe; uma das pirâmides
23
O ESTUDO DO ANTIGO EGIPTO
No extremo esquerdo: parte dos
dos faraós, que, em comparação com esta construção, títulos de Domiciano, do obelisco
é coisa sem importância. Não estou a mandar ninguém da Piazza Navona; gravura de
Athanasius Kircher, Obeliscus
que queira ver o monumento para o fim do mundo.
SUL ITS RE
a LT SETE Si
Pamphilius (Roma, 1650).
Fica apenas a dez dias de viagem do Cairo e é bastante Os números pequenos referem-
barato lá ir.» Esta obra espantosa só foi publicada no -se a explicações alegóricas
século xx e parece não ter tido qualquer influência so- no texto do livro.
o D é um shawabty datando da
cou a sua obra Pyramidographia, or a Discourse of the época romana ou do
Ca
Pyramids of Aegypt em 1646. Greaves visitou duas ve- Renascimento. Oxford, Museu
Ashmolcan.
zes Gizé, em 1638-1639, mediu e examinou pormeno-
Tr
rizadamente as pirâmides e fez uma análise crítica dos Ao fundo: vista de relicários
cavados na rocha e de inscrições
escritos antigos sobre elas, tendo ido igualmente a
Eee
em Gebel el-Silsila, de
Saggara. A obra daí resultante é mais perspicaz do que F. L. Norden, Voyage d'Egypte
et de Nubie (Copenhaga, 1755).
qualquer outra dessa época sobre o antigo Egipto.
Uma característica digna de nota é a citação de fontes
árabes medievais. Greaves seguiu essencialmente o exem-
plo da sabedoria humanista do Renascimento, mas a apli-
cação que fez destes métodos ao antigo Egipto não foi
imitada por ninguém.
A partir de finais do século xvir, o número de viajan-
tes que iam ao Egipto aumentou gradualmente e os seus
escritos começaram a incorporar desenhos de monu-
mentos utilizáveis. O avanço mais significativo no co-
nhecimento do antigo Egipto foi conseguido pelo jesuíta
Claude Sicard (1677-1726), que foi incumbido pelo re-
gente de França de investigar monumentos antigos no
Egipto. Apenas algumas das suas cartas sobre este as-
sunto foram preservadas. Visitou quatro vezes o Alto
Egipto e foi o primeiro viajante moderno a identificar a
localização de Tebas e a designar correctamente o colos-
so de Memnon e o vale dos Reis, tudo isto com base em
descrições clássicas. O seu mais importante sucessor foi
o dinamarquês Frederik Ludwig Norden (1708-1742),
que visitou o Egipto em 1737-1738, e cujo livro de via-
gens, publicado postumamente e magnificamente ilus-
trado pelos seus próprios desenhos, teve várias edições
entre 1/51 e o fim do século xvilr.
O aumento do número de visitantes do Egipto se-
guiu a par de um melhor tratamento das questões
egípcias — e das culturas exóticas da Antiguidade
como um todo — nas obras mais famosas do século
xvilt, das quais as mais importantes são as compilações
em vários volumes, da autoria de Bernard de Montfau-
con (publicada em 1719-1724) e do barão de Caylus
(1752-1764). Ambas atribuem um espaço importante
aos objectos egípcios, ao mesmo tempo que atribuíam
também ao Egipto muito do que provinha de outros
lugares. Existiam já colecções consideráveis de antigui-
dades e algumas delas, como a pertencente ao arcebispo
Laud na década de 1630, incluíam mesmo falsificações.
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24
O ESTUDO DO ANTIGO EGIPTO
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O ESTUDO DO ANTIGO EGIPTO
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antiguidades comerciáveis e não de escavações siste-
Bos,
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máticas. Embora os egiptólogos deplorem a perda de AESA à
biliário do Império Antigo, tendo a recuperação das culo que a proporção de pessoal egípcio naquele Serviço Grupo de prisioneiros
estrangeiros — um líbio, um
formas dos objectos, cuja madeira estava completa- tem vindo a aumentar e há egípcios a leccionar egiptolo- homem do Ponto (7), um asiático
mente deteriorada, sido um triunfo de registo meti- gia na Universidade do Cairo. Desde 1952 que ambos os e outro líbio — num relevo da
culoso. Na década de 40 Pierre Montet (1885-1966) es- sectores são totalmente egípcios. Os Serviços empreen- avenida do complexo funerário
de Sahure, em Abusir.
cavou, em Tanis, um conjunto de túmulos intactos de deram mais escavações do que qualquer outra institui- O desenho, extremamente
faraós e suas famílias, da 21.º e 22.º dinastias, que for- ção, e grande parte do material existente no Museu do correcto, é de L. Borchardt,
necem exemplos raros do trabalho artístico em materi- Cairo, assim como em Alexandria, Minya, Mallawi, Das Grabdenkmal des Kônigs
Sa3hu-Re, vol. m (Lípsia, 1913).
ais preciosos, datando de um período que deixou pou- Luxor e Assuão proveio das suas escavações. As desco-
cos testemunhos significativos. bertas egípcias mais notáveis são provavelmente as de
As mais Importantes povoações escavadas, Tell el- Tuna el-Gebel, onde foram escavadas uma necrópole
-Amarna e Deir el-Medina, foram ambas objecto de di- animal e uma cidade dos mortos greco-romana, e a obra
ferentes expedições e numerosas campanhas. Após a pioneira de Ahmed Fakhry (1905-1973), nos oásis do de-
descoberta clandestina das tabuinhas cuneiformes em serto ocidental.
Tell el-Amarna, na década de 1880, Urban Bouriant
(1849-1903) trabalhou ali, tendo escrito um livro com o Levantamentos e publicações
título memorável de Dois Dias de Escavação em Tell Têm sido efectuados levantamentos exaustivos na Nú-
el-Amarna. Seguiu-se-lhe Petrie (1891-1892), cuja breve bia, até à catarata de Dal, e, em termos arqueológicos, a
estada produziu resultados de valor, mas foi eclipsada Baixa Núbia é talvez, agora, a região do mundo mais
pela expedição alemã de 1913-1914, sob a direcção de estudada. Apenas a fortaleza de Qasr Ibrim se encontra
Ludwig Borchardt (1863-1938), durante a qual foi en- actualmente acima do nível da água, e continuam a efec-
contrada a casa do escultor Tutmose. Ali se encontrou o tuar-se ali escavações. A expansão dos estudos núbios e
famoso busto de Nefertiti e algumas outras obras- a grande quantidade de descobertas, desde o Paleolítico
-primas. Nos anos 20 e 30 tiveram lugar vários períodos até ao século x1x d. C., levaram à criação de uma disci-
de escavação ingleses, que contribuíram tanto para a his- plina de estudo separada.
tória da última parte da 18.º dinastia como para a com- Foram Maxence de Rochemonteix (1849-1891) e
preensão da efémera capital, tendo os trabalhos sido re- Johannes Diimichenn (1833-1894) os iniciadores do re-
centemente retomados. Deir el-Medina constitui, ao gisto de monumentos completos no Egipto, mas ne-
longo do século x1x, uma fonte de descoberta, tendo nhum deles viveu para ver acabada a sua obra. Nos anos
sido escavada por uma expedição italiana, no virar do que se seguiram à sua morte, o Fundo Egípcio de Explo-
século, e por uma alemã, sob a direcção de Georg Mol- ração (mais tarde Sociedade) deu início a um «Levanta-
ler (1876-1921), em 1911 e 1913. Em 1917 o Institut mento Arqueológico do Egipto», que devia registar os
Français d'Archéologie Orientale, no Cairo, começou a monumentos ainda de pé, ao mesmo tempo que Jacques
efectuar escavações no local, que têm continuado até ho- de Morgan (1857-1924) começava um Catalogue des
je, com algumas interrupções, e que puseram quase monuments, que apresentou na íntegra o templo de
completamente a descoberto a aldeia dos trabalhadores, Kom Ombo. Ambos estes projectos foram concebidos
adjacente à necrópole. de forma demasiado ambiciosa, mas o Levantamento
É conveniente mencionar aqui as actividades dos Ser- Arqueológico deu origem à obra de N. de G. Davies
viços de Antiguidades do Egipto e dos egiptólogos egíp- (1865-1941), o maior copista de túmulos egípcios. Da-
cios. Após a fundação daqueles Serviços, por Mariette, vies publicou mais de 25 volumes, só sobre os túmulos,
o seu primeiro funcionário egípcio foi Ahmed Kamal apresentando quase sempre um registo completo da sua
(1849-1932), que trabalhou no Museu do Cairo e fez es- decoração, e a sua mulher, Nina, e outros fizeram repro-
cavações em vários locais. Desde o princípio deste sé- duções a cores de cenas seleccionadas. Até há pouco
28
O ESTUDO DO ANTIGO EGIPTO
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constituiu um grande avanço em relação à obra pioneira
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tes interiores do templo de Set 1, em Abido. Após uma sário ser-se, pelo menos, versificador, senão pocta, para
acalmia, o fluxo de publicações aumentou recente- compor textos. Mas estes mvestigadores aclararam árcas
mente. que são muito estranhas aos nossos olhos e ambos re-
velaram aspectos que são condição prévia para uma ver-
A egiptologia fora do Egipto | dadeira compreensão das fontes antigas. Em toda a egip-
Embora seja indispensável, a actividade no Egipto cons- tologia o que se tem feito é um prelúdio ao que poderia
titui apenas uma pequena parte do trabalho dos egip- ser feito.
tólogos e é frequente haver pouco contacto entre O À egiptologia é actualmente uma disciplina académica
campo e o estudo. É muito mais difícil seleccionar no- convencional, cujo estudo está centrado em universida-
mes para estabelecer uma lista dos principais egiptólo- des, museus e institutos arqueológicos nacionais, sendo
gos de secretária do que o é no caso dos trabalhadores de esta matéria representada em mais de 20 países. Os cerca
campo, mas é necessário fazê-lo para estabelecer um de 300 egiptólogos cobrem áreas como a lingua, a litera-
equilíbrio. | tura, a história, a religião ou a arte que, para o mundo
O primeiro objectivo dos egiptólogos foi sempre O de moderno, estariam separadas. Isto tem vantagens, pois
compreender a língua. No princípio deste século F. L.
obriga-os a manterem uma perspectiva geral, mas tam-
Griffith (1862-1934) e Wilhelm Spiegelberg (1870-1930) bém desvantagens, no que respeita a trabalho porme-
€s- norizado ou a projectos importantes como os dicio-
avançaram imenso no conhecimento do demótico, a
crita cursiva e língua dos períodos tardio e greco-
nários. Infelizmente, o trabalho original em egiprologia
fazer tornou-se quase exclusivamente uma actividade acade-
“romano, enquanto Adolf Erman continuava a
mica,
descobertas em relação às fases mais antigas do egípcio.
29
O PANORAMA HISTÓRICO
O Egipto pré-dinástico como os períodos culturais que o precederam, uma cul- Egipto pré-dinástico
e dinástico primitivo
A cultura do Norte de África foi, até ao fim da última tura local, em pequena escala, mostrando poucos sinais
Os sítios de tipo egípcio estão
era glaciar (cerca de 10 000 a. C.), muito uniforme e a de estratificação social. É, no entanto, conhecida numa marcados a preto e numerados de
formação gradual do Egipto constituiu uma separação área bastante maior e constitui o prelúdio à fase mais acordo com as culturas de que
existem vestígios:
em relação a este cenário, muito afectado por alterações expansiva de Nagada II (ou Gerzeano), não mostrando 1 do tasiano/badariano
climáticas. Os aspectos mais relevantes deste processo quaisquer vestígios de influência exterior, 2 do Nagada |
são a rápida aceleração das mudanças, nos séculos que O Nagada II constitui o ponto de viragem no desen- 3 do Nagada II
4 culturas do Baixo Egipto
antecederam o período dinástico, e a falta de semelhança volvimento do Egipto pré-dinástico. Foi a primeira cul- e do delta (contemporâneas
entre o estado egípcio da 4.º dinastia e os seus anteceden- tura a estabelecer contactos com outros países, tendo-se do badariano e do Naqada II, mas
não uniformes)
tes pré-dinásticos, talvez meio milémio antes. À cultura espalhado por todo o vale do Nilo, a norte de Gebel 5 cultura pré-dinástica do Fayum:
egípcia não se tornou estática nessa altura, mas nunca el-Silsila e até ao Delta. Verifica-se também a existência 6 Nagada II tardio e dinástico
mais voltou a haver uma vaga de crescimento, e pode de estratificação social e um desenvolvimento de centros primitivo.
Às categorias | a 5 estão lista-
descobrir-se uma continuidade, desde o Império Antigo populacionais significativos, nomeadamente Hieracôn- das de forma mais completa do
até ao período romano, que não se encontra entre o polis (Kom el-Ahmar), Koptos (Quft), Nagada e Abi- que a 6. Muitos sítios do pré-
Egipto pré-dinástico e o dinástico. do. Foi, por outro lado, o último período em que se -dinástico deixaram de ser utiliza-
dos no período dinástico primi-
As mais antigas culturas pré-dinásticas não eram uni- verificou uma certa uniformidade cultural, que se esten- tivo, talvez por os seus habitantes
formes em todo o país e não é fácil relacionar o desen- dia para sul da 1.º catarata. As culturas núbias deste pe- já não explorarem tanto o limiar
do deserto e se terem mudado
volvimento das duas regiões principais. No vale do ríodo, que se encontram até Cartum, não são muito mais para dentro do vale.
Nilo, as mais antigas culturas neolíticas, sedentárias e distintas das do Egipto. É provável que tenha havido Em todas as zonas do deserto
produtoras de alimentos são as do Tasiano e do Bada- trocas em toda esta região e que não houvesse uma auto- são vulgares os desenhos na rocha,
de variadíssimas épocas, muitos
riano (dos nomes dos locais em que foram pela primeira ridade política central. A separação cultural em relação deles feitos por nómadas. Quase
vez identificadas, tal como acontece com as que se re- ao grupo núbio A, que se torna visível a sul de Gebel sempre encontram-se perto das ro-
tas e, na Baixa INúbia, são também
ferem a seguir), que podem não ter sido, de facto, se- cl-Silsila no Nagada II, acompanha, provavelmente, os frequentes perto do Nilo. O estilo
paradas (cerca de 4500 a. C.). Confinam-se a modestos começos da organização estatal no Egipto e a definição destes desenhos continua, no peri-
cemitérios provavelmente próximos de povoações hoje de uma fronteira política. Este processo leva ao período odo dinástico, a não ser caracteris-
ticamente egípcio. As pedras duras
desaparecidas. No Fayum, há conhecimento de culturas dinástico primitivo, em que o Egipto se unificou dentro do deserto oriental foram utilizadas
datando de uma época aproximadamente idêntica, nas de fronteiras comparáveis às de períodos posteriores, durante os períodos pré-dinástico e
margens do lago e ao seu nível, mas existem poucas pro- sob um único governante. Não existe uma quebra mar- dinástico primitivo.
Não se conhece ao certo o esta-
vas de que aqueles povos fossem agricultores, podendo cada entre o Nagada Il e o período dinástico primitivo, tuto político das capitais assinala-
ter vivido apenas em grande medida da caça e da reco- embora a transformação tenha sido, ao longo dos sé- das, excepto Abido e Mênrfis.
Os locais de tipo núbio estão
lha. Nas margens do delta, as grandes ruínas de culos, quase total. marcados a castanho. Os do gru-
Merimda são talvez mais antigas do que as Badari e é Durante o Nagada II, alguns motivos artísticos € arti- po À distinguem-se assim:
possível que tenha existido população sedentária no grupo À primitivo (contem-
gos de tecnologia demonstram a existência de contactos
porâneo do Nagada I tardio e do
delta central nessa altura. Conhecem-se várias outras culturais com a Mesopotâmia. É possível que a escrita Naqada HH primitivo).
culturas neolíticas na zona da 2.º catarata. egípcia tenha sido inventada em resposta ao estímulo grupo À clássico e terminal (con-
temporâneos, respectivamente, do
O Nagada I (por vezes designado «Amratiano») é, vindo da Mesopotâmia, mas os sistemas dos dois países Nagada II tardio e da 1.º dinastia).
Os sitios de tipo núblio da região
da 2.º catarata incluem:
a variante de Cartum,
c. 4500-3500 a. €.
pós-shamarkiano, c. 3500 a. €.
adkaniano, c. 4000-
-3200 à. €., e sobrepondo-se ao
grupo À clássico. As condições
favoráveis e inúmeros levanta-
mentos levaram à identificação de
numerosos sítios de todos estes
tipos, que se conhecem muito
melhor do que os seus homólo-
gos egípcios,
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O PANORAMA HISTÓRICO
uma mudança de família real, sugerida pelas diterenças O primeiro faraó desta dinastia, cujo nome se encontrou Mapas históricos: sítios
em Abido, foi Peribsen, único rei na história do Egipto a e topografia
nos nomes dos reis. A escrita era utilizada sobretudo Os mapas deste capítulo mostram
para os nomes dos anos, registando, para efeitos de data- usar o título de Seth em vez do de Hórus. Peribsen parece todos os sítios de que se referem
ção, um acontecimento importante para cada ano. Às ter alterado o seu nome, que seria anteriormente o de Se- vestígios dos períodos relevantes
na segunda parte, assim como os
listas destes nomes de anos constituíram mais tarde os khemid, referido a Hórus. Hórus e Seth são dois deuses de outros sítios. Não cobrem
primeiros anais. inimigos da mitologia egípcia, que lutam pela obtenção da completamente todos os locais
herança do país — mas é possível que este mito tenha sido por período e devemos lembrar-
A 1.º dinastia começa com o lendário Menés, de que se -nos de que muitas povoações
conhece o nome através de listas de faraós egípcios pos- formulado depois da 2.º dinastia — e a alteração do título têm sido constantemente
teriores e de fontes clássicas. Na sua própria época, estes pode ter a ver com a crença do triunfo de Seth, ou com ocupadas, de modo que vestígios
antigos foram destruídos ou estão
reis eram, sobretudo, conhecidos pelos seus nomes de uma diferença de fidelidade local, entre outras possibilida- profundamente enterrados. Por
Hórus, o elemento real oficial do título, e não pelos no- des. À actuação de Peribsen parece ter provocado a oposi- isso, a distribuição que aqui se
ção de um rei, Khasckhem, de que apenas se conhecem mostra indica mais as descobertas
mes de nascimento, que são os utilizados nas listas. Em
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consequência disto, quer a identificação, quer a existência objectos provenientes de Hierakonpolis, no Sul. O rei se-
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de Menés são discutíveis, mas trata-se, provavelmente, do guinte, Khasekhemwy, era provavelmente a mesma pes- proporcionalmente, mais
indicações de sítios núbios, do
rei Aha, de cujo reinado data o mais antigo túmulo de soa que Khasekhem, tendo o seu nome sido encontrado deserto ou dos oásis, devido às
Saggara. Os dois principais centros de poder eram, nessa por todo o país em objectos datando presumivelmente de melhores condições de
época, Abido e Mênfis, enquanto em Hieracômpolis, um período posterior à morte de Peribsen. Khasekhem é preservação e aos critérios de
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inclusão menos estritos.
voação muito antiga, foram também encontradas impor- um nome que faz referência a um «poder» (sekhem) que
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Estes mapas mostram
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tantes ruinas do princípio do período dinástico. As duas significa Hórus, enquanto Khasekhemwy se refere a dois reconstituições hipotéticas da
topografia antiga, a qual difere da
divindades guardiãs do faraó do Egipto, Nekhbet e Wad- «poderes» — Hórus e Seth — tendo por cima as figuras de moderna na pequena região
Jt, pertencem a Hieracômpolis e a Buto (Tell el-Farain), ambos os deuses e é acompanhado da frase «os dois se- cultivada do vale do Nilo (apenas
no delta, e é provável que Buto tenha tido igualmente uma nas páginas 31-33), no eixo do
nhores descansam nele». Este conjunto é, portanto,
meandro mais ocidental do Nilo
importância num período antigo. Calcula-se a duração da proclamação do fim da luta. O reinado de Khasekhemwy no vale (segundo Butzer), na
1.º dinastia em cerca de 150 anos. Foram encontrados em prenuncia a 3.º dinastia. A rainha, Nimaathapi, está asso- dimensão variável do lago
Fayum, nos braços de água do
várias partes do país, inclusive no delta, vastos cemitérios ciada aos dois primeiros faraós e a arquitectura desta época delta (segundo Butzer e Bietak) e
deste período, com testemunhos valiosos, datando os mostra grandes progressos. na provável maior dimensão do
mais admiráveis do longo reinado de Den. A sua difusão Zanakht (2649- golfo de Suez,
O primeiro faraó da 3.º dinastia, Os símbolos a preto e castanho
indica que havia menos centralização de riqueza do que -2630), figura obscura, é provavelmente o mesmo que indicam as localizações. Os
durante o Império Antigo, altura em que os cemitérios Nebka. O seu sucessor, Djoser (2630-2611) é, sobre- símbolos a azul qualificam os
nomes mas não são localizações.
provinciais de importância desaparecem. tudo, conhecido como construtor da Pirâmide de De- Alguns aspectos da antiga
Existem poucas provas directas da existência de rela- graus de Saggara, o mais antigo edifício de pedra daquelas topografia são demasiado
hipotéticos para serem aqui
ções entre o Egipto e o Próximo Oriente ou a Líbia dimensões do mundo. Para além disso, alguns fragmen- incluidos. Entre estes contam-se
durante a 1.º dinastia, mas tal facto pode dever-se .ao tos de um santuário de Heliópolis, datando do seu rei- as possíveis variações da costa do
acaso. Na Núbia, na zona da 2.º catarata, encontrou-se nado, revelam uma iconografia e um estilo egípcios to- delta (por exemplo, a terra estava
2.5 m mais acima do nivel do
um grafito, mais ou menos deste período, representando talmente desenvolvidos. A Pirâmide de Degraus é, em mar do que no período greco-
um rei triunfando dos seus inimigos, o que indica que os muitos aspectos, uma estrutura experimental, revelando -romano) e o «canal oriental»,
Egípcios não tinham vindo apenas para fazer comércio. muitas alterações no seu plano, mas demonstra um do- cuja finalidade e data são
desconhecidas (Império Médio
Os reis eram enterrados em Abido, num cemitério mínio técnico e um poder económico surpreendentes. ou período tardio) e de que se
bem para dentro do deserto, enquanto as zonas próxi- A época de Djoser foi vista mais tarde como uma idade podem ver vestígios em
fotografias aéreas da região entre
mas das de cultivo parecem ter sido destinadas ao culto de ouro do empreendimento e do saber. O nome de o lago Timsah e as proximidades
fúnebre real, podendo ter compreendido edifícios ceri- Imhotep, provável arquitecto da Pirâmide de Degraus de Tell el-Farama.
moniais construídos com materiais frágeis, que eram re- — tinha o título de mestre escultor, entre outros —, veio
novados à medida das necessidades. Os túmulos reais a ser particularmente venerado e era, no período greco-
eram, eles próprios, de dimensões modestas e foram to- -romano, uma divindade popular, associada especial-
talmente saqueados em períodos posteriores, mas O mente à cura de doenças. O seu nome encontra-se tam-
pouco que resta deles é um esplêndido trabalho. bém sob a forma de grafito, num esboço do muro à volta
Enquanto os faraós e respectiva corte eram enterrados da pirâmide do sucessor de Djoser, que foi enterrado qua-
em Abido, alguns altos dignitários tinham imponentes se de imediato numa estrutura modificada em relação ao
túmulos de tijolo, de tipo diferente, junto da encosta plano original. Talvez fosse um herói dos trabalhadores da O Egipto no Império Antigo
desértica a norte de Saqgara (foram também encontrados sua própria época. e no 1.º período intermédio
Locais onde foram encontrados
túmulos semelhantes noutras escavações). Não devia Os edifícios de Djoser salientavam-se do grupo de papiros. Há muito poucos papiros do
haver mais do que um ou dois destes funcionários ao mastabas maciças de tijolo, datando do seu reinado, a Império Antigo preservados, ao con-
mesmo tempo, visto o número de túmulos ser apenas norte de Sagqara, e foi apenas na dinastia seguinte que trário do que acontece com os de
períodos posteriores, de que se co-
ligeiramente superior ao dos reis, havendo túmulos da- outros homens tiveram túmulos de pedra. Mas a perfei- nhece a proveniência de todos.
tados dos reinados daqueles que viveram mais tempo. ção do trabalho em relevo estendia-se para além do mo- Locais provinciais com
túmulos decorados, sobretudo de
O conteúdo de algumas das câmaras de armazenamento numento real e os relevos em madeira, provenientes do finais do Império Antigo e do
nas superestruturas destes túmulos foi preservado, in- túmulo de Hezyre, da mesma época, estão entre os mais |.º período intermédio.
cluindo um notável conjunto de objectos de cobre ce, so- belos da escultura antiga neste material. Embora tives- A proliferação de tais tâmulos
reflecte a descentralização deste
bretudo, enormes quantidades de vasos de pedra, de sem sido feitos para um particular, podem ter tido ori- periodo e talvez um nivelamento
várias espécies e feitios. Este tipo de vasos de pedra teve gem numa oficina real. da riqueza.
Grahitos de expedições do Im-
origem nos tempos pré-dinásticos e foi o principal pro- O monumento, ainda mais grandioso, do sucessor de pério Antigo ao exterior, sobretudo
duto de luxo do país até à 3.º dinastia. Djoser, Sekhemkeht (2611-2603), quase não passou do ní- para extracção de minerais, mas na
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No princípio da 2.º dinastia, a necrópole real foi trans- vel do chão e ao seu reinado seguiu-se um período obs- mércio e pilhagem. A maior parte dos
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ferida para Saggara. Depois do terceiro faraó desta dinas- curo. Este interlúdio antes da 4.º dinastia revela o modo textosé da 6.º dinastia.
tia, Ninctjen, o registo é muito incerto, sendo provável como os governantes predominavam no registo e, por is- + Wawat, Intjete Zagju são estados
múbios de finais do lipo Antig
que tenha havido vários pretendentes ao trono e tradi- so, na nossa visão da história, Quando o faraó e a sua unificados no pot E |
ções posteriores incluem nomes de ambos os lados. organização eram fortes, os recursos do país podiam ser (fronteirassegundo
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provavelmente utilizada como base para expedições mi-
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4
gg
a
actividades do Egipto, combinadas, talvez, com um
/
e
E Nap Umim Astura
agravamento do clima, parecem ter eliminado o grupo
/ * pedreiradés dionto-goéiss Injei t
/ / A -eT É cs ne“Muito sedentário núbio À, ao que se seguiu, por volta de
despovoada pa 2 e 5.2 dinastias;
f Ma A E Baixa Núbia povitada na & 2 dindstia pelo grupo O 2250 a. C., um intervalo, antes da chegada do grupo C.
j / as " e pode ser em partejoriginário de Uwemal.
la 0 e " que foi vítima de seja por esta altura 290 Um factor importante na história das 4.º e 5.º dinastias
/ + Buhen povoado cEipeia é o culto solar. À pirâmide verdadeira é provavelmente
um símbolo solar, sendo, portanto, o próprio Snefru
Ff a das qa o HNISEIas BUMEN E na Zal U túnia fértil
ad so Ng mm Tola do desert
Dá e, EIS Uai um inovador solar. Mas a combinação de nomes faraó-
f nicos com o do deus-sol, Rá, e a utilização do título real
Ea
ho o sitio
n capital «Filho de Rá» apenas se encontram a partir do reinado
y sitio de papiros
: sílio de grafitos de Radjedef (o nome de Raneb, da 2.º dinastia, não tem,
|
À Kun 5 sítio de túmulo decorado (tardio) provavelmente, qualquer relevância neste aspecto). ÂÃo
4 Tumas nome modemo que parece, a influênciae importância do deus-sol conti-
MÉNFIS nome clássico
BUHEN nome antigo
nuou a crescer até meados da 5.º dinastia e as diferentes
escala |. 5 000 000 facções políticas uniam-se no culto a Rá.
y D-
l
75
À
150 km
L
Dos restantes faraós.da 4.º dinastia, Kcops (2551-
-2528) e Kéfren (2520-2494) salientam-se pelos seus edi-
q mah
À "0 50 100 mi
e 1
33
O PANORAMA HISTÓRICO
ficios, ficando Miquerinos (2490-2472) bastante atrás. real que se pode já verificar anteriormente no caso de
O facto de terem construído os seus monumentos num altos funcionários, que já não são membros da família
grupo compacto, em Gizé, pode indicar uma solidarie- real, embora possam vir a pertencer-lhe por casamento.
dade partidária, enquanto a pirâmide de Radjedef (2528- A administração baseada na autocracia e no parentesco
-2520), em Abu Rawash, a escavação de uma pirâmide dá lugar a algo semelhante a uma burocracia fixa.
em Zawyet el-Aryan (cujo nome do construtor não se O nome real mais recente encontrado na povoação
conhece ao certo) e o túmulo de Shepseskaf (2472-2467), egípcia de Buhen é o de Neuserre (2416-2392) e o Egipto
a sul de Saggara, pertenciam, provavelmente, a facções perdeu, provavelmente pouco depois, O controlo da
rivais efémeras. À centralização do governo e da autori- Núbia. Há registo de expedições comerciais egípcias ao
dade dos dois principais faraós pode ser interpretada a Sul, que, algumas gerações mais tarde, substituíram
partir dos túmulos, rigorosamente ordenados, em volta presumivelmente a ocupação permanente.
das pirâmides. Esta concentração de poder não é, con- Os últimos faraós da 5.º dinastia não construiram
tudo, a causa do poder, já que Snefru, sendo tão forte templos do Sol, o que pressupõe uma diminuição da im-
como os seus sucessores, não utilizou Os 5Clus métodos. portância do culto solar. Wenis (2356-2323) parece ter
É possível que não seja coincidência o facto de ele vir, sido uma figura de transição anunciando a 6.º dinastia.
mais tarde, a ter boa reputação e ser divinizado, en- O complexo de pirâmides que construíu, com a sua
quanto Kéops e Kéfren tinham fama de tiranos. pirâmide extraordinariamente pequena, é de grande in-
Para além dos edifícios, a 4.º dinastia produziu grande teresse, tanto pelos relevos da entrada, como pelos tex-
parte das mais belas esculturas do Império Antigo e os tos das paredes das câmaras interiores. E provável que
poucos relevos, inscrições e mobiliário dos túmulos que os textos tenham sido utilizados para faraós anteriores,
restam são de igual qualidade. Em termos de cultura não apontando, portanto, necessariamente, para uma al-
material, é o ponto alto daquele período, mas quase não teração de crença. A prática da sua inscrição foi contí-
sabemos nada da cultura intelectual e da vida quotidiana. nua, desde o reinado de Wenis até à 8.º dinastia, mas a
Shepseskaf construiu para si próprio uma mastaba selecção é muito variada nas diferentes pirâmides.
sólida, em vez de uma pirâmide, e este desvio quase Sabemos mais da história política da 6.º dinastia do
único pode ter-se reflectido na prática dos faraós da que da de períodos anteriores, mas esta informação é
5.* dinastia. O primeiro, Userkaf (2465-2458), cons- ainda casual, podendo muito do que consideramos
truiu uma pequena pirâmide em Saggara, a leste da Pirá- como típico ter igualmente acontecido noutras épocas.
mide de Degraus, e um templo do sol perto de Abusir, Isto é particularmente verdade no caso das campanhas
cujo modelo foi copiado por cinco dos seus sucessores. militares, como as registadas pelo alto funcionário
Os templos eram instituições separadas das pirâmides, Weni, no Leste do Egipto. A localização da zona atacada
mas estavam estreitamente ligados aos faraós que os não é certa (logo a leste do delta ou no Sul da Palestina),
construíam, e tinham provavelmente para eles um signi-
Estátua de um prisioneiro
ficado funerário. asiático (7), proveniente talvez do
A continuidade arquitectónica que se pressupõe exis- complexo funerário de Djedkare
tir entre as duas dinastias tem um paralelo nas famílias Izezi, em Saqgara. Nos complexos
das 5.º e 6.º dinastias havia muitas
reais. Em ambos os aspectos, Shepseskafé o ponto de destas estátuas representando
viragem, assim como Userkaf. Khentkaus, mãe de várias nacionalidades diferentes,
Userkafe Sahure (2458-2446), fazia parte da família real mas os sítios foram tão
completamente saqueados que
da 4.* dinastia. Não se sabe quem era o pai destes faraós, não sabemos como se
mas pode ter pertencido a outro ramo do mesmo grande compunham. Estas estátuas têm
paralelo em cenas em relevo que
grupo. Apesar desta continuidade, a política interna da representam vitórias sobre
5.º dinastia foi muito diferente da da 4.º. A redução do mimigos. Nova lorque, Museu
tamanho das pirâmides não foi acompanhada de um au- Metropolitano de Arte.
mento compensatório de outros tipos de construção e
esta mudança deve ser reflexo ou de um declínio econó-
mico ou de um aumento do consumo de bens que não
deixam vestígios. Ao mesmo tempo que há provas evi-
dentes de declínio no final da 6.º dinastia, o nível de acti-
vidade nos dois séculos anteriores foi sensivelmente
constante. Não há uma explicação simples para este es-
quema e talvez devêssemos antes perguntar o que é que
provocou o desvio em relação à convenção, na extraor-
dinária fase de construção da 4.º dinastia.
Na 5.º dinastia os túmulos particulares já não são
colocados em filas ordenadas, nem circunscritos à um
único local, e a quantidade de decorações aumenta conti-
nuamente, o que evidencia uma maior liberdade de ex-
pressão — dentro de limites estritos — para a élite, mas
não necessariamente um aumento da sua riqueza. Outra
alteração significativa diz respeito à localização de alguns
túmulos nas províncias, em finais desta dinastia. Os ad-
ministradores provinciais, primitivamente nomeados
pelo governo central, foram-se transformando gradual-
mente em dinastias de governantes locais. Nos finais do
Império Antigo existem vastos cemitérios provinciais e
este desenvolvimento marca uma diminuição do poder
Jd
DINASTIAS 4-1]
35
Faraós do Egipto
36
RITOS
ESCRITOS HIEROGLI
HIEROGLIFICOS COM NOMES DE REIS SELECCIONADOS Osorkon |
(Akheperre-setepenre) dee Mi persa
984-978 | 2.º período Ochus *343-332
4343-338
siamun V7H-VIY4 Arses *338-336
E AMA! (Netgerkheperre-setepenamun) Dano HE Codoman *335-332
A q Psusennes TI 4959-045 Período interrompido por um so-
ê NL o | PQ fi | / (Titkheprure-setepenre) berano autóctone Khababash
(Senentanen-serepenptah)
Ro += RE pj 22.º dinastia 945-712
7 y [ pra E == Ss Shoshenk | 4945-924
EE
PERÍODO GRECO-
= Es (Hedjkheperre-setepenre) -ROMANO *332a. C-395d.C.
Osorkon ll 9224-409
Narmer Ana Den Peribsen — Kha'seknewy Djoser onefr! (Sekhemkheperre-setepenre) Dinastia macedónica *332-304
Takelot] 909- Alexandre HH Magno — *332-323
(Usermaatre-setepenamun) Filipe Arrhidacus *323-316
O () O) ro Shoshenk II -583 Alexandre IV *316-304
9 444, Ls , o Ra (Hegakheperre-setepenre) ; à É E
fi Dao y 5 » Oserkon ll 883-855 Dinastia ptolomaica Rad
l I 0 (Usermaatre-setepenamun) Prolomeu | Sóter | 304-284
U) Takelot] go0-835 — Prolomeu TI *285-246
eu (Hedjkheperre-setepenre) Filadelto
Khuf Sahure Weni Peni Shoshenk III 835-783 Prolomeu HI *246-221
Kéops era Eua Mentuhotepe (Usermaatre-setepenre/amun) arde E il 1221205
Pari 783-773 tolomeu ilopator *22]-2
Ra PRA GPS Prolomeu V Epifânio | *205-180
O 1 | O 4 | O , () Ne EE SRD e Ptolomeu VI *180-164, *163-145
GB + e f 14h (Akheperre
eperre) Filometor
o
=> ec s—f ais
Osorkon V E
735-712 Ptolomeu VII
U) des UU a AL, | Ú À FAkheperiessetepeamia) Euergetes IL *170-163, *145-116
o: U Ji al O (Physkon)
23.º dinastia c. 828-712 Prolomeu VI[Neos *145
Sesóstris | Sesóstri à Várias linhagens contemporâneas | Filopator
au Nererhotep Apophis de faraós reconhecidas em Tebas, Cleópatra IH Re *116-107
Hermópolis, Heraclcópolis, Le- Prolomeu IX Sóter (Lathyros)
ontópolis e Tanis; a ordem pre- Cleópatra HIR e *107-88
> SE
O || == cisa está ainda em discussão Ptolomeu X Alexandre |
Pedubast] 828-803 | Prolomeu IX Sóter IH *88-8]
2) () | Osorkon IV 777-749 | Cleópatra Berenice R *81-80
m f | Peftjau-awybast Prolomeu XI Alexandre IL *80
es, (Neferkare) 740-725 - Ptolomeu XII Neos *80-58,
que : : *55-51
Ahmosis Tutmósis Il 24.º dinastia (Sais) E 7124-712 Dionísio (Auletes)
Tefnakhte (Shepsesre?) 724-712 Berenice IV R *58.55
Bocchoris (Wahkare) 7117-712 Cleópatra VII R *51-30
O JU = às a dinastia 2770-712 Prolomeu XII *51-47
*47-44
(Núbia e região de Tebas) Prolomeu XIV
Kashta (Nimaatre) 770-750 Ptolomeu XV Caesarion *44-30
Pive 7150-712 Houve mais co-regências com
(Usermaatre € outros) rainhas de nome Arsinoe, Bere-
nice e Cleópatra, que não tinham
PERÍODO TARDIO 712-332 reinados independentes.
Seli | Ramsés | Ramsés | Ramsés IX Psusenes | TO Lsurpalores autsctanes:
a PAZEOS Harwennofre (205-199),
(Núbia e todo o Egipto) Ankhwennofre (199-186), H
O = O Shabaka (Neferkare) 712698 CG UIBDO Rg aa
() 3 1 E Tt Shebitku (Djedkaure) 698-690 — SIES€ 31)
Putas Taharqa 690-664
O Sutar — (Khurenetercem) A O A
E rr É Es às Tatamani (Bakare) 0664-657 (nomes sticontrados em oxIGE
4 (talvez mais tarde na Núbia) hieroglíficos e demóticos até à te-
Shosheng | Taharqa Psamético | Amásis 26.º dinastia *664-525 — trarquia)
(Necao 1) *672-664 RU *30a. C.-l4d. C.
Psamético | *664-610 ibério | F1-57
qm (39 BO EM BO (Wahibre) Caio (Calígula) *37-41
A) E o las 5 4 “A Necao
Il (Wchemibre) *610-595 Cláudio *41-54
cos, | | 256 O Psamético Il *595-589 Nero *54-68
Po O PN me DE oo dg (Neferibre) Galba *68-69
A ” —" O À À Ec o— Apries (Haaibre) *589-570 Oto *69
Es, o / l y Amásis (Khnemibre) *570-526 Vespasiano *69-79
À À de O Ea fa— E 1) | (Psamético Il 1526-525 to 1128
| po B U) | Ea | (Ankhkaenre) Sia Ss 1-96
| <E erva *96-98
$i N SS || E uh 1 E Ya 27.º dinastia (persa) *525-404 Trajano *98-117
É ê apra mf , 2 Ni td i | Cambises *525-522 Adriano *117-138
sra |] 2 — ce Dario | *521-486 Antonino Pio *138-161
Ls, / / , / N da Lo o | Ps | *486-466 | Marco Aurélio *161-180
Dario Nectanebo l Ptolomeu | Sóter Ptolomeu IV Filopator Ptolomeu XilAuletes || FiAXCIXES
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C A Md Seg (Baenre-meryneteru) Severo Alexandre 2220-255
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“ O E ) o AR À ne Aa | A Hakoris *393-380 Décio 449251
| Es & e me a A | ! (Khnemmaatre) Galo e Volusiano *251-253
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| es W | [44posa Nenherites
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Cal; *253-260
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Tas es J o perecer E, “a E —— Ae o 30.º dinastia *380-343 Macriano e Quicto *260-261
I-T <>» Es YZ / A / Wa / FEIRA x A: Pé o Nectanebo | *380-362 Aureliano *270-275
Merenda Sima om ET rá Sé E a (Kheperkare) Probo *276-282
ri ul O Severo Teos (Irmaatenro) *365-360 Diocleciano *28+-305
E dote x MM Nectanebo ll *360-443 Maximiano *386-305
| E (Senedjemibre-setepenanhur) Galério *293-311
Galeria de faraós
A representação de um faraó egípcio é mais uma afirma- faraós usavam normalmente coroa, uraeus (cobra na
ção de ideal do que um retrato. Dos que aqui se apresen- testa) ce barba postiça. As mais importantes das várias
tam, só Amenófis IV e Ptolomeu IV fogem à norma, coroas eram a coroa alta e branca, símbolo da realeza por
sendo um deles altamente estilizado e o outro influencia- excelência nos períodos mais antigos, associada a nisut
do pela arte helenística. (a palavra normal que significa rei) c ao Alto Egipto, ca
Os rostos podem representar qualidades gerais. Algu- coroa azul achatada — o azul é a cor de maior
mas das figuras mais antigas transmitem uma força im- prestígio —, a partir da 18.º dinastia. As outras coroas
pressionante, que se torna requintada. Neferhotep segue que se podem ver nestas figuras são o turbante nemes,
a tradição do «rei sofredor» da 12.º dmastia. As cabeças típico do Império Médio, e dois tipos de barrete. A fi-
mais recentes são, na sua maior parte, mais suaves. Os gura de Merenre é jovem e de cabeça descoberta.
Paleta de Narmer, finais do pré- Rei da 1.º dinastia, c. 2850. Khasekhem, 2.º dinastia Rei da 3.º dinastia, c. 2600. Shepseskaf, 2472-2467 (7).
-dinástico (c. 2950). Xisto. Marfim. (c. 2670). Calcário. Granito rósco. Diorito.
e. 4
38
É
ii m
Ramsés 1, 1290-1224.
Granito negro.
Prolomeu IV Flopator,
2231-225 (2). Xisto
O PANORAMA HISTÓRICO
Império Médio considerável, cuja organização só recentemente come- À direita: o Egipto durante
çou a ser compreendida. o Império Médio e o
Os dois últimos faraós da 1.º dinastia conservaram a 2.º período intermédio
capital em Tebas. O segundo, Nebtawyre Mentuho- Sesóstris II empreendeu importantes reformas na ad- Sítios onde foram feitas desco-
tepe, não consta das listas posteriores, talvez por ser ministração do Egipto, que parecem ter acabado de re- bertas da cultura palestiniana da
Idade do Bronze Média dos séculos
considerado um governante ilegítimo. Durante estes tirar o poder das mãos dos governadores de província. xvi-XvIL a. €.
dois reinados a construção esteve muito activa em O país foi dividido em quatro «regiões», correspon- Locais da cultura «pangrave» do
2.º período intermédio, Estes po-
grande parte do país. Abriram-se pedreiras, a mais im- dendo cada uma delas a cerca de metade do vale do Nilo vos cram nôómadas do deserto ori-
portante das quais a de Uadi Hammamat, e restabele- ou do delta. Os documentos do fim da 12.'e da 13. ental, muitos deles mercenários ao
ceu-se a rota do mar Vermelho. Tudo isto indica que o dinastia, cuja origem é sobretudo el-Lahun, dão-nos a serviço de vários soberanos. Nos
montes do mar Vermelho e em
Egipto cra forte, mas a ordem política não durou muito. impressão de uma organização burocrática generalizada, Kassala, no Sueste do Sudão, en-
O vizir de Nebtawyre Mentuhotepe, Amenemhet, foi que acabou por dirigir o país sob o seu próprio impulso. controu-se cerâmica semelhante à
deles. Durante o Império Novo ti-
também o primeiro faraó da 12.º dinastia, mas desco- Dentro do Egipto, a mais impressionante herança vi- nham sido completamente assi-
nhece-se a forma de transferência do poder para ele. sível de Sesóstris III é a sua escultura real, que corta com milados pelo Egipto, dando o seu
Amenemhet cra membro de uma família importante de convenções anteriores ao mostrar um rosto envelhecido nome, Medjav, à polícia.
Elefantina. e preocupado, simbolizando, talvez, os fardos da mo- No extremo direito:
O acto político mais importante de Amenemhet | narquia, tal como é descrito na literatura da época. Este as fortalezas da 2.º catarata
(1991-1962) foi o de mudar a residência real de Tebas mesmo estilo foi utilizado em estátuas do seu sucessor, no Império Médio
A região da catarata é um troço de
para perto de Mênfis, onde fundou uma cidade chamada Amenemhet II, cujo longo reinado foi aparentemente rápidos de 30 km de comprido,
Ititawy. «(Amenemhet é) o que se apodera das Duas pacífico. Amenembhet III foi mais tarde divinizado no muito navegável. A cadeia de for-
talezas fronteiriças da 12.º dinastia
Terras». O sítio em si era provavelmente uma zona Fayum, onde construiu uma das suas duas pirâmides e era o mais vasto grupo antigo so-
administrativa, que compreendia as pirâmides de Ame- alguns outros monumentos e onde talvez tenha come- brevivente no mundo, até ser sub-
nemhet [ e Sesóstris I, enquanto a parte principal da ci- çado um programa de apr.veitamento de terras. No en- mersa no lago Nasser. As fortale-
zas setentrionais foram começadas
dade continuava localizada em Mênfis. A capital era ao tanto, Os seus antecessores também se tinham inte es- no reinado de Sesóstnis I; as de
mesmo tempo uma inovação e um retorno às tradições do sado por esta região e Amenemhet III pode ter colhido Semna e Kumma foram adiciona-
das por Sesóstris III.
Império Antigo, que foram também seguidas na arte. os frutos de uma longa iniciativa.
No que se refere à política externa, Amenemhet | Nos reinados de Amenemhet IV (1799-1787) e da rai- Em baixo: relevos da capela de Se-
confirmou a obra de Nebheptre Mentuhotepe na Núbia nha Nefrusobk (1787-1783) não houve perda de pros- sóstris |, em Carnaque, reconsti-
e conquistou, em várias campanhas durante os últimos peridade no país, mas a presença de uma mulher no tro- tuída a partir de blocos encontra-
dos no 3.º pilone. À cena repre-
anos do seu reinado, toda a região até à 2.º catarata. no indica que a família real se estava a extinguir. Há uma senta Áton conduzindo o rei à pre-
O chefe destas expedições era Sesóstris I (1971-1926) e a perfeita continuidade no registo arqueológico entre as sença de Ámon-Rá Kamutef.
O estilo apurado e esmerado ins-
sobreposição de dez anos dos dois reinados foi outra 12.º e 13.º dmastias, embora a natureza da monarquia pirou os artistas dos princípios da
inovação, estabelecendo o padrão institucional de co- pareça ter-se alterado consideravelmente. 18.º dinastia.
-regência. Sesóstris I foi o parceiro mais activo durante Ei = pr
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telectuais desta dinastia tornaram-na posteriormente
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clássica aos olhos dos Egípcios e aos nossos. Um exem-
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sóstris I, em Carnaque, que serviu de modelo aos artis-
tas do início da 18.º dinastia. Mas, apesar destas realiza-
ções dos primeiros reis, há muito mais material preser- í é “eo Pao
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DINASTIAS 11-13
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Em cerca de 150 anos sucederam-=se uns 70 faraós da
om o Esipo. Govermany 36º 15." dinastia. Embora houvesse, decerto, por vezes, pre-
DOS Ei Ent tendentes rivais ao trono, esta situação não cra a regra
odds PNALO InTierncia(cio
a dé ce 18º dinastias re geral. O país parece ter-se mantido estável, embora não
| | houvesse um processo oficial de substituição rápida dos
Hale: nas muito pequenos [ ar “ jr io a a ” E
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chados egip a Ea | |) faraós, mas estes tinham relativamente pouca
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MAR. MEDITERRÂNEO jedel s 1a Adinastiasodos | Pd cia. Às pessoas mais importantes do país parecem ter
E NI sido os vizires, os mais altos funcionários, de que se
fo des Sae RE Pio | conhece uma família que se prolongou por grande parte
A a db / 32º] do século xvim. Os títulos oficiais de todos os níveis
tetoA a estina. proliferaram nesta época, muito possivelmente devi-
Er | alias Ata / / | do a um aumento da burocracia, fenómeno com para-
ED dade K 2
PR? atá ; : BRA SPAS lelo noutros lugares do mundo em períodos de lento
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libi a E declínio.
A a “ ' E : : a Ri o
Líbia EN
Kôm el-Hisn,. o
Ainda em 1720 o Egipto parecia não ter perdido mui-
aaa El ba a femea to do seu poder e prestígio, dentro e fora do país. Se
é utilizarmos como medida o número de monumentos
IS:
; Serabitkel-Khadim: 30º] particulares, parece ter-se dado um aumento de pros-
rum: prováveis Er Mit Rahina [2- munas
de turquesa exploradas eridad , vel nt d aê vist Has.
obras le recuperação o erSaghá Dahsur E LISht 12-18 mais infensamente com finais p Cc no pa s € um nivelamento da naqLl CzZa, VISLO Na
de tecno pelos fado O ate im ER rica RSRS Ge E ver poucos monumentos reais. Havia muitos imigrantes
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da 12.2 dinastia
XBol dó eladin adi Nash. Rud el-Air da Palestina, ao que parece chegados de forma pacífica,
m Rugaiya-- úmant e : E 3
Maldita Amasya el-Mediny Uadi Kharità tim Serabiljel-Khadim que eram absorvidos pelos níveis mais baixos da socie-
ERA d ade egípcia,
gíp mas p pelo menos um deles Khendjer,
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/ A ; Abu Seyal
A fed a . O Mindde cobre
/ 12 q a = Toshks A ad elGirgawi Va
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ga “Soy Cáâminho para minas de ouro
41
O PANORAMA HISTÓRICO
sidas. O Egipto manteve, provavelmente até quase ao sis, descrevem importantes escaramuças entre Tebas e À direita: o Egipto durante
o Império Novo e03.º
fim da 13.º dinastia, o controlo da Baixa Núbia, mas os os Hicsos, que se aliaram aos reis núbios. Kamósis che- período intermédio
contingentes do exército local tornaram-se cada vez gou quase até Avaris, capital dos Hicsos, e estendeu as As divisões políticas assinalada
s
mas nada sabemos são as do 3.º período interméd
mais independentes e fixaram-se como habitantes, al- suas campanhas, a sul, até Buhen, io
altura em que a região que inclui
guns dos quais ficaram para trás quando a região foi in- dele após o terceiro ano. el-Hiba, e que se estende
a sul até
Assuão, era governada pelos
vadida, a partir do Sul, no início das 15.:-17.º dinastias. sumo-sacerdotes de Tebas,
Império Novo sujeitos apenas, nominalmente,
2.º período intermédio O sucessor de Kamósis, Amósis (1550-1525), expulsou aos reis do Norte das 21.123
Por volta de 1640 a. C., a posição da 13.º dinastia foi finalmente os Hicsos, por volta de 1532 — muitos anos dinastias. À norte de el-Hiba os
reis das 21.º-22.º dinastias
usurpada, não se sabe ao certo como, por um grupo es- depois das tentativas de Kamósis. O curso da expulsão governavam directamente, tendo
trangeiro que se designa, convencionalmente, por «Hic- dos Hicsos foi resumidamente registado por Amósis, fi sido o seu território
posteriormente subdividido em
sos», forma grega de uma frase egípcia que significa lho de Ebana, soldado de el-Kab. Após a sua vitória, regiões praticamente autónomas
«governante de terras estrangeiras». Os Hicsos, Amósis continuou a incursão pela Palestina, onde é pos- (ver mapa na página 47)
15.º dinastia egípcia, parecem ter sido reconhecidos sível que os Hicsos tivessem aliados ou algum controlo,
como principal linhagem real em todo o país, mas tole- onde empreendeu campanhas durante alguns anos. Na
ravam outros concorrentes. É possível que a Núbia lutou a sul até à ilha de Sai, perto da 3.º catarata,
13.º dinastia tenha continuado a existir, tal como a 14.º, ao mesmo tempo que, segundo parece, teve de enfrentar
como família real, no Noroeste do delta (cuja existência uma revolta no Egipto. O seu reinado deixou algumas
tem sido posta em dúvida). Havia também um grupo inscrições em diferentes partes do país, incluindo uma,
paralelo de Hicsos, conhecido como 16.º dinastia, termo em Abido, que mostra a sua piedade familiar para com a
sua avó, dando-se, nessa altura, notável ênfase às mulhe-
res da família real. À esquerda: dois escaravelhos
Amósis deixou um estado unificado, com uma econo- com nomes e um cowroid do 2.º
período intermédio, típicos da
mia bastante mais desenvolvida. Estendia-se desde o sul época e que são a principal fonte
da 2.º catarata até algures na Palestina e era, nessa época, de conhecimentos da história e da
a principal potência do Próximo Oriente. O filho, administração.
a. O filho mais velho do rei, Ipeg,
Amenófis I (1525-1504), estendeu provavelmente a in- conhecido a partir de mais de 40
que talvez cubra simplesmente outros governantes asiá- fluência egípcia ainda mais para sul, não se sabendo mais escaravelhos, 15.º dinastia.
ticos que se proclamaram reis, onde quer que se encon- nada da Ásia durante o seu reinado. Do fim da 18.º até à b. O soberano dos países
estrangeiros («Hicsos»), Khian,
trassem. À mais importante destas dinastias foi a 17.º, 20.º dinastia, Amenófis e a sua mãe, Amósis-Nofretari, 4.º soberano da 15.º dinastia.
sucessão de egípcios que governavam a partir de Tebas, foram venerados pelos habitantes de Deir el-Medina, c. Cowroid do rei Nikare,
soberano obscuro, talvez da 16.:
controlando o vale do Nilo desde a 1.º catarata até Cusae que construíram os túmulos reais, talvez por ele ter fun- dinastia. Esteatite. Altura
(el-Qusiya), a norte. No Sul, a Baixa Núbia foi conquis- dado o complexo institucional a que pertenciam. Parece, máxima, 17,5 mm. Colecção de
tada pelos chefes núbios de Kerma. Havia, portanto, es- no entanto, que o primeiro enterro no vale dos Reis e a Frazer von Bissing. Universidade
de Basileia.
sencialmente três divisões da região que fora controlada fundação da própria aldeia datam do reinado seguinte.
pelas 12.º e 13.º dinastias. Durante quase um século Tutmósis I (1504-1492) era parente, por casamento, Em baixo: cabo de punhal do
parece ter havido paz entre elas. do seu antecessor, que não tinha, provavelmente, dei- reinado de Nebkhopeshre
Apophis (provavelmente o
Têm-se encontrado nomes de reis da 15.º dinastia em xado herdeiros varões. Os seus feitos militares foram mesmo que Awoserre) da 15.º
pequenos objectos provenientes de lugares do Próximo mais extraordinários do que os de qualquer outro faraó dinastia. O homem que está a
caçar antílopes é o «servidor do
Oriente bastante distantes uns dos outros, indicando a egípcio. Nos primeiros anos do seu reinado chegou ao seu senhor (Apophis), Nahman»
existência de relações diplomáticas ou comerciais numa Eufrates, a norte, e a Kurgus, a montante da 4.º catarata (nome semita). Proveniente de
vasta região. O contacto com o estrangeiro trazia con- do Nilo, a sul. Estes feitos definem os limites territoriais Saqgara. Comprimento do cabo,
11,4 cm. Cairo, Museu Egípcio.
sigo certas inovações técnicas, que vieram mais tarde a Jamais conquistados pelo Egipto, mas podem não ter
ter importância. Algumas dessas novidades foram pro- sido um salto em frente tão grande como parece. Na
vavelmente trazidas por imigrantes asiáticos, enquanto Síria-Palestina talvez se tivessem travado batalhas pre-
outras, especificamente militares, talvez tenham sido paratórias, nos reinados anteriores, e parece que os
adquiridas por altura de campanhas, nalguns casos no Egípcios reivindicaram a posse desta região quando lá
início da 18.º dinastia. Até essa altura, o Egipto tinha não se encontrava nenhuma outra potência importante.
estado tecnologicamente atrasado em comparação com Durante o reinado de Amenófis I formou-se, no Norte
o Próximo Oriente, mas durante o Império Novo am- da Síria, o reino de Mitanni, principal rival do Egipto
bos estavam mais ou menos a par. De entre as novas durante um século, tendo sido este o adversário de Tut-
técnicas salientam-se a do trabalho em bronze, que subs- mósis I no Eufrates.
tituiu a importação de ligas de bronze e a utilização de Os estados insignificantes da Síria e da Palestina que
cobre arseníaco, uma roda de oleiro aperfeiçoada e o tear formavam o «império» egípcio estavam ligados ao faraó
vertical, a introdução do zebu e de novas culturas horto- por juramentos de fidelidade e pagavam-lhe tributo,
-frutícolas, o cavalo e o carro, arcos compostos e novas mas continuavam a governar-se a si próprios e a pro-
formas de cimitarras e outras armas. Num plano di- curar atingir Os seus próprios objectivos políticos locais.
ferente, novos instrumentos estiveram na moda e as A presença egípcia era mantida por destacamentos mili-
danças da 18.º dinastia são diferentes das dos períodos tares relativamente pequenos e por alguns oficiais de alta
anteriores. patente, A Núbia era, no entanto, tratada como terri-
Com Segenenre Tao II, da 17.º dinastia, os Tebanos tório colonial e administrada directamente por um vice-
começaram a sua luta para expulsarem os Hicsos. O pri- -rei egípcio, responsável perante o faraó. Ambas as re-
meiro episódio da batalha só é conhecido através de uma giões compreendiam territórios que faziam parte do
história da época do Império Novo, a «Querela de Apo- dote de instituições egípcias, por exemplo templos, mas
phis [rei dos Hicsos] e de Segenenre», mas a múmia de os termos mais severos do sistema núbio parecem ter
Segenenre mostra que este morreu de morte violenta, contribuído para generalizar o despovoamento durante
talvez em batalha. Duas estelas do seu sucessor, Kamó- as 19, e 20.º dinastias. Tanto no Próximo Oriente como
DINASTIAS 13-18
Kom el-Ahmar É
- 8l-Kab
Bir-Aboad
cavações na zona de Tebas, cerca de 20 estátuas de Se-
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" nenmut, tendo este o privilégio único de ser retratado
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a! nos relevos do templo de Deir el-Bahari. É possível que
É, Gebel el-Silsila a dai a sua pupila, Nefrure, também com lugar proeminente
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43
Q PANORAMA HISTORICO
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sob Ramsés Tabo gilha Argo
Timna nome moderno Wrawa uns tel- Kemisa)
SMYRA nome clássico Rola de Meheild, bel Barkal
BUMEN nome antigo | a
escala 1: 13 000 000 N
Ê 200 400 km
0 150 300 mi am
da expansão. No final do seu reinado, Tutmósis III | dade e respeitarem mais um faraó do que o Egipto em — no Próximo Oriente
O Egipto
virou-se contra a memória de Hatshepsut e ordenou que geral. Os novos faraós tinham frequentemente necessi- e Ei Cc. É
as suas imagens em relevo fossem apagadas e substituí- dade de reafirmarem a sua autoridade. Os feitos de Ame- estesidesepipeite ni Stela iii a
das por figuras representando-o a si próprio e aos seus nófis II foram exibições de força que se estenderam à Síria | denorte parasule por ordem
dois antecessores, e as suas estátuas destruídas. Esta mu- — apresentou-se a si próprio como grande atleta — e não E são (segundo
dança de atitude deve ter sido devida tanto à política campanhas com significado estratégico. Estas exibições
Ulimute da expansão egipeia
interna da altura em que teve lugar como às acções da continham uma mensagem para as potências estrangeiras. no reinado de Tuumoósis |
2 em finais do remado de
No final da campanha do 9.º ano do seu reinado, Amenó- Tutmoósis HI
a eusp
Noso. último to do seu reinado,
s anos Tutmósis III tomou — fis recebeu presentes (forma normal de contacto diplomá- Es ano dee
para co-regente o seu filho Amenófis II (1427-1401). MH TANTAS deMIC Tutankhamon
tico) das três principais potências da época, os Hititas, o — —e— snoreinado LA x
menófis empreendeu campanhas, quer antes, quer de- Mitanni e a Babilónia. Os Hititas e a Babilónia emergiam ===
no reinado de RemsésIl
pois da morte do pai, e deparou, tal como outros faraós, então de um período de relativa fraqueza, enquanto o Mi- locais na região do Egeu
com o problema de governantes menores deverem fideli- tanni estava no auge do seu poderio,
-Adentiicados muma lista proventente
do templo funeráriode Amendtis HIT
a, 44
DINASTIA 18
Tanto no estrangeiro como no país, os reinados de foram cuidadosamente desmantelados no período se-
Tutmósis IV (1401-1391) e Amenófis II (1391-1353) guinte, tendo, no entanto, deixado muitos testemunhos
formam uma única fase. O Egipto perdeu mais terreno
valiosos. O grande hino ao Sol de Akhenaton foi inscri-
a favor do Mitanni no reinado de Tutmósis IV, mas as to no túmulo do seu mais alto dignitário, Aya, e outros
duas potências assinaram a paz, antes da morte deste, relevos e pequenos objectos provam o desenvolvimento
selando-a com o casamento de uma princesa mitanni
da sua religião. Por volta do 9.º ano, o nome dogmático
como esposa secundária de Tutmósis IV. O tráfego de
; à = ql
EI
ge pe
apiegtes (9º
per Ê
AFA
mente que, nas palavras de Amenófis II ao rei da Ba- depois disto pouco mais se desenvolveu e o número de
Ser LE frases bilónia, «desde a antiguidade que a filha do faraó do monumentos dos últimos anos deste reinado é pequeno.
= po *
pre
&
Fm
q
e Egipto não é dada a ninguém». Por seu lado, Amenó- Provavelmente, na altura da introdução do segundo
fis III casou com mais de uma princesa mitanni. nome dogmático, Akhenaton fechou templos de outros
A paz trouxe consigo mais um acréscimo da riqueza deuses por todo o país e a palavra «Ámon», e por vezes
do país, pois o número e dimensões dos monumentos «deuses» no plural, foi apagada — grande empreendi-
construídos no reinado de Amenófis III só são compará- mento que deve ter tido apoio militar. O entusiasmo
veis aos do reinado, muito mais longo, de Ramsés II, ao popular em relação a estas mudanças parece não ter sido
mesmo tempo que se produziam esculturas reais e parti- grande.
Em cinia: carta cm escrita culares em mais larga escala do que nunca. Muitos des-
cunciforme, dirigida por y Akhenaton teve seis filhas, mas nenhum filho, de Ne-
Tushratta de Mitannia Amenofis tes trabalhos são de excelente qualidade. Exploraram-se fertiti, e é provável que o seu segundo sucessor, Tutan-
1. No fundo da tabuimbha está novas abordagens no planeamento de toda a região te- khamon, fosse filho de uma esposa secundária, Kiya,
uma nota de arquivo a tinta em
egipeio hicrático, do ano 56 do bana (e provavelmente de Mênfis), com avenidas pro- cuja memória foi perseguida mais tarde neste reinado.
reinado de Amenófis. À carta cessionais ladeadas de esfinges ligando os principais Por volta da mesma altura aparece nos monumentos um
acompanhava uma estátua de templos. Um enorme lago artificial na margem ociden-
Ishtar de Nínive, enviada ao
co-regente que parece ser Nefertiti, usando o seu se-
Egipto como divindade curativa. tal, o Birket Habu, foi o centro de um novo bairro que gundo nome, Nefernefruaten, seguido de elementos
Essa estátua já tinha estado uma incluía um palácio real em el-Malgata e o enorme tem- adicionais e com os atributos da realeza — tal como o
vez no Egipto, na época do
predecessor de Tushratta, plo funerário do faraó. Numa alteração ideológica signi- fizera Hatshepsut anteriormente nesta dinastia. Os tí-
Suttarna 1. Proveniente de Tell ficativa, este divinizou-se a si próprio em vida. O indi- tulos de Nefernefruaten foram rapidamente alterados.
el-Amarna. Londres, Museu
Britânico.
víduo mais importante deste reinado, Amenhotepe, fi- Na versão final, Smenkhare substituiu o nome original
lho de Hapu, era um oficial do exército reformado, que — fase que corresponde, talvez, a um breve reinado da
dirigiu grande parte dos trabalhos de construção e teve a ex-Nefertiti após a morte de Akhenaton. Tutankhaton,
Ca (é ho (= honra de ter o seu próprio templo funerário. Em perío- mais tarde Tutankhamon, rapaz de cerca de sete anos,
s á=|
EN Ee fo | dos posteriores foi divinizado, tendo a sua reputação sucedeu-lhe então (1333-1323). No início deste reinado,
póstuma sido construída a partir do seu estatuto em a nova religião foi abandonada, embora só mais tarde
E BS) |) vida. tivesse sido completamente excluída e perseguida, e
pt o || e Amenófis IV (1353-1335) tornou-se príncipe herdeiro Mênfis, que tinha sido, durante muito tempo, a princi-
e) lo Le) Vo) o
= Ee —
após a morte de um príncipe chamado Tutmósis. Co- pal cidade tornou-se capital do país.
meçou o seu reinado atribuindo-se o título de sumo-
-sacerdote do deus-sol, papel tradicional dos faraós do
Em cima: cartuchos do deus-sol Egipto, mas não incorporado nos seus títulos. For-
de Amenófis IV/Akhenaton.
O par da esquerda é a forma
mulou então um novo nome dogmático para o deus-sol,
antiga e o da direita a forma «Rá-Harakhty, que se regozija no horizonte do seu
moderna. Às traduções nome de Shu [ou luz] que é o disco solar [Áton)». Este
encontram-se no texto.
nome foi em breve incorporado num par de cartuchos,
atribuindo ao deus a qualidade de um rei, e criou-se uma
nova representação do deus, sob a forma de um disco
com raios terminando em mão, que oferece o hieróglifo
que significa «vida» ao faraó e à rainha. O desenvolvi-
mento deste culto, que quase não deixava lugar para ne-
nhuma das divindades tradicionais, excepto o deus-sol,
tornou-se, com a autoglorificação, o principal objectivo
da vida do faraó. A sua esposa principal, Nefertiti, teve
um papel quase tão importante como o dele nestas mu-
danças. Nos primeiros seis anos deste reinado desenvol-
veu-se um vasto programa de construção em Carnaque,
para além de algumas estruturas noutras cidades. Todos
estes edifícios eram decorados com relevos num estilo
artístico inteiramente novo. Um dos santuários de Car-
das
naque continha uma série de estátuas reais colossais,
À direita: estátua acocorada de quais talvez um quarto eram da rainha. Algumas repre-
Amenhotepe, filho de Hapu,
representado como um homem sentações da decoração do templo de Tell el-Amarna, de
idoso é corpulento (viveu mais de um período posterior deste reinado, apresentam igual
80 anos), encontrada em
número de colossos do rei e da rainha. o
Talvez no quinto ano do seu reinado, Amenófis IV
Carnaque, perto do 7.º pilone.
Esta estátua foi mais tarde
O
venerada co seu nariz voltou a ser mudou o seu nome para Akhenaton («benéfico para
talhado na Antiguidade, Altura,
142 m, Reinado de Amenófis II. disco») e começou a construção de uma nova capital, no
Cairo, Museu Egipeio. local virgem de Tell el-Amarna, Os restos desta cidade
O PANORAMA HISTÓRICO
Enquanto Tutankhamon foi faraó, o poder esteve nas -se confrontado com uma agressão líbia, a que tinha já
mãos de Aya e do general Haremhab. As inscrições de feito face Seti I e que levara Ramsés Il a construir for-
Tutankhamon registam a restauração dos templos, mas talezas a ocidente, ao longo da costa mediterrânica. Na
nenhum pormenor de política externa, encontrando-se região ocidental do delta travou-se uma batalha contra
as possessões egípcias no Próximo Oriente em desor- os invasores líbios e contra os «povos do mar» — grupo
dem, após as campanhas do rei hitita Suppiluliuma. Aya de tribos com nomes que sugerem uma origem mediter-
(1323-1319) ocupou o trono por um breve período, ten- rânica. Os invasores tencionavam fixar-se e tinham tra-
do-lhe sucedido Haremhab (1319-1307), normalmente zido as mulheres e os filhos. A batalha foi-lhes, no
colocado na 18.º dinastia, mas considerado pelos egíp- entanto, desfavorável, tendo alguns deles fugido, en-
cios do século seguinte como o primeiro rei dessa era, a quanto outros permaneceram à força, como prisioneiros
que chamamos 19.º dinastia. de guerra.
Haremhab desmantelou os templos de Amenófis IV Após a morte de Merneptah teve lugar um período de
em Carnaque e construiu ele próprio bastante nesse lo- lutas dinásticas que terminou com o breve governo de
cal. Anexou também a maior parte das inscrições de Tu- uma rainha, Tmosre (1198-1196), viúva de Set 1 (1214-
tankhamon, talvez por achar que registavam os seus -1204). Durante este tempo, o verdadeiro poder no país
próprios feitos. O seu segundo sucessor, Seti I (1305- parece ter sido um alto dignitário, Bay, possivelmente
-1290), levou a bom termo este trabalho de restauração, de origem síria, que é talvez mencionado sob pseudó-
reparando inúmeros monumentos, perseguindo a me- nimo num documento posterior que apresenta essa pes-
mória de Akhenaton e retirando o nome deste, e dos soa como um génio mau da época.
seus três sucessores, do registo oficial. Seti I também O primeiro faraó da 20.º dinastia, Sethnakhte (1196-
construiu muito. Empreendeu várias campanhas no -1194), refere-se, numa inscrição da época, a um perio-
Próximo Oriente, conseguindo, durante um período de do de guerra civil que se prolongou pelo segundo e úl-
fraqueza dos Hititas, reconquistar temporariamente al- timo ano do seu próprio reinado, tendo terminado com
gumas das possessões egípcias na Síria. Os principais re- a derrota dos rebeldes. Dá a entender que a desordem
gistos destas campanhas são impressionantes relevos de era generalizada no país antes da sua chegada, mas al.
batalhas, de um tipo novo e mais realista. guns funcionários do tempo de Merneptah sobrevi-
Nos finais do seu reinado, Seti I associou-se ao filho, veram até ao de Ramsés III, o que leva a crer que a vio-
Ramsés II (1290-1224), no trono. O novo faraó herdou lência se limitou à corte e aos círculos militares. Ram-
os problemas do pai na Síria. Após um êxito no ano 4, sés III (1194-1163) herdou uma situação interna estável
defrontou pela primeira vez o exército hitita, no ano 5, que explorou em alguns trabalhos de construção, mas
numa batalha de resultado indeciso, em Cadesh, que foi bastante pressionado a norte por duas tentativas de
Ramsés apresentou como grande vitória e registou em invasão por parte dos Líbios e por mais um ataque dos
muitos relevos de templos. Depois de mais alguns com- «povos do mar», que teve lugar entre aquelas. Todos
bates, durante os anos seguintes, fizeram-se tréguas, se- estes ataques foram contrariados e o Egipto manteve
guidas de um tratado formal, no ano 21. O texto deste igualmente o controlo do Sinai e do Sul da Palestina.
tratado encontra-se preservado nos relevos do templo O título de Ramsés III era quase igual ao de Ramsés II
egípcio de Ramsés II e em tabuinhas cuneiformes acá- e o seu complexo funerário, em Medinet Habu, tomou
dias da capital hitita Bogazkoy (antiga Hattusa). A paz como modelo o Ramseum de Ramsés II. Este e os ou-
prolongou-se por mais de 50 anos, confirmada por casa- tros faraós da 20.º dinastia foram singularmente conser-
mentos de Ramsés II com princesas hititas. vadores na sua apresentação de si próprios, como se não
Ramsés II construiu mais edifícios e foram-lhe erigi- tivessem confiança que chegasse para serem auto-
das mais estátuas colossais do que a qualquer outro faraó -suficientes. Mas enquando os feitos de Ramsés III
do Egipto, tendo mandado esculpir o seu nome, ou re- foram consideráveis, o mesmo não pode ser dito dos
presentar-se em relevos, em muitos monumentos mais seus sucessores. Em 90 anos houve mais oito faraós de
antigos. Tal como Amenófis III, foi divinizado em vida nome Ramsés, nome adoptado ao acederem ao trono,
e, pela projecção que fez da sua personalidade, tornou, para além dos nomes próprios. Todos parecem ter sido
durante séculos, o nome Ramsés sinónimo da realeza. descendentes de Ramsés III, mas o trono foi centro de
Mas o programa oficial de construção não foi acompa- muitas rivalidades, começando com a morte do próprio
nhado de tantos trabalhos para personalidades particula- Ramsés III, antes do que teve lugar uma conspiração en-
res como o de Amenófis III. Muitos projectos datam do tre as suas esposas, para colocar um dos filhos no trono.
início do seu reinado, enquanto os edifícios posteriores No exterior, o Egipto perdeu o controlo da Palestina
dão mostras de um declínio na habilidade dos artífices. durante esta dinastia e a Núbia foi perdida no final. Os
Parece que nos últimos anos do seu reinado teve lugar únicos monumentos importantes posteriores ao reinado
um declínio económico considerável. de Ramsés III são os túmulos reais e o templo de Khon,
Um dos mais importantes empreendimentos de Ram- em Carnaque, que só foi acabado no período ptolomai-
sés II foi a transferência da capital para um novo local no co.
delta, chamado Per-Ramsés («Domínio dos Raméssi- É possível reconstituir grande parte-da administração
das»), talvez na moderna el-Khatana e Qantir. A família do país, durante a 19.º e, particularmente, durante a 20.º
real era natural desta zona, mas a razão principal dessa dinastia, a partir de documentos em papiro e ostraca.
transferência foi provavelmente o facto de o centro eco- A mais importante alteração a longo prazo foi o facto de
nómico e internacional do país se ter deslocado para o grande parte da terra ter passado para a posse dos tem-
delta. Esta mudança é uma razão pela qual sabemos me- plos, em especial para o de Ámon, em Carnaque. O es-
nos da história do período tardio do que da do Império tado e o templo administravam conjuntamente o país,
Novo. mas o templo de Ámon acabou por tomar praticamente
Ramsés II sobreviveu a grande parte da sua enorme o controlo do Alto Egipto. Os cargos religiosos mais
família, tendo-lhe sucedido o seu 13.º filho, Merneptah importantes tornaram-se hereditários e, assim, bastante
(1224-1214). No início do seu reinado, Merneptah viu- independentes do faraó, de tal modo que os sumos-
46
finais do
DINASTIAS 18-20
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das FCgIOCS BgOVE rnadas Sais: capital de
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Tefmakive, «Chefe do
or Hermópolis e Hera Oestes, que só fais
muito hipotéticas. 22.º dinastia (Tânis) tarde se intitulou
rei (24.2 dinastia)
23. dinastia (Leontópolis)
Príncipes das 22.2-23.2 dinastias
«Grandes chefes de Malshwesh)»
Reino do Ocidente (Sais)
Zonas em disputa
no
Es] Território heracieopolita
Território hermopolitano
Território tebano
e
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—
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| Fº
26º
4
|
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| |
da pântanos
e
22 capital com número de dinaslia
E
Dn cidades (pontos de localização)
cidades que se afirma terem E
* sido conquistadas por Tefnakhto antes de 730 ME
cidades destacadas com os seus ú |
º governantes na estela triunfal de Piye Ra
oulras cidades tomadas por Piyo ipa
e
Konosso nome modemo
KoPTOS nome clássico 94
NAPATA nome antigo
escala 1: 3 300 00
0 50 100 km
O mi
47
O PANORAMA HISTÓRICO
-sacerdotes formaram uma dinastia que acabou por ri- para instalar o seu filho em Tebas, tentanto assim cen- O Egipto no período tardio,
com o estado de Napata-Meroe
valizar com ele. Outra prática significativa era o esta- tralizar mais uma vez o Egipto. Este precedente foi se- (712 a. C.-séculorv d. C,)
belecimento de prisioneiros de guerra em colónias mili- guido por alguns dos seus sucessores, mas embora Os sítios estão marcados
nunca tivesse havido um governante de Tebas comple-
a preto.
tares. Os Líbios eram o mais importante destes grupos. cidades cujos «reis» estão lis-
Embora se tivessem em breve tornado completamente tamente independente, esta região só foi integrada no tados nos anais de Assurbanipal (não
é possível identificar no Egipto
egípcios, mantiveram uma identidade separada, mar- país 300 anos mais tarde.
vários outros nomes assírios).
cada pelo nome tribal Meshwesh (frequentemente abre- Shoshenk empreendeu uma campanha na Palestina, Comparar os das campanhas
viado para Ma), tendo-se tornado, com o tempo, a prin- registada em alguns relevos de Carnaque, onde iniciou de Piye, no mapa da página 47,
sítios onde foram encontrados
cipal força política do país. importantes trabalhos de construção. É possível que te-
textos em aramaico, língua oficial
Enquanto estes elementos desmembravam o Egipto nha dado seguimento a uma iniciativa de Siamun (978- do Império Persa; estes textos
numa sociedade quase feudal, os movimentos de povos -959) na Ásia, mas o seu empreendimento era mais am- incluem papiros, ostracas é grafitos
na rocha. À rota da campanha da
no Próximo Oriente, no início da dinastia, introduziram bicioso. Reatou igualmente relações com Biblos, o tra- Núbia, enviada por Psamético II,
aí, mas não no Egipto, a Idade do Ferro. Todo o Medi- dicional parceiro comercial do Egipto na costa fenícia, em 591 a. €., é hipotética; os
base das acti- soldados deixaram grafitos em
terrâneo entrou num período de crepúsculo, de que o que se mantiveram por várias gerações. A grego e cário, em Buhen e Abu
Egipto sofreu menos do que outros países, mas o Pró- vidades de Shoshenk foi um aumento de prosperidade Simbel, e, provavelmente, em
ximo Oriente emergiu tecnologicamente mais avançado que se pode verificar por uma redobrada actividade na Gebel el-Silsila.
Neste mapa aparece o canal que
e o Egipto perdeu definitivamente a sua posição prepon- construção no início desta dinastia. liga o Nilo ao mar Vermelho. Este
derante. | Após quase um século de paz, a 22.º dinastia, a partir canal foi começado a construir por
Necao Ile completado por
No reinado de Ramsés XI (1100-1070) o vice-rei da do reinado de Takelot II (860-835), entrou num período Dario I, que, por volta de 490,
Núbia, Panehsy, travou uma batalha em defesa da zona de conflito e declínio. A principal causa de agitação foi a colocou estelas nos locais marcados
de Tebas que acabou por perder, retirando-se para nomeação do filho e herdeiro de Takelot, Osorkon, para com À e mais tarde restaurado por
Prolomeu II Filadelfo, Trajanoe
Aniba, na Baixa Núbia, onde foi enterrado. Depois da sumo-sacerdote de Ámon, cargo que este combinava Adriano, e por Amr ibn el-Asj,
sua intervenção, a anterior linhagem de sumos- com funções militares. Osorkon foi rejeitado pelos Te- conquistador muçulmano do
Egipto. O seu comprimento,
-sacerdotes desapareceu do cargo e um militar, de nome banos, o que levou a um longa guerra civil, registada de Tell el-Maskhuta a Suez, era de
Herihor, substituiu-os, no ano 19 do reinado de Ram- numa enorme inscrição em Carnaque. cerca de 85 km.
sés. Sacerdote e oficial formavam uma combinação po- A partir do reinado de Shoshenk III (835-783), que Os sítios do estado de Napata-
-Meroe estão marcados a castanho.
tente e Herihor fez realçar o seu estatuto para além do de parece ter usurpado o trono destinado ao seu irmão, o
qualquer dos seus predecessores, fazendo-se retratar sumo-sacerdote Osorkon, a realeza ficou dividida em
como rei e utilizando um sistema de datação alternativo, dois pretendentes diferentes. O primeiro rival era Pedu-
que faz, provavelmente, alusão à presença de dois «reis» baste I (828-803), da 23.º dinastia, reconhecido a par de
no país. Herihor morreu após apenas cinco anos. O seu Shoshenk III. De então em diante, o caminho estava
sucessor, Pi-ankh, morreu também antes de Ramsés XI, aberto para que qualquer potentado menor se procla-
mas por essa altura a virtual divisão do país estava já masse rei e fosse aceite, sempre que a população local o
estabelecida, embora alguns sumos-sacerdotes posterio- achasse conveniente. Em finais do século vIII existiam,
res só ocasionalmente reclamassem o título de rei. Ti- portanto, numerosos reis no país com as 22.º e 25.* di-
nha-se estabelecido o padrão para o período seguinte. nastias reinando simultaneamente, para além de outros
reis, ignorados pela lista oficial. Por volta de 770 juntou-
3.º período intermédio -se à confusão uma força importante e um rei núbio,
A Ramsés XI sucedeu Smendes (1070-1044), primeiro Kashta (770-750), cuja capital era em Gebel Barkal, foi
faraó da 21.º dinastia, e a Pi-ankh sucedeu Pinudjem 1. aceite como governante do Alto Egipto, até Tebas, mar-
Os reis centraram o seu governo em Tanis, no Nordeste cando a chegada da 25.º dinastia ao Egipto.
do delta, controlando o país a norte de el-Hiba. E possí- Enquanto a realeza enfraquecia, o mesmo sucedia
vel que fossem descendentes colaterais da família real da com o sacerdócio de Ámon. Osorkon IV, da 23.º dinas-
20.º dinastia. À sua capital não tinha sido até então um tia (777-749), instalou a filha, Shepenwepet, num antigo
centro importante e os seus monumentos foram, na sua posto, com o título de «divina esposa de Ámon», em
maioria, transferidos de outros locais no delta. Ficava Tebas. A partir dessa altura, a «esposa», que não podia
perto da capital dos Raméssidas e a mudança para lá deve casar e determinava a sucessão ao cargo por «adopção»,
ter sido ditada pelo assoreamento das vias fluviais. passou a ser um membro da família real e a principal
O vale do Nilo, de el-Hiba a Assuão, era controlado figura religiosa na zona de Tebas. Em períodos posterio-
pelos sumos-sacerdotes tebanos, que reconheciam os res sabemos que o verdadeiro poder se encontrava nas
faraós tanitas, datados segundo os anos dos seus reina- mãos de funcionários do sexo masculino, oficialmente
dos, e casavam com mulheres da sua família, mas que subordinados, mas no caso de Shepenwepet tal não é
eram efectivamente governantes de um estado separado. claro. O controlo da 23.º dinastia foi de curta duração.
Os Tebanos lembravam-se das suas origens militares e é Shepenwepet adoptou em breve Amenirdis I, irmã de
evidente, pelos seus nomes, que o elemento «líbio» era Kastia, ao que parece coagida pelos Núbios, mais po-
neles forte. Os Líbios estiveram também activos no derosos. O instigador foi o irmão e sucessor de Kastha,
Norte do país — principal área de fixação — e Osor- Piye (anteriormente pronunciado Piankhi, 750-712).
kon | (984-978), o obscuro quinto rei da dinastia tanita, Nos finais do século vi as mais importantes facções
ecra membro desse grupo. O último faraó, Psusennes II no Egipto eram os antepassados da 24.º dinastia, gover-
(959-945), era, possivelmente, também sumo-sacerdote nantes locais em Saís, na região ocidental do delta, e a
de Ámon, unindo os dois reinos na sua pessoa, mas não 25.º dinastia. Por volta de 730, as duas entraram em con-
os transformando numa unidade. flito, talvez devido à expansão da influência saíta pelo
Shoshenk I (945-924), primeiro faraó da 22.º dinastia, vale do Nilo, tradicional coutada dos Tebanos, e, por-
pertencia a uma família «líbia» de Bubastis (Tell Basta) tanto, parte da região a que a 25.º dinastia era a principal
que tinha tido importância desde, pelo menos, uma pretendente. Piye partiu de Napata, numa campanha
geração antes de ter ascendido ao poder, Tirou partido através do Egipto, e chegou até Mênfis para reclamar a
da extinção simultânea da linhagem de sumos-sacerdotes submissão dos governantes locais, em especial de Tefna-
48
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DINASTIAS 20-25
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F Telei-Mugdam saqgara: cemitérih 7 aa dente teve pouco impacte imediato, já que Piye se con-
G Hunbeit egipoanizante de “Su
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Minas tentou em afirmar o seu direito,
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| Saftel-Hinna 4 Fed Napata sem se ter proclamado único faraó do Egipto.
Tell Atrib O ua SE
; Tel el-Maskhuta* js el-Medina Na sua inscrição, Piye é apresentado como mais egípcio
que os Egípcios e a campanha quase uma missão sagrada lh
Oásis de Bahariya a EIS N
Alh el-Muftalia ea Sl Fado para pôr cobro aos males do país. Napata era um velho
na centro do culto de Ámon e, assim,
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isto i pode ser; ver-
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Qasr pl-Megisba,” “Daret el-Farargj
TT. À dade, mas Piye pode ter pretendido arranjar uma justifi-
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Período
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Shabaka (712-698) marca o início do período tardio no
á ENIVIEL Egipto. No primeiro anoido seu reinado reavivou-se o
k su conflito entre Napata e Saís e o faraó Bocchoris (717-
[Res -712), da 24.º dinastia, foi morto numa batalha entre as
N pie dem E duas potências. A acção de Shabaka acabou por liquidar
sl Es Medinet ques todos os outros reis do país. À partir deste reinado os
el-Qasr A Ter”
Gebel elTere Aran Ns Mn Núbios começaram a interessar-se muito maisà pelo
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Tebas: capital provincial
Egipto
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a ZE de aras ; a e | Sob o governo de Shebitku (698-690) e Taharga (690-
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[o JÉS-- = Ngn( | -664) o progresso económico continuou. Taharga dei-
, |
4 “*Genira Dabargss À xou monumentos em quase todo o Egipto e Núbia,
onde o seu nome foi encontrado na posterior capital,
pr Meroe. Várias inscrições relatam os efeitos benéficos de
Possível rota de campanhade uma cheia considerável, no ano 6 do seu reinado, que é
| Pares DL PO também documentada através de registos dos níveis da
tab água no cais de Carnaque. É possível que se tenha dado,
Simbelc Buhen naquela época, um aumento geral dos níveis das inunda-
N — 2W! ções, o que teria contribuído para a prosperidade.
| Em Tebas, a irmã de Shebitku, Shepenwepet II, foi
À adoptada por Amenirdis I e alguns membros da família
RES real núbia desempenhavam altos cargos no culto.
Durante o governo de Taharga, Shepenwepet II adop-
ú tou Amenirdis Il. O verdadeiro poder naquela região
| estava, contudo, nas mãos de uma ou duas famílias
| locais. À pessoa mais importante em Tebas era Mon-
[5] miém e 18º) temhet, quarto sacerdote de Ámon e «príncipe da ci-
Do do desoo
Toi Reino delNapata- If ao dade», governador efectivo de grande parte do Alto
poço | o Aa , | | Egipto, que viveu até bastante tarde na 26.º dinastia.
ee eae Da cc Gi DONO | O seu túmulo, estátuas c inscrições são os primeiros
= 25 capitais do Egipto com número de dinastia o local d sepultura dos a é grandes monumentos particulares do período tardio,
sitio do Napala-Meroe R CADA
Pele o MARS SAE E | numa escala mais grandiosa do que os túmulos do Im-
a a do iu Ria a a aa US Bt " pério Novo e demonstrando grandes conhecimentos
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49
O PANORAMA HISTÓRICO
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mente livrar-se do domínio assírio, pretendendo, para cima de Amenirdis II. Até ao ano anterior, a datação em
isso, ajuda do Egipto. À princípio, os reis núbios não Tebas tinha sido feita com base nos anos do reinado de
corresponderam a tais avanços, mas em 701 uma força Tantamani.
egípcia defrontou o rei assírio Senaquerib (/04-681) na As campanhas de unificação de Psamético | foram
Palestina, ao lado dos reis de Judá. O combate foi incon- também significativas de outro modo. Foi ele o primei-
clusivo e durante 30 anos as duas principais potências ro faraó a utilizar mercenários gregos e cários, estabele-
mantiveram vários pequenos estados-tampão entre s1. cendo um exemplo para os 300 anos seguintes. No sé-
O rei assírio Esarhaddon (681-669) tentou conquistar culo 1v já todas as grandes potências utilizavam tropas
o Egipto em 674, mas foi derrotado no posto fronteiriço gregas, condição prévia para o envolvimento num con-
de Sile. Em 671 um novo ataque teve êxito, Mênfis foi flito internacional e que determinavam, muitas vezes, O
conquistada e todo o país forçado a pagar tributo. seu curso. Alguns destes mercenários estabeleceram-se
Taharqga fugiu para sul, mas voltou dentro de dois anos, no Egipto, formando um núcleo de estrangeiros cujo
para retomar Mênfis. Esarhaddon morreu quando vol- papel na história do país foi importantíssimo devido à
tava ao Egipto para um contra-ataque e a campanha se- sua especialização no comércio e na guerra. Os Gregos
guinte foi lançada pelo seu filho, Assurbanipal (669- influenciaram também a nossa visão da história desta
-627), por volta de 667. Assurbanipal utilizou o gover- época, dado que as fontes egípcias são mais escassas do
nador de Saís, NecaoI (672-664), que se comportava que as clássicas.
então como rei, e o filho deste, Psamtik (mais tarde Psa- No período tardio a economia egípcia foi menos auto-
mético 1), como principais aliados no restabelecimento -suficiente do que anteriormente, visto o metal mais im-
do domínio assírio. Em 664, Tantamani (664-657 no portante, o ferro, ser importado, ao que parece, do Pró-
Egipto, possivelmente mais tarde na Núbia) sucedeu a ximo Oriente mais do que da Núbia. O Egipto tinha
Taharga e montou de imediato uma campanha no exportações para oferecer em troca — nomeadamente
Egipto, até ao delta (no seu relato deste acontecimento cereais e papiro — mas, ao contrário da Grécia e da Ana-
nem sequer menciona os Assírios). O principal opositor tólia, não tinha cunhagem de moeda e viu-se colocado
dos Núbios era Necao I, que parece ter morrido na luta. numa situação desfavorável, devido aos seus sistemas de
Os restantes governantes locais aceitaram Tantamani de trocas mais pesados.
bastante bom grado. A reunificação do Egipto e a imposição de uma admi-
nistração central em vez de governantes locais trouxe À direita: figuras de um egipoo
Em dada altura, entre 663 e 657, Assurbanipal chefiou e de um persa, pertencentes à
em pessoa uma campanha de represálias e saqueou todo consigo uma continuação do aumento de prosperidade base de uma estátua de Dario E.
o país, enquanto Tantamani fugia para a Núbia. Esta foi da 25.º dinastia, de que relativamente pouco se pode ver encontrada em Susa, Esta base
hoje, pois concentrava-se no delta. A principal excepção tem 24 figuras, que representam
a última fase da ocupação assíria, tendo Assurbanipal as províncias do Império Persa,
sido obrigado a combater uma rebelião na Babilónia e é um pequeno grupo de grandiosos túmulos particula- As figuras estão ajoelhadas com
as mãos levantadas em adoração
Psamético I (664-610) conseguido tornar-se indepen- res, em Tebas, da última parte do século vi. O reflores-
ão Fel; OS NOMES ESTÃO escritos cm
dente dele antes de 653. Estes acontecimentos marcam o cimento artístico também continuou e verifica-se um sa- ovais por baixo. Esta estátua fot
fim do isolamento do Egipto no mundo: estava agora bor arcaizante na utilização de alguns títulos e textos re- feita no Egipto, mas as figuras
foram esculpidas de acordo com
relacionado com todos os impérios da Antiguidade. ligiosos, mas este é, em grande parte, um fenómeno su- um modelo estrangetro.
Entre 664 e 657, Psamético I eliminou todos os go- perficial. Os faraós deste período podem ter desejado A estátua como um todo parece
vernantes locais do Baixo Egipto c em 656 fez com que a passar por cima da importância dos templos na política ser uma tentativa de
wternacionalização de estilo para
filha, Nitocris, fosse adoptada por Shepenwepet II nacional e voltar ao passado, a períodos mais seculares, todo o Império. | cerio, Museu
como esposa divina seguinte em Tebas, passando por mas não o conseguiram. tram Bastan.
50
DINASTIAS 25-27
À esquerda: o Egipto, o Egeu Eram dois os principais aspectos da política da 26.º ilha Elefantina. Alguns dos que se encontravam no resto
e o Próximo Oriente durante dinastia no Próximo Oriente: a manutenção de um equi- do país foram talvez os antepassados da população judia
o periodo tardio
Império assírio. Expandiu-se a líbrio de poder, por meio de apoio aos rivais da potência de Alexandria.
partir do século 1x: ocupou a Síria dominante num dado momento, e tentativas de repetir Em 570, Apries apoiou um governante local líbio,
ca Palestina no vineco Egipto de
671 a c. 657. Destruído pelos as conquistas do Império Novo na Palestina e na Síria. em Cirene, contra colonizadores gregos. Foi enviado
Medos e Babilónios em 614-612. Assim, Psamético I apoiou a Lídia, e mais tarde a Ba- un: exército inteiramente egípcio, que foi derrotado
Reino de Judá. Principal inimigo bilónia, contra a Assíria, até ao declínio desta, depois de e se amotinou em seguida. Apries enviou então um
local da Assíria e da Babilónia na
Palestina, até ao cativeiro de 5H6; 620, altura em que transferiu a sua lealdade para a As- general, Amásis, para abafar a revolta, mas este jun-
procurava o auxílio do Egipto, síria. No século vi, o Egipto continuou a apoiar os ini- tou-se-lhe, proclamou-se faraó (570-526) e mandou
geralmente sem éxito.
Lídia. Aliou-se a Psamético | migos da Babilónia até a Pérsia se ter tornado a principal Apries para o exílio. Em 567, Apries regressou com
contra os Assírios; derrotada potência. Necao II (610-595), Psamético II (595-589) e uma força invasora babilónia, enviada por Nabuco-
pelos Cimérios c. 653 Apries (589-570) desenvolveram a obra de Psamético | donosor Il, mas foi derrotado e morto. Amásis enter-
Cária e Jónia. Terras natais
de muitos soldados ao serviço e passaram ao ataque. Necao II, dando talvez seguimento rou-o então com honras reais e registou todo este episó-
do Egipto a partir do reinado a uma iniciativa de Psamético, empreendeu campanhas dio numa estela, em termos que disfarçam a sua tomada
de Psamético 1.
Império neobabilónico (612-539). na Síria, de 610 a 605, mas foi forçado a retirar-se. Em do poder.
Derrotou o estado sucessor do 601 repeliu um ataque do rei babilónio Nabucodono- Do ponto de vista dos Gregos, que são a nossa fonte,
assírio antes de 605 e atacou o sor II (604-562), tendo também apetrechado frotas egíp- a política mais digna de nota de Amásis foi a maneira
Egipto em 591 e 567; destruído
por Ciro, da Pérsia, em 539. cias com trirremes, tanto no Mediterrâneo como no mar como tratou os Gregos, cujas actividades comerciais se
Império persa. Expandiu-se a Vermelho, tentando ao mesmo tempo ligar o Nilo confinavam à cidade de Naukratis, no delta, enquanto
seguir aos Medos a partir de 549;
na sua máxima extensão incluiu aquele mar por um canal. No século v esta rota marí- apenas em Mênfis se mantinham soldados estrangeiros
Sind, a Anatólia, a Cirenaica é O tima viria a adquirir importância internacional. Há pro- em guarnições. Os Gregos achavam que o estatuto espe-
Egipto. Destruído em 336-323 vas de uma posterior perseguição da memória de Necao, cial de Naukratis era um favor que lhes era feito, mas
por Alexandre Magno, que
herdou a mesma extensão, para que pode justificar o pequeno número de monumentos esta política reduzia as possibilidades de fricção entre
além de ocupar a Macedônia e a com o seu nome. egípcios e gregos, ao restringir contactos de qualquer
Grécia.
Atenas. Aliada frequente Psamético Il empreendeu uma única campanha na espécie. Amásis é igualmente recordado como bêbedo e
do Egipto contra os Persas; Ásia, aparentemente sem efeitos a longo prazo. O seu femeeiro e tanto Heródoto como fontes egípcias posteri-
expedição de 200 navios para acto político mais significativo foi, contudo, uma cam- ores contam histórias para ilustrar estas características.
ajudar os rebeldes egípcios no
delta ocidental, enviada em 460, panha na Núbia, em 591, que pôs fim a 60 anos de rela- O final do reinado de Amásis foi ensombrado pelo
finalmente aniquilada em 454, ções pacíficas. O exército invasor, que compreendia crescente poder da Pérsia, mas foi o seu efémero suces-
Em 385-c. 375 e 360 0 general
ateniense Chabrias comandou egípcios, gregos e cários, parece ter chegado até Napata, sor, Psamético III (526-525), que teve de enfrentar a in-
a resistência egípcia à Pérsia. mas sem que tivesse sido planeada qualquer conquista. vasão persa, imediatamente coroada de êxito. Cambises
O Egipto pagava em cereais Na viagem de regresso, alguns soldados estrangeiros (525-522), primeiro governante da 27.º dinastia, foi tam-
o auxílio atemense.
Cirenaica. Ocupada por colonos deixaram grafitos em Buhen e Abu Simbel, na Baixa bém o primeiro estrangeiro, cujo principal interesse não
gregos que fundaram uma Núbia, a partir dos quais se reconstituiu o curso da cam- era o Egipto, a tornar-se faraó. Empreendeu campanhas
dinastia local c. 630; em 570 no Egipto e na Núbia e nos oásis a ocidente de Siwa,
guerras internas levaram Amásis
panha. Depois de 591, a memória dos faraós da 25.º di-
a apoderar-se do trono do nastia foi perseguida no Egipto. mas ambas falharam. Os Egípcios vieram, mais tarde, a
Egipto. Posteriormente aliada de Em 595 a divina esposa de Ámon, Nicotris, que devia sentir amargo ressentimento em relação a este governo,
Amásis, e incorporada no
Império persa c. 515. andar perto dos 80 anos, adoptou a filha de Psaméti- em parte devido a uma tentativa de redução dos rendi-
Chipre. Ocupada por Amásis co Il, Ankhnesneferibre, como sua sucessora. Ankhnes- mentos dos templos politicamente influentes. Dario |
c. 567-526. EM 389-380, o rei
Euágoras aliou-se ao Egipto
neferibre tomou posse do cargo em 586 ce ainda estava (521-486) seguiu uma linha mais conciliadora, encomen-
contra a Pérsia. viva em 525. Assim, apenas duas mulheres foram repre- dando construções de templos, incluindo o de Hibis, no
Naukratis. Posto de comércio sentantes da família real em Tebas durante 130 anos. oásis de el-Kharga, único templo substancialmente
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Tal como os seus antecessores, Apries apoiou os esta- completo que resta do período entre 1100 e 300. A im-
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51
O PANORAMA HISTÓRICO
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reflecte insegurança, ódio aos Persas e o empobreci-
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mento do país.
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DO Ar, REA E AR
Em 404, Amyrtaios de Saís libertou o delta do domi-
Eda + DAT
nio persa e por volta de 400 todo o país estava nas suas
mãos. Tal como alguns dos que anteriormente se ti-
nham revoltado contra os Persas, Amyrtaios intitulou-
a
dem
-se rei, mas, ao contrário deles, passou a fazer parte da
lista oficial como único governante da 28.º dinastia. Em
399, Nepherites 1, de Mendes (399-393), usurpou o tro-
no, fundando a 29.º dinastia. Psammuthis (393), Haro-
kis (393-380) e ele construíram em numerosos locais €
repeliram um ataque persa em 385-383. Nestas batalhas,
os Egípcios apoiavam-se em mercenários gregos. No
século Iv estes mercenários não tinham qualquer inten-
ção de se fixarem no Egipto e a sua lealdade era variável
— O que provou mais de uma vez ser fatal.
Nectanebo | (38()-362), general originário de Seben-
nytos, no delta, usurpou o trono de Nepherites II (380)
e fundou a 30.º dinastia. Nas suas inscrições foi bastante
franco quanto às suas origens não reais. Deu início a um
período de grande prosperidade, em que se construiu
em todo o país, e as tradições artísticas da 26.º dinastia
foram retomadas e desenvolvidas. Em 373 foi derrotada
uma invasão persa e na década de 360) Nectanebo | jun-
tou-se a uma aliança defensiva de províncias persas.
O seu sucessor, Teos (365-360, com uma co-regência)
passou à ofensiva na Palestina, mas foi traído por uma
rebelião no Egipto, pela qual um primo, Nectanebo II
(360-343), foi colocado no trono, e pela deserção do seu
aliado espartano, que se juntou ao novo rei. Período greco-romano Estatuetas greco-egípcias em
terracota. À esquerda: o deus
Nectanebo II conteve uma tentativa de invasão do Em 332, Alexandre Magno tomou posse do Egipto sem egípcio Bes segurando uma faca
persa Artaxerxes III Ochus, em 350, mas o ataque de luta. Durante a sua breve estada foi estabelecido o plano e um escudo romano. Em cima:
343 teve êxito. O 2.º período persa (também chamado para a construção de Alexandria, tendo Alexandre ofere- alto-relevo de Héracles-
-Harpocrates (Hórus criança),
31.º dinastia), que durou dez anos, foi ele próprio inter- cido sacrifícios aos deuses egípcios e consultado ó orá- segurando uma cornucópia e
rompido durante cerca de dois anos por um faraó culo de Ámon, no oásis de Siwa. Após a sua morte, sentado em cima de uma fénix.
Todo este estilo de terracota é
natural do Egipto, Khababash, cuja memória permane- Ptolomeu, filho de Lagus, conseguiu ficar como o
mais grego do que egípcio, mas
ceu por muitos anos e que parece ter controlado todo o Egipto como sua satrapia e enterrou o seu rei em Mênfis enquanto a primeira figura se
Baixo Egipto. O governo persa renovado foi opressor e (o corpo foi mais tarde transferido para Alexandria). Em aproxima do estilo egípcio, a
segunda é quase inteiramente
predispôs o país a que aceitasse qualquer outra alterna- fins de 305 ou princípios de 306, Ptolomeu seguiu o clássica. Período romano. Cairo,
tiva. exemplo de outros sátrapas e proclamou-se rei indepen- Museu Egípcio.
dente do Egipto.
Durante os 250 anos seguintes o Egipto foi governado
por gregos, mas como país separado, com os seus pró-
prios interesses, mesmo que estes não fossem os da po-
pulação local. O governo ptolomaico foi, em certos as-
pectos, tirânico — possivelmente não mais do que os
seus precursores autóctones — e provocou levantamen-
tos nacionalistas, mas, ao contrário do que aconteceu
com o seu antecessor e com o seu sucessor, centrava-se
no Egipto. Uma indicação disto parece ser o facto de os
Ptolomeus terem procurado alargar, de forma tradicio-
nal, as possessões do Egipto anexando a Palestina e,
mais tarde, entrando um pouco pela Baixa Núbia, onde
se estabeleceu uma espécie de condomínio com o Estado
meroíta. Além disso, Cirene, Chipre (que tinha já es-
tado durante um curto período nas mãos de Amásis),
partes da Anatólia e algumas ilhas do mar Egeu ficaram,
durante algum tempo, sob controlo ptolomaico.
Os reinados dos três últimos Ptolomeus foram um
período de desenvolvimento para o Egipto, durante o
qual o país foi incluído no mundo helenístico em termos À esquerda: cabeça de egipeio
de agricultura, comércio e, para a população grega, edu- do século ta, C. em dionto,
de tamanho superior ao natural,
cação. À inovação mais importante na agricultura foi a provemente de Mit Ralhina
introdução generalizada de duas culturas por ano. Mut- (Mentfis). Esta peça imponente
segue as tradições do retrato do
tas mudanças económicas eram geridas por monopólios periodo tardio: apenas o cabelo
estatais, não sendo certo que os Prolomeus tivessem se- revela a influência grega. Nova
guido os mais antigos faraós egípcios neste aspecto. Ha- lorque, Museu de Brooklyn.
52
DINASTIA 28-SÉCULO IL A. €.
a: 36º
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0 estação intermédia romana | / ,
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estrada romana | / o 1
——— rota do deserto | y A EA siniai
PDR O À] j o IS ad TALS dilabea Dodekasthoinus
ANTAEÓPOUIS nome clássico / alé
| escala 1: 5 000 000 À / pu ES) Tutzis à Dendur
k Tô eg ' A PA 1 pssicus /el-Dakl
Em ; cima: o Egipto no 30º30' 31º via também uma política de fixação de soldados estran-
período greco-romano
Descobonasimporntesah geiros em terras da coroa, que cultivavam em troca da
papiros CU OSITACAS ETCHOS. obrigação do serviço militar. As colónias gregas cres-
Estações romanas. situadasa
mtervalos regulares ao longo das
ceram em muitas zonas, em especial onde, como era o
E
rotas do deserto oriental, que ti- caso do Fayum, existiam programas de aproveitamento
nham, geralmente, um poço. As de terras. Embora o contacto entre os naturais e os Gre-
rotas dirigiame-=se a quatro portos f sita idad d
no; mar Vermelho. que fiziam co- gos tosse limitado, esta nova actividade e o aumento da
mércio com a África onental e com área cultivada geraram riqueza para o país como um
a udia neste período.
todo. O principal desenvolvimento foi, contudo, es-
dipaacomaniaidopádods trangeiro: a construção de Alexandria, que se tornou a
z á :
Erros Fo
j E lagE
o DO
romano N CROCODAÓPOUIS
| +»
mais. notável cidade do mundo grego. Na linguagem
ja do lago & ma de irrigação sa vara,» posterior, Alexandria estava «junto ao» e não «nos
Orr ed rrigação do deserto O ão -PTOLEMAIS HORMOS da dia js CID: -
transformaram o Fayum (o nomo sitio de papiro NARMOUTHRS Ro Mire. a Egipto. Ao atrair a riqueza do país e a principal preocu-
rent A MAIS próspera região aa ii Ghurab | pação dos reis, restringiu a expansão noutras areas, em
th dE an Eri
=
rn MAGOOLA + NERO, especial devido à sua localização no extremo nordeste.
ça e
papiros gregos Muntos dos locais U) Eb o O É TEBTUNS, / O século n foi uma epoca de declínio na economia e
“O agora deséricos e os papiros í im sd aço NERAMEOPOUS MAGNA de lutas políticas. Conspirava-se dentro da tamília rei-
comserearmese ado com Etcilidado =
53
O PANORAMA HISTÓRICO
. 20º Ta —"
Em O Egipto e o Mediterrâneo
= d
agia ani) oriental no período greco-
1). =Reino de
45
i
RA ei “Krr -romano
Fr
No século mta. C. as principais
+ - Macedónia potências do Próximo Oriente
Nel
mio mé Ps
eram o reino da Macedônia, o
A Império seléucida c o reino
| o MES N ptolomaico. Este mapa mostra à
máxima extensão, aproximada,
das possessões ptolomaicas nos
: , e reinados de Ptolomeu [l
Império selêucida Euergetes [e Ptolomeu IV
Filopator. Quase todas foram
Macro y perdidas antes de 304. €., altura
AME
a de
o
' É
Go
F
em que toda a região do
meo HER LE
Mediterrâneo que aqui se vé foi
incorporada no Império romano.
& Cidades a partir das quais os
TERMESSOS Prolomeus exerciam o controlo,
AM
re mA
Este era um reino de cidades e
não de regiões. O limite da zona
colorida indica o limite
aproximado do seu controlo, mas
não é uma fronteira política.
& Nomes de ilhas pertencendo
à Liga Egceia do século ra, €.;
os membros em dúvida estão
interrogados. Esta iiga foi
A;
formada sob influência
ptolomaica. Quio, estado
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MAR MEDITERRANEO
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Oásis de el-Kharga
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Dodekaschoinus: área com 12 schoinoi gregas de comp
que foi um condomínio prolomaico-meroita no reinado Epp pelos. vitas em
E e e tor. A maioria] dos teste Murntos E E] E
Dodekaschoin
—— =— em
— mõ— ma mem
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ta do reinado de Augusto, após 2 campanha do prefeit
Petrúmio em 23) a E E =E
Dodekaschoinus (condominio)
selsa é | Estado meroita
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romana
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SECULO II A. C.-SÉCULO IV D.C.
bém ambos coloridos. O relevo pode ser alto ou bai- Em contraste com a arte ocidental e com os truques da À esquerda: relevo embutido
do túmulo de Itet, em Maidum.
xo; no alto-relevo, a superfície à volta das figura é re- fotografia e do cinema, a representação egípcia não se A maior parte do embutido está
tirada, até uma profundidade de cerca de 5 mm, de baseia em nenhum dos dois mais importantes princípios restaurado, mas o salote do
modo que sobressaiam dela; no baixo-relevo, os con- da perspectiva: a utilização do escorço e a adopção de homem e a perna direita
conservam ainda consideráveis
um único ponto de vista para todo o quadro. Em vez pedaços da pasta original. Início
disso, as figuras assemelham-se a diagramas daquilo que da 4.º dinastia. Oxford, Museu
representam, cujo objectivo é transmitir informação. Ashmolean.
agora identificadas. Tem sido sugerido que a sua origem pertório básico de cores é limitado: preto, branco, ver-
esteve na crença dos Egípcios na força recriativa da re- melho, amarelo, azul, verde. A partir da 18.º dinastia a
presentação, mas a força desta crença tem sido provavel- variedade torna-se maior, mas continua a ser simples e
mente exagerada e na sua forma extrema tal ideia impli- clara. As cores não são misturadas e há poucas transições
caria terem eles um espírito mais literal do que é facil- de uma para outra. Apesar da ubiquidade da cor, esta é
mente credível. Num plano diferente, as convenções da dominada pelo traço, não sendo nunca o único meio de
representação artística são, como veremos, um reposi- transmitir informação. Os contornos são apresentados
tório de valores egípcios. em cores contrastantes, sobretudo o preto.
A forma típica sob a qual os Egípcios representavam Existem principalmente duas abordagens à composi-
um objecto era por meio de uma montagem dos seus ção de cenas e de paredes completas: dispor os elementos
aspectos mais característicos, compreendida num en- sobre uma superfície neutra ou utilizar a superfície
quadramento que fornecia ele próprio grande parte da como área plana representada, como fazemos com os
informação necessária. Os vários aspectos eram repre- mapas. A primeira é quase universal, sendo a segunda
sentados sem escorços, o que significa que as formas rec- apenas utilizada para fins especializados e durante perío-
tilíneas era apresentadas com precisão. Num tal esque- dos específicos.
ma, a parte da frente e o lado de uma caixa, por exem- A base de articulação de acordo com a primeira
plo, podiam muito bem estar ao lado um do outro. No abordagem é o registo. As figuras estão sobre linhas
caso de objectos de superfície curva, o método é mais horizontais, chamadas linhas de base, que podem re-
paradoxal, encontrando-se muito ocasionalmente al- presentar o chão mas que a maior parte das vezes não o
guns escorços, embora não sejam significativos para O fazem e que se encontram intervaladas pela parede
sistema como um todo (também na verdadeira perspec- acima. As cenas cujos temas se relacionam podem es- Falsa transparência. O homem
tiva tais objectos causam a maior dificuldade). Há mui- tar ao lado umas das outras num mesmo registo, mas está a mergulhar uma concha
tas outras convenções que provêm dos princípios bási- podem ser lidas em sequências, para cima ou para bai- num caldeirão. À concha
e o conteúdo são visíveis dentro
cos. Assim, a parte de um objecto que não estaria visível xo, ao longo de uma parede, ou seguir ambos os prin- do caldeirão, mas não o podiam
na realidade pode ser representada em «falsa transparên- cípios. Duas versões diferentes do mesmo conjunto de ser na realidade. Túmulo
cia» ou o conteúdo de algo pode ser apresentado por cenas — por exemplo, uma sequência da sementeira de Ramsés [IL
cima dele. O número de partes representadas e a sua es- até à colheita — podem ser organizadas de modos
colha dependem da informação a transmitir, mais do opostos, mostrando que a posição na parede, só por si,
que de considerações de ordem visual. não transmite informação.
O melhor exemplo de representação de um único ob- Exemplos do método alternativo de composição, em
jecto é a forma humana, que é um composto compli- forma de «mapa», são as plantas de casas e de zonas de
cado. A descrição aqui feita é a da figura de pé, em re- deserto. Em qualquer dos casos o contorno que define o
pouso, havendo muitas variações possíveis de pose € de mapa — que raramente representa uma localização espe-
pormenor. O tipo básico está virado para a direita. cífica — pode também servir de linha de base para fi-
A cabeça é um perfil, no qual se vê metade da boca, que guras representadas em registos. Muito raramente, um
pode ser menor do que metade da largura de uma boca grupo de figuras numa composição tipo «mapa» é repre-
de frente. Um olho de frente c uma sobrancelha são sentado num conjunto de camadas verticais que coincide
colocados no perfil. Os ombros são apresentados em extraordinariamente com imagens de recessão no campo
Conteúdo por cima de um ob-
toda a sua largura, mas do lado da frente do corpo a óptico. Este é, no entanto, quase o único aspecto que jecto. Um homem levanta a tampa
linha da axila à cintura está de perfil, incluindo um ma- aponta para a assunção de um ponto de vista unificador, de um guarda-jóias; dentro deste
como acontece na perspectiva. Tal assunção é contraria- há outra caixa com a forma de dois
milo. A extensão do tórax pode apresentar pormenores cartuchos reais, representada no
de vestuário, sendo os mais vulgares colares e alças de da por outros aspectos. bordo. Túmulo tebano 181. Rei-
vestidos, mas, com excepção de raras figuras que estão Uma característica importantíssima de toda a repre- nado de Amenófis IL.
voltadas ou em poses invulgares, não representa nenhu- sentação egípcia é o tratamento da escala que forma,
ma parte específica do corpo. À linha que vai desde a com a iconografia, o principal meio de expressão ideoló-
axila posterior à cintura parece igualmente ndo ser mais gica. Dentro de uma figura, as partes são representadas
do que um elemento de ligação. A cintura esta de perfil, nas suas proporções naturais, e isto é também frequente-
assim como as pernas e os pés. O umbigo é colocado mente verdade no que se refere a cenas completas, mas
perto da linha anterior da cintura, que é muitas vezes há composições que estão inteiramente organizadas por
saliente nesse ponto (não podia ser apresentado no perfil). escala à volta das suas figuras principais. Quanto maior
A representação dos pés é um exemplo de como esta for a figura, mais importante é. Nos túmulos privados, Construção interna do sistema.
uma única figura do dono tem muitas vezes a altura de As curvas dos pés são
forma é uma montagem, mais do que o resultado de uma representadas como uma curva
observação visual. Até meados da 18.º dinastia, e muitas toda a área em relevo numa parede, chegando a atingir acima da linha de base. Às patas
cujas cenas ele «observa», estando virado dos cães são visíveis através do
vezes depois dessa altura, ambos os pés eram vistos de seis registos,
«buracos inexistente, Estela da
dentro, com um único dedo e a curvatura. Como a curva- para elas. Pode também ter um tamanho várias vezes 12.º dinastia. Museu de Berhm
tura não pode ser representada sem a indicação de profun- maior do que o das figuras da mulher e dos filhos, que (Leste).
didade, o pé sai todo do chão para a formar. Esta carac- têm os braços à volta dos seus tornozelos. De igual
terística adquire vida própria e o segundo pé pode ver-se modo, o rei domina os seus súbditos. Nos relevos de
através do intervalo da curvatura, tendo a convenção do batalhas do Império Novo, uma enorme figura do faraó
desenho sido interpretada visualmente, Esta é uma das e do seu carro pode ocupar quase metade da área, sendo
inúmeras construções de origem espontânea do sistema, o restante preenchido com soldados egípcios, inimigos
58
ARTE E ARQUITECTURA
vencidos e uma fortaleza inimiga, numa colina, con- mada como certa e suavizada, provavelmente por razões
tendo minúsculas pessoas, em direcção às quais o faraó estéticas. Existem também algumas obras pequenas, so-
estende a mão para as agarrar. À lógica visual interna c à bretudo de madeira e de finais de 18.º dinastia, que sc
mensagem ideológica sobrepõóem-se à verosimilhança. afastam das regras, representando rotações e contra-
Os principais relevos em que se verificam poucas varia- posto, e mantendo apenas vestígios dos conjuntos nor-
ções de escala encontram-se em templos, onde normal- mais de eixos de definição. Estas são importantes por-
mente apenas o faraó e as divindades são representados, que mostram que as formas estritas não eram as únicas
sendo todos de categoria idêntica dentro do contexto. de que os Egípcios dispunham.
A escala pode também ser ajustada por razões de estilo.
Assim, os portadores de oferendas de todos os períodos Técnicas em pintura, relevo e escultura
levam muitas vezes minúsculos animais, que se lhes so- Em duas e em três dimensões, a base do trabalho do
brepõem às pernas, numa organização que economiza artista era o desenho preparatório. Utilizavam-se gre-
espaço e produz um agrupamento nítido. No extremo lhas quadradas e conjuntos de linhas de orientação, de
oposto, os portadores do século 1v levam, por vezes, às modo a assegurar uma representação exacta. Para O
costas invulgares gansos colossais; aqui a razão parece corpo humano, as grelhas bascavam-se, até à 26.º dinas-
ser a exuberância estilística. tia, num quadrado do tamanho do punho da figura a
- Um outro aspecto ideológico da arte egípcia não é do desenhar, que se relaciona proporcionalmente com to-
foro da representação, mas é quase tão fundamental das as outras partes do corpo. Em teoria, a grelha tinha
como se o fosse. Em grande parte das obras que se con- de ser desenhada de novo para cada figura de tamanho
servaram há uma persistente idealização, sendo as coisas diferente, mas, na prática, as figuras de menos impor-
representadas como deviam ser e não como são. A idea- tância eram talvez, muitas vezes, desenhadas livre-
lização é, no entanto, tão selectiva como o tratamento da mente. Os desenhos preliminares eram inscritos dentro
escala. As figuras mais importantes tomam forma ideali- das grelhas e transformados no produto final por um
zada, representada sobretudo através de uma maturi- processo de correcção e elaboração, em várias fases. E
dade jovem, enquanto as mulheres são todas jovens € evidente que os artistas trabalhavam em grupos, sendo,
magras. Normalmente estão em repouso. As figuras su- provavelmente, especializados nas tarefas que realiza-
bordinadas podem, por seu lado, ser representadas vam.
como enrugadas, carecas e deformadas e podem estar a As pinturas eram efectuadas por este processo, utili-
discutir ou a lutar. Pormenores como estes são mais co- zando um fundo preparado, de pedra ou gesso, com
muns nos mais belos túmulos do Império Antigo, onde uma ligeira demão de sulfato de cálcio hidratado. Os
Estatueta de madeira de buxo podem ter sido acrescentados, em parte para dar interes-
representando uma jovem serva relevos eram esculpidos e depois pintados, o que impl-
levando um vaso de unguento. se e individualidade às cenas. Não se encontram nos re- cava o desenho inicial, o entalhe e, em seguida, novos
O equilibrio de um corpo que levos dos templos, que representam um mundo abs- desenhos que serviam de base à pintura.
carrega um peso está bem
reproduzido. Esta figura está
tracto e sem tempo. As obras de escultura começavam por blocos de
quase liberta das restrições da forma regular, cujos lados principais serviam de superfi-
maior parte da escultura egípcia. Escultura cie para grelhas e desenhos. A pedra era então retirada,
Altura, 153 cm. Reinado
de Amenóáfis HI. Durham,
A óbvia semelhança estilística entre a escultura, o relevo com o desenho servindo de guia. À medida que o traba-
Museu Gulbenkian de Arte ca pintura baseiam-se, em parte, em técnicas que lhes lho ia progredindo, os desenhos eram renovados uma
Oriental. são comuns. Podem existir razões mais fundamentais vez e outra, havendo obras quase completas que têm a
para os rígidos eixos da escultura, uma vez que esta
característica se encontra quase tão espalhada pelo Estátua em bloco de Peremihos.
A linha inclinada dos braços
mundo como a representação a duas dimensões, sem
equilibra a cabeça erguida,
perspectiva, mas tais razões não são claras. Qualquer Gramto cinzento, De Tell vl-
que seja a resposta a esta pergunta mais geral, a continui- =Muqdam. Altura, 46,3 cm,
Museu de Brooklyn.
dade e o desenvolvimento paralelo das duas formas são
notáveis.
Quase todas as estátuas mais Importantes representam
uma figura que olha em frente, numa linha perpendi-
cular ao plano dos ombros e cujos membros estão res-
tringidos dentro dos mesmos planos. A maior parte das
vezes encontra-se em repouso, sem estar ocupada em
nenhuma actividade. A interacção orgânica das partes
do corpo quase não é indicada, de modo que as estátuas
se assemelham a um «diagrama» a duas dimensões, for-
mando um aglomerado de partes separadas. À analogia
sugere que este pode ser um aspecto básico da represen-
tação e não um elemento de estilo. Parte da semelhança
entre os géneros é devida à dependência da escultura em
relação ao desenho, numa versão modificada dá repre-
sentação egípcia normal, a duas dimensões.
As principais excepções à geometria rígida são as ca-
beças que olham para cima, talvez para ver o Sol, ou
para baixo, como as estátuas de escribas, para olharem
para um papiro desenrolado no colo. As figuras ajoelha-
das, têm, por vezes, os músculos das pernas flectidos
mostrando, ao que parece, que a sua pose é um gesto
momentâneo de deferência. Pormenores como este, €
leves indicações da coerência orgânica do corpo, são res-
tritos às melhores obras, em que a rigidez normal é to-
59
Co n v e n ç õ e s de r e p r e s e n t a ç ã o dade em o compreender, embora seja fácil ser-se
ilu-
e ser
o egípcia tem as suas raízes na cultura dido. Quando o objecto ou cena não é familiar, pod
A representaçã icar
baseia em impossível identificá-lo, ou não lhe conseguimos apl
egípcia. Ao contrário da perspectiva, não se Nesta
minador uma regra que explique um aspecto intrigante.
leis científicas, mas respeita um «mínimo deno de re-
é um página estão exemplificados diferentes métodos
comum» que facilita o reconhecimento. Quando
dificul- presentação dentro das regras básicas.
objecto familiar que está representado, não há
homem, ou o braço direito dela
apoiado no braço da cadeira.
A profundidade aparente da ca-
deira é, provavelmente, a sua lar-
gura, e o homem é colocado arbi-
trariamente, de modo que o seu
corpo não seja obscurecido pelo
braço da cadeira.
Convenção pura ou
observações características
Nalguns casos há regras consideração o tamanho dos
arbitrárias que ajudam à animais, donde o ângulo à parar
distinguir formas semelhantes. do qual são normalmente vistos,
co A UC PATA Os crocodilos apresentam-se Mas no que respetta às moscas
fi sempre de perfile os lagartos são e abelhas, a diferença é so
ai
vistos de cima: Tal facto tentem convencional
o —
ARTE E ARQUITECTURA
Execução de um relevo
a
ir =
]
-
| |
18 quadrados, desde o chão até à meiras fases do trabalho numa estátua colossal tinham
linha do cabelo (a parte acima é de
E. -
bl
Estelas tumulares
As estelas (lajes) tumulares e o caixão com a múmia Ão contrário da câmara funerária, a estela tumular es-
cram os elementos mais importantes dos túmulos egíp- tava normalmente acessível ao público. Era o centro do
cios (por oposição às simples sepulturas). culto funerário do defunto e as oferendas eram trazidas
Em geral, a estela identificava o defundo pelo seu em dias estipulados e colocadas em mesas de oferendas
nome e título (os Egípcios diziam que «faziam o seu em frente dela.
nome viver») c representavam-no sentado a uma mesa
coberta de oferendas ou recebendo oferendas de mem- Em Abido conhecem-se estelas
reais da 1.º dinastia (à direita).
bros da sua família. Nas estelas mais recentes o morto Duas delas, de topo arredondado,
cra representado na companhia de deuses. Este era o simetricamente desenhadas e
estado de coisas ideal, que todos desejavam para o seu soltas, foram colocadas junto a
uma das faces da mastaba (em
ka; a estela ajudava, portanto, a perpetuá-lo eterna- baixo). Continham apenas o
mente. Nos períodos mais antigos, um elemento im- nome do rei.
portante da estela era uma lista ou representação das
provisões de que o ka necessitava para a sua existência.
A fórmula hotep-di-nesu, componente constante, as-
segurava que estas provisões estariam disponíveis:
«Uma dádiva que o rei oferece a Osíris, para que este
dé ao ka do defunto oferendas-invocações de pão, cer-
veja, bois, aves, alabastro, roupa e todas as coisas boas
e puras de que um deus vive.» Esta fórmula antiga
mostra como se julgava que era feito o aprovisiona-
mento do tumulo: o rei apresentava oferendas a Osíris,
soberano de todo o mundo dos mortos, € pensava-se
que, através dele, o ka do morto recebia a sua parte.
Aos visitantes e aos que por lá passavam pedia-se para
recitarem cessa fórmula, fazendo assim o desejo nela
contido tornar-se realidade.
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(à esquerda e à direita)
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particular (por exemplo, a parar
= umbral interior
da selecção das divindades
— parede Iraseira do nicho nvocadas).
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Osiris) nas cenas principais.
ARTE E ARQUITECTURA
de modo que o Sol se «levante» na entrada do pilone, uma grande pirâmide ou das paredes inclinadas de um
entrando os seus raios no santuário, que está colocado pilone.
mesmo sobre o eixo, e seguindo o seu curso através do Os alicerces dos edifícios egípcios eram muitas vezes
templo. surpreendentemente fracos, consistindo numa trinchei-
A parte mais imponente do templo principal é a sala ra, cheia de areia e coberta de tosca cantaria (a areia pode
hipóstila, ou de colunas, que resume convenientemente mesmo ter tido tanto um objectivo simbólico como fun-
o esquema decorativo do todo. Os capitéis das colunas cional). Só no período greco-romano é que existiram
representam plantas aquáticas e o registo mais baixo das alicerces regularmente maciços, de alvenaria adequada,
paredes tem plantas semelhantes em relevo; a sala é, em grande parte construídos a partir de edifícios anterio-
simbolicamente, o pântano da criação. Às arquitraves e res, demolidos para dar lugar a outros novos.
o tecto têm relevos representando o céu, de modo que a Em alvenaria a argamassa era utilizada em pequenas
decoração abranja todo o mundo. Em vez de pântano, o quantidades, segundo uma técnica que consistia em
registo mais baixo pode conter portadores de oferendas, colocar uma fila de blocos, nivelá-la pelo cimo, cobrir a
trazendo produtos da terra para alimentar o templo. Ne- superfície com uma fina camada de argamassa, cujo
nhum deles faz parte do esquema principal, mais abs- principal objectivo era o de servir de lubrificante, e as-
tracto, que consiste em vários registos de cenas, organi- sentar a fila seguinte. As superfícies e, talvez, as junções
zadas como um tabuleiro de xadrez, que representam o salientes dos blocos eram alinhadas antes de estes serem
faraó, virado para dentro, para o santuário, apresen- utilizados. Cada bloco era encaixado individualmente
tando oferendas e realizando rituais de homenagem ao no seguinte, já que as junções nem sempre eram verti-
deus. O deus, que reside no templo, está virado para o cais ou perpendiculares à superfície. Um único bloco
exterior, sendo as divindades representadas nos relevos podia até formar um canto interior e os níveis das filas
mais diversificadas do que as veneradas num único tem- horizontais só podiam ser mantidos numa curta distân-
plo. Muitas cenas representam rituais realizados no tem- cia. Muitas vezes colocavam-se grampos de madeira nas
plo, mas outras têm um significado menos específico. junções horizontais por detrás da superfície, de modo a
Do ponto de vista do templo, o intercâmbio entre o dar uma maior rigidez e evitar o deslize enquanto a arga-
faraó e o deus é o centro das actividades do mundo. massa secava. O principal objectivo das complicadas
Grande parte dos relevos do templo é de carácter seme- técnicas de junção era, provavelmente, o de minimizar o
lhante. desperdício e utilizar o maior lado praticável do bloco.
As zonas Interiores têm um chão levantado e um tecto As arestas dos blocos eram cortadas à medida quando
mais baixo do que a sala hipóstila, estando, portanto, estes eram montados, mas a superfície principal ficava
protegidas pela zona exterior, e são mais sagradas. Há em bruto.
um certo número de salas relativamente pequenas, à É provável que os Egípcios trabalhassem sem disposi-
volta do santuário, cuja parede exterior imita o exterior tivos elevatórios mecânicos, sendo o método básico de
de um templo, formando uma estrutura dentro de ou- levantar pesos o de enterrar a parede que estava a ser
tra. O santuário representa o morro da criação, relacio- construída por detrás de uma rampa de entulho. Esta era
nado com o pântano da sala hipóstila e, ao atravessar em continuamente acrescentada, até que as paredes atingis-
direcção ao santuário, uma procissão passa pelas fases da sem a altura total. As pedras eram então alisadas, quer a
criação. partir das rampas que iam sendo desmanteladas, quer de
andaimes de madeira que eram possivelmente utilizados
Técnicas mais tarde para esculpir as decorações em relevo. As
O trabalho em pedra egípcio produziu estruturas talha- várias fases do trabalho num edifício desenvolviam-se
das na rocha, com técnicas semelhantes às da extracção muitas vezes simultaneamente, podendo assim pedrei-
de pedra, morros sólidos — as pirâmides — e estruturas ros, desenhistas, estucadores, escultores de relevos e
autónomas mais convencionais. Descreve-se aqui O tra- pintores ser todos empregues ao mesmo tempo. Pode
balho nestas últimas. ver-se algo disto nos túmulos particulares de Tell el-
Sabe-se muito pouco de como se planeavam e se ins- -Amarna e no túmulo de Haremhab (1319-1307), no
peccionavam os sítios, sendo a maior parte das reconsti- Vale dos Reis. Dado que poucos túmulos e templos
tuições dos processos quase completamente especulati- egípcios chegaram a ser inteiramente acabados, a confu-
vas. De qualquer modo, havia uma perícia enorme na são daí resultante pode ter parecido o estado de coisas
manutenção de um rigoroso plano e na construção de normal.
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O que sabemos dos navios do Período pré-dinástico: 1) Por trapezoidal, geralmente mais alta
antigo Egipto baseia-se em vezes, embora não sempre, proa do que larga; 4) A partir da 5.º
testemunhos pictográficos e popa com grande inclinação dinastia, remos. Periodo pré-dináslico
(relevos e pinturas), em modelos para cima (até as grandes Império Médio: 1) Popa mais
de barcos encontrados em embarcações do Nilo eram alta; 2) O mecanismo de direcção
túmulos e em descobertas construídas, em grande parte, era accionado por um timonceiro
isoladas de barcos funerários de papiro ou material de pé entre o maciço poste do
enterrados (em Gizé e Dahshur). semelhante; 2) Um ou mais leme e o remo leme, geralmente
As fontes escritas são raras € grandes remos da cauda; 3) Vela único; 3) Mastro único, que se
pouco informativas. Os barcos rectangular; 4) e 5) Pangais em baixava e apoiava num suporte
que, no antigo Egipto, dois grupos (separados pela bifurcado quando se descia o rio; N
navegavam no Nilo variavam cabina central); 6) Decoração da 4) Cabina à frente do poste do
muito segundo a finalidade a que proa com ramos de árvores (?); leme.
se destinavam (barcos de estandarte próximo da cabina, Império Novo (vasta gama
passageiros, de carga, barcas — Império Antigo: 1) Forma de tipos especializados):
cerimoniais, etc.), mas um guia «clássica» do casco egípcio (sendo 2) Mecanismo de direcção,
bastante fiável para a sua datação agora a madeira o principal geralmente com dois lemes,
é-nos dado por: 1) Aspecto do material de construção), muitas accionados por um timonciro
casco; 2) Método de direcção; vezes com proa em forma de de pé à frente do poste do leme; Império antigo
3) Tipo de mastro e vela; cabeça de animal; 2) Vários remos 3) Vela mais larga do que alta;
4) Remos ou pangais da da popa grandes, mas, a partir 4) Castelos da popa e da proa,
embarcação; 5) Disposição das da 6.º dinastia, com equipamento com cabina em posição central.
cabinas, c 6) Aspectos especial; 3) Mastro geralmente Período tardio: 1) Tendência
invulgares. bipé: vela provavelmente para uma popa mais alta,
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O ALTO EGIPTO MERIDIONAL
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Como os Egípcios se orientavam em direcção ao sul, de Tebas. Existem, contudo, rotas do deserto para co- Em cima, à esquerda: à ilha
de Eletantina vista do braço
Assuão foi a «primeira» cidade do país a norte da fron- mércio e expedições mineiras, em direcção a este c a ormental do rio; em primeiro
teira verdadeira, na ilha de Biga. oeste, que foram significativas em grande parte dos plano, as muralhas romanas
restauradas perto do pilómetro.
A parte mais meridional do país encaixa-se nas divi- períodos.
sões naturais do 1.º nomo do Alto Egipto, de Biga até Como convém à sua importância de longa data, há Em baixo. à esquerda: pavilhão
norte de Gebel el-Silsila, c dos 2.º-4.º nomos até Tebas. numerosos locais de escavação do pré-dinástico e do di- de Trajano, em Plulac, contas
nástico primitivo no alto Egipto meridional, Os perio- fundações de uma pequena
Ambas são mais ou menos iguais em comprimento, ao capela em primeiro plano: toto-
longo do rio, mas a primeira pertence à cintura de are- dos posteriores mais bem representados são o Império etatia arado en 1964 antes da
nito da Núbia, sendo um terreno inóspito e estéril, do- Antigo c o 1.º período intermédio, o princípio do Im- construção da grande barragem
minado pelo deserto e rico em minerais. Até hoje o seu pério Novo ec o período greco-romano. Todos estes Em cuna, à direta talcão colossal
carácter é fortemente núbio, foram períodos em que o governo não cra fortemente de vramto comento d entrada da
Kom el-Ahmar toi um dos mais antigos centros ur- centralizado, o que bencficiava uma zona periférica. sala Impósula do templo de tdtu:
provavelmente prolomaico.
banos, mas a sua importância declinou durante o pe- Para além da paisagem magnífica, que se vê melhor do
riodo histórico. Talvez devido à posição dominante de rio, OS monumentos mais impressionantes são agora Em baxo, à direita: complexo de
Tebas, os distritos a sul foram incluídos, durante o Im- provavelmente as capelas e relicários de Gebel el-Silsila, túmulos de Pepynakhte outros
em Qubber el-Hawa, à norte
pério Novo, no território do vice-rei da Núbia. Neste que recordam a importância da inundação para o Egipto de Assudo. À sala de entrada,
troço do rio, o vale é relativamente estreito e não podia c os grandes templos romanos: Philac, Rom Ombo, ad colunas Cds estadas estão
na cncustd APEnOSd.
alimentar uma população tão numerosa como a zona Edtu c Esna, escavadas
70
”
Elefantina e Assuão
Cidade e templos de Elefantina. ta
& Luxo!
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Tumbas
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87, Lugar delta
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CAPA
Em cima, à esquerda: restos da
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capúno cánlera
Terraplen
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con caníéeo
FO Na Ne virada a noroeste, com a aldeia
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moderna ao fundo. As paredes
de pedra que se vêem datam de
muitos períodos diferentes
(a porta que está de pé foi
restaurada).
Philae
ver-se (da direita para a
esquerda): 1.º colunata oriental;
quiosque de Trajano; 1.º pilone;
capela do nascimento e 2.º
colunata oriental; 2.º pilone e
No seu grandioso cenário, na 1.º catarata, a luxuriante porta
de Plolomeu Il templo de Isis. No telhado do
ilha de Philae foi a mais romântica atracção turística do [5] ra fo templo de Ísis há vestígios de
casas modernas (retiradas no
Egipto do século x1x, mas com a construção da primei- templo de
Ear] século x1x).
ra barragem de Assuão passou a ficar submersa grande Imhotep quiosque de
Em cima: figura de sistro,
parte do ano. Hoje em dia, em consequência da constru-
Trajano
73
O ALTO EGIPTO MERIDIONAL
À direita: templo de Sobek e
Em baixo: porta de Adriano, em Haroeris, em Kom Ombo, visto
o Philac: relevo de Ísis (com cabeça de leste. A parede exterior de
5 de vaca) vertendo leite sobre o tijolo está em primeiro plano,
* Luxor bosque sagrado de Biga, com à com as paredes exteriores €
À «alma» ressuscitada de Osiris por interiores da vedação por trás,
N cima. Por trás está a «paisagem» as figuras colossais em relevo são
rochosa de Biga, com uma figura
romanas.
Gebel -Siias Kom Ombo da inundação na caverna de onde
Jess -
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emergeà , e um falcão e um abutre
(º Assudo por cima.
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O mais notável dos templos que restam é o de Hátor,
encarnando aqui a deusa encolerizada do mito, que foi
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deusa.
No extremo norte da ilha encontrava-se um templo
de Augusto e uma porta, designada por «Porta de Dio-
cleciano» (284-305 d. C.), e entre estes e o templo de Ísis
estavam duas igrejas que coexistiram, desde meados do
século Iv d. C., com os cultos pagãos, finalmente supri-
midos pelo imperador bizantino Justiniano (527-565
d. C.). A sala hipóstila do templo de Ísis foi transfor-
fe É mada em igreja e, como em muitos outros locais, as fi-
guras dos reis e deuses do templo foram desfiguradas.
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ou estar enterrados. profundo. Tal como outros poços nos recintos do tem-
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O rei mais antigo referido no templo é Ptolomeu VI plo, este permitia que, dentro da zona sagrada, se tirass:
Filometor e grande parte da decoração foi terminada por água pura, teoricamente proveniente das próprias águas
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Prolomeu XII Aulete. No princípio do período romano primevas, evitando a poluição do mundo exterior.
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75
O ALTO EGIPUO MERIDIONAI
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Ramsés IH, Merneptah) e por altos digmitários. parti- dd
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Edtu, perto do rio e sobranceira ao largo vale circun-
dante, é um local ideal para a fixação, pois está livre de
inundações mas não isolada perto do deserto. O templo
ptolomaico fazia parte de uma zona maior, que se esten-
dia para leste e sul, por baixo da cidade moderna que
deve ter contrabalançado as vastas ruínas a oeste.
A parte ocidental tem um muro de vedação interior
um exterior que datam do Império Antigo. No interior
dos muros e sobre eles encontram-se vestígios da cidade
do Império Antigo e do período greco-romano.
O muro mais recente sobrepõe-se a uma zona de tú-
mulos de finais do Império Antigo e do 1.º período in-
termédio, que se estende mais para oeste. Estes túmulos
compreendem mastabas bastante grandes, tendo tam-
bém sido encontradas estelas, estátuas c mesas de
oferendas do 2.º período intermédio e do Império
Novo.
Apenas a base do pilone de um templo de Ramsés II
foi prescrvada. Esta está convencionalmente orientada
em direcção ao Nilo e deve ter feito parte de uma cs-
trutura muito mais pequena do que a que lhe sucedeu.
O templo mais moderno faz alusão a este precursor,
ao alinhar um portal no seu primeiro pátio com um
que se encontra entre os dois maciços de um pilonce
mais antigo. Forma um complexo com uma pequena
porta a sul e, logo a sul desta porta, a casa do nasci-
mento, em ângulo recto com o templo principal. É o
templo mais completamente preservado do Egipto e a é um prolongamento do muro exterior do pátio. As Cimo da página: vista aérea
sua forma é modelar. As inscrições da construção, es- cenas e inscrições que se encontram aqui e na face ex- de norte, tirada em 1932. Vê-seo
critas cm bandas horizontais nas zonas exteriores, dão terior do muro de vedação compreendem uma lista de templo que domina o local, assim
como boa parte da elevação da
numerosos pormenores sobre a construção que come- doações de terras ao templo, provavelmente transferidas cidade. Os relevos monumentais
çou em 237 (Ptolomeu III Evérgeta 1). À parte imterior de um original demótico, uma narrativa da sua função dos muros exteriores são visíveis
mesmo a esta distância.
foi terminada em 212 (Prolomeu IV Filopator) e de- mítica ce um conjunto grandioso de relevos com um
corada por volta de 142 (Ptolomeu VIII Evérgeta II). texto «dramático» de um ritual em que Hórus venceu o Em cima: conjunto de capitéis no
A sala hipóstila exterior foi construída em separado, seu inimigo Seth. antepátio, Duas são formas
compósitas, uma tem múltiplas
tendo sido terminada em 124 (Ptolomeu VIII Evérgeta Um aspecto impressionante da parte interior do templo umbelas (2) de papiro e a outra
Il). A decoração desta ec de outras partes foi terminada é a exploração subtil da luz — ou da escuridão. Algumas uma única umbela com os
em 57. Em grande parte, o trabalho prosseguia, inde- salas estão completamente às escuras, enquanto noutras a pedúnculos decorados. O capitel
com folhas de palmeira é um tipo
pendentemente da situção política, mas foi suspenso luz entra por aberturas entre as colunas da sala hipóstila e antigo de associação solar e
por mais de 20 anos, durante os tumultos no Alto por orifícios no tecto ou no ângulo entre O tecto e uma também aquáticojá, que as
Egipto, nos reinados de Prolomeu IV e Prolomeu V parede. O percurso é, em geral, da luz para a sombra, palmeiras crescem muitas vezes
junto de charcos. As arquitraves
Epifanes. recebendo o santuário apenas luz de um eixo. O efeito de têm cenas solares,
A invulgar orientação do templo, em direcção a sul, tudo isto devia ser incomparavelmente mais rico quando
Cc, talvez, devida à natureza do local. Por detrás do os relevos mantinham as suas cores originais. À direita: vista do leste da sala
póstila de Edru. À altura co
pilone, o pátio, o único do seu tamanho que se conscr- O naos monolítico, de sienito muito polido, que se pequeno mtervalo entre as colunas
vou, tem colunas com pares de capitéis de formas encontrava no santuário, devia conter um relicário de restringem q sensação de espaço; O
características, tal como outros edifícios daquele perío- madeira com à imagem de culto do deus — provavel- resultado retlecie o simbolismo de
pántano ou matagal da sala. Às
do, gue conferem variedade a formas de outro modo mente com 60 em e teita de madeira coberta de ouro c colunas têm formas de plantas na
uniformes. Os portais por trás do templo dão acesso a pedras semipreciosas. E o objecto mais anugo do tem- base Lixas com Motivos
uma zona limitada pelo muro de vedação de pedra que plo, datando de Nectanebo LI,
emblematicos por coma é por baixo
das cenas de oferendas centrais.
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O ALTO EGIPTO MERIDIONAL
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As zonas exteriores da capela de nascimento estão mui- pério Novo foi substituída no seu papel por el-Kab e
to mais em ruínas, mas o santuário e o deambulatório pertenceu ao território administrado pelo vice-rei de
estão bem conservados. No deambulatório sul os relevos Kush.
estão abrigados do constante vento norte e alguns deles Podem discernir-se vastas ruínas de povoações pré-
conservam a cor, dando uma ideia do efeito dos tons utili- -dinásticas e de cemitérios, numa extensão de cerca de
zados neste período sobre vastas superfícies. 3 km ao longo do limite do deserto, a sul e sudoeste de
Tal como outros templos mais recentes, Edfu foi esva- el-Muissat, sendo particularmente densas a leste do uadi
ziado do seu mobiliário e equipamento quando deixou de em frente do qual se situa Kom el-Ahmar. Uma estru-
ser utilizado. Temos, no entanto, a sorte de ter um par de tura de tijolos cuja finalidade não se conhece ao certo
estátuas colossais de falcões ladeando a entrada e um único («A Fortaleza»), provavelmente do dinástico primitivo,
junto à porta que dá para a sala hipóstila. Um grupo de situa-se a uns 500 m para dentro do uadi. O famoso
estátuas de rapazes nus, de tamanho maior que o natural «Túmulo Decorado 100» foi encontrado no fim do sé-
— provavelmente o jovem deus Ihy ou Harsomtus —, culo passado, na parte mais oriental da zona de
que jaz agora no pátio, deve também ter feito parte da povoamento/cemitério, tendo-se entretanto perdido.
decoração monumental do templo, atenuando o seu actual A parede ocidental do túmulo subterrâneo, de tijolos,
aspecto austero. de tamanho modesto (4,5 m por 2 m por 1,5 m), era
decorada com uma pintura notável, representando bar-
cos, animais e homens. Pertencia, possivelmente, a um
dos chefes locais de finais do período pré-dinástico e é
Kom el-Ahmar
importante como indicador da crescente estratificação
social da sociedade egípcia, assim como documento que
mostra as convenções e motivos da arte egípcia em for-
mação.
No início da 1.º dinastia, a cidade, de forma irre-
Q gular, conhecida por Kom el-Ahmar, substituiu a po-
Kom el-Ahmiar voação mais antiga no limiar do deserto. O seu canto
recinto :
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sul, que ocupa cerca de um sexto da área total, era O objectos do «Depósito Principal» (paletas, pontas de
complexo de templos. Este foi parcialmente desco- maças, vasos de pedra, figuras esculpidas cm marfim,
berto durante as mais importantes escavações levadas a etc.) datam da época dos dois faraós de princípios do
cabo em Hicracômpolis, em 1897-1899. Aos escava- dinástico já mencionados, embora tenha sido proposta
dores, J. E. Quibell e F. W. Green, depararam-se uma data posterior para algumas peças sem incrições,
grandes dificuldades técnicas, para as quais a arqueolo- Encontraram-se no templo monumentos de quase to-
gia egípcia não estava ainda devidamente equipada. Na dos os períodos posteriores, mas estes não são muito
sua forma mais antiga, o templo de tijolo continha numerosos nem espectaculares, à excepção dos da
aparentemente um montículo de areia revestida de pe- 6.º dinastia (duas grandes estátuas de cobre represcn-
dras, talvez o protótipo do sinal hieroglífico com que tando Pepi Le Merenre, uma estela de granito repre-
se escrevia o nome Nckhen. O faraó Narmer foi o sentando um faraó Pepi na companhia de Hórus
principal benfeitor, juntamente com Khasckhem/ Hátor, uma base de estátua de Pepi Il, possivelmente
|Khasckhemwy. Numa altura posterior, muitos dos também a cabeça de uma imagem de ouro de um tal-
objectos votivos que tinham sido oferecidos ao templo cão), podendo nessa época ter sido teitas alterações
foram reunidos e depositados num esconderijo (o cha- à estrutura.
mado «Depósito Principal»). Não é claro quanto c No uadi da «Fortaleza» e nos seus ramos subsidia-
porque se fez isso, talvez devido à uma reconstrução nos foram encontrados túmulos cavados na rocha
do templo ou à incerteza dos tempos. Muitos dos vom decorações v MISCTIÇÕES, desde a 6 a 8. dinastia.
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e Luxor
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e El-Kab
e Assuão
mentos reais e divinos, sendo por isso equiparada, no À esquerda: um dos templos do
el-Kab período greco-romano, à Eileithya grega, quando a ci- deserto, em el-Kab, o santuário
ptolomaico da deusa Sheshmetet,
dade se chamava Eileithiyáspolis. Pelo menos desde cavado na rocha, visto do sul.
o início da 18.º dinastia, Nekheb serviu de capital do
3.º nomo do Alto Egipto, embora tenha mais tarde ce-
dido o seu papel a Esna.
A vista do recinto da cidade de el-Kab, que mede
cerca de 550 m por 550 m e está rodeado de maciços
muros de tijolo, é muito impressionante. A muralha
contém o templo principal de Nekhbet, com várias es-
truturas anexas, incluindo uma capela do nascimento,
bem como templos mais pequenos, um lago sagrado e
alguns cemitérios antigos.
É provável que as modestas estruturas dos templos
tenham sido erigidas em el-Kab ainda no período di-
nástico primitivo, facto sugerido pela presença de um
bloco de granito com o nome de Khasekhemwy.
Os mais antigos vestígios de actividade humana na zona Durante o Império Médio, Nebheptre Mentuhotepe,
de el-Kab datam de cerca de 6000 a. C.: o chamado ka- Sebekhotepe II (capela do ritual sed) e Neferhotep III
biano, uma indústria microlítica que antecede as culturas (Sekhemre-sankhtawy) deram atenção a este local. As
neolíticas conhecidas no Alto Egipto. A antiga Nekheb, grandes actividades de construção no templo de Nekh-
na margem oriental do Nilo, e Nekchn (Kom el- bet começaram na 18.º dinastia. Quase todos os faraós «Num local chamado Caab...
-Ahmar), do lado oposto do rio, foram povoações mui- deste período deram a sua contribuição, de modo mais descobrimos algo que parecia
to importantes durante os períodos pré-dinástico e di- ou menos importante, mas Tutmósis Ill e Amenófis Il uma peça da Antiguidade....
chegámos às ruínas de um templo
nástico primitivo. Esse facto reflectiu-se na elevação da parecem ter sido os mais proeminentes. Após o inter- antigo, consistindo em seis
deusa de Nekhbet, a deusa-abutre de Nekheb, ao esta- lúdio do período de Tell el-Amarna, os Raméssidas pilares em duas filas, com os
tuto de deusa tutelar dos faraós egípcios (juntamente telhados intactos. Um pouco
continuaram a glorificar Nekhbet, ampliando o seu a norte estão os fragmentos de
com a deusa-serpente, Wadjit, do Baixo Egipto). Nekh- templo. Há também testemunhos de Taharqa, da 25.º muitos outros pilares partidos
bet era considerada como a deusa do Alto Egipto par dinastia, Psamético I, da 26.º, e Dario I, da 27.º, mas a c bastantes outras ruínas, €,
excellence'. Conhecida também por «A Branca de Ne- curiosamente, ornadas de
forma sob a qual o templo, agora muito dilapidado, hieróglifos, etc.» (C. Perry, Vista
khen», era uma das divindades que ajudava aos nasci- surgiu aos olhos dos arqueólogos deveu-se, sobre- do Levante, 1743, p. 361,
tudo, aos reis das 29.º e 30.º dinastias (Hokaris, Necta- descrevendo as colunas da sala
hipóstila de Hakoris, no templo
! Em francês no original. nebo I e Nectanebo II). de Nekhbet).
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templo de Thol relicarnio (e
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OQ ALTO EGIPTO MERIDIONAL
Esna
Esna, a Junyt ou (Ta)scenet do Antigo Egipto, foi desig-
nada em grego por Latopolis, devido ao peixe Lates. ah
considerado sagrado e enterrado num cemitério a oeste
da cidade.
Na mesma zona há cemitérios humanos do Império
Médio e do período tardio.
O templo de Esna fica a cerca de 200 m do no, no
meio da cidade moderna. Devido à acumulação de detri-
tos de ocupação e de sedimentos, fica actualmente cerca
de 9 m abaixo do nível da rua. À avenida cerimonial.
que devia ligar o cais ao templo, desapareceu. O cais
tem cartuchos de Marco Aurélio c ainda é utilizado. Os
textos do templo relacionam-no com quatro outros na-
quela zona, três a norte e um na margem oriental, todos
cles totalmente desaparecidos, embora ainda se pudesse
ver partes deles no século x1x. Em Kom Mer, 12 kma
sul, foi recentemente escavado outro templo do mesmo
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O templo é consagrado a Khum c a várias outras
divindades, as mais importantes das quais são Neith «
Fachada do templo de Khnum, Fora do recinto encontravam-se duas capelas, actual- Heka, cujo nome significa «poder mágico» e que é
em Esna, século 1 d. C. As portas
mente destruídas. A primeira, a cerca de 750 m a noro- aqui uma divindade-criança. No estado em que sc en-
laterais que dão para a sala
hipóstila têm importantes textos este, foi construída por Tutmósis IJ, ec a outra, fora do contra, consiste apenas numa sala hipósuila inteira-
mitológicos c eram as entradas muro de vedação nordeste, por um dos Nectanebos. mente preservada, cuja parede oeste formava o princi-
normais dos sacerdotes. pio do templo interior. Esta parede é anterior às res-
A uns 2,2 km a nordeste, na entrada para o uadi Hellal,
encontra-se o primeiro dos chamados «templos do de- tantes, com relevos de Prolomeu VI Filometor c
serto», santuário da deusa Shesmetet (Smithis), parcial- Prolomeu VII Evérgeta IL. O resto da sala hipóstila é
mente cavado na rocha. Foi construído em grande parte o mais recente templo importante conservado, sendo
por Ptolomeu VIII Evérgeta Il e Ptolomeu IX Sóter II. decorado no interior e no exterior com relevos dos sé-
Cerca de 70 m a sueste deste está a capela, bem conser- culos retido C. Algumas cenas, nomeadamente à de
vada (conhecida por «el-Hammam»), construída pelo deuses e rei apanhando aves com redes, são extrema-
vice-rei de Kush, Setan, durante o reinado de Ramsés Il, mente imponentes.
e restaurada sob os Ptolomeus. Era provavelmente con- OQ aspecto mais importante da decoração é a sério de
sagrada a Rá-Harakhty, Hátor, Amon, Nekhbet e ao textos escritos nas colunas, que fornecem um retrato
próprio Ramsés II. Mais longe, a cerca de 3,4 km do completo e rico de algumas festas do ano sagrado em
recinto da cidade, Tutmósis IV e Amenótis IH construi- Esna, apresentado de forma esquemática num calen-
ram um templo para Hátor, «Senhora da Entrada do dário, também inseto muma colunas Para além disso,
Vale», ve Nekhbet. há ainda um notável par de hinos criptográficos q
Uns 400 m a norte da cidade existem túmulos cava- Kbum, um escrito inteiramente com hreróghtos de car-
dos na rocha, sobretudo da primeira metade do perio- netos c outro com crocodilos.
81
O ALTO EGIPTO MERIDIONAI
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Gebelem
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e Assuão
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el-Moalla
Os monumentos mais importantes de el-Moalla (prova-
velmente equiparada a Hefat do Antigo Egipto) são dois
túmulos do início do 1.º período intermédio, decorados
e cavados na rocha, pertencentes a Ankhtifi e Sebekho-
tepe. Para além das suas pinturas não convencionais, O
túmulo de Ankhtifi contém textos biográficos interes-
santes que descrevem a situação nos nomos do Sul, a
seguir ao final do Império Antigo.
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O ALTO EGIPTO MERIDIONAL
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TEBAS
A Waset do Antigo Egipto foi designada pelos Gregos quando a cidade foi capital do país. Os seus templos «As pirâmides, as catacumbas e
algumas outras coisas que se —
por «Thebai», mas não se sabe por que razão. Tem sido eram os mais importantes e ricos e os túmulos, prepara-
podem ver no Baixo Egipto são
sugerido que a pronúncia dos nomes egípcios Ta-ipet dos, na margem ocidental, para a élite dos seus habitan- consideradas grandes maravilhas,
tes, os mais luxuosos que o Egipto alguma vez viu. e justamente preferidas ao que O
(Ipet-resyt era o templo de Luxor) ou Djeme (Medinet resto do mundo se possa orgulhar
Habu) era semelhante à do da cidade da Beócia, mas este Mesmo quando, em finais da 18.º dinastia e durante o de ter. Mas se estas desafiam à
argumento não é muito convincente. período dos Raméssidas, a residência e o centro das acti- primazia a todo O mundo não
vidades reais se transferiram para norte (Tell el-Amarna, egípcio, por um lado, têm, por
Waset ficava no 4.º nomo do Alto Egipto, bem para outro, de conceder a glória da
sul. A sua situação geográfica contribuiu bastante para a Mênfis e Per-Ramsés), os templos tebanos continuaram superioridade aos muitos templos
importância histórica da cidade: ficava perto da Núbia e a prosperar, os monarcas continuaram a ser enterrados antigos, etc., de Saaide [Alto
Egipto)» (C. Perry, Vista do
do deserto oriental, com os seus valiosos recursos mi- no vale dos Reis e a cidade a manter uma certa impor- Levante, 1743, prefácio).
nerais e rotas comerciais, e distante dos centros de poder tância na vida administrativa do país. Durante o 3.º perí-
restritivos do Norte. Os soberanos locais de Tebas dos odo intermédio, Tebas, tendo à sua frente o sumo-
princípios da história egípcia seguiram políticas expan- -sacerdote de Ámon, contrabalançou o reinado dos
sionistas activas, em especial nos 1.º e 2.º períodos inter- faraós das 21.º e 22.º dinastias, cuja sede de governo era
médios. Durante este último tais políticas foram disfar- em Tanis, no delta. À influência de Tebas apenas termi-
çadas como uma reacção egípcia contra os invasores es- nou no período tardio.
trangeiros (os Hicsos). São raros os monumentos anterio- À parte principal e, provavelmente, mais antiga da ci-
res ao final do Império Antigo c Wasct pouco mais era dade e os templos mais importantes ficavam na margem
do que uma cidade de província, À sua ascensão a um oriental. Do outro lado do rio, na margem ocidental,
lugar de relevo teve lugar durante a 11.º dinastia e, em- ficava a necrópole, com túmulos e templos funcrários,
bora a capital tivesse sido transferida para Itjtawy no iní- mas também a parte ocidental da cidade. Amenófis II
cio da 12.º dinastia, Tebas, com o seu deus Ámon, foi tinha o seu palácio em cl-Malqata e, durante o período
considerada centro administrativo do Alto Egipto mcri- dos Raméssidas, a própria cidade de Tebas estava cen-
dional. O seu auge teve lugar durante à 18.º dinastia, trada a norte, em Medinet Habu.
84
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Os vestígios textuais e arqueológicos indicam que precessional
no de Amenófis Ill
início da 18.º dinastia, ou ainda antes, existia um
santuá-
no no local do templo de Luxor ou na sua vizinhança,
mas o templo que podemos ver hoje em dia foi construí-
do essencialmente por dois faraós, Amenófis III (a par =|
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interior) e Ramsés II (a parte exterior). Vários out
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soberanos contribuíram para as suas inscrições e decora 00o co
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ções em relevo, acrescentando pequenas estruturas ou
fazendo alterações, sobretudo Tutankhamon, Harem- ooas
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hab e Alexandre Magno. Um santuário mais antigo, oo
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da tríade tebana, foi incorporado no pátio de Ramsés II. oo
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O comprimento total do templo, entre o pilone e a 0000 0000
0000 0000 sala hipóstila
parede do fundo, é de quase 260 m. 0900
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O templo era consagrado a Ámon (Amenemope), que f] 1 a relicário
tomava, em Luxor, a forma do Min ictifálico. Estava o Ts TEST Tomano
em estreita ligação com o Grande Templo de Ámon, em TETE “Sala do nascimento»
Carnaque, e uma vez por ano, durante o segundo e ter- oe relicário da
ceiro meses da época das cheias, tinha lugar em Luxor —harça de Alexandre
templo dinástico, pedra Magno
uma longa festa religiosa, durante a qual a imagem de
Ámon de Carnaque visitava o seu Ipet-resyt, «lpet do estruturas posteriores , 0 50 m
relicário de
(sobretudo romanas), tijolo TEO pés
Sul», como era chamado o templo. Amenófis |Il o
No final do reinado do imperador romano Dioclecia-
no, logo a seguir ao ano de 300 d. C., a primeira antecâ-
mara da parte interior do templo foi convertida em san-
tuário do culto imperial, servindo a guarnição militar
local e a cidade, e os estandardes e insígnias da legião
eram lá guardados. Era decorado com magníficas pin-
turas, ainda visíveis no século xIx, mas quase completa-
mente perdidas actualmente. Uma pequena mesquita de
Abu el-Haggag, construída no pátio de Ramsés 11
durante o período dos Aiúbidas (século xi d. C.), ain
da
lá se encontra.
Uma alameda de esfinges de ca beça humana de Necta-
nebo 1 ligava Carnaque, cerca de 3 km à norte, a
Luxor,
levando o visitante até a um muro de vedação de
tijolo.
No antepátio que precedia o templo propriame
nte dito
encontravam-se várias estruturas posteriores,
inclusive
uma colunata de Shabaka (mais tarde desman
telada) e ca-
pelas de Hátor (construída por Iaharga)
e de Serápis
(construída por Adriano). As paredes de
tijolo cozido, vi-
siveis a leste e oeste do templo, são restos
da cidade ro-
mana, contemporânea do santuário imperial.
O templo tem, no frontispício, um pil
one de Ram-
sés 1, com relevos e textos no seu ext
erior, relatando a
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TEBAS
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capitéis em forma de umbelas
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Em cima e no extremo direito, em história da famosa batalha contra os Hititas, em Qadesh, A entrada para a colunata processional de Amenó-
baixo: pinturas das paredes do sa-
cellum romano: secção da parede
na Síria, em 1285 a. C. Em frente do pilone encontra- fis III, a norte, com sete colunas -de cada lado, tem
leste e parte das representações à vam-se inicialmente dois obeliscos de granito vermelho, dois colossos sentados de Ramsés Il com a rainha
esquerda da ábside (recanto semi- de que resta apenas um, de cerca de 25 m de altura, Nefertari junto à sua perna esquerda, enquanto do
circular criado pela conversão das lado sul se encontram duas duplas estátuas sentadas
1.º e 2.º antecâmaras do templo
tendo sido o outro retirado e colocado na Praça da Con-
mais antigo). Registadas por Sir córdia, em Paris, em 1835-1836. Várias estátuas colos- de Ámon e Mut. As paredes por trás das colunas fo-
John Gardner Wilkinson, em 1856, sais de Ramsés II, duas das quais sentadas, ladeiam a ram decoradas por Tutankhamon e Haremhab, com
entrada. A porta central do pilone foi decorada em parte
ou antes (anteriormente à data ci- relevos representando a festa de Opet, os da parede
tada em estudos especializados).
Hoje perderam-se quase completa- por Shabaka. oeste representam uma procissão de barcas entre Car-
mente.
O pátio com peristilo de Ramsés II, por detrás do naque e Luxor e os da parede leste a sua viagem de
pilone, tem 74 colunas papiriformes, com cenas do faraó regresso.
diante de várias divindades. As colunas estão dispostas Um antepátio com peristilo, de Amenófis HI, une-se
Página seguinte: duplo pormenor
de uma estátua de granito, de em dupla fila, dos lado do pátio, e são interrompidas por com a sala hipóstila, primeira sala da parte interior do
Amenófis II, com um cartucho de um relicário que consiste em três capelas (ou estações de templo, inicialmente coberta. Esta dá acesso a uma série
Memeptah acrescentado. Prove- barcas) de Ámon (centro), Mut (esquerda) ce Khons de quatro antecâmaras com salas secundárias. À cha-
niente de Luxor. «O cargo de rei é
um belo cargo: como não tem fi- (direita), construídas por Hatshepsut e Tutmósis HI e mada «Sala do Nascimento», a leste da segunda antecá-
lho ou irmão que faça os seus mo- redecoradas por Ramsés II. Foi certamente à existência mara, é decorada com relevos representando o «nasci-
numentos perdurarem, tem de ser
deste relicário que causou o considerável desvio dos edi- mento divino» simbólico de Amenófis LI, resultante da
um a olhar pelo outro; um homem
faz coisas pelo seu antecessor, na fícios de Ramsés Il em relação ao eixo do templo an- união de sua mãe, Mutemwia, e do deus Ámon. Ale-
esperança de que a sua obra será terior de Amenófis II. Nos intervalos entre as colunas xandre Magno construiu uma estação da barca na tereci-
conservada por quem vier depois» ra antecâmara. O Santuário de Amenótis HI é a última
(Papiro de Leninegrado I16A da fila da frente, na extremidade do pátio, encontram-se
recto, 116-118). colossais estátuas de pé do faraó. sala no eixo central do templo.
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TEBAS
Carnaque
O nome de Carnaque derivado do de uma aldeia mo-
derna próxima (el-Karnak), é utilizado para designar
uma vasta aglomeração de ruínas de templos, capelas e
outros edifícios de várias épocas, medindo cerca de
1,5 km por, pelo menos, 0,5 km. Esta era a Ipet-isut
do Antigo Egipto, «O Mais Selecto dos Locais», prin-
cipal lugar de culto da tríade tebana, com o deus Amon
à frente. mas também de várias divindades «convida-
das». Nenhum outro lugar do Egipto deixa uma im-
pressão mais irresistível e duradoura do que este
aparente caos de paredes, obeliscos, colunas, estátuas,
estelas e blocos decorados. Depois de os soberanos de
Tebas c o deus Ámon terem atingido a notoriedade, no
princípio do Império Médio, e em especial a partir do
início da 18.º dinastia, quando a capital do Egipto foi
firmement- estabelecida em Tebas, os templos de Car-
naque foram construídos, ampliados, demolidos,
acrescentados e restaurados durante mais de 2000 anos.
O templo de Ámon era, ideológica e economica-
mente, a mais importante instituição do género em
todo Egipto.
Este sítio pode ser convenientemente dividido em três
grupos, definidos geograficamente pelos restos das
paredes de tijolo que rodeiam o recinto do templo.
O maior e mais importante é o recinto central, o templo
de Ámon propriamente dito. O recinto norte pertence a
Montu, deus local original da zona de Tebas, enquanto
ATE
O recinto de Ámon
O recinto central, em forma de trapézio, compreende o
Grande Templo de Ámon, construído ao longo de dois
cixos (este-oeste e norte-sul), alguns templos e capelas
mais pequenos e um lago sagrado. À leste encontrava-se
um templo de Amenófis IV (Akhenaton), construído ro, protegendo o faraó, a maioria das quais tem o Cimo da página: esfinges com
em enorme escala e hoje completamente destruído, as- nome do sumo-sacerdote de Ámon, Pinudjem I, da cabeça de carneiro («crio-
-esfinges») fora do pilone 1.
sim como duas estruturas ptolomaicas de menor impor- 21.º dinastia. A sul da avenida encontram-se várias es- O carneiro era o animal sagrado
tância, também actualmente destruídas. Descobriram-se truturas mais pequenas, incluindo uma estação da de Ámon; o motivo
anda in sistu, na parte oriental do Grande Templo, no barca de Psamutis e Hakoris, e balaustradas das 25. € representando um animal, ave ou
serpente, «protegendo» um faraó
chamado «Pátio Central», por detrás do pilone Iv, al- 26.º dinastias, com textos ligados à cerimónia do pre- ou mesmo um indivíduo vulgar
guns dos mais antigos edifícios de Carnaque, que datam enchimento dos vasos de tríade tebana. A data do pilo- cra comum na escultura egípcia a
da época de Sesóstris 1. ne em si não é conhecida com certeza, sendo provavel- duas e três dimensões.
Pode descrever-se o plano do Grande Templo como mente da 30.º dinastia. O antepátio, por trás deste Em cima, à esquerda: estátua sem
consistindo numa série de pilones de várias épocas, com pilone, compreende um triplo relicário de barca de Se- cabeça de Seti | ajoelhado com
pátios ou paredes entre eles, dando acesso ao santuário ti |, que consiste em três capelas contíguas consagradas uma mesa de oferendas, hoje
restaurada e colocada a norte da
principal, Os mais antigos são os pilones Iv e v, cons- a Ámon, Mut e Khons. No centro do pátio existem 4.1 coluna do lado norte da ala
truídos por Tutmósis 1, tendo o templo sido, a partir de restos de um quiosque de Taharqa, de construção in- central da sala hipóstila,
então, ampliado por construções em direcção a oeste e à vulgar, com cerca de 79 colunas ainda de pé. Um pe- Em cima: parte do fundo do
sul. queno templo (estação da barca) de Ramsés III dá para Grande Templo de Amon, visto
O 1.º pilone é precedido de um cais (possivelmente o lado sul do antepátio. de leste.
reconstruído na sua forma actual durante à 25.º dinas- O 2.º pilone, talvez obra de Haremhab, que reutilizou
tia) e de uma avenida de esfinges com cabeça de carnei- um elevado número de blocos anteriores para o cons-
90
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AT Bab el-abd ANEnida de esfinges |
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algumas modificações em relação ao plano original.
À direita: uma princesa, talvez
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Bentanta, de pé entre os pés de
uma estátua colossal de seu pai,
Ramsés II (com cartuchos de
O recinto de Mut
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Ramsés VI e do sumo-sacerdote
O recinto sul compreende o templo de Mut, rodeado de Ámon, Pinudjem |, da 21.º
de um lago em forma de crescente e de estruturas secun-
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dinastia, adicionados).
Restaurada e reerigida em frente
rêmio
dárias, em particular o templo de Khonspekhrod, ini-
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do pilone 11 do Grande Templo de
cialmente da 18.º dinastia, e um templo de Ramsés III. Ámon, do lado norte da entrada.
O templo de Mut foi construído por Amenófis II, Em baixo: inúmeros indivíduos
milhares de estátuas que estavam inicialmente no tem- mas, aqui também, o propilone do muro de vedação é particulares tinham estátuas suas
plo. Foram também encontrados neste pátio restos de ptolomaico (Ptolomeu II Filadelfo e Ptolomeu II nos templos de Carnaque.
cdifícios anteriores, incluindo pilares de Sesóstris 1 e Evérgeta 1) e existem construções posteriores adicio- A principal função destas
esculturas era semelhante à das
várias capelas de Amenófis 1. Os 7.º e 8.º pilones foram nais ao templo, feitas por Taharga e Nectanebo I, en- estelas votivas: perpetuar a
construídos por Tutmósis HI e o pátio entre eles com- tre outros. Amenófis III consagrou ao templo centenas presença do doador no templo,
preende a sua estação da barca. de estátuas da deusa-leoa Sakhmet, de granito negro, de modo que pudesse beneficiar
de estar ao lado do deus.
Os 9.º e 10.º pilones datam do tempo de Haremhab. algumas das quais se podem ainda ver em Carnaque.
Encontraram-se muitos talatat, blocos de edifícios de À esquerda: o administrador-
Amenófis IV (Akhenaton), grande parte deles datando -geral, Senenmut,
contemporâneo de Hatshepsut,
da sua mudança para Tell el-Amarna, reutilizados nestes no seu papel de professor da
pilones. No pátio entre eles encontra-se um templo do princesa Nefrure. Granito negro.
Altura, 53 cm. Chicago, Field
ritual sed de Amenófis II.
Museum of Natural History.
Perto do canto noroeste do lago sagrado do templo
está uma estátua colossal do escaravelho sagrado, que Em baixo: o terceiro profeta de
data do tempo de Amenófis III. Montu, Pakhelkhons, ajoelhado
com um naos contendo uma
O templo de Khons fica no canto sudoeste do recinto. estatueta de Osiris. Granito
Chega-se ao seu propilone (portão no muro de veda- negro. Altura, 42 cm. 3.º período
intermédio. Baltimore, Walters
ção), construído por Ptolomeu III Evérgeta | e conhe-
Art Gallery.
cido por «Bab el-Amara», por uma avenida de carneiros
que protegem Amenófis III. O pilone foi decorado por
Pinudjem I, o antepátio por Herihor e a parte interior
por vários Ramsés (pelo menos parte do templo foi
construída por Ramsés Il), havendo também alguns re-
levos ptolomaicos.
O templo da deusa-hipopótamo, Opet, que se situa
próximo do anterior, foi em grande parte construído
por Ptolomeu VIII Evérgeta II. A decoração foi com-
pletada por vários soberanos posteriores, entre outros
Augusto, e por baixo do santuário, ao fundo do templo,
existe uma «Cripta de Osíris» simbólica.
Dentro do recinto de Ámon encontram-se ainda qua-
se 20 outras pequenas capelas e templos, compreen-
dendo um templo de Ptah, construído por Tutmósis III,
Shabaka, os Ptolomeus e Tibérios (a norte do Grande
Templo, perto do muro de vedação) e uma capela de
Osíris Hegadjet, «Soberano do Tempo», de Osorkon IV
c Shebitku (a nordeste do Grande Templo, perto do muro
de vedação).
O recinto de Montu
OQ recinto norte, em forma de quadrado, é o mais
peque-
no dos três. Compreende o templo principal de Montu.
varias estruturas mais pequenas (em especial os templos
de Harpre e Maat) c um lago sagrado, Em 1970 foi en-
contrado, fora do muro de vedação este, um templo an-
Ugo de Montu, construído por Tutimósis |.
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A margem ocidental
Os templos
Do outro lado do Nilo, frente aos templos de Carnaque,
as ruínas de templos ocupam uma faixa de cerca de
7,5 km. Tratava-se, em grande parte, de templos fu-
nerárics reais do Império Novo, cuja função principal
era manter vivo o culto dos falecidos faraós, enterrados
nos seus túmulos cavados na rocha, mais para oeste, em-
bora também lá fossem adorados deuses, em especial
Ámon e Rá-Harakhty. Os mais importantes destes tem-
plos são os de Deir el-Bahari, o Ramseum e Medinet
Habu. O templo funerário de Seti I fica em Qurna, en-
quanto o sítio do templo de Amenófis III apenas é mar-
cado por enormes estátuas sentadas, os «Colossos de
Memnon», e por outras esculturas fragmentárias.
Vários dos templos da margem ocidental não são fu-
nerários, por exemplo os de Hátor (Deir el-Medina),
Thot (Qasr el-Aguz) e Ísis (Deir el-Shelwit), todos do
período greco-romano.
Deir el-Bahri
| Deir el-Bahari, tradicionalmente ligado ao culto local da
deusa-vaca Hátor, quase em frente de Carnaque, foi o
lugar escolhido por Nebhepetre Mentuhotepe, da 1.º
dinastia, e pela rainha Hatshepsut, da 18.º, para os seus
templos funerários (no caso de Mentuhotepe o templo
estava directamente ligado ao túmulo, enquanto
Hatshepsut preparou para si dois túmulos, um no vale
remoto por trás do templo, o uadi Sikket Taget Zaid, e
o outro no vale dos Reis. Pouco depois de terminado o
templo de Hatshepsut, Tutmósis HE construfu um com-
plexo de templos para o culto do deus Amon (Djescr-
-akhet) e uma capela de Hátor, entre as duas estruturas
anteriores, e um quiosque (Djeser-menu) no pátio do
templo de Mentuhotepe.
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VEBAS
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Do O edifícios de tijolo que o cercam (o túmulo de Ramsés II
= / | 00 O fica no vale dos Reis).
elpalácio do templof A disposição interior do templo de pedra é bastante
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1 q 40m ortodoxa, embora um tanto mais elaborada do que o
1.º pilone ç 10 pês habitual: dois pátios, uma sala hipóstila, uma série de
antecâmaras e salas secundárias, a sala da barca e o san-
Cimo da página, à direita: sala exótica terra africana do Ponto (metade sul da colunata tuário. O plano geral do templo é, curiosamente, em
hpóstla do Ramseum, vista de do meio). A colunata superior, formada por pilares forma de paralelogramo, em vez de rectângulo. Este
sudoeste, facto deveu-se, provavelmente, a ter-se mantido a
osíricos ladeados de estátuas colossais da rainha, prece-
Em cima, à direita: parede leste dia o pátio superior. As salas abobadadas nos lados orientação de um pequeno templo anterior, consagrado
da sala hipóstila do Ramscum,
norte e sul deste pátio eram consagradas a Hatshepsut a Tuya, mãe de Ramsés Il, enquanto se colocavam
a sul da entrada, com registo
inferior: pormenor de relevo e a seu pai, Tutmósis |, e aos deuses Rá-Harakhty e os pilones de modo a ficarem de frente para o templo
representando o assalto à Ámon. Eram estes os principais cultos praticados no de Luxor, na margem oriental. O templo de Tuya fica
fortaleza de Dapur, «cidade que a norte da sala hipóstila do Ramseum.
Sua Majestade saqueou na terra templo. Ao fundo (lado oeste) havia uma série de ni-
de Amor», no ano 8 do reinado chos na parede, com estátuas da rainha e, na mesma O 1.º e 2.º pilones do Ramscum são decorados com
de Ramsés II. Não se conhece
parede, uma entrada que dava para o santuário propria- relevos representando, entre outras coisas, a batalha de
à localização exacta desta cidade Qadesh (também representada em Carnaque, Luxor,
do Norte da Síria, talvez na mente dito. A sala mais interior do actual santuário
região de Alepo. foi mandada talhar por Ptolomeu VIII Evérgeta II, Abido e Abu Simbel). Numa plataforma que precede a
sendo o resto da arquitectura do templo espantosa- sala hipóstila encontravam-se, originalmente, dois
mente livre de interferências posteriores. A partir do colossos de granito de Ramsés II. A parte superior da
segundo pátio tinha-se acesso a relicários especiais de estátua da esquerda (sul) está actualmente no Museu Bri-
Anúbis c Hátor. tânico, mas pode ainda ver-se a cabeça da outra no Ram-
seum. À primeira câmara por detrás da sala hipósula,
tem um tecto astronómico e deve ter servido de biblio-
O templo funerário de Ramsés Il (Khnemt-waset)
| | teca do templo. O habitual palácio do templo ticava à
ou Ramseum
funerário de Ramsés II, descrito por Dio- esquerda do primeiro pátio.
O complexo
doro, um tanto enganadoramente, como «o túmulo de
Medinet Habu
Osimandias (de Userma-atre, parte do prenome de
Situada frente a Luxor, a antiga Tjamet (ou Djameo),
Ramsés II), hoje conhecido por Ramseum, compreende
Djeme (ou Djemi), em copta, foi um dos mais antigos
o templo propriamente dito e alguns armazéns e outros
97
TEBAS
1 Ramsés ll fiagelando
prisioneiros
4 Cerimônia de Sokar
e querra libia
5 Festas de Min e Amon
6 Campanhas contra
os libios, asiálhcos
e «povos do mar»,
porta de
Ramsés Ill
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locais da zona de Tebas estreitamente associado a
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Ámon. Hatshepsut e Tutmósis III construíram ali um
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templo consagrado a este deus. Ao lado, Ramsés III fez
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erguer o seu templo funerário, cercando as duas estru-
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turas de grandes muros de tijolo. No interior destes
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havia armazéns, oficinas, edifícios administrativos e
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residências de sacerdotes e funcionários.
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Medinet Habu tornou-se o centro da vida administra-
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tiva e económica de toda a região de Tebas, papel que
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desempenhou durante várias centenas de anos. Come-
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çaram mesmo a construir-se ah túmulos e capelas tu-
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5 templo
mulares, em especial as das divinas esposas da 25.º e 26.º
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mortuário
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dinastias. Este local continuou a ser habitado até à Idade
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Média (século 1x a. C.).
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O templo de Ámon (Djser-iset)
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O templo original, construído por Hatshepsut e Tut-
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mósis II, sofreu muitas alterações e ampliações no de-
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curso dos 1500 anos seguintes, sobretudo durante as
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20. (Ramsés III), 25.º (Shebaka e Taharga), 26.º, 29.
(Hakoris) e 30.º dinastias (Nectanebo I) e durante o
período greco-romano (Ptolomeu VIII Evérgeta II,
Ptolomeu X Alexandre I e Antonino Pio). Estes am-
pliaram consideravelmente o seu plano, acrescentando LI
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de barcos eram uma parte importante das festas religio-
sas, tendo sido construído um cais de desembarque fora [5
do muro de vedação. A entrada para o recinto do tem- p porta de Horta Tontificada oNBtA?
É Tibério («pavilhão»)
plo fazia-se por dois portões fortificados, a leste e a | =
oeste, de que apenas resta o primeiro, por vezes cha-
mado «Pavilhão».
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TEBAS
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Em cima: Ramsés II, ajoclhado, O templo em si tem uma arquitectura ortodoxa e acabou por conseguir controlar todo o Egipto, Nebhe-
a ser coroado e a receber um parece-se muito com o templo funerário de Ramsés II (o petre Mentuhotepe, em Deir el-Bahari.
emblema simbólico do ritual sed
das mãos da tríade tebana: Ramseum), de que é, possivelmente, uma imitação Os túmulos são constituídos por uma escavação feita
Ámon-Rá entronizado, consciente. À sul do primeiro pátio ficava o palácio, na rocha, formando um enorme pátio (300 m de com-
acompanhado de Khons e Mut construído em tijolo, actualmente muito danificado,
(por trás do faraó, não se vê na primento e 60 m de largura). Ao fundo do pátio, uma
fotografia). Parte leste da parede utilizado pelo faraó durante as festas religiosas que ti- série de aberturas em forma de porta dão a impressão de
sul da 1.º sala hipóstila do templo nham lugar em Medinet Habu. Foram reconhecidas uma fachada com pilares. Foi isto que deu aos túmulos o
de Ramsés WI, em Medinct Habu,
registo inferior. duas fases na construção deste edifício. As paredes in- nome de túmulos saff (saff, «fila» em árabe). À câmara
teriores do palácio foram inicialmente decoradas com funerária, relativamente modesta, e as outras salas, são
Em cima, à direita: vale dos Reis. lindíssimos mosaicos de cerâmica, semelhantes aos que talhadas na rocha por trás da fachada, sendo o complexo
se conhecem noutros palácios da mesma época no delta completado por um templo de tijolo. Pouco se conserva
(Tell el-Yahudiya e Qantir). A «janela das presenças» h- da decoração dos túmulos.
gava o palácio ao templo. Conhecem-se três túmulos saff:
Alguns dos relevos de Medinet Habu são importan- Inyotef | (Hórus Sehertawy): Saff el-Dawaba.
tes, não do ponto de vista artístico, mas sim do históri- InyotefII (Hórus Wahankh): Saff el-Kisasiya.
co, já que registam acontecimentos históricos do rei- Inyotef II (Hórus Nakhtnebtepnufer): Saff el-Bagar.
nado de Ramsés III:
1.º pilone. No exterior o faraó está representado fla- Dra Abu el-Naga
gelando prisioneiros estrangeiros diante de Ámon e de Os soberanos de Tebas da 17.º dinastia c as suas fa-
Rá-Harakhty, em cenas simbólicas de triunfo. As terras mílias foram enterrados em túmulos modestos, em
e cidades estrangeiras subjugadas estão representadas Dra Abu el-Naga, entre el-Tarife Deir el-Bahan. Co-
pelos seus nomes, inscritos em anéis com cabeças huma- nhece-se a posição relativa destes túmulos e a quem
nas. Na curta fachada do maciço sul encontram-se cenas pertencem através de um papiro que regista a sua ins-
de caça. pecção, por volta de 1080 a. C. (o Papiro Abbotv).
2.º pilone. No exterior (fachada leste) do maciço sul Durante as escavações dirigidas por Mariette, antes de
o faraó apresenta prisioneiros a Amon e Mut. No in- 1860, encontraram-se vários objectos com inscrições,
À esquerda: templo de Ramsés inclusive os chamados «caixões rishi», bem como ar-
HI: da direita para a esquerda,
terior, e também nas paredes norte e sul do segundo
primeiro pilone, muro do pátio, encontram-se representações das festas de Sokar e mas e jóias decoradas. À arquitectura dos túmulos,
primeiro pátio com três portas Min. que devem ter tido pequenas pirâmides de ujolo, é
c uma «janela das presenças» pouco conhecida,
ligando o pátio ao palácio, a sul, O exterior do templo. Na parte norte estão represen-
segundo pilone e parede sul tadas campanhas contra os Líbios, Asiáticos e «povos do
do segundo pátio e parte interior mar». O vale dos Reis («Biban el-Muluk»)
do templo.
Nas paredes das câmaras da parte interior do templo Após a derrota dos Hicsos, os soberanos de Tebas da
encontram-se cenas mais estritamente religiosas. 18.º dinastia começaram a construir túmulos num es-
tilo digno dos faraós de todo o Egipto. O túmulo de
Amenófis | ficava provavelmente em Dra Abu el-
Túmulos reais -Naga. Não se conhece ao certo a sua localização, mas
a estima de que o rei era alvo por parte da comunidade
el-Tarif de trabalhadores especializados, ocupados na constru-
Os ambiciosos soberanos do princípio da 11.º dinastia ção dos túmulos reais, sugere que foi este O primeiro
tebana, competindo com a (9.-10.º) dinastia de Hera- túmulo do novo tipo. Tutmósis | foi o primeiro a
cleópolis pela supremacia no Egipto, construíram os mandar cavar o seu túmulo na rocha de um vale de-
seus túmulos em el-Tarif, parte mais meridional da ne- serto por detrás de Deir el-Bahari, conhecido actual-
crópole tebana, em relação ao rio. Embora os túmulos mente por vale dos Reis. Esta zona é dominada pelo
sejam comparáveis, no tipo, aos túmulos regionais con- pico de el-Qurmn («o Chifre») e o vale tem duas partes
temporâneos de outros lugares, as suas dimensões ma- principais, o vale oriental, com a maior parte dos tú-
jestosas e arquitectura verdadeiramente monumental as- mulos, e o vale ocidental, com os túmulos de Amenó-
sociam-nos ao templo e túmulo funerários do faraó que fis UI e Aya. O número total de tâmulos é de 62 (o
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VEBAS
PEDBAS
Futankhamon: a verdadeira
história por contar
1922).
O túmulo de Tutankhamon
(n.º 62 do vale dos Reis) tor
descoberto, em 1922, pelo
ceiptólogo mglês Howard
Carter. cujo trabalho toi
financiado por lorde Carnavon.
É o único túmulo real do Império
Novo que se encontrou
pratie. amente intacto, €
continuará possivelmente para
sempre a ser único neste aspecto.
Embora seja a descoberta mais
amplamente publicitada deste
século, e apesar de todo 0 1H y 4
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interesse criado junto do público
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eeiptólogos, não tendo, assim,
esta descoberta excepcional dado
anda toda a sua contribuição para
o nosso conhecimento do antigo
Egipto. Os objectos de
Tutankhamon encontram-se no
Museu Egípcio do Cairo; as notas
pormenorizadas, tiradas por
Carter « pelos seus colaboradores
durante os anos de árdua
desobstrução do túmulo,
encontram-se no Insututo
Griffith. em Oxford.
Alguns dos objectos
encontrados no túmulo:
Ligados à múmia,
quatro relicários de madeira;
sarcófago de quartzito;
caixões exterior e médio de
| madeira;
caixão interior de ouro;
máscara de ouro é ornamentos;
diadema de ouro;
punhal de ouro;
dossel canopo;
arca canopa;
Equipamento funerário,
estatuetas do rei;
carros de guerra desmanchados;
canapés « camas;
apoios para a cabeça;
trono de madeira dourada
(à direita);
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cadeiras e bancos;
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| caixas;
| vasos e lâmpadas;
arcos, estojos de arcos e escudos;
bastões, chicotes e ceptros;
peças de vestuário;
| paletas para escrever;
tabuleiros de jogos;
jóias;
leques;
instrumentos musicais;
modelos de barcos;
altares de madeira c ouro;
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estatuetas de deuses:
shawabtis.
msTO
TEBAS
Túmulos particulares
Os maiores e mais importantes túmulos tebanos estão
concentrados em várias zonas da margem ocidental.
A começar do Norte, são elas: Dra Abu el-Naga, Deir
cl-Bahari, el-Khokha, Asasif, Sheik Abd el-Qurna, Deir
cl-Medina e Qurnet Murai. Ào todo, o Serviço de Anti-
guidades do Egipto atribuiu números oficiais a 409 tú-
mulos, mas recentemente adicionaram-se a estes mais
cinco. As datas dos túmulos vão desde a 6.º dinastia ao
período greco-romano, mas a maior parte é do Império
Antigo. Existem muito mais túmulos, alguns grandes e
decorados, outros pouco mais do que simples sepul-
turas, sendo talvez os mais importantes os do vale das
Rainhas, a sul de Deir el-Medina, e de vales próximos,
mais pequenos, incluindo o «Túmulo das Três Prince-
sas», do reinado de Tutmósis III, no uadi Qubbanet el-
-Qirud («vale dos Túmulos dos Macacos») com um te-
souro em vasos de ouro e prata que se encontra actual-
mente no Museu Metroplitano de Nova lorque.
Como seria de esperar, em el-Tarif e Dra Abu cel-
-Naga, muitos dos túmulos menos importantes, não in-
cluídos na séric oficial de túmulos tebanos, são contem-
porâncos dos túmulos reais das 11.º e 17.º dinastias, mas
esta última zona em particular continuou a ser utilizada
até ao período tardio. O mesmo se pode dizer dos cemi-
térios de Asasife el-Khokha, à volta das rampas que dão
acesso aos templos das 11.' e 18.º dinastias, em Der el-
-Bahari, e do próprio Deir el-Bahara.
Foram encontrados vários esconderijos importantes
com sepulturas conjuntas. Em 1891, E. Grébaut e
G. Daressy encontraram, em Deir el-Bahari, um
grande esconderijo de caixões de «sacerdotes de
Ámon» do 3.º período intermédio. Foi a segunda des-
coberta deste tipo, tendo já Mariette encontrado, em
1858, um esconderijo de caixões de «sacerdotes de
Montu». O mais espectacular destes esconderijos se-
cretos foi o encontrado em 1881, no túmulo n.º 320,
no primeiro vale a sul de Deir cl-Bahari. Continha cai-
xões e múmias dos mais famosos faraós do Egipto, da
17,* à 20.º dinastia, ali reunidos durante a 2 1.º dinastia
por razões de segurança.
Alguns dos túmulos de Sheik Abd el-Qurna, à sul de
Deir el-Bahari, pertenciam à família do tamoso plebeu
Senenmut, do reinado de Hatshepsut. Encontrou-se
igualmente um túmulo do 3.º período intermédio (co-
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J. 6. Wilkinson em Tebas
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obras publicadas nessa altura continuam a ser ainda hoje,
150 anos depois, indispensáveis numa boa biblioteca de +
cgiptologia, E
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Quando John Gardner Wilkinson chegou ao Egipto, »
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em 1821, um ano antes de Champollion ter redesco- E)
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berto os princípios da escrita egípcia, era um jovem de .+
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Numa Comparação
mentos ainda Existentes, com Relatos de Autores An- tico: muitas das cenas copiadas por Wilkinson foram en-
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À esquerda: o nome desta
estatueta de basalto, que está no
Museu Ashmolean, em Oxford,
o «homem de MacGregor»,
deriva do reverendo Willam Mac
Gregor, a quem foi comprada
no Sotheby's, em 1922. Este
conhecido coleccionador tinha-a
comprado, juntamente com um
conjunto de pequenas figuras de
marfim, a um negociante.
Afirmava-se que todos os
objectos tinham sido encontrados
em Nagada, no local que deu a
conhecer tantos artefactos dos
períodos pré-dinástico e dinástico
primitivo. À maior parte dos
livros sobre a arte egípcia começa
com esta magnífica peça embora
a sua autenticidade tenha sido
recentemente posta em causa, por
O Alto Egipto setentrional estende-se de Tebas a Asyut. motivos estilísticos. Altura,
Foi o centro do antigo Egipto, berço das suas primeiras 39 cm. Período pré-dinástico.
dinastias, O Interior que permaneceu egípcio em tempos No extremo, à esquerda:
de crise e donde, sob a liderança de Tebas, partiram ten- paisagem típica dos rochedos
tativas de uma nova unidade política. Do ponto de vista calcários a ocidente do Nilo,
perto de Nag Hammadi, com
económico, o controlo do acesso ao ouro e minerais do uma faixa de terreno plano mais
deserto oriental foi sempre de importância primordial, estreita, perto do rio. Um
enquanto Tebas, no Sul, ditava, a partir da 11.º dinastia, geólogo consegue ler a história
das eras glaciares na estratificação
o curso dos acontecimentos. das falésias.
Naqgada, Qif e Abido dominam a cena durante os
períodos pré-dinástico e dinástico primitivo, enquanto
Dendera ganhava importância durante o Império An-
tigo e Abido se tornava centro religioso de todo o país
no Império Médio. A ascensão de Tebas durante o Im-
pério Novo abafou os seus vizinhos a norte, embora
Abido tenha mantido a sua posição e Qif continuado a
ser alvo de preferência para as actividades de constru-
ção reais. O templo de Dendera é certamente a estru-
tura mais impressionante dos finais da Antiguidade
nesta região.
108
Nag el-Madamud
Templo da tríade de Montu Segundo grupo de templos,
talvez do Hórus de Edfu.
do período greco-romano,
com Necrópole, incluindo sepulturas
estruturas secundárias,
de animais.
construído por cima de edifíc
ios
mais antigos. El-Qasr wal-Saiyad
Túmulos do 1.º período
Nagada e Tukh intermédio
Vã Cemitérios do pré-dinástico
No € cI-Mustagidda e do dinástico primitivo, com Hiw
= Deir Tasa mastaba do reinado de Aha. Dois templos greco-romanos.
«Pirâmide» de Tukh. Cemitérios de todos os períodos.
Qus Abido oE RR
el-Salamuni.
Ruínas de templos de Min e
Repyt do período greco-romano.
Túmulos cavados na rocha de
Wannina q ' ) várias épocas em el-Hawawish e
ala JBliMansha | el-Salamuni.
E e N ROLEMASHERMOU |
Hagarsa NWA, | Wannina
Templos e túmulos ptolomaicos.
e
NR Nag el-Deir,
. |
Qaw el-Kebir
elRagagnas Nara JB SStEIKA el-Farag Túmulos da 12.º dinastia.
Kom el-Sullan*
el-Araba el-Madiuna *
ABIDO elJmm el:
APELAM el-Amtã
|
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rem E o do O A ga dE ON
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estrada principal
Darb el-Bairal e
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trilho
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fm | linha férrea poncipal (1,44 m)
aeroporto crvil |
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Beni Suef cidade importante Dra Abu-Naga *
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pulra povoação |
Biba
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sitio de pirâmide |
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Nag el-Madamud
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Para além de Carnaque, Tod e Armant, a Madu do an- LT per) «á) A
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tigo Egipto, cerca de 8 km a nordeste de Luxor, foi um $a)Hm |O o Fe = rt
1 em
nessa altura, de ponto de partida para as expedições às
pedreiras do uadi Hammamat e ao mar Vermelho.
ção
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Hoje
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em dia apenas restam dois pilones do templo ptolomaico
de Haroeris, em Heqet.
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A cidade de Gebtu [Kebto ou Keft em copta, Koptos
em grego (sem relação com a palavra «copta»)], a mo-
derna Qift, foi capital do 5.º nomo do Alto Egipto.
A importância desta cidade deveu-se à sua situação geo-
gráfica, pois era aqui (ou em Qus, um pouco a sul) que
por Petrie («Nagada») mostra que a antiga Nubt (Om- as expedições comerciais que se dirigiam à costa do mar
bos, em grego), geralmente relacionada com a moderna Vermelho e muitas expedições mineiras ao deserto orien-
Tukh, uns 4 km a sueste, deve ter sido uma cidade im- tal deixavam o vale do Nilo. Gebtu tornou-se em breve
portante em finais do período pré-dinástico. O seu o mais importante centro religioso da região e o seu
nome deriva, possivelmente, de nub, termo egípcio an- deus local, Min, era também considerado deus da região
tigo que significa «ouro», devido à proximidade das mi- desértica a leste. Ísis e Hórus tornaram-se divindades
ol
nas de ouro do deserto oriental, acessíveis a partir do importantes, ligadas a Qift, em particular durante o
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uadi Hammamat, o que pode também explicar a ascen- período greco-romano, sendo uma das razões deste
são da cidade a um lugar de relevo. O deus local era Seth facto a reinterpretação dos dois falcões do estandarte do
(Nubty, o Ombita), mais tarde considerado deus do nomo como sendo Hórus e Min. Como seria de esperar,
Alto Egipto par excellence'. Até agora apenas foi locali- os monumentos descobertos em Qift cobrem toda a his-
zado um templo do Império Novo consagrado a este tória egípcia, embora apenas os templos de finais do
deus, tendo vários faraós da 18.º dinastia (Tutmósis 1 e período greco-romano tenham sido encontrados in situ.
Tutmósis II, Amenófis IN) e vários Raméssidas contri- Durante a escavação de W. M. Flinders Petrie (1893-
buído também para a sua construção. -1894) e de R. Weille A. J. Reinach (1910-1911), foram
Em cima: cabeça colossal, Um monumento um tanto enigmático é a «pirâmide» localizados vestígios de três grupos de templos, rodea-
de granito vermelho, de um de Tukh, construída de pedra não trabalhada, e cuja dos de um muro de vedação.
imperador romano,
possivelmente Caracala, data, e até identificação como pirâmide, continua a ser O templo setentrional de Min e Ísis, em grande parte
encontrada no segundo pilone do posta em causa. não decorado e que ainda está de pé, foi obra de um
templo setentrional de Min e Ísis, funcionário chamado Sennun, por ordem de Ptolomeu
em Qift. Altura, 51 cm. Filadélfia
(Pa.), Museu da Universidade de
IV Filopator, Calígula e Nero (em particular os três
Pensilvânia. pilones). O templo está localizado no sítio de estruturas
anteriores, de Amenemhet 1, Sesóstris | e Tutmósis III,
Em baixo: Qus na época
da expedição de Napoleão ao Us sendo testemunho deste último soberano um grande nú-
Egipto: o pilone oeste do templo mero de restos de alicerces. A sul do 3.º pilone do tem-
de Haroeris, em Heget, e a cidade a noroeste de Na- plo setentrional encontraram-se vestígios de uma capela
modema. A julgar pelos seus cemitérios, Qus,
qada, a Gesa ou Gesy do antigo Egipto (Apollinopolis de Osíris, mandada construir por Amásis.
Parva do período greco-romano), na outra margem do O local do templo do meio tinha também uma longa
história, tendo-se encontrado blocos de Sesóstris [e um
portal de Tutmósis III, com adições feitas por Osorkon
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(possivelmente Il), para além de um conjunto de estelas
(«Decretos de Koptos») que datam das 6.º e 7.º dinastias,
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com cópias de decretos reais respeitantes ao templo c ao
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do por Ptolomeu II Filadelfo, com pequenas adições fei-
tas por Calígula, Cláudio e Trajano.
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século 1a. C. À sala hipóstila exterior foi decorada entre
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os remados de Augusto e Nero, tendo uma inscrição
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dedicatória em grego do ano 35 d.
O templo segue a planta clássica. As colunas das duas
salas hipóstilas e do «pátio do ano novo» têm capitéis em
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oeste do templo,
Logo a sul do templo de Haátor está o do nascimento
de Ísis, decorado no reinado de Augusto, que utiliza blo-
cos de alicerces de um edifício prolomaico destruido.
A entrada leste do recinto, também do periodo romano,
di acesso a este templo. único pela sua dupla orientação,
em que as salas exteriores estão viradas a leste e as interio-
res d norte, na direcção do templo de Hátor. À cena cen-
trad do nascimento de Isis foi mutilado.
A leste do templo encontrava-se parte da cidade. com
um templo de | lórus de Edtu no mio. Este Crd, tal Cia
semelhante av algumas rumas de templos do periodo ro-
mano a cerca de 500 m do recinto principal,
As triades de divindades vencradas em Edtu e Den-
Abido
de mobiliário dos túmulos reais
ao 7.º nomo do Alto Egipto. do dinástico primitivo em Abido.
A data da sua construção situa-se aproximadamente À esquerda: pedaço de xisto de
nos princípios do 1.º período intermédio. utilidade desconhecida, esculpido
com extraordinária precisão e peri-
Apenas dois túmulos, os dos «grandes senhores do cia. À direita: perna de cama, em
nomo», Idu Seneni e Tjanti, merecem especial atenção, forma de pata traseira de boi, com
espigão para encaixe na armação €
devido à sua decoração em relevo bem conservada. buracos para tiras de couro: mar-
fim. Oxford, Museu Ashmolean.
Ao fundo, à esquerda:
Hi
hipopótamo bramindo, feito
W
de cerâmica, proveniente de uma
sepultura de princípios do
Nagada II, em Hiw. A escultura
animal dos períodos pré-dinástico
Durante o reinado de Sesóstris I foi fundada, na margem e dinástico primitivo é muitas
ocidental do Nilo, no 7.º nomo do Alto Egipto, uma vezes de qualidade superior às
figuras humanas da mesma
propriedade real denominada «Kheperkare (Sesóstris 1), época. Oxford, Museu
o Justificado é Poderoso». Ashmolcan.
Esta localidade em breve se tornou mais importante Em baixo: baqueta (instrumento
do que a primitiva capital do nomo e o seu enorme musical vulgar), em forma de
nome começou a ser abreviado para Hut-sekhem ou antebraço feita de osso e com
uma inscrição para a serva da
Hut. O termo Hut-sekhem foi reinterpretado como A Abedju do antigo Egipto (Ebot ou Abot, em copta) deusa Heget, Sithator, do 2.º
«A Mansão do Sistro», alusão à deusa local Bat, adorada foi o mais importante cemitério do país no princípio do período intermédio. Proveniente
sob a forma de sistro, com cabeça humana c orelhas e período dinástico primitivo e existem vestígios de po- de Hiw. Londres, Museu
Britânico.
chifres de bovino. voamento que datam do período pré-dinástico Naga-
No entanto, já durante o Império Novo a deusa Bat da I, mas a importância política da cidade de Abido, as-
era assimilada à Hátor da vizinha Dendera. No período sim como a sua relação com a capital do nomo, Tjeni
greco-romano Hiw era conhecida por Dióspolis Mikra (talvez a moderna Girga), é menos clara.
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N »
ou Dióspolis Parva. A versão copta deste nome, Ho (ou O templo do deus da necrópole local, Khentamentiu
Hou), conduziu ao nome pelo qual a localidade é actual- («O Primeiro dos Ocidentais», ou seja soberano dos N
ae
greco-romano, tendo talvez uma delas sido construí- fazia uma reconstituição ritual da morte e ressurreição A
da por Ptolomeu VI Filometor e a outra por Nerva e do deus, atrafam peregrinos de todo o Egipto. Muitas à
Adriano. pessoas desejavam comungar das cerimónias no outro |
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ruinas antigas, que se estende por
j capelade Tetisheg = 4 MN a
5 km ao longo do limite da zona
3) de cultivo. À antiga cidade, que
catacumba e cenotafio do Ne Õ se prolongava possivelmente pela
3: Império Médio planície inundada, concentrava-se
a! catacumbas de cães, Shunet el-Zebib no extremo norte, estando os
a| E | emplo | io Ce monumentos funerários reais
cenotáfio as 5 e particulares mais para sul,
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No extremo esquerdo: templo de
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deserto E Ramsés II, visto de noroeste.
Grande parte da estrutura
conservou-se até cerca de 2 m
de altura. Em primeiro plano está
a série interior de câmaras com
np Ep | corredor de entrada pa cenas funerárias: por trás ficam
[1 A sala de entrada a : duas salas hipóstilas, com pilares
quadrados em vez de colunas,
| | E capelas de c um pórtico. Fora da entrada
no E
1 faraó a
moderna ficava outro pátio
desaparecido,
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apenas restando covas forradas de tijolo
com filas de sepulturas secundárias. Estas descobertas
incluíam magníficas estelas de pedra com os nomes
dos faraós e pequenos objectos, por exemplo selos de
argila, marfim e etiquetas de ébano, partes de vasos de monumental dessas zonas, possivelmente O antepas-
pedra e pedaços de mobiliário. O túmulo de Djer, sado da vedação da pirâmide de degraus de Saqqara.
mais tarde considerado como o túmulo do próprio Um mosteiro copta, a norte, parece ter também sido
Osiris, estava cercado de cerâmica votiva da 18.º dinas- construído sobre os alicerces de enormes paredes do
tia e posterior. dinástico primitivo.
O cemitério é anterior ao começo da 1.º dinastia e foi
talvez também o local de sepultura dos últimos reis do A cidade e o templo de Osíris
período pré-dinástico., O centro da antiga cidade fortificada é o monte cha
Existem mais ruínas do dinástico primitivo na zona -
mado Kom el-Sultan. O elemento mais importante da
do templo de Osíris. Estas compreendem cemitérios,
cidade deve ter sido o templo, inicialmente consagrad
rodeando zonas vazias onde talvez tivessem sido ergui- o
à Khentamentiu e, à partir da 12.º dinastia, à Osíris.
dos edifícios temporários para as cerimónias funerárias
Este templo foi construído em tijolo, tendo apenas al-
de determinados reis. Pensa-se que o Shunet cl-Zebib,
guns elementos, como ombreiras de portas e lintéi
um muro de vedação maciço de tijolo, situado s,
um em pedra, o que justifica, em parte, à sua quase com
pouco para dentro do deserto, tenha sido uma versão -
pleta destruição, Os objectos mais antigos alt encon-
djs N6
ALTO EGIPTO SETENTRIONAL
Em cima: templo de Ramsés II, trados são do início da 1.º dinastia: um fragmento de Ámon-Rá, Osíris, Ísis e Hórus. A capela de Osíris dá
pátio; boi cevado com guardador, vaso de Aha e algumas pequenas figuras de homens,
numa procissão de oferendas para uma zona consagrada ao culto de Osíris, cobrindo
rituais. O boi é identificado animais e répteis de pedra e faiança. A partir de Kéops, toda a largura do templo e compreendendo duas salas e
como pertencendo a este templo. da 4.º dinastia (uma estatueta de marfim, única repre- dois conjuntos de três capelas de Osíris, Ísis e Hórus.
À direita: está outro guardador
e a cabeça de um órix.
sentação conservada deste faraó), encontraram-se ves- O seu elemento mais estranho é uma sala com dois pila-
tígios de quase todos os faraós do Império Antigo até res, desenhada de forma a ser completamente inacessi-
Em cima, à direita: templo de Pepi II. No Império Médio, Nebhepetre Mentuhotepe vel. O anexo sul do templo compreende câmaras para o
Ramsés |, primeira sala hipóstila
na parede norte. Personificação acrescentou provavelmente um pequeno relicário ao culto dos deuses menfitas Nefertem e Ptah-Sokar e uma
de Dendera, de uma série levando templo já existente e, a partir de então, há vestígios de galeria onde se encontra um magnífico relevo de Seti Le
oferendas de comida e libações. quase todos os faraós até à 17.º dinastia. Na 18.º dinas- Ramsés Il apanhando um boi com um laço e, do outro
A gordura da figura simboliza
a abundância e a sua pele azul tia, Amenófis I, Tutmósis Ile Amenófis II empreen- lado, uma das poucas listas de faraós do Egipto, servin-
e cabeleira verde são parte de um deram trabalhos de reconstrução, estando também re- do aqui ao culto dos antepassados reais. A galeria dá
padrão decorativo, também presentados todos os principais Raméssidas, e sobre- acesso a um conjunto de armazéns, provavelmente utili-
simbólico. O texto identifica-o
com o faraó: «Ramsés veio, tudo Ramsés II, por um templo completo ali perto, zados quando o faraó estava de visita, durante as festas.
trazendo oferendas de comida» enquanto no período tardio Apries, Amásis e Nectane- Os relevos das partes interiores do templo, termina-
(a faixa da direita diz respeito à
figura seguinte). Por cima vê-se bo I têm importantes vestígios, tendo o templo conti- dos por Seti I, são de uma beleza excepcional. As zonas
parte de uma cena de sacerdotes nuado provavelmente a funcionar até ao período gre- exteriores, incluindo a primeira sala hipóstila, foram
levando a barca divina em co-romano. Kom el-Sultan é rodeado de grossos completadas por Ramsés III, em alguns casos por cima
procissão.
muros de tijolo da 30.º dinastia. das construções de seu pai.
Por detrás do templo de Seti 1 e sobre o mesmo cixo
Templos cenotáfios reais está o cenotáfio propriamente dito. Tanto no que respei-
Os templos cenotáfios são templos funerários secun- ta à planta como à decoração (sobretudo executada por
dários dos seus construtores, servindo divindades re- Merneptah), assemelha-se a um túmulo real, sendo o
gulares e o culto do falecido rei como Osíris. O primei- seu acesso feito pelo norte, por um longo corredor incli-
ro faraó que se sabe ter construído um templo deste nado. As principais câmaras são uma sala que imita uma
tipo, uns 3 km a sul de Kom el-Sultan, é Sesóstris Il. ilha e outra semelhante a um sarcófago, com um tecto
Todos os outros edifícios identificáveis na mesma zona astronômico. Às maciças arquitraves de granito cobriam
parecem estar ligados a Amósis, incluindo o construído apenas parte da sala da ilha, sendo o centro aberto. Esta
para a sua avó, Tetisheri. Conhecem-se, através de tex- sala destinava-se à recriação das águas primordiais
tos, vários templos da 18.º dinastia, mas não foram lo- — sendo a ilha rodeada de um lençol de água —, tendo
calizados. no seu centro a sólida elevação da ilha, onde é possivel
O templo de Seti | (0 «Memnonium» de Strabo) tem que se fizesse germinar cevada, como simbolo da ressur-
uma planta em forma de L, muito invulgar, mas O seu reição de Osíris.
interior é apenas uma variante da norma. Tem dois pilo- Ramsés 1 construiu ele próprio um templo mais pe-
nes (O exterior quase completamente destruído), com queno, a noroeste do de seu pai. Este templo é digno de
dois pátios e pórticos com pilares, seguidos de duas salas nota pela excelente conservação das cores dos seus rele-
hipóstilas e de sete capelas lado a lado, De sul para norte, vos, que podem ver-se à luz do Sol. O plano é muito
as capelas eram consagradas a Seti 1, Ptah; Rá-Harakhey, semelhante ao do templo de Medinet Habu.
117
AUTO EGIPTO SETENTRIONAL
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q Luxor
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Beit Khallaf
Perto da aldeia de Beit Khallaf, uns 20 km a noroeste de
Abido, foram encontradas cinco grandes mastabas de ti-
jolo (as dimensões de K.1 são 85 mX45 m) com selos
de argila com os nomes de Zanakht e Netjerykhet (Djo-
ser). Os túmulos foram, provavelmente, feitos para ad-
ministradores da região tinita dos princípios da 3.º di-
nastia.
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oferendas de Harsiese,
proveniente de Akhmim, com
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118
ALTO EGIPTO SETENTRIONAL
Wannina
Wannina, uns 10 km a sudoeste de Akhmim, é o sítio de
um templo (antiga Hut-Repyt, donde o termo grego
Athribis) construído no reinado de Ptolomeu XV
Caesarion em honra da deusa Triphis (Repyt). A sul
deste templo encontrava-se outro, mais antigo, de Pto-
lomeu IX Sóter II. Um dos túmulos vizinhos, perten-
cente aos irmãos Ibpemeny, o jovem, e Pemehyt, de
finais do século 1 d. C., tem dois zodíacos no tecto.
Iászrsand: oe
v dos regstos. Piaomeu f ds Do pda fa
x STE:
Eladeito dante de Mn
e de quiras dunas
Qaw el-Kebir
acima da porta: Aya e rama
Pd
ds fa templo de
Ptolomeu XV
esarion
capela Os dois templos que em tempos se encontravam a
rorgana oeste da moderna cidade de Akhmim foram construídos
"3 em honra a Min (Pã) e à deusa Repyt (Triphis), consi-
( derada como sua companheira. Ambos datavam, ao que
pois embora tenham
parece, do período greco-romano,
também sido encontrados alguns blocos mais antigos,
templo de-Plolomeu IX
Sóter Il. .
não se sabe se pertenciam a estes templos ou se tinham
sido reutilizados.
túmulo de Ibpemeny Nesta zona, em el-Hawawish, a nordeste de Akhmim,
“O JOVEM» E e em el-Salamuni, uns 3 km mais para norte, conhecem-
de Pemehyt
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-se vários grupos de túmulos cavados na rocha, de várias
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épocas. Os tectos dos túmulos do período greco-romano
1 100 im. de cl-Salamuni são decorados com zodíacos circulares
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LENCO qups; pintados. Alguns dos túmulos de el-Hawawvish foram fei-
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