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JOHN BAINES e JAROMÍR MÁLEK

O MUNDO EGÍPCIO
Deuses, Templos e Faraós

VOLUME T

edições
delidrado
Título do original inglês:
Atlas of Ancient Egypt

Tradução de: Maria Emília Vidigal

O 1984 Andromeda Oxford Limited

a a EQUINOX BOOK

DEVISED AND PRODUCED BY ANDROMEDA


OXFORD LTD., 11-15 THE VINEYARD,
ABINGDON, OXFORDSHIRE 0X14 3PX,
ENGLAND

O Desta edição, Edições del Prado, 1996


Cea Bermúdez, 39 - 28003 Madrid

Composto por: Sistegraf e Videlec


Impresso em: Gráficas Reunidas, Espanha
Depósito legal: M-4732-1996
LS.B.N.: 84-7838-736-6

Impresso em Outubro 1996

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Rio de Janeiro

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ou o repertorio si as circunstâncias do mercado assim che-
garem a exigir.

Sobrecapa: Templo de Luxor


Estátua de Ramsés II
(Michel Escobar e Veronique Hemery,
INCAFO)
di da E Ca or [IE |”SME ss a” RP E a E
ÍNDICE

8 Quadro cronológico
10 Introdução

Primeira parte — O ambiente Segunda parte — Viagem Nilo


abaixo

12 A geografia do antigo Egipto 68 Barcos no Nilo


22 O estudo do antigo Egipto 70 Alto Egipto meridional
30 O panorama histórico 84 Tebas
36 Faraós do Egipto 106 J. G. Wilkinson em Tebas
38 Galeria de faraós 108 Alto Egipto setentrional
56 Arte e arquitectura
60 Convenções de representação
62 Estelas tumulares
Lista de mapas
13 O cenário geográfico do Egipto
14 Os nomos do Alto Egipto
15 Os nomos do Baixo Egipto
16 Densidade populacional no vale do Nilo
18 Topografia do delta
21 Recursos naturais do antigo Egipto
25 Viajantes no Egipto e Sudão antes de 1800
31 O Egipto do pré-dinástico e dinástico primitivo
31 A região da 2.º catarata nos tempos pré-dinásticos
33 O Egipto no Império Antigo e primeiro período
intermédio
41 O Egipto no Império Médio e segundo período
intermédio
41 As fortalezas da 2.º catarata no Império Médio
43 O Egipto no Império Novo e terceiro período
intermédio
44 O Egipto e o Próximo Oriente (c. 1530-1190a. €.)
47 O Egipto no terceiro período intermédio
49 O Egipto no período tardio, com o estado de
Napata-Meroe (712 a. C.-século IV d. C.)
50 O Egipto, o Egeu e o Próximo Oriente no período
tardio
53 O Egipto no período greco-romano
53 O Fayum no período greco-romano
54 O Egipto e o Mediterrâneo oriental no período
greco-romano
67 Chave para os mapas regionais
71 Alto Egipto meridional
12 O distrito de Assuão
89 O distrito de Tebas
109 Alto Egipto setentrional
QUA D R O C R O N O L Ó G I C O
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em
As datas

6500 à. E. 4500 4000 3500 si =


a dação do Estado Império Antigo 2575-2134
IPTO Paleolítico Badarian Nagada | Nagadall Fundaç SEREIA
ss tardio (vale do Nilo) (vale do Nilo) (Valedo Nilo) egípcio (finais do Nagada 11) a GR 2575-2465
Merimda (delta) Maadi c. 3050 EM A a RR Cada saoDo
Faiyum el-Omari Periodo dinástico 6. dinastia 2323-2150
(região primitivo 1.º período intermédio
menrfita) 2920-2575 2134-2040
1.º dinastia 2920-2770 9.º-10.º dinastias ;
2.º dinastia 2770-2649 (Heracleópolis) 2134-
3.º dinastia 2649-2575 2040
11.? dinastia (Tebas)
2134-2040
Ê
Ê

Figura de dançarina
em terracota pintada
Período Nagada |

BAIXA NÚBIA/ Paleolítico Neolítico Grupo À primitivo Grupo À clássico Grupo €C


ALTA NÚBIA tardio Abkan Grupo A final Cultura de
Pós-shamarkiense População Kerma
Variante do Cartum pouco seden-
tária

SÍRIA/ Neolítico Sociedade Idade do Contacto egípcio


PALESTINA Jericó 8500 urbana: Bronze Antigo com Biblos
Habuba Contacto Destruição
cl-Kebira egípcio com de Ebla
a Palestina Idade do Bronze
Médio

M ESOPOTÂMIA/ Neolítico Neolítico Sociedade urbana: Jamdat Nasr


i
IRÃO
Di
inastia: sargónida
p=
Ses
6500 tardio Uruk Período dinástico primitivo 3.º dinastia
Neolítico Ubaid 5000 Invenção de Ur
6000 da escrita
Rn ara Expansão Perto
Isin
e irrigação proto-clamita
a
3500(*) (alfabetização)
ANATÓLIA Neolítico
Catal Hiyúk
6500

ai
EGEU Neolíti
EE so Idade do Bronze Idade do Bronz
Antigo Média »

A 8
ne
(NO 15) POLO
MI tc

Império Médio 2040-1640 Império Novo 1550-1070 22.º dinastia 945-712 27.º dinastia (persa) Imperadores
11, dinastia (todo Egipto) 18.º dinastia 1550-1307 23.º dinastia c. 828-712 “*5954()4 RE pe een
2040-1991 Período de Amarna 1352-1333 24.º dinastia 724-712 38.4 dinastia *4014-*399 *30) do Co SEA
12.º dinastia *1991-1783 19.º dinastia 1307-1196 25.º dinastia (Núbia “ga dinastia *399-*38() Í Período j
13.º dinastia 1783-depois de 20.º dinastia 1196-1070 e região de Tebas) “0 ia “3814343 bizantino
1640 o 3.º Período intermédio 770-712 Bperiodo persa O *395-*640
2.º período intermédio 1070-712 Período tardio 712-332 K343 RI
1640-1532 21.º dinastia 1070-945 25.º dinastia (Núbia e todo: greco- romano
Período
15.º dinastia (Hicsos) todo o Egipto) 712-657 *332-*395 d. C.
1640-1532 26.º dinastia? 664- Dinastia macedónia
17.º dimastia (Tebas) “525 *332-*304
1640-1550
Dinastia ptolomaica *304- *30) a. €.
Cabeça de Maya, relevo Pormenor da fachada do Grande
do túmulo tebano de Ramsés
(n.º 55) c. 1360
Templo de Abu Simbel c. 1270
A «Cabeça verde
de Berlim», de uma
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. =
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ER Mme di be .

(2)
Fachada do templo
de Hátor em Dendera.
Construção consagrada
a 17 de Novembro de
34 d. €. (a decoração
é posterior)

Ea
qresa
Mascara funerária
de ouro com incrusta-
ções de Tutankhamon Figura de bronze com
c. 1325 mecrustações da divma =
esposa Karomana,
E: 350)

Ocupação egipcia Conquista egípcia Despovoamento Condomínio Povoamento


Estado Kerma (Alta c Baixa Núbia) Ascensão de Napata-Meroe meroita- NCrOTUCO
Conquista de Kerma Retirada (final da 25.º dinastia) egípcio Queda de
Cultura dos túmulos egípcia 25.º dinastia em Dodekaschoinos Meroc
Estado Napata- Escrita meroítica Grupo X
-Meroe-séc. IV d. C.

Contacto do Incursões | Idade do Bronze Tardio: Monarquia Israelita Domínio persa Império
Egipto com hititas cidades-estado unificada Revolta dos Sátrapas Romano
Biblos Ocupação egípcia Reinos de Israel Alexandre Império
c. 1530-1200 e Judá Magno Bizantino
Mitanni 1520-1330 Expansão Império Seléucida
Domínio hitita assíria Prolomeus
Estados neo-hititas Cativeiro na Babilónia
(Josuéc Juízes) Judeus no Egipto

1.º dinastia de Babilónia Independência de Assur Império Conquista persa Dinastia


Reino Elamita Antigo c. 1380 Assírio Alexandre parta
Queda de Babilónia Expansão elamita Queda de Nínive Magno Dinastia
(1595 ou 1531) 2.º dinastia Império Neo- Império Selêucida sassânida
Dinastia cassita de Isin babilônio Dinastia
Medos parta

Reino hitita antigo Império Hitita Urartu Domínio persa Império


Queda do Estados do Alexandre Romano
Império Sul da Anatólia Magno Império
| Hitita Gyges da Lídia Império Selêucida Bizantino
Prolomeus

Idade do Bronze Linear B Protogeométrico Periodo clássico Império


Tardio Destruição de Creta Geométrico Guerras pérsicas; Romano
Destruição Período ajuda ao Egipto Império
de Micenas orientalizante Alexandre Bizantino
Sub=Micénico Gregos no Egipto Magno *336-*323
Período arcaico Macedónia
Império Selêucida
Prolomeus
4
INTRODUÇÃO

,
Os monumentos — pirâmides, templos, estrangeiro, entre cerca de 2920 a. C. e 332 a, ES)
túmulos, estátuas e estelas— representam a mais constitui o cenário temporal. Mas é essencial
valiosa fonte para o conhecimento do antigo algum conhecimento do período pré-dinástico |
Egipto. Um estudo dos monumentos egípcios, para se compreender as primeiras fases da história
quer dos que ainda estão em vários locais do dinástica do Egipto, tendo a cultura do período
Egipto, quer dos que se encontram em museus e greco-romano continuado, durante séculos, a ser
colecções, é um ponto de encontro ideal para em grande parte egípcia. Estas duas fases, tratadas,
especialistas e não especialistas. Não é necessário por vezes, em separado, são aqui referidas
qualquer conhecimento especial para se ficar e discutidas na altura apropriada.
impressionado com a grandiosidade e proeza
técnica da Grande Pirâmide de Gizé, para se ficar Ao escrever este livro considerámos como nosso
encantado com as pinturas dos túmulos «leitor típico» todo aquele que se interessa pelo
particulares do período dos Raméssidas, em Deir antigo Egipto e esperamos ter conseguido eliminar
el-Medina, ou para se ficar estupefacto perante a a gíria técnica da egiptologia. Este volume está
opulência e o bom gosto um tanto excêntrico dos organizado de forma que não seja necessário lê-lo
objectos encontrados no túmulo de todo, pois cada secção é compreensível por si
Tutankhamon no vale dos Reis, e que estão agora mesma. Tem um forte enquadramento geográfico
no Museu do Cairo. Em qualquer caso, o e os locais são tratados de sul para norte.
conhecimento pode contribuir para aumentar a Os antigos egípcios utilizavam eles próprios este
nossa compreensão e prazer. método e começavam as suas listas sistemáticas
a partir de Elefantina (Assuão). Muitos livros
O objectivo deste livro define-se, portanto, modernos estão organizados de norte para sul,
facilmente: fazer um levantamento sistemático da sendo esta a perspectiva do viajante do século
localização dos monumentos mais importantes do passado que chegava de barco a Alexandria,
antigo Egipto, uma avaliação da sua importância seguia daí para o Cairo e, se fosse aventureiro e
histórica e cultural e uma breve descrição das suas estivesse preparado para aceitar algum
principais características, com base nos desconforto, continuava para sul. Optámos por
conhecimentos mais actualizados da egiptologia. seguir os Egípcios, de modo a vermos o país,
Outros capítulos e artigos especiais tratam de tanto quanto possível, do seu próprio ponto de
aspectos gerais da civilização egípcia, permitindo vista. O leitor pode, obviamente, escolher o
ao leitor orientar-se no meio do grande volume, ponto onde deseja começar a sua viagem. Um
a princípio desconcertante, de nomes de sítios, de dos nossos objectivos é o de ajudar aqueles que
faraós e de deuses, ajudando-o, ao mesmo tempo, tencionam visitar o Egipto, sugerindo-lhes locais
a compreender as questões mais vastas do de interesse e dando-lhes indicações antecipadas. .
desenvolvimento desta sociedade e fornecendo Os que já viram aquele fascinante país talvez
um pano de fundo para a trajectória irregular desejem refrescar a memória e, quem sabe,
das cidades e dos seus templos. aprofundar a compreensão que têm dele,
enquanto os que gostam simplesmente de
Geograficamente, os limites deste livro são esta- ler alguma coisa sobre civilizações antigas
belecidos pelas fronteiras do Egipto, ao longo do podem apreciar uma nova abordagem de uma
Nilo, desde a primeira catarata até ao mar. À prin- das maiores. Esperamos que este livro possa
cipal excepção é a tradicional expansão ser útil a estudantes de disciplinas afins na
do Egipto até à Baixa Núbia. Os mapas mostram procura de informação fidedigna sobre
topograficamente grande parte do conteúdo deste o antigo Egipto.
livro e complementam em muitos pontos a infor-
mação contida no texto. Os das primeira e terceira À primeira parte é, em grande medida, da autoria
partes estão organizados por temas e períodos. Na de John Baines e a segunda parte de Jaromír Málek.
segunda parte os mapas referentes a cada secção A terceira parte é da autoria de ambos. Queremos
mostram uma visão pormenorizada e em grande agradecer particularmente a Helen Whitehouse a
escala das sucessivas fases da nossa viagem, in- sua contribuição para o capítulo «O Egipto na
cluindo tanto aspectos antigos como modernos. Arte Ocidental», aspecto em que é grande perita.
Gostaríamos também de agradecer a Revel Coles,
O período coberto pelas dinastias de reis John Rea e John Tait pela ajuda que nos deram nos
autóctones (com as breves excepções do domínio campos em que são especialistas.

10
PRIMEIRA PARTE

AMBIENTE
CULTURAL
A GEOGRAFIA DO
ANTIGO EGIPIO

O antigo Egipto foi excepcional pelo seu ambiente e vial no deserto. Assim, o país estava mais isolado dos
único pela sua continuidade. Esse ambiente é o caso seus vizinhos do que os outros estados da Antiguidade é
extremo de entre vários oásis culturais e físicos que a sua excepcional estabilidade foi, em larga medida, de-
foram grandes Estados da Antiguidade. E-nos quase vida ao seu isolamento, de que é notável indício a total
impossível perceber este tipo de situação, com o seu ausência de referências ao Egipto nos textos da Mesopo-
misto de elementos geográficos e humanos, tal como tâmia e da Síria do 3.º milénio antes de Cristo. Talvez
nos é difícil compreender o período de tempo abran- até ao século xi a. C., o Egipto atraiu colonos, mas
gido, equivalente a uma vez e meia a era cristã. À si- não uma invasão concertada, e os imigrantes cram sem-
tuação de quem desenhou a primeira pirâmide, de pre rapidamente absorvidos pela população. Mas em-
quem criou o mais antigo edifício de pedra daquelas bora grande parte da história egípcia seja uma história
dimensões no mundo e viveu no único grande Estado interna, tal não é inteiramente verdade no que se refere
unificado da época não pode ser recriada. Qualquer às mais vastas, e mal conhecidas, alterações da Pré-
tentativa de compreensão do antigo Egipto deve in- -História. Embora o oásis do Egipto estivesse já com-
cluir uma percepção destas e de outras diferenças enor- pletamente formado em finais do 3.º milénio, é neces-
mes entre a Antiguidade e a nossa época. Os homens sário relacionar esta fase da evolução climatérica com as
são, no entanto, iguais em toda a parte, e muitos dos alterações mais profundas verificadas em períodos an-
nossos conhecimentos pormenorizados de outras ci- teriores.
vilizações incluem objectos tão vulgares como os que Nos milénios que se seguiram ao fim da última era
nós próprios utilizamos no dia-a-dia. Ao abordarmos glaciar (cerca de 10 000 anos antes de Cristo), o vale do
uma civilização desconhecida é necessário conhecer- Nilo era uma das zonas que atraíam populações do Sara
mos tanto o vulgar como o exótico, pois ambos são e de grande parte do Norte de África. Durante o Pleisto-
afectados pelas restrições do ambiente. Um explora-o ceno o vale foi, grande parte do tempo, um pântano
de forma rotineira, o outro de modo mais criativo, intransponível e os níveis do rio eram muito mais eleva-
mas nenhum é independente dele. dos do que agora. À medida que, em finais desta fase, o
O Egipto faz parte, no seu contexto geográfico, de Sara se ia desertificando tornava-se cada vez mais inós-
uma zona mais vasta no Noroeste de África e, dentro pito para os grupos de nómadas que se tinham inicial-
desta região, a sua proximidade em relação ao coração mente espalhado por grande parte desta região. Já em
do desenvolvimento agrícola na Ásia ocidental foi, a 15 000 a. C. há uma concentração de povoações do
princípio, muito significativa. O Egipto dinástico Paleolítico no planalto desértico no limiar do vale, e um
manteve-se bastante fechado durante a maior parte dos pormenor destas culturas pode indicar que sentiam já os
períodos, o que se deveu apenas ao facto de a sua eco- efeitos da penúria e de uma pressão demográfica. Algu-
nomia ser basicamente agrícola. Para a obtenção de mas das lâminas de sílex encontradas em certas escava-
muitas matérias-primas e dos requisitos necessários a çoes, tanto no Egipto como na Núbia, mostram sinais
uma grande civilização era necessário o comércio ex- de terem sido utilizadas para cortar erva, possivelmente
terno ou a travessia do deserto, sendo, assim, impres- plantas que forneciam grãos de cereais. É este, talvez, o
cindível ter-se a perspectiva de uma região mais vasta primeiro indício de consumo de cereais conhecido no
para se compreender a cultura egípcia. O mesmo se mundo, apenas comparável ao do Terraço de Hayonim,
pode dizer quanto à população do país, provavelmente na Palestina, o que não constitui prova de uma vida se-
originária de todas as zonas circundantes, e sempre ra- dentária e agrícola, mas antes de uma utilização inten-
cialmente heterogénea. siva dos recursos por parte de uma população ainda nó-
mada.
As fronteiras do antigo Egipto Este exemplo isolado de «progresso» no Egipto pare-
Não é fácil definir as fronteiras do Egipto na Antigui- ce não ter tido quaisquer consequências a longo prazo.
dade, tema muito da preferência dos textos antigos e que Nos anos que vão de cerca de 10 000 a 5000 a. C., veri-
reflecte a obsessão do Egipto com as demarcações em ficou-se uma continuação dos modos de vida do Epi-
geral. As principais regiões do país, o vale do Nilo, o paleolítico e do Paleolítico tardio e não há uma evidente
delta c o Fayum, eram complementadas por partes das continuidade entre os vestígios deste período e os das
zonas circundantes, sobre as quais os Egípcios exerciam culturas posteriores. Estas são normalmente designadas
certos direitos, por exemplo o de exploração mineira. pelos Egípcios por «pré-dinásticas» e são neolíticas e se-
A fronteira meridional, situada tradicionalmente na pri- dentárias, tendo alguns estímulos ao seu desenvolvi-
meira catarata do Nilo, a sul de Assuão, foi alargada mento vindo da Ásia ocidental e datam, talvez, de 4500
mais para sul em certos períodos. No Império Novo há, a. €, até ao início do período dinástico. O ambiente do
por vezes, textos que designam também por Egipto par- Egipto do período pré-dinástico ofereceu oportunidades
tes da Núbia que estavam nessa altura incorporadas no de exploração não muito diferentes das encontradas no
Estado. Para além destas expansões do território egíp- início do século xix d. C. Esta analogia é importante
cio, a linha de oásis que vai de Siwa, a norte, à el- porque grande parte do povoamento teve sempre lugar
-Kharga, a sul, quase paralelamente ao Nilo e cerca de dentro do vale do Nilo e do delta, e não nas franjas do
200 km a oeste, foi ocupada e governada por egípcios
deserto (todas as áreas não atingidas pela cheia são desér-
durante a maior parte do período dinástico, atingindo o pe

ticas, ou pelo menos savana desértica, a não ser que se-


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auge da sua prosperidade na época romana.


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Jam irrigadas). É provável que a localização precisa das


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Às principais regiões do Epipto formam um oásis flu-


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povoações não tenha mudado muito, tendo a construção a. E +


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Oásis de Salima,

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SUDÃO É

Kordofan % 7?
Nilo Branco
DA
A GEOGRAFIA DO ANTIGO EGIPTO

por cima de povoações anteriores à vantagem de a acu-


mulação de escombros elevar a aldeia acima do nível do
vale e do perigo de grandes cheias. Tanto pelo facto de
povoações anteriores estarem enterradas por debaixo de
outras mais modernas, como pelo de três ou mais me-
tros de sedimentos se terem depositado sobre todo o
vale desde 3000 a. C., o registo arqueológico da fixação

pa
de populações na zona inundada e cultivada é quase
nulo. Grande parte da arqueologia egípcia é, portanto,
muito hipotética.
O vale do Nilo foi, no período pré-dinástico e em
períodos posteriores, um centro de desenvolvimento da
agricultura e, mais tarde, da sociedade urbana no Norte
de África (encontra-se agricultura em data anterior mais
para ocidente, ao longo da costa mediterrânica). Toda
esta região, desde a confluência do Nilo Azul e do Nilo
Branco até ao delta, deve ter tido primitivamente uma
cultura semelhante, mas no Egipto propriamente dito as
diferenças tornaram-se marcadas a partir do início da 1.º
dinastia. À concentração de população de várias origens FAIYUM | 7 seroomórous
Maidum, 40 Atfih
trouxe inovações de diferentes origens, tendo o princi- ; CROCODICOPÓLS
ne ur
edinet “SE
pal estímulo vindo, talvez, do Próximo Oriente. Uma M

característica marcante da cultura egípcia de qualquer veracLEÓPoLE


período é o facto de não ser tecnicamente inovadora. lhnasya el-Medina
Talvez a própria prodigalidade da terra e da sua água ANKTROMOMPOLIS
não encorajasse a Invenção. D el-Hiba
Nestes períodos de formação, o contacto entre o
Egipto e as regiões vizinhas era mais fácil do que agora,
pois a desertificação do Sara não estava ainda completa
e o deserto a ocidente do vale do Nilo e, em particular, a
oriente alimentava uma variedade de flora e de fauna e,
talvez, uma população nómada maior do que hoje. Até MENAT-KHUFUR
no Zawyet el-Amwral
el-Minyva
para os habitantes do vale do Nilo estas regiões tinham im

Balansurar
L

=== BeniHasan
alguma importância. Durante a última parte do 4.º milé- ! r a ANTINÓPOLIS

nio é o 3.º, o deserto tornou-se progressivamente mais HERMÓPOLE el-Sheikh Ibada


el-Ashmuneir 4 5
árido, desenvolvimento este que pode ter sido signifi-
cativo no que se refere à formação do Estado egípcio. 14 | ame
O colapso político que se verificou no final desta fase Motrcx De -Qusiya
climática (cerca de 2150 a. €.) pode ter sido desencadea- el-Atawla?
13
antalutd
LYRÓPOLSEmy
do por cheias insuficientes, que talvez fossem sintoma Asyut n+ 12
de uma fase de seca em todo o Norte de África, um 117 = ANTEÓPOLIS

pouco como a que teve lugar no Sahel, no princípio dos


anos 70, outro período de cheias baixas.
10 É Qaw el-Kebir

O clima e a geografia tiveram um papel importante PANÓPOLIS


“4 Akhmim
nestes desenvolvimentos. Não se pode dizer que tenham
determinado o seu rumo, pois podem imaginar-se resul-
tados diferentes, mas a verdade é que impediram a con- Girga E E

tinuação dos padrões de subsistência anteriores. O Nilo


e as suas inundações foram factores dominantes na orga-
nização do recém-formado Estado egípcio.

O vale do Nilo
A queda de chuva no vale do Nilo é quase nula, não
ultrapassando os 100-200 mm por ano no delta. Sem o
Nilo, a agricultura no Egipto seria inviável, excepto,
talvez, na costa mediterrânica. O Nilo é uma fonte de
água mais regular e previsível do que qualquer outro
dos grandes rios do mundo, cujos vales são utilizados
para irrigação. Na Antiguidade, a sua cheia anual, en-
tre Junho e Outubro, cobria a maior parte do terreno
do vale e do delta e permitia, mediante uma gestão
cuidadosa da água depositada, a obtenção de uma co- nes fronteira de nomo
lheita, Já não é possível observar-se o padrão dessa 21 número de nomo
cheia devido à construção, desde 1830, de uma série de Korti nome modemo
barragens e canais. Estes regularizam os níveis da SAS nome clássico
água, desde Sennar, no Nilo Azul, até ao vértice do RM nome antigo
Pithom mome bíblico
delta, a norte do Cairo, e a eles se junta o canal de escala 1:3 300 000 r
Jonglei, no Nilo Azul, no Sul do Sudão, entre Bahr Ú “100km
el-Jebel e o rio Sobat. Em vez de observarmos as con- b “Omi — em
A GEOGRAPIA DO ANTIGO EGIPTO

À esquerda: nomos do Alto


Egipto
Is OMNI TELA ais JIVISÕES

admistrativas do Egipto, cujas


origens remontam do periodo
dinástico primitivo. Os 22 nomos
do Alto Egipto foram fixados na
5“ dmastia C Os respeciivos
comprimentos ao longo do rio
estão registados no quiosque
de Sesóstris |, em Carnaque, Às
divisões deste mapa basciame=se OL Pi
na interpretação destas medidas
Damahhur A
e não são válidas para todos os
períodos. Para o Baixo Egipto, o
número final de 20 nomos só for
estabelecido no periodo ETCCO- 3 Ê — li jo |

“romano. O Fayum e os oásis


não faziam parte deste esquema, Kom el-Hisn

O número total de 4º nomos


tinha um valor simbólico: havia
42 juízes dos mortos ce Clemente
de Alexandria, um dos primeiros
escritores cristãos (século 11
a. C.), afirma que os Egipeios
tinham 42 livros sagrados.
Os nomes sublinhados são os
das antigas capitais de nomos.
Onde se apresenta mais de um,
isso sigmifica que a capital mudou
ou a divisão dos nomos foi
alterada em algum período; onde
não aparece nenhum, isso deve-se
à incerteza sobre qual a capital.

À direita: os nomos do Baixo


Egipto
Esta organização em 20 nomos,
do período greco-romano, — — Tronteira de nomo
baseia-se em listas que se
encontram nos templos de Edfu A? número de nomo
e Dendera. Muitas fronteiras de Tukh nome modemo
nomos seguem ao longo de SMENE nome clássico
cursos de água cuja localização TEKU nome antigo
reconstituída é hipotética, Os Pihom nome bíblico elLishto À)
nomes das capitais conhecidas escala 1:1 800 000
estão sublinhados.
Os nomos tinham insígnias,
0 ip
30 mi
* Egipro
usadas nas cabeças de
personificações, que, em filas,
decoram as bases dos templos. dições actuais, temos de bascar-nos em fontes mais an- da monção da Etiópia, e fornecem quase toda a água
As insígnias do Alto Egipto e do
Baixo Egipto são: tigas, desde documentos faraónicos até à Description do rio entre Julho e Outubro (mais cedo no Sudão).
de "Égipte, elaborada pela expedição napolcónica, e Este período corresponde ao tempo das chuvas na sa-
Alto Egipto: nos escritos dos técnicos de irrigação do século xIX. vana do centro do Sudão. No Egipto, o caudal do rio

19d vv Para se determinar qual a área cultivada em qualquer


época do passado é necessário realizar estudos porme-
atingia o seu mínimo entre Abril e Junho. Em Julho o
nível subia c a cheia começava normalmente em
2 Bs ro meaf norizados no local. No mapa da página 31 pode ver-se
uma estimativa para os períodos mais antigos.
Agosto, cobrindo quase todo o vale desde meados de
Agosto a fins de Setembro, arrastando os sais do solo e
nx 19])) As águas do Nilo vêm do Nilo Azul, que nasce nas depositando uma camada de aluviões que cresciam a

fon coli terras altas da Etiópia, e do Nilo Branco, que, no Sul um ritmo de vários centímetros por século. Depois de
do Sudão, se divide numa curiosa série de rios mais o nível da água descer, as principais sementeiras eram

85 18 Oh 2Qus pequenos e alcança o lago Vitória, na Africa central. feitas em Outubro c Novembro, podendo ser colhidas
O Nilo Branco é alimentado pelas chuvas da região entre Janeiro e Abril, conforme a espécie. Na Antigui-
6 Se
14 093 22 tropical c tem um caudal relativamente constante ao dade, a agricultura era possível na maior parte do vale
longo do ano, graças ao Sudd, que absorve a maior do Nilo e em grande parte do delta, sendo as principais
fas E parte da água na estação chuvosa. O Nilo Azul c o excepções algumas zonas pantanosas.
Atbara, que se junta ao Nilo um pouco a norte de Car- O vale e o delta formam, em conjunto, uma área de
8 5) 16 é tum, trazem grandes quantidades de água, proveniente cerca de 34 000 km” (números de 1949-1950). Durante
Corte transversal generalizado do
Baixo Egipto: DESTE
nha
f he vale do Nilo (segundo Butzer).
gem | Nos tempos históricos, o rio
Ot e qi diques Nilo no Po | principalafastousse para leste,

20A o À
estigios de braços subsidiários do Nil = nalurais |
| deixando marcas das suas

+
moderno abandonados O A 6Om anteriores margens elevadas.
vel
canal Sohagiya o aa ie fia Co A escala vertical está muto
a e E e e e
exagerada.
10 0d 17% o É q H

Bt nc 18 áfii | [O Jraicaro |
[EA areas e cascaino — 15000à C
5 Yi 12 59 19 Á-» [o Jareas 15000 000 a E
Bem 13 [1 EE tosse cascano 3000 3003 E
E es 300a € actuaidade

7 REr a fik E ss 300a E actuabuade

15
A GEOGRAFIA DO ANTIGO EGIPTO

longos períodos, a superfície do vale tem variado consi-


deravelmente, mas não houve qualquer alteração digna
de nota nos últimos 5000 anos. A acumulação de sedi-
mentos e a gestão da água pelo homem levaram, no en-
tanto, a um aumento gradual do solo útil, pois os pân-
tanos que se encontravam na orla do deserto foram
tornados cultiváveis e as zonas planas desérticas foram
incorporadas na planície sujeita a inundações. O perfil
do vale e o padrão pormenorizado das cheias são rele-
vantes para este processo. À água do próprio canal tinha
tendência a desgastar o leito e a acumulação de sedimen-
tos durante as cheias fazia subir o nível das terras mais
próximas do rio, onde a corrente era mais forte. Assim,
o perfil do vale é convexo ce os terrenos mais próximos
do rio eram mais secos e ficavam mais rapidamente fir-
mes do que os que estavam mais afastados. As cheias
não faziam o rio transbordar das margens em toda a sua
extensão, mas sim ao longo de canais de inundação que
seguiam até às terras mais baixas por trás das margens.
A crista da cheia corria mais ou menos em paralelo na
zona principal da planície e no rio.
A agricultura implicava, na medida do possível, o
controlo deste regime de caudal. As zonas da planície
eram, até certo ponto, niveladas, formando uma série de
bacias de tamanho considerável que dispunham a terra
em socalcos, de modo a ser irrigada por fases, ao longo
do rio e de dentro para fora das margens (cada socalco
cra quase imperceptivelmente mais baixo do que o an-
terior, visto que a diferença de nível do rio entre Assuão
e o mar é de apenas 85 m). Devido à grande superfície
das unidades irrigadas, deve ter sido necessário um certo
grau de organização central para permitir uma explora-
ção eficiente do solo. A extensão das unidades úteis teria
sido semelhante à das antigas províncias ou nomos, que
eram pouco mais de 20, desde a 1.º catarata até ao Sul de
Mênfis. No período dinástico, a área irrigada do vale
aumentou gradualmente, com retrocessos ocasionais,
particularmente cerca do ano 2100 a. C., em parte de-
vido a uma tecnologia mais avançada (na sua maior
parte importada) e em parte ao aproveitamento das zo-
nas pantanosas baixas. Nos períodos mais antigos as re-
giões pantanosas serviam de refúgio a animais selva-
gens, caçados pelos ricos, e eram fonte de papiro, que
servia de material para a escrita e para o fabrico de tape-
tes, barcos e utensílios. Estes recursos foram substituí-
dos pelos da agricultura intensiva e o papiro desapareceu
durante a Idade Média.
As principais culturas eram os cereais, o Triticum di-
coccum (espécie de trigo) para fazer pão e a cevada para
fazer cerveja (o trigo foi introduzido no período greco-
-romano). Para além destas culturas havia ainda as de
leguminosas, por exemplo lentilhas e grão-de-bico, alfa-
ces, cebolas e alhos, as de frutos, especialmente tâmaras,
uma certa quantidade de forragens para animais, impor-
tantes para a obtenção de peles e carne, e de plantas culti- menos de 100 pessoas/km

vadas para a extracção de óleo, como o sésamo. Pouco 100-200 pessoas/km


se sabe a respeito de ervas aromáticas, especiarias e tem- mais de 200 pessoas/km
peros. O mel era o principal edulcorante e a apicultura capital

deve ter sido uma actividade importante. A carne era capital


de nomo
cidade grande
um luxo. O gado pastava provavelmente em terrenos
cidade pequena
pantanosos marginais, em particular no delta. A carne fronteira
de nomo
mais apreciada cra a de vaca, mas as de carneiro, porco e número
de nomo
cabra eram certamente também consumidas, assim nome modemo
como a de várias espécies de antílope. As aves eram o nome clássico
alimento dos ricos. Também o pombo, actualmente nome antigo
vulgar no Egipto, era comido, tal como acontecia com lago Fayum na época do Império Antigo
Os patos, gansos e várias aves de caça, A galinha era des- escala: 2.650 000
conhecida antes do Império Novo e é provável que só se 100 km
tenha tornado vulgar no período greco-romano. As 50 ml

16
A GEOGRAFIA DO ANTIGO EGIPTO

Densidade populacional uvas eram cultivadas sobretudo na parte ocidental do


no vale do Nilo
teriores incursões do mar. Devido às suas condições, o
Densidades populacionais
delta e nos oásis e transformadas em vinho, produto de aproveitamento da terra deve ter sido sempre um ele-
estimadas dos nomos do vale do luxo: há bastantes testemunhos da existência de vinhos mento importante para o desenvolvimento desta região,
Nilo nos tempos dinásticos tintos e os brancos são conhecidos através de fontes gre-
(segundo Butzer). As densidades o que era já verdade por altura da 4.º dinastia, quando o
são mais elevadas nas partes gas. À bebida alcoólica mais usual era uma cerveja de delta se salienta nas listas de propriedades encontradas
estreitas do vale c perto da fabrico caseiro, mas também se fazia vinho de tâmara e nos túmulos menfitas. Pela sua capacidade agrícola, o
capital, talvez por estas zonas
serem já completamente
de roma. Por último, o papiro e o linho eram duas cul- delta dominou cada vez mais, a partir de cerca de
povoadas desde muito antes c turas muito importantes, sendo este último utilizado 1400 a. C., a vida política e económica do Egipto. À su-
possivelmente mais fáceis de para quase todo o tipo de vestuário e para velas e cordas perfície de terra utilizável era aqui duas vezes superior à
explorar. Às provas parecem,
contudo, apoiá-las, já que os (talvez também para extracção de óleo), e também ex- do vale do Nilo e o delta estava mais perto do Próximo
locais são mais facilmente portado. O óleo de palma era uma importante fonte adi- Oriente, tendo os contactos com esta região tido um
preservados onde o deserto está cional de fibra.
mais próximo do rio; o resultado
papel cada vez mais importante na história egípcia pos-
pode, portanto, ser um pouco terior.
exagerado. À população do delta, O delta O delta formou-se por uma interacção entre o mar,
onde não existem bases para um À imagem do delta é, em geral, semelhante à do vale do
cálculo pormenorizado,
em períodos de níveis elevados, em eras geológicas mais
ultrapassou possivelmente ado Nilo, mas deve ter constituído um maior desafio no seu antigas, c a lama depositada pelo Nilo. As regiões propí-
vale durante o Império Novo, aproveitamento para a agricultura. Hoje em dia existem cias a um povoamento permanente eram zonas arenosas
Às grandes povoações são
indicadas de acordo com a
ainda zonas impróprias para o cultivo, mas algumas são entre os braços do Nilo e outros canais. Algumas delas
dimensão aproximada, pântanos e lagunas que podem ter sido criados por pos- eram já povoadas desde o início do período pré-
fornecendo um esboço de guia
suplementar; existem
testemunhos de todas elas em
fontes dinásticas. As aldeias não
aci E : E, L E Es my

ES
| As pi

estão representadas.
iess ge
Z sa bs " - er ua
Ls
a

E
rs Emi qd

Fotografia antiga de um barco


do Nilo, com um carregamento
de cântaros de água. Devido à
facilidade de transporte pelo no,
os objectos baratos c volumosos
são enviados para grandes
distâncias, como provavelmente
sempre foram. Estes cântaros são
fabricados próximo de Qena,
onde existem argilas próprias
para recipientes porosos que
mantêm a água fresca pela
evaporação,

Fotografia antiga de um par de


chaduts — braços com pesos €
baldes — utilizados para elevar a
água para irrigação (as mulheres
que se vécm em primeiro plano
estão a recolhê-la para usos
domésticos). O chaduf,
introduzido no Império Novo,
podia elevar água até 3 m, ou
mais, quando ecra utilizado aos
pares, como aqui se vê, mas é um
trabalho tão intensivo que o seu
valor se limita a culturas
horticolas ou para elevar o nível
das zonas mundadas.

17
A GEOGRAFIA DO ANTIGO EGIPTO

Topografia do delta
Topografia do delta,
reconstituída para o ano de
4000 a. €. (segundo Butzer) e
comparada com a situação actual.
O delta setentrional era
inicialmente constituído por
lagunas e pântanos, tendo sido
gradualmente coberto por
, k TelielFaran
camadas de lodo do Nilo,
aumentando lentamente a
e N, o superfície de terra que só era
E
Damanhurta. k a
alagada sazonalmente,
A margem mais ao norte pode,
no entanto, ter sido mais atraente
para a fixação precoce de
população do que tal poderia
pressupor; há sítios primitivos
no Nordeste e um nomo à volta
do lago Burullus. Como o
sugerem os sítios submersos da
costa, esta zona pode ter sido
areias costeras LJ
fell el: posteriormente limpa em relação
laguna e terrenos pantanosos
O Tell el-Sahale ao delta meridional,
extensão máximai
aproximadamente no eixo do
Er Abu Bio pd
acima co nivel de cheia por volta de 4000 a E uadi Tumilar.
D Ghia
O desenvolvimento geral dos
mundado sazonalmente
braços do rio, possivelmente
inha de costa e braços do rio modernos Eliel Yahudia muito influenciado pelo homem,
principais braços doroe 4000 a C aponta para uma redução do seu
braços de mo menoresc 4000à C número e alteração da sua
D sitios de descoberias anlenores ao Império Novo principal desembocadura em
Sakha nome moderno direcção a oeste.
MELÓPOLIS nome clássico Abu Ravash 1) Mo Laio antigo As Zonas Cuio estavam acima

escala 11 800000 Co Mito] do nivel da cheia em 4000 à. C.


RO O Vad Day compócme-se de areia e lama e são
Õ 2 50) km daferot elAriano MO lua
| | Au Ghrat muitas vezes conhecidas pela
0 lc 35 mi bus | Ratuna
palavra árabe gezira, «ilha».
“no DÃO Hetan
Às suas margens são
particularmente favoráveis à
fixação de populações, Os sitios
-dinástico, tendo o padrão de expansão sido, possivel- monumentos, ter reduzido consideravelmente o lago que aqui se vcem têm dado a
mente, em direcção ao Norte. O solo à volta das línguas conhecer significativas
e ganho cerca de 450 km” para o cultivo. Mais tarde, descobertas pré-império Novo.
de areia podia ser utilizado para cultivo e, se fosse mais os Ptolomeus tornaram esta região uma das mais OQmitem-se aqui alguns outros
húmido, para pastagem, e os pântanos, tal como os do próspceras e densamente povoadas do país, com cer- nomes de localidades que se
vale do Nilo, abrigavam animais selvagens, peixe e pa- conhecem através de textos.
ca de 1200 km” de terreno agrícola. A maior parte
piro. Dadas as características diferentes das duas regiões da área então irrigada é hoje deserta. No Fayum
descritas, a sua utilização agrícola terá tido de ser subs- é necessária uma forma de irrigação diferente da utili-
tancialmente diferente, havendo vestígios de comércio zada no resto do Egipto, bascada em grande quantida-
entre elas. No delta não foram encontradas quaisquer de de mão-de-obra em vez de em técnicas avança-
cidades grandes datando de períodos mais antigos. Esta das. Nas zonas mais baixas talvez fosse possível obter
aparente falta de centros populacionais pode ter sido de- duas colheitas por ano, o que deve ter sido igual-
vida, em parte, à relativa proximidade de Mênfis, a sul mente verdade em quase toda a região no período ptolo-
do vértice do delta, mas pode também ser ilusória, dado maico.
que os locais antigos do delta são muito menos acessi- Região semelhante ao Fayum, mas muito menos
veis do que os do vale do Nilo. Não é de estranhar que o importante, é o uadi el-Natrun, oásis natural próximo
material arqueológico do delta seja apenas uma pequena do delta, a noroeste do Cairo e a sul de Alexandria.
parte do do Alto Egipto, o que não reflecte a verdadeira A palavra «Natrun» refere-se aos seus lagos salgados.
importância da região Estes eram, na Antiguidade, a principal fonte de sódio.
utilizado para limpeza, para fins rituais, incluindo a
O Fayum mumificação, e para o fabrico de faiança egípcia e de
A terceira região importante de povoamento antigo vidro. Este oásis é pobre em recursos agrícolas c
cra o Fayum. É um oásis à beira de um lago, a oeste do durante o período bizantino tornou-se refúgio para os
vale do Nilo e a sul de Mênfis, alimentado pelo Bahr ascetas cristãos.
Yusuf, um braço do Nilo que diverge para oeste, a
norte de Asyut, e que termina no Birket Qarun, o lago O deserto ocidental
Moceris da Antiguidade. À extensão do lago que cra, As restantes regiões a tratar eram mais periféricas em
no Neolítico, um pouco inferior à de todo o Fayum, relação ao Egipto e só podiam ser mantidas quando ha-
tem vindo gradualmente a diminuir. O lago era já um via um governo forte.
foco de povoamento no Paleolítico tardio (cerca de Os oásis do deserto ocidental produziam algumas
7000 à. C.) e no Neolítico e também no Império An-
cul-
turas valiosas, por exemplo uvas e as melhores
Ugo. As culturas mais antigas cram de caçadores e re- tâmaras,
c cram também pontos de ligação importantes
colectores, mas por altura do Império Antigo a agri- no co-
meércio com as regiões remotas. De norte para
cultura tinha já sido, certamente, introduzida. A ex- sul, eram
essencialmente quatro os oásis governados
ploração intensiva desta zona dependia de se fazer bai- pelo Egipto:
Bahariya, Farafra, el-Dakhla e cl-Kharga
xar o nível do lago, para aproveitamento de terras. e (a leste de el-
-Dakhla), sendo os dois últimos, de longe,
da utilização da água daí proveniente para irrigar terre- OS mais im-
por tantes. Para além destes, o mais remoto Oás
nos, tanto acima como abaixo do nível normal is à Oeste
do la- de Siwa foi incorporado no Egipto no
go. Os faraós da 12.º dinastia realizaram importantes período tardio
tendo adquirido renome mundial graças
obras que devem, a Julgar pela localização de
alguns à fracassada
missão de Cambises, em 525 à. C. (soube-se recente-
I8
A GEOGRAFIA DO ANTIGO EGIPTO

mente que foram encontrados no deserto vestígios do havido, em certos períodos, um povoamento egípcio
exército de Cambises), e à posterior consulta aí efectua- permanente nesta região. O Sinai é também fonte de
da por Alexandre Magno ao oráculo. Existem também cobre, e em Timna, próximo de Eilat, foram escavadas
oásis mais pequenos, a ocidente do Nilo e mais para sul, minas de cobre contemporâneas das 18.:-20.º dinastias
Kurkur, Dunqul e Salima, que são pontos de paragem egípcias. Estas minas eram provavelmente exploradas
onde não foram encontrados quaisquer vestígios da An- pela população local, sob controlo egípcio, não ha-
tiguidade. vendo indícios de que os Egípcios extraíssem eles pró-
Há testemunhos, datando dos Impérios Médio e prios cobre em qualquer outro local do Sinai. É possí-
Novo, de pessoas que fugiam à justiça ou a perseguições vel que, tal como acontecia com o comércio de cereais
para os oásis de el-Kharga e el-Dakhla, enquanto na 21.º entre o Egipto e o Próximo Oriente, os Egípcios ex-
dinastia os exilados políticos eram para lá banidos. Nes- traíssem cobre, não considerando, porém, essa activi-
se aspecto, esta região era uma faceta da Sibéria egípcia,
sendo outro o do trabalho forçado em condições horrí-
veis, com enormes perdas de vidas, nas minas do de-
Único mapa egípcio antigo. serto oriental.
Fragmento de um esboço de Toda a zona a ocidente do vale do Nilo se chamava,
mapa que representa,
provavelmente, a região central na Antiguidade, Líbia. A região costeira a ocidente de
do uadi Hammamat, onde há Alexandria, até à Cineraica, albergava provavelmente a
pedreiras de grauvaque e minas maioria da população líbia e era menos inóspita do que
de ouro. Alguns outros
fragmentos (que não se vêem parece actualmente. Quase todos os vestígios egípcios
aqui) mostram um longo ali encontrados datam do reinado de Ramsés II, que
caminho com poucos
pormenores topográficos. construiu fortalezas ao longo da costa até Zawyet Umm
As legendas hieráticas descrevem el-Rakham, a 340 km a ocidente de Alexandria, e do
aspectos naturais € outros que são período greco-romano, quando os Ptolomeus construí-
obra do homem, dizendo o todo
respeito à extracção de uma ram, nos estilos grego e egípcio, em Tolmeita, na Cire-
estátua meio trabalhada que foi naica, a 1000 km de Alexandria.
levada para a margem ocidental Durante quase toda a história do Egipto os oásis cons-
de Tebas no ano 6, talvez do
reinado de Ramsés IV. Turim, tituíram um posto avançado contra os Líbios, que ten-
Museu Egípcio. taram, em vários períodos, infiltrar-se. Nos reinados de
Merenre e de Pepi II, o chefe de expedição Harkhuf foi dade suficientemente prestigiosa para a registarem.
várias vezes até Yam, zona que fica, provavelmente, Caso contrário, talvez utilizassem mão-de-obra local,
na região moderna de Kerma e Dongola, a sul da como em Timna, ou comprassem cobre à população
3.º catarata do Nilo. Numa dessas ocasiões, Harkhuf local, ou adquirissem a maior parte do que necessita-
seguiu pela «estrada do deserto», deixando o vale do vam noutro local.
Nilo perto de Abido e passando, certamente, por el- O deserto oriental do Egipto fornecia grande quanti-
-Dakhla. Ao chegar verificou que o governador de dade de pedras para a construção e pedras semipreciosas
Yam tinha ido «correr com o chefe do território líbio e era o caminho para o mar Vermelho. Algumas pedrei-
para o canto ocidental do céu» — descoberta esta pro- ras localizavam-se perto do vale do Nilo, como era o
vavelmente relacionada com a estrada de ocidente, caso de Gebel Ahmar (quartzito) e de Hatnub (alabastro
utilizada nesta expedição. Este pormenor mostra que, egípcio), mas outras, particularmente as de grauvaque
para os Egípcios, a «Líbia» se estendia até cerca de (pedra dura e negra), em uadi Hammamat, e as de ouro,
1500 km a sul do mar. As ruínas do Fezzan, que da- na sua maior parte a sul da latitude de Koptos, implica-
tam, provavelmente, do tempo de Cristo, revelam a vam expedições em grande escala. Sem o domínio egíp-
possibilidade de o Sul da Líbia ter sido povoado na cio sobre a população nómada local, ou sem a sua cola-
Antiguidade, enquanto a zona de Uweinat o foi no 3.º boração, estas minas não podiam ter sido exploradas.
milénio antes de Cristo. Em períodos mais antigos a Este controlo era-lhes igualmente necessário para po-
cultura dos Líbios era semelhante à dos Egípcios e é derem utilizar as três principais vias de acesso ao mar
possível que falassem um dialecto da mesma língua, Vermelho que seguem pelo uadi Gasssus até Safaga,
mas os contactos entre eles foram, durante o período pelo uadi Hammamat até Quseir e pelo uadi Abbad até
dinástico, em boa parte hostis. Berenike, existindo igualmente um caminho menos im-
Dos oásis ocidentais sai um caminho, conhecido hoje portante que vai de cerca de 80 km a sul do Cairo até ao
por Darb el-Arbain («o caminho dos 40 dias»), que leva golfo de Suez, de cuja existência há provas que datam do
a el-Fasher, capital da província de Darfur, no Sudão reinado de Ramsés Il. O testemunho mais antigo da
ocidental. Harkhuf utilizou a primeira parte deste cami- utilização destas rotas data do fim do período pré-
nho, mas é possível que, já na Antiguidade, estivesse -dinástico (uadi el-Qash, de Koptos a Berenike), po-
totalmente aberto ao comércio. Harkhuf viajava com dendo estar relacionada com o comércio do mar Verme-
burros, mas a exploração eficaz de tais caminhos deve lho ou com a exploração mineira. Existem provas da
ter dependido do camelo, introduzido no Egipto, ao que utilização das rotas mais a norte em todos os principais
parece, nos séculos vI-v a. C. períodos da história egípcia e das mais a sul a partir do
Império Novo.
O deserto oriental Nos confins do uadi Gassus encontrava-se um templo
A leste do Egipto existiam várias fontes importantes da 12.º dinastia e em 1976 foram descobertas ruínas do
de minerais. À que se situava mais a norte era o Sinai, porto egípcio próximo, da mesma época. Existem mais
que fornecia turquesas, extraídas pelos Egípcios desde vestígios, das 25.º e 26.º dinastias (700-525 a. C.), e este
a 3.º dinastia até ao fim do Império Novo, mas não padrão manteve-se provavelmente durante o período
mais tarde (teve-se recentemente notícia de descober- persa (séculos vi-v a. C.), altura em que existiam liga-
tas datando do início do período dinástico). As princi- ções com o Irão, contornando a costa arábica. O perio-
pais escavações de ruínas egípcias ficam no Sinai oci- do romano está representado em sítios como Quseir e
dental, no uadi Maghara e Serabit el-Khadim, tendo Berenike, que eram portos de comércio com a África

19
A GEOGRAFIA DO ANTIGO EGIPTO

oriental e com a Índia. Embora não existam provas de meus, fazendo estes parte da paisagem estereotipada do
que os contactos dos Egípcios tivessem chegado tão Egipto na antiguidade clássica. Não se sabe como é que
longe, tais portos deviam ser utilizados para o comércio os Egípcios pagavam tudo isto, e não há praticamente
com as terras quase míticas do Ponto, que aparece refcri- nenhum vestígio arqueológico egípcio na região sub-
do em textos a partir do Império Antigo. À localização sariana. Desconhece-se a origem de muitos dos produ-
do Ponto não está rigorosamente estabelecida, sendo, tos — os pigmeus nunca se devem ter expandido para
para os Egípcios, uma região com várias associações norte do divisor hidrográfico Nilo-Congo, enquanto al-
idealizadas, mas é muito provável que se tratasse da re- guns dos outros artigos devem ter atravessado a floresta
gião da moderna Eritreia ou Somália, onde há notícia de tropical, passando por um certo número de intermediá-
recentes descobertas dos períodos helenístico e romano. rios antes de chegarem ao Egipto. Não nos é fácil avaliar
Os artigos que vinham do Ponto eram quase todos exó- a importância destes produtos para os Egípcios, muitas
ticos ou de luxo, sendo o mais importante o Incenso. vezes de natureza religiosa, mas foram transformados
Não se sabe se o comércio com o país do Ponto era a em foco de prestígio comparável actualmente ao das pe-
única razão para a navegação no mar Vermelho, para dras preciosas.
além do acesso a algumas zonas do Sinai. Há notícia de
terem sido encontradas pérolas egípcias de 18.º dinastia A Palestina e a Síria Em baixo: afloramento granítico
na costa a sul do rio Juba, perto do equador, mas isto A última região importante que é necessário mencionar perto de Ássuão, com marcas de
não significa que os Egípcios tivessem chegado eles pró- aqui é a da costa da Palestina. Já no período pré-dinástico extracção. As filas de entalhes
semelhantes a dentes mostram
prios até aí. existem testemunhos dos contactos entre o Egipto e O onde foram abertas fendas antes
Próximo Oriente e o nome de Narmer, último rei pré- de serem inseridas cunhas de
madeira. Às cunhas eram
A Núbia -dinástico, foi encontrado em Tel-Gat e Tel-Arad, na
molhadas, de modo a incharem,
A fronteira política do Egipto, na 1.º catarata, foi prova- Palestina. O comércio de lápis-lazúli, cuja principal para separar a pedra. Às cicatrizes
velmente estabelecida em fins do período pré-dinástico e fonte era, na Antiguidade, Badakshan, no Afeganistão, que se vêem nalgumas superfícies
foram, possivelmente, feitas com
princípios do dinástico, substituindo a anterior fronteira era então próspero e é possível que o Egipto importasse ferramentas de ferro e são,
natural em Gebel el-Silsila, onde os montes calcários de também metal da Ásia. Há testemunhos, datando do portanto, posteriores a cerca
cada lado do Nilo dão lugar a arenitos, elemento básico Império Antigo, de ligações entre o Egipto e Biblos, no de 700 a. €.
das rochas até Butana, no centro do Sudão. Em Gebel Líbano, e o barco funerário de Kéops, o construtor da Fundo da página: paisagem da
el-Silsila os arenitos chegam até cada uma das margens Grande Pirâmide, era feito de cedro do Líbano. Há pou- parte sul do deserto oriental.
do rio, e era neste local que se encontrava a principal cas árvores no Egipto e a sua madeira é de má qualidade, Embora esta zona seja um pouco
menos árida do que o deserto
pedreira de onde os Egípcios extraíam, a partir do Im- por isso a madeira boa teve sempre de ser importada do ocidental, a organização de
pério Novo, material para construção. O calcário per- Próximo Oriente. Durante o Império Médio estas liga- expedições para extracção ou
mitiu que o Nilo formasse uma planície inundável rela- ções intensificaram-se, enquanto no Império Novo os recolha de minerais deve ter
levantado enormes problemas.
tivamente larga, enquanto a área de terreno útil nas zo- faraós egípcios conquistaram grande parte desta região, Mesmo assim, a exploração foi
nas de arenito é muito pequena. que mantiveram em seu poder durante mais de dois sé- muito completa; foram poucos
A sul de Gebel el-Silsila encontrava-se a primeira pro- culos, explorando os povos subjugados e fazendo co- os depósitos minerais
significativos que se encontram
víncia egípcia, ou nomo, cujas principais cidades eram mércio com os vizinhos. Durante o ressurgimento do que não tivessem sido explorados
Assuão e Kom Ombo. O seu estatuto à parte foi, desde poder egípcio, da 22.º à 26.º dinastias, foram de novo na Antiguidade.
cedo, atestado pelo seu nome, Núbia. Entre as 1.º e 2.º conquistadas partes da Palestina, o que se repetiu no
cataratas encontrava-se a Baixa Núbia, que foi sempre o período ptolomaico. À posse de parte da Síria-Palestina
principal alvo para incorporação no Egipto. Inscrições e era um objectivo normal para um regime forte no
relevos na rocha, na zona da 2.º catarata, datando de Egipto, mas verificou-se ser muito mais difícil do que a
princípios do período dinástico, mostram o interesse do Núbia.
Egipto por esta terra, nessa altura. Na 4.º e 5.º dmastias Muito dos progressos na cultura material do Egipto
quase não havia população permanente na Baixa Núbia. vieram do Próximo Oriente. Em troca destas importa-
Uma povoação egípcia em Buhen, a norte da 2.º catara- ções «invisíveis», assim como da madeira, cobre, talvez
ta, implica, senão governo, pelo menos hegemonia. Na também estanho, prata, pedras preciosas, vinha e óleo,
6.: dinastia os Egípcios cederam perante os habitantes os Egípcios podiam oferecer quatro recursos principais:
locais, mas retomaram o controlo durante a 11.º dinastia ouro, excedentes alimentares, linho e, especialmente em
e, novamente, no fim da 17.º. Os faraós da 18.º dinastia períodos mais recentes, papiro. O comércio do ouro € o
estenderam o domínio egípcio até Kurgus, a sul da rota intercâmbio de produtos africanos importados pelo
das caravanas que atravessam o deserto de Korosko até Egipto são bem conhecidos, mas a exportação de co-
Abu Hamed. Esta aquisição de território foi muito im- mida e de outros produtos sem prestígio só em casos
portante para a história posterior, uma vez que se esta- excepcionais pode ser comprovada. Quase não deixa
beleceu em Napata, capital da Alta Núbia, uma cultura marcas nos registos arqueológicos e quase nunca é men-
de influência egípcia, que viria a dar origem à 25.º dinas- cionada em textos, sendo a mais conhecida referência
tia egípcia c ao reino de Napata-Meroe, que se manteve escrita um presente de cereais de Merneptah aos Hititas,
até ao século Iv d. C. durante um período de fome, o que não constitui co-
A Baixa Núbia parece ter sido considerada como per- mércio. Mas a agricultura egípcia era bastante mais certa
tencendo de direito ao Egipto e era importante para o e mais produtiva do que qualquer outra no Próximo
acesso a matérias-primas, sobretudo pedras duras e ou- Oriente e tal como o celeiro de Roma na época imperial
ro, no deserto de cada lado do Nilo. Num período an- era o Egipto, o mesmo pode ter acontecido para o Pró-
tigo esta região foi utilizada como fonte de madeira, mas ximo Oriente em épocas anteriores. Os cereais foram
nunca pode ter tido grande importância do ponto de um elemento importante da política externa do período
vista agrícola, dado a área cultivável se limitar à uma tardio.
estreita faixa de cada lado do rio. Era também, no en- Podem mencionar-se outras regiões, mais distantes
tanto, a passagem por onde vinham muitos dos produ- do Egipto, que tiveram importância na história egipeia
tos africanos apreciados pelos Egípcios, que incluíam es- em alturas diferentes, entre as quais a Mesopotâmia, a
peciarias, ébano, penas de avestruz e algumas espécies de Anatólia hitita, Creta e Chipre, que não podem ser aqui
babuíno. Ocasionalmente vendiam-se também pip- examinadas.
e

20
A GEOGRAFIA DO ANTIGO EGIPTO
Recursos naturais do antigo LÁ |
Egipto UuEls | “| |
Os locas indicados são aqueles m TE AE | 6X |
eim aque h. explorações Antigas peido do Tr? reu Ao |
dos minerais referidos. É muitas Creta: fo
vezes impossível datar com E es: Ea
precisão estas explorações, mas |
muitas delas são exclusivamente | ,
greco-romanas, por exemplo as
tontes de esmeralda, berilo ou E eo -— ag sr no =
pórfiro co granito do Mons | ES SE SRD RI IO A g
Claudianus. | | I
Outras pedras semmpreciosas | |
e minerais encontram-se |
espalhadas pelo deserto oriental: | | MAR EDITERRÂNEO
agata, brecha, caleite (a 140 km | |
a norte de Asvut). cornalina,
calcedónia, feldspato, granada, | |
ferro, jaspe, cristal-=de-rocha — |
(quartzo), serpentina. A TR e ipi
À oeste do Nilo encontra-se | , |
epsita, em 100 km a sul do sds e” | a
Cairo, cosilex espalha-se por Líbia | a ã
ambos os lados do vale, | e Di |
especialmente entre Luxor | Tr a GA A y y ea
cel-Kab. Os montes próximos | | | Do a “DELTA / ri
do Nilo, para sul até Gebel | | Da DZ”
el-Silsila, são compostos de | AV TS
calcário, sendo apenas marcadas meia ED ?
As prseiras de pedra de boa | CER qro | E tre —
qualidade para construç; |
€ (Us Ariane
oe im portadhs
ES dh RED
mais | || e
Acobre
longe imeluiam incenso e mirra do | ) À | | ÉS
Ponto (Somáha do Norte?) e do | = Oásis de Siwa E cobre e o Uadi Nasb f /
lémen (3). obsidiana do Sul da
Etiópia, prata da Síria lápis- | | á E ==a a (a malquite Se al )À
-lazúl de Badakshan, no | x | vo À UadiMaghara /)
Nordeste do A feganistão. | | DESERTO , " SINAI f Í
A maior parte cram produtos ec ad sis de Bahariya ORIENTAL X | Prata 28º
de luxo, vivendoo egípcio vulgar [1 gs aa = A “ =| — ARS
como agricultor de subsistência | e o |E=á e
e tendo poucos contactos Wa RS
ECONÔMICOS COM O Exterior. | |
A regãão cultivada variava, | 'Oási
enquanto os terrenos disponíveis | aeee +
para pastagem variavam com | | >
as alterações climáticas à longo | À
Prazo, RR e 1 qo | A
46 ):

|
| | ——— ——=sm = e Tra! y

tonIcke | «opÀ MAR VERMELHO4 |>|


| | * Oássdo el-Dakia eaq |
| | alumin
| | |
| | | |
| DESERTO OCIDENTAL
|——— Ee 24º

-!. Trópico de Câncer |

|
|
|
|
| | :
|
|
q
Bia À 2a

|
|
|
|
| termacultivada
zonas de pastagem 20!
zonas supostamente de pastagem
cobre recursos /
e sitioderecurso o
D sílio mencionado x
e sítio de recurso mencionado f
E) zona de exploração intensiva ou intermitente
de recurso /
—— = Tola de caravanas rá
E Se Vad / a el-Fasher tg
Assuão nome modemo ne e
TEBAS nome clássico g
HATNUS nome antigo f
escala 1:8 000 000 DESERTO DE BAYUDA tas
Os
b | 150 mi
mom Ro 3” ad te Ra
mi mal

21
O ESTUDO DO DESDE
Caos qua? hi À
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=mma, E
'
ao

Pa

ANTIGO EGIPIO É
» Terra Íuis contenta bo:
Os Europeus têm-se interessado quase continuamente ns, non indiga mercis ”

pelo Egipto e vários autores, desde o grego Hekataios Aut Jouis,in Íolo tanta PRA
de Mileto, no século via. C. (cujo livro se perdeu), até elt fiducia Nilo. Lucas | |
êõ
aos nossos dias, têm escrito sobre este país. Quando a
civilização do Antigo Egipto se extinguiu, nos finais

E
do período romano, não podia já ser objecto de estudo
contemporâneo, mas continuou a ser lembrada,
durante toda a Idade Média, pelos seus monumentos,
õ
sobretudo as pirâmides. Alguns peregrinos passaram
pelo Egipto a caminho da Terra Santa, especialmente
para visitarem locais associados com a estada de
Cristo, e acreditava-se mesmo que as pirâmides ti-
nham relação com a história bíblica, sendo considera-
das como os «celeiros de José».

m
=
a
SOISSISO

a
"me
Às primeiras fases

.
u day
O interesse e o conhecimento da Antiguidade renova- Estátua em bloco do sacerdote-
-leitor principal Petamenope:

a os

F
ram-se no Renascimento e entre os textos clássicos, tra-

da
gravura em Thesaurus

z
“at SPLIT
zidos à luz do dia no século xv, encontrava-se a Hiero-

É
==
Hicroglyphicorum, de
glyphica de Horapollo, obra do século 1v d. C. que pre- G. Herwart von Hohenburg
(1620), a mais antiga colecção de
tende ser de origem egípcia e dá explicações simbólicas inscrições hieroglíficas publicada.
do significado de um certo número de sinais da escrita

SSS
Herwart representa o mesmo
meroglífica e do Corpus Hermeticus, conjunto de panfle- objecto como se fossem dois
diferentes, utilizando duas fontes
tos filosóficos dos primeiros séculos da nossa era, escri- manuscritas do século xvi.

PPPPSL
tos provavelmente no Egipto e contendo ideias egípcias Proveniente de Roma (2),
originalmente de Tebas,
genuínas, intercaladas com material neoplatónico e ou-
tro. Os textos deste último tipo defendiim, em grande
c. 650 a. €. Paris, Museu e
do Louvre.
parte, o pressuposto — vindo dos primeiros filósofos AEGYPTO
gregos — de que o Egipto era a fonte da sabedoria.
O mesmo se pode dizer do Hieroglyphica, que, se-
gundo se afirmava, descrevia um método de encerrar
verdades profundas em sinais pictóricos.
VS

No século xvi os estudiosos da Antiguidade dedica-


ram-se mais do que nunca ao estudo dos vestígios dessa
SVB

época e, em Roma, principal centro das suas investiga- o


ções, viram-se de imediato confrontados com objectos
O] |
AETHIOPIAE

egípcios, a maior parte dos quais tinham sido importa- 2 é TISEBARICA


dos para o culto de Ísis, popular nos princípios do Im- j REGIO. Cocnen “tirdrrama, Ante. ,
pério. Estes objectos encontram-se referidos em antigas E a abatS
publicações de antiguidades e formam, em conjunto ro |
com os obeliscos, que continuam a ser um elemento
ad
SO O

característico do cenário de Roma, um núcleo de estudo


O

reconhecido na sua maior parte como egípcio e interpre-


da
TO

tado com a ajuda dos escritos dos autores clássicos sobre


+.
o OO

Eua

o Egipto. Os ilustradores da época não tinham qualquer


=

3
Es

noção das diferenças entre os seus próprios métodos de


A O so
=
EE

EL,

representação e os do antigo Egipto, o que leva as suas


k
y
H
k
Je

reproduções a terem apenas uma vaga semelhança com


-
A

Os originais.
É
=

;
ê

Os finais do século xvi e princípios do xvm foram a


época das primeiras visitas ao Egipto, em busca de anti- Obelisco e elefante: ilustração Mapa do antigo Egipto, de nas suas posições relativas corree-
guidades. Pietro della Valle (1586-1625) viajou por todo de um mausoléu por Francesco
Abraham Ortelius, Amesterdão,
Colonna, Hypnerotomachia tas, incluindo Tebas, 125 anos an-
o Mediterrâneo oriental, de 1614 a 1626, e trouxe con- 1595. A divisa diz: «Rico em re- tes de a sua localização ter sido
Polifili (Veneza, 1499).
sigo para Itália múmias egípcias e importantes cursos naturais, o Egipto coloca a identificada no terreno. Esta in-
manus- À inscrição «hicroglífica» baseia-
sua fé no Nilo e não tem, por is- de
formação provém quase toda
critos coptas. Os manuscritos estavam redigidos -se, sobretudo, no friso de um

id, e pp
na templo romano que se julgava
so, necessidade nem de comércio fontes clássicas, as úmicas entao
forma mais recente da língua egípcia, em letras gregas, externo, nem da chuva que cai do disponíveis para o antigo Egipto,
conter hicróglifos egípcios.
céu» (Lucano, Civil War, 8, 446- de modo que se vécm, por exemt-
-47). Como em muitos outros
copta pto, onde é, até hoje, utilizada plo, as desembocaduras do no da
mapas anteriores a 1800, o Norte época clássica. De notar a lista de
para fins litúrgicos. Os manuscritos podiam, encontra-se à direita, de modo a lugares não identificados. À to-
portanto, poder-se apresentar uma «paisa-
ser estudados por quem soubesse árabe, língua pografia não se baseia em ne-
em que gem» do Nilo, Este mapa é uma
os livros elementares coptas eram escritos. Dois nhum levantamento e é muito
séculos realização notável, mostrando inexacta. Londres, Museu Britã-
quase todas as cidades e nomos nico.
22
O ESTUDO DO ANTIGO EGIPTO
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mais tarde o copta viria a servir de base para a decifração tos edifícios magníficos, tantas igrejas, estátuas, colos-
da escrita hicroglífica. Foi também o elemento inicial de sos, obeliscos e colunas». Mas, «embora tenha ido até
estudo do grande polímata Athanasius Kircher (1602- muito longe, nenhum dos edifícios que vi cra digno de
-1680), que escreveu numerosas obras sobre o antigo admiração, à excepção de um, a que os Mouros cha-
Egipto e foi um dos primeiros a tentar a decifração. mam Ochsur (Luxor, em que o autor inclut tambem
Um fascinante desvio no desenvolvimento do co- Carnaque). À sua opinião iria estar na moda cerca de
nhecimento do Egipto pelos Europeus é revelado por 250 anos mais tarde, quando Luxor se tornou centro de
um manuscrito dando conta da visita, em 1589, de um turismo, € nesse aspecto mostra-se particularmente
anónimo veneziano que viajou pelo Alto Egipto e pela profético. Diz ele, a propósito de Carnaque: «Avalicm
Baixa Núbia até el-Derr. O autor diz que «não viajou se este enorme edificio é superior às Sete Maravilhas
com nenhum objectivo útil, mas apenas para ver tan- do Mundo, Uma delas ainda existe; uma das pirâmides

23
O ESTUDO DO ANTIGO EGIPTO
No extremo esquerdo: parte dos
dos faraós, que, em comparação com esta construção, títulos de Domiciano, do obelisco
é coisa sem importância. Não estou a mandar ninguém da Piazza Navona; gravura de
Athanasius Kircher, Obeliscus
que queira ver o monumento para o fim do mundo.
SUL ITS RE
a LT SETE Si
Pamphilius (Roma, 1650).
Fica apenas a dez dias de viagem do Cairo e é bastante Os números pequenos referem-
barato lá ir.» Esta obra espantosa só foi publicada no -se a explicações alegóricas
século xx e parece não ter tido qualquer influência so- no texto do livro.

bre outros escritores. À esquerda: estatueta de bronze


de Hapy, a inundação,
No século seguinte o texto que mais se aproxima consagrada por Pahap, filho
deste, conhecido através de publicações secundárias, é de Ptahirdis; gravura de B.
uma narrativa da visita de dois frades capuchinhos a Lu- de Montfaucon, L'Antiquité
expliquée et représentéc en
xor e Esnar, em 1668, onde, segundo dizem, «que se figures. Supplément (Paris,
saiba, nunca algum francês aqui esteve». Tal como o seu 1724). Esta figura encontrava-se
predecessor, não tinham muito tempo, mas consegui- nessa altura em Mompiller, mas
desapareceu desde então, sendo,
ram atravessar para a margem ocidental, em Tebas, e portanto, este registo valioso.
ver o vale dos Reis, principal atracção turística que esca-
Em baixo: grupo de pequenos
para ao veneziano, objectos da colecção do arcebispo
William Laud (1575-1645),
Viajantes e arqueólogos oferecidos à Universidade de
Oxford em 1635. As duas figuras
Explorações como as que acabamos de mencionar não da esquerda são autênticas, mas as
podem ser consideradas arqueológicas. Esta palavra que estão em baixo, à direita, são
falsificações. O n.º 32 imita,
e
pode, contudo, ser utilizada em relação ao trabalho de
talvez, um amuleto «Nó de Ísis»:
John Greaves (1602-1652), astrónomo inglês que publi-
a

o D é um shawabty datando da
cou a sua obra Pyramidographia, or a Discourse of the época romana ou do
Ca

Pyramids of Aegypt em 1646. Greaves visitou duas ve- Renascimento. Oxford, Museu
Ashmolcan.
zes Gizé, em 1638-1639, mediu e examinou pormeno-
Tr

rizadamente as pirâmides e fez uma análise crítica dos Ao fundo: vista de relicários
cavados na rocha e de inscrições
escritos antigos sobre elas, tendo ido igualmente a
Eee

em Gebel el-Silsila, de
Saggara. A obra daí resultante é mais perspicaz do que F. L. Norden, Voyage d'Egypte
et de Nubie (Copenhaga, 1755).
qualquer outra dessa época sobre o antigo Egipto.
Uma característica digna de nota é a citação de fontes
árabes medievais. Greaves seguiu essencialmente o exem-
plo da sabedoria humanista do Renascimento, mas a apli-
cação que fez destes métodos ao antigo Egipto não foi
imitada por ninguém.
A partir de finais do século xvir, o número de viajan-
tes que iam ao Egipto aumentou gradualmente e os seus
escritos começaram a incorporar desenhos de monu-
mentos utilizáveis. O avanço mais significativo no co-
nhecimento do antigo Egipto foi conseguido pelo jesuíta
Claude Sicard (1677-1726), que foi incumbido pelo re-
gente de França de investigar monumentos antigos no
Egipto. Apenas algumas das suas cartas sobre este as-
sunto foram preservadas. Visitou quatro vezes o Alto
Egipto e foi o primeiro viajante moderno a identificar a
localização de Tebas e a designar correctamente o colos-
so de Memnon e o vale dos Reis, tudo isto com base em
descrições clássicas. O seu mais importante sucessor foi
o dinamarquês Frederik Ludwig Norden (1708-1742),
que visitou o Egipto em 1737-1738, e cujo livro de via-
gens, publicado postumamente e magnificamente ilus-
trado pelos seus próprios desenhos, teve várias edições
entre 1/51 e o fim do século xvilr.
O aumento do número de visitantes do Egipto se-
guiu a par de um melhor tratamento das questões
egípcias — e das culturas exóticas da Antiguidade
como um todo — nas obras mais famosas do século
xvilt, das quais as mais importantes são as compilações
em vários volumes, da autoria de Bernard de Montfau-
con (publicada em 1719-1724) e do barão de Caylus
(1752-1764). Ambas atribuem um espaço importante
aos objectos egípcios, ao mesmo tempo que atribuíam
também ao Egipto muito do que provinha de outros
lugares. Existiam já colecções consideráveis de antigui-
dades e algumas delas, como a pertencente ao arcebispo
Laud na década de 1630, incluíam mesmo falsificações.

Decifração da escrita hieroglífica


— ei a à, d

: ms e Tua A 7 E,
— Cad E "

Durante todo o século xvim continuou a estuda


a a ' , ai “+ RR PR P , == ls T]
o cg a ir

r-se à Í )
DO O

escrita hicroglífica, embora fossem poucos os ed Edo! f husgo Mo tutto ' ar | ?


progres-
Ê L Pit pri "q , é. Rs “im à fe ( h. RE
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e a Thibol Ch fode
qi :
f f 1h: é redÊ pel ums aa Ef tenpo A Deo
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24
O ESTUDO DO ANTIGO EGIPTO

Viajantes no Egipto | iracção


eno Sudao antes de 1800 | MAR, HEDITERRANEY Veneza àu Génov

As cidades e locais aqui marcados | dna


JIFE
a
ps”
mitos,
LAO

têm lugar de relevo nos registos Veneza ou Génov


de viajantes antes da expedição | | sa a q
| PEN
de Napoleão de 1798. Alguns
dos nomes e datas das visitas são
apresentados em tipo carregado.
Estão também representados:
os sítios egípcios visitados
sobretudo devido às suas
S Villamont 1790.LICalto
associações com o cristianismo. ara (7 ligo
+ O Itinerário
convencional dos peregrinos
f
sm

medievais à Terra Santa, que iam


também ao Sinai e ao Egipto.
(17 = cMosiBi 0 ogdan ura 130 : Lannoy 1422 '
/ “É Mosteiro de
a rota de Felix Fabri /

através do Sinai, em 1483.


hd

“uma rota de caravanas até À Tuna el-Gsi


Ho ad 1715
ao mar Vermelho, apresentada no SPEOS o dê

mapa do séculoxv Egyptus novelo.


1 a

Vansleb1672 Sicardc. 1715


locais visitados pelo
anónimo italiano de 1559
itinerário seguido por
um grupo de franciscanos (que
incluía Theodor Krump), Jesuitas
franceses c o Doutor Poncet até à
capital do Funj, Sennar, € ABIDO O
Gondar, na Etiópia, em 1698- Granger4731.
1710
Pos 16
le dos Reis Colosos
rota por onde o escocês
James Bruce regressou de Gondar eljkharga * | ycas 1716: Pococi
a Assuão, em 1771-1772.

Inscridos: excertos de livros de


viajantes menos importantes,
publicados após o seu regresso à
Europa. Há mais de 200 relatos
de viajantes, entre 1400 e 1700,
em cujas viagens se incluía o
Egipto.
el-Dakka Nomen 1738
Em cima: Christoph Fiirer von Amada Norder 1738
Haimendorf, em 1610, com 69 el-de el-Sebua Norden/173)
anos; em Jtunerarium Aegypei, f el-Diwan
Arabiae, Syriac, aliumque el-Shab
regionum orientalium
(Nuremberga, 1610).

Ao centro: Jean de Thevenot


(1633-1667), frontispício de
Voyages de M. de Thevenor
en Europe, Asie & Afrique
(Amesterdão, 1727;
originalmente Paris, 1665).
A inscrição diz: «Amigo, talvez
conheça o autor deste retrato; / o Império Otomano
não há viajante mais perfeito. »
Su Reino Funi
Em baixo: obelisco de Sesóstris |,
em Hehópolis; os hieróglifos são
legíveis, mas pouco
característicos do Egipto, e a
paisagem é europeia. Em Gemelli
Careri, Voyage du tour du
monde (Paris, 1729), que dá
a entender que o obelisco se
encontra em Alexandria.

Itinerário convencional dos peregrinos


e medievais à Terra Santa, que visavam
para o Sinai pelo Egipto
Rota de Felix Fabn pelo
Sinal, em 1483

Rota de caravanas do Egipto ap mar Vermelho, no mapa do


século xv, Egyplus novelo
Itinerário dos jesultas lrancesgs e
franciscanos italianos até Sennar é À
Gondar, na Eliópia, em 1698-1710 Do O Gedarel (+ Tegwast.
ER
— |linerário de Bruce, 1772 Sc
Sitio visitado devido t
às suas associações com o cistianisma
Sitio visitado pelo anônimo
italiano de 1589
Korti nome moderno
MERDE nome clássico
escala 1: B 500 VOO 8
0 150 300 km B
Tão 240 m
eT
O ESTUDO DO ANTIGO EGIPTO

sos em direcção à sua decifração. O interesse do estu-


dioso e o do linguista culminaram ambos com Georg
£ocga (1755-1809), cujas duas obras principais, um
tratado sobre os obeliscos, incluindo um capítulo so-
bre a escrita hicroglífica, c um catálogo de manuscritos
coptas, fazem parte das colecções do Vaticano e são de
um valor que perdura até hoje. À data da obra sobre os
obeliscos (1797) é simbólica como auge dos estudos
egípcios antes da expedição de Napoleão, em 1798.
Embora a escrita pudesse ser decifrada e o tivesse sido
certamente sem a descoberta de inscrições bilinguecs, a
cgiptologia, tal como a conhecemos, é produto desta
expedição, da descoberta da pedra de Roseta, do entu-
siasmo pelo Egipto daí decorrente e das alterações no
clima intelectual da Europa ocidental.
A expedição foi acompanhada de uma equipa de estu-
diosos que deviam estudar e registar todos os aspectos
do Egipto, tanto antigo como moderno. A pedra de Ro-
seta passou em breve para as mãos dos Ingleses, mas a
equipa produziu uma obra fundamental, em vários
volumes, a Description de "Égipte, publicada pela pri-
meira vez em 1809-1830. Foi esta a última e, sem dú-
vida, a mais importante obra produzida antes da decifra-
ção daquela escrita por Jean-François Champollion le
Jeune (1790-1832), em 1822-1824, que constitui o co-
meço da egiptologia como disciplina à parte. Champol-
hon e Ippolito Rosellini (1800-1843), um italiano de
Pisa, montaram, na década de 1820, uma expedição con-
Junta para procederem ao registo de monumentos no
Egipto, mas nessa altura já chegavam tarde. Nos vinte
anos anteriores, numerosos viajantes tinham visitado o
Egipto e alguns sítios da Baixa Núbia, roubando anti-
guidades, escrito livros, ou ambas as coisas. Entre eles
contam-se os cônsules Anastasi, d'Athanasi, Drovetti e
Salt, o homem forte italiano Belzoni, o escultor francês
Rifaud e os viajantes suíços Gau e Burckhardt. As colec-
ções obtidas por alguns destes homens formaram os nú-
cleos das secções egípcias do Museu Britânico, do Lou-
vre, em Paris, do Rijksmuseum van Oudheden, em Lei-
da, e do Museo Egizio, em Turim (só no fim da década
de 1850 é que passou a haver o Museu Egípcio no Cai-
ro). Na primeira metade do século x1x as escavações le-

vadas a cabo no Egipto tinham por principal


objectivo a Em cima: frontispício de Vovage |
descoberta de objectos. A recolha de info
rmação, por dFEgvpte et de Nubie, de F. L. à
oposição aos objectos, vinha muito Norden (Copenhaga, 1755).
atrás.
Antes da sua morte, em 1832, Cham A alegoria central representa à
pollion tinha
Já Fama, o antigo Egipto mostrando
feito grandes progressos na compreensão
da língua egíp- os seus tesouros, um leão com
cia e na reconstituição da história e da as armas dos antigos reis da
civilização egíp- Dinamarca e o Nilo. Vê-se
cias, mas a sua obra teve pouco impact
e, tanto pelos também uma figura clássica
atrasos na publicação como pela sua na
tureza estrita- de Isis, assim como monumentos
2 a Ale>

mente académica. Por volta de 1840, à pr egípcios e outros motivos,


imeira geração
de egiptólogos já tinha morrido e esta
disciplina man- À esquerda: obelisco de
teve uma exigência precária, em França Psamético LH, em forma de
com o visconde
pus Sh

Emmanuel de Rougé (1809-1872), na pirâmide, perto do Palazzo di


Holanda com
[

Conrad Leemans (1809-1893) e especialme Montecitorio, em Roma; em De


nte na Prússia orgine etusu obeliscorum, de
com Carl Richard Lepsius (1810-1884). G. Zoêga (Roma, 1797). À cópia
A obra de Lep-
sus, em 12 volumes, Denkmaeler aus ecorrectre legivel, mas o estilo
Acgypten und não é egípeio.
O ESTUDO DO ANTIGO EGIPTO
Aecthiopien (1849-59), resultado de uma expedição
Nilo tudo pelo americano G. A. Reisner (1867-1942), redu-
acima até Meroe, em 1842-1845, é a mas antiga publica-
ção de confiança de uma vasta selecção de monume
zimdo assim o seu valor.
ntos, Entre cerca de 1880 e 1914, com a construção e sub-
ec a sua importância é ainda fundamental. Do
pioneiro sequente alargamento da barragem do Assuão (1902-
inglês, Wilkinson, trataremos em porm
enor mais -1907), muitos trabalhos arqueológicos na Núbia tor-
adiante, nas páginas 106-107.
naram-se notados. No fim do século x1x tiveram tam-
bém lugar em Berlim importantes avanços na compre-
O crescimento da egiptologia
ensão da língua e da cronologia egípcias, com Adolf
Em meados do século, Lepsius, o seu contemporâneo Erman (1854-1937) e Eduard Meyer (1855-1930), res-
mais novo, Heinrich Brugsch (1827-1894) e uma mei
a pectivamente, assim como a descoberta de vestígios de
dúzia de outros estudiosos, continuaram a avançar nes
ta todos os períodos históricos e da época pré-dinástica, a
matéria, enquanto o trabalho no Egipto adquiria carác-
partir de Nagada I. A egiptologia tem, desde então,
ter permanente com Auguste Mariette (1821-1881),
um desenvolvido bastante o conhecimento de todas as
francês enviado à partida, em 1850, para obter manus-
áreas, mas foram poucas aquelas em que alterou fun-
cutos coptas para o Louvre. Mariette começou a traba-
damentalmente os contornos. Em comparação, o sé-
lhar para o quediva Said em 1858, tendo efectuado
esca- culo x1x foi um tempo de mudança contínua. Até
vações em muitos locais, antes e depois dessa data
, e cerca de 1870 a quase totalidade dos conhecimentos so-
fundado o Museu Egípcio e os Serviços de Antiguida- bre o Egipto estava relacionada com as fases mais re-
des. O objectivo destes últimos era a preservação e re- centes desta civilização, não havendo, ao mesmo
gisto dos monumentos, a realização de escavações e a tempo, uma divisão apropriada dos vestígios ou da
administração do museu, Até à revolução egípcia de
língua em períodos. À medida que esta situação se al-
1952 os seus directores foram europeus, o mais famoso terava, o interesse tendia a centrar-se nas fases mais
dos quais foi o sucessor de Mariette, Gaston Maspero antigas, mais «clássicas» de ambos.
(1846-1916).
Os objectivos das escavações científicas no Egipto Escavações no século xx
foram dados a conhecer pela primeira vez, em 1862, As escavações neste século foram dominadas por algu-
pelo escocês Alexander Rhind (1833-1863), mas só mas descobertas espectaculares e pelas campanhas de sal-
foram significativamente atingidos com o trabalho de vamento na Núbia, desencadeadas devido ao alarga-
W. M. F. Petrie (1852-1942). Petrie foi pela primeira mento da primeira barragem de Assuão e à construção
vez ao Egipto em 1880, para fazer medições da Grande da Grande Barragem. Um complemento das escava-
Pirâmide para fins piramidológicos. Mais tarde efectuou ções, e de igual importância, é o registo e publicação dos
escavações por todo o Egipto, publicando um livro qua- monumentos ainda de pé, que atingiu um nível adequa-
se todos os anos, com os resultados do Inverno anterior. do por volta de 1900. Este trabalho não tem o fascínio
De entre as suas escavações salientam-se algumas desco- das escavações e raramente tem atraído igual interesse e
bertas espectaculares, mas a importância da sua obra foi apoio por parte do público.
muito mais a de constituir um quadro de informação A mais notável exploração foi, pela atenção que des-
sobre as diferentes regiões e períodos, frequentemente pertou, a do vale dos Reis, em Tebas. A primeira des-
resultado de novos trabalhos em locais que tinham já coberta de vestígios reais, feita na década de 1870 pela
sido sumariamente escavados por outros. Ainda em vida família de Abd el-Rasul, de Qurna, foi a da cova con-
de Petrie, os seus critérios foram ultrapassados, sobre- tendo as múmias da maioria dos faraós do Império
Templo palestiniano da Idade do
Bronze Média, em Tell el-Daba,
no delta, escavado por uma
missão austríaca em finais dos
anos 60. Foram utilizadas as
técnicas arqueológicas europeias.
Este sítio foi escavado em
quadrados de 10 m, onde se
deixaram secções de grelha para
observar a estratificação.

2?
O ESTUDO DO ANTIGO EGIPTO

Novo. Tinham sido retiradas dos seus túmulos origi-


nais no princípio da 21.º dinastia e voltadas a enterrar
na zona de Deir el-Bahari, para maior segurança.
Como tantas das mais importantes descobertas, esta
resultou da procura, por parte dos habitantes locais, de É

|
antiguidades comerciáveis e não de escavações siste-
Bos,
j prpipprrree
F POTITILITTE
ER!

EA À|
máticas. Embora os egiptólogos deplorem a perda de AESA à

informação valiosa inerente a estas descobertas, O facto


T+ a uy f

é que muitas delas nunca teriam sido feitas por expedi-


ções ortodoxas.
Em 1898, Victor Loret (1859-1946) descobriu o tú-
mulo de Amenófis II, no vale dos Reis, que se verificou
conter as múmias de quase todos os faraós que faltavam
numa descoberta anterior. O trabalho continuou no
vale, quase ininterruptamente, até 1922. O exame mais
metódico foi feito por Howard Carter (1874-1939), em
grande parte ao serviço de lorde Carnarvon. A principal
descoberta de Carter foi, como é óbvio, a do túmulo de
Tutankhamon, em 1922, onde trabalhou quase conti-
nuamente durante dez anos. Embora se tenham encon-
trado outras sepulturas reais quase intactas no Próximo
Oriente, esta é a mais rica descoberta do género, con-
tendo muitos objectos únicos.
Durante este século foram escavadas várias outras
sepulturas reais no Egipto. À descoberta, feita em
1925, por Reisner, do túmulo de Hetepheres, em Gizé,
constitui a única importante descoberta de jóias e mo-
= SS

biliário do Império Antigo, tendo a recuperação das culo que a proporção de pessoal egípcio naquele Serviço Grupo de prisioneiros
estrangeiros — um líbio, um
formas dos objectos, cuja madeira estava completa- tem vindo a aumentar e há egípcios a leccionar egiptolo- homem do Ponto (7), um asiático
mente deteriorada, sido um triunfo de registo meti- gia na Universidade do Cairo. Desde 1952 que ambos os e outro líbio — num relevo da
culoso. Na década de 40 Pierre Montet (1885-1966) es- sectores são totalmente egípcios. Os Serviços empreen- avenida do complexo funerário
de Sahure, em Abusir.
cavou, em Tanis, um conjunto de túmulos intactos de deram mais escavações do que qualquer outra institui- O desenho, extremamente
faraós e suas famílias, da 21.º e 22.º dinastias, que for- ção, e grande parte do material existente no Museu do correcto, é de L. Borchardt,
necem exemplos raros do trabalho artístico em materi- Cairo, assim como em Alexandria, Minya, Mallawi, Das Grabdenkmal des Kônigs
Sa3hu-Re, vol. m (Lípsia, 1913).
ais preciosos, datando de um período que deixou pou- Luxor e Assuão proveio das suas escavações. As desco-
cos testemunhos significativos. bertas egípcias mais notáveis são provavelmente as de
As mais Importantes povoações escavadas, Tell el- Tuna el-Gebel, onde foram escavadas uma necrópole
-Amarna e Deir el-Medina, foram ambas objecto de di- animal e uma cidade dos mortos greco-romana, e a obra
ferentes expedições e numerosas campanhas. Após a pioneira de Ahmed Fakhry (1905-1973), nos oásis do de-
descoberta clandestina das tabuinhas cuneiformes em serto ocidental.
Tell el-Amarna, na década de 1880, Urban Bouriant
(1849-1903) trabalhou ali, tendo escrito um livro com o Levantamentos e publicações
título memorável de Dois Dias de Escavação em Tell Têm sido efectuados levantamentos exaustivos na Nú-
el-Amarna. Seguiu-se-lhe Petrie (1891-1892), cuja breve bia, até à catarata de Dal, e, em termos arqueológicos, a
estada produziu resultados de valor, mas foi eclipsada Baixa Núbia é talvez, agora, a região do mundo mais
pela expedição alemã de 1913-1914, sob a direcção de estudada. Apenas a fortaleza de Qasr Ibrim se encontra
Ludwig Borchardt (1863-1938), durante a qual foi en- actualmente acima do nível da água, e continuam a efec-
contrada a casa do escultor Tutmose. Ali se encontrou o tuar-se ali escavações. A expansão dos estudos núbios e
famoso busto de Nefertiti e algumas outras obras- a grande quantidade de descobertas, desde o Paleolítico
-primas. Nos anos 20 e 30 tiveram lugar vários períodos até ao século x1x d. C., levaram à criação de uma disci-
de escavação ingleses, que contribuíram tanto para a his- plina de estudo separada.
tória da última parte da 18.º dinastia como para a com- Foram Maxence de Rochemonteix (1849-1891) e
preensão da efémera capital, tendo os trabalhos sido re- Johannes Diimichenn (1833-1894) os iniciadores do re-
centemente retomados. Deir el-Medina constitui, ao gisto de monumentos completos no Egipto, mas ne-
longo do século x1x, uma fonte de descoberta, tendo nhum deles viveu para ver acabada a sua obra. Nos anos
sido escavada por uma expedição italiana, no virar do que se seguiram à sua morte, o Fundo Egípcio de Explo-
século, e por uma alemã, sob a direcção de Georg Mol- ração (mais tarde Sociedade) deu início a um «Levanta-
ler (1876-1921), em 1911 e 1913. Em 1917 o Institut mento Arqueológico do Egipto», que devia registar os
Français d'Archéologie Orientale, no Cairo, começou a monumentos ainda de pé, ao mesmo tempo que Jacques
efectuar escavações no local, que têm continuado até ho- de Morgan (1857-1924) começava um Catalogue des
je, com algumas interrupções, e que puseram quase monuments, que apresentou na íntegra o templo de
completamente a descoberto a aldeia dos trabalhadores, Kom Ombo. Ambos estes projectos foram concebidos
adjacente à necrópole. de forma demasiado ambiciosa, mas o Levantamento
É conveniente mencionar aqui as actividades dos Ser- Arqueológico deu origem à obra de N. de G. Davies
viços de Antiguidades do Egipto e dos egiptólogos egíp- (1865-1941), o maior copista de túmulos egípcios. Da-
cios. Após a fundação daqueles Serviços, por Mariette, vies publicou mais de 25 volumes, só sobre os túmulos,
o seu primeiro funcionário egípcio foi Ahmed Kamal apresentando quase sempre um registo completo da sua
(1849-1932), que trabalhou no Museu do Cairo e fez es- decoração, e a sua mulher, Nina, e outros fizeram repro-
cavações em vários locais. Desde o princípio deste sé- duções a cores de cenas seleccionadas. Até há pouco
28
O ESTUDO DO ANTIGO EGIPTO

Em 1927 sir Alan Gardiner (1879-1963) escreveu uma


gramática do egípcio médico que incluía descobertas
suas € de Battiscombe Gunn (1883-1950) e que ainda não
foi ultrapassada. Em 1944, H. ). Polotsky, o grande ho-
mem da egiptologia de hoje, publicou um estudo re-
volucionário sobre alguns aspectos da gramática egípcia
e copta e alterou completamente, nos últimos 30 anos, o
nosso conhecimento de grande parte da língua de todos
os períodos. No entanto, ainda não está próximo o dia
em que todas as nossas dificuldades em relação à língua
egípcia tenham sido resolvidas. De igual modo, o dicio-
nário, em 11 volumes, editado por Adolf Erman e Her-
mann Grapou (1855-1967), publicado entre 1926 e 1953,
|

L a
constituiu um grande avanço em relação à obra pioneira
E o. =>
a

PA pe
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a,

de Heinrich Brugsch, mas continua a estar mais pró-


A A
T

ximo do princípio do que do fim do estudo do signifi-


cado das palavras egípcias.
Para poder trabalhar longe dos monumentos o egip-
tólogo precisa de apresentações dos mesmos, de estudos
mais pormenorizados sobre textos — hieroglíficos, hie-
ráticos e demóticos — e de inúmeros outros tipos de
auxílio. Nestas áreas é talvez Kurt Sethe (1869-1934) o
investigador mais importante. Começou como gramá-
tico, mas contribuiu mais tarde para o estudo de quase
todas as áreas desta disciplina e foi o mais prolífero edi-
tor de textos, cuja obra continuará a ser indispensável
durante muito tempo. Sir Alan Gardiner foi o mais im-
Relevo de Ramsés H numa tempo não havia qualquer apresentação completa de portante editor de textos em papiro, tendo estabelecido
batalha contra os «povos do
mar», no seu templo de Medinet
monumentos em fotografias a cores e mesmo estas não novos critérios para o tratamento dos papiros em si e da
Habu, parede exterior norte. Em são inteiramente satisfatórias. Ainda não foi conseguida sua apresentação. O seu colaborador Jaroslav Cerny
Medinet Habu, cuja publicação uma apresentação eficaz do legado único, e em rápida (1898-1970) foi o grande estudioso de ostracas e de ou-
definitiva foi feita pelo Oriental
Institute da Umversidade
deterioração, dos Egípcios. tros documentos cursivos provenientes, sobretudo, de
de Chicago. O mais importante empreendimento epigráfico que se Deir el-Medina.
seguiu a Davies foi a fundação em Luxor, em 1924, da Como exemplos de estudos mais gerais de egiptolo-
Chicago House, estação de estudo do Oriental Institute gia, deve referir-se, mais ou menos arbitrariamente, a
da Universidade de Chicago. O Oriental Institute foi ele obra de dois escritores que alteraram áreas inteiras desta
próprio criado por James H. Breasted (1865-1935), fun- disciplina, podendo, além destes, encontrar-se outros
dador efectivo da egiptologia americana e ele próprio nomes importantes na bibliografia. Henrich Schafer
investigador de renome, que obteve o apoio de John D. (1868-1957) publicou a obra fundamental sobre a arte
Rockefeller para a Chicago House. A expedição de Chi- egípcia que analisa o modo como os Egípcios represen-
cago produziu o único registo exaustivo de um vasto tavam objectos e figuras da natureza (ver as páginas 60-
templo egípcio em fac-símile (Medinet Habu, 1930- -61). Gerhard Fecht transformou igualmente o nosso
-1970) e várias outras publicações. Outra obra que esta- modo de ver a organização dos textos egípcios. De-
beleceu critérios comparáveis aos desta, e igualmente monstrou que a maioria deles está escrita numa espécie
financiada por Rockefeller, foi a apresentação, feita por de métrica e parece que se escrevia mais normalmente
A. M. Calverley (1896-1959) e M. F. Broome, das par- cm «verso» do que cm «prosa», o ue tornava neces=

tes interiores do templo de Set 1, em Abido. Após uma sário ser-se, pelo menos, versificador, senão pocta, para
acalmia, o fluxo de publicações aumentou recente- compor textos. Mas estes mvestigadores aclararam árcas
mente. que são muito estranhas aos nossos olhos e ambos re-
velaram aspectos que são condição prévia para uma ver-
A egiptologia fora do Egipto | dadeira compreensão das fontes antigas. Em toda a egip-
Embora seja indispensável, a actividade no Egipto cons- tologia o que se tem feito é um prelúdio ao que poderia
titui apenas uma pequena parte do trabalho dos egip- ser feito.
tólogos e é frequente haver pouco contacto entre O À egiptologia é actualmente uma disciplina académica
campo e o estudo. É muito mais difícil seleccionar no- convencional, cujo estudo está centrado em universida-
mes para estabelecer uma lista dos principais egiptólo- des, museus e institutos arqueológicos nacionais, sendo
gos de secretária do que o é no caso dos trabalhadores de esta matéria representada em mais de 20 países. Os cerca
campo, mas é necessário fazê-lo para estabelecer um de 300 egiptólogos cobrem áreas como a lingua, a litera-
equilíbrio. | tura, a história, a religião ou a arte que, para o mundo
O primeiro objectivo dos egiptólogos foi sempre O de moderno, estariam separadas. Isto tem vantagens, pois
compreender a língua. No princípio deste século F. L.
obriga-os a manterem uma perspectiva geral, mas tam-
Griffith (1862-1934) e Wilhelm Spiegelberg (1870-1930) bém desvantagens, no que respeita a trabalho porme-
€s- norizado ou a projectos importantes como os dicio-
avançaram imenso no conhecimento do demótico, a
crita cursiva e língua dos períodos tardio e greco-
nários. Infelizmente, o trabalho original em egiprologia
fazer tornou-se quase exclusivamente uma actividade acade-
“romano, enquanto Adolf Erman continuava a
mica,
descobertas em relação às fases mais antigas do egípcio.

29
O PANORAMA HISTÓRICO

O Egipto pré-dinástico como os períodos culturais que o precederam, uma cul- Egipto pré-dinástico
e dinástico primitivo
A cultura do Norte de África foi, até ao fim da última tura local, em pequena escala, mostrando poucos sinais
Os sítios de tipo egípcio estão
era glaciar (cerca de 10 000 a. C.), muito uniforme e a de estratificação social. É, no entanto, conhecida numa marcados a preto e numerados de
formação gradual do Egipto constituiu uma separação área bastante maior e constitui o prelúdio à fase mais acordo com as culturas de que
existem vestígios:
em relação a este cenário, muito afectado por alterações expansiva de Nagada II (ou Gerzeano), não mostrando 1 do tasiano/badariano
climáticas. Os aspectos mais relevantes deste processo quaisquer vestígios de influência exterior, 2 do Nagada |
são a rápida aceleração das mudanças, nos séculos que O Nagada II constitui o ponto de viragem no desen- 3 do Nagada II
4 culturas do Baixo Egipto
antecederam o período dinástico, e a falta de semelhança volvimento do Egipto pré-dinástico. Foi a primeira cul- e do delta (contemporâneas
entre o estado egípcio da 4.º dinastia e os seus anteceden- tura a estabelecer contactos com outros países, tendo-se do badariano e do Naqada II, mas
não uniformes)
tes pré-dinásticos, talvez meio milémio antes. À cultura espalhado por todo o vale do Nilo, a norte de Gebel 5 cultura pré-dinástica do Fayum:
egípcia não se tornou estática nessa altura, mas nunca el-Silsila e até ao Delta. Verifica-se também a existência 6 Nagada II tardio e dinástico
mais voltou a haver uma vaga de crescimento, e pode de estratificação social e um desenvolvimento de centros primitivo.
Às categorias | a 5 estão lista-
descobrir-se uma continuidade, desde o Império Antigo populacionais significativos, nomeadamente Hieracôn- das de forma mais completa do
até ao período romano, que não se encontra entre o polis (Kom el-Ahmar), Koptos (Quft), Nagada e Abi- que a 6. Muitos sítios do pré-
Egipto pré-dinástico e o dinástico. do. Foi, por outro lado, o último período em que se -dinástico deixaram de ser utiliza-
dos no período dinástico primi-
As mais antigas culturas pré-dinásticas não eram uni- verificou uma certa uniformidade cultural, que se esten- tivo, talvez por os seus habitantes
formes em todo o país e não é fácil relacionar o desen- dia para sul da 1.º catarata. As culturas núbias deste pe- já não explorarem tanto o limiar
do deserto e se terem mudado
volvimento das duas regiões principais. No vale do ríodo, que se encontram até Cartum, não são muito mais para dentro do vale.
Nilo, as mais antigas culturas neolíticas, sedentárias e distintas das do Egipto. É provável que tenha havido Em todas as zonas do deserto
produtoras de alimentos são as do Tasiano e do Bada- trocas em toda esta região e que não houvesse uma auto- são vulgares os desenhos na rocha,
de variadíssimas épocas, muitos
riano (dos nomes dos locais em que foram pela primeira ridade política central. A separação cultural em relação deles feitos por nómadas. Quase
vez identificadas, tal como acontece com as que se re- ao grupo núbio A, que se torna visível a sul de Gebel sempre encontram-se perto das ro-
tas e, na Baixa INúbia, são também
ferem a seguir), que podem não ter sido, de facto, se- cl-Silsila no Nagada II, acompanha, provavelmente, os frequentes perto do Nilo. O estilo
paradas (cerca de 4500 a. C.). Confinam-se a modestos começos da organização estatal no Egipto e a definição destes desenhos continua, no peri-
cemitérios provavelmente próximos de povoações hoje de uma fronteira política. Este processo leva ao período odo dinástico, a não ser caracteris-
ticamente egípcio. As pedras duras
desaparecidas. No Fayum, há conhecimento de culturas dinástico primitivo, em que o Egipto se unificou dentro do deserto oriental foram utilizadas
datando de uma época aproximadamente idêntica, nas de fronteiras comparáveis às de períodos posteriores, durante os períodos pré-dinástico e
margens do lago e ao seu nível, mas existem poucas pro- sob um único governante. Não existe uma quebra mar- dinástico primitivo.
Não se conhece ao certo o esta-
vas de que aqueles povos fossem agricultores, podendo cada entre o Nagada Il e o período dinástico primitivo, tuto político das capitais assinala-
ter vivido apenas em grande medida da caça e da reco- embora a transformação tenha sido, ao longo dos sé- das, excepto Abido e Mênrfis.
Os locais de tipo núbio estão
lha. Nas margens do delta, as grandes ruínas de culos, quase total. marcados a castanho. Os do gru-
Merimda são talvez mais antigas do que as Badari e é Durante o Nagada II, alguns motivos artísticos € arti- po À distinguem-se assim:
possível que tenha existido população sedentária no grupo À primitivo (contem-
gos de tecnologia demonstram a existência de contactos
porâneo do Nagada I tardio e do
delta central nessa altura. Conhecem-se várias outras culturais com a Mesopotâmia. É possível que a escrita Naqada HH primitivo).
culturas neolíticas na zona da 2.º catarata. egípcia tenha sido inventada em resposta ao estímulo grupo À clássico e terminal (con-
temporâneos, respectivamente, do
O Nagada I (por vezes designado «Amratiano») é, vindo da Mesopotâmia, mas os sistemas dos dois países Nagada II tardio e da 1.º dinastia).
Os sitios de tipo núblio da região
da 2.º catarata incluem:
a variante de Cartum,
c. 4500-3500 a. €.
pós-shamarkiano, c. 3500 a. €.
adkaniano, c. 4000-
-3200 à. €., e sobrepondo-se ao
grupo À clássico. As condições
favoráveis e inúmeros levanta-
mentos levaram à identificação de
numerosos sítios de todos estes
tipos, que se conhecem muito
melhor do que os seus homólo-
gos egípcios,

Página ao lado: a região da


2.º catarata na época pré-
-dinástica.

À esquerda: objectos proventen-


tes de túmulos do Nagada L
À esquerda, estatueta de barro de
mulher com à mão direita sob o*
selo esquerdo e com coxas € per-
nas exageradas. Ão centro, vaso
de barro vermelho com o topo
preto, com um desenho gravado,
de significado incerto. À direita,
faca de pedra cuidadosamente tra-
balhada, talvez objecto ritual.
Oxtord, Museu Ashmolean.
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O PANORAMA HISTÓRICO

uma mudança de família real, sugerida pelas diterenças O primeiro faraó desta dinastia, cujo nome se encontrou Mapas históricos: sítios
em Abido, foi Peribsen, único rei na história do Egipto a e topografia
nos nomes dos reis. A escrita era utilizada sobretudo Os mapas deste capítulo mostram
para os nomes dos anos, registando, para efeitos de data- usar o título de Seth em vez do de Hórus. Peribsen parece todos os sítios de que se referem
ção, um acontecimento importante para cada ano. Às ter alterado o seu nome, que seria anteriormente o de Se- vestígios dos períodos relevantes
na segunda parte, assim como os
listas destes nomes de anos constituíram mais tarde os khemid, referido a Hórus. Hórus e Seth são dois deuses de outros sítios. Não cobrem
primeiros anais. inimigos da mitologia egípcia, que lutam pela obtenção da completamente todos os locais
herança do país — mas é possível que este mito tenha sido por período e devemos lembrar-
A 1.º dinastia começa com o lendário Menés, de que se -nos de que muitas povoações
conhece o nome através de listas de faraós egípcios pos- formulado depois da 2.º dinastia — e a alteração do título têm sido constantemente
teriores e de fontes clássicas. Na sua própria época, estes pode ter a ver com a crença do triunfo de Seth, ou com ocupadas, de modo que vestígios
antigos foram destruídos ou estão
reis eram, sobretudo, conhecidos pelos seus nomes de uma diferença de fidelidade local, entre outras possibilida- profundamente enterrados. Por
Hórus, o elemento real oficial do título, e não pelos no- des. À actuação de Peribsen parece ter provocado a oposi- isso, a distribuição que aqui se
ção de um rei, Khasckhem, de que apenas se conhecem mostra indica mais as descobertas
mes de nascimento, que são os utilizados nas listas. Em

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importantes do que os padrões de
consequência disto, quer a identificação, quer a existência objectos provenientes de Hierakonpolis, no Sul. O rei se-

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povoamento. Há,

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de Menés são discutíveis, mas trata-se, provavelmente, do guinte, Khasekhemwy, era provavelmente a mesma pes- proporcionalmente, mais
indicações de sítios núbios, do
rei Aha, de cujo reinado data o mais antigo túmulo de soa que Khasekhem, tendo o seu nome sido encontrado deserto ou dos oásis, devido às
Saggara. Os dois principais centros de poder eram, nessa por todo o país em objectos datando presumivelmente de melhores condições de
época, Abido e Mênfis, enquanto em Hieracômpolis, um período posterior à morte de Peribsen. Khasekhem é preservação e aos critérios de
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inclusão menos estritos.
voação muito antiga, foram também encontradas impor- um nome que faz referência a um «poder» (sekhem) que

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Estes mapas mostram

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tantes ruinas do princípio do período dinástico. As duas significa Hórus, enquanto Khasekhemwy se refere a dois reconstituições hipotéticas da
topografia antiga, a qual difere da
divindades guardiãs do faraó do Egipto, Nekhbet e Wad- «poderes» — Hórus e Seth — tendo por cima as figuras de moderna na pequena região
Jt, pertencem a Hieracômpolis e a Buto (Tell el-Farain), ambos os deuses e é acompanhado da frase «os dois se- cultivada do vale do Nilo (apenas
no delta, e é provável que Buto tenha tido igualmente uma nas páginas 31-33), no eixo do
nhores descansam nele». Este conjunto é, portanto,
meandro mais ocidental do Nilo
importância num período antigo. Calcula-se a duração da proclamação do fim da luta. O reinado de Khasekhemwy no vale (segundo Butzer), na
1.º dinastia em cerca de 150 anos. Foram encontrados em prenuncia a 3.º dinastia. A rainha, Nimaathapi, está asso- dimensão variável do lago
Fayum, nos braços de água do
várias partes do país, inclusive no delta, vastos cemitérios ciada aos dois primeiros faraós e a arquitectura desta época delta (segundo Butzer e Bietak) e
deste período, com testemunhos valiosos, datando os mostra grandes progressos. na provável maior dimensão do
mais admiráveis do longo reinado de Den. A sua difusão Zanakht (2649- golfo de Suez,
O primeiro faraó da 3.º dinastia, Os símbolos a preto e castanho
indica que havia menos centralização de riqueza do que -2630), figura obscura, é provavelmente o mesmo que indicam as localizações. Os
durante o Império Antigo, altura em que os cemitérios Nebka. O seu sucessor, Djoser (2630-2611) é, sobre- símbolos a azul qualificam os
nomes mas não são localizações.
provinciais de importância desaparecem. tudo, conhecido como construtor da Pirâmide de De- Alguns aspectos da antiga
Existem poucas provas directas da existência de rela- graus de Saggara, o mais antigo edifício de pedra daquelas topografia são demasiado
hipotéticos para serem aqui
ções entre o Egipto e o Próximo Oriente ou a Líbia dimensões do mundo. Para além disso, alguns fragmen- incluidos. Entre estes contam-se
durante a 1.º dinastia, mas tal facto pode dever-se .ao tos de um santuário de Heliópolis, datando do seu rei- as possíveis variações da costa do
acaso. Na Núbia, na zona da 2.º catarata, encontrou-se nado, revelam uma iconografia e um estilo egípcios to- delta (por exemplo, a terra estava
2.5 m mais acima do nivel do
um grafito, mais ou menos deste período, representando talmente desenvolvidos. A Pirâmide de Degraus é, em mar do que no período greco-
um rei triunfando dos seus inimigos, o que indica que os muitos aspectos, uma estrutura experimental, revelando -romano) e o «canal oriental»,
Egípcios não tinham vindo apenas para fazer comércio. muitas alterações no seu plano, mas demonstra um do- cuja finalidade e data são
desconhecidas (Império Médio
Os reis eram enterrados em Abido, num cemitério mínio técnico e um poder económico surpreendentes. ou período tardio) e de que se
bem para dentro do deserto, enquanto as zonas próxi- A época de Djoser foi vista mais tarde como uma idade podem ver vestígios em
fotografias aéreas da região entre
mas das de cultivo parecem ter sido destinadas ao culto de ouro do empreendimento e do saber. O nome de o lago Timsah e as proximidades
fúnebre real, podendo ter compreendido edifícios ceri- Imhotep, provável arquitecto da Pirâmide de Degraus de Tell el-Farama.
moniais construídos com materiais frágeis, que eram re- — tinha o título de mestre escultor, entre outros —, veio
novados à medida das necessidades. Os túmulos reais a ser particularmente venerado e era, no período greco-
eram, eles próprios, de dimensões modestas e foram to- -romano, uma divindade popular, associada especial-
talmente saqueados em períodos posteriores, mas O mente à cura de doenças. O seu nome encontra-se tam-
pouco que resta deles é um esplêndido trabalho. bém sob a forma de grafito, num esboço do muro à volta
Enquanto os faraós e respectiva corte eram enterrados da pirâmide do sucessor de Djoser, que foi enterrado qua-
em Abido, alguns altos dignitários tinham imponentes se de imediato numa estrutura modificada em relação ao
túmulos de tijolo, de tipo diferente, junto da encosta plano original. Talvez fosse um herói dos trabalhadores da O Egipto no Império Antigo
desértica a norte de Saqgara (foram também encontrados sua própria época. e no 1.º período intermédio
Locais onde foram encontrados
túmulos semelhantes noutras escavações). Não devia Os edifícios de Djoser salientavam-se do grupo de papiros. Há muito poucos papiros do
haver mais do que um ou dois destes funcionários ao mastabas maciças de tijolo, datando do seu reinado, a Império Antigo preservados, ao con-
mesmo tempo, visto o número de túmulos ser apenas norte de Sagqara, e foi apenas na dinastia seguinte que trário do que acontece com os de
períodos posteriores, de que se co-
ligeiramente superior ao dos reis, havendo túmulos da- outros homens tiveram túmulos de pedra. Mas a perfei- nhece a proveniência de todos.
tados dos reinados daqueles que viveram mais tempo. ção do trabalho em relevo estendia-se para além do mo- Locais provinciais com
túmulos decorados, sobretudo de
O conteúdo de algumas das câmaras de armazenamento numento real e os relevos em madeira, provenientes do finais do Império Antigo e do
nas superestruturas destes túmulos foi preservado, in- túmulo de Hezyre, da mesma época, estão entre os mais |.º período intermédio.
cluindo um notável conjunto de objectos de cobre ce, so- belos da escultura antiga neste material. Embora tives- A proliferação de tais tâmulos
reflecte a descentralização deste
bretudo, enormes quantidades de vasos de pedra, de sem sido feitos para um particular, podem ter tido ori- periodo e talvez um nivelamento
várias espécies e feitios. Este tipo de vasos de pedra teve gem numa oficina real. da riqueza.
Grahitos de expedições do Im-
origem nos tempos pré-dinásticos e foi o principal pro- O monumento, ainda mais grandioso, do sucessor de pério Antigo ao exterior, sobretudo
duto de luxo do país até à 3.º dinastia. Djoser, Sekhemkeht (2611-2603), quase não passou do ní- para extracção de minerais, mas na
la

Núbia também se efectuaram para cor


mm

No princípio da 2.º dinastia, a necrópole real foi trans- vel do chão e ao seu reinado seguiu-se um período obs- mércio e pilhagem. A maior parte dos
p
Ri

ferida para Saggara. Depois do terceiro faraó desta dinas- curo. Este interlúdio antes da 4.º dinastia revela o modo textosé da 6.º dinastia.
tia, Ninctjen, o registo é muito incerto, sendo provável como os governantes predominavam no registo e, por is- + Wawat, Intjete Zagju são estados
múbios de finais do lipo Antig
que tenha havido vários pretendentes ao trono e tradi- so, na nossa visão da história, Quando o faraó e a sua unificados no pot E |
ções posteriores incluem nomes de ambos os lados. organização eram fortes, os recursos do país podiam ser (fronteirassegundo
di 4
deb. mo

32
DINASTIAS 1-4

aproveitados de maneira impressionante,


provavelmente
através do trabalho em regime de corvei
a. Quando o
faraó era fraco, o padrão normal de subsis
tência manti-
nha-se, sem prejudicar o tecido económ
ico do país, mas
sem dedicar o seu potencial ao mesmo fim du
radouro.
Em finais do período dinástico primitivo, o Eg
ipto
tinha adquirido a sua fronteira meridional clássica,
na 1.º
catarata, ao mesmo tempo que a sua escrita, administ
ra-
ção e capacidades técnicas e artísticas tinham pratica-
= Tell el-Yahudiya
OIHELIÓPOLIS
mente atingido as suas formas clássicas. Tinha-se verifi-
cado uma progressiva centralização do poder, que não é
visível nos registos, excepto no declínio dos cemitérios
Widan el-Faras O provinciais. Esta era a condição necessária aos feitos dos
onto
faraós da 4.º dinastia.
calcite, 3 km a lestesdestrhi
imeditamente por ur:
Sudmant el Gebel muntação tempestuo Império Antigo
Dishasha
A 4.º dinastia foi a época das grandes pirâmides, mas
Exploração desilexem
Nazvet Awiad el-She
:
Dad el-Sheikh seria errado deixarmos a nossa visão sobre ela ser domi-
aaa Minas He sílex a 15 km do
Targa estala, do — =— D.Kom el-Ahmar Sawaris nada pela sua sólida durabilidade. Este é, tanto como
= Império Antigo
qualquer outro, um período de mudança e de conflito
AS el-Feir e
Tihna político.
E Pawyet elAmwal Snefru (2575-2551), o primeiro faraó destã dinastia,
N “Beni Hasan
construiu duas pirâmides em Dahshur e terminou — ou
Dara reupde
túmulos ceortrado
É DEEM oroSa talvez tenha construído — a pirâmide de Meidum. Este
À
na pirâmudelde um rei
local, Khuy| prova- Meir O
eikh Aliya
rel-Amarna
programa de construção é tão vasto como o dos seus
=
velmente dejfimais O Des el-Gabram sucessores, pressupondo o mesmo nível de eficiência na
do Imperio Antigo “Dara O
Qásis Farafra Asyut a economia e na organização. Para além das pirâmides,
90 km
Administrado pelo oHammamya . encontram-se mastabas deste reinado em Meidum e
Egipto: não há ruinas
contemporâneas
O gaw el-Kebir |
Saggara. Os seus relevos e pinturas contêm os exemplos
Frontesralaproximada entre ax Akhmifn
mais antigos do repertório de temas encontrado nos tú-
zonas controla ja a mulos de finais do Império Antigo (os túmulos de mea-
idas ps E Re l | de
dinastia (qui) A linha el-Maftasna O
a nm ND Nagel-Der
dos da 4.º dinastia não têm, na sua maioria, decorações).
era alterada de acordo corn
vs destinçs das dinastias )
f ABIDO O Conhecem-se alguns pormenores da administração da
evo a lidelidade dos = época, especialmente a partir das inscrições no túmulo
governantes locais ge > = Hammamal' *
Pd
Dra Abu el. Nata o
*
o
de Metjen, em Saggara. Atribuíam-se a altos dignitários
do Oasis el-Dakhla z A Carraque E
hada
a < | Baltar =
/ - Gebelend E tod SB e Menih Eru 4
propriedades muito afastadas umas das outras, possivel-
Oisis de el-Dakhiy
E ia, CGebeleim: colônia E ia " mente para desencorajar a criação de zonas baroniais. As
Í
centro administrativo |
de mercenários núbids
do 1º perideo
ho e, propriedades de Metjen situavam-se sobretudo no delta,
"
dos oásis meridionais | mecrmédio = Kom e!-Ahmar E Em A Ne talvez em terras anteriormente não cultivadas. Ao con-
Edtur)— o N
= 48. Mueilhai,
trário dos mais altos dignitários da época, Metjen não
|
|| q ses era membro da família real, que domina os outros regis-
|
a, E
tos de que dispomos.
AS
! Durante o reinado de Snefru teve lugar uma impor-
X :
/ e * Hagar el-Gharb cfGebel el-Hammam” e tante campanha, ou campanhas, na Núbia, registada em
+

anais fragmentários da casa real (a Pedra de Palermo) e


DE Pia [a bela ALI ed;

TR a "ilha de Sencl FrELEFANTINA 24


| Mana: Re Sade

[ / O Dara;
Umas
que pode estar relacionada com inscrições na rocha, na
j
/
A
a =
própria Núbia. Esta campanha levou à fundação de uma
/ ag Wawal povoação egípcia em Buhen, que durou séculos e foi
/
provavelmente utilizada como base para expedições mi-
f a
f a
y E
/ A E ms Quba n neiras e para o comércio. Entre as 1.º e 4.º dinastias as
) / AO BN No

/ rá
4
gg
a
actividades do Egipto, combinadas, talvez, com um
/
e
E Nap Umim Astura
agravamento do clima, parecem ter eliminado o grupo
/ * pedreiradés dionto-goéiss Injei t
/ / A -eT É cs ne“Muito sedentário núbio À, ao que se seguiu, por volta de
despovoada pa 2 e 5.2 dinastias;
f Ma A E Baixa Núbia povitada na & 2 dindstia pelo grupo O 2250 a. C., um intervalo, antes da chegada do grupo C.
j / as " e pode ser em partejoriginário de Uwemal.
la 0 e " que foi vítima de seja por esta altura 290 Um factor importante na história das 4.º e 5.º dinastias
/ + Buhen povoado cEipeia é o culto solar. À pirâmide verdadeira é provavelmente
um símbolo solar, sendo, portanto, o próprio Snefru
Ff a das qa o HNISEIas BUMEN E na Zal U túnia fértil

ad so Ng mm Tola do desert
Dá e, EIS Uai um inovador solar. Mas a combinação de nomes faraó-
f nicos com o do deus-sol, Rá, e a utilização do título real
Ea
ho o sitio
n capital «Filho de Rá» apenas se encontram a partir do reinado
y sitio de papiros
: sílio de grafitos de Radjedef (o nome de Raneb, da 2.º dinastia, não tem,
|
À Kun 5 sítio de túmulo decorado (tardio) provavelmente, qualquer relevância neste aspecto). ÂÃo
4 Tumas nome modemo que parece, a influênciae importância do deus-sol conti-
MÉNFIS nome clássico
BUHEN nome antigo
nuou a crescer até meados da 5.º dinastia e as diferentes
escala |. 5 000 000 facções políticas uniam-se no culto a Rá.
y D-
l
75
À
150 km
L
Dos restantes faraós.da 4.º dinastia, Kcops (2551-
-2528) e Kéfren (2520-2494) salientam-se pelos seus edi-
q mah
À "0 50 100 mi
e 1

33
O PANORAMA HISTÓRICO

ficios, ficando Miquerinos (2490-2472) bastante atrás. real que se pode já verificar anteriormente no caso de
O facto de terem construído os seus monumentos num altos funcionários, que já não são membros da família
grupo compacto, em Gizé, pode indicar uma solidarie- real, embora possam vir a pertencer-lhe por casamento.
dade partidária, enquanto a pirâmide de Radjedef (2528- A administração baseada na autocracia e no parentesco
-2520), em Abu Rawash, a escavação de uma pirâmide dá lugar a algo semelhante a uma burocracia fixa.
em Zawyet el-Aryan (cujo nome do construtor não se O nome real mais recente encontrado na povoação
conhece ao certo) e o túmulo de Shepseskaf (2472-2467), egípcia de Buhen é o de Neuserre (2416-2392) e o Egipto
a sul de Saggara, pertenciam, provavelmente, a facções perdeu, provavelmente pouco depois, O controlo da
rivais efémeras. À centralização do governo e da autori- Núbia. Há registo de expedições comerciais egípcias ao
dade dos dois principais faraós pode ser interpretada a Sul, que, algumas gerações mais tarde, substituíram
partir dos túmulos, rigorosamente ordenados, em volta presumivelmente a ocupação permanente.
das pirâmides. Esta concentração de poder não é, con- Os últimos faraós da 5.º dinastia não construiram
tudo, a causa do poder, já que Snefru, sendo tão forte templos do Sol, o que pressupõe uma diminuição da im-
como os seus sucessores, não utilizou Os 5Clus métodos. portância do culto solar. Wenis (2356-2323) parece ter
É possível que não seja coincidência o facto de ele vir, sido uma figura de transição anunciando a 6.º dinastia.
mais tarde, a ter boa reputação e ser divinizado, en- O complexo de pirâmides que construíu, com a sua
quanto Kéops e Kéfren tinham fama de tiranos. pirâmide extraordinariamente pequena, é de grande in-
Para além dos edifícios, a 4.º dinastia produziu grande teresse, tanto pelos relevos da entrada, como pelos tex-
parte das mais belas esculturas do Império Antigo e os tos das paredes das câmaras interiores. E provável que
poucos relevos, inscrições e mobiliário dos túmulos que os textos tenham sido utilizados para faraós anteriores,
restam são de igual qualidade. Em termos de cultura não apontando, portanto, necessariamente, para uma al-
material, é o ponto alto daquele período, mas quase não teração de crença. A prática da sua inscrição foi contí-
sabemos nada da cultura intelectual e da vida quotidiana. nua, desde o reinado de Wenis até à 8.º dinastia, mas a
Shepseskaf construiu para si próprio uma mastaba selecção é muito variada nas diferentes pirâmides.
sólida, em vez de uma pirâmide, e este desvio quase Sabemos mais da história política da 6.º dinastia do
único pode ter-se reflectido na prática dos faraós da que da de períodos anteriores, mas esta informação é
5.* dinastia. O primeiro, Userkaf (2465-2458), cons- ainda casual, podendo muito do que consideramos
truiu uma pequena pirâmide em Saggara, a leste da Pirá- como típico ter igualmente acontecido noutras épocas.
mide de Degraus, e um templo do sol perto de Abusir, Isto é particularmente verdade no caso das campanhas
cujo modelo foi copiado por cinco dos seus sucessores. militares, como as registadas pelo alto funcionário
Os templos eram instituições separadas das pirâmides, Weni, no Leste do Egipto. A localização da zona atacada
mas estavam estreitamente ligados aos faraós que os não é certa (logo a leste do delta ou no Sul da Palestina),
construíam, e tinham provavelmente para eles um signi-
Estátua de um prisioneiro
ficado funerário. asiático (7), proveniente talvez do
A continuidade arquitectónica que se pressupõe exis- complexo funerário de Djedkare
tir entre as duas dinastias tem um paralelo nas famílias Izezi, em Saqgara. Nos complexos
das 5.º e 6.º dinastias havia muitas
reais. Em ambos os aspectos, Shepseskafé o ponto de destas estátuas representando
viragem, assim como Userkaf. Khentkaus, mãe de várias nacionalidades diferentes,
Userkafe Sahure (2458-2446), fazia parte da família real mas os sítios foram tão
completamente saqueados que
da 4.* dinastia. Não se sabe quem era o pai destes faraós, não sabemos como se
mas pode ter pertencido a outro ramo do mesmo grande compunham. Estas estátuas têm
paralelo em cenas em relevo que
grupo. Apesar desta continuidade, a política interna da representam vitórias sobre
5.º dinastia foi muito diferente da da 4.º. A redução do mimigos. Nova lorque, Museu
tamanho das pirâmides não foi acompanhada de um au- Metropolitano de Arte.
mento compensatório de outros tipos de construção e
esta mudança deve ser reflexo ou de um declínio econó-
mico ou de um aumento do consumo de bens que não
deixam vestígios. Ao mesmo tempo que há provas evi-
dentes de declínio no final da 6.º dinastia, o nível de acti-
vidade nos dois séculos anteriores foi sensivelmente
constante. Não há uma explicação simples para este es-
quema e talvez devêssemos antes perguntar o que é que
provocou o desvio em relação à convenção, na extraor-
dinária fase de construção da 4.º dinastia.
Na 5.º dinastia os túmulos particulares já não são
colocados em filas ordenadas, nem circunscritos à um
único local, e a quantidade de decorações aumenta conti-
nuamente, o que evidencia uma maior liberdade de ex-
pressão — dentro de limites estritos — para a élite, mas
não necessariamente um aumento da sua riqueza. Outra
alteração significativa diz respeito à localização de alguns
túmulos nas províncias, em finais desta dinastia. Os ad-
ministradores provinciais, primitivamente nomeados
pelo governo central, foram-se transformando gradual-
mente em dinastias de governantes locais. Nos finais do
Império Antigo existem vastos cemitérios provinciais e
este desenvolvimento marca uma diminuição do poder

Jd
DINASTIAS 4-1]

tes em todo o país, mas não havia verdadeiro controlo


central, Os funcionários provinciais tinham-se tornado
detentores hereditários dos seus cargos e tratavam os res-
pectivos nomos como propriedade sua, cujos interesses
defendiam, muitas vezes pela força, contra os vizinhos.
A fome cra vulgar e pode ser a chave para a compreensão
deste período, pois já foi sugerido que o colapso político
foi sobretudo devido a uma série desastrosa de cheias in-
suficientes. Tal explicaria a razão pela qual quase nada
aponta para este declínio antes da catástrofe, mas os ele-
mentos humanos de uma linhagem de reis fracos e uma
administração periclitante devem também ser tidos em
conta. À realidade do desastre é confirmada por uma
análise das taxas de mortalidade, nos cemitérios, que mos-
tram um marcado aumento nesta época.

O 1.º período intermédio


e a reunificação da 11.º dinastia
O 1.º período intermédio (2134-2040) foi a época em
que o Egipto esteve dividido, sendo governado pelas 9.º
e 10.º dinastias de Heracleópolis (Ihnasya el-Medina) e
por outras, de Tebas (a 11.º), sendo possível que, no seu
início, os Heracleopolitanos tenham controlado todo o
país durante alguns anos. Foram nomarcas, que se pro-
clamaram reis e conseguiram ser aceites pelos vizinhos,
Estela funerária no núbio Senu, tal como não é clara a natureza do inimigo. Mas mesmo que deram início às novas dinastias. À princípio, a.mu-
toscamente trabalhada,
proveniente de el-Rizeigat, perto não se conhecendo a importância destas campanhas, o que dança para uma soberania dupla não deve ter alterado
de Gebelein. Os textos afirmam é certo é que tiveram lugar. As campanhas registadas nos muito a organização do país, já que as dinastias eram
que o dono co filho, relevos funerários dos faraós não têm uma relação simples demasiado fracas para exercerem grande influência na
representado mesmo por baixo
dele, são núbios. Ambos têm um com a realidade. Uma campanha na Líbia ilustrada no política local. O seu poder aumentou, contudo, gra-
artigo de vestuário característico, complexo de Sahure (2458-2446) é repetida por Neuserre dualmente e havia frequentes recontros na fronteira, que
semelhante à bolsa de couro dos (2416-2392), Pepi I (2289-2255), Pepi II (2246-2152) e, fi-
Escoceses. Eram provavelmente ficava quase sempre a norte de Abido. A presença de um
mercenarios. Altura 37 cm. nalmente, por Taharga (690-664), tratando-se de um número considerável de núbios no Alto Egipto é um
1.º período intermédio. Bóston, acontecimento ritual que corresponde provavelmente a indício da violência daquela época. Apesar da pobreza
Museum of Fine Arts.
uma campanha anterior ao reinado de Sahure, mas não a geral, há um número razoável de monumentos desta
qualquer outro acontecimento específico. época, modestos e frequentemente rudes, construídos
Por vezes os vestígios arqueológicos realçam a nossa para classes sociais mais baixas do que até então.
ignorância quanto às relações do Egipto com o Próximo A dinastia heracleopolitana sofreu frequentes mudan-
Oriente. Apareceram peças de ourivesaria da 5.º dinastia ças de soberano e não produziu qualquer faraó digno de
na Anatólia e alguns vasos de pedra do tempo de Kéfren nota. O mais importante da mais estável dinastia tebana
e de Pepi I foram recentemente escavados em Tell Mar- foi o 4.º, Nebhepetre Mentuhotepe (chamado 1 ou Il por
dikh, na Síria, capital do importante estado de Ebla, que diferentes escritores, 2061-2010), que derrotou a dinastia
caiu por volta de 2250 a. C. Apenas nos é possível ima- do Norte e reunificou o país. Mentuhotepe começou
ginar qual o grau que estas descobertas implicam. Tal com um nome programático, derivado de Hórus, «Que
como no Império Médio, o principal canal de comunica- dá alma às Duas Terras», substituindo-o primeiro por
ção deve ter sido Biblos, onde foram encontrados alguns «Divino da Coroa Branca» (a Coroa do Alto Egipto) e,
objectos do Império Antigo. mais tarde, «Unificador das Duas Terras». Estas altera-
As inscrições dos chefes de expedição nos seus túmulos, ções correspondem, talvez, a fases da reunificação, indi-
em Assuão, fornecem muita informação sobre o comércio cando a segunda que ele unira todo o Alto Egipto e a
com o Sul, durante a 6.º dinastia, feito, em parte, através terceira — epíteto tradicional a que Mentuhotepe deu
dos oásis de el-Kharga e el-Dakhla. Entre outros aconteci- nova formulação iconográfica — que efectuara a con-
mentos, tais inscrições mostram a fixação do grupo C na quista de todo o país. O seu reinado incluiu também acti-
Baixa Núbia, primeiro em três principados e mais tarde vidades na Baixa Núbia (possivelmente no seguimento de
numa unidade política única, cujas relações com o Egipto campanhas dos seus predecessores) e a construção de um
se foram gradualmente deteriorando. novo e impressionante complexo funerário, em Deir el-
Esta deterioração é, provavelmente, um aspecto do -Bahari, de que se recuperaram relevos c esculturas. O es-
declínio do poder do Egipto durante o longo reinado de tilo artístico é mais uma versão apurada de obras do
Pepi II (2246-2152), de cuja última parte não se conhe- |.º periodo intermédio do que uma recuperação das tradi-
cem testemunhos de fontes contemporâneas. Pode ções do Império Antigo e acentua, tal como a localização
verificar-se este declínio nos túmulos particulares da do complexo, a base local do poder real. Mentuhotepe foi
zona de Mênfis, cuja decoração é muito mais modesta mais tarde considerado um dos fundadores do Egipto.
do que até então, e que são por vezes completamente Parte deste prestígio pode ter tido origem na sua própria
subterrâneos, talvez por razões de segurança. Mas em- autoglorificação, pois pode ver-se a sua imagem, em rele-
bora possamos apontar pormenores deste tipo, nada vo, numa forma mais divinizada do que a da maior parte
prepara o eclipse do poder real e a pobreza que surgiram dos faraós egípcios. Isto tinha provavelmente também por
após Pepi II. Os numerosos faraós dos 20 anos seguintes finalidade acentuar o estatuto da realeza numa altura cru-
(fim da 6.º e 7.º-8.º dinastias) foram nominalmente acei- cial, o que foi continuado pelo seu sucessor.

35
Faraós do Egipto

A lista das páginas que se seguem contém os nomes e


datas aproximadas da maioria dos faraós importantes,
com os nomes das rainhas seguidos da designação R,
O título completo de um faraó consistia em cinco ele-
mentos principais, dos quais os três primeiros eram re-
feridos por ordem de origem. São eles: (1) Hórus, (2),
Duas Damas, (3) Hórus Dourado, todos eles epítetos As datas sobrepostas, numa mesma dinastia, indicam Em cima: um típico conjunto
completo de titulos. «Horus: touro
que parecem referir-se a aspectos da pessoa do faraó co-regências. Nos casos em que se verifica sobreposição poderoso, perfeito de aparições
como manifestação de uma divindade. O quarto ele- de dinastias, isso significa em geral que eram aceites em gloriosas; Duas Damas: a realeza
permanece como a de Áton (o deus-
mento, primeiro nome do cartucho, é antecedido de zonas diferentes do país. -sOl na idade avançada); Hórus
duas palavras que significam rei e que vieram a ser iden- As datas que se conhecem com precisão são antecedi- Dourado: de braço forte, opressor
tificadas com as duas metades do país, e compreende das de*. As datas são calculadas a partir de listas antigas, dos Nove Arcos (inimigos
tradicionais); Nisut e bity (termos
geralmente uma afirmação sobre a relação do deus-sol especialmente as do papiro real de Turim, e de várias que significam rei); Menkheprure
Rá com o faraó. O quinto elemento, segundo nome do outras fontes, inclusive de alguns testemunhos de carác- (Rá é duradouro nas suas
manifestações): Filho de Rá:
cartucho, é normalmente o próprio nome de nascimento ter astronómico. À margem de erro aumenta, indo de Tutmósis (IV), o de aparição
do rei, precedido da designação «Filho de Rá». cerca de uma década para o Império Novo e 3.º período magnífica; querido de Ámon-Rá,
dador (ou dádiva) de vida como
Por desconhecer muitas vezes a pronúncia dos nomes, intermédio, até 150 anos para o princípio da 1.º dinastia. Rá.»
utilizam-se para muitos faraós formas gregas, retiradas da A maior parte das datas da 12.º dinastia conhecem-se À direita: escritos hicroglíficos com
nomes de reis seleccionados: os que
história de Manetho (século im d. C.). Na lista refere-se em com precisão e as da 18.º e 19.º têm de caber dentro de estão na primeira linha são os
geral primeiro o nome próprio, seguido do primeiro cartu- três alternativas, determinadas astronomicamente. To- nomes de Hórus. À maior parte dos
restantes são pares de nomes de
cho, sempre em itálico. Os faraós da 20.º dimastia usavam das as datas a partir de 664 a. C. são exactas. Todos os trono, pelos quais os
Ramsés como nome dinástico nos segundos cartuchos, governantes locais mencionados na segunda parte estão contemporâneos dos faraós os
conheciam, e nomes próprios, pelos
tal como os Ptolomaicos cram designados por Ptolomeu. incluídos nesta lista. quais nós os conhecemos hoje.

17.º dinastia 1640-1550 Seti 1 (Menmaatre) 1306-1290


PRÉ-DINÁSTICO TARDIO 7./8.º dinastia 2150-2134 13.º dinastia 1782-após 1640
Numerosos faraós tebanos; os al- Ramsés II 1290-1224
c. 3000 Numerosos faraós cféêmeros, Cerca de 70 faraós. Os mais co-
incluindo Neferkare nhecidos estão listados; os nú- garismos dão as posições na lista (Usermaatre-setepenre)
Zekhen: Narmer meros indicam a sua posição na completa. Merneptah 1224-1214
1.º PERÍODO lista completa. InyotefV c. 1640-1635 (Baenre-hotephirmaat)
INTERMÉDIO 2134-2040 Wegaf (Khutawvyre) | 1783-1779 (Nubkeperre) 1 Seti ll 1214-1204
PERÍODO DINÁSTICO (Userkheprure-setepenre)
Amenembetr V (Sekhemkare) 4 Sebekemzaf| (Sekhemre-
PRIMITIVO 2920-2575 9.:/10.º dinastia 2134-2-4- Amenemesse (Menrmire), usurpa-
Harnedjheriotef (Hetepibre) 9 wadjkhau) 3; Nebireycraw
1.º dinastia 2920-2770 (Heracleopolitana) Amenygemau 1b (Swadjenre) 6; Sabekamzaf II dor durante o reinado de Set ll
Menes (= Aha?); Djcr; Wad]: Vários faraós chamados Khety; Sebekhotepe | c. 1750 (Sekhemre-shedtawyv) 10; Tao | Siptah 1204-1198
Den: Adpb; Semerkhet;, Qaa Merykare; Ity (Khaankhre) 12 (ou Djehutio) (Senakhtenre) 13; (Akhenre-setepenre)
Hor (Awibre) 14; Amenemhet Tao II (Djehutio) (Segenenre) 14 Twosre 1198-1196
2.º dinastia 2770-2649 11.º dinastia (Sitremeritamum) R
VII (Sedjefakare) 15; Sebekhotepe Kamósis c. 1555-1550
Hetepsekhemwy; Rencb, (Tebana) 2134-2040 [1 (Sekhemre-khutawpy) 16; (Wadjkheperre) 15
Nineter; Peribsen; Inyotef| (Sehertawy) 2134-2118 Khendjer (Userkare) 17 20.º dinastia 1196-1070
Khaseckhem(wy) InvotefII (Wahankh) 2113-2069
Sebekhotepe II c. 1745 IMPÉRIO NOVO 1550-1070 Setenáâquete 1196-1194
Inyotef III 2069-2061 (Sekhemre-swadjtawy) 2] (Userkhau-re-meryamun)
3.º dinastia 2649-2575 18.º dinastia 1550-1307
(Nakhtinebtepnufer) Neferhotep | c. 1741-1730 Ramsés HI 1194-1163
Sanáquete (=Nebka?) 2649-2630 Amoósis (Nebpehtire) 1550-1525
Nebl repetre 2061-2010
(Khasekhemre) 22 (Usermaat-re-meryamun)
Djoser (Negerykhet) 2630-261] Amenófis | 1525-1504 1163-1156
Mentuhotepe Sebekhotep IV c. 1730-1720 Ramsés IV
Sekhemkhet 2611-2603 (Djeserkare) (Hegamaatre-setepenamun)
Khaba 20(13-2599 (Khaneterre) 24 Tutmósis | 1504-1492
2599-2575 IMPÉRIO MÉDIO 2040-1640 Sebekhotep V c. 1720-1715 Ramsés V 1156-115]
Huni (7) (Akheperkare) (Usermaatre-sekheperenre)
(Khahotepre) 25 Tuimósis || 1492-1479
IMPÉRIO ANTIGO 2575-2134 11.º dinastia 2040-1991
c. 1704-1690 Ramsés VI 1151-1136
Aya (Akheperenre)
(todo o Egipto) (Merneferre) 27 (Nebmaatre-mervamum)
4.º dinastia 2575-2465 Nebhepetre 2061-2010 Tutumósis II 1479-1425 Ramsés VII 1143-1136
2575-2551 Mentuemzaf (Djedankhre) 32c; (Menkheperre)
Snefru Mentuhotepe Dedumosis II (Djedneferre) 37;
(Usermaatre-setepenre-
Khufu (Kéops) 2551-2528 Sankhkare 2010-1998 Hatshepsut 1473-1458 -mervamun)
2528-2520 Neferhotep HI (Sekhemre- (Maatkare) R
Radjedef Mentuhotepe sankhtawy) dla Ramses VHI 1136-113]
Kéfren (Rakhbactf) 2520-2494 Nebtawyre 1998-1991 Amenófis || [427-140] (Usermaatre-akhenamun)
Menkaure Mentuhotepe (Akheprure) Ramsés IX WBI-tHI2
14.º dinastia
(Miquerinos) 2491-2472 Tutmósis IV 1401-139] (Neterkare-setepenre)
Grupo de faraós de menor impor-
Shepseskaf 2472-2467 12.º dinastia *1991-1783 (Menkheprure) Ramsés X [112-1100
* 1991-1962
tância, prováveis contemporã-
Amenembet | Amenófis [HI 1391-1353 (Khepermaatre-setepenre)
5.º dinastia 2465-2323 neos da 13.º ou 15.º dinastias
(Sehetepibre) (Nebmaatre) Ramsés XI LIOO- TOTO
Userkafl 2465-2458
Sahure 2458-2446
Sesóstris | *107]-1026 2.º PERÍODO Amenófis IV/Akhenaton (Menmaatre-setepenptah)
(Kheperkare) INTERMÉDIO 1640-1532 (Neterkheprurewaenre,1353-1335
Nelerirkare Kaka 2446 24 2

Shepseskare Ini 2426-2419


Amenembet * 1029-1809 Semenkhkare 1335-1333 3.º PERÍODO
2419-2416
(Nubkaure) 15.º dinastia (Hicsos) (Ankhkheprure) (=Neterttn Rº) INTERMÉDIO 1070-712
Raneferel Sales; Shesli; Khian
Sesóstris | * [897-]878 Tutankhamon 1333-1323
Neuserro Ji 34 1001-2302 21.º dinastia 1070-945
(Khakbeperre) (Swoserenre) (Nebkheprure)
Menkauhor 2306-2388 Smendes LOZO- TOM
Sesóstris [Il *[878-18d4 12 Apophis c. 1585-1542 Ava 1323-1319
Dpedkare Izezi 23M8-235 (Hedjkheperre-setepenre)
(Khakauro) (Awoserre e outros) (Kheperkheprure)
Wenis 3350-2323 HO-U4O
Amenember 1844-1797 Khamudi c. 1542-1532 Harembab 1319-1307 Amenciimsa
6.º dinastia 2323-2150 (Nimadtro) (Djeserkheprure) (Neterkare)
Ten 2323-2291 Amencember IV 1799-1787 16.º dinastia Psusennes | 1040-992
Pepil (Meryre) 2289-2255 (Maakhertre) Soberanos EHiesos de menor im= 19.º dinastia 1307-1196 (Akheperressetepenamun)
Merenre Nemiyvemzal 2255-2246 Nefrusobk 1747-1783 portância, contemporineos da Ramses | 1307-1206 Amenemope 993-984
Pepi HH (Neferkare) 2240-2152 (Sebekkare) R 1.º dinastia. (Menpeltire) (Usermaatre-setepenamun)

36
RITOS
ESCRITOS HIEROGLI
HIEROGLIFICOS COM NOMES DE REIS SELECCIONADOS Osorkon |
(Akheperre-setepenre) dee Mi persa
984-978 | 2.º período Ochus *343-332
4343-338
siamun V7H-VIY4 Arses *338-336
E AMA! (Netgerkheperre-setepenamun) Dano HE Codoman *335-332
A q Psusennes TI 4959-045 Período interrompido por um so-
ê NL o | PQ fi | / (Titkheprure-setepenre) berano autóctone Khababash
(Senentanen-serepenptah)
Ro += RE pj 22.º dinastia 945-712
7 y [ pra E == Ss Shoshenk | 4945-924
EE
PERÍODO GRECO-
= Es (Hedjkheperre-setepenre) -ROMANO *332a. C-395d.C.
Osorkon ll 9224-409
Narmer Ana Den Peribsen — Kha'seknewy Djoser onefr! (Sekhemkheperre-setepenre) Dinastia macedónica *332-304
Takelot] 909- Alexandre HH Magno — *332-323
(Usermaatre-setepenamun) Filipe Arrhidacus *323-316
O () O) ro Shoshenk II -583 Alexandre IV *316-304
9 444, Ls , o Ra (Hegakheperre-setepenre) ; à É E
fi Dao y 5 » Oserkon ll 883-855 Dinastia ptolomaica Rad
l I 0 (Usermaatre-setepenamun) Prolomeu | Sóter | 304-284
U) Takelot] go0-835 — Prolomeu TI *285-246
eu (Hedjkheperre-setepenre) Filadelto
Khuf Sahure Weni Peni Shoshenk III 835-783 Prolomeu HI *246-221
Kéops era Eua Mentuhotepe (Usermaatre-setepenre/amun) arde E il 1221205
Pari 783-773 tolomeu ilopator *22]-2
Ra PRA GPS Prolomeu V Epifânio | *205-180
O 1 | O 4 | O , () Ne EE SRD e Ptolomeu VI *180-164, *163-145
GB + e f 14h (Akheperre
eperre) Filometor
o
=> ec s—f ais
Osorkon V E
735-712 Ptolomeu VII
U) des UU a AL, | Ú À FAkheperiessetepeamia) Euergetes IL *170-163, *145-116
o: U Ji al O (Physkon)
23.º dinastia c. 828-712 Prolomeu VI[Neos *145
Sesóstris | Sesóstri à Várias linhagens contemporâneas | Filopator
au Nererhotep Apophis de faraós reconhecidas em Tebas, Cleópatra IH Re *116-107
Hermópolis, Heraclcópolis, Le- Prolomeu IX Sóter (Lathyros)
ontópolis e Tanis; a ordem pre- Cleópatra HIR e *107-88

> SE
O || == cisa está ainda em discussão Ptolomeu X Alexandre |
Pedubast] 828-803 | Prolomeu IX Sóter IH *88-8]
2) () | Osorkon IV 777-749 | Cleópatra Berenice R *81-80
m f | Peftjau-awybast Prolomeu XI Alexandre IL *80
es, (Neferkare) 740-725 - Ptolomeu XII Neos *80-58,
que : : *55-51
Ahmosis Tutmósis Il 24.º dinastia (Sais) E 7124-712 Dionísio (Auletes)
Tefnakhte (Shepsesre?) 724-712 Berenice IV R *58.55
Bocchoris (Wahkare) 7117-712 Cleópatra VII R *51-30
O JU = às a dinastia 2770-712 Prolomeu XII *51-47
*47-44
(Núbia e região de Tebas) Prolomeu XIV
Kashta (Nimaatre) 770-750 Ptolomeu XV Caesarion *44-30
Pive 7150-712 Houve mais co-regências com
(Usermaatre € outros) rainhas de nome Arsinoe, Bere-
nice e Cleópatra, que não tinham
PERÍODO TARDIO 712-332 reinados independentes.
Seli | Ramsés | Ramsés | Ramsés IX Psusenes | TO Lsurpalores autsctanes:
a PAZEOS Harwennofre (205-199),
(Núbia e todo o Egipto) Ankhwennofre (199-186), H
O = O Shabaka (Neferkare) 712698 CG UIBDO Rg aa
() 3 1 E Tt Shebitku (Djedkaure) 698-690 — SIES€ 31)
Putas Taharqa 690-664
O Sutar — (Khurenetercem) A O A
E rr É Es às Tatamani (Bakare) 0664-657 (nomes sticontrados em oxIGE
4 (talvez mais tarde na Núbia) hieroglíficos e demóticos até à te-
Shosheng | Taharqa Psamético | Amásis 26.º dinastia *664-525 — trarquia)
(Necao 1) *672-664 RU *30a. C.-l4d. C.
Psamético | *664-610 ibério | F1-57
qm (39 BO EM BO (Wahibre) Caio (Calígula) *37-41
A) E o las 5 4 “A Necao
Il (Wchemibre) *610-595 Cláudio *41-54
cos, | | 256 O Psamético Il *595-589 Nero *54-68
Po O PN me DE oo dg (Neferibre) Galba *68-69
A ” —" O À À Ec o— Apries (Haaibre) *589-570 Oto *69
Es, o / l y Amásis (Khnemibre) *570-526 Vespasiano *69-79
À À de O Ea fa— E 1) | (Psamético Il 1526-525 to 1128
| po B U) | Ea | (Ankhkaenre) Sia Ss 1-96
| <E erva *96-98
$i N SS || E uh 1 E Ya 27.º dinastia (persa) *525-404 Trajano *98-117
É ê apra mf , 2 Ni td i | Cambises *525-522 Adriano *117-138
sra |] 2 — ce Dario | *521-486 Antonino Pio *138-161
Ls, / / , / N da Lo o | Ps | *486-466 | Marco Aurélio *161-180
Dario Nectanebo l Ptolomeu | Sóter Ptolomeu IV Filopator Ptolomeu XilAuletes || FiAXCIXES
Daio
*465-42
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*399-380 Macrino
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*399-380 Piadiimitno ado
C A Md Seg (Baenre-meryneteru) Severo Alexandre 2220-255
EE IN = pas fãs À l Psammuthis *393 anetan HI ra
RN AAA ' 1 | Vryuo | (Userre-setepenptah) Maes Fa
“ O E ) o AR À ne Aa | A Hakoris *393-380 Décio 449251
| Es & e me a A | ! (Khnemmaatre) Galo e Volusiano *251-253
ab S||o
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| es W | [44posa Nenherites
pherites || * 380 Valeriano
Cal; *253-260
193 3.268
4 À O É it " k AMENO ah
Tas es J o perecer E, “a E —— Ae o 30.º dinastia *380-343 Macriano e Quicto *260-261
I-T <>» Es YZ / A / Wa / FEIRA x A: Pé o Nectanebo | *380-362 Aureliano *270-275
Merenda Sima om ET rá Sé E a (Kheperkare) Probo *276-282
ri ul O Severo Teos (Irmaatenro) *365-360 Diocleciano *28+-305
E dote x MM Nectanebo ll *360-443 Maximiano *386-305
| E (Senedjemibre-setepenanhur) Galério *293-311
Galeria de faraós

A representação de um faraó egípcio é mais uma afirma- faraós usavam normalmente coroa, uraeus (cobra na
ção de ideal do que um retrato. Dos que aqui se apresen- testa) ce barba postiça. As mais importantes das várias
tam, só Amenófis IV e Ptolomeu IV fogem à norma, coroas eram a coroa alta e branca, símbolo da realeza por
sendo um deles altamente estilizado e o outro influencia- excelência nos períodos mais antigos, associada a nisut
do pela arte helenística. (a palavra normal que significa rei) c ao Alto Egipto, ca
Os rostos podem representar qualidades gerais. Algu- coroa azul achatada — o azul é a cor de maior
mas das figuras mais antigas transmitem uma força im- prestígio —, a partir da 18.º dinastia. As outras coroas
pressionante, que se torna requintada. Neferhotep segue que se podem ver nestas figuras são o turbante nemes,
a tradição do «rei sofredor» da 12.º dmastia. As cabeças típico do Império Médio, e dois tipos de barrete. A fi-
mais recentes são, na sua maior parte, mais suaves. Os gura de Merenre é jovem e de cabeça descoberta.

Paleta de Narmer, finais do pré- Rei da 1.º dinastia, c. 2850. Khasekhem, 2.º dinastia Rei da 3.º dinastia, c. 2600. Shepseskaf, 2472-2467 (7).
-dinástico (c. 2950). Xisto. Marfim. (c. 2670). Calcário. Granito rósco. Diorito.

e. 4

Merenre Nemtyemzaf, c. 2255. Neferhotep 1, c. 1741-1730. Amenótis EV (Akhenaton), TVutankbamon, 1333-1323,


Cobre. Basalto negro. vc. 1350. Arenito. Madeira e gesso,

38
É
ii m
Ramsés 1, 1290-1224.
Granito negro.

Seu 1, 1305-1290, Basalto


negro.

Rei do 3.º período intermédio,


c. 1000-800. Quartzito.

Prolomeu IV Flopator,
2231-225 (2). Xisto
O PANORAMA HISTÓRICO

Império Médio considerável, cuja organização só recentemente come- À direita: o Egipto durante
çou a ser compreendida. o Império Médio e o
Os dois últimos faraós da 1.º dinastia conservaram a 2.º período intermédio
capital em Tebas. O segundo, Nebtawyre Mentuho- Sesóstris II empreendeu importantes reformas na ad- Sítios onde foram feitas desco-
tepe, não consta das listas posteriores, talvez por ser ministração do Egipto, que parecem ter acabado de re- bertas da cultura palestiniana da
Idade do Bronze Média dos séculos
considerado um governante ilegítimo. Durante estes tirar o poder das mãos dos governadores de província. xvi-XvIL a. €.
dois reinados a construção esteve muito activa em O país foi dividido em quatro «regiões», correspon- Locais da cultura «pangrave» do
2.º período intermédio, Estes po-
grande parte do país. Abriram-se pedreiras, a mais im- dendo cada uma delas a cerca de metade do vale do Nilo vos cram nôómadas do deserto ori-
portante das quais a de Uadi Hammamat, e restabele- ou do delta. Os documentos do fim da 12.'e da 13. ental, muitos deles mercenários ao
ceu-se a rota do mar Vermelho. Tudo isto indica que o dinastia, cuja origem é sobretudo el-Lahun, dão-nos a serviço de vários soberanos. Nos
montes do mar Vermelho e em
Egipto cra forte, mas a ordem política não durou muito. impressão de uma organização burocrática generalizada, Kassala, no Sueste do Sudão, en-
O vizir de Nebtawyre Mentuhotepe, Amenemhet, foi que acabou por dirigir o país sob o seu próprio impulso. controu-se cerâmica semelhante à
deles. Durante o Império Novo ti-
também o primeiro faraó da 12.º dinastia, mas desco- Dentro do Egipto, a mais impressionante herança vi- nham sido completamente assi-
nhece-se a forma de transferência do poder para ele. sível de Sesóstris III é a sua escultura real, que corta com milados pelo Egipto, dando o seu
Amenemhet cra membro de uma família importante de convenções anteriores ao mostrar um rosto envelhecido nome, Medjav, à polícia.
Elefantina. e preocupado, simbolizando, talvez, os fardos da mo- No extremo direito:
O acto político mais importante de Amenemhet | narquia, tal como é descrito na literatura da época. Este as fortalezas da 2.º catarata
(1991-1962) foi o de mudar a residência real de Tebas mesmo estilo foi utilizado em estátuas do seu sucessor, no Império Médio
A região da catarata é um troço de
para perto de Mênfis, onde fundou uma cidade chamada Amenemhet II, cujo longo reinado foi aparentemente rápidos de 30 km de comprido,
Ititawy. «(Amenemhet é) o que se apodera das Duas pacífico. Amenembhet III foi mais tarde divinizado no muito navegável. A cadeia de for-
talezas fronteiriças da 12.º dinastia
Terras». O sítio em si era provavelmente uma zona Fayum, onde construiu uma das suas duas pirâmides e era o mais vasto grupo antigo so-
administrativa, que compreendia as pirâmides de Ame- alguns outros monumentos e onde talvez tenha come- brevivente no mundo, até ser sub-
nemhet [ e Sesóstris I, enquanto a parte principal da ci- çado um programa de apr.veitamento de terras. No en- mersa no lago Nasser. As fortale-
zas setentrionais foram começadas
dade continuava localizada em Mênfis. A capital era ao tanto, Os seus antecessores também se tinham inte es- no reinado de Sesóstnis I; as de
mesmo tempo uma inovação e um retorno às tradições do sado por esta região e Amenemhet III pode ter colhido Semna e Kumma foram adiciona-
das por Sesóstris III.
Império Antigo, que foram também seguidas na arte. os frutos de uma longa iniciativa.
No que se refere à política externa, Amenemhet | Nos reinados de Amenemhet IV (1799-1787) e da rai- Em baixo: relevos da capela de Se-
confirmou a obra de Nebheptre Mentuhotepe na Núbia nha Nefrusobk (1787-1783) não houve perda de pros- sóstris |, em Carnaque, reconsti-
e conquistou, em várias campanhas durante os últimos peridade no país, mas a presença de uma mulher no tro- tuída a partir de blocos encontra-
dos no 3.º pilone. À cena repre-
anos do seu reinado, toda a região até à 2.º catarata. no indica que a família real se estava a extinguir. Há uma senta Áton conduzindo o rei à pre-
O chefe destas expedições era Sesóstris I (1971-1926) e a perfeita continuidade no registo arqueológico entre as sença de Ámon-Rá Kamutef.
O estilo apurado e esmerado ins-
sobreposição de dez anos dos dois reinados foi outra 12.º e 13.º dmastias, embora a natureza da monarquia pirou os artistas dos princípios da
inovação, estabelecendo o padrão institucional de co- pareça ter-se alterado consideravelmente. 18.º dinastia.
-regência. Sesóstris I foi o parceiro mais activo durante Ei = pr
.
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— aço
3 ET TER E
a.

os anos de governo conjunto. Amenemhet I parece ter


ad

sido assassinado, enquanto o filho estava em campanha


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na Líbia, mas, talvez devido à co-regência, daí não resul-


tou qualquer desordem.
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Durante os reinados de Amenemhet | e Sesóstris | 4 a

construíu-se muito no Egipto, tendo-se começado a


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construção da grande série de fortalezas na Baixa Núbia. Y


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Ao mesmo tempo foram escritas bastantes obras literá- í | ese :


rias importantes e os empreendimentos materiais e im- 9) Er

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telectuais desta dinastia tornaram-na posteriormente

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clássica aos olhos dos Egípcios e aos nossos. Um exem-

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plo deste facto é a escultura em relevo da capela de Se-

Ass
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sóstris I, em Carnaque, que serviu de modelo aos artis-
tas do início da 18.º dinastia. Mas, apesar destas realiza-
ções dos primeiros reis, há muito mais material preser- í é “eo Pao

vado datando dos reinados de Sesóstris III (1878-1841),


Amenemhet III (1844-1797) e de outros mais recentes E P y A
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do que dos anos entre 2000 e 1900 a. €.


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O faraó da 12.º dinastia cuja reputação durou mais


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a
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tempo foi Sesóstris III. Salientou-se, sobretudo, pelas


suas campanhas na Núbia, onde alargou a fronteira sul
até Semna, no limite sul da 2.º catarata, pelo estabeleci-
mento de novas fortalezas e pela ampliação de outras.
Mais tarde veio a ser aí adorado como deus, c o templo
de Tutmósis III em Semna é-lhe consagrado, assim
como a Dedwen, divindade local. O principal objectivo
desta actividade militar pode ter sido o de contrariar a
influência dos chefes Kerma, a sul. Durante este reinado
teve igualmente lugar uma expedição à Palestina, que
parece não ter tido como objectivo a conquista da re- E
E
Ra ah
giao, mas que foi o começo de um período de grande MAMA T

influência egípcia. Aquela região era então seminómada ENA


mi, e

E 1 a Er ri PI [FL

e só passou a ter população sedentária a partir do fim da


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12.º dinastia. Sesóstris [II tinha um exército efectivo 7 1


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40
ias 1

DINASTIAS 11-13
36º .
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de com
Em cerca de 150 anos sucederam-=se uns 70 faraós da
om o Esipo. Govermany 36º 15." dinastia. Embora houvesse, decerto, por vezes, pre-
DOS Ei Ent tendentes rivais ao trono, esta situação não cra a regra
odds PNALO InTierncia(cio

a dé ce 18º dinastias re geral. O país parece ter-se mantido estável, embora não
| | houvesse um processo oficial de substituição rápida dos
Hale: nas muito pequenos [ ar “ jr io a a ” E
a
!
chados egip a Ea | |) faraós, mas estes tinham relativamente pouca
:
importan-
ão

MAR. MEDITERRÂNEO jedel s 1a Adinastiasodos | Pd cia. Às pessoas mais importantes do país parecem ter
E NI sido os vizires, os mais altos funcionários, de que se
fo des Sae RE Pio | conhece uma família que se prolongou por grande parte
A a db / 32º] do século xvim. Os títulos oficiais de todos os níveis
tetoA a estina. proliferaram nesta época, muito possivelmente devi-
Er | alias Ata / / | do a um aumento da burocracia, fenómeno com para-
ED dade K 2

PR? atá ; : BRA SPAS lelo noutros lugares do mundo em períodos de lento
| E lí .
libi a E declínio.
A a “ ' E : : a Ri o

Líbia EN
Kôm el-Hisn,. o
Ainda em 1720 o Egipto parecia não ter perdido mui-
aaa El ba a femea to do seu poder e prestígio, dentro e fora do país. Se
é utilizarmos como medida o número de monumentos
IS:
; Serabitkel-Khadim: 30º] particulares, parece ter-se dado um aumento de pros-
rum: prováveis Er Mit Rahina [2- munas
de turquesa exploradas eridad , vel nt d aê vist Has.
obras le recuperação o erSaghá Dahsur E LISht 12-18 mais infensamente com finais p Cc no pa s € um nivelamento da naqLl CzZa, VISLO Na
de tecno pelos fado O ate im ER rica RSRS Ge E ver poucos monumentos reais. Havia muitos imigrantes
divum n-Ha Foutra altura . y
Ia
da 12.2 dinastia
XBol dó eladin adi Nash. Rud el-Air da Palestina, ao que parece chegados de forma pacífica,
m Rugaiya-- úmant e : E 3
Maldita Amasya el-Mediny Uadi Kharità tim Serabiljel-Khadim que eram absorvidos pelos níveis mais baixos da socie-
ERA d ade egípcia,
gíp mas p pelo menos um deles Khendjer,
7 ] foi 1 a

ap AE faraó do Egipto. Estes imigrantes vieram talvez depois


fa de 1800, em consequência de deslocações de população
e : E Ei

ni 28] no Próximo Oriente, e foram os precursores de um mo-


/ E; do vimento que viria a trazer o domínio estrangeiro, no
/ Meto 3 2.º período intermédio. Em finais da 13.º dinastia, a re-
ú RA AS gião oriental do delta era muito povoada por asiáticos,
MA Ds ao Deir RitaS Vo o Ra inclusive zonas que tinham tido uma população inteira-
H Provável e Noir Di " CT

N E TE mente egípcia na 12. ginasta como a de Qantir, que


Nomes | velo a ser a capital dos Hicsos,e, mais tarde, dos Ramés-
-—, a e — (SE
] 1800 o pandora ” - E ]
À Hr sm" 2Deir el-Balas Uadi Ponte
NE a ef“E eiarmant
Bat Sa:DE Nag el-Madamud a RR VER
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, Serra orienta”.
c— | Gebelein e Tod Karnak 11.17 VERMELHO q
a iseo - Esna;
Kom el-Ahm
Coreano
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começo delrota no Uadi d-Shatt el-Rigal beira 29
deserto na te 2 dinastia
É
A 17.2d o [7 nat
Pedreiras de ametista
E culto 5 mr Uadret=Hod :
/ A Posslvel linha de
f E e fronteira fixada
) / ç! por Sesóstris |

/ A ; Abu Seyal
A fed a . O Mindde cobre

/ 12 q a = Toshks A ad elGirgawi Va
/ 13 a moh YU
ga “Soy Cáâminho para minas de ouro

/ / Baixa Núbia; região a 2º


Pá AMAS ad Pita E! pelo Egiptona meme
/
/ oltalezas da 2.º calarala RPA e conquistada
Pac 13.3 dinastias
/ a Upa por Núbios na 15.2-17.4 dinasrks.
/ ça =; ma A cultura múbia localera a
fusos a a do grupo zona fértil
Í | ==] Palestina meridional
' Amara ocjdenta Batarata j Dal FuiSi4?
E and
ra Kerma o E
| Da ta Eta lronteira 12.2-13.? rlinaslias
A Soleb (Kush?) Dem
e— cm
fionteia 15-17 dinastias
é conitaldo Egipto.
N, q ratarin nº - comnúmero de dinastias
Aê sitio egípcio
x — Kermia: capital núbu) E fortaleza egípoia 2130
o E local no auge do seu oder al sli núblo Vossiod linha de
E na 15,2-17,2 dinastia O estado so capital à mo á fronteira fixada H lortaleza da 12 * dinasha
é provavelmente des PeNGaÇÃO | UpO H por Sesóstres UH É te de ão
|
| De; Kush em textos local de achado da Idade poste de simaitraç;
Saíprios sr Média o povoação importante
frestas > Get aa |
sit o Fangrave
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! Epa ESA pe Rune o Shaltok nome modemo
À Pindunash | nome clássico BRUMEN DOME anbgo
nome antigo escala 1 750000
escala 1:7/000 (00
0 m 20 km
1 200 E k que rh
atos ] D z TO mu
ss 100 mi

41
O PANORAMA HISTÓRICO

sidas. O Egipto manteve, provavelmente até quase ao sis, descrevem importantes escaramuças entre Tebas e À direita: o Egipto durante
o Império Novo e03.º
fim da 13.º dinastia, o controlo da Baixa Núbia, mas os os Hicsos, que se aliaram aos reis núbios. Kamósis che- período intermédio
contingentes do exército local tornaram-se cada vez gou quase até Avaris, capital dos Hicsos, e estendeu as As divisões políticas assinalada
s
mas nada sabemos são as do 3.º período interméd
mais independentes e fixaram-se como habitantes, al- suas campanhas, a sul, até Buhen, io
altura em que a região que inclui
guns dos quais ficaram para trás quando a região foi in- dele após o terceiro ano. el-Hiba, e que se estende
a sul até
Assuão, era governada pelos
vadida, a partir do Sul, no início das 15.:-17.º dinastias. sumo-sacerdotes de Tebas,
Império Novo sujeitos apenas, nominalmente,
2.º período intermédio O sucessor de Kamósis, Amósis (1550-1525), expulsou aos reis do Norte das 21.123
Por volta de 1640 a. C., a posição da 13.º dinastia foi finalmente os Hicsos, por volta de 1532 — muitos anos dinastias. À norte de el-Hiba os
reis das 21.º-22.º dinastias
usurpada, não se sabe ao certo como, por um grupo es- depois das tentativas de Kamósis. O curso da expulsão governavam directamente, tendo
trangeiro que se designa, convencionalmente, por «Hic- dos Hicsos foi resumidamente registado por Amósis, fi sido o seu território
posteriormente subdividido em
sos», forma grega de uma frase egípcia que significa lho de Ebana, soldado de el-Kab. Após a sua vitória, regiões praticamente autónomas
«governante de terras estrangeiras». Os Hicsos, Amósis continuou a incursão pela Palestina, onde é pos- (ver mapa na página 47)
15.º dinastia egípcia, parecem ter sido reconhecidos sível que os Hicsos tivessem aliados ou algum controlo,
como principal linhagem real em todo o país, mas tole- onde empreendeu campanhas durante alguns anos. Na
ravam outros concorrentes. É possível que a Núbia lutou a sul até à ilha de Sai, perto da 3.º catarata,
13.º dinastia tenha continuado a existir, tal como a 14.º, ao mesmo tempo que, segundo parece, teve de enfrentar
como família real, no Noroeste do delta (cuja existência uma revolta no Egipto. O seu reinado deixou algumas
tem sido posta em dúvida). Havia também um grupo inscrições em diferentes partes do país, incluindo uma,
paralelo de Hicsos, conhecido como 16.º dinastia, termo em Abido, que mostra a sua piedade familiar para com a
sua avó, dando-se, nessa altura, notável ênfase às mulhe-
res da família real. À esquerda: dois escaravelhos
Amósis deixou um estado unificado, com uma econo- com nomes e um cowroid do 2.º
período intermédio, típicos da
mia bastante mais desenvolvida. Estendia-se desde o sul época e que são a principal fonte
da 2.º catarata até algures na Palestina e era, nessa época, de conhecimentos da história e da
a principal potência do Próximo Oriente. O filho, administração.
a. O filho mais velho do rei, Ipeg,
Amenófis I (1525-1504), estendeu provavelmente a in- conhecido a partir de mais de 40
que talvez cubra simplesmente outros governantes asiá- fluência egípcia ainda mais para sul, não se sabendo mais escaravelhos, 15.º dinastia.
ticos que se proclamaram reis, onde quer que se encon- nada da Ásia durante o seu reinado. Do fim da 18.º até à b. O soberano dos países
estrangeiros («Hicsos»), Khian,
trassem. À mais importante destas dinastias foi a 17.º, 20.º dinastia, Amenófis e a sua mãe, Amósis-Nofretari, 4.º soberano da 15.º dinastia.
sucessão de egípcios que governavam a partir de Tebas, foram venerados pelos habitantes de Deir el-Medina, c. Cowroid do rei Nikare,
soberano obscuro, talvez da 16.:
controlando o vale do Nilo desde a 1.º catarata até Cusae que construíram os túmulos reais, talvez por ele ter fun- dinastia. Esteatite. Altura
(el-Qusiya), a norte. No Sul, a Baixa Núbia foi conquis- dado o complexo institucional a que pertenciam. Parece, máxima, 17,5 mm. Colecção de
tada pelos chefes núbios de Kerma. Havia, portanto, es- no entanto, que o primeiro enterro no vale dos Reis e a Frazer von Bissing. Universidade
de Basileia.
sencialmente três divisões da região que fora controlada fundação da própria aldeia datam do reinado seguinte.
pelas 12.º e 13.º dinastias. Durante quase um século Tutmósis I (1504-1492) era parente, por casamento, Em baixo: cabo de punhal do
parece ter havido paz entre elas. do seu antecessor, que não tinha, provavelmente, dei- reinado de Nebkhopeshre
Apophis (provavelmente o
Têm-se encontrado nomes de reis da 15.º dinastia em xado herdeiros varões. Os seus feitos militares foram mesmo que Awoserre) da 15.º
pequenos objectos provenientes de lugares do Próximo mais extraordinários do que os de qualquer outro faraó dinastia. O homem que está a
caçar antílopes é o «servidor do
Oriente bastante distantes uns dos outros, indicando a egípcio. Nos primeiros anos do seu reinado chegou ao seu senhor (Apophis), Nahman»
existência de relações diplomáticas ou comerciais numa Eufrates, a norte, e a Kurgus, a montante da 4.º catarata (nome semita). Proveniente de
vasta região. O contacto com o estrangeiro trazia con- do Nilo, a sul. Estes feitos definem os limites territoriais Saqgara. Comprimento do cabo,
11,4 cm. Cairo, Museu Egípcio.
sigo certas inovações técnicas, que vieram mais tarde a Jamais conquistados pelo Egipto, mas podem não ter
ter importância. Algumas dessas novidades foram pro- sido um salto em frente tão grande como parece. Na
vavelmente trazidas por imigrantes asiáticos, enquanto Síria-Palestina talvez se tivessem travado batalhas pre-
outras, especificamente militares, talvez tenham sido paratórias, nos reinados anteriores, e parece que os
adquiridas por altura de campanhas, nalguns casos no Egípcios reivindicaram a posse desta região quando lá
início da 18.º dinastia. Até essa altura, o Egipto tinha não se encontrava nenhuma outra potência importante.
estado tecnologicamente atrasado em comparação com Durante o reinado de Amenófis I formou-se, no Norte
o Próximo Oriente, mas durante o Império Novo am- da Síria, o reino de Mitanni, principal rival do Egipto
bos estavam mais ou menos a par. De entre as novas durante um século, tendo sido este o adversário de Tut-
técnicas salientam-se a do trabalho em bronze, que subs- mósis I no Eufrates.
tituiu a importação de ligas de bronze e a utilização de Os estados insignificantes da Síria e da Palestina que
cobre arseníaco, uma roda de oleiro aperfeiçoada e o tear formavam o «império» egípcio estavam ligados ao faraó
vertical, a introdução do zebu e de novas culturas horto- por juramentos de fidelidade e pagavam-lhe tributo,
-frutícolas, o cavalo e o carro, arcos compostos e novas mas continuavam a governar-se a si próprios e a pro-
formas de cimitarras e outras armas. Num plano di- curar atingir Os seus próprios objectivos políticos locais.
ferente, novos instrumentos estiveram na moda e as A presença egípcia era mantida por destacamentos mili-
danças da 18.º dinastia são diferentes das dos períodos tares relativamente pequenos e por alguns oficiais de alta
anteriores. patente, A Núbia era, no entanto, tratada como terri-
Com Segenenre Tao II, da 17.º dinastia, os Tebanos tório colonial e administrada directamente por um vice-
começaram a sua luta para expulsarem os Hicsos. O pri- -rei egípcio, responsável perante o faraó. Ambas as re-
meiro episódio da batalha só é conhecido através de uma giões compreendiam territórios que faziam parte do
história da época do Império Novo, a «Querela de Apo- dote de instituições egípcias, por exemplo templos, mas
phis [rei dos Hicsos] e de Segenenre», mas a múmia de os termos mais severos do sistema núbio parecem ter
Segenenre mostra que este morreu de morte violenta, contribuído para generalizar o despovoamento durante
talvez em batalha. Duas estelas do seu sucessor, Kamó- as 19, e 20.º dinastias. Tanto no Próximo Oriente como
DINASTIAS 13-18

Geggr na Núbia, a principal razão da presença egípcia era a de


garantir as rotas comerciais de longo curso e o acesso a
Lachish
f
* matérias-primas, tendo a defesa sido um objectivo se-
O o Teidima cundário. O comércio e o ouro da Núbia constituíram
A DB eiShanten) | grande parte da riqueza e poder do país nas relações in-
árm AS dO No e RR MINS DD? ternacionais.
el-Gharbaniyan om el-Hisho É Tell Seifa
É] mi 1

o: SUE' Dentro do Egipto, o corolário das contínuas guerras


el- Alameim ada el-Dakã
JE 19-2a
acne (Re de expansão foi um numeroso exército permanente.
Telei-M
Kom Abu Bill deduita caminho para à Palestina Com efeito, existiam duas novas forças na política in-
Qaret el-Dahro
Tellel-Yahudiya 4. terna do país: os sacerdotes e o exército. Ambas se
Gizá, k MELORÓNIS o Saur aq
foram tornando cada vez mais importantes na história
SaqgaraDB Mil Rahina MênFs finais
Rap SUTE SRS do Egipto, mas já na 18.º dinastia o papel da religião
182, pri estrangeira, de meados da Tima?'] pode ser avaliado pelas doações reais aos templos — so-
16,23 21.2 dinastias; veneração
de vátas divida des ciais bretudo ao de Ámon, em Carnaque —, em agradeci-I
e|-Riqga mento pelo êxito na guerra, e pela escolha oracular de
el-Lâhun
kom Medinet Ghurab alguns faraós pelos deuses. INo que respeita ao exército,
asyã el-Medina. = | Nasbmy Serabit el-Kh alguns dos homens mais importantes deste período
P LadiSamur | O Uadi Maghara eram antigos oficiais do exército e este era, ele próprio,
ha erRiba cl-Hiba: fortaldra
fronteiriça dos kumas-
recrutado para trabalhos de construção.
E
sacerdotes de Tebas, também A Tutmósis II (1492-1497), cujo reinado deixou pou-
utilizada como base por
O: el-Siririya sumos-sacerdotes impostos cos vestígios, sucedeu o seu jovem filho, de uma das
pelo Norte, 21.8-23.2 dinastias
esposas secundárias, Tutmósis III (1479-1425), tendo
] db! Antar
Hatshepsut, viúva de Tutmósis II, tido, a princípio, o
el-Ashmun&id
Tuna el-Gebel TO
à el-Sheikh Ibada,
cargo de regente. Durante os primeiros 20 anos do rei-
4 * el-Amarma 18
nado de Tutmósis III a âctividade militar foi mínima e o
Egipto parece ter perdido bastante terreno na Ásia. No
sétimo ano do reinado de Tutmósis III, Hatshepsut pro-
clamou-se «rei» feminino (na ideologia egípcia não ha-
via lugar para uma rainha reinante) e governou como
parceiro e personalidade dominante até à sua morte, por
í Akhmbo:E 'el-Salamuni
volta do ano 22, numa co-regência com o sobrinho.
É evidente que Tutmósis III concordou, de certo
ABIDO O) andei modo, com tal situação, já que durante a maior parte
cRDen ]
HW. amoso d oO Uadi Atolla “= Uadi Fawakhir do tempo tinha idade para organizar uma resistência
] E Sem
contra a sua tia, se assim o desejasse.
-

Oásis de el-Dakhla AD ag el-Madamud Sob o governo de Hatshepsut distinguiu-se um dos


e

El-Rizeigat pe”E od TEBAS 18


ia

nin e E Balal Gebel sena E ae q —el-Mahâmid el-Qibl o Bir Menik


mais importantes plebeus do Egipto, Senenmut, profes-
Lugares dk exílio Amdasasa
elnharab a forçado voluntário.
A a
I Oásis de el-Kharga
|
Esnado Zamikh sor e camareiro da sua filha. Foram recuperadas, em es-
a q

Kom el-Ahmar É
- 8l-Kab
Bir-Aboad
cavações na zona de Tebas, cerca de 20 estátuas de Se-
Edluo “Ranayis Na
" nenmut, tendo este o privilégio único de ser retratado
,
a! nos relevos do templo de Deir el-Bahari. É possível que
É, Gebel el-Silsila a dai a sua pupila, Nefrure, também com lugar proeminente
ge
es

'Kom Ombo “| no registo, tivesse sido destinada a futura co-regente ou


per mulher de Tutmósis III, mas morreu pouco depois de
Qut eta
|f a E a ee a 24º] este ter assumido sozinho o poder.
ra Não há qualquer registo de campanhas na Ásia no rei-
nado de Hatshepsut. Uma curiosa inscrição no templo
Beit el-Walli ; de Speos Artemidos, próximo de Beni Hasan, porme-
/ Gotta noriza o seu ódio aos Hicsos, afirmando que restabele-
/ Baixa Núbia AQuban cera a ordem — afirmação estranha, duas gerações após
ar a expulsão daqueles. É como se o facto de rejeitar os
| EDGE Amada eleissobua Sa Hicsos, que nunca tinham sido alvo de tal vilipêndio,
arma er h justificasse o não ter seguido a política do seu predeces-
; a Sha ! sor na Ásia. Logo após a morte de Hatshepsut, Tutmó-
x Es id oi das j sis III lançou uma longa série de campanhas no Próxi-
E rr
E Mit 22! mo Oriente, tendo começado por reconquistar territórios
p ud gpa
ee: pn eira oriental
| na Palestina que haviam recentemente escapado à alçada
E | = | E

| No À do Egipto. Nos 20 anos seguintes, Tutmósis lutou sobre-


Ma , zona fértil tudo na Síria, onde os Mitanni resistiram com êxito, ten-
| Semna dê vumma ses fo deserto do sido obrigado a renunciar aos pontos de expansão mais
Tangur ocidental, eTângur oriental |
Í as capital com número de dinastd longínquos no Eufrates. Este conflito iria durar mais uma
= capital provincial núbia geração. Tutmósis III lançou também campanhas na Nú-
Alta Núbia |
pg dan bia, em finais do seu reinado, e estabeleceu a capital pro-
| dao Fome eng vincial de Napata, perto da 4.º catarata.
| escala 1:5 000 000 Tutmósis III construiu em muitos locais e existem tú-
|
| 75 150km | mulos particulares importantes datando deste reinado.
Do

|
mo “Tbm Toda esta actividade é sinal dos benefícios económicos
|

43
Q PANORAMA HISTORICO

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Re Hantusas; capital de Império Huri A 1
UMmpério Antigo hititafe a 12 dinastia, so
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sob Suppiluliuma c. 1370-1330 a. C. ú Ro ao N |
aa = rota no deserto / / E Baixa Núbia | |
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ê capital do Egipto f a |
e Capital provincial da Núbia ( Semna ad a / |
NAvera nomes de localidades egeias | 4 pra 85)
” registados no templo funerário de Amenális Il | 2 20º
fronteiras egipcias na Siria ) E “bi E
ts de Tutmósis | a Tutankhamon x uri Alta Núbia,
6 o aupoa na Siria * sTumbos |
sob Ramsés Tabo gilha Argo
Timna nome moderno Wrawa uns tel- Kemisa)
SMYRA nome clássico Rola de Meheild, bel Barkal
BUMEN nome antigo | a
escala 1: 13 000 000 N
Ê 200 400 km
0 150 300 mi am

da expansão. No final do seu reinado, Tutmósis III | dade e respeitarem mais um faraó do que o Egipto em — no Próximo Oriente
O Egipto
virou-se contra a memória de Hatshepsut e ordenou que geral. Os novos faraós tinham frequentemente necessi- e Ei Cc. É
as suas imagens em relevo fossem apagadas e substituí- dade de reafirmarem a sua autoridade. Os feitos de Ame- estesidesepipeite ni Stela iii a
das por figuras representando-o a si próprio e aos seus nófis II foram exibições de força que se estenderam à Síria | denorte parasule por ordem
dois antecessores, e as suas estátuas destruídas. Esta mu- — apresentou-se a si próprio como grande atleta — e não E são (segundo
dança de atitude deve ter sido devida tanto à política campanhas com significado estratégico. Estas exibições
Ulimute da expansão egipeia
interna da altura em que teve lugar como às acções da continham uma mensagem para as potências estrangeiras. no reinado de Tuumoósis |
2 em finais do remado de
No final da campanha do 9.º ano do seu reinado, Amenó- Tutmoósis HI
a eusp
Noso. último to do seu reinado,
s anos Tutmósis III tomou — fis recebeu presentes (forma normal de contacto diplomá- Es ano dee
para co-regente o seu filho Amenófis II (1427-1401). MH TANTAS deMIC Tutankhamon
tico) das três principais potências da época, os Hititas, o — —e— snoreinado LA x

menófis empreendeu campanhas, quer antes, quer de- Mitanni e a Babilónia. Os Hititas e a Babilónia emergiam ===
no reinado de RemsésIl
pois da morte do pai, e deparou, tal como outros faraós, então de um período de relativa fraqueza, enquanto o Mi- locais na região do Egeu
com o problema de governantes menores deverem fideli- tanni estava no auge do seu poderio,
-Adentiicados muma lista proventente
do templo funeráriode Amendtis HIT

a, 44
DINASTIA 18
Tanto no estrangeiro como no país, os reinados de foram cuidadosamente desmantelados no período se-
Tutmósis IV (1401-1391) e Amenófis II (1391-1353) guinte, tendo, no entanto, deixado muitos testemunhos
formam uma única fase. O Egipto perdeu mais terreno
valiosos. O grande hino ao Sol de Akhenaton foi inscri-
a favor do Mitanni no reinado de Tutmósis IV, mas as to no túmulo do seu mais alto dignitário, Aya, e outros
duas potências assinaram a paz, antes da morte deste, relevos e pequenos objectos provam o desenvolvimento
selando-a com o casamento de uma princesa mitanni
da sua religião. Por volta do 9.º ano, o nome dogmático
como esposa secundária de Tutmósis IV. O tráfego de
; à = ql

neo CL TA do deus foi substituído por um mais purista «Rá, o que


P - 1 Em

Pe6, NEL DEDO polo a


E dom Pp 4 ju
mulheres num único sentido demonstra que ou o Egipto governa o horizonte, que se regozija no horizonte no seu
CAE nur= pm , pur “a
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era reconhecido como potência superior ou simples- nome de Rá, o pai, que voltou como disco solar», mas
pa mt

EI
ge pe

apiegtes (9º
per Ê

AFA
mente que, nas palavras de Amenófis II ao rei da Ba- depois disto pouco mais se desenvolveu e o número de
Ser LE frases bilónia, «desde a antiguidade que a filha do faraó do monumentos dos últimos anos deste reinado é pequeno.
= po *
pre
&
Fm
q
e Egipto não é dada a ninguém». Por seu lado, Amenó- Provavelmente, na altura da introdução do segundo
fis III casou com mais de uma princesa mitanni. nome dogmático, Akhenaton fechou templos de outros
A paz trouxe consigo mais um acréscimo da riqueza deuses por todo o país e a palavra «Ámon», e por vezes
do país, pois o número e dimensões dos monumentos «deuses» no plural, foi apagada — grande empreendi-
construídos no reinado de Amenófis III só são compará- mento que deve ter tido apoio militar. O entusiasmo
veis aos do reinado, muito mais longo, de Ramsés II, ao popular em relação a estas mudanças parece não ter sido
mesmo tempo que se produziam esculturas reais e parti- grande.
Em cinia: carta cm escrita culares em mais larga escala do que nunca. Muitos des-
cunciforme, dirigida por y Akhenaton teve seis filhas, mas nenhum filho, de Ne-
Tushratta de Mitannia Amenofis tes trabalhos são de excelente qualidade. Exploraram-se fertiti, e é provável que o seu segundo sucessor, Tutan-
1. No fundo da tabuimbha está novas abordagens no planeamento de toda a região te- khamon, fosse filho de uma esposa secundária, Kiya,
uma nota de arquivo a tinta em
egipeio hicrático, do ano 56 do bana (e provavelmente de Mênfis), com avenidas pro- cuja memória foi perseguida mais tarde neste reinado.
reinado de Amenófis. À carta cessionais ladeadas de esfinges ligando os principais Por volta da mesma altura aparece nos monumentos um
acompanhava uma estátua de templos. Um enorme lago artificial na margem ociden-
Ishtar de Nínive, enviada ao
co-regente que parece ser Nefertiti, usando o seu se-
Egipto como divindade curativa. tal, o Birket Habu, foi o centro de um novo bairro que gundo nome, Nefernefruaten, seguido de elementos
Essa estátua já tinha estado uma incluía um palácio real em el-Malgata e o enorme tem- adicionais e com os atributos da realeza — tal como o
vez no Egipto, na época do
predecessor de Tushratta, plo funerário do faraó. Numa alteração ideológica signi- fizera Hatshepsut anteriormente nesta dinastia. Os tí-
Suttarna 1. Proveniente de Tell ficativa, este divinizou-se a si próprio em vida. O indi- tulos de Nefernefruaten foram rapidamente alterados.
el-Amarna. Londres, Museu
Britânico.
víduo mais importante deste reinado, Amenhotepe, fi- Na versão final, Smenkhare substituiu o nome original
lho de Hapu, era um oficial do exército reformado, que — fase que corresponde, talvez, a um breve reinado da
dirigiu grande parte dos trabalhos de construção e teve a ex-Nefertiti após a morte de Akhenaton. Tutankhaton,
Ca (é ho (= honra de ter o seu próprio templo funerário. Em perío- mais tarde Tutankhamon, rapaz de cerca de sete anos,

s á=|
EN Ee fo | dos posteriores foi divinizado, tendo a sua reputação sucedeu-lhe então (1333-1323). No início deste reinado,
póstuma sido construída a partir do seu estatuto em a nova religião foi abandonada, embora só mais tarde
E BS) |) vida. tivesse sido completamente excluída e perseguida, e
pt o || e Amenófis IV (1353-1335) tornou-se príncipe herdeiro Mênfis, que tinha sido, durante muito tempo, a princi-

e) lo Le) Vo) o
= Ee —
após a morte de um príncipe chamado Tutmósis. Co- pal cidade tornou-se capital do país.
meçou o seu reinado atribuindo-se o título de sumo-
-sacerdote do deus-sol, papel tradicional dos faraós do
Em cima: cartuchos do deus-sol Egipto, mas não incorporado nos seus títulos. For-
de Amenófis IV/Akhenaton.
O par da esquerda é a forma
mulou então um novo nome dogmático para o deus-sol,
antiga e o da direita a forma «Rá-Harakhty, que se regozija no horizonte do seu
moderna. Às traduções nome de Shu [ou luz] que é o disco solar [Áton)». Este
encontram-se no texto.
nome foi em breve incorporado num par de cartuchos,
atribuindo ao deus a qualidade de um rei, e criou-se uma
nova representação do deus, sob a forma de um disco
com raios terminando em mão, que oferece o hieróglifo
que significa «vida» ao faraó e à rainha. O desenvolvi-
mento deste culto, que quase não deixava lugar para ne-
nhuma das divindades tradicionais, excepto o deus-sol,
tornou-se, com a autoglorificação, o principal objectivo
da vida do faraó. A sua esposa principal, Nefertiti, teve
um papel quase tão importante como o dele nestas mu-
danças. Nos primeiros seis anos deste reinado desenvol-
veu-se um vasto programa de construção em Carnaque,
para além de algumas estruturas noutras cidades. Todos
estes edifícios eram decorados com relevos num estilo
artístico inteiramente novo. Um dos santuários de Car-
das
naque continha uma série de estátuas reais colossais,
À direita: estátua acocorada de quais talvez um quarto eram da rainha. Algumas repre-
Amenhotepe, filho de Hapu,
representado como um homem sentações da decoração do templo de Tell el-Amarna, de
idoso é corpulento (viveu mais de um período posterior deste reinado, apresentam igual
80 anos), encontrada em
número de colossos do rei e da rainha. o
Talvez no quinto ano do seu reinado, Amenófis IV
Carnaque, perto do 7.º pilone.
Esta estátua foi mais tarde
O
venerada co seu nariz voltou a ser mudou o seu nome para Akhenaton («benéfico para
talhado na Antiguidade, Altura,
142 m, Reinado de Amenófis II. disco») e começou a construção de uma nova capital, no
Cairo, Museu Egipeio. local virgem de Tell el-Amarna, Os restos desta cidade
O PANORAMA HISTÓRICO

Enquanto Tutankhamon foi faraó, o poder esteve nas -se confrontado com uma agressão líbia, a que tinha já
mãos de Aya e do general Haremhab. As inscrições de feito face Seti I e que levara Ramsés Il a construir for-
Tutankhamon registam a restauração dos templos, mas talezas a ocidente, ao longo da costa mediterrânica. Na
nenhum pormenor de política externa, encontrando-se região ocidental do delta travou-se uma batalha contra
as possessões egípcias no Próximo Oriente em desor- os invasores líbios e contra os «povos do mar» — grupo
dem, após as campanhas do rei hitita Suppiluliuma. Aya de tribos com nomes que sugerem uma origem mediter-
(1323-1319) ocupou o trono por um breve período, ten- rânica. Os invasores tencionavam fixar-se e tinham tra-
do-lhe sucedido Haremhab (1319-1307), normalmente zido as mulheres e os filhos. A batalha foi-lhes, no
colocado na 18.º dinastia, mas considerado pelos egíp- entanto, desfavorável, tendo alguns deles fugido, en-
cios do século seguinte como o primeiro rei dessa era, a quanto outros permaneceram à força, como prisioneiros
que chamamos 19.º dinastia. de guerra.
Haremhab desmantelou os templos de Amenófis IV Após a morte de Merneptah teve lugar um período de
em Carnaque e construiu ele próprio bastante nesse lo- lutas dinásticas que terminou com o breve governo de
cal. Anexou também a maior parte das inscrições de Tu- uma rainha, Tmosre (1198-1196), viúva de Set 1 (1214-
tankhamon, talvez por achar que registavam os seus -1204). Durante este tempo, o verdadeiro poder no país
próprios feitos. O seu segundo sucessor, Seti I (1305- parece ter sido um alto dignitário, Bay, possivelmente
-1290), levou a bom termo este trabalho de restauração, de origem síria, que é talvez mencionado sob pseudó-
reparando inúmeros monumentos, perseguindo a me- nimo num documento posterior que apresenta essa pes-
mória de Akhenaton e retirando o nome deste, e dos soa como um génio mau da época.
seus três sucessores, do registo oficial. Seti I também O primeiro faraó da 20.º dinastia, Sethnakhte (1196-
construiu muito. Empreendeu várias campanhas no -1194), refere-se, numa inscrição da época, a um perio-
Próximo Oriente, conseguindo, durante um período de do de guerra civil que se prolongou pelo segundo e úl-
fraqueza dos Hititas, reconquistar temporariamente al- timo ano do seu próprio reinado, tendo terminado com
gumas das possessões egípcias na Síria. Os principais re- a derrota dos rebeldes. Dá a entender que a desordem
gistos destas campanhas são impressionantes relevos de era generalizada no país antes da sua chegada, mas al.
batalhas, de um tipo novo e mais realista. guns funcionários do tempo de Merneptah sobrevi-
Nos finais do seu reinado, Seti I associou-se ao filho, veram até ao de Ramsés III, o que leva a crer que a vio-
Ramsés II (1290-1224), no trono. O novo faraó herdou lência se limitou à corte e aos círculos militares. Ram-
os problemas do pai na Síria. Após um êxito no ano 4, sés III (1194-1163) herdou uma situação interna estável
defrontou pela primeira vez o exército hitita, no ano 5, que explorou em alguns trabalhos de construção, mas
numa batalha de resultado indeciso, em Cadesh, que foi bastante pressionado a norte por duas tentativas de
Ramsés apresentou como grande vitória e registou em invasão por parte dos Líbios e por mais um ataque dos
muitos relevos de templos. Depois de mais alguns com- «povos do mar», que teve lugar entre aquelas. Todos
bates, durante os anos seguintes, fizeram-se tréguas, se- estes ataques foram contrariados e o Egipto manteve
guidas de um tratado formal, no ano 21. O texto deste igualmente o controlo do Sinai e do Sul da Palestina.
tratado encontra-se preservado nos relevos do templo O título de Ramsés III era quase igual ao de Ramsés II
egípcio de Ramsés II e em tabuinhas cuneiformes acá- e o seu complexo funerário, em Medinet Habu, tomou
dias da capital hitita Bogazkoy (antiga Hattusa). A paz como modelo o Ramseum de Ramsés II. Este e os ou-
prolongou-se por mais de 50 anos, confirmada por casa- tros faraós da 20.º dinastia foram singularmente conser-
mentos de Ramsés II com princesas hititas. vadores na sua apresentação de si próprios, como se não
Ramsés II construiu mais edifícios e foram-lhe erigi- tivessem confiança que chegasse para serem auto-
das mais estátuas colossais do que a qualquer outro faraó -suficientes. Mas enquando os feitos de Ramsés III
do Egipto, tendo mandado esculpir o seu nome, ou re- foram consideráveis, o mesmo não pode ser dito dos
presentar-se em relevos, em muitos monumentos mais seus sucessores. Em 90 anos houve mais oito faraós de
antigos. Tal como Amenófis III, foi divinizado em vida nome Ramsés, nome adoptado ao acederem ao trono,
e, pela projecção que fez da sua personalidade, tornou, para além dos nomes próprios. Todos parecem ter sido
durante séculos, o nome Ramsés sinónimo da realeza. descendentes de Ramsés III, mas o trono foi centro de
Mas o programa oficial de construção não foi acompa- muitas rivalidades, começando com a morte do próprio
nhado de tantos trabalhos para personalidades particula- Ramsés III, antes do que teve lugar uma conspiração en-
res como o de Amenófis III. Muitos projectos datam do tre as suas esposas, para colocar um dos filhos no trono.
início do seu reinado, enquanto os edifícios posteriores No exterior, o Egipto perdeu o controlo da Palestina
dão mostras de um declínio na habilidade dos artífices. durante esta dinastia e a Núbia foi perdida no final. Os
Parece que nos últimos anos do seu reinado teve lugar únicos monumentos importantes posteriores ao reinado
um declínio económico considerável. de Ramsés III são os túmulos reais e o templo de Khon,
Um dos mais importantes empreendimentos de Ram- em Carnaque, que só foi acabado no período ptolomai-
sés II foi a transferência da capital para um novo local no co.
delta, chamado Per-Ramsés («Domínio dos Raméssi- É possível reconstituir grande parte-da administração
das»), talvez na moderna el-Khatana e Qantir. A família do país, durante a 19.º e, particularmente, durante a 20.º
real era natural desta zona, mas a razão principal dessa dinastia, a partir de documentos em papiro e ostraca.
transferência foi provavelmente o facto de o centro eco- A mais importante alteração a longo prazo foi o facto de
nómico e internacional do país se ter deslocado para o grande parte da terra ter passado para a posse dos tem-
delta. Esta mudança é uma razão pela qual sabemos me- plos, em especial para o de Ámon, em Carnaque. O es-
nos da história do período tardio do que da do Império tado e o templo administravam conjuntamente o país,
Novo. mas o templo de Ámon acabou por tomar praticamente
Ramsés II sobreviveu a grande parte da sua enorme o controlo do Alto Egipto. Os cargos religiosos mais
família, tendo-lhe sucedido o seu 13.º filho, Merneptah importantes tornaram-se hereditários e, assim, bastante
(1224-1214). No início do seu reinado, Merneptah viu- independentes do faraó, de tal modo que os sumos-

46
finais do
DINASTIAS 18-20
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O E i n t e rmédio
o d o
3 perí s! ra as divisões poli-
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Este mapa a da altura
E g i p t o po r vo lt
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das FCgIOCS BgOVE rnadas Sais: capital de
clcópolis são
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Tefmakive, «Chefe do
or Hermópolis e Hera Oestes, que só fais
muito hipotéticas. 22.º dinastia (Tânis) tarde se intitulou
rei (24.2 dinastia)
23. dinastia (Leontópolis)
Príncipes das 22.2-23.2 dinastias
«Grandes chefes de Malshwesh)»
Reino do Ocidente (Sais)
Zonas em disputa
no
Es] Território heracieopolita
Território hermopolitano
Território tebano
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el-Hiba: posto fronteiriço


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tradicional entre à região
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de Tebas co termtório dos
reis do Norte
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(3 /eliKom el-Ahmar Sama

Região de Tebas dominada


por Piye antes de 74). A
conquista desta região por
Tefnakhre, de Ménfis a Hermopólis,
foi a ocasião para a campanha
de Pive

26º

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da pântanos
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Dn cidades (pontos de localização)
cidades que se afirma terem E
* sido conquistadas por Tefnakhto antes de 730 ME
cidades destacadas com os seus ú |
º governantes na estela triunfal de Piye Ra
oulras cidades tomadas por Piyo ipa
e
Konosso nome modemo
KoPTOS nome clássico 94
NAPATA nome antigo
escala 1: 3 300 00
0 50 100 km
O mi

47
O PANORAMA HISTÓRICO

-sacerdotes formaram uma dinastia que acabou por ri- para instalar o seu filho em Tebas, tentanto assim cen- O Egipto no período tardio,
com o estado de Napata-Meroe
valizar com ele. Outra prática significativa era o esta- tralizar mais uma vez o Egipto. Este precedente foi se- (712 a. C.-séculorv d. C,)
belecimento de prisioneiros de guerra em colónias mili- guido por alguns dos seus sucessores, mas embora Os sítios estão marcados
nunca tivesse havido um governante de Tebas comple-
a preto.
tares. Os Líbios eram o mais importante destes grupos. cidades cujos «reis» estão lis-
Embora se tivessem em breve tornado completamente tamente independente, esta região só foi integrada no tados nos anais de Assurbanipal (não
é possível identificar no Egipto
egípcios, mantiveram uma identidade separada, mar- país 300 anos mais tarde.
vários outros nomes assírios).
cada pelo nome tribal Meshwesh (frequentemente abre- Shoshenk empreendeu uma campanha na Palestina, Comparar os das campanhas
viado para Ma), tendo-se tornado, com o tempo, a prin- registada em alguns relevos de Carnaque, onde iniciou de Piye, no mapa da página 47,
sítios onde foram encontrados
cipal força política do país. importantes trabalhos de construção. É possível que te-
textos em aramaico, língua oficial
Enquanto estes elementos desmembravam o Egipto nha dado seguimento a uma iniciativa de Siamun (978- do Império Persa; estes textos
numa sociedade quase feudal, os movimentos de povos -959) na Ásia, mas o seu empreendimento era mais am- incluem papiros, ostracas é grafitos
na rocha. À rota da campanha da
no Próximo Oriente, no início da dinastia, introduziram bicioso. Reatou igualmente relações com Biblos, o tra- Núbia, enviada por Psamético II,
aí, mas não no Egipto, a Idade do Ferro. Todo o Medi- dicional parceiro comercial do Egipto na costa fenícia, em 591 a. €., é hipotética; os
base das acti- soldados deixaram grafitos em
terrâneo entrou num período de crepúsculo, de que o que se mantiveram por várias gerações. A grego e cário, em Buhen e Abu
Egipto sofreu menos do que outros países, mas o Pró- vidades de Shoshenk foi um aumento de prosperidade Simbel, e, provavelmente, em
ximo Oriente emergiu tecnologicamente mais avançado que se pode verificar por uma redobrada actividade na Gebel el-Silsila.
Neste mapa aparece o canal que
e o Egipto perdeu definitivamente a sua posição prepon- construção no início desta dinastia. liga o Nilo ao mar Vermelho. Este
derante. | Após quase um século de paz, a 22.º dinastia, a partir canal foi começado a construir por
Necao Ile completado por
No reinado de Ramsés XI (1100-1070) o vice-rei da do reinado de Takelot II (860-835), entrou num período Dario I, que, por volta de 490,
Núbia, Panehsy, travou uma batalha em defesa da zona de conflito e declínio. A principal causa de agitação foi a colocou estelas nos locais marcados
de Tebas que acabou por perder, retirando-se para nomeação do filho e herdeiro de Takelot, Osorkon, para com À e mais tarde restaurado por
Prolomeu II Filadelfo, Trajanoe
Aniba, na Baixa Núbia, onde foi enterrado. Depois da sumo-sacerdote de Ámon, cargo que este combinava Adriano, e por Amr ibn el-Asj,
sua intervenção, a anterior linhagem de sumos- com funções militares. Osorkon foi rejeitado pelos Te- conquistador muçulmano do
Egipto. O seu comprimento,
-sacerdotes desapareceu do cargo e um militar, de nome banos, o que levou a um longa guerra civil, registada de Tell el-Maskhuta a Suez, era de
Herihor, substituiu-os, no ano 19 do reinado de Ram- numa enorme inscrição em Carnaque. cerca de 85 km.
sés. Sacerdote e oficial formavam uma combinação po- A partir do reinado de Shoshenk III (835-783), que Os sítios do estado de Napata-
-Meroe estão marcados a castanho.
tente e Herihor fez realçar o seu estatuto para além do de parece ter usurpado o trono destinado ao seu irmão, o
qualquer dos seus predecessores, fazendo-se retratar sumo-sacerdote Osorkon, a realeza ficou dividida em
como rei e utilizando um sistema de datação alternativo, dois pretendentes diferentes. O primeiro rival era Pedu-
que faz, provavelmente, alusão à presença de dois «reis» baste I (828-803), da 23.º dinastia, reconhecido a par de
no país. Herihor morreu após apenas cinco anos. O seu Shoshenk III. De então em diante, o caminho estava
sucessor, Pi-ankh, morreu também antes de Ramsés XI, aberto para que qualquer potentado menor se procla-
mas por essa altura a virtual divisão do país estava já masse rei e fosse aceite, sempre que a população local o
estabelecida, embora alguns sumos-sacerdotes posterio- achasse conveniente. Em finais do século vIII existiam,
res só ocasionalmente reclamassem o título de rei. Ti- portanto, numerosos reis no país com as 22.º e 25.* di-
nha-se estabelecido o padrão para o período seguinte. nastias reinando simultaneamente, para além de outros
reis, ignorados pela lista oficial. Por volta de 770 juntou-
3.º período intermédio -se à confusão uma força importante e um rei núbio,
A Ramsés XI sucedeu Smendes (1070-1044), primeiro Kashta (770-750), cuja capital era em Gebel Barkal, foi
faraó da 21.º dinastia, e a Pi-ankh sucedeu Pinudjem 1. aceite como governante do Alto Egipto, até Tebas, mar-
Os reis centraram o seu governo em Tanis, no Nordeste cando a chegada da 25.º dinastia ao Egipto.
do delta, controlando o país a norte de el-Hiba. E possí- Enquanto a realeza enfraquecia, o mesmo sucedia
vel que fossem descendentes colaterais da família real da com o sacerdócio de Ámon. Osorkon IV, da 23.º dinas-
20.º dinastia. À sua capital não tinha sido até então um tia (777-749), instalou a filha, Shepenwepet, num antigo
centro importante e os seus monumentos foram, na sua posto, com o título de «divina esposa de Ámon», em
maioria, transferidos de outros locais no delta. Ficava Tebas. A partir dessa altura, a «esposa», que não podia
perto da capital dos Raméssidas e a mudança para lá deve casar e determinava a sucessão ao cargo por «adopção»,
ter sido ditada pelo assoreamento das vias fluviais. passou a ser um membro da família real e a principal
O vale do Nilo, de el-Hiba a Assuão, era controlado figura religiosa na zona de Tebas. Em períodos posterio-
pelos sumos-sacerdotes tebanos, que reconheciam os res sabemos que o verdadeiro poder se encontrava nas
faraós tanitas, datados segundo os anos dos seus reina- mãos de funcionários do sexo masculino, oficialmente
dos, e casavam com mulheres da sua família, mas que subordinados, mas no caso de Shepenwepet tal não é
eram efectivamente governantes de um estado separado. claro. O controlo da 23.º dinastia foi de curta duração.
Os Tebanos lembravam-se das suas origens militares e é Shepenwepet adoptou em breve Amenirdis I, irmã de
evidente, pelos seus nomes, que o elemento «líbio» era Kastia, ao que parece coagida pelos Núbios, mais po-
neles forte. Os Líbios estiveram também activos no derosos. O instigador foi o irmão e sucessor de Kastha,
Norte do país — principal área de fixação — e Osor- Piye (anteriormente pronunciado Piankhi, 750-712).
kon | (984-978), o obscuro quinto rei da dinastia tanita, Nos finais do século vi as mais importantes facções
ecra membro desse grupo. O último faraó, Psusennes II no Egipto eram os antepassados da 24.º dinastia, gover-
(959-945), era, possivelmente, também sumo-sacerdote nantes locais em Saís, na região ocidental do delta, e a
de Ámon, unindo os dois reinos na sua pessoa, mas não 25.º dinastia. Por volta de 730, as duas entraram em con-
os transformando numa unidade. flito, talvez devido à expansão da influência saíta pelo
Shoshenk I (945-924), primeiro faraó da 22.º dinastia, vale do Nilo, tradicional coutada dos Tebanos, e, por-
pertencia a uma família «líbia» de Bubastis (Tell Basta) tanto, parte da região a que a 25.º dinastia era a principal
que tinha tido importância desde, pelo menos, uma pretendente. Piye partiu de Napata, numa campanha
geração antes de ter ascendido ao poder, Tirou partido através do Egipto, e chegou até Mênfis para reclamar a
da extinção simultânea da linhagem de sumos-sacerdotes submissão dos governantes locais, em especial de Tefna-

48
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DINASTIAS 20-25
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36º

khte, de Saís. Este episódio foi registado numa estela


A ES a qa = %
| MAR M AE “DITER RÁ ÁNEO
enorme, no templo de Ámon em Napata, de enorme
San el-H E interesse, tanto pelo texto como pelo relevo represen-
Mariut (SS E es e Ho tando quatro reis prestando homenagem a Piye, cujos
«A Behbeit el-Ha A Tell Dafana: guarniçã a E
: el-Bagliya E Kom Abu Billo,. EA pi de trecrReioo Gean nomes estão escritos em cartuchos. Tefnakhte (que não
C Abusir |-Hagar é É q 5 Bibeibh | No Mar emeno FobreRado pregos: LECIONA se intitulava rei) foi teoricamente obrigado: a submeter-
* . a = = =
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:Tia AP mo Pa am) -Se, mas não foi ter pessoalmente com Piye. Este inci-
F Telei-Mugdam saqgara: cemitérih 7 aa dente teve pouco impacte imediato, já que Piye se con-
G Hunbeit egipoanizante de “Su
H Tell Basta colonos cários
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Minas tentou em afirmar o seu direito,
Irei voltando
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| Saftel-Hinna 4 Fed Napata sem se ter proclamado único faraó do Egipto.
Tell Atrib O ua SE
; Tel el-Maskhuta* js el-Medina Na sua inscrição, Piye é apresentado como mais egípcio
que os Egípcios e a campanha quase uma missão sagrada lh
Oásis de Bahariya a EIS N
Alh el-Muftalia ea Sl Fado para pôr cobro aos males do país. Napata era um velho
na centro do culto de Ámon e, assim,
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isto i pode ser; ver-
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Qasr pl-Megisba,” “Daret el-Farargj
TT. À dade, mas Piye pode ter pretendido arranjar uma justifi-
; “mn | cação religiosa para um acto político.
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y Oásis sas
de Farafra
Período
7
tardio sã Gê = :
Shabaka (712-698) marca o início do período tardio no
á ENIVIEL Egipto. No primeiro anoido seu reinado reavivou-se o
k su conflito entre Napata e Saís e o faraó Bocchoris (717-
[Res -712), da 24.º dinastia, foi morto numa batalha entre as
N pie dem E duas potências. A acção de Shabaka acabou por liquidar
sl Es Medinet ques todos os outros reis do país. À partir deste reinado os
el-Qasr A Ter”
Gebel elTere Aran Ns Mn Núbios começaram a interessar-se muito maisà pelo
Ed ;
dies dec DaA
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| Rar el-Ghueida Esa a RR neo
Tebas: capital provincial
Egipto
:
como um todo, fazendo de Meênfis a
a sua capita
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ER d. grande parte la sua residindo parte do tempo no Egipto. No entanto, a ex-


Nag elHapeya ocidental E!
importância
da Pi
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clusão dos outros reis não alterou
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muito a estrutura polí-*
Oásis de El-Kharga * Uadi gl-Shalt el-Rigat: csGebel el-Sisita tica, já que os governantes locais se mantiveram bastante
, independentes, sendo mesmo intitulados «faraós» nos
Flefantina: colónia z E ;
registos assírios da invasão do Egipto, 40 anos mais
e . a
jde mercenários juc
A SE neo tarde. De qualquer modo, os benefícios económicos
fr AROSepois de
o |(a desta mudança
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fora consideráve
5
is. O meio século de go-
j / ipi Ns debora verno núbio produziu tantos monumentos no Alto
/ ai A Egipto como os dois anteriores e foi palco de um reflo-
piraç em
notável que que p procurou inspiração
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rescimento artí
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imento artístico
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a ZE de aras ; a e | Sob o governo de Shebitku (698-690) e Taharga (690-
ê a . .
[o JÉS-- = Ngn( | -664) o progresso económico continuou. Taharga dei-
, |
4 “*Genira Dabargss À xou monumentos em quase todo o Egipto e Núbia,
onde o seu nome foi encontrado na posterior capital,
pr Meroe. Várias inscrições relatam os efeitos benéficos de
Possível rota de campanhade uma cheia considerável, no ano 6 do seu reinado, que é
| Pares DL PO também documentada através de registos dos níveis da
tab água no cais de Carnaque. É possível que se tenha dado,
Simbelc Buhen naquela época, um aumento geral dos níveis das inunda-
N — 2W! ções, o que teria contribuído para a prosperidade.
| Em Tebas, a irmã de Shebitku, Shepenwepet II, foi
À adoptada por Amenirdis I e alguns membros da família
RES real núbia desempenhavam altos cargos no culto.
Durante o governo de Taharga, Shepenwepet II adop-
ú tou Amenirdis Il. O verdadeiro poder naquela região
| estava, contudo, nas mãos de uma ou duas famílias
| locais. À pessoa mais importante em Tebas era Mon-
[5] miém e 18º) temhet, quarto sacerdote de Ámon e «príncipe da ci-
Do do desoo
Toi Reino delNapata- If ao dade», governador efectivo de grande parte do Alto
poço | o Aa , | | Egipto, que viveu até bastante tarde na 26.º dinastia.
ee eae Da cc Gi DONO | O seu túmulo, estátuas c inscrições são os primeiros
= 25 capitais do Egipto com número de dinastia o local d sepultura dos a é grandes monumentos particulares do período tardio,
sitio do Napala-Meroe R CADA
Pele o MARS SAE E | numa escala mais grandiosa do que os túmulos do Im-
a a do iu Ria a a aa US Bt " pério Novo e demonstrando grandes conhecimentos
: dd có o fá ar aco me hr gi c proczas FOR INCAS: Fa:

Samannud - nome moderno Et nm AS O estado unificado do Egipto e da Núbia era uma


DAVE nomeicásico”— [o EE A grande potência, cujo único rival era, na Próximo Ort-
NAPATA nome antigo + Deleia Asa À ente, a Assíria, que se tinha vindo a expandir desde o
0 ni OS 200 km ER “| século 1x. O Império Assírio estendia-se, a sul, até à
“BR Tom e j Palestina, cujos pequenos estados tentavam constante-

49
O PANORAMA HISTÓRICO
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D el-Ashmunein

De 0 150 300 mi

mente livrar-se do domínio assírio, pretendendo, para cima de Amenirdis II. Até ao ano anterior, a datação em
isso, ajuda do Egipto. À princípio, os reis núbios não Tebas tinha sido feita com base nos anos do reinado de
corresponderam a tais avanços, mas em 701 uma força Tantamani.
egípcia defrontou o rei assírio Senaquerib (/04-681) na As campanhas de unificação de Psamético | foram
Palestina, ao lado dos reis de Judá. O combate foi incon- também significativas de outro modo. Foi ele o primei-
clusivo e durante 30 anos as duas principais potências ro faraó a utilizar mercenários gregos e cários, estabele-
mantiveram vários pequenos estados-tampão entre s1. cendo um exemplo para os 300 anos seguintes. No sé-
O rei assírio Esarhaddon (681-669) tentou conquistar culo 1v já todas as grandes potências utilizavam tropas
o Egipto em 674, mas foi derrotado no posto fronteiriço gregas, condição prévia para o envolvimento num con-
de Sile. Em 671 um novo ataque teve êxito, Mênfis foi flito internacional e que determinavam, muitas vezes, O
conquistada e todo o país forçado a pagar tributo. seu curso. Alguns destes mercenários estabeleceram-se
Taharqga fugiu para sul, mas voltou dentro de dois anos, no Egipto, formando um núcleo de estrangeiros cujo
para retomar Mênfis. Esarhaddon morreu quando vol- papel na história do país foi importantíssimo devido à
tava ao Egipto para um contra-ataque e a campanha se- sua especialização no comércio e na guerra. Os Gregos
guinte foi lançada pelo seu filho, Assurbanipal (669- influenciaram também a nossa visão da história desta
-627), por volta de 667. Assurbanipal utilizou o gover- época, dado que as fontes egípcias são mais escassas do
nador de Saís, NecaoI (672-664), que se comportava que as clássicas.
então como rei, e o filho deste, Psamtik (mais tarde Psa- No período tardio a economia egípcia foi menos auto-
mético 1), como principais aliados no restabelecimento -suficiente do que anteriormente, visto o metal mais im-
do domínio assírio. Em 664, Tantamani (664-657 no portante, o ferro, ser importado, ao que parece, do Pró-
Egipto, possivelmente mais tarde na Núbia) sucedeu a ximo Oriente mais do que da Núbia. O Egipto tinha
Taharga e montou de imediato uma campanha no exportações para oferecer em troca — nomeadamente
Egipto, até ao delta (no seu relato deste acontecimento cereais e papiro — mas, ao contrário da Grécia e da Ana-
nem sequer menciona os Assírios). O principal opositor tólia, não tinha cunhagem de moeda e viu-se colocado
dos Núbios era Necao I, que parece ter morrido na luta. numa situação desfavorável, devido aos seus sistemas de
Os restantes governantes locais aceitaram Tantamani de trocas mais pesados.
bastante bom grado. A reunificação do Egipto e a imposição de uma admi-
nistração central em vez de governantes locais trouxe À direita: figuras de um egipoo
Em dada altura, entre 663 e 657, Assurbanipal chefiou e de um persa, pertencentes à
em pessoa uma campanha de represálias e saqueou todo consigo uma continuação do aumento de prosperidade base de uma estátua de Dario E.
o país, enquanto Tantamani fugia para a Núbia. Esta foi da 25.º dinastia, de que relativamente pouco se pode ver encontrada em Susa, Esta base
hoje, pois concentrava-se no delta. A principal excepção tem 24 figuras, que representam
a última fase da ocupação assíria, tendo Assurbanipal as províncias do Império Persa,
sido obrigado a combater uma rebelião na Babilónia e é um pequeno grupo de grandiosos túmulos particula- As figuras estão ajoelhadas com
as mãos levantadas em adoração
Psamético I (664-610) conseguido tornar-se indepen- res, em Tebas, da última parte do século vi. O reflores-
ão Fel; OS NOMES ESTÃO escritos cm
dente dele antes de 653. Estes acontecimentos marcam o cimento artístico também continuou e verifica-se um sa- ovais por baixo. Esta estátua fot
fim do isolamento do Egipto no mundo: estava agora bor arcaizante na utilização de alguns títulos e textos re- feita no Egipto, mas as figuras
foram esculpidas de acordo com
relacionado com todos os impérios da Antiguidade. ligiosos, mas este é, em grande parte, um fenómeno su- um modelo estrangetro.
Entre 664 e 657, Psamético I eliminou todos os go- perficial. Os faraós deste período podem ter desejado A estátua como um todo parece
vernantes locais do Baixo Egipto c em 656 fez com que a passar por cima da importância dos templos na política ser uma tentativa de
wternacionalização de estilo para
filha, Nitocris, fosse adoptada por Shepenwepet II nacional e voltar ao passado, a períodos mais seculares, todo o Império. | cerio, Museu
como esposa divina seguinte em Tebas, passando por mas não o conseguiram. tram Bastan.

50
DINASTIAS 25-27

À esquerda: o Egipto, o Egeu Eram dois os principais aspectos da política da 26.º ilha Elefantina. Alguns dos que se encontravam no resto
e o Próximo Oriente durante dinastia no Próximo Oriente: a manutenção de um equi- do país foram talvez os antepassados da população judia
o periodo tardio
Império assírio. Expandiu-se a líbrio de poder, por meio de apoio aos rivais da potência de Alexandria.
partir do século 1x: ocupou a Síria dominante num dado momento, e tentativas de repetir Em 570, Apries apoiou um governante local líbio,
ca Palestina no vineco Egipto de
671 a c. 657. Destruído pelos as conquistas do Império Novo na Palestina e na Síria. em Cirene, contra colonizadores gregos. Foi enviado
Medos e Babilónios em 614-612. Assim, Psamético I apoiou a Lídia, e mais tarde a Ba- un: exército inteiramente egípcio, que foi derrotado
Reino de Judá. Principal inimigo bilónia, contra a Assíria, até ao declínio desta, depois de e se amotinou em seguida. Apries enviou então um
local da Assíria e da Babilónia na
Palestina, até ao cativeiro de 5H6; 620, altura em que transferiu a sua lealdade para a As- general, Amásis, para abafar a revolta, mas este jun-
procurava o auxílio do Egipto, síria. No século vi, o Egipto continuou a apoiar os ini- tou-se-lhe, proclamou-se faraó (570-526) e mandou
geralmente sem éxito.
Lídia. Aliou-se a Psamético | migos da Babilónia até a Pérsia se ter tornado a principal Apries para o exílio. Em 567, Apries regressou com
contra os Assírios; derrotada potência. Necao II (610-595), Psamético II (595-589) e uma força invasora babilónia, enviada por Nabuco-
pelos Cimérios c. 653 Apries (589-570) desenvolveram a obra de Psamético | donosor Il, mas foi derrotado e morto. Amásis enter-
Cária e Jónia. Terras natais
de muitos soldados ao serviço e passaram ao ataque. Necao II, dando talvez seguimento rou-o então com honras reais e registou todo este episó-
do Egipto a partir do reinado a uma iniciativa de Psamético, empreendeu campanhas dio numa estela, em termos que disfarçam a sua tomada
de Psamético 1.
Império neobabilónico (612-539). na Síria, de 610 a 605, mas foi forçado a retirar-se. Em do poder.
Derrotou o estado sucessor do 601 repeliu um ataque do rei babilónio Nabucodono- Do ponto de vista dos Gregos, que são a nossa fonte,
assírio antes de 605 e atacou o sor II (604-562), tendo também apetrechado frotas egíp- a política mais digna de nota de Amásis foi a maneira
Egipto em 591 e 567; destruído
por Ciro, da Pérsia, em 539. cias com trirremes, tanto no Mediterrâneo como no mar como tratou os Gregos, cujas actividades comerciais se
Império persa. Expandiu-se a Vermelho, tentando ao mesmo tempo ligar o Nilo confinavam à cidade de Naukratis, no delta, enquanto
seguir aos Medos a partir de 549;
na sua máxima extensão incluiu aquele mar por um canal. No século v esta rota marí- apenas em Mênfis se mantinham soldados estrangeiros
Sind, a Anatólia, a Cirenaica é O tima viria a adquirir importância internacional. Há pro- em guarnições. Os Gregos achavam que o estatuto espe-
Egipto. Destruído em 336-323 vas de uma posterior perseguição da memória de Necao, cial de Naukratis era um favor que lhes era feito, mas
por Alexandre Magno, que
herdou a mesma extensão, para que pode justificar o pequeno número de monumentos esta política reduzia as possibilidades de fricção entre
além de ocupar a Macedônia e a com o seu nome. egípcios e gregos, ao restringir contactos de qualquer
Grécia.
Atenas. Aliada frequente Psamético Il empreendeu uma única campanha na espécie. Amásis é igualmente recordado como bêbedo e
do Egipto contra os Persas; Ásia, aparentemente sem efeitos a longo prazo. O seu femeeiro e tanto Heródoto como fontes egípcias posteri-
expedição de 200 navios para acto político mais significativo foi, contudo, uma cam- ores contam histórias para ilustrar estas características.
ajudar os rebeldes egípcios no
delta ocidental, enviada em 460, panha na Núbia, em 591, que pôs fim a 60 anos de rela- O final do reinado de Amásis foi ensombrado pelo
finalmente aniquilada em 454, ções pacíficas. O exército invasor, que compreendia crescente poder da Pérsia, mas foi o seu efémero suces-
Em 385-c. 375 e 360 0 general
ateniense Chabrias comandou egípcios, gregos e cários, parece ter chegado até Napata, sor, Psamético III (526-525), que teve de enfrentar a in-
a resistência egípcia à Pérsia. mas sem que tivesse sido planeada qualquer conquista. vasão persa, imediatamente coroada de êxito. Cambises
O Egipto pagava em cereais Na viagem de regresso, alguns soldados estrangeiros (525-522), primeiro governante da 27.º dinastia, foi tam-
o auxílio atemense.
Cirenaica. Ocupada por colonos deixaram grafitos em Buhen e Abu Simbel, na Baixa bém o primeiro estrangeiro, cujo principal interesse não
gregos que fundaram uma Núbia, a partir dos quais se reconstituiu o curso da cam- era o Egipto, a tornar-se faraó. Empreendeu campanhas
dinastia local c. 630; em 570 no Egipto e na Núbia e nos oásis a ocidente de Siwa,
guerras internas levaram Amásis
panha. Depois de 591, a memória dos faraós da 25.º di-
a apoderar-se do trono do nastia foi perseguida no Egipto. mas ambas falharam. Os Egípcios vieram, mais tarde, a
Egipto. Posteriormente aliada de Em 595 a divina esposa de Ámon, Nicotris, que devia sentir amargo ressentimento em relação a este governo,
Amásis, e incorporada no
Império persa c. 515. andar perto dos 80 anos, adoptou a filha de Psaméti- em parte devido a uma tentativa de redução dos rendi-
Chipre. Ocupada por Amásis co Il, Ankhnesneferibre, como sua sucessora. Ankhnes- mentos dos templos politicamente influentes. Dario |
c. 567-526. EM 389-380, o rei
Euágoras aliou-se ao Egipto
neferibre tomou posse do cargo em 586 ce ainda estava (521-486) seguiu uma linha mais conciliadora, encomen-
contra a Pérsia. viva em 525. Assim, apenas duas mulheres foram repre- dando construções de templos, incluindo o de Hibis, no
Naukratis. Posto de comércio sentantes da família real em Tebas durante 130 anos. oásis de el-Kharga, único templo substancialmente
Gs

grego, fundado em finais do


JM

Tal como os seus antecessores, Apries apoiou os esta- completo que resta do período entre 1100 e 300. A im-
o Tm!

século vn e transformado por


Amásis na selecta comunidade dos da Palestina contra a Babilónia. O cativeiro dos Ju- portância dos oásis nesta época está, talvez, relacionada
grega do Egipto. Os colonos com a importante introdução do camelo pelos Persas.
gregos originais vieram das deus na Babilónia teve lugar durante este reinado e muti-
tos judeus fugiram para o Egipto. À partir do século se- Do mesmo modo, Dario completou o canal entre o Nilo
mma

cidades assinaladas com º


guinte, existem registos de uma colónia de judeus na e o mar Vermelho, começado por Necao II, adornando-
EPEque pdRSA Se -0 com estelas monumentais, numa mistura de estilos
E San Re
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egípcio e do Próximo Oriente. Até ter ficado assoreado,
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o canal constituiu uma ligação directa por mar entre a


Pérsia e o Egipto. O estilo misto, utilizado pela primeira
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vez em estátuas de Dario, proclamava o carácter cosmo-


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polita do seu império.


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O reinado de Dario foi próspero, mas o domínio per-


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sa só foi tolerado no Egipto enquanto não houve possi-


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“SEUS
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bilidade de lhe escapar. A derrota persa na batalha de


124

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Maratona, em 490, marcou o início de 80 anos de resis-


ae

aSera
Rec

tência egípcia, em que os rebeldes vendiam cereais à


Ed
E

Grécia em troca de auxílio militar. À região ocidental do


delta era o centro da resistência, sendo o domínio persa
mais facilmente mantido no vale do Nilo, atingivel pela
rota do mar Vermelho, Os Persas utilizavam igualmente
tropas estrangeiras, estando às suas ordens à guarnição
judia de Elefantina. Encontraram-se, ali « noutros lo-
cais, alguns papiros em aramaico, língua administrativa
a soÊ AE ]
do Império Persa. Quase não existem documentos ou
CURSA NO
AM A

o Eta RR A monumentos egípeios do periodo entre 480 e 400, 0 que

51
O PANORAMA HISTÓRICO

PES
reflecte insegurança, ódio aos Persas e o empobreci-

SERA Rç
mento do país.

zCEE
DO Ar, REA E AR
Em 404, Amyrtaios de Saís libertou o delta do domi-

Eda + DAT
nio persa e por volta de 400 todo o país estava nas suas
mãos. Tal como alguns dos que anteriormente se ti-
nham revoltado contra os Persas, Amyrtaios intitulou-

a
dem
-se rei, mas, ao contrário deles, passou a fazer parte da
lista oficial como único governante da 28.º dinastia. Em
399, Nepherites 1, de Mendes (399-393), usurpou o tro-
no, fundando a 29.º dinastia. Psammuthis (393), Haro-
kis (393-380) e ele construíram em numerosos locais €
repeliram um ataque persa em 385-383. Nestas batalhas,
os Egípcios apoiavam-se em mercenários gregos. No
século Iv estes mercenários não tinham qualquer inten-
ção de se fixarem no Egipto e a sua lealdade era variável
— O que provou mais de uma vez ser fatal.
Nectanebo | (38()-362), general originário de Seben-
nytos, no delta, usurpou o trono de Nepherites II (380)
e fundou a 30.º dinastia. Nas suas inscrições foi bastante
franco quanto às suas origens não reais. Deu início a um
período de grande prosperidade, em que se construiu
em todo o país, e as tradições artísticas da 26.º dinastia
foram retomadas e desenvolvidas. Em 373 foi derrotada
uma invasão persa e na década de 360) Nectanebo | jun-
tou-se a uma aliança defensiva de províncias persas.
O seu sucessor, Teos (365-360, com uma co-regência)
passou à ofensiva na Palestina, mas foi traído por uma
rebelião no Egipto, pela qual um primo, Nectanebo II
(360-343), foi colocado no trono, e pela deserção do seu
aliado espartano, que se juntou ao novo rei. Período greco-romano Estatuetas greco-egípcias em
terracota. À esquerda: o deus
Nectanebo II conteve uma tentativa de invasão do Em 332, Alexandre Magno tomou posse do Egipto sem egípcio Bes segurando uma faca
persa Artaxerxes III Ochus, em 350, mas o ataque de luta. Durante a sua breve estada foi estabelecido o plano e um escudo romano. Em cima:
343 teve êxito. O 2.º período persa (também chamado para a construção de Alexandria, tendo Alexandre ofere- alto-relevo de Héracles-
-Harpocrates (Hórus criança),
31.º dinastia), que durou dez anos, foi ele próprio inter- cido sacrifícios aos deuses egípcios e consultado ó orá- segurando uma cornucópia e
rompido durante cerca de dois anos por um faraó culo de Ámon, no oásis de Siwa. Após a sua morte, sentado em cima de uma fénix.
Todo este estilo de terracota é
natural do Egipto, Khababash, cuja memória permane- Ptolomeu, filho de Lagus, conseguiu ficar como o
mais grego do que egípcio, mas
ceu por muitos anos e que parece ter controlado todo o Egipto como sua satrapia e enterrou o seu rei em Mênfis enquanto a primeira figura se
Baixo Egipto. O governo persa renovado foi opressor e (o corpo foi mais tarde transferido para Alexandria). Em aproxima do estilo egípcio, a
segunda é quase inteiramente
predispôs o país a que aceitasse qualquer outra alterna- fins de 305 ou princípios de 306, Ptolomeu seguiu o clássica. Período romano. Cairo,
tiva. exemplo de outros sátrapas e proclamou-se rei indepen- Museu Egípcio.
dente do Egipto.
Durante os 250 anos seguintes o Egipto foi governado
por gregos, mas como país separado, com os seus pró-
prios interesses, mesmo que estes não fossem os da po-
pulação local. O governo ptolomaico foi, em certos as-
pectos, tirânico — possivelmente não mais do que os
seus precursores autóctones — e provocou levantamen-
tos nacionalistas, mas, ao contrário do que aconteceu
com o seu antecessor e com o seu sucessor, centrava-se
no Egipto. Uma indicação disto parece ser o facto de os
Ptolomeus terem procurado alargar, de forma tradicio-
nal, as possessões do Egipto anexando a Palestina e,
mais tarde, entrando um pouco pela Baixa Núbia, onde
se estabeleceu uma espécie de condomínio com o Estado
meroíta. Além disso, Cirene, Chipre (que tinha já es-
tado durante um curto período nas mãos de Amásis),
partes da Anatólia e algumas ilhas do mar Egeu ficaram,
durante algum tempo, sob controlo ptolomaico.
Os reinados dos três últimos Ptolomeus foram um
período de desenvolvimento para o Egipto, durante o
qual o país foi incluído no mundo helenístico em termos À esquerda: cabeça de egipeio
de agricultura, comércio e, para a população grega, edu- do século ta, C. em dionto,
de tamanho superior ao natural,
cação. À inovação mais importante na agricultura foi a provemente de Mit Ralhina
introdução generalizada de duas culturas por ano. Mut- (Mentfis). Esta peça imponente
segue as tradições do retrato do
tas mudanças económicas eram geridas por monopólios periodo tardio: apenas o cabelo
estatais, não sendo certo que os Prolomeus tivessem se- revela a influência grega. Nova
guido os mais antigos faraós egípcios neste aspecto. Ha- lorque, Museu de Brooklyn.

52
DINASTIA 28-SÉCULO IL A. €.

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——— rota do deserto | y A EA siniai
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0 50 100 mi X Z FRASYKAMINOS 'el-Mararraag

Em ; cima: o Egipto no 30º30' 31º via também uma política de fixação de soldados estran-
período greco-romano
Descobonasimporntesah geiros em terras da coroa, que cultivavam em troca da
papiros CU OSITACAS ETCHOS. obrigação do serviço militar. As colónias gregas cres-
Estações romanas. situadasa
mtervalos regulares ao longo das
ceram em muitas zonas, em especial onde, como era o
E
rotas do deserto oriental, que ti- caso do Fayum, existiam programas de aproveitamento
nham, geralmente, um poço. As de terras. Embora o contacto entre os naturais e os Gre-
rotas dirigiame-=se a quatro portos f sita idad d
no; mar Vermelho. que fiziam co- gos tosse limitado, esta nova actividade e o aumento da
mércio com a África onental e com área cultivada geraram riqueza para o país como um
a udia neste período.
todo. O principal desenvolvimento foi, contudo, es-
dipaacomaniaidopádods trangeiro: a construção de Alexandria, que se tornou a
z á :
Erros Fo
j E lagE
o DO
romano N CROCODAÓPOUIS
| +»
mais. notável cidade do mundo grego. Na linguagem
ja do lago & ma de irrigação sa vara,» posterior, Alexandria estava «junto ao» e não «nos
Orr ed rrigação do deserto O ão -PTOLEMAIS HORMOS da dia js CID: -
transformaram o Fayum (o nomo sitio de papiro NARMOUTHRS Ro Mire. a Egipto. Ao atrair a riqueza do país e a principal preocu-
rent A MAIS próspera região aa ii Ghurab | pação dos reis, restringiu a expansão noutras areas, em
th dE an Eri
=
rn MAGOOLA + NERO, especial devido à sua localização no extremo nordeste.
ça e
papiros gregos Muntos dos locais U) Eb o O É TEBTUNS, / O século n foi uma epoca de declínio na economia e
“O agora deséricos e os papiros í im sd aço NERAMEOPOUS MAGNA de lutas políticas. Conspirava-se dentro da tamília rei-
comserearmese ado com Etcilidado =

53
O PANORAMA HISTÓRICO
. 20º Ta —"
Em O Egipto e o Mediterrâneo
= d
agia ani) oriental no período greco-
1). =Reino de
45
i
RA ei “Krr -romano
Fr
No século mta. C. as principais
+ - Macedónia potências do Próximo Oriente
Nel
mio mé Ps
eram o reino da Macedônia, o
A Império seléucida c o reino
| o MES N ptolomaico. Este mapa mostra à
máxima extensão, aproximada,
das possessões ptolomaicas nos
: , e reinados de Ptolomeu [l
Império selêucida Euergetes [e Ptolomeu IV
Filopator. Quase todas foram
Macro y perdidas antes de 304. €., altura
AME
a de

o
' É

Go
F
em que toda a região do
meo HER LE
Mediterrâneo que aqui se vé foi
incorporada no Império romano.
& Cidades a partir das quais os
TERMESSOS Prolomeus exerciam o controlo,
AM
re mA
Este era um reino de cidades e
não de regiões. O limite da zona
colorida indica o limite
aproximado do seu controlo, mas
não é uma fronteira política.
& Nomes de ilhas pertencendo
à Liga Egceia do século ra, €.;
os membros em dúvida estão
interrogados. Esta iiga foi
A;
formada sob influência
ptolomaica. Quio, estado
A E 7 E - --

MAR MEDITERRANEO
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independente, cra aliada


dos Prolomeus.

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HERMÓPOLIS MAGHA Egipto

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Oásis de el-Kharga
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Dodekaschoinus: área com 12 schoinoi gregas de comp
que foi um condomínio prolomaico-meroita no reinado Epp pelos. vitas em
E e e tor. A maioria] dos teste Murntos E E] E
Dodekaschoin
—— =— em
— mõ— ma mem

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ta do reinado de Augusto, após 2 campanha do prefeit
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Quasr Ibrim: guarmiçã


romana deixada pe
prefeito Caio Perrógiio -
após a sua campanha
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pelo ataque meroita a
Siene, em 23a. € Blemmye
intensivo nos sécs. Ie Ml d. €.

Dodekaschoinus (condominio)
selsa é | Estado meroita
E povoamento meroita intensivo
ae rota do deserto

Cidades e povoações plolomaicas


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Ptolomeus
» “Outras cidades é povoações Napara: campanha do pre eito
Fo cidade membro da liga egela Petrônio em 23 a! »
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romana
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SECULO II A. C.-SÉCULO IV D.C.

À direita: par de estátuas, de nante, ao mesmo tempo que, a partir do reinado de


tamanho acima do natural, de
Ptolomeu II Filadelfo e da sua
Ptolomeu IV Filopator (221-205), se tornavam vulgares
rainha, Arsinoe II Filadelfa, que as revoltas nativas no Alto Egipto, tendo sido a mais
tem na mão esquerda um colar séria delas esmagadajá em 85. O Egipto perdeu grande
como contrapeso. O estilo e
iconografia são inteiramente parte das suas dependências estrangeiras, tendo sido
egípcios e até aparece o «sorriso» mesmo conquistado por Antíoco IV Epifânio, da Síria,
das obras autóctones,
Encontradas em 1710;
que, em 168, se proclamou rei por um curto período.
proveniente do pavilhão imperial No século 1 a fraqueza do governo continuou a aumen-
nos Jardins de Salusto, no monte tar, ainda que tenha trabalhado, por vezes, a favor da
Píncio, em Roma, onde foram
colocadas na época de Domiciano população local, Mas a força ensombradora de Roma
ou Adriano; originárias de condenou a independência do Egipto.
Heliópolis. Granito rósco muito
polido. Roma, Cidade do Os Ptolomeus e os imperadores romanos apareciam
Vaticano, Museu Grego nano nos monumentos como faraós tradicionais e os primei-
Egípcio. ros fizeram inscrições em egípcio, relatando aqueles fei-
tos que tinham por objectivo beneficiar a população na-
tva. As proclamações públicas, dirigidas a todos, foram
registadas em três escritas: hieroglífica, demótica e gre-
ga, sendo a mais famosa um decreto, preservado na pe-
dra de Roseta, promulgado por Ptolomeu V Epifânio
(205-180) em 196 a. C.
Ão longo desta dinastia construíram-se templos egíp-
Em baixo: sarcófago de cios tradicionais. Parece que as terras dos templos, que
Artemidoro com retrato, produziam o rendimento diário destes, permaneceram
proveniente de Hawara, no
Fayum. O sarcófago inspira-se mais ou menos inalteradas, em relação a períodos anteri-
em modelos do período tardio. ores, € Os recursos adicionais, para serem utilizados em
Registo superior: Anúbis
embalsama a múmia; centro:
programas de construção, provinham, possivelmente,
Hórus e Toth protegem um dos reis. Os benefícios para a construção de templos não
emblema de Osiris; em baixo: eram muito afectados pelos altos e baixos da economia,
a ressurreição de Osiris com Ísis
pairando sobre ele sob a forma de mas podem ter sido uma política real consistente, com o
papagaio de papel. O retrato é objectivo de atrair o apoio da população e, talvez, de
um de muitas centenas, dos quais
agradar aos deuses locais. No entanto, dentro do tem-
muito poucos se encontram ainda
com os caixões. São o único plo, o rei que realizava o culto tradicional era uma figura
legado substancial do retrato completamente artificial. Em tempos de confusão conti-
pintado clássico. Século na. C.
Londres, Museu Britânico. nuaram a esculpir-se imagens de reis em relevos de tem-
plos, mas os cartuchos para os nomes eram deixados em mediterrânico, mas a sua maior popularidade teve lugar
branco. nos princípios da era imperial, quando os sacerdotes egíp-
Neste período teve lugar um esplêndido desenvolvi- cios, tal como muitos objectos, foram para Roma, en-
mento da escultura particular tradicional, dando mostras quanto os cultos se espalhavam por grande parte do Im-
da persistente vitalidade e riqueza da élite do país, em- pério. De entre estes salienta-se o de Serápis, deus greco-
bora a sua esfera de acção fosse reduzida, o que se re- -egipcio criado, no princípio da dinastia ptolomaica.
flecte no tom de piedade e resignação em inscrições par- como um híbrido deliberado. O Egipto era também o
ticulares e de templos. Só no século 1 é que existem, nos país exótico par excellence', cuja paisagem era represen-
seus monumentos, provas claras de receptividade em re- tada de modo fantasioso em pinturas e mosaicos romanos.
lação à influência grega. À população grega era, ela pró- No período romano construíram-se. no Egipto, tem-
pria, cada vez mais influenciada pela religião egípcia, à plos de estilo autóctone e a religião local continuou a fun-
medida que o período greco-romano avançava. cionar. Muito poucas estruturas novas foram erigidas de-
Durante o período ptolomaico teve lugar o mais im- pois do século 1 d. C., talvez devido ao empobrecimento
portante desenvolvimento do culto animal na religião geral do pais. mas a decoração das já existentes prosse-
egípcia. Estes cultos atraíam tanto egípcios como gregos guiu, mantendo-se mesmo, nos nomes utilizados nos
e criaram cidades funerárias para a mumificação de ani- cartuchos, a par das lutas pelo trono imperial. A mais
mais, peregrinações e consultas a oráculos. recente inscrição em hicróglitos data de 394 d.C. en-
Sob o domínio romano (depois de 30 a. C.) deu-se quanto os documentos e textos literários demóticos são
um aumento inicial de prosperidade. Mas a administra- vulgares até ao século 111.
ção melhorada tinha por fim garantir a riqueza de Roma A torça que acabou por destruir a cultura tradicional
e não desenvolver o Egipto e em finais do século 1d. €. egipeia e levou à mutilação dos monumentos não foi o
os problemas de impostos excessivos e de coacção oficial Império romano, mas sim O cristianismo, cujo êxito se
cram graves. Alguns imperadores, nomeadamente deveu, em larga medida, ao facto de não ser romano.
Adriano (117-138 d. C.), mostraram especial considera- O Egipto pode, no entanto, ter também contribuído para
ção para com o Egipto, sem que tenha alguma vez ha- O cristianismo: o papel da Virgem Maria e a iconografia da
vido uma alteração política fundamental em benefício da Virgem e do Menino assemelham-se impressionante-
população grega, quanto mais da egípcia, Ao contrário mente ao mito e representação de Ísis e de Hórus criança.
de outras províncias do Império, não foi atribuído ao O fim da história egípcia antiga, em 395, é a data da se-
Egipto qualquer grau de autonomia local, sendo admi- paração final do Império romano, por essa altura já forte-
nistrado por um prefeito, sob jurisdição do imperador. mente cristão, em Império Romano do Oriente (bizan-
Em termos da posterior fama do Egipto, o período tino) e do Ocidente, pertencendo o Egipto ao Oriente.
greco-romano foi muito importante. Sob o governo dos EO

Prolomeus os cultos egípcios espalharam-se pelo mundo “Em trancós no original,


ARTE E A R Q U I T E C T U R A À direita: estátua de xisto de
Amenopembat ajoelhado para
oferecer um emblema de Hator
a Prah. O músculo da perna
momentaneamente flectido, é
claramente visivel (o antebraço
também está tenso); tratamento
semelhante tem lugarjá no
Império Antigo, c. 6304. C.
Altura, 65 cm. Nova lorque
Museu de Arte Metropolitano.
fica,
As formas da arte figurativa egípcia — escultura, relevo tornos das figuras são talhados na superfície que
vo
e pintura — adquiriram carácter inconfundível por volta sendo as figuras modeladas dentro dela. O alto-rele
xo-
do início do período dinástico. Ao mesmo tempo que O era geralmente utilizado em interiores € O bai
e,
nível das formas de arte decorativa e funcional, tais -relevo, que fica melhor ao sol, nos exteriores. Houv
como obras de pintura de motivos, manufactura de va- no entanto, variações de moda em diferentes períodos,
sos de pedra, escultura de marfim, mobiliário e trabalho sendo também o baixo-relevo mais barato. Os edifi-
em metal, era muito elevado, a arquitectura evoluía ra- cios religiosos mais importantes € OS melhores tú-
pidamente de então em diante, continuando a desenvol- mulos particulares eram decorados em relevo. À pin-
,
ver-se com o domínio de novos materiais e a introdução tura era também utilizada em túmulos particulares
de novas formas. Desde o início, as obras de arte de onde a má qualidade da pedra tornava o relevo impos-
vários géneros constituem o mais importante legado do sível, ou para poupar despesas, ou quando a obra não
antigo Egipto, legado este extraordinariamente homo- era permanente e a superfície a cobrir não era própria
géneo. As alterações na arte ao longo dos diferentes para relevo, como era o caso dos tijolos nas casas parti-
períodos reflectem as alterações na sociedade e clarifi- culares e nos palácios reais. Embora a pintura fosse
segunda escolha, existem muitas magníficas
cam-nas, embora a arte procure a sua inspiração mais uma
noutra arte do que no mundo. À arte egípcia é superfi- obras de pintura, cujas técnicas encorajavam os artistas
cialmente abordável, mas, a outro nível, é muito estra- a trabalhar mais livremente do que em relevo.
nha à arte ocidental. Um terceiro tipo, muito raro, é a representação em
Muito poucas obras egípcias foram criadas como «arte embutido. Um pequeno grupo de cenas de túmulos da
pela arte». Todas tinham uma função, ou como objectos 4.º dinastia, em Maidum, foi feito de pasta colorida em-
de uso diário, ou, o que é mais comum entre os que se butida em pedra, tendo sido, mais tarde, o vidro e pe-
conservam, num contexto religioso ou funerário. Tem-se dras de cor utilizados do mesmo modo sobretudo em
dito, por vezes, que não deviam ser designadas por «arte», pequenos objectos e para pormenores de relevos com-
mas não existe necessariamente contradição entre o carác- plicados, método típico do período de Amarna.
ter artístico de um objecto e a sua função. Poder-se-ia di- No Egipto, a escrita e a representação estão intima-
zer que a qualidade artística de um objecto é o elemento mente ligadas. Os sinais hieroglíficos são eles próprios
estético adicional ao seu carácter funcional. O estatuto da figuras cujas convenções, para além das linguísticas e or-
arte egípcia como «arte» no espírito dos Egípcios era de namentais que regem a sua justaposição, não são muito
grau diferente do da arte ocidental aos olhos dos Ociden- diferentes das da representação. Pelo contrário, a maior
tais, mas não existe diferença fundamental em espécie. De parte dos quadros contém textos hieroglíficos que po-
facto, os géneros egípcios e ocidentais assemelham-se ex- dem comentar a cena, fornecer informação não pictórica Em cima: estátua de Metjet)y,
traordinariamente. No Egipto, tal como na sociedade oci- ou então dominar por completo a componente visual, esculpida num só bloco de
dental, a arte é um importante foco de prestígio. como acontece em alguns relevos de templos. Nos rele- madeira. Este material é
explorado numa composição
vos tumuláres, a figura principal é um hieróglifo muito subtil que foge às convenções das
Relevo e pintura aumentado, substituindo um sinal omitido no texto, estátuas de pé. De notar os
O relevo obtém o seu efeito através da modelagem, da que dá o nome da pessoa. Figura e texto são mutua- pormenores da mão direita, que
segura o saiote. Altura, 61,5 cm.
luz e da sombra, enquanto as obras de pintura o obtêm mente dependentes. Reinado de Wenis, proveniente
pelo traço e pela cor, mas as técnicas de representação de Saggara. Nova lorque, Museu
são, em ambos, basicamente as mesmas, sendo tam- Métodos de representação de Brooklyn.

bém ambos coloridos. O relevo pode ser alto ou bai- Em contraste com a arte ocidental e com os truques da À esquerda: relevo embutido
do túmulo de Itet, em Maidum.
xo; no alto-relevo, a superfície à volta das figura é re- fotografia e do cinema, a representação egípcia não se A maior parte do embutido está
tirada, até uma profundidade de cerca de 5 mm, de baseia em nenhum dos dois mais importantes princípios restaurado, mas o salote do
modo que sobressaiam dela; no baixo-relevo, os con- da perspectiva: a utilização do escorço e a adopção de homem e a perna direita
conservam ainda consideráveis
um único ponto de vista para todo o quadro. Em vez pedaços da pasta original. Início
disso, as figuras assemelham-se a diagramas daquilo que da 4.º dinastia. Oxford, Museu
representam, cujo objectivo é transmitir informação. Ashmolean.

A superfície do quadro é quase sempre tratada como Em baixo: alto e baixo-relevo,


segundo Schifer. A, fases da
elemento neutro, não como espaço ilusionístico, sendo escultura em alto-relevo. B, fases
os aspectos espaciais mais comuns em pequenos grupos da escultura em baixo-relevo. €,
baixo-relevo com incisões
de figuras. Estas características são universais em todo o biseladas. D, alto-relevo com
mundo e a perspectiva só muito lentamente se tornou a duas espessuras e com uma
norma de representação, parecendo a sua adopção ter espessura.
sido, quase em toda a parte, fruto, directo ou indirecto, “NEL
da influência grega.
Para se comprender os «diagramas» egípcios é neces- — O A em met
a
A
sário familiarizarmo-nos com as suas convenções, um
pouco como fazemos quando aprendemos a ler um Ena
mapa. Em teoria, as convenções poderiam ser tão arbi-
trárias como num mapa, mas, de facto, não o são, e à
sua própria semelhança a imagens com perspectiva leva
muitas vezes o espectador moderno a interpretar toda a
ARTE É ARQUITECTURA
ARTE E ARQUITECTURA
Pormenor de cena de caça no
obra em perspectiva. De entre os sistemas de representa- Na linguagem egípcia, cor, pele e natureza são pala- túmulo de Qenamun, em Tebas
ção sem perspectiva, O egípcio é o que está mais pró- vras afins. Uma figura sem cor não estaria completa e a (n.º 93). A superficie ponteada
representa o deserto e é ao
ximo da imagem visual. Permite uma representação ob- ausência intencional de cor é rara. À cor é tão esquemá- mesmo tempo primeiro e
jectiva e matematicamente precisa, como na figura hu- tica como as figuras a que se aplica. Dado que não repre- segundo plano. As árcas em
mana, ce é relativamente fácil de transmitir e compreen- sentam o que se vê, luz e sombra são irrelevantes. À cor branco adaptam-se às formas dos
animais e formam os abrigos de
der, ao contrário das complicadas convenções da antiga é uniforme em toda a figura. Pode ter um único tom ou alguns deles. Os contornos são,
arte chinesa ou da da América Central. Devem existir uma textura ou padrão, tal como os utilizados para os talvez, caminhos. Reinado de
outras razões para este carácter visual que não foram até nós da madeira ou para as peles de alguns animais. O re- Amenófis II.

agora identificadas. Tem sido sugerido que a sua origem pertório básico de cores é limitado: preto, branco, ver-
esteve na crença dos Egípcios na força recriativa da re- melho, amarelo, azul, verde. A partir da 18.º dinastia a
presentação, mas a força desta crença tem sido provavel- variedade torna-se maior, mas continua a ser simples e
mente exagerada e na sua forma extrema tal ideia impli- clara. As cores não são misturadas e há poucas transições
caria terem eles um espírito mais literal do que é facil- de uma para outra. Apesar da ubiquidade da cor, esta é
mente credível. Num plano diferente, as convenções da dominada pelo traço, não sendo nunca o único meio de
representação artística são, como veremos, um reposi- transmitir informação. Os contornos são apresentados
tório de valores egípcios. em cores contrastantes, sobretudo o preto.
A forma típica sob a qual os Egípcios representavam Existem principalmente duas abordagens à composi-
um objecto era por meio de uma montagem dos seus ção de cenas e de paredes completas: dispor os elementos
aspectos mais característicos, compreendida num en- sobre uma superfície neutra ou utilizar a superfície
quadramento que fornecia ele próprio grande parte da como área plana representada, como fazemos com os
informação necessária. Os vários aspectos eram repre- mapas. A primeira é quase universal, sendo a segunda
sentados sem escorços, o que significa que as formas rec- apenas utilizada para fins especializados e durante perío-
tilíneas era apresentadas com precisão. Num tal esque- dos específicos.
ma, a parte da frente e o lado de uma caixa, por exem- A base de articulação de acordo com a primeira
plo, podiam muito bem estar ao lado um do outro. No abordagem é o registo. As figuras estão sobre linhas
caso de objectos de superfície curva, o método é mais horizontais, chamadas linhas de base, que podem re-
paradoxal, encontrando-se muito ocasionalmente al- presentar o chão mas que a maior parte das vezes não o
guns escorços, embora não sejam significativos para O fazem e que se encontram intervaladas pela parede
sistema como um todo (também na verdadeira perspec- acima. As cenas cujos temas se relacionam podem es- Falsa transparência. O homem
tiva tais objectos causam a maior dificuldade). Há mui- tar ao lado umas das outras num mesmo registo, mas está a mergulhar uma concha
tas outras convenções que provêm dos princípios bási- podem ser lidas em sequências, para cima ou para bai- num caldeirão. À concha
e o conteúdo são visíveis dentro
cos. Assim, a parte de um objecto que não estaria visível xo, ao longo de uma parede, ou seguir ambos os prin- do caldeirão, mas não o podiam
na realidade pode ser representada em «falsa transparên- cípios. Duas versões diferentes do mesmo conjunto de ser na realidade. Túmulo
cia» ou o conteúdo de algo pode ser apresentado por cenas — por exemplo, uma sequência da sementeira de Ramsés [IL

cima dele. O número de partes representadas e a sua es- até à colheita — podem ser organizadas de modos
colha dependem da informação a transmitir, mais do opostos, mostrando que a posição na parede, só por si,
que de considerações de ordem visual. não transmite informação.
O melhor exemplo de representação de um único ob- Exemplos do método alternativo de composição, em
jecto é a forma humana, que é um composto compli- forma de «mapa», são as plantas de casas e de zonas de
cado. A descrição aqui feita é a da figura de pé, em re- deserto. Em qualquer dos casos o contorno que define o
pouso, havendo muitas variações possíveis de pose € de mapa — que raramente representa uma localização espe-
pormenor. O tipo básico está virado para a direita. cífica — pode também servir de linha de base para fi-
A cabeça é um perfil, no qual se vê metade da boca, que guras representadas em registos. Muito raramente, um
pode ser menor do que metade da largura de uma boca grupo de figuras numa composição tipo «mapa» é repre-
de frente. Um olho de frente c uma sobrancelha são sentado num conjunto de camadas verticais que coincide
colocados no perfil. Os ombros são apresentados em extraordinariamente com imagens de recessão no campo
Conteúdo por cima de um ob-
toda a sua largura, mas do lado da frente do corpo a óptico. Este é, no entanto, quase o único aspecto que jecto. Um homem levanta a tampa
linha da axila à cintura está de perfil, incluindo um ma- aponta para a assunção de um ponto de vista unificador, de um guarda-jóias; dentro deste
como acontece na perspectiva. Tal assunção é contraria- há outra caixa com a forma de dois
milo. A extensão do tórax pode apresentar pormenores cartuchos reais, representada no
de vestuário, sendo os mais vulgares colares e alças de da por outros aspectos. bordo. Túmulo tebano 181. Rei-
vestidos, mas, com excepção de raras figuras que estão Uma característica importantíssima de toda a repre- nado de Amenófis IL.

voltadas ou em poses invulgares, não representa nenhu- sentação egípcia é o tratamento da escala que forma,
ma parte específica do corpo. À linha que vai desde a com a iconografia, o principal meio de expressão ideoló-
axila posterior à cintura parece igualmente ndo ser mais gica. Dentro de uma figura, as partes são representadas
do que um elemento de ligação. A cintura esta de perfil, nas suas proporções naturais, e isto é também frequente-
assim como as pernas e os pés. O umbigo é colocado mente verdade no que se refere a cenas completas, mas
perto da linha anterior da cintura, que é muitas vezes há composições que estão inteiramente organizadas por
saliente nesse ponto (não podia ser apresentado no perfil). escala à volta das suas figuras principais. Quanto maior
A representação dos pés é um exemplo de como esta for a figura, mais importante é. Nos túmulos privados, Construção interna do sistema.
uma única figura do dono tem muitas vezes a altura de As curvas dos pés são
forma é uma montagem, mais do que o resultado de uma representadas como uma curva
observação visual. Até meados da 18.º dinastia, e muitas toda a área em relevo numa parede, chegando a atingir acima da linha de base. Às patas
cujas cenas ele «observa», estando virado dos cães são visíveis através do
vezes depois dessa altura, ambos os pés eram vistos de seis registos,
«buracos inexistente, Estela da
dentro, com um único dedo e a curvatura. Como a curva- para elas. Pode também ter um tamanho várias vezes 12.º dinastia. Museu de Berhm
tura não pode ser representada sem a indicação de profun- maior do que o das figuras da mulher e dos filhos, que (Leste).
didade, o pé sai todo do chão para a formar. Esta carac- têm os braços à volta dos seus tornozelos. De igual
terística adquire vida própria e o segundo pé pode ver-se modo, o rei domina os seus súbditos. Nos relevos de
através do intervalo da curvatura, tendo a convenção do batalhas do Império Novo, uma enorme figura do faraó
desenho sido interpretada visualmente, Esta é uma das e do seu carro pode ocupar quase metade da área, sendo
inúmeras construções de origem espontânea do sistema, o restante preenchido com soldados egípcios, inimigos

58
ARTE E ARQUITECTURA

vencidos e uma fortaleza inimiga, numa colina, con- mada como certa e suavizada, provavelmente por razões
tendo minúsculas pessoas, em direcção às quais o faraó estéticas. Existem também algumas obras pequenas, so-
estende a mão para as agarrar. À lógica visual interna c à bretudo de madeira e de finais de 18.º dinastia, que sc
mensagem ideológica sobrepõóem-se à verosimilhança. afastam das regras, representando rotações e contra-
Os principais relevos em que se verificam poucas varia- posto, e mantendo apenas vestígios dos conjuntos nor-
ções de escala encontram-se em templos, onde normal- mais de eixos de definição. Estas são importantes por-
mente apenas o faraó e as divindades são representados, que mostram que as formas estritas não eram as únicas
sendo todos de categoria idêntica dentro do contexto. de que os Egípcios dispunham.
A escala pode também ser ajustada por razões de estilo.
Assim, os portadores de oferendas de todos os períodos Técnicas em pintura, relevo e escultura
levam muitas vezes minúsculos animais, que se lhes so- Em duas e em três dimensões, a base do trabalho do
brepõem às pernas, numa organização que economiza artista era o desenho preparatório. Utilizavam-se gre-
espaço e produz um agrupamento nítido. No extremo lhas quadradas e conjuntos de linhas de orientação, de
oposto, os portadores do século 1v levam, por vezes, às modo a assegurar uma representação exacta. Para O
costas invulgares gansos colossais; aqui a razão parece corpo humano, as grelhas bascavam-se, até à 26.º dinas-
ser a exuberância estilística. tia, num quadrado do tamanho do punho da figura a
- Um outro aspecto ideológico da arte egípcia não é do desenhar, que se relaciona proporcionalmente com to-
foro da representação, mas é quase tão fundamental das as outras partes do corpo. Em teoria, a grelha tinha
como se o fosse. Em grande parte das obras que se con- de ser desenhada de novo para cada figura de tamanho
servaram há uma persistente idealização, sendo as coisas diferente, mas, na prática, as figuras de menos impor-
representadas como deviam ser e não como são. A idea- tância eram talvez, muitas vezes, desenhadas livre-
lização é, no entanto, tão selectiva como o tratamento da mente. Os desenhos preliminares eram inscritos dentro
escala. As figuras mais importantes tomam forma ideali- das grelhas e transformados no produto final por um
zada, representada sobretudo através de uma maturi- processo de correcção e elaboração, em várias fases. E
dade jovem, enquanto as mulheres são todas jovens € evidente que os artistas trabalhavam em grupos, sendo,
magras. Normalmente estão em repouso. As figuras su- provavelmente, especializados nas tarefas que realiza-
bordinadas podem, por seu lado, ser representadas vam.
como enrugadas, carecas e deformadas e podem estar a As pinturas eram efectuadas por este processo, utili-
discutir ou a lutar. Pormenores como estes são mais co- zando um fundo preparado, de pedra ou gesso, com
muns nos mais belos túmulos do Império Antigo, onde uma ligeira demão de sulfato de cálcio hidratado. Os
Estatueta de madeira de buxo podem ter sido acrescentados, em parte para dar interes-
representando uma jovem serva relevos eram esculpidos e depois pintados, o que impl-
levando um vaso de unguento. se e individualidade às cenas. Não se encontram nos re- cava o desenho inicial, o entalhe e, em seguida, novos
O equilibrio de um corpo que levos dos templos, que representam um mundo abs- desenhos que serviam de base à pintura.
carrega um peso está bem
reproduzido. Esta figura está
tracto e sem tempo. As obras de escultura começavam por blocos de
quase liberta das restrições da forma regular, cujos lados principais serviam de superfi-
maior parte da escultura egípcia. Escultura cie para grelhas e desenhos. A pedra era então retirada,
Altura, 153 cm. Reinado
de Amenóáfis HI. Durham,
A óbvia semelhança estilística entre a escultura, o relevo com o desenho servindo de guia. À medida que o traba-
Museu Gulbenkian de Arte ca pintura baseiam-se, em parte, em técnicas que lhes lho ia progredindo, os desenhos eram renovados uma
Oriental. são comuns. Podem existir razões mais fundamentais vez e outra, havendo obras quase completas que têm a
para os rígidos eixos da escultura, uma vez que esta
característica se encontra quase tão espalhada pelo Estátua em bloco de Peremihos.
A linha inclinada dos braços
mundo como a representação a duas dimensões, sem
equilibra a cabeça erguida,
perspectiva, mas tais razões não são claras. Qualquer Gramto cinzento, De Tell vl-
que seja a resposta a esta pergunta mais geral, a continui- =Muqdam. Altura, 46,3 cm,
Museu de Brooklyn.
dade e o desenvolvimento paralelo das duas formas são
notáveis.
Quase todas as estátuas mais Importantes representam
uma figura que olha em frente, numa linha perpendi-
cular ao plano dos ombros e cujos membros estão res-
tringidos dentro dos mesmos planos. A maior parte das
vezes encontra-se em repouso, sem estar ocupada em
nenhuma actividade. A interacção orgânica das partes
do corpo quase não é indicada, de modo que as estátuas
se assemelham a um «diagrama» a duas dimensões, for-
mando um aglomerado de partes separadas. À analogia
sugere que este pode ser um aspecto básico da represen-
tação e não um elemento de estilo. Parte da semelhança
entre os géneros é devida à dependência da escultura em
relação ao desenho, numa versão modificada dá repre-
sentação egípcia normal, a duas dimensões.
As principais excepções à geometria rígida são as ca-
beças que olham para cima, talvez para ver o Sol, ou
para baixo, como as estátuas de escribas, para olharem
para um papiro desenrolado no colo. As figuras ajoelha-
das, têm, por vezes, os músculos das pernas flectidos
mostrando, ao que parece, que a sua pose é um gesto
momentâneo de deferência. Pormenores como este, €
leves indicações da coerência orgânica do corpo, são res-
tritos às melhores obras, em que a rigidez normal é to-

59
Co n v e n ç õ e s de r e p r e s e n t a ç ã o dade em o compreender, embora seja fácil ser-se
ilu-
e ser
o egípcia tem as suas raízes na cultura dido. Quando o objecto ou cena não é familiar, pod
A representaçã icar
baseia em impossível identificá-lo, ou não lhe conseguimos apl
egípcia. Ao contrário da perspectiva, não se Nesta
minador uma regra que explique um aspecto intrigante.
leis científicas, mas respeita um «mínimo deno de re-
é um página estão exemplificados diferentes métodos
comum» que facilita o reconhecimento. Quando
dificul- presentação dentro das regras básicas.
objecto familiar que está representado, não há
homem, ou o braço direito dela
apoiado no braço da cadeira.
A profundidade aparente da ca-
deira é, provavelmente, a sua lar-
gura, e o homem é colocado arbi-
trariamente, de modo que o seu
corpo não seja obscurecido pelo
braço da cadeira.

Relações das partes; materiais


O mobiliário é particularmente
difícil de representar com clareza,
pois é ao mesmo tempo tridimen-
cional e rectilínco. Esta pintura
antiga representa divas de duas
pernas cujas superfícies se inch-
nam até ao chão. Apresentami-se
em perfil lateral, com e sem indi-
Orientação bastão está seguro pela mão Os bois com chifres, cação da superfície, que deixa de
esquerda, no prolongamento do artificialmente deformados, ser em esquadria. Parece haver
As figuras são projectadas para
que parece ser um braço direito, ilustram este mesmo aspecto. Os dois divãs, mas pode tratar-se de
ficarem viradas para a direita e a chifres esquerdos estão dobrados
relação entre a direita e a esquerda e o ceptro está numa direita. dois desenhos do mesmo.
É provavelmente devido a esta para baixo, mas quando o boi está Quando duas pessoas estão
tem importância simbólica. voltado para a esquerda o chifre
Quando uma figura está virada incongruência visual que existem sentadas numa cadeira, à sua po-
diferentes soluções para este dobrado é aparentemente o sição social é representada. O ho- O material de que um objecto €
para a esquerda, por vezes
mantém as mãos «correctas» para problema das figuras viradas para «direito». O efeito é tão natural mem está à frente da mulher, que feito pode ser indicado de formas
a esquerda. que é muito fácil este pormenor se encontra à sua esquerda, o lado inesperadas. O abrigo deste
a insígniaque segura. Áquio
passar despercebido. inferior. Mas nesta posição é IM- homem é feito de esteira de cana
possível mostrar o braço direito verde (pintada de verde) e à sua
Junção de partes: da mulher à volta do ombro do cadeira está sobre um tapete.
representação de rotações A espessura das «paredes» é
e observações ocasionais Ny suficiente para mostrar que são de
Algumas estátuas de mulheres esteira; na realidade, não teriam
mostram que clas usavam mais de 2 cm de espessura.
vestidos cujas alças cobriam os
seios. Em relevo tais figuras
apresentam um seio nu, porque à
linha anterior do corpo é, neste
ponto, um perfil de peito. Às -
alças estão dentro do torso.
Quando uma figura se está à
voltar, o esquema normal pode
ser modificado. Há, por vezes,
figuras nuas que apresentam
A, A =
CRER
EPA
NAL
ia a E quo
ambos os seios descobertos, de
Da frente c de perfil. Estas são muitas
vezes figuras de tocadoras de
instrumentos, cuja atracção física
é importante. Muito raramente
algumas figuras em grupos
complexos são representadas
completamente de frente, mas
também estas são com pósitas.
Nos desenhos mais livres. tais
como este esboço de uma mulher
soprando para um forno, as
figuras são quase um perfil puro
(à excepção do olho). A indicação
de sopro é um pormenor
invulgar. Um texto merático
desalinhado diz que a sua «cabeça
está virada para a câmara
(abertura?)» e que ela está «a
soprar para O forno».
Algumas estátuas de leões têm
as patas cruzadas, com a cabeça
fazendo um ângulo de 90º com o
corpo. Numa pintura o leão
parece estar à olhar em frente; não
é possível deduzir-se à forma
da estátua a partir da pintura.

Convenção pura ou
observações características
Nalguns casos há regras consideração o tamanho dos
arbitrárias que ajudam à animais, donde o ângulo à parar
distinguir formas semelhantes. do qual são normalmente vistos,
co A UC PATA Os crocodilos apresentam-se Mas no que respetta às moscas
fi sempre de perfile os lagartos são e abelhas, a diferença é so
ai
vistos de cima: Tal facto tentem convencional
o —
ARTE E ARQUITECTURA
Execução de um relevo
a
ir =

linha do eixo vertical marcada a meio do rosto. Tal


Relevos e pinturas dependiam muito dos desenhos preli- como no relevo, as fases finais implicavam o alisar da
minares, preparados de acordo com traços de orientação superfície, apagando as marcas de ferramentas e a aplica-
ou, a partir do Império Médio, dentro de grelhas qua-
ção da tinta.
driculadas. Às grelhas eram também desenhadas sobre A dificuldade técnica da escultura variava muito com
obras já existentes, para facilitar a cópia. os diferentes materiais, mas os Egípcios dominavam,
com as ferramentas mais simples, mesmo as substâncias
mais duras disponíveis. O trabalho árduo era a principal
componente do êxito, mas não pode explicar por si só a
Pata Ra
Ot EE Te?
PAT PA
arte c a sofisticação dos seus produtos.
Todas as técnicas de base tinham já sido adquiridas
antes do período dinástico e, assim, o desenvolvimento
artístico deu-se sobretudo na elaboração de formas de
representação e na iconografia c composição. O equipa-
mento consistia sobretudo em serras de cobre (mais
tarde bronze), brocas e cinzéis, todos utilizados com
areia molhada como abrasivo, efectuando grande parte
do corte, e martelos de pedra muito dura. Estes últimos
No esquema mais antigo, seis No que se refere à figura humana, podiam ser de várias formas, sendo um exemplo, que se
Egipto. Quando estas foram
linhas de orientação horizontais tanto as linhas de orientação
alteradas, no período tardio, vê na Grande Pirâmide, mais ou menos do tamanho c
interceptavam as linhas do meio como as grelhas funcionavam forma de uma bola de ténis. Para a escultura em madei-
os cânones foram também
do corpo para definir as suas de acordo com os cânones de
modificados. As linhas existentes ra, as ferramentas e as técnicas eram as da carpintaria. As
proporções. As linhas horizontais proporções, intimamente
são apresentadas a vermelho,
eram muitas vezes prolongadas relacionados com as medidas
as hipotéticas a amarelo. ferramentas de ferro surgiram por volta de 650 a. C.
por longas procissões de figuras. de comprimento normais no
Nas grandes obras de escultura os problemas técnicos
-
== -

]
-

|| À grelha mais antiga baseia-se em transformavam-se em problemas de engenharia. As pri-


mp efa

| |
18 quadrados, desde o chão até à meiras fases do trabalho numa estátua colossal tinham
linha do cabelo (a parte acima é de
E. -

tamanho variável, de acordo com


mais em comum com a extracção de pedra do que com
o que a figura tem na cabeça), a arte. Tais estátuas eram provavelmente transporta-
Embora se relacione apenas com das quando quase prontas, de modo a torná-las o mais
figuras escala a escala, cobre, por
vezes, toda a superfície que leves possível, e terminadas no destino. O seu trans-
deverá ser preenchida com uma porte implicava a construção de estradas e barcos espe-
cena; o desenho poderia então ser ciais e grandes trabalhos de terraplanagem no local defi-
ampliado mecanicamente a partir
de um esboço mais pequeno. Por nitivo.
vezes a grelha é subdividida.
"Arquitectura
Os edifícios religiosos constituem a grande maioria das
obras arquitectónicas que permaneceram. Quase todos
eram tão simbólicos como estritamente funcionais. À na-
tureza exacta do simbolismo nos edificios funerários —
pirâmides, mastabas e túmulos cavados na rocha — não
está claramente estabelecida, mas no que se reterc aos
templos a questão é relativamente clara. No entanto, os
princípios são talvez semelhantes em ambos os tipos: re-
criam o cosmo, ou parte dele. Este cosmo é um cosmo
ideal, purificado e à parte do mundo quotidiano, ce a sua
relação com este últimoé uma relação de analogia e não de
representação directa.O seu objectivo é fazer com que O
habitante do templo (ou do túmulo) participe simbolica-
mente no próprio processo de criação, ou nos ciclos cós-
micos, em particular, do Sol.
Este simbolismo exprime-se na localização « plano
dos templos e na decoração das paredes e tectos. Tudo
isto é facilmente observável nos templos do período gre-
co-romano, que possivelmente pouco diferem em signi-
ficado dos seus precursores do Império Antigo. À estru-
A grelha mais moderna tem 21
quadrados, até um ponto de
tura é separada do mundo exterior por um espesso muro
medição mais baixo, ao nível dos circundante de tijolo, imitando, talvez, o estado líquido
olhos. As diferenças de do cosmo na altura da criação. Dentro deste espaço
proporções entre os dois sistemas
encontra-se à sala de entrada, ou pilone, decorada no
são mfinitesimais.
exterior com cenas que representam o faraó matando
mimigos. Estas cenas garantem, de modo mágico, que
à desordem não deve entrar no templo. O pilonc é o
mauior elemento do templo, Visto em secção, encerra
As grelhas eram também
utilizadas para desenhar animais, a área por detrás dele na sua altura. AO mesmo tempo
Neste exemplo os quadrados Os seus dois maciços, com O intervalo entre si, asseme-
acima do boi conservaramese, lhame=se ao hicróglito O que significa «horizonte»,
mas a figura em si foi modelada
na pedra, retirando-se a superficie A orientação teórica da maior parte dos templos
original e o desenho. é este-oeste (como se baseia no Nilo, e não nos pon-
tos cardeais, há, de facto, uma variação considerável).

bl
Estelas tumulares

As estelas (lajes) tumulares e o caixão com a múmia Ão contrário da câmara funerária, a estela tumular es-
cram os elementos mais importantes dos túmulos egíp- tava normalmente acessível ao público. Era o centro do
cios (por oposição às simples sepulturas). culto funerário do defunto e as oferendas eram trazidas
Em geral, a estela identificava o defundo pelo seu em dias estipulados e colocadas em mesas de oferendas
nome e título (os Egípcios diziam que «faziam o seu em frente dela.
nome viver») c representavam-no sentado a uma mesa
coberta de oferendas ou recebendo oferendas de mem- Em Abido conhecem-se estelas
reais da 1.º dinastia (à direita).
bros da sua família. Nas estelas mais recentes o morto Duas delas, de topo arredondado,
cra representado na companhia de deuses. Este era o simetricamente desenhadas e
estado de coisas ideal, que todos desejavam para o seu soltas, foram colocadas junto a
uma das faces da mastaba (em
ka; a estela ajudava, portanto, a perpetuá-lo eterna- baixo). Continham apenas o
mente. Nos períodos mais antigos, um elemento im- nome do rei.
portante da estela era uma lista ou representação das
provisões de que o ka necessitava para a sua existência.
A fórmula hotep-di-nesu, componente constante, as-
segurava que estas provisões estariam disponíveis:
«Uma dádiva que o rei oferece a Osíris, para que este
dé ao ka do defunto oferendas-invocações de pão, cer-
veja, bois, aves, alabastro, roupa e todas as coisas boas
e puras de que um deus vive.» Esta fórmula antiga
mostra como se julgava que era feito o aprovisiona-
mento do tumulo: o rei apresentava oferendas a Osíris,
soberano de todo o mundo dos mortos, € pensava-se
que, através dele, o ka do morto recebia a sua parte.
Aos visitantes e aos que por lá passavam pedia-se para
recitarem cessa fórmula, fazendo assim o desejo nela
contido tornar-se realidade.

A porta falsa (à esquerda) era a As estelas provinciais do


estela típica do Império Antigo, 1.º período intermédio
desenvolvida a partir da anterior (à esquerda) trocaram o desenho
«fachada de palácio», com a sua complicado da porta falsa por
estela de nicho. À estela pode formas planas rectangulares e de
ainda ser reconhecida no painel da decoração simples, como se
porta falsa, mas na «fachada de voltassem atrás, à tradição das
palácio» transformou-se num estelas de nicho. As suas
sistema complexo de ombreiras e representações cram muitas vezes
lintéis desenhados ao longo das rudes c a escrita das suas
linhas das portas verdadeiras (em inscrições pobre, mas estes
SE

baixo). Esta porta simulada aspectos permitem-nos atribuir


Ergo]

ligava o mundo dos vivos ao dos estelas a zonas especificas


SRS

mortos € pensava-se que o ka do Egipto com uma precisão


UPAS

podia passar livremente através notável.


LISA

dela. À porta falsa era geralmente


feita de pedra, mais raramente de
mm

ps

madeira, « fazia parte da parede


oeste da capela do túmulo.

RBSim
S ENMoAri EVOZAMO
A Vea Race
DDR AR
cormija
ossr= SAD
[ERR
1 PIEI
Reno
mm y
Esas RAR As estelas do Império Médio
(à esquerda e à direita)
| intel superior UNICA TS LA desenvolveram-se a partir das
VA = DISA ESAVA 4 es do 1.º período intermédio e tanto
lintel médio [ENE EEE GAL a) Tao podem ser rectangulares como
SOINbIA GE mia Id de topo arredondado, Vartavam
— painel MEO
SM TAS A imenso no tema e nos textos, Mas
| intel inferior DA
Te (A E Serbia foram estabelecidos muitos
“ Mmpano ns (RL SAL RAINAS ELA critérios segundo os quais podem
| AE ACE NET EM Sfica: ser datadas (por exemplo o upo
— NO
[INGEIMeLdeEA= de fórmula hotep-di-=nesu) é
UTM ENADE
q atribuidas à uma necrópole em
4— umbral extenor
umbral médio
particular (por exemplo, a parar
= umbral interior
da selecção das divindades
— parede Iraseira do nicho nvocadas).
k
;
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As superestruturas de tijolo dos


túmulos particulares das três
primeiras dinastias tinham uma
«fachada de palácio», com um
desenho complexo de
reentrâncias (nichos) (em cima).
Na parede do fundo de uma
delas, perto do canto sueste da
mastaba, encontrava-se uma
estela de nicho de pedra ou de
madeira (à esquerda). A «fachada
de palácio» era, por vezes,
utilizada na capela dentro da
mastaba; o número de estelas de
nicho foi depois aumentando, As estelas de laje (em cima) eram pedra, construídas em Gizé eram, tal como os próprios
características das mastabas mais durante a 4.º dinastia. Colocadas túmulos, oferecidas pelo rei e
antigas, com superestruturas de na face oriental das mastabas feitas pelos melhores artífices.

Apesar da enorme variedade de misteriosos, Os responsáveis pela


formas e decoração, Os interacção de proporções, como
desenhadores utilizavam se pode ver aqui numa estela do
processos de construção simples. período tardio.
l São eles, e não «sistemas»

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mais impressionante das estelas do
Império Novo (acima) é o apa- ES df E
recimento de deuses (sobretudo []
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Osiris) nas cenas principais.
ARTE E ARQUITECTURA

de modo que o Sol se «levante» na entrada do pilone, uma grande pirâmide ou das paredes inclinadas de um
entrando os seus raios no santuário, que está colocado pilone.
mesmo sobre o eixo, e seguindo o seu curso através do Os alicerces dos edifícios egípcios eram muitas vezes
templo. surpreendentemente fracos, consistindo numa trinchei-
A parte mais imponente do templo principal é a sala ra, cheia de areia e coberta de tosca cantaria (a areia pode
hipóstila, ou de colunas, que resume convenientemente mesmo ter tido tanto um objectivo simbólico como fun-
o esquema decorativo do todo. Os capitéis das colunas cional). Só no período greco-romano é que existiram
representam plantas aquáticas e o registo mais baixo das alicerces regularmente maciços, de alvenaria adequada,
paredes tem plantas semelhantes em relevo; a sala é, em grande parte construídos a partir de edifícios anterio-
simbolicamente, o pântano da criação. Às arquitraves e res, demolidos para dar lugar a outros novos.
o tecto têm relevos representando o céu, de modo que a Em alvenaria a argamassa era utilizada em pequenas
decoração abranja todo o mundo. Em vez de pântano, o quantidades, segundo uma técnica que consistia em
registo mais baixo pode conter portadores de oferendas, colocar uma fila de blocos, nivelá-la pelo cimo, cobrir a
trazendo produtos da terra para alimentar o templo. Ne- superfície com uma fina camada de argamassa, cujo
nhum deles faz parte do esquema principal, mais abs- principal objectivo era o de servir de lubrificante, e as-
tracto, que consiste em vários registos de cenas, organi- sentar a fila seguinte. As superfícies e, talvez, as junções
zadas como um tabuleiro de xadrez, que representam o salientes dos blocos eram alinhadas antes de estes serem
faraó, virado para dentro, para o santuário, apresen- utilizados. Cada bloco era encaixado individualmente
tando oferendas e realizando rituais de homenagem ao no seguinte, já que as junções nem sempre eram verti-
deus. O deus, que reside no templo, está virado para o cais ou perpendiculares à superfície. Um único bloco
exterior, sendo as divindades representadas nos relevos podia até formar um canto interior e os níveis das filas
mais diversificadas do que as veneradas num único tem- horizontais só podiam ser mantidos numa curta distân-
plo. Muitas cenas representam rituais realizados no tem- cia. Muitas vezes colocavam-se grampos de madeira nas
plo, mas outras têm um significado menos específico. junções horizontais por detrás da superfície, de modo a
Do ponto de vista do templo, o intercâmbio entre o dar uma maior rigidez e evitar o deslize enquanto a arga-
faraó e o deus é o centro das actividades do mundo. massa secava. O principal objectivo das complicadas
Grande parte dos relevos do templo é de carácter seme- técnicas de junção era, provavelmente, o de minimizar o
lhante. desperdício e utilizar o maior lado praticável do bloco.
As zonas Interiores têm um chão levantado e um tecto As arestas dos blocos eram cortadas à medida quando
mais baixo do que a sala hipóstila, estando, portanto, estes eram montados, mas a superfície principal ficava
protegidas pela zona exterior, e são mais sagradas. Há em bruto.
um certo número de salas relativamente pequenas, à É provável que os Egípcios trabalhassem sem disposi-
volta do santuário, cuja parede exterior imita o exterior tivos elevatórios mecânicos, sendo o método básico de
de um templo, formando uma estrutura dentro de ou- levantar pesos o de enterrar a parede que estava a ser
tra. O santuário representa o morro da criação, relacio- construída por detrás de uma rampa de entulho. Esta era
nado com o pântano da sala hipóstila e, ao atravessar em continuamente acrescentada, até que as paredes atingis-
direcção ao santuário, uma procissão passa pelas fases da sem a altura total. As pedras eram então alisadas, quer a
criação. partir das rampas que iam sendo desmanteladas, quer de
andaimes de madeira que eram possivelmente utilizados
Técnicas mais tarde para esculpir as decorações em relevo. As
O trabalho em pedra egípcio produziu estruturas talha- várias fases do trabalho num edifício desenvolviam-se
das na rocha, com técnicas semelhantes às da extracção muitas vezes simultaneamente, podendo assim pedrei-
de pedra, morros sólidos — as pirâmides — e estruturas ros, desenhistas, estucadores, escultores de relevos e
autónomas mais convencionais. Descreve-se aqui O tra- pintores ser todos empregues ao mesmo tempo. Pode
balho nestas últimas. ver-se algo disto nos túmulos particulares de Tell el-
Sabe-se muito pouco de como se planeavam e se ins- -Amarna e no túmulo de Haremhab (1319-1307), no
peccionavam os sítios, sendo a maior parte das reconsti- Vale dos Reis. Dado que poucos túmulos e templos
tuições dos processos quase completamente especulati- egípcios chegaram a ser inteiramente acabados, a confu-
vas. De qualquer modo, havia uma perícia enorme na são daí resultante pode ter parecido o estado de coisas
manutenção de um rigoroso plano e na construção de normal.

Templo de Dendera, secção da


É parede leste. Na espessura da
parede maciça encontram-se
parapeito do tecto luz do tecto para séries de câmaras, chamadas
criptas, e uma escadaria. O grupo
de criptas inferior é subterrâneo,
compreendido dentro dos
alicerces, a cerca de 10 m de
profundidade. A zona do telhado
é igualmente pródiga; por cuma
da linha do tecto, à esquerda,
a parede exterior forma um
parapeito de 8,5 m de altura.
Os quadrados azuis no nível do
chão e nas criptas superiores são
aberturas de acesso a parar
do interior do templo. As das
emptas superiores estão + m
acima do chão. Todas estas
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SEGUNDA PARTE
VIAGEM
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O território do Egipto tem sido comparado à um lótus,


com a pesada flor do delta sobre o caule longo c estreito
do vale do Nilo e o rebento do Favyum aconchegando-se
a cle. As regiões circundantes, à excepção da cadeia de
oásis que segue paralelamente ao rio, a ocidente, cram
áridas e inóspitas e, assim, impróprias para habitação se-
dentária.
Duas cidades tiveram papel-chave na história do
Egipto, até à cena ter mudado para norte, durante a
19.º dinastia: Mênhis, próximo do vérnce do delta, e
Tebas, o seu contrapeso no Sul, Estas constituem dois
pontos em que interrompemos a nossa imaginária via-
gem de barco Nilo abaixo, através do antigo Egipto.
A À'catarata do Nilo, asul, é o nosso ponto de partida
lógico.
A Núbia, os oásis co Sinal, embora nunca descritos
como partes do Egipto, foram colonizados, no caso
dos dois primeiros, e frequentados, no caso do tercer-
ro, 4 tal ponto que a sua inclusão é essencial Subir o
no até à Núbia é contudo, uma proposta diferente da
de navegar suavemente Nilo abaixo e devemos substu-
tnro barco por um burro paras VIAgENs 408 CASES E O
SINAL.
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caçavam aves nos ua Do ponto de o Ra É difícil Imaginar Uma


A simples jangada, feita de feixes tinham de atravessar águas
de caules de papiro atados com infestadas de crocodilos enquanto. À palavra sepy, rato VATIZAAS forma mais absurda do que o antigo Egipto; comprido e
cordas, foi o mais antigo barco pastorcavam O gado no delta, tarde utilizada Eua pdos Bor E estreito, faz lembrar uma cidade deitada, a cavalo ,
construção de barcos de madeira. stuadao Derfacios dna numa |
do Nilo, Tinha uma vida útil e objecto de prazer para os que
limitada, mas a sua substituição auio- to Idda. É, Ip y vantagem disto é q
era fácil e barata, sendo uma facilidade de comunicação, porque o Nilo (a autos
necessidade para alguns, por k= : : :
eNEníPio dr Os stores quê -estrada) o Rocas E localidades Importantes,
O barco era o meio de transporte mais importante
4
Os ventos de norte, favoráveis à
navegação rio acima, eram
predominantes no vale do Nilo,
mas o tráfego rio abaixo regueria
remos. Este facto encontra-se de
nei tal modo reflectido na escrita
A construção do casco de barcos construção dos barcos egípcios, hicroglífica que nas palavras para
mais pequenos reflectia a falta pelo menos até ao Império Novo, designar «viajar para norte»
local de madeira de qualidade. era a ausência de quilha, («passar rio abaixo») e «viajar
O construtor de barcos tinlia de vara sul» («ir de barco rio acima»)
utilizar tábuas bastante curtas, Ea utilizado osinal de barco
que eram unidas por respigaé A apropriado mesmo quando se
mecha ou atadas umas às outras; Eta a ape por terra ps
a madeira
; para as embarcações RE SEE = i - 4:
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As frequentes mudanças de vela


para remos requeriam um
simples mas eficaz encaixe para o
mastro.
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O elemento principal do
mecanismo de direcção era um = E
maciço remo-leme, preso a um
poste c à popa do barco, O barco
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era dirigido movendo-se
lateralmente a cana do leme e TEM!
rodando, assim, o cabo do remo- , E RS RT TE
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O que sabemos dos navios do Período pré-dinástico: 1) Por trapezoidal, geralmente mais alta
antigo Egipto baseia-se em vezes, embora não sempre, proa do que larga; 4) A partir da 5.º
testemunhos pictográficos e popa com grande inclinação dinastia, remos. Periodo pré-dináslico
(relevos e pinturas), em modelos para cima (até as grandes Império Médio: 1) Popa mais
de barcos encontrados em embarcações do Nilo eram alta; 2) O mecanismo de direcção
túmulos e em descobertas construídas, em grande parte, era accionado por um timonceiro
isoladas de barcos funerários de papiro ou material de pé entre o maciço poste do
enterrados (em Gizé e Dahshur). semelhante; 2) Um ou mais leme e o remo leme, geralmente
As fontes escritas são raras € grandes remos da cauda; 3) Vela único; 3) Mastro único, que se
pouco informativas. Os barcos rectangular; 4) e 5) Pangais em baixava e apoiava num suporte
que, no antigo Egipto, dois grupos (separados pela bifurcado quando se descia o rio; N
navegavam no Nilo variavam cabina central); 6) Decoração da 4) Cabina à frente do poste do
muito segundo a finalidade a que proa com ramos de árvores (?); leme.
se destinavam (barcos de estandarte próximo da cabina, Império Novo (vasta gama
passageiros, de carga, barcas — Império Antigo: 1) Forma de tipos especializados):
cerimoniais, etc.), mas um guia «clássica» do casco egípcio (sendo 2) Mecanismo de direcção,
bastante fiável para a sua datação agora a madeira o principal geralmente com dois lemes,
é-nos dado por: 1) Aspecto do material de construção), muitas accionados por um timonciro
casco; 2) Método de direcção; vezes com proa em forma de de pé à frente do poste do leme; Império antigo
3) Tipo de mastro e vela; cabeça de animal; 2) Vários remos 3) Vela mais larga do que alta;
4) Remos ou pangais da da popa grandes, mas, a partir 4) Castelos da popa e da proa,
embarcação; 5) Disposição das da 6.º dinastia, com equipamento com cabina em posição central.
cabinas, c 6) Aspectos especial; 3) Mastro geralmente Período tardio: 1) Tendência
invulgares. bipé: vela provavelmente para uma popa mais alta,

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O ALTO EGIPTO MERIDIONAL

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Como os Egípcios se orientavam em direcção ao sul, de Tebas. Existem, contudo, rotas do deserto para co- Em cima, à esquerda: à ilha
de Eletantina vista do braço
Assuão foi a «primeira» cidade do país a norte da fron- mércio e expedições mineiras, em direcção a este c a ormental do rio; em primeiro
teira verdadeira, na ilha de Biga. oeste, que foram significativas em grande parte dos plano, as muralhas romanas
restauradas perto do pilómetro.
A parte mais meridional do país encaixa-se nas divi- períodos.
sões naturais do 1.º nomo do Alto Egipto, de Biga até Como convém à sua importância de longa data, há Em baixo. à esquerda: pavilhão
norte de Gebel el-Silsila, c dos 2.º-4.º nomos até Tebas. numerosos locais de escavação do pré-dinástico e do di- de Trajano, em Plulac, contas
nástico primitivo no alto Egipto meridional, Os perio- fundações de uma pequena
Ambas são mais ou menos iguais em comprimento, ao capela em primeiro plano: toto-
longo do rio, mas a primeira pertence à cintura de are- dos posteriores mais bem representados são o Império etatia arado en 1964 antes da
nito da Núbia, sendo um terreno inóspito e estéril, do- Antigo c o 1.º período intermédio, o princípio do Im- construção da grande barragem
minado pelo deserto e rico em minerais. Até hoje o seu pério Novo ec o período greco-romano. Todos estes Em cuna, à direta talcão colossal
carácter é fortemente núbio, foram períodos em que o governo não cra fortemente de vramto comento d entrada da
Kom el-Ahmar toi um dos mais antigos centros ur- centralizado, o que bencficiava uma zona periférica. sala Impósula do templo de tdtu:
provavelmente prolomaico.
banos, mas a sua importância declinou durante o pe- Para além da paisagem magnífica, que se vê melhor do
riodo histórico. Talvez devido à posição dominante de rio, OS monumentos mais impressionantes são agora Em baxo, à direita: complexo de
Tebas, os distritos a sul foram incluídos, durante o Im- provavelmente as capelas e relicários de Gebel el-Silsila, túmulos de Pepynakhte outros
em Qubber el-Hawa, à norte
pério Novo, no território do vice-rei da Núbia. Neste que recordam a importância da inundação para o Egipto de Assudo. À sala de entrada,
troço do rio, o vale é relativamente estreito e não podia c os grandes templos romanos: Philac, Rom Ombo, ad colunas Cds estadas estão
na cncustd APEnOSd.
alimentar uma população tão numerosa como a zona Edtu c Esna, escavadas

70

Elefantina e Assuão
Cidade e templos de Elefantina. ta

Túmulos dos Impérios Antigo


Lageita
à Novo, cavados na rocha, em
Qubbet cl-Hawa. Obelisco 4
inacabado e colosso mumiforme
a leste de Assuão.
Philae
Centro de peregrinação do
período greco-romano, com
templos de Ísis, Arensnuphis,
Mandulis, Hátor e outros.
Kom Ombo
Templo greco-romano das
triades de Sobek e Haroeris com
edificios anexos, dentro de um
recinto cercado de muros
de tijolo.
Gebel el-Silsila
Pedreiras de arenito, da 18.º End el-Moalia
dinastia ao período greco-
-romano. Capela de Haremhbab
(Grande Speos) cavada na rocha.
«Relicários» de reis e dignitários
do Império Novo, cavados na
rocha.
Edfu
Templo de Hórus do período
ptolomaico, com capela do
nascimento. Vestígios de cidade
da maioria dos periodos, com
túmulos do Império Antigo
ao Novo. Base de pilone de
Ramsés III.
Kom el-Ahmar
Povoações e cemitérios pré-
-dinásticos. Cidade e recintos de ir Abbad
templos com ruinas de todos os
períodos, particularmente do Kanayis
apr S MAGNA [E |
início do dinástico, túmulos
cavados na rocha, das 6.º à 18.: DJEBA IMESEM |!
Pad
dinastias.
El-Kab estrada principal
Recinto da cidade com templo de
Nekhbet e estruturas secundárias trilho
de todos os períodos, algumas EM1
fora do recinto. | i—
e pm fo linha férrea principal (1.44m)
«Templos do deserto» de 4
A aeroporto civil
Sheshmetet, Hátor e outros.
1 ]
a À
Uadi el-Shatt el-Rigal gn]
Túmulos cavados na rocha, 1,
<& Beni Suel cidade importante
sobretudo da 18.º dinastia. Il

Esna Gebel q) A Silsil Biba outra povoação


aHENT RR
Templo greco-romano
de Khnum na cidade. el-Kab sitios mencionados
Cemitérios do Império Médio
Seila sitio de pirâmide
e de períodos posteriores.
Templos greco-romanos Dara outro silo
destruídos nos campos próximos.
El-Mo“alla V/ om Dmbo Ghita povoação com ruinas
Túmulos cavados na rocha do 1.º
periodo intermédio. Faqus nome moderno
Gebelein TANIS nome clássico
Túmulos do 1.º período
intermédio. Templo de Hátor: MET nome egipeo antigo
todos os períodos.
Tod Pitrom nome bibkco
Templo de Montu, com ruínas
da 5.º dinastia ao período greco- escala1: 1000 000
-[OMano.
e!-Kubanma N | Ú 20 40 km
Armant Hagar el-GharbQm
Templo de Montu, 11.º dinastia el-Kubanya 5 |
e posterior, hoje quase À 0
completamente destruído. Qubbet el-Hawa Y Uadi Abu Agag
Bucheum (cemitério de bois). I al E
atala
tada q
ELEFAN
ia de Sehel |
Varragem
-— de Assuãod 4
Fa
RL
O ALTO EGIPTO MERIDIONA!

& Luxo!

ELER ANIMA pao


(sol

militar. O significado vulgar da palavra egípcia antiga

Elefantina e Assuão swenet, de que derivou o nome Assuão, é «comércio».


As principais zonas da cidade e os templos ficavam
na extremidade sul da ilha Elefantina, tendo sido habi-
Elefantina foi a capital do 1.º nomo do Alto Egipto, tadas quase continuamente desde o período dimástico
possivelmente anexado ao Egipto no início do período primitivo. Até agora pouco se pode dizer da cidade,
dinástico. Este local tem importância estratégica de- que está a ser alvo de um programa de escavações a
vido à barreira natural da 1.º catarata, imediatamente a longo prazo. À expedição encontrou um importante
sul, e ao grande número de jazidas mincrais próximas, depósito de estatuetas votivas do dinástico primitivo,
mas é uma região quase estéril, sendo possível que a semelhantes às de Kom el-Ahmar (Hieracômpolis), que
cidade tivesse sempre dependido de alimentos trazidos demonstram, indirectamente, que já existia um tem-
do Norte. Vivia do comércio e de ser uma guarnição plo nessa altura. De finais do Império Antigo provém

Tela Kitonafiêy
Tumbas
en la rocate. RÉEE
87, Lugar delta
24905 > Gralos e de

CAPA
Em cima, à esquerda: restos da
= Amigpó 4 zona sagrada da ilha Elefantina,
de la
capúno cánlera
Terraplen
iJerrapien con restos
con caníéeo
FO Na Ne virada a noroeste, com a aldeia
se A
moderna ao fundo. As paredes
de pedra que se vêem datam de
muitos períodos diferentes
(a porta que está de pé foi
restaurada).

À esquerda: colosso mumiforme


nas pedreiras de granito de
Assuão, possivelmente da 19.º
dinastia. As saliências rochosas
são características da região das
cataratas, enquanto a pedra que
está perto da estátua tem claras
marcas de ter sido cortada.
A figura em si está muito crodida
um painel incomparável, em relevo sobre madeira, e o rosto polido por gerações de
visitantes.
que cobria a entrada para uma capela funerária de um
dos notáveis da 6.º dinastia, cujos túmulos se encon- Em cima: pilar decorado do
240 tram do outro lado do rio. Um monumento de carác- túmulo de Setka, em Qubbet
RR o.
otça
E) cl-Hawa, finais da 6.º dinastia.
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[2]
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Anbquo canal del no
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ter bastante semelhante era o relicário de Heqgaib, dig- Esta é, talvez, a mais bela obra
15) [EB Embalse del solo xx nitário da 6.º dinastia que foi divinizado após a sua em relevo de Assuão. A figura do
morto tem a pele de leopardo,
morte ce continuou a ser, até ao Império Novo, alvo de o satote completo e o cabelo
escala 1:100 000
um culto local. De muitos dos períodos posteriores, curto próprios de um sacerdote
até ao período greco-romano, idoso que é descrito como
provêm fragmentos de «conde, supervisor do Phyles
relevo dos templos de Khnum, Satis e Anukis, a tríade (grupo de sacerdotes) do Alto
de divindades locais, mas nenhuma estrutura comple- Egipto». Àos visitantes do
ta, e poucos elementos in situ. Um pequeno templo de túmulo depara-se Setka; na tase
esquerda do pilar, quase
Amenófis II, com colunata, manteve-se, no entanto, INVISÍVEIS, ESTÃO TEgIStOS
praticamente intacto até 1820, assim como um edifício de animais e figuras com
oferendas movendo-se na sua
de Tutmósis II. Na zona de um templo de Alexan- direcção.
dre IV foram escavadas múmias de carneiros sagrados
32055; de Khnum, que datam do período greco-romano. As
na

O ALTO EGIPTO MERIDIONAL


mi
=
oe
e
e

múmias eram cobertas de requintadas máscaras de car-


iii

tão dourado, algumas colocadas depois em sarcófagos


de pedra que ficaram onde foram encontrados. O mo-
numento mais conhecido que se pode ver hoje na ilha,
a leste, é o Nilómetro, escada com marcas de cúbitos
ao lado, para medir a altura do rio. Os níveis de cheia
aí registados são do período romano.
Na margem ocidental, a norte da cidade, em Qubbet
el-Hawa, «cúpula ventosa» em árabe, encontram-se
os túmulos, cavados na rocha, dos chefes de expedição
do Império Antigo, de nomarcas do Império Médio
c de alguns dignitários do Império Novo. Os túmu-
los da 6.º dinastia, alguns dos quais formam complexos
familiares interligados, contêm importantes textos
biográficos, mas a decoração é escassa e provinciana.
O túmulo do decano Sarenput, da 12.º dinastia, é mui-
to mais impressionante, tanto na arquitectura como
na decoração, embora tenha também relevos apenas em
algumas partes.
As rochas de granito da catarata a sul de Elefantina
têm marcas de extracção em muitos lugares, estenden-
do-se a zona de pedreira também até uns 6 km a leste do
centro da cidade. As ruínas mais impressionantes são
um obelisco abandonado e um colosso mumiforme qua-
se acabado. O obelisco ficou defeituoso, mas não se sabe
bem porque é que o colosso nunca foi transportado.
Tanto no rio como em terra há numerosos grafitos anti- pora de Diucleciano
gos, quer comemorando expedições para extracção de templo de
pedra, quer com um objectivo mais geral. O maior con-
junto destes grafitos encontra-se na ilha de Sehel, 3 km a
sul de Elefantina. No cimo da página: a zona do
A cidade de Assuão tem poucas ruínas visíveis, talvez templo de Philae, vista de Biga:
aguarela de David Roberts
por se ter construído continuamente sobre elas. Os dois (publicada em 1846). Ao fundo
pequenos templos do período grego-romano forma- pode ver-se o templo de Biga,
vam, possivelmente, apenas uma pequena parte da zona porta E
Arirano SE
parcialmente convertido em
igreja. À parede do fundo da
sagrada original. colunata oeste forma o limite de
Philae e prolonga-se à esquerda
por um cais e pela entrada para a
porta de Adriano. Por trás pode

Philae
ver-se (da direita para a
esquerda): 1.º colunata oriental;
quiosque de Trajano; 1.º pilone;
capela do nascimento e 2.º
colunata oriental; 2.º pilone e
No seu grandioso cenário, na 1.º catarata, a luxuriante porta
de Plolomeu Il templo de Isis. No telhado do
ilha de Philae foi a mais romântica atracção turística do [5] ra fo templo de Ísis há vestígios de
casas modernas (retiradas no
Egipto do século x1x, mas com a construção da primei- templo de
Ear] século x1x).
ra barragem de Assuão passou a ficar submersa grande Imhotep quiosque de
Em cima: figura de sistro,
parte do ano. Hoje em dia, em consequência da constru-
Trajano

capela de do reinado de Ptolomeu VI


ção da Grande Barragem, os templos foram desmantela- Mandulis Filometor, na entrada para a sala
dos e reconstruídos na vizinha ilha de Agilkia. principal do templo de Hátor, em
Philae. Este motivo, muitas vezes
Os monumentos mais antigos deste local datam do coluna com capitel, compreende
reinado de Nectanebo 1, mas alguns blocos descobertos uma cabeça de Hator no sinal que
em fundações fazem recuar a história da ilha até ao rei- 7 sala de Neclanebo| A significa ouro (metal de Hátor),
ladeada por um par de uraeus,
nado de Taharga. Philae é o local da mais recente inscri- com uma forma de «naos» por
ção hieroglífica (394 d. C.) e, mais tarde ainda, de grafi- colunala o cima (o verdadeiro sistro).
tos demóticos (o mais recente é de 452 d. €.). Deste é

Os Egípcios atribuíram uma etimologia ao nome


Philae, «ilha do tempo [de Rá)», o que implica que este
local recriava o mundo primordial quando o deus-sol
PHILAE (antes da remoção dos templos)
reinava sobre a Terra. Na vizinha ilha de Biga encon- Omiliram-se as construções de lijolo (principalmente
as cristãs)
trava-se o Abaton, ou «morro puro», um dos muitos
túmulos de Osíris do país. Chegava-se a este túmulo

73
O ALTO EGIPTO MERIDIONAL
À direita: templo de Sobek e
Em baixo: porta de Adriano, em Haroeris, em Kom Ombo, visto
o Philac: relevo de Ísis (com cabeça de leste. A parede exterior de
5 de vaca) vertendo leite sobre o tijolo está em primeiro plano,
* Luxor bosque sagrado de Biga, com à com as paredes exteriores €
À «alma» ressuscitada de Osiris por interiores da vedação por trás,
N cima. Por trás está a «paisagem» as figuras colossais em relevo são
rochosa de Biga, com uma figura
romanas.
Gebel -Siias Kom Ombo da inundação na caverna de onde
Jess -
f,
emergeà , e um falcão e um abutre
(º Assudo por cima.

ed e Te ami O m-— e
O mais notável dos templos que restam é o de Hátor,
encarnando aqui a deusa encolerizada do mito, que foi

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para a Núbia espalhando a devastação e que teve de ser


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Pancas
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acalmada por Thot antes de aceder a voltar. As colunas


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do antepátio do templo contêm figuras de músicos, in-


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cluindo a do deus Bes, dando espectáculos para aplacar a


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deusa.
No extremo norte da ilha encontrava-se um templo
de Augusto e uma porta, designada por «Porta de Dio-
cleciano» (284-305 d. C.), e entre estes e o templo de Ísis
estavam duas igrejas que coexistiram, desde meados do
século Iv d. C., com os cultos pagãos, finalmente supri-
midos pelo imperador bizantino Justiniano (527-565
d. C.). A sala hipóstila do templo de Ísis foi transfor-
fe É mada em igreja e, como em muitos outros locais, as fi-
guras dos reis e deuses do templo foram desfiguradas.
di

atravessando o pequeno templo de Biga, em frente de


Philae. O templo de Ísis constituiu o zénite arquitectó-
nico de Philae e, assim, o mais importante par de di-
vindades daquele período tinha uma ilha para cada um.
Ísis era muito mais popular e tinha devotos a norte e a
sul. No período ptolomaico teve lugar um curto con- Kom Ombo
domínio entre o Egipto e os reis meroítas, que deixou
marcas na decoração do templo de Arensnuphis, cons- Kom Ombo fica num promontório, numa curva do
truído em nome de Ptolomeu IV e do rei meroíta Ar- Nilo, no extremo norte da maior região agrícola a sul de
gqamani (c. 220-200 a. C.), havendo também grafitos Gebel el-Silsila.
meroítas que datam do século m1 a. C. até ao século HI Graças a técnicas agrícolas aperfeiçoadas, foi muito
d. C. De qualquer modo, os edifícios são inteiramente importante no período ptolomaico, de que datam quase
egípcios e foram presumivelmente construídos com todos os monumentos. No entanto, Champollion viu
recursos egípcios. um portal da 18.º dinastia no muro de vedação sul e en-
A parte sueste da ilha continha, possivelmente, ha- contraram-se neste local blocos do Império Novo espa-
bitações. Os peregrinos desembarcavam perto da sala lhados. Parte do antepátio do templo foi erodida pelo
de Nectanebo I, a sul, seguindo para o espaço aberto
rodeado pela monumental colunata ocidental e pela
primeira colunata oriental. Estas são, possivelmente, TEMPLO DE SOBEK E HAROERIS
estruturas posteriores acrescentadas para cercar o gru-
po de edifícios e foram talvez inspiradas pelo planea-
mento dos espaços públicos no mundo clássico. A de-
coração da colunata ocidental é em grande parte da
época romana.
e. ir
muro de vedação interior
À ocidente encontravam-se templos consagrados aos
deuses núbios Arensnuphis e Mandulis e o templo de muro de vedação exterior
Imhotep, dignitário do faraó Djoser, divinizado, que é
santuários gêmeos
também mencionado numa estela ptolomaica de pedra
na ilha de Sehel, a norte. No intervalo norte da primeira corredor interior
colunata este encontra-se a porta de Ptolomeu II Fila-
delfo, que dá para uma pequena capela e para o quiosque corredor exterior
de Trajano, muito posterior, perto da costa oriental. sala de oferendas
A primeira parte do templo de Ísis é composta de ele-
sala hipóstila interior
mentos isolados. Por trás do primeiro pilone encontra- poço
-se um pátio, formado pela capela do nascimento, colo- sala hipóstila exterior
cada (contrariamente às convenções) em paralelo com o
cixo do templo, e pela segunda colunata este, que dá aces-
so à um conjunto de pequenas salas. A decoração destas
zonas é do fim do ptolomaico e princípio do romano. muro de tijolo
O templo principal, por trás, cuja decoração mais antiga
data de Ptolomeu TI Filadelfo, contém uma versão abre- pedra
viada do pilone completo, da entrada e da sala hipóstila, Os À
numa escala menor do que a dos outros grandes templos
daquele período, No telhado encontram-se capelas dedi-
+=

100
PS capela do nascimento
E

cadas a Osíris. RIO

74
OQ ALTO EGIPTO MERIDIONAI

Figura sentada de um deus com


oferendas à frente, incluindo uma
caixa alta, possivelmente de
instrumentos cirúrgicos,
colocada num estrado; corredor
exterior do periodo romano.

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trasciras. Este é, por sua vez, circundado por uma «-


gunda parede e corredor que abrange o pátio. Assim
duplo eixo acompanha outros aspectos duais. Alg
dos relevos do corredor interior e das suas pegu
salas estão inacabados, fornecendo uma valiosa clari
ção dos métodos dos artistas deste período. Na .>
terior do corredor exterior encontram-se algumas cuas
invulgares e bizarras e uma representação de um con-
junto de instrumentos que se tem tradicionalmente assu-
mido serem de cirurgião.
Uma figura de Haroeris, na primeira sala hipóstila,
ressuscita uma antiga técnica de adorno de relevos. Tem
um buraco em vez de olho, que deve ter sido incrustado
com vista a conferir opulência especial e vivacidade à
figura do deus.
O pequeno relicário romano de Hátor, a sul do pário,
é hoje utilizado para armazenar as múmias de crocodilos
rio, enquanto a zona por detrás da vedação é pouco ex- sagrados de uma necrópole próxima. O poço a norte d>
plorada, podendo os vestígios antigos ter sido arrastados templo é complexo e, devido à elevação deste, muito
qu o
mm

ou estar enterrados. profundo. Tal como outros poços nos recintos do tem-
Tadtrta

O rei mais antigo referido no templo é Ptolomeu VI plo, este permitia que, dentro da zona sagrada, se tirass:
Filometor e grande parte da decoração foi terminada por água pura, teoricamente proveniente das próprias águas
eit

Prolomeu XII Aulete. No princípio do período romano primevas, evitando a poluição do mundo exterior.
o

o pátio foi decorado e o corredor exterior acrescentado.


O templo é consagrado a duas tríades de divindades: So-
bek, Hátor e Khons e Haroeris (Hórus, o Velho), Tase-
netnofret (irmã do deus) e Panebtawy (o senhor das duas
terras). Os dois últimos tém nomes artificiais, que ex- Gebel el-Silsila
primem as funções de companheira que a deusa tinha
num grupo assim, e a de majestade do jovem deus. So- Uns 65 km a norte de Assuão, em Gebel el-Silsila, in-
bek é a sua tríade são deuses de primeira importância, gremes falésias de arenito estreitam o curso de água «
como se pode ver pelo facto de ocuparem a parte sul, formam uma barreira natural ao tráfego fluvial.
pois o sul é mais importante do que o norte nos esque- O nome egípcio antigo para designar este local, Kheny
Pormenor colorido do rei, bem mas de ordenação egípcios. | (ou Khenu), que foi traduzido por «O Lugar para Re-
conservado, numa coluna do A capela do nascimento, mais próxima do ro, perdeu mar», parece reflectir este facto. Às pedreiras locais, em
antepátio: reinado de Tibério.
À sua metade oeste. Apoia-se contra 0 pilone do templo especial as da margem oriental, foram exploradas desde
A coroa relaciona O rel com
Onuris-Shu; o sinal por trás dele principal, talvez porque o espaço fossejá pouco na Ant- a 18.º dinastia até ao período greco-romano.
simboliza protecção.
guidade (as traseiras do templo estão igualmente aperta- Na margem ocidental encontra-se à Grande Speos
das contra o muro circundante). O pilone tem um por- (capela talhada na rocha) de Haremhab. As sete divinda-
tal duplo, primeiro sinal de um plano complexo, em que des a que a capela cra consagrada estavam representadas,
há um cixo para cada portal principal e um número sob a forma de estátuas sentadas, num nicho ao tundo
geralmente grande de salas intermédias, culminando em do santuário, com Sobek, o deus-crocodilo local, e o
dois santuários. Da primeira sala hipóstila sai um corre- próprio faraó Haremhab entre elas. Numerosos «reh-
dor que circunda toda a parte interior do templo Cc com- cários» (câmaras) talhados na rocha, servindo de cenotá-
preende, na sua largura, algumas pequenas câmaras nas hos, foram construídos a sul da Speos por taraós (Seu l,

75
O ALTO EGIPUO MERIDIONAI

e Luxo

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Ramsés IH, Merneptah) e por altos digmitários. parti- dd
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cularmento da 18. dmasta.


As superfícies rochosas de cada lado do mo têm abun-
dantes estelas de grafitos.

Edtu
Edtu, perto do rio e sobranceira ao largo vale circun-
dante, é um local ideal para a fixação, pois está livre de
inundações mas não isolada perto do deserto. O templo
ptolomaico fazia parte de uma zona maior, que se esten-
dia para leste e sul, por baixo da cidade moderna que
deve ter contrabalançado as vastas ruínas a oeste.
A parte ocidental tem um muro de vedação interior
um exterior que datam do Império Antigo. No interior
dos muros e sobre eles encontram-se vestígios da cidade
do Império Antigo e do período greco-romano.
O muro mais recente sobrepõe-se a uma zona de tú-
mulos de finais do Império Antigo e do 1.º período in-
termédio, que se estende mais para oeste. Estes túmulos
compreendem mastabas bastante grandes, tendo tam-
bém sido encontradas estelas, estátuas c mesas de
oferendas do 2.º período intermédio e do Império
Novo.
Apenas a base do pilone de um templo de Ramsés II
foi prescrvada. Esta está convencionalmente orientada
em direcção ao Nilo e deve ter feito parte de uma cs-
trutura muito mais pequena do que a que lhe sucedeu.
O templo mais moderno faz alusão a este precursor,
ao alinhar um portal no seu primeiro pátio com um
que se encontra entre os dois maciços de um pilonce
mais antigo. Forma um complexo com uma pequena
porta a sul e, logo a sul desta porta, a casa do nasci-
mento, em ângulo recto com o templo principal. É o
templo mais completamente preservado do Egipto e a é um prolongamento do muro exterior do pátio. As Cimo da página: vista aérea
sua forma é modelar. As inscrições da construção, es- cenas e inscrições que se encontram aqui e na face ex- de norte, tirada em 1932. Vê-seo
critas cm bandas horizontais nas zonas exteriores, dão terior do muro de vedação compreendem uma lista de templo que domina o local, assim
como boa parte da elevação da
numerosos pormenores sobre a construção que come- doações de terras ao templo, provavelmente transferidas cidade. Os relevos monumentais
çou em 237 (Ptolomeu III Evérgeta 1). À parte imterior de um original demótico, uma narrativa da sua função dos muros exteriores são visíveis
mesmo a esta distância.
foi terminada em 212 (Prolomeu IV Filopator) e de- mítica ce um conjunto grandioso de relevos com um
corada por volta de 142 (Ptolomeu VIII Evérgeta II). texto «dramático» de um ritual em que Hórus venceu o Em cima: conjunto de capitéis no
A sala hipóstila exterior foi construída em separado, seu inimigo Seth. antepátio, Duas são formas
compósitas, uma tem múltiplas
tendo sido terminada em 124 (Ptolomeu VIII Evérgeta Um aspecto impressionante da parte interior do templo umbelas (2) de papiro e a outra
Il). A decoração desta ec de outras partes foi terminada é a exploração subtil da luz — ou da escuridão. Algumas uma única umbela com os
em 57. Em grande parte, o trabalho prosseguia, inde- salas estão completamente às escuras, enquanto noutras a pedúnculos decorados. O capitel
com folhas de palmeira é um tipo
pendentemente da situção política, mas foi suspenso luz entra por aberturas entre as colunas da sala hipóstila e antigo de associação solar e
por mais de 20 anos, durante os tumultos no Alto por orifícios no tecto ou no ângulo entre O tecto e uma também aquáticojá, que as
Egipto, nos reinados de Prolomeu IV e Prolomeu V parede. O percurso é, em geral, da luz para a sombra, palmeiras crescem muitas vezes
junto de charcos. As arquitraves
Epifanes. recebendo o santuário apenas luz de um eixo. O efeito de têm cenas solares,
A invulgar orientação do templo, em direcção a sul, tudo isto devia ser incomparavelmente mais rico quando
Cc, talvez, devida à natureza do local. Por detrás do os relevos mantinham as suas cores originais. À direita: vista do leste da sala
póstila de Edru. À altura co
pilone, o pátio, o único do seu tamanho que se conscr- O naos monolítico, de sienito muito polido, que se pequeno mtervalo entre as colunas
vou, tem colunas com pares de capitéis de formas encontrava no santuário, devia conter um relicário de restringem q sensação de espaço; O
características, tal como outros edifícios daquele perío- madeira com à imagem de culto do deus — provavel- resultado retlecie o simbolismo de
pántano ou matagal da sala. Às
do, gue conferem variedade a formas de outro modo mente com 60 em e teita de madeira coberta de ouro c colunas têm formas de plantas na
uniformes. Os portais por trás do templo dão acesso a pedras semipreciosas. E o objecto mais anugo do tem- base Lixas com Motivos
uma zona limitada pelo muro de vedação de pedra que plo, datando de Nectanebo LI,
emblematicos por coma é por baixo
das cenas de oferendas centrais.

76
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O ALTO EGIPTO MERIDIONAL

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c* Luxor

Kom el-Ahmaro

Assuão

As zonas exteriores da capela de nascimento estão mui- pério Novo foi substituída no seu papel por el-Kab e
to mais em ruínas, mas o santuário e o deambulatório pertenceu ao território administrado pelo vice-rei de
estão bem conservados. No deambulatório sul os relevos Kush.
estão abrigados do constante vento norte e alguns deles Podem discernir-se vastas ruínas de povoações pré-
conservam a cor, dando uma ideia do efeito dos tons utili- -dinásticas e de cemitérios, numa extensão de cerca de
zados neste período sobre vastas superfícies. 3 km ao longo do limite do deserto, a sul e sudoeste de
Tal como outros templos mais recentes, Edfu foi esva- el-Muissat, sendo particularmente densas a leste do uadi
ziado do seu mobiliário e equipamento quando deixou de em frente do qual se situa Kom el-Ahmar. Uma estru-
ser utilizado. Temos, no entanto, a sorte de ter um par de tura de tijolos cuja finalidade não se conhece ao certo
estátuas colossais de falcões ladeando a entrada e um único («A Fortaleza»), provavelmente do dinástico primitivo,
junto à porta que dá para a sala hipóstila. Um grupo de situa-se a uns 500 m para dentro do uadi. O famoso
estátuas de rapazes nus, de tamanho maior que o natural «Túmulo Decorado 100» foi encontrado no fim do sé-
— provavelmente o jovem deus Ihy ou Harsomtus —, culo passado, na parte mais oriental da zona de
que jaz agora no pátio, deve também ter feito parte da povoamento/cemitério, tendo-se entretanto perdido.
decoração monumental do templo, atenuando o seu actual A parede ocidental do túmulo subterrâneo, de tijolos,
aspecto austero. de tamanho modesto (4,5 m por 2 m por 1,5 m), era
decorada com uma pintura notável, representando bar-
cos, animais e homens. Pertencia, possivelmente, a um
dos chefes locais de finais do período pré-dinástico e é

Kom el-Ahmar
importante como indicador da crescente estratificação
social da sociedade egípcia, assim como documento que
mostra as convenções e motivos da arte egípcia em for-
mação.
No início da 1.º dinastia, a cidade, de forma irre-
Q gular, conhecida por Kom el-Ahmar, substituiu a po-
Kom el-Ahmiar voação mais antiga no limiar do deserto. O seu canto

recinto :
de um templ

“o

Em cima: pequenas estatuctas


votivas de marfim c de taiança,
E) do período dinástico primitivo,
decorado 100» provenientes do «Depósito
0 400 m Principal» do templo de Kom
Do=55=""= 100 pes el-Ahmar. Oxford, Museu
Ashmolean.

Kom el-Ahmar («O Morro Vermelho»), antiga Ne-


khen, localiza-se um pouco mais de 1 km a sudoeste da
aldeia de el-Muissat, na margem ocidental do Nilo. Ne-
khen teve um papel importante na mitologia egípcia:
Juntamente com Nekheb (el-Kab), na margem oposta,
representava a contrapartida, no Alto Egipto, das cida-
À esquerda: leão sentado,
des gémeas de Pe e Dep (moderna Tell el-Farain), no cerâmica com cobertura
delta. As figuras com cabeça de chacal, conhecidas por vermelho-brilhante,
«As Almas de Nekhen», são, talvez, personificações dos provavelmente da 3.º dinastia.
Esta escultura tem vários aspectos
mais antigos soberanos de Nekhen. O deus principal da invulgares, em especial o
cidade era um falcão com duas grandes plumas na cabeça tratamento esquemático das
(Nekheny, o Nekhenita), desde muito cedo assimilado a orelhas e da juba sobre o peito
do animal como se fosse um
Hórus (Hórus, o Nekhenita), e o nome grego da cidade, bibe, imitando um lenço de
Hicracômpolis, reconhecia este facto, Nekhen foi o an- cabeça, Altura, 42,5 em.
tigo centro do 3,º nomo do Alto Egipto. Durante o Im- Encontrada no templo. Oxford.
Museu Ashmolean.
78
O ALTO EGIPTO MERIDIONAL

Ponta de cerimónia de calcário do


rei « Escorpião» (do sinal de um
escorpião junto ao rosto do rei),
talvez identificado com Narmer.
A cena principal da decoração em
relevo representa uma cerimôma
da fundação de um templo, com
o rei cavando a primeira vala.
Altura, 25 cm. Proveniente do
«Depósito Principal». Oxford,
Museu Ashmolcan.

Em

sul, que ocupa cerca de um sexto da área total, era O objectos do «Depósito Principal» (paletas, pontas de
complexo de templos. Este foi parcialmente desco- maças, vasos de pedra, figuras esculpidas cm marfim,
berto durante as mais importantes escavações levadas a etc.) datam da época dos dois faraós de princípios do
cabo em Hicracômpolis, em 1897-1899. Aos escava- dinástico já mencionados, embora tenha sido proposta
dores, J. E. Quibell e F. W. Green, depararam-se uma data posterior para algumas peças sem incrições,
grandes dificuldades técnicas, para as quais a arqueolo- Encontraram-se no templo monumentos de quase to-
gia egípcia não estava ainda devidamente equipada. Na dos os períodos posteriores, mas estes não são muito
sua forma mais antiga, o templo de tijolo continha numerosos nem espectaculares, à excepção dos da
aparentemente um montículo de areia revestida de pe- 6.º dinastia (duas grandes estátuas de cobre represcn-
dras, talvez o protótipo do sinal hieroglífico com que tando Pepi Le Merenre, uma estela de granito repre-
se escrevia o nome Nckhen. O faraó Narmer foi o sentando um faraó Pepi na companhia de Hórus
principal benfeitor, juntamente com Khasckhem/ Hátor, uma base de estátua de Pepi Il, possivelmente
|Khasckhemwy. Numa altura posterior, muitos dos também a cabeça de uma imagem de ouro de um tal-
objectos votivos que tinham sido oferecidos ao templo cão), podendo nessa época ter sido teitas alterações
foram reunidos e depositados num esconderijo (o cha- à estrutura.
mado «Depósito Principal»). Não é claro quanto c No uadi da «Fortaleza» e nos seus ramos subsidia-
porque se fez isso, talvez devido à uma reconstrução nos foram encontrados túmulos cavados na rocha
do templo ou à incerteza dos tempos. Muitos dos vom decorações v MISCTIÇÕES, desde a 6 a 8. dinastia.

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O ALTO EGIPTO MERIDIONAL

l
e

e Luxor
Esnde
e El-Kab

e Assuão

mentos reais e divinos, sendo por isso equiparada, no À esquerda: um dos templos do

el-Kab período greco-romano, à Eileithya grega, quando a ci- deserto, em el-Kab, o santuário
ptolomaico da deusa Sheshmetet,
dade se chamava Eileithiyáspolis. Pelo menos desde cavado na rocha, visto do sul.
o início da 18.º dinastia, Nekheb serviu de capital do
3.º nomo do Alto Egipto, embora tenha mais tarde ce-
dido o seu papel a Esna.
A vista do recinto da cidade de el-Kab, que mede
cerca de 550 m por 550 m e está rodeado de maciços
muros de tijolo, é muito impressionante. A muralha
contém o templo principal de Nekhbet, com várias es-
truturas anexas, incluindo uma capela do nascimento,
bem como templos mais pequenos, um lago sagrado e
alguns cemitérios antigos.
É provável que as modestas estruturas dos templos
tenham sido erigidas em el-Kab ainda no período di-
nástico primitivo, facto sugerido pela presença de um
bloco de granito com o nome de Khasekhemwy.
Os mais antigos vestígios de actividade humana na zona Durante o Império Médio, Nebheptre Mentuhotepe,
de el-Kab datam de cerca de 6000 a. C.: o chamado ka- Sebekhotepe II (capela do ritual sed) e Neferhotep III
biano, uma indústria microlítica que antecede as culturas (Sekhemre-sankhtawy) deram atenção a este local. As
neolíticas conhecidas no Alto Egipto. A antiga Nekheb, grandes actividades de construção no templo de Nekh-
na margem oriental do Nilo, e Nekchn (Kom el- bet começaram na 18.º dinastia. Quase todos os faraós «Num local chamado Caab...
-Ahmar), do lado oposto do rio, foram povoações mui- deste período deram a sua contribuição, de modo mais descobrimos algo que parecia
to importantes durante os períodos pré-dinástico e di- ou menos importante, mas Tutmósis Ill e Amenófis Il uma peça da Antiguidade....
chegámos às ruínas de um templo
nástico primitivo. Esse facto reflectiu-se na elevação da parecem ter sido os mais proeminentes. Após o inter- antigo, consistindo em seis
deusa de Nekhbet, a deusa-abutre de Nekheb, ao esta- lúdio do período de Tell el-Amarna, os Raméssidas pilares em duas filas, com os
tuto de deusa tutelar dos faraós egípcios (juntamente telhados intactos. Um pouco
continuaram a glorificar Nekhbet, ampliando o seu a norte estão os fragmentos de
com a deusa-serpente, Wadjit, do Baixo Egipto). Nekh- templo. Há também testemunhos de Taharqa, da 25.º muitos outros pilares partidos
bet era considerada como a deusa do Alto Egipto par dinastia, Psamético I, da 26.º, e Dario I, da 27.º, mas a c bastantes outras ruínas, €,
excellence'. Conhecida também por «A Branca de Ne- curiosamente, ornadas de
forma sob a qual o templo, agora muito dilapidado, hieróglifos, etc.» (C. Perry, Vista
khen», era uma das divindades que ajudava aos nasci- surgiu aos olhos dos arqueólogos deveu-se, sobre- do Levante, 1743, p. 361,
tudo, aos reis das 29.º e 30.º dinastias (Hokaris, Necta- descrevendo as colunas da sala
hipóstila de Hakoris, no templo
! Em francês no original. nebo I e Nectanebo II). de Nekhbet).
tempro de Nekhbel

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templo de Thol relicarnio (e
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capela construida SLANDO 214 A ES
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OQ ALTO EGIPTO MERIDIONAL

Templo de Khnum, em Kom


cl-Deir, a noroeste de Esna, hoje
destruído; gravura feita durante
a expedição de Napoleão de
1798-1800.

do dos Raméssidas. Dois deles, os de Amósis Penne-


khbe (n.º 2) e Amósis, filho de Ebana (n.º 5), são famo-
sos pelos seus textos biográficos. A captura da capital
dos Hicsos, Avaris, o cerco de Sharnuhen, na Pales-
tina, pelo faraó Amósis, c as campanhas da Síria e da
Núbia dos reis do princípio da 18.º dinastia estão entre
os acontecimentos históricos ali mencionados. Outro
túmulo, o do presidente da câmara de Nekheb, Pahe-
ry, é notável pelos seus relevos. À noroeste dos
outros, mais perto do rio, encontra-se um túmulo
decor"do, datando provavelmente da época de Ptolo-
meu II Evérgeta 1.

Esna
Esna, a Junyt ou (Ta)scenet do Antigo Egipto, foi desig-
nada em grego por Latopolis, devido ao peixe Lates. ah
considerado sagrado e enterrado num cemitério a oeste
da cidade.
Na mesma zona há cemitérios humanos do Império
Médio e do período tardio.
O templo de Esna fica a cerca de 200 m do no, no
meio da cidade moderna. Devido à acumulação de detri-
tos de ocupação e de sedimentos, fica actualmente cerca
de 9 m abaixo do nível da rua. À avenida cerimonial.
que devia ligar o cais ao templo, desapareceu. O cais
tem cartuchos de Marco Aurélio c ainda é utilizado. Os
textos do templo relacionam-no com quatro outros na-
quela zona, três a norte e um na margem oriental, todos
cles totalmente desaparecidos, embora ainda se pudesse
ver partes deles no século x1x. Em Kom Mer, 12 kma
sul, foi recentemente escavado outro templo do mesmo
Sd dd a net período.
E AS
EA ações
O templo é consagrado a Khum c a várias outras
divindades, as mais importantes das quais são Neith «
Fachada do templo de Khnum, Fora do recinto encontravam-se duas capelas, actual- Heka, cujo nome significa «poder mágico» e que é
em Esna, século 1 d. C. As portas
mente destruídas. A primeira, a cerca de 750 m a noro- aqui uma divindade-criança. No estado em que sc en-
laterais que dão para a sala
hipóstila têm importantes textos este, foi construída por Tutmósis IJ, ec a outra, fora do contra, consiste apenas numa sala hipósuila inteira-
mitológicos c eram as entradas muro de vedação nordeste, por um dos Nectanebos. mente preservada, cuja parede oeste formava o princi-
normais dos sacerdotes. pio do templo interior. Esta parede é anterior às res-
A uns 2,2 km a nordeste, na entrada para o uadi Hellal,
encontra-se o primeiro dos chamados «templos do de- tantes, com relevos de Prolomeu VI Filometor c
serto», santuário da deusa Shesmetet (Smithis), parcial- Prolomeu VII Evérgeta IL. O resto da sala hipóstila é
mente cavado na rocha. Foi construído em grande parte o mais recente templo importante conservado, sendo
por Ptolomeu VIII Evérgeta Il e Ptolomeu IX Sóter II. decorado no interior e no exterior com relevos dos sé-
Cerca de 70 m a sueste deste está a capela, bem conser- culos retido C. Algumas cenas, nomeadamente à de
vada (conhecida por «el-Hammam»), construída pelo deuses e rei apanhando aves com redes, são extrema-
vice-rei de Kush, Setan, durante o reinado de Ramsés Il, mente imponentes.
e restaurada sob os Ptolomeus. Era provavelmente con- OQ aspecto mais importante da decoração é a sério de
sagrada a Rá-Harakhty, Hátor, Amon, Nekhbet e ao textos escritos nas colunas, que fornecem um retrato
próprio Ramsés II. Mais longe, a cerca de 3,4 km do completo e rico de algumas festas do ano sagrado em
recinto da cidade, Tutmósis IV e Amenótis IH construi- Esna, apresentado de forma esquemática num calen-
ram um templo para Hátor, «Senhora da Entrada do dário, também inseto muma colunas Para além disso,
Vale», ve Nekhbet. há ainda um notável par de hinos criptográficos q
Uns 400 m a norte da cidade existem túmulos cava- Kbum, um escrito inteiramente com hreróghtos de car-
dos na rocha, sobretudo da primeira metade do perio- netos c outro com crocodilos.

81
O ALTO EGIPTO MERIDIONAI

Armant a
Gebelem
e Tod
Sa el-Moalla

e Assuão
EsE

el-Moalla
Os monumentos mais importantes de el-Moalla (prova-
velmente equiparada a Hefat do Antigo Egipto) são dois
túmulos do início do 1.º período intermédio, decorados
e cavados na rocha, pertencentes a Ankhtifi e Sebekho-
tepe. Para além das suas pinturas não convencionais, O
túmulo de Ankhtifi contém textos biográficos interes-
santes que descrevem a situação nos nomos do Sul, a
seguir ao final do Império Antigo.

No extremo esquerdo, em cima:


túmulo de Ankhtifi, em el-
Moalla: o morto, num barco
de papiro, espetando um peixe
com um arpão. Às figuras da
mulher e filhas, de pé por trás
dele, foram recentemente
destruídas por ladrões de
túmulos. Pintura. 1.º período
intermédio.

Gebelem Em cima e no extremo esquerdo,


em baixo: tâmulo de In, em
Gebelein. Três jovens nus,
em árabe do ajoelhados, talvez a fazer
O nome desta localidade significa o mesmo ginástica, e uma cena de
que em egípcio antigo «Os Dois Montes», e deriva do transporte e armazenamento de
pormenor da paisagem mais notável, visível da margem cereais em celeiros.
Pintura. 1.º período intermédio.
ocidental do Nilo, no local onde confinam os 3.º e 4.º Turim, Museu Egípcio.
nomos egípcios.
Encontraram-se túmulos no monte ocidental, en- À esquerda: templo ptolomaico
de Tod.
quanto no monte oriental havia um templo de Hátor
(daí o nome grego da localidade, Pathyris, de Per-
-Hator, «O Domínio de Hátor», ou Afroditópolis).
O templo parece ter já existido na 3.º dinastia e foram
também descobertos relevos, estelas ou inscrições da-
tando do tempo de Nebhepetre Mentuhotepe, de vários
faraós da 13.º dinastia (Djedneferre Dedumose II, Dje-
dankhre Mentuemzafe Sekhemre-sankhtawy Neferho-
tep HI) e da 15.º dinastia (Khian c Awoserre Apophis).

mário Ba
O ALTO EGIPTO MERIDIONAL
ETR nara

ÉA
e q Ea '

Pashã x
np
nesa)

Estátua de granito negro do


arauto de Scbekemsauf, cunhado
de um dos reis do 2.º período
intermédio. Esta escultura, vista
por John Gardner Wilkinson, em
, a
Armant, na primeira metade do
: hi século passado, está actualmente
KENT no Kunsthistorisches Muscum,
Re ha > em Viena, mas a sua base com os
RAR a pés (nesta fotografia são um
A pio molde) está no Museu Nacional
"do oyo a
Rd Ne da Irlanda, em Dublim. Altura,
1.50 m.
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A antiga luny, na margem ocidental do Nilo, no 4.º


nomo do Alto Egipto, era um dos mais importantes lo-
cais de culto do deus da guerra, Montu, e capital de todo
o nomo, incluindo Tebas, até ao princípio da 18.º dinas-
tia. Armant, o nome moderno, deriva de lunu-Montu,
Ermont em copta e Hermonthis em grego.
Já na 11.º dinastia, cujos soberanos eram, talvez, ori-
ginários de lá, existia em Armant um templo dedicado
O templo funcionava ainda no período greco-romano, a Montu, sendo Nebhepetre Mentuhotepe o constru-
tendo-se encontrado nesta zona alguns papiros em de- tor mais antigo que se conhece com certeza. O templo
mótico e grego. A cidade situava-se na planície por bai- foi alvo de importantes amplicações durante a 12.º di-
xo do monte oriental. nastia c o Império Novo, de que os restos do pilone de
Tutmósis III são a única parte ainda visível. O templo
foi destruído em data incerta, durante o período tar-
dio, e a sua história só pode ser reconstituída através

Tod de blocos reutilizados ou isolados. No reinado de Nec-


tancbo II deve ter-se começado a construir um novo
templo, trabalho que os Ptolomeus continuaram.
Ao que parece, já no reinado de Uscrkaf, da 5.º dinastia, A contribuição mais importante para o aspecto deste
existia uma capela na antiga Dyerty egípcia (Tuphium do local foi feita por Cleópatra VII Filopator c Ptrolo-
período greco-romano), na margem oriental do Nilo. meu XV Caesarion, que construíram uma capela do
Importantes actividades de construção, ligadas ao culto nascimento com um lago. O edifício existia ainda na
local do deus Montu, tiveram início no Império Médio, primeira metade do século passado, mas encontra-se
durante os reinados de Nebhepetre Mentuhotepe, San- agora completamente destruído. Foram também encon-
khare Mentuhotepe e Sesóstris |, mas os seus templos trados dois portais, um dos quais erigido por Antonino
estão actualmente destruídos. No Império Novo, [ut- Pio. O Buchem (do egípcio antigo bekh), local de enter-
mósis HI edificou um relicário da barca de Montu, ainda ro de bois sagrados Buchis de Armant, fica no limiar do
parcialment conservado, e Amenófis II, Seu |, Amene- deserto, a norte de Armant. À sepultura mais antiga
messe e Ramsés II ec Ramsés IV levaram a cabo alguns data do reinado de Nectanebo Ile o Bucheum toi un
trabalhos de restauração. Ptolomeu VIIL Evérgeta 1] zado durante cerca de 650 anos, até ao remado de Dio-
acrescentou ao seu templo um lago sagrado em frente do cleciano. Foi também encontrado o local de sepultura
templo de Sesóstris [e ali perto encontra-se um quios- das vacas «Mãe de Buchis», À volta de Armant existem
que do período romano, grandes cemitérios de todas as épocas,

R3
TEBAS

A Waset do Antigo Egipto foi designada pelos Gregos quando a cidade foi capital do país. Os seus templos «As pirâmides, as catacumbas e
algumas outras coisas que se —
por «Thebai», mas não se sabe por que razão. Tem sido eram os mais importantes e ricos e os túmulos, prepara-
podem ver no Baixo Egipto são
sugerido que a pronúncia dos nomes egípcios Ta-ipet dos, na margem ocidental, para a élite dos seus habitan- consideradas grandes maravilhas,
tes, os mais luxuosos que o Egipto alguma vez viu. e justamente preferidas ao que O
(Ipet-resyt era o templo de Luxor) ou Djeme (Medinet resto do mundo se possa orgulhar
Habu) era semelhante à do da cidade da Beócia, mas este Mesmo quando, em finais da 18.º dinastia e durante o de ter. Mas se estas desafiam à
argumento não é muito convincente. período dos Raméssidas, a residência e o centro das acti- primazia a todo O mundo não
vidades reais se transferiram para norte (Tell el-Amarna, egípcio, por um lado, têm, por
Waset ficava no 4.º nomo do Alto Egipto, bem para outro, de conceder a glória da
sul. A sua situação geográfica contribuiu bastante para a Mênfis e Per-Ramsés), os templos tebanos continuaram superioridade aos muitos templos
importância histórica da cidade: ficava perto da Núbia e a prosperar, os monarcas continuaram a ser enterrados antigos, etc., de Saaide [Alto
Egipto)» (C. Perry, Vista do
do deserto oriental, com os seus valiosos recursos mi- no vale dos Reis e a cidade a manter uma certa impor- Levante, 1743, prefácio).
nerais e rotas comerciais, e distante dos centros de poder tância na vida administrativa do país. Durante o 3.º perí-
restritivos do Norte. Os soberanos locais de Tebas dos odo intermédio, Tebas, tendo à sua frente o sumo-
princípios da história egípcia seguiram políticas expan- -sacerdote de Ámon, contrabalançou o reinado dos
sionistas activas, em especial nos 1.º e 2.º períodos inter- faraós das 21.º e 22.º dinastias, cuja sede de governo era
médios. Durante este último tais políticas foram disfar- em Tanis, no delta. À influência de Tebas apenas termi-
çadas como uma reacção egípcia contra os invasores es- nou no período tardio.
trangeiros (os Hicsos). São raros os monumentos anterio- À parte principal e, provavelmente, mais antiga da ci-
res ao final do Império Antigo c Wasct pouco mais era dade e os templos mais importantes ficavam na margem
do que uma cidade de província, À sua ascensão a um oriental. Do outro lado do rio, na margem ocidental,
lugar de relevo teve lugar durante a 11.º dinastia e, em- ficava a necrópole, com túmulos e templos funcrários,
bora a capital tivesse sido transferida para Itjtawy no iní- mas também a parte ocidental da cidade. Amenófis II
cio da 12.º dinastia, Tebas, com o seu deus Ámon, foi tinha o seu palácio em cl-Malqata e, durante o período
considerada centro administrativo do Alto Egipto mcri- dos Raméssidas, a própria cidade de Tebas estava cen-
dional. O seu auge teve lugar durante à 18.º dinastia, trada a norte, em Medinet Habu.

84
J SÓ040

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Tumba-d6 | lbs faraonês Tulmosis ll ———


las'lres pricasas (Biban elMuluk) Peste R
de Tutmosis Ill 3) -
7100 m , Aro a j À “ UM

ea VN. NUS db Templo


de Mentuhotpo
Templo déjHaishepsuto Hm 1 =
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Templo de Ramsés IV Templo


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Templo da Tulmosis Ill
DA 4 Deir-oEM gdina prelo 06
1» Valêço lágífeinas =>
A, o = e) Ill (Rameseum)
—) Bah aten) Aldga do Ra Qurnel-Murai
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Templo da Tulmosis,
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= Templo da ecinto de Montu
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adina! Habu Colosgjs de Memnón as, ,


Lugar del ao OS
Das a
pocrtaê Amén
LugarGe templo |,
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de Amanofis III + Templo de Thoth
Qasr elAqui / seo Iv
PMES.

Birket Habu

Dair el-Shehwil
> Tamplo de |s15

carretera

== larrocarri

escala 1:50 000

Luxor Túmulos reais


Templo de Ámon, em grande el-Tarif: 11.º dinastia,
parte das épocas de Amenófis II, Dara Abu cl-Naga: 17.º dinastia.
Ramsés Ile Alexandre Magno. Vale dos Reis: 18.º a 20.º
dinastias, incluindo túmulo
Carnaque de Tutankhamon.,
Recintos de Ámon, Montu Deir el-Medina: aldeia
e Mut, com o templo de Khons de trabalhadores.
e numerosos templos e capelas
menores da 12.º dinastia do Túmulos particulares
período greco-romano. Túmulos datando da 6.º dinastia
ao período greco-romano.
Margem ocidental: templos
Deir el-Bahari: templos
funerários de Nebhepetre
Mentuhotepe e Hatshepsut e
templo de Amon erguido por
Tutmoósis LL.
Ramscum: templo funerário
de Ramsés IL,
Medinet Habu: templo de Ámon,
da 18.º dinastia e posterior, é
templo funerário de Ramsés III.
Outros templos funerários, em
particular os de Seti 1, em Qurna,
e Amenófis III, com os
«Colossos de Memnon».
me |
TEBAS

direcção alameda de esfinges


Carnaque de cabeça humana de
e Nectanebo |
capela de ca
pela
Serápis de Hátor

0 gbelisco pilone de

or ad

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oo dlo 000000
oo felitárioda 29] mesquita de
oo trade tebana oo/| Abu el-Haggag
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dá pátio de o
oo Ramsésil o
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Do

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00000

o
000000
000000
colunata
Os vestígios textuais e arqueológicos indicam que precessional
no de Amenófis Ill
início da 18.º dinastia, ou ainda antes, existia um
santuá-
no no local do templo de Luxor ou na sua vizinhança,
mas o templo que podemos ver hoje em dia foi construí-
do essencialmente por dois faraós, Amenófis III (a par =|
e
| EES=TE
o = E,
te 000000 000000
interior) e Ramsés II (a parte exterior). Vários out
ros 000000 000000
soberanos contribuíram para as suas inscrições e decora 00o co
Oo ni
- do antepátio oo
ções em relevo, acrescentando pequenas estruturas ou
fazendo alterações, sobretudo Tutankhamon, Harem- ooas
oo
de
Amenófis Il [
28
90
hab e Alexandre Magno. Um santuário mais antigo, oo
So
Do
oo
da tríade tebana, foi incorporado no pátio de Ramsés II. oo
Do
oo
oo
O comprimento total do templo, entre o pilone e a 0000 0000
0000 0000 sala hipóstila
parede do fundo, é de quase 260 m. 0900
0000
0000
0000L
O templo era consagrado a Ámon (Amenemope), que f] 1 a relicário
tomava, em Luxor, a forma do Min ictifálico. Estava o Ts TEST Tomano
em estreita ligação com o Grande Templo de Ámon, em TETE “Sala do nascimento»
Carnaque, e uma vez por ano, durante o segundo e ter- oe relicário da
ceiro meses da época das cheias, tinha lugar em Luxor —harça de Alexandre
templo dinástico, pedra Magno
uma longa festa religiosa, durante a qual a imagem de
Ámon de Carnaque visitava o seu Ipet-resyt, «lpet do estruturas posteriores , 0 50 m
relicário de
(sobretudo romanas), tijolo TEO pés
Sul», como era chamado o templo. Amenófis |Il o
No final do reinado do imperador romano Dioclecia-
no, logo a seguir ao ano de 300 d. C., a primeira antecâ-
mara da parte interior do templo foi convertida em san-
tuário do culto imperial, servindo a guarnição militar
local e a cidade, e os estandardes e insígnias da legião
eram lá guardados. Era decorado com magníficas pin-
turas, ainda visíveis no século xIx, mas quase completa-
mente perdidas actualmente. Uma pequena mesquita de
Abu el-Haggag, construída no pátio de Ramsés 11
durante o período dos Aiúbidas (século xi d. C.), ain
da
lá se encontra.
Uma alameda de esfinges de ca beça humana de Necta-
nebo 1 ligava Carnaque, cerca de 3 km à norte, a
Luxor,
levando o visitante até a um muro de vedação de
tijolo.
No antepátio que precedia o templo propriame
nte dito
encontravam-se várias estruturas posteriores,
inclusive
uma colunata de Shabaka (mais tarde desman
telada) e ca-
pelas de Hátor (construída por Iaharga)
e de Serápis
(construída por Adriano). As paredes de
tijolo cozido, vi-
siveis a leste e oeste do templo, são restos
da cidade ro-
mana, contemporânea do santuário imperial.
O templo tem, no frontispício, um pil
one de Ram-
sés 1, com relevos e textos no seu ext
erior, relatando a

86
TEBAS

No extremo esquerdo: colunata


de Amenófis II vista de
sudoeste, com o pilone de
Ramsés Il visível por trás ea.
à
mesquita de Abu el-Haggag
direita.

À esquerda: o pilone visto de


norte, com Os restos das colossais
estátuas de pé de Ramsés II, fora
da porta lateral do pátio, e as
maciças colunas papiriformes
da colunata processional de
Amenófis Hà direita.

À direita: o pilone em 1838,


pouco depois da remoção do
obelisco norte, visto pelo artista
escocês David Roberts (1796-
-1864). As colossais estátuas
sentadas de Ramsés II fora
do pilone ainda estavam meio
enterradas.

No extremo direito, em cima:


colunas da sala hipóstila, com

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capitéis em forma de umbelas

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E
E
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de papiro fechadas e ábacos

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e arquitraves com nomes € textos

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de Amenófis TIL.

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Em cima e no extremo direito, em história da famosa batalha contra os Hititas, em Qadesh, A entrada para a colunata processional de Amenó-
baixo: pinturas das paredes do sa-
cellum romano: secção da parede
na Síria, em 1285 a. C. Em frente do pilone encontra- fis III, a norte, com sete colunas -de cada lado, tem
leste e parte das representações à vam-se inicialmente dois obeliscos de granito vermelho, dois colossos sentados de Ramsés Il com a rainha
esquerda da ábside (recanto semi- de que resta apenas um, de cerca de 25 m de altura, Nefertari junto à sua perna esquerda, enquanto do
circular criado pela conversão das lado sul se encontram duas duplas estátuas sentadas
1.º e 2.º antecâmaras do templo
tendo sido o outro retirado e colocado na Praça da Con-
mais antigo). Registadas por Sir córdia, em Paris, em 1835-1836. Várias estátuas colos- de Ámon e Mut. As paredes por trás das colunas fo-
John Gardner Wilkinson, em 1856, sais de Ramsés II, duas das quais sentadas, ladeiam a ram decoradas por Tutankhamon e Haremhab, com
entrada. A porta central do pilone foi decorada em parte
ou antes (anteriormente à data ci- relevos representando a festa de Opet, os da parede
tada em estudos especializados).
Hoje perderam-se quase completa- por Shabaka. oeste representam uma procissão de barcas entre Car-
mente.
O pátio com peristilo de Ramsés II, por detrás do naque e Luxor e os da parede leste a sua viagem de
pilone, tem 74 colunas papiriformes, com cenas do faraó regresso.
diante de várias divindades. As colunas estão dispostas Um antepátio com peristilo, de Amenófis HI, une-se
Página seguinte: duplo pormenor
de uma estátua de granito, de em dupla fila, dos lado do pátio, e são interrompidas por com a sala hipóstila, primeira sala da parte interior do
Amenófis II, com um cartucho de um relicário que consiste em três capelas (ou estações de templo, inicialmente coberta. Esta dá acesso a uma série
Memeptah acrescentado. Prove- barcas) de Ámon (centro), Mut (esquerda) ce Khons de quatro antecâmaras com salas secundárias. À cha-
niente de Luxor. «O cargo de rei é
um belo cargo: como não tem fi- (direita), construídas por Hatshepsut e Tutmósis HI e mada «Sala do Nascimento», a leste da segunda antecá-
lho ou irmão que faça os seus mo- redecoradas por Ramsés II. Foi certamente à existência mara, é decorada com relevos representando o «nasci-
numentos perdurarem, tem de ser
deste relicário que causou o considerável desvio dos edi- mento divino» simbólico de Amenófis LI, resultante da
um a olhar pelo outro; um homem
faz coisas pelo seu antecessor, na fícios de Ramsés Il em relação ao eixo do templo an- união de sua mãe, Mutemwia, e do deus Ámon. Ale-
esperança de que a sua obra será terior de Amenófis II. Nos intervalos entre as colunas xandre Magno construiu uma estação da barca na tereci-
conservada por quem vier depois» ra antecâmara. O Santuário de Amenótis HI é a última
(Papiro de Leninegrado I16A da fila da frente, na extremidade do pátio, encontram-se
recto, 116-118). colossais estátuas de pé do faraó. sala no eixo central do templo.

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TEBAS

Carnaque
O nome de Carnaque derivado do de uma aldeia mo-
derna próxima (el-Karnak), é utilizado para designar
uma vasta aglomeração de ruínas de templos, capelas e
outros edifícios de várias épocas, medindo cerca de
1,5 km por, pelo menos, 0,5 km. Esta era a Ipet-isut
do Antigo Egipto, «O Mais Selecto dos Locais», prin-
cipal lugar de culto da tríade tebana, com o deus Amon
à frente. mas também de várias divindades «convida-
das». Nenhum outro lugar do Egipto deixa uma im-
pressão mais irresistível e duradoura do que este
aparente caos de paredes, obeliscos, colunas, estátuas,
estelas e blocos decorados. Depois de os soberanos de
Tebas c o deus Ámon terem atingido a notoriedade, no
princípio do Império Médio, e em especial a partir do
início da 18.º dinastia, quando a capital do Egipto foi
firmement- estabelecida em Tebas, os templos de Car-
naque foram construídos, ampliados, demolidos,
acrescentados e restaurados durante mais de 2000 anos.
O templo de Ámon era, ideológica e economica-
mente, a mais importante instituição do género em
todo Egipto.
Este sítio pode ser convenientemente dividido em três
grupos, definidos geograficamente pelos restos das
paredes de tijolo que rodeiam o recinto do templo.
O maior e mais importante é o recinto central, o templo
de Ámon propriamente dito. O recinto norte pertence a
Montu, deus local original da zona de Tebas, enquanto
ATE

o recinto de Mut se situa a sul e está ligado ao de Ámon


por uma alameda ladeada de esfinges com cabeça de car-
o pt

neiro. Uma avenida de esfinges ligava Carnaque ao tem-


]

plo de Luxor, sendo os templos de Ámon e Montu liga-


dos ao Nilo por canais.

O recinto de Ámon
O recinto central, em forma de trapézio, compreende o
Grande Templo de Ámon, construído ao longo de dois
cixos (este-oeste e norte-sul), alguns templos e capelas
mais pequenos e um lago sagrado. À leste encontrava-se
um templo de Amenófis IV (Akhenaton), construído ro, protegendo o faraó, a maioria das quais tem o Cimo da página: esfinges com
em enorme escala e hoje completamente destruído, as- nome do sumo-sacerdote de Ámon, Pinudjem I, da cabeça de carneiro («crio-
-esfinges») fora do pilone 1.
sim como duas estruturas ptolomaicas de menor impor- 21.º dinastia. A sul da avenida encontram-se várias es- O carneiro era o animal sagrado
tância, também actualmente destruídas. Descobriram-se truturas mais pequenas, incluindo uma estação da de Ámon; o motivo
anda in sistu, na parte oriental do Grande Templo, no barca de Psamutis e Hakoris, e balaustradas das 25. € representando um animal, ave ou
serpente, «protegendo» um faraó
chamado «Pátio Central», por detrás do pilone Iv, al- 26.º dinastias, com textos ligados à cerimónia do pre- ou mesmo um indivíduo vulgar
guns dos mais antigos edifícios de Carnaque, que datam enchimento dos vasos de tríade tebana. A data do pilo- cra comum na escultura egípcia a
da época de Sesóstris 1. ne em si não é conhecida com certeza, sendo provavel- duas e três dimensões.
Pode descrever-se o plano do Grande Templo como mente da 30.º dinastia. O antepátio, por trás deste Em cima, à esquerda: estátua sem
consistindo numa série de pilones de várias épocas, com pilone, compreende um triplo relicário de barca de Se- cabeça de Seti | ajoelhado com
pátios ou paredes entre eles, dando acesso ao santuário ti |, que consiste em três capelas contíguas consagradas uma mesa de oferendas, hoje
restaurada e colocada a norte da
principal, Os mais antigos são os pilones Iv e v, cons- a Ámon, Mut e Khons. No centro do pátio existem 4.1 coluna do lado norte da ala
truídos por Tutmósis 1, tendo o templo sido, a partir de restos de um quiosque de Taharqa, de construção in- central da sala hipóstila,
então, ampliado por construções em direcção a oeste e à vulgar, com cerca de 79 colunas ainda de pé. Um pe- Em cima: parte do fundo do
sul. queno templo (estação da barca) de Ramsés III dá para Grande Templo de Amon, visto
O 1.º pilone é precedido de um cais (possivelmente o lado sul do antepátio. de leste.

reconstruído na sua forma actual durante à 25.º dinas- O 2.º pilone, talvez obra de Haremhab, que reutilizou
tia) e de uma avenida de esfinges com cabeça de carnei- um elevado número de blocos anteriores para o cons-

90
| 1 ns | | TEBAS
AT Bab el-abd ANEnida de esfinges |
XE — pe-cabeça humana
templo + templo de

templo de Osiris E: T Th À PESO | pequeno feimiplo


osie e Peas
à ; de, pjsres de
Pededankh [1 , ocidental do pato,
DE MONTU A '

“| relavendos Ludie des lBdaÀ


gp Eno a mostram O faraó na DEsrénca de
DO O bLoaoaaacA vários deuses,
E ;
|

| templo á EO
de Ptah a ai ,

Grande templo de Amon capela de


Sala obelisco pátio Osiris -. (a)
moon ., ——hipóstila, de pé icári tda |
| avenidadees- | [rm h | direcção templo
| finges de cabeça M templo de = de Amenófis IV
| de carneiro =p E Ámon-Rá- «= tAkhenaton)
1] | -Harakhty Tate
| relicário da
de Psam-
| barca
mutis e Hakóris O
> «Pátiodo 1 | $==0 templo do ritual
| Esconderijo =—pscaravelho de Tutmósis Il RECINTO
| a ip DE ÁMON
| Ramsés lh lago sagrado truir, é precedido de estátuas colossais de Ramsés II, im-
| I il cluindo uma (a norte) que o representa sentado com a
| A E princesa Bentanta. Por trás do pilone, o tecto da sala
| | | hipóstila, hoje desaparecido, parte mais impressionante
Ens de todo o complexo do templo, era suportado por 154
x colunas papiriformes, das quais as 12 da nave central
templo templo — templo do E são maiores e têm capitéis de tipo diferente. À deco-
| de Opet dckhons À Tila Sed ração em relevo é obra de Sei 1 e Ramsés Il. As pare-
| La ds PERA des exteriores representam campanhas militares destes
x q faraós, na Palestina e na Síria, incluindo a batalha de
E RT e Ramsés Il em Cadesh.
Ei Bab el-Amara O 3.º pilone foi construído por Amenófis III, mas o
pórtico em frente foi decorado por Seti | e Ramsés Il.
| S = Foram encontrados numerosos blocos de edifícios anteri-
| sa ores reutilizados neste pilone: um santuário do ritual sed
Bo de Sesóstris | (a «Capela Branca», hoje reconstruída a
a norte da sala hipóstila), relicários de Amenófis 1 e de
| |
| | ss Amenófis II, Hatshepsut (a «Capela Vermelha», assim
| a & chamada devido ao material de que é feita, quartzito ver-
s e melho) e Tutmósis IV, e um pórtico com pilares do
| o mesmo faraó. Os quatro obeliscos que ficavam por detrás
a E do pilone foram mandados erigir por Tutmósis [e Tut-
3 E fase Gli o e mósis IIL para marcar a entrada para O templo original,
| S ebatshepsut encontrando-se apenas um, de Tutmósis 1, ainda de pé.
=), Entre os 4.º e 5.º pilones, ambos de Tutmósis 1, en-
contra-se a parte mais antiga do templo ainda conser-
| EA
| e q ad vada com 14 colunas papiriformes, originalmente dou-
| | radas, e dois obeliscos de Hatshepsut (um de pé e outro
| temp is Tão caído).
|
|
| | ge mu a > F templo de |
Nectanebo .* pilone e e
O EBionv Gras que Gun o precede
O pátio SER
discadadtoram constru
7 dos por Tutmósis III. Por trás há um vestíbulo com dois
| E magníficos pilares de granito, ambos ainda de pé, com
| | os emblemas do Alto e do Baixo Egipto. O relicário da
| barca data do tempo de Filipe Arrhidaeus e fica no local
lago RECINTO de um santuário mais antigo, construído por Tutmo-
| | gs
| | SE DE MUT sis TIL.
| | 85 a Por detrás do Pátio Central encontra-se O Templo
| | Ps Á Cerimonial de Tutmósis Il. Uma das salas do templo.é
| | 5 conhecida por «Jardim Botânico», devido às suas repre-
| Es | sentações de plantas, aves € animais exóticos.
| Outros quatro pilones foram acrescentados ao longo
| de um novo cixo, que ampliou o Grande Templo de
0 125m Ámon em direcção a sul, O pátio a norte do 7.º pilone é
| ado pés | conhecido por «Pátio do Escondergo» e toi ah que se
| o
RIR ge its 1 ss a o E + SRCONTOM, no permeápião deste século, um depósito de
op irecção lunar

41
TEBAS

Em frente do templo de Montu encontra-se um cais € Extremo esquerdo; Ramsés Il


voltando de uma expedição à
uma avenida de esfinges de cabeça humana que dá acesso Palestina, levando à sua frente os
ao templo pelo lado norte. O propilone, conhecido por «chefes de Retjenu» capturados:

eds,
Mad | 4 ot Eh , pla a A, , ed

Bab el-Abd, foi construído por Ptolomeu HI Evérgeta 1


7 sa A A
registo inferior na parede exterior
| y j . Á mm H
] k o a Re Ra NA le
es RE É cada ro Ac A Dto ANE Ds RR
sul da sala hipóstila, perto do
7 ra, - E | ias E
+ E 1a am
= a a

e Ptolomeu IV Filopator, e o templo por Amenófis III,


=
ú = e Pa cem E É -— ———
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PIE HONNE Er Rg E RR a aaa o, po
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pilone 11.
i = . la E .
Er E E] A a

mas os faraós posteriores, em especial Taharga, fizeram


a RS

ço 2h N EN Fi Es PR - "pã
algumas modificações em relação ao plano original.
À direita: uma princesa, talvez
pa Doi E TO 1

Pg
o? Cada.”
Bentanta, de pé entre os pés de
uma estátua colossal de seu pai,
Ramsés II (com cartuchos de
O recinto de Mut

ms
Ramsés VI e do sumo-sacerdote
O recinto sul compreende o templo de Mut, rodeado de Ámon, Pinudjem |, da 21.º
de um lago em forma de crescente e de estruturas secun-

tg
dinastia, adicionados).
Restaurada e reerigida em frente

rêmio
dárias, em particular o templo de Khonspekhrod, ini-

»
=
do pilone 11 do Grande Templo de
cialmente da 18.º dinastia, e um templo de Ramsés III. Ámon, do lado norte da entrada.
O templo de Mut foi construído por Amenófis II, Em baixo: inúmeros indivíduos
milhares de estátuas que estavam inicialmente no tem- mas, aqui também, o propilone do muro de vedação é particulares tinham estátuas suas
plo. Foram também encontrados neste pátio restos de ptolomaico (Ptolomeu II Filadelfo e Ptolomeu II nos templos de Carnaque.
cdifícios anteriores, incluindo pilares de Sesóstris 1 e Evérgeta 1) e existem construções posteriores adicio- A principal função destas
esculturas era semelhante à das
várias capelas de Amenófis 1. Os 7.º e 8.º pilones foram nais ao templo, feitas por Taharga e Nectanebo I, en- estelas votivas: perpetuar a
construídos por Tutmósis HI e o pátio entre eles com- tre outros. Amenófis III consagrou ao templo centenas presença do doador no templo,
preende a sua estação da barca. de estátuas da deusa-leoa Sakhmet, de granito negro, de modo que pudesse beneficiar
de estar ao lado do deus.
Os 9.º e 10.º pilones datam do tempo de Haremhab. algumas das quais se podem ainda ver em Carnaque.
Encontraram-se muitos talatat, blocos de edifícios de À esquerda: o administrador-
Amenófis IV (Akhenaton), grande parte deles datando -geral, Senenmut,
contemporâneo de Hatshepsut,
da sua mudança para Tell el-Amarna, reutilizados nestes no seu papel de professor da
pilones. No pátio entre eles encontra-se um templo do princesa Nefrure. Granito negro.
Altura, 53 cm. Chicago, Field
ritual sed de Amenófis II.
Museum of Natural History.
Perto do canto noroeste do lago sagrado do templo
está uma estátua colossal do escaravelho sagrado, que Em baixo: o terceiro profeta de
data do tempo de Amenófis III. Montu, Pakhelkhons, ajoelhado
com um naos contendo uma
O templo de Khons fica no canto sudoeste do recinto. estatueta de Osiris. Granito
Chega-se ao seu propilone (portão no muro de veda- negro. Altura, 42 cm. 3.º período
intermédio. Baltimore, Walters
ção), construído por Ptolomeu III Evérgeta | e conhe-
Art Gallery.
cido por «Bab el-Amara», por uma avenida de carneiros
que protegem Amenófis III. O pilone foi decorado por
Pinudjem I, o antepátio por Herihor e a parte interior
por vários Ramsés (pelo menos parte do templo foi
construída por Ramsés Il), havendo também alguns re-
levos ptolomaicos.
O templo da deusa-hipopótamo, Opet, que se situa
próximo do anterior, foi em grande parte construído
por Ptolomeu VIII Evérgeta II. A decoração foi com-
pletada por vários soberanos posteriores, entre outros
Augusto, e por baixo do santuário, ao fundo do templo,
existe uma «Cripta de Osíris» simbólica.
Dentro do recinto de Ámon encontram-se ainda qua-
se 20 outras pequenas capelas e templos, compreen-
dendo um templo de Ptah, construído por Tutmósis III,
Shabaka, os Ptolomeus e Tibérios (a norte do Grande
Templo, perto do muro de vedação) e uma capela de
Osíris Hegadjet, «Soberano do Tempo», de Osorkon IV
c Shebitku (a nordeste do Grande Templo, perto do muro
de vedação).

O recinto de Montu
OQ recinto norte, em forma de quadrado, é o mais
peque-
no dos três. Compreende o templo principal de Montu.
varias estruturas mais pequenas (em especial os templos
de Harpre e Maat) c um lago sagrado, Em 1970 foi en-
contrado, fora do muro de vedação este, um templo an-
Ugo de Montu, construído por Tutimósis |.

92
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TEBAS

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as
TEBAS
“À que está mais a norte, que se
diz ser a estátua de Memnon, está
coberta de um grande número de
inscrições gregas e latinas, sendo
estes testemunhos de pessoas que
pretendem tê-la ouvido
murmurar ao amanhecer»
(C. Perry, Vista do Levante,
1743, p. 348).

A margem ocidental
Os templos
Do outro lado do Nilo, frente aos templos de Carnaque,
as ruínas de templos ocupam uma faixa de cerca de
7,5 km. Tratava-se, em grande parte, de templos fu-
nerárics reais do Império Novo, cuja função principal
era manter vivo o culto dos falecidos faraós, enterrados
nos seus túmulos cavados na rocha, mais para oeste, em-
bora também lá fossem adorados deuses, em especial
Ámon e Rá-Harakhty. Os mais importantes destes tem-
plos são os de Deir el-Bahari, o Ramseum e Medinet
Habu. O templo funerário de Seti I fica em Qurna, en-
quanto o sítio do templo de Amenófis III apenas é mar-
cado por enormes estátuas sentadas, os «Colossos de
Memnon», e por outras esculturas fragmentárias.
Vários dos templos da margem ocidental não são fu-
nerários, por exemplo os de Hátor (Deir el-Medina),
Thot (Qasr el-Aguz) e Ísis (Deir el-Shelwit), todos do
período greco-romano.

Deir el-Bahri
| Deir el-Bahari, tradicionalmente ligado ao culto local da
deusa-vaca Hátor, quase em frente de Carnaque, foi o
lugar escolhido por Nebhepetre Mentuhotepe, da 1.º
dinastia, e pela rainha Hatshepsut, da 18.º, para os seus
templos funerários (no caso de Mentuhotepe o templo
estava directamente ligado ao túmulo, enquanto
Hatshepsut preparou para si dois túmulos, um no vale
remoto por trás do templo, o uadi Sikket Taget Zaid, e
o outro no vale dos Reis. Pouco depois de terminado o
templo de Hatshepsut, Tutmósis HE construfu um com-
plexo de templos para o culto do deus Amon (Djescr-
-akhet) e uma capela de Hátor, entre as duas estruturas
anteriores, e um quiosque (Djeser-menu) no pátio do
templo de Mentuhotepe.

O templo funerário de Nebhepetre Mentuhotepe


(Akh-isut)
Embora a ideia básica deva já ter estado presente na

95
VEBAS
50m pai
FL
=
=
9
150 pés
Der etBahn o cd 44 | e ap
etempio / /7) | | relicários de Nebhepetre
Cad Ramsés 4 1) estátuas Mentuhotepe
gi ft JS mi entrada para
É P// túmulo real | Sala
A JO Li calçada de | — Mipóstila
( [14 | de Nebhepetre rampar | à À o Corelicário

y = quiosque de peristilo
THOs mósis Ill
calçada de Babel el-Hosan Tui / ee
Tutmósis Il Ú |

E » icário de Hátor
colunata 7 E
inferior = relicário
E calçada de | pátio dl ES -

pe iopa a | Fártipa | colunata de Hatshepsut


"| 86 meio-
colunata 2 — relicário
superior de Anúbis
colunata norte

mente dos arquitectos dos complexos de pirâmides do


Império Antigo, no Egipto só se tentou um plano que
colocava conscientemente as diferentes partes de um
templo em terraços de altura variável quando Nebhepe-
tre Mentuhotepe construiu o seu templo de Deir cl-
-Bahari. Outro elemento novo aqui introduzido, a colu-
nata (pórtico) ao fundo do terraço, teve talvez origem
no aspecto dos túmulos saff dos faraós mais antigos da
[1.º dinastia.
À parte frontal do templo, separada, acedia-se por
uma calçada de 46 m de largura à partir do templo do
vale, hoje desaparecido, e consiste num antepátio, cer-
cado de muros em três lados, e numa estrutura em
forma de mastaba, completamente em ruínas, possivel-
mente associada ao culto do deus-sol. Na parte oriental
do antepátio há uma abertura conhecida por «Bab el-
-Hosan», ligada por uma longa passagem subterrânea a
um túmulo real, provavelmente simbólico, que ficou
inacabado. À parte ocidental do antepátio compreendia
inicialmente um pomar de tamargueiras e sicómoros, de
cada lado de uma rampa ascendente que dava acesso ao
terraço. Por trás da colunata, na extremidade oeste do
pátio, e noutro terraço estavam relevos representando se encontra. Mesmo actualmente, no seu estado de in- Topo da página, à esquerda:
procissões de barcos, campanhas no estrangeiro, cenas completa conservação, O templo transmite uma harmo- — sºldados tomando parte numa
de caça, etc., de que se encontra um grande número de — nia incomparável entre a criação humana e o ambiente atedo ond
pequenos fragmentos em vários museus. A mastaba, natural. O efeito do seu aspecto original, com árvores, antro de Hátor, a pa
ponto mais distintivo do templo, é rodeada por todos os canteiros de flores e numerosas esfinges e estátuas, devia do templo de Hatshepsut.
lados com uma arcada com pilares. Na sua parede oeste ser então ainda mais irresistível. O templo foi construí- Em cima: os templos de Dei
há seis relicários de estátuas (e, mais para oeste, tú- do entre os anos 1:22 do reinado de Hatshepsut e Tut- nharivisos dono TEARS
mulos) de senhoras da família real do reinado de Nebhe- mósis III, estando associados à sua construção alguns al-. Meme.
petre (de norte para sul: Myt, Ashayt, Zadeh, Kawit, tos funcionários do estado, entre outros o influente «ad-
Kemsyt c Henhenet). ministrador geral de Amon», Senenmut.
A parte interior do templo, cavada na rocha, consiste Do templo do vale c do complexo restam vestícios
num peristilo e em pátios hipóstilos a este c a oeste da das suas fundações, mas o edifício em ç Ep
entrada para uma passagem subterrânea que dá acesso, pelo menos em parte, devido à su à proximidade em
ao fim de uns 150 m. ao túmulo propriamente dito. relação ao templo posterior de R amsés IV. A cal
Pouco se encontrou do equipamento funcrário real. çada
monumental, com cerca de 37 m de largura,
O relicário talhado na rocha, ao fundo da parte interior ladeada
de estimges e com uma capela da barca,
do edifício, ecra o principal lugar de culto do falecido dava acesso à
uma série de três pátios, em níveis difere
taraó no templo, ntes, a que se
acedia por rampas e separados por coluna
tas (pórticos)
protegendo relevos, hoje famosos.
O templo funerário de Hatshepsut (Djeser-d Estes representam
jeseru) ba Hedças enormes, especialmente constr
O templo é uma estrutura parcialmente talhad uídas para tra-
a na rocha1 Zer obeliscos de Assuão para o templo
e parcialmente em terraços. Os seus construto de Ámon em
LR res se e CAE A tcoliinata interior), cenas
ram e desenvolveram as extraordin do nascimento «
| | juitor coroação divinas de Hatshepsut
tônicas do seu predecessor de 551) 1DO (metade norte da colu-
s, do norte do qual nata do meio) e uma expe diç
| ão comercial por mar
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ET E Cloo O
Do O edifícios de tijolo que o cercam (o túmulo de Ramsés II
= / | 00 O fica no vale dos Reis).
elpalácio do templof A disposição interior do templo de pedra é bastante
IL
1 q 40m ortodoxa, embora um tanto mais elaborada do que o
1.º pilone ç 10 pês habitual: dois pátios, uma sala hipóstila, uma série de
antecâmaras e salas secundárias, a sala da barca e o san-
Cimo da página, à direita: sala exótica terra africana do Ponto (metade sul da colunata tuário. O plano geral do templo é, curiosamente, em
hpóstla do Ramseum, vista de do meio). A colunata superior, formada por pilares forma de paralelogramo, em vez de rectângulo. Este
sudoeste, facto deveu-se, provavelmente, a ter-se mantido a
osíricos ladeados de estátuas colossais da rainha, prece-
Em cima, à direita: parede leste dia o pátio superior. As salas abobadadas nos lados orientação de um pequeno templo anterior, consagrado
da sala hipóstila do Ramscum,
norte e sul deste pátio eram consagradas a Hatshepsut a Tuya, mãe de Ramsés Il, enquanto se colocavam
a sul da entrada, com registo
inferior: pormenor de relevo e a seu pai, Tutmósis |, e aos deuses Rá-Harakhty e os pilones de modo a ficarem de frente para o templo
representando o assalto à Ámon. Eram estes os principais cultos praticados no de Luxor, na margem oriental. O templo de Tuya fica
fortaleza de Dapur, «cidade que a norte da sala hipóstila do Ramseum.
Sua Majestade saqueou na terra templo. Ao fundo (lado oeste) havia uma série de ni-
de Amor», no ano 8 do reinado chos na parede, com estátuas da rainha e, na mesma O 1.º e 2.º pilones do Ramscum são decorados com
de Ramsés II. Não se conhece
parede, uma entrada que dava para o santuário propria- relevos representando, entre outras coisas, a batalha de
à localização exacta desta cidade Qadesh (também representada em Carnaque, Luxor,
do Norte da Síria, talvez na mente dito. A sala mais interior do actual santuário
região de Alepo. foi mandada talhar por Ptolomeu VIII Evérgeta II, Abido e Abu Simbel). Numa plataforma que precede a
sendo o resto da arquitectura do templo espantosa- sala hipóstila encontravam-se, originalmente, dois
mente livre de interferências posteriores. A partir do colossos de granito de Ramsés II. A parte superior da
segundo pátio tinha-se acesso a relicários especiais de estátua da esquerda (sul) está actualmente no Museu Bri-
Anúbis c Hátor. tânico, mas pode ainda ver-se a cabeça da outra no Ram-
seum. À primeira câmara por detrás da sala hipósula,
tem um tecto astronómico e deve ter servido de biblio-
O templo funerário de Ramsés Il (Khnemt-waset)
| | teca do templo. O habitual palácio do templo ticava à
ou Ramseum
funerário de Ramsés II, descrito por Dio- esquerda do primeiro pátio.
O complexo
doro, um tanto enganadoramente, como «o túmulo de
Medinet Habu
Osimandias (de Userma-atre, parte do prenome de
Situada frente a Luxor, a antiga Tjamet (ou Djameo),
Ramsés II), hoje conhecido por Ramseum, compreende
Djeme (ou Djemi), em copta, foi um dos mais antigos
o templo propriamente dito e alguns armazéns e outros
97
TEBAS

1 Ramsés ll fiagelando
prisioneiros

2 Ramsés Ill na caça


3 Ramses Il apresenta
prisioneiros à AMON
e Mul

4 Cerimônia de Sokar
e querra libia
5 Festas de Min e Amon

6 Campanhas contra
os libios, asiálhcos
e «povos do mar»,
porta de
Ramsés Ill
E

nf
locais da zona de Tebas estreitamente associado a

E
Ámon. Hatshepsut e Tutmósis III construíram ali um

—.
lo

—.
templo consagrado a este deus. Ao lado, Ramsés III fez

HH

LS

É EE
erguer o seu templo funerário, cercando as duas estru-

al E
turas de grandes muros de tijolo. No interior destes

pi
havia armazéns, oficinas, edifícios administrativos e

seo
residências de sacerdotes e funcionários.

pipe

oo
oo
Medinet Habu tornou-se o centro da vida administra-

[|
õ
a
tiva e económica de toda a região de Tebas, papel que

aa
Es

TDú
ate:
desempenhou durante várias centenas de anos. Come-
ooo oo
000 Do

aa
E;
o | E
çaram mesmo a construir-se ah túmulos e capelas tu-

ESESES
5 templo
mulares, em especial as das divinas esposas da 25.º e 26.º

JE

ooo.
mortuário

1a

1
'
cl ade Ramsés
dinastias. Este local continuou a ser habitado até à Idade

pH
DDO

"ha
ooDO

JE
Média (século 1x a. C.).

fe]
dd

TA

'DD0DODO
O templo de Ámon (Djser-iset)

ada

TE
E
=
O templo original, construído por Hatshepsut e Tut-

TA

|
da

JE
mósis II, sofreu muitas alterações e ampliações no de-

TTE-
Ei
curso dos 1500 anos seguintes, sobretudo durante as

E
20. (Ramsés III), 25.º (Shebaka e Taharga), 26.º, 29.
(Hakoris) e 30.º dinastias (Nectanebo I) e durante o
período greco-romano (Ptolomeu VIII Evérgeta II,
Ptolomeu X Alexandre I e Antonino Pio). Estes am-
pliaram consideravelmente o seu plano, acrescentando LI

uma sala com colunas, dois pilones e um pátio na


frente. emplo
e Amon
O templo funerário de Ramsés III capelas tumulares [] E
de divinas esposas
(Khnemt-neheh)
O templo estava inicialmente ligado ao Nilo por um ca-
nal, aspecto de alguma importância, já que as procissões

; Hi
de barcos eram uma parte importante das festas religio-
sas, tendo sido construído um cais de desembarque fora [5
do muro de vedação. A entrada para o recinto do tem- p porta de Horta Tontificada oNBtA?
É Tibério («pavilhão»)
plo fazia-se por dois portões fortificados, a leste e a | =
oeste, de que apenas resta o primeiro, por vezes cha-
mado «Pavilhão».

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Vale dos Reis e a api a

Medinel Habu a / j

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Em cima: Ramsés II, ajoclhado, O templo em si tem uma arquitectura ortodoxa e acabou por conseguir controlar todo o Egipto, Nebhe-
a ser coroado e a receber um parece-se muito com o templo funerário de Ramsés II (o petre Mentuhotepe, em Deir el-Bahari.
emblema simbólico do ritual sed
das mãos da tríade tebana: Ramseum), de que é, possivelmente, uma imitação Os túmulos são constituídos por uma escavação feita
Ámon-Rá entronizado, consciente. À sul do primeiro pátio ficava o palácio, na rocha, formando um enorme pátio (300 m de com-
acompanhado de Khons e Mut construído em tijolo, actualmente muito danificado,
(por trás do faraó, não se vê na primento e 60 m de largura). Ao fundo do pátio, uma
fotografia). Parte leste da parede utilizado pelo faraó durante as festas religiosas que ti- série de aberturas em forma de porta dão a impressão de
sul da 1.º sala hipóstila do templo nham lugar em Medinet Habu. Foram reconhecidas uma fachada com pilares. Foi isto que deu aos túmulos o
de Ramsés WI, em Medinct Habu,
registo inferior. duas fases na construção deste edifício. As paredes in- nome de túmulos saff (saff, «fila» em árabe). À câmara
teriores do palácio foram inicialmente decoradas com funerária, relativamente modesta, e as outras salas, são
Em cima, à direita: vale dos Reis. lindíssimos mosaicos de cerâmica, semelhantes aos que talhadas na rocha por trás da fachada, sendo o complexo
se conhecem noutros palácios da mesma época no delta completado por um templo de tijolo. Pouco se conserva
(Tell el-Yahudiya e Qantir). A «janela das presenças» h- da decoração dos túmulos.
gava o palácio ao templo. Conhecem-se três túmulos saff:
Alguns dos relevos de Medinet Habu são importan- Inyotef | (Hórus Sehertawy): Saff el-Dawaba.
tes, não do ponto de vista artístico, mas sim do históri- InyotefII (Hórus Wahankh): Saff el-Kisasiya.
co, já que registam acontecimentos históricos do rei- Inyotef II (Hórus Nakhtnebtepnufer): Saff el-Bagar.
nado de Ramsés III:
1.º pilone. No exterior o faraó está representado fla- Dra Abu el-Naga
gelando prisioneiros estrangeiros diante de Ámon e de Os soberanos de Tebas da 17.º dinastia c as suas fa-
Rá-Harakhty, em cenas simbólicas de triunfo. As terras mílias foram enterrados em túmulos modestos, em
e cidades estrangeiras subjugadas estão representadas Dra Abu el-Naga, entre el-Tarife Deir el-Bahan. Co-
pelos seus nomes, inscritos em anéis com cabeças huma- nhece-se a posição relativa destes túmulos e a quem
nas. Na curta fachada do maciço sul encontram-se cenas pertencem através de um papiro que regista a sua ins-
de caça. pecção, por volta de 1080 a. C. (o Papiro Abbotv).
2.º pilone. No exterior (fachada leste) do maciço sul Durante as escavações dirigidas por Mariette, antes de
o faraó apresenta prisioneiros a Amon e Mut. No in- 1860, encontraram-se vários objectos com inscrições,
À esquerda: templo de Ramsés inclusive os chamados «caixões rishi», bem como ar-
HI: da direita para a esquerda,
terior, e também nas paredes norte e sul do segundo
primeiro pilone, muro do pátio, encontram-se representações das festas de Sokar e mas e jóias decoradas. À arquitectura dos túmulos,
primeiro pátio com três portas Min. que devem ter tido pequenas pirâmides de ujolo, é
c uma «janela das presenças» pouco conhecida,
ligando o pátio ao palácio, a sul, O exterior do templo. Na parte norte estão represen-
segundo pilone e parede sul tadas campanhas contra os Líbios, Asiáticos e «povos do
do segundo pátio e parte interior mar». O vale dos Reis («Biban el-Muluk»)
do templo.
Nas paredes das câmaras da parte interior do templo Após a derrota dos Hicsos, os soberanos de Tebas da
encontram-se cenas mais estritamente religiosas. 18.º dinastia começaram a construir túmulos num es-
tilo digno dos faraós de todo o Egipto. O túmulo de
Amenófis | ficava provavelmente em Dra Abu el-
Túmulos reais -Naga. Não se conhece ao certo a sua localização, mas
a estima de que o rei era alvo por parte da comunidade
el-Tarif de trabalhadores especializados, ocupados na constru-
Os ambiciosos soberanos do princípio da 11.º dinastia ção dos túmulos reais, sugere que foi este O primeiro
tebana, competindo com a (9.-10.º) dinastia de Hera- túmulo do novo tipo. Tutmósis | foi o primeiro a
cleópolis pela supremacia no Egipto, construíram os mandar cavar o seu túmulo na rocha de um vale de-
seus túmulos em el-Tarif, parte mais meridional da ne- serto por detrás de Deir el-Bahari, conhecido actual-
crópole tebana, em relação ao rio. Embora os túmulos mente por vale dos Reis. Esta zona é dominada pelo
sejam comparáveis, no tipo, aos túmulos regionais con- pico de el-Qurmn («o Chifre») e o vale tem duas partes
temporâneos de outros lugares, as suas dimensões ma- principais, o vale oriental, com a maior parte dos tú-
jestosas e arquitectura verdadeiramente monumental as- mulos, e o vale ocidental, com os túmulos de Amenó-
sociam-nos ao templo e túmulo funerários do faraó que fis UI e Aya. O número total de tâmulos é de 62 (o
E

E 99
É
E.

E
VEBAS

túmulo n.º 62 é o de Tutankhamon, último a ser des- Vale dos Reis


coberto), mas alguns deles não são de faraós e está Em cima, à esquerda: túmulo de
Haremhab (n.º 57): 0 faraó
também ainda a ser discutido a quem pertencem ou- oferece vasos de vinho a Harsiese,
tros. Os túmulos cram separados dos respectivos tem- de cabeça de falcão, «grande
plos funerários, construídos junto das terras cultiva- deus, rei dos deuses, senhor dos
céus», e venera Hátor, «rainha de
das. As razões da separação do templo e do túmulo não Tebas, senhora de todos os
eram apenas de segurança, mas também religiosas c deuses, dona dos céus» (relevo
arquitectónicas. pintado na parede leste da sala
que precede a câmara do
O plano dos túmulos reais da 18.º à 20.º dinastia (o sarcófago).
último é o de Ramsés XI) no vale dos Reis compreende
Em cima: túmulo de Tutmósis III
um longo corredor inclinado, cavado na rocha, com (n.º 34): cenas e textos da 3.º
uma ou mais salas (por vezes com pilares), terminando ção dos túmulos reais do vale dos Reis pode ser reconsti- «hora» (divisão) do livro
na câmara funerária. Nos túmulos mais antigos o corre- tuída em bastante pormenor a partir de ostracas, papiros de Amduat (pintura mural
da câmara de forma oval
dor, após certa distância, vira à direita ou à esquerda, e outros vestígios. Podem ver-se as ruínas da aldeia, cer- do sarcófago).
geralmente em ângulo recto, mas a partir do fim da cada de muros (cerca de 70) casas), em que viveram os
18.º dinastia segue a direito. O seu comprimento podia trabalhadores e respectivas famílias, a partir do reinado À esquerda: aldeia
de trabalhadores em Deir
ser considerável, tendo o de Haremhab 105 m, o de de Tutmósis I, num pequeno vale por detrás do monte el-Medina.
Siptah 88 m e o de Ramsés IV 83 m. A decoração dos de Qurnet Murai, em Deir el-Medina. Os túmulos dos
túmulos é quase exclusivamente religiosa. Há nu- próprios trabalhadores e as capelas dos seus deuses locais
merosas cenas representando o faraó em presença dos encontram-se ali perto.
deuses, mas os elementos mais impressionantes são os O grupo de trabalhadores, uns 60 ou mais homens,
textos, e ilustrações que os acompanham, de várias era dividido em dois «lados», cada um com um capataz,
composições religiosas («livros»), por exemplo o livro o seu ajudante e um ou mais escribas. O seu superior era
de Amduat («o que está no mundo dos mortos»), de o vizir, que se deslocava ocasionalmente, ou mandava
portões, de cavernas, a litania de Rá e outros. Os um dos «mordomos» reais para visitar o local e inspe
exemplos mais antigos de tais textos eram feitos de c-
clonar o andamento das obras. Os salários dos trabalha-
forma a darem a impressão de enormes papiros funerá- dores eram pagos em espécie, sobretudo em cereai
rios desenrolados nas paredes dos túmulos. A partir de s, ao
fim de cada mês. Também lhes eram fornecidos
finais da 18.º dinastia a decoração passou a ser gravada outros
produtos, por exemplo peixe e legumes, e, raram
em relevo. ente,
carne, vinho, sal, etc. Sinal dos tempos o facto
Não é fácil imaginar a riqueza e a beleza originais do de,
durante a 20.º dinastia, ter havido ocasiões em que
conteúdo destes sepulcros reais. O de Tutankhamon, as
rações se atrasaram, tendo os trabalhadores recor
único que se encontrou em grande parte intacto, e que rido,
por várias vezes, a manifestações. A mais antiga
permite entrever o que se perdeu, pode muito bem não «movi-
mentação industrial» registada teve lugar no 29.º ano
Ser pico. do
reinado de Ramsés III. Os trabalhadores ficam normal-
mente no local do túmulo, no vale dos Reis, durante
A aldeia dos trabalhadores de Deir-cl-Medina à
«semana» de trabalho de 10 dias, regressando à aldeia
A vida quotidiana da comunidade de trabal
hadores para passar os dias de descanso ou as festas religiosas
(«servidores do Sítio da Verdade») ocupados que
na constru- eram também feriados,
100
|

PEDBAS

Futankhamon: a verdadeira
história por contar

«Por tim fiz uma maravilhosa


descoberta no vale: um cumulo
Ho. nto COM SL Jos intactos:
voltei a cobri-lo até você chegar;
par. bens (te de rama cnv rado
por Carter à lorde Carnavon na
ns anhã de 0 de Nove mbro de

1922).
O túmulo de Tutankhamon
(n.º 62 do vale dos Reis) tor
descoberto, em 1922, pelo
ceiptólogo mglês Howard
Carter. cujo trabalho toi
financiado por lorde Carnavon.
É o único túmulo real do Império
Novo que se encontrou
pratie. amente intacto, €
continuará possivelmente para
sempre a ser único neste aspecto.
Embora seja a descoberta mais
amplamente publicitada deste
século, e apesar de todo 0 1H y 4

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interesse criado junto do público
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pelas exposições itinerantes por
todo o mundo, grande parte dos I il a
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tesouros de Tutankhamon ainda y Ae A =


não foi devidamente avaliada por
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eeiptólogos, não tendo, assim,
esta descoberta excepcional dado
anda toda a sua contribuição para
o nosso conhecimento do antigo
Egipto. Os objectos de
Tutankhamon encontram-se no
Museu Egípcio do Cairo; as notas
pormenorizadas, tiradas por
Carter « pelos seus colaboradores
durante os anos de árdua
desobstrução do túmulo,
encontram-se no Insututo
Griffith. em Oxford.
Alguns dos objectos
encontrados no túmulo:
Ligados à múmia,
quatro relicários de madeira;
sarcófago de quartzito;
caixões exterior e médio de
| madeira;
caixão interior de ouro;
máscara de ouro é ornamentos;
diadema de ouro;
punhal de ouro;
dossel canopo;
arca canopa;
Equipamento funerário,
estatuetas do rei;
carros de guerra desmanchados;
canapés « camas;
apoios para a cabeça;
trono de madeira dourada
(à direita);
o

cadeiras e bancos;
O

| caixas;
| vasos e lâmpadas;
arcos, estojos de arcos e escudos;
bastões, chicotes e ceptros;
peças de vestuário;
| paletas para escrever;
tabuleiros de jogos;
jóias;
leques;
instrumentos musicais;
modelos de barcos;
altares de madeira c ouro;

EA
estatuetas de deuses:
shawabtis.
msTO
TEBAS

No extremo esquerdo: túmulo do nos do zodíaco. Provemente de um


vizir Ramósis, em Sheikh Abd cl- túmulo colectivo em Sheikh Abd
Qurna (n.º 55). da primeira parte c-Qurna. Londres, Museu Britã-
do reinado de Amenófis IV. Nico,
Relevo.
Em baixo: túmulo do pai do deus
 esquerda: tábua do fundo do cai- Amenemone, em Qurnet Murai
xão de Sóter, princípios do sé- (n.º 277), de princípios da 19.º
culo md. C., com uma representa- dinastia: episódio do funeral do
ção da deusa Nut rodeada de sip- morto. Pintura,

Túmulos particulares
Os maiores e mais importantes túmulos tebanos estão
concentrados em várias zonas da margem ocidental.
A começar do Norte, são elas: Dra Abu el-Naga, Deir
cl-Bahari, el-Khokha, Asasif, Sheik Abd el-Qurna, Deir
cl-Medina e Qurnet Murai. Ào todo, o Serviço de Anti-
guidades do Egipto atribuiu números oficiais a 409 tú-
mulos, mas recentemente adicionaram-se a estes mais
cinco. As datas dos túmulos vão desde a 6.º dinastia ao
período greco-romano, mas a maior parte é do Império
Antigo. Existem muito mais túmulos, alguns grandes e
decorados, outros pouco mais do que simples sepul-
turas, sendo talvez os mais importantes os do vale das
Rainhas, a sul de Deir el-Medina, e de vales próximos,
mais pequenos, incluindo o «Túmulo das Três Prince-
sas», do reinado de Tutmósis III, no uadi Qubbanet el-
-Qirud («vale dos Túmulos dos Macacos») com um te-
souro em vasos de ouro e prata que se encontra actual-
mente no Museu Metroplitano de Nova lorque.
Como seria de esperar, em el-Tarif e Dra Abu cel-
-Naga, muitos dos túmulos menos importantes, não in-
cluídos na séric oficial de túmulos tebanos, são contem-
porâncos dos túmulos reais das 11.º e 17.º dinastias, mas
esta última zona em particular continuou a ser utilizada
até ao período tardio. O mesmo se pode dizer dos cemi-
térios de Asasife el-Khokha, à volta das rampas que dão
acesso aos templos das 11.' e 18.º dinastias, em Der el-
-Bahari, e do próprio Deir el-Bahara.
Foram encontrados vários esconderijos importantes
com sepulturas conjuntas. Em 1891, E. Grébaut e
G. Daressy encontraram, em Deir el-Bahari, um
grande esconderijo de caixões de «sacerdotes de
Ámon» do 3.º período intermédio. Foi a segunda des-
coberta deste tipo, tendo já Mariette encontrado, em
1858, um esconderijo de caixões de «sacerdotes de
Montu». O mais espectacular destes esconderijos se-
cretos foi o encontrado em 1881, no túmulo n.º 320,
no primeiro vale a sul de Deir cl-Bahari. Continha cai-
xões e múmias dos mais famosos faraós do Egipto, da
17,* à 20.º dinastia, ali reunidos durante a 2 1.º dinastia
por razões de segurança.
Alguns dos túmulos de Sheik Abd el-Qurna, à sul de
Deir el-Bahari, pertenciam à família do tamoso plebeu
Senenmut, do reinado de Hatshepsut. Encontrou-se
igualmente um túmulo do 3.º período intermédio (co-

104
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Amenemone, cm Quinet Mural po lugar da verdade, Pashed,
mo DM, de premciprosda 19 em Deirel-Medina (mn. 5),
dinastiu dos cAiNÕES antropóides do reinado de Seu do câmara
do Euecido colocados tora funerária pintada
da entrada do túmulo durante
o funeral. Pintura

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nhecido por «túmulo do principe de Gales»), com uns 30


caixões (embora este esconderijo tenha sido estabele-
cido, pelo menos em parte, na época actual e os sarcófa-
gos trazidos de outros lugares) e outro com | caixões
que datam do reinado de Adriano.
Como o seu nome o sugere, o vale das Rainhas («Bi-
ban el-Harim») contém túmulos de rainhas e outros
membros da família real, em especial os dos príncipes da
dinastia dos Raméssidas.
Quase todos os grandes túmulos tebanos eram cava-
dos na rocha, tendo alguns deles uma superestrutura
isolada. Os respectivos planos são muito variáveis,
sendo as características que se indicam a seguir apenas de
carácter muito geral.
Finais do Império Antigo. Uma ou duas salas de
forma irregular, por vezes com pilares. O acesso a uma
ou mais câmaras funerárias fazia-se por poços inclinados.
Império Médio. A parede do fundo de um antepátio
aberto forma a fachada do túmulo. A um longo corre-
dor segue-se uma capela, ligada à câmara funerária por
um corredor inclinado.
Império Novo. À fachada, com uma fila de «cones
funerários» de cerâmica por cima da porta, é precedida
de um antepátio aberto, muitas vezes com estelas. Uma
sala «comprida», no eixo central do túmulo, segue-se a
uma sala transversal («larga»), por vezes com estelas nas
paredes estreitas. O santuário tem um nicho com está-
tua ou uma porta falsa. Todas as salas interiores podem
ter pilares. O poço da câmara funerária é geralmente ca-
vado no antepátio.
Os túmulos dos Raméssidas, em Deir el-Medina,
combinam uma superestrutura completa ou parcial-
mente separada (pilone, pátio aberto, pórtico e capela
abobadada com um nicho para estátua e uma pirâmide
de tijolo por cima) com câmaras cavadas na rocha, a que
se acedia por um poço.
Período tardio. Alguns destes túmulos são enormes e
os seus planos muito complexos. Pilones de tijolo e pátios
abertos precedem uma série de salas subterrâncas, geral-
mente com pilares, que dão para a câmara funerária.
A pintura é o método mais comum de decoração dos
túmulos tebanos, mas o relevo também se encontra com
certa frequência. Os temas incluem tanto cenas da vida
quotidiana como cenas religiosas, predominando estas
últimas a partir do período dos Raméssidas.

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J. 6. Wilkinson em Tebas

Os cgiptólogos modernos apoiam-se nos estudiosos


que, muntas vezes em condições incrivelmente difíceis,
foram, na primeira metade do século passado, os pionei-
ros desta disciplina. Foi um período durante o qual a
egiptologia compilou o seu corpus básico de material
para estudo, uma época de intenso registo e cópia de
inscrições, relevos e pinturas egípcios. Algumas das

ia
FE
obras publicadas nessa altura continuam a ser ainda hoje,
150 anos depois, indispensáveis numa boa biblioteca de +

cgiptologia, E
a
E
Quando John Gardner Wilkinson chegou ao Egipto, »
O
em 1821, um ano antes de Champollion ter redesco- E)
o
berto os princípios da escrita egípcia, era um jovem de .+
LX

24 anos. Durante os 12 anos seguintes ali permaneceu E


e
9!

continuamente, não havendo quase nenhum sítio com


4
ruínas do antigo Egipto que este infatigável copista E

não tenha visitado e registado nos seus blocos-notas.


O seu interesse era quase obsessivo: nenhuma inscri-
ção, por pequena ou incompleta que fosse, cra dema-
siado insignificante para ele. Foi um dos primeiros a
compreender as convenções do método de representa-
E

o]
ret ho EE

ção egípcio, de tal modo que conseguiu fazer cópias


HCAM

inteiramente fiéis. Graças a este facto, as suas notas,


1

actualmente no Griffith Institute de Oxford, contém


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Vs
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Ii)
o
Dali

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informação preciosa sobre os mais variados aspectos


do antigo Egipto. Wilkinson publicou os resultados


ch

teóricos do seu trabalho em vários livros, mas não to-


das as suas cópias, estando as que se vêem nos livros grau de cavaleiro, em 1839, e fez dele o primeiro egip-
frequentemente desfiguradas por uma reprodução de- tólogo inglês de renome.
ficiente. A sua obra mais importante intitulou-se Usos Muitos problemas difíceis têm sido resolvidos pela
e Costumes dos Antigos Egípcios, incluindo a Sua consulta das cópias de Wilkinson, pois estas apresentam
Vida Privada, Governo, Leis, Artes, Manufacturas, monumentos como eles eram entre 1821 e 1856 (data da
Religião, Agricultura e História Antiga, Baseados sua última visita ao Egipto). O seu trabalho nos tú-
de Pinturas, Esculturas e Monu- mulos particulares de Tebas é um exemplo caracteris-
NILZA 2

Numa Comparação
mentos ainda Existentes, com Relatos de Autores An- tico: muitas das cenas copiadas por Wilkinson foram en-
Cal”

tigos. Foi publicada em 1837, em três volumes, e con-


tretanto danificadas ou completamente destruídas, en-
rj jr

E=

tinuou a ser, durante quase 50 anos, o melhor trata-


quanto outras, incluindo túmulos inteiros, aguardam
5

ainda apresentação ou são agora inacessíveis.


mento geral do antigo Egipto. Valeu ao seu autor O
ci

E.

DOa

do Senhor das Duas Terras, ajudam à purificação


Topo da página: artífices de oferendas incensando-as
trabalhando; relevo no túmulo Pehsukher Tjenenu, datando do
reinado de Tutmósis lou e efectuando libações: relevo
tebano n.º 36, do administrador- do túmulo tebano n.º 106, de
-geral da divina esposa, Ibi, do Amenófis II. Esta cena tem lugar
numa cabana e as avesjá Paser, vizir de Seti Le Ramsés II.
reinado de Psamético | (esta cena O túmulo ainda não foi
imita em parte um relevo da 6.º depenadas estão penduradas
nas vigas. Hásmais três gansos inteiramente publicado e esta
dinastia em Deir el-Gabra wi). cena está hoje quase
São os seguintes os ofícios mortos no chão. Hoje danificada,
a figura do homem à esquerda completamente destruida.
representados (a contar da
esquerda): primeiro registo à está completamente-desaparecida.
Em baixo, à direita: uma
contar de cima, artesãos fazendo dançarina núbia acompanhada
sandálias, frabricantes de vasos de Em baixo, à esquerda: dois
escribas e um supervisor, de músicos de ambos Os sexos
pedra, shawabris e vasos tocando lira, flauta dupla e harpa:
canopos, metalúrgicos; segundo extraído de uma cena de
contagem de gado: pintura do pintura do túmulo tebano
registo, fabricantes de carros de n.º 113, do sacerdote, guardador
guerra, escultores, marcenciros túmulo tebano n.º 76, do porta-
-leque à direita do faraó Tjenuna, de segredos do domimo de
e fabricantes de vasos de pedra; Ámon, Keynebu, datando do
terceiro registo, marceneiros, do reinado de Tutmósis IV. Us
homens estão sentados de pernas reinado de Ramsés VIII. Esta
escultores, joalheiros; quarto dança núbia, talvez chamada
registo, metalúrgicos, homens cruzadas, na posição tipica dos
escribas egípcios, segurando um keskes, está representada em
transportando uma tábua de vários outros monumentos,
madeira; quinto registo, papiro desenrolado (não se
usavam mesas para escrever no Para além da jovem núbia, os
construtores de barcos e escribas. participantes são os filhos e filhas
Hoje muito danificado. antigo Egipto). Os recipientes
para Os papiros estão ali ao lado. de Keynebu, o que pode ser
Hoje está muito danificada. indício da popularidade desta
Ao centro, à esquerda: dois dança no período dos raméssidas.
homens de barba depcenando Está hoje completamente
gansos: pintura do túmulo tebano Ao centro, à direita: o vizir Paser
ea mulher, seguidos de parentes, destruída,
n.º 88 do porta-estandarte
a
ALTO EGIPTO S E T E N T R I O N A L

h
a
E
À esquerda: o nome desta
estatueta de basalto, que está no
Museu Ashmolean, em Oxford,
o «homem de MacGregor»,
deriva do reverendo Willam Mac
Gregor, a quem foi comprada
no Sotheby's, em 1922. Este
conhecido coleccionador tinha-a
comprado, juntamente com um
conjunto de pequenas figuras de
marfim, a um negociante.
Afirmava-se que todos os
objectos tinham sido encontrados
em Nagada, no local que deu a
conhecer tantos artefactos dos
períodos pré-dinástico e dinástico
primitivo. À maior parte dos
livros sobre a arte egípcia começa
com esta magnífica peça embora
a sua autenticidade tenha sido
recentemente posta em causa, por
O Alto Egipto setentrional estende-se de Tebas a Asyut. motivos estilísticos. Altura,
Foi o centro do antigo Egipto, berço das suas primeiras 39 cm. Período pré-dinástico.
dinastias, O Interior que permaneceu egípcio em tempos No extremo, à esquerda:
de crise e donde, sob a liderança de Tebas, partiram ten- paisagem típica dos rochedos
tativas de uma nova unidade política. Do ponto de vista calcários a ocidente do Nilo,
perto de Nag Hammadi, com
económico, o controlo do acesso ao ouro e minerais do uma faixa de terreno plano mais
deserto oriental foi sempre de importância primordial, estreita, perto do rio. Um
enquanto Tebas, no Sul, ditava, a partir da 11.º dinastia, geólogo consegue ler a história
das eras glaciares na estratificação
o curso dos acontecimentos. das falésias.
Naqgada, Qif e Abido dominam a cena durante os
períodos pré-dinástico e dinástico primitivo, enquanto
Dendera ganhava importância durante o Império An-
tigo e Abido se tornava centro religioso de todo o país
no Império Médio. A ascensão de Tebas durante o Im-
pério Novo abafou os seus vizinhos a norte, embora
Abido tenha mantido a sua posição e Qif continuado a
ser alvo de preferência para as actividades de constru-
ção reais. O templo de Dendera é certamente a estru-
tura mais impressionante dos finais da Antiguidade
nesta região.

108
Nag el-Madamud
Templo da tríade de Montu Segundo grupo de templos,
talvez do Hórus de Edfu.
do período greco-romano,
com Necrópole, incluindo sepulturas
estruturas secundárias,
de animais.
construído por cima de edifíc
ios
mais antigos. El-Qasr wal-Saiyad
Túmulos do 1.º período
Nagada e Tukh intermédio
Vã Cemitérios do pré-dinástico
No € cI-Mustagidda e do dinástico primitivo, com Hiw
= Deir Tasa mastaba do reinado de Aha. Dois templos greco-romanos.
«Pirâmide» de Tukh. Cemitérios de todos os períodos.
Qus Abido oE RR

Ruínas do templo ptolomaico Cemitérios de quase todos os


de Haroeris e Hequet. períodos, incluindo túmulos reais
DF Qaw el-Kebir do dinástico primitivo.
5 1) ANTAEÓPOLIS Qiuft Templo de Osíris com capelas
Ruínas de templos de Min, desde e local de cidade.
o Império Médio. Pequeno Templos cenotáfios, incluindo
templo de Min em el-Qala. os de Seti [e Ramsés II.
Dendera Beit Khallaf
Templo de Hátor num recinto Mastabas da 3.º dinastia.
com edificiosisecundários.
Akhamim
Capela de Min, cavada na rocha
por Tutmósis Il e outros em
mm
a

el-Salamuni.
Ruínas de templos de Min e
Repyt do período greco-romano.
Túmulos cavados na rocha de
Wannina q ' ) várias épocas em el-Hawawish e
ala JBliMansha | el-Salamuni.
E e N ROLEMASHERMOU |
Hagarsa NWA, | Wannina
Templos e túmulos ptolomaicos.
e
NR Nag el-Deir,
. |
Qaw el-Kebir
elRagagnas Nara JB SStEIKA el-Farag Túmulos da 12.º dinastia.

Beit Khallafe UNS, RE


TJENT
el-Mahasna &

Kom el-Sullan*
el-Araba el-Madiuna *
ABIDO elJmm el:
APELAM el-Amtã
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estrada principal
Darb el-Bairal e
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trilho
|
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fm | linha férrea poncipal (1,44 m)

aeroporto crvil |
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|| Vale dos Reis 4% eltdá
Beni Suef cidade importante Dra Abu-Naga *
MALU

pulra povoação |
Biba
|

el-Karab sitio mencionado |

sitio de pirâmide |
Seila

Dara outro sibo

posdação com silices |


Ghita
|
nome moderno |
Faqus
|
|
TANES nomo clássico

IME F nome egipoo antigo

Pithom nome biblico


a e gm?

escala 1º 1 000 (KH)

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——- E)

T
no
E
ALTO EGIPTO SETENTRIONAI

Em baixo, à esquerda: ruinas Em baixo: lintel de Sesóstris HI


da sala hipóstila exterior de Prolo- proveniente de Nag,
meu VHI Evérgeta II no templo de el-Madamud: cena dupla, com
Montu, em Nag o faraó oferecendo pão branco
el=Madamud, vistas de norocste. (à esquerda) e bolo (à direita)
4 Montu, «Senhor de Tebas».
Paris, Museu do Louvre.
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Nagada*”, Qus
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Luxor “el-Madamuo
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afins

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1 a]

Nag el-Madamud
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Para além de Carnaque, Tod e Armant, a Madu do an- LT per) «á) A
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tigo Egipto, cerca de 8 km a nordeste de Luxor, foi um $a)Hm |O o Fe = rt

importante local de culto de Montu, deus com cabeça de


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falcão, na região de Tebas. e “a e e ul II | | lin a
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O antigo templo de Madamud. hoje destruído, datava


|
) | À fo
do Império Médio (talvez da época de Nebhepetre Men- | REAR
E i rices,
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Adi?
tuhotepe, mas sobretudo de Sesóstris III), mas é possível de ER eh

que tenha sido construído por cima de um santuário ERES


mais antigo. Os faraós dos finais do Império Médio e do
2.º período intermédio, em particular Amenemhet VII
(Sedjefakare), Sebekhotepe II (Sekhemre-swadjtawy), Em cima, à esquerda:
da 13.º dinastia, e Sebekemzaf | (Sekhemre-wadjkau),
da 17.º dinastia, continuaram a construir ali, mas ne-
Nagada e Tukh reconstituição da mastaba do
dinástico primitivo encontrada
porJ. de Morgan em Nagada.
nhum destes edifícios sobreviveu. Há também alguns Esta estrutura era rodeada de um
muro de vedação de 1,1 m de
monumentos espalhados, do Império Novo e do perío- Os arqueólogos utilizam frequentemente os nomes de espessura, No coração da
do tardio, que indicam que o local não tinha ainda sido sítios de escavação importantes como termos que des- mastaba havia cinco salas para
abandonado nessa altura. crevem culturas arqueológicas como um todo. As duas a sepultura e o equipamento,
O templo de Montu, Tattawy e Harpócrates, ainda rodeadas de mais 16
últimas culturas pré-dinásticas são geralmente designa- compartimentos cheios
parcialmente de pé, é do período greco-romano. Foi das «Nagada 1 e Il», nome derivado dos cemitérios esca de gravilha e de areia.
construído por cima de estruturas anteriores,
-
tendo al- vados por W. M, Flinders Petrie, em 1895. Neste
guns soberanos contribuído para o seu aspecto final. caso, Em cima: vaso decorado da
o termo é um tanto erróneo, pois embora Nagada cultura de Nagada I. Oxford,
Uma porta no muro de vedação de tijolo, da época de seja a
maior povoação moderna desta região, os cemitéri Museu Ashmolean.
Tibério, é precedida de um cais e de restos de uma ave- os fi-
cam, de facto, 7 km a norte, entre Tukh
nida de esfinges. A própria fachada do templo é consti- c el-Ballas.
Cerca de 3 km a norte da aldeia de Nagada,
tuída por três quiosques de Ptolomeu XII Auletes, e, à no li-
miar do deserto, J. de Morgan encontrou,
partir daí, tem-se acesso ao pátio de Antonino Pio. em 1897,
uma mastaba do período dinástico primitivo.
A partir da sala hipóstila exterior, de Ptolomeu VIII Era uma
grande estrutura de tijolo O4m X 27
Evérgeta II, o plano do templo é convencional. Logo m), com uma
«fachada de palácio» em cada um dos
por trás há um segundo templo dedicado ao boi sagrado lados. Aí se en-
contra ram tabuinhas de marfim, fragmentos
de Montu. Algumas das suas salas devem ter servido de vasos
e selos de argila com os nomes dos
para albergar o próprio animal. As paredes exteriores reis Aha e Neitho-
tepe, e talvez da mulher deste, mais tard
dos templos foram decoradas por Dominicano « Tra- e rainha rei-
nante. O túmulo foi certamente con
jano. struído para um
A sul do templo de Montu havia um lago sagrado, administrador local do início da 1.º
dinastia. Os cemi-
alguns restos de alicerces e blocos provam a existência térios vizinhos forneceram também algumas
dos finais do Império Antigo e do estelas
de um templo, do princípio do ptolomaico (Ptolomeu
|| 1.º período intermé-
Filadelfo, Ptolomeu [II Evérgeta | e Ptolomeu IV Filipa- dio.À necrópole pertencia à cidade de
Qus, na mar-
tor) no canto sudoeste do recinto. gem oriental do Nilo.
À dimensão dos cemité nos
€ povoações escavados
Ho
ALTO EGIPTO SETENTRIONAL
Sesóstris |, segurando um hep
(objecto ritual de origem
desconhecida) «e um remo, efectua
uma corrida cerimonial do ritual
sed perante o deus Min: relevo de
calcário proveniente de estruturas
mais antigas por baixo do templo
setentrional de Qif. Londres,
Petrie Collection (University
College).

Nilo, deve ter sido uma cidade importante no início


da
história egípcia. Este facto foi talvez devido à servir,
nl

1 em
nessa altura, de ponto de partida para as expedições às
pedreiras do uadi Hammamat e ao mar Vermelho.
ção
o
E.
Hoje
E

z
em dia apenas restam dois pilones do templo ptolomaico
de Haroeris, em Heqet.

Ouft
A cidade de Gebtu [Kebto ou Keft em copta, Koptos
em grego (sem relação com a palavra «copta»)], a mo-
derna Qift, foi capital do 5.º nomo do Alto Egipto.
A importância desta cidade deveu-se à sua situação geo-
gráfica, pois era aqui (ou em Qus, um pouco a sul) que
por Petrie («Nagada») mostra que a antiga Nubt (Om- as expedições comerciais que se dirigiam à costa do mar
bos, em grego), geralmente relacionada com a moderna Vermelho e muitas expedições mineiras ao deserto orien-
Tukh, uns 4 km a sueste, deve ter sido uma cidade im- tal deixavam o vale do Nilo. Gebtu tornou-se em breve
portante em finais do período pré-dinástico. O seu o mais importante centro religioso da região e o seu
nome deriva, possivelmente, de nub, termo egípcio an- deus local, Min, era também considerado deus da região
tigo que significa «ouro», devido à proximidade das mi- desértica a leste. Ísis e Hórus tornaram-se divindades
ol

nas de ouro do deserto oriental, acessíveis a partir do importantes, ligadas a Qift, em particular durante o
a

uadi Hammamat, o que pode também explicar a ascen- período greco-romano, sendo uma das razões deste
são da cidade a um lugar de relevo. O deus local era Seth facto a reinterpretação dos dois falcões do estandarte do
(Nubty, o Ombita), mais tarde considerado deus do nomo como sendo Hórus e Min. Como seria de esperar,
Alto Egipto par excellence'. Até agora apenas foi locali- os monumentos descobertos em Qift cobrem toda a his-
zado um templo do Império Novo consagrado a este tória egípcia, embora apenas os templos de finais do
deus, tendo vários faraós da 18.º dinastia (Tutmósis 1 e período greco-romano tenham sido encontrados in situ.
Tutmósis II, Amenófis IN) e vários Raméssidas contri- Durante a escavação de W. M. Flinders Petrie (1893-
buído também para a sua construção. -1894) e de R. Weille A. J. Reinach (1910-1911), foram
Em cima: cabeça colossal, Um monumento um tanto enigmático é a «pirâmide» localizados vestígios de três grupos de templos, rodea-
de granito vermelho, de um de Tukh, construída de pedra não trabalhada, e cuja dos de um muro de vedação.
imperador romano,
possivelmente Caracala, data, e até identificação como pirâmide, continua a ser O templo setentrional de Min e Ísis, em grande parte
encontrada no segundo pilone do posta em causa. não decorado e que ainda está de pé, foi obra de um
templo setentrional de Min e Ísis, funcionário chamado Sennun, por ordem de Ptolomeu
em Qift. Altura, 51 cm. Filadélfia
(Pa.), Museu da Universidade de
IV Filopator, Calígula e Nero (em particular os três
Pensilvânia. pilones). O templo está localizado no sítio de estruturas
anteriores, de Amenemhet 1, Sesóstris | e Tutmósis III,
Em baixo: Qus na época
da expedição de Napoleão ao Us sendo testemunho deste último soberano um grande nú-
Egipto: o pilone oeste do templo mero de restos de alicerces. A sul do 3.º pilone do tem-
de Haroeris, em Heget, e a cidade a noroeste de Na- plo setentrional encontraram-se vestígios de uma capela
modema. A julgar pelos seus cemitérios, Qus,
qada, a Gesa ou Gesy do antigo Egipto (Apollinopolis de Osíris, mandada construir por Amásis.
Parva do período greco-romano), na outra margem do O local do templo do meio tinha também uma longa
história, tendo-se encontrado blocos de Sesóstris [e um
portal de Tutmósis III, com adições feitas por Osorkon
ea
(possivelmente Il), para além de um conjunto de estelas
(«Decretos de Koptos») que datam das 6.º e 7.º dinastias,
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com cópias de decretos reais respeitantes ao templo c ao
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seu pessoal, O templo do meio foi ele próprio construi-

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do por Ptolomeu II Filadelfo, com pequenas adições fei-
tas por Calígula, Cláudio e Trajano.
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Numa escavação do templo meridional encontraram-se


é
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Recs portas de Nectanebo II, Calígula e Cláudio e uma capela
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de Cleópatra VII Filopator e Ptolomeu XV Caesarion.
Cláudio construiu, em el-Qala, à nordeste de Quit,
um pequeno templo (cerca de 24 m X 16 m) dedicado a
Min, Ísis c Hórus.
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dra,
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“Em frances no original,


ALIOO EGIPTO SETENTITONA!

e maes me —— Em bauxo: Denderd: Zona cont al


do recintos pedida npal do templo

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e Trajano
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vedação de pPerpão romano TREs

tijolo fisica AR UE muro de veda-


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ção inacabado
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capela do nascimento
piolomaica — 30º dinastia
sanatório | palio
[ijolo) inacabado
B o
00ca 0800
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sala hipóstila exterior [ | Qoo 000


sala ÕOoo 000
hipóstila 000 000 Em cima: templo de Hátor visto
poço [ mm interior =p |]
o
de sudoeste, com relevos
sata de oo E templo de Ptolomeu XV Caesarion
escadaria ocidental pterendas [— 2 a = de
e Cleópatra VII Filopator.
= vestíbulo =
EE O sistro colossal mutilado tinha,
«Pátio do Ano Novo»
relicario E ba primitivamente, uma cobertura,
As caracteristicas gárgulas de leão
[|
[|] escoam a água da chuva do
lago sagrado telhado.
! Eiqm

ar 1 À esquerda: portal do período ro-


e]
À templo do

06%
loo ESca- A mano a leste do recinto principal.
sopdara onenta
nascimento Este portal e algumas bases de
de Isis paredes que restam formavam
Ú Sm parte de um complexo talvez con-
sagrado ao Hórus de Edfu.
Ê T |
1) 150 pes

simbolicamente o «este» para os Egípcios. Nesta descri-


Dendera ção utilizam-se os pontos cardeais.
A monumental porta de entrada de Domiciano e de
Trajano está aberta num muro de vedação maciço, de
Dendera, lunet ou Tantere, em egípcio antigo, Tentyris tijolo, e dá acesso a uma zona aberta, com a capela do
em grego, foi capital do 6.º nomo do Alto Egipto e ci- nascimento do período romano a oeste. Este é o mais
dade de alguma importância, mas desde a Antiguidade recente templo deste tipo que se conservou. Foi o local
que o centro populacional da região se transferiu para ritual onde Hátor deu à luz Ihy, que simboliza a fase
Qena, na margem oriental. O complexo do templo está jovem do criador dos deuses em geral. O templo foi
agora isolado no limiar do deserto. construído quando a estrutura anterior, começada por
A necrópole de Dendera compreendia túmulos do Nectanebo I e decorada no princípio do período ptolo-
período dinástico primitivo, mas a sua fase mais impor- maico, foi atravessada pelos alicerces do primeiro pátio e
tante teve lugar em finais do Império Antigo e no 1.º do templo principal de Hátor (nunca terminado). Am-
período intermédio. Nessa altura, as províncias eram bas as capelas do nascimento podem agora ser vistas,
praticamente autónomas e, embora Dendera não fosse a diferindo consideravelmente no que respeita a plano e
facção mais importante do Alto Egipto, os seus notáveis decoração.
construíram várias mastabas de tamanho considerável, Imediatamente a sul da capela do nascimento mais an-
das quais apenas uma tem decorações para além de es- tiga encontra-se um «sanatório» de tijolo, onde os visi-
telas e portas falsas. Na parte ocidental encontram-se ca- tantes podiam banhar-se nas águas sagradas ou «incu-
tacumbas com abóbadas de tijolo, com sepulturas de bar» — passar a noite na esperança de terem um sonho
animais, sobretudo aves e cães, tendo-se encontrado se- curativo enviado pela deusa.
pulturas de vacas em vários locais da necrópole — a vaca O templo principal é o mais grandioso e mais cuida-
cra uma das formas assumidas por Hátor. dosamente decorado deste período, contendo possivel-
Foi aqui recuperada uma capela de Nebhepetre Men- mente os maciços alicerces muitos dos blocos da estru-
tuhotepe, que se encontra agora reconstruída no Museu tura anterior que substituiu. Encontraram-se no local
do Cairo. Este edifício, que tinha também inscrições de fragmentos de períodos anteriores, mas nenhum edifi-
Merneptah, destinava-se mais ao culto do faraó do que cio; Pepi [ e Tutmósis III, em especial, são lembrados
ao da deusa e estava possivelmente subordinado ao tem- nas inscrições do templo.
plo principal da época. A parte de trás do templo foi construída primeiro,
O complexo do templo é orientado, como habitual- provavelmente em finais do século nu a. C. O rei mais
mente, para O Nilo, que corre aqui de este para oeste, É antigo ali nomeado é Ptolomeu XII Auletes, mas à
assim o templo está virado a norte, embora este fosse mator parte dos cartuchos está em branco, provavel-
12
ed

ALTO EGIPTO SETENTRIONA!

A esquerda: sala hipósula Em baixo capela do MASCUNENTO.


romana A palida luz do norte Liz do remado de Trajano o rei apre-
SODIESSAE As superfícies cm sentando otercmlas Elitor, equi
relevo, em algumas das quais dm menta o jovem Ihv. com um
q fundo branco se conserva, segundo Ihv atras

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mente devido às lutas no seio da família real. durante O

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século 1a. C. À sala hipóstila exterior foi decorada entre

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os remados de Augusto e Nero, tendo uma inscrição

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dedicatória em grego do ano 35 d.
O templo segue a planta clássica. As colunas das duas
salas hipóstilas e do «pátio do ano novo» têm capitéis em
À RE
di

forma de sistro, instrumento musical sagrado de Hátor.


hit
=

O seu uso evoca a imagem de Hátor sob a forma dc


a, Ash
NLM

vaca, entre as plantas do pântano da criação. No centro


da parede exterior sul, que cra dourada, havia também
um relevo representando um sistro, ambos demons-
trando a sua importância c cvocando Hátor. o «ouro dos
deuses». Todas as figuras de sistro foram muito mutila-
das no princípio do período cristão.
Dentro do templo, as partes mais invulgares são as
«criptas» decoradas, que são séries de salas em três an-
dares, encaixadas na espessa parede exterior. À sua prin-
cipal função ecra armazenarem objectos de culto. arqui-
vos e símbolos mágicos para protecção do templo.
À sua decoração ajusta-se ao cixo do templo ec os relevos
mais importantes, entre Os quais os sistros predominam
mais uma vez, encontravam-se sobre O próprio cixo.
Também na espessura da parede há escadas que dão para
o telhado. No telhado há um quiosque, onde tinha lugar
o mtual da união da deusa com o disco solar. Há também
dois relicários de Osíris, de um dos quais proveio o fa-
moso zodíaco de Dendera, actualmente no Louvre. em
Paris. Dendera ecra um dos muitos túmulos de Osiris &
os relicários, que não têm qualquer relação directa comi
Hátor, eram utilizados para celebrar à sua ressurreição.
À sua morte ecra talvez reconstituída no lago sagrado = |

oeste do templo,
Logo a sul do templo de Haátor está o do nascimento
de Ísis, decorado no reinado de Augusto, que utiliza blo-
cos de alicerces de um edifício prolomaico destruido.
A entrada leste do recinto, também do periodo romano,
di acesso a este templo. único pela sua dupla orientação,
em que as salas exteriores estão viradas a leste e as interio-
res d norte, na direcção do templo de Hátor. À cena cen-
trad do nascimento de Isis foi mutilado.
A leste do templo encontrava-se parte da cidade. com
um templo de | lórus de Edtu no mio. Este Crd, tal Cia
semelhante av algumas rumas de templos do periodo ro-
mano a cerca de 500 m do recinto principal,
As triades de divindades vencradas em Edtu e Den-

dera cram semelhantes, compreendendo Hoóruso ator


(ou Isis) e Thy ou Harsontus À Hator de Dendera co
Hórus de Edtu encontravam-se, numa cerimónia sagra-
da de casamentos quando a deusa se dirigia para sul
AUTO EGIPTO SETENTRIONAL

A leste da cidade existem vastos cemitérios de todos

el-Qasr wa-l-Satyad os períodos e sepulturas de animais sagrados (cães, íbis e


falcões) do período greco-romano.

Os túmulos cavados na rocha, perto da moderna aldeia


de el-Qasr wa-l-Saiyad, a nordeste de Hiw, encontram-
-se na margem direita do Nilo, na zona correspondente À esquerda: fragmentos

Abido
de mobiliário dos túmulos reais
ao 7.º nomo do Alto Egipto. do dinástico primitivo em Abido.
A data da sua construção situa-se aproximadamente À esquerda: pedaço de xisto de
nos princípios do 1.º período intermédio. utilidade desconhecida, esculpido
com extraordinária precisão e peri-
Apenas dois túmulos, os dos «grandes senhores do cia. À direita: perna de cama, em
nomo», Idu Seneni e Tjanti, merecem especial atenção, forma de pata traseira de boi, com
espigão para encaixe na armação €
devido à sua decoração em relevo bem conservada. buracos para tiras de couro: mar-
fim. Oxford, Museu Ashmolean.

Ao fundo, à esquerda:

Hi
hipopótamo bramindo, feito

W
de cerâmica, proveniente de uma
sepultura de princípios do
Nagada II, em Hiw. A escultura
animal dos períodos pré-dinástico
Durante o reinado de Sesóstris I foi fundada, na margem e dinástico primitivo é muitas
ocidental do Nilo, no 7.º nomo do Alto Egipto, uma vezes de qualidade superior às
figuras humanas da mesma
propriedade real denominada «Kheperkare (Sesóstris 1), época. Oxford, Museu
o Justificado é Poderoso». Ashmolcan.
Esta localidade em breve se tornou mais importante Em baixo: baqueta (instrumento
do que a primitiva capital do nomo e o seu enorme musical vulgar), em forma de
nome começou a ser abreviado para Hut-sekhem ou antebraço feita de osso e com
uma inscrição para a serva da
Hut. O termo Hut-sekhem foi reinterpretado como A Abedju do antigo Egipto (Ebot ou Abot, em copta) deusa Heget, Sithator, do 2.º
«A Mansão do Sistro», alusão à deusa local Bat, adorada foi o mais importante cemitério do país no princípio do período intermédio. Proveniente
sob a forma de sistro, com cabeça humana c orelhas e período dinástico primitivo e existem vestígios de po- de Hiw. Londres, Museu
Britânico.
chifres de bovino. voamento que datam do período pré-dinástico Naga-
No entanto, já durante o Império Novo a deusa Bat da I, mas a importância política da cidade de Abido, as-
era assimilada à Hátor da vizinha Dendera. No período sim como a sua relação com a capital do nomo, Tjeni
greco-romano Hiw era conhecida por Dióspolis Mikra (talvez a moderna Girga), é menos clara.

=
N »
ou Dióspolis Parva. A versão copta deste nome, Ho (ou O templo do deus da necrópole local, Khentamentiu
Hou), conduziu ao nome pelo qual a localidade é actual- («O Primeiro dos Ocidentais», ou seja soberano dos N
ae

mente conhecida. mortos), foi, durante as primeiras dinastias, um im-


Apesar do facto de serem mencionados em textos portante centro religioso. Nas 5.º e 6.º dinastias o deus No a > my
egípcios (por exemplo, o Papiro Harris I, que regista passou a ser identificado com Osíris, originário do N |
uma doação ao templo no reinado de Ramsés III), não Baixo Egipto, e durante o Império Médio Abido foi o
foi descoberto em Hiw qualquer templo faraónico. As principal centro religioso popular do centro do
únicas duas estruturas existentes datam do período Egipto. Os «mistérios de Osíris», durante os quais se A

greco-romano, tendo talvez uma delas sido construí- fazia uma reconstituição ritual da morte e ressurreição A

da por Ptolomeu VI Filometor e a outra por Nerva e do deus, atrafam peregrinos de todo o Egipto. Muitas à
Adriano. pessoas desejavam comungar das cerimónias no outro |

mundo, com símbolo da comunhão na ressurreição de HS é 1


Al
Osíris, e construíam pequenos cenotáfios de tijolo e
A
colocavam estelas na zona entre o templo de Osíris e
os cemitérios. Os próprios cemitérios, numa extensão
de cerca de 1,5 km a sudoeste de Kom el-Sultan até ao
templo de Seti I, são muito mais vastos do que quais-
quer outros cemitérios locais. No Império Médio os
faraós começaram a construir cenotáfios em Abido, o
que culminou, na 19,º dinastia, nos templos de Seti Le
Ramsés IH. Os túmulos particulares de Abido, do perí-
odo recente, tinham com frequência pirâmides de ti-
jolo com uma pedra de topo em forma de pequena
pirâmide.
Encontraram-se também sepulturas de cães ou cha-
cais, íbis e falcões, datando dos períodos tardio e greco-
-romano,
ALTO EGIPTO SETENTRIONAL

] Templo de Seu E relevo


da capela do rei representando
o sacerdote ou divindade
lunmutef diante do faraó
mumificado, que está sentado
num trono em cima do hieróglio
para «celebração». O texto é uma
versão elaborada de uma fórmula
de incensação,

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ALTO EGIPTO SETENTRIONAI

Dj 2.
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0 BOU m [ o RR o a

9
mg

2500 pés E, To ulos reais de Umm el-Qaab


(4 - E se» [finais do periodo pré-dinástico,
Poe]
dic
sa “6 2 dinastias)
A E N

EE
RR | mi
E ;/ gd
sa Sã aà A bm À esquerda: mapa da zona de
ruinas antigas, que se estende por
j capelade Tetisheg = 4 MN a
5 km ao longo do limite da zona
3) de cultivo. À antiga cidade, que
catacumba e cenotafio do Ne Õ se prolongava possivelmente pela
3: Império Médio planície inundada, concentrava-se
a! catacumbas de cães, Shunet el-Zebib no extremo norte, estando os
a| E | emplo | io Ce monumentos funerários reais
cenotáfio as 5 e particulares mais para sul,
&, cenotaho Sae Set paca É e Nterhploíde Ramsés
E Pa 0
RS ares! o: ulose cenotáfig a
2! A | e E N es Império do Pon el-Sultan

| doimo Né
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tempfo em E templo cenotáfio Ras e E
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do Império Médio AS DS
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pilone doAa.
No extremo esquerdo: templo de
Ez

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deserto E Ramsés II, visto de noroeste.
Grande parte da estrutura
conservou-se até cerca de 2 m
de altura. Em primeiro plano está
a série interior de câmaras com
np Ep | corredor de entrada pa cenas funerárias: por trás ficam
[1 A sala de entrada a : duas salas hipóstilas, com pilares
quadrados em vez de colunas,
| | E capelas de c um pórtico. Fora da entrada
no E
1 faraó a
moderna ficava outro pátio

uma capela lateral e um pilone.


com

Vou — salacentral 2 Ptah Ng


y
Os suportes da estrutura são
sala em 1 Rá-Harakhty pá
[Hi forma de sarcófago de arenito, podendo atingir
Ro 4 Amon-Rá Pt espessuras consideráveis, mas
id! *áreadeseniço ra 3 Osiris a as superfícies em relevo são
o fechada
capelas 655
7 Hórus [! de calcário; as duas portas de
entrada são de gramito cinzento.
Sie 8 Nelertem No tempo de Set | encontram-
- após 9 Ptah-Sokar , =se técnicas compósitas
E semelhantes a estas.
aaD BOB | 4 cala 10 Sala de Nefertem
Os túmulos reais mais antigos na. a [EO tupostila B Ptah-Sokar
Em 1895-1896 E. Amélincau escavou, em Umm cl- rate Ed pórtico 17 lista faraonica
-Qaab («Mãe dos Potes», assim chamada devido à ç E 12 sala dos barcos
2“ pátio 13 palácio
grande quantidade de cerâmica ali encontrada), uma
à "
série de túmulos contendo objectos com os nomes de — F E o pórtico

reis do período dinástico primitivo. Depois das cam- a= pes boo —a —


En pídestruído)
pedra

panhas um tanto insatisfatórias de Amélincau, W. M.


Flinders Petrie voltou a trabalhar no local em 1900- |FU E ão
e ljolo
,
-1901, tendo descoberto monumentos de todos os reis
da 1.º dinastia e de dois da 2.º (Peribsem e Kha- 5 O AH pilone ave
150 pes

-sekhemwy). As superestruturas dos túmulos tinham FS idestruido)

desaparecido,
al
apenas restando covas forradas de tijolo
com filas de sepulturas secundárias. Estas descobertas
incluíam magníficas estelas de pedra com os nomes
dos faraós e pequenos objectos, por exemplo selos de
argila, marfim e etiquetas de ébano, partes de vasos de monumental dessas zonas, possivelmente O antepas-
pedra e pedaços de mobiliário. O túmulo de Djer, sado da vedação da pirâmide de degraus de Saqqara.
mais tarde considerado como o túmulo do próprio Um mosteiro copta, a norte, parece ter também sido
Osiris, estava cercado de cerâmica votiva da 18.º dinas- construído sobre os alicerces de enormes paredes do
tia e posterior. dinástico primitivo.
O cemitério é anterior ao começo da 1.º dinastia e foi
talvez também o local de sepultura dos últimos reis do A cidade e o templo de Osíris
período pré-dinástico., O centro da antiga cidade fortificada é o monte cha
Existem mais ruínas do dinástico primitivo na zona -
mado Kom el-Sultan. O elemento mais importante da
do templo de Osíris. Estas compreendem cemitérios,
cidade deve ter sido o templo, inicialmente consagrad
rodeando zonas vazias onde talvez tivessem sido ergui- o
à Khentamentiu e, à partir da 12.º dinastia, à Osíris.
dos edifícios temporários para as cerimónias funerárias
Este templo foi construído em tijolo, tendo apenas al-
de determinados reis. Pensa-se que o Shunet cl-Zebib,
guns elementos, como ombreiras de portas e lintéi
um muro de vedação maciço de tijolo, situado s,
um em pedra, o que justifica, em parte, à sua quase com
pouco para dentro do deserto, tenha sido uma versão -
pleta destruição, Os objectos mais antigos alt encon-
djs N6
ALTO EGIPTO SETENTRIONAL

Em cima: templo de Ramsés II, trados são do início da 1.º dinastia: um fragmento de Ámon-Rá, Osíris, Ísis e Hórus. A capela de Osíris dá
pátio; boi cevado com guardador, vaso de Aha e algumas pequenas figuras de homens,
numa procissão de oferendas para uma zona consagrada ao culto de Osíris, cobrindo
rituais. O boi é identificado animais e répteis de pedra e faiança. A partir de Kéops, toda a largura do templo e compreendendo duas salas e
como pertencendo a este templo. da 4.º dinastia (uma estatueta de marfim, única repre- dois conjuntos de três capelas de Osíris, Ísis e Hórus.
À direita: está outro guardador
e a cabeça de um órix.
sentação conservada deste faraó), encontraram-se ves- O seu elemento mais estranho é uma sala com dois pila-
tígios de quase todos os faraós do Império Antigo até res, desenhada de forma a ser completamente inacessi-
Em cima, à direita: templo de Pepi II. No Império Médio, Nebhepetre Mentuhotepe vel. O anexo sul do templo compreende câmaras para o
Ramsés |, primeira sala hipóstila
na parede norte. Personificação acrescentou provavelmente um pequeno relicário ao culto dos deuses menfitas Nefertem e Ptah-Sokar e uma
de Dendera, de uma série levando templo já existente e, a partir de então, há vestígios de galeria onde se encontra um magnífico relevo de Seti Le
oferendas de comida e libações. quase todos os faraós até à 17.º dinastia. Na 18.º dinas- Ramsés Il apanhando um boi com um laço e, do outro
A gordura da figura simboliza
a abundância e a sua pele azul tia, Amenófis I, Tutmósis Ile Amenófis II empreen- lado, uma das poucas listas de faraós do Egipto, servin-
e cabeleira verde são parte de um deram trabalhos de reconstrução, estando também re- do aqui ao culto dos antepassados reais. A galeria dá
padrão decorativo, também presentados todos os principais Raméssidas, e sobre- acesso a um conjunto de armazéns, provavelmente utili-
simbólico. O texto identifica-o
com o faraó: «Ramsés veio, tudo Ramsés II, por um templo completo ali perto, zados quando o faraó estava de visita, durante as festas.
trazendo oferendas de comida» enquanto no período tardio Apries, Amásis e Nectane- Os relevos das partes interiores do templo, termina-
(a faixa da direita diz respeito à
figura seguinte). Por cima vê-se bo I têm importantes vestígios, tendo o templo conti- dos por Seti I, são de uma beleza excepcional. As zonas
parte de uma cena de sacerdotes nuado provavelmente a funcionar até ao período gre- exteriores, incluindo a primeira sala hipóstila, foram
levando a barca divina em co-romano. Kom el-Sultan é rodeado de grossos completadas por Ramsés III, em alguns casos por cima
procissão.
muros de tijolo da 30.º dinastia. das construções de seu pai.
Por detrás do templo de Seti 1 e sobre o mesmo cixo
Templos cenotáfios reais está o cenotáfio propriamente dito. Tanto no que respei-
Os templos cenotáfios são templos funerários secun- ta à planta como à decoração (sobretudo executada por
dários dos seus construtores, servindo divindades re- Merneptah), assemelha-se a um túmulo real, sendo o
gulares e o culto do falecido rei como Osíris. O primei- seu acesso feito pelo norte, por um longo corredor incli-
ro faraó que se sabe ter construído um templo deste nado. As principais câmaras são uma sala que imita uma
tipo, uns 3 km a sul de Kom el-Sultan, é Sesóstris Il. ilha e outra semelhante a um sarcófago, com um tecto
Todos os outros edifícios identificáveis na mesma zona astronômico. Às maciças arquitraves de granito cobriam
parecem estar ligados a Amósis, incluindo o construído apenas parte da sala da ilha, sendo o centro aberto. Esta
para a sua avó, Tetisheri. Conhecem-se, através de tex- sala destinava-se à recriação das águas primordiais
tos, vários templos da 18.º dinastia, mas não foram lo- — sendo a ilha rodeada de um lençol de água —, tendo
calizados. no seu centro a sólida elevação da ilha, onde é possivel
O templo de Seti | (0 «Memnonium» de Strabo) tem que se fizesse germinar cevada, como simbolo da ressur-
uma planta em forma de L, muito invulgar, mas O seu reição de Osíris.
interior é apenas uma variante da norma. Tem dois pilo- Ramsés 1 construiu ele próprio um templo mais pe-
nes (O exterior quase completamente destruído), com queno, a noroeste do de seu pai. Este templo é digno de
dois pátios e pórticos com pilares, seguidos de duas salas nota pela excelente conservação das cores dos seus rele-
hipóstilas e de sete capelas lado a lado, De sul para norte, vos, que podem ver-se à luz do Sol. O plano é muito
as capelas eram consagradas a Seti 1, Ptah; Rá-Harakhey, semelhante ao do templo de Medinet Habu.

117
AUTO EGIPTO SETENTRIONAL
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Asyut *% «Quw el-Kebir


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Wanmina 0% Eis
Beit Khallafº |. a
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q Luxor

——— il

Beit Khallaf
Perto da aldeia de Beit Khallaf, uns 20 km a noroeste de
Abido, foram encontradas cinco grandes mastabas de ti-
jolo (as dimensões de K.1 são 85 mX45 m) com selos
de argila com os nomes de Zanakht e Netjerykhet (Djo-
ser). Os túmulos foram, provavelmente, feitos para ad-
ministradores da região tinita dos princípios da 3.º di-
nastia.

Akhmim
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No extremo esquerdo: mesa de


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oferendas de Harsiese,
proveniente de Akhmim, com
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figuras da fecundidade levando


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tabuleiros com presentes «e o dono


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recebendo libações de uma deusa-
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-árvore. Gramito. Cerca de


56 cm x53 cm. Período
ptlolomaico. Londres, Museu
Akhmim (lpu em egípcio antigo, Khmin ou Shmin em Britânico.
SAX mit te)o

copta, donde o termo grego Khemmis e o nome mo- À esquerda: tampa de um


SALES

derno), na margem oriental do Nilo, foi em tempos o sarcófago exterior antropóide de


ENS

centro próspero do importante 9.º nomo do Alto Espamai, sacerdote de Akhmim,


-

da 26.º ou 27.º dinastias.


Egipto. Hoje em dia pouco resta da sua glória passada. Os textos das pirâmides que se
Nada resta da cidade e, na Idade Média, os templos vêem nesta tampa foram
foram quase inteiramente desmantelados e o material compilados uns 2000 anos antes.
Madeira. Altura, 2,10 m. Museu
reutilizado em aldeias próximas, não tendo nunca sido de Berlim Ocidental.
sistematicamente explorados os vastos cemitérios da an-
tuga Akhmim.
Em el-Salamuni, a nordeste de Akhmim, há uma ca-
pela consagrada ao deus local, Min. Os Gregos identifi-
caram Mim com Pã e, assim, o nome dado à cidade na
antiguidade clássica era Panópolis. A capela foi prova-
velmente mandada talhar por Tutmósis II e decorada,
durante o reinado de Aya, pelo «Primeiro Profeta de
Min», Nakhtmin. Os relevos representam Aya e a mu-
lher, Teye, diante dos deuses locais, e algumas imagens
de Ptolomeu TI Filadelfo, cerca de 1000 anos mais recen-
tes, representando-o de forma semelhante, foram adi-
cionadas pelo seu contemporâneo, o «sacerdote supre-
mo de Min», Harnakheru,

118
ALTO EGIPTO SETENTRIONAL

Wannina
Wannina, uns 10 km a sudoeste de Akhmim, é o sítio de
um templo (antiga Hut-Repyt, donde o termo grego
Athribis) construído no reinado de Ptolomeu XV
Caesarion em honra da deusa Triphis (Repyt). A sul
deste templo encontrava-se outro, mais antigo, de Pto-
lomeu IX Sóter II. Um dos túmulos vizinhos, perten-
cente aos irmãos Ibpemeny, o jovem, e Pemehyt, de
finais do século 1 d. C., tem dois zodíacos no tecto.
Iászrsand: oe
v dos regstos. Piaomeu f ds Do pda fa
x STE:
Eladeito dante de Mn
e de quiras dunas

Qaw el-Kebir
acima da porta: Aya e rama
Pd

Teve dante de Min e de outras


dundades

3 acmada porta 4a e a ranha


Teve diante de Min e de Halor
e dante de Horns 2 Melyt Vários grandes complexos funerários em terraços, cons-
4 Tuimõss di diante de Min
truídos por funcionários do 10." nomo do Alto Egipto
na zona da moderna aldeia de Qaw el-Kebir (antiga
5 Tumoss fl dante de Amon-Rã
Tjcbu, mais tarde Djew-ga, a Antaiópolis do período
& Tuímoss W diante
De algumas dnindades
greco-romano), durante a 12.º dinastia, representam o
auge da arquitectura funerária particular do Império
Médio. Uma calçada dava acesso, a parúr do vale, a uma
Em cima: capela de Min, cavada
na rocha, perto de Akhmim. séric de salas, em parte cavadas na rocha. À sala mais
interior da capela estava ligada à câmara funerária por
À direita: tam pa de sarcófago de um poço.
calcário do profeta Shepen-=min,
filho de Heprenpuy e Tashent- Nas proximidades encontraram-se cemitérios de ou-
-min, possivelmente do período tras épocas. Um templo ptolomaico (possivelmente de
plotomaico. Os nomes teofóricos Prolomeu IV Filopator, ampliado e restaurado por
(que contêm nomes de
divindades) são boa prova da Ptolomeu VI Filometor e Marco Aurélio), localizado
possivel proveniência deste perto do rio, foi destruído na primeira metade do século
Monumento: neste caso os nomes passado
do dono e de sua mãe relacionam-
-nos com o deus local Min.
Altura, 1.80 m Copenhaga, Ny
Curlsbere CGlvprotek.

ds fa templo de
Ptolomeu XV
esarion
capela Os dois templos que em tempos se encontravam a
rorgana oeste da moderna cidade de Akhmim foram construídos
"3 em honra a Min (Pã) e à deusa Repyt (Triphis), consi-
( derada como sua companheira. Ambos datavam, ao que
pois embora tenham
parece, do período greco-romano,
também sido encontrados alguns blocos mais antigos,
templo de-Plolomeu IX
Sóter Il. .
não se sabe se pertenciam a estes templos ou se tinham
sido reutilizados.
túmulo de Ibpemeny Nesta zona, em el-Hawawish, a nordeste de Akhmim,
“O JOVEM» E e em el-Salamuni, uns 3 km mais para norte, conhecem-
de Pemehyt
á
-se vários grupos de túmulos cavados na rocha, de várias
7

a
épocas. Os tectos dos túmulos do período greco-romano
1 100 im. de cl-Salamuni são decorados com zodíacos circulares
HR
-——————
md
LENCO qups; pintados. Alguns dos túmulos de el-Hawawvish foram fei-
a

Fm cima: Wannini. tos durante o Império Antigo e princípios do Império Me-


No extremo direito: cabeça de uma dio para dignitários do nomo panopolita.
estátua de Eu, possivelmente da Podem-se atribuir a Akhmim muitos monumentos,
epoca de Sesóstris III, proveniente
do seu túmulo em Qaw el-Kebir.
em especial estelas e sarcófagos, conhecidos através de
Calcário pintado, Altura, 25 em. várias colecções de museus, embora não seja possível
Dur, Museu Egipeio. estabelecer as circunstâncias exactas da sua descoberta.

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