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APRESENTAÇÃO

A
Bíblia registra em Provérbios 8.11 que
a sabedoria é melhor do que rubins,
e de tudo que se deseja nada se pode
comparar com ela. Se guardarmos esta pala-
vra em nosso coração, jamais deixaremos de
buscar a sabedoria que vem do Céu. Conhe-
cer Deus e o caminho da salvação, através
de Jesus Cristo, é o maior tesouro que o ho-
mem pode desejar. Conhecer o coração do
Pai, alegra o filho.
Acreditamos, com muita convicção, que
só os que possuem conhecimento de Deus
não serão destruídos, derrotados pelo inimi-
go. Observe o que a Bíblia registra em Oseias
4.6: o meu povo foi destruído, porque lhe
faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste
o conhecimento, também, eu te rejeitarei...
Gostaríamos de incentivá-lo a buscar com
diligência o conhecimento da Bíblia. Para
isso, será preciso que tenha vontade na alma
de conhecer os mistérios de Deus; tenha per-
sistência, disciplina e disposição em continu-
ar os estudos e em considerar as atividades
de apoio que propomos, pois elas, com cer-
teza, lhe auxiliarão na aprendizagem.

Adquirir conhecimento não é tarefa fá-


cil, exige de nós, até mesmo, a disposição
de, em boa parte de nossas vidas, nos tor-
narmos solitários.

Saiba que, em alguns momentos, lhe so-


brevirá grande desânimo, desalento. Então
você dirá: não consigo. Nessas horas, é pre-
ciso clamar a Deus e tirar da fraqueza, for-
ças. Quando pensar que não é capaz de com-
preender, lembre-se que é o Espírito de Deus
quem ilumina o nosso entendimento.

São bem-aventurados os que guardam


os testemunhos de Deus. São bem-aventu-
rados aqueles a quem Deus desvenda os seus
olhos, para que vejam as maravilhas da sua
lei (Sl 119.18).
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 3
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 9
CAPÍTULO I ........................................................................................................ 11
ENTENDENDO A GEOGRAFIA ..................................................................... 11
O que é a Geografia? ...................................................................................... 11
A Geografia bíblica na antiguidade ................................................................. 12
CAPÍTULO II ....................................................................................................... 15
REGIÕES DO MUNDO ANTIGO .................................................................... 15
1. Mesopotâmia ............................................................................................. 15
2. Arábia ........................................................................................................ 21
3. Pérsia e Média ........................................................................................... 21
4. Elão ............................................................................................................ 25
5 . Armênia ou Arará ...................................................................................... 25
6. Síria ............................................................................................................ 26
7. Fenícia ....................................................................................................... 26
8. Palestina ou Canaã ..................................................................................... 27
9. Egito .......................................................................................................... 27
10. Etiópia ..................................................................................................... 27
11. Líbia ......................................................................................................... 28
12 . Ásia menor .............................................................................................. 28
13. Grécia e Macedônia ................................................................................. 30
14. Ilírico ou Ilíria ........................................................................................... 33
15. Itália ......................................................................................................... 34
16. Espanha ................................................................................................... 37
17. Ilhas dos gentios ou Ilhas do mar ............................................................. 37
CAPÍTULO III ...................................................................................................... 39
GEOGRAFIA EXTRAPALESTINICAS ............................................................... 39
Montanhas ..................................................................................................... 39
Rios ................................................................................................................ 41
Desertos Extrapalestínicos ............................................................................ 43
Cidades .......................................................................................................... 44
Cidades principais ......................................................................................... 46
CAPÍTULO IV ...................................................................................................... 51
ISRAEL, PALMILHANDO A TERRA SANTA ..................................................... 51
Israel, Solo Sagrado por Excelência ................................................................ 51
Nomes de Israel ............................................................................................. 53
Planícies da Terra Santa .................................................................................. 56
Vales da Terra Santa ....................................................................................... 59
Planaltos da Terra Santa ................................................................................. 63
Montes da Terra Santa ................................................................................... 64
CAPÍTULO V ...................................................................................................... 71
DESERTOS DA TERRA SANTA ....................................................................... 71
Rios e Mares .................................................................................................. 72
Clima da Terra Santa ...................................................................................... 75
CAPÍTULO VI ...................................................................................................... 79
GEOGRAFIA HUMANA DA TERRA SANTA .................................................... 79
Sobre a Família Hebraica ............................................................................... 79
A Vida Social Hebraica .................................................................................. 81
DINHEIRO, PESOS E MEDIDAS .................................................................... 84
CAPÍTULO VII ..................................................................................................... 87
CIDADES PALESTÍNICAS ................................................................................ 87
Jericó ............................................................................................................. 87
Hebrom ......................................................................................................... 87
Belém ............................................................................................................. 88
Jope (Jofa ou Yofa) .......................................................................................... 88
Siquém ........................................................................................................... 88
Samaria .......................................................................................................... 89
Nazaré ........................................................................................................... 89
Cesareia ......................................................................................................... 89
Cesareia de Filipo .......................................................................................... 90
Tiberíades ...................................................................................................... 90
Cafarnaum ..................................................................................................... 91
Jerusalém ....................................................................................................... 91
CAPÍTULO VIII .................................................................................................... 99
ENTENDENDO A ARQUEOLOGIA ............................................................... 99
O que é a arqueologia? ................................................................................... 99
A importância da arqueologia para o estudo da bíblia ................................. 101
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 106
INTRODUÇÃO

A Bíblia foi escrita dentro de um contexto histórico. Ela


pode, portanto, ser situada num tempo e num espaço específi-
cos. É papel da Geografia Bíblica situar o leitor da Bíblia no es-
paço onde os fatos aconteceram. Esse conhecimento é de extre-
ma importância, pois o lugar onde os homens vivem tem uma
influência muito grande na cultura.

Neste manual, estaremos entrando em contato com as re-


giões que existiam no mundo antigo, apontando as relações que
estabeleceram com o povo de Israel. Veremos a ascensão e a
queda de grandes impérios e a mão de Deus comandando a
história do homem. Observaremos as montanhas existentes, os
rios, os desertos, as planícies, os vales, os montes, as cidades,
tanto no mundo extrapalestínico, quanto no palestínico. Assim,
identificaremos os lugares que foram percorridos pelos patriar-
cas, pelos profetas, pelos apóstolos e por Jesus.
10 Geografia e Arqueologia Bíblica

Faremos, ainda, uma introdução acerca da arqueologia. Sua


importância para um estudo mais aprofundado das Escrituras Sa-
gradas. Explicaremos como a arqueologia autentica, ilustra, ex-
plica e suplementa a Bíblia.
Geografia e Arqueologia Bíblica 11

CAPÍTULO I
ENTENDENDO A GEOGRAFIA

O QUE É A GEOGRAFIA?

Segundo a etimologia, a palavra geografia é formada por


dois vocábulos: geo terra e graphein descrever, assim durante sé-
culos, a geografia se preocupou em descrever a terra. Entretanto,
a partir do século XIX, assumiu um caráter científico, isto é, não se
limitou à descrição, mas passou a explicar os fatos.

Geografia geral, segundo o dicionário Aurélio, é a ciência


que tem por objeto a descrição da superfície da terra, o estudo
dos seus acidentes físicos, climas, solos, vegetação e das relações
entre o meio natural e os grupos humanos.

Podemos separar a geografia em ramos ou compêndios.


Exemplos:
• Geografia física – que estuda a superfície da terra em seu
aspecto atual.
• Geografia política – ramo que trata do Estado em suas
íntimas relações com o meio: Geopolítica.

Queremos, aqui, tratar de um compêndio, dentre tantos, no


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vasto campo da geografia, daquele que está, diretamente, ligado


à Bíblia e que é definido como Geografia Bíblica.

Se definimos a Geografia geral como ciência que se preocu-


pa em descrever a superfície da terra, definiremos a Geografia Bí-
blica (como parte da Geografia geral), como ciência que tem por
objetivo o conhecimento das diferentes áreas da superfície da ter-
ra relacionadas à Bíblia.

Esse estudo é muito importante para todos aqueles que, num


estudo da Palavra de Deus, desejam aprofundar, compreender e
interpretar fatos bíblicos. Diz-nos a história que certo homem, de-
pois de tecer duras críticas aos evangelhos, resolveu, por si mes-
mo, estudar os fatos neles contidos nos locais onde eles se desen-
volveram. No final, confundido e comovido, não pôde dizer me-
nos que chamar a Palestina de O quinto Evangelho.

É exatamente aqui que entra a importância do estudo da


Geografia Bíblica para todo estudo sério das Escrituras, pois traz
auxílio aos acontecimentos históricos; torna as profecias mais ex-
pressivas e a poesia bíblica mais inteligível.

Convidamos você, caro leitor, a entrar conosco neste fantás-


tico estudo e a entender os mistérios nele contidos.

A GEOGRAFIA BÍBLICA NA ANTIGUIDADE

O mundo antigo, ou mundo bíblico, é constituído por todos


os povos antigos, mencionados na Bíblia, que habitavam a área
Geografia e Arqueologia Bíblica 13

banhadas pelo Mar Mediterrâneo, Mar Negro, Mar Cáspio, Golfo


Pérsico e Mar Vermelho.

Pela Bíblia, o Antigo e o Novo testamentos abrangem os


territórios desde a Espanha, ponto mais ocidental do programa de
atividades missionárias do apóstolo Paulo, até a Pérsia, país mais
oriental; e desde Ponto, na Ásia Menor, cujo povo estava repre-
sentado em Jerusalém no dia de pentecostes (At 2.9), até o extre-
mo sul da Arábia onde, provavelmente, estaria localizada a terra
de Ofir1 , tantas vezes mencionada na Bíblia.

1
OFIR – Hebraico, Rico ou Gordo. Esse foi um nome de uma pessoa, filho de Joctã (Gn 10.29).
É uma região geográfica, também hoje conhecida por Eivem. Segundo as tradições islâmicas
equiparam Joctã com Qahtan, filhos de Ismael, pai de todos os árabes.
14 Geografia e Arqueologia Bíblica
Geografia e Arqueologia Bíblica 15

CAPÍTULO II
REGIÕES DO MUNDO ANTIGO

1- Mesopotâmia;
2- Arábia;
3- Pérsia e Média;
4- Elão;
5- Armênia ou Arará;
6- Síria;
7- Fenícia;
8- Palestina ou Canaã;
9- Egito;
10- Etiópia;
11- Líbia;
12- Ásia menor;
13- Grécia e Macedônia;
14- Ilírico ou Ilíria;
15- Itália;
17- Ilhas dos gentios ou Ilhas do mar.
1. MESOPOTÂMIA
A palavra vem do grego e significa entre rios. Está localiza-
da entre os rios Tigre e Eufrates. Seu nome hebraico era Arã-
Naaraim, que significa, essencialmente, a mesma coisa. É a terra
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dos primeiros dias da história bíblica e o berço da humanidade.

De acordo com as possibilidades geográficas e as mais re-


centes conclusões históricas e antropológicas, o surgimento do
homem ocorreu nessa região e, segundo o relato bíblico, o jar-
dim do Éden, provavelmente, localizou-se às margens dos rios
Tigre e Eufrates (Gn 2.10-14). Fatos como o dilúvio, formação
da família de Noé e migração de sua descendência, deram-se
nessa região.

Podemos dividir a região da Mesopotâmia em duas partes:


a) Região Norte – conhecida como Assíria, falaremos a
seguir detalhadamente e
b) Região Sul – conhecida como Babilônia ou Caldeia,
habitada por povos sumérios, acádios, amorreus e semitas
em diferentes épocas. Desse caldeamento surgiu a notá-
vel figura do patriarca Abraão, que deu origem ao povo
hebreu. Hoje essa região é ocupada pelo Iraque e parte
pela Turquia.

Também, era a região do nascimento de Balaão (Dt 23.4) e


o país governado por Cusã-Risataim, quando ele oprimiu o povo
de Israel (Jz 3.8,10).

Os gregos não incluíam a Babilônia nesse território; quando


usavam a designação Mesopotâmia, segundo eles, envolvia uma
porção menor de território do que aquela que veio a ser conheci-
da por esse nome. Falaremos a seguir das duas principais potênci-
as que emergiram na Mesopotâmia.
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Assíria

Os Assírios jactavam-se de descender de Assur, filho de Sem


e neto de Noé (Gn 10.11). Noé deixou a planície de Sinear2
para estabelecer-se em uma cidade localizada na Orla Oriental
do Tigre.

Os primeiros habitantes da Assíria se misturaram com os


cádios e com os semitas, vindos da Síria por volta de 2500 a.C. e,
assim, formaram esse povo. A cidade mais célebre da região, des-
de 885 a.C. foi Nínive; essa cidade é a própria história do Império
Assírio. No século XII a.C., os assírios começaram a demonstrar
suas intenções hegemônicas. Visando atingir a hegemonia abso-
luta do médio oriente, desencadeou várias crises com seus vizi-
nhos ocidentais: sírios, fenícios e hebreus.

Quando houve a queda da Síria e Fenícia, os reinos de Isra-


el e Judá tornaram-se mais vulneráveis e, em 723 a.C., a Assíria
destrói Israel e deporta as dez tribos, fazendo desaparecer, posteri-
ormente, o reino do norte (II Rs 17). Fazia parte da política Assíria,
o extermínio total das nações conquistadas; povo cruel, os assírios
esfolavam vivos seus prisioneiros.

Depois desses acontecimentos passaram a concentrar-se nos


levantes da Caldeia onde exalariam seu último suspiro como im-
pério.
2
SINEAR, no hebraico Shinar, cujo sentido é desconhecido. Uma das designações, talvez a mais
antiga para indicar o território da Babilônia. O nome apareceu em Gn 10.10; 11.2; 14.1,9;
Is 11.11; Dn 1.2 e Zc 5.11.
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Babilônia

Na Bíblia, a Babilônia é sinônimo de poder e glória. Trata-


se de uma das primeiras civilizações da terra. Segundo alguns es-
tudiosos, babilônios e hebreus são oriundos de uma mesma famí-
lia semita. O patriarca Abraão, a propósito, é originário de Ur dos
Caldeus. A data de fundação de Babilônia é incerta. No entanto,
sua conexão com Acad e Calnesh (Gn 10.10), leva-nos a supor
que ela teria se estabelecido por volta de 3000 a.C.

O termo acadiano babli, babilani significa porta dos deuses.


É conhecida, também, pelos nomes de Sumer, Acade, terra do
Sine ou de Sinear, tantas vezes mencionados na Bíblia. Seus ha-
bitantes primitivos foram os sumérios vindos da Pérsia. Fundindo-
se com os acádios, formaram, mais tarde, o povo Babilônico.

Babilônia foi plantada em região fértil, onde as chuvas eram


constantes, o que possibilitou o surgimento de grandes civiliza-
ções. Várias cidades prósperas se estabeleceram na região: Ur,
Eridu, Obiede, Larsa, Fara, Ereque, Nipur e outras. Babilônia foi
edificada por Ninrode filho de Cusi, neto de Cão e bisneto de
Noé e tornou-se a capital do Império Caldeu. Foi Babilônia o ins-
trumento divino para a punição do povo de Judá.

Após vencer os últimos redutos de resistência Assíria,


Nabopolassar voltou-se para a palestina disposto a conquistá-la.
Para o profeta Jeremias o fim do reino de Judá viria,
inexoravelmente; sua mensagem era para que o povo judeu se
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submetesse ao soberano babilônico.

Nabopolassar, todavia não pôde dar prosseguimento aos seus


planos de expansão territorial, em virtude de sua morte.
Nabucodonosor é coroado, dá continuidade à hegemonia
babilônica e volta sua atenção para a terra de Judá. Vence-a, fa-
zendo de Joaquim seu vassalo (II Rs 24).

Em 603 a.C., o rei de Judá resolve não mais enviar impos-


tos à Babilônia, o que leva o rei a sitiar Judá. Chega ao fim o reino
do sul quando o monarca leva, cativo, o rei Joaquim, juntamente
com a nobreza judaica à Babilônia (II Rs 24.14-17). Entre os exi-
lados estão Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Os utensílios da
casa do Senhor, também, foram levados.

Em 597 a.C., Zedequias volta a não cumprir a determina-


ção do grande monarca e Jerusalém, mais uma vez, é sitiada e
destruída totalmente. Os muros, as casas, o templo se tornaram
ruínas. São deportados os restantes, entre eles, o profeta
Ezequiel (II Rs 25.1-7). Na terra desolada ficam, apenas, os
pobres.

Os judeus andaram errantes por 70 anos numa terra estran-


geira e idólatra. O exílio, contudo, seria o benefício aos filhos de
Abraão que não mais iriam se curvar ante os falsos deuses.

Em 538 a.C., durante um banquete oferecido pelo rei de


Babilônia, Belsazar, a seus oficiais de alto escalão e suas prostitu-
tas, o propósito divino se revelara através do profeta Daniel, (Dn
Geografia e Arqueologia Bíblica 21

5.). O domínio Babilônico chegara ao fim. O general medo Dario,


tomaria Babilônia e mataria o libertino Belsazar. Iria ter início o
império Medo-Persa.

2. ARÁBIA

Essa região possui imensos desertos e estes se estendem de


oeste - leste desde a foz do rio Nilo no Mar Vermelho até o Golfo
Pérsico; e de norte – sul desde a Jordânia e Iraque até o mar da
Arábia (oceano Índico).

Foi na parte ocidental dessa região, incluindo a península


do Sinai e Edom, que os Israelitas peregrinaram durante 40 anos,
depois que saíram do Egito, liderados por Moisés. Atualmente,
essa unidade geográfica contém os seguintes estados: Arábia
Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Kuwait, Omã,
e Iêmen.

Seus habitantes primitivos foram os amalequitas, os idumeus


(edomitas), os ismaelitas, os midianitas, os amonitas e os cenitas.

3. PÉRSIA E MÉDIA

A Pérsia era situada a nordeste do Golfo Pérsico, a sudeste


da Babilônia e Elão, ao sul da Média. A Média ficava ao norte de
Elão, ao leste da Assíria, ao sul do Mar Cáspio e partes da Armênia
e a oeste da Pártia que hoje corresponde à moderna província
persa de Khorosom (RONIS: 1989, p. 21).

Com a queda de Babilônia, surge um novo império no Mé-


22 Geografia e Arqueologia Bíblica

dio Oriente. A colonização medo-persa transforma-se, rapidamen-


te, em um vastíssimo reino. No tempo de Assuero, por exemplo, a
Pérsia estendia seus domínios da Índia à Etiópia, compondo-se
de 127 províncias.

Durante o Império Persa, os judeus foram tratados com


longanimidade e condescendência; podiam, inclusive, desenvol-
ver suas manifestações nacionais. Aos judeus da diáspora, foi per-
mitido voltar à terra santa de Israel, bem como reconstruir o santo
templo e suas casas.

História do império Persa

Está relacionada na Bíblia, no capítulo dez de Gênesis, a


genealogia das nações. Nesse texto está registrado os nomes dos
principais patriarcas da raça humana. Não encontramos, porém,

Extraído da Nova Enciclopédia Barsa.


Geografia e Arqueologia Bíblica 23

nessa porção das Escrituras, o cadastro da ancestralidade persa.


Acredita-se ter a Pérsia começado a formar-se séculos após a dis-
persão da Torre de Babel. Cassitas, elamitas, gutitas e lulubitas,
povos do planalto iraniano, formaram, de sua fusão, o povo persa.

A Pérsia, durante o Império Babilônico, não passava de um


estado vassalo da Média. Ambas mantinham, até certo ponto, uma
convivência pacífica. Ciro II consegue, em 555 a.C., reunificar as
várias tribos e, portanto, ganha força e lança-se sobre a Média,
numa guerra que durou 3 anos e lhe deu a vitória. Esse fato levou
as nações vizinhas a formarem aliança para frustrar as intenções
hegemônicas do novo reino. Ciro II move uma guerra generaliza-
da contra essa colonização e inicia uma série de ataques relâmpa-
gos; derrota a Lídia e a Babilônia, levando Esparta e Atenas a
firmarem um acordo de paz com a Pérsia.

Dario foi designado por Ciro II para governador da Babilônia.


Enquanto isso, consolidava-se os alicerces do poderio medo-persa,
pois, apesar da Média ter sido derrotada pela Pérsia, houve um acor-
do de união com intuito de conseguir a hegemonia do mundo.

Em sentido amplo, o território persa compreendia o planal-


to do Irã, Golfo Pérsico, os Vales do Tigre, Mar Cáspio e os rios
Oxus, Jaxartes e Indo. No tempo de Assuero, marido da rainha
Ester, as possessões persas estendiam-se da Índia à Grécia; do
Danúbio ao mar Negro; do monte Cáucaso ao mar Cáspio, ao
norte, e ao deserto da Arábia e Núbia.
24 Geografia e Arqueologia Bíblica

O Império Persa e os Judeus

Durante o domínio Babilônico, os judeus não gozavam de


muitas prerrogativas. Em 70 anos os filhos de Abraão, provados
duramente, recolheram amargos frutos em consequência de sua
idolatria.

Com a Ascensão do Império Persa, descortina-se novos e


promissores horizontes. Ciro II torna-se instrumento de Deus para
autorizar o regresso dos judeus a Sião. Já no primeiro ano de rei-
nado desse ilustre soberano, os filhos de Judá são liberados para
retornar à terra dos seus antepassados. À frente dos repatriados
estava o governador Zorobabel, (Ed 2) principal baluarte na re-
construção do novo estado judaico. Os muros e os templos foram
reconstruídos em tempo recorde.

O diligente Zorobabel, o destemido Neemias, o erudito


Esdras e o judicioso sumo sacerdote Jesua contaram com o res-
paldo da monarquia persa, no santo cumprimento dos seus deve-
res (Ne 2-7). Ciro II (tratado por Deus Meu Servo) mostrou-se tão
complacente que, inclusive, devolveu parte dos tesouros do tem-
plo levados à Babilônia por Nabucodonosor. Atrás da generosi-
dade persa, contudo, estava a potente mão de Deus.

No tempo da rainha Ester, (Et 2-9) mulher do poderoso


Assuero, vemos, mais uma vez, o Senhor usar o poderio persa em
favor de seu povo. Frustrando os planos de Hamã por intermédio
da belíssima sobrinha de Mardoqueu, o Todo-Poderoso intervém
Geografia e Arqueologia Bíblica 25

em favor da nação judaica, concedendo-lhe grande livramento.


Ester, ao interceder junto ao seu esposo, pela vida de seu povo,
estava preservando, indiretamente, a existência do Salvador. Fos-
sem os judeus aniquilados pelo diabólico Hamã, estaria compro-
metida toda a ancestralidade de Cristo.

Enquanto o Império Persa resplandecia no oriente, no oci-


dente, a Grécia começava a desenvolver-se e a tornar mais
mareante a sua presença no concerto das nações. Quão exatas
mostravam-se as profecias de Daniel! Segundo ele predissera, a
Grécia substituiria a Pérsia no comando político daquela época
(Dn 2.32,39).

4. ELÃO

Os gregos chamavam esse país de Suziânia. Limitava-se ao


sul com Golfo Pérsico; a oeste com o rio Tigre, portanto com a
Babilônia e Assíria; ao norte com a Média e a leste com a Pérsia
(RONIS: 1989, p. 20).

Foi o rei desse país que aprisionou Ló e, posteriormente, foi


perseguido por Abraão. Atualmente é província do Irã.

5 . ARMÊNIA OU ARARÁ

Essa região abrange extensas e altas serras ao norte da Mé-


dia e Síria, tendo a Ásia menor e o Mar Negro a oeste; o Mar Cáspio
ao leste e, ao norte, as montanhas do Cáucaso (RONIS: 1989, p.
22). É essa região a provável área do Éden e do monte Arará
26 Geografia e Arqueologia Bíblica

(onde descansou a arca de Noé).

Essa região liga o oriente e o ocidente e, ao longo da histó-


ria, sofreu profundas modificações. Atualmente é um país que,
em 1991, tornou-se independente do bloco soviético e limita-se
ao norte com a Geórgia, a leste com o Azerbaijão; ao sul com o Irã
e a oeste com a Turquia.

6. SÍRIA

Localiza-se a sudoeste da Armênia; ao leste da Ásia menor e


do Mediterrâneo; ao norte da Palestina e a oeste da Assíria e par-
tes da Arábia, cortada na direção norte-sul pela cordilheira do Lí-
bano.

Os sírios são descendentes de Arã, filho de Sem e neto de


Noé.

Damasco é a capital da Síria até hoje, sendo conside-


rada a cidade-viva mais antiga da terra. A Síria foi o primei-
ro país estrangeiro a receber o evangelho, através da prega-
ção dos irmãos que foram perseguidos em Antioquia (RONIS:
1989, p. 23).

7. FENÍCIA

Essa região era uma nesga de terra entre o Mediterrâneo a


oeste; a cordilheira do Líbano, ou Síria, ao leste; a Palestina ao sul
e Síria, também, ao norte. Suas principais cidades, citadas na Bí-
blia, são Tiro e Sidom (idem, p. 26).
Geografia e Arqueologia Bíblica 27

Os fenícios eram famosos por terem desenvolvido a navega-


ção, comércio e ciência, arte e literatura.

Atualmente essa região é conhecida por Líbano.

8. PALESTINA OU CANAÃ

É uma região banhada pelo mediterrâneo a oeste, tendo ao


norte a Fenícia e a Síria e ao leste e ao sul a Arábia; ao sul, tam-
bém, fica parte do Egito. (RONIS: 1989, p. 26). Sobre essa região
falaremos mais adiante.

9. EGITO

Depois da Palestina, a terra que a Bíblia mais faz referência


é o Egito. Ela é importante tanto do ponto – de – vista político,
quanto do religioso. Está ligada à formação dos judeus como povo
separado por Deus, para Este revelar-se à humanidade.

Situa-se no nordeste africano, tendo, ao norte, o Mar Medi-


terrâneo; ao leste partes da Palestina e Arábia; ao sul, Sudão e a
oeste Líbano. É uma região desértica, vivificada pela presença do
rio Nilo. Foi povoada pelos descendentes de Cão, filho de Noé.

Foi no Egito que os descendentes de Jacó permaneceram


por 430 anos, como escravos. Deus levantou Moisés para libertá-
los.

10. ETIÓPIA

Localiza-se no leste do continente africano, numa região


28 Geografia e Arqueologia Bíblica

conhecida como Chifre da África. Limita-se a oeste com o Sudão,


ao Sul com a Armênia e a leste com Somália e o Djibute (Cf. Nova
Enciclopédia Barsa).

Esse país foi no passado, habitado pelos descendentes de


Cusi, filho de Cão e neto de Noé.

Em Atos, no capítulo 8, está relatada a conversão de um


etíope, ao que tudo indica foi o primeiro a introduzir a religião
cristã naquela região.

11. LÍBIA

É uma extensa região no norte da África, quase totalmente


deserta, na costa do mediterrâneo, a oeste do Egito. Seus habitan-
tes são os descendentes de Put, filho de Cão.

No dia de Pentecostes estavam presentes, em Jerusalém, al-


guns homens dessa região (RONIS: 1989, p. 29).

12 . ÁSIA MENOR

É a menor península do extremo ocidente do continente


asiático. É banhada, ao norte, pelo mar Negro; a oeste pelo mar
Egeu e ao sul pelo Mediterrâneo; ao leste limita-se com Armênia,
extremo norte da Mesopotâmia e Síria.

Nessa região ficava as cidades de Tarso e Éfeso. Os romanos


dividiram essa região da seguinte forma, no norte: Ponto, Paflogônia
e Bitínia; no ocidente: Mísia, Lídia e Cária; no sul: Lícia, Panfília,
Geografia e Arqueologia Bíblica 29
30 Geografia e Arqueologia Bíblica

Cilícia; no centro e no leste: Frígia, Galácia, Pisídia, Licaônica e


Capadócia.

Foi essa região o grande cenário das viagens missionárias


de Paulo e seus companheiros, bem como a área em que se en-
contravam as sete igrejas da Ásia, conforme referidas no livro de
Apocalipse. Hoje, o estado da Turquia abrange essa área.

13. GRÉCIA E MACEDÔNIA

A Grécia é o berço da civilização ocidental. Dos gregos, her-


damos a democracia, a concepção clássica das artes e, principal-
mente, a filosofia.

Apesar da pequena expansão geográfica, a antiga Grécia até


hoje continua a nos influenciar. Amante da liberdade e acostuma-
dos a discutir ao ar livre, os gregos legaram-nos um inestimável
tesouro: as bases de nossa civilização. Sob uma atmosfera tão pro-
pícia ao desenvolvimento do espírito, surgiram grandes gênios:
Pitágoras, Sócrates, Platão, Aristóteles e tantos outros.

Os gregos não se preocupavam apenas com a mente, mas


também com o corpo. Sob o comando de Alexandre Magno, esse
ilustre povo conquistou o mundo influente de então e espalhou
sua cultura por todas as terras.

História da Grécia

A partir do século VI a.C., os gregos tornaram-se alvos das


intenções hegemônicas de Felipe II da Macedônia.
Geografia e Arqueologia Bíblica 31

Coube a Felipe II reorganizar o exército macedônico e aper-


feiçoar a formação da infantaria, conhecida como a falange
Macedônia. Conseguiu, durante os vinte anos seguintes, subme-
ter os estados gregos ao seu domínio. Tornou-se tão poderoso que,
num congresso reunido em Corinto, em 337 a.C., foi eleito co-
mandante das forças aliadas reunidas para invadir a Pérsia e tirar
vingança dos crimes que Xerxes havia cometido contra santuários
gregos durante séculos.

Na primavera do ano seguinte, Felipe II enviou uma van-


guarda de 10.000 homens através do Helesponto para preparar a
liberação das cidades da Ásia Menor em poder dos Persas.

Em meados do verão de 336 a.C., Felipe II foi assassinado.


Sucedeu-lhe seu filho de vinte anos, que veio a ser conhecido
como Alexandre, o Grande. Um dos maiores gênios militares de
todos os tempos. Assim é descrito Alexandre Magno. Nascido
em 356 a.C., teve primosa educação. Seu preceptor foi nada mais
nada menos, que Aristóteles. Aos pés do mais exato dos filóso-
fos gregos, o príncipe macedônio universaliza-se. Com uma am-
pla visão do mundo, passa a contemplar a humanidade como
uma única família, a partir daí declara sua intenção de conquis-
tar a terra.

Com vinte anos reafirma sua autoridade sobre os gregos e, à


frente de seu exército de 40 mil homens, marcha em direção aos
persas. Com fúria sobre-humana derrota Dario Codomano e seus
32 Geografia e Arqueologia Bíblica

800 mil homens. A partir daí, conquista terras e mais terras no


oriente. Na Índia, percebendo que seu exército não está tão forta-
lecido, o soberano macedônio resolve voltar. Foi-lhe a volta so-
bremodo penosa, suportaram longos meses de sede e infindáveis
caminhos sobre regiões desérticas, muitas foram as baixas.

Em Babilônia, Alexandre Magno é recebido como um ente


celestial. Para os pobres mortais, não havia ser mais glorioso. Os
dias que se seguem vêm demonstrar o contrário, mostrando um
homem de carne e osso, sujeito aos caprichos da natureza pelos
desígnios de Deus.

Em 323 a.C., morreu repentinamente. Com ele, o sonho de


ecumenizar a humanidade. O império desse jovem monarca não
resistiu à sua morte, conforme profetizara Daniel (Dn 2.39ss). As
possessões Alexandrinas são repartidas entre os mais ilustres mili-
tares gregos. A Lísimaco, a Trácia e uma parte da Ásia Menor. A
Cassandro, a Macedônia e a Grécia. A Seleuco, a Síria e o oriente.
E a Ptolomeu, o Egito.

Um dos maiores feitos de Alexandre Magno foi a difusão da


cultura universal grega. Esse magnífico empreendimento prepa-
raria o cenário para a chegada do Messias (Gl 4.4), num tempo
preparado por Deus que, culminaria com a propagação do evan-
gelho. O apóstolo Paulo, por exemplo, em suas viagens
missionárias, não encontrou quaisquer dificuldades em se comu-
nicar com os gentios em virtude da internacionalização do grego
Geografia e Arqueologia Bíblica 33

Koiné – grego vulgar.

Atualmente, o território Macedônio é ocupado pela Grécia,


Iugoslávia, Bulgária, Albânia e parte europeia da Turquia. Entre-
tanto, há um país que conserva o nome da antiga região histórica
da Península Balcânica. Tornou-se independente da Iugoslávia
em 1991.

Na Macedônia, ficava a cidade de Filipos, onde o evange-


lho, através de Paulo, foi pregado, pela primeira vez, em território
europeu, e se estendeu por toda a Europa.

O território macedônico, portanto, serviu de importantíssima


base missionária para o apóstolo dos gentios coroar de êxitos a
sua carreira cristã.

Alexandre Magno, lançou-se da Macedônia para conquistar


o mundo. Do mesmo lugar, o apóstolo Paulo lançou-se à Europa
para ganhar o mundo, mas, para Cristo. As glórias do príncipe
macedônico, entretanto, feneceram; e as glórias do evangelho?
Continuam a Brilhar!

14. ILÍRICO OU ILÍRIA

Essa região ficava na região leste da Macedônia; na noroes-


te da Grécia e na leste do mar Adriático. Segundo Rm 15.19, essa
foi a região mais distante na direção norte a que chegou Paulo
com a mensagem do evangelho. Atualmente essa região compre-
ende a Albânia e a Iugoslávia.
34 Geografia e Arqueologia Bíblica

15. ITÁLIA

Essa é outra península do sul da Europa, no mediterrâneo,


tendo ao norte a cadeia dos montes Alpes, ao leste o mar Adriático
e a oeste o mar Tirreno. Nela está a célebre Roma, capital do Im-
pério Romano.

Simbolizado pelo ferro, o Império Romano conquistou e


subjugou muitos povos. Eis como Daniel viu esse férreo império:
depois disto, eu continuava olhando nas visões da
noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso
e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes for-
tes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisa-
va os pés o que sobejava; era diferente de todos os
animais que apareceram antes dele, e tinha dez chi-
fres (Dn 7.7).
Geografia e Arqueologia Bíblica 35

Jamais houvera reino tão poderoso! A simples menção do


seu nome era motivo para amedrontar povos, derrubar reis e dila-
tar fronteiras. Foram os romanos que destruíram e conquistaram
Jerusalém. Também coube aos romanos a assinatura da sentença
de morte de Cristo, o filho do Deus vivo! O Império Romano, por-
tanto, será tratado com severidade no dia do Senhor!

História do Império Romano

Quem eram os romanos que deveriam representar um pa-


pel tão predominante pelo resto dos tempos bíblicos e durante os
primeiros dias da Igreja Cristã?

Uma lenda descreve-os como descendentes de Eneias: um


pequeno grupo de homens e mulheres que escaparam de Troia
quando a grande cidade foi conquistada pelos gregos. Outra len-
da pinta-os como descendentes de Rômulo e Remo. Já no século
III a.C., vai ampliando seus raios de influência e se torna senhora
de toda Península Itálica.

Ente 264 a 241 aC., os romanos venceram os cartagineses e


apossaram-se das ilhas sicilianas. Sentindo-se fortalecidos, os ro-
manos anexam a Córsega e a Sardenha e derrotam os gauleses no
Vale do Pó.

Nas duas últimas guerras púnicas, Roma derrota o brilhante


general cartaginês, Aníbal, e põe término à grandeza incômoda
de Cartago. Avançando para a bacia oriental, vence o aliado do
general Aníbal, Felipe V da Macedônia; este, derrotado, foge para
36 Geografia e Arqueologia Bíblica

a Síria. Seu filho Perseu tenta vingança por essa derrota, mas fra-
cassa.

A partir daí, Roma dá uma demonstração de poder e quase


todos os príncipes do oriente optaram por reconhecer sua supre-
macia como potência superior.

Antíoco, o grande, havia sonhado com a conquista da


Grécia, porém foi vencido pelos romanos na batalha de
Magnésia; a seu neto, Antíoco Epífanes, que se havia posto a
agregar o Egito e os seus domínios, bastou uma repressão de
Roma para que desistisse.

O Império Romano e os cristãos

O judaísmo era tolerado no Império Romano, por não pos-


suir caráter proselitista. A religião judaica limitava-se aos judeus.
Raros eram os prosélitos. As autoridades de Roma, por isso mes-
mo, permitiam o funcionamento de sinagogas e de escolas
hebraicas. A situação, contudo, foi, substancialmente, alterada com
a guerra na Judeia em 70 d.C.

Em consequência de seu espírito missionário, o cristianismo


desde o início, foi duramente perseguido. As autoridades roma-
nas viam-no como uma perigosíssima ameaça. E, de fato, a reli-
gião do Nazareno visava a conquista espiritual do mundo, como
Jesus ordenara (Mt 28.18-20).

Apesar das perseguições aos cristãos, nada consegue barrar


Geografia e Arqueologia Bíblica 37

o magistral progresso da igreja. Esse avanço contudo, custa um


alto preço: o sangue dos santos.

Os seguidores de Cristo foram perseguidos pelo Império


Romano por mais de 300 anos. A situação só se normalizou com
a ascensão de Constantino, o grande. Depois de séculos de
sanguinolência e devassidão, chega ao fim o inexpugnável Impé-
rio Romano. Em 476 d.C., os bárbaros invadiram Roma. Desapa-
receu, assim, o mais extenso e poderoso reino humano.

16. ESPANHA

Essa região fica no extremo ocidental do mundo antigo. Lo-


calizava-se no sudeste da Europa, banhada ao sul pelo Mar Medi-
terrâneo e ao norte pelo oceano Atlântico.

Em Rm 15.24 - 28, Paulo demonstrou desejo de visitar a


Espanha, para pregar ali o evangelho.

Ali foi palco de grande perseguição aos judeus, na Idade


Média, por causa dos Tribunais da Inquisição, estabelecidos pela
Igreja Católica (RONIS: 1989, p.34).

17. ILHAS DOS GENTIOS OU ILHAS DO MAR

São as ilhas do Mediterrâneo e mar Egeu, por exemplo: Creta,


Chipre, Rodes, Patmos, Mitilene, Somotrácia e talvez Malta e Silícia.
38 Geografia e Arqueologia Bíblica

ATIVIDADES DE APOIO

1. Explique o que é a geografia, quais seus


objetivos e suas divisões.

2. Por que o estudo de Geografia Bíblica é


importante?

3. Faça um resumo das regiões do mundo


antigo, situando-as no mapa.

4. Quais são as regiões de maior relevância para


o povo de Deus? Por quê?

5. Fale, resumidamente, dos grandes impérios


mundiais da Antiguidade.
Geografia e Arqueologia Bíblica 39

CAPÍTULO III
GEOGRAFIA EXTRAPALESTINICAS

MONTANHAS

Arará
Fica no sudeste da Armênia. Ao que tudo indica foi nessa
montanha que a arca de Noé ficou, mas a Bíblia relata em Gn 8.4
que a arca parou sobre os montes de Arará.

Sinai ou Horebe
Fica no extremo sudeste da Ásia, na península do Sinai.
Divide-se em duas partes: uma ao norte que é deserta e possui
leves elevações; outra, ao sul, na qual predomina a topografia
montanhosa. É na região sul que se localiza o monte Sinai, também
chamado Horebe.

Foi no monte Sinai que Moisés recebeu a Lei que deu ori-
gem à nacionalidade hebraica com seus aspectos religioso e civil.
E, também, ali Moisés teve a visão da sarça ardente.

Líbanos
Fica na parte ocidental da Síria, ao norte da Palestina. Era
formosa pela sua fertilidade. Nas encostas dos Líbanos cresciam
40 Geografia e Arqueologia Bíblica

os famosos cedros e as esbeltas faias, madeiras empregadas na


construção do templo de Salomão, na cobertura de navios, nos
palácios dos reis, nos instrumentos musicais, etc., por serem de
grande duração. Esses montes são, frequentemente, citados nas
Escrituras.

Hermon

Fica no limite sul da Síria e ao extremo norte da Palestina,


também conhecido como monte Sirion e monte Senir. Possui
uma vegetação escassa (exceto nas costas inferiores). Em fun-
ção de sua altitude, sua cobertura é de neve e de gelo. Possui
uma imponência majestosa e pode ser avistado da Palestina,
da Síria, da Arábia, da Fenícia e do Mediterrâneo. À medida
que chega o verão, a neve vai derretendo e formando fios de
água e riachos que descem pelas encostas e regam as partes
inferiores do monte e dos vales, ficando no seu tríplice cume
uma calota de gelo que reflete os raios solares, como um espelho,
a distâncias enormes.

Acredita-se que esse monte era considerado sagrado,


pois nele encontram-se numerosas ruínas de templos dedica-
dos a Baal.

É importante na formação do clima da região, principalmen-


te da Palestina, pois catalisa as correntes de ar quente e úmido
vindas do mediterrâneo e faz com que as mesmas se transformem
em orvalho denso em áreas mais próximas e em chuvas abundan-
Geografia e Arqueologia Bíblica 41

tes em regiões próximas e distantes.

Seir

É uma serra de montanhas que corre na direção norte – sul


na região de Edom, na África ocidental. Na costa leste, um pouco
afastado da serra, mas pertencendo ao mesmo sistema, fica o monte
Hor, onde morreu Arão, irmão de Moisés, durante a peregrinação
de Israel em direção à terra da Promessa.

Nas montanhas de Seir, provavelmente na parte norte, ha-


bitava Esaú, o irmão de Jacó.

RIOS

Na região do mundo antigo, podemos considerar três rios


que são de extrema importância: Nilo, Tigre e Eufrates.

Nilo

Tem cerca de 6.500 Km de comprimento. É o primeiro rio


do continente africano e o segundo do mundo, tendo suas
nascentes na região dos grandes lagos da África Equatorial, por
onde se estendem os seus dois braços, chamados Nilo Branco e
Nilo Azul, e os seus afluentes.

As chuvas produzidas pelas nuvens formadas sobre o


Oceano Índico e levadas pelos ventos sobre as cordilheiras
da África Ocidental e Equatorial faziam transbordar o Nilo
e seus afluentes, levando para o Egito o aluvião fertilizante
das vertentes das montanhas. O transbordamento desse rio
42 Geografia e Arqueologia Bíblica

nas terras áridas do Egito e a consequente abundância das


colheitas eram considerados pelos egípcios obra dos seus
deuses.

Tigre ou Hidéquel

Esse é o rio que, nascendo nas montanhas da Armênia,


corre na direção sudeste banhando o lado oriental da mesopotâmia
até juntar-se com o rio Eufrates cerca de 160 Km antes do Golfo
Pérsico. Antigamente desaguava diretamente no Golfo Pérsico, mas
hoje despeja suas águas no Eufrates. Em sua margem esquerda
ficam as ruínas da antiga cidade de Nínive, cuja história começa
em 3000 a.C.

Eufrates

É conhecido como o Grande Rio. As suas nascentes acham-


se no maciço montanhoso da Armênia. O curso total desse rio
varia entre 2880 e 3330 Km.

Devido à diferença de nível do Eufrates e do Tigre, foi


construído, pelos antigos, um sistema de canais, tornando, as-
sim, o vale da mesopotâmia, extremamente, fértil especialmen-
te na região sul, ou baixa – mesopotâmia, também chamada
Caldeia.

Os rios Leontes e Orontes na Síria e Tibre na Itália, também


fazem parte dos rios do Mundo Antigo, entretanto não têm
importância para a Geografia Bíblica.
Geografia e Arqueologia Bíblica 43

DESERTOS EXTRAPALESTÍNICOS

Há várias referências a desertos na Bíblia em virtude das


peregrinações dos patriarcas e do povo de Israel, bem como
da formação de Moisés, o grande guia do povo de Deus, que
se efetuou especialmente nos desertos do êxodo.

Há três tipos de desertos para os judeus. Yeshimon – que é


deserto absoluto, onde não há possibilidade de sobrevivência
animal ou vegetal. Herauboth – lugar devastado, desértico, em
consequência da destruição. É o caso de cidades destruídas pela
guerra. Midibar ou Arabah deserto com certas possibilidades de
vida animal e vegetal que na época chuvosa do ano transforma-
se em campo viçoso, procurado pelos pastores para pastagem
de seus rebanhos. Foi nesse tipo de deserto que os israelitas pe-
regrinaram 40 anos.

Os desertos extrapalestínicos relacionados às narrativas


bíblicas podem ser divididos em dois grupos:

1- O grupo do Oeste

• Shur (Ex 15.2). Alguns identificam como o de Etam (Ex


13.20), estende-se pelo noroeste da península do Sinai,
ao largo da fronteira do Egito e da costa oriental do Mar
Vermelho (Golfo de Suez) à altura do seu terço superior.
• Sin. É o prolongamento do anterior na direção sul da
costa oriental do mesmo mar, abrangendo o terço médio
da mesma.
44 Geografia e Arqueologia Bíblica

• Sinai. Abrange toda a parte sul da península, incluindo


o monte Sinai, bem como a parte oriental da mesma até o
fundo do Golfo de Ácaba.
• Parã. Cobre todo o centro da península.
• Cades ou Cades-Barneia. Pequena área que fica ao
norte do Parã e leste de Sur.
• Zim. Fica a leste de Cades. Esses dois últimos desertos
constituíam o limite sul da Palestina, também conhecido
pelo nome de Neges.
• Berseba. Esse é um pequeno deserto em torno da cida-
de de Berseba, o marco meridional da Terra Santa.

2- O grupo Leste

• Idumeu. Fica a sudeste do Mar Morto.


• Moabe. Fica a noroeste do mesmo mar.
• Quedemote. Norte de Moabe.
• Diblat e Beser. Localizações desconhecidas. Têm pou-
ca importância histórica.

CIDADES

O muro nas cidades antigas tinha uma grande importância,


pois protegiam os povos dos ataques do inimigo. A altura e a lar-
gura dos muros variavam de acordo com a importância e o tama-
nho da cidade.

As portas eram poucas nas cidades menores e numerosas


Geografia e Arqueologia Bíblica 45

nas maiores. Junto a elas, em praças ou largos, faziam-se feiras


livres e outras transações comerciais, bem como as assembleias
dos cidadãos e os julgamentos. Em algumas cidades a praça cen-
tral é que servia para esses fins.

As ruas das cidades antigas eram estreitas e, geralmente,


escuras, devido às pontes que ligavam as casas de ambos os la-
dos; eram úmidas e sujas, pois os lixos das casas eram jogados
nelas. Só em cidades grandes é que as ruas tinham algum plane-
jamento.

O material com que as cidades eram construídas dependia


do que era predominante na região: barro e pedra.

As casas e o mobiliário variavam de acordo com as pos-


ses dos proprietários.

A localização obedecia às conveniências de segurança ou


sobrevivência da população. Eram construídas sobre montes ou
elevações e junto a lugares férteis.

As cidades tinham grande importância, pois constituíam o


refúgio das populações rurais ou agrícolas. Em tempos de guerra,
as populações deixavam os campos e se refugiavam.

Também, muitas das cidades eram construídas em lugares


estratégicos ou passagens obrigatórias que davam acesso às regi-
ões menos defensáveis, constituíam as cidades militares para obs-
tar a invasão dos inimigos.
46 Geografia e Arqueologia Bíblica

CIDADES PRINCIPAIS

Ur

Situada ao sul da Babilônia, hoje chama-se Mugheir. É a


cidade natural de Abraão. Segundo as descobertas arqueológicas
foi um grande centro industrial, agrícola e comercial e porto marí-
timo importante.

Nínive

Segundo Gn 10.11, foi uma das mais antigas cidades da


Assíria. Tornou-se a capital do mundo no período áureo do Impé-
rio Assírio. Foi tomada pelos babilônios em 612 a.C., terminando,
assim, a sua glória. Dois dos livros proféticos do VT têm Nínive
por objetivo: Jonas e Naum.

Damasco

Segundo os historiadores é a cidade viva mais antiga da


Terra, localizada ao sul da Síria. Através dos séculos tem sido a
capital da Síria. É notável por se constituir centro estratégico para
o comércio do mundo antigo, por se tratar de um ponto de entron-
camento das estradas que comunicavam Egito e África com a
Assíria, a Babilônia e Roma.

Conforme a tradição, Damasco teve por fundador Uz, neto


de Sem, que habitava aquelas regiões (provavelmente o cenário
da história de Jó). É citada nas Escrituras desde as peregrinações
de Abraão (Gn 14) até o tempo do apóstolo Paulo (Gl 1.17).
Geografia e Arqueologia Bíblica 47

Mênfis

Os hebreus a conheciam pelo nome de Nofe. Era a cidade


mais importante do Egito setentrional. Foi, segundo Herótodo,
edificada por Menes, primeiro rei do Egito, mencionado na história.
É localizada na margem ocidental do Nilo, cerca de 20 Km ao sul
do Cairo, atual Capital do Egito. As mais famosas pirâmides do
Egito ficam perto dessa cidade.

Babilônia

É a antiga e bela capital do famoso Império Babilônico,


notável pelos seus maravilhosos palácios, jardins suspensos,
muralhas quase inexpugnáveis, etc. Segundo Herótodo, historiador
grego, as muralhas dessa cidade eram amplas e tinham cerca de
28 metros de largura; até 112 metros de altura e 96 Km de extensão.
Tinha 250 torres e 100 portões de cobre.

Essa cidade foi edificada sobre as duas margens do rio


Eufrates, em torno do local da torre de Babel. A época de seu
esplendor foi a do tempo de Nabucodonosor, ou seja, século VI
a.C., nos dias do profeta Daniel, quando o povo de Israel foi leva-
do cativo para aquela região.

Arã

Pouco se sabe acerca dessa cidade. Ficava na região cha-


mada Arã-naaraim, ou Padã-arã, no planalto setentrional da
Mesopotâmia. Nesse lugar ficaram Tera e seus filhos, depois de
deixarem Ur.
48 Geografia e Arqueologia Bíblica

Alguns dados arqueológicos levam à conclusão de que foi


um importante centro militar e comercial, ponto de convergência
dos caminhos da Assíria, da Babilônia, da Ásia menor, do Egito e
da Síria.

Tiro

Cidade antiga e muito importante da Fenícia. Sua fundação


remonta a 2.750 anos a.C. É mencionada, muitas vezes, nas
Escrituras Sagradas. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.

Ao tempo de Davi e Salomão o rei de Tiro, Hirão, manteve


estreita amizade com Israel, ajudando com sua madeira e artífices
a construir os palácios e o templo (II Cr 2.1-16). Foram as cidades
fenícias Tiro e Sidon as únicas em território estrangeiro que Jesus
visitara durante o seu ministério terreno (Mt 15.21-31). O nome
moderno dessa cidade é Sur.

Sidon

Outra cidade importante e muito antiga da Fenícia, cerca


de 30 Km ao norte de Tiro, porto marítimo do mediterrâneo; é,
frequentemente, referida na Bíblia. Foi arrasada, muitas vezes, pelos
conquistadores e reconstruída. Hoje seu nome é Souda.

Atenas

Esse é o nome da capital da Ática, um dos estados da


Grécia, fundada em 1156 a.C. que, em 1834, tornou-se a capital
de todo o reino da Grécia. Era célebre como centro da ciência, da
Geografia e Arqueologia Bíblica 49

literatura e das artes do mundo antigo, atraindo inúmeros


estudantes de todas as regiões. As referências bíblicas a essa cidade
são todas elas relacionadas com a obra missionária de Paulo (At
17.15-18; I Ts 3.1).

Éfeso

É a cidade mais importante da costa ocidental da Ásia


menor, cuja origem remota do século XI a.C., e, também, um
importante porto. Tinha um templo consagrado à deusa Diana
que levou 220 anos para ser construído.

Paulo, reconhecendo a importância estratégica de Éfeso, fi-


cou ali durante dois anos e três meses (At 19.8-10) entre os anos
54 e 57 d.C., realizando o seu maior trabalho missionário.

Roma

Cidade das mais antigas da península itálica, edificada sobre


sete colinas, na margem esquerda do rio Tibre. A data de sua
fundação, universalmente aceita, é 753 a.C. Famosa por ter sido a
capital política e cultural do mundo por vários séculos.

Paulo esteve preso em Roma durante dois anos e dali escre-


veu quatro epístolas: aos efésios, aos filipenses, aos colossenses e
a Filemon.
50 Geografia e Arqueologia Bíblica

ATIVIDADES DE APOIO

1. Quais as montanhas que você considera mais


importantes no desenvolvimento da história
do povo de Deus?

2. Por que o rio Nilo era considerado sagrado


para os egípcios?

3. Quais os tipos de desertos existentes para os


judeus? Em qual deles peregrinou o povo de
Deus?

4. Como eram as cidades na Antiguidade?

5. Liste as principais cidades extrapalestínicas e


escreva, pelo menos, três palavras que
caracterizam a essência de cada uma delas.
Geografia e Arqueologia Bíblica 51

CAPÍTULO IV
ISRAEL, PALMILHANDO A TERRA SANTA

A região que nós conhecemos pelo termo Palestina tem re-


cebido, através dos tempos, nomes diferentes, bem como tem so-
frido alterações quanto à sua extensão. Quando lemos a Bíblia,
deparamos com centenas de nomes e lugares da terra santa, onde
se desenvolveu a maravilhosa história da Salvação.

A partir de agora, voaremos à Terra Santa, será uma viagem


muito interessante. Percorreremos planícies, visitaremos cidades,
entraremos em Jerusalém, a cidade do grande rei, mergulhare-
mos no rio Jordão, subiremos nos montes, enfim à semelhança
dos espias de Josué, reconheceremos o solo sagrado, do qual mana
leite e mel (Js 2.1ss).

ISRAEL, SOLO SAGRADO POR EXCELÊNCIA

Israel é um dos menores países do mundo. Em seu exíguo


solo, entretanto, desenvolveu-se todo o nosso drama espiritual.
Apesar de suas acanhadas possessões geográficas, a Terra Santa
sempre foi ponto de discórdia entre os homens.

Com a criação do estado de Israel, em 1948, a herança


abraâmica centrou-se, mais visivelmente, em nossos estudos
52 Geografia e Arqueologia Bíblica
Geografia e Arqueologia Bíblica 53

escatológicos. Divisamos, no renascimento do minúsculo país


semita, a aproximação da volta de Cristo. Vale a pena, portanto,
conhecer a geografia das terras pisadas pelo meigo Jesus. Israel é
o solo sagrado por excelência.

NOMES DE ISRAEL

Tanto na história sagrada, quanto na secular, a terra de Israel


recebeu várias designações. Cada nome por ela recebido encerra
um drama vivido pelo povo de Deus. Para os hebreus, entretanto,
o seu solo sagrado nunca deixará de receber esse carinhoso trata-
mento: Terra prometida.

Canaã ou terra de Canaã

É o nome mais antigo por se tratar da terra habitada pelo


neto de Noé, Canaã e sua descendência (Gn. 10.15-18). Literal-
mente significa habitantes de terras baixas.

Após a dispersão da humanidade, ocorrida na ocasião da


construção da Torre de Babel, os descendentes de Canaã, fixaram-
se nas planícies entre o Jordão e o mediterrâneo. Daí concluímos,
os cananeus adoravam as planícies! Com o passar dos séculos,
Canaã passou a ter uma conotação poética. Era para os os Judeus
...Uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel (Ex 3.8).

Terras dos Amorreus

No acadiano, Amurru. Um dos nomes mais antigos da terra


santa que, tanto no antigo testamento quanto nos escritos profa-
54 Geografia e Arqueologia Bíblica

nos, designa a mesma região territorial conhecida como Canaã.

Terra dos Hebreus

Nome cuja origem uns atribuem à árvore genealógica de


Sem; os israelitas são descendentes de Héber patriarca impor-
tante de quem descende Abraão. E os outros a háber ou habiru,
termo que significa o que vem do outro lado, ou do além. Tra-
ta-se de uma referência à peregrinação abraâmica, de Ur a
Canaã (segundo alguns exegetas). Todavia, preferimos a pri-
meira explicação, por estar mais de acordo com os reclames da
língua hebraica.

Terra de Israel

Essa designação ocorre, com frequência, no Antigo Tes-


tamento e significa terra pertencente aos descendentes de Jacó,
a quem o Senhor pôs o nome. Os doze filhos de Jacó formaram
as doze tribos que constituíram o povo de Israel. Após a cisão,
esse nome aplicava-se apenas ao reino do norte, as terras ocu-
padas pelas dez tribos, comandadas pelo idólatra e profano
Jeroboão.

Terra de Judá

Após a divisão da terra por Josué, coube a Judá a porção


localizada ao sul. Mais tarde, após o cisma do reino davídico,
essa designação passou a incluir, também, as terras ocupadas
pela tribo de Benjamim. Quando o povo de Deus voltou do ca-
Geografia e Arqueologia Bíblica 55

tiveiro babilônico e reorganizou a sua vida nacional, esse nome


passou a ser usado para designar todo o território compreendi-
do na bênção de Jacó (Gn.49.8-12) e seus habitantes foram cha-
mados judeus.

Terra Prometida

É o nome dado à terra de Canaã por causa da promessa de


Deus a Abraão, na ocasião de sua chamada (Gn. 12.1-4). Esse
nome, poético e trágico, evoca as mais elevadas recordações na
peregrina alma do povo escolhido.

Palestina

Esse nome deriva-se do termo filistia, ou seja, a terra habita-


da pelos filisteus, localizada ao sudoeste de Canaã ao largo do
mediterrâneo. No período neo-testamentário, o historiador Flávio
Josefo passou a chamar por esse nome toda a região de Canaã.
Desde o domínio romano até a fundação do estado de Israel, em
12 de maio de 1948, a terra dos judeus era conhecida em todo o
mundo como Palestina. Atualmente, Israel, tornou-se, novamente
predominante.

Terra Santa

É a designação dada pelo profeta Zacarias (2.12) e pelos


cristãos desde a Idade Média, por ter sido aquela terra o palco das
maravilhas divinas, particularmente do nascimento, ministério e
sacrifício redentor do filho de Deus em favor dos homens.
56 Geografia e Arqueologia Bíblica

PLANÍCIES DA TERRA SANTA

Os geógrafos modernos dividem, de modo geral, a terra


de Israel em cinco principais planícies: Acre, Sarom, Filístia,
Sefelá e Armagedom. Faz-se necessário um conhecimento de-
talhado de cada uma dessas planícies. Para tanto, lançamos
mão de um importante ramo da geografia para conhecê-las
melhor.

Topografia significa, literalmente, a descrição minuciosa de


uma localidade, lugar ou região. Essa palavra é formada por dois
termos gregos: Topos - região e grapheim – descrever.

O principal objetivo da topografia é fornecer dados para a


confecção de cartas geográficas.

Planície do Acre

Fica no extremo noroeste da costa israelense, e estende-se


até o monte Carmelo. Em toda a sua extensão, bordeja a baía do
Acre. Em hebraico seu nome é Akko e significa areia quente. Com-
preende uma faixa de terra que cerceia as montanhas localizadas
entre a Galileia, o Mediterrâneo, o sul de Tiro e a Planície de
Sarom. Banhada pelos rios Belus e Quisom, possui solo bastante
fértil, com exceção da parte praiana, cujas areias são demasiada-
mente quentes.

Coube essa região à tribo de Aser (Js 19.25-28). Essa tribo


contudo não conseguiu vencer os cananeus que ali habitavam.
Geografia e Arqueologia Bíblica 57

Planície de Sarom

Região compreendida entre o Monte Carmelo e a cida-


de de Jope. Com uma extensão de 85 Km e largura entre 15 e
22 Km. Essa planície é, particularmente, conhecida pelos fa-
mosos lírios, bosques e outras variedades de flores exóticas.
Ante esse selvagem esplendor, cantou a esposa: eu sou a rosa
de Sarom, os lírios dos vales. Ao que respondeu o esposo:
qual lírio entre os espinhos, tal é a minha amiga entre as fi-
lhas ( Ct 2.1,2 ).

Os pântanos e charcos da planície de Sarom foram, recente-


mente, drenados pelo governo israelense; por isso, essa área se
tornou um dos distritos agrícolas mais ricos de Israel. Seus bos-
ques de frutas cítricas são famosos em todo o mundo. A formosura
e esplendor de Sarom são comparados pelo profeta Isaías à glória
do Líbano (Is. 35.2).

Planície da Filístia

É a faixa de terra habitada pelos filisteus, entre Jope e Gaza,


no sudoeste da Palestina com 75 Km de comprimento por 25 Km
de largura. Região muito fértil, produz, em abundância, cereais e
frutas. Os seus figos e oliveiras eram muito apreciados.

As cinco cidades principais dos filisteus eram Gaza, Ascalom,


Gate, Ecron e Azoto. Não eram propriamente cidades, mas gran-
des fortalezas.
58 Geografia e Arqueologia Bíblica

Planície de Sefelá

Situada entre a Filístia e as montanhas de Judá ao oriente é


caracterizada por uma série de baixas colinas. A fertilidade de seu
solo é bastante notória; as colheitas de trigo, uva e oliva são abun-
dantes.

No hebraico Sefelá significa terras baixas, o que realça bem


a topografia dessa planície. Sefelá serviu de lar ao patriarca Abraão
e Isaque por longos anos. Por ser uma região política e economi-
camente importante, foi causa de acirradas disputas entre os
israelitas e os filisteus. Sefelá só é encontrada no livro apócrifo de
primeiro macabeus (12.38). No Antigo Testamento recebe outras
designações.

Planície do Armagedom

Conhecida também por Jezreel ou Esdraelom. Situada en-


tre os montes da Galileia e os de Samaria, alarga-se para o noro-
este até as fraldas do monte Carmelo e sul dos montes Líbanos.

Segundo Osvaldo Ronis,


no ângulo sudoeste da planície fica o local da antiga
e importante cidade fortificada de Jezreel até atingir
o Jordão na altura de Bete-Seã. De modo que a
cidade empresta o seu nome tanto à planície que se
estende para o noroeste da mesma como ao vale
que toma a direção leste.

Armagedom está ligado a um grande embate escatológico.


O evangelista João, narra-nos, sinteticamente, o maior dos con-
Geografia e Arqueologia Bíblica 59

frontos: e os congregaram no lugar que em hebreu se chama


Armagedom (Ap 16.16). Nessa planície o povo de Deus sofrerá
as maiores dores de sua história. Jesus Cristo, todavia, escolheu
esse lugar para reconciliar-se com os filhos de Israel.

VALES DA TERRA SANTA

Israel é uma terra abundante em vales. Antes da conquista


de Canaã, Moisés esclarece ao povo israelita:
porque a terra que passais a possuir não é como a
terra do Egito, donde saístes, em que semeáveis a
vossa semente, com o pé, a regáveis como a uma
horta; mas a terra que passais a possuir é terra de
montes e de vales: da chuva dos céus, beberás as
águas (Dt 11.10 e 11).

Vale, segundo o mestre Aurélio, é uma depressão alongada


entre os montes ou quaisquer outras superfícies. Essa palavra é
bastante comum no Antigo Testamento. Encontramo-la 188 vezes
nas Escrituras hebraicas. No Novo Testamento, contudo, é menci-
onada apenas uma vez. É claro que não poderemos estudar todos
os vales da Terra Santa, porém, nos deteremos nos principais.

Vale do Jordão

Eis o maior vale de Israel. Começa no sopé do monte


Hermom (no Norte) e vai até o mar Morto (no Sul). O território
israelita, portanto, é cortado, longitudinalmente, pelo vale do
Jordão, cenário de importantíssimos acontecimentos na vida do
povo de Deus. Constituindo-se de uma grande fenda geológica,
60 Geografia e Arqueologia Bíblica

esse portentoso vale, em seu ponto inicial, tem uma largura de


100 metros; alarga-se, porém, pouco a pouco; nas proximida-
des do mar da Galileia, chega a três quilômetros e, nas imedia-
ções do mar Morto, a quinze. Nesse vale, está o rio Jordão, onde
Jesus foi batizado. O Jordão é, ainda, o mais profundo vale de
toda a Terra: encontra-se a 426 metros abaixo do nível do mar
Mediterrâneo.

Vale de Jezreel

Não podemos confundir o vale de Jezreel com a planície do


mesmo nome. A confusão, no entanto, existe. Ela ocorre em con-
sequência da inexatidão de certos autores. O vale de Jezreel co-
meça nas nascentes do ribeiro de Jalud e termina no vale do Jordão,
nas cercanias de Bete-Seã. Nas proximidades desse vale, localiza-
se a moderna cidade de Zerim.

Vale de Açor

O pecado de Acã trouxe sérios prejuízos a Israel. Em conse-


quência desse delito, os exércitos hebraicos sofreram profundas
derrotas. A maldição só deixou o arraial dos israelitas com o
apedrejamento do reticente pecador. A punição, de acordo com o
livro de Josué, deu-se no vale de Acor (Js 7.24-26). Nesse vale,
localizado entre as terras de Judá e Benjamim, ficavam as fortale-
zas de Midim, Secará e Nibsam. Acor, informa o Novo Dicionário
da Bíblia, é o primeiro nome locativo a ser mencionado no rolo
de cobre de Qumram.
Geografia e Arqueologia Bíblica 61

Vale de Aijalom

O vale de Aijalom foi palco de um dos maiores milagres já


presenciados por qualquer ser humano. Foi nessa região que, por
uma ordem de Josué, o sol deteve-se sobre os amorreus, possibi-
litando, às forças israelitas, estrondosa vitória. Nesse mesmo lugar,
no século II a.C., Judas Macabeu obteve decisivo triunfo sobre as
forças de Antíoco Epífanes, tirano grego da Síria.

Aijalom localiza-se nas imediações de Sefelá, a 24 quilôme-


tros a noroeste de Jerusalém. Localiza-se, nessa área, atualmente,
a cidade de Yalo, onde há importantes indústrias.

Vale de Escol

Fica a oeste de Hebrom. É famoso pela sua fertilidade, espe-


cialmente a dos vinhedos. Segundo Números 13.22-27, foi desse
vale que os espias levaram a Moisés um cacho de uvas tão pesado
que foram necessários dois homens para transportá-lo. Esse vale,
localizado nas proximidades de Hebrom, continua a ser famoso
pela sua singular fertilidade. Atualmente, rende consideráveis di-
visas ao Estado de Israel com suas uvas, romãs e figos. Escol, em
hebraico, significa cacho.

Vale de Hebrom ou Manre

Fica a cerca de 30 quilômetros a sudoeste de Jerusalém, no


qual se levanta a célebre cidade de Hebrom, em cujas cercanias
fixou-se por longo tempo a família de Abraão.
62 Geografia e Arqueologia Bíblica

Vale de Sidim

Conforme Gênesis 14.3-10, tudo faz crer que este é o vale


onde se encontra hoje o Mar Morto, especialmente a parte do sul
do mesmo, provável região de Sodoma e Gomorra.

Vale de Siquém

Situado no centro de Canaã, entre os montes Gerizim ao sul


e Ebal ao norte, tem cerca de 12 quilômetros de comprimento;
estende-se na direção noroeste da cidade de Siquém, chamada
atualmente Nablus. Nesse vale se encontra o famoso poço de Jacó,
à beira do qual Jesus falou à samaritana.

Vale de Basã

Não se encontra citado na Bíblia, mas encontram-se refe-


rências na literatura profana. Provavelmente trata-se do vale por
onde corre o Rio Yarmuque, no nordeste da Palestina.

Vale de Moabe

É um vale largo que desemboca na planície de Moabe a


nordeste do Mar Morto. Moisés morreu nesse vale. Dessas terras, o
maior legislador do Antigo Testamento avistou Canaã. E, com se-
renidade própria dos anjos, adormeceu.

A misericórdia alcançou os filhos de Moabe por intermédio


de Rute. Virtuosa e cheia de fé, essa moabita teve singular privilé-
gio de ser uma das ancestrais do nosso Senhor Jesus Cristo.
Geografia e Arqueologia Bíblica 63

PLANALTOS DA TERRA SANTA

Planaltos

O que é um Planalto? Segundo o dicionário Aurélio é uma


grande extensão de terreno plano ou pouco ondulado, elevado,
cortado por vales nele encaixados.

Em Israel há dois grandes planaltos:

1) O planalto central e

2) O planalto oriental

Ambos têm altitude média que varia entre 700 e 1400 metros.

Planalto Central

O planalto central compreende, Naftali, Efraim e Judá.

- Naftali. No norte da Galileia. Habitavam os naftalitas,


famosos por sua coragem.

- Efraim. Na Samaria, região que passou mais tarde a


ser capital política do reino do norte.

- Judá. No sul, ladeada por Betel e Hebrom.

Planalto Oriental

O planalto Oriental, de igual modo, possui três importantes


planaltos: Basam, Gileade e Moabe.

- Basam. No sul do Monte Hebrom, pertenceu à tribo de


Manassés. No tempo de Josué estava sob o controle de
64 Geografia e Arqueologia Bíblica

Ogue que foi derrotado pelos israelitas. Terra fértil e


abundante em trigo e pastos para gado.

- Gileade. Cortada pelo rio Jaboque, de fertilidade no-


tória. O bálsamo dessa região era bastante apreciado
(Jr 8.22).

- Moabe. Região rochosa à leste do rio Jordão e mar


Morto. Cortada por vicejantes pastagens.

MONTES DA TERRA SANTA

Por que Davi no salmo (125.1-2) refere-se aos montes?

Os montes sempre exerceram fortíssima influência sobre o


espírito do povo de Deus. Nessas elevações vislumbravam os
israelitas a magnitude divina. Foi no Sinai, aliás, que os hebreus
adquiriram seu corpo doutrinal. Outras experiências espirituais
tiveram eles nesses acidentes geográficos, bastante comuns em
Israel.

O que é um Monte? Segundo John Davis, é uma eleva-


ção natural de terra. Aplica-se a uma eminência, mais ou
menos saliente, menor do que a montanha e maior que o
outeiro.

Montes Palestinos

Primeiro estudaremos os montes do planalto central: os


montes de Naftali, de Efraim e de Judá. Depois, os do planalto
oriental: de Basam, de Gileade e de Moabe.
Geografia e Arqueologia Bíblica 65

a) Montes de Naftali

Abrangem a região da Galileia, eis os quatros montes mais


importantes:

• Monte de Carmelo. Onde aconteceu o maior combate


entre fé e idolatria. Elias, no Carmelo, desafiou os profe-
tas de Baal, e saiu vitorioso (I Rs. 18.32).
Seu nome significa campo fértil, jardim, pequena cor-
dilheira. O Carmelo com 30 Km de comprimento, com 5
a 13 Km de largura pende para o mediterrâneo para o
sudoeste da Palestina adentro.
• Monte Tabor. No antigo testamento, esse monte tem sig-
nificação importante devido às batalhas ocorridas junto
do mesmo (Jz 4; Jz 8). Nos dias de Oseias foi construído
um santuário pagão sobre o monte (Os 5.1). Atualmente
é chamado Jabel al-tur pelos árabes e, pelos israelitas,
Har Tãbhôr.
• Monte Gilboa. Ao sudoeste da planície de Jezreel; tem
formas alongadas e mede 13 Km de comprimento e 5 a 8
Km de largura. Notabiliza-se pela morte do rei Saul e do
seu filho Jônatas.
• Monte Hatim. Do seu topo, pode-se avistar toda a
Galileia. Acredita-se ter sido nesse monte que Cristo pro-
nunciou o célebre Sermão da Montanha.

b) Montes de Efraim – Na região montanhosa de Efraim.

• Ebal. Onde foram pronunciadas maldições ou bênçãos


66 Geografia e Arqueologia Bíblica

para o povo israelita. Tem 300 metros de altura e fica a


mais de mil metros acima do mar mediterrâneo. No
Hebraico – Ebal é pedra.
• Gerizim. Coberto por vegetação, a 940 metros de altitu-
de. Após o exílio babilônico, os samaritanos construíram
um templo no Gerizim, para ser rival ao de Jerusalém;
visavam tirar a glória do templo construído por Esdras e
Neemias. Tornou-se lugar de adoração para os
samaritanos.

c) Montes de Judá. Localizam-se ao sul de Efraim. Eis os


mais notáveis montes de Judá:

• Sião. É um monte com cerca de 800 metros de altura. É


o mais alto dos montes da cidade de Jerusalém.
Em Sião encontra-se a sepultura de Davi. A Igreja de
Cristo é considerada a Sião Celestial repleta de justiças e
habitadas por homens, mulheres e crianças compradas
pelo sangue do cordeiro.
• Moriá. Sinônimo de sacrifício e abnegação; nesse
monte, Abraão passou a maior prova de sua vida
espiritual (Gn 22.11-12). Localizado a leste de Sião
com 800 metros do nível do Mediterrâneo. Foi onde
Salomão construiu o templo que foi destruído por
Nabucadonosor em 587 a.C. Reconstruído por
Esdras e Neemias e, novamente, destruído pelo
General Tito no ano 70 d.C. Hoje localiza-se, nesse
local, a mesquita Omar.
Geografia e Arqueologia Bíblica 67

• Monte das Oliveiras. Situa-se no setor oriental de Je-


rusalém. O vale de cedrom separa-o do monte Moriá. Na
parte ocidental, fica o Jardim do Getsêmani, onde Jesus
enfrentou um dos mais dolorosos momentos do seu mi-
nistério. Ele chorou pressionado pelos nossos pecados,
esmagado pelas nossas transgressões.

Montes Tranjordanianos

No planalto oriental, podem ser agrupadas as três regiões


distintas em que se dividem as terras para o oriente do Jordão.

• Monte de Basã. Não se trata de uma certa elevação e


sim de um largo e fértil conjunto montanhoso na parte
norte do Planalto Oriental, limitado ao norte pelo
Hermom; a leste pelo deserto da Síria e parte do deserto
da Arábia; ao sul pelo Vale de Yarmuque e a oeste pelo
Jordão e pelo Mar da Galileia. É o monte a que se refere
o Salmo 68.15. Nos dias de Abraão, era habitado pelo
povo de gigantes, chamado refains. Na conquista, essa
região coube à meia tribo de Manassés.
• Monte de Galaade ou Gileade. É outro conjunto mon-
tanhoso, do sul de Yarmuque, até a parte norte do Mar
Morto, dividido ao meio pelo ribeiro de Jaboque. Essa
região coube à tribo de Gade por ocasião da conquista e
foi o primeiro território conquistado pelos israelitas (Nm
21.24; Dt 2.36), até então dominado pelos amorreus, cujo
rei era Seom. Essa foi a terra de Elias, o grande profeta de
Israel (I Rs. 17.1). No tempo do Novo Testamento, essa
68 Geografia e Arqueologia Bíblica

parte da Transjordânia era conhecida como Pereia.


• Montes de Moabe. Ainda que não se encontre na Bí-
blia a expressão montes de Moabe e sim campo de moabe
e país de moabe, o fato é que a região ocupada pelos
moabitas ao sul da Transjordânia e ao oriente do Mar
Morto é bastante montanhosa, especialmente o conjunto
mais próximo do Mar Morto, chamado montes de Abarim,
com as seguintes elevações:
• Nebo ou Pisga (Dt 34.1). Nele Moisés contemplou a
Terra da Promessa e onde morreu ( Dt 34.1-6 ).
• Peor. Esse monte fica pouco a nordeste de Nebo. Do
cume dele, Balaão contemplou o acampamento de Israel
na planície e o abençoou pela terceira vez, quando era
para ser amaldiçoado, como era o desejo de Balaque, rei
de Moabe (Nm 23.28-24,25).
Geografia e Arqueologia Bíblica 69

ATIVIDADES DE APOIO

1. Quais são os diferentes nomes de Israel, ao


longo de sua história?

2. Qual é a planície que o Livro de Cantares faz


referência? Por quê?

3. Qual é a planície que está ligada a um embate


escatológico?

4. Qual é o vale em que morreu Moisés?

5. Por que os montes são tão importantes para


os judeus?
70 Geografia e Arqueologia Bíblica

Armagedom

Monte Tabor
Geografia e Arqueologia Bíblica 71

CAPÍTULO V
DESERTOS DA TERRA SANTA

Deserto, segundo o dicionário Aurélio, é uma região na-


tural caracterizada por terreno arenoso e seco e que apresen-
ta, por isso, pobreza de vegetação e fraca densidade
populacional. A palavra hebraica mais usada é Midbrar que
tem sido traduzida como pastagem (Gn 14.5) ou desertos (Ex.
3.1). A ideia de esterilidade com frequência se faz presente (Dt
11.24 ;32.10; Jó 24.5 Jr 25.24). Os principais desertos citados
na Bíblia estão localizados no sul e no oriente de Israel. Agru-
pam-se os primeiros na península do Sinai. Os outros, encon-
tram-se nas outras regiões do país.
• Desertos do Sinai. Os filhos de Israel, na sua caminha-
da pelo deserto, aprenderam a conviver com as agruras
do Sinai. Em tudo foi Deus com eles, suprindo as necessi-
dades nessa peregrinação. De escravos, os israelitas trans-
formaram-se em uma forte e robusta nação. O Deserto do
Sinai ainda é conhecido na Bíblia pelos seguintes nomes:
Sur, Parã, Cades, Zim e Berseba. Estende-se do noroeste
da península do mesmo nome ao golfo do Suez. Nesse
lugar, recebeu Israel a lei de Moisés.
72 Geografia e Arqueologia Bíblica

• Deserto da Judeia. Estende-se ao leste dos montes de


Judá ao rio Jordão e ao mar Morto. Subdivide-se em vá-
rios desertos sem importância: Maon, Zife e En-Gedi. Nele
Davi andava quando fugia de Saul; Josafá obteve vitória
sobre as forças moabitas e amonitas; Amós exerceu seu
ministério e João Batista foi a voz que clamou nesse de-
serto.
• Deserto de Jericó, Bete-Áven e Gabaom. Localiza-
do em território benjamita, formado por desfiladeiro ro-
choso de cerca de 15 Km que desce de Jerusalém a Jericó.
Por causa de suas cavernas, onde escondiam malfeitores,
foi palco para a parábola do Bom Samaritano, contada
por Jesus. Nesse lugar, Josué obteve importantes vitórias
sobre seus inimigos.

Cinquenta por cento do novo estado de Israel é composto


pelo deserto do Negueu, porém, Israel está vencendo a aridez de
seus desertos e transformando-os em uns vergéis que impressio-
nam o mundo.

RIOS E MARES

A hidrografia de Israel é composta por três mares: Mediterrâ-


neo, Morto e da Galileia.

• Mar Mediterrâneo. Seus nomes bíblicos são: Mar gran-


de, Mar ocidental, Mar dos filisteus e Mar de Jafa. Com
extensão de 4.500 Km e uma superfície de três milhões
de quilômetros quadrado, o Mediterrâneo é o maior dos
Geografia e Arqueologia Bíblica 73

mares internos.
As mais antigas civilizações do Médio Oriente e da
Europa escreveram suas histórias sobre as águas desse
mar: Micena, Grega, Fenícia, Romana, Turca, Francesa e
Italiana. Atualmente, ele continua tendo grande impor-
tância para vários povos. Suas rotas incluem portos estra-
tégicos como Gênova, Nápolis, Barcelona, Trieste,
Sabônica, Beirute, Esmirna, Porto Saide, Alexandria, etc.
Jope era o único porto do grande mar utilizado pelos
israelitas.
Através desse mar, Salomão recebeu os valiosos ce-
dros do Líbano para a construção do templo. Em suas
águas foi lançado Jonas quando fugia da presença do
Senhor e Paulo utilizou suas águas para universalizar o
evangelho.
• Mar Morto. Segundo os escritos bíblicos essas águas são
chamadas de mar salgado devido à imensa quantidade
de sal existente nelas. Recebe ainda os seguintes nomes:
mar de Arabá, mar Oriental, mar do Sal, localiza-se entre
a foz do rio Jordão e os montes de Judá e Moabe. Encon-
tra-se a mais de 400 metros abaixo do nível do Mediterrâ-
neo e ocupa uma área de 1020 Km.
Na região ocupada, hoje, pelo mar Morto ficaram as
impenitentes cidades de Sodoma e Gomorra, destruídas
pelo Todo Poderoso. Não há nenhuma forma de vida nesse
cemitério aquático.
74 Geografia e Arqueologia Bíblica

• Mar da Galileia. Esse não é propriamente um mar. Tra-


ta-se, na realidade, de um grande lago de água doce, for-
mado pelo rio Jordão. No Novo Testamento recebe os
seguintes nomes: Mar de Quinerente, mar de Tiberíades
e lago de Genezaré. Só é tratado pelos judeus de mar por
causa de seu tamanho e das violentas ondas que o agi-
tam constantemente. Está distante do Mediterrâneo umas
27 milhas e de Jerusalém 60 milhas em direção ao noro-
este.
Nessa região Jesus desenvolveu importantes facetas de
seu ministério: ensinou, fez prodígios e maravilhas, repre-
endeu a fúria das águas e, com intrepidez, anunciou o
reino dos céus.
• Mar Vermelho. Embora não pertença à terra santa está
o Mar Vermelho estritamente ligado à história do povo de
Deus. Seu nome hebraico é Yam Suph – que significa
plantas marinhas.
Esse mar separa os territórios egípcio e saudita. Na parte
setentrional, divide-se em dois braços pela península do
Sinai: o ocidental chamado Golfo de Suez e o oriental,
Golfo de Akaba.
É provável que os israelitas o atravessaram num ponto
que fica ao norte, 30 milhas da atual entrada do Golfo de
Suez. Como todo o exército egípcio pereceu nessas águas,
o livramento dos israelitas, nessa travessia, tornou-se o
maior acontecimento envolvendo a nação judaica.
Geografia e Arqueologia Bíblica 75

CLIMA DA TERRA SANTA

Apesar das suas pequenas possessões territoriais, a Terra


Santa apresenta importante variedade climática, que é uma sínte-
se meteorológica do mundo. Mas o que é o clima? Clima é uma
palavra de origem grega, que significa, reclinar. Segundo o dicio-
nário Aurélio, um conjunto de condições meteorológicas (tempe-
ratura, pressão e ventos, umidade e chuvas) características do es-
tado médio da atmosfera em um ponto da superfície terrestre.

O clima está de tal forma ligado ao mundo biológico do pla-


neta que a atual repartição geográfica das espécies animais e ve-
getais não podem ser bem compreendidas sem o seu estudo; in-
tervém ainda na formação dos solos, na decomposição das ro-
chas, na elaboração das formas de relevo, no regime dos rios e
das águas subterrâneas, no aproveitamento dos recursos econô-
micos, na natureza e ritmo das atividades agrícolas, nos tipos de
cultivo praticados, nos sistemas de transportes e na própria distri-
buição dos homens sobre o globo. (cf. Enciclopédia Mirador
Internacional).

O Clima Palestínico é bastante variado. Duas estações so-


bressaem na Palestina: a chuvosa e a seca. Ambas são acompa-
nhadas, respectivamente, por muito frio e calor.

O clima na terra Santa sofre variações devido a cinco fatores


fundamentais:

• Posição geográfica. Encontra-se o país a 30º e 33º de


76 Geografia e Arqueologia Bíblica

latitudes norte. Aqui o clima é subtropical ou temperado


brando, mas sofrendo modificação devido a outros fato-
res.
• Topografia acidentada. Devido aos altos montes da
Palestina e aos profundos vales.
• A Proximidade do mar Mediterrâneo. Responsável
pelo fornecimento de nuvens para a terra santa. Os mon-
tes altos como o Hermom as condensam a ponto de
precipitá-las em forma de chuva.
• A Proximidade dos desertos. A leste e ao sul as cor-
rentes quentes dos desertos contribuem na variedade do
clima.
• Os ventos. As correntes de ventos que varrem o Oriente
Médio encarregam-se da formação do clima da terra san-
ta:
- As correntes úmidas do Mediterrâneo. Durante o inver-
no, a temperatura baixa para menos de 14º em Gaza e
em Jafa. No pico do verão os termômetros chegam a
registrar a 34º.
- As correntes frias dos montes do norte. Nas montanhas,
o clima é fresco e bastante ventilado. As correntes alte-
ram-se no verão devido às correntes de ar quente, pro-
venientes do sul e do ocidente. Em Jerusalém, a tem-
peratura, durante o inverno, chega a 6º positivos com
frequentes neves e geadas. No verão os termômetros
Geografia e Arqueologia Bíblica 77

oscilam entre 14º e 24º.


- As correntes quentes das regiões desérticas. De modo
geral, as temperaturas oscilam no verão entre 43º, 47º
e 50º. Há uma corrente aérea que vem do deserto da
Arábia que chama-se Sirô, é tão quente e seca que
chega a queimar a plantação.
- O orvalho de Hermom, citado no Salmo 133.3, merece
uma atenção especial, pois é de vital importância na
época da seca. São os vapores quentes que se elevam
durante o dia e são condensados pelas correntes frias
das montanhas e, depois, caem em forma de orvalho
cerrado sobre a vegetação.
78 Geografia e Arqueologia Bíblica

ATIVIDADES DE APOIO

1. Explique como é um deserto e a relação que


ele tem com o povo de Israel.

2. Fale, sucintamente, sobre os rios, mares e


clima da Terra Santa.
Geografia e Arqueologia Bíblica 79

CAPÍTULO VI
GEOGRAFIA HUMANA DA TERRA SANTA

O estudo da Geografia humana da terra santa demonstra a


forma de vida muito particular dos hebreus: tudo girava em torno
da lei de Moisés. Em seus costumes, demonstravam quão apega-
dos estavam às suas tradições e às raízes históricas; os judeus sou-
beram preservar sua identidade nacional.

SOBRE A FAMÍLIA HEBRAICA


Para os hebreus, a família é de origem divina e de
importância básica para a vida individual, social e nacional
(Gn 2.18; 1.28). Segundo o ideal divino, o casamento havia
de ser monogâmico (Mt 19.1-8). A poligamia era tolerada
no Antigo Testamento, porém no Novo, inteiramente
repudiada.
• Concubinato. Era tolerado nos casos de esterilidade da
mulher legítima e, fora dessa condição, especialmente en-
tre ricos, nobres e reis (Gn 16.2; 30.4.9; Jz 8.30). A posição
de concubina sempre era a de uma esposa secundária (es-
crava) ou a de uma prisioneira de guerra, que poderia ser
despedida sem qualquer amparo ou direito (Dt 21.10-14).
80 Geografia e Arqueologia Bíblica

• Levirato. Era permitido quando um homem morria sem


deixar filhos. Nesse caso, o irmão deste deveria casar-se
com a cunhada viúva para suscitar descendência ao seu
irmão (Dt 25.5; Mt 22.24ss).
• O Contrato de Casamento. Era feito por terceiros, pai
do noivo, seu irmão mais velho, tio ou algum amigo mui-
to chegado e só, excepcionalmente, pela mãe (Gn 21.21).
Em alguns casos, o próprio filho fazia a sua escolha fican-
do, porém, com terceiros as negociações (Gn.34.4). O
noivo, porém, deveria pagar pelo dote (uma espécie de
dádiva que compensava a perda da filha) que, geralmen-
te, oscilava entre 30 e 50 ciclos.
• Noivado. Era o primeiro ato do casamento. Consistia na
entrega, à noiva ou representante dela, com testemunhas,
de uma moeda com a seguinte inscrição seja consagrada
(casada) a mim. Era uma espécie de juramento. O jovem
casal era considerado casado (Rt 4.9-11), muito embora
a vida conjugal se efetuasse só depois das núpcias (Mt
1.18).
• Núpcias. Durava, geralmente, sete dias (Jz 14.12) po-
dendo ir até catorze dias. O noivo, sendo rico, distribuía
roupas nupciais aos convidados (Mt 22.11). A cerimônia
começava com a saída do noivo de sua casa; ia à casa
dos pais da noiva, acompanhado de amigos, vestido de
sua melhor roupa, com grinalda na cabeça, (Is 61.10) ao
som de música e de cânticos. Ao receber a noiva, passa-
va-se no banquete no lugar previamente escolhido (Mt
Geografia e Arqueologia Bíblica 81

22.1-10). A lua de mel durava um ano. Durante a qual o


marido estava isento das obrigações militares.
• Divórcio. O divórcio foi introduzido na lei mosaica por
causa da dura cerviz dos israelitas. Permitido entre os
hebreus como uma necessidade calamitosa, porém não
aprovada. Na última parte do Antigo Testamento, foi re-
pudiado (Dt 24.1). Também Jesus repudiou o divórcio,
exceto no caso de adultério (Mt 19.3-9). O divórcio tinha
que ser efetuado por um documento escrito. Entregue à
mulher pelo marido (Dt 24.3; Mt 19.7).
• Filhos. Eram considerados dádivas dos céus (Sl 127.3-
5) especialmente os do sexo masculino. A esterilidade era
considerada um opróbrio. Não poucas mulheres, como
Ana e Raquel, rogaram a Deus, com todas as suas forças,
pelo dom da maternidade. O direito de primogenitura era
respeitadíssimo. Ao filho mais velho cabia a porção do-
brada dos bens paternos.

As mulheres recebiam herança somente na falta de filhos


herdeiros. Quanto às solteiras, eram sustentadas pelos irmãos até
se casarem. O primogênito, com a morte do pai, assumia a direção
da família e as funções sacerdotais da mesma (antes da lei mosaica).

A VIDA SOCIAL HEBRAICA

Girava em torno de sua religião. Em todos os acontecimen-


tos sociais, os hebreus lembravam quão presente estava, o Todo
Poderoso, em seu meio.
82 Geografia e Arqueologia Bíblica

• O Lugar da Mulher Hebraica. Os israelitas honravam suas


mulheres, concediam-lhes muitos direitos. Se prejudica-
das, poderiam requerer justiça. Vemo-nas, muitas vezes,
ocuparem lugares de honra e distinção. Podemos citar
Débora, Sara, Rebeca, Raquel, Ana, Rute e Hulda.
Em outros países do oriente, entretanto, a mulher era
tratada como se fosse um objeto.
• As Saudações. Os hebreus saudavam-se inclinando o
corpo um pouco para frente, com a mão direita sobre o
lado esquerdo do peito. Era uma saudação bastante de-
morada (Lc 10.4). Outras autoridades superiores tinham
o costume de se inclinarem até o chão e exclamar as se-
guintes expressões: paz, paz seja convosco e paz seja so-
bre esta casa.
• Sepultamento. Após a morte, o defunto era lavado e en-
rolado em lençóis impregnados de perfume por causa
do clima quente (facilitava a decomposição) e das exi-
gências da lei; o sepultamento era feito no mesmo dia.
Os túmulos dos pobres eram cavados no chão e os dos
ricos cavados na rocha (Is 53.9). O luto da família era de
sete dias.
• Moradia. Pelas escavações arqueológicas, conclui-se que
na palestina as casas eram feitas de pedras, de tijolos e de
madeiras (menos comum). As casas, em geral, tinham
apenas um cômodo; dependendo da situação financeira
podiam ter vários cômodos e dois pavimentos. Vale res-
Geografia e Arqueologia Bíblica 83

saltar outras formas de habitação, são elas:


• Tendas. As tendas primitivas, eram feitas de peles de
cabra. Com o passar dos séculos, no entanto, passa-
ram a ser mais sofisticadas. Após a chamada de Deus,
no capítulo doze, Abraão passou a morar em tenda
(Gn 12.8).
• Cabanas. Construídas com estacas e cobertas com folha-
gens. Pedro quis construir três cabanas durante a transfi-
guração do Senhor (Mc 9.5).
• Tabernáculo (habitação). Tenda móvel, acompanhou os
israelitas por 40 anos no deserto. Nessa tenda a glória do
Senhor se manifestava, constantemente, a Moisés.
• Torre de Vigia. Com quase três metros de altura, eram
construídas para proteger os pomares e as lavouras. As
provisórias eram construídas com madeiras, as permanen-
tes, com pedras.
• Palácios. Residência dos reis. O mais imponente foi
construído pelo rei Salomão. Segundo alguns estudiosos,
era mais suntuoso que o templo.
• Mobília e Alimentação. Havia poucos móveis nas ca-
sas, além do leito e de uma mesa baixa. Como os ori-
entais, os hebreus sentam-se no chão com as pernas
cruzadas, porém, nas residências dos ricos, o mobiliá-
rio era sofisticado.
A alimentação no período bíblico era formada,
84 Geografia e Arqueologia Bíblica

basicamente, por pão, azeite, vinho, legumes, frutas, lei-


te, farinha e mel. A carne era consumida por ocasião das
festividades e os peixes consumidos nas imediações dos
rios e do mar da Galileia.

DINHEIRO, PESOS E MEDIDAS

Dinheiro

• Shekel ou Siclo. Era a unidade de peso entre os


hebreus. O Shekel ou Siclo de ouro pesava cerca 16Kg.
E o de prata 14Kg. Em Ex 30 .13 aparece o siclo sagrado
que, aqui, parece se tratar de uma moeda diferente da
comum.
• Óboro ou Jeira. Vigésima parte do siclo (Mn 18. 16).
• Beca. Meio siclo (Ex 38.26).
• Arratel. 300 gramas.
• Maná. 50 siclos ou cerca de 800 gramas, também, cha-
mado mina.

Moedas Cunhadas

• Dárico. Moeda persa, antiga (Ed 2.69); vale, segundo


Jonh D. Davi, um dólar.
• Dracma. Moeda grega. Denário. Moeda romana. Valiam
um quarto de Shekel ou Siclo. Eram moedas de tributo.
• Ceitil . Moeda romana. Também chamada Sescum. (Lc
12. 6; Mt 10.29).
Geografia e Arqueologia Bíblica 85

Medidas

• Côvado – 45 e 55cm.
• Dedo ou dígito – 2cm.
• Vara ou cana de medir – seis côvados.
• Milha (medida romana) – equivale a 1.500m.
• Caminho de um sábado – 1.000 m. Costume obser-
vado no deserto, junto do Sinai, de não percorrer no sá-
bado distância maior que a do arraial até o tabernáculo.

Medidas para secos e líquidos

Secos

- Efa – 36 litros.
- Alqueire – a terça parte do efa (mais ou menos 12
litros).
- Gomer ou omer – décima parte do efa (Ex 16.36).

Líquidos

- Bato – igual ao efa: 36 litros (Ez 45.11).


- Hin – sexta parte do efa.
- Logue – um doze avos de um hin: meio litro.
- Almude ou metrita – 36 litros.
- Léteque – cinco batos: 180 litros, aproximadamente.
(fonte Joseph. Angus e John D. Davis).
86 Geografia e Arqueologia Bíblica

ATIVIDADES DE APOIO

1. Explique como eram os costumes do povo


israelita: a família, o casamento, as núpcias, o
divórcio, etc.

2. O modo de vida dos judeus era influenciado


pela lei de Moisés? Explique.

3. Por que a preservação da identidade nacional


dos israelitas é importante?
Geografia e Arqueologia Bíblica 87

CAPÍTULO VII
CIDADES PALESTÍNICAS

JERICÓ
Certamente é a cidade mais antiga de Canaã e, provavel-
mente, a mais antiga do mundo. É localizada na parte inferior do
vale do Jordão. No tempo da conquista de Canaã, pelo povo de
Israel, era uma cidade grande e bem fortificada. Foi destruída, mi-
lagrosamente, aos olhos do povo de Deus. A cidade moderna está
a 1600 m a sudeste da anterior.

HEBROM
Está no sul das montanhas de Judá, a 32 Km de Jerusalém.
Está, também, entre as cidades mais antigas do mundo. Abraão
permaneceu nela um tempo, quando chegou à terra de Canaã.
Aqui adquiriu a cova de macpela, lugar que se tornou o cemitério
dos patriarcas.

Davi foi ungido rei em Hebrom e ali reinou durante 7 anos e


6 meses sobre todo o Israel, depois a capital do reino passou a ser
Jerusalém.

Não é mencionada no Novo Testamento. Existe até hoje,


88 Geografia e Arqueologia Bíblica

com o nome de El-Khalil.

BELÉM

Também é uma das mais antigas da Palestina. Está a 10 Km


de Jerusalém. Seu nome bíblico é Bethlehem-Efrata (que signifi-
ca casa de pão) ou Belém de Judá. Foi ali que se realizou o casa-
mento de Boaz com a moabita Rute. Também, ali nasceram Davi
e Jesus.

JOPE (JOFA OU YOFA)

É outra cidade das mais antigas da Palestina e, segundo al-


guns escritores romanos, é até antediluviana. Está a 60 Km de
Jerusalém.

Foi no porto dessa cidade que Jonas embarcou para Társis.

No Novo Testamento Jope apareceu no livro de Atos com


duas ocorrências do ministério de Pedro: a ressurreição de Tabita
e a visão da casa de Simão.

Hoje junto à velha Jope, ergue-se a moderna Tel-Aviv.

SIQUÉM

Também muito antiga. Remonta a mais de 2000 anos a.C.,


período das peregrinações de Abraão. Ali, vindo de Arã, acam-
pou e ergueu o seu primeiro altar na terra de Canaã, após a apari-
ção do Senhor que lhe declarou: à tua semente darei esta terra
(Gn 12.6,7).
Geografia e Arqueologia Bíblica 89

Jacó, ao voltar da Mesopotâmia, fixou ali e levantou um al-


tar ao Senhor. Ali, também, foram enterrados os ossos de José;
Roboão foi coroado rei de Israel. Modernamente, é chamada
Neblus.

SAMARIA

Fundada em 921 a.C., por Onri, rei de Israel e pai de Acabe.


Essa cidade foi uma das mais importantes e influentes na vida de
Israel. Rodeada por grandes muralhas, foi capital do reino do nor-
te durante 200 anos. Foi dominada pela Assíria em 722 a.C. Foi
sede de idolatria a Baal. A cidade foi arrasada em 109 a.C. Poste-
riormente, Herodes a reedificou.

Ali Felipe pregou o evangelho com muita aceitação (At 8.1-


25). Hoje, no local, há apenas uma pequena povoação por nome
Sebustieh, rodeada por ruínas.

NAZARÉ

Ali transcorreu a infância e a juventude de Jesus. Fica a 22


Km do mar da Galileia. A cidade não é mencionada no VT. Por
algum motivo não gozava de boa reputação entre os judeus (Jo
1.46). Hoje é a cidade palestínica de maior proporção de cristão
entre os seus habitantes.

CESAREIA

Fica a 75 Km de Jerusalém, entre Jope e o monte


Carmelo, no litoral do Mediterrâneo. Foi construída por Herodes,
90 Geografia e Arqueologia Bíblica

o grande e denominada Cesareia em homenagem a Cesár


Augusto, Imperador Romano. Nos tempos do NT era célebre,
pois era capital política da Palestina. Foi visitada várias vezes
pelo apóstolo Paulo, que ali esteve preso durante dois anos,
após sua defesa diante de Festo e de Agripa. Dali embarcou
para Roma. Modernamente, a arqueologia tem posto à luz a
antiga glória da cidade.

CESAREIA DE FILIPO

O tetrarca Filipe deu esse nome à antiga vila fenícia de Baal


em honra a Tibério César, seu protetor. Foi grande estância de
veraneio para a aristocracia da época. A sua primeira menção na
Bíblia está em Js 11, quando os cananeus ali ofereceram a sua
resistência ao exército de Josué. Foi ali que Pedro fez a sua céle-
bre confissão: tu és o Cristo, o filho do Deus vivo. (Mt 16.13,
16,18,24).

TIBERÍADES

Fica na margem ocidental do mar da Galileia (ou lago de


Tiberíades) a 8 Km da extremidade sul do referido mar. Não é
mencionada no VT e, uma única vez, seu nome apareceu no NT
(Jo 6.23). O nome da cidade foi dado em honra ao imperador
romano Tibério César. Ao que tudo indica, Jesus não visitou essa
cidade, apesar de sua importância.

Foi construída sobre um cemitério, por isso, considerada


imunda pelos judeus.
Geografia e Arqueologia Bíblica 91

Depois da destruição de Jerusalém, em 70 d.C., se tornou o


centro do judaísmo na Palestina. Hoje a cidade é chamada
Tubariyeh, sendo a única das cidades da margem ocidental do
mar da Galileia que ainda subsiste, pois, das outras, como
Cafarnaum, Magdala, Betsaida, Corazim restam apenas ruínas.

CAFARNAUM
Não há certeza acerca do local exato de Cafarnaum. Só se
sabe que era cidade da costa nordeste do mar da Galileia. Foi
posto militar romano e centro de recolhimento de impostos do
império. Pelos vestígios das antigas estradas, chega-se à conclusão
de que fora um grande centro comercial. Fora a cidade residencial
de Jesus, bem como do seu discípulo Pedro (Mt 5.1; 8.14-17).
Também foi ali que o Salvador realizou o maior número de milagres
e pronunciou os mais profundos ensinamentos.

JERUSALÉM

Essa cidade merece uma atenção maior.

Jerusalém, Eterna e Indivisível Capital da Terra Santa.

Origem

Jerusalém é uma das mais antigas cidades do mundo; e tem


a particularidade de ter sido continuamente ocupada. Apesar da
etimologia do nome não ser indubitável, aparentemente é de ori-
gem semítica, que em hebraico o termo Shalom, ou Shalem, sig-
nifica paz ou habitação de paz.
92 Geografia e Arqueologia Bíblica

Na Bíblia aparece, em Gn 14.18, como Salém e, de acordo


com a tradição dos judeus, assim era chamada a capital judaica.
Jerusalém é, também, mencionada na Bíblia como: Jebus (Jz
19.10); Sião (Sl 87.2); Ariel (Is 29.1); Cidade de Justiça (Is 1.26);
Cidade Santa (Mt 4.5); Cidade do Grande Rei (Mt 5.35) e Cidade
de Davi (II Sm 5.7).

Geografia de Jerusalém

Jerusalém constitui-se na mais célebre cidade do mundo. É


venerada por três religiões monoteístas: o judaísmo, o cristianis-
mo e o islamismo. A Cidade Santa está localizada no sul da Cordi-
lheira central de Israel. Encontra-se a mais de 50 quilômetros do
Mediterrâneo.

Até o ano 70 d.C., Jerusalém era cercada por forte muralha;


o exército do general Tito a destruiu completamente.

A Grandeza de Jerusalém

Qual é o segredo de sua grandeza? Segundo Orlando Boyer,


não tinha um porto marítimo, como Alexandria e
Roma. Nem estava situada num rio, como Mênfis e
Babilônia. E nem tinha a grande vantagem de uma
das grandes vias comerciais entre o mar mediterrâ-
neo e o vale do Jordão, nem das rotas entre a Ásia
Menor e o Egito. Contudo, enquanto Roma era o
centro político e Atenas, o centro intelectual, Jerusa-
lém era o centro espiritual do mundo, a cidade de
maior influência sobre a esperança e o destino do
gênero humano. Era a cidade escolhida do único e
Geografia e Arqueologia Bíblica 93

verdadeiro Deus, o centro de seus cultos, leis e reve-


lações.

Jerusalém e sua História

Com a morte de Salomão, o trono de Davi é ocupado pelo


insensato Roboão. No quinto ano de seu reinado, Sisaque, rei do
Egito, marcha contra Jerusalém. Filisteus e árabes sitiam-na, cau-
sando-lhe muitos estragos.

No reinado de Amazias, os israelitas destroem parte de suas


muralhas. Entretanto, renomados militares fracassam,
fragorosamente, ao tentar marchar contra Sião. Reizim, da Síria,
foi um deles; Senaqueribe, no tempo de Ezequias foi outro. Com
Manassés, a cidade Santa é invadida por tropas babilônicas. Mas,
o fato mais triste para os judeus está relacionado à destruição do
templo e de Jerusalém, por Nabucodonosor, em 587 a.C.

Após 70 anos de exílio e vergonha, Jerusalém é reconstruída


por Esdras e por Neemias. Nesse tempo o templo é reconstruído.
Desde essa época, Jerusalém não mais conheceria momentos de
paz. Em 320 a.C., Ptolomeu Soter conquista-a; Antíoco Epifanes,
dois séculos antes da nossa era, apodera-se dela, profana o tem-
plo e massacra milhares de judeus.

Em 66 a.C., o general romano Pompeu apossa-se de Jeru-


salém e transforma-a em possessão latina. Dezesseis anos mais
tarde, Herodes, o grande, começa a reinar sobre a cidade.

No ano 70 d.C., o general Tito com seu exército de 100 mil


94 Geografia e Arqueologia Bíblica

homens sitiou-a por 5 meses; em seguida, a destruiu. O que pre-


dissera Jesus, aconteceu: não ficou pedra sobre pedra. De acordo
com Tácito, historiador romano, morreram, naquela ocasião, um
milhão de judeus.

Em 131 d.C., Bar Khaba apossa-se da cidade. Um ano de-


pois, Adriano a devasta, literalmente. Em 627, Cosroes II, rei da
Pérsia, arrasa-a mais uma vez.

Em 637 d.C. Omar, sucessor de Maomé, ocupa-a e duzen-


tos anos depois, os maometanos destroem santuários cristãos. Em
1075 d.C., a capital do judaísmo passa das mãos dos muçulma-
nos para as dos turcos. A igreja católica romana, no período das
cruzadas, passa a atacá-la e, em 1099, é sitiada e conquistada por
Godofredo, chefe da primeira cruzada.

Saladino, em 1187, ocupa-a como chefe da terceira cruza-


da. Em 1229, suas muralhas são destruídas. Dez anos mais tarde,
Sião se rende ao comandante da sexta cruzada. Os turcos, em 1547,
invadem-na e, de lá, só seriam expulsos, em 1831. A Turquia,
entretanto, voltaria a conquistar Jerusalém dez anos mais tarde.

Na primeira guerra mundial, Jerusalém é libertada pelo ge-


neral Britânico, Állemby. E no dia 14 de maio de 1948, renasce o
estado de Israel. A parte leste continuava em poder dos árabes.
Entretanto, em 1967, durante a guerra dos seis dias, a capital espi-
ritual e histórica dos judeus é reconquistada e, portanto, reunificada
por seus legítimos donos. A Judeia, a Samaria, Gaza, a península
Geografia e Arqueologia Bíblica 95

do Sinai e as colinas de Golan passam a ser controladas por Israel.

A Terra Santa sempre viveu em grandes conflitos políticos


com seus vizinhos. A conquista da terra iniciada por Josué, ainda
não foi de todo consolidada. Em 1968, entra em conflito, nova-
mente, com o Egito. Em 1973, o Egito, com o auxílio da Síria,
ataca-a novamente. Nos dois anos seguintes, foram assinados acor-
dos, de retirada das forças, entre Israel e o Egito e entre Israel e a
Síria, pelos quais Israel retirou-se de parte dos territórios captura-
dos durante a guerra.

A situação econômica de Israel se agravou intensamente.


Mas, já em 1974, com o crescimento e a expansão da indústria, a
economia voltou a se recuperar.

A busca do processo de paz, por parte de Israel, no Orien-


te Médio, tem sido constante, mas a rejeição dos países árabes
tem dificultado o processo. Só em 1977, o Egito aceita a mão
estendida por Israel. Esse fato gerou uma grande surpresa e
desencadeou uma série de negociações entre Israel e seus vizi-
nhos árabes.

Em 1989, Israel apresentou uma iniciativa global de paz,


propondo o fim do estado de guerra com os estados árabes e con-
versações diretas com representantes do povo palestino, para a
formação de um auto-governo, para os palestinos, na Margem
Ocidental e em Gaza. Mas, a paz em Israel só será uma realidade
quando Jesus Cristo instaurar seu reino de Glória.
96 Geografia e Arqueologia Bíblica

Apesar das discussões voltadas para a busca de um proces-


so de paz, em 1991, o Iraque atacou Israel com mísseis terra-terra
durante a Guerra do Golfo. Depois disso, sob o comando dos EUA
e da ex-União Soviética, houve uma outra Conferência pela paz
no Oriente Médio. Em 1993, Israel e a OLP assinaram a Declara-
ção de Princípios sobre os procedimentos do auto-governo Pales-
tino. Em 1994, vários foram os acordos assinados entre Israel, a
OLP e a Jordânia. Mas, os jornais atuais continuam a noticiar os
conflitos no Oriente Médio, apesar da busca de um acordo de paz.
Geografia e Arqueologia Bíblica 97

ATIVIDADES DE APOIO

1. Qual foi a cidade que foi, milagrosamente,


destruída?

2. Qual a cidade em que Davi foi ungido?

3. Onde Jesus nasceu? Onde viveu a infância


e a juventude? Onde morreu?

4. Qual era o grande segredo da grandeza


de Jerusalém?

5. Jerusalém é uma cidade onde a paz reina?


Explique.

6. Como está a situação de Israel hoje?


98 Geografia e Arqueologia Bíblica

Jerusalém
Geografia e Arqueologia Bíblica 99

CAPÍTULO VIII
ENTENDENDO A ARQUEOLOGIA

O QUE É A ARQUEOLOGIA?
É a ciência que se baseia na escavação, na decifração e na
avaliação crítica dos registros do passado. Entretanto, os restos
achados, analisados como fatos isolados, não chegam a ter signi-
ficação; a soma de informações e o relacionamento entre elas, es-
tabelecendo um contexto, é que possibilitam a reconstituição cul-
tural. Essa tem que ser marcada, necessariamente, pela análise de
materiais como vasos, facas, raspadores, tigelas. As cerâmicas, os
artefatos líticos e os restos ósseos, também, possuem grande valor
para as pesquisas.

A partir dessas pesquisas, a arqueologia busca reconstruir


sociedades que foram esquecidas ao longo do tempo, bem como
trazer à luz verdades que nos ajudam a entender melhor nossa
realidade atual. Por meio de objetos encontrados, é possível com-
preender melhor a vida econômica, cultural, social e religiosa de
povos que viveram no passado e, também, é possível datar fatos
que seriam impossíveis, só com o registro da história. A arqueo-
logia, portanto, está mais relacionada ao estudo da pré-história.
100 Geografia e Arqueologia Bíblica

Nesse sentido, essa ciência é de grande importância para


quem tem a pretensão de se aprimorar no estudo da Palavra de
Deus, e, por isso, tem atraído a atenção de inúmeros estudiosos.

A Arqueologia Bíblica, lançando luz sobre o panorama his-


tórico e a vida contemporânea da época em que as Escrituras Sa-
gradas foram produzidas, bem como iluminando e ilustrando as
suas páginas com as suas notáveis descobertas, necessariamente,
deve muito ao interesse que a ela se presta, à sua conexão com a
Bíblia.

A arqueologia em Israel permite compreender a ligação do


país com o seu passado, com cerca de 3500 sítios arqueológicos
que refletem milhares de anos de história. Muitos achados teste-
munham a longa conexão do povo judeu com a terra de Israel,
tais como os estábulos de Salomão em Megido (Vale de Jezrael);
as casas do período israelita na Cidade de Davi (Jerusalém); os
quartos de banho ritual em Massada; as numerosas sinagogas e os
Rolos do Mar Morto, que contêm a mais antiga cópia existente do
Livro de Isaías, em hebraico, ainda legível. As escavações, tam-
bém, revelaram vestígios de outras civilizações que deixaram sua
marca no país através dos séculos. Todas as descobertas são cata-
logadas e os sítios históricos, cuidadosamente, preservados e iden-
tificados em proveito dos pesquisadores.

Nenhum campo de pesquisa tem oferecido maiores desafi-


os e promessas do que a arqueologia, principalmente, velho-tes-
Geografia e Arqueologia Bíblica 101

tamentária. Até o século XIX, muito pouco era conhecido a res-


peito dos tempos bíblicos. As descobertas feitas, a partir de 1880,
em terras bíblicas, suscitaram grande entusiasmo nos estudantes
sérios da Bíblia.

Essa ciência teve início em 1798, quando as ricas antiguida-


des do Vale do Nilo foram abertas, para estudo científico, pela
expedição de Napoleão. Entretanto, os tesouros da Assíria e da
Babilônia só foram descobertos na primeira metade do século XIX.
Depois disso, várias foram as descobertas que contribuíram para
uma melhor compreensão do VT. Por exemplo: a decifração da
Pedra da Rosetta, que revelou os hieróglifos egípcios e a decifra-
ção de Behistun, que forneceu a chave para a compreensão dos
caracteres cuneiformes assírio-babilônicos. Também, a descober-
ta da Pedra Moabita, em 1868, criou verdadeira sensação, devido
à sua íntima relação com a história do VT, excitando interesse ge-
neralizado pelas escavações palestinas.

Mas, a maior parte dos achados, que têm conexão com a


Bíblia só se deu há, mais ou menos, um século. Tais achados fo-
ram o Código de Hamurábi (1991); o Papiro Elefantino (1903);
os monumentos hititas em Bogazqueui (1906); o túmulo de
Tutankhamun (1922); os rolos do Mar Morto, já citados anterior-
mente, e outros. São famosos por terem íntima relação com o VT.

A IMPORTÂNCIA DA ARQUEOLOGIA PARA O ESTUDO DA BÍBLIA

A arqueologia, nas mãos do estudioso da Bíblia, pode ser


102 Geografia e Arqueologia Bíblica

de grande utilidade, ou motivo de abuso. O resultado será deter-


minado, em grande parte, pela atitude do investigador com res-
peito ao significado do VT em si. Se ele for somente um técnico
científico-humano, aceitando apenas as características humanas,
os dados arqueológicos, nas suas mãos, estarão em constante pe-
rigo de serem mal interpretados e mal utilizados como base de
teorias errôneas, quando ele tentar aplicá-las ao VT. Se, por outro
lado, como técnico científico, o investigador tem uma compreen-
são do significado espiritual e está de acordo com a mensagem do
VT, a aplicação que ele fizer das descobertas arqueológicas pres-
tará enorme benefício à ilustração e à elucidação dos oráculos
antigos para um mundo moderno.

A arqueologia autentica a Bíblia

O estudo dos despojos materiais do passado remoto é, mui-


tas vezes, útil para provar que a Bíblia é verdadeira e exata. Muito
frequentemente, o emprego apologético dos dados arqueológi-
cos é necessário, especialmente ao lidar-se com o ceticismo
racionalista e com a alta crítica. Apesar de que, quando julgada
com sinceridade, não precisa ser provada pela arqueologia, pela
geologia, ou por qualquer outra ciência. Sendo a revelação de
Deus para o homem, a sua própria mensagem e significação, as
suas próprias declarações de inspiração e de evidência interna, os
próprios frutos e resultados que ela produz na vida da humanida-
de são as melhores provas de autenticidade. O estudo científico
jamais pode tomar o lugar da fé.
Geografia e Arqueologia Bíblica 103

Com respeito à autenticação da Bíblia, tal confirmação pode


ser geral ou específica. Exemplos de confirmação geral são inu-
meráveis. Por exemplo, escavações em Siló, Gibeá, Megido,
Samaria e outros lugares palestinianos, têm confirmado, plena-
mente, as citações bíblicas dessas cidades.

Os exemplos de confirmações específicas, embora menores,


são mais impressionantes, como, por exemplo, o caso de Belsazar,
último rei de Babilônia, é característico. Por muito tempo, o fato
de o Livro de Daniel apresentar Belsazar como rei à época da
queda de Babilônia (Dn 5), em vez de Nabonico, como indicam
os registros cuneiformes, era considerado uma forte evidência con-
tra a historicidade dos registros sagrados. A solução desta pseudo-
discrepância ficou patente quando foram desenterradas evidênci-
as indicando não apenas a associação de Belsazar com Nabinido
no trono, mas demonstrando, também, que, durante a última par-
te do seu reinado, este residiu na Arábia e deixou a direção do
reino da Babilônia nas mãos de seu filho mais velho, Belsazar.

A arqueologia ilustra e explica a Bíblia

Fazer as Escrituras Sagradas mais completamente inteligíveis


para a mente humana é, sem dúvida, a função real da arqueolo-
gia. A longevidade dos patriarcas antediluvianos, registrada em
Gn 5, tem, comumente, sido considerada como fato lendário ou
mitológico. Entretanto, descobertas arqueológicas demonstram que
isso era, extremamente, normal nas tradições do Oriente Médio.
104 Geografia e Arqueologia Bíblica

Aliás, a longevidade atribuída aos patriarcas anteriores ao dilúvio


na Bíblia hebraica é, excessivamente, modesta se comparada com
a dos reis babilônicos do mesmo período. Não há razões para não
se crer que essas afirmações bíblicas não sejam literais, pois as
pesquisas demonstram que há amplas indicações de um clima mais
salubre nos dias antediluvianos. Também, não devemos esquecer
que os antediluvianos eram a raça dos filhos de Deus que viviam
racionalmente e com temperança.

A arqueologia suplementa a Bíblia

Visto que os autores humanos que escreveram as Escrituras,


sob inspiração divina, não estavam interessados na história, na
geografia, na etnologia humana, ou noutros campos do conheci-
mento humano, exceto incidentalmente, quando por acaso tinham
algo que ver com a história da redenção, era natural que, do pon-
to de vista de um erudito moderno, houvesse, no VT, grandes la-
cunas nesses ramos do saber. Contudo, do ponto de vista divino,
concernente à compreensão da mensagem divina, não houve
necessidade de conhecimento suplementar dessas matérias ou de
outras relacionadas.

Um exemplo interessante de suplementação é a destruição


de Siló, primeiro santuário de Israel na Palestina, onde o
Tabernáculo foi estabelecido, e a arca do Senhor foi tomada, du-
rante longo período, dos juízes. A queda da cidade não é narrada
em parte alguma da Bíblia, embora Jeremias se refira ao lugar
Geografia e Arqueologia Bíblica 105

como tendo sido destruído (Jr 1.12-15; 26. 6,7). Escavações feitas
pela Expedição Dinamarquesa descobriram cerâmica e outras
evidências, demonstrando que essa destruição ocorreu por volta
de 1050 a .C., possivelmente pelas mãos dos filisteus.

Conforme já pudemos perceber, o estudo de Arqueologia


Bíblica é de uma riqueza incomensurável; nos alegra e, ao mes-
mo tempo, nos emociona por termos, ainda mais, a convicção das
verdades espirituais reveladas na Palavra de Deus, pois vemos
que, com o avanço científico, dia a dia, a Bíblia se torna mais com-
pleta do ponto de vista histórico, nos seus mais amplos aspectos e
ramificações. Entretanto, o estudo da arqueologia, neste manual,
propositadamente, é apenas introdutório, tendo em vista que seu
aprimoramento deverá ocorrer em estudos de nível médio ou su-
perior, devido à complexidade de seu conteúdo. Todavia, sendo
do interesse do aluno adiantar o estudo dessa ciência poderá con-
sultar as obras afins.
106 Geografia e Arqueologia Bíblica

ATIVIDADES DE APOIO

1. Em que se baseia a arqueologia para realizar


suas pesquisas?

2. Quais são os materiais importantes para


análise arqueológica?

3. Por que a arqueologia está mais diretamente


ligada à pré-história?

4. Quais foram as descobertas, no início do


século XX, que foram importantes?

5. Qual é a importância da arqueologia? Dê


exemplos.

6. Como deve ser a atitude do estudioso da


Bíblia diante de estudos arqueológicos,
geológicos, etc.?
BIBLIOGRAFIA
Geografia e Arqueologia Bíblica 107

BUCKLAND. Dicionário Bíblico Universal. SP: Ed. Vida, 1997.

Nova Enciclopédia Barsa. SP: Encyclopaedia Britannica do Brasil,


2000.

MONEY, N. Kemp de Geografia Histórica do Mundo Bíblico. MG: Ed.


Vida, 1977.

RONIS, Osvaldo Geografia Bíblica. RJ: Impresso em gráficas própri-


as, 1989.

TOGNINI, Enéas. Geografia das Terras Bíblicas. Vol. II. SP: Ed. Lou-
vores do Coração Ltda, 1987.

UNGE, F. Merril Arqueologia do Velho Testamento. SP: Imprensa Ba-


tista Regular, 1989.
108 Geografia e Arqueologia Bíblica
Geografia e Arqueologia Bíblica 109
110 Geografia e Arqueologia Bíblica
Geografia e Arqueologia Bíblica 111

1107
112 Geografia e Arqueologia Bíblica

1. Marque a alternativa ERRADA.


Acerca de Geografia, podemos afirmar que
a) ( ) o termo geografia é formado pelos vocábulos geo e
graphein;
b) ( ) é a ciência que estuda os mares e os planetas;
c) ( ) Geografia Bíblica é a ciência que estuda as áreas
da superfície da terra que se relacionam com a Bíblia;
d) ( ) alguém, estudando a geografia da Palestina, ao final,
a chamou de o 5º evangelho;

2. Marque a alternativa CERTA.


a) ( ) O mundo bíblico compreendia parte das Américas.
b) ( ) Os povos antigos habitavam nas regiões banhadas
pelo Mar Mediterrâneo, Mar Negro, Mar Cáspio, Golfo
Pérsico e Mar Vermelho.
c) ( ) Algumas regiões do mundo antigo são:
Mesopotâmia, Elão, Espanha, Etiópia e Ilhas
Malvinas.
d) ( ) A Mesopotâmia é a região entre os rios Cáspio e
Eufrates.

3. Marque a alternativa CERTA.


a) ( ) Provavelmente o dilúvio foi uma enchente na
cabeceira do rio Tigre.
b) ( ) A Mesopotâmia está dividida em duas regiões: norte
e sul.
c) ( ) A região Sul é conhecida por Palestina Setentrional.
d) ( ) As duas principais potências da região
mesopotâmica foram Assíria e Filístia.
Geografia e Arqueologia Bíblica 113

4. Sobre a Assíria e a Babilônia, marque a alternativa


CERTA.
a) ( ) Os Assírios são descendentes de Assur, filho de Seir;
b) ( ) O Iraque e o Turquezaquistão são países da
atualidade da região de Babilônia;
c) ( ) São cidades dessas regiões: Nínive e Elão.
d) ( ) Os Babilônicos são uma mistura de sumérios e
acádios;

5. Marque a alternativa CERTA.


a) ( ) A Arábia não é uma região do mundo Antigo.
b) ( ) Na região desértica da Arábia os judeus
peregrinaram 80 anos.
c) ( ) Os medos e os persas formaram um novo império
mundial, depois dos gregos.
d) ( ) No tempo de Assuero, a Pérsia estendeu seu domínio
da Índia à Etiópia compondo-se de 127 províncias.

6. Sobre a história do Império Persa, marque a alternativa


CERTA.
a) ( ) Possivelmente, a Pérsia foi formada depois da
dispersão da Torre de Babel pela fusão dos povos:
cassitas, elamitas, Gutitas e lulubitas.
b) ( ) Ciro II, após reunificar as tribos, venceu a Média em
uma guerra que durou 10 anos.
c) ( ) Ciro II, foi designado por Dário para governador de
Babilônia.
d) ( ) Foi Dário II da Pérsia que autorizou o retorno dos
judeus a Sião.
114 Geografia e Arqueologia Bíblica

7. Marque a alternativa CERTA.

a) ( ) Elão é o país onde nasceu o profeta Balaão.

b) ( ) A Armênia, ou Arará, é uma região de planície.

c) ( ) Os sírios são descendentes de Arã, filho de Sem e


neto de Noé.

d) ( ) Damasco é a capital da Assíria.

8. Marque a alternativa CERTA.

a) ( ) A região da Palestina ou Canaã é banhada pelo


oceano Atlântico.

b) ( ) O Egito situa-se no nordeste africano, tendo o mar


Mediterrâneo ao norte.

c) ( ) No Egito, os descendentes de Cão permaneceram


por 430 anos.

d) ( ) A Etiópia foi habitada pelos descendentes de Cusi,


filho de Cão e neto de Abraão.

9. Marque a alternativa CERTA.

a) ( ) A Líbia é uma extensa região da Ásia.

b) ( ) A Líbia é a menor península do extremo ocidente do


continente asiático.

c) ( ) Roma é o país de Alexandre Magno, o gênio militar.

d) ( ) A filosofia grega influenciou o mundo todo, tendo


como expoente os filósofos: Sócrates, Aristóteles e
Pitágoras.
Geografia e Arqueologia Bíblica 115

10. Marque a alternativa ERRADA.


a) ( ) A Macedônia serviu de base para Alexandre Magno
conquistar o mundo, assim como serviu de base
missionária para Paulo alcançar a Europa com o
Evangelho.
b) ( ) A região do Ilírico foi a região mais distante que o
apóstolo Paulo alcançou com o Evangelho.
c) ( ) A Itália tinha como capital a cidade de Roma e era a
sede do Império Romano.
d) ( ) O Império Romano, segundo a visão do animal de
Daniel, era simbolizado pela prata.

11. Marque a alternativa CERTA.


a) ( ) Espanha é um país do mundo antigo banhado pelo
oceano Atlântico, mar Mediterrâneo e oceano Índico.
b) ( ) Creta e Chipre são ilhas do Mediterrâneo e do
Atlântico.
c) ( ) São montes da Palestina: Líbano, Hermon e Sirion.
d) ( ) Os rios Tigre e Eufrates são rios extrapalestínicos.

12. Marque a alternativa ERRADA.


a) ( ) Os desertos que possibilitam a vida animal e vegetal
são chamados pelos judeus de Midibar ou Arabah.
b) ( ) Os desertos do oeste da Palestina são: Shur, Sinai,
Saara e Zim.
c) ( ) Os desertos do leste da Palestina são: Quedemote,
Diblat e Beser, Indumeu e Moabe.
d) ( ) As cidades antigas eram cercadas por muros altos,
possuíam portas nos muros e nas praças realizavam
o comércio.
116 Geografia e Arqueologia Bíblica

13. Marque a alternativa CERTA.


a) ( ) A terra da Palestina é conhecida por vários nomes e
nela está o país do Egito um dos menores do mundo.
b) ( ) Dentre os vários nomes de Israel podemos citar: Terra
de Judá, Terra Prometida, Palestina e Terra Santa.
c) ( ) Tem o nome de Canaã porque nela habitou o filho de
Noé, chamado Cão.
d) ( ) Palestina é termo acadiano.

14. Marque a alternativa ERRADA.


a) ( ) São seis planícies de Israel: Acre, Sarom, Filistia,
Armagedom e Vale de Jeosafá.
b) ( ) A planície de Acre fica no extremo noroeste da costa
israelense e significa areia quente.
c) ( ) A planície de Acre coube à tribo de Aser.
d) ( ) A planície de Sarom tem 85 km de extensão e largura
entre 15 e 22 km.

15. Ainda sobre as planícies, marque a alternativa ERRADA.


a) ( ) A planície da Filístia é fértil e tem 75 km de
comprimento.
b) ( ) A planície Sefelá significa terras baixas e serviu de
lar para Abraão e Moisés.
c) ( ) A planície de Armagedom é o mesmo que Jezreel ou
Esdraelom e será a região da guerra escatológica,
descrita por João em Apocalipse 16.16.
d) ( ) Armagedom fica entre os montes da Galileia e os de
Samaria.
Geografia e Arqueologia Bíblica 117

16. Sobre os vales da Terra santa, marque a alternativa


CERTA.

a) ( ) Do Jordão, de Jezreel, de Açor e de Besar.

b) ( ) De Besar, de Jezreel, de Açor e do Jordão.

c) ( ) De Escol, de Hebrom ou Manre e de Siquém.

d) ( ) De Sitim, de Basã, de Moabe e de Shalom.

17. Sobre os planaltos, marque a alternativa CERTA.

a) ( ) É um alto monte, cortado por vales.

b) ( ) Em Israel há três planaltos: o ocidental, central e o


oriental.

c) ( ) As tribos de Naftali, Efraim e Judá habitavam no


planalto oriental.

d) ( ) O planalto oriental possui três importantes planaltos


e era habitada em Basam pela tribo de Manassés.

18. Marque a alternativa CERTA.

a) ( ) São montes palestinos: Naftáli, Gilboa, Ararate, Ebal.

b) ( ) Gerizim, local da construção de um templo rival ao


de Jerusalém, tem altitude de 940 metros.

c) ( ) Nos desertos há escassa vegetação, muita água e


clima temperado.

d) ( ) São desertos da Terra Santa: de Saara, de Bete-Áven


118 Geografia e Arqueologia Bíblica

e da Judeia.

19. Marque a alternativa ERRADA.


a) ( ) O mar Morto possuiu várias espécies de peixes.
b) ( ) O mar Morto está a 400 metros abaixo do nível do
Mediterrâneo.
c) ( ) O mar Vermelho está ligado à história do povo de
Deus.
d) ( ) O mar da Galileia, na realidade, é um lago de águas
doces.

20. Marque a alternativa ERRADA.


a) ( ) Na Palestina há duas estações distintas: a chuvosa
e a seca.
b) ( ) A topografia é plana.
c) ( ) Nas montanhas, o clima é fresco e bastante ventilado
e, em Jerusalém, a temperatura chega a 6 ºC no
inverno.
d) ( ) O casamento dos judeus era monogâmico por
tradição.

21. Marque a alternativa ERRADA.


a) ( ) O divórcio foi introduzido em Israel por Abraão.
b) ( ) O filho primogênito, com a morte do pai, assumia a
direção da família.
c) ( ) As saudações dos judeus eram bastantes demoradas
acompanhadas de expressões: paz, paz seja
convosco, paz seja nesta casa.
d) ( ) Na Antiguidade havia várias espécies de moradias:
casas de pedra; tendas de pele de cabra, cabanas
cobertas com folhagens.
Geografia e Arqueologia Bíblica 119
120 Geografia e Arqueologia Bíblica

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