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Resumo² do texto: PASSOS, M. M. Biogeografia e paisagem.

Presidente Prudente:
edição do autor, 2003. p.68-93.
Daiane Santana Belfort¹
daibelfort@gmail.com

O autor inicialmente questiona o que seria a Biogeografia? O mesmo então


trabalha outros autores para explicar. De acordo com Cailleux e Crowley seria um
ramo da Geografia, que para esses autores, e outros, a Biogeografia parece ser antes
de tudo uma ciência do espaço; de acordo com Brosset e MacArthur é uma ciência
ecológica, ou seja, o espaço e o tempo são considerados simultaneamente, mas suas
dimensões são reduzidas; para Furon ou Nelson é uma ciência histórica, cujo o objeto
é a reconstituição dos esquemas de distribuição do passado, quer os seres sejam
vivos ou fósseis; para Bertrand e Valentine é uma mescla de diferentes abordagens.
Em Variáveis e Parâmetros em Biogeografia, Passos afirma que espaço e
tempo são variáveis primordiais em Biogeografia. A repartição dos seres é um
fenômeno espacial ao nível descritivo, tanto quanto um fenômeno temporal.
No tópico que fala sobre as escolas biogeográficas, o autor começa a citar
Vuilleumier, que de acordo com ele existem três escolas biogeográficas: neo-
wallaciana, a mais antiga, que defende uma Biogeografia regional centrada sobre a
pesquisa das regiões faunísticas e dos centros de origem; vicariância e cladismo
rejeitam a noção de centros de origem e minimizam o conceito de dispersão ou de
emigração – a vicariância produz a diferenciação geográfica e a multiplicação das
espécies, enquanto que a dispersão produz a simpatria e a possibilidade de interação
interespecífica, já o cladismo permite aos biologistas construírem árvores filogenéticas
segundo critérios objetivos, fundados sobre a modificação de caracteres desde os
ancestrais de uma linha dada, até os seus descendentes; e por fim, a teoria do
equilíbrio dinâmico, que consiste em afirmar que as frequentes imigrações e extinções
de espécies resultaria numa elevada taxa de substituição, num sistema insular.
A biogeografia é um ramo da geografia física, que tem como seu objeto o
estudo das paisagens. De acordo com Passos, o biogeógrafo deve primeiramente,
identificar e classificar os elementos da paisagem a ser estudada. No caso da
biogeografia, são os diversos aspectos da vegetação, da comunidade animal e do
solo, assim como os aspectos próprios do clima e da geomorfologia.
No tópico que fala do lugar da Biogeografia no panorama das Ciências
Geográficas. Suas relações com as Ciências da Terra e Biológicas, o autor inicia
¹ Aluna de Licenciatura em Geografia, 7º semestre noturno, pela Universidade do Estado do Pará.
² Trabalho exigido pela Profa. Msc. Milena Santos como critério de avaliação da disciplina Biogeografia.
dizendo que a ciências sistemáticas, como a Botânica, Zoologia, Pedologia, etc., estão
mais habilitadas para o estudo sistemático das plantas, dos animais, do solo, etc. As
relações da biogeografia com outros ramos da Geografia Física são evidentes, com o
clima: à escala do globo, os climas são distribuídos zonalmente, à distribuição zonal
dos climas corresponde uma disposição zonal das grandes formações vegetais; com
o relevo, as relações são múltiplas: à escala mundial, os grandes conjuntos de relevo
acentuam ou perturbam a zonalidade do clima e pois da vegetação, à uma escala
menor o relevo/altitude determina condições climáticas diferentes daquelas das
planícies e a zonalidade define uma distribuição da vegetação em estágios/em
degraus; e à escala local, observa-se mudanças fisionômicas e florísticas da
vegetação, segundo a exposição das vertentes.
No tópico Biogeografia e Ecologia, Passos diz que as relações entre esses
dois estudos, apesar de muitas vezes serem confusas, são bastante evidentes. Em
seguida, o autor diz que embora as relações Biogeografia-Ecologia, sejam evidentes,
há diferenças profundas entre ambas: de escala: o ecossistema não tem suporte
espacial. O mesmo pode ser um lago, uma floresta, o oceano, etc. Ao trabalhar com
grandes escalas, muitas vezes microscópicas, o Ecólogo dá pouca atenção às noções
de extensão, causalidade e analogia, diferenciando-se do Geógrafo; de objeto: a
Ecologia estuda os “organismos em relação com seu meio ambiente”, cuja ênfase é
colocada sobre os organismos, enquanto que à Biogeografia se interessa mais sobre
o estudo das relações.
Os tipos de biogeografia segundo a abordagem, são elas: biogeografia
taxonômica, que é o estudo das áreas, no sentido de localização das espécies ou de
outros grupos taxonômicos, tal como gênero, família, etc. em oposição aos
grupamentos ecológicos; biogeografia fisionômica, que é o estudo dos seres vivos do
ponto de vista de sua forma, ou seja, de sua fisionomia; biogeografia ecológica, que
estuda os grupamentos ecológicos em relação ao seu meio; e biogeografia histórica,
que é o estudo das migrações e das floras e faunas do passado; combina
invariavelmente uma das três abordagens precedentes, mais frequentemente a
abordagem taxonômica com a perspectiva histórica. Já segundo o(s) elemento(s)
estudado(s) tem: fitogeografia, que é o estudo da distribuição geográfica das plantas
sobre a superfície terrestre; a zoogeografia, que é o estudo da distribuição geográfica
dos animais na superfície terrestre; a pedogeografia ou geografia dos solos, que é o
estudo dos solos como um fenômeno que se produz de maneira natural, tendo em
conta o processo de formação, composição e distribuição, com ênfase para as
relações entre o solo, os organismos e os elementos bióticos e abióticos do meio
ambiente; a geossistêmica, que no caso a interdisciplinaridade, o globalismo, o
ambientalismo e a análise dialética da natureza e da sociedade não puderam se
desenvolver senão num ambiente científico dominado pelo espírito de sistema.
Em O Sistema e o Meio Ambiente, o autor inicialmente fala que o
conhecimento do meio geográfico e ecológico responde às necessidades impostas
pelo progresso técnico e pela explosão demográfica. A Terra é salvo prova contrária,
o único planeta que reúne as condições físico-químicas suficientes para o
desenvolvimento dos seres vivos. Nas plantas e animais, os sólidos estão
estreitamente ligados à água e secundariamente, a outros líquidos e gases. As
reações desses sólidos, líquidos e gases permitem as manifestações da vida. Além
do mais, a água permite o funcionamento dos processos de oxidação, liberando
energia a temperaturas inferiores às exigidas por outros corpos. A estrutura dos seres
vivos se mantém sobre os compostos carbonatados, cuja configuração atômica define
as propriedades específicas que se encontram nas enzimas e nos ácidos nucleicos.
Assim, o desenvolvimento da vida é uma particularidade própria da Terra, que se
deriva de sua composição global. O funcionamento da vida não é possível senão
através dos mecanismos de intercâmbios permanentes com o meio físico.
Nas fontes de energia, o texto fala que a superfície terrestre está submetida a
três forças de natureza diferente, sendo elas: a matéria que constitui a Terra contém
determinada quantidade de energia; a atração dos astros, tal como formulada na Lei
de Newton, é uma segunda força que atua sobre a Terra: a gravidade, fenômeno
permanente e universal que intervém em todos os mecanismos que afetam o meio
físico-geográfico; e as radiações emitidas pelo Sol chegam ao globo em forma de
energia eletromagnética. Essa análise da natureza das fontes de energia que intervém
na superfície da Terra é indispensável para se conhecer melhor o meio físico-
geográfico. Este se caracteriza por uma dinâmica, que se manifesta em níveis
escalares muito variados: no tempo e no espaço.
Na estrutura do meio físico, O meio físico-geográfico constitui uma superfície
de contato entre os diferentes estados da matéria: atmosfera gasosa e litosfera sólida
para as terras emersas; hidrosfera e litosfera para os fundos oceânicos e lacustres;
hidrosfera e atmosfera para as superfícies líquidas. As superfícies de contato refletem
o equilíbrio das forças que atuam em cada um dos corpos que elas separam e se
adaptam às modificações deste equilíbrio.
Na nomenclatura dos fatores ecológicos, os fatores do meio são numerosos
e podem ser classificados de muitas maneiras. O autor no texto vai adotar o que é
mais geralmente aceito, ou seja, os fatores climáticos, edáficos, topográficos e
bióticos. Fatores climáticos: luz, temperatura, água, vento e perturbações
atmosféricas; fatores edáficos, sendo os fatores físicos: textura (granulometria),
estrutura (compactação e aeração do solo), estabilidade, hidratação e os fatores
químicos: teor em calcário, pH, nitratos, deficiências químicas; fatores topográficos
que é a configuração do terreno no lugar considerado intervém para modificar os
fatores precedentes e os fatores bióticos que são os fatores ligados à presença de
outros vegetais: microflora do solo, doenças criptogâmicas, concorrência entre plantas
de uma mesma espécie ou de espécies diferentes, fatores ligados aos animais:
predadores, mecanismos de polinização e de disseminação e a ação do Homem e
dos animais domésticos: desmatamento, fogo, poluição química, etc.
No tópico que o autor fala sobre os fatores climáticos, ao falar sobre a luz, o
mesmo diz que a luminosidade de um ponto do globo a um intervalo de tempo dado
depende do ângulo resultante da intersecção dos raios solares com a superfície da
Terra, da espessura da camada atmosférica e da transparência do ar. Em ação sobre
a assimilação, na ecologia, a melhor maneira de avaliar a quantidade de luz que
absorve uma planta é medindo os câmbios gasosos: uma planta clorofilada no escuro
desprende gás carbônico; na presença da luz o fenômeno se inverte e elimina
oxigênio. A intensidade da fotossíntese aumenta com a iluminação e, para um
determinado valor, ela compensa exatamente a respiração: é o chamado “ponto de
compensação” que corresponde à uma luminosidade diferente segundo as espécies
vegetais. Na ação morfogenética, a luz condiciona o conjunto do desenvolvimento das
plantas, assim como a morfologia e o crescimento das partes vegetativas; sobre a
germinação, algumas plantas são muito sensíveis e outras são indiferentes à
iluminação; sobre o crescimento das plântulas e concretamente a síntese clorofiliana:
os vegetais que crescem na ausência da luz apresentam um aspecto pobre em
clorofila, folhas pequenas, ramos alargados e grandes distâncias entre os nós; sobre
a morfologia e a ramificação: a direção dos talos e dos ramos sofrem a influência do
fototropismo, ação sobre o porte geral da planta; sobre a estrutura anatômica: numa
mesma espécie as folhas desenvolvidas à sombra têm um limbo maior, mais delgados
e mais pobre em tecido moderável; e sobre a floração: é necessário um mínimo de
luminosidade para que esta aconteça.
Na temperatura, Passos afirma que a temperatura do meio no qual vive a
planta, isto é, do ar e das camadas superficiais do solo e das águas, é tributária da
radiação solar e, portanto, sua distribuição está em analogia com a distribuição da luz.
Na ação fisiológica da temperatura, A temperatura é necessária para as funções
básicas da planta, respiração e fotossíntese, e na zona biológica, entre 0 e 30 ºC
aproximadamente, a intensidade desses fenômenos aumenta com a temperatura
seguindo sensivelmente a lei de Van’t Hoff, o que é compreensível pois elas estão sob
a dependência das reações químicas. Na resistência ao gelo, os vegetais de clima frio
podem resistir a dezenas de graus abaixo de zero por um mecanismo ainda mal
elucidado, enquanto que certas plantas tropicais morrem a temperaturas de + 10 ºC.
Na água, o autor inicia falando da repartição das precipitações, que as
precipitações estão sob a dependência da temperatura, que rege a intensidade da
evaporação ao nível das superfícies marinhas. Os aspectos fisiológicos do problema
da água, como são complexos, no texto o autor só vai trabalhar alguns: a necessidade
absoluta de água, a planta absorve a água por seu aparelho subterrâneo/radicular e
a libera por suas partes aéreas; a quantidade de água que circula pela planta ao curso
de uma estação vegetativa é igual a muitas vezes o seu peso, ou seja, a água da
planta se renova um certo número de vezes. Esta necessidade em água pode ser
exprimida pela quantidade transpirada pelo vegetal ao longo de um ano. Na situação
topográfica, a água se acumula em certos pontos, por exemplo, nos fundos dos vales
que permanecem bastante tempo úmidos, ou mesmo, nas zonas onde o lençol freático
está próximo da superfície para que as raízes possam atingi-lo. Por fim, na regulação
do teor em água, o teor em água dos tecidos condiciona estreitamente a fisiologia da
planta; a água intervém de maneiras diversas: fase dispersante dos colóides, veículo
de substâncias dissolvidas, agente químico das hidrólises. O teor em água varia
segundo a natureza, a idade e o estado fisiológico dos tecidos.
Por último tópico trabalhado pelo autor, O Vento e as perturbações
atmosféricas, o vento age, diretamente, por uma ação mecânica sobre o solo e os
vegetais e, indiretamente, modificando a umidade e a temperatura.

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