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Título: Resumo Paulo de Bessa Antunes

Autora: Marinella Araújo

DIREITO AMBIENTAL

UNIDADE 1 – PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL E COMPETÊNCIAS AMBIENTAIS


NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

RESUMO DO DIREITO AMBIENTAL PAULO DE BESSA ANTUNES

CAPÍTLULO I –PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL (2010:21)

SUMÁRIO: I – Princípios de Direito Ambiental (p.21/50); I.1 – Natureza dos princípios de


Direito Ambiental; I.2 – Princípio da dignidade da pessoa humana; I.3 - Princípio do
desenvolvimento; I.4 - Princípio democrático; I.5 - Princípio da precaução; I.6 Princípio da
prevenção; I.7 - Princípio do equilíbrio; 1.8 - Princípio da capacidade de suporte; I.9-
Princípio da Responsabilidade; I.10 - Princípio do poluidor pagador.

I - PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL

I.1 – Natureza dos princípios de Direito Ambiental:

Os princípios jurídicos podem ser explícitos e implícitos. Os primeiros estão expressamente


previstos na ordem jurídica, notadamente na CR/88; ao passo que os implícitos decorrem
do sistema constitucional, mesmo que não escritos. Ambos são dotados de positividade, de
modo que devem ser levados em conta pelos aplicadores do direito, incluído os três
poderes.

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I.2 – Princípio da dignidade da pessoa humana:

A dignidade da pessoa humana é o centro da ordem jurídica democrática, encontra-se


expresso no art. 1º, III, da CR/88. Como princípio basilar dele decorrem os demais
subprincípios constitucionais e os afetos ao Direito Ambiental. O ser humano é o centro das
preocupações do Direito Ambiental que, por sua vez, existe em função do ser humano e
para que ele possa viver melhor na Terra.

I.3 – Princípio do desenvolvimento:

O princípio do desenvolvimento materializa-se no direito ao desenvolvimento sustentável,


que se encontra em diversos textos normativos nacionais e internacionais. Implica na
necessidade do desenvolvimento econômico ser realizado de forma sustentável. O aumento
do bem-estar social e da renda da população não pode ensejar a degradação ambiental.

I.4 - Princípio democrático:

O princípio democrático assegura aos cidadãos o direito de, na forma da lei ou


regulamento, participar das discussões para elaboração de políticas públicas ambientais e
obter informações de órgãos públicos sobre matéria referente à defesa do meio ambiente e
de empreendimentos utilizadores de recursos ambientais e que tenham significativa
repercussão sobre o ambiente, resguardado o sigilo industrial.

A participação do cidadão se da por diversos instrumentos, merecem destaque: iniciativa


popular e referendo (art. 14, II, da CF/88); plebiscito (art. 14, I, da CF/88); direito de
petição (art. 5º, XXIV, da CF/88); Lei 10650/03, voltada para assegurar o direito à
informação em questões do meio ambiente; estudo prévio de impacto ambiental (EIA),
previsto no § 1º, IV, do art. 225, da CF/88, deve ser submetido à audiência pública; ação
popular; e ação civil pública.

I.5 – Princípio da precaução:

É dentre os princípios do Direito Ambiental o de mais acirrada polêmica e debate. Inexiste


um consenso quanto à sua definição, de modo que vários autores optam por uma definição
negativa, ou seja, definir o que ele não é. Em linhas gerais o princípio da precaução
apresenta-se como medida racional para evitar danos possíveis e prováveis ao meio
ambiente. A expressão normativa deste princípio se dá nas diversas normas que
determinam a avaliação de impactos ambientais nos empreendimentos que podem, ainda
que potencialmente, causar lesão ao meio ambiente. A aplicação juridicamente legítima
que se pode fazer deste princípio é aquela que leva em consideração as leis existentes no

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país e que determine a avaliação de uma certa atividade, conforme a legalidade
infraconstitucional existente.

O princípio não determina a paralisação de uma atividade, mas que esta seja realizada
com toda a cautela necessária, até mesmo para que o conhecimento científico possa
avançar e a dúvida ser esclarecida. Toda atividade humana possui um risco e o princípio
tenta harmonizar este risco com os benefícios advindos da atividade.

I.6 – Princípio da prevenção:

É principio próximo ao da precaução, embora não se confundam, pois se aplica a impactos


ambientais já conhecidos e dos quais se possa estabelecer um nexo de causalidade que
seja suficiente na identificação dos impactos futuros mais prováveis. Com base no princípio
da prevenção o licenciamento ambiental e os estudos de impacto ambiental podem ser
realizados e são solicitados pelas autoridades públicas. E importante frisar que a prevenção
de danos não significa na eliminação deles. A existência de danos originados por um
empreendimento específico é avaliada em conjunto com os benefícios que são gerados
pelo mencionado empreendimento e a partir de uma análise balanceada surjam opção
política no deferimento ou não do licenciamento ambiental.

I.7 – Princípio do equilíbrio:

Os aplicadores da política ambiental e do Direito Ambiental devem pesar as conseqüências


previsíveis da adoção de uma determinada medida, de forma a ser útil à comunidade e não
importar em graves excessivos aos ecossistemas e à vida humana. O princípio exige um
balanço das conseqüências da intervenção humana nas searas: ambiental, social,
econômica, visando atingir um resultado globalmente positivo. É a versão ambiental do
conhecido exame de custo/benefício.

I.8 – Princípio da capacidade de suporte:

O princípio tem assento no inciso V, do § 1º do art. 225 da CF/88. O seu principal aspecto é
estabelecer padrões de qualidade ambiental e limites da atividade poluidora pela
Administração Pública. Referidos padrões devem necessariamente levar em consideração o
limite de matéria ou energia estranha que o ambiente pode suportar sem alterar suas
características básicas e essenciais.

A Administração Publica tem a obrigação de fixar padrões em tudo que possa implicar
prejuízo aos recursos ambientais e à saúde humana. A fixação destes limites estabelece
uma presunção que permite à Administração impor coercitivamente as medidas necessárias
para que se evite a poluição e a degradação.

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I.9 – Princípio da Responsabilidade:

O princípio da responsabilidade implica na aplicação de sanção ao responsável pela


violação ao Direito Ambiental. A sua previsão legal é no § 3º do art. 225 da CF/88. A
responsabilidade ambiental pode se dar na área civil, penal e administrativa.

I.10 – Princípio do poluidor pagador:

O princípio do poluidor pagador (PPP) foi introduzido pela organização para a cooperação e
desenvolvimento econômico (OCDE) que trata dos aspectos econômicos das políticas
ambientais. O PPP parte da constatação de que os recursos ambientais são escassos e que
seu uso acarreta na sua redução ou degradação. O princípio exige a adoção de políticas
públicas para assegurar que os preços dos produtos reflitam os custos ambientais, já que a
degradação ambiental não é incluída na formação do preço pelos produtores, fomentando
a lesão ao meio ambiente.

O elemento que diferencia o PPP do princípio da responsabilidade é que o primeiro busca


afastar o ônus do custo econômico das costas da coletividade e dirigi-lo diretamente ao
utilizador dos recursos ambientais, aqui não se pretende recuperar um bem ambiental que
tenha sido lesado, mas estabelecer um mecanismo econômico que impeça o desperdício de
recursos ambientais impondo-lhes preços compatíveis com a realidade.

CAPÍTULO II - COMPETÊNCIA AMBIENTAL (2010:77)

Sumário: Competência ambiental (p. 77/92); II.1 – Introdução; II.2 - Competência federal;
II.3 Competência Estadual; II.4 – Competência Municipal; II.5 – A questão da aplicação da
norma mais restritiva.

II.1 – Introdução:

O problema jurídico mais complexo em matéria de proteção ambiental e a repartição de


competências entre os integrantes da Federação. Os ambientes judiciais diversas vezes não
demonstram capacidade de esclarecer os comandos constitucionais referentes às
competências. É um quadro extremamente confuso no qual o jurista tem que se
movimentar para alcançar os significados das repartições das competências constitucionais
ambientais.

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II.2 – Competência Federal:

O art. 22 da CF/88 determina competir privativamente à União legislar sobre: águas,


energia, jazidas, minas e outros recursos minerais e atividades nucleares de qualquer
natureza; tais itens estão amplamente relacionados com o meio ambiente.

A União na forma do art. 23 da CF/88 tem competência comum com os Estados, Distrito
Federal e os Municípios para: proteger o meio ambiente e combater a poluição em
qualquer de suas formas; preservar as florestas, a flora e a fauna; registrar, acompanhar e
fiscalizar a concessão de direito de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais
em seus territórios.

O art. 24 da CF/88 determina competir à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: florestas, caça, pesca, fauna; conservação, defesa do meio
ambiente e dos recursos naturais; proteção ao meio ambiente e controle da poluição;
proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico.

Dado que à União compete estabelecer os princípios gerais da legislação ambiental as suas
normas servem de referencial para Estados e Municípios, que não raras vezes não
produzem normas próprias aplicando diretamente a legislação federal. A competência
privativa definida no art. 22 da CF/88 somente pode ser delegada aos Estados e ao Distrito
Federal mediante autorização por Lei Complementar federal para casos específicos.

II.3 – Competência Estadual:

A competência dos Estados membros para atuar em matéria ambiental esta prevista nos
arts. 23 e 24 da CF/88. Observadas as normas gerais federais, cada Estado pode
estabelecer suas próprias normas de tutela ambiental criando sistemas estaduais de
proteção ao meio ambiente.

II.4 – Competência Municipal:

Na forma do art. 23 da CF/88 os municípios tem competência administrativa para defender


o meio ambiente e combater a poluição. Contudo, não estão arrolados entre as pessoas de
direito público interno encarregadas de legislar sobre meio ambiente.

II.5 – A questão da aplicação da norma mais restritiva:

Aparentemente mais restritivo significa a menor intervenção ambiental quando comparada


às normas que estejam em um suposto conflito positivo. Normalmente afirma-se que a
norma a ser aplicada é aquela considerada a mais restritiva, pois em tese estaria

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privilegiando maior proteção ao meio ambiente. No entanto não há qualquer base legal ou
constitucional para que se aplique a norma mais restritiva. A restrição que o Estado esta
legitimamente a opor a uma atividade submetida à competência concorrente não pode ir
ao ponto de descaracterizar as normas federais, por exemplo proibir em seu território um
produto que esteja autorizado pela União, ainda que sob o pretexto de estar exercendo a
sua competência concorrente em matéria de proteção ambiental.

Vale observar que o conceito de mais restritivo, em borá de constitucionalidade duvidosa,


foi incorporado ao texto da Lei de Gerenciamento Costeiro (art. 5º, §2º, Lei 7661/88).

III – BIBLIOGRAFIA

ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 11 a ed. Rio de Janeiro: Lúmen

Juris, capítulo 1, tópico 3.2, capítulo 3, tópico 1. 2008.

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