Você está na página 1de 67

Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.

541-20

XXXIV
EXAME

DIREITO
AMBIENTAL

ATUALIZADO COM: INCLUI:


• Lei n. 14.064/2020 (Maus-tratos • Quadros de ATENÇÃO
APOSTILA
cães e gatos)
INTEGRADA
COM O APP! • Tabelas Comparativas
• Lei n. 14.026/2020 (Saneamento
Básico) • Esquemas Didáticos

• Referências a temas cobrados


em provas anteriores

OABNAMEDIDA.COM.BR
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

SUMÁRIO
1. PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL
1.1. PREVENÇÃO
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

1.2. PRECAUÇÃO
1.3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
1.4. POLUIDOR – PAGADOR
1.5. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO
1.6. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE OU EQUIDADE INTERGERACIONAL
1.7. PRINCÍPIO DO PROTETOR RECEBEDOR

2. MEIO AMBIENTE
2.1. MEIO AMBIENTE NATURAL
2.2. MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL
2.3. MEIO AMBIENTE CULTURAL
2.4. MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

3. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS SOBRE DIREITO AMBIENTAL


3.1. COMPETÊNCIA MATERIAL
3.2. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
3.3. DEMAIS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS IMPORTANTES PARA O DIREITO AMBIENTAL

4. POLÍTICA NACIONAL E SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE


5. LICENCIAMENTO AMBIENTAL
6. ESTUDOS AMBIENTAIS
7. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - SNUC
8. NOVO CÓDIGO FLORESTAL
8.1. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
8.2. RESERVA LEGAL

9. MATA ATLÂNTICA
10. GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS
11. RESPONSABILIDADE PELO DANO AMBIENTAL
11.1. RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL
11.2. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL
11.3. RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL

12. POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS


13. SANEAMENTO BÁSICO
14. POLÍTICA NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS

2
Alteração Legislativa Atenção Exemplo
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

14.1. FUNDAMENTOS E OBJETIVOS


14.2. INSTRUMENTOS

15. POLÍTICA NACIONAL SOBRE MUDANÇAS DO CLIMA


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

3
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

1. PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

Em termos gerais, pode-se afirmar que o direito ambiental objetiva traçar parâmetros de
preservação do meio ambiente em relação à conduta humana, estabelecendo normas para
harmonizar as relações econômicos e sociais com o meio ambiente, garantindo o bem-estar
da população.

Abaixo destacamos os princípios ambientais mais importantes para a prova da OAB/FGV.

1.1. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO

O princípio da prevenção determina a adoção de medidas prévias para inibir a ocorrência de


danos ambientais já cientificamente conhecidos e, consequentemente, preservar o meio ambiente
ecologicamente equilibrado para a presente e futuras gerações.

Não se pode esperar a ocorrência de um dano ambiental para somente depois o Poder Público
atuar, mesmo porque esses danos são muitas vezes irreversíveis. As ações, portanto, devem ser
direcionadas para inibir a ocorrência do dano e não apenas para repará-lo, como no caso da
elaboração dos estudos ambientais, que o objetivam antecipar os riscos ambientais para preveni-
los TEMA COBRADO NOS EXAMES X e XXXIII DA OAB/FGV.

A aplicação do princípio da prevenção pode ocorrer pela via legislativa, administrativa ou judicial.

LEGISLATIVA ADMINISTRATIVA JUDICIAL

Criação de mecanismos que Políticas Públicas de Concessão de medidas


objetivam evitar a ocorrência proteção ao meio ambiente liminares, objetivando
de danos ambientais a preservação do meio
(Licenciamento ambiental, ambiente
EIA/RIA) Fiscalização e a aplicação de
sanções administrativas

1.2. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO

A ideia do princípio da precaução é muito semelhante ao da prevenção, já que ambos objetivam


evitar a ocorrência de danos ambientais.

A diferença entre ambos, entretanto, é que, enquanto no princípio da prevenção os riscos nocivos já
são cientificamente conhecidos, no princípio da precaução não se há certeza sobre a ocorrência do dano,
mas há elementos científicos suficientes para indicar a probabilidade de sua ocorrência.
4
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Interessante destacar que o Preâmbulo da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB se


refere ao princípio da precaução ao dispor que: “quando exista uma ameaça de redução ou perda
substancial da diversidade biológica, não deve ser invocada a falta de completa certeza científica
como razão para adiar a tomada de medidas destinadas a evitar ou minimizar essa ameaça”.
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

Enquanto que o princípio da prevenção se relaciona a riscos e impactos ambientais já conhecidos,


no princípio da precaução não há certeza acerca da existência do dano, mas isso não afasta a
necessidade de adoção de medidas concretas para evitar a sua ocorrência.

Além disso, o princípio da precaução está expressamente previsto na Declaração do Rio de 1992:

PRINCÍPIO 15: “Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser
amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça
de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada
como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação
ambiental”.

1.3. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O Princípio do Desenvolvimento Sustentável consagra que o desenvolvimento econômico e


social não pode ser visto isoladamente, mas sim em harmonia com a preservação do meio ambiente.

Nesse aspecto, a própria Constituição Federal de 1988 prevê que a ordem econômica, fundada
na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos a existência
digna, conforme os ditames da justiça social, e deve observar a defesa do meio ambiente, inclusive
mediante tratamento diferenciado, conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de
seus processos de elaboração e prestação (art. 170, VI).

A lei n. 6.938/81, por sua vez, prevê que a Política Nacional do Meio Ambiente visará à
compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio
ambiente e do equilíbrio ecológico;

Já no âmbito internacional, o princípio do Desenvolvimento Sustentável possui previsão


também na Declaração do Rio de 1992:

PRINCÍPIO 4: “Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental constituirá


parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente deste”.

PRINCÍPIO 8: “Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma qualidade de vida mais


elevada para todos, os Estados devem reduzir e eliminar os padrões insustentáveis de produção e
consumo, e promover políticas demográficas adequadas”.

1.4. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR E DO USUÁRIO PAGADOR

O princípio do poluidor-pagador determina a necessidade de se responsabilizar financeiramente


5
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

o poluidor pela degradação ambiental, seja de forma preventiva ou reparatória. Assim, aqueles que
desenvolverem atividades potencialmente nocivas são obrigados a arcar com o custo necessário
para se evitar o dano ambiental (caráter preventivo) e, havendo a utilização indevida dos recursos
naturais, o poluidor deverá arcar financeiramente com o seu ato (caráter reparatório).
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

O princípio do poluidor-pagador possui previsão expressa na Declaração do Rio de 1992,


conforme abaixo transcrito:

PRINCÍPIO 16: “As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos
custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo
a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao
interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais”.

O princípio do usuário-pagador, por sua vez, determina que aquele que utilizar recursos
naturais com fins econômicos deve pagar ao Estado pela sua utilização, tendo em vista que o
recurso natural não pertence ao particular e sim à coletividade.

O princípio do usuário-pagador possui previsão na parte final do inciso VII do art. 4° da Lei
n. 6.938/81, que dispõe: “A Política Nacional do Meio Ambiente visará à imposição, ao poluidor
e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos”.

O princípio do usuário-pagador exige a contribuição financeira apenas pelo o uso dos recursos
naturais, enquanto que o princípio do poluidor-pagador preceitua a necessidade de investimento
pelo desenvolvimento de atividade potencialmente nociva ou pagamento de multa para recompor
o dano já concretizado. Ressalta-se ainda que a responsabilidade do poluidor pagador é objetiva,
isto é, independentemente da existência de culpa (§ 1º do art. 14 da Lei n. 6.938/81).

1.5. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO

O princípio da informação preceitua a necessidade de se dar conhecimento à população sobre


as questões que envolvem o meio ambiente, por meio de informações claras e precisas sobre as
atividades, eventos e decisões que possam ter reflexo ambiental.

No plano infraconstitucional, pode-se citar como decorrência do princípio da informação a Lei


10.650/2003, conhecida como Lei de Acesso à Informação Ambiental, que garante a qualquer
interessado o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades
integrantes do SISNAMA.

Art. 2º Lei n. 10.650/2003:

§ 1º Qualquer indivíduo, independentemente da comprovação de interesse


específico, terá acesso às informações de que trata esta Lei, mediante
requerimento escrito, no qual assumirá a obrigação de não utilizar as
informações colhidas para fins comerciais, sob as penas da lei civil, penal, de
direito autoral e de propriedade industrial, assim como de citar as fontes, caso,
6
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

por qualquer meio, venha a divulgar os aludidos dados.

1.6. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE OU EQUIDADE INTERGERACIONAL


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

De acordo com o princípio da solidariedade ou equidade intergeracional, a preservação do meio


ambiente é um dever imposto a todos para garantir à presente e às futuras gerações o direito de
usufruir dos recursos ambientais.

O art. 225 da CF/88 consagra o princípio da solidariedade ao dispor que todos têm direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-
lo para as presentes e futuras gerações.

1.7. PRINCÍPIO PROTETOR-RECEBEDOR

De acordo com o princípio do protetor-recebedor, que possui previsão expressa no art. 6º, II, da
Lei n. 12.305/10, aquele que proteger o meio ambiente poderá receber uma vantagem econômica
em virtude de sua conduta, como forma inclusive de se estimular a preservação ambiental.

Os incentivos financeiros poderão assumir vários aspectos, citando-se, como exemplo, a


possibilidade de isenção do Imposto Territorial Rural- ITR, para os proprietários de terras que as
transformem em Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs).

7
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

2. MEIO AMBIENTE
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

Conforme disposto no art. 3º da Lei n. 6.938/81, entende-se por meio ambiente “o conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas”

Ocorre, entretanto, que o dispositivo supratranscrito traz um conceito restritivo de meio


ambiente, não se conciliando com a doutrina atual ambiental, que entende que o meio ambiente
não se restringe apenas aos recursos naturais (meio ambiente natural), abrangendo ainda o meio
ambiente cultural, artificial e do trabalho.

MEIO AMBIENTE

MEIO MEIO MEIO MEIO


AMBIENTE AMBIENTE AMBIENTE AMBIENTE DO
NATURAL CULTURAL ARTIFICIAL TRABALHO

2.1. MEIO AMBIENTE NATURAL

O meio ambiente natural, também conhecido como patrimônio físico, corresponde à natureza, o
que inclui a atmosfera, águas (subterrâneas e superficiais, mar territorial), solo, subsolo, fauna e flora.

O principal fundamento de proteção ao meio ambiente natural possui previsão no art. 225
da CF/88, que, em seu caput, dispõe que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”, cabendo ao Poder Público garantir a efetividade do meio ambiente equilibrado.

O art. 225 da CF/88 é de extrema importância para a prova da OAB/FGV e, portanto, de leitura
obrigatória, seguindo abaixo a sua literal transcrição.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

8
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico


das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as


entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes


a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção; (Regulamento)

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora


de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a
que se dará publicidade; (Regulamento)

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias


que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento)

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização


pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em
risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais
a crueldade. (Regulamento)

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na
forma da lei.

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão


os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-


Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma
da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive
quanto ao uso dos recursos naturais TEMA COBRADO DO XII EXAME DA OAB/
FGV.

§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações


discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em
lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram
cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações
culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como
bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser
regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.

9
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

A EC n. 96/2017 acrescentou o § 7º ao art. 225 da CF/88, passando a dispor que não se consideram
cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, como por exemplo a vaquejada, desde que
sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 da Constituição Federal, registradas
como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
Nesse aspecto, a Lei nº 13.364/2016, alterada recentemente pela Lei nº 13.873/2019,
reconhece o rodeio, a vaquejada e o laço como manifestações culturais nacionais, elevando
essas atividades à condição de bens de natureza imaterial integrantes do patrimônio cultural
brasileiro e estabelecendo condições para a proteção do bem-estar animal.

2.2. MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL

O meio ambiente artificial diz respeito ao espaço urbano construído, ou seja, o conjunto de
edificações fechadas (espaço urbano fechado) e abertas (espaço urbano aberto), como ruas,
praças, áreas verdes, etc.

O art. 182 da CF/88 é o principal fundamento de tutela do meio ambiente artificial, sendo
o responsável pela política de desenvolvimento urbano, conforme regulamentado pela Lei n.
10.257/2001, conhecida como Estatuto da Cidade.

Conforme previsto no § 1º do art. 182 da CF/88, o plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal,
obrigatório para cidades com mais de 20.000 (vinte mil) habitantes, é o instrumento básico da
política de desenvolvimento e de expansão urbana TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV.

Nesse aspecto, apenas a propriedade que obedecer ao estabelecido no plano diretor é que
estará cumprindo com sua função social (§ 2º do art. 182), sendo que o Poder Público municipal,
mediante lei específica para área incluída no plano diretor, poderá exigir, nos termos da lei
federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova
seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação
compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais,
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais (§ 4º do art. 182).
TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.

Sobre a Lei n. 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), destacamos os pontos que consideramos mais
importantes para a prova da OAB/FGV:

A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e da propriedade urbana, destacando-se as seguintes diretrizes gerais: audiência do Poder
Público municipal e da população interessada nos processos de implantação de empreendimentos
ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído;
o conforto ou a segurança da população (inciso XIII da CF/88); simplificação da legislação de
parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos
custos e o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais (inciso XV do art.2º); tratamento
prioritário às obras e edificações de infraestrutura de energia, telecomunicações, abastecimento
de água e saneamento (inciso XVIII do art. 2º da CF/88).
10
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Compete à União: I – legislar sobre normas gerais de direito urbanístico; II - legislar sobre
normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios em relação
à política urbana, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
nacional; III - promover, por iniciativa própria e em conjunto com os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios, programas de construção de moradias e melhoria das condições habitacionais,
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

de saneamento básico, das calçadas, dos passeios públicos, do mobiliário urbano e dos demais
espaços de uso público; IV - instituir diretrizes para desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico, transporte e mobilidade urbana, que incluam regras de acessibilidade aos
locais de uso público (art. 3º).

Prevê a criação do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), que será executado de forma a
contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida
da população residente na área e suas proximidades. O EIV será obrigatório nas atividades privadas ou
públicas definidas em Lei Municipal e a sua elaboração não substitui a elaboração e a aprovação do
estudo prévio de impacto ambiental (EIA). Além disso, os documentos do EIV devem ficar à disposição
no órgão competente municipal para a consulta de qualquer interessado (art. 35, 36 e 37).

O plano diretor, instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana, deve


englobar o território do Município como um todo (art. 40, § 2º)

2.3. MEIO AMBIENTE CULTURAL

O meio ambiente cultural compreende o patrimônio artístico, paisagístico, arqueológico,


histórico e turístico. Representa o espaço criado pelo homem com valor agregado especial,
relacionado à identidade, costumes, memórias e à cultura da sociedade.

O art. 216 da CF/88 dispõe que o patrimônio cultural brasileiro é constituído pelos bens de
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência
à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos
quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações
científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais
espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

O § 1º do art. 216, por sua vez, estabelece que cabe ao Poder Público, com a colaboração
da comunidade, promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários,
registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento
e preservação. Além disso, ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de
reminiscências históricas dos antigos quilombos (§ 1º do art. 216).

No Brasil, o principal órgão de preservação, defesa e valorização do patrimônio cultural


brasileiro é ó Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Já, no âmbito
internacional, o principal órgão de proteção é a UNESCO, que pertence à ONU.

Digno de nota, ainda, que o § 6º do art. 216 permite que os Estados e o Distrito Federal vinculem
ao fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida,
11
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no


pagamento de I - despesas com pessoal e encargos sociais; II - serviço da dívida; III - qualquer outra
despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiadas.

O patrimônio cultural, portanto, pode ser material ou imaterial. O primeiro representa os


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

bens móveis e imóveis sujeitos a um regime especial de proteção, a exemplo das obras, objetos,
documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais,
bem como os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico. Já o patrimônio imaterial é aquele que não é físico, não
possui forma, como as formas de expressão (dança, culinária, música, etc.) e os modos de criar,
fazer e viver.

Outro tema importante para a prova da OAB diz respeito aos instrumentos necessários para
a proteção do meio ambiente cultural, conforme previsto no § 1º do art. 216 da CF/88, a saber:
tombamento, registro, inventário, vigilância, desapropriação e outras formas de acautelamento e
preservação do patrimônio cultural.

TOMBAMENTO

O tombamento possui previsão no Decreto Lei n. 25/1937 e representa o instrumento de


proteção do patrimônio cultural material por meio da inscrição do bem em livro público de tombo
(Livro Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, Livro Tombo Histórico, Livro Tombo das Belas
Artes e Livro Tombo das Artes Aplicadas), como forma de restringir o seu uso, gozo e disposição.

O bem objeto do tombamento não poderá ser destruído, demolido ou deteriorado. Em caso de
necessidade de restauração ou pintura, o proprietário do bem deverá pedir autorização prévia ao
órgão ambiental cultural que tombou o bem.

Digno de nota, ainda, que a competência para instituição do tombamento é comum entre todos
os entes federativos, permitindo-se inclusive o tombamento do mesmo bem por mais de um ente
da Federação.

O Tombamento destina-se à proteção dos bens materiais (móveis ou imóveis) integrantes do


patrimônio cultural. Os bens imateriais são protegidos por meio do registro. No entanto, deve-
se salientar que existe doutrina no âmbito do Direito Administrativo que defende a possibilidade
de se tombar bem imaterial.

REGISTRO

Trata-se de instrumento de proteção do patrimônio cultural imaterial por meio da inscrição


em livro de registro (Livro de Registro dos Saberes, Livro de Registro das Celebrações, Livro de
Registro das Formas de Expressão e Livro de Registro dos Lugares), objetivando a continuidade
histórica do bem e sua relevância nacional para a memória, a identidade e a formação da sociedade
brasileira, conforme regulamentado pelo Decreto n. 3.551/2000.

De acordo com o art. 6º do Decreto n. 3.551/200, cabe ao Ministério da Cultura assegurar ao


12
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

bem registrado a documentação por todos os meios técnicos admitidos, cabendo ao IPHAN manter
banco de dados com o material produzido durante a instrução do processo, bem como a sua ampla
divulgação e promoção.

Entre os bens do patrimônio cultural já registrados no IPHAN destacam-se: Frevo, Fandango


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

Caiçara, Samba de Roda do Recôncavo Baiano, Roda de Capoeira e Ofício dos Mestres de Capoeira
e a Festa do Divino Espírito Santo de Paraty.

INVENTÁRIO

Inventariar significa descrever e relacionar os bens que guarnecem determinado local. No


âmbito ambiental, o inventário representa o instrumento de identificação e descrição do bem
cultural que será tutelado, identificando-se as suas principais características e o seu estado
de conservação.

VIGILÂNCIA

A vigilância se refere ao poder de polícia dado aos entes federativos para que possam exercer a
fiscalização permanente dos bens culturais sob sua tutela. O art. 20 do Decreto Lei n. 25/37 dispõe
sobre a vigilância dos bens tombados, estabelecendo que: “As coisas tombadas ficam sujeitas
à vigilância permanente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que poderá
inspecioná-los sempre que for julgado conveniente, não podendo os respectivos proprietários ou
responsáveis criar obstáculos à inspeção, sob pena de multa de cem mil réis, elevada ao dobro em
caso de reincidência”.

DESAPROPRIAÇÃO

A desapropriação é meio de intervenção na propriedade, por meio do qual ela é transferida


compulsoriamente ao patrimônio público por razões de interesse público ou sancionatórias,
mediante pagamento prévio de indenização. A desapropriação pode ser utilizada para proteger o
patrimônio cultural, em razão do interesse público, conforme previsto inclusive no art. 5, “k” “l”, “m”
do Decreto Lei n. 3.365/41.

O rol de instrumentos de proteção ao meio ambiente cultural previsto no § 1º do art. 216 da


CF/88 é meramente exemplificativo, sendo possível a criação de outros instrumentos.

2.4. MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

O meio ambiente do trabalho é o local onde os trabalhadores prestam suas atividades, sendo
direito de todo trabalhador a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança, conforme previsto no art. 7º, XXII, da CF/88.

O art. 200, VIII, da CF/88, por sua vez, se refere expressamente ao meio ambiente de trabalho
ao dispor que cabe ao sistema único de saúde, entre outras atribuições, colaborar na proteção do
meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
13
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Meio Ambiente Meio Ambiente Meio Ambiente Meio Ambiente


Natural Artificial Cultural do Trabalho
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

Compreende a Representa o Compreende Local onde


atmosfera, águas espaço urbano patrimônio artístico, as pessoas
(subterrâneas e construído, ou paisagístico, desenvolvem as
superficiais, mar seja, o conjunto arqueológico, suas atividades
territorial), solo, de edificações histórico e turístico. laborais,
subsolo, fauna e fechadas (espaço remuneradas ou
flora. urbano fechado) não remuneradas.
e abertas (espaço Fundamento: art.
urbano aberto). 216 da CF/88
Fundamento: art. Fundamento: art.
225, §1º I e VII, e 7º, XXIII, e 200, VII,
§4º, da CF/88. Fundamento: da CF/88.
arts. 21, XX e 182
da CF/88 e Lei
n. 10.257/2001
(Estatuto da
Cidade).

Desse modo, levando-se em consideração as espécies de meio ambiente acima delimitadas,


José Afonso da Silva conceitua meio ambiente como “interação do conjunto de elementos naturais,
artificiais, e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”1

1 SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 3ª ed. rev.atual. São Paulo: Malheiros,2000, p.20
14
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

3. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS SOBRE DIREITO AMBIENTAL


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

A Constituição Federal adotou um complexo sistema de repartição de competência, baseado no


princípio da predominância do interesse, sendo que, se a matéria for de predominante interesse
geral ou nacional, a competência é da União; se for de interesse regional, a competência é dos
Estados e, se de interesse local, a competência será dos Municípios.

3.1. COMPETÊNCIA MATERIAL

As competências materiais subdividem-se em exclusivas (art. 21 da CF/88) e comuns (art.


23 da CF/88), sendo que, enquanto as primeiras não podem ser delegadas, porque se referem a
assuntos de interesse exclusivo da União, como soberania e segurança do Estado, nas competências
comuns, a atuação de um ente federado não exclui a atuação dos demais, incluindo os Municípios,
devendo a lei complementar fixar normas para a cooperação entre os entes, o que foi feito, em
material ambiental, pela Lei Complementar n. 140/2011.

Sintetizamos as competências constitucionais materiais no quadro abaixo.

COMPETÊNCIA MATERIAL COMPETÊNCIA MATERIAL COMUM


EXCLUSIVA

Instituir sistema nacional de gerenciamento Proteger os documentos, as obras e outros


de recursos hídricos e definir critérios de bens de valor histórico, artístico e cultural,
outorga de direitos de seu uso (art. 21, XIX); os monumentos, as paisagens naturais
notáveis e os sítios arqueológicos (art. 23, III);

Explorar os serviços e instalações


nucleares de qualquer natureza e exercer Impedir a evasão, a destruição e a
monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, descaracterização de obras de arte
o enriquecimento e reprocessamento, a e de outros bens de valor histórico,
industrialização e o comércio de minérios artístico ou cultural (art. 23, IV);
nucleares e seus derivados, atendidos os
seguintes princípios e condições (art. 21, XXIII);
Proteger o meio ambiente e combater a
poluição em qualquer de suas formas (art.
Estabelecer as áreas e as condições para 23, VI);
o exercício da atividade de garimpagem,
em forma associativa (art. 21, XXV)
Preservar as florestas, a fauna e a flora (art.
23, VII);

Registrar, acompanhar e fiscalizar


as concessões de direitos de pesquisa
e exploração de recursos hídricos e
minerais em seus territórios art. 23, XI).

15
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Assim, com base na distribuição de competência demostrada acima, é importante


consignar que todos os entes da federação possuem competência material comum para
proteger o meio ambiente e combater a poluição, fiscalizando e, consequentemente,
aplicando sanções aos infratores da lei ambiental, ainda que a lei descumprida seja federal.
TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

Destaca-se, ainda, que, em matéria ambiental, o art. 30 da CF/88, incisos VIII e IX, atribui aos
Municípios a competência para promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano, bem
como promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora federal e estadual TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.

Transcrevemos, por fim, as principais competências administrativas de cada ente federativo


de acordo com a Lei Complementar n. 140/2011:

Art. 7º São ações administrativas da União:

I - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito nacional, a Política Nacional do Meio Ambiente;

II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;

III - promover ações relacionadas à Política Nacional do Meio Ambiente nos âmbitos nacional
e internacional;

IV - promover a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administração


pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à proteção
e à gestão ambiental;

V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio à Política Nacional do


Meio Ambiente;

VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão


ambiental, divulgando os resultados obtidos;

VII - promover a articulação da Política Nacional do Meio Ambiente com as de Recursos


Hídricos, Desenvolvimento Regional, Ordenamento Territorial e outras;

VIII - organizar e manter, com a colaboração dos órgãos e entidades da administração pública
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o Sistema Nacional de Informação sobre
Meio Ambiente (Sinima);

IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e regional;

X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;

XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização


pública para a proteção do meio ambiente;

XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias


que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;

XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para


licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida à União;

16
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades:

a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;

b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

econômica exclusiva;

c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;

d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto


em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;

f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder


Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto
na Lei Complementar n. 97, de 9 de junho de 1999;

g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor


material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer
de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear
(Cnen); ou

h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição
da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor
e natureza da atividade ou empreendimento;

XV - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em:

a) florestas públicas federais, terras devolutas federais ou unidades de conservação


instituídas pela União, exceto em APAs; e

b) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pela União;

XVI - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção e de espécies


sobre-explotadas no território nacional, mediante laudos e estudos técnico-científicos,
fomentando as atividades que conservem essas espécies in situ;

XVII - controlar a introdução no País de espécies exóticas potencialmente invasoras que


possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies nativas;

XVIII - aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna e da flora em


ecossistemas naturais frágeis ou protegidos; TEMA COBRADO NO IX EXAME DA
OAB/FGV.

XIX - controlar a exportação de componentes da biodiversidade brasileira na forma


de espécimes silvestres da flora, micro-organismos e da fauna, partes ou produtos
deles derivados;

XX - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas;

XXI - proteger a fauna migratória e as espécies inseridas na relação prevista no inciso XVI;

XXII - exercer o controle ambiental da pesca em âmbito nacional ou regional;


17
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

XXIII - gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicional associado,


respeitadas as atribuições setoriais;

XXIV - exercer o controle ambiental sobre o transporte marítimo de produtos perigosos; e


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

XXV - exercer o controle ambiental sobre o transporte interestadual, fluvial ou terrestre, de


produtos perigosos.

Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja localização compreenda


concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona costeira será de atribuição
da União exclusivamente nos casos previstos em tipologia estabelecida por ato do Poder
Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação
de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e considerados os critérios
de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento.

Art. 8º São ações administrativas dos Estados:

I - executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Nacional do Meio Ambiente e


demais políticas nacionais relacionadas à proteção ambiental;

II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;

III - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Estadual de Meio Ambiente;

IV - promover, no âmbito estadual, a integração de programas e ações de órgãos e entidades


da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
relacionados à proteção e à gestão ambiental;

V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas Nacional e


Estadual de Meio Ambiente;

VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão


ambiental, divulgando os resultados obtidos;

VII - organizar e manter, com a colaboração dos órgãos municipais competentes, o Sistema
Estadual de Informações sobre Meio Ambiente;

VIII - prestar informações à União para a formação e atualização do Sinima;

IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito estadual, em conformidade com os


zoneamentos de âmbito nacional e regional;

X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;

XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização


pública para a proteção do meio ambiente;

XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias


que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;

XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para


licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida aos Estados;

XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de


recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma,
18
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7º e 9º;

XV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados


ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de
Proteção Ambiental (APAs);
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

XVI - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em:

a) florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do Estado, exceto em Áreas de


Proteção Ambiental (APAs);

b) imóveis rurais, observadas as atribuições previstas no inciso XV do art. 7º; e

c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Estado;

XVII - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção no respectivo


território, mediante laudos e estudos técnico-científicos, fomentando as atividades que
conservem essas espécies in situ;

XVIII - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas destinadas à


implantação de criadouros e à pesquisa científica, ressalvado o disposto no inciso XX do art. 7º;

XIX - aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre;

XX - exercer o controle ambiental da pesca em âmbito estadual; e

XXI - exercer o controle ambiental do transporte fluvial e terrestre de produtos perigosos,


ressalvado o disposto no inciso XXV do art. 7º.

Art. 9º São ações administrativas dos Municípios:

I - executar e fazer cumprir, em âmbito municipal, as Políticas Nacional e Estadual de Meio


Ambiente e demais políticas nacionais e estaduais relacionadas à proteção do meio ambiente;

II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;

III - formular, executar e fazer cumprir a Política Municipal de Meio Ambiente;

IV - promover, no Município, a integração de programas e ações de órgãos e entidades da


administração pública federal, estadual e municipal, relacionados à proteção e à gestão ambiental;

V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas Nacional,


Estadual e Municipal de Meio Ambiente;

VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à gestão


ambiental, divulgando os resultados obtidos;

VII - organizar e manter o Sistema Municipal de Informações sobre Meio Ambiente;

VIII - prestar informações aos Estados e à União para a formação e atualização dos Sistemas
Estadual e Nacional de Informações sobre Meio Ambiente;

IX - elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos ambientais;

X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;


19
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização


pública para a proteção do meio ambiente;

XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias


que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para


licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida ao Município;

XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei
Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:

a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia
definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios
de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou

b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de


Proteção Ambiental (APAs);

XV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei


Complementar, aprovar:

a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em florestas


públicas municipais e unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas
de Proteção Ambiental (APAs); e

b) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em


empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Município.

Art. 10. São ações administrativas do Distrito Federal as previstas nos arts. 8º e 9º.

3.2. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA

Entende-se por competência legislativa ambiental a atribuição do poder de legislar sobre


meio ambiente.

Quando se tratar de tema relacionado ao art. 22 da CF/88, cujos incisos trazem assuntos
concernentes ao interesse nacional e estratégico da União, a competência legislativa é privativa
da União (art. 22 da CF/88), ou seja, caberá apenas à União legislar sobre o tema, podendo,
entretanto, por lei complementar federal, delegar a competência aos Estados-membros para
tratarem de questões específicas.

A delegação da competência privativa poderá ser feita apenas aos Estados-Membros, ou seja,
não há delegação de competência privativa aos Municípios.

Por outro lado, quando se tratar de tema previsto no art. 24 da CF/88, a competência
legislativa será concorrente, isto é, competirá à União estabelecer normas gerais sobre o tema,
mas, inexistindo lei federal (norma geral), os Estados e o Distrito Federal poderão exercer a
20
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

competência legislativa plena. Neste caso, se posteriormente a União resolver legislar sobre
norma geral, a norma geral que o Estado (ou DF) havia elaborado terá a sua eficácia suspensa no
que lhe for contrário.

Os Municípios não são contemplados com a competência legislativa concorrente, podendo


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

apenas legislar quando houver interesse local (art. 30 da CF/88), ou para complementar normas
gerais, observadas as peculiaridades do Município (posicionamento majoritário no STF).

Os Estados, por sua vez, podem legislar sobre as matérias de competência privativa (art. 22
da CF/88), desde que haja delegação por meio de lei complementar, bem como sobre matérias de
competência concorrente, inclusive sobre normas gerais se a União não houver legislado, e sobre
as matérias que não lhe sejam vedadas pela Constituição Federal.

COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA


LEGISLATIVA DA LEGISLATIVA DOS LEGISLATIVA DOS
UNIÃO ESTADOS E DO DF MUNICÍPIOS

Competência Privativa Questões específicas Os Municípios podem


(art. 22): águas, sobre as matérias de legislar apenas quando
energia, informática, competência privativa da houver interesse local
telecomunicações e União, desde que haja lei (art. 30 da CF/88), ou
radiodifusão (inciso IV); complementar autorizando. para complementação
jazidas, minas, outros das normas gerais, para
recursos minerais e atender as peculiaridades
metalurgia (inciso XII) e Matérias não locais (posicionamento
atividades nucleares (inciso vedadas pela CF/88. majoritário no STF)
XXVI); Lei complementar
poderá autorizar os
Estados a legislar sobre Competência Suplementar
questões específicas das dos Estados para os temas
matérias ora citadas. de competência concorrente,
mas, não havendo norma
geral da União, os Estados
Competência Concorrente e o Distrito Federal poderão
(art. 24): normas gerais exercer a competência
sobre, florestas, caça, legislativa plena. Nesse
pesca, fauna, conservação caso, se posteriormente
da natureza, defesa do solo a União resolver legislar
e dos recursos naturais, sobre norma geral, a norma
proteção do meio ambiente geral que o Estado (ou
e controle da poluição (inciso DF) havia elaborado terá
VI); proteção ao patrimônio a sua eficácia suspensa
histórico, cultural, artístico, no que lhe for contrário.
turístico e paisagístico
(inciso VII), responsabilidade
por dano ao meio ambiente,
ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico
e paisagístico Inciso VIII);

21
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

3.3. DEMAIS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS IMPORTANTES PARA O


DIREITO AMBIENTAL

Além do art. 225 da CF/88 que, conforme mencionado anteriormente, é de leitura obrigatória
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

para a prova da OAB/FGV, há outros dispositivos constitucionais que entendemos relevantes.

INCENTIVOS FISCAIS

Os Estados Membros podem instituir incentivos fiscais aos municípios que atingirem as metas
ambientais estipuladas em lei estadual, por meio de distribuição de parte do ICMS arrecadado (1/4
do produto dos 25% da arrecadação), o denominado “ICMS verde” ou “ICMS ecológico”, conforme
art. 158, IV e parágrafo único, II, da CF/88 TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.

TERRAS INDÍGENAS

Embora as terras indígenas sejam bens da União, a própria Constituição Federal de 1988
assegura às comunidades indígenas a posse permanente das terras que tradicionalmente ocupam,
além do usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes (§ 2º do art.
231 da CF/88).

Além disso, de acordo com o § 3º do art. 231 da CF/88, o aproveitamento dos recursos hídricos,
incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas
só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades
afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei. TEMA
COBRADO NO XXXIV EXAME DA OAB/FGV.

TERRAS INDÍGENAS

O Estatuto do Índio, por sua vez, garante aos índios a exploração exclusiva das riquezas do solo,
nas áreas indígenas, cabendo-lhes com exclusividade o exercício da garimpagem, faiscação e cata
das áreas referidas (art. 44)

Já em relação ao corte de madeira nas florestas indígenas, consideradas em regime de


preservação permanente, ele está condicionado à existência de programas ou projetos para o
aproveitamento das terras na exploração agropecuária, na indústria ou no reflorestamento (art.
46).

22
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

4. POLÍTICA NACIONAL E SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

A lei n. 6.938/1981, que instituiu o a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), é de


extrema importância para a prova da OAB/FGV, porque representa o diploma normativo norteador
das demais leis referentes ao Direito Ambiental, estabelecendo os objetivos, princípios e os
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.

A PNMA tem como objetivo geral a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana (art. 2º).

Do conceito acima transcrito, é possível visualizar que objetivo do PNMA está relacionado
principalmente a três verbos: preservar (manter o meio ambiente sem intervenção humana),
melhorar (aprimorar as condições ambientais) e recuperar (retornar ao estado inicial) a qualidade
do meio ambiente.

Outro ponto importante da Lei n. 6.938/1981 diz respeito aos conceitos trazidos pelo art. 3º, que
tratam de temas essenciais para o Direito Ambiental.

DEFINIÇÕES FEITAS PELO ART. 3º COMENTÁRIOS


DA LEI N. 6.938/81

Meio ambiente: conjunto de condições, O conceito é muito criticado pela doutrina


leis, influências e interações de ordem física, porque não trata das outras espécies de meio
química e biológica, que permite, abriga ambiente (artificial, cultural e do trabalho)
e rege a vida em todas as suas formas;

Poluição: a degradação da qualidade Traz um conceito jurídico e amplo sobre


ambiental resultante de atividades que direta poluição. É importante salientar ainda que
ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a poluição, além de constituir infração
a segurança e o bem-estar da população; b) administrativa, também é considerada crime.
criem condições adversas às atividades sociais
e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a
biota (flora e fauna de um determinado local);
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias
do meio ambiente; e) lancem matérias ou
energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos (gases, resíduos, etc);

Poluidor: pessoa física ou jurídica, de A poluição é causada pela atividade humana.


direito público ou privado, responsável, Eventual degradação do meio ambiente
direta ou indiretamente, por atividade pela própria natureza (vulcão, terremoto,
causadora de degradação ambiental; etc) não interessa ao direito ambiental. A
responsabilidade do poluidor será objetiva.

23
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

A lei n. 6.938/81 estabeleceu diversos instrumentos para a efetivação dos objetivos da Política
Nacional do Meio ambiente (art. 9º), dentre os quais destacamos os mais importantes para a prova
da OAB/FGV:

Padrões de qualidade ambiental – estabelece padrões para o lançamento de gases, resíduos, e


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

outros elementos, para a manutenção da qualidade do meio ambiente. Os padrões são estabelecidos
pelas Resoluções do CONAMA.

Zoneamento Ambiental – refere-se ao dimensionamento do solo, definindo áreas para o


desenvolvimento econômico (áreas de uso estritamente industrial, de uso diversificado, por
exemplo) e definindo áreas de preservação e conservação ambiental.

Avaliação de Impacto ambiental (AIA) – os empreendimentos e atividades econômicas devem


avaliar os riscos ambientais, por meio de procedimentos de controle preventivo, o que é feito
por meio de estudos ambientais, cuja principal espécie é o estudo prévio de impacto ambiental,
previsto no art. 225, § 1º, IV, da CF/88.

Licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras - o licenciamento


ambiental é regulamentado pelo art. 10 Lei n. 6.938/81 e pela Resolução 237/97 do CONAMA,
sendo concedido apenas após a análise do estudo prévio de impacto ambiental (EPIA).

Sistema Nacional de informações sobre o meio ambiente – sistematizar e gerenciar os dados


e as informações dos órgãos ambientais.

Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos


recursos ambientais - inscrição no cadastro objetiva fazer um mapeamento das atividades
poluidoras e que se valem de recursos ambientais.

Prestação de informações relativas ao Meio Ambiente - o poder público tem o dever de


prestar as informações sobre o meio ambiente e, se não as possuir, deverá produzí-las.

Instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental


e outros.

Concessão Florestal Servidão Ambiental Seguro Ambiental

O poder público, por Representa a possibilidade Ainda pendente de


meio de licitação, poderá de o particular renunciar regulamentação.
delegar de forma onerosa total ou parcialmente a
a exploração econômica de utilização dos recursos
florestas públicas, como naturais de sua propriedade,
no caso de comercialização o que pode ser feito de forma
de madeira de construção temporária ou permanente.
hoteleira. A servidão não pode ser
constituída sobre área
de reserva legal florestal
nem área de preservação
permanente.

24
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

A Lei n. 6.938/81, em seu artigo 6º, cria ainda o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA,
que reúne os órgãos e instituições ambientais da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal, responsáveis pela proteção e melhoria ambiental, sendo que qualquer interessado
poderá ter acesso a suas informações, conforme previsto no art. 2º, §1º, da Lei nº 10.650/03
TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

De acordo com o artigo 6º da Lei n. 6.938/81, o SISNAMA possui a seguinte estrutura:

Órgão SUPERIOR - Conselho de Governo – assessorar o Presidente da República

Órgão CONSULTIVO e DELIBERATIVO – CONAMA, assessorar o Conselho de Governo

Órgão CENTRAL – Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República (atual Ministério


do Meio Ambiente)

Órgãos EXECUTORES - IBAMA e ICMBio

Órgãos SECCIONAIS – Estados, responsáveis pelo controle e fiscalização de atividades capazes


de causar degradação ambiental

Órgãos LOCAIS – Municípios, responsáveis pela fiscalização e controle na sua jurisdição

Na estrutura do SISNAMA, destaca-se o CONAMA, órgão consultivo e deliberativo, com a


finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas
governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua
competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente
equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida.

Já em relação aos órgãos executores do SISNAMA, temos o IBAMA e o Instituto Chico Mendes
(ICMBio).

IBAMA INSTITUTO CHICO MENDES

Autarquia Federal Autarquia Federal

Entre as atribuições destacam-se o Responsável pelo Sistema Nacional de


licenciamento ambiental de atividades e obras Unidades Conservação (SNUC).
com impacto ambiental regional ou nacional,
bem como o poder de polícia.

Importante destacar que os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua
jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio
ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.

Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão


elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior (supletivas e complementares).
25
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

5. LICENCIAMENTO AMBIENTAL
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

Conforme mencionado anteriormente, o licenciamento ambiental, que decorre do poder de


polícia ambiental, é um dos instrumentos previstos na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente
(art. 10 da Lei n. 6.938/81) e tem por objetivo condicionar a construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou
potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ao
cumprimento prévio de exigências ambientais TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.

Estão sujeitos ao licenciamento ambiental os empreendimentos e as atividades relacionadas


exemplificadamente no Anexo 1 da Resolução n. 237/97 do CONAMA, como extração e tratamento de
minerais, indústria metalúrgica, indústria de material elétrico, indústria de material de transporte,
Indústria de madeira, Indústria de papel e celulose, etc.

A lista trazida pelo Anexo 1 da Resolução n. 237/97 não é exaustiva, podendo o órgão
licenciador exigir o licenciamento do empreendimento potencialmente poluidor ou capaz de
causar degradação ambiental.

O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo composto por três atos


administrativos principais: licença prévia, licença de instalação e licença de operação.

Licença prévia (LP) Licença de instalação Licença de operação


(LI) (LO)

Concedida na fase Autoriza a instalação Autoriza a operação


preliminar do planejamento (construção) do da atividade ou
do empreendimento ou empreendimento ou empreendimento, após
atividade, aprovando sua atividade de acordo com as a verificação do efetivo
localização e concepção, especificações constantes cumprimento do que consta
atestando a viabilidade dos planos, programas das licenças anteriores,
ambiental e estabelecendo e projetos aprovados, com as medidas de controle
os requisitos básicos e incluindo as medidas ambiental e condicionantes
condicionantes a serem de controle ambiental e determinados para a
atendidos nas próximas demais condicionantes, da operação, conforme art.
fases de sua implementação qual constituem motivo 8º, III, da Resolução n.
(art. 8º, I, da Resolução determinante (art. 8º, 237 do CONAMA.
n. 237 do CONAMA). II, da Resolução n. 237 TEMA COBRADO NO XIV
do CONAMA).
EXAME DA OAB/FGV
Prazo Máximo: 5 anos
Prazo Máximo: 6 anos
Prazo mínimo de 4 anos e
máximo de 10 anos

26
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Ressalta-se que as licenças ambientais são temporárias e não geram direito adquirido.
Nesse sentido, o art. 19 da Resolução nº 237/97 do CONAMA dispõe que o órgão ambiental
competente, mediante decisão motivada, poderá modificar as condicionantes e as medidas de
controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: I - violação
ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais; II - omissão ou falsa descrição de
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença; III - superveniência de graves


riscos ambientais e de saúde. TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV.

Destaca-se, ainda, que, conforme mencionado no item sobre competência material ambiental,
todos os entes federativos possuem competência para proteger o meio ambiente e combater a
poluição em qualquer de suas formas (art. 23, VI, da CF88).

Entretanto, para garantir segurança e evitar conflitos entre os licenciamentos, a Lei Complementar
n. 140/2011 delimitou a competência de cada uma das esferas administrativas.

Licenciamento pela Licenciamento pelos Licenciamento pelos


União (IBAMA) Estados e DF Municípios e DF

Principais hipóteses: Principais hipóteses: Principais hipóteses:


empreendimentos e atividades ou obras, atividades e
atividades localizados empreendimentos não empreendimentos de
ou desenvolvidos incluídos na competência impacto local, conforme
conjuntamente no Brasil da União e dos Municípios definido pelos Conselhos
e em país limítrofe; em 2 e os empreendimentos Estaduais de Meio Ambiente,
(dois) ou mais Estados, localizados ou desenvolvidos bem como os localizados em
no mar territorial, na em unidades de conservação unidades de conservação
plataforma continental instituídas pelo Estado, instituídas pelo Município,
ou na zona econômica exceto em Áreas de exceto em Áreas de
exclusiva; em terras Proteção Ambiental (APAs). Proteção Ambiental (APAs);
indígenas; em unidades de
conservação instituídas pela
União, exceto em Áreas de (art. 8º, XIV e XV, da LC n. (art. 9º, XIV, da LC n.
Proteção Ambiental (APAs), 140/2011) 140/2011)
destinados a pesquisar,
lavrar, produzir, beneficiar,
transportar, armazenar e
dispor material radioativo
ou energia nuclear (art.
7º, XIV da LC n. 140/2011).

Conforme quadro acima, o Distrito Federal conjuga as competências dos estados membros e
dos municípios.

A Lei Complementar traz também os conceitos de atuação supletiva e subsidiária.

Atuação supletiva (arts. 2º e 15 da LC n. 140/2011): ocorre quando a competência originária é de um


ente Federativo, mas outro ente o substitui para fazer o licenciamento. Assim, se a competência para o
licenciamento for do Município, mas este não contar com órgão ambiental capacitado ou Conselho de
27
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Meio Ambiente, o licenciamento será feito pelo Estado. Se o Estado, por sua vez, também não contar
com órgão ambiental capacitado ou Conselho de Meio Ambiente, o licenciamento será feito pela União.

Atuação subsidiária (art. 16 da LC n. 140/2011): um ente Federativo que detém a competência


originária solicita apoio a outro ente para realizar o licenciamento. O apoio pode ser econômico, técnico,
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

administrativo ou funcional.

Importante destacar, ainda, que cabe ao órgão responsável pelo licenciamento a fiscalização da
atividade ou do empreendimento licenciado, conforme previsto no art. 17, caput, da LC n. 140/2011:
“Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um
empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo
para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade
licenciada ou autorizada”.

Contudo, levando-se em consideração que a fiscalização se trata de competência comum (art. 23


da CF/88), qualquer outro ente poderá fiscalizar o empreendimento e lavrar auto de infração sendo
que, nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o ente federativo
que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la,
comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis (§ 2º do art. 17).

Ressalta-se que, na hipótese de lavratura de mais de um auto de infração, deverá prevalecer


o auto lavrado pelo órgão de competência originária para o licenciamento, conforme § 3º do art. 17
TEMA COBRADO NO EXAME XI DA OAB/FGV.

28
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

6. ESTUDOS AMBIENTAIS
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

6.1. ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA/RIMA)

Conforme mencionado acima, a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) é um dos instrumentos


da Política Nacional do Meio Ambiente e compreende os estudos necessários para avaliar
empreendimentos ou atividades que possam causar danos ambientais.

Entre os estudos que integram a avaliação de impactos ambientais, o mais importante para a prova
da OAB/FGV é o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), que possui previsão expressa
no art. 225, § 1º, IV, da CF/88, e representa o documento de avaliação prévia de empreendimento,
obra ou atividade que tenha potencial de causar significativa degradação ambiental, devendo ser
elaborado por equipe técnica multidisciplinar escolhida pelo empreendedor e às suas expensas.
Ao EIA deverá ser dada publicidade TEMA COBRADO NOS EXAMES XVIII E XXXI DA OAB/FGV.

A Administração Pública não possui discricionariedade para dispensar o EIA/RIMA, ou seja,


o estudo será obrigatório sempre que o empreendimento puder gerar significativa degradação
ambiental (artigo 225, § 1º, IV, da CF/88), a exemplo das hipóteses citadas no artigo 2º da Resolução
CONAMA 01/1986.

O pressuposto para a realização do estudo prévio ambiental é a possibilidade de ocorrência


de significativos danos ambientais. Se a atividade ou empreendimento não for potencialmente
causadora de impactos ambientais significativos, não haverá a necessidade do estudo prévio de
impacto ambiental e sim de outros estudos ambientais mais simples.

Sobre o Estudo Prévio de Impacto Ambiental é importante destacar as suas principais consequências:

• Prevenção aos danos ambientais – o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA)


avalia os possíveis impactos positivos e negativos do empreendimento, de modo
que, a partir do conhecimento dos riscos, é possível adotar medidas preventivas ou
mitigadoras dos danos ambientais.

• Transparência administrativa – o EIA é um procedimento dotado de publicidade,


o que contempla o acesso material (acesso ao documento), bem como o acesso
intelectual, que representa a simplificação das informações técnicas do estudo,
para que ele seja acessível à população. A simplificação das informações técnicas
ocorre por meio relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA), obrigatório em todo
estudo prévio de impacto ambiental (EIA). A publicidade do EIA/RIMA é uma exigência
prevista na própria CF/88 (art. 225, § 1º, IV), podendo ser restringida apenas nos
casos de declaração de sigilo industrial, devidamente fundamentado.

29
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

• Instrumento de consulta aos interessados – a população possui direito de ser ouvida e


obter esclarecimentos sobre o EIA/RIMA, o que ocorre por meio de audiências públicas.
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

As audiências públicas estão regulamentadas pela Resolução n. 9/87 do CONAMA e podem


ser requeridas pelo próprio órgão ambiental que analisa o EIA/RIMA, pelo MPF ou MPE, por
entidades da sociedade civil ou ainda por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos. A audiência pública,
uma vez requerida, deve ser obrigatoriamente realizada e deverá ocorrer em local de fácil
acesso para a população. TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV

Destaca-se, ainda, que o art. 2º da Resolução n. 1/86 do CONAMA apresenta um rol


meramente exemplificativo das atividades causadoras de significativa degradação e, portanto,
necessárias de análise no EIA/RIMA. Em outras palavras, se a critério da autoridade ambiental
o empreendimento ou a atividade for potencialmente causadora de significativo impacto
ambiental, haverá a necessidade de EIA/RIMA ainda que a atividade não esteja prevista no art.
2º da Resolução n. 1 do CONAMA.

6.2. ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA

A Lei n. 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) prevê a criação do Estudo de Impacto de Vizinhança


(EIV), que será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento
ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades.
O EIV será obrigatório nas atividades privadas ou públicas em área urbana definidas em Lei
Municipal e a sua elaboração não substitui a elaboração e a aprovação do estudo prévio de impacto
ambiental (EIA). Além disso, os documentos do EIV devem ficar à disposição no órgão competente
municipal para a consulta de qualquer interessado (arts. 35, 36 e 37 da Lei n. 10.257/2001).
TEMA COBRADO NOS EXAMES III E XVI DA OAB/FGV.

Apenas os empreendimentos e atividades privados ou públicos em área urbana que podem


ser obrigados a elaborar estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV), conforme art. 36
Lei nº 10.257/2001.

De acordo com o Estatuto da Cidade (art. 37), a elaboração do estudo de impacto de vizinhança
deverá conter a análise de algumas questões que são consideradas mínimas e essenciais para a
conclusão do estudo, a saber:

I – adensamento populacional;

II – equipamentos urbanos e comunitários;

III – uso e ocupação do solo;

IV – valorização imobiliária;

30
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

V – geração de tráfego e demanda por transporte público;

VI – ventilação e iluminação;
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.

Além disso, conforme já mencionado anteriormente, será dada publicidade aos documentos
integrantes do EIV, que ficarão disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder Público
municipal, por qualquer interessado.

A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de estudo prévio de impacto


ambiental (EIA), requeridas nos termos da legislação ambiental.

31
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

7. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (SNUC)


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 225, §1º, III, destaca os espaços especialmente
protegidos, dentre os quais se destacam as unidades de conservação, regulamentadas pela Lei n.
9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

De acordo com o art. 2º, I, da Lei n. 9.985/2000, entende-se por unidade de conservação o
espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características
naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e
limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas
de proteção.

Há dois grupos de unidades de conservação: 1) Unidades de Proteção Integral (UPI) e 2)


Unidades de Uso Sustentável.

Unidades de Proteção Integral (UPI): objetivam a preservação e permitem somente o uso


indireto de seus recursos naturais.

Pertencem ao grupo das Unidades de Proteção Integral: 1) Estação Ecológica, 2) Reserva


Biológica, 3) Parque Nacional, 4) Monumento Natural e 5) Refúgio de Vida Silvestre.

Estação Reserva Parque Monumento Refúgio de


Ecológica Biológica Nacional Natural Vida Silvestre
(art. 9º) (art. 10) (art. 11) (art. 12) (art. 13)
Objetiva a Objetiva a Objetiva a Objetiva Objetiva proteger
preservação preservação preservação de preservar sítios ambientes naturais
da natureza e integral da biota ecossistemas naturais naturais raros, onde se asseguram
a realização (fauna e flora) e de grande relevância singulares ou condições para
de pesquisas demais atributos ecológica e beleza de grande a existência ou
científicas, mas inseridos nos seus cênica, possibilitando beleza cênica. reprodução de
essas pesquisas limites, permitindo- a realização de espécies ou
tem o limite de se a intervenção pesquisas científicas Pode ser comunidades da
3% da área e não humana apenas e o desenvolvimento constituído por flora local e da
podem ultrapassar para proteger o de atividades áreas particulares. fauna residente ou
1.500 hectares. ecossistema. de educação e Havendo migratória.
interpretação incompatibilidade
Posse e domínio Posse e domínio ambiental, de entre os objetivos Pode ser
público, sendo público, sendo recreação em contato da área e as constituído por
que as áreas que as áreas com a natureza e de atividades privadas áreas particulares,
particulares serão particulares serão turismo ecológico. (Ex: ou não havendo mas havendo
desapropriadas, desapropriadas. Parque do Iguaçu). concordância incompatibilidade
com indenização do proprietário, ou não concordância
prévia e em dinheiro Posse e domínio a área deve ser do proprietário,
TEMA público, sendo desapropriada. a área deve ser
COBRADO NO XIII que as áreas desapropriada.
particulares serão
EXAME DA OAB/
desapropriadas.
FGV.
TEMA COBRADO
NOS EXAMES XIX e
XXXIII DA OAB/FGV. 32
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

COMPENSAÇÃO AMBIENTAL: De acordo com o art. 36, da Lei 9.985/2000, nos casos de
licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim
considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto
ambiental e respectivo relatório – EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral. Cabe ao órgão


ambiental licenciador definir as unidades de conservação a serem beneficiadas, considerando
as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser
contemplada a criação de novas unidades de conservação. Importante destacar, ainda, que o
STF julgou parcialmente procedente o pedido feito na ADI 3378, ficando sem validade o disposto
no § 1º do art. 36, que estipulava um percentual mínimo de 0,5% do custo do empreendimento
para a implementação da compensação. Sendo assim, embora a compensação ambiental tenha
sido considerada constitucional, o órgão competente deve fixar um valor proporcional ao grau
de impacto ambiental para a sua concretização, sem a existência de um percentual mínimo
legal a ser pago pelo empreendedor TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV.

A Lei nº 13.668/2018 acrescentou o § 4º ao art. 36 Lei 9.985/2000, que passou a dispor que a
obrigação de compensação ambiental poderá, em virtude do interesse público, ser cumprida
em unidades de conservação de posse e domínio públicos do grupo de Uso Sustentável,
especialmente as localizadas na Amazônia Legal.

Unidades de Uso Sustentável: objetivam a conservação da natureza e admitem o uso de parcela


de seus recursos naturais, ou seja, permite-se o desenvolvimento de atividade econômica dentro
do seu espaço.

São espécies de Unidades de Uso Sustentável: 1) Área de proteção ambiental (APA), 2) Área de
Relevante Interessante ecológico, 3) Floresta Nacional, 4) Reserva Extrativista, 5) Reserva de
Fauna, 6) Reserva de Desenvolvimento Sustentável e 7) Reserva Particular do Patrimônio Natural.

Área, pública ou privada, com certo grau de ocupação humana,


dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-
Área de Proteção estar das populações humanas, tendo como objetivos básicos
Ambiental – APA proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação
(art. 15) e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

Constituída por terras públicas ou privadas.

Área, pública ou privada, em geral de pequena extensão, com


pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais
extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e
Área de Relevante tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância
Interessante regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo
ecológico (art. 16) a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza.

Constituída por terras públicas ou privadas.

33
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas


e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos
florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração
sustentável de florestas nativas. A lei n. 11.284/2006 trata da exploração
Floresta Nacional
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

das Florestas Nacionais.


(art. 17)
Posse e domínio público, sendo que as áreas particulares serão
desapropriadas.

Área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja


subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na
agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e
tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas
Reserva populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da
Extrativista unidade.
(art. 18)
Domínio Público, com uso concedido às populações extrativistas, sendo
que as áreas particulares serão desapropriadas.

Área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres


ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos
técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos
Reserva de Fauna faunísticos.
(art. 19)
Posse e domínio público, sendo que as áreas particulares serão
desapropriadas.

Área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-


se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais,
Reserva de desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas
Desenvolvimento locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da
Sustentável natureza e na manutenção da diversidade biológica.
(art. 20)
Domínio público, sendo que as áreas particulares serão desapropriadas.

A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área de posse e domínio


privados, gravada com perpetuidade, e deverá ser averbada, por intermédio
Reserva de Termo de Compromisso, no Registro Público de Imóveis com o objetivo
Particular do de conservar a diversidade biológica, permitindo-se apenas a pesquisa
Patrimônio cientifica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.
Natural (art. 21)
TEMA COBRADO NO VIII EXAME DA OAB/FGV.

34
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

As Unidades de Conservação podem ser criadas pelo Poder público Federal, Estadual ou
Municipal, por lei ou por decreto, mas dependem da realização prévia de estudos técnicos e de
consulta pública, com exceção da Estação Ecológica e da Reserva Biológica, cuja criação não exige
consulta pública. Decreto ou lei poderão ainda ampliar os limites da Unidade de Conservação ou
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

alterá-la para categoria mais restritiva, isto é, modificar uma unidade de uso sustentável para
unidade de proteção integral. Entretanto, para revogar, reduzir os limites territoriais ou alterar
a unidade de conservação para uma categoria mais branda, ou seja, transformar unidade de
proteção integral em unidade de uso sustentável, exige-se obrigatoriamente lei (não se admite
decreto), conforme art. 22 da Lei n. 9.985/2000. TEMA COBRADO NOS EXAMES VI, VII E
XVII DA OAB/FGV.

UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO

UNIDADES DE PROTEÇÃO UNIDADES DE USO


INTEGRAL SUSTENTÁVEL
ESTAÇÃO Reserva de
ECOLÓGICA Fauna

Área de Reserva de
RESERVA PARQUE
APA Relevante Desenvolvimento
BIOLÓGICA NACIONAL
Interessante Sustentável
ecológico
Reserva Particular
MONUMENTO REFÚGIO DA Floresta do Patrimônio
NATURAL VIDA SILVESTRE Nacional Reserva Natural.
Extrativista

A Lei n. 9.985/2000 exige, ainda, que toda unidade de conservação disponha de um plano de
manejo (art. 27) e de zoneamento (art. 2º, XVI).

Plano de manejo : documento técnico que vai disciplinar a zona de conservação, as normas
sobre uso e o manejo dos recursos naturais, os limites territoriais, a zona de amortecimento
(área do entorno da unidade de conservação, onde se pode instituir limitações administrativas,
estabelecendo restrições para a utilização humana), corredores ecológicos, e todas as demais
questões sobre a unidade de conservação, inclusive sobre o plantio de organismos geneticamente
modificados. O Plano de manejo deve ser elaborado no prazo de até 5 anos após a criação da
unidade de conservação.

Na Área de Proteção Ambiental (APA) e na Reserva Particular do Patrimônio Natural não há


obrigatoriedade de zona de amortecimento. TEMA COBRADO NO EXAME III DA OAB/
FGV

35
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de


manejo e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que
todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz. O zoneamento
deve levar em consideração a vulnerabilidade das áreas ambientais, determinando mais restrições
à atividade humana nas áreas mais sensíveis.
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

Conforme estudado acima, muitas vezes as áreas particulares que abrangem unidades
de conservação devem ser desapropriadas. No entanto, caso haja restrição do direito de
propriedade do imóvel pela Administração Pública sem a formalização da desapropriação, diz-
se que ocorreu a denominada “desapropriação indireta”, cabendo ao proprietário o ajuizamento
de ação para efetivação da medida com o pagamento da respectiva indenização.

36
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

8. NOVO CÓDIGO FLORESTAL (LEI N. 12.651/12)


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

O Novo Código Florestal, instituído pela lei n. 12.651/12, estabelece como seu objetivo principal
o desenvolvimento sustentável (art. 1º - A, parágrafo único), alterando significativamente o viés do
código anterior, que se preocupava eminentemente com a proteção da natureza.

Para a prova da OAB/FGV, os temas mais importantes dizem respeito às Áreas de Preservação
Permanente e à Reserva Legal.

8.1. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP)

De acordo com o art. 3º, II, da Lei n. 12.651/12, entende-se por Área de Preservação Permanente
(APP) a área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar
os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico
de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

A Área de Preservação Permanente pode ser urbana ou rural.

Há duas espécies de Área de Preservação Permanente:

• Área de Preservação Permanente por força de lei – a simples localização já


caracteriza a área como de preservação permanente, como na hipótese de uma
propriedade que é atravessada por um rio ou córrego, onde as faixas marginais dos
lados do rio são consideradas de preservação permanente. O art. 4º da Lei n. 12.651/12
elenca diversas espécies de APP por força de lei, destacando-se as faixas marginais
de qualquer curso d’água natural perene e intermitente (rios, córregos e riachos), com
extensão de 30 metros a 500 metros em cada faixa, variando de acordo com a largura
do curso d’água; no entorno dos lagos e lagoas naturais (100 (cem) metros, em zonas
rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa
marginal será de 50 (cinquenta) metros; e 30 (trinta) metros, em zonas urbanas); no
entorno dos reservatórios d’água artificiais, na faixa definida na licença ambiental
do empreendimento; no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, no raio
mínimo de 50 (cinquenta) metros; no topo de morros, montes, montanhas e serras,
com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25° e as áreas
em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação.
Ressalta-se que os Estados e os Municípios podem prever outras hipóteses de APP,
inclusive em suas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas

• Área de Preservação Permanente por ato do chefe do poder executivo (APP


Administrativa) – o chefe do Poder Executivo declara uma área de interesse social e a
transforma em área de preservação permanente, conforme art. 6º da Lei n. 12.651/12:

Art. 6º Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de


37
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas
ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:

I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

II - proteger as restingas ou veredas;

III - proteger várzeas;

IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;

V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico;

VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;

VII - assegurar condições de bem-estar público;

VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares.

IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. (Incluído


pela Lei nº 12.727, de 2012).

O proprietário, o possuidor ou ocupante a qualquer título é obrigado a recompor a área


degradada de preservação permanente (art. 7º, §1º, da Lei nº 12.651/2012), sendo que essa
obrigação possui natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de
domínio ou posse do imóvel rural (art. 7º, §2º, da Lei nº 12.651/2012). TEMA COBRADO
NOS EXAMES V E X E XVIII DA OAB/FGV.

8.2. RESERVA LEGAL

Já em relação à Reserva Legal (RL), o art. 3º, III, da Lei n. 12.651/12 estabelece que se trata de
área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12,
com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel
rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação
da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.

Diferentemente da Área de Preservação Permanente, que pode ser urbana ou rural, a


Reserva Legal incide apenas sobre imóveis rurais, o que inclui os imóveis de pessoas físicas
e de pessoas jurídicas públicas e privadas, sendo que e a área da reserva legal deve ser
mantida sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente
TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.

O Novo Código Florestal, em seu art. 12, estabelece os índices (extensão) da reserva legal, que
variam de acordo com a localização do imóvel rural.

38
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Amazônia Legal Demais Áreas

Área de Floresta - 80% da área ocupada A reserva legal será de 20% da área total
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

por floresta do imóvel

Área de Cerrado – 35% da área ocupada pelo


cerrado

Área de Campos Gerais – 20% da área


ocupada por campos gerais

Registra-se que, com o Novo Código Florestal, todos os imóveis rurais do Brasil devem estar
inscritos no Cadastro Ambiental Rural - CAR, registro público eletrônico de âmbito nacional, com
a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo
base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao
desmatamento. A Área de Reserva Legal deve estar delimitada no Cadastro Ambiental Rural,
alterando o sistema anterior, em que a Área de Reserva Legal vinha delimitada e averbada à
margem da matrícula do imóvel.

O CAR é obrigatório para todos os imóveis rurais do Brasil, não sendo considerado título para
fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse (art. 29, caput e § 2º, da Lei nº
12.651/2012). TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV.

A definição da localização da reserva legal pelo órgão ambiental deve levar em consideração
os seguintes estudos e critérios: I - o plano de bacia hidrográfica; II - o Zoneamento Ecológico-
Econômico; III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de
Preservação Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra área legalmente protegida;
IV - as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e V - as áreas de maior
fragilidade ambiental.

Como regra geral, todas as propriedades rurais devem possuir reserva legal. Entretanto, a
própria Lei n. 12.651/12 estabelece algumas exceções, como no caso das áreas adquiridas ou
desapropriadas por detentor de concessão, permissão ou autorização para exploração de potencial
de energia hidráulica, nas quais funcionem empreendimentos de geração de energia elétrica,
subestações ou sejam instaladas linhas de transmissão e de distribuição de energia elétrica, bem
como nas áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de
capacidade de rodovias e ferrovias e nos empreendimentos de abastecimento público de água e
tratamento de esgoto não estão sujeitos à constituição de Reserva Legal.

Muito importante observar, ainda, que o Código Florestal trata da situação dos proprietários
e possuidores rurais que suprimiram a vegetação natural dos seus imóveis, desrespeitando o
percentual mínimo da reserva legal (passivo de reserva legal). Nesses casos, a lei determina
consequências diferentes de acordo com o tamanho da propriedade e data do passivo. Vejamos:

39
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

PASSIVO ANTERIOR A PASSIVO POSTERIOR A


22 DE JULHO DE 2008 22 DE JULHO DE 2008
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

Propriedade com até 4 módulos fiscais Independentemente do tamanho do imóvel,


(art. 67) – Devem instituir a reserva legal sem prejuízo das sanções administrativas,
com base na vegetação existente no cíveis e penais cabíveis, o proprietário
imóvel, mas, se esta não for suficiente, deverá iniciar, o processo de recomposição
não há necessidade de reflorestamento. da Reserva Legal em até 2 (dois) anos,
devendo tal processo ser concluído nos
prazos estabelecidos pelo Programa
Propriedade com mais de 4 módulos fiscais (art. de Regularização Ambiental – PRA.
66) - poderá regularizar sua situação, adotando as
seguintes alternativas, isolada ou conjuntamente:
I - recompor a Reserva Legal; II - permitir a Portanto, para o passivo posterior a 22
regeneração natural da vegetação na área de de julho não se admite a compensação
Reserva Legal; III - compensar a Reserva Legal. da reserva legal em outra propriedade.

A regularização da situação é uma obrigação de


natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de
transferência de domínio ou posse do imóvel rural.

A regularização da reserva legal é uma obrigação de natureza real (propter rem), podendo ser
imposta ao proprietário independentemente de quem tenha realizado o desmatamento, além
do que é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel.

Digno de nota também que as áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente são
excluídas da base tributável do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), conforme art.
41, II, c, da Lei 12.651/2012.

Cabe destacar, ainda, que o STJ (RESP 1.342.161) entende necessária a averbação
junto à matrícula do imóvel para a isenção tributária nas áreas de reserva legal, mas
a averbação não é necessária para a isenção nas áreas de preservação permanente
TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.

40
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

9. MATA ATLÂNTICA (LEI N. 11.428/2006)


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 225, § 4º, elencou 5 (cinco) biomas que constituem
patrimônio nacional, a saber: Floresta Amazônica brasileira, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal
Mato-Grossense e Zona Costeira.

É importante registrar que os imóveis localizados nos biomas do patrimônio nacional não são
necessariamente bens da União. A designação “patrimônio nacional” significa a necessidade de
proteção especial a determinados ecossistemas, mas não os qualifica como bens da União, sendo
comum inclusive que particulares sejam proprietários de trechos contidos nesses biomas.

A proteção do Bioma Mata Atlântica foi regulamentada pela Lei n. 11.428/2006 (LBMA), que
tem como objetivo geral garantir o desenvolvimento sustentável e como objetivos específicos
salvaguardar a biodiversidade, a saúde humana, os valores paisagísticos, estéticos e turísticos, o
regime hídrico e a estabilidade social.

A Lei n. 11.428/06 classifica a vegetação da Mata Atlântica em duas áreas principais: vegetação
primária e vegetação secundária.

A vegetação primária á aquela intocada, sem atividades humana, ao passo que a vegetação
secundária é aquela que já foi objeto da intervenção do homem, como no caso do desmatamento,
podendo ser dividida em 3 (três) estágios: a) estágio inicial de regeneração, b) estágio médio de
regeneração e c) estágio avançado de regeneração.

De acordo com o art. 5º da Lei nº 11.428/2006, a vegetação primária ou a vegetação secundária


em qualquer estágio de regeneração do Bioma Mata Atlântica não perderão esta classificação
nos casos de incêndio, desmatamento ou qualquer outro tipo de intervenção não autorizada ou
não licenciada.

Importante destacar que a definição de vegetação primária e de vegetação secundária nos


estágios avançado, médio e inicial de regeneração do Bioma Mata Atlântica será de iniciativa do
Conselho Nacional do Meio Ambiente.

As regras para corte, supressão e exploração da vegetação do Bioma Mata Atlântica variam de
acordo com a área (rural ou urbana) e com estágio de proteção (vegetação primária e secundária),
conforme abaixo demonstrado.

41
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

ÁREA RURAL
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

VEGETAÇÃO
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: SECUNDÁRIA
permite-se o corte/
supressão desde que
observadas as seguintes
regras: a) hipóteses
de utilidade pública
(atividades imprescindíveis
Estágio avançado Estágio médio: quando houver Estágio inicial de
para proteção sanitária
de regeneração: hipóteses de utilidade pública, regeneração: nos
ou segurança nacional,
mesmas regras interesse social (atividades Estados com menos
bem como para obras de
da vegetação imprescindíveis para a de 5% da área
infraestrutura de serviços
primária proteção da vegetação nativa, original de Mata
públicos essenciais de
como prevenção do fogo, Atlântica aplicam-se
transporte, saneamento
erosão, proteção espécies as mesmas regras da
e energia), b) práticas
invasoras, etc., e manejo vegetação secundária
preservacionistas e c)
florestal sustentável, desde de estágio médio de
pesquisas científicas.
que não prejudique a função regeneração. Já nos
ambiental da área), práticas Estados com mais
preservacionistas, pesquisa de 5% área original
cientifica e autorização para o de Mata Atlântica, o
pequeno proprietário, posseiro corte, a supressão
ou populações tradicionais, e a exploração
exceto no caso se áreas de dependerão de
proteção permanente. licenciamento/
autorização do órgão
estadual de proteção.

As hipóteses de utilidade pública (atividades imprescindíveis para proteção sanitária ou


segurança nacional, bem como para obras de infraestrutura de serviços públicos essenciais
de transporte, saneamento e energia) não se confundem com as hipóteses de interesse
social (as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais
como: prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e
proteção de plantios com espécies nativas, conforme resolução do Conselho Nacional do Meio
Ambiente - CONAMA; bem como as atividades de manejo agroflorestal sustentável praticadas
na pequena propriedade ou posse rural familiar que não descaracterizem a cobertura vegetal e
não prejudiquem a função ambiental da área) TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/
FGV.

42
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

ÁREA URBANA
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

VEGETAÇÃO
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA:
SECUNDÁRIA
NÃO SE PERMITE O
CORTE, SUPRESSÃO OU A
EXPLORAÇÃO DO BIOMA MATA
ATLÂNTICA NA VEGETAÇÃO
Estágio avançado de Estágio médio de Estágio inicial
PRIMÁRIA LOCALIZADA NA
regeneração: se o perímetro regeneração: se o de regeneração:
ÁREA URBANA
urbano foi aprovado antes da perímetro urbano foi possui uma
vigência da Lei (22/12/2006), aprovado antes da liberdade maior
permite-se o corte, vigência da Lei , permite- de acordo com
supressão e exploração, se a supressão, o corte o decidido pelo
desde que preservado 50% ou a exploração desde órgão ambiental
do Bioma Mata Atlântica. que mantido 30% do competente.
Se o perímetro urbano foi Bioma Mata Atlântica. Se
aprovado depois da vigência o perímetro for aprovado
da Lei, é vedado o corte, posteriormente à vigência
supressão ou exploração do da Lei, permite-se a
Bioma Mata Atlântica. supressão, o corte ou a
exploração desde que
mantido 30% do Bioma
Mata Atlântica.

Entretanto, conforme previsto no art. 11 da Lei n. 11.428/2006, há situações em que o corte e


a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração do Bioma
Mata Atlântica ficam vedados: I – Quando a vegetação: a) abrigar espécies da flora e da fauna
silvestres ameaçadas de extinção, em território nacional ou em âmbito estadual, assim declaradas
pela União ou pelos Estados, e a intervenção ou o parcelamento puserem em risco a sobrevivência
dessas espécies; b) exercer a função de proteção de mananciais ou de prevenção e controle de
erosão; c) formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em estágio
avançado de regeneração; d) proteger o entorno das unidades de conservação; ou e) possuir
excepcional valor paisagístico, reconhecido pelos órgãos executivos competentes do Sistema
Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA; II - Quando o proprietário ou posseiro não cumprir os
dispositivos da legislação ambiental, em especial as exigências da Lei nº 4.771, de 15 de setembro
de 1965, no que respeita às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal.

Com relação à atividade minerária, o art. 33 da lei n. 11.428/2006 permite sua utilização
apenas em vegetação secundária em estágio avançado ou médio de regeneração, observando-se
ainda os seguintes requisitos: I - licenciamento ambiental, condicionado à apresentação de Estudo
Prévio de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA, pelo empreendedor,
e desde que demonstrada a inexistência de alternativa técnica e locacional ao empreendimento
proposto; II - adoção de medida compensatória que inclua a recuperação de área equivalente à
área do empreendimento, com as mesmas características ecológicas, na mesma bacia hidrográfica
e sempre que possível na mesma microbacia.

43
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

10

10. GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS - LEI N. 11.284/06


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

Conforme previsto no art. 3º da Lei n. 11.284/06, consideram-se florestas públicas as florestas,


naturais ou plantadas, localizadas nos diversos biomas brasileiros, em bens sob o domínio da
União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal ou das entidades da administração indireta.

As florestas públicas podem estar localizadas em qualquer bioma, inclusive naqueles previstos
no § 4º do art. 225, a saber: Floresta Amazônica brasileira, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal
Mato-Grossense e Zona Costeira.

A gestão das florestas públicas pode ocorrer sob as seguintes formas:

Gestão direta (art. 5º) – a própria Administração Pública faz a gestão da floresta pública,
sendo-lhe facultado, para execução de atividades subsidiárias, firmar convênios, termos de parceria,
contratos ou instrumentos similares com terceiros, observados os procedimentos licitatórios
e demais exigências legais pertinentes. A duração dos contratos e instrumentos similares fica
limitada a 120 (cento e vinte) meses e, nas licitações para as contratações, além do preço, poderá
ser considerado o critério da melhor técnica previsto no inciso II do caput do art. 26 desta Lei.

O Poder Público pode criar uma floresta nacional, que é considerada uma unidade de
conservação, sendo que, se a própria Administração Pública tiver a gestão da floresta, haverá a
gestão direta. Nesse caso, o Poder Público poderá firmar contratos com terceiros para auxiliar
nas atividades subsidiárias, mas esses contratos devem ter prazo máximo de 120 dias.

Destinação às Comunidades Locais - antes da realização das concessões florestais, as florestas


públicas ocupadas ou utilizadas por comunidades locais serão identificadas e destinadas, de forma
não onerosa, para o uso dessas comunidades por meio de criação de reservas extrativistas, de
reservas de desenvolvimento sustentável, concessão de uso, ou outra forma prevista em lei.

Se em determinada floresta pública o Poder Público identificar a presença de população


tradicional (pescadores, ribeirinhos, por exemplo), a floresta poderá ser convertida em reserva
extrativista ou reserva de desenvolvimento sustentável, ambas unidades de conservação.
Além disso, será possível a concessão da floresta para assentamento agroextrativista, de
desenvolvimento sustentável ou para criação de programa de reforma agrária.

Concessão Florestal – trata-se de delegação onerosa, feita pelo Poder Público, do direito
de praticar manejo florestal sustentável em uma floresta pública, para exploração de produtos
(produtos madeireiros e/ou não madeireiros, como sementes, resinas, cascas e raízes) e serviços
florestais (atividades de ecoturismo, recreação em contato com a natureza, educação ambiental,
etc.), mediante licitação na modalidade concorrência, à pessoa jurídica, em consórcio ou não,
que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu
44
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado (quando for produto florestal, o prazo
mínimo será um ciclo e o prazo máximo será 40 anos. Quando se tratar de serviço, o prazo mínimo
será de 5 anos e o prazo máximo 20 anos). TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

A concessão florestal é destinada apenas a pessoas jurídicas, o que inclui as empresas


individuais. Importante lembrar ainda que a Lei n. 11.284/06 criou o Serviço Florestal Brasileiro
(SFB), órgão federal, dentro da estrutura do Ministério do Meio Ambiente, responsável pela
gestão das florestas públicas de domínio da União. É vedada, no âmbito da concessão florestal,
a outorga para exploração de recursos minerais.

45
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

11

11. RESPONSABILIDADE PELO DANO AMBIENTAL


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

11.1. RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL

De acordo com § 3º do art. 225 da CF/88, “as condutas e atividades consideradas


lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA OAB/FGV.

O parágrafo acima transcrito é o fundamento da responsabilidade civil, administrativa e penal


ambiental, sendo que cada um dos temas será estudado separadamente.

Antes, contudo, analisemos alguns conceitos importantes para a compreensão do tema.

Meio Ambiente: conforme previsto no art. 3º, I, da Lei n. 6.938/81, o conceito jurídico de meio
ambiente é conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica,
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Conforme já mencionado em capítulo
anterior, trata-se de conceito amplo referente ao meio ambiente natural, conjugando elementos
bióticos (elementos que possuem vida) e abióticos (não possuem vida, como o solo, as águas e as
condições atmosféricas), mas deixa de ser referir às demais espécies de meio ambiente (cultural,
artificial e do trabalho).

Degradação Ambiental: representa a alteração adversa das características do meio ambiente


(art. 3º, II, da Lei n. 6.938/81), o que pode ocorrer em razão de ação antrópica (humana) ou natural
(como no caso de terremoto, maremoto, furacão, etc.). Para fins de responsabilidade por dano
ambiental, interessa apenas a degradação causada por ação humana.

Poluição: de acordo com o art. art. 3º, III, da Lei n. 6.938/81, a poluição é a degradação da
qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde,
a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e
econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias
do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.

A responsabilidade civil ambiental impõe ao causador de um dano ambiental o dever de


repará-lo, minimizando ou cessando os efeitos da degradação praticada. Para a sua caracterização
,basta a existência da conduta poluidora, do dano ambiental e do nexo de causalidade.

O dano ambiental, embora não tenha definição legal, pode ser conceituado como “uma expressão
ambivalente, que designa, em certas vezes, alterações nocivas ao meio ambiente e outras, ainda,
os efeitos que tal alteração provoca na saúde das pessoas e em seus interesses”2.

2 LEITE, José Rubens Morato. Dano ambiental: do indivíduo ao coletivo extrapatrimonial. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2003. P. 343.
46
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Da definição ora reproduzida, é possível classificar o dano ambiental em duas espécies.

• Dano ambiental quanto aos sujeitos prejudicados: pode ser considerado em sentido
amplo, referente ao prejuízo ao meio ambiente como bem difuso, ou individual ou
reflexo (ou ainda por ricochete), concernente ao prejuízo específico de um indivíduo ou
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

grupo de pessoas.

• Dano ambiental quanto à extensão: divide-se em dano ambiental patrimonial,


relacionado à perda patrimonial do bem material, e dano ambiental extrapatrimonial,
concernente a valores imateriais, como o bem-estar, a qualidade de vida e a redução
do meio ambiente ecologicamente equilibrado.

A reparação do dano ambiental deve ser integral, priorizando-se a reparação in natura, isto é, a
restauração natural e integral do ambiente degradado no local da degradação e, apenas em caráter
subsidiário ou complementar, a reparação pecuniária, por meio do pagamento de indenização pelo
dano causado.

A responsabilidade civil em matéria ambiental é objetiva, ou seja, independentemente da


existência de culpa, conforme previsto expressamente no art. 14, § 1º Lei n. 6.938/81, in verbis:

Art 14, § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério
Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade
civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. TEMA COBRADO NO XXIX
EXAME DA OAB/FGV.

Na responsabilidade objetiva não se discute culpa ou dolo, já que, para a existência do dever
de reparar, basta a existência da conduta poluidora, do dano e do nexo de causalidade. Além
disso, é importante consignar que, no âmbito da responsabilidade civil ambiental, prevalece o
entendimento que se aplica a teoria do risco integral, ou seja, o causador do dano ambiental não
poderá alegar excludentes de responsabilidade, como caso fortuito ou força maior, para afastar o
dever de reparar o dano.

A responsabilidade pelo dano ambiental, como regra geral, é objetiva, ou seja, aquele que cria
um dano ambiental possui o dever de repará-lo mesmo que a sua atividade ou comportamento
(conduta) seja isenta de culpa. Além disso, prevalece o entendimento que o causador do dano
ambiental não poderá alegar excludentes de responsabilidade, como caso fortuito ou força
maior, para afastar o dever de reparar o dano.

A responsabilidade civil ambiental é ainda solidária (art. 942 do CC), de modo que todos que
participaram, direta ou indiretamente, para a ocorrência do dano serão solidariamente responsáveis
pela sua reparação. Além disso, a responsabilidade ambiental é de natureza real (propter rem),
transmitindo-se ao sucessor da propriedade mesmo que de boa-fé.

Salienta-se, ainda, que, no que tange a responsabilização ambiental, permite-se a


desconsideração da pessoa jurídica sempre que sua personalidade seja obstáculo ao ressarcimento
47
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente (art. 4º da Lei n. 9.605/98). Trata-se da adoção
da teoria menor, permitindo-se a desconsideração da personalidade jurídica mediante simples
demonstração da insolvência da pessoa jurídica TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV.
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

O STJ possui entendimento no sentido de que o dano ambiental inclui-se entre os direitos
indisponíveis, de modo que a ação que visa repará-lo está acobertada pelo manto da
imprescritibilidade. Em outras palavras, a ação de reparação de danos ambientais é imprescritível.

11.2. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL

Conforme explicado anteriormente, o art. 23 da CF/88 determina que a competência


administrativa é comum entre Estados, Municípios, o DF e a União, de modo que todos devem
proteger o meio ambiente e combater a poluição em todas as suas formas, ou seja, compete a
todos os entes federativos fiscalizar o meio ambiente.

Para o exercício da competência comum de fiscalizar o meio ambiente, exerce-se o poder de


polícia ambiental, considerada a atividade da administração que, limitando ou disciplinando direito,
interesse ou liberdade, disciplina a prática de ato ou abstenção de fato concernente às questões
ambientais, evitando-se a degradação ambiental.

A responsabilidade administrativa ambiental é tratada sobretudo na Lei n. 9.605/98, infrações


administrativas ambientais e processo administrativo ambiental (artigos 70 a 76), e no Decreto n.
6.514/2008, que regulamenta a Lei n. 9.605/98.

• INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AMBIENTAL – de acordo com o art. 70 da Lei n.


9.605/98, “considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que
viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio
ambiente”. Podem praticar infrações administrativas as pessoas físicas ou jurídicas,
sendo que as autoridades do SISNAMA (IBAMA no âmbito federal, por exemplo) e os
agentes da Capitania dos Portos é que possuem competência para lavrar auto de
infração e instaurar processo administrativo ambiental. Entre as espécies de infrações
administrativas destacam-se advertência (infrações leves e cometidas por infratores
primários), multa simples (a mais comum das infrações, aplicada quando advertido da
irregularidade, o infrator deixar de saná-la no prazo fixado pela autoridade competente
ou opuser embaraço à fiscalização), multa diária (quando o cometimento da infração
se prolongar no tempo), suspensão total ou parcial da atividade (atividade em
desconformidade com a lei), suspensão da venda ou fabricação do produto (quando
o produto for de origem ilegal ou derivado de infração administrativa), destruição
ou inutilização de um produto (quando o produto coloca em risco a saúde humana
ou o meio ambiente), apreensão de animais e produtos e subprodutos da flora e
da fauna (exemplo: madeira ilegal), embargo de obra ou atividade, demolição (obra
construída em área proibida, como no caso da área de preservação permanente) e
sanções restritivas de direito (suspensão ou perda de licença, registro ou autorização,
perda ou restrição na participação em linha de financiamento de crédito em banco
oficial, perda ou suspensão de benefícios fiscais e a proibição de contratar com a
Administração Pública por até 3 anos). Se o infrator, simultaneamente, praticar duas ou
mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas
48
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

(art. 72, § 1º, da Lei n. 9.605/98).

A sanção de demolição de obra poderá ser aplicada pela autoridade ambiental, após o
contraditório e ampla defesa, quando: I - verificada a construção de obra em área ambientalmente
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

protegida em desacordo com a legislação ambiental; ou II - quando a obra ou construção realizada


não atenda às condicionantes da legislação ambiental e não seja passível de regularização. A
demolição poderá ser feita pela administração ou pelo infrator, em prazo assinalado, após o
julgamento do auto de infração, e as despesas ocorrerão às custas do infrator. Entretanto, não
será aplicada a penalidade de demolição quando, mediante laudo técnico, for comprovado que
o desfazimento poderá trazer piores impactos ambientais que sua manutenção. É importante
registrar, ainda, que a demolição, excepcionalmente, poderá ocorrer no momento da fiscalização
(medida acautelatória), sem prévio processo administrativo, quando a obra, edificação ou
construção não habitada estiver sendo utilizada diretamente para a infração ambiental e a
ausência da demolição importar em iminente risco de agravamento do dano ambiental ou de
graves riscos à saúde. O Decreto n. 6.514/2008 veda a demolição de edificações residenciais
como medida acautelatória no curso da fiscalização. Em outras palavras, a demolição de
residências depende necessariamente de prévio contraditório em processo administrativo
TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV.

• PROCESSO ADMINISTRATIVO: após a lavratura do auto de infração, o infrator tem


20 dias para apresentar defesa ou impugnação ao auto de infração. A autoridade, por
sua vez, terá o prazo de 30 dias, também contado da lavratura do auto, para julgar.
Após a decisão, o infrator poderá recorrer no prazo de 20 dias. Após a decisão do
recurso, se este não for procedente, o recorrente terá 5 dias para pagar a multa.

AUTO DE INFRAÇÃO (AIA) Incide a prescrição intercorrente se


o procedimento de apuração do auto
de infração ficar paralisado por mais
de 3 anos, pendente de julgamento
ou despacho (art. 21, § 2º, do Decreto
20 DIAS PARA O INFRATOR
n. 6.514/2008)
APRESENTAR DEFESA
(PRAZO CONTADO DA
LAVRATURA DO AIA)

SE IMPROCEDENTE O
30 DIAS (CONTADOS DA
RECURSO ADMINISTRATIVO RECURSO, O RECORRENTE
LAVRATURA DO AIA) PARA
NO PRAZO DE 20 DIAS TERÁ O PRAZO DE 5 DIAS
A DECISÃO
PARA PAGAR A MULTA

De acordo com a Súmula n. 467 do STJ, prescreve em cinco anos, contados do término do
processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução da
multa por infração ambiental.
49
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

11.3. RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL

De acordo com o art. 2º da Lei de Crimes Ambientais (Lei n. 9.605/98), “quem, de qualquer
forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas,
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e


de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo
da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la”.

O artigo acima transcrito adota a teoria monista unitária do concurso de pessoas, de modo que
todos aqueles que concorreram como autores, coautores ou partícipes, responderão pelo mesmo
crime ambiental, mas a pena será dosada na medida da culpabilidade de cada um. Além disso,
a segunda parte do artigo 2º determina que o diretor, o administrador, o membro de conselho
e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica também
respondem por omissão, quando sabiam da existência do crime e, podendo evita-lo, não o fizeram.
A omissão dessas pessoas físicas é considerada crime desde que: a) as pessoas tenham ciência do
crime; b) não tomaram a conduta adequada para evitar o crime.

De acordo com a jurisprudência majoritária, a denúncia genérica em face das pessoas físicas
citadas no art. 2º da Lei n. 9.605/98 (diretor, mandatário, preposto, etc.), sem especificar a
relação entre essas pessoas e o crime, deve ser rejeitada.

Além disso, o § 3º do art. 225 da CF/88 inovou ao prever expressamente a responsabilidade


penal das pessoas jurídicas, rompendo com o tradicional princípio societats non deliquere potest,
que consagra que a pessoa jurídica não pratica crime.

O art. 3º da Lei dos Crimes Ambientais, por sua vez, dispõe que “as pessoas jurídicas serão
responsabilizadas administrativa, civil e penalmente, nos casos em que a infração seja cometida
por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou
benefício da sua entidade” TEMA COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV. Além disso, prevê
em seu parágrafo único que “a responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas
físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato”.

Requisitos para a prática


de crime ambiental pela
pessoa jurídica

Infração praticada por decisão de seu Infração praticada no


representante legal ou contratual ou interesse ou benefício da
de seu órgão colegiado empresa

50
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Tem-se, portanto, que a pessoa jurídica não pode ser mais vista como mera ficção (teoria da
ficção jurídica), devendo ser encarada como uma realidade no mundo jurídico e, como tal, poderá
responder pela prática de crime ambiental (teoria da realidade), quando presentes os requisitos
do art. 3º da Lei n. 9.605/98.
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

Interessante registrar, ainda, que o posicionamento atual do STF e do STJ é no sentido de


que a responsabilização penal da empresa pela prática de crime ambiental não depende da
responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. Em outras palavras, não
há necessidade de dupla imputação (da pessoa jurídica e concomitantemente da pessoa física)
para a responsabilização criminal da pessoa jurídica pela prática de crime ambiental.

Como a pena restritiva de liberdade não pode ser e aplicada à pessoa jurídica, as sanções
penais compatíveis são: multa, pena restritivas de direito e prestação de serviços à comunidade.

SERVIÇOS À
RESTRITIVAS DE
MULTA COMUNIDADE (art.
DIREITO (art. 22) 23)

Pode ser fixada entre 10 I - suspensão parcial I - custeio de programas e


e 360 dias-multa, sendo o ou total de atividades, de projetos ambientais;
valor do dia - multa superior quando estas não estiverem
a 1/30 e inferior a 5 vezes obedecendo às disposições
o valor do salário mínimo. legais ou regulamentares, II - execução de obras
Se o juiz considerar que o relativas à proteção do meio de recuperação de áreas
valor da multa será ineficaz, ambiente. degradadas;
poderá multiplicá-la em até
3 vezes.
II - interdição temporária III - manutenção de
de estabelecimento, obra espaços públicos;
ou atividade; quando estiver
funcionando sem a devida
autorização, ou em desacordo IV - contribuições a
com a concedida, ou com entidades ambientais ou
violação de disposição legal culturais públicas.
ou regulamentar.

III - proibição de contratar


com o Poder Público, bem
como dele obter subsídios,
subvenções ou doações, não
podendo exceder o prazo de
10 (dez) anos.

É importante ressaltar que o STF e o STJ vêm reconhecendo a possibilidade de aplicação


do princípio da insignificância ou bagatela para os crimes ambientais, absolvendo os infratores
quando verificada a baixa lesividade da conduta, como no caso, por exemplo, da pesca de poucos
peixes no período de defeso.

51
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Ao contrário da responsabilidade civil ambiental, a responsabilidade penal ambiental depende


da comprovação do dolo ou da culpa, desde que neste último caso haja previsão do crime na
modalidade culposa.
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

Destacamos abaixo algumas características importantes sobre os crimes ambientais:

• Os crimes ambientais são de ação penal pública incondicionada.

• Os tipos penais ambientais, em regra, descrevem crimes de perigo abstrato, que se


consumam com a própria criação do risco, efetivo ou presumido, independentemente
de qualquer resultado danoso TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.

• No código penal, o juiz para aplicar a pena passa por três etapas: 1) fixa a quantidade
de pena com base no sistema trifásico disposto no art. 68 do CP (pena base com
fundamento no art. 59, agravantes e atenuantes genéricas e causas gerais de aumento
e diminuição de pena), 2) regime inicial de cumprimento de pena (aberto, semiaberto
ou fechado), 3) verifica se é possível substituir a pena de prisão por restritiva de
direito ou multa, ou ainda se é possível a suspensão da execução da pena (SURSIS).
Na lei ambiental, o condenado pode ser pessoa física ou jurídica. Caso se trate de
pessoa jurídica, a sistemática para a plicar a pena será diferente, já que o juiz vai
passar apenas pela primeira etapa citada anteriormente, ou seja, o magistrado fixará
somente a pena, já que a pessoa jurídica não pode ser presa. Além disso, na fixação da
pena, o juiz deve observar as circunstâncias judicias do art. 6º, bem com as agravantes
e atuantes previstas nos artigos 14 e 15, todos da Lei n. 9.605/98.

• Tratando-se de crime ambiental praticado por pessoa física, o juiz, para aplicar a
pena deve passar pelas três etapas previstas no código penal, mas ao fixar a pena
base, o juiz deve levar em conta as circunstâncias judicias do art. 6º da Lei n. 9.605/98
e, apenas supletivamente, as circunstancias judicias do art. 59 do CP. As agravantes
e atenuantes, por sua vez, estão previstas no art. 14 e 15 da Lei n. 9.605/98, sendo
que no caso da agravante de reincidência, essa apenas vai incidir se o condenado já
tiver sido condenado anteriormente em crime ambiental. Assim, se uma pessoa for
condenada por roubo e, posteriormente, por crime ambiental, não haverá a aplicação
da agravante de reincidência.

• A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal e, se revelar-se ineficaz,


ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo
em vista o valor da vantagem econômica auferida. A perícia de constatação do dano
ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de
prestação de fiança e cálculo de multa.

• As penas restritivas de direito estão expressamente previstas no art. 8º da Lei


nº 9.605/98: 1) prestação de serviços à comunidade: consistente na atribuição
ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades
de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na
restauração desta, se possível; 2) interdição temporária de direitos: proibição de o
condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer

52
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no
caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos; 3) suspensão parcial
ou total de atividades - será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às
prescrições legais; 4) prestação pecuniária - consiste no pagamento em dinheiro à
vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta
salários mínimos) TEMA COBRADO NO XXXIV EXAME DA OAB/FGV. O valor pago será
deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator; 5)
recolhimento domiciliar - baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do
condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade
autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em
qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença
condenatória.

As penas restritivas de direitos terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída,
salvo no caso da interdição temporária de direitos, que será de 5 anos no caso de crime doloso
e de 3 anos para crime culposo. É importante registrar que, na lei ambiental, para se permitir a
substituição da pena de prisão por pena restritiva de direito basta cumprir os requisitos do art.
7º da Lei n. 9.605/98: I - tratar-se de crime culposo ou, se doloso, for aplicada a pena privativa
de liberdade inferior a quatro anos; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a
substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

Se não for possível substituir a prisão, o juiz verificará se é possível suspender a execução da
pena. No código penal, o sursis é cabível nas condenações até 2 anos, já para os crimes ambientais
o sursis será cabível para as condenações a pena privativa de liberdade não superior a 3 (três)
anos (art. 16 da Lei n. 9.605/98). O sursis especial previsto no art. 78, § 2º, do CP, também é
aplicado aos crimes ambientais, mas será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e
as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente
(art. 17 da Lei n. 9.605/98).

Não há norma específica estabelecendo qual a justiça competente para julgar crimes ambientais.
Sendo assim, prevalece o entendimento de que se o crime atingir interesse direto e específico da
União, ou de suas autarquias e empresas públicas, a competência é da Justiça federal, e nos
demais casos a competência será da Justiça Comum.

A contravenção penal ambiental será julgada pela justiça comum, ainda que ofenda interesse
direto e específico da União (art. 109, IV, da CF/88). A única exceção é se o contraventor tiver
foro por prerrogativa de função na Justiça Federal (exemplo: juiz federal denunciado por
contravenção ambiental será julgado pelo TRF respectivo).

Tratando-se de crime de menor potencial ofensivo (pena máxima em abstrato de até 2 anos) ou
de contravenção penal, é possível transação penal. Diferentemente da Lei n. 9099/95, em que não
se exige a composição civil para a transação penal, na lei ambiental a transação penal somente
é cabível se houver a prévia composição civil dos danos ambientais (art. 27 da Lei n. 9.605/98).
53
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Vejamos, por fim, os principais crimes ambientais para a prova da OAB/FGV:

Dos Crimes contra a Fauna

Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

autorização da autoridade ambiental competente: Pena - reclusão, de um a três anos,


e multa.

Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e
licença expedida por autoridade competente: Pena - detenção, de três meses a um ano,
e multa. TEMA COBRADO NO VIII EXAME DA OAB/FGV.

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos
ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal
vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput
deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda.
(Incluído pela Lei nº 14.064, de 2020)

O § 1º-A foi acrescentado pela Lei nº 14.064/2020, passando a estipular uma qualificadora
quando o crime for praticado contra cães e gatos. Além disso, o crime será de reclusão, deixa
de ser de menor potencial ofensivo e haverá a perda da guarda do animal. Caso haja a morte
do animal incidirá também a causa de aumento de pena prevista no § 2º.

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por
órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:

I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores
aos permitidos;

II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos,


petrechos, técnicas e métodos não permitidos;

III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da


coleta, apanha e pesca proibidas.

Art. 35. Pescar mediante a utilização de:

I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;

II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente:

Pena - reclusão de um ano a cinco anos.


54
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair,
coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos,
moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico,
ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna
e da flora.
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:

I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;

II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de


animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;

III - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

Crimes contra a Flora

Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios
nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de
assentamento humano: Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.

Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão
e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor,
outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar
o produto até final beneficiamento: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em
depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem
vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento,
outorgada pela autoridade competente.

Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de


vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente: Pena - detenção, de três
meses a um ano, e multa.

Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos


próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem
licença da autoridade competente: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Da Poluição e outros Crimes Ambientais

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte
do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores,
sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as
normas legais e regulamentares pertinentes: Pena - detenção, de um a seis meses, ou
multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à
pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

55
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

12

12. POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

A Lei n. 12.305/2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus
princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e
ao gerenciamento de resíduos sólidos.

A Lei n. 12.305/2010 não se aplica aos rejeitos radioativos, que são regulados por legislação
específica (Lei n. 10.308/2001).

Conforme previsto no inciso XVI do art. 3º, considera-se resíduo sólido todo material, substância,
objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, bem como gases
contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente
inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

Os resíduos sólidos podem ser classificados, conforme art. 13 da Lei n. 12.305/2010, quanto
à origem (resíduos domiciliares, de estabelecimentos comerciais, de serviços públicos de
saneamento básico, de serviços de saúde, de construção civil, etc.) e quanto à periculosidade,
podendo ser perigosos (de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde
pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica) ou não
perigosos (que não possuem os riscos dos resíduos perigosos).

Resíduos sólidos não se confundem com rejeitos. De acordo com o inciso XV do art. art. 3º Lei n.
12.305/2010 os rejeitos são resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades
de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis,
não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada.

A concepção da Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos é que não haja a geração de
resíduos sólidos. Caso isso não seja possível, deve-se reduzir, reutilizar, reciclar ou tratar os
resíduos sólidos. Se essas medidas não forem possíveis, haverá ao menos a destinação final
ambientalmente adequada dos rejeitos.

De acordo com o art. 6º da 12.305/2010, são princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:

• A prevenção e a precaução;

• O poluidor-pagador e o protetor-recebedor;
56
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

• A visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis


ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública;

• O desenvolvimento sustentável;
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

• A ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços


competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades
humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo
de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação
estimada do planeta;

• A cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e


demais segmentos da sociedade;

• A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;

• O reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico


e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania;

• O respeito às diversidades locais e regionais;

• O direito da sociedade à informação e ao controle social;

• A razoabilidade e a proporcionalidade.

Dentre os instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, o mais importante para


a prova da OAB é o plano de resíduo sólido, documento que deve ser elaborado pelas pessoas
jurídicas que geram resíduos sólidos, bem como pelo Poder Público, no âmbito da União, dos
Estados e dos Municípios.

• Plano Nacional de Resíduos Sólidos – elaborado pela União com a colaboração


do Ministério do Meio Ambiente, tem como conteúdo o levantamento da situação
dos resíduos sólidos no país, com a estipulação de metas e proposição de cenários
(incluindo tendências internacionais e macroeconômicas), especificando ainda
programas, projetos e ações para o atendimento das metas previstas. O Plano Nacional
de Resíduos Sólidos tem vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20 (vinte)
anos, devendo ser atualizado a cada 4 (quatro) anos

• Planos Estaduais de Resíduos Sólidos – devem abranger todo o território do Estado e


sua elaboração é condição para que os Estados tenham acesso a recursos da União, ou
por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à gestão
de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos
de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade. O plano estadual de
resíduos sólidos será elaborado para vigência por prazo indeterminado, abrangendo
todo o território do Estado, com horizonte de atuação de 20 (vinte) anos e revisões a
cada 4 (quatro) ano

• Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - a elaboração de plano


57
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

municipal de gestão integrada de resíduos sólidos é condição para o Distrito Federal e


os Municípios tenham acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados
a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos
sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades
federais de crédito ou fomento para tal finalidade (art. 18 da Lei nº 12.305/2010).
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

TEMA COBRADO NOS EXAMES XXIII e XXV DA OAB/FGV.

Para Municípios com menos de 20.000 (vinte mil) habitantes, o plano municipal de gestão
integrada de resíduos sólidos terá conteúdo simplificado, na forma do regulamento, salvo se
o Municípios: I – for integrante de áreas de especial interesse turístico; II – for inserido na
área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de
âmbito regional ou nacional; III – tiver território que abranja, total ou parcialmente, Unidades
de Conservação.

• Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – o Plano de Gerenciamento de


Resíduos Sólidos deve ser elaborado pelos geradores de resíduos dos serviços
públicos de saneamento básico, de resíduos industriais, de resíduos de serviços de
saúde, de resíduos de mineração, pelos estabelecimentos comerciais e de prestação
de serviços que gerem resíduos perigosos ou resíduos que, mesmo caracterizados
como não perigosos, por sua natureza, composição ou volume, não sejam equiparados
aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal; pelas empresas de
construção civil, pelos responsáveis pelos terminais e outras instalações que geram
resíduos de serviços de transportes, bem como pelos responsáveis por atividades
agrossilvopastoris, se exigido pelo órgão competente do Sisnama, do SNVS ou do
Suasa. O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos deve integrar o licenciamento
ambiental, ou seja, o órgão responsável pelo licenciamento ambiental também será
responsável pela aprovação do Plano de Gerenciamento. Se a obra ou atividade
desenvolvida não exigir licenciamento ambiental, o Plano de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos será aprovado pelo Município.

A logística reversa é um outro instrumento importante da PNRS caracterizado por um conjunto


de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos
sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos
produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (art. 3º, XII). Os produtos que
estão sujeitos à logística reversa são os resíduos e embalagens de agrotóxicos, pilhas e baterias,
pneus, óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; lâmpadas fluorescentes, de vapor de
sódio e mercúrio e de luz mista; produtos eletroeletrônicos e seus componentes (art. 33). A
inobservância da logística reserva pode ensejar a responsabilidade do fabricante, importador,
distribuidor e do comerciante TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.

58
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

13

13. SANEAMENTO BÁSICO


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

O saneamento básico compreende um conjunto de procedimentos adotados com o objetivo de


garantir higiene e um ambiente saudável para os habitantes de determinada região, envolvendo:
abastecimento de água potável, coleta e tratamento de esgoto sanitário, limpeza urbana, manejo
de resíduos sólidos, bem como a drenagem e manejo das águas pluviais, conforme art. 3º da Lei n.
11.455/2007, recentemente alterado pela Lei n. 14.026/20:

Art. 3º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se:

I - saneamento básico - conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de:

a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e


instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação
até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;

b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações


operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos
sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;

c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas


e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino
final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias
públicas;; e

d) drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização preventiva das


respectivas redes urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações
operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou
retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das
águas pluviais drenadas nas áreas urbanas;

(...)

Conforme disposto expressamente no art. 4º da Lei n. 11.455/2007, os recursos hídricos não


integram os serviços públicos de saneamento básico, tendo regramento específico pela Lei
n. 9.433/97 TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV. Além disso, não constitui
serviço público a ação de saneamento executada por meio de soluções individuais, desde que
o usuário não dependa de terceiros para operar os serviços, bem como as ações e serviços de
saneamento básico de responsabilidade privada.

Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos princípios
fundamentais dispostos no art. 2º da Lei n. 11.455/2007, dos quais destacamos aqueles mais
importantes para a prova da OAB/FGV:

59
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

• Universalização do acesso – o saneamento básico deve ser progressivamente


levado a toda a população.

• Integralidade – os usuários devem ter acesso integral a cada serviço de saneamento


básico, com base nas suas necessidades.
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

• Adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais


e regionais - os serviços de saneamento básico devem ser definidos de acordo com a
realidade de cada região, que pode variar em razão de aspectos urbanos, ambientais,
culturais, sociais, econômicos e políticos;

• Articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação,


de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da
saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade
de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante – a política de
saneamento deve ser elaborada e implementada observando as demais políticas,
como a Política do Meio Ambiente e a política de Saúde e Desenvolvimento Urbano.

• Eficiência e sustentabilidade econômica – a Administração Pública deve buscar os


melhores resultados valendo-se economizando recursos financeiros, sendo permitido
ainda a cobrança de taxas e tarifas para serviços específicos e divisíveis.

A prestação dos serviços públicos de saneamento básico pode ser prestada diretamente pelo Poder
Público, ou por particulares, mediante delegação, por meio de contrato administrativo, precedido de
licitação.

Desse modo, se houver delegação de serviço público para particular, deverá haver a celebração
de contrato administrativo, precedido de licitação.

Nesse sentido, o art. 10 da Lei n. 11.445/2007, alterado pela Lei n. 14.026/20, dispõe que a
prestação dos serviços públicos de saneamento básico por entidade que não integre a administração
do titular depende da celebração de contrato de concessão, mediante prévia licitação, nos termos do
art. 175 da Constituição Federal, vedada a sua disciplina mediante contrato de programa, convênio,
termo de parceria ou outros instrumentos de natureza precária.

Destaca-se, ainda, que, de acordo com o art. 29 da Lei n. 11.445/2007, alterado pela Lei n.
14.026/2020, os serviços públicos de saneamento básico terão a sustentabilidade econômico-
financeira assegurada por meio de remuneração pela cobrança dos serviços, da seguinte forma:
I - de abastecimento de água e esgotamento sanitário, na forma de taxas, tarifas e outros preços
públicos, que poderão ser estabelecidos para cada um dos serviços ou para ambos, conjuntamente;
II - de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, na forma de taxas, tarifas e outros preços
públicos, conforme o regime de prestação do serviço ou das suas atividades; e; III - de drenagem e
manejo de águas pluviais urbanas, na forma de tributos, inclusive taxas, ou tarifas e outros preços
públicos, em conformidade com o regime de prestação do serviço ou das suas atividades.

Além disso, conforme § 1º do art. 29, a instituição das tarifas, preços públicos e taxas para os
serviços de saneamento básico observará as seguintes diretrizes: I - prioridade para atendimento
das funções essenciais relacionadas à saúde pública; II - ampliação do acesso dos cidadãos e
localidades de baixa renda aos serviços; III - geração dos recursos necessários para realização dos
60
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

investimentos, objetivando o cumprimento das metas e objetivos do serviço; IV - inibição do consumo


supérfluo e do desperdício de recursos; V - recuperação dos custos incorridos na prestação do
serviço, em regime de eficiência; VI - remuneração adequada do capital investido pelos prestadores
dos serviços; VII - estímulo ao uso de tecnologias modernas e eficientes, compatíveis com os níveis
exigidos de qualidade, continuidade e segurança na prestação dos serviços; VIII - incentivo à eficiência
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

dos prestadores dos serviços.

O art. 37 Lei n. 11.455/2007, por sua vez, estabelece que os reajustes de tarifas de serviços
públicos de saneamento básico serão realizados observando-se o intervalo mínimo de 12 (doze)
meses, de acordo com as normas legais, regulamentares e contratuais.

Conforme previsto no § 2º do art. 29 da Lei n. 11.445/2007, poderão ser adotados subsídios


tarifários e não tarifários para os usuários que não tenham capacidade de pagamento suficiente
para cobrir o custo integral dos serviços. TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/
FGV.

61
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

14

14. POLÍTICA NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

14.1. FUNDAMENTOS E OBJETIVOS

Art. 1º da Lei n. 9.433/97- A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos


seguintes fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo


humano e a dessedentação de animais;

IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;

V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de


Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação
do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

A água é considerada um bem de domínio público (e não privado) dotado de valor econômico, sendo
que, em situações de escassez, o seu uso prioritário é o consumo humano e a dessedentação de animais.

A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas, como, por
exemplo, para navegação, para o consumo humano, para geração de energia, etc.

De acordo com a Lei n. 9.433/97, a bacia hidrográfica, área onde há o escoamento e a drenagem
de um rio principal e de seus afluentes, é considerada a unidade territorial para implementação
da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos.

A gestão dos recursos hídricos deve ser, ainda, descentralizada, isto é, deve ter participação
do poder público, dos usuários e das comunidades (gestão tripartite).

Em relação aos objetivos da PNRH, o art. 2º da Lei n. 9.433/97 estabelece que:

Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em


padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte


aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

62
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou


decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

IV - incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais.


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

O inciso IV do art. 2º, acima transcrito, foi incluído pela Lei nº 13.501/2017. Por se tratar de
alteração recente, sua leitura é importante para a prova da OAB/FGV.

14.2. INSTRUMENTOS

De acordo com o art. 5º da Lei n. 9.433/97, há diversos instrumentos para a concretização da


PNRH, mas os dois mais importantes para a prova da OAB são a outorga e a cobrança.

A outorga pode ser concedida pelo poder Público Federal, Estadual ou Municipal, pelo prazo
máximo, renovável, de 35 anos, e possui como objetivo garantir o controle quantitativo e qualitativo
do uso da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água.

A outorga permite apenas o uso das águas, não implicando, portanto, sua alienação, nem parcial
nem total, uma vez que as águas são inalienáveis (art. 18).

Conforme o caput do art. 12 da Lei n. 9.433/97, dependem de outorga:

I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para


consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;

II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo


produtivo;

III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos,


tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;

IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;

V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente


em um corpo de água.

Se a água for bem da União, a outorga caberá à Agência Nacional de Águas (ANA), podendo ser
delegada aos Estados ou Distrito Federal. No entanto, se a água for estadual ou municipal, caberá
a referidos entes a realização da outorga TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/
FGV.

63
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

Já o § 1º do art. 12 dispõe que não dependem de outorga:

I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos


populacionais, distribuídos no meio rural;
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;

III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.

Para facilitar a memorização, apenas quando o uso, derivações e acumulações forem


insignificantes, é que não haverá necessidade de outorga.

Registra-se, ainda, que o art. 15 da Lei n. 9.443/97 prevê algumas hipóteses em que a outorga
de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou
por prazo determinado, a saber:

I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;

II - ausência de uso por três anos consecutivos;

III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as


decorrentes de condições climáticas adversas;

IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;

V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais


não se disponha de fontes alternativas;

VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água.

Em relação ao instrumento da cobrança dos recursos hídricos, parte-se do pressuposto de


que a água é bem escasso e dotado de valor econômico, de modo que a sua cobrança objetiva,
conforme art. 19 da Lei n. 9.433/97, I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário
uma indicação de seu real valor; II - incentivar a racionalização do uso da água e III - obter recursos
financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de
recursos hídricos.

É importante destacar que, de acordo com o art. 21 da Lei n. 9.433/97, para a fixação dos
valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos devem ser observados, dentre outros: I -
nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime de variação; II - nos
lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu regime de
variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente.

64
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

15

15. POLÍTICA NACIONAL SOBRE MUDANÇAS DO CLIMA


OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

Levando-se em consideração que a mudança do clima já é considerada um fato incontroverso,


podendo acarretar fatores de riscos ambientais, a Lei n. 12.187/2009 criou a Política Nacional
sobre Mudança do Clima (PNMC), tendo como principal diretriz o Protocolo de Quioto, para
mitigação e adaptação à mudança do clima

De acordo com o art. 3º da Lei n. 12.187/2009, a PNMC e as ações dela decorrentes observarão
os princípios da precaução, da prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento sustentável
e o das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, este último no âmbito internacional, e,
quanto às medidas a serem adotadas na sua execução, será considerado o seguinte:

I - todos têm o dever de atuar, em benefício das presentes e futuras gerações, para a
redução dos impactos decorrentes das interferências antrópicas sobre o sistema climático;

II - serão tomadas medidas para prever, evitar ou minimizar as causas identificadas


da mudança climática com origem antrópica no território nacional, sobre as quais haja
razoável consenso por parte dos meios científicos e técnicos ocupados no estudo dos
fenômenos envolvidos;

III - as medidas tomadas devem levar em consideração os diferentes contextos


socioeconomicos de sua aplicação, distribuir os ônus e encargos decorrentes entre os
setores econômicos e as populações e comunidades interessadas de modo equitativo
e equilibrado e sopesar as responsabilidades individuais quanto à origem das fontes
emissoras e dos efeitos ocasionados sobre o clima;

IV - o desenvolvimento sustentável é a condição para enfrentar as alterações climáticas


e conciliar o atendimento às necessidades comuns e particulares das populações e
comunidades que vivem no território nacional;

V - as ações de âmbito nacional para o enfrentamento das alterações climáticas, atuais,


presentes e futuras, devem considerar e integrar as ações promovidas no âmbito
estadual e municipal por entidades públicas e privadas;

O art. 4º da Lei n. 12.187/2009, por sua vez, estabelece os objetivos da PNMC.

Art. 4º A Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC visará:

I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a proteção do sistema climático;

II - à redução das emissões antrópicas de gases de efeito estufa em relação às suas


diferentes fontes;

IV - ao fortalecimento das remoções antrópicas por sumidouros de gases de efeito


estufa no território nacional;

V - à implementação de medidas para promover a adaptação à mudança do clima


pelas 3 (três) esferas da Federação, com a participação e a colaboração dos agentes
65
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

econômicos e sociais interessados ou beneficiários, em particular aqueles especialmente


vulneráveis aos seus efeitos adversos;

VI - à preservação, à conservação e à recuperação dos recursos ambientais, com


particular atenção aos grandes biomas naturais tidos como Patrimônio Nacional;
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

VII - à consolidação e à expansão das áreas legalmente protegidas e ao incentivo aos


reflorestamentos e à recomposição da cobertura vegetal em áreas degradadas;

VIII - ao estímulo ao desenvolvimento do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões - MBRE.

Parágrafo único. Os objetivos da Política Nacional sobre Mudança do Clima deverão estar
em consonância com o desenvolvimento sustentável a fim de buscar o crescimento
econômico, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais.

Sobre o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), o objetivo é viabilizar negócios


no mercado ambiental de forma organizada e transparente, por meio da negociação da emissão de
gases na bolsa de valores.

Com efeito, as atividades humanas emitem gazes de efeito estufa (GEE), como no caso do gás
carbono, o que acaba comprometendo a qualidade do meio ambiente. Com o objetivo de se evitar
o excesso de emissão desses gases, partiu-se do pressuposto que era necessário precificar a sua
emissão (atribuir valor para punir financeiramente quem polui), utilizando-se, para tanto, como
referência à precificação do carbono, que é o principal gás do efeito estufa.

Um dos mecanismos para se fazer a precificação é o denominado mercado de carbono (ainda


não existente no Brasil), estabelecido para uma região, país ou estado, onde há fixação de metas,
estabelecendo-se limites para a emissão de gás carbono para as empresas. Esses limites, fixados
em permissões, podem ser negociados entre as empresas na bolsa de valores, pelo sistema
denominado “cap-and-trade”.

Assim, com base na Lei n. 12.187/2009, será possível instituir no Brasil o denominado
mercado de carbono, comercializado na bolsa de valores e aberto para entidades privas TEMA
COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV.

De acordo com o art. 9º da Lei n. 12.187/2009, o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões


- MBRE será operacionalizado em bolsas de mercadorias e futuros, bolsas de valores e
entidades de balcão organizado, autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM, onde
se dará a negociação de títulos mobiliários representativos de emissões de gases de efeito
estufa evitadas certificadas.

66
Licensed to Hugo de Souza Pereira - thekryiif777@gmail.com - 077.241.541-20

BIBLIOGRAFIA

• BESSA, Paulo Antunes. Direito Ambiental. 14ª ed. São Paulo: Atlas,2008
OAB NA MEDIDA | DIREITO AMBIENTAL

• FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo:
Saraiva, 2011.

• MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 24ª.ed. São Paulo:
Malheiros, 2016.

• MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. – 9ª. Ed. Rev., atual. E ampl. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2014

• RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos de direito ambiental: Parte Geral. 2ª. Ed.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005.

• RODRIGUES, Marcelo Abelha. Direito Ambiental Esquematizado. 3ª. Ed. São Paulo:
Saraiva, 2016.

• SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 3ª ed. rev.atual. São Paulo:
Malheiros,2000

67

Você também pode gostar