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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE DIREITO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO AGRÁRIO

CEZAR AUGUSTO MENDES JÚNIOR

O CADASTRO AMBIENTAL RURAL (CAR) COMO INSTRUMENTO DE


REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NO MATOPIBA, AMAZÔNIA LEGAL E ESTADO
DE GOIÁS

GOIÂNIA/GO
2022
19/12/2022 10:45 SEI/UFG - 3364330 - Termo de Ciência e de Autorização (TECA)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


FACULDADE DE DIREITO

TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO (TECA) PARA DISPONIBILIZAR VERSÕES ELETRÔNICAS DE


TESES

E DISSERTAÇÕES NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás


(UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG),
regulamentada pela Resolução CEPEC nº 832/2007, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo
com a Lei 9.610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura,
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exclusiva do autor. Ao encaminhar o produto final, o autor(a) e o(a) orientador(a) firmam o compromisso
de que o trabalho não contém nenhuma violação de quaisquer direitos autorais ou outro direito de
terceiros.
1. Identificação do material bibliográfico
[ x] Dissertação         [  ] Tese          [  ] Outro*:_____________
 
 
*No caso de mestrado/doutorado profissional, indique o formato do Trabalho de Conclusão de Curso, permitido no documento de área, correspondente ao
programa de pós-graduação, orientado pela legislação vigente da CAPES.
 
Exemplos: Estudo de caso ou Revisão sistemática ou outros formatos.

2. Nome completo do autor


 CEZAR AUGUSTO MENDES JUNIOR
3. Título do trabalho
O CADASTRO AMBIETAL RURAL (CAR) COMO INSTRUMENTO DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NO
MATOPIBA, AMAZÔNIA LEGAL E ESTADO DE GOIÁS
4. Informações de acesso ao documento (este campo deve ser preenchido pelo orientador)
Concorda com a liberação total do documento [  X  ] SIM           [     ] NÃO¹
[1] Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. Após esse período,
a possível disponibilização ocorrerá apenas mediante:
a) consulta ao(à) autor(a) e ao(à) orientador(a);
b) novo Termo de Ciência e de Autorização (TECA) assinado e inserido no arquivo da tese ou dissertação.
O documento não será disponibilizado durante o período de embargo.
Casos de embargo:
- Solicitação de registro de patente;
- Submissão de artigo em revista científica;
- Publicação como capítulo de livro;
- Publicação da dissertação/tese em livro.
Obs. Este termo deverá ser assinado no SEI pelo orientador e pelo autor.

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19/12/2022 10:45 SEI/UFG - 3364330 - Termo de Ciência e de Autorização (TECA)

Documento assinado eletronicamente por Adegmar Jose Ferreira, Professor do Magistério Superior,
em 08/12/2022, às 13:15, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do art. 4º do
Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020.

Documento assinado eletronicamente por Cezar Augusto Mendes Junior, Discente, em 19/12/2022,
às 10:35, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do art. 4º do Decreto nº
10.543, de 13 de novembro de 2020.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site


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o código CRC 7D1453F4.

Referência: Processo nº 23070.056658/2022-61 SEI nº 3364330

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CEZAR AUGUSTO MENDES JÚNIOR

O CADASTRO AMBIENTAL RURAL (CAR) COMO INSTRUMENTO DE


REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NO MATOPIBA, AMAZÔNIA LEGAL E ESTADO
DE GOIÁS

Dissertação apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Direito Agrário da
Faculdade de Direito da Universidade Federal
de Goiás, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Direito
Agrário.

Área de Concentração/Linha de
Pesquisa: Direito Agrário/Fundamentos
Jurídicos da Propriedade e da Posse, Conflitos
Emergentes e Sistemas de Justiça.

Orientador: Prof. Dr. Adegmar José


Ferreira.

Co-Orientador: Prof. Dr. Girolamo


Domenico Treccani.

GOIÂNIA/GO
2022
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.

Mendes Júnior, Cezar Augusto


O CADASTRO AMBIENTAL RURAL (CAR) COMO
INSTRUMENTO DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NO MATOPIBA,
AMAZÔNIA LEGAL E ESTADO DE GOIÁS [manuscrito] / Cezar
Augusto Mendes Júnior. - 2022.
CDLXIV, 464 f.

Orientador: Prof. Dr. Adegmar José Ferreira; co-orientador Dr.


Girolamo Domenico Treccani.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás,
Faculdade de Direito (FD), Programa de Pós-Graduação em Direito
Agrário, Goiânia, 2022.
Bibliografia. Anexos. Apêndice.
Inclui siglas, mapas, fotografias, abreviaturas, gráfico, tabelas,
lista de figuras, lista de tabelas.

1. Direito Agrário. 2. Terras Devolutas. 3. Grilagem. 4. Cadastro


Ambienta Rural. I. Ferreira, Adegmar José, orient. II. Título.

CDU 349.42
21/11/2022 20:41 SEI/UFG - 3277885 - Ata de Defesa de Dissertação

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE DIREITO

ATA DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO

Ata nº 91 da sessão de Defesa de Dissertação de CEZAR AUGUSTO MENDES JUNIOR que confere o título de Mestre(a) em Direito Agrário na área de
concentração em Direito Agrário.

Ao/s vinte e um dias do mês de outubro do ano de dois mil e vinte e dois, a partir da(s) 09:30 hs por meio de videoconferência, realizou-se a sessão pública de
Defesa de Dissertação intitulada “A (IN)EFETIVIDADE DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL (CAR) COMO INSTRUMENTO DE
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NO MATOPIBA, AMAZÔNIA LEGAL E ESTADO DE GOIÁS”. Os trabalhos foram instalados pelo(a)
Orientador(a), Prof. Dr. Adegmar José Ferreira(PPGDA/UFG) com a participação dos demais membros da Banca Examinadora: Profa. Dra. Flavia Donini
Rossito(UFG), membro titular interno; Prof. Dr. Tiago Resende Botelho(UFGD), membro titular externo. Durante a argüição os membros da banca fizeram
sugestão de pequeno ajuste no título do trabalho, conforme explicitado abaixo, sugerindo a supressão do termo"a (in)efetividade do". Todavia, a banca
deixou evidenciado de que seria apenas uma sugestão de mudança que ficaria a critério do mestrando e de seus orientadores (Adegmar e ProfessorTreccani) e
que de imediato foi acatada. Por fim, contando com a aquiecência de todos, a Banca Examinadora reuniu-se em sessão pública a fim de concluir o julgamento
da Dissertação tendo sido o candidato aprovado pelos seus membros, inclusive com sugestão de publicação da Dissertação, bem como, implemento de
comunicação de seu produto junto às instituições acadêmicas em geral e às estruturas de poder estatal. Proclamados os resultados pelo Prof. Dr. Adegmar José
Ferreira, Presidente da Banca Examinadora, foram encerrados os trabalhos e, para constar, lavrou-se a presente ata que é assinada pelos Membros da Banca
Examinadora, ao(s) 21 de outubro de 2022.

TÍTULO SUGERIDO PELA BANCA

"O CADASTRO AMBIETAL RURAL (CAR) COMO INSTRUMENTO DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NO MATOPIBA, AMAZÔNIA LEGAL E ESTADO DE GOIÁS"

Documento assinado eletronicamente por Adegmar Jose Ferreira, Professor do Magistério Superior, em 22/10/2022, às 13:14, conforme horário oficial de
Brasília, com fundamento no § 3º do art. 4º do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020.

https://sei.ufg.br/sei/controlador.php?acao=documento_visualizar&acao_origem=documento_versao_listar&acao_retorno=documento_versao_listar&versao=3&id_documento=3552041&arvore=1&id_procedimento=… 1/2
21/11/2022 20:41 SEI/UFG - 3277885 - Ata de Defesa de Dissertação

Documento assinado eletronicamente por Flavia Donini Rossito, Usuário Externo, em 27/10/2022, às 22:47, conforme horário oficial de Brasília, com
fundamento no § 3º do art. 4º do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020.

Documento assinado eletronicamente por TIAGO RESENDE BOTELHO, Usuário Externo, em 04/11/2022, às 15:05, conforme horário oficial de Brasília, com
fundamento no § 3º do art. 4º do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site https://sei.ufg.br/sei/controlador_externo.php?


acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0, informando o código verificador 3277885 e o código CRC ACD6ACE1.

Referência: Processo nº 23070.056658/2022-61 SEI nº 3277885

Criado por marcelocursino, versão 3 por adegmar_ferreira em 22/10/2022 13:13:51.

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DEDICATÓRIA

À minha esposa, Elizabeth Ma Mendes.


AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por Sua infinita misericórdia e Seu grandioso amor.

A minha esposa Elizabeth, minha âncora.

A meus pais, por seu apoio e amor incondicionais.

A meu orientador, Professor Adegmar, por sua grande empatia e compreensão durante
essa jornada.

A meu coorientador, Professor Treccani, por compartir um pouco de seu tão grande
conhecimento.

A minha irmã Karla, que se dedicou a me ensinar e ajudar a trabalhar com a plataforma
bit.ly e Google Earth – partes fundamentais dessa dissertação.
RESUMO

Essa dissertação aborda as terras devolutas, a grilagem e a real efetividade do Cadastro


Ambiental Rural – CAR, mediante análise por amostragem na Amazônia Legal, no
MATOPIBA e no Estado de Goiás. Em que pese tratar-se de importante ferramenta na avaliação
de regularização e de gestão ambiental, o CAR tem sido utilizado na tentativa de grilagem de
terras. Alguns juízes têm reconhecido direitos possessórios baseados nos CAR, em detrimento
de direitos advindos de políticas de reforma agrária. Daí se falar na “farra do CAR” pois, aquilo
que deveria ser instrumento de regularização agroambiental, pode acabar resultando em
grilagens, sobreposições de terra e conflitos. Alterações legislativas e mudanças estruturais
constantes acabam por protelar ações de acompanhamento, demarcação, cadastramento,
georreferenciamento e titulação por parte dos Estados. E diante da indefinição legal para o
controle das terras é que se fortalece a apropriação indevida de terras públicas – a grilagem. A
partir disso, questiona-se: o CAR tem alcançado seu objetivo de integrar informações
ambientais das propriedades rurais de modo efetivo? As informações lançadas no sistema são
confiáveis? Quais impactos a (in) efetividade do CAR pode gerar na violação (ou não) de
direitos? A grilagem em terras devolutas e a regularização fundiária são assuntos pertinentes ao
Direito Agrário, abrangendo conflitos emergentes e o sistema judicial sobre o acesso e uso da
terra. Contudo, a regularização fundiária ainda não tem se mostrado efetiva, em razão das falhas
identificadas em relação a delimitação das terras devolutas. O objetivo geral da pesquisa é
compreender o processo de Regularização Fundiária e a sua (in) efetividade frente ao uso do
CAR como instrumento de controle agroambiental. Os objetivos específicos são: a) Fazer uma
revisão histórica sobre a formação do espaço agrário brasileiro passando pela delimitação das
terras devolutas; b) Apresentar um quadro atual dos cadastros ambientais rurais, por
amostragem, na Amazônia Legal, MATOPIBA e no Estado de Goiás, identificando eventuais
falhas que facilitem a grilagem por parte de terceiros e; c) Analisar, à luz das informações dos
objetivos anteriores, as imagens satélites das regiões com as irregularidades mais graves
identificadas, buscando então por sobreposições de terra ou loteamentos irregulares para, em
seguida, analisar as certidões de matrícula atualizadas desses imóveis, procurando identificar a
compatibilidade das informações do CAR, com as de imagens do satélite e com as informações
constantes do Ofício de Registro de Imóveis.

Palavras-chave: Direito Agrário. Terras Devolutas. Grilagem. Cadastro Ambiental Rural.


ABSTRACT

This dissertation addresses vacant lands, land grabbing and the true effectiveness of
the Brazilian Rural Environmental Registry (CAR) through sampling analysis in the Legal
Amazon, in the Cerrado portions of the states of Maranhão, Tocantins, Piauí and Bahia
(MATOPIBA), and in the state of Goiás. Despite being an important tool for evaluating
environmental regularization and management, the CAR has been used in an attempt to land
grabbing. Some judges have recognized possessory rights based on CAR information to the
detriment of rights stemming from land reform policies. That is why we speak of the “CAR
binge” because that which should be an agri-environmental regulation tool may instead be
causing land grabbing, land overlaps and conflicts. Constant legislative alterations and
structural changes end up delaying monitoring, demarcation, registration, georeferencing and
titling actions on the part of the state governments. It is in face of legal uncertainty regarding
land control that the improper appropriation of public lands – land grabbing – is strengthened.
From this comes the question: has the CAR achieved its goal of effectively integrating
environmental information on rural properties? Is the information posted to the system reliable?
What impacts can the CAR’s (in)effectiveness generate in the violation or non-violation of
rights? Land grabbing of vacant lands and land tenure regularization are issues related to
Agrarian Law, encompassing emerging conflicts and the legal system for land access and use.
However, land tenure regularization has not yet proved to be effective due to the flaws identified
in the delimitation of vacant lands. The general objective of this research is to understand the
Land Tenure Regularization process and its (in)effectiveness in using the CAR as an agri-
environmental control tool. These are the specific objectives of the research: a) To carry out a
historical review on the formation of the Brazilian agrarian space through the delimitation of
vacant lands; b) To present a current picture of rural environmental registries through sampling
in the Legal Amazon, MATOPIBA and the state of Goiás, identifying occasional flaws that
favor land grabbing by third parties; and c) To analyze the satellite images of regions where
more serious irregularities have been identified, in light of the information from the previous
objectives, looking for overlapping land or irregular subdivisions and then analyzing the latest
land titles of these properties, seeking to identify the compatibility of CAR’s information with
satellite imagery and the information recorded at the Land Registry Office.

Keywords: Agrarian Law. Vacant lands. Land grabbing. Brazilian Rural Environmental
Registry (CAR).
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – CARs em Barcelos/AM......................................................................................... 151


Figura 2 – Avanço de limite territorial de CAR em Barcelos/AM ......................................... 152
Figura 3 – Tamanho aproximado do avanço do CAR em Barcelos/AM................................ 153
Figura 4 – APPs de Barcelos/AM .......................................................................................... 153
Figura 5 – RLs de Barcelos/AM ............................................................................................. 154
Figura 6 – CAR com maior quantidade de APPs em Santarém/PA ....................................... 156
Figura 7 – CAR com maior quantidade de APPs em Santarém/PA e limite territorial .......... 157
Figura 8 – CAR com maior quantidade de APPs e demais CAR de Santarém/PA ................ 158
Figura 9 – CAR com maior quantidade de RLs em São Francisco do Guaporé/RO ............. 159
Figura 10 – CAR com maior quantidade de RLs em São Francisco do Guaporé/RO e limite
territorial ................................................................................................................................. 159
Figura 11 - CAR com maior quantidade de RLs em São Francisco do Guaporé/RO e demais
CARs ...................................................................................................................................... 160
Figura 12 – Sobreposições de CARs sobre os quatro maiores CARs de Palmeirândia/MA .. 161
Figura 13 – CARs em Palmeirândia/MA – sobreposições e avanço de limite municipal ..... 162
Figura 14 – Quatro maiores CARs de Palmeirândia/MA ....................................................... 162
Figura 15 – Vilas em Palmeirândia no ano de 2003 ............................................................... 163
Figura 16 – Quatro maiores CARs de Palmeirândia e sobreposição sobre território quilombola
................................................................................................................................................ 164
Figura 17 – Sobreposições sobre território quilombola em Palmeirândia/MA ...................... 165
Figura 18 – Maior CAR de Araguatins/TO ............................................................................ 166
Figura 19 – Maior CAR de Araguatins/TO e avanço de limite municipal ............................. 167
Figura 20 – CARs de Santarém/PA ........................................................................................ 169
Figura 21 – Três maiores CARs de Santarém/PA .................................................................. 170
Figura 22 – Maior CAR de Santarém/PA e avanço do limite municipal aproximado ........... 171
Figura 23 – CARs de Cavalcante/GO..................................................................................... 173
Figura 24 – Maior CAR de Cavalcante/GO ........................................................................... 173
Figura 25 – Sobreposições sobre o maior CAR de Cavalcante/GO ....................................... 174
Figura 26 – Sobreposição do maior CAR de Cavalcante/GO sobre territórios quilombolas . 175
Figura 27 – Sobreposições de CARs de Cavalcante/GO sobre território quilombola............ 176
Figura 28 – CARs de Campo Largo do Piauí/PI .................................................................... 177
Figura 29 – Maior CAR de Campo Largo do Piauí/PI e avanço do limite municipal............ 178
Figura 30 – Tamanho do primeiro avanço do limite municipal do maior CAR de Campo Largo
do Piauí/PI .............................................................................................................................. 178
Figura 31 – Tamanho do segundo avanço do limite municipal do maior CAR de campo Largo
do Piauí/PI .............................................................................................................................. 179
Figura 32 – Sobreposições sobre o maior CAR de Campo Largo do Piauí/PI ....................... 179
Figura 33 – Comunidade local e sobreposições sobre o maior CAR de Campo Largo do Piauí/PI
................................................................................................................................................ 180
Figura 34 – CARs de Seringueiras/RO................................................................................... 181
Figura 35 – Maior CAR de Seringueiras/RO ......................................................................... 181
Figura 36 – Sobreposições sobre o maior CAR de Seringueiras/RO ..................................... 182
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Análise Geral do Estado do Amapá ........................................................................ 73


Tabela 2 – Quantidade e tamanho dos CARs de Calçoene/AP ................................................ 73
Tabela 3 - Quantidade e tamanho dos CARs de Macapá/AP ................................................... 75
Tabela 4 – Análise Geral do Estado do Amazonas .................................................................. 76
Tabela 5 - Quantidade e tamanho dos CARs de Barcelos/AM ................................................ 76
Tabela 6 - Quantidade e tamanho dos CARs de Barreirinha/AM ............................................ 78
Tabela 7 - Quantidade e tamanho dos CARs de Novo Airão/AM ........................................... 79
Tabela 8 – Análise Geral do Estado da Bahia .......................................................................... 80
Tabela 9 - Quantidade e tamanho dos CARs de Carinhana/BA ............................................... 81
Tabela 10 - Quantidade e tamanho dos CARs de Ibitiara/BA .................................................. 82
Tabela 11 - Quantidade e tamanho dos CARs de Salvador/BA ............................................... 83
Tabela 12 - Quantidade e tamanho dos CARs de Seabra/BA .................................................. 84
Tabela 13 - Quantidade e tamanho dos CARs de Simões Filho/BA ........................................ 86
Tabela 14 - Quantidade e tamanho dos CARs de Xique-Xique/BA ........................................ 87
Tabela 15 – Análise geral do Estado de Goiás ......................................................................... 88
Tabela 16 - Quantidade e tamanho dos CARs de Barro Alto/GO ............................................ 89
Tabela 17 - Quantidade e tamanho dos CARs de Cavalcante/GO ........................................... 90
Tabela 18 - Quantidade e tamanho dos CARs da Cidade Ocidental/GO ................................. 94
Tabela 19 - Quantidade e tamanho dos CARs de Mineiros/GO............................................... 96
Tabela 20 - Quantidade e tamanho dos CARs de Monte Alegre de Goiás/GO........................ 92
Tabela 21 - Quantidade e tamanho dos CARs de Nova Roma/GO .......................................... 97
Tabela 22 - Quantidade e tamanho dos CARs de Posse/GO .................................................... 98
Tabela 23 - Quantidade e tamanho dos CARs de Santa Rita do Novo Destino/GO .............. 100
Tabela 24 - Quantidade e tamanho dos CARs de São Luiz do Norte/GO ............................. 101
Tabela 25 - Quantidade e tamanho dos CARs de Teresina de Goiás/GO ................................ 93
Tabela 26 – Análise geral do Estado do Maranhão ................................................................ 102
Tabela 27 - Quantidade e tamanho dos CARs de Brejo/MA ................................................. 103
Tabela 28 - Quantidade e tamanho dos CARs de Palmeirândia/MA ..................................... 104
Tabela 29 - Quantidade e tamanho dos CARs de Rosário/MA .............................................. 106
Tabela 30 - Quantidade e tamanho dos CARs de Santa Rita/MA .......................................... 107
Tabela 31 - Quantidade e tamanho dos CARs de Vargem Grande/MA ................................. 108
Tabela 32 – Análise geral do Estado do Mato Grosso ........................................................... 109
Tabela 33 - Quantidade e tamanho dos CARs de Nossa Senhora do Livramento/MT .......... 110
Tabela 34 - Quantidade e tamanho dos CARs de Poconé/MT ............................................... 112
Tabela 35 – Análise geral do Estado do Pará ......................................................................... 113
Tabela 36 - Quantidade e tamanho dos CARs de Colares/PA ............................................... 114
Tabela 37 - Quantidade e tamanho dos CARs de Óbidos/PA ................................................ 115
Tabela 38 - Quantidade e tamanho dos CARs de Salvaterra/PA ........................................... 117
Tabela 39 - Quantidade e tamanho dos CARs de Santa Izabel do Pará/PA ........................... 118
Tabela 40 - - Quantidade e tamanho dos CARs de Santarém/PA .......................................... 120
Tabela 41 – Análise geral do Estado do Piauí ........................................................................ 121
Tabela 42 - Quantidade e tamanho dos CARs de Campinas do Piauí/PI ............................... 122
Tabela 43 - Quantidade e tamanho dos CARs de Campo Largo do Piauí/PI ......................... 123
Tabela 44 - Quantidade e tamanho dos CARs de Isaías Coelho /PI....................................... 124
Tabela 45 - Quantidade e tamanho dos CARs de Matias Olímpio /PI ................................... 125
Tabela 46 - Quantidade e tamanho dos CARs de Paulistana /PI ............................................ 126
Tabela 47 - Quantidade e tamanho dos CARs de Queimada Nova /PI .................................. 128
Tabela 48 – Análise geral do Estado de Rondônia ................................................................. 129
Tabela 49 - Quantidade e tamanho dos CARs de Costa Marques/RO ................................... 130
Tabela 50 - Quantidade e tamanho dos CARs de São Francisco do Guaporé/RO ................. 131
Tabela 51 - Quantidade e tamanho dos CARs de Seringueiras /PI ........................................ 133
Tabela 52 – Análise geral do Estado de Tocantins ................................................................. 134
Tabela 53 - Quantidade e tamanho dos CARs de Araguatins/TO .......................................... 135
Tabela 54 - Quantidade e tamanho dos CARs de Arraias/TO ................................................ 136
Tabela 55 - Quantidade e tamanho dos CARs de Dianápolis/TO .......................................... 138
Tabela 56 - Quantidade e tamanho dos CARs de Filadélfia/TO ............................................ 139
Tabela 57 - Quantidade e tamanho dos CARs de Muricilândia/TO ....................................... 140
Tabela 58 - Quantidade e tamanho dos CARs de Paranã/TO ................................................ 141
Tabela 59 - Quantidade e tamanho dos CARs de Santa Fé do Araguaia/TO ......................... 142
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ADA Ato Declaratório Ambiental


ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
AM Amazonas
AP Amapá
APP Área de Preservação Permanente
Art. Artigo
CAFIR Cadastro de Imóveis Rurais
CAR Cadastro Ambiental Rural
CCI Corregedor das Comarcas do Interior
CCIR Certidão de Cadastro de Imóvel Rural
CF Constituição Federal da República Federativa do Brasil
CGJ Corregedoria Geral de Justiça
CNIR Cadastro Nacional de Imóveis Rurais
CNJ Conselho Nacional de Justiça
CPI-SP Comissão Pró-Índio de São Paulo
CRA Cota de Reserva Ambiental
CRF Certidão de Regularização Fundiária
DP Declaração de Propriedade de Imóvel Rural
EUA Estados Unidos da América
FUNAI Fundação Nacional do Índio
GERA Grupo Executivo de Reforma Agrária
GO Goiás
ha Hectares
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBRA Instituo Brasileiro da Reforma Agrária
ID Identificador
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INDA Instituto Brasileiro de Reforma Agrária
IPAAM Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas
IPAM Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
ITR Imposto Territorial Rural
LAI Lei de Acesso à Informação
LGPD Lei Geral de Proteção de Dados
LSI-TEC Associação do Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológicos
m Metros
MA Maranhão
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MATOPIBA Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia
MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário
MMA Ministério do Meio Ambiente
MP Medida Provisória
MPF Ministério Público Federal
MT Mato Grosso
n. Número
NIRF Número do Imóvel na Receita Federal
OIT Organização Internacional do Trabalho
ONR Operador Nacional do Registro Eletrônico de Imóveis
PA Pará
PA Projeto de Assentamento
PI Piauí
PL Projeto de Lei
RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável
REURB Regularização Urbana
RFB Receita Federal do Brasil
RL Reserva Legal
RO Rondônia
SAEC Serviço de Atendimento Eletrônico Compartilhado
Séc. Século
SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente
SEMARH Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SEMAS/PA Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará
SERP Sistema Eletrônico dos Registros Públicos
SICAR Sistema de Cadastro Ambiental Rural
SIGEF Sistema de Gestão Fundiária
SINIMA Sistema Nacional de Informação sobre o Meio Ambiente
SINTER Sistema Nacional de Gestão de Informações Territoriais
SIRC Sistema Nacional de Informações de Registro Civil
SNCR Sistema Nacional de Cadastro Rural
SREI Sistema de Registro Eletrônico de Imóveis
SRF Secretaria da Receita Federal
SUPRA Superintendência de Política e Reforma Agrária
TAC Termo de Ajustamento de Conduta
TO Tocantins
LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE A – CAR e CCIR comparados à extensão territorial

APÊNDICE B – Comparação entre CAR e CCIR

APÊNDICE C – Área Consolidada comparada à extensão territorial

APÊNDICE D – Reincidência de Reserva Legal e Área de Preservação Permanente

APÊNDICE E – Cinco maiores CARs comparados à extensão territorial

APÊNDICE F – Cinco maiores CARs comparados à extensão dos demais CARs do município
LISTA DE ANEXOS

ANEXO A - Calçoene/AP – Cadastros Ambientais Rurais e 05 maiores CARs

ANEXO B - Macapá/AP – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO C - Barcelos/AM – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO D - Barreirinha/AM – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO E - Novo Airão/AM – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO F - Carinhanha/BA – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO G - Ibitiara/BA – Cadastros Ambientais Rurais e 02 maiores CARs

ANEXO H - Salvador/BA – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO I - Seabra/BA – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO J - Simões Filho/BA – Cadastros Ambientais Rurais e 02 maiores CARs

ANEXO K - Xique-Xique/BA – Cadastros Ambientais Rurais e 02 maiores CARs

ANEXO L - Barro Alto/GO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

ANEXO M - Cavalcante/GO – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO N - Monte Alegre de Goiás/GO – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO O - Teresina de Goiás/GO – Cadastros Ambientais Rurais e 02 maiores CARs

ANEXO P - Cidade Ocidental/GO – Cadastros Ambientais Rurais e 04 maiores CARs

ANEXO Q - Mineiros/GO – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO R - Nova Roma/GO – Cadastros Ambientais Rurais e 02 maiores CARs

ANEXO S - Posse/GO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

ANEXO T - Santa Rita do Novo Destino/GO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores


CARs

ANEXO U - São Luiz do Norte/GO – Cadastros Ambientais Rurais e 06 maiores CARs

ANEXO V - Brejo/MA – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO W - Palmeirândia/MA – Cadastros Ambientais Rurais e 06 maiores CARs


ANEXO X - Rosário/MA – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

ANEXO Y - Santa Rita/MA – Cadastros Ambientais Rurais e 05 maiores CARs

ANEXO Z - Vargem Grande/MA – Cadastros Ambientais Rurais e 07 maiores CARs

ANEXO AA - Nossa Senhora do Livramento/MT – Cadastros Ambientais Rurais e 05 maiores


CARs

ANEXO AB - Poconé/MT – Cadastros Ambientais Rurais e 05 maiores CARs

ANEXO AC - Colares/PA – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO AD - Óbidos/PA – Cadastros Ambientais Rurais e 04 maiores CARs

ANEXO AE - Salvaterra – Cadastros Ambientais Rurais e 04 maiores CARs

ANEXO AF - Santa Izabel do Pará/PA – Cadastros Ambientais Rurais e 05 maiores CARs

ANEXO AG - Santarém/PA – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

ANEXO AH - Campinas do Piauí/PI – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO AI - Campo Largo do Piauí/PI - Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO AJ - Isaías Coelho/PI – Cadastros Ambientais Rurais e 05 maiores CARs

ANEXO AK - Matias Olímpio/PI – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

ANEXO AL - Paulistana/PI – Cadastros Ambientais Rurais e 04 maiores CARs

ANEXO AM - Queimada Nova/PI – Cadastros Ambientais Rurais e 06 maiores CARs

ANEXO NA - Costa Marques/RO – Cadastros Ambientais Rurais e 04 maiores CARs

ANEXO AO - São Francisco do Guaporé/RO – Cadastros Ambientais Rurais e 07 maiores


CARs

ANEXO AP - Seringueiras/RO – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

ANEXO AQ - Araguatins/TO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

ANEXO AR - Arraias/TO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

ANEXO AS - Dianópolis/TO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

ANEXO AT - Filadélfia/TO – Cadastros Ambientais Rurais e 04 maiores CARs

ANEXO AU - Muricilândia/TO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

ANEXO AV - Paranã/TO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs


ANEXO AW - Santa Fé do Araguaia/TO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

ANEXO AX - Palmeirândia/MA – propriedades existentes na extensão do CAR

ANEXO AY - Araguatins/TO – propriedades existentes na extensão do CAR

ANEXO AZ - Araguatins/TO – propriedades existentes desde 2011 e 2013

ANEXO BA - Araguatins/TO – Certidão de Inteiro Teor do imóvel Matrícula n. X

ANEXO BB - Santarém/PA – propriedades existentes na extensão do CAR

ANEXO BC - Cavalcante/GO – propriedades existentes na extensão do CAR


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 19
2 CARACTERIZAÇÃO DO CENÁRIO AGRÁRIO BRASILEIRO ............................... 27
2.1 DA COLONIZAÇÃO À CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ..................................... 29
2.1.1 O regime das sesmarias ................................................................................................. 31
2.1.2 O regime das posses ....................................................................................................... 35
2.1.3 O regime da Lei de Terras de 1850 .............................................................................. 37
2.1.4 O regime republicano .................................................................................................... 41
2.1.5 A Constituição Federal de 1988.................................................................................... 47
2.2 MECANISMOS DE IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE TERRAS ............................ 50
2.3 O CADASTRO AMBIENTAL RURAL (CAR) ................................................................. 54
2.4 GRILAGEM DE TERRAS ................................................................................................. 59
3 O CADASTRO AMBIENTAL RURAL E A ASSERTIVIDADE DAS
INFORMAÇÕES LANÇADAS NO SISTEMA .................................................................. 62
3.1 A UTILIZAÇÃO DO CAR COMO INSTRUMENTO DE RECONHECIMENTO DE
DIREITOS POSSESSÓRIOS E O SEU DESVIO DE FINALIDADE: “REGULARIZAÇÃO”
DA GRILAGEM ...................................................................................................................... 62
3.2 METODOLOGIA UTILIZADA NO LEVANTAMENTO, COMPILAÇÃO,
TRATAMENTO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS .......................................................... 63
3.3 PREVISÃO DO CAR NOS CÓDIGOS DE NORMAS DOS ESTADOS ANALISADOS 67
3.4 ANÁLISE DE CASOS CONCRETOS ............................................................................... 72
3.4.1 Amapá ............................................................................................................................. 72
3.4.1.1 Calçoene ....................................................................................................................... 73
3.4.1.2 Macapá ......................................................................................................................... 74
3.4.2 Amazonas ....................................................................................................................... 76
3.4.2.1 Barcelos ........................................................................................................................ 76
3.4.2.2 Barreirinha .................................................................................................................... 77
3.4.2.3 Novo Airão ................................................................................................................... 79
3.4.3 Bahia ............................................................................................................................... 80
3.4.3.1 Carinhanha .................................................................................................................... 81
3.4.3.2 Ibitiara........................................................................................................................... 82
3.4.3.3 Salvador ........................................................................................................................ 83
3.4.3.4 Seabra ........................................................................................................................... 84
3.4.3.5 Simões Filho ................................................................................................................. 85
3.4.3.6 Xique-Xique ................................................................................................................. 87
3.4.4 Goiás ............................................................................................................................... 88
3.4.4.1 Barro Alto ..................................................................................................................... 88
3.4.4.2 Cavalcante .................................................................................................................... 90
3.4.4.3 Monte Alegre de Goiás ................................................................................................. 91
3.4.4.4 Teresina de Goiás ......................................................................................................... 93
3.4.4.5 Cidade Ocidental .......................................................................................................... 94
3.4.4.6 Mineiros ........................................................................................................................ 95
3.4.4.7 Nova Roma ................................................................................................................... 97
3.4.4.8 Posse ............................................................................................................................. 98
3.4.4.9 Santa Rita do Novo Destino ......................................................................................... 99
3.4.4.10 São Luiz do Norte ..................................................................................................... 100
3.4.5 Maranhão ..................................................................................................................... 102
3.4.5.1 Brejo ........................................................................................................................... 102
3.4.5.2 Palmeirândia ............................................................................................................... 104
3.4.5.3 Rosário ........................................................................................................................ 105
3.4.5.4 Santa Rita.................................................................................................................... 106
3.4.5.5 Vargem Grande........................................................................................................... 108
3.4.6 Mato Grosso ................................................................................................................. 109
3.4.6.1 Nossa Senhora do Livramento .................................................................................... 110
3.4.6.2 Poconé ........................................................................................................................ 111
3.4.7 Pará ............................................................................................................................... 113
3.4.7.1 Colares ........................................................................................................................ 113
3.4.7.2 Óbidos......................................................................................................................... 115
3.4.7.3 Salvaterra .................................................................................................................... 116
3.4.7.4 Santa Izabel do Pará ................................................................................................... 118
3.4.7.5 Santarém ..................................................................................................................... 119
3.4.8 Piauí .............................................................................................................................. 121
3.4.8.1 Campinas do Piauí ...................................................................................................... 122
3.4.8.2 Campo Largo do Piauí ................................................................................................ 123
3.4.8.3 Isaías Coelho .............................................................................................................. 124
3.4.8.4 Matias Olímpio ........................................................................................................... 125
3.4.8.5 Paulistana .................................................................................................................... 126
3.4.8.6 Queimada Nova .......................................................................................................... 127
3.4.9 Rondônia ...................................................................................................................... 129
3.4.9.1 Costa Marques ............................................................................................................ 129
3.4.9.2 São Francisco do Guaporé .......................................................................................... 131
3.4.9.3 Seringueiras ................................................................................................................ 132
3.4.10 Tocantins .................................................................................................................... 134
3.4.10.1 Araguatins ................................................................................................................. 134
3.4.10.2 Arraias ...................................................................................................................... 136
3.4.10.3 Dianópolis................................................................................................................. 137
3.4.10.4 Filadélfia ................................................................................................................... 138
3.4.10.5 Muricilândia ............................................................................................................. 140
3.4.10.6 Paranã ....................................................................................................................... 141
3.4.10.7 Santa Fé do Araguaia ................................................................................................ 142
4 ESCOLHA DOS IMÓVEIS PARA ANÁLISE SATÉLITE .......................................... 144
4.1 METODOLOGIA DE ANÁLISE APÓS A ESCOLHA DOS MUNICÍPIOS .................. 149
4.2 AMAZONAS – BARCELOS ........................................................................................... 151
4.3 PARÁ – SANTARÉM – APP ID N. 7590759 ................................................................... 155
4.4 RONDÔNIA – SÃO FRANCISCO DO GUAPORÉ ........................................................ 158
4.5 MARANHÃO - PALMEIRÂNDIA ................................................................................. 160
4.6 TOCANTINS - ARAGUATINS ....................................................................................... 165
4.7 PARÁ – SANTARÉM – CAR N. 5192E004BC54471C814813F0A396613C................. 169
4.8 GOIÁS - CAVALCANTE ................................................................................................ 172
4.9 PIAUÍ – CAMPO LARGO DO PIAUÍ ............................................................................. 177
4.10 RONDÔNIA - SERINGUEIRAS ................................................................................... 180
CONCLUSÕES..................................................................................................................... 183
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 197
APÊNDICES ......................................................................................................................... 214
ANEXOS ............................................................................................................................... 221
19

1 INTRODUÇÃO

Observando a formação histórica a partir da colonização do Brasil, que deu origem às


legislações agrárias brasileiras, nota-se que, o Estado, ao reger a relação jurídica entre
proprietário e possuidor no campo, não vincula tais relações sociais às condições fáticas
materiais, priorizando a proteção e regulação jurídica de relações sociais mais vantajosas às
classes específicas e à manutenção do sistema capitalista.
Percebe-se que a cada época a propriedade acaba desenvolvendo relações sociais
diferentes. E no contexto da ascensão capitalista alcançou a dissolução das antigas relações
econômicas conduzindo à acumulação do capital. Nesse contexto o capital surge como criador
da propriedade e da renda fundiária (HARVEY, 1990).

Embora muito se afirme que a origem do capitalismo advém das cidades e de suas
características de comércio e troca, o mais correto seria reconhecer que ele nasceu no campo,
da relação entre o trabalho dos produtores diretos – camponeses – e da apropriação do trabalho
excedente (meios extra-econômicos) pelos apropriadores, na maioria das vezes vinculados aos
poderes militares, judiciais e políticos (WOOD, 2000).

Na Inglaterra do século XVI, por exemplo, a base da economia emergente repousava


sobre a agricultura, vinculada à alta concentração da terra sob domínio desses apropriadores. E
apesar de as comunidades camponesas possuírem meios de regulamentar o uso da terra, as
pressões constantes por melhoramentos e aumento de produção passaram a influenciar os
tribunais e o parlamento. Essas transformações nas relações sociais de apropriação do
capitalismo resultaram no cercamento de terras – expropriações, extinção dos direitos
costumeiros de propriedade, imposição dos imperativos do mercado, destruição ambiental
(WOOD, 2000) - e busca por expansão comercial.

O cercamento de terras, de origem inglesa, rapidamente se expandiu, chegando às


colônias da América Latina por meio da Espanha, Portugal e França. Como consequência, não
diferente dos resultados da própria Inglaterra, as colônias da América Latina igualmente
passaram a sofrer com a expulsão dos homens da terra, esvaziamento cultural e significativas
perdas ambientais. E os expropriados, nesse contexto, se veem obrigados a aderir ao trabalho –
voluntário ou forçado – em favor desses colonizadores (SOUZA FILHO, 2015).

A colonização assume, portanto, um caráter de empreendimento comercial e a


dissolução feudal acelera a expropriação dos camponeses, que passam à categoria de
20

trabalhadores livres, disponíveis para o capital (SILVA, 2008). Mas essa transformação se dá
num processo repleto de luta de classes e de conflito social.

Ao se abordar a questão agrária no Brasil, é importante fazer uma intersecção entre a


história e o direito. O cenário rural histórico comprova a secular concentração do poder em prol
de senhores e grandes proprietários de terras, que, sem limites e mediante o uso da violência,
valiam-se de grilagens e cumplicidade de autoridades políticas, judiciárias e serventuários de
cartórios. A herança deixada por esse legado resultou em forte concentração fundiária, em um
cenário em que 77% das terras agricultáveis estão nas mãos do agronegócio (IBGE, 2017).

A medida em que a terra e a propriedade passam a ganhar posição central no avanço


capitalista, igualmente as tentativas de controle da terra ganham importância. E dentre os
cadastros existentes, cria-se, com o Código Florestal de 2012, o Cadastro Ambiental Rural. Mas
a primeira pergunta é se o CAR se enquadraria como instrumento de controle agroambiental ou
como mecanismo que favorece a grilagem.
A grilagem constitui-se em processo histórico secular de ocupação ilegal de terras
mediante os esforços dos senhores e possuidores para expandir suas propriedades, usurpando
direitos não somente de pequenos posseiros, que lutavam por legitimar suas justas ocupações
consagradas pelo costume, ou contra o Estado – no caso de terras devolutas – mas mediante
crime contra toda a nação.

No passado, o uso de técnicas simples para envelhecimento de documentos forjados


era o suficiente para legitimar a ocupação indevida da terra. Hoje, contudo, o sistema de
organização dos grileiros é complexo, valendo-se de ilegalidades e ações criminosas. E tais
irregularidades, em regra cometidas por homens de boa condição financeira, se fizeram sob a
escusa e tentativa de legitimação de suas ações utilizando-se do próprio conceito da propriedade
privada consagrada historicamente por legislações esparsas, alcançando hoje a própria
Constituição. Portanto, a grilagem é um antigo e enorme problema fundiário que se configura
como a ocupação e transferência ilegal de terras públicas para o patrimônio de terceiros.

É possível perceber, portanto, que o uso da terra, a exploração e a grilagem se


modificam ao longo do tempo, de acordo com os intentos dessa força econômica dominante,
instituindo regimes de propriedades de modo a melhor beneficiá-los, a exemplo da própria Lei
de Terras de 1850, que instituiu o regime de compra da terra (ASSELIN, 1982).

Nesse contexto, a exploração, uso da terra e a grilagem são problemas estruturais,


planejados e estimulados (ASSELIN, 1982). A terra, contudo, deveria ser destinada aos que
21

diretamente nela trabalham – seria um bem de produção e não de comércio. Estaria relacionada
à sobrevivência atual e futura. Sua função social visaria o bem estar social, o bem comum e a
convivência pacífica (BORGES, 1985).

Atualmente, as limitações impostas ao direito de propriedade encontram sua razão de


ser no interesse social, na utilidade ou necessidade públicas. Com a ideia do “Estado do Bem-
Estar Social” reforça-se também a necessidade de se obter a “função social” da propriedade,
abarcada pela Carta Magna de 1988, estando dentre as características de um Estado Jurídico
Social.

Na prática, a grande quantidade de alterações legislativas e mudanças estruturais


acabam por protelar ações de acompanhamento, demarcação, cadastramento,
georreferenciamento e titulação por parte do Estado. E diante da indefinição legal para o
controle das terras é que se fortalece a apropriação indevida de terras públicas – a grilagem
(ROCHA, et al, 2019).

Problema esse que, apesar de continuar incidindo principalmente sobre terras


devolutas não discriminadas e registradas, passa a modernizar seus procedimentos, a exemplo
da retificação de área para falsificar informações no Cartório de Registro de Imóveis, acordos
judiciais, reconhecimento de usucapião em terras públicas devolutas, transformação de posses
em registros, transformações de documentos registrados em cartórios de títulos e documentos
em matrículas no cartório de registro de imóveis, entre outras (ASSOCIAÇÃO DE
ADVOGADOS DE TRABALHADORES RURAIS DO ESTADO DA BAHIA, 2017).

Nesse sentido, um grande desafio é sistematizar as informações relativas à


incorporação e histórico das terras, facilitando o acesso às informações e aumentando a
transparência e publicidade de atos. Vale ressaltar que tal intenção de sistematização unificada
de governança de terras vem sendo discutido por grupo de trabalho interministerial para
integração dos sistemas de dados do setor rural, instituído pelo Decreto n. 11.071 de 2022.

A grilagem em terras devolutas e a regularização fundiária são assuntos pertinentes ao


Direito Agrário, abrangendo conflitos emergentes e o sistema judicial sobre o acesso e uso da
terra. Apenas a título de exemplo, até 31/08/2018, a Gerência de Política de Regularização
Fundiária da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Goiás constatou cerca de
1.100 processos judiciais abrangendo 24 municípios, sendo que quase 850 (oitocentos e
cinquenta) desses processos ainda aguardavam georreferenciamento. (GOIÁS, 2018)
22

Vislumbramos um país em que há enorme concentração fundiária em pleno século


XXI e que, ao mesmo tempo, iniciativas como a do PL 2.633/2020 (BRASIL, 2020), cunhado
como PL da Grilagem, e da PL 510/2021 (BRASIL, 2021), buscam “legalizar” tal prática, em
prejuízo do direito de todos ao acesso à terra e da função social da propriedade. Em agosto de
2021, inclusive, foi determinada a tramitação conjunta dos projetos, por tratarem de temas
correlatos.

Os PLs ainda favorecem a regularização da ocupação indevida de terras públicas, a


impunidade de crimes ambientais e facilita o desmatamento. E, como justificativa, de forma
contrária a seus conteúdos, afirma-se que tais projetos de lei representam meios capazes de
conciliar todas as facetas de um desenvolvimento sustentável, possibilitando a regularização
fundiária, sem abrir mão da proteção ambiental e ao trabalhador rural brasileiro.

Outro relevante mecanismo de controle atual da regularização fundiária é a Central de


Registradores de Imóveis, que “inclui medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais, com
a finalidade de integrar assentamentos (registros) irregulares ao contexto legal das cidades,
relacionados ao parcelamento do solo”. Agora, com a conversão da MP 1.085/21 na Lei 14.382
de 2022 (BRASIL, 2022), torna-se também obrigatório à todos os ofícios de registros a adesão
ao SERP – Sistema Eletrônico dos Registros Públicos (art. 4º, §1º), que busca modernizar e
simplificar os procedimentos de atos e negócios jurídicos vinculados aos registros públicos.

De outra parte, especificamente ao georreferenciamento, ainda se percebe lentidão na


sua aplicação efetiva, inclusive em razão do alto custo de implementação, que recai
exclusivamente sobre o produtor rural. Além disso, a Lei n. 13.838 de 2019 reforça o caráter
declaratório do processo, retirando força do procedimento ao permitir a declaração de
informações pelo proprietário sem necessidade de intimação dos confrontantes.

Ainda, a Lei n. 12.651 de 2012 - Código Florestal (BRASIL, 2012), em seu artigo 29,
criou o Cadastro Ambiental Rural – CAR, registro público eletrônico de âmbito nacional,
obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações
ambientais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e
econômico e combate ao desmatamento (caput), não configurando título para fins de
reconhecimento do direito de propriedade ou posse (art. 29, §2º).

O CAR é uma das tentativas de cadastro real da propriedade e, para fins de controle,
por exemplo, seria possível realizar sua conexão com o Imposto Territorial Rural – ITR, o que
23

facilitaria o uso das inscrições como referência de arrecadação e melhor controle da arrecadação
(INSTITUTO ESCOLHAS, 2019).

Observa-se, contudo, que em que pese tratar-se de importante ferramenta na avaliação


de regularização e de gestão ambiental, o CAR tem sido utilizado, muitas vezes, na tentativa de
grilagem de terras. Alguns juízes também têm reconhecido ações e direitos possessórios
baseados principalmente nos CAR, em detrimento de direitos advindos de política de reforma
agrária. Essa, inclusive, foi a situação ocorrida no Município de Afuá, no Pará, onde o juiz
determinou o despejo de uma família reconhecidamente beneficiada pelo Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária - INCRA em detrimento de um possível proprietário detentor
de um CAR. Dentre outras razões, tal situação justifica o entendimento da “farra do CAR” pois,
aquilo que deveria ser instrumento de regularização agroambiental, pode acabar resultando em
grilagens e conflitos (TRECCANI, 2018).

O processo colonial e as políticas governistas e legislações posteriores, unidos aos


sucessivos fracassos das políticas de reforma agrária, que, propositadamente ou não, nunca
foram efetivadas no país, resultaram em um cenário, ainda hoje, de conflitos agrários
envolvendo violências e criminalidade como a grilagem de terras.

A partir dessas constatações, a presente dissertação tem como tema a problemática da


identificação, controle e regularização das terras devolutas no Brasil, bem como os conflitos
oriundos do problema, apontando como principal, a grilagem. Como delimitação do tema, a
pesquisa trata das terras devolutas e da efetividade ou não do CAR, mediante amostragem em
alguns municípios da Amazônia Legal, MATOPIBA e Goiás.

Em Goiás, a ação política do Estado, principalmente através do projeto de


“modernização conservadora” de Pedro Ludovico Teixeira na década de 30, aparelhado à
política expansionista e da “Marcha para o Oeste” de Getúlio Vargas, propiciou a acumulação
de terras por meio da redução gradativa de impostos, intervenção no mercado de trabalho e
investimento da infraestrutura de transporte (RABELO, et al, 2004).

Tal avanço da fronteira agrícola no Estado envolveu o povoamento por posseiros e a


apropriação formal por grandes empreendimentos, resultando num alto índice de crescimento
populacional, na expropriação de posseiros e de pequenos proprietários, aumentando os
conflitos sociais entre fazendeiros e grandes empreendimentos contra grileiros e posseiros
(BORGES, 2010).
24

Ademais, a relevância, complexidade e dificuldade em se achar uma solução eficaz


para a regularização fundiária resta configurada, inclusive, pela grande quantidade de leis que
abordam o tema, tanto em nível nacional como estadual – no caso de Goiás.

Nesse sentido, para um adequado entendimento acerca da distribuição atual da terra


no Brasil se faz necessário compreender o contexto histórico e social da colonização do país. A
história do Brasil, embora curta se comparada a outras nações, revela uma carga pesada de
aplicação de institutos de ocupação de terras utilizados na Europa – principalmente em Portugal
- contudo, tendo sido desconsiderada a situação individual e peculiar do país, seus povos, sua
extensão territorial e multidiversidades culturais.

A regularização fundiária no país sofre, ainda hoje, influência do processo histórico de


distribuição de terras advinda do período colonial, seguida das posses, grilagens e conflitos
agrários, ao mesmo tempo em que se tentou e ainda se tenta regularizar o uso da terra, contudo,
de forma ainda não efetiva.

Em razão das falhas identificadas em relação a delimitação das terras devolutas do


Estado de Goiás, por exemplo, acabamos por enfrentar a violação de inúmeros direitos e nos
deparando com a judicialização dos conflitos agrários. A demora da solução do conflito, a
dificuldade na correta qualificação das partes envolvidas e a ausência de compromisso pelo
judiciário com a função socioambiental da terra - em prol da letra pura da lei – acabam por
consagrar a violência (TÁRREGA, 2015).

Dessa forma, o objetivo geral da pesquisa é compreender se o CAR tem alcançado seu
objetivo de integrar informações ambientais das propriedades rurais de modo efetivo e quais
impactos a (in) efetividade do cadastro pode gerar na violação (ou não) de direitos.
Especificamente, intenciona-se: a) Fazer uma revisão histórica sobre a formação do espaço
agrário brasileiro passando pela delimitação das terras devolutas; b) Apresentar um quadro atual
dos cadastros ambientais rurais, por amostragem, na Amazônia Legal, MATOPIBA e no Estado
de Goiás, identificado eventuais falhas que facilitem a grilagem por parte de terceiros e; c)
Analisar, à luz das informações dos objetivos anteriores, as imagens satélites de regiões com
possíveis irregularidades, buscando identificar sobreposições de terra ou loteamentos
irregulares para, em seguida, analisar as certidões de matrícula atualizadas desses imóveis,
buscando identificar a compatibilidade das informações do CAR, com as imagens do satélite e
com as informações constantes do Ofício de Registro de Imóveis.
25

Como referenciais teóricos, os estudos de Lígia Osório a respeito das terras devolutas
e latifúndio são importantes por, após apresentar um avanço histórico do uso da terra no Brasil,
usar a Lei de Terras de 1850 como marco de transição da transferência das terras do Estado
para o particular. A autora, afirma, contudo, que a legislação não conseguiu traspassar algumas
dificuldades inerentes à questão fundiária, sobretudo em razão da legalização de posses em
áreas que ainda careciam de delimitação.

Nesse momento, a regularização fundiária assumiu um papel secundário, atrás do


exercício do poder por uma elite que tinha interesse no uso mercantilista da terra e de
latifúndios, sendo necessário, portanto, ainda hoje, uma atuação no sentido de reestruturar a
questão fundiária no país.

Pretende-se utilizar também a teoria da colonialidade do poder, de Aníbal Quijano,


que analisa a influência eurocentrista sob a estrutura histórica e social nos países da América
Latina, tendo como cerne a classificação da população mundial por raça. Tal dominação
colonial refletiu, inclusive, sobre as tentativas revolucionárias e de redistribuição do poder no
Brasil, permitindo ao homem permanecer desterrado em sua própria terra.

Além disso, o autor reforça a relação do poder com o capital e, no Brasil, a terra possui
valor de mercado, de sorte que quem tem terra, tem capital, e assim, tem poder. Por essa razão,
a história da delimitação de terras devolutas no país é permeada de lutas e conflitos e carece,
ainda hoje, de uma solução efetiva.

Para o desenvolvimento do trabalho, utilizou-se o método de pesquisa documental,


com análise qualitativa, com a finalidade de se realizar um estudo mais profundo das relações
sociais concernentes à reforma agrária e à distribuição de terras na região da Amazônia Legal,
MATOPIBA e Goiás, visando produzir maior conhecimento, perspectivas, senso crítico e
interpretações sobre tais fenômenos, contribuindo para o progresso do entendimento de tal
processo (IGREJA, 2017).

A pesquisa documental consiste em um método autônomo ou complementar –


fundamentando dados – mediante a utilização de documentos obtidos por exaustiva e rigorosa
seleção e que não tenham sido ainda sujeitos à avaliação analítica, direcionando-os ao auxílio
da compreensão dos objetos do estudo (CECHINEL, et al, 2016).

Após levantamento dos documentos, fez-se uma análise qualitativa no material


coletado mediante análise crítica do documento, exame do contexto em que foi produzido,
consideração do perfil de seu autor e zelo pela autenticidade e confiabilidade das informações,
26

visando corroborar na compreensão do problema jurídico do trabalho, inclusive, modificando


ou enriquecendo seu questionamento, se necessário (CELLARD, et al, 2008).

Dessa forma, como caminho metodológico, procedeu-se uma revisão bibliográfica


para a construção da parte teórica do trabalho, levando a um melhor entendimento da formação
do espaço agrário no país, visando constatar se há ou não violação de direitos decorrentes dessa
delimitação das terras devolutas.

Fez-se então um levantamento dos cadastros ambientais rurais realizados nas regiões
indicadas (10 estados e 49 municípios), especificamente em municípios onde existem
comunidades quilombolas, por tratarem-se de áreas, em geral, fragilizadas, de difícil controle
estatal, objetos de sobreposição, grilagem e violência.

Nesse sentido, o CAR para os povos tradicionais pode vir a ter relação com o próprio
reconhecimento ou perda efetiva de território, cabendo ressaltar que diferentes povos
tradicionais podem possuir riscos distintos. A título de exemplo, os indígenas, a despeito das
violações sofridas, possuem reconhecimento legal nacional e internacional mais amplo que as
demais comunidades, além de contar com o suporte da Fundação Nacional do Índio – FUNAI,
órgão indigenista oficial do Estado brasileiro, criado pela Lei n. 5.371 de 1967 (BRASIL, 1967).

Os remanescentes das comunidades de quilombos, contudo, apesar do reconhecimento


da propriedade definitiva previsto no art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias – ADCT, se encontram em um cenário de risco distinto, uma vez que não possuem
especificação jurídica ou administrativa territorial definida, localizados em áreas desprotegidas
e sem reconhecimento efetivo (SOUZA FILHO e ROSSITO, 2016).

Além disso, apesar do impacto direto que o Código Florestal e o CAR sobre as
comunidades quilombolas e demais povos tradicionais, seus direitos relacionados à consulta
prévia, livre e informada previstos na Convenção n. 169 da Organização Internacional do
Trabalho – OIT, não foi observado. O processo sociopolítico na elaboração da Lei n. 12.651 de
2012, na verdade, acabou privilegiando mais o uso individual da terra (MAIA e CASTRO DA
PAZ, 2022).

Foi feito então o mapeamento dos cadastros e identificadas, em seguida, possíveis


fragilidades de sobreposição e informações contraditórias, fatores que podem acabar
favorecendo a grilagem por meio do CAR, envolvendo, ainda, dados de institutos como o
INCRA, para enriquecer a pesquisa.
27

2 CARACTERIZAÇÃO DO CENÁRIO AGRÁRIO BRASILEIRO

Uma das mais antigas referências à propriedade da terra pode ser encontrada na própria
Bíblia Sagrada, no Velho Testamento, onde, logo após a criação dos céus e terra, homem e
mulher, em Gênesis, capítulo, versículo 28, Deus diz: “Crescei e multiplicai-vos e enchei a terra
e sujeitai-a”. A Bíblia não afirma tratar-se a terra de propriedade individual, comum ou coletiva.
Não há nenhuma indicação de que esta propriedade fosse individual, comum ou coletiva. No
livro de Números, contudo, foi determinado a Moisés que, após cruzar o Jordão e entrar em
Canaã, repartisse a terra por sorte entre as doze tribos de Israel (VAZ, 1992).

Nesse sentido, a teoria de John Locke acerca da propriedade respalda-se exatamente


na origem divina do legado concedido a Adão e à sua descendência. Nesse período, denominado
por Locke como “primeiro povoamento do grande comum do mundo”, a natureza oferecia terra
e alimentos na medida das necessidades do homem (LOCKE, 2007). Quando, porém, passou-
se a empregar o trabalho para se produzir mais do que se podia consumir, ocorreu a ruptura
com o equilíbrio, a partir de onde surge a noção de maiores posses e de novos direitos sobre ela
(VAZ, 1992).

Já entre gregos e romanos antigos, entendia-se que as primitivas populações da Grécia


e da Itália sempre conheceram e praticaram a propriedade privada, instituição intimamente
ligada à religião doméstica e à família. O historiador Fustel de Coulanges defendia que a ideia
de propriedade privada estava na própria religião, pelo fato de cada família ter seu lar e seus
antepassados.

O culto aos deuses pressupunha um lugar fixo e, ao assentar-se no lar, acreditavam


instalar-se nele o Deus, enquanto existisse a família e fosse conservada a sua chama em
sacrifício. O lar tomava posse do solo, fixando a família àquele lugar do qual só poderia afastar-
se por necessidade, quando o inimigo a expulsasse ou a terra não a pudesse mais alimentar
(VAZ, 1992).

Já para ENGELS (1986), a concepção materialista da história, inclusive as relações


familiares e sociais, bem assim o seu desenvolvimento, tem como fatores decisivos a produção
e a reprodução da vida humana e dos meios de subsistência. A conservação de todas essas
riquezas em propriedade particular das famílias golpeou a sociedade alicerçada no matrimônio
sindiásmico e na gens baseada no matriarcado e no direito de herança por ele conferido.
28

Para DINIZ (2015), na era romana preponderava um sentido individualista de


propriedade, apesar de ter havido duas formas de propriedade coletiva: a da gens e a da família.
Nos primórdios da cultura romana a propriedade era da cidade ou gens, possuindo cada
indivíduo uma restrita porção de terra (1/2 hectare), e só eram alienáveis os bens móveis. Com
o desaparecimento dessa propriedade coletiva da cidade, sobreveio a da família, que,
paulatinamente, foi sendo aniquilada ante o crescente fortalecimento da autoridade do pater
familias.

Com o enriquecimento de alguns, passou-se a justificar a aquisição de bens privados


pelo roubo e pela violência. Nesse momento, o Estado aparece não apenas como uma instituição
que perpetua a divisão da sociedade em classes, mas também que assegura a exploração da
riqueza por aqueles que a detêm.

Nesse sentido, a desigualdade das riquezas acabou por acarretar na concentração da


propriedade privada do solo sob o domínio de poucos, que passaram a exercer um controle cada
vez maior sobre os meios de produção. A partir daí surgem os grandes latifúndios, a propriedade
territorial, a hipoteca e a disponibilidade dos bens imóveis. Essa sociedade moderna, advinda
dessas condições econômicas, separa-se em homens livres e ricos e escravos pobres. Nesse
contexto o Estado emerge como o “terceiro poder”, destinado a suprimir as lutas de classe
(VAZ, 1992).

Percebe-se, assim, que as sociedades cultivaram conceitos de propriedade distintos do


atual entendimento, com forte feição comunitária. O que não foi diferente no Brasil. Como
exemplo, DUARTE (2018) apresenta as sociedades indígenas que habitavam nosso território
antes da colonização portuguesa, em especial as do tronco tupi, onde as porções de terra
pertenciam à tribo, assim como as habitações, que normalmente eram comunitárias, sendo
ocupadas por diversas famílias da tribo, sem que ao menos houvesse divisão entre elas. Apenas
poucos utensílios restringiam-se ao uso individual do indígena.

DINIZ (2015) defende que, no início das civilizações, as formas originárias da


propriedade tinham uma feição comunitária, havia domínio comum das coisas úteis, entre os
que habitavam a mesma oca, individualizando-se, tão somente, a propriedade de certos móveis,
como redes, armas e utensílios de uso próprio. O solo, por sua vez, era pertencente a toda a
tribo e isso, temporariamente, porque nossos índios não se fixavam na terra, mudavam de cinco
em cinco anos.
29

Já no Brasil Colônia verificaram-se as primeiras formas individuais do exercício da


propriedade. Nessa linha de raciocínio, essa primeira seção tratará de um breve histórico a
respeito da colonização do Brasil, passando pelos regimes das sesmarias, das posses, da Lei da
Boa Razão de 1769 até a República e a Constituição Federal de 1988, com vistas a atender o
primeiro objetivo específico dessa dissertação.

Buscar-se-á, portanto, compreender a formação do espaço agrário brasileiro e da atual


concentração fundiária e os problemas fundiários, como oriundos de um processo histórico
avalizado pelo Estado e pelo Direito. Além disso, essa seção também promove o entendimento
sobre o Cadastro Ambiental Rural, com a sua conceituação e aplicação legal, bem como
problematizando as falhas do CAR e contextualizando a sua (in) efetividade. Além disso, traz
aspectos essenciais sobre a grilagem de terras no país.

2.1 DA COLONIZAÇÃO À CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

No Brasil, até o século XV, não existia a propriedade privada, sagrada, individual e
absoluta da terra no território brasileiro, já que os povos originários que aqui habitavam viviam
de forma coletiva, sem interesse de lucro. O espaço rural brasileiro formou-se a partir da
colonização, uma vez que esse foi o processo em que os portugueses chegaram neste território
e os declararam como conquistado, povoando e desenvolvendo a terra de acordo com os seus
interesses econômicos (FARIA, FERREIRA e TÁRREGA, 2018).

Inicialmente, os portugueses tentaram o comércio com os povos originários, no


entanto, ao perceberem a dimensão territorial, bem como todas as riquezas naturais existentes,
especialmente o ouro, resolveram ocupar a terra, expulsar e tentar escravizar os indígenas, bem
como criaram uma das mais degradantes formas de trabalho de todos os tempos: a escravidão
dos povos africanos.

Sobre o tema, Faria (2019, p. 440) leciona que: “(...) A escravidão significou uma das
mais cruéis formas de submissão do trabalho humano, condição que negava aos africanos
escravizados, além da liberdade, o mínimo de dignidade humana. O escravo era considerado
propriedade, uma coisa, alienável e sem direitos, objeto de comercialização, uma mercadoria
(...)”.

Como forma de ocupar, explorar e expandir os seus domínios, a Coroa Portuguesa


aplicou o sistema sesmarial, modelo que consistia em doar uma porção de terra a um nobre que
30

dela pudesse cuidar, desenvolver economicamente e retornar parte do lucro à Coroa Portuguesa.
Esse sistema, aliado a formação das Capitanias Hereditárias, que originaram os Estados da
Federação de hoje, originou o problema do latifúndio (grande porção da terra nas mãos de um
único proprietário), em contradição ao minifúndio (pedaço de terra muito pequeno, no qual o
agricultor às vezes não conseguia tirar dela nem o próprio sustento (FARIA, FERREIRA e
TÁRREGA, 2018).

A Constituição Imperial de 1824, primeira Carta Magna do país, em seu art. 179, XXII,
garantia o direito individual e absoluto da propriedade privada, seguindo os direcionamentos
do direito europeu da época (BRASIL, 1824). Mesmo com a abolição da escravidão no Brasil,
o direito de propriedade continuou absoluto, sendo que a terra passou a ser comercializada,
conforme dispôs a Lei de Terras de 1850 (SOUZA FILHO, 2003).

Após a ruptura com o Instituto da sesmaria, a partir da independência do Brasil, em


1822, e com a Constituição Imperial de 1824, bem como a mercantilização da terra promovida
pela Lei de Terras de 1850, práticas como a concessão de terras como poder político, a
supremacia da propriedade sobre o trabalho e a criação de latifúndios se consolidaram, restando
perceptíveis até hoje, bem como o problema com a grilagem de terras, que passou a se constituir
como modo de fraudar a legislação, invadir e explorar terras indiscriminadamente (ROCHA, et
al, 2017).

É importante ressaltar que, o Código Civil de 1916 avalizava o conceito absoluto de


propriedade e o Código de Processo Civil de 1973 tratava de regrar os procedimentos para a
consolidação e manutenção desse direito, sendo que a Constituição Federal de 1988 criou ainda
mais limites ao direito de propriedade.

Nesse sentido, a Constituição passou a prever a função social tanto da propriedade


urbana, quanto rural, bem como a relativizar o caráter absoluto da propriedade privada, uma
vez que limitou a degradação ambiental, estabeleceu regras importantes no âmbito do direito
do trabalho e reconheceu as propriedades coletivas, dos povos indígenas e quilombolas
(SOUZA FILHO, 2018).

O Código Civil de 2002 e as alterações no Código de Processo Civil de 1973 tiveram


que fazer as adaptações necessárias na legislação brasileira a respeito do direito de propriedade,
para que obedecessem à Carta Maior de 1988, também chamada de Constituição Cidadã. No
mesmo sentido seguiu a promulgação do Código de Processo Civil de 2015.
31

2.1.1 O regime das sesmarias

No século XVI, em razão das transformações comerciais e econômicas capitalistas, o


sistema colonial incorpora-se ao processo de acumulação de riquezas da Europa, passando-se à
colonização das terras por meio da expansão comercial (SILVA, 2008).

Historicamente, é importante compreender que as grandes navegações portuguesas e


espanholas fortaleceram e expandiram o capitalismo. Diante das contradições mercantis entre
aquelas nações, após se estabelecer o Tratado de Tordesilhas, recaiu sobre Portugal a
responsabilidade de uma terra considerada inicialmente pobre em metais e extensa.

Com a chegada dos portugueses, em abril de 1500, o Brasil deixa de gozar da


autonomia de sua própria terra, iniciando-se um processo de longos séculos de exploração e
grilagem que, com o decorrer do tempo, passam a articular as forças econômicas de forma a
constituir a elite dominante.

O Brasil tornou-se uma colônia de Portugal e a Carta Foral de 06/10/1531 instituiu no


país o sistema sesmarial de distribuição de terras, mediante concessões gratuitas a homens de
posses. Havia, contudo, condições para o uso da terra e sua inobservância resultaria na
caducidade do direito, podendo o rei retomar tais terras, que passavam a denominar-se terras
devolutas (ROCHA, et al, 2019).

Para a ocupação dessa grande faixa de terras, introduziu-se no Brasil-Colônia a


agricultura em larga escala. E, em seguida, a elite portuguesa inicia a formulação de leis que
procuram justificar seus interesses e as novas instituições socioeconômicas (CUNHA, MAIA,
2016). Portugal, ao criar o instituto da sesmaria em 1.375, ainda debaixo de um modelo feudal
de produção, por ordenamento do Rei Dom Fernando I, objetivava conter o êxodo rural,
forçando proprietários a lavrar suas terras sob pena de expropriação, para resolver o problema
da alimentação no país.

No Brasil-Colônia, contudo, a implantação das sesmarias foi resultado e fomentou


ainda mais o processo de acumulação de riqueza capitalista e mercantilista. Em razão da
necessidade de ocupação e colonização dessa nova colônia, passou-se a estimular a exploração
da terra por concessões de sesmarias, sem se transferir o domínio das propriedades não
cultivadas, podendo o Estado revogar tais sesmarias, configurando-se, assim, a terra devoluta.
É a gênese do latifúndio no Brasil (CUNHA, MAIA, 2016).
32

Nesse sentido, as sesmarias compunham o corpo de leis das Ordenações Filipinas de


1.603, utilizada como forma de ocupação de terras não cultivadas em Portugal, tornando-se um
dos eixos tradicionais do sistema colonial. Contudo, sua implantação no Brasil deixou de
considerar inúmeros diferentes contextos, como extensão territorial e cultura tradicional, que
viriam, posteriormente, a resultar em um quadro de desigualdade e violência (MOTTA, 2012).

A sesmaria em Portugal foi implantada sob o reinado de D. Fernando, no ano de 1.375


sob condições completamente diferentes daquelas do Brasil – buscando salvar a agricultura
decadente e a escassez de alimentos e evitar o êxodo rural (ALVES, 1995). Assim, embora ao
final do século XIV a sesmaria tenha resultado na construção da pequena propriedade em
Portugal, no Brasil ela foi causa do latifúndio (SILVA, 2008).

A sesmaria durou cerca de 300 anos, mais do qualquer outro regime vivido no Brasil.
Mas sua extensão temporal não se relacionou com formas lineares de concessão, que se
alteravam, adequando-se à conjuntura do período. Durante todo esse prazo de vigência, mesmo
que composto por diferentes fases, sempre se fez presente o sistema de exploração.

A grande preocupação no regime sesmarial foi dar uso produtivo à terra, demandando-
se que ela fosse lavrada e semeada. Assim, a formação da propriedade agrária relaciona-se com
o próprio sistema de exploração e a regularização fundiária surge como parte do interesse da
própria exploração (MOTTA, 2012). O latifúndio surge, portanto, como parte do processo de
produção econômica. (SILVA, 2008).

Como havia um desinteresse pela ocupação da Colônia, o rei português resolveu, em


1.534, dividir o território brasileiro em Capitanias Hereditárias, deixando seu uso e ocupação
sob a responsabilidade de terceiros com condições econômicas e financeiras de explorar a terra.
No século XVIII, contudo, a Colônia passa por um crescimento populacional, territorial e
econômico, que acabaram por gerar afluxos espontâneos e desordenados, aumentando os casos
de posses por pequenos lavradores. A posse passa, então, a conviver consuetudinariamente com
o sistema sesmarial, como forma de acesso à terra (SILVA, 2008).

A esse ponto, a demarcação e medição das terras tornou-se um grave problema entre
sesmeiros e posseiros, havendo dificuldade pelas autoridades em identificar os ocupantes das
terras, ao tempo em que se passava a doar terras sobrepostas e a apropriação territorial se via
confusa numa profusão de leis e regulamentos que não eram cumpridos (SILVA, 2008).

Em um determinado momento, a grande extensão da terra e a expectativa de retorno


com a cana-de-açúcar fez com que a Coroa não se importasse com o descumprimento de suas
33

exigências. Com o início da exploração do ouro, contudo, Portugal tenta retomar a apropriação
territorial (SILVA, 2008).

Inicialmente, duas recomendações eram feitas nas Ordenações: um prazo estipulado


para o aproveitamento e um tamanho segundo a possibilidade de aproveitamento. Tais
recomendações, contudo, acabavam sendo desprezadas pelas autoridades coloniais, inclusive
em razão das definições vagas das cartas de doação, o que dificultava seu controle.

Além disso, passou a ser difícil controlar também as compras e vendas de sesmarias
que apareciam nos forais dos donatários das capitanias, o que era facilitado pelo fato de a
legislação não impedir o recebimento de mais de uma sesmaria por beneficiário. E tal situação,
por consequência e como que em um ciclo, alcançava o tamanho da sesmaria, que não possuía
limite para doações (SILVA, 2008).

Assim, visando desestimular a manutenção de terras improdutivas e coibir abusos


quanto à venda das sesmarias, para sesmarias concedidas após a promulgação da Carta Régia
instituiu-se um foro e a exigência de autorização do governo para transmissões de concessões,
limitando-se também o tamanho das concessões. A aplicação da norma vinculava-se ao registro
e à medição e demarcação das terras. Tais exigências, contudo, sofreram ataques e resistência
pois o foro prejudicava o lucro dos proprietários, o registro era moroso e a confirmação era feita
por Lisboa (SILVA, 2008).

As terras devolutas relacionavam-se, inicialmente, às terras devolvidas,


principalmente em razão de seu não cultivo, retornando à propriedade do rei para ser novamente
concedida por nova sesmaria. Observa-se, porém, que as terras devolutas passaram a ser
relacionadas com terras livres, alinhando-se à expansão em áreas que não estivessem ocupadas.
Assim, os princípios consagrados às sesmarias vão se demonstrando insuficientes à ocupação
das terras, passando por agravamento de conflitos (MOTTA, 2012).

Visando dirimir tais problemas, editou-se a Carta Régia de 1702, determinando a


demarcação de terras pelos sesmeiros. Mais tarde, os princípios da lei de sesmarias passam a
reconhecer o domínio unicamente sobre áreas cultivadas, não alcançando terras que tenham
sido laboradas por terceiros. A história e interpretações conflitantes sobre a ocupação da terra,
contudo, não deixaram de ocorrer (MOTTA, 2012).

A obrigatoriedade da demarcação da terra, portanto, aparece como importante


condição para dirimir conflitos. As normas reais que foram sendo promulgadas visavam medir
e demarcar terras para, em seguida, conceder títulos legítimos. E a Coroa buscava limitar e
34

controlar a concessão das terras, até mesmo como proclamação de seu poder, constrangendo
assim, sesmeiros a cumprir as bases constitutivas da propriedade para que pudessem ser
reconhecidos como legítimos detentores (MOTTA, 2012).

O procedimento de medição e demarcação era extremamente oneroso e ocorriam


confirmações de direitos contraditórios entre pedidos iniciais e concessões chanceladas. Tais
situações levavam à desconfiança da eficácia das demarcações (MOTTA, 2012).

Nesse contexto, a posse, embora indefinida, passava a ganhar força como mecanismo
de expansão colonial. E não era elemento do pequeno, mas também dos grandes, tornando-se
um costume e parte do processo de uso da terra, assumindo, portanto, a forma de um direito
consuetudinário. Sesmarias caídas em comisso e posse se uniam e, depois, com a lei de terra,
seriam reconhecidas (MOTTA, 2012).

Tal configuração da posse como costume acaba sendo referendada pela Lei da Boa
Razão de 1769, que apresentava alguns requisitos para seu reconhecimento, tais como a
racionalidade, o cultivo e a antiguidade da ocupação. Assim, a partir da Lei da Boa Razão, a
posse passa a ter aceitação jurídica e reconhecia o direito dos que ocupavam a terra.

Se a posse era um direito consuetudinário e parte de apropriação da terra, admitido em


nosso sistema jurídico como fonte de direito, ela deveria ter outro lugar no direito hoje, que não
a simples legalidade. Ocorre que muitos sesmeiros, herdeiros de sesmarias concedidas e
titulares de sesmarias adquiridas por compra, visando transmitir seu patrimônio, passaram a
tentar titular suas sesmarias.

Existia ainda a preocupação com a existência de áreas não ocupadas sujeitas às


tentativas de aquisição por lavradores, até mesmo como forma de se buscar uma ascensão social
que a concessão da terra propiciava. Os sesmeiros buscam, então, um título legítimo em um
contexto de conflitos e disputas pelo acesso à terra (MOTTA, 2012).

Algumas terras, contudo, já eram ocupadas por posse há mais de 60 anos, situações
em que as terras lhes eram legalmente asseguradas. Tal cenário aumentava a potencialidade dos
conflitos, as disputas nas fronteiras, discussões sobre a legalidade da ocupação e sobreposição
de terras (MOTTA, 2012).

No século XVIII a colônia passa, portanto, por significativas alterações que acabam
refletindo na apropriação territorial, e um dos efeitos mais significativos é exatamente a
disseminação da posse pura e simples. A posse foi uma importante forma de apropriação no
meio pecuário e uma forma de ocupação de pequenos lavradores que não possuíam condições
35

de solicitar sesmarias. Na agricultura, contudo, a posse acaba se direcionando a grandes


latifúndios (SILVA, 2008).

Nesse contexto, a demarcação das terras acaba gerando graves problemas envolvendo
sesmeiros e posseiros e as autoridades se arriscavam a doar em sesmarias terras já doadas ou
ocupadas. Como a legislação portuguesa, num primeiro momento, não legitimava a posse, as
decisões acabavam favorecendo os sesmeiros. Cenário esse que começa a mudar em 18 de
agosto de 1769, com a Lei da boa Razão, sancionando o costume, desde que conforme à boa
razão e ao espírito da lei (SILVA, 2008).

2.1.2 O regime das posses

Com o advento da Resolução n. 76, de 17/07/1822, 52 dias antes da independência do


Brasil, Dom Pedro de Orleans e Bragança suspendeu o sistema de sesmarias e começou a viger
o regime de posse – primeiro se explorava a terra para só depois legalizá-la. Assim, o Novo
Estado surge sem lei a regular a aquisição originária (ROCHA, et al, 2019).

A Constituição de 1824 necessitava de regulamentação, sobretudo por dar caráter


absoluto ao direito de propriedade. Definiu-se então terras devolutas como as legalmente não
adquiridas, de domínio público, e, visando impedir a propriedade pela simples ocupação,
estabeleceu-se a forma das concessões onerosas. A legitimidade de posse pelo reconhecimento
do domínio, advinda da produção da terra devoluta pelo trabalho do ocupante e de sua família
que nela morassem permanentemente continuava sendo aceita (SOUZA FILHO, 2003).

Em 1822, mediante medida suspensiva de doação, pela Resolução 76 de


responsabilidade de José Bonifácio de Andrada e Silva, deixa de viger o sistema sesmarial e,
coincidindo com a transferência da Corte portuguesa, inicia-se uma série de concessões
descontroladas de terras, sendo que até 1850, a posse ganha posição de destaque (SMITH,
1990).

Assim, apesar de a Constituição de 1824, em seu art. 179, inciso XXII prever o direito
de propriedade em sua plenitude, ela permanece omissa no sentido da busca pela solução da
apropriação da terra e da forma de abordagem da questão fundiária, que dependia do Estado
para legitimar a propriedade. Dessa forma, a abordagem do tema se protrai, até mesmo para não
desestabilizar o poder estatal (SMITH, 1990).
36

Evidenciado no intervalo de 1822 a 1850, é possível perceber, portanto, que as


sesmarias não são as únicas responsáveis pelo latifúndio. O amplo processo de apossamento de
terras relaciona-se com a formação do latifúndio, que avança de modo a, até mesmo, expulsar
pequenos posseiros (SMITH, 1990).

Assim, o cenário das propriedades e da estrutura fundiária brasileira encontrava-se


distribuída entre terras na posse de particulares sob o regime sesmarial integral; terras na posse
de particulares originárias de sesmarias, mas sem doação definitiva; terras ocupadas por
particulares mediante posse sem o título aquisitivo de propriedade; terras públicas desocupadas
não doadas e terras devolutas (CUNHA, MAIA, 2016).

Essa confusa distribuição das terras, somada às contradições de interesses entre a


cultura de exportação - defendida pelos grandes proprietários - e a cultura de subsistência,
necessária aos pequenos e médios proprietários, resultou em conflitos de classes e na
multiplicação dos litígios agrários. Diante desse cenário, novamente buscando proteger relações
sociais vantajosas à burguesia agrária, cria-se uma nova regulação jurídica de controle fundiário
e exploração agrícola.

Começa-se a discutir o projeto n. 94 de 1843, que viria a se transformar na Lei n. 601


de 1850, ou seja, um projeto que tramitou durante sete anos até sua aprovação. Em relação às
terras do Estado, o projeto discriminava terras devolutas e proibia sua aquisição, senão pela
compra. Em relação à legitimidade, revalidava sesmarias caídas em comisso e reconhecia as
posses com mais de ano e dia no limite de meia légua quadrada (cerca de 2.178 ha), sem fazer
restrições ao número de posses por indivíduo. Percebe-se, portanto, que o Brasil havia escolhido
o latifundiário como beneficiário do acesso à terra, de modo que a norma em comento, na
verdade, tinha, entre seus objetivos, impedir o acesso à terra para os pobres - por isso o preço
estipulado era muito maior que o dos Estados Unidos da América - EUA, sendo ainda
obrigatório seu pagamento à vista (TRECCANI, 2001).

A proposta do projeto desconsiderava a necessidade de discriminar as terras estatais.


A venda era uma solução interessante para agricultores e colonos, que aceitaram sem problemas
essa possibilidade, até mesmo por não se fazer necessário discutir aspectos sensíveis da
regularização. Na verdade, a ação do governo no sentido de revalidar, legalizar e vender as
terras, além de torná-la escassa, também a valorizava (SMITH, 1990).

A legitimação das posses e das sesmarias caídas em comisso, contudo, via-se envolta
em problemas que incluíam títulos perdidos, conflitos entre sesmeiros, pendências em heranças
37

e novas demarcações desfavoráveis a pequenos proprietários. Ainda assim, caberia aos próprios
sesmeiros e posseiros que se encontrassem em etapa de regularização da propriedade, indicar e
demarcar suas terras (SMITH, 1990).

2.1.3 O regime da Lei de Terras de 1850

As terras devolutas do Império restaram definidas pela Lei n. 601 de 1.850 (BRASIL,
1850), tidas como aquelas sem uso público nacional, provincial ou municipal, que não
estivessem sob o domínio particular por qualquer título ou não havidas ou dadas por sesmarias
ou outras concessões do Governo, que não estivessem caídas em comisso e que não se achassem
ocupadas por posses, que mesmo não sendo título legal, fossem legitimadas (art. 3º).

A Lei disponha ainda sobre terras possuídas por título de sesmarias sem preenchimento
das condições legais, devendo ser medidas e demarcadas, bem como sobre as terras possuídas
por simples títulos de posse mansa e pacífica. Com o advento da Lei, as aquisições das terras
devolutas passam a se dar exclusivamente por título de compra (art. 1º) e os que se apossassem
de novas terras, derrubassem seus matos ou ateassem nelas fogo, poderiam ser condenados ao
despejo, perda das benfeitorias, prisão e multa (art. 2º), restando criminalizadas as novas
ocupações.

Sesmarias ou outras concessões cultivadas ou mesmo que com simples princípios de


cultura e morada habitual, mesmo que não cumpridas outras condições da concessão, seriam
revalidadas (art. 4º), bem como legitimadas as posses mansas e pacíficas adquiridas por
ocupação primária ou havidas do primeiro ocupante, se cultivadas ou com simples princípio de
cultura e morada habitual do posseiro ou de seu representante (art. 5º).

Cada posse compreenderia o terreno aproveitado e seu tamanho correspondente em


terreno devoluto, desde que não excedesse, em extensão, o equivalente a uma sesmaria
concedida na mesma comarca ou na mais próxima (art. 5, §1º). Posses sobrepostas em sesmarias
ou outras concessões, davam direito à indenização pelas benfeitorias, exceto se reconhecida por
sentença, se estabelecida antes da medição da sesmaria ou concessão e não perturbada por cinco
anos ou, mesmo se estabelecida depois da medição da sesmaria, não houvesse sido perturbada
por dez anos (art. 5º, §2º). Ressalvada, portanto, as exceções das sobreposições, o posseiro
gozava do direito ao dobro da terra aproveitada (art. 5º, §3º). Possível vislumbrar nesse
38

contexto, portanto, uma primeira forma de usucapião de terras particulares: a ocupação efetiva
mais importante que os papéis

A Lei ressalvava que simples roçados, derrubadas ou queimas de matas não seriam
consideradas princípios de cultura para revalidação das sesmarias ou legitimação da posse (art.
6º), sendo que o Governo deveria estipular os prazos para medição das terras adquiridas por
posses ou sesmarias, observando as circunstâncias de cada Província (art. 7º).

Possuidores que deixassem de proceder à medição seriam reputados como caídos em


comisso, perdendo o direito das terras incultas concedidas, mantidos, contudo, na posse das
terras ocupadas com efetiva cultura (art. 8º). De qualquer sorte, os posseiros eram obrigados a
tirar seus títulos, passando-os pelas repartições provinciais designadas pelo Governo e pagando
pelos direitos de chancelaria (art. 11).

Ao Governo, reservavam-se as terras devolutas necessárias para a colonização dos


indígenas, fundação de povoações, abertura de estradas e serviços para construção naval (art.
12), organizando-se por freguesias o registro das terras possuídas (art. 13), reservando-se aos
possuidores a preferência na compra das terras devolutas que lhes fossem contíguas (art. 15).
As terras devolutas que fossem vendidas ficariam sujeitas à cessão do terreno necessário para
construção de estradas públicas (art. 16).

Estrangeiros que comprassem terras seriam naturalizados depois de dois anos de


residência, isentos do serviço militar (art. 17), ficando o Governo autorizado a mandar vir
anualmente, à custa do Tesouro, colonos livres para serem empregados em estabelecimentos
agrícolas ou para trabalhos dirigidos pela Administração Pública (art. 18).

O produto dos direitos de chancelaria e da venda das terras deveriam ser aplicados
exclusivamente para medição das terras devolutas e importação de colonos livres (art. 19),
restando ao Governo o direito de estabelecer uma Repartição Geral das Terras Públicas,
encarregada de dirigir a medição, divisão e descrição das terras devolutas (art. 21).

A Lei n. 601 de 1.850 restou regulamentada pelo Decreto n. 1.318 de 1.854 (BRASIL,
1854), que definiu como competência da Repartição Geral das Terras Públicas – dentre outras
responsabilidades – a medição (mediante regulamento especial), divisão, descrição e
conservação das terras devolutas, proposição das terras devolutas para a colonização dos
indígenas e fundação de povoações, fiscalização das distribuições e registro das terras possuídas
(art. 3º).
39

Todo possuidor que tivesse título legítimo da aquisição de seu domínio – quer por
posses de antecessores, concessões de sesmarias não medidas ou não confirmadas ou mesmo
não cultivadas – se acharia garantido em seu domínio, qualquer que fosse a extensão da terra
(art. 22). Nesses casos, não seria necessário revalidação do título, nem legitimação da posse,
para que quem se achasse no domínio da terra pudesse dela gozar, hipotecar ou alienar (art. 23).

Estariam sujeitas à legitimação as posses em poder do primeiro ocupante, mesmo sem


título, desde que evidente sua ocupação; as que estivessem sob poder do segundo ocupante que
não a tivesse adquirido por título legítimo e as em poder do primeiro ocupante até a
promulgação do Decreto, alienadas sem observância do art. 11 da Lei n. 601 - que exigia ao
posseiro retirar o título de seus terrenos (art. 24). A legitimação, portanto, buscava dar valor
legal a uma situação fática.

Já a revalidação seria aplicada às sesmarias ou outras concessões ainda sob o domínio


dos primeiros sesmeiros, desde que as terras estivessem cultivadas ou com princípio de cultura,
sendo a morada habitual do sesmeiro ou de quem o representasse (art. 27). Assim a revalidação
buscava restaurar o valor de um documento que tinha, a princípio, caducado.

Ainda, todos os possuidores, qualquer que fosse o título da propriedade, seriam


obrigados a fazer o registro de suas terras dentro dos prazos do Regulamento (art. 91), sob pena
de multa (art. 95), sendo os vigários, dentro de suas freguesias, os responsáveis por receber as
declarações e proceder ao registro das terras (art. 97). Instruções acerca dos prazos e
procedimentos deveriam ser dadas nas missas e publicadas para conhecimento de todos (arts.
98 e 99).

Deve-se ressaltar, contudo, que o registro instituído pelo Decreto – denominado


Registro do Vigário – não possuía efeito apto à conferir legitimidade pública às terras privadas.
Nesse sentido, merecem destaques os fatos que o vigário deveria fazer observações que julgasse
convenientes aos registros, sendo que se as partes insistissem no registro de suas declarações,
o vigário não poderia recusá-las (art. 102); além disso, os vigários cobravam emolumentos
correspondentes ao número de letras dos registros (art. 103), o que poderia resultar em
declarações desnecessariamente extensas; e declarações falsas poderiam resultar em multa ou
prisão (art. 106), não havendo, contudo, previsão para perda da propriedade.

Em seguida, foi promulgada a Lei n. 1.237 de 1.864 (BRASIL, 1864), que reformou a
legislação hipotecária e estabeleceu critérios para concessão de crédito, determinando que o
registro geral compreenderia a transcrição dos títulos da transmissão dos imóveis suscetíveis de
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hipoteca e a instituição de ônus reais (art. 7º), determinando que a transmissão dos bens
suscetíveis de hipoteca apenas produziria efeito perante terceiros após sua transcrição no
registro geral (art. 8º). A lei hipotecária, portanto, foi um marco para a regularização e
publicidade das transações imobiliárias urbanas e rurais (ALVES, 1995). Dessa forma, é
possível concluir que o registro das hipotecas passa a ser mais um meio de cadastro das
propriedades, com intuito de circulação de riqueza.

No sentido de favorecer os interesses dos proprietários de terra, contudo, após a


proclamação da República, o Estado passa a agir com instrumentos de execução política com
predominância da grande propriedade na estrutura agrária, constituída, em sua maior parte, a
partir do patrimônio público. Embora a lei de 1850 visasse demarcar e viabilizar o acesso às
terras devolutas, alterações significativas e desdobramentos se verificaram mais acertadamente
na Primeira República (SILVA, 2008).

Assim, no século XIX, ao menos sob o viés jurídico, a apropriação da terra se tornou
um processo burocrático, regulado por uma série de portarias, decretos, alvarás e cartas régias.
As normas, porém, em sua maioria, não eram cumpridas e, na prática, crescia a ocupação pela
posse, por se tratar de forma de apropriação de costume, célere e não burocrática (SILVA,
2008).

Apesar de sua importância, dispositivos foram inseridos na Lei visando facilitar a


fraude à aquisição da terra por grandes proprietários e por especuladores fundiários, resultando
em um crescente caos fundiário e insegurança da propriedade da terra (SILVA, 2008). A
propriedade passa a ser adquirida mediante compra e por prova de título, mediante registros
paroquiais. Com relação ao que ficou para trás, as sesmarias confirmadas, sesmarias em
comisso cultivadas e reconhecidas e posse em área cultivada mais o dobro seriam regularizadas.

Caso as pessoas optassem pelo reconhecimento, teriam de fazer um registro paroquial


para cada uma dessas três condições. A posse era especificamente pelo registro paroquial. No
entanto, essa transformação da terra em mercadoria aprofundou os conflitos já existentes na
intensa relação entre sesmeiros, posseiros e grileiros.

O sistema latifundiário de propriedade no Brasil seguia preconizando os interesses de


uma minoria, os senhores de terra, ampliado com a adoção da Lei de Terras de 1850, que
instituiu a obtenção da propriedade somente por meio da aquisição onerosa, ou seja, a
compra. Até a instituição dessa lei, não havia no Brasil nenhum documento que regulamentasse
a posse de terras em nosso território.
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Um dos objetivos da criação dessa lei era regular o acesso à posse da terra por
pequenos e médios proprietários, em especial ex-escravos e imigrantes, uma vez que, para se
obter a propriedade, era necessário comprovar sua ocupação junto ao Estado. Assim, essa lei
possibilitou a concentração de terras nas mãos dos grandes latifundiários.

A lei de terras passa a exigir demarcações, títulos aquisitivos, registros, pagamento de


taxas e impostos sobre a propriedade, que, consequentemente, adquire valor econômico e
característica de mercadoria, fortalecendo a concentração fundiária e consolidando o
capitalismo no Brasil.

Da falta de uso como fundamento da propriedade é que advêm o conceito da


propriedade absoluta, inicialmente estabelecida em 1804 com o código napoleônico, passando
a propriedade a ser legitimada por um instrumento jurídico. No Brasil, a partir da Lei de Terras,
a confirmação da propriedade das Sesmarias produtivas evidencia o valor da terra como
mercadoria ou reserva de valor das terras não utilizadas (SOUZA FILHO, 2010).

2.1.4 O regime republicano

É possível constatar, portanto, que a Lei de Terras favoreceu os interesses da elite


agrária, substituída por volta de 1930 pela burguesia financeira. Uma das principais fragilidades
da Lei de Terras, embora num contexto de grandes transformações, foi a inserção de
dispositivos que facilitavam a burla pelos grandes senhores rurais na qualidade de
especuladores fundiários, que restaram conhecidos como grileiros, envelhecendo documentos
falsos para obter a posse da terra, gerando uma grande insegurança na propriedade da terra
(SILVA, 2008).

A chegada da República no país alterou significativamente os fundamentos de sua


ordem social e, em um contexto de urbanização e diversificação social, a terra passa a ser objeto
de relevantes disputas (ALVES, 1995).

A título de exemplo, poderia se citar os caboclos de Santa Catarina, sitiantes, em


grande parte posseiros, que passam a se estabelecer ao longo das margens dos latifúndios nas
áreas de campos do planalto do Estado, obtendo sua renda pela prática da agricultura de
subsistência e exploração dos recursos dos campos. Os caboclos viviam em suas terras à
maneira de seus pais e avós, com a garantia da posse pelo costume, um direito de usufruto que
o tempo e a tradição lhes asseguravam. Com o advento da República, contudo, passaram a ser
42

expropriados e, dentre outras consequências, ocorre o aumento de disputa pela posse da terra
(BRANDT; CAMPOS, 2014).
Outro exemplo de um grande conflito armado no contexto da República Velha foi a
guerra sertaneja do Contestado, que teve a posse da terra dos sertões de Santa Catarina como
uma de suas causas fundamentais. Eram recorrentes reclamações indicando que autoridades e
coronéis tomavam para si terras habitadas, bem como impediam seus ocupantes, pessoas
simples, de ocuparem as terras devolutas. Tratava-se de relação política a perpetuar a injustiça
(CARVALHO, 2008).
Em 1891, a primeira Constituição da República, por força do art. 64 (BRASIL, 1891),
concedeu aos Estados o domínio sobre as terras devolutas, ocasião em que os poderes locais
utilizaram-se de manobras políticas para legalizar suas posses e invasões. Os Estados receberam
então relevante competência para regular sua política fundiária, mas, contudo, em um grave
contexto não solucionado pelos governos coloniais e imperiais (TRECCANI, 2009).

O acesso à terra aos grandes senhores rurais, que podiam fazer uso de meios
extrajudiciais para legalizar suas posses, continuou livre, ao tempo em que os casos de violência
e perseguições contra pequenos posseiros aumentaram e o clima de terror infiltrava-se nas
consciências das pessoas (LEONÍDIO, 2009).

Ainda, a exemplo da Constituição de 1824, a Constituição de 1891, apesar do contexto


de significativas mudanças, conservou o direito da propriedade em sua plenitude, ressalvada a
desapropriação por necessidade ou utilidade pública (art. 72, §17). Sob esse fundamento, cada
Estado passou a criar políticas de concessão de terras, favorecendo a transferência de
propriedades à fazendeiros e empresas de colonização imobiliária (ALVES, 1995).

Em seguida, a Lei n. 3.071 de 1.916 – Código Civil – passou a reger uma série de
obrigações vinculadas ao registro para aquisição da propriedade imóvel, tanto pela transcrição
do título de transferência no registro do imóvel, quanto pela acessão, usucapião ou direito
hereditário (BRASIL, 1916).

O Código de 1916 também inovou ao transmitir a universalidade do registro


imobiliário aos cartórios, estabelecendo também a relatividade dos registros paroquiais –
situação que favoreceu o latifúndio e a consolidação da grilagem do regime de posses e da Lei
de Terras (ALVES, 1995).

A Constituição de 1934 (BRASIL, 1934) assegurou a brasileiros e estrangeiros


residentes no país a inviolabilidade, dentre outros, do direito à propriedade (art. 113), que não
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poderia ser exercido em desfavor do interesse social ou coletivo (item 17). Da mesma forma,
afirmou a Constituição que buscaria fixar o homem no campo, assegurando a preferência na
colonização e aproveitamento das terras públicas (art. 121, §4º).

Na prática, contudo, era possível observar uma grande atenção dirigida à acumulação
capitalista, promovida pelo Estado e capitaneada pelas grandes empresas rurais e indústrias – a
burguesia industrial – que se tornaram consumidoras de máquinas e insumos e fornecedoras de
matéria-prima (ALVES, 1995).

A Constituição de 1937 (BRASIL, 1937), apesar de reforçar a importância da


propriedade nos termos da Constituição anterior (art. 122), teve sua previsão (item 14) suspensa
pelo Decreto 10.358 de 1942, que declarava o estado de guerra em todo o território nacional
(BRASIL, 1942).

Sob a égide do Código Civil de 1916 e da Constituição de 1937, o sistema de


transcrição foi, então, regulamento pelo Decreto n. 4.857 de 1.939, que dispôs sobre a execução
dos serviços concernentes aos registros públicos (BRASIL, 1939) e vigorou até o advento da
Lei n. 6.015 de 1.973, que dispõe sobre os registros públicos e conhecida como a Lei dos
Registros Públicos – LRP, abarcando, dentre outras formas de registro, o registro de imóveis
(BRASIL, 1973).

Já após a II Guerra Mundial, em um contexto de fome e desigualdades, o


desenvolvimento do processo capitalista e a industrialização avançam sobre os mecanismos
agrários, num período que alguns denominam como revolução verde, resultando em
modificações na estrutura jurídica, diante da própria relação dialética entre o jurídico e o
fenômeno fático (ZELEDON, 2009).

Nesse cenário foi promulgada a Constituição de 1946 (BRASIL, 1946), que


igualmente assegurava o direito à propriedade a brasileiros e estrangeiros residentes no país
(art. 141), exceto no caso de desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social (§16). Condiciona-se o uso da propriedade ao bem-estar social (art. 147),
visando promover a justa distribuição da propriedade, com igual oportunidade a todos. No caso
da não observância do bem-estar social, a União ficava autorizada à desapropriação da
propriedade rural (§§ 1º e 3º).

Durante a segunda república (1945-1964), contudo, apesar de seu pujante agronegócio,


o Brasil avança com uma industrialização arcaica, em razão da acumulação primitiva estrutural,
com a permanência da oligarquia latifundiária no poder e de camponeses sem terras definidas.
44

Aos poucos, o modelo oligárquico cede à modernização da indústria e, nesse contexto, Vargas
surge com o discurso da “marcha para o oeste”. Não há, contudo, um enfrentamento ao modelo
oligárquico ou um plano de reforma agrária (MOREIRA, 2003).

Aproxima-se, então, a crise do complexo latifúndio minifúndio e a formação do


complexo agroindustrial. Com o impulsionamento da economia e a política de industrialização
ligada ao capital internacional, passa-se a uma nova formação das cidades, que se tornam polo
de atração. Nesse momento, o acesso à terra pelos camponeses começa a ser ainda mais
dificultada, inclusive com a expropriação de posseiros de suas terras (MONTENEGRO, 2003).

Inúmeras legislações passam a abordar a forma de controle e distribuição das terras, a


começar pela Lei n. 4.504 de 1964, o Estatuto da Terra, um novo marco a partir do qual a
questão agrária passa a ser questão de Estado, regulando direitos e obrigações relacionadas à
bens imóveis rurais, para fins de execução da reforma agrária e promoção da política agrícola
(BRASIL, 1964). Nesse contexto, a Mensagem número 33 de 28 de outubro de 1964 do então
Presidente Castelo Branco encaminhada ao Congresso buscava justificar o Projeto de Lei do
Estatuto da Terra, demonstrando grande preocupação em produção, propriedade, sistema
creditício, mecanização e consumo.

Interessante notar que o Estatuto, para atender finalidades vinculadas à política agrária,
previa a elaboração de um cadastro de imóveis rurais, sob a responsabilidade das Delegacias
Regionais do Instituto Brasileiro da Reforma Agrária – IBRA (art. 41). Contudo, por se tratar
de cadastro simplesmente declaratório baseado nas informações dos ocupantes dos imóveis, a
implementação do cadastro não obteve êxito (TRECCANI, 2018)

Nesse momento, a relação direta do proprietário e do camponês, começa a passar pelo


Estado. E o Estatuto, portanto, além de pautar o debate agrário, tangencia o debate não só da
distribuição da terra, mas de todas as questões agrícolas (PALMEIRA,1989). Mas, apesar da
necessidade de se priorizar a reforma agrária como forma de alteração da estrutura fundiária, a
referência para a elaboração das políticas públicas – como se depreende da Mensagem 33 –
eram voltadas ao Censo Agropecuário e às necessidades do mercado e do capital.

A propriedade da terra, contudo, passa a perder poder à tecnologia e a centralidade do


campo se transfere do proprietário ao complexo agroindustrial, articulado pela tríplice aliança,
formada pelos capitais nacional da elite, internacional e estatal. O debate agrário submete-se,
então, ao crivo da aliança e como o Estado se torna agente de intermediação financeira, a pauta
agrária ganha elevada carga estatal. Contudo, como a regularização fundiária é pouco relevante
45

para a indústria, a modernização agrária se dá com a manutenção do elemento estrutural de


atraso do Brasil, inclusive com grilagem e apossamento das terras devolutas (MULLER, 1989),
configurando um processo de modernização conservadora do agronegócio brasileiro.

Na conjuntura do regime militar, o Congresso Nacional promulgou a Constituição de


1967 (BRASIL, 1967), que continuou assegurando o direito à propriedade (art. 150), ressalvada
a desapropriação por necessidade ou utilidade pública ou interesse social (§22). A função social
da propriedade surge como princípio da ordem econômica (art. 157), cabendo à União a
desapropriação da propriedade territorial rural que contrarie tal princípio (§§1º e 3º).

Foi publicada também a Lei n. 5.709 de 1971, que regula a aquisição de imóveis rurais
por estrangeiros (BRASIL, 1971). Aqui, é importante mencionar, rapidamente, que o art. 1º,
§2º da lei, sofreu alteração pela Lei n. 13.986 de 2020, passando a viabilizar novas formas de
aquisição aos estrangeiros, prevendo que as restrições da Lei não se aplicam à sucessão legítima
– salvo se em área de segurança nacional, às hipóteses de constituição de garantia real, inclusive
transmissão da propriedade fiduciária em favor de pessoa jurídica, e aos casos de recebimento
de imóvel em liquidação de transação com pessoa jurídica.

Além disso, no contexto da aquisição de terras por estrangeiros, é importante apontar


aqui o moderno fenômeno do “acaparamiento”, com o aumento do interesse, aquisição, controle
e estrangeirização das terras, resultando numa maior concentração de terras, desigualdades,
dependência econômica, insegurança alimentar, conflitos contra os povos do campo e
consequentes expulsões e desterritorialização, sendo a China um dos principais interessados
nas terras brasileiras (NASCIMENTO, 2021).

Trata-se de fenômeno que fomenta o aumento dos investimentos no agronegócio e a


especulação imobiliária, como no caso do MATOPIBA (região formada por áreas de extensão
da agricultura nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que corresponde a 73
milhões de hectares em 31 microrregiões e 337 municípios e com apropriações de terras
reconhecidas por 36 empresas estrangeiras. Daí decorre significativo aumento de conflitos na
região, com ápice no ano de 2016, destacando-se a luta pela terra (NASCIMENTO, 2021).

Esse mesmo contexto favoreceu o surgimento da Lei nº 4.214 de 1963 - Estatuto do


Trabalhador Rural, da Lei nº 4.771 de 1965 - Código Florestal, e da Lei nº 4.947 de 1966,
disciplinando o contrato agrário (CUNHA, MAIA, 2016). Em 1962 a Lei Delegada n. 11 criou
a Superintendência de Política e Reforma Agrária – SUPRA (BRASIL, 1962), visando
conhecer o espaço rural brasileiro. Em 1964, a Lei n. 4.504 – Estatuto da Terra criou o Instituto
46

Brasileiro de Reforma Agrária - IBRA e o Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário -


INDA, que substituiu a SUPRA.

Em seguida, em 1970, por força do Decreto-Lei n. 1.110 de 1.970, foi criado o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, por meio da fusão do IBRA, do INDA
e do Grupo Executivo de Reforma Agrária – GERA (BRASIL, 1970), extinto em 1987 e
recriado pela Constituição de 1988, transferindo à Receita Federal, em 1992, a responsabilidade
pelo Imposto Territorial Rural – ITR.

É possível perceber fragilidades também na Lei n. 6.969 de 1981, que trata da


usucapião especial rural (BRASIL, 1981), especialmente no que se refere à possibilidade da
usucapião especial em terras devolutas federais (art. 4º). No caso de terras devolutas, a
usucapião especial poderia ser ainda reconhecida administrativamente (art. 4º, §2º),
observando-se a citação pessoal daquele em cujo nome esteja transcrito o imóvel usucapiendo
e dos confinantes e, por edital, dos réus ausentes, incertos e desconhecidos (art. 5º, §2º).

Mas, embora o Estatuto da Terra só tenha sido promulgado em 1964, a discussão


acerca de sua importância teve início ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, em um
contexto de redemocratização, industrialização e urbanização aceleradas do Brasil, onde
questões agrárias passam a ser encaradas como obstáculo ao desenvolvimento.

Interessante notar que no início do século XX o cenário apontava para a unificação


alemã, com a Constituição de Weimar e a Revolução Russa na Europa. Na América tínhamos
a revolução camponesa mexicana, criando critérios rígidos para a propriedade da terra. Ao
mesmo tempo, a União Soviética tenta abolir a propriedade privada, por entender tratar-se de
direito e obrigação ao mesmo tempo. Assim, em uma “resposta” à “ameaça socialista”, surgem
as ditaduras na Europa e no Brasil, fortalecendo a necessidade da produtividade como
qualificadora da terra.

Entre 1964 e 1984, durante a ditadura militar, enormes modificações políticas, sociais
e econômicas ocorrem, principalmente com a modernização do latifúndio por meio do crédito
rural subsidiado. Com a acelerada industrialização e alto índice de êxodo rural, a
democratização da posse da terra restou novamente deixada de lado (CUNHA, MAIA, 2016).

Assim, o Estatuto da Terra é promulgado em 1964 e estabelece a função social como


qualificadora da propriedade. A produtividade era prevista na política de desenvolvimento rural
com a instituição do ITR e sua pretensa progressividade, com uso de alíquotas compatíveis com
o grau de utilização da terra e eficiência da exploração.
47

Com o desenvolvimento da revolução verde entre as décadas de 60 e 70, o problema


da produtividade aparentava estar resolvido, fazendo do Brasil um grande exportador agrícola
em 1990. Com a consolidação do agronegócio os militantes da reforma agrária capitalista
produtiva não viam mais necessidade de se realizar a reforma agrária social: não porque a
função social da propriedade tenha sido alcançada mas em razão do aumento da produtividade.
Logo, a reforma agrária não é distributiva e sim modernizadora, mantendo o latifúndio e
modernizando-o em suas grandes monoculturas (SOUZA FILHO, 2010).

2.1.5 A Constituição Federal de 1988

Atualmente, de acordo com VAZ (1992), a atuação do Estado no estabelecimento do


regime das propriedades tem sido efetivada através de medidas de Política Econômica, dos
Planos de Desenvolvimento ou de outros instrumentos legais, que compõem o quadro do Direito
Econômico. Os objetivos a serem alcançados por essa legislação vêm, normalmente, expressos
nas Constituições e o Direito Econômico se apresenta como o mais adequado ramo das Ciências
Jurídicas para a concretização dos ideais do desenvolvimento e da justiça social.

DINIZ (2015) afirma que a função social da propriedade é imprescindível para que se
tenha um mínimo de condições para convivência social. A CF, no art. 5º, XXII, garante o direito
de propriedade, mas requer, como vimos, que ele seja exercido atendendo a sua função social.

Com isso, a função social da propriedade a vincula não só à produtividade do bem,


como também aos reclamos da justiça social, visto que deve ser exercida em prol da
coletividade. Fácil é perceber que os bens, que constituem objeto do direito de propriedade,
devem ter uma utilização voltada à sua destinação socioeconômica. O princípio da função social
da propriedade está atrelado, portanto, ao exercício e não ao direito de propriedade.

Dessa forma, diante do não cumprimento voluntário de uma obrigação de pagar


quantia certa, o Estado atua no sentido de satisfazer o direito do prejudicado, expropriando a
propriedade particular. Expropriar, segundo NEVES (2016), significa retirar a propriedade,
sendo momento essencial para satisfação do direito do exequente na execução de pagar quantia
certa. A expropriação é atividade que vem depois da penhora, ato processual responsável por
garantir o juízo e permitir a futura transferência de propriedade.

Faz-se aqui uma breve ressalva apenas para esclarecer que expropriação não se
confunde com desapropriação. Embora ambas sejam forma de intervenção do Estado na
48

propriedade, a desapropriação ocorre em situações de necessidade e utilidade pública ou


interesse social (art. 5º, XXIV da CF) ou nos casos de reforma urbana (art. 182, §4º da CF) ou
reforma agrária (art. 184 da CF). Já a expropriação, como visto, possui efeito de confisco,
podendo – além do exemplo dado acima – ocorrer também em casos de culturas ilegais de
plantas psicotrópicas ou exploração de trabalho escravo (art. 243 da CF).

Logo, diante da força do princípio da função social da propriedade, é possível verificar


ao menos três resultados práticos e limitadores ao particular: vedação ao proprietário do
exercício de determinadas faculdades, obrigação de o proprietário exercer faculdades
elementares do domínio e a criação de um complexo de condições para o exercício das
faculdades atribuídas pelo direito de propriedade.

De acordo com DINIZ (2015), o direito de propriedade pode ser entendido como “o
direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor
de um bem, corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o
detenha”. Contudo, é importante ressaltar que o direito de propriedade, principalmente em razão
de sua função social, não é um direito incondicional e deve observar limites impostos. As
concepções individualistas sucumbiram ante à força das pressões sociais em prol de sua
democratização.

Pode-se afirmar que a propriedade, além de garantia fundamental constitucional, passa


a ter ainda uma função social. E é função porque a propriedade passa a não ser mais
simplesmente um direito desproposital, mas uma situação patrimonial passível de proteção não
apenas individual, mas social. O direito de propriedade, como direito fundamental, objetiva
assegurar uma vida digna, livre e igualitária a todos.

É necessário esclarecer, contudo, que a função social da propriedade não remete as


restrições ao uso e gozo dos bens próprios. Antes, são limites negativos aos direitos do
proprietário, vindo a relacionar-se com a capacidade produtiva da propriedade e de vinculá-lo
a objetivo determinado.

De acordo com TEIZEN JÚNIOR (2004), o estudo do princípio da função social do


contrato tem como objetivo verificar como ocorre a interação entre a função social e o princípio
da relatividade. Verifica-se assim um declínio da autonomia da vontade em detrimento de uma
abordagem de maior força principiológica.

Assim, ao deixar de dirigir a vontade à individualidade e interesse próprio, o contrato


ou objeto dele advindo passa a assumir sua função social, responsável por limitar a vontade e
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liberdade contratual das partes, por força de norma de ordem pública. Por essa razão, afirma
Teizen Júnior (2004, p. 25): “(...) A função social do contrato, reconhecida na nova teoria
contratual, o transforma de simples instrumento jurídico para o movimento de riquezas no
mercado em instrumento jurídico para a realização dos legítimos interesses da coletividade
(...)”.

A função social, lato sensu, consiste na proteção conferida pelo ordenamento jurídico
aos mais fracos na relação contratual, tendo como critério o favorecimento da repartição mais
equilibrada da riqueza. É a aplicação, no fundo, do princípio da igualdade substancial. É um
preceito constitucional, qual seja, zelar pela liberdade e pela igualdade dos indivíduos. Porém,
deve haver uma real e substancial liberdade e uma verdadeira igualdade, compelindo a
sociedade a eliminar a miséria, a ignorância, a excessiva desigualdade entre os indivíduos,
classes e regiões.

Ocorre que a interpretação da Constituição de 1988 deveria ser sistemática. A


interpretação da produtividade da terra deveria ser resolvida pelo processo agrário e não pelo
processo civil, pois é questão de direito público. Afinal, a função social da terra é algo mais do
que produção de mercadoria por si só.

Desde o início do Século XIX, o Brasil vive uma onda de neoextrativismo, marcado
pela intensa comercialização monocultora, sobretudo de soja e milho, para o mercado
internacional, no formato de commodities. Esse período de crescimento econômico trouxe, por
um lado, destaque ao agronegócio do país, mas, por outro, intensificou a luta social daqueles
que não tem acesso à terra, aprofundando, assim, o modelo desenvolvimentista de economia
(SVAMPA, 2019, p. 9).
50

2.2 MECANISMOS DE IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE TERRAS

Um princípio básico do direito agrário é a origem pública da terra. Tal entendimento


é suficiente para exigir daquele que se diz dono que faça prova do direito. Além disso, por ser
bem público, recai sobre o Estado a responsabilidade de controlar documentos expedidos e de
demonstrar, se o caso, mediante sistematização de documentos, a quem o imóvel foi repassado
e por qual razão.

Nesse sentido, um grande desafio é sistematizar as informações relativas à


incorporação e histórico das terras, facilitando o acesso às informações e aumentando a
transparência e publicidade de atos. Vale ressaltar que tal intenção de sistematização unificada
de governança de terras vem sendo discutido por grupo interministerial de integração dos
sistemas de dados do setor rural, instituído pelo Decreto n. 11.071 de 2022.

Desde a Lei n. 4.504 de 1964 - Estatuto da Terra - o Brasil dispõe oficialmente de um


Cadastro de Imóveis Rurais obrigatório para proprietários, titulares de domínio útil ou
possuidores, buscando a disponibilização de dados e informações, a conservação ambiental e o
desenvolvimento rural integrado (BRASIL, 1964).

A partir da década de 1970, o INCRA passou a ser responsável pelo cadastro e em


1972 a Lei n. 5.868 instituiu o Sistema Nacional de Cadastro Rural – SNCR, que, dentre outros,
deveria englobar o Cadastro de Imóveis Rurais (incluindo os imóveis com ou sem título de
propriedade). O cadastro é realizado por meio de ato declaratório do proprietário, foreiro,
enfiteuta, usufrutuário ou posseiro em documento chamado Declaração de Propriedade de
Imóvel Rural - DP. Uma vez cadastrado, o imóvel recebe o número da Certidão de Cadastro de
Imóvel Rural – CCIR (LASKOS, CAZELLA, REBOLLAR, 2016).

O CCIR encontra-se vinculado ao extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário –


MDA (atual Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA) e, portanto, é
baseado nos dados declarados ao INCRA pelos proprietários ou posseiros de imóveis rurais,
constituindo a base do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais – CNIR (TRECCANI, 2018).

Apesar dos avanços tecnológicos, o Cadastro de Imóveis Rurais ainda não possui
cartografia contínua de todos os imóveis, sendo ainda formado por declarações literais e
efetuadas através de formulários descritivos, aceitando-se apresentação de mapas, memoriais
descritivos ou matrículas de imóveis que podem facilitar interpretações cartográficas à
descrição do imóvel cadastrado (RAMBO, 2013).
51

Inicialmente, os esforços cadastrais foram eventuais, não padronizados e sem


planejamento prévio e um dos principais problemas do cadastro de terras no Brasil hoje está
exatamente na falta de ligação entre os registros de imóveis e os documentos cartográficos
produzidos pelos profissionais de agrimensura. E mesmo que hoje se possa vislumbrar um
início de tentativa de vinculação cadastral, o fato é que ainda existem no Brasil vários cadastros
setoriais que não se comunicam e a tentativa de acessar as diferentes fontes de informação é
burocrática e não transparente, dificultando a organização estatal e a compreensão pela
sociedade sobre quais são as terras públicas e quais podem ser consideradas privadas
(BENATTI, 2018).

Percebe-se, portanto, que um grave problema dos cadastros de terras é a ausência de


conexão entre os registros, cadastros e documentos cartográficos. O INCRA e os cartórios de
registros de imóveis, por exemplo, ainda não possuem base de dados apta a comparar as
informações declaradas pelos proprietários de imóveis rurais. E a despeito da Lei 14.382 de
2.022 (BRASIL, 2022) ter determinado a implantação do Sistema Eletrônico dos registros
públicos – SERP até 31 de janeiro de 2023 (art. 18), é provável que seu funcionamento a ponto
de poder comparar base de dados de diferentes órgãos ainda carecerá do empenho das entidades
envolvidas para que venha a ser efetivo.

O SERP buscará viabilizar, dentre outros objetivos, o registro público eletrônico dos
atos e negócios jurídicos, a interconexão das serventias dos registros públicos, a
interoperabilidade das bases de dados entre as serventias dos registros públicos e entre as
serventias dos registros públicos e o SERP, atendimento remoto aos usuários de todas as
serventias dos registros públicos, por meio da internet e a recepção e o envio de documentos e
títulos, a expedição de certidões e a prestação de informações, em formato eletrônico, para
distribuição às serventias dos registros públicos competentes (art. 3º).

Contudo, é importante lembrar que modelo semelhante ao SERP já havia sido objeto
de previsão da Lei 11.977 de 2009 (BRASIL, 2009), determinando aos serviços de registros
públicos a promoção, implantação e funcionamento adequado do sistema (art. 37), o que reforça
o entendimento de que a efetividade do sistema não é algo simples a alcançar. Se o sistema de
registro eletrônico, cuja previsão inicial data de 2009, não foi totalmente implantando até junho
de 2022, merece acompanhamento a pretensão de implantação até janeiro de 2023, nos moldes
exigidos pela Lei 14.382 de 27 de junho de 2022.

Esse contexto de insegurança das informações, portanto, acaba facilitando, por


exemplo, a sonegação de impostos, venda de uma mesma terra a mais de um comprador,
52

revenda de títulos de terras públicas a terceiros como se elas tivessem sido postas legalmente à
venda por meio de processos licitatórios, falsificação e demarcação de terras compradas com
extensão maior do que a originalmente adquirida.

Outros problemas são adulteração de títulos de propriedade e certidões, anexação de


terras públicas a terras particulares, venda de títulos de terras atribuídos a áreas que não
correspondem às discriminações dos instrumentos públicos, venda de terras públicas ou venda
de terras públicas pela internet, como se os vendedores fossem seus reais proprietários, com
base em documentação forjada (LASKOS, CAZELLA, REBOLLAR, 2016).

O registro no Cartório de Registro de Imóveis, nos termos do art. 1.227 do Código


Civil, Lei n. 10.406 de 2002, é requisito para a constituição do direito à propriedade ou à direitos
reais sobre imóveis, conferindo segurança jurídica aos negócios imobiliários (BRASIL, 2002).
O cadastro de terras, por sua vez, identifica geograficamente o imóvel, descreve suas
características físicas e especifica atributos da terra, como usos do solo, atividades agrícolas e
informações para fins fiscais, como o valor do imóvel.

São, portanto, institutos complementares que asseguram o direito da propriedade,


favorecem uma governança fundiária, capazes de reduzir conflitos fundiários e garantir a
implementação de políticas fundiárias mais justas e eficazes.

Ocorre que muitos registros foram realizados em época em que não existiam
agrimensuras precisas, resultando em inconsistências entre a situação fática e o registro
imobiliário. Outras transações imobiliárias deixaram de ser objeto de registro em razão da
burocracia e elevado custo de regularização, enquanto outros registros foram e são realizados
mediante fraude, resultando em uma estimativa de quatro vezes o Estado de São Paulo – cerca
de 100 milhões de hectares - de áreas suspeitas de grilagem (CHIAVARI, LOPES, 2016).

Além do registro de imóveis, existem vários cadastros rurais com diferentes


finalidades, administrados por órgãos distintos, com competências sobrepostas e sem
integração de gestão ou de informações. Exemplo disso seria o Cadastro de Imóveis Rurais
Brasileiro - CNIR, objeto da Instrução Normativa Conjunta Receita Federal do Brasil – RFB e
INCRA n. 1968, de 2020, administrado pelo Incra no âmbito do Sistema Nacional de Cadastro
Rural - SNCR, que constitui base de dados sobre as características geográficas, a situação
jurídica e as condições da exploração e do uso da terra de imóveis rurais, para fins de reforma
agrária (BRASIL, 2020).
53

Também, o Cadastro de Imóveis Rurais - CAFIR, objeto da Lei n. 9.393 de 1996


(BRASIL, 1996), administrado pela Secretaria da Receita Federal -SRF, instituído para
aperfeiçoar a arrecadação do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR; o Ato
Declaratório Ambiental - ADA, instituído pela Lei n. 6.938 de 1981 (BRASIL, 1981), relativo
ao cadastro de áreas de interesse ambiental, controlado pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, para fins de isenção de ITR.

Dessa forma, embora possuam diferentes finalidades, os cadastros territoriais


vinculam-se ao mesmo objeto - o imóvel rural. Assim, o proprietário ou possuidor rural sujeita-
se à inscrição de um mesmo imóvel e mesmas informações em inúmeros cadastros. Além disso,
outro fator que fragiliza a assertividade dos cadastros é a dificuldade do poder público em
manter um cadastro atualizado e preciso de suas próprias terras, diante das grandes extensões
de terras devolutas não identificadas (CHIAVARI, LOPES, 2016).

O processo de discriminação de terras devolutas da União é regido pela Lei nº 6.383


de 1976 (BRASIL, 1976) e visa identificar e separar as terras públicas dos particulares, tendo
o INCRA como órgão responsável pela execução da lei, promovendo, após discriminação e
arrecadação das terras devolutas federais, o registro dessas propriedades no Cartório de Registro
de Imóveis em nome próprio ou da União.

O procedimento de discriminação de terras devolutas visa, portanto, regularizar as


posses legítimas ou destinar as terras públicas a um uso público específico (CHIAVARI,
LOPES, 2016,). A dificuldade em identificar as terras devolutas, portanto, foi uma das razões
de, em 2001, ter sido instituída a Lei 10.267, que abordou o georreferenciamento (BRASIL,
2001), com o objetivo de modernizar a legislação relativa aos cadastros e registro de imóveis
rurais, estabelecendo que todos os imóveis rurais deveriam ter seus limites georreferenciados
para fins de efetivação de seu registro.

O georreferenciamento foi regulamento pelo Decreto nº 4.449 de 2002 (BRASIL,


2002), que demonstrou intenção no intercâmbio de informações entre o CNIR e o Registro de
Imóveis, como uma base de troca de informação e atualizações permanentes cadastrais e
registrais a proporcionar maior segurança jurídica nas transações imobiliárias.

O Decreto n. 4.449, em seu art. 10, também determinou que o georreferenciamento


dos imóveis rurais seria exigido nos casos de desmembramento, parcelamento, remembramento
e em qualquer situação de transferência de imóvel rural, bem como que fosse realizado dentro
54

de prazos específicos, após o que fica defeso ao oficial do registro de imóveis praticar atos
àqueles que não observarem tal obrigatoriedade de identificação do imóvel (§2º).

Em 2016 foi também instituído o Sistema Nacional de Gestão de Informações


Territoriais - SINTER, pelo Decreto nº 8.764 de 2016 (BRASIL, 2016), com o objetivo de
integrar, em um único banco de dados, informações registrais, cadastrais, fiscais e geoespaciais
de imóveis urbanos e rurais de todo o território brasileiro.

O SINTER seria o primeiro sistema de gestão territorial com múltiplas finalidades e


em diferentes áreas do governo, tais como saúde, educação, segurança pública, regularização
fundiária, controle de áreas de risco (defesa civil), gestão de infraestrutura, planejamento,
transportes, defesa nacional, indústria, agricultura e meio ambiente (CHIAVARI, LOPES,
2016).

A integração dos sistemas e informações, contudo, é um grande desafio, uma vez que
os registros públicos e os cadastros imobiliários apresentam falhas e não cobrem todo o
território nacional. Além disso, não há obrigatoriedade de os órgãos da administração pública
aderirem ao SINTER.

Ainda, o desenvolvimento, a operação e as atividades de tecnologia da informação


relativas ao SINTER dependem de investimentos elevados. E como a gestão territorial não
parece ser uma prioridade governamental, a implementação do sistema, ao menos
aparentemente, não ocorrerá com tanta facilidade (CHIAVARI, LOPES, 2016).

2.3 O CADASTRO AMBIENTAL RURAL (CAR)

A Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012 criou o CAR e a Instrução Normativa n. 2, de


06 de maio de 2014, do Ministério do Meio Ambiente – MMA, o regulamentou (BRASIL,
2014). Obrigatório para todos os imóveis rurais, o CAR é um registro eletrônico de abrangência
nacional, com o escopo de integração das informações ambientais das propriedades e posses
rurais, compondo uma base de dados para o controle, monitoramento, planejamento ambiental
e econômico e combate ao desmatamento.

Enquanto construção recente, que se incorporou ao debate sobre os mecanismos de


controle da terra, o CAR vem ganhando destaque nos últimos anos. No Estado do Pará, por
55

exemplo, em pouco tempo, o CAR atingiu um número maior de cadastro do que o cadastro do
INCRA – CCIR – da década de 1970.
Se o CAR ajudar a compreender a realidade agroambiental, viabilizar o planejamento
de políticas públicas e a verificar o uso do imóvel, nos termos do artigo 186, inciso II da
Constituição Federal, é instrumento relevante. O cadastro pode permitir, inclusive, verificar se
o detentor do imóvel obedece às normas de proteção ambiental – como no caso de reservas
legais e APPs e, no caso de descumprimento dessas exigências, seria possível adotar diferentes
medidas, como: a) titular o imóvel apenas após assinatura de um Termo de Ajustamento de
Conduta – TAC com o órgão ambiental; b) titular o imóvel mas declarar a caducidade do título
no caso da não reposição legal das exigências; ou c) não titular o imóvel por desrespeito ao
cumprimento da função ambiental da propriedade (TRECCANI, 2018).
Contudo, não se deve direcionar direitos possessórios ao CAR, pois não é essa a sua
função e isso fragilizaria o objetivo do cadastro (TRECCANI, 2018). Ocorre que é possível
perceber uma tendência nos tribunais e legislativa a conferir ao CAR força de obrigatoriedade.
O PL 2.633 de 2020 (BRASIL, 2020), por exemplo, apresenta alterações à Lei 11.952 de 2009
- que dispõe sobre a regularização fundiária das ocupações incidentes em terras situadas em
áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal (BRASIL, 2009) - determinando que o processo
administrativo de regularização fundiária de imóveis até seis módulos fiscais deveria ser
instruído, dentre outros documentos, com o CAR ativo, obrigatoriedade repetida também no
PL 510 de 2021 (BRASIL, 2021), com ressalva, contudo, de que os requisitos para a
regularização fundiária alcançam imóveis de até dois mil e quinhentos hectares.
Fato, portanto, a ser ressaltado é a função declaratória do cadastro, nos termos do artigo
29, §2º, do Código Florestal, não se tratando de título apto ao reconhecimento de direito de
propriedade ou posse. Contudo, embora o CAR não gere título fundiário, nada impede o seu
uso como auxiliar na avaliação da regularização. Ocorre que alguns juízes vêm reconhecendo
direitos possessórios baseados em CAR.
Dentre as alterações do Código Florestal, o CAR surge como principal instrumento de
gestão do ordenamento ambiental. Contudo, é interessante perceber também incongruências
legais e operacionais desse instrumento.

O Ministério Público Federal - MPF e outros órgãos de fiscalização já constataram que


o CAR, muitas vezes, vêm sendo utilizado como uma ferramenta para a grilagem de terras e
para a prática de atividades ilegais. Exemplo disso foi a operação Rios Voadores, que constatou
56

que a inscrição no CAR era feita por “laranjas” para iniciar o processo de regularização
fundiária de áreas públicas que seriam posteriormente loteadas.

Assim, constata-se que, apesar de o Código Florestal não conceder ao CAR qualquer
finalidade de comprovação do direito de propriedade, esse registro vem sendo usado para a
regularização fundiária e, consequentemente, para a grilagem. O procedimento para registro de
título translativo de direitos de propriedade no Brasil é regido pela Lei nº 6.015 de 1973 – Lei
de Registros Públicos, resultando, muitas vezes, no descumprimento da lei e no favorecimento
de fraudes (CHIAVARI, LOPES, 2016).

A Lei nº 12.651 de 2012 instituiu o novo Código Florestal e inovou ao extinguir a


obrigação da averbação da Reserva Legal na matrícula do imóvel, substituindo tal requisito pela
inscrição regular no Cadastro Ambiental Rural - CAR, de âmbito nacional. Trata-se de registro
público eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as
informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo uma base de dados para o
controle, o monitoramento e o planejamento ambientais e econômicos, bem como para o
combate ao desmatamento.

Embora o Código Florestal não determine como obrigatória a inscrição do CAR como
requisito para negócios imobiliários, vários estados têm exigido sua comprovação. No momento
da inscrição do imóvel rural no CAR, os proprietários e possuidores rurais devem identificar o
imóvel por georreferenciamento, informar a localização de áreas de preservação permanente -
APP, áreas de uso restrito, reserva legal, áreas consolidadas, áreas remanescentes de vegetação
nativa e áreas de interesse social, de utilidade pública e de servidão administrativa.

Nesse sentido, o CAR, se devidamente operado, poderia vir a relacionar bases de dados
geográfica e informacional, contribuindo para gestão e justiça socioambiental do país
(LASKOS, CAZELLA, REBOLLAR, 2016).

A Lei nº 12.651 de 2012 revogou o Código Florestal de 1965 e despertou discussões


quanto a regularização dos imóveis rurais, que passou a ser condição para acesso ao crédito
rural. O novo Código reforçou a importância da conservação de florestas e vegetações nativas,
cujos principais instrumentos seriam a Área de Preservação Permanente - APP e a Reserva
Legal - RL, que ajudam a minimizar erosões de terrenos, evitando o amontoamento de terra nos
rios e favorecendo a biodiversidade.

Além disso, a Lei busca fortalecer a fiscalização das propriedades, sendo que, no
âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre o Meio Ambiente - SINIMA, foi criado o
57

Cadastro Ambiental Rural - CAR, com o objetivo de constituir essa base de dados estratégica
para o controle, monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e demais formas de
vegetação nativa do Brasil (LAUDARES, SILVA, 2014).

Contudo, fragilidades ao novo Código foram identificadas, principalmente quanto a


largura mínima das APPs e à anistia aos que, no passado, não observaram determinações do
Código de 1965, flexibilizando critérios de proteção. Na antiga lei, por exemplo, as APPs ao
longo de qualquer curso d’água eram medidas do nível mais alto em faixa marginal. Já o art. 4º
do novo Código passou a calculá-la a partir da borda da calha do leito regular. Assim, mesmo
que as medidas tenham permanecido iguais, houve significativa diminuição das APPs ciliares,
danificando habitats, biodiversidade e estabilidade dos cursos d´água.

Além disso, cerca de 90% dos rios brasileiros possuem calha menor do que cinco
metros, o que significa que rios menores que carecem de maior proteção, passam a ficar
desfavorecidos (LAUDARES, SILVA, 2014). O artigo 12 da Lei prevê a possibilidade de
recomposição da Reserva Legal para proprietários que não possuam percentual mínimo de
vegetação nativa. No Código antigo, a reconstituição deveria ser feita a cada três anos, pelo
mínimo de 10% da área total necessária à complementação com espécies nativas,
independentemente do tamanho da propriedade.

No novo Código, contudo, imóveis rurais com até quatro módulos fiscais que, até 22
de julho de 2008, possuíam remanescente de vegetação nativa em percentuais inferiores ao
previsto no art. 12, poderiam deixar suas Reservas constituídas com a área ocupada, vedadas
novas conversões para uso alternativo do solo (LAUDARES, SILVA, 2014).

Com relação a atividades em áreas de preservação, a Lei nº 4.771 de 1965 (BRASIL,


1965) determinava que tais atuações seriam ilegais. A Lei nº 12.651 de 2012, apesar de manter
tais áreas intocadas, permitiu a continuação de atividades estabelecidas em APP até 2008, sob
a figura do uso antrópico consolidado.

Dessa forma, se estaria diante de uma verdadeira e ampla anistia aos crimes ambientais
ocorridos até 22 de julho de 2008, uma vez que proprietários de imóveis de até quatro módulos
fiscais que infringiram a lei estabelecendo atividades em locais onde não eram permitidas,
restaram autorizados a continuar com suas atividades.

Assim, em que pese os avanços e novidades apresentadas pelo novo Código Florestal,
algumas de suas propostas consolidam irregularidades e perdas passadas e aumentam riscos
ambientais futuros (LAUDARES, SILVA, 2014).
58

Apesar disso, para acompanhar a adequação e regularização das propriedades rurais às


novas determinações legais, o CAR pode servir como mecanismo de controle e monitoramento
das áreas rurais, com a finalidade de integrar informações ambientais referentes à Áreas de
Preservação Permanente, Reserva Legal, florestas, remanescentes de vegetação nativa, Áreas
de Uso Restrito e áreas consolidadas das propriedades e posses rurais, compondo uma base de
dados integrada, com imagens de satélites e amplo acesso (LAUDARES, SILVA, 2014).

O CAR, contudo, apesar de facilitar a fiscalização ambiental e a gestão das


propriedades cadastradas, ainda não se demonstra totalmente eficaz em sua finalidade de
fiscalizar ocupações ilegais, carecendo de mais recursos humanos e econômicos aptos a garantir
a eficácia do monitoramento e controle das áreas a serem protegidas.

Essa é, inclusive, uma das razões de ainda se defender a averbação das Reservas Legais
nos Cartórios de Registro de Imóveis. De qualquer forma, o CAR surge como mais um
mecanismo de gestão e monitoramento de áreas e propriedades rurais brasileiras (LAUDARES,
SILVA, 2014).

Dessa forma, ao se abordar a regularização fundiária e ambiental, é necessário que haja


um imóvel que preencha os requisitos ambientais e a correta utilização dos recursos naturais.
Parte da importância do CAR advêm da função de garantir o cumprimento dessas exigências,
além de cumprir com a transparência, sistematização e facilitação do acesso às informações –
princípios ressaltados pela própria Constituição, que cria mecanismos para debates da gestão
dos bens públicos e pela Lei nº 12.527 de 2011, que ressalta o dever do Estado com a
transparência, publicidade e do acesso a informações (TRECCANI, 2018).

O CAR, no entanto, é mais um cadastro rural a ser observado junto a muitos outros,
sem previsão, no entanto, de mecanismos de integração entre eles. Nesse sentido, uma das
fragilidades identificadas no CAR foi sua não vinculação obrigatória ao número do imóvel rural
no SNCR, uma vez que a integração possibilitaria maior segurança jurídica, identificações de
sobreposições e combate à grilagem, uma vez que o Sistema de Gestão Fundiária - SIGEF e o
acervo fundiário do INCRA possuem informações de imóveis rurais que já foram
georreferenciados e certificados de acordo com normas técnicas de alta precisão.

Da mesma forma, a integração entre o CAR e o Ato Declaratório Ambiental, do Ibama


ajudaria a precisar as isenções de ITR. Contudo, como todos esses cadastros permanecem
vigentes, o proprietário e possuidor se veem obrigados a repetir cadastros e informações a
diferentes órgãos (CHIAVARI, LOPES, 2016).
59

Portanto, sozinho, o CAR mostra-se como um mecanismo muito frágil a embasar e/ou
sustentar a concessão de direitos possessórios. Nesse sentido, não é razoável aceitar que um
cadastro declaratório valha mais do que o fato, o uso, o costume e a posse de uma família que
teve seu direito reconhecido pelo INCRA, como parte de um projeto agroextrativista. Assim,
do uso inadequado e de má fé do cadastro é que advêm conflitos, grilagem e a “farra do CAR”
(TRECCANI, 2018, p. 25).

2.4 GRILAGEM DE TERRAS

A primeira grilagem de terras que se pode verificar no Brasil, foi a tomada das terras
dos indígenas pelos portugueses, modelo seguido, posteriormente, pelos grandes fazendeiros e
donos do capital. E diante da indefinição legal para o controle das terras e da confusa e
contraditória legislação existente é que se fortaleceu a apropriação indevida de terras públicas
– a grilagem (ROCHA, et al, 2019).

Mas a grilagem não é um problema passado (fazendo uso de grilos para envelhecer
documentos e lhe dar aparência legítima), continuando a existir atualmente, incidindo
principalmente sobre terras devolutas não discriminadas e registradas, com a modernização de
seus procedimentos, estratégias e ferramentas, como a retificação de área para falsificar
informações no Cartório de Registro de Imóveis, acordos judiciais, reconhecimento de
usucapião em terras públicas devolutas, transformação de posses em registros, transformações
de documentos registrados em cartórios de títulos e documentos em matrículas no cartório de
registro de imóveis, entre outras (ASSOCIAÇÃO DE ADVOGADOS DE
TRABALHADORES RURAIS DO ESTADO DA BAHIA, 2017).

Sobre os dados atuais da grilagem de terras no Brasil, um estudo aponta que 23% dos
49,8 milhões de hectares de florestas públicas não destinadas da Amazônia já foram invadidas
pela grilagem, sendo que os grileiros já tomaram 11.6 milhões dessas florestas, o equivalente a
23% do total. Os números foram levantados por uma equipe de pesquisadores do Núcleo de
Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará em parceria com o Instituto de
Pesquisa Ambiental da Amazônia - IPAM (RAMOS, 2020).

No entanto, o Estado vem tomando medidas não no sentido de combater o problema


da grilagem, mas, sim, de “legalizá-la”, como por exemplo, com a Medida Provisória 910, a
MP da Grilagem, que agora se transformou no Projeto de Lei 2.633/2020 (BRASIL, 2020), que
60

tramita conjuntamente com o PL 510/2021 (BRASIL, 2021). Embora cunhados de PLs da


Grilagem - por regularizar a ocupação indevida de terras públicas, favorecer a impunidade de
crimes ambientais e facilitar o desmatamento ambiental - foram apresentados sob a justificativa
de que a não votação da MP 910/2019, tornou-se essencial apresentar um projeto que tornasse
as conquistas do relatório da MP normas efetivas à regularização fundiária no País.

A grilagem constitui-se em processo histórico secular de ocupação ilegal de terras


mediante os esforços dos senhores e possuidores para expandir suas propriedades, usurpando
direitos não somente de pequenos posseiros, que lutavam por legitimar suas justas ocupações
consagradas pelo costume, ou contra o Estado – no caso de terras devolutas – mas mediante
crime contra toda a nação.

Já à época da Lei de Terras, em 1850, objetiva-se discriminar as terras públicas das


privadas, visando, inclusive, evitar invasões em terras devolutas. Em 1870, contudo, um
relatório do Ministério da Agricultura admitia que a Lei de Terras não foi capaz de impedir,
como pretendeu, a abusiva invasão das terras públicas, que continuaram sendo exploradas e
possuídas ilegalmente.

Fazendeiros continuaram a descumprir a lei e a se apossar de terras mediante


falsificação de cartas de sesmarias, principalmente em razão da subjetividade de suas
demarcações e limites, que impediam a localização precisa da terra e definição dos marcos
territoriais (MOTTA, 2001).

Além disso, as cartas de sesmarias representavam ainda um marco zero da ocupação


territorial sobre áreas em disputa. Ocorre que a grande maioria das concessões de sesmarias não
observaram o devido procedimento de regularização e estavam caídas em comisso. As
consequentes concessões a favor dos sesmeiros, contudo, revelavam que não era importante
cumprir as obrigações legais e expressavam o poder simbólico dos sesmeiros, que a cada
embate iam alterando as extensões territoriais de sua ocupação, fazendo uso dos limites e
confrontações fluidas, transformando-se em grandes posseiros (MOTTA, 2004).

Embora no passado, mediante uso de técnicas simples para o envelhecimento de


documentos forjados, hoje o sistema de organização dos grileiros é complexo, valendo-se da
ilegalidade e ações criminosas, e até mesmo o Estado e o Direito acabam por contribuir para a
“legalização” dessa prática (MOTTA, 2001).

Nesse sentido, o Projeto de Lei 2.633/2020, em tramitação no Congresso Nacional,


objetiva a alteração do processo de regularização fundiária de terras públicas pertencentes à
61

União, permitindo que terras públicas invadidas a qualquer momento, inclusive no futuro,
possam ser tituladas a particulares, por meio de licitação, facilitando a legalização de terras
griladas.

Dessa forma, a exploração, uso da terra e a grilagem são problemas estruturais,


planejados e estimulados (ASSELIN, 1982). A terra, contudo, deveria ser destinada aos que
diretamente nela trabalham – seria um bem de produção e não de comércio. Estaria relacionada
à sobrevivência atual e futura. Sua função social visaria o bem estar social, o bem comum e a
convivência pacífica (TORMINN, 1985). Mas ao se abordar a terra como meio de produção,
não se pode negar sua singularidade. A produção do valor vem pelo trabalho, otimizando-se os
recursos pela velocidade da produção. Paira aqui, portanto, a contradição da terra, pois mesmo
não trabalhada, tem valor.
62

3 O CADASTRO AMBIENTAL RURAL E A ASSERTIVIDADE DAS INFORMAÇÕES


LANÇADAS NO SISTEMA

3.1 A UTILIZAÇÃO DO CAR COMO INSTRUMENTO DE RECONHECIMENTO DE


DIREITOS POSSESSÓRIOS E O SEU DESVIO DE FINALIDADE: “REGULARIZAÇÃO”
DA GRILAGEM

A regularização fundiária de terras devolutas encontra desafios e entraves que


decorrem de questões institucionais, conflitos fundiários, ameaças e pressões externas. Uma
das dificuldades é a falta de informações precisas e integradas em um único banco de dados
sobre a titularidade da terra.

Nesse sentido, ainda hoje as terras devolutas federais e estaduais não foram
integralmente identificadas, demarcadas, certificadas e registradas, resultando em insegurança
sobre os direitos de propriedade de uma grande extensão territorial brasileira. E além da análise
dos cadastros já informados nos tópicos anteriores, a regularização fundiária dependeria ainda
de análise dos registros cartoriais para verificação das propriedades e posses legítimas
(CHIAVARI, LOPES, 2016).

Assim, diante de tantas imprecisões, é comum encontrar glebas públicas sob disputa
de fazendeiros, grileiros, posseiros, pequenos agricultores e populações tradicionais, resultando
em apropriações ilegais, ameaças e violência, sendo a grilagem a principal causa de conflitos
fundiários em terras públicas, muitas vezes visando a prática de atividades agrícola, pecuária e
corte de madeiras nobres.

E para a solução desses conflitos fundiários, o Judiciário tem sido cada vez mais
demandado, principalmente mediante ações de reintegração de posse e outras modalidades de
ações possessórias. O Poder Judiciário, contudo, em regra, acaba favorecendo grandes
latifundiários e empresas em detrimento de populações tradicionais ou trabalhadores rurais,
aplicando um direito civil individual em detrimento do direito coletivo constitucional.

Nesse contexto o Ministério Público Federal surge como elemento essencial para a
defesa das comunidades tradicionais, atuando por meio de ações civis públicas e
recomendações que visam a titulação e a posse de terras tradicionalmente ocupadas, além de
ações judiciais para combater a grilagem de terras públicas (CHIAVARI, LOPES, 2016).
63

E à medida em que a terra e a propriedade passam a ganhar posição central no avanço


capitalista, igualmente as tentativas de controle da terra ganham importância. Necessário,
portanto, uma base de dados confiável para que órgãos públicos e cartórios de registros de
imóveis possam confrontar informações atualizadas e conectadas, o que refletirá no
monitoramento e planejamento do ordenamento territorial.
E dentre os cadastros existentes, com o advento do o Código Florestal de 2012, surge
o Cadastro Ambiental Rural. Mas a pergunta é se o CAR se enquadraria como instrumento de
controle agroambiental ou como mecanismo que favorece a grilagem. O que se tem percebido
é que, apesar de o Código Florestal não conceder ao CAR finalidade de comprovação do direito
de propriedade, esse registro vem sendo usado para a regularização fundiária, como suporte à
concessão de direitos possessórios, extrapolando o seu caráter declaratório.
Nesse trabalho científico promoveu-se o levantamento, a compilação, o tratamento e
a interpretação dos dados do CAR sobre as terras abrangendo alguns municípios dos Estados
do Amazonas, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Piauí, Roraima, Tocantins e Goiás, a partir
dos dados constantes dos acervos eletrônicos do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE, do INCRA, do CCIR e do CAR, conforme será apresentado na subseção seguinte.

3.2 METODOLOGIA UTILIZADA NO LEVANTAMENTO, COMPILAÇÃO,


TRATAMENTO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Inicialmente, a tentativa da pesquisa deparou-se com a dificuldade em obtenção de


resultados ou respostas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA,
no intuito de levantamento de informações e comparações. Diante dessa dificuldade,
procurando por outras maneiras de se realizar a pesquisa, encontrou-se no site do CAR a opção
para download da base de dados dos cadastros já realizados, por estados e municípios. A
dificuldade nessa espécie de análise é, além da enorme quantidade de cadastros, a própria
formatação dos arquivos, que dificulta sua visualização e análise.

A despeito da Lei n. 12.527 de 2011 – Lei de Acesso às Informações – LAI (BRASIL,


2011), que regulamenta o acesso a informações previsto no art. 5º, XXXIII da CF, que
determina que todos tem direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular ou de interesse coletivo ou geral, sob pena de responsabilidade, muitas informações
não são fornecidas sob o pretexto do sigilo necessário e imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado. Tal posicionamento, inclusive, fulcrado na parte final do próprio inciso
64

XXXIII do art. 5º, ganhou ainda mais força com o advento da Lei Geral de Proteção de Dados
– LGPD – Lei n. 13.709 de 2018 (BRASIL, 2018), que dispõe sobre o tratamento de dados
pessoais, com o objetivo de proteger direitos fundamentais de liberdade e privacidade e o livre
desenvolvimento da personalidade da pessoa natural (art. 1º).

De qualquer sorte, vislumbrou-se a possibilidade de trabalhar com a base em duas


plataformas diferentes. A primeira seria o Business Intelligence - uma plataforma ou um sistema
capaz de utilizar e tratar dados coletados visando otimizar sua melhor análise de forma a
alcançar conclusões mais assertivas. A segunda seria o Google Earth, mediante lançamento dos
mapas do CAR na própria plataforma do Google, de forma a viabilizar a visualização dos
cadastros diretamente nas imagens de satélite. Tal situação permite, por exemplo, acompanhar
alterações das glebas inseridas em cada cadastro ao longo do tempo, além da visualização de
eventuais sobreposições.

Aqui, é importante ressaltar a importância de se trabalhar de forma conjunta os ramos


das ciências jurídicas e a Geografia, vinculando as dimensões espaciais às dimensões jurídicas.
Desse método interdisciplinar e mecanismo de aproximação e interação entre o
dimensionamento espacial geográfico e o Direito, surge o Geodireito – um ramo de estudo que
viabiliza a releitura do critério espacial com base em normas específicas (UGEDA SANCHES,
2014). E, no caso do presente estudo, as normas estarão direcionadas às legislações vinculadas
ao CAR.

A base de dados para downloads do CAR encontra-se disponível no site


https://www.car.gov.br/publico/imoveis/index - ali é possível optar pelo Estado e município
que se pretende fazer o download, todos com duas extensões de arquivos: um CSV e um
Shapefile. O arquivo utilizado para download foi o Shapefile, onde existe um arquivo
OpenOffice para cada dado do CAR (tendo sido selecionados, no caso, área imóvel, APP,
reserva legal e área consolidada), cuja extensão é “.dbf”.

Há também arquivos de extensão “.prj”, “.shp” e “.shx”. São esses arquivos que
permitem o lançamento dos dados nos mapas e cada conjunto de arquivo exige uma conversão
para utilização dos dados. Foram utilizados dois mapas: uma para lançamento na plataforma BI
(convertido para “.json”) e outro para uso no GoogleEarth (convertido para “.kml”). A análise
desse capítulo utiliza o referencial do BI e a do capítulo seguinte abrange a análise dos mapas
sobrepostos no GoogleEarth.
65

Também foram utilizadas as informações do CCIR, cuja consulta pública de imóveis


encontra-se disponível para download no site https://sncr.serpro.gov.br/sncr-
web/consultaPublica.jsf?windowId=d29 – selecionando-se, como no CAR, Unidade da
Federação e Município a ser realizado o download. Cada arquivo também é baixado em
extensão CSV e exige, assim como no caso do CAR, uma conversão para Excel, com a ressalva
de que também em todos os arquivos deve haver a importação do documento na opção “dados,
“outras fontes”, e um novo salvamento com a origem do arquivo em “Unicode (UTF-8)”, que
é a opção que permite a configuração dos dados do CSV no Excel.

O primeiro dado das planilhas do CCIR é o código do cadastro. Infelizmente, contudo,


por se tratar de código distinto do CAR, não é possível fazer um alinhamento e comparação
direta entre cada um dos cadastros. Também há menção à denominação da propriedade e a área
do CCIR – as informações mais relevantes da planilha.

Em seguida, passou-se à definição da área a ser analisada. Pensou-se, inicialmente, em


analisar o Estado de Goiás por completo. Ocorre que o Estado possui 246 (duzentos e quarenta
e seis municípios) e cada município possui milhares de cadastros, o que redundaria num
trabalho enorme. Diante da dificuldade do uso dos dados – download e conversões – o tempo
não permitiria alcançar tal pretensão inicial.

Além da importância do Estado de Goiás, considerou-se também a relevância da região


do MATOPIBA que, como visto, tornou-se importante fronteira agrícola nas últimas décadas.
Assim, além do Goiás, resolveu-se também tentar se fazer uma análise por amostragem dos
Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

Da mesma forma, pensando em análise por amostragem, considerou-se também a


possibilidade de se avaliar – também em razão de sua singular relevância – os cadastros de
algumas partes da Amazônia Legal. Trata-se de área que corresponde a aproximadamente 61%
do território brasileiro, alcançando nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará,
Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão.

Dentro de quase todos esses Estados, visando selecionar alguns municípios, optou-se
por aqueles que tivessem territórios quilombolas. As áreas quilombolas são, em geral, áreas
fragilizadas, de difícil controle estatal, objetos de sobreposição, grilagem e violência. Fez-se,
então, download dos mapas das áreas quilombolas no Brasil pelo Sistema de Gestão Fundiária
– SIGEF.
66

Dessa forma, foram selecionados municípios que possuíssem territórios quilombolas


dentro do Estado do Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Piauí,
Rondônia e Tocantins, viabilizando uma amostra da situação do CAR em importantes territórios
brasileiros, alcançando a Amazônia Legal, MATOPIBA e Goiás. Com relação à relevância dos
territórios quilombolas, foram considerados não apenas sua extensão territorial, mas também o
número de famílias abrangidas pela comunidade.

No Amapá, foram selecionados os municípios de Calçoene e Macapá. No Amazonas,


os 03 (três) municípios alcançados foram Novo Airão, Barreirinhas e Barcelos. Na Bahia, foram
06 (seis) municípios escolhidos: Carinhanha, Ibitira, Salvador, Seabra, Simões Filho e Xique-
Xique. Em Goiás, 10 (dez): Bairro Alto, Cavalcante, Cidade Ocidental, Mineiros, Nova Roma,
Posse, Santa Rita do Novo Destino, São Luiz do Norte, Teresina de Goiás e Monte Alegre de
Goiás.

O estudo do Maranhão incluiu 05 (cinco) municípios: Brejo, Palmeirândia, Rosário,


Santa Rita e Vargem Grande. No Mato Grosso, 02 (dois): Nossa Senhora do Livramento e
Poconé. No Pará, 05 (cinco): Colares, Óbidos, Salvaterra, Santa Izabel do Pará e Santarém. Em
Piauí, 06 (seis): Campinas do Piauí, Campo Largo do Piauí, Isaias Coelho, Matias Olímpio,
Paulistana e Queimada Nova.

Em Rondônia, selecionaram-se 03 (três) municípios: Costa Marques, São Francisco


do Guaporé e Serigueiras. Por fim, em Tocantins, analisou-se 07 (sete) municípios: Araguatins,
Arraias, Dianópolis, Filadélfia, Muricilância, Paranã e Santa Fé do Araguaia. Dessa forma, o
estudo abrangeu, por amostragem, o total de 47 (quarenta e sete municípios), todos possuidores
de áreas quilombolas.

Para fins de comparação com o CAR, buscou-se junto ao site do IBGE igualmente a
extensão territorial do município, de forma a, ao menos, se ter uma ideia de quantos por cento
da extensão territorial do município o CAR representaria. E, também, para fins de comparação
com outro cadastro, buscou-se inserir na planilha a informação da extensão do CCIR relativo
ao município. Teoricamente, CAR e CCIR deveriam possuir igual ou semelhante extensão e,
ambos, deveriam ser significativamente menor do que a extensão territorial do município.

Ainda, dentro do CAR, existem uma série de informações lançadas pelos proprietários:
área de preservação permanente, área de altitude superior a 1.800 metros, área consolidada, área
com declividade maior que 45º, área do imóvel, área de pousio, área de topo de morro, banhado,
borda de chapada, hidrografia, manguezal, nascente de olho d´água, reserva legal, restinga,
67

servidão administrativa, uso restrito, vegetação nativa e vereda. Contudo, em razão da


dificuldade em se fazer o download e conversão dessa grande quantidade de informações,
preferiu-se dar preferência a 04 (quatro) elementos do conjunto do CAR: área de preservação
permanente, área consolidada, área do imóvel e reserva legal.

3.3 PREVISÃO DO CAR NOS CÓDIGOS DE NORMAS DOS ESTADOS ANALISADOS

A Lei n. 12.651 de 2012 - Código Florestal (BRASIL, 2012), em seu artigo 29, criou
o Cadastro Ambiental Rural – CAR, asseverando tratar-se de registro público eletrônico de
âmbito nacional obrigatório para todos os imóveis rurais.

Antes disso, a 11.977 de 2009 (BRASIL 2009), em seu art. 37, já previa que os
serviços de registro públicos deveriam instituir sistema de registro eletrônico, sendo que os atos
registrais deveriam ser inseridos no prazo de cinco anos (art. 39). Apenas onze dias antes do
vencimento do prazo foi publicado o Decreto n. 8.270 de 2014, instituindo o Sistema Nacional
de Informações de Registro Civil – SIRC (BRASIL, 2014).

Já com relação ao Sistema de Registro de Imóveis Eletrônico – SREI, apenas cinco


dias antes do vencimento do prazo previsto na Lei 11.977, o Conselho Nacional de Justiça -
CNJ publicou a Recomendação n. 14, de 2014 (CNJ, 2014). Embora em suas considerações
iniciais o Conselho reconheça que a adoção de sistema de registro eletrônico uniforme poderia
resultar em aperfeiçoamento do serviço, segurança e celeridade, ele acaba recomendando à cada
Corregedoria Geral de Justiça a regulamentação de seu próprio sistema, apenas indicando
parâmetros elaborados pela Associação do Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológicos –
LSI-TEC.

Dessa forma, o que se pôde observar, é que cada Estado passou a regulamentar e criar
seus sistemas, sem, contudo, dialogarem um com o outro. Hoje, com o advento da Lei n. 14.382
de 2022, que alterou - dentro outros normativos – a Lei n. 11.977 de 2009, o Sistema Eletrônico
dos Registros Públicos - SERP passa a ser o sistema a permitir que atos e negócios jurídicos
possam ser registrados e consultados eletronicamente, além de buscar interconectar os diversos
cartórios de registros públicos.

De qualquer forma, ao se analisar as normas que se dirigem à regulação do CAR, por


exemplo, é possível perceber que direcionar sua regulamentação individualmente a cada Estado
68

acabou por gerar diferenças em suas disposições, o que pode acabar prejudicando aquilo a que
o próprio CNJ se propôs a buscar: aperfeiçoamento, segurança e celeridade.

O Código de Normas dos Serviços Notariais e de Registro do Estado do Pará (PARÁ,


2018), por exemplo, possui significativas considerações relacionadas ao CAR. No livro dos
tabelionatos de notas, dentro do título dos atos notariais, o capítulo das escrituras públicas de
aquisição de imóvel rural prevê como requisitos indispensáveis à escritura pública que implique
a alienação de imóvel rural ou direito a ele relativo, a apresentação do CCIR e do recibo de
inscrição do imóvel rural no CAR (art. 270, I e VI).

Já no livro dos ofícios de registro de imóveis, existe previsão no sentido de que para o
registro do reconhecimento extrajudicial de usucapião de imóvel rural apenas seja realizado
após a apresentação do CAR, do CCIR e de certificação do INCRA de que inexiste sobreposição
de terras (art. 1.163, §1º, I a III). Infelizmente, contudo, apesar da previsão do Código de
Normas, é possível perceber a existência de sobreposição advinda tanto do CAR quanto do
CCIR.

Já no Estado da Bahia foi publicado o Provimento Conjunto da Corregedoria Geral de


Justiça - CGJ e do Corregedor das Comarcas do Interior - CCI n. 03 de 2020, que reedita, com
alterações, o Provimento CGJ/CCI n. 001 de 2018, que dispõe sobre o Código de Normas e
Procedimentos dos Serviços Notariais e de Registro do Estado, atualizando-o, introduzindo
novos dispositivos, visando sua aplicação no âmbito dos cartórios de serviços notariais e
registrais das comarcas do Estado (BAHIA, 2020).

O Código dedicou, no capítulo da averbação do registro de imóveis, uma subseção


específica ao CAR dentro da seção dos cadastros rurais, ao lado do CCIR e do Número do
Imóvel na Receita Federal - NIRF. Inicialmente ressalva-se a necessidade de registro da
Reserva Legal - RL por meio de inscrição no CAR, sendo que o registro da RL no CAR
desobriga a averbação no Registro de Imóveis (art. 1245, §1º). Também se fez a ressalva da não
exigência de CAR para realização de atos registrais inerentes à desapropriação (art. 1.264-Q,
I).

A despeito da observação da desapropriação, nas disposições gerais dos cadastros


rurais, o CAR aparece como cadastro que deve constar obrigatoriamente da matrícula (art.
1.275-B, III). Apesar dos avanços do Código no que tange ao CAR, contudo, o Oficial de
Registro ficou isento da análise de divergência entre a área do imóvel rural declarada no CCIR,
no NIRF ou no CAR e a constante da matrícula (art. 1.275-D). Além disso, também ficou
69

evidenciado o caráter declaratório do cadastro, afirmando-se que os cadastros rurais não provam
direito de propriedade ou de posse (art. 1.275-E).

Informação interessante que ficou evidenciada no Código da Bahia é a possibilidade


de o CAR conter mais de uma reserva legal, APP ou outras restrições ambientais, embora objeto
de averbação realizada em ato único (art. 1.275-L, §1º). Essa é uma situação que chama a
atenção pois, como se depreende de vários cadastros analisados na pesquisa, muitos possuem
mais de um cadastro de restrição. Contudo, a princípio, não parece ser essa uma justificativa
para lançamento de milhares de restrições em um único cadastro, como é o caso de alguns
cadastros identificados.

Mesmo no caso de títulos expedidos pelo Estado, vinculados à regularização fundiária


rural e para reconhecimento de domínio das terras devolutas, é necessária sua instrução com
cópia do CCIR, NIRF e CAR (art. 1.437-E, §1º, I a IV). Ainda, no caso de registros vinculados
à regularização urbana - REURB, registrada a Certidão de Regularização Fundiária – CRF cujo
objeto seja gleba rural, o Oficial de Registro de Imóveis deverá informar ao INCRA, MAPA e
SRF para que cancelem, total ou parcialmente, os respectivos registros no CAR (art. 1.504).

Em Goiás, o Código de Normas e procedimentos do foro extrajudicial organizado pela


Corregedoria Geral da Justiça do Estado possui algumas previsões acerca do CAR (GOIÁS,
2022). Já no título das atribuições relacionadas ao registro de imóveis, prevê-se que nas
matrículas deverão ser feitas as averbações das reservas legais ou do número de inscrição do
imóvel no CAR (art. 790, II, 37).

Também no título de cédulas, especificamente no capítulo da cédula de crédito


imobiliário – CCI, consta que o patrimônio rural em afetação deverá ser constituído por
solicitação do proprietário por meio de registro no cartório de registro de imóveis, devendo o
requerimento ser acompanhado da inscrição do imóvel no Cadastro Nacional de Imóveis Rurais
- CNIR e da inscrição no CAR (art. 1.040, parágrafo único, I e II). De igual forma, em eventual
procedimento de usucapião extrajudicial de imóvel rural, o registro de seu reconhecimento
somente será realizado após apresentação do recibo de inscrição do imóvel no CAR, do CCIR
e de certificação do INCRA (art. 1.238, I a III).

No Estado do Mato Grosso, apesar de haver previsões acerca do CAR, elas já são um
pouco menos significativas que nos Estados elencados acima. O Código de Normas Gerais da
Corregedoria Geral da Justiça do Foro Extrajudicial do Estado do Mato Grosso foi aprovado
pelo Provimento n. 42 de 2020 (MATO GROSSO, 2020). O Código prevê que no Estado, os
70

dados do CAR farão parte do Sistema de Cadastro Ambiental Rural – SICAR, sob a
responsabilidade da Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMA, em parceria com o
MAPA e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA (art. 1.039, §1º). Embora o CAR
não possa ser utilizado para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse (§3º),
sua inscrição será obrigatória para todas as propriedades e posses rurais (§4º).

A norma prevê também a possibilidade de compensação de reserva legal (art. 1.041),


precedida de inscrição no CAR (art. 1.054), mediante averbação (art. 1.059). Da mesma forma,
proprietário ou possuidor de imóvel com reserva legal inscrita no CAR com área maior que o
mínimo exigido, poderá utilizar as áreas excedentes para constituir servidão ambiental, cota de
reserva ambiental – CRA (art. 1.067).

A situação do Estado do Piauí é semelhante à de Mato Grosso, com ainda menos


disposições direcionadas ao CAR. O Código de Normas e Procedimentos dos Serviços
Notariais e de Registros do Estado do Piauí foi aprovado pelo Provimento n. 17 de 2013 (PIAUÍ,
2013), tendo sido objeto de alterações e acréscimos advindos do Provimento n. 12 de 2016. Tal
provimento inseriu artigo ao capítulo do registro de imóveis, determinando que, no caso de
usucapião extrajudicial (seção X), caso algum imóvel com destinação à exploração agrícola,
pecuária, extrativa vegetal ou agroindustrial, localizado em zona rural, devem ser apresentados
CCIR, certidão de reserva legal ou inscrição no CAR, bem como declaração do responsável
técnico de que o memorial descritivo corresponde às informações georreferenciadas
certificadas pelo INCRA e indicadas no CAR (art. 1.107-F, I, III e IV).

No Estado de Rondônia as Diretrizes Gerais Extrajudiciais da Corregedoria Geral da


Justiça (RONDÔNIA, 2019), atualizada até novembro de 2021, no que tange ao CAR, apenas
prevê que o proprietário ou possuidor de imóvel rural que requerer a averbação da reserva legal
na matrícula, no período compreendido entre a data da publicação Lei n. 12.727/12 e o registro
no Cadastro Ambiental Rural – CAR, terá direito à gratuidade do ato praticado pelo registrador
(art. 1.087, parágrafo único).

Demais exigências relacionadas à documentos necessários à lavratura dos atos


notariais (art. 384), escrituras públicas relativas a imóveis (art. 413) e inventário (arts. 494 e
496) ou até mesmo a obrigatoriedade de indicação da denominação ou localização do imóvel
no livro 4 do registro de imóveis – indicador real (art. 999, §3º) – apenas fazem menção ao
CCIR, não havendo necessidade de apresentação de informações vinculadas ao CAR.
71

No Estado do Amazonas, a Corregedoria Geral de Justiça republicou o Manual da


atividade extrajudicial do Estado constante no Provimento n. 278 de 2016 (AMAZONAS,
2016). No capítulo e seção destinados às normas gerais para lavratura de atos notariais, o
manual prevê que deverá ser consignado nas escrituras de imóveis rurais o Certificado de
Cadastro – CCIR (art. 106).

Já no capítulo destinado ao Registro de Imóveis, o manual prevê como requisitos para


matrícula e identificação de imóveis rurais, os dados constantes do Certificado de Cadastro de
Imóvel Rural - CCIR (art. 422, §1º, II, 3, a). Dessa forma, no que tange aos títulos dos imóveis
rurais, tabeliães, escrivães e juízes devem envidar esforços para que as partes indiquem, com
precisão, além das características dos imóveis, seu número de cadastro municipal ou do cadastro
no INCRA, mencionando confrontantes ou número da matrícula dos imóveis confinantes (art.
453). A indicação cadastral do imóvel rural no INCRA, portanto, configura elemento
individualizador do imóvel (art. 466).

Dessa forma, percebe-se que, embora o Manual da atividade extrajudicial do Estado


do Amazonas traga referências ao CCIR, ele não menciona necessidade de registro ou
averbação do Cadastro Ambiental Rural – CAR.

Com relação ao Estado do Amapá foi feita uma análise do Provimento n. 310 de 2016
da Corregedoria Geral da Justiça do Tribunal de Justiça do Amapá, que regulamenta os
princípios e instruções disciplinadoras do funcionamento dos Ofícios Judiciais e Extrajudiciais
da Justiça. Infelizmente, contudo, não há no provimento do Amapá qualquer menção ao CAR
ou até mesmo ao CCIR (AMAPÁ, 2016).

Apenas no título relacionado às normas específicas para as serventias extrajudiciais,


em suas disposições gerais, mencionou-se que todas as serventias de notas e de registro de
Imóveis do Estado são proibidas de lavrar, registrar, averbar ou anotar transações que fracionem
ilegalmente o solo rural sob a forma de condomínio, assim como que parcele o solo rural com
características que identifiquem loteamento de fato, sem a prévia e expressa concordância das
autoridades competentes, mesmo quanto aos empreendimentos já existentes (art. 201, §1º).

Em Tocantins, o Manual de Normas de Serviço Notarial e Registral do Estado do


Tocantins, instituído pelo Provimento n. 02 de 2013 (TOCANTINS, 2013), não faz qualquer
menção ao CAR. Para a identificação e caracterização de imóveis rurais em livros, escrituração
ou processo de registro no registro de imóveis, faz-se necessário apenas a menção ao número
de inscrição no cadastro do CCIR (art. 166, II e 209, §3º).
72

Por fim, no Estado do Maranhão, o Código de Normas da Corregedoria da Justiça do


Maranhão foi objeto do Provimento n. 16 de abril de 2022 (MARANHÃO, 2022). Contudo,
apesar de se tratar de provimento recente, não há no Código qualquer menção ao CAR.

No que tange aos procedimentos que visem a averbação do georreferenciamento de


imóveis rurais, há apenas previsão de apresentação, dentre outros documentos, do CCIR (art.
589 e 601). Sem apresentação do CCIR, inclusive, não podem os proprietários, sob pena de
nulidade, desmembrar, arrendar, hipotecar, vender ou prometer em venda imóveis rurais (art.
652, §3º), sendo necessária também sua apresentação para lavratura da escritura pública de
inventário e partilha extrajudiciais (art. 661, IX).

Assim, diante dessa breve comparação entre os códigos de normas estaduais, é possível
observar uma falta de parametrização relacionado à aplicação do CAR, o que pode acabar
prejudicando objetivos a que o CNJ se dispôs a buscar, principalmente no que diz respeito ao
aperfeiçoamento, segurança e celeridade dos sistemas de registros eletrônicos. Seria, portanto,
interessante um direcionamento do CNJ no sentido de se buscar uma padronização normativa
à aplicação do CAR nos diferentes códigos de normas estaduais.

3.4 ANÁLISE DE CASOS CONCRETOS

Nesse contexto, inicialmente, em uma comparação geral, é importante salientar que os


municípios escolhidos perfazem um total de aproximadamente 35 (trinta e cinco) milhões e
meio de hectares de extensão territorial, sendo que quase 26 (vinte e seis) milhões estão
inseridos em CCIR e pouco mais de 18 (dezoito) milhões estão lançados em CAR. Cada estado
e município será objeto de estudo individualmente.

3.4.1 Amapá

Apesar da omissão normativa do código de norma do Amapá, dois municípios foram


objeto de análise: Calçoene e Macapá. Segundo o IBGE, os municípios perfazem o total de
2.068.114,60 hectares de extensão territorial. Com base nas informações do Sistema Nacional
de Cadastro Ambiental Rural - SICAR - de julho de 2022, a área cadastrada em CAR é de
73

695.270,66 hectares. Já a área cadastra no CCIR é de 2.431.378,77 hectares, ou seja, 117,56%


da extensão territorial dos municípios.

Tabela 1 - Análise Geral do Estado do Amapá

Fonte: is.gd/cmendes_car

3.4.1.1 Calçoene

Calçoene é um município com extensão territorial de 1.411.729,70 hectares, com


407.886,13 hectares de CAR e 1.333.024,44 de CCIR – 94,42% da extensão territorial do
município.

O município possui 530 cadastros, sendo 408 maiores que 100 hectares,
correspondentes a 402.483,72 hectares – 98,67% do total da extensão territorial dos cadastros
ambientais rurais – ou seja, o município é formado, basicamente, de grandes propriedades.

Tabela 2 – Quantidade e tamanho dos CARs de Calçoene/AP

Fonte: is.gd/cmendes_car

Os cinco maiores cadastros possuem 39.287,84, 27.387,04, 12.077,76, 10.681,36 e


9.481,27 hectares, totalizando 98.915,27 hectares, o que corresponde a aproximadamente um
quarto da extensão territorial dos cadastros do município. Imagens do município com seu limite
territorial, CARs e cinco maiores CARs podem ser observadas no ANEXO A.
74

A comunidade remanescente quilombola Cunani localiza-se ao nordeste do Amapá,


próximo à Guiana Francesa, no município de Calçoene. A organização Comissão Pró-Índio de
São Paulo – CPISP, que monitora desde 2004 a implementação da regularização fundiária
quilombola, identificou que nesta terra tradicional habitam 38 famílias e, assim como a maioria
dos quilombos no Brasil, aguardam o longo processo de titulação territorial sob uma área de
36.342,34 hectares (CPISP, 2022).

Por decisão da Justiça Federal, esta delimitação territorial não pode ser reduzida em
prol do Parque Nacional do Cabo Orange, instalado no local, uma vez que deverão coexistir a
comunidade tradicional e o meio ambiente em que vivem. Outrossim, o estudo antropológico,
realizado pelo INCRA no processo administrativo de titulação aponta que o quilombo Cunani
enraizou-se no local em 1885, um século antes da criação da unidade de conservação (MPF/AP,
2015).

No que concerne à área consolidada registrada no CAR, o levantamento aponta


66.321,41 ha, território este que representa quase o dobro da delimitação territorial do quilombo
Cunani. Acerca das delimitações das 502 RL’s na localidade, em que pese os proprietários dos
imóveis rurais inscritos no CAR terem efetuado as propostas para a consolidação das reservas
legais, apenas uma consta como averbada.

Com relação à análise das APP’s em Calçoene, 358 imóveis totalizam 2.366 cadastros,
sendo possível identificar 146 registros de APP’s em área de vegetação nativa e 38 APP’s de
rios de até 10 metros em uma única numeração de identificação de imóvel (Identificador - ID
n. 6189599).

3.4.1.2 Macapá

Macapá, capital do estado, possui 656.384,90 hectares em extensão territorial, com


287.384,53 hectares de CAR e 1.098.354,32 de CCIR – 167,33% da extensão territorial do
município.

O município possui 1.671 cadastros, sendo 454 cadastros maiores que 100 hectares,
correspondentes a 249.932,17 hectares – 87% do total da extensão territorial dos cadastros
ambientais rurais. O maior cadastro possui 27.088,66 hectares – quase 10% da extensão
territorial dos cadastros do município. Imagens do limite do município, cadastros e maior CAR
de Macapá poderão ser observados no ANEXO B.
75

Tabela 3 - Quantidade e tamanho dos CARs de Macapá/AP

Fonte: is.gd/cmendes_car

Na capital amapaense, situam-se dois quilombos: Curiaú e Rosa. O primeiro é o lar de


489 famílias e ocupa a extensão territorial de 3.321,89 hectares, com o título de regularização
fundiária devidamente expedido. No segundo residem 17 famílias em uma área de 4.939,87
hectares, ainda não titulada (CPISP, 2022).

A Terra Quilombola de Curiaú é conhecida por se tratar de um sítio histórico e


ecológico, com expressiva cultura local do marabaixo e do batuque (AMAZÔNIA REAL,
2017). Já o quilombo Rosa é caracterizado pela forte articulação política em busca da
regularização fundiária de suas terras e formação de estratégias para impedir o adentramento
de grileiros e posseiros (SOUZA SILVA, 2020).

A contabilização da área consolidada da região perfaz a dimensão de 82.143,03 ha, ou


seja, 12% da área territorial do município representa a zona regularizada por força da vigência
do Código Florestal de 2012. Por outro lado, este percentual contrapõe-se à realidade das duas
comunidades quilombolas pertencentes à região - Curiaú e Rosa - as quais ocupam somente
8.261,76 ha. No que se refere à delimitação das 1.486 RL’s do município, 15 foram aprovadas
e ainda não averbadas, 09 foram averbadas, 01 está vinculada à compensação de outro imóvel
e 1.461 constam apenas como propostas.

Com relação ao levantamento das APP’s registradas na região, 877 imóveis possuem
um total de 4.339 cadastros de APPs. 14 imóveis possuem 22 cadastros idênticos em tipo e área
e 269 imóveis possuem 1.391 cadastros idênticos em tipo de APP. Destaca-se a incidência, em
único imóvel (ID n. 7598790), do lançamento de 38 APP’s em área de vegetação nativa, que
totalizam apenas 7,39ha.
76

3.4.2 Amazonas

No estado do Amazonas três municípios foram analisados: Barcelos, Barreirinha e


Novo Airão. Os três municípios possuem, no total, uma extensão territorial de 16.598.962,10
hectares, 3.869.463,66 hectares em CAR e 2.835.299,41 hectares em CCIR. Os territórios
quilombolas titulados dos municípios selecionados totalizam 743.331,07 hectares.
Tabela 4 – Análise Geral do Estado do Amazonas

Fonte: is.gd/cmendes_car

3.4.2.1 Barcelos

Barcelos é um gigante município do Amazonas com 12.246.108,60 hectares. Apesar


de sua grandeza, há referência à apenas 17.560,11 de reserva legal e 570,55 de APP. Há
3.224.430,53 hectares em CAR e 760.812,19 hectares em CCIR.

O município possui apenas 52 cadastros, sendo 23 maior que 100 hectares,


correspondentes a 3.223.474,76 hectares – 99,97% do total da extensão territorial dos cadastros
ambientais rurais. O maior cadastro possui 2.302.821,91 hectares, o que equivale, sozinho, a
71,41% da extensão territorial dos cadastros do município. O ANEXO C pode ajudar a
visualizar o limite territorial de Barcelos, o total de CARs e o maior CAR da região.

Tabela 5 - Quantidade e tamanho dos CARs de Barcelos/AM

Fonte: is.gd/cmendes_car
77

A comunidade remanescente quilombola Tambor ocupa 860,22 ha no município de


Barcelos, assim como 6.338,59 ha em Novo Airão (CPISP, 2022). A titulação das terras nesta
comunidade enfrenta, desde a criação do Parque Nacional do Jaú, entraves judiciais por parte
dos órgãos ambientais. Cumpre enfatizar que, além de provocarem o deslocamento compulsório
de parte das famílias quilombolas, os preservacionistas buscam deslegitimar o contexto
sociocultural e ocupação das comunidades naquele território (FARIAS JÚNIOR, 2011).

A área consolidada corresponde a 335,18 ha. Acerca da área de reserva legal, nos
imóveis rurais do município, percebe-se duas situações de andamento: são 44 imóveis com um
total 17.528,92 ha de RL e 02 imóveis com 31,19 ha de RL aprovada e não averbada. Por outro
lado, não identifica-se nenhum processo administrativo de reserva legal concluído com a
respectiva averbação no registro de imóveis.

No que se refere às APP’s de Barcelos, dos 52 imóveis objetos do CAR, apenas 25


possuem APP – com um total de 109 cadastros. O imóvel com ID n. 1996180 é o de maior
incidência, onde constam 10 registros de APP’s de Rios até 10 metros.

3.4.2.2 Barreirinha

Barreirinha, por sua vez, possui 575.176,50 hectares de extensão territorial, contendo
274.930,09 hectares de CAR e 292.017,82 de CCIR.

O município possui 2.133 cadastros, sendo que 494 possuem mais que 100 hectares,
correspondentes a 219.373,53 hectares, ou seja, 79,79% do total dos cadastros do município em
extensão territorial. O maior cadastro possui, sozinho, 38.728,28 hectares, equivalente a
14,08% do total da extensão territorial dos cadastros do município. Imagens do limite territorial,
CARs e maior CAR de Barreirinha poderão ser observadas no ANEXO D.
78

Tabela 6 - Quantidade e tamanho dos CARs de Barreirinha/AM

Fonte: is.gd/cmendes_car

O município de Barreirinha resguarda cinco comunidades remanescentes quilombolas,


reconhecidas pela Fundação Cultural dos Palmares: Trindade, Boa Fé, Ituquara, São Pedro e
Santa Tereza do Matupiri. Ao todo a população perfaz o número de 2.790 pessoas, as quais
compõem 558 famílias (CPISP, 2022). A consolidação desses grupos se deu em torno do Rio
Andirá, o qual trata-se de fonte de sobrevivência da agricultura familiar praticada pelos
integrantes (AMAZÔNIA REAL, 2017).

Em virtude do relevante valor socioeconômico do território, a batalha administrativa


pela regularização fundiária das terras ocupadas pelas comunidades almeja a titulação e o
encerramento de opressões, ameaças e desmatamentos praticadas por madeireiros, fazendeiros,
dentre outros grupos (MAPA DE CONFLITOS, 2022).

Barreirinha possui 49.402,39 ha correspondentes à área consolidada, ou seja, mais de


8,5% da área territorial do município configura zona regularizada por força da vigência do
Código Florestal de 2012. No que se refere à delimitação das RL’s, em que pese os proprietários
dos imóveis rurais inscritos no CAR terem efetuado 1.769 propostas para a consolidação das
reservas legais, não foi possível identificar nenhuma aprovação destas pelo órgão ambiental
competente.

Quanto à apuração acerca das APP’s, 1.087 imóveis possuem um total de 4.910
cadastros. 11 imóveis possuem 27 cadastros idênticos em tipo de APP e tamanho da área e 249
imóveis possuem 1.010 cadastros com idênticos tipos de APPs. Apenas o imóvel de ID n.
7768527 possui um total de 313 cadastros: 72 APPs de rios de 50 até 200m; 71 APPs a recompor
de rios de 50 até 200m; 65 APPs em área de vegetação nativa; 32 APPs de rios de 10 até 50m;
27 APPs a recompor de rios de 10 até 50m; 16 APPs de rios até 10m; 09 APPs a recompor de
rios até 10m; 08 APPs a recompor de rios de 200 até 600m; 06 APPs de rios de 200 até 600m;
79

04 APPs a recompor de rios com mais de 600m; 02 APPs de rios com mais de 600m e 01 APP
em área antropizada não declarada como área consolidada.

3.4.2.3 Novo Airão

Por fim, Novo Airão é um município de 3.777.677,00 hectares, com 370.103,03 em


CAR e 1.782.469,40 em CCIR.

O município possui 232 cadastros, com 42 deles maiores que 100 hectares, em um
total de 364.588,81 – 98,51% do total da extensão territorial dos cadastros. O maior cadastro
possui 305.864,34 hectares, equivalente a 82,64% da extensão territorial dos cadastros do
município. A visualização do limite territorial, CARs e maior CAR de Novo Airão poderá ser
feita através do ANEXO E.

Tabela 7 - Quantidade e tamanho dos CARs de Novo Airão/AM

Fonte: is.gd/cmendes_car

Localizado ao norte do estado do Amazonas, o Quilombo Tambor ocupa a região


metropolitana de Manaus, e periférica das cidades de Barcelos e Novo Airão, perfazendo a
extensão de 719.880,67 ha, sendo 633.858,68 ha em Novo Airão, onde residem 300
quilombolas que compõem 17 famílias (CPISP, 2022). O cenário de sua criação, logo no início
do século XX, refletia a união da comunidade em torno da livre agricultura de subsistência e,
além disso, a indivisibilidade da faixa territorial de permanência das famílias quilombolas
(MAPA DE CONFLITOS, 2022).

Com a criação do Parque Nacional do Jaú, em 1980, foi travado o embate entre
interesses da comunidade quilombola e os órgãos ambientais, os quais passaram a restringir as
80

atividades costumeiras do corpo social ali instalado em prol da política ambiental. Ademais, a
área de permanência da comunidade foi dividida para a instalação do Parque, de forma a
direcionar parte das famílias para a zona urbana. O contexto atual resume-se à busca da
comunidade do Tambor à regularização fundiária, conflito judicial em tramitação na Câmara
de Conciliação da Advocacia Geral da União (FARIAS JÚNIOR, 2011).

O município de Novo Airão contabiliza 1.020,67 ha de área consolidada. Assim como


no município de Barreirinha, existem apenas proposições de RL’s, em um total de 221
cadastros, os quais carecem de aprovação pelo órgão ambiental. No tocante às APP’s, dos 232
imóveis constantes do CAR, apenas 163 imóveis possuem lançamentos de APPs, em um total
de 764 cadastros. O imóvel de ID n. 6244758 possui, sozinho, 45 lançamentos, sendo 23 em
APP de rios até 10 metros, 20 de APP em área de vegetação nativa, 01 de APP a recompor de
rios até 10m e 01 de APP em área antropizada não declarada como área consolidada.

3.4.3 Bahia

A análise no estado da Bahia incluiu seis municípios: Carinhanha, Ibitiara, Salvador,


Seabra, Simões Filho e Xique-xique. Os municípios possuem, segundo o IBGE, uma extensão
territorial de 1.273.661,10 hectares, com um total de 575.877,49 hectares de CAR e 994.306,37
hectares de CCIR. A área total quilombola é de 14.513,55 hectares.

Tabela 8 – Análise Geral do Estado da Bahia

Fonte: is.gd/cmendes_car
81

3.4.3.1 Carinhanha

Carinhanha é um município com extensão territorial de 252.590,60 hectares,


possuindo 168.594,56 hectares de CAR e 302.104,23 hectares de CCIR. Isso significa que o
município possui 119,60% de CCIR em relação à sua extensão territorial.

O município já possui 2.788 cadastros ambientais rurais, sendo que 187 deles com área
maior que 100 hectares. Esses 187 cadastros, contudo, perfazem o total de 102.536,83 hectares,
equivalente a 60,81% do total da extensão territorial dos cadastros ambientais rurais. Além
disso, o maior cadastro possui 25.565,95 hectares, o que, sozinho, corresponde a 15,16% da
extensão de todos os 2.788 cadastros. A visualização do limite territorial, CARs e maior CAR
de Carinhanha poderá ser realizada por meio do ANEXO F.

Tabela 9 - Quantidade e tamanho dos CARs de Carinhana/BA

Fonte: is.gd/cmendes_car

É no município de Carinhanha que vive a comunidade remanescente quilombola Barra


do Parateca, em uma área de 8.096,49 ha de área reconhecida pela Fundação Cultural dos
Palmares, onde vivem 404 famílias. A principal fonte de economia local é a agricultura de
subsistência desenvolvida nas cercanias do rio São Francisco (CPISP, 2022).

Além da busca pela regularização fundiária por meio da titulação de suas terras, a
comunidade convive com ameaças de fazendeiros e desafios sociais nas áreas da educação e da
saúde. Os grupos latifundiários que prevalecem na região estabeleceram um cenário de conflito
com a população quilombola após a reocupação dos membros deste corpo social em 2008
(CPTNE, 2008). No que se refere ao enfrentamento dos problemas sociais internos da
comunidade, nas escolas é recorrente a falta de merenda e, no que tange à saúde, o atendimento
82

médico, assistência social e abastecimento de medicamentos são precários (RACISMO


AMBIENTAL, 2019).

O município de Carinhanha possui área consolidada de 2.765,60 ha. Acerca da reserva


legal, são 2.359 cadastros, sendo que desses, apenas 04 constam como averbados - os demais
prevalecem com o “status” de Reserva Legal Proposta. Com relação à análise das APP’s, dos
2.788 imóveis inscritos no CAR, apenas 462 possuem APPs, em um total de 638 cadastros. O
imóvel de ID n. 2940234 possui 92 cadastros de APPs: 40 registros em área de vegetação nativa;
23 em área antropizada não declarada como área consolidada; 14 de rios até 10m; 11 a recompor
de rios até 10m; 02 de lagos e lagoas naturais e 02 de nascentes ou olhos d´água perenes.

3.4.3.2 Ibitiara

Ibitiara, por sua vez, possui 183.400,20 hectares de extensão territorial; 49.354,74
hectares de CAR e 43.430,41 hectares de CCIR. Dos municípios analisados, está entre os
municípios com maior equilíbrio e proximidade entre cadastros e extensão territorial.

Ibitiara possui 2.361 cadastros ambientais rurais, sendo 84 maior que 100 hectares,
correspondentes a 13.855,56 hectares. Os dois maiores cadastros possuem 499,89 e 405,86
hectares. Percebe-se, portanto, uma grande discrepância entre o tamanho dos cadastros de
Ibitiara em comparação com os grandes cadastros dos demais municípios até aqui analisados.
A visualização dos CARs e dois maiores CARs de Ibitiara poderá ser realizada no ANEXO G.

Tabela 10 - Quantidade e tamanho dos CARs de Ibitiara/BA

Fonte: is.gd/cmendes_car
83

O município é o refúgio da pequena comunidade quilombola de Canabrava, que ocupa


a faixa territorial de 2.110 ha e obteve sua certificação perante a Fundação Cultural dos
Palmares em 2006. Os quilombolas desta região trabalham precipuamente com o plantio de
mandioca para a produção de farinha (DE ANDRADE, 2013).

O município não apresenta nenhum registro de área consolidada. No que se refere à


delimitação das RL’s, existem 2.227 imóveis com registros propostos, não havendo
duplicidade. Com relação às APPs, 162 imóveis possuem 166 inscrições, que totalizam 566,97
ha.

3.4.3.3 Salvador

Salvador, capital do estado da Bahia, possui 69.345,30 hectares. São apenas 221,02
hectares de CAR e 4.585,70 hectares de CCIR.

A capital do estado possui apenas 58 cadastros e apenas um acima de 100 hectares,


possuindo 197,11 hectares, ou seja, 89,18% da extensão territorial dos cadastros ambientais
rurais do município. A visualização dos CARs e maior CAR de Salvador pode ser realizada
com a ajuda do ANEXO H.

Tabela 11 - Quantidade e tamanho dos CARs de Salvador/BA

Fonte: is.gd/cmendes_car

A capital baiana comporta o território quilombola Ilha da Maré, o qual abriga cinco
comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Cultural dos Palmares: Bananeiras,
Martelo, Ponta Grossa, Porto dos Cavalos e Praia Grande. A extensão territorial desse território
84

é de 644,74 ha onde residem 404 famílias, as quais sobrevivem da atividade manual pesqueira
e marisqueira (CPISP, 2022).

Na localidade, os quilombolas reivindicam melhorias essenciais para a qualidade de


vida como saneamento básico, fornecimento de água potável, construção de áreas de lazer,
transporte e atendimento emergencial de saúde. Acrescente-se que, apesar da vasta articulação
das comunidades da Ilha da Maré, os integrantes ainda aguardam a conclusão do processo de
titulação do território correspondente (CORES, 2020).

Inexiste, no município, registro de área imóvel rural com ocupação antrópica


preexistente a 22 de julho de 2008 - área rural consolidada. No que tange à reserva legal nos
imóveis rurais do município, constam apenas 10 imóveis com pedidos propostos e apenas 02
imóveis com APPs de lagos e lagoas naturais.

3.4.3.4 Seabra

Seabra, quarto município objeto de análise do estado da Bahia, possui 240.217,00


hectares, com 52.536,32 hectares de CAR e 75.069,14 hectares de CCIR.

Seabra possui, ao todo, 3.257 cadastros ambientais rurais, sendo 76 cadastros maiores
que 100 hectares, com um total de 14.523,70 hectares – 27,64% do total da extensão territorial
dos cadastros. O maior cadastro do município possui 1.068,30 hectares. A visualização do
limite territorial, cadastros e maior CAR de Seabra pode ser feita por intermédio do ANEXO I.

Tabela 12 - Quantidade e tamanho dos CARs de Seabra/BA

Fonte: is.gd/cmendes_car
85

No município “capital da Chapada da Diamantina”, situam-se dez comunidades


quilombolas: Agreste - território titulado em 2.340,55 hectares onde vivem 74 famílias; Capão
das Gamelas - território titulado em 1.315,48 ha e abriga 60 famílias; Lagoa do Baixão -
território titulado que abriga 102 famílias; Morro Redondo - território não titulado, contudo,
certificado pela FCP onde vivem 67 famílias; Vão das Palmeiras - território titulado em
1.022,01 ha, onde residem 300 famílias; Mocambo e Cachoeira - território titulado em 3.376,06
ha, onde vivem 200 famílias que compõem as duas comunidades; Serra do Queimadão -
território titulado em 1.504,47 ha, onde vivem 150 famílias; Vazante - território titulado em
2.495,48 ha, onde habitam 45 famílias; Olhos D'água do Basílio - território não titulado, no
entanto, certificado pela FCP, onde habitam 73 famílias; e Baixão Velho - território titulado em
3.871,77 ha, onde encontram-se 95 famílias.

A principal fonte de renda dessas comunidades é o plantio de hortifrutis para


comercialização e subsistência das comunidades tradicionais, as quais se baseiam na produção
solidária (MACEDO, 2021).

No município, assim como em Ibitiara e Salvador, inexiste registro, na base de dados


do CAR, de área imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008. No
que tange à área de reserva legal, são 2.634 imóveis com um total de 10.316,06 ha de Reserva
Legal Proposta. Com relação ao levantamento das APP’s cadastradas na região, 733 imóveis
possuem 760 inscrições.

3.4.3.5 Simões Filho

Simões Filho é um município de 20.141,80 hectares, com 2.583,69 hectares de CAR e


19.921,75 hectares de CCIR, ou seja, 98,90% da extensão territorial do município.

Simões Filho possui 116 cadastros ambientais rurais, sendo 06 cadastros maiores que
100 hectares. Os dois maiores CAR do município possuem 347,93 e 310,29 hectares. A
visualização do limite do município, dos CARs e dos dois maiores CARs de Simões Filho
poderão ser observadas no ANEXO J.
86

Tabela 13 - Quantidade e tamanho dos CARs de Simões Filho/BA

Fonte: is.gd/cmendes_car

Localizada nas proximidades da capital baiana, a cidade de Simões Filho conta com
duas comunidades remanescentes quilombolas: Rio dos Macacos e Pitanga de Palmares. Nesta
vivem 351 famílias em 854,25 ha de terras não tituladas, aquela registra a permanência de 70
famílias na extensão territorial de 91,28 ha regularmente titulados (CPISP, 2022).

A comunidade remanescente quilombola Rio dos Macacos enfrentou judicialmente a


resistência da própria União para a regularização fundiária, uma vez que a base da Marinha ali
instalada declarou o seu interesse pela propriedade. Por outro lado, a comunidade Pitanga dos
Palmares é constantemente oprimida pelo setor privado, devido ao relevante valor
socioeconômico do território, que já promoveu a instalação de um presídio, um pedágio e uma
ferrovia. Entretanto, os percalços enfrentados pelas comunidades não limitam-se à violência
territorial, haja vista o descaso do Estado quanto ao pleno fornecimento de serviços públicos
essenciais como o abastecimento de água, coleta de lixo, serviço de saúde e educação
(DEFENSORIA, 2019).

O município não apresenta nenhum registro de área consolidada na base de dados do


CAR. Acerca da reserva legal, 94 imóveis totalizam 424,59 ha de RL Proposta e 03 imóveis
perfazem 51,48 ha de RL Averbada. No tocante ao levantamento das APP’s cadastradas na
região, apenas 33 imóveis possuem inscrições, totalizando 38 APPs.
87

3.4.3.6 Xique-Xique

Xique-xique é o maior município dos seis analisados da Bahia. Possui 507.966,20


hectares, com 302.587,16 hectares de CAR e 549.195,15 de CCIR – 108,12% da extensão
territorial do município.

Xique-xique possui 2.760 cadastros ambientais rurais, sendo 254 maiores que 100
hectares, com um total de 268.654,88 hectares – 88,78% da extensão territorial total dos
cadastros do município. Os dois maiores cadastros possuem 47.326,01 e 19.991,09 hectares,
perfazendo 67.317,10 hectares, correspondente a 22,24% do total da extensão territorial dos
cadastros do município. A visualização do município, dos CARs e dos dois maiores CARs pode
ser realizada por intermédio do ANEXO K.

Tabela 14 - Quantidade e tamanho dos CARs de Xique-Xique/BA

Fonte: is.gd/cmendes_car

A cidade é a base das comunidades tradicionais quilombolas de Ilha da Champrona e


Vicentes. Nesta, residem 29 famílias na faixa territorial de 355,72 ha, com o processo
administrativo de titulação em trâmite (CPISP, 2022). No tocante à comunidade Ilha da
Champrona, constata-se apenas a certificação do quilombo perante a Fundação Cultural dos
Palmares. Os quilombolas que residem nessas comunidades, sobrevivem por meio da
agricultura familiar e da pesca artesanal (CULTURA XIQUE-XIQUE, 2017).

Cumpre ressaltar que as comunidades de Xique Xique buscam manter a prevalência


da história e da cultura de seus antepassados ao conservarem as casas de farinha, promoverem
festividades culturais e rememorar a tradição quilombola por meio dos “griôs” – indivíduo que
detém e difunde a memória do grupo, atuando na qualidade de difusor de tradições
(XIQUESAMPA, 2021).
88

O município possui 4.850,89 ha em área rural consolidada. Acerca das RL’s, dos 2.760
imóveis inscritos no CAR, 1.780 possuem inscrição de reserva, todos constando como proposta.
Com relação à análise das APP’s, apenas 527 possuem inscrições, totalizando 1.070 cadastros.
O imóvel de ID n. 2946068 possui, sozinho, 160 registros: 80 em área de vegetação nativa; 31
a recompor de rios até 10m; 22 em área antropizada não declarada como área consolidada; 17
de rio até 10m; 07 de nascentes ou olhos d´água perenes; 01 de lagos e lagos naturais; 01 de
rios com mais de 600m e 01 de rios de 50 até 200m.

3.4.4 Goiás

Goiás foi o estado com a maior quantidade de municípios alcançados, com um total de
10 cidades: Barro Alto, Cavalcante, Cidade Ocidental, Mineiros, Monte Alegre de Goiás, Nova
Roma, Posse, Santa Rita do Novo Destino e Teresina de Goiás. Os municípios totalizam,
segundo o IBGE, 2.712.285,50 hectares. Existiam na base de julho de 2021 o total de
2.657.189,98 hectares em CAR – 97,97% da extensão territorial dos municípios. Possui ainda
5.003.251,37 hectares em CCIR – 184,46% da extensão territorial dos municípios analisados.

Tabela 15 – Análise geral do Estado de Goiás

Fonte: is.gd/cmendes_car

3.4.4.1 Barro Alto

Barro Alto é um município de 109.324,80 hectares, possuindo 114.742,54 hectares de


CAR – 104,95% da extensão territorial do município, e 157.239,74 de CCIR – 143,83% da
extensão territorial do município.
89

O município de Barro Alto possui o total de 451 cadastros ambientais rurais, com 151
cadastros maiores que 100 hectares, e correspondentes a 104.937,30 hectares, ou seja, 91,45%
da extensão territorial de todos os cadastros do município. Os três maiores cadastros possuem
5.988,12, 5.007,01 e 5.000,22 hectares, num total de 15.995,35 hectares, equivalente a 13,94%
do total da extensão territorial dos cadastros do município. Visualmente, percebe-se uma
discrepância – aparentemente bem menor - entre o tamanho do cadastro de 5.007,01 hectares
para os outros dois. A visualização do limite territorial, CARs e três maiores CARs de Barro
Alto poderá ser feita através do ANEXO L.

Tabela 16 - Quantidade e tamanho dos CARs de Barro Alto/GO

Fonte: is.gd/cmendes_car

As comunidades remanescentes quilombolas Antônio Borges e Tomás Cardoso,


localizam-se no município de Barro Alto, ao norte do estado goiano (CPISP, 2022). No ano de
2015, para o benefício de 41 famílias, Tomás Cardoso recebeu da Superintendência Geral do
INCRA/GO a instrumentalização da regularização fundiária por meio da emissão de título de
propriedade de 1.940,84 hectares (INCRA, 2021). Já a comunidade Antônio Borges, que abriga
200 famílias, aguarda o êxito do processo de titulação protocolado em 2008. Cumpre destacar
que ambas as comunidades dedicam-se à agricultura familiar de subsistência (FERNANDES,
2022).

A área rural consolidada do município de Barro Alto estende-se por 59.664,71 ha, ou
seja, 10% da área territorial do município representa a zona regularizada por força da vigência
do Código Florestal de 2012. Acerca das delimitações das RL’s, 399 imóveis possuem 406
inscrições: 02 vinculadas à compensação de outro imóvel; 04 aprovadas e não averbadas; 40
averbadas e 360 propostas.

No que concerne ao levantamento das APP’s, 390 imóveis totalizam 5.783 inscrições.
18 imóveis possuem 86 inscrições com tipo e área idênticas e 201 imóveis possuem 3.900
90

inscrições com tipos de APPs repetidos. -se 3.900 registros de APP’s em somente 201
propriedades rurais. Apenas o imóvel de ID n. 924129 possui 242 registros: 93 APPs a
recompor de rios até 10m; 50 APPs em área de vegetação permanente; 48 APPs de rios até
10m; 22 APPs de nascentes ou olhos d´água perenes; 22 APPs em área antropizada não
declarada como área consolidada e 07 APPs a recompor de nascentes ou olhos d´água perenes.

3.4.4.2 Cavalcante

Cavalcante, por sua vez, é um município de 695.608,20 hectares, com um total de


771.986,44 hectares em CAR – 110,98% da extensão territorial do município. E possui, ainda,
1.536.219,63 hectares em CCIR – 220,84% da extensão territorial do município.

Cavalcante possui 1.141 cadastros ambientais rurais, com um total de 681 cadastros
maiores que 100 hectares, que totalizam 752.115,40 hectares – 97,42% da extensão territorial
total dos cadastros do município e 108,12% da extensão territorial do município. O maior
cadastro do município possui 122.497,28 hectares, ou seja, sozinho, o cadastro é equivalente a
17,61% da extensão territorial do município. A visualização do limite territorial, CARs e maior
CAR de Cavalcante pode ser feita por meio do ANEXO M.

Tabela 17 - Quantidade e tamanho dos CARs de Cavalcante/GO

Fonte: is.gd/cmendes_car

Ao nordeste do estado, localiza-se o território tradicional quilombola Kalunga, o qual


subdivide-se nos povoados Vão de Almas, Vão do Moleque, ambos no município de Cavalcante
e Engenho II - há 27 km de Cavalcante, localizado dentro do Sítio Histórico e Patrimônio
Cultural Kalunga (POLITIZAR, 2022).
91

O número de integrantes da comunidade em Cavalcante (considerando os povoados


Vão das Almas e Engenho II), ultrapassa 1.700 pessoas, as quais compõem 340 famílias. Os
quilombolas da comunidade receberam a titulação parcial do território que ocupam, situação
que, no entanto, não afastou o reconhecimento do Quilombo Kalunga como o maior em
extensão territorial do país, de forma a comportar 261.999,69 há (CPISP, 2022).

Cumpre informar que, o território tradicional Kalunga foi reconhecido pela


Organização das Nações Unidas – ONU, por ser o primeiro território no país ecologicamente
salvaguardado pela própria comunidade. Ademais, os quilombolas Kalunga trabalham com
técnicas rudimentares de cultivo para a demanda alimentar das famílias, identificando-se a troca
de insumos produzidos (AGÊNCIA BRASIL, 2021).

No que concerne à área consolidada registrada no CAR, o levantamento aponta


90.380,81 ha, o que significa que 12,99% da extensão territorial do município representa zona
regularizada por força da vigência do Código Florestal de 2012. Acerca da área de reserva legal,
1.097 imóveis totalizam 1.126 inscrições: 06 aprovadas e não averbadas; 14 vinculadas à
compensação de outro imóvel; 102 averbadas e 1.004 propostas.

No tocante às APP’s, 884 imóveis totalizam 11.680 inscrições. 39 imóveis possuem


223 inscrições com idênticos tipos e áreas e 603 imóveis somam 7.773 inscrições com tipo de
APP repetido. O imóvel de ID n. 3579743 possui, sozinho, 417 inscrições de APPs: 164 de
áreas com declividades superiores a 45 graus; 103 em área de vegetação nativa; 39 em área
antropizada não declarada como área consolidada; 36 de rios até 10m; 32 a recompor de rios
até 10m; 22 de nascentes ou olhos d´água perenes e 21 de topos de morro.

3.4.4.3 Monte Alegre de Goiás

Monte Alegre de Goiás possui extensão territorial de 312.055,10 hectares, 299.276,65


hectares de CAR (95,90% da extensão territorial do município) e 464.873,00 hectares de CCIR
(148,97% da extensão territorial do município).

Monte Alegre de Goiás possui 833 cadastros ambientais rurais, com 385 cadastros
acima de 100 hectares, que por sua vez ocupam 281.246,24 hectares – 93,97% da extensão
territorial dos cadastros do município. O maior cadastro possui 43.295,74 hectares, o que
corresponde a 13,87% da extensão territorial do município. Ainda, da visualização do cadastro
no mapa, é possível perceber uma série de marcações fora do alcance geográfico do município.
92

A visualização da sobreposição dos CARs e maior CAR sobre o limite territorial de Monte
Alegre de Goiás poderá ser feita no ANEXO N.

Tabela 18 - Quantidade e tamanho dos CARs de Monte Alegre de Goiás/GO

Fonte: is.gd/cmendes_car

O território quilombola Kalunga, além do município de Cavalcante, também é


compartilhado pela cidade de Monte Alegre, mais especificamente o território correspondente
ao Sítio Histórico Kalunga. Na localidade, a população tradicional convive com o intenso
turismo ecológico, no entanto, o cultivo da terra nos moldes da agricultura familiar é o que
permite a subsistência das famílias. A cultura da comunidade é calcada na realização de
festividades religiosas para a homenagem aos santos e às tradicionais danças “sussa” e “boilé”
(ENCONTROTECA, 2022).

A área territorial do município de Monte Alegre de Goiás estende-se por 312.055,10


ha. Destes, 104.826,66 ha constituem área rural consolidada da região, ou seja, 33% da área
territorial do município representa a zona regularizada por força da vigência do Código
Florestal de 2012. Acerca das reservas legais, 679 imóveis somam 705 inscrições: 05 vinculadas
à compensação de outro imóvel; 12 aprovadas e não averbadas; 60 averbadas e 628 propostas.

No que concerne ao levantamento das APP’s, 555 imóveis somam 6.028 registros,
sendo que 289 possuem 3.833 registros com tipos de APP repetidos. O imóvel de ID n. 6865344
possui 318 inscrições: 161 em área de vegetação nativa; 43 a recompor de rios até 10m; 37 de
rios até 10m; 33 em área antropizada não declarada como área consolidada; 22 de nascentes ou
olhos d´água perenes; 14 de áreas com declividades superiores a 45 graus; 04 de topos de morro;
02 de rios de 10 até 50m; 01 a recompor de nascentes ou olhos d´água perenes e 01 de rios de
10 até 50m.
93

3.4.4.4 Teresina de Goiás

Teresina de Goiás possui extensão territorial de 77.463,90 hectares, com 49.643,11


hectares de CAR e 107.712,40 hectares de CCIR (139,04% da extensão territorial do
município).

Teresina de Goiás possui 147 cadastros ambientais rurais, sendo 69 cadastros maiores
que 100 hectares, que atingem o total de 46.732,81 hectares – 94,43% da extensão territorial
dos cadastros do município. Os dois maiores cadastros possuem 4.539,01 e 3.973,04 hectares e
correspondem a 10,99% da extensão territorial do município. A visualização da sobreposição
dos CARs e dos dois maiores CARs sobre o limite territorial de Teresina de Goiás pode ser
feita por intermédio do ANEXO O.

Tabela 19 - Quantidade e tamanho dos CARs de Teresina de Goiás/GO

Fonte: is.gd/cmendes_car

O município de Teresina de Goiás também abarca o território quilombola Kalunga,


subdividido entre as comunidades Diadema e Ribeirão. A regularização fundiária do Território
Kalunga, até o momento, apenas obteve êxito parcial de sua titulação. Em Diadema e Ribeirão,
os povoados laboram com pequenas criações de gados e a vasta produção de diversos frutos
típicos do Cerrado (LIMA, 2012).

Teresina de Goiás possui 8.942,23 ha de área rural consolidada, equivalente a 11% da


extensão territorial do município. Acerca das RLs, 138 imóveis somam 141 registros: 02
vinculados à compensação de outro imóvel; 02 aprovados e não averbados; 04 averbados e o
restante proposto.
94

No tocante às APP’s, 108 imóveis totalizam 1.142 registros, sendo que 63 imóveis
possuem um total de 720 inscrições com tipos de APPs repetidos. O imóvel de ID n. 7134727
possui 119 registros: 46 de APPs de rios até 10m; 36 em área de vegetação nativa; 34 de
nascentes ou olhos d´água perenes; 02 de rios de 10 até 50m e 01 em área antropizada não
declarada como área consolidada.

3.4.4.5 Cidade Ocidental

Cidade Ocidental possui extensão territorial de 39.095,90 hectares, com 29.129,02


hectares de CAR e 48.260,08 hectares de CCIR. Isso significa que o CAR ocupa 74,50% da
extensão territorial do município, enquanto o CCIR ocupa 123,44% dessa mesma referência.

O município de Cidade Ocidental possui 257 cadastros ambientais rurais, com 81


cadastros acima de 100 hectares, que, por sua vez, correspondem a 23.911,12 hectares, ou
82,08% da extensão total dos cadastros do município. Os quatro maiores cadastros possuem
1.739,09, 1.645,89, 1.581,41 e 1.009,71 hectares, totalizando 5.976,10 hectares – 15,28% da
extensão territorial do município. A visualização do limite territorial, CARs e quatro maiores
CARs da Cidade Ocidental poderá ser realizada por meio do ANEXO P.

Tabela 20 - Quantidade e tamanho dos CARs da Cidade Ocidental/GO

Fonte: is.gd/cmendes_car

A comunidade remanescente quilombola Mesquita, localiza-se na Cidade Ocidental,


contando com a extensão territorial de 4.151,37 hectares, onde habitam 785 famílias (CPISP,
2022). No que se refere à regularização fundiária, o processo administrativo de titulação
protocolado em 2006 ainda não foi concluído, o que traz grande instabilidade para os
95

pertencentes que, por vezes, enfrentam judicialmente a pressão dos empreendimentos


imobiliários (SOUZA FILHO, 2019).

A história do Quilombo de Mesquita é atrelada à mão de obra direta dos quilombolas


na construção de Brasília, situação que trouxe modernização e o engendramento de empregos.
No que concerne à economia, a comunidade sobrevive da atividade agrícola de subsistência e
para comercialização (BBC, 2018).

A área consolidada do município corresponde a 17.054,69 ha, o que significa que 42%
da extensão territorial do município representa zona regularizada por força da vigência do
Código Florestal de 2012. Sobre esta última análise convém destacar que a área consolidada
legalizada pelo novel diploma florestal deve ser aplicada de forma excepcional e restrita, de
forma a atender a função ecológica da propriedade. Ademais, a área consolidada local
contrapõe-se à realidade da comunidade quilombola pertencente à região – Mesquita - a qual
ocupa somente 4.151,37 ha.

Acerca da área de reserva legal, dos 257 imóveis cadastrados no CAR no município,
213 possuem inscrição de RL: 02 aprovadas e não averbadas; 40 averbadas e 171 propostas.
No que concerne ao levantamento das APP’s, 184 propriedades rurais totalizam 2.139 registros.
O imóvel de ID n. 1492063 possui 664 inscrições: 355 de rios até 10m; 160 a recompor de rios
até 10m; 73 em área de vegetação nativa; 34 em área antropizada não declarada como área
consolidada; 24 de nascentes ou olhos d´água perenes; 09 a recompor de nascentes ou olhos
d´água perenes e 09 de reservatório artificial decorrente de barramento de cursos d´água.

3.4.4.6 Mineiros

Mineiros é o maior município entre os dez selecionados em Goiás, possuindo


903.877,40 hectares. Há um total de 743.832,28 em CAR (82,29% da extensão territorial do
município) e 1.532.916,98 hectares em CCIR (169,59% da extensão territorial do município).

Mineiros possui 1.892 cadastros ambientais rurais, sendo 1.210 cadastros acima de
100 hectares, com um total de 711.319,91 hectares – 95,63% do total da extensão territorial dos
cadastros do município. O maior cadastro possui 8.557,10 hectares. A visualização da
sobreposição dos CARs e maior CAR sobre o limite do município poderá ser feita através do
ANEXO Q.
96

Tabela 21 - Quantidade e tamanho dos CARs de Mineiros/GO

Fonte: is.gd/cmendes_car

A Terra Quilombola Cedro encontra-se no município de Mineiros e comporta 61


famílias. Trata-se de território não titulado, cuja área registrada é de 589,81 hectares (CPISP,
2022). A economia local baseia-se na agricultura e na criação de animais para a própria
subsistência e comercialização. Por outro lado, o quilombo Cedro carece de atenção do Estado
em virtude da má prestação da coleta de lixo, ausência de saneamento básico e precariedade
nos setores da educação e saúde (FREITAS, 2021).

O município, conforme informado, compreende uma área de 903.877,40 ha, dentre os


quais 398.181,12 ha consistem em área consolidada, ou seja, 44% da área territorial do
município representa a zona regularizada por força da vigência do Código Florestal de 2012.
Ademais, a área consolidada local representa uma distorção com relação à realidade da
comunidade quilombola pertencente à região - Cedro - a qual ocupa apenas 589,81 ha.

No que tange às reservas legais, 1.601 imóveis contabilizam 1.697 inscrições de RL:
09 aprovadas e não averbadas; 23 vinculadas à compensação de outro imóvel; 368 averbadas e
1.297 propostas. Com relação à análise das APP’s, 1.481 imóveis totalizam 24.546 inscrições.
54 imóveis possuem 186 inscrições com idênticas áreas e tipos de APPs e 1.052 imóveis
possuem 17.345 com tipos de APPs repetidas. O imóvel de ID n. 6977392 é a propriedade com
maior incidência de inscrições: 109 APPs de nascentes ou olhos d´água perenes; 84 APPs em
área de vegetação nativa; 25 APPs a recompor de rios até 10m; 15 APP de veredas; 14 APPs a
recompor de nascentes ou olhos d´águas perenes; 14 APPs a recompor de veredas; 04 APPs de
reservatórios artificial decorrente de barramento de cursos d´água; 02 APPs de rios até 10m e
01 APP em área antropizada não declarada como área consolidada.
97

3.4.4.7 Nova Roma

Nova Roma possui 213.596,00 hectares de extensão territorial, 323.888,43 hectares de


CAR (151,63% da extensão territorial do município) e 622.144,15 hectares de CCIR (290,86%
da extensão territorial do município).

Nova Roma possui 1.165 cadastros ambientais rurais, com 501 cadastros acima de 100
hectares, equivalentes a 300.750,73 hectares – 140,80% da extensão territorial do município e
92,85% da extensão territorial dos cadastros do município. Os dois maiores cadastros possuem
7.702,23 e 7.581,26 hectares. A visualização da sobreposição dos CARs e dois maiores CARs
sobre o limite territorial de Nova Roma poderá ser feita com a ajuda do ANEXO R.

Tabela 22 - Quantidade e tamanho dos CARs de Nova Roma/GO

Fonte: is.gd/cmendes_car

No município de Nova Roma, às margens do Rio Paranã, prevalece a comunidade


remanescente quilombola de Magalhães. Pertencem à comunidade mais de 79 quilombolas que
compõem 22 famílias. Trata-se de área correspondente a 5.492,14 ha, ainda sem titulação e com
processo administrativo em trâmite perante o INCRA (CPISP, 2022). Vale ressaltar que, os
integrantes da comunidade de Magalhães denominam-se “kalungueiros”, em virtude do
parentesco com o Povo Kalunga. A economia da comunidade Magalhães baseia-se na produção
agrícola de milho, arroz, cana, banana e feijão, de forma a substituir a antiga produção de
farinha (ALVES, 2015).

Nova Roma possui 61.229,70 há de área consolidada, o que corresponde a 28% da


extensão territorial do município. Percebe-se, assim, que a anistia concedida mediante área
consolidada foi mais benéfica do que a concessão territorial do quilombo Magalhães, da
localidade, o qual ocupa somente 5.492,14 ha.
98

Acerca da reserva legal, 1.031 imóveis somam 1.094 inscrições: 22 aprovadas e não
averbadas; 39 vinculadas à compensação de outro imóvel; 118 averbadas e 915 propostas. Com
relação às APP’s, 702 imóveis totalizam 4.250 registros. O imóvel de ID n. 7195366 possui
105 inscrições: 62 de APP a recompor de rios até 10m; 19 de rios até 10m; 15 de nascentes ou
olhos d´água perenes; 08 em área de vegetação nativa e 01 em área antropizada não declarada
como área consolidada.

3.4.4.8 Posse

Posse é um município com extensão territorial de 207.054,40 hectares, com


176.041,03 hectares de CAR (85% da extensão territorial do município) e 296.305,14 hectares
em CCIR (143,10% da extensão territorial do município).

Posse constava, na base de julho de 2021, com 1.165 cadastros ambientais rurais,
sendo 241 acima de 100 hectares, responsáveis pelo alcance de 153.603,82 hectares (87,25%
da extensão territorial dos cadastros do município). Os três maiores cadastros possuem
11.902,71, 10.094,99 e 8.910,02 hectares, totalizando 30.907,72 hectares – sozinhos
representam 14,93% da extensão territorial do município. A visualização da sobreposição dos
CARs e dos três maiores CARs sobre o limite territorial de Posse pode ser feita através do
ANEXO S.

Tabela 23 - Quantidade e tamanho dos CARs de Posse/GO

Fonte: is.gd/cmendes_car

Na comunidade de Bacu-Pari, localizada no nordeste de Goiás, no município de Posse,


habitam cerca de 500 pessoas, as quais compõem 46 famílias, sob a extensão territorial de
99

3.147,49 há. No que concerne à regularização fundiária, a população tradicional aguarda


conclusão do processo administrativo, protocolado em 2007 (CPISP, 2022).

Os integrantes da comunidade carecem de atenção do Estado, uma vez que o


planejamento de políticas públicas é ausente na região. Pode-se citar, a título de exemplo, a
falta de saneamento básico e a escassez de água potável (POLITIZAR, 2022).

No que concerne à área consolidada registrada no CAR, o levantamento aponta


93.163,13 ha, o que equivale a 44% da extensão territorial do município. É possível perceber,
portanto, um contraste entre a área consolidada e a delimitação territorial do quilombo Bacu-
Pari, da localidade, o qual ocupa somente 3.147,49 ha. Em relação às delimitações das RL’s
958 imóveis possuem 965 inscrições: 02 vinculadas à compensação de outro imóvel; 02
aprovadas e não averbadas; 24 averbadas e 937 propostas.

Com relação à análise das APP’s, 631 imóveis totalizam 3.785 inscrições – 27 imóveis
possuem 76 registros idênticos em áreas e tipos de APPs e 183 imóveis possuem 1.386 com
tipos de APPs repetidos. O imóvel de ID n. 2378760 é uma das propriedades com maior
incidência de registros, contando com 150 inscrições: 111 APPs em área de vegetação nativa;
12 a recompor de rios até 10m; 12 de rios até 10m; 09 de nascentes ou olhos d´água perenes;
02 a recompor de nascentes ou olhos d´água perenes; 01 a recompor de rios de 10 até 50m; 01
de rios de 10 até 50m; 01 em área antropizada não declarada como área consolidada e 01 para
abastecimento ou geração de energia.

3.4.4.9 Santa Rita do Novo Destino

Santa Rita do Novo Destino possui 95.604,10 hectares, com 86.573,73 hectares de
CAR (90,55% da extensão territorial do município) e 129.483,78 hectares de CCIR (135,43%
da extensão territorial do município).

Santa Rita do Novo Destino possui 437 cadastros ambientais rurais, com 151 cadastros
acima de 100 hectares, equivalentes a 75.265,00 hectares – 86,94% da extensão territorial total
dos cadastros do município. Os três maiores cadastros possuem 2.539,62, 2.493,93 e 2.144,78
hectares. A visualização da sobreposição dos CARs e três maiores CARs sobre o limite
territorial de Santa Rita do Novo Destino pode ser feita por intermédio do ANEXO T.
100

Tabela 24 - Quantidade e tamanho dos CARs de Santa Rita do Novo Destino/GO

Fonte: is.gd/cmendes_car

No município de Santa Rita do Novo vive a comunidade remanescente quilombola


Pombal, refúgio de 100 famílias (CPISP, 2022) que sobrevivem da agricultura familiar de
subsistência na lavoura e do artesanato (AGROCENTRO, 2022). Vislumbra-se na comunidade
a preservação de fortes traços culturais com festas religiosas, danças típicas e a anual Folia do
Divino (SANTA RITA DO NOVO DESTINO, 2022).

O município possui 49.163,65 ha de área rural consolidada, o que significa que 51%
da área territorial do município enquadra-se como zona regularizada por força da vigência do
Código Florestal de 2012. Em relação às delimitações das RL’s, 395 imóveis somam 411
inscrições: 05 vinculadas à compensação de outro imóvel; 07 aprovadas e não averbadas; 64
averbadas e 335 propostas.

Com relação ao levantamento das APP’s, 401 imóveis totalizam 5.998 inscrições – 27
imóveis com áreas e tipos de APPs idênticos e 257 imóveis com um total de 3.839 repetidos. O
imóvel de ID n. 8770467 possui 120 inscrições: 78 APPs em área de vegetação nativa; 17 de
rios até 10m; 14 de nascentes ou olhos d´água perenes; 09 a recompor de rios até 10m; 01 a
recompor de nascentes ou olhos d´água perenes e 01 em área antropizada não declarada como
área consolidada.

3.4.4.10 São Luiz do Norte

São Luiz do Norte possui extensão territorial de 58.605,70 hectares, com 62.076,75
hectares de CAR (105,92% da extensão territorial do município) e 108.096,47 hectares de CCIR
(184,48% da extensão territorial do município).
101

São 237 cadastros ambientais rurais, sendo 89 maiores que 100 hectares, que alcançam
o total de 56.673,73 hectares – 96,70% da extensão territorial do município. Os seis maiores
cadastros possuem 3.440,21, 3.094,21, 3.094,18, 2.731,52, 2.489,65 e 2.341,70 hectares,
atingindo um total de 17.191,47 hectares. Isso significa que, sozinhos, os seis cadastros
correspondem a 29,33% da extensão territorial do município. Ressalva-se que, não se sabe a
razão, o cadastro com 3.094,18 hectares não possui destaque específico no mapa do município.
A visualização da sobreposição dos CARs e dos 06 maiores CARs sobre o limite territorial de
São Luiz do Norte pode ser feita com a ajuda do ANEXO U.

Tabela 25 - Quantidade e tamanho dos CARs de São Luiz do Norte/GO

Fonte: ig.gd/cmendes_car

O município comporta duas comunidades quilombolas: o povoado de Lavrinhas e o


Quilombo Porto Leocádio. Nesta localidade residem, ao todo, 20 famílias em uma área não
titulada de 1.577,80 há (CPISP, 2022), sendo que a história da comunidade está atrelada à
mineração nas terras goianas. O núcleo quilombola sobrevive da atividade agropecuária, pesca
artesanal, extração de mel, o cultivo de diversos hortifrutis e o tradicional artesanato (INCRA,
2018).

São Luiz do Norte compreende 38.972,62 ha em área rural consolidada, o que


significada que a área imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008
equivale a 66% da extensão territorial total do município. A anistia concedida ao município é,
portanto, 2.500% maior que a concessão do território da comunidade tradicional de Porto
Leocádio, que ocupa apenas 1.577,80 ha.

Acerca das delimitações das RL’s, 222 imóveis possuem 233 inscrições: 01 vinculada
à compensação de outro imóvel; 03 aprovadas e não averbadas; 43 averbadas e 186 propostas.
Com relação às APP’s, 211 imóveis possuem 2.963 inscrições, sendo que 126 possuem 1.905
registros com tipos de APPs repetidos. O imóvel de ID n. 8268710 possui 149 inscrições, que
102

totalizam 429,10 ha: 74 APPs em área de vegetação nativa; 26 de nascentes ou olhos d´água
perenes; 22 de rios até 10m; 19 a recompor de rios até 10m; 03 a recompor de nascentes ou
olhos d´água perenes; 01 a recompor de rios de 10 até 50m; 01 a recompor de rios de 50 até
200m; 01 de rios de 10 até 50m; 01 de rios de 50 até 200m e 01 em área antropizada não
declarada como área consolidada.

3.4.5 Maranhão

A despeito da ausência de menção do CAR no Código de Normas do estado do


Maranhão, sua análise incluiu 05 (cinco) municípios: Brejo, Palmeirândia, Rosário, Santa Rita
e Vargem Grande. A extensão territorial dos municípios é de 496.891,60 hectares, com
507.722,68 hectares de CAR (102,18% da extensão territorial do município) e 709.199,15
hectares de CCIR (142,73% da extensão territorial do município). Os territórios quilombolas
dos municípios possuem, ao todo, 2.208,38 hectares.

Tabela 26 – Análise geral do Estado do Maranhão

Fonte: is.gd/cmendes_car

3.4.5.1 Brejo

Brejo é um município com 107.325,80 hectares em extensão territorial. Na base de


julho de 2021, possuía 92.719,01 hectares de CAR (86,39% da extensão territorial do
município) e 161.745,41 hectares de CCIR (150,70% da extensão territorial do município).

Brejo possui 2.380 cadastros ambientais rurais, sendo 130 maiores que 100 hectares,
que correspondem a 79.986,41 hectares – 86,26% da extensão territorial dos cadastros do
município. O maior cadastro possui 18.852,29 hectares, equivalente a 17,56% da extensão
103

territorial do município. A sobreposição dos CARs e do maior CAR sobre o limite territorial de
Brejo pode ser feita observando o ANEXO V.

Tabela 27 - Quantidade e tamanho dos CARs de Brejo/MA

Fonte: is.gd/cmendes_car

Localizado no leste maranhense, o município possui oito comunidades remanescentes


quilombolas: Alto Bonito (com área de 3.806,35 ha e 60 famílias), território Saco das Almas
(com área de 2.419,90 ha e 1.126 famílias), Árvores Verdes e Estreito (com área de 2.555 ha e
113 famílias), Depósito (com área de 726,08 ha e 13 famílias), Funil, Bom Princípio e Boa
Vista (CPISP, 2022).

A reparação histórica por meio da titulação das terras das comunidades de Brejo ainda
não foi alcançada. Esta situação traz instabilidade para os quilombolas que ali residem, uma
vez que a realidade do local envolve violência territorial praticada por sojicultores, situação que
compromete constantemente a segurança alimentar daquelas famílias (VIANA, 2018).
Recentemente o quilombo Alto Bonito foi beneficiado por uma decisão da Justiça Federal que
determinou a suspensão do procedimento de licenciamento ambiental para a exploração de
calcário em área pertencente à comunidade (MPF/MA, 2022).

Dos 107.325,80 há de extensão territorial do município, 27.268,19 ha constituem área


rural consolidada, o que representa 25% da área territorial da região. É possível perceber uma
contraposição entre a área consolidada local e a realidade das comunidades quilombolas
pertencentes à região, as quais ocupam somente 9.506 ha. Acerca das RLs, dos 2.380 imóveis
inseridos no CAR, 1.712 propriedades totalizam 1.726 inscrições de reservas. 02 inscrições
constam como aprovadas e não averbadas, 18 como averbadas e 1.706 como propostas. O
imóvel de ID n. 1579 possui 09 inscrições – 02 averbadas e outras 07 propostas.
104

Quanto às APP’s, 376 imóveis perfazem 1.409 – 07 imóveis com 14 inscrições


idênticas em área e tipos de APPs e 111 imóveis com 224 registros com tipos de APPs repetidos.
O imóvel de ID n. 8195739 possui 08 registros de APPs em área de vegetação nativa, 06 de rios
até 10m e 01 em área antropizada não declarada como área consolidada.

3.4.5.2 Palmeirândia

Palmeirândia possui 53.216,10 hectares de extensão territorial, com 151.389,45


hectares de CAR (284,48% da extensão territorial do município) e 28.226,07 (53,04% da
extensão territorial do município).

Palmeirândia possui 468 cadastros ambientais rurais, sendo 53 acima de 100 hectares,
equivalentes a 144.563,08 hectares – 271,65% da extensão territorial do município. Os seis
maiores cadastros possuem 21.504,73, 20.659,69, 18.089,95, 15.539,70, 13.098,65 e 13.042,57
hectares, que somados alcançam um total de 101.935,29, equivalente a 195,55% da extensão
territorial do município. A visualização da sobreposição dos CARs e seis maiores CARs sobre
o limite territorial de Palmeirândia pode ser feita no ANEXO W.

Tabela 28 - Quantidade e tamanho dos CARs de Palmeirândia/MA

Fonte: is.gd/cmendes_car

A comunidade remanescente quilombola Cruzeiro está localizada no município de


Palmeirândia. Assim como muitos outros quilombos no Maranhão, Cruzeiro iniciou o processo
de reconhecimento quilombola e titulação territorial em 2008, contudo, ainda sem conclusão.
Ao todo são 64 famílias sob uma área de 630,83 há (CPISP, 2022).
105

A regularização fundiária do Território Cruzeiro significa para os moradores mais do


que a asseguração dos direitos constitucionais, como também pode representar o fim das
disputas territoriais e ameaças violentas, em razão dos conflitos agrários (SOUZA, 2011).

A área rural consolidada da região possui 7.800,60 ha, equivalente a 14% da extensão
territorial do município – área essa que deveria ser aplicada excepcional e restritamente, de
forma a atender a função ecológica da propriedade. Cumpre enfatizar que a terra consolidada
de Palmeirândia é 1.236,56% maior que a delimitação territorial do quilombo Cruzeiro, na
localidade, o qual restringe-se à área de 630,83 ha.

Em relação às delimitações das RL’s, dos 468 imóveis objetos de CAR, apenas 237
imóveis possuem reservas, em um total de 238 inscrições – 02 averbadas e o restante propostas.
Com relação ao levantamento das APP’s, 33 imóveis somam 97 registros e o imóvel de ID n.
8372538, com maior incidência de inscrições, possui 04 registros – 03 de nascentes ou olhos
d´água perenes e 01 em área antropizada não declarada como área consolidada.

3.4.5.3 Rosário

Rosário possui 64.799,80 hectares de extensão territorial, 50.092,90 hectares de CAR


(77,30% da extensão territorial do município) e 79.341,02 hectares de CCIR (122,44% da
extensão territorial do município).

Rosário possui 749 cadastros ambientais rurais, sendo 29 maiores que 100 hectares e
correspondentes a 46.348,82 hectares (92,52% da extensão territorial dos cadastros do
município). Os três maiores cadastros possuem 14.180,05, 6.211,20 e 5.050,97 hectares,
totalizando 25.442,22 hectares – 39,26% da extensão territorial do município. A visualização
dos CARs e três maiores CARs sobre o limite territorial de Rosário poderá ser feita no ANEXO
X.
106

Tabela 29 - Quantidade e tamanho dos CARs de Rosário/MA

Fonte: is.gd/cmendes_car

No município de Rosário encontram-se dois territórios quilombolas: São Miguel e Boa


Vista. O Quilombo de São Miguel possui uma área de 20.258,81 ha onde vivem ao todo 13.300
quilombolas, integrantes deste e outros povoados do mesmo território (CPISP, 2022). A fonte
econômica da população é calcada na pesca, produção agrícola de pequena monta e o
extrativismo vegetal de juçara, babaçu e bacaba (tipo de palmeira). A economia local do
Quilombo Boa Vista é baseada na agricultura familiar de subsistência, a qual recentemente
recebeu amparo de um projeto social desenvolvido pela Associação Quilombola de Boa Vista
do Rosário, visando mitigar os efeitos da pandemia do Coronavírus - COVID 19 (RABELO,
2014).

A área consolidada da região registrada no CAR alcança 20.520,59 ha, equivalente a


31% da área territorial do município. Em relação às delimitações das RL’s, dos 749 imóveis
registrados no CAR, 605 possuem inscrições de reservas, sendo 01 averbada e o restante
proposta. No tocante às APP’s, 107 imóveis totalizam 466 inscrições. O imóvel de ID n.
8813420 possui 43 inscrições: 15 APPs a recompor de rios até 10m; 12 em área de vegetação
nativa; 07 a recompor de rios de 200 até 600m; 03 de nascentes ou olhos d´água perenes; 01 de
rios de 200 até 600m e 01 em área antropizada não declarada como área consolidada.

3.4.5.4 Santa Rita

Santa Rita possui 75.679,70 hectares de extensão territorial, com 65.369,53 hectares
de CAR (86,37% da extensão territorial do município) e 91.876,47 de CCIR (121,40% da
extensão territorial do município.
107

Santa Rita possui 1.352 cadastros ambientais rurais, com 72 cadastros acima de 100
hectares, equivalentes a 61.981,25 hectares – 81,90% da extensão territorial do município. Os
cinco maiores cadastros possuem 7.358,17, 7.342,76, 4.140,46, 4.133,32 e 4.039,05 hectares,
totalizando 27.013,76 hectares, equivalente a 41,32% da extensão territorial dos cadastros do
município. A visualização da sobreposição dos CARs e cinco maiores CARs sobre o limite
territorial de Santa Rita pode ser feita por intermédio do ANEXO Y.

Tabela 30 - Quantidade e tamanho dos CARs de Santa Rita/MA

Fonte: is.gd/cmendes_car

A cidade de Santa Rita resguarda seis comunidades remanescentes quilombolas:


Cariongo - 120 famílias em uma área de 319,45 há; Santana - 41 famílias em uma área de 201,11
ha; Santa Luzia - 69 famílias em 1.496,19 há; Vila Fé em Deus, Santa Rita do Vale - 120
famílias em 319,45 ha e Pedreiras (CPISP, 2022).

Em que pese a vasta articulação dos quilombolas no município, apenas as comunidades


Santana e Santa Rita do Vale possuem titulação territorial. Ademais, as comunidades Cariongo,
Santana, Pedreiras e Vila Fé em Deus passam por grave instabilidade em seus territórios em
razão das obras de duplicação da BR 135, a qual percorre São Luís, até a cidade de Miranda do
Norte. A construção inicial da rodovia (mão única) consolidou a divisão do quilombo Cariongo,
afetando os laços socioafetivos e econômicos. Com a conclusão da duplicação do trecho, as
comunidades circunvizinhas temem um cenário ainda pior (SCHRAMM, 2020).

O município de Santa Rita, no estado do Maranhão, compreende a área territorial de


75.679,70 ha. Destes, 10.197,80 ha consistem em área rural consolidada, ou seja, a área imóvel
rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008 equivale a 13% da extensão
territorial total da região. A área consolidada do município é, portanto, 505,65% maior que a
área direcionada aos uso das comunidades tradicionais locais, que ocupam 2.016,77 ha.
108

Acerca das RL’s, dos 1.352 imóveis objetos do CAR, apenas 827 possuem inscrições
de reservas, sendo 01 averbada, 02 aprovadas e não averbadas e o restante propostas. Quanto
às APP’s, 46 imóveis somam 319 inscrições, sendo que 20 imóveis possuem 151 registros com
tipos de APPs repetidos. O imóvel de ID n. 2634100 possui 47 inscrições: 17 APPs em área
antropizada não declarada como área consolidada; 15 a recompor de rios até 10m e 15 de rios
até 10m.

3.4.5.5 Vargem Grande

Vargem Grande, por fim, possui 195.870,20 hectares de extensão territorial,


148.151,79 hectares de CAR (75,64% da extensão territorial do município) e 348.010,18
hectares de CCIR (234,90% da extensão territorial do município).

Vargem Grande possui 2.406 cadastros ambientais rurais, sendo 235 acima de 100
hectares, que atingem o total de 125.963,18 hectares, ou seja, 85,02% da extensão territorial
dos cadastros do município. Os sete maiores cadastros do município possuem 8.357,08,
8.262,98, 5.140,90, 5.027,19, 4.562,85, 4.518,79 e 4.006,03 hectares, totalizando 39.875,82
hectares, correspondente a 26,91% da extensão territorial dos cadastros do município. A
visualização dos CARs e sete maiores CARs sobre a extensão do limite territorial de Vargem
Grande pode ser feita no ANEXO Z.

Tabela 31 - Quantidade e tamanho dos CARs de Vargem Grande/MA

Fonte: is.gd/cmendes_car

O município de Vargem Grande abriga a comunidade remanescente quilombola São


Francisco Malaquias, a qual subdivide-se no vilarejo de Santa Maria. Ao todo habitam 30
famílias na área correspondente a 1.089,09 hectares. Cabe ressaltar que, a comunidade recebeu
109

a titulação parcial desta área em 2014, de forma a documentar o reconhecimento de 625,56


hectares.

Na economia do quilombo prepondera a agricultura de subsistência, o extrativismo


vegetal (precipuamente do coco-babaçu), a caça e a pesca. O produto obtido pelo trabalho dos
quilombolas é destinado à comercialização no município de Vargem Grande e à subsistência
da comunidade (CAMPOS, 2016).

No que concerne à área consolidada registrada no CAR, Vargem Grande possui


38.045,91 ha, correspondentes a 19% da extensão do município. Constata-se, portanto, que aa
área consolidada da região é 3.493,36% maior que à área utilizada pela comunidade quilombola
pertencente à região - São Francisco Malaquias - a qual ocupa somente 1.089,09 ha.

Acerca das reservas legais, dos 2.406 imóveis objetos do CAR, apenas 1.344 possuem
inscrições de reservas, sendo apenas 01 averbada, 09 aprovadas e não averbadas e o restante
propostas. No tocante às APP’s, 92 imóveis alcançam um total de 579 inscrições. A maior
incidência de inscrições recai sobre o imóvel de ID n. 4194978, que possui 67 inscrições de
APPs: 57 em área de vegetação nativa; 05 a recompor de rios até 10m; 03 de rios até 10m; 01
de rios de 10 até 50m e 01 em área antropizada não declarada como área consolidada.

3.4.6 Mato Grosso

Dois municípios de Mato Grosso foram objeto de estudo: Nossa Senhora do


Livramento e Poconé. Juntos, os municípios possuem extensão territorial de 2.269.417,20
hectares, 2.106.245,46 hectares de CAR (92,81% da extensão territorial do município) e
2.973.477,01 hectares de CCIR (131,02% da extensão territorial do município).

Tabela 32 – Análise geral do Estado do Mato Grosso

Fonte: is.gd/cmendes_car
110

3.4.6.1 Nossa Senhora do Livramento

Nossa Senhora do Livramento possui extensão territorial de 553.741,30 hectares, com


497.345,67 hectares de CAR (89,81% da extensão territorial do município) e 837.841,07
hectares de CCIR (151,30% da extensão territorial do município).

O município possui 1.581 cadastros ambientais rurais, com 559 acima de 100 hectares,
correspondentes a 468.543,25 hectares – 94,21% da extensão territorial total dos cadastros do
município. Os cinco maiores cadastros possuem 29.930,59, 14.758,74, 12.730,26, 11.535,96 e
10.428,12 hectares, totalizando 79.383,67 hectares, equivalente a 15,96% da extensão territorial
total dos cadastros do município. A visualização das sobreposições dos CARs e cinco maiores
CARs sobre o limite territorial de Nossa Senhora do Livramento poderá ser realizada através
do ANEXO AA.

Tabela 33 - Quantidade e tamanho dos CARs de Nossa Senhora do Livramento/MT

Fonte: is.gd/cmendes_car

A gleba do Quilombo Mata Cavalo está localizada a 50 km de Cuiabá, no município


de Nossa Senhora do Livramento, ocupando uma área de 14.690,3413 ha onde residem 418
famílias. Fazem parte da comunidade o povoado de Ribeirão do Mutuca, Aguassú de Cima,
Mata Cavalo de Baixo, Mata Cavalo de Cima e Capim Verde (CPISP, 2022). O território em
questão possui histórico de ataques por fazendeiros locais, os quais buscam a expropriação das
terras quilombolas. Apesar de já iniciado o processo administrativo de titulação territorial do
Quilombo Mata Cavalo, vislumbra-se a demora excessiva para a conclusão das etapas -
principalmente a desintrusão – que teve seu protocolo inicial em 2004 (MAPA DE
CONFLITOS, 2022).
111

Em que pese a questão territorial, o Território Mata Cavalo mantém a cultura


quilombola, principalmente na anual Festa do Santo, marco da ancestralidade, tradições e meios
de resistência (NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, 2021).

A área rural consolidada do município estende-se por 196.548,21 ha, ou seja, 35% da
extensão territorial do município. A área consolidada, dessa forma, é 1.337,94% maior que área
direcionada à sobrevivência do quilombo Mata Cavalo, pertencente à região, o qual ocupa
14.690,34 ha.

No que tange à área de RL, 1.270 imóveis possuem 1.537 inscrições, sendo 53
averbadas, 441 aprovadas e não averbadas e 1.043 propostas. 74 imóveis possuem 256
inscrições com tipos repetidos de reservas. O imóvel de ID n. 341897 possui, sozinho, 30
registros de reservas.

Com relação às APP’s, 820 imóveis somam 5.260 inscrições. 39 imóveis possuem 249
registros com área e tipo de APPs idênticos e 261 imóveis possuem 2.588 registros com tipo de
APP repetido. O imóvel de ID n. 527933 possui 164 registros de APPs: 63 em área de vegetação
nativa; 43 a recompor de rios até 10m; 23 de rios até 10m; 21 em área antropizada não declarada
como área consolidada; 13 de nascentes ou olhos d´água perenes e 01 a recompor de nascentes
ou olhos d´água perenes.

3.4.6.2 Poconé

Poconé, por sua vez, possui extensão territorial de 1.715.675,90 hectares, com
1.608.899,78 hectares de CAR (93,77% da extensão territorial do município) e 2.135.635,94
hectares de CCIR (124,48% da extensão territorial do município).

Poconé possui 1.974 cadastros ambientais rurais, sendo 944 acima de 100 hectares,
com um total de 1.582.291,96 hectares – 98,35% da extensão territorial total dos cadastros do
município. Os cinco maiores cadastros possuem 87.945,20, 71.231,08, 62.303,65, 58.682,25 e
56.512,27 hectares, num total de 336.674,45 hectares – 20,92% da extensão territorial de todos
os cadastros do município. A visualização das sobreposições dos CARs e cinco maiores CARs
sobre o limite territorial de Poconé pode ser feita no ANEXO AB.
112

Tabela 34 - Quantidade e tamanho dos CARs de Poconé/MT

Fonte: is.gd/cmendes_car

Poconé é o município com maior número de comunidades remanescentes quilombolas


do estado do Mato Grosso, totalizando 27 territórios: Aranha, Boi de Carro, Cágado, Campina
de Pedra, Campina II, Capão Verde, Canto do Agostinho, Céu Azul, Chafariz Urumbama,
Chumbo, Coitinho, Curralinho, Imbé, Jejum, Laranjal, Minadouro II, Monjolo, Morrinho,
Morro Cortado, Passagem de Carro, Pantanalzinho, Pedra Viva, Retiro, Rodeio, São Benedito,
Sete Porcos e Varal. A articulação de políticas públicas para a região é uma das principais
reivindicações dos quilombolas locais, os quais relatam a escassez de água potável, a ausência
de segurança pública através de patrulha rural, dentre outras (COSTA, 2017).

A área rural consolidada registrada no CAR é de 359.329,78 ha, 21% da extensão do


município. No que tange às RLs, 1.307 imóveis totalizam 1.603 registros, sendo 128 averbados,
539 aprovados e não averbados e 936 propostos. 72 imóveis possuem 286 registros com tipos
repetidos de reservas. Apenas o imóvel de ID n. 351173 possui 38 inscrições propostas.

No que concerne ao levantamento das APP’s, 826 propriedades rurais totalizam 6.083
registros de APP’s. 35 imóveis possuem 118 registros com área e tipos de APPs idênticos e 288
imóveis possuem 3.308 com tipos de APPs repetidos. Apenas o imóvel de ID n. 4103170 atinge
o total de 593 inscrições: 341 de rios até 10m; 188 de lagos e lagoas naturais; 31 em área de
vegetação nativa; 30 em área antropizada não declarada como área consolidada; 02 a recompor
de rios até 10m e 01 de rios de 50 até 200m.
113

3.4.7 Pará

No estado do Pará foram analisados cinco municípios: Colares, Óbidos, Salvaterra,


Santa Izabel do Pará e Santarém. Os municípios totalizam uma extensão territorial de
4.792.972,30 hectares, com 3.449.033,30 hectares de CAR e 3.964.701,55 hectares de CCIR.

Tabela 35 – Análise geral do Estado do Pará

Fonte: is.gd/cmendes_car

3.4.7.1 Colares

Colares é um município com extensão territorial de 38.406,80 hectares, 5.879,96


hectares de CAR (15,31% da extensão territorial do município) e 9.108,41 hectares de CCIR
(23,71% da extensão territorial do município).

Colares possui 77 cadastros ambientais rurais, sendo 12 maiores que 100 hectares,
equivalentes a 4.480,83 hectares – 76,20% da extensão territorial dos cadastros do município.
O maior cadastro possui 1.342,88 hectares – 22,84% da extensão territorial dos cadastros do
município. A visualização da sobreposição dos CARs e maior CAR sobre o limite territorial de
Colares pode ser feita no ANEXO AC.
114

Tabela 36 - Quantidade e tamanho dos CARs de Colares/PA

Fonte: is.gd/cmendes_car

As comunidades remanescentes quilombolas de Cacau/Ovos e Terra Amarela estão


localizadas no município de Colares, especificamente na ilha de Colares. A primeira é formada
por 44 famílias em um território de 3.552,82 ha certificado pela Fundação Cultural de Palmares,
mas sem titulação. Na segunda residem 46 famílias em um espaço territorial sem certificação,
portanto, não identificado (CPISP, 2022).

Os quilombos da ilha de Colares desenvolvem a atividade econômica local na


vegetação nativa do manguezal que cerca a região, para a extração do caranguejo-uçá
(CARVALHO, 2014). Dentre os principais problemas enfrentados pela região, destaca-se a
ausência de abastecimento público de água potável (SOUSA, 2015).

A área rural consolidada do município estende-se por 2.782,28 ha, correspondente a


7% da extensão territorial da região. No que se refere à delimitação das RL’s, dos 77 imóveis
inseridos no CAR, 52 imóveis possuem registros de reservas, todos ainda na modalidade de
propostas.

No que concerne ao levantamento das APP’s, 23 imóveis somam 100 registros, sendo
que 10 imóveis possuem 27 inscrições com tipos repetidos de APP. O imóvel de ID n. 6295389
totaliza 18 registros: 07 de rios até 10m; 05 a recompor de rios até 10m; 03 de lagos e lagoas
naturais; 01 de rios de 10 até 50m; 01 em área antropizada não declarada como área consolidada
e 01 em área de vegetação nativa.
115

3.4.7.2 Óbidos

Óbidos é o maior município analisado, com uma extensão territorial de 2.801.104,10


hectares, possuindo 985.570,23 hectares de CAR (35,18% da extensão territorial do município)
e 733.896,87 hectares de CCIR (26,20% da extensão territorial do município).

Óbidos possui 2.412 cadastros ambientais rurais, sendo 777 acima de 100 hectares e
equivalentes a 915.360,31 hectares – 92,88% da extensão territorial dos cadastros do município.
Os quatro maiores cadastros de Óbidos possuem 95.321,25, 57.688,63, 44.758,07 e 30.664,27
hectares, somando 228.432,22 hectares, equivalente a 23,18% da extensão territorial dos
cadastros do município. A visualização dos CARs e quatro maiores CARs sobre o limite
territorial de Óbidos pode ser feita por intermédio do ANEXO AD.

Tabela 37 - Quantidade e tamanho dos CARs de Óbidos/PA

Fonte: is.gd/cmendes_car

Na cidade de Óbidos identifica-se a presença de quatro territórios quilombolas: Nossa


Senhora das Graças, Ariramba, Peruana e Arapucu. O quilombo Nossa Senhora das Graças
delimita-se sob a área de 576,60 ha (CPISP, 2022). O transporte para a região só é possível pela
via fluvial e as terras locais caracterizam-se pela fertilidade e variedade da produção agrícola.

O quilombo Ariramba abriga 27 famílias distribuídas em 10.454,56 ha parcialmente


titulado, sendo que além da cidade de Óbidos, ocupa parte do município de Oriximiná (CPISP,
2022). Em virtude da acessibilidade precária, a educação infanto-juvenil da comunidade é o
setor social mais prejudicado, posto que a duração da travessia de barco até Oriximiná é de até
6 horas (FRAZÃO, 2019).

O quilombo Peruana possui a extensão territorial de 1.945,53 ha onde permanecem 16


famílias (CPISP, 2022). Em que pese a titulação territorial de Peruana, os quilombolas
116

vivenciam o avanço do desmatamento por parte de fazendeiros e pecuaristas, situação que


culmina em invasões e conflitos (WENZEL, 2020). O território Arapucu, conhecido pela anual
Folia de São Tomé (DE CASTRO TAVARES, 2019), consiste na área de 777,91 ha - zona rural
à margem do Rio Arapucu - onde habitam 79 famílias (CPISP, 2022).

O município possui área rural consolidada registrada no CAR de 262.969,28 ha,


equivalente a 9% da área territorial do município. Em contrapartida, as comunidades
remanescentes quilombolas de Óbidos, em títulos, possuem apenas 13.754,58 ha, o que
significa que a anistia concedida às propriedades rurais é 1.911,86% maior que às áreas
oficialmente titularizadas do município.

No que tange à área de RL, 2.198 propriedades possuem 4.361 registros, sendo apenas
05 averbados e o restante propostos. Apenas 07 imóveis possuem 2.163 registros. O imóvel de
ID n. 7547755 possui 545 inscrições de reservas, todas na qualidade de propostas.

Acerca das APP’s, 555 propriedades possuem 12.017 registros de APPs, sendo que
241 imóveis compreendem 9.898 registros. O imóvel de ID n. 7547755 é o que possui maior
incidência de inscrições, com um total de 1.555 registros de APPs: 601 em área de vegetação
permanente; 371 segundo art. 61-A da Lei n. 12.651/12; 188 a recompor de rios com mais de
600m; 163 a recompor de lagos e lagoas naturais; 11 a recompor de rios de 200 até 600m; 52
de lagos e lagoas naturais; 20 de rios com mais de 600m; 17 de rios com mais de 600m; 12 de
rios de 10 até 50m; 09 de rios de 200 até 600m; 06 em área antropizada não declarada como
área consolidada; 04 de rios até 10m e 02 de rios de 50 até 200m.

3.4.7.3 Salvaterra

Salvaterra possui extensão territorial de 91.856,30 hectares, com 50.119,28 hectares


de CAR (54,56% da extensão territorial do município) e 98.297,69 hectares de CCIR (107,01%
da extensão territorial do município).

O município possui 69 cadastros ambientais rurais, sendo 41 acima de 100 hectares e


correspondentes a 49.116,99 – 98% da extensão territorial dos cadastros do município. Os
quatro maiores cadastros possuem 6.324,51, 4.898,94, 4.524,39 e 4.524,39 hectares, num total
de 20.272,23 hectares, que corresponde a 40,44% da extensão territorial dos cadastros do
município. Ressalta-se que o quarto cadastro, com medida idêntica ao do terceiro, possui
número de identificação distinto do terceiro, contudo, não aparece no mapa quando selecionado.
117

A visualização da sobreposição dos CARs e quatro maiores CARs sobre o limite territorial de
Salvaterra pode ser feita no ANEXO AE.

Tabela 38 - Quantidade e tamanho dos CARs de Salvaterra/PA

Fonte: is.gd/cmendes_car

A ilha de Marajó em Salvaterra é a localização de quatro quilombos: Santa Luzia (20


famílias distribuídas em 522,7208 ha), Rosário (77 famílias distribuídas em 3.721,0000 ha),
Bacabal (55 famílias distribuídas em 515,5632 ha) e Boa Vista (comunidade reconhecida pela
Fundação Cultural de Palmares, porém ainda sem delimitação territorial) (CPISP, 2022). Em
Salvaterra, os processos de regularização fundiária dos quilombos junto às instituições do
Estado não foram concluídos. Ao longo de sua história, os habitantes quilombolas de Salvaterra
compartilham a mesma formação, destacando-se a produção agrícola de mandioca, a pesca e o
extrativismo vegetal (BARGAS, 2015).

A área rural consolidada de Salvaterra possui a extensão de 24.889,23 há, o que


corresponde a 27% da área territorial do município. Comparado com a área dos quilombos
pertencentes à região, a anistia dada aos proprietários rurais é 522,96% maior do que o
reconhecimento das áreas pertencentes às comunidades tradicionais quilombolas do município.

No que tange às RLs, dos 69 imóveis inseridos no CAR 66 possuem um total de 68


inscrições de reservas – 02 na qualidade de averbados e os demais como propostas, totalizando
13.359,48 ha de Reserva Legal. Com relação ao levantamento das APP’s, 42 imóveis possuem
349 registros, sendo que 23 propriedades possuem 157 inscrições com tipos de APPs repetidos.
O imóvel de ID n. 3447137 possui 55 registros de APPs: 32 em área de vegetação nativa; 17 de
rios até 10m; 05 de lagos e lagos naturais e 01 em área antropizada não declarada como área
consolidada.
118

3.4.7.4 Santa Izabel do Pará

Santa Izabel do Pará possui extensão territorial de 71.766,20 hectares, com 43.384,79
hectares de CAR (60,45% da extensão territorial do município) e 50.281,39 hectares de CCIR
(70,06% da extensão territorial do município).

O município possui 985 cadastros ambientais rurais, sendo 85 acima de 100 hectares,
correspondentes a 30.049,46 hectares, 69,26% da extensão territorial dos cadastros do
município. Os cinco maiores cadastros possuem 1.796,28, 1.532,03, 1.434,60, 1.275,56 e
1.095,85 hectares, totalizando 7.134,32 hectares – 16,44% da extensão territorial dos cadastros
do município. A visualização da sobreposição dos CARs e cinco maiores CARs sobre a
extensão territorial de Santa Izabel do Pará pode ser realizada por intermédio do ANEXO AF.

Tabela 39 - Quantidade e tamanho dos CARs de Santa Izabel do Pará/PA

Fonte: is.gd/cmendes_car

A composição dos quilombos no município de Santa Isabel do Pará remonta à história


da fuga dos escravos em direção ao refúgio, de forma a dar início à composição das
comunidades Boa Vista do Itá e Macapazinho. Ambos povoados mantêm relação de
cumplicidade e mútua cooperação (POR LA TIERRA, 2022).

O quilombo de Macapazinho é o lar de 33 famílias e possui a área de 91,15 hectares,


com a correspondente titulação territorial (CPISP, 2022). A fonte de renda da comunidade é
calcada no cultivo de alimentos como a mandioca, hortaliças e pimenta do reino. Por sua vez,
o quilombo de Boa Vista do Itá é um território certificado pela Fundação Cultural de Palmares,
porém ainda carece de regularização fundiária por meio da titulação. A principal fonte
econômica da comunidade é o cultivo da mandioca para a produção da goma de tapioca, farinha
e tucupi, cultivando também hortaliças e pimenta do reino (ANJOS JÚNIOR et al., 2011).
119

O município, que compreende a faixa territorial de 71.766,20 ha, possui 26.157,17 ha


constituídos em área rural consolidada, ou seja, a área imóvel rural com ocupação antrópica
preexistente a 22 de julho de 2008 equivale a 36% da extensão territorial total do município.
Constata-se assim que a área consolidada é 28.696,84% maior que a área reconhecida à
comunidade quilombola Macapazinho, que ocupa apenas 91,15 ha.

Acerca das delimitações das RL’s, dos 985 imóveis inseridos no CAR no município,
809 possuem inscrição de reserva legal, sendo que apenas uma consta como averbada e as
demais como propostas. Com relação às APP’s, 168 propriedades possuem 810 inscrições. O
imóvel de ID n. 5966223 possui 32 registros: 21 em área de vegetação nativa; 06 a recompor
de rios até 10m; 04 de rios até 10m e 01 em área antropizada não declarada como área
consolidada.

3.4.7.5 Santarém

Por fim, Santarém é o segundo maior município analisado, com extensão territorial de
1.789.838,90 hectares, com 2.364.079,04 de CAR (132,08% da extensão territorial do
município) e 3.073.117,19 hectares de CCIR (171,70% da extensão territorial do município.

Santarém possui 3.105 cadastros ambientais rurais, sendo 632 acima de 100 hectares
e correspondentes a 2.279.125,32 hectares – 127,33% da extensão territorial do município. Os
três maiores cadastros possuem 677.232,07, 282.202,14 e 249.515,03 hectares, totalizando
1.208.949,24 hectares. Isso significa que apenas três cadastros estariam ocupando 67,54% da
extensão territorial do município. A visualização da sobreposição dos CARs e três maiores
CARs sobre o limite territorial de Santarém pode ser feita no ANEXO AG.
120

Tabela 40 - Quantidade e tamanho dos CARs de Santarém/PA

Fonte: is.gd/cmendes_car

Pertencem ao município de Santarém as comunidades remanescentes quilombolas - no


Planalto Santareno - de Arapemâ (território reconhecido em 3.828,9789 ha onde habitam 74
famílias), Saracura (território reconhecido em 2.889,9571 ha onde habitam 92 famílias),
Tiningu (território reconhecido sob a área de 3.857,8096 ha onde residem 90 famílias),
Murumuru (território reconhecido sob a área de 1.827,9958 ha onde vivem 116 famílias), Maria
Valentina (território composto pelos povoados de Nova Vista do Ituqui, São José do Ituqui, São
Raimundo do Ituqui, os quais somam o reconhecimento da área de 10.911,8182 ha e 104
famílias), Murumurutuba (território reconhecido sob a área de 3.206,800 ha onde habitam 46
famílias) e Bom Jardim (território reconhecido sob a área de 2.654,8630 ha onde habitam 49
famílias) (CPISP, 2022).

Os quilombolas dessas localidades são, em grande parte, agricultores e extrativistas


que buscam a própria subsistência e a comercialização dos produtos naturais. Todavia, a
produtividade destes trabalhadores está comprometida pelas ameaças à expropriação de terras
por parte dos fazendeiros e pecuaristas no Planalto Santareno (MAPA DE CONFLITOS, 2022).

A área rural consolidada da região registrada no CAR indica uma extensão de


304.037,24 ha, correspondente a 16% da extensão do município. Dessa forma, a área
consolidada do município é 1.042% maior que a soma das áreas de todas as comunidades
remanescentes quilombolas do Planalto Santareno, que titularizam a extensão territorial de
29.178,22 ha.

No que tange às RLs, das 3.105 propriedades inseridas no CAR, apenas 2.216 possuem
cadastros de reservas legais, que atingem o total de 4.046 inscrições: 02 vinculadas à
compensação de outro imóvel, 04 aprovadas e não averbadas, 34 averbadas e o restante como
121

propostas. 10 imóveis possuem, sozinhos, 1.825 inscrições. O imóvel de ID n. 7580586 possui


623 inscrições propostas.

No que concerne às APP’s, 524 propriedades rurais totalizam 21.120 inscrições – 22


imóveis possuem 281 registros com áreas e tipos de APPs idênticos e 270 imóveis possuem
19.161 registros com tipos de APPs repetidos. O imóvel de ID n. 7590759 possui, sozinho,
7.602 inscrições de APPs: 2.250 em área de vegetação nativa; 1.877 segundo art. 61-A da Lei
n. 12.651/12; 1.335 a recompor de rios até 10m; 1.169 em área antropizada não declarada como
área consolidada; 422 a recompor de rios com mais de 600m; 161 de rios com mais de 600m;
133 de rios até 10m; 91 de lagos e lagoas naturais; 60 a recompor de lagos e lagoas naturais; 53
a recompor de rios de 10 até 50m; 30 de rios de 10 até 50m; 06 a recompor de rios de 50 até
200m; 06 de rios de 200 até 600m; 05 de rios de 50 até 200m e 04 a recompor de rios de 200
até 600m.

3.4.8 Piauí

No estado do Piauí analisaram-se seis municípios: Campinas do Piauí, Campo Largo


do Piauí, Isaías Coelho, Matias Olímpio, Paulistana e Queimada Nova. Os municípios perfazem
a extensão territorial de 551.526,50 hectares, com 498.936,11 hectares de CAR (90,46% da
extensão territorial do município) e 564.756,09 hectares de CCIR (102,40% da extensão
territorial do município).

Tabela 41 – Análise geral do Estado do Piauí

Fonte: is.gd/cmendes_car
122

3.4.8.1 Campinas do Piauí

Campinas do Piauí possui extensão territorial de 78.384,20 hectares, com 52.052,14


hectares de CAR e 54.878,03 hectares de CCIR.

A região possui 1.313 cadastros ambientais rurais, sendo 56 maiores que 100 hectares
e correspondentes a 22.769,76 hectares – 43,74% da extensão territorial dos cadastros do
município. O maior cadastro possui 10.880,86 hectares – 20,90% da extensão territorial dos
cadastros do município. A visualização da sobreposição dos CARs e maior CAR sobre a
extensão do limite territorial de Campinas do Piauí pode ser feita no ANEXO AH.

Tabela 42 - Quantidade e tamanho dos CARs de Campinas do Piauí/PI

Fonte: is.gd/cmendes_car

A comunidade Volta do Campo Grande está localizada no município de Campinas do


Piauí e é composta por 129 famílias distribuídas em 10.897,59 ha. Neste território encontram-
se as subcomunidades Boca da Baixa, Capitãozinho, Emparedado, Ponta do Morro, Retiro e
Vaca Brava. A luta por direitos socioterritoriais do quilombo Volta do Campo Grande resultou
na conclusão da titulação territorial, outorgada em 2007 (CPISP, 2022).

A área rural consolidada de Campinas do Piauí é de 9.460,70 há, equivalente a 12%


da extensão territorial do município. Acerca das RLs, 1.289 propriedades rurais possuem
inscrições, sendo 04 aprovadas e não averbadas, 06 averbadas e o restante propostas. Com
relação ao levantamento das APP’s, 109 imóveis possuem 333 registros. A maior incidência
recai sobre o imóvel de ID n. 8589085, com 03 registros de APP de nascentes ou olhos d´água
perenes.
123

3.4.8.2 Campo Largo do Piauí

Campo Largo do Piauí, por sua vez, possui extensão territorial de 47.807,80 hectares,
com 25.919,42 hectares de CAR (54,21% da extensão territorial do município) e 51.745,58
hectares de CCIR (108,24% da extensão territorial do município).

Campo Largo do Piauí possui 618 cadastros ambientais rurais, sendo 24 maiores que
100 hectares, que totalizam 18.313,13 hectares – 70,65% da extensão territorial dos cadastros
do município. O maior cadastro possui 12.302,00 hectares, ou seja, sozinho, ele corresponde a
47,46% da extensão territorial dos cadastros do município. A visualização da sobreposição dos
CARs e maior CAR sobre o limite territorial de Campo Largo do Piauí pode ser feita no
ANEXO AI.

Tabela 43 - Quantidade e tamanho dos CARs de Campo Largo do Piauí/PI

Fonte: is.gd/cmendes_car

Definido como quilombo da região do baixo parnaíba piauiense, nos núcleos


comunitários de Vila São João e Buriti residem 199 quilombolas que compõem 53 famílias em
uma extensão territorial ainda sem delimitação (CPISP, 2022), contudo, com Certidão de
Registro no Cadastro Geral – INCRA (OBSERVATÓRIO QUILOMBOLA, 2015). Cumpre
enfatizar que a Vila São João e Buriti estendem-se nos municípios de Matias Olímpio (73,74%)
e Campo Largo do Piauí (26,26%) e apresenta como principais atividades econômicas a
agricultura, a pesca, o extrativismo vegetal (quebradeira de coco) dentre outras atividades
comunitárias (PIAUÍ, 2021).

O município compreende uma área rural consolidada de 3.639,66 ha, ou seja, a área
imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008 equivale a 7 % da
extensão territorial total do município. Acerca das delimitações das RL’s, dos 618 imóveis
124

objeto de registro no CAR, 597 possuem inscrição de reserva – 01 aprovada e não averbada, 01
averbadas e as demais como propostas. Com relação ao levantamento das APP’s, 121 imóveis
possuem 652 registros, sendo que 54 imóveis possuem 132 registros com tipos de APPs
repetidos. O imóvel de ID n. 4666601, por exemplo, possui 12 registros de APPs de rios de 10
até 50m.

3.4.8.3 Isaías Coelho

Isaias Coelho possui extensão territorial de 80.068,80 hectares, com 67.356,27


hectares de CAR (84,12% da extensão territorial do município) e 44.041,33 hectares de CCIR
(55% da extensão territorial do município).

O município possui 2.374 cadastros ambientais rurais, com 83 cadastros acima de 100
hectares, que alcançam o total de 30.183,61 – 44,81% da extensão territorial do município. Os
cinco maiores cadastros do município possuem 6.417,78, 3.159,80, 2.529,70, 1.166,92 e
1.119,98 hectares, totalizando 14.394,18 hectares – 21,37% da extensão territorial dos cadastros
do município. A visualização dos CARs e cinco maiores CARs sobre o limite territorial de
Isaías Coelho pode ser feita por intermédio do ANEXO AJ.

Tabela 44 - Quantidade e tamanho dos CARs de Isaías Coelho /PI

Fonte: is.gd/cmendes_car

No município de Isaías Coelho localizam-se os quilombos de Morrinhos, Sabonete e


Fazenda Nova. As 146 famílias que compõem o quilombo Morrinhos foram beneficiadas com
a instrumentalização do direito de acesso à terra por meio da titulação territorial de 2.532,8489
ha (CPISP, 2022).
125

O mesmo ocorreu na comunidade Sabonete, a qual recebeu o título definitivo referente


a 1962,248 ha, de modo a favorecer 47 famílias (CPISP, 2022). Esta comunidade sobrevive
com a pequena agricultura e o extrativismo de mel e madeira (VEIGA, 2016). No que se refere
ao Território Remanescente Quilombola de Fazenda Nova, trata-se de área parcialmente
titulada em 5.592,5036 ha que favorece 168 famílias, as quais subdividem-se em Carreira da
Vaca, Fazenda Nova, Santa Inês e Umburana (CPISP, 2022).

Isaías Coelho possui área rural consolidada registrada no CAR de 17.138,22 ha,
equivalente a 21% da extensão territorial do município. A área consolidada, portanto,
corresponde a 676,64% às áreas das comunidades quilombolas pertencentes à região, as quais
ocupam 2.532,8489 ha. Acerca das delimitações das RL’s, 2.292 possuem inscrições de
reservas, sendo 01 averbado e os demais propostos. Ainda, 201 imóveis possuem 790 registros
de APP’s.

3.4.8.4 Matias Olímpio

Matias Olímpio é um município do Piauí com extensão territorial de 22.678,50


hectares, 8.326,26 hectares de CAR (36,71% da extensão territorial do município) e 26.920,87
hectares de CCIR (118,70% da extensão territorial do município).

Matias Olímpio possui 501 cadastros ambientais rurais, sendo 7 maiores que 100
hectares, equivalentes a 3.137,49 hectares. Os três maiores cadastros possuem 1.097,88, 570,80
e 562,53 hectares, num total de 2.231,21 hectares – aproximadamente 10% da extensão
territorial do município. A visualização da sobreposição dos CARs e três maiores CARs sobre
o limite territorial de Matias Olímpio pode ser feita no ANEXO AK.

Tabela 45 - Quantidade e tamanho dos CARs de Matias Olímpio /PI

Fonte: is.gd/cmendes_car
126

Juntamente com Campo Largo do Piauí, Matias Olímpio abriga os núcleos


comunitários de Vila São João e Buriti, onde residem 199 quilombolas (CPISP, 2022). A área
rural consolidada da região é de 1.779,60 ha, ou seja, 7% da extensão territorial do município.
Acerca das RLs, dos 501 imóveis inscritos no CAR, 438 possuem 439 inscrições de reservas –
sendo 01 averbado, 01 vinculado à compensação de outro imóvel e todos os demais propostos.
Quanto às APP’s, 122 imóveis possuem 779 registros. O imóvel de ID n. 8766767 possui 43
inscrições: 16 a recompor de lagos e lagoas naturais; 14 em área de vegetação nativa; 04 de
lagos e lagoas naturais; 03 de rios até 10m; 02 a recompor de rios até 10m; 02 a recompor de
rios de 200 até 600m; 01 de rios de 200 até 600m e 01 em área antropizada não declarada como
área consolidada.

3.4.8.5 Paulistana

Paulistana é um município com extensão territorial de 194.111,10 hectares, com


220.565,00 hectares de CAR (113,63% da extensão territorial do município) e 234.663,95
hectares de CCIR (120,89% da extensão territorial do município).

O município possui 4.254 cadastros ambientais rurais, com 343 cadastros acima de
100 hectares e equivalente a 109.650,15 hectares – 56,49% da extensão territorial do município.
Os quatro maiores cadastros possuem 22.145,47, 8.821,07, 4.638,06 e 4.247,72 hectares,
totalizando 39.852,32 hectares – 20,53% da extensão territorial do município. Ressalta-se,
contudo, que o quarto maior cadastro possui, ao menos visualmente, tamanho desproporcional
aos demais com medida semelhante. A visualização da sobreposição dos CARs e quatro
maiores CARs sobre o limite territorial de Paulistana pode ser feita no ANEXO AL.

Tabela 46 - Quantidade e tamanho dos CARs de Paulistana /PI

Fonte: is.gd/cmendes_car
127

A comunidade remanescente quilombola Contente, situada na cidade de Paulistana


sudoeste do Piauí, aguarda o trâmite do processo administrativo de regularização fundiária
frente ao INCRA. A determinação sobre a propriedade no território irá beneficiar 47 famílias
(CPISP, 2022), as quais necessitaram de adequação de seus núcleos socioafetivos e econômicos
a partir do início da construção da Nova Ferrovia Transnordestina (MAPA DE CONFLITOS,
2022).

O município compreende a faixa territorial de 38.010,40 ha de área rural consolidada,


o que significa que a área imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de
2008 equivale a 19% da extensão territorial do município. Acerca das RL’s, 4.077 imóveis
somam 4.083 inscrições: 02 vinculadas à compensação de outro imóvel, 11 averbadas, 617
aprovadas e não registradas e o restante propostas.

Com relação ao levantamento das APP’s, 974 imóveis somam 4.131 registros. O
imóvel de ID n. 2252301 possui 23 inscrições: 11 de rios até 10m, 06 em área de vegetação
nativa; 05 a recompor de rios até 10m e 01 de reservatório artificial decorrentes de barramento
de cursos d´água.

3.4.8.6 Queimada Nova

Por fim, Queimada Nova possui extensão territorial de 128.476,10 hectares, com
124.717,03 hectares de CAR (97,07% da extensão territorial do município) e 152.506,33
hectares de CCIR (118,70% da extensão territorial do município).

O município possui 3.600 cadastros ambientais rurais, sendo 196 acima de 100
hectares, correspondente a 48.969,78 hectares, 38,11% da extensão territorial do município. Os
seis maiores cadastros possuem 2.976,13, 2.116,63, 2.094,24, 1.476,80, 1.336,82 e 1.037,34
hectares, totalizando 11.037,96 hectares – 8,6% da extensão territorial do município. A
visualização da sobreposição dos CARs e seis maiores CARs sobre o limite territorial de
Queimada Nova poderá ser feita no ANEXO AM.
128

Tabela 47 - Quantidade e tamanho dos CARs de Queimada Nova /PI

Fonte: is.gd/cmendes_car

A comunidade remanescente quilombola de Tapuio encontra-se no município de


Queimada Nova e é composta por 30 famílias distribuídas em 550,18 ha. Esta área recebeu o
certificado de autorreconhecimento e delimitação expedido pela Fundação Cultural de
Palmares, contudo a não titulação territorial traz a indeterminação sobre a posse no território
(CPISP, 2022).

Tapuio apresenta um panorama social e histórico de fortalecimento da socioafetividade


dos integrantes que por muito tempo relacionaram-se apenas entre si e entre a comunidade
vizinha Jacu. No que se refere à produtividade da região, Tapuio destaca-se na atividade
agrícola por através do cultivo familiar de feijão, batata-doce, milho, abóbora, melancia, além
da criação de animais de pequeno porte (ESTRELA DA COSTA, 2016).

A área rural consolidada do município é de 22.664,67 ha, ou seja, 17% da área


territorial do município representa zona regularizada por força da vigência do Código Florestal
de 2012. É possível constatar, portanto, que a anistia concedida à exploração inadequada da
terra nessas propriedades rurais corresponde a 4.119,46% da área direcionada à comunidade
quilombola Tapuio, pertencente à região, a qual ocupa 550,1847 ha.

Acerca das reservas legais, 3.494 imóveis possuem 3.516 inscrições – 08 averbadas,
10 vinculadas à compensação de outro imóvel, 89 aprovadas e não averbadas e o restante
propostas. Com relação às APP’s, 1.061 imóveis totalizam 5.054 inscrições, sendo que 202
propriedades possuem 697 registros com tipos de APPs repetidos. O imóvel de ID n. 6581931,
por exemplo, possui 39 inscrições, sendo 38 de APPs em área de vegetação nativa e 01 em área
antropizada não declarada como área consolidada.
129

3.4.9 Rondônia

No estado de Rondônia foram selecionados três municípios para análise: Costa


Marques, São Francisco do Guaporé e Seringueiras. Os municípios possuem uma extensão
territorial total de 1.972.044,90 hectares, com 983.389,78 de CAR e 2.474.689,65 hectares de
CCIR (125,49% da extensão territorial dos municípios). Os territórios quilombolas da região
somam 51.284,41 hectares.

Tabela 48 – Análise geral do Estado de Rondônia

Fonte: is.gd/cmendes_car

3.4.9.1 Costa Marques

Costa Marques possui extensão territorial de 498.717,70 hectares, com 281.995,85


hectares de CAR (56,54% da extensão territorial do município) e 1.004.311,75 hectares de
CCIR (201,38% da extensão territorial do município).

O município possui 1.838 cadastros ambientais rurais, com 664 cadastros acima de
100 hectares, totalizando 220.340,33 hectares – 78,13% da extensão territorial dos cadastros do
município. Os quatro maiores cadastros possuem 8.784,34, 7.530,56, 7.530,49 e 6.649,54
hectares, somando 30.494,93 hectares – 10,81% da extensão territorial dos cadastros do
município. A visualização da sobreposição dos CARs e quatro maiores CARs sobre o limite
territorial de Costa Marques pode ser feita no ANEXO AN.
130

Tabela 49 - Quantidade e tamanho dos CARs de Costa Marques/RO

Fonte: is.gd/cmendes_car

Santa Fé é um território tradicional quilombola localizado no município de Costa


Marques, delimitado em uma área de 1.452,92 ha onde vivem 41 famílias (CPISP, 2022). Este
remanescente recebeu a titulação territorial definitiva no início de 2019, após 12 anos da etapa
inicial de reconhecimento. A burocrática situação fez com que algumas famílias quilombolas
dispusessem de suas glebas - impacto direto da insegurança jurídica da indeterminação sobre a
posse no território (MAPA DE CONFLITOS, 2022).

Costa Marques possui área rural consolidada registrada no CAR de 155.331,75 ha, em
outros termos, 31% da extensão territorial do município. Trata-se, portanto, de anistia concedida
a uma extensão de terra 10.690,98% maior do que a delimitação territorial do quilombo Santa
Fé, da localidade, que ocupa 1.452,9224 ha.

No que tange às RLs, das 1.838 propriedades rurais inscritas no CAR, apenas 828
possuem registro de reservas, que totalizam 1.560 inscrições, sendo 03 aprovadas e não
averbadas, 19 averbadas e o restante propostas. 29 imóveis possuem 732 registros com tipos de
reserva repetido. O imóvel de ID n. 7695992, sozinho, possui 318 registros de RL propostas.

No que concerne ao levantamento das APP’s, 793 imóveis alcançam o total de 5.727
registros. 182 imóveis possuem 2.834 inscrições com tipo de APPs idênticos. Apenas o imóvel
de ID n. 7695992 possui 920 registros: 275 APPs a recompor de rios até 10m; 273 segundo art.
61-A da Lei n. 12.651/12; 268 em área de vegetação nativa; 46 de rios até 10m; 40 em área
antropizada não declarada como área consolidada; 10 de nascentes ou olhos d´água perenes e
08 a recompor de nascentes ou olhos d´água perenes.
131

3.4.9.2 São Francisco do Guaporé

São Francisco do Guaporé, por sua vez, possui extensão territorial de 1.095.976,70
hectares, com 445.585,67 hectares de CAR e 934.965,31 hectares de CCIR (85,30% da
extensão territorial do município).

O município possui 2.038 cadastros ambientais rurais, com 709 cadastros acima de
100 hectares e 384.588,42 hectares – 86,31% da extensão territorial dos cadastros do município.
Os sete maiores cadastros possuem 37.811,76, 23.944,34, 17.731,71, 16.346,24, 9.436,69,
5.677,91 e 5.063,59 hectares, totalizando 116.012,24 hectares – 26,03% da extensão territorial
dos cadastros do município. A visualização da sobreposição dos CARs e sete maiores CARs
sobre a extensão do limite territorial de São Francisco do Guaporé pode ser feita no ANEXO
AO.

Tabela 50 - Quantidade e tamanho dos CARs de São Francisco do Guaporé/RO

Fonte: is.gd/cmendes_car

As comunidades remanescentes quilombolas de Santo Antônio do Guaporé e Pedras


Negras estão localizadas no município de São Francisco do Guaporé, às margens do Rio
Guaporé. O quilombo Santo Antônio do Guaporé possui extensão territorial de 41.600 ha onde
residem 21 famílias (CPISP, 2022). No ano de 2019 a comunidade recebeu o reconhecimento
das terras, caminho inicial para a regularização fundiária, contudo, com o deslinde do processo
de titulação é fatídico o conflito entre ambientalistas e quilombolas devido a área quilombola
estar contida na Reserva Biológica Guaporé (G1, 2019).

No que diz respeito à comunidade Pedras Negras, esta perfaz a área de 43.911,10 ha
onde habitam 26 famílias (CPISP, 2022). Assim como em Santo Antônio do Guaporé, o
território foi apenas reconhecido pela Fundação Cultural de Palmares, carecendo de conclusão
132

do processo de titulação. Em ambas as comunidades o turismo vem se destacando como fonte


alternativa da economia local em virtude das grandes pedras, praias, atividade de pesca e sítios
arqueológicos na região (G1, 2014).

O município possui área consolidada registrada no CAR de 222.046,65 ha,


correspondentes a 20% da extensão territorial da região. Conclui-se, assim, que a área
consolidada de São Francisco do Guaporé corresponde a 259,67% das áreas das comunidades
remanescentes quilombolas regionais, que titularizam extensão territorial de 85.511,1 ha.

Com relação às RLs, dos 2.038 imóveis registrados no CAR, apenas 976 possuem
inscrições de reservas, que por sua vez totalizam 2.476 registros de RLs – 10 averbadas, 25
aprovadas e não averbadas e o restante como propostas. 32 propriedades somam 1.498
inscrições com mesmo tipo de reserva. Apenas o imóvel de ID n. 7723640 possui 639 registros.

No que concerne à pesquisa das limitações administrativas, na modalidade APP’s,


1.221 propriedades totalizam 9.031 registros. 47 imóveis somam 158 registros com área e tipos
de APPs idênticos e 367 imóveis possuem 4.331 registros com tipos de APPs repetidos. O
imóvel de ID n. 7723640, por exemplo, possui 1.172 registros de APPs: 363 segundo o art. 61-
A da Lei 12.651/12, 352 a recompor de rios até 10m; 336 em área de vegetação nativa; 65 em
área antropizada não declarada como área consolidada; 25 de nascentes ou olhos d´água
perenes; 19 de rios até 10m e 12 a recompor de nascentes ou olhos d´água perenes.

3.4.9.3 Seringueiras

Por fim, Seringueiras é o último município analisado de Rondônia, com extensão


territorial de 377.350,50 hectares, 255.808,26 hectares de CAR (67,79% da extensão territorial
do município) e 535.412,60 hectares de CCIR (141,89% da extensão territorial do município).

O município possui 2.079 cadastros ambientais rurais, sendo 258 acima de 100
hectares, que totalizam 187.739,58 hectares – 73,39% da extensão territorial dos cadastros do
município. O maior cadastro possui 84.117,13 hectares – 24,93% da extensão territorial do
município. A visualização da sobreposição dos CARs e maior CAR sobre a extensão do limite
territorial de Seringueiras pode ser feita no ANEXO AP.
133

Tabela 51 - Quantidade e tamanho dos CARs de Seringueiras /PI

Fonte: is.gd/cmendes_car

O município de Seringueiras resguarda a comunidade quilombola Jesus onde habitam


12 famílias distribuídas em 5.627,3058 ha, ao longo do Rio São Miguel (CPISP, 2022). Trata-
se de território com titulação territorial, mas que sofreu alteração nas delimitações originárias
da ocupação em decorrência da expropriação praticada por fazendeiros locais e a instalação da
Reserva Biológica do Guaporé (CPT RO, 2012). Apesar da regularização fundiária, a
comunidade enfrenta dificuldades como a ausência de abastecimento de água potável e a
precariedade dos serviços públicos de saúde e educação (CPT, 2018).

O município possui 104.778,70 ha de área rural consolidada, o que equivale a 27% da


extensão territorial do município. Ao comparar a área consolidada com a dimensão da
delimitação do quilombo Jesus, o qual ocupa 5.627,3058 ha, é possível perceber que apenas a
área consolidada do município é 1.861,97% maior que a área direcionada às comunidades
tradicionais quilombolas.

Acerca da extensão das RL’s, dos 2.079 imóveis registrados no CAR, apenas 1.101
possuem informação vinculada às reservas legais, perfazendo um total de 1.150 inscrições,
sendo 148 averbadas e o restante na qualidade de propostas. 15 propriedades possuem 47
registros com tipos de reserva repetidos. O imóvel com maior incidência de registro é o de ID
n. 6216657, que consta com 15 registros propostos.

Com relação ao levantamento das APP’s, 1.220 imóveis somam 5.860 registros. 40
propriedades possuem 106 registros com área e tipos idênticos e 307 propriedades possuem
1.267 com tipos de APPs repetidos. O imóvel de ID n. 1023438, a título de exemplo, possui 73
inscrições: 32 em área vegetação nativa; 15 em área antropizada não declarada como área
134

consolidada; 14 de rios até 10m; 09 a recompor de rios até 10m; 02 de nascentes ou olhos d´água
perenes e 01 a recompor de nascentes ou olhos d´água perenes.

3.4.10 Tocantins

Tocantins foi o último estado objeto de estudo, onde foram selecionados sete
municípios: Araguatins, Arraias, Dianópolis, Filadélfia, Muricilândia, Paranã e Santa Fé do
Araguaia. Os sete municípios possuem, em extensão territorial, o total de 2.782.869,50 hectares,
sendo que há um total de 2.776.899,77 hectares em CAR (99,78% da extensão territorial dos
municípios) e 3.945.503,69 hectares em CCIR (141,80% da extensão territorial dos
municípios).

Tabela 52 – Análise geral do Estado de Tocantins

Fonte: is.gd/cmendes_car

3.4.10.1 Araguatins

De acordo com o IBGE, Araguatins possui extensão territorial de 263.327,80 hectares.


A área do CAR, contudo, já perfaz um total de 619.471,15 hectares, ou seja, 235% maior que a
extensão territorial. Em CCIR, a área alcança um total de 328.352,15 hectares, 124% maior que
a extensão territorial.

Interessante ressaltar também que Araguatins possuía, em julho de 2021, um total de


1.599 cadastros, sendo que 420 cadastros eram relativos a áreas maiores que 100 hectares e,
somente elas, correspondiam a 588.398,82 hectares, ou seja, 94,98% do total dos cadastros do
município. O maior cadastro possui um total de 390.624,54 hectares. Os dois seguidos possuem
5.740,40 e 5.740,23. Esse cadastro de 390.624,54 hectares, no mapa, possui visualmente um
tamanho bem menor do que o informado. Ainda, o cadastro de 5.740,40 não aparece ressaltado
135

no mapa quando de sua seleção. A visualização da sobreposição dos CARs e três maiores CARs
sobre o limite do município de Araguatins pode ser feita no ANEXO AQ.

Tabela 53 - Quantidade e tamanho dos CARs de Araguatins/TO

Fonte: is.gd/cmendes_car

Localizado na cidade de Araguatins, na região do Bico do Papagaio, o quilombo Ilha


de São Vicente abriga 48 famílias sob uma área de 2.502,04 ha. Em 2020 a comunidade foi
reconhecida e declarada como remanescente quilombola após a identificação da história e
antropologia realizada pelo INCRA (CPISP, 2022).

O acesso à Ilha de São Vicente é possibilitado apenas pela via fluvial, posto que o
território é cercado pelo Rio Araguaia. Esta comunidade faz o manejo do coco babaçu para a
confecção de diversos produtos como o carvão vegetal, a extração de leite e azeite das
amêndoas. Contudo, a comercialização limita-se ao carvão vegetal, sendo os outros produtos
destinados à subsistência da comunidade. A qualidade de vida dos quilombolas desta
comunidade, assim como tantas outras, é alarmante uma vez que as residências não possuem
banheiros, não existe abastecimento de água potável e, somente em 2018, foi iniciado o
fornecimento de energia elétrica (LOPES, 2020).

Araguatins, como mencionado, possui extensão territorial de 263.327,80 ha. No que


concerne à área rural consolidada registrada no CAR, contudo, existe um total de 267.741,26
ha, ou seja, a área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008
é maior do que o próprio território do município. Se comparada com a comunidade
remanescente quilombola Ilha de São Vicente, que ocupa uma extensão territorial de
2.502,0437 ha, seria possível dizer que a área consolidada é 10.524,50% maior que a área
direcionada às comunidades quilombolas.

No que tange às RLs, dos 1.599 imóveis inseridos no CAR, apenas 823 possuem
registros de reservas, que alcançam o total de 828 RLs – 08 aprovadas e não averbadas, 29
136

averbadas e o restante como propostas. Acerca dos dados estatísticos das APP’s, 901
propriedades totalizam 2.921 registros. Apenas o imóvel de ID n. 2800592, por exemplo,
alcança o total de 63 inscrições: 20 em área de vegetação nativa; 19 de rios até 10m; 12 a
recompor de rios até 10m; 08 de nascentes ou olhos d´água perenes; 03 a recompor de nascentes
ou olhos d´água perenes e 01 em área antropizada não declarada como área consolidada.

3.4.10.2 Arraias

Em Arraias, a extensão territorial é de 580.308,50. A área de CAR alcança quase a


totalidade da extensão do município, atingindo um total de 478.108,58. Já o CCIR, ultrapassa
esse valor: 753.100,41 – 129,8% maior que a extensão territorial.

Com relação à quantidade e tamanho das áreas dos cadastros, na base de julho de 2021,
Arraias já tinha um total de 1.396 cadastros, sendo que 613, aproximadamente 44%,
correspondem a cadastros maiores que 100 hectares, que perfazem o total de 455.128,86
hectares, ou seja, pouco mais de 95% do total dos cadastros do município. Os três maiores
cadastros do município possuem, respectivamente, 57.464,58, 10.317,52 e 8.502,76 hectares,
correspondendo, sozinhos, a praticamente 16% do tamanho do total dos cadastros e 13% da
extensão territorial do município. O território quilombola do município possui 41.607,19
hectares. A visualização dos CARs e 03 maiores CARs sobre o limite territorial de Arraias pode
ser feita no ANEXO AR.

Tabela 54 - Quantidade e tamanho dos CARs de Arraias/TO

Fonte: is.gd/cmendes_car

Localizado nos municípios de Arraias e Paranã, o quilombo Kalunga do Mimoso tem


57.465,18 ha onde habitam 250 famílias (CPISP, 2022). Originariamente, Kalunga do Mimoso
pertencia à comunidade Kalunga no estado de Goiás. Após o desmembramento dos estados de
137

Goiás e Tocantins, o território Kalunga do Mimoso foi afastado da titulação territorial


concedida ao Kalunga em Goiás. Em que pese a distinção dos estados, os Kalungas possuem o
mesmo tronco hereditário e, além disso, a relação de socioafetividade foi mantida por meio da
igualdade das práticas sociais e culturais (AZEVEDO, 2019).

Devido a ausência de titulação definitiva, o cenário territorial do Kalunga do Mimoso


é de indeterminação da posse, situação que facilita a permanência de latifundiários e do garimpo
clandestino (ALVES, 2020).

O município possui, segundo registros no CAR, 108.927,48 ha de área rural


consolidada, ou seja, a área imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de
2008 equivale a 19% da extensão territorial total da região. Acerca das reservas legais, dos
1.396 registrados no CAR, 1.012 possuem um total de 1.028 inscrições de RLs – 15 aprovadas
e não averbadas, 40 averbadas e o restante como propostas. Com relação às APPs, 989 imóveis
possuem 3.088 registros.

3.4.10.3 Dianópolis

Dianópolis é o terceiro município analisado de Tocantins. Possui um total de


331.809,40 hectares de extensão territorial, 296.513,56 de CAR (praticamente 90% da extensão
territorial), e 701.179,26 de CCIR (211,32% da extensão territorial).

O município possuía, em julho de 2021, um total de 1.043 cadastros, sendo 369


cadastros maiores que 100 hectares, equivalentes a 277.287,39 hectares, ou seja, 93,5% do total
dos cadastros, em tamanho. Os três maiores cadastros constam de 13.565,99, 11.471,93 e
7.215,35 hectares, um total de 32.253,27 hectares – 10,87%, em tamanho, do total dos cadastros
do município. A visualização da sobreposição dos CARs e três maiores CARs sobre a extensão
do limite territorial de Dianópolis pode ser feita no ANEXO AS.
138

Tabela 55 - Quantidade e tamanho dos CARs de Dianápolis/TO

Fonte: is.gd/cmendes_car

A comunidade remanescente quilombola de Lageado, localiza-se na cidade de


Dianópolis, onde habitam 14 famílias sob uma área de 2.355,4831 há (CPISP, 2022). Trata-se
de território não titulado, o qual recentemente foi objeto de debate no Supremo Tribunal Federal
acerca da morosidade do processo administrativo, resultando na fixação de prazo para que o
INCRA conclua o processo de demarcação a fim de assegurar o direito constitucional do
território quilombola. Em relação à infraestrutura da comunidade não há banheiros no interior
das casas, assim como inexiste o abastecimento de água (MARQUES, 2021).

Dianópolis compreende 66.729,40 ha inseridos no CAR na qualidade de área rural


consolidada, ou seja, a área imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de
2008 equivale a 20% da extensão territorial total da cidade. Dessa forma, a área consolidada do
município é 2.832,94% maior que a área da comunidade quilombola Lageado, pertencente à
região, que ocupa 2.355,4831 ha.

Acerca das reservas legais, dos 1.043 imóveis registrados no CAR, 861 propriedades
possuem um total de 865 inscrições de reservas – 07 aprovadas e não averbadas, 31 averbadas
e o restante como propostas. Com relação ao levantamento das APP’s, 805 imóveis somam
2.411 registros.

3.4.10.4 Filadélfia

Filadélfia é um município do estado de Tocantins que possui 199.125,80 hectares em


extensão territorial, 150.776,55 hectares de cadastros de CAR e 451.393,52 hectares de
cadastros de CCIR – 226,70% da extensão territorial do município.
139

O município possui o total de 970 cadastros, com 380 cadastros maiores que 100
hectares, correspondentes a 124.122,82 hectares – 62,33% do total, em tamanho, dos cadastros.
Os quatro maiores cadastros possuem extensão superior a 2.000 hectares. O segundo maior
cadastro, com 2.325,42 hectares não aparece no mapa, quando selecionado. A visualização da
sobreposição dos CARs e quatro maiores CARs sobre o limite territorial do município pode ser
feita no ANEXO AT.

Tabela 56 - Quantidade e tamanho dos CARs de Filadélfia/TO

Fonte: is.gd/cmendes_car

Em Filadélfia, no norte do Tocantins, a área de 2.096,9455 ha é reconhecida à


comunidade quilombola Grotão (há 82 km do centro urbano) onde vivem 45 famílias. Porém a
efetiva ocupação quilombola restringe-se à 100 ha. A história da comunidade remonta à luta
por direitos socioterritoriais (em face dos grileiros locais) em busca da regularização fundiária,
iniciada em 2008 com o autoreconhecimento e delimitação de todo o território reconhecido.
Cumpre enfatizar que o decreto de desapropriação, emitido há 10 anos, ainda não foi concluído
(CASTRO, 2022).

As famílias convivem com a ausência de energia elétrica, postos de saúde e estradas.


A atividade econômica local baseia-se na agricultura de subsistência com o cultivo de hortaliças
e lavras de mandioca, feijão e arroz (MAPA DE CONFLITOS, 2022).

Filadélfia possui área rural consolidada registrada no CAR de 73.260,70 ha,


equivalente a 36% da extensão territorial do município. A área consolidada, portanto, é
3.493,68% maior que a área direcionada à sobrevivência da comunidade quilombola Grotão,
pertencente à região, a qual possui o reconhecimento territorial de 2.096,9455 ha.

Acerca das áreas de reserva legal, dos 970 imóveis inseridos no CAR, 810 possuem
um total de 813 registros de reservas, sendo apenas 15 averbadas e o restante ainda na qualidade
de propostas. Quanto às APP’s, 719 imóveis totalizam 2.072 inscrições. O imóvel de ID n.
140

2800510, a título de exemplo, soma 44 inscrições: 18 de rios até 10m; 14 a recompor de rios
até 10m; 07 de nascentes ou olhos d´água perenes; 04 em área de vegetação nativa e 01 em área
antropizada não declarada como área consolidada.

3.4.10.5 Muricilândia

Muricilândia é o menor dos municípios analisados no estado, com um total de


119.436,80 hectares, 132.046,51 hectares de CAR (110,55% maior que a extensão territorial do
município), e 178.218,69 hectares de CCIR (149,21% maior que a extensão territorial do
município).

O município possuía em julho de 2021 o total de 163 cadastros ambientais rurais,


sendo que 94 maiores que 100 hectares, correspondentes a 129.085,95 hectares – 97,75%, em
tamanho, dos cadastros. Os três maiores cadastros possuem, respectivamente, 29.375,64,
17.124,99 e 10.101,06 hectares, num total de 56.601,69 hectares, ou seja, sozinhos, os três
cadastros correspondem a 47,4% da extensão territorial do município. A visualização da
sobreposição dos CARs e três maiores CARs sobre o limite territorial de Muricilândia pode ser
feita no ANEXO AU.

Tabela 57 - Quantidade e tamanho dos CARs de Muricilândia/TO

Fonte: is.gd/cmendes_car

O município possui, segundo dados do CAR, área rural consolidada no total de


78.946,18 ha, o que equivale a 66% da extensão territorial do município. Das 163 registradas
no CAR, 109 possuem inscrições de reservas legais – 01 como aprovada e não averbada, 02
como averbadas e o restante como propostas. Com relação às APPs, 150 imóveis somam 575
registros.
141

3.4.10.6 Paranã

Paranã é o maior município dentre os sete analisados no estado de Tocantins,


possuindo 1.121.737,30 hectares em extensão territorial. Na base de julho de 2021, havia
917.375,40 hectares em CAR e 1.353.312,58 em CCIR (120,64% da extensão territorial do
município).

Paranã possuía, em julho de 2021, 2.309 cadastros, sendo 1.024 maiores que 100
hectares e correspondentes a 884.571,75 hectares – 96,42% do total da extensão dos cadastros
do município. Os três maiores cadastros possuem 59.457,93, 19.571,34 e 17.523,67 hectares,
totalizando 96.552,94 hectares – 10,55% da extensão total dos cadastros dos 2.309 hectares. A
visualização da sobreposição dos CARs e três maiores CARs sobre o limite territorial de Paranã
pode ser feita no ANEXO AV.

Tabela 58 - Quantidade e tamanho dos CARs de Paranã/TO

Fonte: is.gd/cmendes_car

Juntamente com Arraias, Paranã abriga o quilombo Kalunga do Mimoso, em uma área
total de 57.465,1870 ha, onde habitam 250 famílias. O município possui 116.869,48 ha de área
consolidada, equivalente a 10% de sua extensão territorial (CPISP, 2022). Em relação às
delimitações das RL’s, dos 2.309 imóveis registrados no CAR, 1.714 possuem o total de 1.722
registros de reservas, sendo 22 aprovadas e não averbadas, 36 averbadas e o restante como
propostas. Quanto às APPs, 1.578 imóveis atingem o total de 4.408 registros.
142

3.4.10.7 Santa Fé do Araguaia

Por fim, Santa Fé do Araguaia é um município do estado de Tocantins com 167.123,90


hectares, com 182.605,03 hectares de CAR (109,26% da extensão territorial do município) e
179.947,08 (107,67% da extensão territorial do município).

Santa Fé do Araguaia possuía na base de julho de 2021, 126 cadastros, sendo 107
cadastros maiores que 100 hectares, correspondentes a 181.694,13 hectares – praticamente a
totalidade dos cadastros – em tamanho – do município. Os três maiores cadastros possuem
15.502,77, 10.922,70 e 9.718,02 hectares, totalizando 36.143,49 hectares – quase 20% do total
da extensão territorial dos cadastros. A visualização da sobreposição dos CARs e três maiores
CARs sobre o limite territorial de Santa Fé do Araguaia pode ser feita no ANEXO AW.

Tabela 59 - Quantidade e tamanho dos CARs de Santa Fé do Araguaia/TO

Fonte: is.gd/cmendes_car

A comunidade remanescente quilombola Cocalinho encontra-se no município de Santa


Fé do Araguaia e compreende a extensão de 1.592,50 ha onde residem 129 famílias. Acerca da
regularização fundiária, este território, até o momento, recebeu apenas o reconhecimento do
quilombo com a emissão do respectivo certificado pela Fundação Cultural de Palmares (CPISP,
2022).

O Cocalinho apresenta grande expressividade cultural, especialmente com a Dança do


Lindo – dança tradicional da comunidade. Além disso, as principais atividades econômicas
desenvolvidas pelos quilombolas de Cocalinho são a agricultura de subsistência e a produção
de artesanato (TOCANTINS, 2008).

Santa Fé do Araguaia possui 111.515,74 ha de área rural consolidada, o que


corresponde a 66% de sua extensão territorial. Se comparada à área do quilombo Cocalinho,
pertencente à região, o qual ocupa 1.592,5084 há, a área consolidada é 7.002,52% maior que a
143

área direcionada à sobrevivência das comunidades quilombolas da região. Em relação às


delimitações das RL’s, 110 propriedades somam 112 registros de reservas, sendo 01 aprovado
e não averbado, 03 averbados e o restante como propostos. Com relação às APPs, 119 imóveis
atingem 489 registros.
144

4 ESCOLHA DOS IMÓVEIS PARA ANÁLISE SATÉLITE

Para selecionar os imóveis a serem analisados no capítulo 04, optou-se por lançar as
informações captadas da plataforma bit.ly e apresentadas no capítulo 03 em uma planilha, de
forma a viabilizar a análise dos dados de forma mais visual e simples, ajudando assim na escolha
dos imóveis que se encontrassem em situação mais aparente de irregularidades.

A planilha contém, em verde, as informações da plataforma is.gd/cmendes_car, que,


por sua vez, foi alimentada por informações advindas, sobretudo, do IBGE, SICAR e CCIR.
Na planilha inseriram-se dados acerca dos Estados, Municípios, extensão territorial, CAR, área
consolidada, CCIR e extensão dos cinco maiores CAR de cada município.

A análise comparativa, por sua vez, tomou por referência o percentual do CAR sobre
o tamanho do município, possibilitando compreender quais regiões possuem área rural muito
próxima ou maior que a própria extensão territorial do município. Tal situação, por si só, já
configura uma fragilidade das informações, uma vez que não seria legal e faticamente possível
pensar em área de CAR ou CCIR maior que a extensão territorial do município - cujo dado foi
coletado do IBGE.

De qualquer sorte, dos 49 municípios analisados, 13 possuem área de CAR muito


próxima ou maior do que a extensão territorial do município, em percentuais que variam de
93,78% a 284,48%. As duas maiores sobreposições ocorrem no município de Palmeirândia, no
Maranhão – sua extensão territorial é de 53.216,10 ha, existindo ali registro de 151.389,45 ha
de CAR, equivalente a 284,48% da extensão territorial – e em Araguatins, no Tocantins, que
possui extensão territorial de 263.327,80 ha e 619.471,15 ha de CAR, ou seja, 235,25% da
extensão territorial.

Tal situação é ainda igualmente alarmante quando direcionada à análise do CCIR. Dos
49 municípios, 37 possuem área de CCIR muito próxima ou maior do que a extensão territorial
do município, em percentuais que variam de 94,42% a 291,27%.

As cinco piores possíveis sobreposições do CCIR encontram-se nos Estados de Goiás,


Rondônia e Tocantins. Cavalcante, em Goiás, possui extensão territorial de 695.608,20 ha e
1.536.219,63 ha de CCIR, o que corresponde a 220,85% da extensão territorial. Nova Roma,
também em Goiás, possui extensão territorial de 216.596,00 ha e 622.144,15 ha de CCIR –
291,27% da extensão territorial. Costa Marques, em Rondônia, possui extensão territorial de
498.717,70 ha e 1.004.311,75 ha de CCIR – 201,38% da extensão territorial. Dianópolis, em
145

Tocantins, possui 331.809,40 ha de extensão territorial e 701.179,26 ha de CCIR, equivalente


a 211,32% da extensão territorial. Por fim, Filadélfia, também em Tocantins, possui extensão
territorial de 199.125,80 ha e 451.393,52 ha de CCIR, o que corresponde a 226,69% da extensão
territorial do município – APÊNDICE A.

Ainda com relação ao CAR e CCIR, outra situação que chama a atenção é a grande
diferença entre informações dos dois cadastros em diferentes municípios, o que, suspostamente,
não deveria ocorrer, uma vez que, dentre outros dados, ambos se referem à extensão do imóvel
rural objeto da inscrição.

Para fins de análise, comparou-se a diferença entre os dados do CAR e do CCIR face
à extensão territorial. Dentre os 49 municípios, 39 possuem diferença entre os cadastros em
percentuais comparados à extensão territorial que variam de 20,28% a 231,44%. Chama a
atenção a diferença identificada em Macapá/AP (123,55%), Cavalcante/GO (109,87%), Nova
Roma/GO (139,64%), Palmeirândia/MA (231,44% - a maior diferença encontrada), Vargem
Grande/MA (102,04%), Costa Marques/RO (144,83%), Araguatins/TO (110,55%),
Dianópolis/TO (121,96%) e Filadélfia (150,97%) – APÊNDICE B.

Com relação à área rural consolidada, ressalta-se que sua concessão acaba
configurando anistia de multas, isenção de desmatamentos irregulares, imunidade à fiscalização
e consolidação de danos ambientais, na maioria das vezes desconsiderando risco e
consequências de sua concessão, ignorando também o desenvolvimento sustentável e
afrontando o retrocesso socioambiental (COSTA, 2018). Dessa forma, embora o tamanho da
área consolidada não seja um parâmetro direto para escolha dos imóveis a serem analisados,
cabe uma comparação de sua concessão face à extensão territorial do município, de forma a
ajudar na compreensão do tamanho da concessão concedida nos municípios analisados.

Dos 49 municípios, 34 possuem área consolidada superior a 10% do tamanho do


município, em percentuais que variam de 11,54% a 101,6% da extensão território local. Em
Goiás, Barro Alto, Santa Rita do Novo Destino e São Luiz do Norte possuem área consolidada
correspondente a 54,58%, 50,89% e 66,5%, respectivamente, em comparação à extensão
territorial do município. Em Tocantins, Muricilândia e Santa Fé do Araguaia possuem,
respectivamente, 66,1% e 66,73% de área consolidada em comparação à extensão do município.
Por fim, Araguatins, também em Tocantins, possui 101,68% da extensão territorial do
município em área consolidada. Isso significaria dizer que há mais área consolidada do que o
próprio tamanho do município – APÊNDICE C.
146

Com relação às reservas legais – RLs e áreas de preservação permanente – APPs, foi
possível perceber a reincidência de registros sobre um mesmo imóvel. Em que pese a
possiblidade de tal fato - sobretudo em razão dos diferentes tipos de APPs - o que se espera,
dentro de uma medida máxima (o que já deveria ser difícil ocorrer), é que houvesse no máximo
30 registros de APPs (pois são esses todos os tipos disponíveis para inscrição no CAR):

1- APP Reservatório de geração de energia elétrica construído até 24/08/2001


2- APP segundo art. 61-A da Lei 12.651 de 2012;
3- APP a Recompor de Lagos e Lagoas Naturais;
4- APP a Recompor de Nascentes ou Olhos D'água Perenes;
5- APP a Recompor de Rios até 10 metros;
6- APP a Recompor de Rios com mais de 600 metros;
7- APP a Recompor de Rios de 10 até 50 metros;
8- APP a Recompor de Rios de 200 até 600 metros;
9- APP a Recompor de Rios de 50 até 200 metros;
10- APP a Recompor de Veredas;
11- APP de Áreas com Altitude Superior a 1800 metros;
12- APP de Áreas com Declividades Superiores a 45 graus;
13- APP de Banhado;
14- APP de Bordas de Chapada;
15- APP de Lagos e Lagoas Naturais;
16- APP de Manguezais;
17- APP de Nascentes ou Olhos D'água Perenes;
18- APP de Reservatório artificial decorrente de barramento de cursos d´água;
19- APP de Restingas;
20- APP de Rios até 10 metros;
21- APP de Rios com mais de 600 metros;
22- APP de Rios de 10 até 50 metros;
23- APP de Rios de 200 até 600 metros;
24- APP de Rios de 50 até 200 metros;
25- APP de Topos de Morro;
26- APP de Veredas.
27- APP em área antropizada não declarada como área consolidada;
28- APP em área de Vegetação Nativa;
29- APP segundo art.61-A da Lei 12.651 de 2012; e
30- Entorno de Reservatório para Abastecimento ou Geração de Energia.

Primeiramente, analisando RL, localizou-se um imóvel em Mineiros/GO, com 18


registros; um imóvel em Nossa Senhora do Livramento/MT com 30 registros; um imóvel em
Poconé/MT com 38 registros e um imóvel em Seringueiras/RO com 15 registros. Os casos mais
alarmantes, contudo, encontram-se em Costa Marques/RO, onde um imóvel possui 319
registros; Óbidos/PA, onde um imóvel possui 546 registros; Santarém/PA, com um imóvel
detentor de 623 registros e São Francisco do Guaporé, onde um imóvel possui 640 registros de
reserva legal.
147

Quanto às APPs, pôde-se perceber que as propriedades variaram de 1 a 7.603 registros


em um único imóvel. Em Calçoene/AP, um imóvel possui 212 registros; em Barreirinha/AM,
um imóvel possui 314 registros; em Xique-Xique/BA, um imóvel possui 161 registros; apenas
no Estado de Goiás, a quantidade de registros variou de 106 a 665 – sendo esse último
localizado na Cidade Ocidental; em Maranhão, a maior quantidade de registros se deu em
Vargem Grande, com 87 registros; em Nossa Senhora do Livramento/MT, um imóvel possui
165 registros; em Poconé/MT, um imóvel possui 594 registros; em Óbidos/PA, um imóvel
possui 1556 registros; em Santarém/PA, um imóvel possui 7603 registros; em Costa
Marques/RO, um imóvel possui 921 registros; e em São Francisco do Guaporé, um imóvel
possui 1173 registros – APÊNDICE D.

Também foi possível comparar a extensão dos maiores imóveis cadastrados no CAR,
optando-se por analisar o maior cadastro de cada município comparando-o com sua extensão
territorial. Em seguida, foi se somando o tamanho dos quatro maiores cadastros, um a um,
comparando a cada lançamento seu percentual face à extensão do município.

Nesse contexto, foi possível identificar, por exemplo, que o maior imóvel de
Barcelos/AM, ocupa sozinho 18,8% da extensão territorial do município. Considerando que
Barcelos possui mais de 12 milhões de hectares, o imóvel em comento possui, sozinho,
2.302.821,91 ha. Também em Carinhanha/BA, chamou a atenção o fato de o maior imóvel
lançado no CAR, com um total de 25.565,95 ha, corresponder a 10,12% da extensão territorial
do município.

Em Cavalcante/GO, o maior imóvel do CAR corresponde a 17,61% da extensão


territorial do município. E tal percentagem continua crescendo relevantemente ao se considerar
os cinco maiores imóveis locais, que correspondem, sozinhos, a 36,95% da extensão territorial
de Cavalcante. Ainda em Goiás, é importante também ressaltar que o maior imóvel cadastrado
no CAR em Monte Alegre de Goiás corresponde a 13,87% da extensão territorial do município.

No Maranhão, o maior imóvel de Brejo – no CAR – equivale a 17,57% da extensão


territorial do município. Os cinco maiores imóveis da cidade atingem o total de 28,63%. Em
Rosário, o maior imóvel é equivalente a 21,88% da extensão do município, enquanto os cinco
maiores imóveis atingem o patamar de 48,95%. Os cinco maiores imóveis de Santa Rita, por
sua vez, atingem o total de 35,69% da extensão territorial do município. Contudo, no Estado do
Maranhão, merece destaque a análise dos cinco maiores imóveis do município: o maior deles
corresponde, sozinho, a 40,41% da extensão territorial do município; os dois maiores, juntos,
equivalem a 79,23%; os três maiores, a 113,23% (ou seja, três imóveis sozinhos representariam
148

mais que a extensão do próprio município); os quatro maiores, a 142,43%; e os cinco maiores,
a 167,04% do tamanho do município.

Em Santarém, no Pará, o maior imóvel cadastrado no CAR corresponde a 37,84% da


extensão territorial do município e os cinco maiores, a 73,99%. Já em Piauí, o maior imóvel de
Campinas do Piauí equivale a 13,88% do tamanho do município. Em Paulistana, o maior imóvel
ocupa 11,41% da extensão do município e os cinco maiores imóveis, 22,16%. No Estado do
Piauí, a situação mais grave foi identificada em Campo Largo do Piauí: o maior imóvel equivale
a 25,73% do município, enquanto os cinco maiores atingem o total de 31,18%.

Em Rondônia, merece destaque o maior imóvel lançado no CAR de Seringueiras, que,


sozinho, corresponde a 22,29% da extensão territorial do município. Em Tocantins, os cinco
maiores imóveis de Santa Fé do Araguaia correspondem a 28,39% do tamanho do município.
Em Muricilândia, o maior imóvel equivale a 24,6% do município, enquanto os cinco maior
atingem o patamar de 54,66%. O pior cenário, contudo, é o de Araguatins: o maior imóvel
lançado no CAR corresponde, sozinho, a 148,34% da extensão territorial do município –
APÊNDICE E.

Além disso, também foi feita uma comparação dos cinco maiores cadastros no CAR
com os demais CARs do próprio município. Assim foi possível constatar por exemplo que o
maior CAR de Barcelos/AM, corresponde a 70,98% dos demais cadastros, enquanto os cinco
maiores CARs correspondem a 98,9% de todos os cadastros. Em Novo Airão, o maior imóvel
corresponde a 82,64% dos demais CARs, e os cinco maiores CARS equivalem a 94,5% da
totalidade dos cadastros do município.

Em Salvador/BA, a maior propriedade, segundo o CAR, corresponder a 89,17% dos


demais imóveis, enquanto os cinco maiores imóveis equivalem a 97,93% da totalidade dos
CARs. Em Goiás, os maiores percentuais recaem sobre Cavalcante: a maior propriedade
corresponde a 15,87% dos demais CAR, enquanto os cinco maiores equivalem a 33,29%.

No Maranhão, o maior imóvel de Brejo corresponde a 20,33% dos demais CARs. Em


Palmeirândia, o maior imóvel equivale a 14,2% da totalidade dos cadastros, e os cinco maiores
CARs a 58,72%. Em Rosário, o maior imóvel representa 28,31% da totalidade dos CARs, e os
cincos maiores imóveis a 63,32%. Em Santa Rita, os cinco maiores imóveis equivalem a
41,32% dos CARs do município.

No Pará, em Colares, o maior imóvel corresponde a 22,84% dos CARs da região,


enquanto os cinco maiores imóveis alcançam o patamar de 52,06%. Em Salvaterra, os cinco
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maiores cadastros representam 47,82% dos CARs do municípios. Em Santarém, o maior imóvel
equivale a 28,65% dos CARs, e os cinco maiores CARs representam 56,02% do total dos
cadastros.

Em Piauí, o maior imóvel de Campinas do Piauí representa 20,9% dos CARs da região.
Em Campo Largo do Piauí, o maior imóvel corresponde a 47,46% dos CARs, enquanto os cinco
maiores CARs atingem 57,52% do município. Em Matias Olímpio, as cinco maiores
propriedades representam 34,54% da totalidade dos CARs.

Em Seringueiras, os cinco maiores imóveis representam 39,08% dos cadastros da


região. Por fim, em Tocantins, o maior CAR de Araguatins representa 63,06% do total dos
cadastros do município. Em Muricilândia, o maior imóvel representa 22,25% do total dos
cadastros, enquanto os cinco maiores CARs atingem 49,44% do total dos cadastros do
município – APÊNDICE F.

Dessa forma, diante das considerações acima, é possível constatar que, a despeito do
quadro geral apresentar uma série de possíveis irregularidades, algumas chamam mais a
atenção, e esses imóveis serão objeto de estudo do presente capítulo 03, mediante análise de
suas imagens por satélite, procurando comparar sua extensão lançada nos mapas com a extensão
informada no CAR, bem como procurando por eventuais loteamentos irregulares. Em seguida,
buscar-se-á analisar a certidão de inteiro teor desses imóveis junto aos cartórios de imóveis.

4.1 METODOLOGIA DE ANÁLISE APÓS A ESCOLHA DOS MUNICÍPIOS

Os mapas de cada estado e municípios foram baixados em extensão KML, sendo que
para cada município foram baixados quatro mapas diferentes, advindos de informações do
CAR: APP, área consolidada, área do imóvel e RL.

Cada arquivo possui a totalidade das informações do município. Assim, caso um


município possua dois mil cadastros de CAR com 2000 áreas de imóveis, 4000 APPs, 1800
RLs e 1000 áreas consolidadas, todas poderão ser lançadas no mapa, uma a uma. Para melhor
visualização dos cadastros, definiu-se cores distintas para cada item, buscando sobrepô-las no
mapa. Assim, embora não haja relação entre o número de identificação da área imóvel, área
consolidada, RL e APP, é possível visualizá-las sobrepostas no mapa.
150

Após fazer o download do Google Earth e do arquivo KML, o sistema nos remete
diretamente para as imagens do satélite, com destaque para os itens referentes ao arquivo: RL,
APP, área consolidada ou área imóvel.

Outra dificuldade que se encontra nesse momento é que, por falta de configuração do
arquivo, cada cadastro aparece listado como “sem nome”. Dessa forma, para saber se há relação
entre o item listado e o número de identificação do cadastro, é necessário clicar um a um, até
localizar o ID pretendido. Considerando que muitos municípios possuem milhares de CAR, e
que cada CAR possui, nessa pesquisa, quatro informações a serem analisadas, esse é um fator
que influencia diretamente no tempo da pesquisa.

Localizado o município que se pretende analisar, mediante comparação dos números


identificadores, deve-se então trabalhar nas propriedades do item para então adequá-lo ao estilo
e cor pretendidos, sendo que para que seja possível visualizar todos os itens nos mapas, deve-
se ainda alterar a opacidade do arquivo, de modo a deixá-lo com transparência suficiente a
ponto de não prejudicar a visualização do mapa.

Após selecionar e encontrar o município, passa-se a analisá-lo pormenorizadamente,


mediante aproximação da imagem. Nos casos em que localizados potenciais loteamentos, é
possível também fazer uma análise temporal da situação daquele espaço geográfico, utilizando
as imagens históricas do Google Earth, ferramenta que pode ajudar a identificar o tempo de
existência do loteamento sob análise.

Vale ressaltar que o trabalho com os mapas acaba sobrecarregando o computador. Tal
situação nos remete à necessidade de, em regra, apenas poder trabalhar município por
município, sendo necessário salvar e encerrar cada análise tão logo feita, para então se trabalhar
com o município seguinte, influenciando no tempo da pesquisa.

Ainda, para cada Estado, também foi feito download de arquivo com extensão KML
com os limites dos municípios. Tal arquivo, além de facilitar a visualização e entendimento do
trabalho, permite auferir situações em que cadastros trespassam o limite do município. Ao se
fazer o download do arquivo, contudo, assim como no caso dos arquivos do CAR, por razão de
configuração do próprio arquivo, todos os limites aparecem classificados como “sem nome”.
Dessa forma, é necessário buscar um a um até localizar o município desejado.

Trata-se, portanto, de mais um fator a impactar no tempo da pesquisa, uma vez que,
dentre os Estados analisados, Bahia possui 417 municípios; Goiás, 246; Piauí, 224; Maranhão,
217; Pará, 144; Mato Grosso, 141; Tocantins, 139; Amazonas, 62, Rondônia, 52 e Amapá, 16.
151

E, após localizado o município desejado, deve-se também selecionar suas propriedades para
alterar seu estilo e cor, bem como opacidade da imagem – do contrário, seria possível observar
apenas a última imagem sobreposta, prejudicando a compreensão das sobreposições.

4.2 AMAZONAS – BARCELOS

A propriedade de Barcelos foi objeto de escolha em razão, sobretudo, de sua extensão


territorial. O cadastro possui número de identificação AM-1300409-
145C40F184DA4B6D82387B05BD0DE5A6. Além de representar um percentual alto com
relação à extensão territorial do município – 18,8% – possui significativa diferença com relação
aos demais cadastros, correspondendo, sozinho, a 70,98% de todos os cadastros.

Figura 1 – CARs em Barcelos/AM

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.

Chama a atenção, ainda, o fato de o município ter 12.246.108,60 ha – o maior de todos


os municípios analisados. Trata-se do maior município do Amazonas e o segundo maior do
Brasil, atrás apenas de Altamira/PA, que possui 15.953.332,80 ha. O maior CAR do município
possui, portanto, 2.302.821,91 ha. Isso significa dizer que a maior propriedade de Barcelos (um
único imóvel) é maior que quase a totalidade dos municípios analisados, com exceção apenas
de Novo Airão/AM e Óbidos/PA.
152

Apesar de não existir aparentes loteamentos na imagem do satélite da propriedade


(análise realizada mediante aproximação máxima em toda a propriedade), ao se lançar na
imagem a referência do limite do município (destacado em branco), é possível perceber que
considerável parte do imóvel avança o limite de Barcelos.

Figura 2 – Avanço de limite territorial de CAR em Barcelos/AM

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Mediante edição de polígono da imagem, foi possível perceber que a propriedade, que
possui um total de 2.302.821,91 ha, na verdade, acaba avançando aproximadamente 1.263.383
ha sobre outros três municípios: Coari, Codajás e Maraã. Aqui, faz-se uma ressalva no sentido
de que essa é uma situação que deveria ser observada no momento do registro do cadastro,
visando evitar entendimento no sentido de que a totalidade do imóvel pertenceria à Barcelos.
153

Figura 3 – Tamanho aproximado do avanço do CAR em Barcelos/AM

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Com relação à APP, Barcelos possui 570,55 ha cadastrados, correspondente a 0,0047%
do município. O percentual é tão baixo que não pode ser percebido no contexto da imagem total
do município, sendo necessário aproximar a imagem para que, em algumas propriedades, possa
ser visualizado (em verde). Não há, contudo, APP na propriedade analisada.

Figura 4 – APPs de Barcelos/AM

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Outro fator a se ressaltar relacionado à Barcelos é quantidade de registro de reservas
legais na região. Por se tratar de município localizado na Amazônia Legal, a região, nos termos
154

do art. 12, I, “a” do Código Florestal, Lei n. 12.657/12 (BRASIL, 2012), deveria ter 80% de
cobertura de vegetação nativa direcionada à RL. Ocorre que, em Barcelos, todas as reservas
somadas alcançam apenas 17.560,11 ha, ou seja, 0,1434% da extensão territorial do município.
E quando lançadas as imagens das reservas no município (destaque em laranja), é possível
perceber que não há nenhuma reserva no imóvel em análise.

Figura 5 – RLs de Barcelos/AM

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.

Visando comparar as informações acima com a certidão de inteiro teor do imóvel,


buscou-se primeiramente identificar o contato do cartório de imóveis responsável junto ao
Serviço de Atendimento Eletrônico Compartilhado – SAEC, implementado pelo Operador
Nacional do Registro Eletrônico de Imóveis – ONR. O SAEC opera sob a gestão do ONR, nos
termos da Lei n. 13.465 de 2017 e do Provimento n. 124 de 2021 da Corregedoria Nacional de
Justiça do Conselho Nacional de Justiça.

No SAEC, portanto, identificou-se o contato do Ofício de Registro de Imóveis da


Comarca de Barcelos, com o intento de se requerer a certidão de inteiro teor mediante uso do
número identificador do CAR. O cartório informou, contudo, que a realização de buscas apenas
poderia ser realizada mediante informação do endereçou ou do nome do proprietário.

Dessa forma, procurou identificar-se então o órgão ambiental estadual responsável


pelo CAR junto aos contatos disponibilizados no site do Serviço Florestal Brasileiro. Em
Amazonas, o órgão responsável é o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas - IPAAM e
a Secretaria de Estado do Meio Ambiente - SEMA. Ao se solicitar o número da matrícula do
155

imóvel usando como referência o número do CAR, contudo, a Gerência de Controle


Agropecuário limitou-se a informar que a propriedade pertencia à Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Amanã e que as informações apenas poderiam ser repassadas ao interessado com
domínio ou representante legal equivalente. Dessa forma, não foi possível realizar a análise da
certidão de inteiro teor do imóvel objeto de estudo de Barcelos, no Amazonas.

Sabendo, contudo, tratar-se da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã –


RDS Amanã, foi possível descobrir tratar-se de reserva criada pelo Decreto n. 19.021 de 1998,
em área a beneficiar aproximadamente quatro mil pessoas. O CAR realmente abrange os
municípios de Coari, Codajás e Maraã e a região sofre, sobretudo com desmatamento e fortes
ondas de calor (UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL, 2022). Além disso,
recentemente – em setembro de 2020 - também foi aprovado o Plano de Gestão da RDS –
Amanã (AMAZONAS, 2020)

Apesar da impossibilidade da busca pela certidão de inteiro teor do imóvel, ao se


consultar também o demonstrativo do CAR no SICAR, é possível constatar uma série de
restrições à propriedade. Algumas áreas foram embargadas em razão de execução de obras de
escavações em área de Parque Nacional. Também há 406,34 ha reconhecidos como terra
indígena Cuiu-Cuiu. Além da totalidade do imóvel ser tido como Unidade de Conservação, na
qualidade de RDS – Amanã, também há Unidade de Conservação direcionada ao Parque
Nacional do Jaú (2.981,96 ha) e à Reserva Extrativista do Rio Unini (1.997,95 ha) (SICAR,
2022).

4.3 PARÁ – SANTARÉM – APP ID N. 7590759

Conforme constatado, existe um imóvel em Santarém que, sozinho, possui 7.603


registros de APP. Trata-se do imóvel cujo n. ID de APP é 7590759. As inscrições encontram-
se distribuídas entre as seguintes inscrições: 2.250 em área de vegetação nativa; 1.877 segundo
art. 61-A da Lei n. 12.651/12; 1.335 a recompor de rios até 10m; 1.169 em área antropizada não
declarada como área consolidada; 422 a recompor de rios com mais de 600m; 161 de rios com
mais de 600m; 133 de rios até 10m; 91 de lagos e lagoas naturais; 60 a recompor de lagos e
lagoas naturais; 53 a recompor de rios de 10 até 50m; 30 de rios de 10 até 50m; 06 a recompor
de rios de 50 até 200m; 06 de rios de 200 até 600m; 05 de rios de 50 até 200m e 04 a recompor
de rios de 200 até 600m.
156

Em razão da grande quantidade de cadastro de APPs, optou-se por analisar um pouco


mais sobre o presente imóvel. Parte da dificuldade da análise, contudo, é que cada dado do CAR
possui um n. ID distinto: um para área do imóvel, um para APP, um para RL etc. Dessa forma,
para saber qual o imóvel objeto da presente situação, é necessário fazer o download KML de
APP do município, lança-lo no Google Maps, e selecionar um a um, até encontrar o ID 7590759.

Ao tentar fazer a seleção do ID no Google Maps, contudo, percebeu-se que existe um


item para cada registro de APP. No caso do imóvel ID 7590759, são então 7.603 registros a
serem selecionados. Contudo, para visualização dessas APPs, é necessário desmarcar todos os
demais itens (Santarém possui um total de 21.120 registros de APP). Diante da impossibilidade
de desmarcar tantos itens – o que só pode ser feito um a um – optou-se por deletar os demais
itens, deixando salvas apenas as inscrições vinculadas ao imóvel selecionado.

Após a demarcação das 7.603 inscrições foi possível perceber que a extensão das áreas
se distribuem por uma série de distritos. Logo, o que se poderia concluir nesse momento, é que
as APPs atingem uma série de imóveis, e não apenas um. Não parece adequado, portanto, haver
um único cadastro com tantas inscrições de APPs.

Figura 6 – CAR com maior quantidade de APPs em Santarém/PA

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Com relação ao limite do município, contudo, as APPs se encontram todas
devidamente inseridas dentro da extensão de Santarém.
157

Figura 7 – CAR com maior quantidade de APPs em Santarém/PA e limite territorial

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
A percepção, contudo, de que as APPs se distribuem por diferentes propriedades pôde
ser confirmada ao se sobrepor às imagens do limite do município e das APPs à quantidade de
registros de CARs da região. Inicialmente, buscou-se selecionar propriedade a propriedade para
visualizá-la no mapa e confirmar se estaria ou não vinculada a alguma APP. Ocorre que
Santarém possui 3.105 imóveis registrados no CAR. Selecioná-los um a um comprometeria o
tempo da pesquisa, levando-nos a uma conclusão a qual já se pode afirmar: o APP de ID
7590759 possui 7.603 inscrições. Pelo que se entende, cada ID deveria estar vinculado a um
CAR específico. Ocorre, contudo, que a APP em comento abrange centenas de imóveis.
158

Figura 8 – CAR com maior quantidade de APPs e demais CAR de Santarém/PA

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.

4.4 RONDÔNIA – SÃO FRANCISCO DO GUAPORÉ

Seguindo o parâmetro de repetição de APPs ocorrido em Santarém/PA, também


ocorreu inserções recorrentes de reservas legais sobre um mesmo número identificador. O
número ID é aquele criado ao se cadastrar algum dado dentro do sistema do CAR. Para cada
tipo de informação inserida (APP, RL, área de conservação etc) um ID específico é gerado.
Dessa forma, o que se entende, é que cada imóvel deveria ter um ID específico para cada APP.
Contudo, como se verificou, não foi isso que aconteceu em Santarém. O ID 7590759 possuía
mais de 7.000 inscrições de APP mas abrangia, contudo, uma extensa área territorial e centenas
de imóveis.

Essas repetições também foram percebidas (embora com menor incidência do que com
APP) com algumas reservas legais. A propriedade com maior recorrência de registro encontra-
se em São Francisco do Guaporé/RO, onde 976 imóveis possuem, ao todo, 2.476 registros de
RLs. O imóvel de ID n. 7723640, contudo, possui, sozinho 640 registros de RLs.
159

Figura 9 – CAR com maior quantidade de RLs em São Francisco do Guaporé/RO

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
As reservas encontram-se inteiramente dentro do limite do município.
Figura 10 – CAR com maior quantidade de RLs em São Francisco do Guaporé/RO e limite
territorial

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Contudo, assim como nas APPs, as 640 RLs também encontram-se distribuídas dentro
de centenas de propriedades.
160

Figura 11 - CAR com maior quantidade de RLs em São Francisco do Guaporé/RO e demais
CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Dessa forma, se mostra inviável pedir a certidão de matrícula dessas propriedades,
tanto em razão da demora de suas identificações individuais como pelo custo que isso
representaria. De qualquer sorte, o que se pode afirmar é que a atribuição do número de
identificação dessas reservas, bem como no caso das APPs, ao menos aparentemente, se deu de
forma indevida. Tantas e diferentes propriedades não poderiam ter centenas e milhares de RLs
e APPs, respectivamente, identificados por um mesmo número.

4.5 MARANHÃO - PALMEIRÂNDIA

Palmeirândia/MA é um município que, segundo o IBGE, possui extensão territorial de


53.216,10 ha. O município, contudo, possui um total de 151.389,45 ha em CAR. Os quatro
maiores imóveis possuem 21.504,73, 20.659,69, 18.089,95 e 15.539,70 ha e, sozinhos,
representam 142,43% da extensão territorial do município. Tratam-se dos imóveis identificados
pelos seguintes códigos no CAR:

1. MA-2107605-152C5B4456314F33AD1624C1EAAE4CD4;
2. MA-2107605-8A9A770339B540B191DBF8F475A22058;
3. MA-2107605-49C227BF8A3F4DFF8CD44E8684A721A6;
4. MA-2107605-2CAB033D765E437093C23FB636D9DE64.
161

Contudo, antes da análise dos quatro imóveis, é importante ressaltar que já ao lançar
as imagens dos CARs de Palmeirândia no mapa é possível observar uma série de sobreposições.
Na imagem abaixo, por exemplo, existem 31 inscrições de CAR que, apenas nesse espaço
territorial chegam a se sobrepor dezenas de vezes. É possível identificar o número de
identificação de cada CAR e, eventualmente, associar esse número com suas respectivas
matrículas no registro de imóveis, para uma averiguação da situação real de cada um. Contudo,
não é esse o objeto da presente pesquisa, fazendo-se aqui, portanto, apenas menção de mais
essa aparente irregularidade identificada.

Figura 12 – Sobreposições de CARs sobre os quatro maiores CARs de Palmeirândia/MA

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Além disso, ao se comparar as imagens dos CARs (em vermelho) com o limite do
município (em branco), é possível perceber que algumas inscrições trespassam o limite
territorial, alcançando municípios distintos.
162

Figura 13 – CARs em Palmeirândia/MA – sobreposições e avanço de limite municipal

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Com relação aos quatro maiores cadastros, sua identificação no mapa é difícil de
ocorrer, uma vez que Palmeirândia possui 468 cadastros que, contudo, estão lançados na lista
KML de área imóvel de forma aleatória, todos identificados como “sem nome”, sendo que o
código de cada um apenas aparece quando se analisa a propriedade do arquivo. Dessa forma,
para se selecionar os imóveis, é necessário fazer sua busca individual, até localizar o cadastro
pretendido. De qualquer sorte, localizados os imóveis, foi possível perceber sobreposição entre
os quatro maiores cadastros, um sob o outro, na maior parte de suas extensões.

Figura 14 – Quatro maiores CARs de Palmeirândia/MA

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
163

Ademais, ao se analisar a região vinculada ao CAR mediante aproximação da imagem


do satélite do Google Earth, é possível perceber existirem milhares de propriedades distintas na
região – conforme se depreende do ANEXO AX - sendo que na maioria da extensão dos quatro
CARs sobrepostos, inclusive, existem inúmeros povoados espalhados. É possível afirmar,
inclusive, conforme análise de foto de agosto de 2003, que essas mesmas vilas já estão
instaladas desde antes de 2003.

Figura 15 – Vilas em Palmeirândia no ano de 2003

Fonte: Google Earth, 2022.


Diante da significância das possíveis irregularidades identificadas, optou-se por tentar
solicitar as quatro certidões de inteiro teor, visando identificar como essas situações encontram-
se registradas no ofício de imóveis. Assim como em Barcelos/AM, pelo SAEC identificou-se o
cartório responsável e, identificado seu contato, solicitou-se, por e-mail, a associação dos
números dos CARs com o número da matrícula das propriedades, para que se pudesse requerer
as certidões de inteiro teor. O cartório informou que não seria possível localizar as informações
disponibilizadas.

Em seguida, pelo SICAR, identificou-se o órgão responsável pelo CAR em Maranhão:


Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais – SEMA. A Secretaria responsável
informou os números das matrículas e, em seguida, solicitaram-se as certidões de inteiro teor
pelo próprio SAEC. Apesar de extrapolado além do dobro do prazo legal para resposta, até a
finalização do presente trabalho, o Cartório de Imóveis de Palmeirândia não respondeu ao
SAEC o valor dos emolumentos para emissão das certidões de inteiro teor requeridas.
164

Importante ressaltar que da consulta ao demonstrativo do CAR consta que as quatro


propriedades analisadas possuem restrição, em sua totalidade, vinculada à Unidade de
Conservação direcionada à Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense (SICAR,
2022).

Dois dos maiores cadastros (destaque em vermelho) de Palmeirândia (limite municipal


em branco) se sobrepõem sobre território quilombola da comunidade Cruzeiro (destaquem em
amarelo).

Figura 16 – Quatro maiores CARs de Palmeirândia e sobreposição sobre território quilombola

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR, SIGEF e Google Earth, 2022.
Válido ressaltar que sobre o território da comunidade quilombola ainda recaem outras
sete sobreposições.
165

Figura 17 – Sobreposições sobre território quilombola em Palmeirândia/MA

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR, SIGEF e Google Earth, 2022.

4.6 TOCANTINS - ARAGUATINS

Araguatins/TO, possui 263.327,80 ha de extensão territorial e 619.471,15 ha de CAR,


o que corresponde a 235,25% do tamanho do município. A maior propriedade registrada totaliza
390.624,54 ha, o que significa que, sozinha, perfaz 148,34% da extensão territorial da região.
Além disso, a diferença de tamanho para o segundo maior CAR é extremamente alta, uma vez
que este possui 5.740,40 ha.

O imóvel possui o n. TO-1702208-CF3A987715F94B4884E779993BC89872, sendo


possível identificar no demonstrativo do CAR uma restrição de área embargada por infração
não classificada da flora (SICAR, 2022).

Para sua identificação no Google Earth, contudo, ressalta-se novamente a dificuldade


de localização do cadastro, uma vez que Araguatins possui 1.599 CARs e, lançados na lista
KML de área imóvel de forma aleatória, todos identificados como “sem nome”, faz-se
necessário analisar a propriedade de cada arquivo, até localizar a inscrição pretendida. É uma
seleção, portanto, que acaba tomando significativo tempo da pesquisa, não tendo sido
identificado, até o momento, outra forma de identificação individual dos imóveis.

Localizado o imóvel no Google Earth e selecionado no mapa (destaque em vermelho),


portanto, é possível afirmar que sua extensão não equivale a 148,34% da extensão territorial do
166

município (destaque em branco). Dessa forma, antes de procurar avaliar as imagens de satélite
da região, procurou-se analisar se haveria alguma recorrência de cadastro – assim como nos
casos das RLs e APPs. Nesse momento, percebeu-se que, na verdade, a mesma propriedade foi
inserida 37 vezes, ou seja, o mesmo número de CAR foi inserido 37 vezes no sistema e cada
registro possuía 10.557,42 ha, totalizando os 390.624,54 ha.

Figura 18 – Maior CAR de Araguatins/TO

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Além disso, embora o imóvel esteja quase em sua totalidade dentro de Araguatins, ao
se aproximar a imagem é igualmente possível perceber que parte do cadastro avança para
distrito distinto, ultrapassando, portanto, o limite de Araguatins.
167

Figura 19 – Maior CAR de Araguatins/TO e avanço de limite municipal

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Por fim, embora o cadastro seja muito menor do que o lançado no sistema, e além de
avançar os limites do município, é possível ainda encontrar algumas outras irregularidades na
propriedade. Por se tratar de único CAR, o que se espera é que haja ali um único imóvel,
propriedade de um único dono.

Ao se analisar a região vinculada ao CAR, contudo, mediante aproximação da imagem


do satélite do Google Earth, é possível perceber existirem centenas de propriedades distintas –
conforme se depreende do ANEXO AY - sendo que em algumas regiões, inclusive, existem até
mesmo pequenas vilas e povoados. É possível afirmar, até mesmo, mediante análise de fotos
de satélite datadas de agosto de 2011 e agosto de 2013, que essas mesmas e vilas já estão
instaladas desde antes de 2011 e 2013, conforme se verifica das imagens do ANEXO AZ.

Logo, a princípio, o CAR objeto de estudo possui área muito maior do que a informada
e, ainda assim, essa única propriedade possui centenas de outras propriedades nela instaladas,
além de pequenas vilas e povoados. Tal situação, portanto, configura evidente e significativa
diferença com a realidade do território envolvido por tal cadastro.

Com o intuito de localizar a matrícula do imóvel, buscou-se identificar o cartório


responsável pela circunscrição de Araguatins. Nesse ponto, é importante ressaltar que Tocantins
e Minas Gerais são os únicos cartórios ainda não integrados ao SAEC. Dessa forma, buscou-se
localizar o cartório pelo site do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, Justiça Aberta,
selecionando a opção “extrajudicial”, selecionando o Estado de Tocantins e, em seguida, o
168

município de Araguatins. Dentre as cinco serventias localizadas, havia apenas uma ativa e
vinculada ao Registro de Imóveis.

Ao solicitar a informação do número da matrícula ao Cartório, contudo, obteve-se a


resposta de expressa vedação legal de atender a solicitação na forma postulada, nos termos do
art. 8º do Provimento n. 47 do CNJ, a despeito de tal provimento já estar revogado. Nesse
contexto, procurou-se então identificar o órgão responsável pelo CAR no Estado de Tocantins
junto ao SICAR, tendo sido identificada a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos -
SEMARH.

Tal Secretaria informou que o cadastro se tratava de assentamento com declaração de


certidão de inteiro teor de matrícula n. 1.395. Assim, em seguida, solicitou-se a certidão de
inteiro teor mediante uso da Central de Serviços Compartilhados do Estado, regida pelo art. 36
da Lei Estadual n. 3.408 de 2018 e pelo Provimento do Tribunal de Justiça de Tocantins n. 09
de 2016.
Recebida e analisada a matrícula (ANEXO BA), constatou-se que o imóvel,
denominado Santa Cruz, perfaz um total de 10.728,75 ha. Não há registro do CAR na matrícula
do imóvel. Também é possível perceber uma diferença entre a extensão registrada e o tamanho
informado ao CAR, que – excluída as 36 repetições inseridas de forma, provavelmente,
equivocada no sistema – é de 10.557,42 ha.
Trata-se de imóvel da União, adquirido por força de mandado expedido pela 5ª Vara da
Justiça Federal do Estado de Goiás, nos autos do Processo n. 008/88-V, em 23 de setembro de
1988. Mediante Portaria n. 134 de 1989, o Ministério da Agricultura aprovou para a região o
Projeto de Assentamento – PA Santa Cruz II, prevendo a criação de 344 unidades agrícolas
familiares e a implantação de infraestrutura física necessário ao desenvolvimento da
comunidade rural.
O PA Santa Cruz II localiza-se, portanto, no extremo norte do Estado do Tocantins, em
uma região conhecida como Bico do Papagaio. Trata-se de região marcada pela pobreza,
agricultura de subsistência e ausência de serviços básicos de infraestrutura, saúde e educação.
Na região, em 1986, no escritório da Comissão Pastoral da Terra – CPT em Imperatriz, no
Maranhão, ocorreu o assassinato do Padre Josimo Tavares – líder católico que teve relevante
influência no processo de construção do PA Santa Cruz II (OLIVEIRA, CRESTANI e
STRASSBURG, 2014).
Em trabalho de campo e recentes entrevistas realizadas por Simonetti e Barden (2022)
nos PAs da região de Araguatins, no que tange ao modo de aquisição da terra, foi possível
169

constatar que 31,74% dos assentados compraram o direito à posse. Como não há registro das
propriedades do PA Santa Cruz II (uma vez que todas compõem o registro único apontado
acima), a forma de negociação e comercialização dos domínios se dá ou por instrumento
particular ou verbalmente, uma vez que, sem registro da propriedade, não poderiam os
possuidores dela dispor.

4.7 PARÁ – SANTARÉM – CAR N. 5192E004BC54471C814813F0A396613C

Segundo o IBGE, Santarém/PA possui 1.789.838,90 ha de extensão territorial. A


quantidade total de CARs, contudo, aponta uma extensão de 2.364.079,04 ha, correspondente
a 132,08% da extensão territorial. Essa situação fica ainda pior quando comparada ao CCIR:
3.073.117,19 ha, o que corresponde a 171,70% do tamanho do município. Abaixo, é possível
visualizar a quantidade total dos CARs (em vermelho) sobrepostos sobre o limite territorial do
município (em branco).

Figura 20 – CARs de Santarém/PA

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Na imagem, é possível perceber também que inúmeras propriedades avançam o limite
do município, inclusive a maior propriedade do município.

O maior CAR registrado possui 677.232,07 ha e equivale, sozinho, a 37,84% do


tamanho de Santarém. Trata-se do imóvel de identificação n. PA-1506807-
5192E004BC54471C814813F0A396613C. os dois seguintes maiores imóveis possuem
170

significativa extensão – 282.202,14 e 249.515,03 ha – e representam os três, juntamente,


67,55% da extensão territorial do município.

O segundo e terceiro maiores imóveis possuem ID n, PA-1506807-


18D6A81C7E27418C8935F50B7DE9C3B3 e PA-1506807-
0453989B639F49D19404CFBA83D777B0. Ao lançar a imagem dos três maiores CARs de
Santarém no mapa, além de perceber o avanço do maior CAR sobre o espaço territorial de
município distinto, é possível perceber também uma possível sobreposição entre o segundo e
terceiro maiores imóveis. Esse último cadastro, contudo, foi cancelado por decisão judicial.

Figura 21 – Três maiores CARs de Santarém/PA

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
E embora o imóvel conste como pertencente ao município de Santarém, em um total
de 677.232,07 ha, é importante ressaltar que o espaço que excede ao limite do município possui,
aproximadamente, 217.000,00 ha. Essa é uma observação que possui impacto não somente no
tamanho da propriedade mas também no percentual de sobreposição de terras do município.
171

Figura 22 – Maior CAR de Santarém/PA e avanço do limite municipal aproximado

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Com relação à busca por propriedades na extensão territorial do maior CAR de
Santarém, primeiramente se esclarece que a resolução da imagem de parte da região se mostrou
inferior às demais até aqui analisadas. Assim, nessas áreas, a resolução dificulta a possibilidade
de afirmar, com segurança, se as imagens se referem à propriedades ou desmatamentos. De
qualquer sorte, pode-se, ao menos, inferir se tratar sim de imóveis espalhados ao longo da região
vinculada ao CAR. Dessa forma, foi possível perceber a existência de inúmeras propriedades e
comunidades, sobretudo, ao longo do Rio Tapajós, conforme se depreende das imagens do
ANEXO BB.

Para fins de entender melhor a sobreposição, avanço de limites territoriais e extensão


das propriedades, optou-se por tentar pedir a certidão de matrícula dos dois maiores CARs junto
ao cartório de ofício de imóveis. Localizado pelo SAEC o contato do cartório de imóveis
responsável pela circunscrição de Santarém, solicitou-se o número das matrículas mediante uso
do número do CAR. O cartório, contudo, não respondeu à mensagem.

Buscou-se então, em seguida, levantar a informação junto ao órgão estadual


responsável que, segundo o SICAR, seria a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Sustentabilidade – SEMAS/PA. O sítio da Secretaria não disponibiliza e-mail para contato,
sendo necessário criar um cadastro no fala.BR – plataforma integrada de acesso à informação.
À manifestação e pedido cadastrados na plataforma, contudo, foi respondido que a Consultoria
Jurídica da secretaria informou que a matrícula de imóveis não é competência da SEMAS, mas
do Cartório de Registro de Imóveis da região onde localizados os imóveis.
172

Da consulta ao demonstrativo do CAR é possível observar uma série de restrições ao


maior CAR identificado: áreas embargadas em razão de dano às Florestas Nacionais e ou suas
áreas circundantes; destruição ou danos a florestas ou demais formas de vegetação em áreas de
especial preservação vinculada à região da Amazônia Legal; elaboração de informação, estudo,
laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso, enganoso ou omisso nos sistemas
oficiais de controle, de licenciamento, na concessão florestal ou em procedimento
administrativo. Além dessas restrições, 99,26% da extensão do cadastro vincula-se à Unidade
de Conservação direcionado à Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns (SICAR, 2022).

Com relação ao segundo maior CAR, além das restrições apontadas acima, também é
possível observar outras irregularidades: usar fogo em floresta e demais formas de vegetação
sem observar as precauções recomendadas na permissão de queima controlada; destruir ou
danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas protetora de mangues,
objeto de especial preservação; desmatar florestas ou demais formas de vegetação, sem
autorização do Ibama nas áreas permitidas ao desmatamento, ou seja, 20% em floresta e 65%
em cerrado (Região da Amazônia Legal); destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou
vegetação fixadora de dunas protetora de mangues; construir, reformar, ampliar, instalar ou
fazer funcionar estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores ou utilizadores
de recursos naturais, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, em
desacordo com a licença obtida; destruir (danificar, desmatar) florestas ou demais formas de
vegetações consideradas de preservação permanente (SICAR, 2022).

4.8 GOIÁS - CAVALCANTE

Cavalcante/GO possui 695.608,20 ha de extensão territorial, 771.986,44 ha de CAR e


1.536.219,63 ha de CCIR. Os CARs ocupam 110,98% e os CCIRs 220,85% da extensão
territorial do município. Apenas a diferença entre os registros de CAR e CCIR totalizam
764.233,19 ha, ou seja, quase 110% de diferença.

O Estado de Goiás possui 246 municípios, sendo que Cavalcante se localiza ao norte
do Estado. O município possui 1.141 cadastros ambientais rurais.
173

Figura 23 – CARs de Cavalcante/GO

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
O maior CAR do município possui 122.497,28 ha, equivalente a 17,61% da extensão
de Cavalcante. Trata-se do imóvel com número de identificação GO-5205307-
CD8D33560E3E4A1C804C7898E706ACA2.

Figura 24 – Maior CAR de Cavalcante/GO

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Ocorre que é possível perceber a sobreposição de inúmeros outros cadastros sobre o
CAR objeto da presente análise. Nesse sentido, foi possível identificar a sobreposição de 94
174

imóveis, situação que se evidencia, inclusive, pela análise do mapa, após lançar nele cada um
dos cadastros.

Figura 25 – Sobreposições sobre o maior CAR de Cavalcante/GO

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Além disso, ao se aproximar a imagem do satélite pela extensão do cadastro, é possível
perceber a existência de centenas de propriedades construídas, sendo que algumas comunidades
quilombolas, inclusive, encontram-se assentadas exatamente no imóvel vinculado a esse CAR,
como se percebe das imagens do ANEXO BC.

Identificado o contato do Cartório de Imóveis de Cavalcante através do SAEC,


solicitou-se a informação relativa à matrícula do imóvel utilizando por parâmetro o número do
CAR. O cartório informou que não realiza buscas pelo número do CAR, servindo como
parâmetro apenas o nome ou CPF do possível comprador.

Identificou-se então, junto ao SICAR, o órgão responsável pelo CAR no Estado de


Goiás: Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos
Metropolitanos – SECIMA. Ao fazer a solicitação à SECIMA, contudo, a resposta foi no
sentido que o documento deve ser solicitado no Cartório de Registro de Imóveis. Tentou-se
explicar da necessidade de se identificar o número da matrícula através do número do CAR
para então poder se requerer a certidão no Cartório de Imóveis. Após tal explicação, contudo,
a SECIMA informou que o referido CAR foi cadastrado sem número de matrícula, tendo sido
cadastro como “Fazenda Bonita”, declarado como propriedade privada.
175

Da consulta ao demonstrativo do CAR, contudo, foi possível constatar restrição ao


imóvel vinculada à Unidade de Conservação de Área de Proteção Ambiental Pouso Alto, com
uma área de conflito de 35.444,24 ha, equivalente à 28,93% da extensão do cadastro (SICAR,
2022).

Mas ainda diante da informação da SECIMA de que a propriedade seria propriedade


particular, buscou-se identificar, junto ao SIGEF a localização da área quilombola. Nesse
sentido, foi possível perceber que o maior cadastro de Cavalcante (com destaque em azul)
avança em quase a sua totalidade sob o território quilombola (com destaque em vermelho).

Figura 26 – Sobreposição do maior CAR de Cavalcante/GO sobre territórios quilombolas

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR, SIGEF e Google Earth, 2022.
Da mesma sorte, as demais 94 sobreposições (destaque em vermelho) recaem
igualmente sobre a área quilombola analisada (destaque em amarelo).
176

Figura 27 – Sobreposições de CARs de Cavalcante/GO sobre território quilombola

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR, SIGEF e Google Earth, 2022.
Diante da relevância dos territórios quilombolas de Cavalcante e do quadro de
sobreposição identificado, buscou-se ainda fazer uma rápida análise comparativa sobre o
avanço do desmatamento em uma linha temporal na região.

Dessa forma, a partir de 1985 até 2021, percebeu-se que a área de floresta da região,
que era de 535.522,86 ha, equivalente a 77% da extensão territorial do município, diminuiu
para 512.423,06 ha – 73,74% da extensão territorial. De outra parte, a área voltada à
agropecuária cresceu de 40.694,33 ha (5,85% da extensão de Cavalcante) para 64.163,48 ha
(9,23% da extensão territorial do município), com destaque para pastagem que, em 2021, ocupa
48.986,31, ou seja, 76,35% da área total agropecuária da região (MAPBIOMAS, 2022).

Essa mesma análise voltada exclusivamente ao recorte fundiário do território


quilombola da comunidade Kalunga, permite auferir que em 1985 o território ocupava
205.971,63 ha de florestas (78,68% do território Kalunga), sofrendo redução e atingindo o
patamar de 199.219,72 ha em 2021 (76,10% do território Kalunga). De outra parte, a
agropecuária ocupava um espaço de 15.668,92 ha (5,99% da extensão do território Kalunga),
atingindo o patamar de 24.028,56 ha em 2021 (9,18% da extensão do território Kalunga)
(MAPBIOMAS, 2022).

Também em uma análise entre novembro de 2018 e agosto de 2022, foi possível
perceber um total de 94 alertas no município de Cavalcante, abrangendo uma área desmatada
de 4.448,10 ha em uma velocidade média de 3,6 ha por dia. Essa mesma análise, vinculada
177

apenas ao território quilombola do município, nos remete a um total de 17 alertas em uma área
desmatada de 612 ha, em uma velocidade média de 5,1 ha por dia (MAPBIOMAS ALERTAS,
2022).

Dessa forma, seria possível afirmar que a quantidade de sobreposições de cadastros


que recaem sobre o território quilombola Kalunga possui relação direta com a quantidade de
alertas e aumento do desmatamento que ocorre na região.

4.9 PIAUÍ – CAMPO LARGO DO PIAUÍ

Campo Largo do Piauí possui extensão territorial de 47.807,80 ha, 25.919,42 ha de


CAR e 51.745,38 ha de CCIR. Nesse último caso, portanto, é possível perceber que o tamanho
total dos CCIRs perfazem 108,24% da extensão territorial do município.

Figura 28 – CARs de Campo Largo do Piauí/PI

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Com relação ao CAR, contudo, a maior propriedade possui 12.302,00 ha,
correspondendo, sozinha, a 54,22% da extensão territorial de Campo Largo do Piauí e 47,46%
do total dos CARs do município. O CAR objeto da presente análise possui número de
identificação PI-2202174-4A39875C3A9F4F8ABF098A3DF9B5B0B8.
178

Figura 29 – Maior CAR de Campo Largo do Piauí/PI e avanço do limite municipal

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Ao se observar a propriedade, contudo, constata-se que sua extensão ultrapassa o limite
territorial do município em dois pontos, com extensão aproximada de 927,47 e 64,84 ha.

Figura 30 – Tamanho do primeiro avanço do limite municipal do maior CAR de Campo


Largo do Piauí/PI

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
179

Figura 31 – Tamanho do segundo avanço do limite municipal do maior CAR de campo Largo
do Piauí/PI

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Além disso, ao se lançar os demais cadastros no mapa, é possível perceber ainda a
sobreposição de outros 62 cadastros sobre o CAR em análise, com destaque para uma série de
sobreposições de cadastro na maior comunidade localizada na propriedade.

Figura 32 – Sobreposições sobre o maior CAR de Campo Largo do Piauí/PI

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
180

Figura 33 – Comunidade local e sobreposições sobre o maior CAR de Campo Largo do


Piauí/PI

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Não há cartório de imóveis vinculado a Campo Largo do Piauí junto ao SAEC. Dessa
forma, o contato do cartório foi localizado junto ao site da Justiça Aberta do CNJ, tendo sido
verificado tratar-se de cartório único com acumulação de atribuições, sendo que o contato
referenciado remete à própria Corregedoria Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Piauí. A
solicitação, contudo, não foi respondida.

Buscou-se em seguida, no SICAR, identificar o órgão responsável pelo CAR no


Estado, tendo sido constatado tratar-se da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos –
SEMAR. À solicitação, contudo, foi respondido que tais informações e segunda via do recibo
do CAR podem ser obtidas através da Central do proprietário e possuidor e somente podem ser
repassadas ao proprietário.

4.10 RONDÔNIA - SERINGUEIRAS

Seringueiras/RO possui extensão territorial de 377.350,50 ha, 255.808,26 ha de CAR


e 535.412,60 ha de CCIR. Dessa forma, o CAR representa 67,79% e o CCIR, 141,89% da
extensão territorial do município.
181

Figura 34 – CARs de Seringueiras/RO

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
O maior CAR do município possuía 84.111,13 ha, equivalente a 22,29% do tamanho
de Seringueiras e a 32,88% de todos os CARs do município. Tratava-se do imóvel de ID n. RO-
1101500-16C1EFB2892D478281B499150AFAE53E.

Figura 35 – Maior CAR de Seringueiras/RO

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Ocorre que, além de ultrapassar o limite do município, o CAR em comento também
sofria de inúmeras sobreposições.
182

Figura 36 – Sobreposições sobre o maior CAR de Seringueiras/RO

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do IBGE, SICAR e Google Earth, 2022.
Da consulta individual do imóvel no SICAR, contudo, foi possível constatar que seu
cadastro foi cancelado por decisão administrativa, razão pela qual não se buscou maiores
informações relacionadas ao Cartório de Imóveis.
183

CONCLUSÕES

O cenário atual da questão agrária e fundiária do Brasil não pode ser desassociada da
história e do direito. A formação histórica nacional, desde sua colonização, foi o fundamento
da legislação agrária, que, primordialmente, buscou, mediante proteção de classes específicas,
a manutenção do sistema capitalista.
Nesse contexto, o favorecimento da concentração do poder em prol de senhores e
grandes proprietários de terras e a contínua expropriação de camponeses foi um processo
repleto do uso da violência, grilagens e cumplicidade de autoridades políticas, judiciárias,
militares e, até mesmo, serventuários de cartórios.

O processo colonial e as políticas governistas, portanto, passaram por sucessivos


fracassos de políticas de regularização fundiária, resultando na não efetivação da reforma
agrária e em um cenário, ainda hoje, de conflitos agrários envolvendo violência, criminalidade
e grilagem de terras, ao mesmo tempo em que ainda se tenta regularizar o uso da terra, contudo,
de forma não efetiva.

Historicamente é possível perceber, portanto, que a exploração, o uso da terra e a


grilagem são problemas estruturais, planejados e estimulados (ASSELIN, 1982) e, apesar da
grande quantidade de leis a tangenciarem a questão agrária, a indefinição legal para o controle
das terras acaba fortalecendo a grilagem (ROCHA, et al, 2019).

Como a terra e a propriedade passam a se associar com a própria força e avanço do


capitalismo, as tentativas de controle da terra vão ganhando cada vez mais relevância.
Sistematizar dados históricos das terras, facilitando o acesso às informações e aumentando a
transparência e publicidade de atos, contudo, é um grande desafio.

E dentre outros cadastros existentes, a Lei n. 12.651 de 2012 criou o Cadastro


Ambiental Rural – CAR, registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos
os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais, compondo base de
dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao
desmatamento, não configurando título para fins de reconhecimento do direito de propriedade
ou posse.

Mas, apesar de relevante instrumento de gestão ambiental, pode-se observar que o


CAR tem sido utilizado na tentativa de grilagem de terras. Apesar de, por previsão legal, tratar-
se de cadastro sem força para fins de reconhecimento do direito de propriedade e de posse, há
184

situações em que juízes reconhecem direitos possessórios baseados no CAR, em detrimento de


direitos advindos de política de reforma agrária.

Além disso, embora o CAR tenha sido criado pela Lei n. 12.651 de 2012, afirmando
tratar-se de registro público eletrônico de âmbito nacional obrigatório para todos os imóveis
rurais, a Lei n. 11.977 de 2009 já previa que os serviços de registro públicos deveriam instituir
sistema de registro eletrônico, sendo que tais atos registrais deveriam ser inseridos no prazo de
cinco anos.

Contudo, com relação ao Sistema de Registro de Imóveis Eletrônico – SREI, apenas


cinco dias antes do vencimento do prazo previsto na Lei 11.977, o CNJ publicou a
Recomendação n. 14, de 2014 onde - apesar de reconhecer que a adoção de um sistema
uniforme poderia resultar em aperfeiçoamento do serviço - recomenda a cada Corregedoria
Geral de Justiça a regulamentação de seu próprio sistema.

Dessa forma, cada Estado passou a regulamentar e criar seus sistemas, sem contudo
dialogarem um com o outro. Hoje, com o advento da Lei n. 14.382 de 2022, que alterou - dentro
outros normativos – a Lei n. 11.977 de 2009, o SERP passa a ser o sistema a permitir que atos
e negócios jurídicos possam ser registrados e consultados eletronicamente, além de buscar
interconectar os diversos cartórios de registros públicos.

De qualquer forma, ao se analisar as normas que se dirigem à regulação do CAR, por


exemplo, é possível perceber que direcionar sua regulamentação a cada Estado acabou por gerar
significativas diferenças em suas disposições, prejudicando a pretensão de aperfeiçoamento,
segurança e celeridade dos registros públicos eletrônicos.

O Código de Normas dos Serviços Notariais e de Registro do Estado do Pará, por


exemplo, possui significativas considerações relacionadas ao CAR, sendo requisito
indispensável à escritura pública que implique a alienação de imóvel rural ou direito a ele
relativo. Da mesma forma, para o registro do reconhecimento extrajudicial de usucapião de
imóvel rural é essencial a apresentação do CAR, do CCIR e de certificação do INCRA de que
inexiste sobreposição de terras.

Já no Código de Normas e Procedimentos dos Serviços Notariais e de Registro do


Estado da Bahia, o CAR aparece como cadastro que deve constar obrigatoriamente da
matrícula. Apesar dos avanços do Código no que tange ao CAR, contudo, o Oficial de Registro
ficou isento da análise de divergência entre a área do imóvel rural declarada no CCIR, no NIRF
ou no CAR e a constante da matrícula.
185

Em Goiás, o Código de Normas e procedimentos do foro extrajudicial prevê que nas


matrículas dos imóveis deverão ser feitas as averbações das reservas legais ou do número de
inscrição do imóvel no CAR. Ainda, no caso de requerimento de constituição de patrimônio
rural em afetação, o pedido deverá ser acompanhado da inscrição no CAR. E em eventual
procedimento de usucapião extrajudicial de imóvel rural, o registro de seu reconhecimento
somente será realizado após apresentação do recibo de inscrição do imóvel no CAR, do CCIR
e de certificação do INCRA.

No Estado do Mato Grosso, são poucas as previsões acerca do CAR, embora se


assevere que embora o CAR não possa ser utilizado para fins de reconhecimento do direito de
propriedade ou posse, sua inscrição será obrigatória para todas as propriedades e posses rurais.

No Estado do Piauí, o Código de Normas e Procedimentos dos Serviços Notariais e de


Registros limita-se a determinar que para o reconhecimento de usucapião extrajudicial de
imóveis localizados em zona rural, devem ser apresentados CCIR, certidão de reserva legal ou
inscrição no CAR.

No Estado de Rondônia as Diretrizes Gerais Extrajudiciais da Corregedoria Geral da


Justiça, atualizada até novembro de 2021, no que tange ao CAR, apenas prevê que o proprietário
ou possuidor de imóvel rural que requerer a averbação da reserva legal na matrícula, no período
compreendido entre a data da publicação Lei n. 12.727/12 e o registro no Cadastro Ambiental
Rural – CAR, terá direito à gratuidade do ato praticado pelo registrador.

No Estado do Amazonas, embora o Manual da atividade extrajudicial do Estado do


Amazonas traga referências ao CCIR, ele não menciona necessidade de registro ou averbação
do Cadastro Ambiental Rural – CAR.

Com relação ao Estado do Amapá foi feita uma análise do Provimento n. 310 de 2016
da Corregedoria Geral da Justiça do Tribunal de Justiça do Amapá, que regulamenta os
princípios e instruções disciplinadoras do funcionamento dos Ofícios Judiciais e Extrajudiciais
da Justiça. Infelizmente, contudo, não há no provimento do Amapá qualquer menção ao CAR
ou até mesmo ao CCIR.

Em Tocantins, o Manual de Normas de Serviço Notarial e Registral do Estado não faz


qualquer menção ao CAR. Por fim, no Estado do Maranhão, o Código de Normas da
Corregedoria da Justiça do Maranhão foi objeto do Provimento n. 16 de abril de 2022. Contudo,
apesar de se tratar de provimento recente, não há no Código qualquer menção ao CAR.
186

Assim, da comparação entre os códigos de normas dos Estados objetos de análise na


presente pesquisa, é possível observar uma falta de parametrização relacionado à aplicação do
CAR, o que pode acabar prejudicando objetivos a que o CNJ se dispôs a buscar, principalmente
no que diz respeito ao aperfeiçoamento, segurança e celeridade dos sistemas de registros
eletrônicos. Seria, portanto, interessante um direcionamento do CNJ no sentido de se buscar
uma padronização normativa à aplicação do CAR nos diferentes códigos de normas estaduais.

A presente pesquisa buscou compreender, portanto, se o CAR tem alcançado seu


objetivo de integrar informações ambientais das propriedades rurais e os impactos que a
efetividade ou não desses cadastros poderiam gerar. Após fazer uma revisão histórica sobre a
formação do espaço agrário brasileiro, apresentou-se um quadro atual dos cadastros ambientais
rurais, por amostragem, na Amazônia Legal, MATOPIBA e no Estado de Goiás.

Em seguida, procurou-se analisar imagens satélites de regiões com possíveis


irregularidades, buscando identificar sobreposições de terra ou loteamentos irregulares.
Pretendia-se também analisar a certidão de inteiro teor de alguns desses imóveis, situação que
apenas foi possível em um único imóvel, uma vez que os cartórios de imóveis e as secretarias
estaduais não se disponibilizaram a associar o número do CAR com o número da matrícula do
imóvel objeto de estudo.

Fez-se então um levantamento, compilação, tratamento e interpretação dos dados


constantes dos acervos eletrônicos do IBGE, INCRA, CCIR e CAR, abrangendo 49 municípios,
distribuídos em 10 estados: Amapá, Amazonas, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Piauí,
Roraima, Tocantins e Goiás, especificamente em municípios onde existem comunidades
quilombolas, por tratarem-se de áreas, em geral, fragilizadas, de difícil controle estatal, objetos
de sobreposição, grilagem e violência.

Dos 49 municípios analisados, 13 possuem área de CAR muito próxima ou maior do


que a extensão territorial do município, em percentuais que variam de 93,78% a 284,48%. As
duas maiores sobreposições foram identificadas no município de Palmeirândia, no Maranhão –
sua extensão territorial é de 53.216,10 ha, existindo ali registro de 151.389,45 ha de CAR,
equivalente a 284,48% da extensão territorial – e em Araguatins, no Tocantins, que possui
extensão territorial de 263.327,80 ha e 619.471,15 ha de CAR, ou seja, 235,25% da extensão
territorial.

Com relação ao CAR e CCIR, situação a chamar a atenção foi a diferença entre
informações dos dois cadastros em diferentes municípios, o que, suspostamente, não deveria
187

ocorrer (ou ao menos não deveria ser tão grande), uma vez que, dentre outros dados, ambos se
referem à extensão do imóvel rural objeto da inscrição.

Para fins de análise, comparou-se a diferença entre os dados do CAR e do CCIR face
à extensão territorial. Dentre os 49 municípios, 39 possuem diferença entre os cadastros em
percentuais comparados à extensão territorial que variam de 20,28% a 231,44%. Chama a
atenção a diferença identificada em Macapá/AP (123,55%), Cavalcante/GO (109,87%), Nova
Roma/GO (139,64%), Palmeirândia/MA (231,44% - a maior diferença encontrada), Vargem
Grande/MA (102,04%), Costa Marques/RO (144,83%), Araguatins/TO (110,55%),
Dianópolis/TO (121,96%) e Filadélfia (150,97%).

Com relação à área rural consolidada, embora seu tamanho não tenha sido um
parâmetro direto para escolha dos imóveis analisados no capítulo 03, fez-se uma comparação
de sua área face à extensão territorial do município, de forma a ajudar na compreensão do
tamanho da concessão concedida nos municípios analisados.

Dos 49 municípios, 34 possuem área consolidada superior a 10% do tamanho do


município, em percentuais que variam de 11,54% a 101,6% da extensão território local. Em
Goiás, Barro Alto, Santa Rita do Novo Destino e São Luiz do Norte possuem área consolidada
correspondente a 54,58%, 50,89% e 66,5%, respectivamente, em comparação à extensão
territorial do município. Em Tocantins, Muricilândia e Santa Fé do Araguaia possuem,
respectivamente, 66,1% e 66,73% de área consolidada em comparação à extensão do município.
Por fim, Araguatins, também em Tocantins, possui 101,68% da extensão territorial do
município em área consolidada. Isso significaria dizer que há mais área consolidada do que o
próprio tamanho do município.

Com relação às reservas legais – RLs e áreas de preservação permanente – APPs, foi
possível perceber a reincidência de registros. Primeiramente, analisando RL, localizou-se um
imóvel em Mineiros/GO, com 18 registros; um imóvel em Nossa Senhora do Livramento/MT
com 30 registros; um imóvel em Poconé/MT com 38 registros e um imóvel em Seringueiras/RO
com 15 registros. Os casos mais alarmantes, contudo, encontram-se em Costa Marques/RO,
onde um imóvel possui 319 registros; Óbidos/PA, onde um imóvel possui 546 registros;
Santarém/PA, com um imóvel detentor de 623 registros e São Francisco do Guaporé, onde um
imóvel possui 640 registros de reserva legal.

Quanto às APPs, pôde-se perceber que as propriedades variaram de 1 a 7.603 registros


em um único imóvel. Em Calçoene/AP, um imóvel possui 212 registros; em Barreirinha/AM,
188

um imóvel possui 314 registros; em Xique-Xique/BA, um imóvel possui 161 registros; apenas
no Estado de Goiás, a quantidade de registros variou de 106 a 665 – sendo esse último
localizado na Cidade Ocidental; em Maranhão, a maior quantidade de registros se deu em
Vargem Grande, com 87 registros; em Nossa Senhora do Livramento/MT, um imóvel possui
165 registros; em Poconé/MT, um imóvel possui 594 registros; em Óbidos/PA, um imóvel
possui 1556 registros; em Santarém/PA, um imóvel possui 7603 registros; em Costa
Marques/RO, um imóvel possui 921 registros; e em São Francisco do Guaporé, um imóvel
possui 1173 registros.

Também foi possível comparar a extensão dos maiores imóveis cadastrados no CAR,
optando-se por analisar o maior cadastro de cada município comparando-o com sua extensão
territorial. Em seguida, foi se somando o tamanho dos quatro maiores cadastros, um a um,
comparando a cada lançamento seu percentual face à extensão do município.

Nesse contexto, identificou-se, por exemplo, que o maior imóvel de Barcelos/AM,


ocupa sozinho 18,8% da extensão territorial do município, num total de 2.302.821,91 ha.
Também em Carinhanha/BA, chamou a atenção o fato de o maior imóvel lançado no CAR, com
um total de 25.565,95 ha, corresponder a 10,12% da extensão territorial do município.

Em Cavalcante/GO, o maior imóvel do CAR corresponde a 17,61% da extensão


territorial do município. E tal percentagem continua crescendo relevantemente ao se considerar
os cinco maiores imóveis locais, que correspondem, sozinhos, a 36,95% da extensão territorial
de Cavalcante. Ainda em Goiás, é importante também ressaltar que o maior imóvel cadastrado
no CAR em Monte Alegre de Goiás corresponde a 13,87% da extensão territorial do município.

No Maranhão, o maior imóvel de Brejo – no CAR – equivale a 17,57% da extensão


territorial do município. Em Rosário, o maior imóvel é equivalente a 21,88% da extensão do
município, enquanto os cinco maiores imóveis atingem o patamar de 48,95%. Os cinco maiores
imóveis de Santa Rita, por sua vez, atingem o total de 35,69% da extensão territorial do
município.

Contudo, no Estado do Maranhão, destacou-se a análise dos cinco maiores imóveis do


município de Palmeirândia: o maior deles corresponde, sozinho, a 40,41% da extensão
territorial do município; os dois maiores, juntos, equivalem a 79,23%; os três maiores, a
113,23% (ou seja, três imóveis sozinhos representariam mais que a extensão do próprio
município); os quatro maiores, a 142,43%; e os cinco maiores, a 167,04% do tamanho do
município.
189

Em Santarém, no Pará, o maior imóvel cadastrado no CAR corresponde a 37,84% da


extensão territorial do município e os cinco maiores, a 73,99%. Já em Piauí, o maior imóvel de
Campinas do Piauí equivale a 13,88% do tamanho do município. Em Paulistana, o maior imóvel
ocupa 11,41% da extensão do município e os cinco maiores imóveis, 22,16%. No Estado do
Piauí, a situação mais grave foi identificada em Campo Largo do Piauí: o maior imóvel equivale
a 25,73% do município, enquanto os cinco maiores atingem o total de 31,18%.

Em Rondônia, o maior imóvel lançado no CAR em Seringueiras corresponde a 22,29%


da extensão territorial do município. Em Tocantins, os cinco maiores imóveis de Santa Fé do
Araguaia correspondem a 28,39% do tamanho do município. Em Muricilândia, o maior imóvel
equivale a 24,6% do município, enquanto os cinco maior atingem o patamar de 54,66%. O pior
cenário, contudo, é o de Araguatins: o maior imóvel lançado no CAR corresponde, sozinho, a
148,34% da extensão territorial do município.

Além disso, também foi feita uma comparação dos cinco maiores cadastros no CAR
com os demais CARs do próprio município. Assim foi possível constatar por exemplo que o
maior CAR de Barcelos/AM, corresponde a 70,98% dos demais cadastros, enquanto os cinco
maiores CARs correspondem a 98,9% de todos os cadastros. Em Novo Airão, o maior imóvel
corresponde a 82,64% dos demais CARs, e os cinco maiores CARS equivalem a 94,5% da
totalidade dos cadastros do município.

Em Salvador/BA, a maior propriedade, segundo o CAR, corresponder a 89,17% dos


demais imóveis, enquanto os cinco maiores imóveis equivalem a 97,93% da totalidade dos
CARs. Em Goiás, os maiores percentuais recaem sobre Cavalcante: a maior propriedade
corresponde a 15,87% dos demais CAR, enquanto os cinco maiores equivalem a 33,29%.

No Maranhão, o maior imóvel de Brejo corresponde a 20,33% dos demais CARs. Em


Palmeirândia, o maior imóvel equivale a 14,2% da totalidade dos cadastros, e os cinco maiores
CARs a 58,72%. Em Rosário, o maior imóvel representa 28,31% da totalidade dos CARs, e os
cincos maiores imóveis a 63,32%. Em Santa Rita, os cinco maiores imóveis equivalem a
41,32% dos CARs do município.

No Pará, em Colares, o maior imóvel corresponde a 22,84% dos CARs da região,


enquanto os cinco maiores imóveis alcançam o patamar de 52,06%. Em Salvaterra, os cinco
maiores cadastros representam 47,82% dos CARs do municípios. Em Santarém, o maior imóvel
equivale a 28,65% dos CARs, e os cinco maiores CARs representam 56,02% do total dos
cadastros.
190

Em Piauí, o maior imóvel de Campinas do Piauí representa 20,9% dos CARs da região.
Em Campo Largo do Piauí, o maior imóvel corresponde a 47,46% dos CARs, enquanto os cinco
maiores CARs atingem 57,52% do município. Em Matias Olímpio, as cinco maiores
propriedades representam 34,54% da totalidade dos CARs.

Em Seringueiras, os cinco maiores imóveis representam 39,08% dos cadastros da


região. Por fim, em Tocantins, o maior CAR de Araguatins representa 63,06% do total dos
cadastros do município. Em Muricilândia, o maior imóvel representa 22,25% do total dos
cadastros, enquanto os cinco maiores CARs atingem 49,44% do total dos cadastros do
município.

Em Barcelos, no Amazonas, foi possível perceber que o cadastro analisado, de um


total de 2.302.821,91 ha, avança aproximadamente 1.263.383 ha (equivalente a 54,86% do
tamanho do cadastro) sobre outros três municípios: Coari, Codajás e Maraã. Aqui, faz-se uma
ressalva no sentido de que essa é uma situação que deveria ser observada no momento do
registro do cadastro, visando evitar entendimento no sentido de que a totalidade do imóvel
pertenceria à Barcelos.

Com relação à APP, Barcelos possui 570,55 ha cadastrados, correspondente a 0,0047%


do município. Além disso, o registro de reservas legais na região, que por se tratar de município
localizado na Amazônia Legal, nos termos do art. 12, I, “a” do Código Florestal, deveria ter
80% de cobertura de vegetação nativa direcionada à RL. Ocorre que, em Barcelos, todas as
reservas somadas alcançam apenas 17.560,11 ha, ou seja, 0,1434% da extensão territorial do
município.

Apesar da identificação do número do cadastro, não foi possível fazer sua associação
com o número da matrícula do imóvel junto ao Cartório de Registro de Imóveis. Nem o Ofício
de Imóveis nem o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas – IPAAM ou a Secretaria de
Estado do Meio Ambiente – SEMA puderam repassar a informação.

Em Santarém, no Pará, um imóvel, sozinho, possui 7.603 registros de APP,


distribuídos em diferentes modalidades. Lançando a imagem dessas APPs sobre o limite do
município e sobre os CARs da região, foi possível perceber que a extensão das áreas se
distribuem por centenas de propriedades distintas. Ocorre que as APPs deveriam estar
vinculadas a um único cadastro. Não parece adequado, portanto, haver um único cadastro com
tantas inscrições de APPs.
191

Verificou-se também a existência de inserções recorrentes de reservas legais sobre um


mesmo número identificador. Assim como no caso da APP, o que se entende, é que cada imóvel
deveria ter um ID específico para cada RL. A propriedade com maior recorrência de registro
encontra-se em São Francisco do Guaporé/RO, onde 976 imóveis possuem, ao todo, 2.476
registros de RLs. O imóvel de ID n. 7723640, contudo, possui, sozinho 640 registros de RLs,
distribuídas dentro de centenas de propriedades.

Palmeirândia/MA é um município que, assim como outros, possui área de CAR


superior à extensão territorial do município. Os quatro maiores imóveis cadastrados
representam 142,43% da extensão territorial do município. Contudo, ao lançar as imagens
desses quatro imóveis no mapa é possível observar uma grande sobreposição. E ainda sobre as
quatro propriedades, há ainda outros 31 cadastros que se sobrepõem outras vezes.

Alguns cadastros também trespassam o limite territorial, alcançando municípios


distintos. Sobre o espaço territorial dos quatro cadastros existem alguns povoados e milhares
de propriedades distintas que, na sua maioria, já estão instaladas desde antes de 2003. Dois dos
maiores cadastros de Palmeirândia, inclusive, se sobrepõem sobre território quilombola da
comunidade Cruzeiro – que ainda sofre outras sete sobreposições.

Embora a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais – SEMA, tenha


fornecido o número das matrículas dos imóveis, ao se solicitar as certidões de inteiro teor pelo
SAEC, até a finalização da dissertação, o processo não teve andamento ou retorno.

Araguatins/TO, possui 263.327,80 ha de extensão territorial e 619.471,15 ha de CAR,


o que corresponde a 235,25% do tamanho do município. A maior propriedade registrada totaliza
390.624,54 ha, o que significa que, sozinha, perfaz 148,34% da extensão territorial da região.
Contudo, localizado o imóvel no mapa, é possível afirmar que sua extensão não equivale a
148,34% da extensão territorial do município. Identificou-se, então, tratar-se de recorrência de
cadastro – a mesma propriedade foi inserida 37 vezes no sistema e cada registro possuía
10.557,42 ha, totalizando os 390.624,54 ha.

Além disso, é ainda possível perceber que parte do cadastro avança para distrito
distinto, ultrapassando, portanto, o limite de Araguatins. E embora o cadastro seja muito menor
do que o lançado no sistema, e além de avançar os limites do município, é possível ainda
encontrar centenas de propriedades na extensão da propriedade, inclusive, pequenas vilas e
povoados – já instaladas desde antes de 2011 e 2013.
192

Visando requerer a certidão de inteiro teor do imóvel, a Secretaria de Meio Ambiente


e Recursos Hídricos – SEMARH do Estado informou tratar-se de assentamento com declaração
de certidão de inteiro teor de matrícula n. 1.395. Requerida em seguida, recebida e analisada a
matrícula, constatou-se que o imóvel, denominado Santa Cruz, perfaz um total de 10.728,75 há
e que não há registro do CAR na matrícula do imóvel.

Trata-se de imóvel da União, adquirido por força de mandado expedido pela 5ª Vara da
Justiça Federal do Estado de Goiás, nos autos do Processo n. 008/88-V, em 23 de setembro de
1988. Mediante Portaria n. 134 de 1989, o Ministério da Agricultura aprovou para a região o
Projeto de Assentamento – PA Santa Cruz II, prevendo a criação de 344 unidades agrícolas
familiares e a implantação de infraestrutura física necessário ao desenvolvimento da
comunidade rural.
O PA Santa Cruz II localiza-se, portanto, no extremo norte do Estado do Tocantins, em
uma região conhecida como Bico do Papagaio. Trata-se de região marcada pela pobreza,
agricultura de subsistência e ausência de serviços básicos de infraestrutura, saúde e educação e,
na região de Araguatins, 31,74% dos assentados compraram seu direito de posse. Como não há
registro das propriedades do PA Santa Cruz II (uma vez que todas compõem o registro único
apontado acima), a forma de negociação e comercialização dos domínios se dá ou por
instrumento particular ou verbalmente, uma vez que, sem registro da propriedade, não poderiam
os possuidores dela dispor.
Santarém, no Pará, possui 132,08% de CAR comparado à extensão territorial do
município. Inúmeras propriedades, contudo, avançam o limite do município. O maior cadastro
da região possui 677.232,07 ha, sendo que aproximadamente 217.000,00 ha excedem ao limite
do município.

Com relação à busca por propriedades na extensão territorial do maior CAR de


Santarém, foi possível perceber a existência de inúmeras propriedades e comunidades,
sobretudo, ao longo do Rio Tapajós. O contato à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Sustentabilidade – SEMAS/PA, contudo, apenas se dá mediante cadastro no fala.BR –
plataforma integrada de acesso à informação. À manifestação e pedido cadastrados na
plataforma, contudo, foi respondido que a Consultoria Jurídica da secretaria informou que a
matrícula de imóveis não é competência da SEMAS, mas do Cartório de Registro de Imóveis
da região onde localizados os imóveis.

Da consulta ao demonstrativo do CAR foi possível observar uma série de restrições


aos maiores CARs identificados (SICAR, 2022):
193

 Áreas embargadas em razão de dano às Florestas Nacionais e ou suas áreas


circundantes;
 Destruição ou danos a florestas ou demais formas de vegetação em áreas de
especial preservação vinculada à região da Amazônia Legal;
 Elaboração de informação, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou
parcialmente falso, enganoso ou omisso nos sistemas oficiais de controle, de
licenciamento, na concessão florestal ou em procedimento administrativo;
 Usar fogo em floresta e demais formas de vegetação sem observar as
precauções recomendadas na permissão de queima controlada;
 Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de
dunas protetora de mangues, objeto de especial preservação;
 Desmatar florestas ou demais formas de vegetação, sem autorização do Ibama
nas áreas permitidas ao desmatamento, ou seja, 20% em floresta e 65% em
cerrado (Região da Amazônia Legal);
 Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de
dunas protetora de mangues;
 Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos,
obras ou serviços potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos
naturais, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, em
desacordo com a licença obtida;
 Destruir (danificar, desmatar) florestas ou demais formas de vegetações
consideradas de preservação permanente.

Em Cavalcante, em Goiás, os CARs ocupam 110,98% da extensão territorial do


município. O maior CAR do município possui 122.497,28 ha, equivalente a 17,61% da extensão
de Cavalcante. Sobre a propriedade é possível perceber a sobreposição de 94 outros imóveis.

Além disso, ao se aproximar a imagem do satélite pela extensão do cadastro, é possível


perceber a existência de centenas de propriedades construídas, sendo que algumas comunidades
quilombolas, inclusive, encontram-se assentadas exatamente no imóvel vinculado a esse CAR.
Ainda, o maior cadastro de Cavalcante e as demais 94 sobreposições sobre ele avançam, em
quase a sua totalidade, sob o território quilombola da região.
194

Diante da relevância dos territórios quilombolas de Cavalcante e do quadro de


sobreposição identificado, buscou-se ainda fazer uma rápida análise comparativa sobre o
avanço do desmatamento em uma linha temporal na região.

Dessa forma, a partir de 1985 até 2021, percebeu-se que a área de floresta da região,
que era de 535.522,86 ha, equivalente a 77% da extensão territorial do município, diminuiu
para 512.423,06 ha – 73,74% da extensão territorial. De outra parte, a área voltada à
agropecuária cresceu de 40.694,33 ha (5,85% da extensão de Cavalcante) para 64.163,48 ha
(9,23% da extensão territorial do município), com destaque para pastagem que, em 2021, ocupa
48.986,31, ou seja, 76,35% da área total agropecuária da região (MAPBIOMAS, 2022).

Essa mesma análise voltada exclusivamente ao recorte fundiário do território


quilombola da comunidade Kalunga, permite auferir que em 1985 o território ocupava
205.971,63 ha de florestas (78,68% do território Kalunga), sofrendo redução e atingindo o
patamar de 199.219,72 ha em 2021 (76,10% do território Kalunga). De outra parte, a
agropecuária ocupava um espaço de 15.668,92 ha (5,99% da extensão do território Kalunga),
atingindo o patamar de 24.028,56 ha em 2021 (9,18% da extensão do território Kalunga)
(MAPBIOMAS, 2022).

Também em uma análise entre novembro de 2018 e agosto de 2022, foi possível
perceber um total de 94 alertas no município de Cavalcante, abrangendo uma área desmatada
de 4.448,10 ha em uma velocidade média de 3,6 ha por dia. Essa mesma análise, vinculada
apenas ao território quilombola do município, nos remete a um total de 17 alertas em uma área
desmatada de 612 ha, em uma velocidade média de 5,1 ha por dia (MAPBIOMAS ALERTAS,
2022).

Dessa forma, é possível que a quantidade de sobreposições de cadastros que recaem


sobre o território quilombola Kalunga possua relação com a quantidade de alertas e aumento
do desmatamento que ocorre na região.

Em Campo Largo do Piauí, no Piauí, a maior propriedade possui 12.302,00 ha,


correspondendo, sozinha, a 54,22% da extensão territorial do município. Ao se observar a
propriedade, contudo, constatou-se que sua extensão ultrapassa o limite territorial do município
em dois pontos, com extensão aproximada de 927,47 e 64,84 ha. Além disso, ao se lançar os
demais cadastros no mapa, é possível perceber ainda a sobreposição de outros 62 cadastros
sobre tal CAR.
195

O contato do cartório do município é o da própria Corregedoria Geral de Justiça do


Tribunal de Justiça do Piauí. A solicitação feita, contudo, não foi respondida. Já a Secretaria do
Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMAR do Estado informou que o número da matrícula
do imóvel apenas poderia ser repassada ao proprietário.

Pode-se afirmar, portanto, que o CAR possui uma série de importantes funcionalidades
que, se bem operadas, preenchidas e fiscalizadas, podem, sem dúvida, ser úteis à finalidade a
que ele se propõe: integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais,
compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico
e combate ao desmatamento.

Contudo, se o sistema visa integrar informações, é importante salientar que não é


adequado gerar um número identificador para cada dado inserido no momento do cadastro. O
CAR possui 18 informações a serem lançadas pelos proprietários: área de preservação
permanente, área de altitude superior a 1.800 metros, área consolidada, área com declividade
maior que 45º, área do imóvel, área de pousio, área de topo de morro, banhado, borda de
chapada, hidrografia, manguezal, nascente de olho d´água, reserva legal, restinga, servidão
administrativa, uso restrito, vegetação nativa e vereda – e para cada uma delas o sistema gera
um ID diferente, o que dificulta a análise e comparação de dados.

Além disso, as falhas de não observância dos limites territoriais dos municípios
acontecem em inúmeras situações, o que acaba prejudicando a própria análise da extensão dos
CARs quando comparado ao tamanho dos municípios onde se localizam.

Da mesma forma, é patente a grave situação de sobreposições em todos os estados


analisados. E muitas dessas sobreposições, inclusive, ocorrem sobre terras destinadas à
comunidades tradicionais quilombolas – como se pôde observar em Cavalcante/GO e
Palmeirândia/MA, por exemplo.

Também há forte recorrência de cadastros. Essa é uma situação grave, que pode gerar
um entendimento inadequado de cumprimento de obrigações legais (como no caso de APPs e
RLs) ou uma grande sobreposição de terras – como no caso de Araguatins, onde um imóvel foi
cadastrado (sob o mesmo número, tamanho e localização) 37 vezes.

A recorrência foi também verificada em cadastros de APP, com destaque para o caso
de Santarém/PA, onde um ID possui 7.603 repetições, espalhadas, contudo, por centenas de
propriedades. Ou ainda no caso de RLs, com destaque para São Francisco do Guaporé, onde
196

um ID possui 640 cadastros de reservas legais, espalhadas, assim como no caso das APPs, por
centenas de imóveis.

Nesse sentido, o CAR, principalmente para os povos tradicionais, pode vir a ter relação
com o próprio reconhecimento ou perda efetiva de território. Dessa forma, as diversas
fragilidades identificadas no cadastro podem acabar mitigando os direitos dessas comunidades,
além de prejudicar legítimos proprietários ou possuidores, em razão da grande quantidade de
lançamentos sobrepostos que vem sendo realizados.

Visando mitigar as falhas identificadas, seria conveniente o CNJ direcionar os Estados


em busca de uma padronização normativa à aplicação do CAR em seus diferentes códigos de
normas. Da mesma forma, diante da previsão da Lei 14.382 de 2022 determinando a
implantação do SERP até 31 de janeiro de 2023, espera-se que tal sistema viabilize a
interconexão das serventias dos registros públicos e a interoperabilidade das bases de dados
entre as serventias dos registros públicos e entre as serventias dos registros públicos e o SERP,
situação que pode ajudar no controle do CAR em todo o Brasil.

Mas, a despeito da relevância do SERP, ressalva-se, ainda, a premente necessidade de


um sistema de registro multifinalitário, capaz de agregar informações que hoje se encontram
esparsas entre vários órgãos, sem qualquer comunicação entre elas. E como se pôde comprovar
na presente pesquisa, a gestão transparente e disponibilidade da informação inerente à Lei de
Acesso à Informação não têm sido adequadamente observada pelos órgãos públicos, situação
que ficou ainda mais prejudicada com o advento da Lei Geral de Proteção de Dados.

Diante das inúmeras falhas identificadas pela análise do CAR nos 49 municípios
selecionados, distribuídos em 10 Estados, portanto, entende-se comprovada a hipótese da
pesquisa no sentido de que, apesar da relevância de tal cadastro para fins de gestão ambiental,
o controle de terras no Brasil continua a sofrer de um problema estrutural grave e os recorrentes
erros na aplicação do CAR resultam em graves situações de sobreposição de terras e que podem,
consequentemente, propiciar grilagens e aumentar os conflitos por terra.

O mais correto, na verdade, seria afirmar que a questão agrária no país, no que tange
ao controle, exploração e uso da terra continuam favorecendo a grilagem, nos remetendo a uma
situação de caos fundiário e um possível Estado de Coisa Inconstitucional, uma vez evidenciada
uma contínua violação massiva e generalizada de direitos fundamentais a afetar um enorme
número de pessoas.
197

REFERÊNCIAS

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APÊNDICES
APÊNDICE A – CAR e CCIR comparados à extensão territorial

Fonte: Elaborado pelo autor


Apêndice B – Comparação entre CAR e CCIR

Fonte: Elaborado pelo autor


Apêndice C – Área Consolidada comparada à extensão territorial

Fonte: Elaborado pelo autor


Apêndice D – Reincidência de Reserva Legal e Área de Preservação Permanente

Fonte: Elaborado pelo autor


Apêndice E – Cinco maiores CARs comparados à extensão territorial

Fonte: Elaborado pelo autor


Apêndice F – Cinco maiores CARs comparados à extensão dos demais CARs do município

Fonte: Elaborado pelo autor


ANEXOS
ANEXO A - Calçoene/AP – Cadastros Ambientais Rurais e 05 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO B - Macapá/AP – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO C - Barcelos/AM – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO D - Barreirinha/AM – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO E - Novo Airão/AM – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO F - Carinhanha/BA – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO G - Ibitiara/BA – Cadastros Ambientais Rurais e 02 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO H - Salvador/BA – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO I - Seabra/BA – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO J - Simões Filho/BA – Cadastros Ambientais Rurais e 02 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO K - Xique-Xique/BA – Cadastros Ambientais Rurais e 02 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO L - Barro Alto/GO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO M - Cavalcante/GO – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO N - Monte Alegre de Goiás/GO – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO O - Teresina de Goiás/GO – Cadastros Ambientais Rurais e 02 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO P - Cidade Ocidental/GO – Cadastros Ambientais Rurais e 04 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO Q - Mineiros/GO – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO R - Nova Roma/GO – Cadastros Ambientais Rurais e 02 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO S - Posse/GO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO T - Santa Rita do Novo Destino/GO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores
CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO U - São Luiz do Norte/GO – Cadastros Ambientais Rurais e 06 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO V - Brejo/MA – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO W - Palmeirândia/MA – Cadastros Ambientais Rurais e 06 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO X - Rosário/MA – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO Y - Santa Rita/MA – Cadastros Ambientais Rurais e 05 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO Z - Vargem Grande/MA – Cadastros Ambientais Rurais e 07 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AA - Nossa Senhora do Livramento/MT – Cadastros Ambientais Rurais e 05
maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AB - Poconé/MT – Cadastros Ambientais Rurais e 05 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AC - Colares/PA – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AD - Óbidos/PA – Cadastros Ambientais Rurais e 04 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AE – Salvaterra/PA – Cadastros Ambientais Rurais e 04 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AF - Santa Izabel do Pará/PA – Cadastros Ambientais Rurais e 05 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AG - Santarém/PA – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AH - Campinas do Piauí/PI – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AI - Campo Largo do Piauí/PI - Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AJ - Isaías Coelho/PI – Cadastros Ambientais Rurais e 05 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AK - Matias Olímpio/PI – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AL - Paulistana/PI – Cadastros Ambientais Rurais e 04 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AM - Queimada Nova/PI – Cadastros Ambientais Rurais e 06 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AN - Costa Marques/RO – Cadastros Ambientais Rurais e 04 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AO - São Francisco do Guaporé/RO – Cadastros Ambientais Rurais e 07 maiores
CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AP - Seringueiras/RO – Cadastros Ambientais Rurais e maior CAR

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AQ - Araguatins/TO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AR - Arraias/TO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AS - Dianópolis/TO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AT - Filadélfia/TO – Cadastros Ambientais Rurais e 04 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AU - Muricilândia/TO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AV - Paranã/TO – feral e 03 maiores CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AW - Santa Fé do Araguaia/TO – Cadastros Ambientais Rurais e 03 maiores
CARs

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE, SICAR e JSON.
ANEXO AX - Palmeirândia/MA – propriedades existentes na extensão do CAR

MA – Palmeirândia – Povoado - 001

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Povoado - 002

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Propriedade - 003

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Propriedade - 004

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Povoado - 005

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Propriedade - 006

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Propriedade - 007

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Povoado - 008

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Povoado - 009

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Povoado - 010

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Povoado - 011

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Povoado - 012

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Povoado - 013

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Povoado - 014


MA – Palmeirândia – Propriedade - 015

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Distrito - 016

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Povoado - 017

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Povoado - 018

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Povoado - 019

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Povoado - 020

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Povoado - 021

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Povoado - 022

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Povoado - 023

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Povoado - 024

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Povoado - 025

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Povoado - 026

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Povoado - 027

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Povoado - 028

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Povoado - 029

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Povoado - 030

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Povoado - 031

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Povoado - 032

Fonte: Google Earth, 2022.


MA – Palmeirândia – Povoado - 033

Fonte: Google Earth, 2022.

MA – Palmeirândia – Povoado - 034

Fonte: Google Earth, 2022.


ANEXO AY - Araguatins/TO – propriedades existentes na extensão do CAR

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 001

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 002

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 003

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 004

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 005

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 006

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 007

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 008

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 009

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 010

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 011

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 012

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 013

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 014

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 015

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 016

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 017

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 018

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 019

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 020

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 021

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 022

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 023

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 024

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 025

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 026

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 027

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 028

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 029

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 030

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 031

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 032

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Vila 033

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 034

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 035

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 036

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 037

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 038

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 039

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 040

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 041

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 042

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 043

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Povoado 044

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 045

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 046

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 047

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 048

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Vila 049

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 050

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 051

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 052

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 053

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 054

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 055

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 056

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 057

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Vila 058

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 059

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 060

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 061

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 062

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 063

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 064

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 065

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 066

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 067

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 068

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 069

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 070

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 071

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 072

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 073

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 074

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 075

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Condomínio 076

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Vila 077

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Vila 078

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 079

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 080

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 081

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 082

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 083

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 084

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 085

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 086

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 087

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 088

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 089

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 090

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 091

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 092

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 093

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 094

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 095

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 096

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 097

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 098

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 099

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 100

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 101

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 102

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 103

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 104

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 105

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 106

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 107

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 108

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 109

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 110

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 111

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 112

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 113

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 114

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 115

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 116

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 117

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 118

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 119

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 120

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Vila 121

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 122

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 123

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 124

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 125

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 126

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – CAR 01 – Propriedade 127

Fonte: Google Earth, 2022.


ANEXO AZ - Araguatins/TO – propriedades existentes desde 2011 e 2013

TO – Araguatins – Vila 2011 – 001

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – Vila 2011 – 002

Fonte: Google Earth, 2022.


TO – Araguatins – Vila 2011 – 003

Fonte: Google Earth, 2022.

TO – Araguatins – Vila 2011 – 004


TO – Araguatins – Vila 2013 – 004

Fonte: Google Earth, 2022.


ANEXO BA - Araguatins/TO – Certidão de Inteiro Teor do imóvel Matrícula n. X

Fonte: Ofício de Registro de Imóveis e Tabelionato 1º de Notas de Araguatins/TO.


Fonte: Ofício de Registro de Imóveis e Tabelionato 1º de Notas de Araguatins/TO.
Fonte: Ofício de Registro de Imóveis e Tabelionato 1º de Notas de Araguatins/TO.
Fonte: Ofício de Registro de Imóveis e Tabelionato 1º de Notas de Araguatins/TO.
ANEXO BB - Santarém/PA – propriedades existentes na extensão do CAR

PA – Santarém – Propriedade – 001

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedade – 002

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 003

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 004

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 005

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 006

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 007

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 008

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 009

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 010

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 011

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém –Propriedade – 012

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 013

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 014

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 015

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 016

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 017

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 018

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 019

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 020

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 021

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 022

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 023

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 024

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedade – 025

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 026

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 027

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 028

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 029

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 030

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 031

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 032

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 033

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 034

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 035

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 036

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 037

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 038

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 039

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 040

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 041

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 042

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 043

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 044

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 045

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 046

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 047

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 048

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 049

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 050

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 051

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedades – 052

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedade – 053

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedade – 054

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 055

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedades – 056

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 057

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedade – 058

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 059

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedades – 060

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 061

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedade – 062

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 063

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedades – 064

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedade – 065

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedades – 066

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedade – 067

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedade – 068

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 069

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedades – 070

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 071

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 072

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 073

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedade – 074

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 075

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedades – 076

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 077

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 078

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 079

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedades – 080

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 081

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedades – 082

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 083

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedades – 084

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 085

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 086

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 087

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedades – 088

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedades – 089

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 090

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 091

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedade Comunidade – 092

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 093

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 094

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 095

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 096

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 097

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Propriedade – 098

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 099

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 100

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Comunidade – 101

Fonte: Google Earth, 2022.

PA – Santarém – Comunidade – 102

Fonte: Google Earth, 2022.


PA – Santarém – Propriedade Comunidade – 103

Fonte: Google Earth, 2022.


ANEXO BC - Cavalcante/GO – propriedades existentes na extensão do CAR

GO – Cavalcante – Propriedade 001

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 002

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 003

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 004

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 005

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 006

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 007

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 008

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 009

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 010

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 011

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 012

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 013

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 014

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 015

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 016

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 017

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 018

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 019

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Povoado Kalunga 020

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 021

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 022

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedades 023

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 024

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 025

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 026

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 027

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 028

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 029

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedades 030

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 031

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 032

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 033

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 034

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 035

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 036

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 037

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 038

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 039

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 040

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 041

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 042

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 043

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 044

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 045

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Comunidade Quilombola 046

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 047

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 048

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 049

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 050

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 051

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 052

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 053

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 054

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 055

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 056

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 057

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 058

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 059

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 060

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 061

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 062

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 063

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 064

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 065

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 066

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedades 067

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 068

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 069

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 070

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 071

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 072

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 073

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 074

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 075

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 076

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 077

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 078

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 079

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 080

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 081

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 082

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 083

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 084

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 085

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 086

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 087

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 088

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 089

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 090

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 091

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 092

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 093

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 094

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 095

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 096

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 097

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 098

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 099

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 100

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 101

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 102

Fonte: Google Earth, 2022.


GO – Cavalcante – Propriedade 103

Fonte: Google Earth, 2022.

GO – Cavalcante – Propriedade 104

Fonte: Google Earth, 2022.

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