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D0233E20
GOIÂNIA
2020
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
D0233E20
GOIÂNIA
2020
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.
CDU 624.01
14/01/2021 SEI/UFG - 1584638 - Ata de Defesa de Dissertação
Ata nº 234 da sessão de Defesa de Dissertação de Kênia Aiko Togoe Fernandes Gouveia que confere o
título de Mestre em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil, na área de concentração em Estruturas.
Aos vinte e nove dias do mês de outubro do ano de dois mil e vinte, a partir das 14:30, por meio de
videoconferência, realizou-se a sessão pública de Defesa de Dissertação intitulada “Uma abordagem
híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia”. Os trabalhos
foram instalados pelo Orientador, Professor Doutor Daniel de Lima Araújo (PPGGECON/UFG) com a
participação dos demais membros da Banca Examinadora: Professora Doutora Renata Machado Soares
(PPGGECON/UFG), membro titular interno; Professor Doutor Ivan Fábio Mota de Menezes (PUC - Rio),
membro titular externo. Durante a arguição os membros da banca não fizeram sugestão de alteração do
título do trabalho. A Banca Examinadora reuniu-se em sessão secreta a fim de concluir o julgamento da
Dissertação tendo sido a candidata aprovada pelos seus membros. Proclamados os resultados pelo Professor
Doutor Daniel de Lima Araújo, Presidente da Banca Examinadora, foram encerrados os trabalhos e, para
constar, lavrou-se a presente ata que é assinada pelos Membros da Banca Examinadora, aos vinte e nove
dias do mês de outubro do ano de dois mil e vinte.
Documento assinado eletronicamente por Daniel De Lima Araujo, Professor do Magistério Superior,
em 29/10/2020, às 16:15, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.
Documento assinado eletronicamente por Ivan Fabio Mota de Menezes, Usuário Externo, em
30/10/2020, às 15:15, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.
Documento assinado eletronicamente por KÊNIA AIKO TOGOE FERNANDES GOUVEIA, Discente, em
30/10/2020, às 17:05, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Aeko e James, e a minhas irmãs e meu cunhado, Aline, Fernanda e Ariel, pelo
carinho, pelo cuidado, e por sempre me apoiarem e me incentivarem.
Em especial ao meu querido esposo, Alexandre, por todo respaldo e apoio que me deu nesse
período e por sua compreensão. Obrigada pelo carinho e pelo amor nos dias em que mais
precisei.
Aos amigos que ganhei no GECON e que tornaram essa etapa da minha vida mais leve: Phablo,
Guilherme, Ericka, Anna e Mauro. Obrigada pela parceria nos estudos e trabalhos, pelos
conselhos, pelos momentos felizes e difíceis que passamos juntos.
À UFG, pela infraestrutura física. À UFMT, por conceder e oportunizar esse período de
qualificação docente.
K.A.T.F. GOUVEIA
RESUMO
K.A.T.F. GOUVEIA
ABSTRACT
This work proposes to apply topology optimization techniques to automatically obtain force
paths in reinforced concrete structures for application in strut and tie models. A hybrid
formulation is used to minimize the mean compliance of the structure in which concrete is
represented by continuous elements associated with design variables related to the relative
densities of material and steel is represented by discrete bar elements associated with design
variables related to cross-sectional areas. The separation of the role of continuous and discrete
elements in the transport of compressive forces by concrete and tensile by steel is achieved by
using bilinear elastic models for both materials. The hybrid solution is generated through the
optimization process applied to a domain with hybrid discretization. A maximum filter is
proposed involving both continuous and discrete elements, in which the Tikhonov
regularization applied to the potential energy of the structure is used to detect possible singular
solutions resulting from the topology extraction. Analysis of formulation variations with
associations of the discrete filter with the sensitivity filter or projection schemes for continuous
elements are also carried out.
K.A.T.F. GOUVEIA
LISTA DE FIGURAS
K.A.T.F. GOUVEIA
Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia
Figura 4.5 - Topologias obtidas do exemplo da Transversina: (a) resultado obtido com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção; (b)
resultado obtido com aplicação do filtro máximo de densidade proposto. ............................ 67
Figura 4.6 – Gráficos de densidade das topologias apresentadas na Figura 4.5: (a) com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção (b) com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto............................................................... 68
Figura 4.7 – Viga parede com furo e recorte : (a) domínio de projeto; b) Malha híbrida. ... 70
Figura 4.8 - Topologias obtidas do exemplo da Viga parede com furo e recorte: (a) resultado
obtido com aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de
projeção; (b) resultado obtido com aplicação do filtro máximo de densidade proposto. ...... 71
Figura 4.9 – Gráficos de densidade das topologias apresentadas na Figura 4.8: (a) com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção (b) com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto. ............................................................. 72
Figura 4.10 – Domínio de projeto: (a) Viga parede; (b) Viga parede com furo; (c) Viga parede
com recorte. ....................................................................................................................... 73
Figura 4.11 – Topologias obtidas com aplicação do filtro máximo de densidade proposto
associado ao esquema de projeção: (a.1) Viga parede; (b.1) Viga parede com furo; (c.1) Viga
parede com recorte; e topologias obtidas com aplicação do filtro máximo de densidade
proposto: (a.2) Viga parede; (b.2) Viga parede com furo; (c.2) Viga parede com recorte.. .......
........................................................................................................................................... 74
K.A.T.F. GOUVEIA
LISTA DE ABREVIATURAS
MD Método da Densidade
RT Regularização de Tikhonov
K.A.T.F. GOUVEIA
LISTA DE SÍMBOLOS
Símbolos Romanos
a Vetor das áreas das seções transversais das barras
Ckupd Função objetivo após a atualização das variáveis de projeto na iteração corrente
k
K.A.T.F. GOUVEIA
Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia
p Coeficiente de penalização
Xj Coordenadas do nó j
yj Variáveis nodais
Símbolos Gregos
ρa Pseudodensidade de área
Símbolos Matemáticos
∂ Derivada parcial
K.A.T.F. GOUVEIA
Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia
Estruturas de concreto armado com regiões com descontinuidade geométrica ou estática, como
consolos, vigas paredes com aberturas e dentes, entre outros, para as quais não são válidas as
hipóteses de Bernoulli, são comumente dimensionadas utilizando Modelos de Escoras e
Tirantes (MET). Esses modelos baseiam-se na idealização de caminhos de força adequados
para transferir cargas externas aos apoios nos quais as escoras são idealizações dos campos de
tensões de compressão e os tirantes idealizações dos campos de tensões de tração. Em linhas
gerais os MET seguem as trajetórias de tensões principais mesmo para domínios complexos.
Ainda assim, nem sempre tais trajetórias fornecem modelos claros e a literatura é pródiga na
oferta de modelos diferentes para representação de uma mesma estrutura. Pantoja (2012) lembra
que a carga de colapso do modelo será sempre inferior ou igual à carga de colapso da estrutura
real e, assim, os MET conduzem a resultados a favor da segurança.
K.A.T.F. GOUVEIA
26 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia
As abordagens pela simples aplicação dos métodos de densidade para obtenção de MET e suas
variações não levam em consideração o caráter discreto das armaduras, gerando elementos
tracionados com variação de espessura ao longo de seu comprimento e não retilíneos. Gaynor,
Guest e Moen (2013) propuseram um método híbrido para obtenção dos caminhos de força em
elementos estruturais de concreto armado, empregando um domínio estendido discretizado com
elementos finitos planos para representar o concreto e uma estrutura base acoplada a essa malha
formada por elementos de treliça plana para representar as barras de aço. O método utiliza um
modelo constitutivo ortotrópico para a representação do concreto e uma relação bilinear do
diagrama de tensão x deformação para ambos os materiais. O processo de otimização proposto
pelos autores envolve simultaneamente os domínios de elementos discreto e contínuo fazendo-
se, assim, a distinção dos caminhos de carga de compressão e tração. Essa abordagem faz,
basicamente, a junção dos métodos de densidade e método da estrutura base, resultando em
armaduras retas, simples e de fácil dimensionamento e caminhos de força comprimidos
formados pela distribuição de material no domínio estendido contínuo cuja representação pode
levar a qualquer topologia, representando bem o concreto.
De modo geral, a otimização da topologia passou por um desenvolvimento notável nos últimos
anos com o surgimento de vários métodos, tanto associados a processos de otimização baseados
em gradientes, como os trabalhos citados até aqui, quanto associados a procedimentos
evolutivos. O método de otimização estrutural evolutiva (em inglês, Evolutionary Structural
Optimization - ESO) surgiu como um ramo importante da otimização de topologia e foi
proposto inicialmente por Xie e Steven (1993), onde conceitualmente uma estrutura evoluiria
para um ótimo através da remoção gradual de elementos com baixa tensão. Como extensão a
esse método Querin, Steven e Xie (1998) deram início ao desenvolvimento da primeira versão
da otimização estrutural evolutiva bidirecional (em inglês, Bi-directional Evolutionary
Structural Optimization - BESO), permitindo a recuperação dos elementos excluídos vizinhos
de elementos altamente tensionados. Um desenvolvimento interessante do método ESO é a
solução convergente e independente da malha para o método BESO proposta por Huang e Xie
(2007), que adicionou um esquema de filtro de sensibilidade e uma estabilização usando as
informações do histórico de sensibilidade. Assim, no campo da otimização de topologia, mesmo
os métodos evolucionários utilizam em algum grau a análise de sensibilidade. Tal constatação
fundamenta a opção deste trabalho por uma abordagem híbrida com procedimento de
otimização tradicional do campo da programação matemática.
1.1. OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é construir uma ferramenta numérica para geração automática de
modelos de escoras e tirantes em estruturas de concreto armado utilizando uma formulação
híbrida de otimização de topologia na qual o concreto é representado por elementos planos
associados à densidade de material e o aço é representado por elementos de barra associados à
área da seção transversal. Como objetivos específicos, tem-se:
Associar o filtro máximo (SANDERS; RAMOS JR.; PAULINO, 2017), para eliminação das
barras finas ao final do processo de otimização e extração da topologia final;
Propor um filtro máximo para os elementos contínuos nos moldes do filtro máximo aplicado
aos elementos discretos;
Por fim, o Capítulo 5 apresenta as principais conclusões do trabalho e sugestões para trabalhos
futuros.
Neste capítulo são apresentados os conceitos básicos sobre otimização de topologia necessários
para a aplicação da geração automática de MET. Apresentam-se os fundamentos dos métodos
de densidade, cujos conceitos serão usados neste trabalho para representação do concreto. Nesse
item abordam-se o modelo SIMP utilizado para o associar a densidade relativa, variável de
projeto nos métodos de densidade, às propriedades mecânicas do material e o filtro de
sensibilidade, utilizado para corrigir as instabilidades numéricas características do método.
Abordam-se também os fundamentos do método da estrutura base, que consiste em um método
de otimização de dimensões utilizado para obtenção de layouts estruturais e cujos conceitos
serão usados neste trabalho para a representação do aço no método híbrido. Nesse item
abordam-se a formulação que descreve o problema de minimização da flexibilidade média no
método da estrutura base, a detecção de configurações em equilíbrio na extração da topologia
e o filtro máximo, utilizado para remover elementos finos indesejáveis das soluções de projeto.
K.A.T.F. GOUVEIA
30 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia
A Figura 2.1 apresenta um exemplo de aplicação do método de densidade para uma viga MBB
(Messerschmitt – Bölkow – Blohm) apresentada em (a), utilizando o programa educacional
desenvolvido por Sigmund (2001) conhecido por 99 lines. Dada a simetria do problema,
analisa-se apenas a metade da viga, delimitando assim o domínio estendido apresentado em (b).
Parte-se de uma distribuição de densidade uniforme que atende o volume prescrito. Durante o
processo de otimização ocorre a redistribuição de material de uma região para outra, conforme
mostrado na solução intermediária (c), até que se obtenha a topologia final do problema,
representada em (d).
Figura 2.1 – Exemplo de aplicação da abordagem em densidade para otimização de topologia: (a) viga MBB;
(b) domínio estendido; (c) solução intermediária; (d) topologia resultante.
(a)
(b)
(c)
(d)
Obter : ρ
Que minimiza : c (ρ) f T u
V (ρ)
f
Tal que : V0 (2.1)
0 ρ ρ 1
min e
K u f
Com :
Ee E ( ρe )
onde:
O modelo SIMP (do inglês, Solid Isotropic Material with Penalization), desenvolvido por
Bendsøe (1989) e por Zhou e Rozvany (1991), é um modelo isotrópico para interpolação de
vazios e sólidos favorecendo soluções do tipo sólido / vazio (0 / 1). Dessa forma, as densidades
relacionam-se com as propriedades mecânicas do material, na aplicação mais comum
assumidos como constantes em cada elemento, conforme a Equação (2.2).
E = η( ρ) Ee
(2.2)
η( ρ) = ρ p
onde:
p – é o coeficiente de penalização.
Observa-se na Figura 2.2 que, quanto maior a ordem da função de interpolação, maior a
quantidade de material necessária para o elemento atingir um mesmo valor de rigidez. De
acordo com Bendsøe e Sigmund (2003), o processo de otimização, para problemas de volume
constante apresenta resultados próximos à configuração sólido – vazio (0,1), desde que o
coeficiente de penalização seja suficientemente grande (p ≥ 3), objetivando remover as regiões
de densidades intermediárias.
1,0
0,9 p=1
p = 1,5
0,8 p=2
0,7 p=3
p=4
0,6 p=5
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
A abordagem com base no elemento é a forma mais utilizada para implementação do método
da densidade utilizando o modelo SIMP. O domínio estendido Ω é discretizado em elementos
finitos para campos de deslocamentos e aproxima ρ como constante em cada elemento, obtendo
assim, uma típica matriz de rigidez do elemento que segundo Christensen e Klarbing (2009)
pode ser escrita na forma:
K e e p K 0 (2.3)
onde:
Dessa forma é possível reescrever a função objetivo do problema apresentada na Equação (2.1)
em função das contribuições de cada elemento.
N
c(ρ) ρe p uTe K0 ue
e1 (2.4)
onde:
ρ
(ρ)
1+ q (1-ρ) (2.5)
onde:
Outro esquema alternativo é a versão modificada do SIMP proposta por Sigmund (2007), que
inclui uma rigidez mínima independente de penalização. A Equação (2.6) demonstra que o
módulo de Young de um elemento é uma função da variável de projeto do elemento e dada
pelo material isotrópico simplificado modificado com esquema de interpolação de penalização.
onde:
Emin – é a rigidez do material que representa o vazio diferente de zero, a fim de evitar
singularidade da matriz de rigidez;
c (ρ ) f T u (2.7)
c K e
uTe ue
ρe ρe (2.8)
Utilizando o modelo SIMP, a derivada da matriz de rigidez do elemento (Ke), dada pela
Equação (2.3), em relação à densidade do elemento e é dada pela Equação (2.9).
K e p 1
p ρe K 0
ρe (2.9)
c p 1
p ρe uTe K 0 u e
ρ e (2.10)
De forma análoga, são apresentadas as equações das derivadas das matrizes de rigidezes e as
sensibilidades da função objetivo do problema utilizando o modelo SIMP modificado (Equação
2.11 e 2.12) e modelo RAMP (Equação 2.13 e 2.14).
K e
p E0 Emin ρe p 1 K 0
ρe (2.11)
c
p E0 Emin ρ e p 1 u eT K 0 ue
ρe (2.12)
K e K0 pe K 0 q
ρe 1 q(1 pe ) 1 q 1 pe 2
(2.13)
c K0 pe K 0 q
uTe ue
ρe 1 q(1 pe ) 1 q 1 pe 2
‘ (2.14)
A restrição de volume de densidade, Rvρ, do problema (2.1) pode ser reescrita como apresentado
na Equação (2.15). Assim, sua sensibilidade em relação à densidade do elemento, e, é
apresentada na Equação (2.16). A sensibilidade das restrições laterais assume valor –1 ou 0 para
a restrição relativa ao limite inferior e 1 ou 0 para a restrição relativa ao limite superior.
Rvρ ρ e Ve f V0
(2.15)
Rvρ
Ve
ρe (2.16)
Sigmund e Maute (2013) destacam que durante muito tempo, o esquema de filtragem de
sensibilidade foi considerado heurístico, mas os autores provaram que a filtragem de
sensibilidade para problemas de flexibilidade corresponde a minimizar a flexibilidade média de
um problema modelado por uma teoria muito conhecida na mecânica do contínuo denominada
de teoria da elasticidade não-local. Esse filtro ainda é amplamente utilizado em códigos
comerciais e acadêmicos, pela simplicidade na implementação em comparação com as outras
abordagens. Com isso, o esquema de independência de malha funciona modificando
sensibilidades da seguinte forma:
N
c -1 1 c
ρk N Hˆ i ρi
ρ k ρi
Hˆ i
i=1
i=1 (2.17)
Com:
onde:
c
– é a nova sensibilidade da função objetivo em relação à variável de projeto k;
ρ k
1
SIGMUND, O. Design of material structures using topology optimization. Ph.D. Thesis, Department of
Solid Mechanics, Technical University of Denmark, 1994.
rmin
k dist(k,i)
Observa-se que o fator peso decai linearmente com o aumento da distância entro do elemento i
ao elemento k e é nulo fora do círculo. Com isso nota-se que a sensibilidade converge para a
sensibilidade original quando o rmin tende ao raio do elemento k. Já quando o mesmo tende ao
infinito todas as sensibilidades serão iguais, resultando assim, em uma distribuição uniforme
do material.
circular, we, com centro coincidente com o centroide do elemento e e raio rmin, conforme
ilustrado na Figura 2.5.
e
Ωw
e rje e
j j
e
rj
rmin rmin
Vale salientar que a rotina para identificar os nós localizados dentro de cada subdomínio Ωew é
executada apenas uma vez no início do algoritmo.
Guest, Prévost e Belytschko (2004) propuseram duas funções: uma linear e outra não linear. A
função linear, mais simples, é utilizada no presente trabalho. Assim, o conjunto de nós que
fazem parte do subdomínio Ωew definido por:
onde:
Xj – são as coordenadas do nó j;
rmin rje
se x j ew
w (x j x e ) rmin
0 se x j ew
(2.20)
A função peso é utilizada na ponderação das variáveis nodais yj para avaliar densidade relativa
do elemento e do elemento e, como mostrado na Equação (2.21)
y j w ( X j Xe )
j ew
e
w (X j Xe )
j ew
(2.21)
Obter : y
Que minimiza : c (y , ρ(y )) f Tu
V (ρ( y ))
V f
Tal que : 0 (2.22)
0 y y 1
min j
K u f
Com :
Ee = E (ρ(y ))
c p 1 ρe
y j
p ρe y j
e ew
uTe K 0 ue
y j
(2.23)
Onde o termo de derivação na função representa os elementos cujo subdomínio Ωew contém o
nó y, conforme Equação (2.24).
e w ( X j Xe )
y j w (X j Xe )
j ew
(2.24)
O método da estrutura base (em inglês, ground structure method) é uma abordagem numérica
amplamente utilizada em otimização de topologia que redistribui o volume de barras de uma
estrutura base altamente conectada com nós fixos, mantendo o volume total da estrutura
constante. Essa abordagem tem como referência o artigo pioneiro de Dorn, Gomory e
Greenberg (19642, apud OHSAKI,2011).
Esta seção apresenta a formulação elástica clássica comumente utilizada para obtenção de
topologias no método da estrutura base. A Figura 2.6 ilustra a aplicação do método da estrutura
base ao problema de minimização de flexibilidade de uma viga em balanço, apresentada em
(a). A estrutura base é apresentada em (b), o resultado do processo de otimização em (c).
Observa-se que a solução da Figura 2.6(c) apresenta muitas barras finas que pouco contribuem
para rigidez da estrutura. Assim com o intuito de tornar a estrutura aplicável em soluções
práticas, eliminam-se as barras com área inferior a um parâmetro de corte ao final da
otimização, como ilustrado na Figura 2.6 (d).
Figura 2.6 – Exemplo de aplicação do método da estrutura base: (a) viga em balanço; (b) estrutura base inicial;
(c) topologia ao final do processo de otimização, sem corte; (d) topologia extraída após o corte de barras.
L/2
(a) (b)
(c) (d)
2
DORN, W.; GOMORY, R.; GREENBERG, H. Automatic design of optimal structures.
Journal Mecanique, [s.l.], v. 3, n. 1, p. 25-52, 1964.
Obter : a
Que minimiza : c(a) = f T u(a)
l Ta - V max 0
Tal que : min max
0 a j a j a j , j 1, 2,..., n
Com K (a) u(a) = f (2.25)
onde:
Como no método da densidade, é necessário adotar um valor ajmin diferente de zero a fim de
evitar instabilidades numéricas na solução do sistema de equações da análise estrutural. Assim,
utiliza-se tal valor como limite inferior de área da seção transversal do problema. Christensen
e Klarbring (2009) afirmam que é difícil encontrar um valor adequado para tal limite inferior.
Caso seja utilizado um valor muito pequeno, as equações de equilíbrio serão resolvidas com
grandes erros devido ao mau condicionamento da matriz de rigidez. Em contrapartida, caso seja
utilizado um valor muito grande, barras em posições ineficientes podem vir a ser confundidas
com barras estruturalmente importantes para o equilíbrio da estrutura no processo de eliminação
de barras finas.
A função objetivo do problema (2.25) é uma função implícita das variáveis de projeto e a sua
sensibilidade em relação à área da barra b é obtida de maneira análoga à apresentada para o
método da densidade, resultando na Equação (2.26). Mais explicações podem ser encontradas
em Ohsaki (2011).
c K b
uTb ub
ab ab (2.26)
K b ab K 0b
(2.27)
onde:
c
u(a)T K 0b u(a) (2.28)
ab
A restrição de volume de área (Rva) e sua sensibilidade em relação às áreas das barras são
apresentadas nas equações (2.29) e (2.30) respectivamente. A sensibilidade das restrições
laterais assume valor –1 ou 0 para a restrição relativa ao limite inferior e 1 ou 0 para a restrição
relativa ao limite superior, i.e.:
Rva lb ab - V max
(2.29)
Rva
lb
a b (2.30)
A Figura 2.7 ilustra soluções do problema proposto na Figura 2.6 (a) para diferentes níveis de
corte. Na Figura 2.7 (a) apresenta-se uma topologia extraída em que o equilíbrio global é
atendido e na Figura 2.7 (b) apresenta-se uma topologia extraída hipostática, na qual os nós
destacados não apresentam colinearidade com seus nós adjacentes.
Figura 2.7 – Exemplos de topologia extraída para a viga em balanço usando diferentes níveis de corte:
(a) Topologia em equilíbrio; (b) Topologia hipostática.
(a) (b)
K u=f (2.31)
u u p uh
(2.32)
onde:
f r (u ) f (u ) u T u (2.33)
onde:
1 T
(u ) = u K u uT f
2 (2.34)
1 T
R (u )= (u )+ u Tu u Ku u T f u T u
2 2 2 (2.35)
K I u p f
(2.36)
Dentro deste contexto, o parâmetro , apresentado nas Equações (2.33) a (2.36), é um número
pequeno em comparação com os demais termos da matriz de rigidez. Ramos Jr. e Paulino
(2016) sugerem que seja adotado um valor entre 10-8 e 10-12 multiplicado pela média dos valores
da diagonal da matriz de rigidez (K).
Caso a topologia extraída esteja em equilíbrio, a solução up obtida pela solução do sistema de
equações (2.34) também é solução total do sistema de equações (2.31). Assim considera-se que
a topologia está em equilíbrio se atende à verificação (2.37), caso contrário up é uma parcela do
deslocamento total apresentando, portanto, um resíduo, ou seja:.
K u-f f
(2.37)
onde:
O uso do método da estrutura base para otimização de topologia geralmente leva a geometrias
altamente complexas para se executar na prática, por isso tem-se a necessidade de se fazer a
filtragem dos membros considerados desnecessários para se obter uma topologia final com
aplicabilidade prática. Ramos Jr. e Paulino (2016) introduziram o chamado filtro constante,
representado matematicamente pela Equação (2.38) e que consiste basicamente em aplicar a
extração da topologia durante o processo de otimização, verificando seu equilíbrio com uso da
RT aplicado ao funcional de energia.
aj
0 se f
a j Filtro(a, f ) max(a)
a outro
j (2.38)
onde:
Como observado por Ramos Jr e Paulino (2016), a extração da topologia geralmente provoca
acréscimo no valor da flexibilidade média da estrutura. Esse acréscimo pode ser limitado
juntamente com a aplicação do filtro constante. O problema de otimização fica então definido
como em (2.39).
Obter : a
Que minimiza : c(a) = f T u(a)
T max
l a - V 0
Tal que : max
0 a j a j
Com a j Filtro (a, f )
e min (u (a)) + u(a)T u(a)
u 2 (2.39)
O filtro constante permitiu retirar o limite inferior imposto às áreas das barras na formulação
apresentada em (2.25) e a obtenção de topologias sem a presença de barras finas ao final do
-
f
= 0.0
+
f
= 1.0
- +
ak f f f
)/2 a kfilt= Filtro(a k f
) Análise
eq
f
= 0.0
eq
f
= 1.0
eq -4
f
?,
Análise C k k
=(C - C k
)/C k-1 R Sim
filt upd
e
C < C Tol?
eq
f f
Não
a kfilt
eq eq
| R
f f f Sim
a kfilt= Filtro(a k ) eq - e
f f f f f
- +
)/2 C < CTol?
f f f
+
f f Não
- +
f f f
)/2
k
C k Cupd
k
C filt CTol
C k 1 (2.40)
onde:
Ckupd – é a função objetivo após a atualização das variáveis de projeto na iteração corrente k;
c
Ck
(C k-1 Ck
C k-1 a
(C k-1 C kupd
k
C upd
b (C k-1 C kfilt < CTol
k-1 k Iteração
Convergência
Caminho intermediário
O filtro máximo reduz o número de variáveis de projeto. Por outro lado, a busca pelo maior
valor de filtro tem um custo computacional significativo. Sanders, Ramos Jr e Paulino apontam
que não é necessário que o filtro máximo seja implementado em todas as iterações do processo
de otimização. Ressaltam também que, mesmo com a utilização do filtro máximo, é possível
que a topologia final ainda contenha barras finas e recomendam um pós-processamento usando
o filtro máximo final com valor menor após a conclusão do processo de otimização.
Este capítulo apresenta a metodologia desenvolvida neste trabalho, que propõe uma técnica de
otimização híbrida para obtenção automática de modelos de escoras e tirantes em estruturas de
concreto armado. Nesse modelo elementos de treliça representam barras aço discretas
(caminhos de carga de tração), enquanto os elementos contínuos representam o concreto
(caminhos de carga de compressão). Apresenta-se, primeiramente, o conceito do Método
Híbrido proposto por Gaynor, Guest e Moen (2013). Em seguida, apresentam-se os modelos
dos materiais a serem empregados, as formulações do método para o problema de minimização
da flexibilidade e os procedimentos computacionais envolvidos. Por fim apresenta-se uma
proposta de filtro para os elementos de estado plano, associados às densidades de material.
Gaynor, Guest e Moen (2013) propuseram um método híbrido que tem como princípio
combinar uma representação contínua com uma representação discreta do domínio estendido,
sendo a primeira destinada a representar o concreto e a segunda a representar o aço. Pretende-
se assim chegar a soluções consistentes de modelos de escoras e tirantes que ajudem o projetista
a entender o fluxo de forças em um elemento de concreto armado, fornecendo um layout
preliminar do modelo a ser usado no dimensionamento.
K.A.T.F. GOUVEIA
50 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia
O domínio estendido é discretizado com uma malha híbrida conforme ilustrado na Figura 3.1.
Uma malha de elementos finitos planos (Ωc) é utilizada para representar o domínio estendido e
associada ao material concreto. Uma malha de elementos de treliça (Ωt) é utilizada para
representar o posicionamento das barras de aço e é conectada à primeira malha. A malha de
elementos finitos planos é mais refinada, pois representam porções pequenas do domínio
estendido de concreto. Já a malha de elementos de treliça deve ser mais esparsa, onde o nível
de conectividade determina o grau de interconexão da estrutura base inicial. No presente
trabalho foi adotado um nível igual a 2, que permitirá a criação de barras até os nós vizinhos
dos vizinhos. A transferência de forças ocorre nos nós compartilhados de ambas as malhas.Vale
ressaltar que o uso da estrutura base mais densa geraria configurações de barras de aço mais
complexas se comparado com a configuração que uma estrutura base com nível de
conectividade menor produziria (GAYNOR; GUEST; MOEN, 2013). Isso pode ser verificado
no trabalho de Moraes (2017).
Ωc
Ωt
Neste trabalho os diagramas tensão x deformação do concreto e do aço são representados por
relações bilineares, como apresentado na Figura 3.2. A fim de forçar que as linhas de força de
tração sejam representadas exclusivamente pelos elementos de treliça, admite-se um valor nulo
para o módulo de elasticidade em compressão. A fim de forçar que as linhas de força de
Guest, Gaynor e Moen (2013) ressaltam que não é adequado adotar um módulo de elasticidade
nulo em tração para os elementos planos que representam o concreto, pois a definição da
estrutura base pode não representar algum caminho de força em tração e isso implicaria em
instabilidades numéricas na solução do sistema de equações da análise estrutural. Ressalta-se
aqui que, o aparecimento de uma grande quantidade de elementos tracionados na malha de
densidade pode ser resolvido com uma nova estrutura base.
σ (MPa) 30
25
20
15
(a)
10
σ (MPa) 30
25
20
15
(b)
10
A matriz de rigidez da topologia híbrida é dada pela soma das contribuições das matrizes de
rigidez dos elementos contínuos e discretos. As barras são elementos que carregam apenas
forças axiais cuja matriz de rigidez (Kb) pode ser escrita em função de uma parcela básica (K0b),
que carrega as informações que não variam durante o processo de otimização tais como
comprimento e orientação das barras, multiplicada pela variáveis que se alteram durante o
processo, conforme expresso na Equação (3.1).
K b E b (a b ) ab K 0 b (3.1)
onde:
Kc = BeT Emin e p Ece (e ) Emin Be dV (3.3)
onde:
Esse modelo combina os vários módulos de elasticidade em função das tensões normais
principais, podendo ser facilmente incorporado em procedimentos de análise numérica padrão
onde a matriz constitutiva elástica para concreto segundo o modelo ortotrópico (Eep) é definida
no sistema de coordenadas principais de tensão conforme a Equação (3.4).
Ee1 ef Ee Ee
1 2
0
1
Eep = ef Ee1 Ee2 Ee2 0
1- ef 2
1
0 0
4
Ee1 Ee2 2 ef Ee1 Ee2 (3.4)
ef e1 e 2
(3.5)
Eei Ect , e i ct se e i 0
Eei Ecc , e i cc se e i 0
(3.6)
onde:
Ect
ct cc
Ecc (3.7)
Para calcular a matriz constitutiva elástica (Ece) e determinar a matriz de rigidez (Ke) definida
na Equação (3.2) faz-se a rotação do sistema coordenada principal para o sistema de coordenada
global segundo a Equação (3.8).
E ce Q T E e p Q
(3.8)
1
θ tan 1 xy (3.10)
2
x y
onde:
As tensões principais de tração e compressão dos elementos contínuos são obtidas conforme a
Equação (3.11). O módulo de elasticidade a ser associado ao elemento depende da tensão
principal máxima, se de tração ou de compressão conforme a Figura 3.2(a).
2
x y y
e x xy
2
max
min
2 2 (3.11)
onde:
No caso dos elementos discretos, a tensão na barra é calculada pela Equação (3.12) e a partir
dela é determinado o módulo de elasticidade empregado conforme a Figura 3.2(b).
fb
b (3.12)
m
ab
onde:
Obter : x = a ; ρ( y )
Que minimiza : c ( a,ρ(y )) = f T u
lb T ab + ρ eVe = V max
bt ec
max
Tal que : 0 ab ab b t
0 ρ 1 e (3.13)
e c
K ( a,ρ(y )) u = f
E (a)
Com b
E ( ) = E p E E , 0,1
e e min e 0 min e
a
ρa
a max
(3.14)
onde:
ρa – pseudodensidade de área;
c
u(ρa)T K 0 u(ρa) amax
ρa j
(3.15)
Rvρa
l T amax
ρa j
(3.16)
As sensibilidades das restrições laterais assumem valores –1, 0 ou 1, dependendo se se trata das
restrições relativas ao limite inferior (–1 ou 0) ou das restrições relativa ao limite superior (1 ou
0).
Gaynor, Guest e Moen (2013) não apresentam nenhuma estratégia para a remoção de barras
finas eventualmente remanescentes, o que provavelmente indica a utilização de um corte
simples ao final do processo de otimização. Neste trabalho, utiliza-se o filtro máximo
(SANDERS, RAMOS JR; PAULINO, 2017) como filtro final do processo de otimização. E
durante o processo utiliza-se o filtro de sensibilidade ou o esquema de projeção linear. Este
trabalho apresenta também uma proposta de extensão dos conceitos do filtro máximo para os
elementos contínuosa ser aplicado durante o processo de otimização fazendo a análise da
necessidade de sua implentação associado a um esquema de regularização.
De forma similar a otimização estrutural evolutiva (ESO), método desenvolvido por Xie e
Steven (1993), o filtro proposto tem por objetivo remover o material ineficiente de uma
estrutura eliminando a maior porcentagem possível de elementos de estado plano com
densidades intermediárias associados às densidades de material. Esta proposta é apresentada na
Equação (3.17) nos moldes do filtro máximo para os elementos discretos conforme a Equação
(2.38).
j
0 se
j Filtro (ρ, ) max(ρ) (3.17)
caso contrário
j
onde:
Um dos problemas da extensão dos conceitos do filtro máximo concebido para elementos
discretos para elementos contínuos é a possível grande violação da restrição de volume
mantendo o equilíbrio da estrutura. Assim, é necessário um controle adicional sobre a restrição
de volume de forma semelhante ao feito para a função objetivo. Esse processo de filtragem é
definido por duas etapas como ilustrado na Figura 3.3, que apresenta o fluxograma para
encontrar o máximo valor de filtro de elementos contínuos associados à densidade para o
método híbrido de estruturas com modelo constitutivo ortotrópico.
Ambas etapas, são processos de bisseção, sendo a primeira, uma busca do maior valor do
parâmetro ρ que pode ser aplicado desde que a relação entre o volume total de material e o
volume da topologia final (Vt) atenda um limite de deterioração do volume filtrado (Vf) e a
variação do filtro (Δ ) atenda uma tolerância para a violação da restrição de volume durante
a filtragem conforme Equação (3.18).
V (ρ)
>Vf
Vt
Δvρ αv αρ VTol
(3.18)
onde:
O valor de Vf deve ser o mais próximo possível da unidade, a fim de que a restrição de volume
sofra menor violação possível. No presente trabalho Vf adotado é igual a 0,98 do volume do
contínuo (concreto) na presente iteração e o valor 10-2 para a tolerância VTol.
Figura 3.3 – Fluxograma para encontrar o máximo valor de filtro de elementos contínuos associados à densidade
para o método híbrido proposta neste trabalho.
ρk
-
ρ
= 0.0 Sim v
+ = 1.0 ρ = 0.0
ρ
v +
ρ
= ρ ρ kfilt= Filtro(ρ k )
ρ
+ -
ρ
v
= ρ ρ
)
Não
Análise
v -2
ρ
? Sim
Análise e
vcflg=true?
Sim
v v
| R v
ρ ρ ρ Se vcflg=true Não ρ ρ
ρ kfilt= Filtro(ρ k ) v , -
ρ ρ ρ
-
ρ
+
ρ Não
ρ ρ ρ
)/2
Senão eq + -
)
ρ = ρ ρ
+ eq
ρ kfilt
ρ ρ ρ
- +
ρ ρ ρ
)/2 ρ ρ
-
ρ
)/2
∆αρeq ≤ 10-4?,
Análise ∆C k k
=(C - C k
)/C k-1 R≤ ρ? Sim
filt upd
e
∆C < CTol?
αρeq = αρ
Não
ρ kfilt
∆αρeq = |αρeq - αρ| R ≤ ρ?
Sim e
ρ kfilt= Filtro(ρ k ρ
) αρeq = αρ αρ- = αρ
αρ = (αρ- + αρ+)/2 ∆C < CTol?
αρ + = αρ Não
αρ = (αρ- +αρ+)/2
Os limites de busca para o método híbrido são o valor nulo e a unidade, onde o valor de filtro
igual a zero equivale à estrutura híbrida com o volume correspondente a iteração analisada,
enquanto o valor do limite máximo do filtro na implementação, equivale a uma estrutura com
material de densidade quase sólido com a eliminação de uma grande porcentagem de
densidades intermediárias na otimização. Esse limite de busca é alterado na implementação do
filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção devido à grande erosão
de volume, implementando assim um filtro entre o valor nulo e 70% do valor máximo de
densidade analisado na presente iteração.
Assim, o valor do primeiro filtro aplicado à solução corrente é igual ao maior limite de filtro
máximo de densidade correspondente. Para o valor de filtro corrente, verifica-se a topologia
obtida quanto a fração de volume filtrada e faz-se as devidas atualizações das variáveis
correspondentes ao filtro máximo e aos limites inferior e superior do novo intervalo de busca.
Esse processo se repete até que a diferença entre o filtro máximo e o novo filtro a ser testado
(Δ ) seja menor que VTol (ver Equação (3.17)).
O usuário do filtro máximo de densidade pode ainda definir um número de iterações em que o
filtro é aplicado (Nfd). Assim, se o parâmetro Nfd for 1, o processo da bisseção é aplicado em
todas as iterações; caso contrário, aplica-se apenas o problema de otimização sem a etapa de
Filtro. Esse processo de filtragem dos elementos contínuos ocorre após a atualização das
variáveis de projeto e anterior a aplicação do filtro máximo dos elementos de treliça.
Neste capítulo são apresentados exemplos da aplicação do modelo híbrido associado ao filtro
máximo de densidade proposto neste trabalho e descrito no Capítulo 3. Para efeito de
comparação são apresentados também os resultados obtidos com outras técnicas de
regularização encontradas na literatura e descritas no Capítulo 2. São analisadas: uma viga
MBB; uma viga parede com furo e recorte; e uma transversina. São também apresentadas
algumas variações do caso da viga parede.
Todos os problemas são resolvidos usando elementos finitos planos quadrados com quatro nós
Q4 na malha contínua e modelo constitutivo ortotrópico. O fator de penalidade do modelo SIMP
modificado é igual a 3, Emin igual 10-9, raio do filtro de sensibilidade ou da projeção rmin igual
1,5 vezes o comprimento do elemento quadrado da malha contínua e o parâmetro que multiplica
a media dos elementos da diagonal da matriz de rigidez na regularização de Tikhonov (λ0) varia
de acordo com cada exemplo, com nível de conectividade igual a 2 para a malha discreta. O
coeficiente de Poisson ν dos elementos contínuos é 0,20, os módulos de Young para aço são
200 GPa em tração e zero em compressão, enquanto os módulos para concreto são 24,9 GPa
em compressão e 2,0 GPa em tração. O parâmetro de controle da fração de volume filtrada (Vf)
é de 0,98 e Nfd igual 5. A convergência do processo de otimização é alcançada quando a
mudança relativa na norma das variáveis de design em iterações consecutivas é inferior a 0,1%.
K.A.T.F. GOUVEIA
62 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia
H=L/4
L/2
L
(a)
(b)
A Figura 4.2 apresenta as topologias obtidas com o filtro máximo aplicado sobre os elementos
discretos em associação com o filtro de sensibilidade (a), com o esquema de projeção (b) e com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto (c) para os elementos contínuos. Nessa figura
assim como nas topologias apresentadas nos exemplos seguintes os fluxos de tensões de
compressão são representados na cor vermelha e os fluxos de tração representados por barras
na cor azul. Na otimização com o filtro de sensibilidade e com o esquema de projeção λ0 assume
o valor de 10 -12, já no filtro máximo de densidade proposto utilizou-se o valor de 10 -8. Essa
diferença se deve a uma maior sensibilidade em relação à regularização de Tikhonov no caso
da malha contínua.
É possível observar que as topologias da Figura 4.2, diferem umas das outras quanto ao layout.
especialmente no fluxo de tensões de compressão. No caso em que foi aplicado o filtro máximo
de densidade proposto há uma maior diferenciação com surgimento de elementos tracionados
na malha contínua, principalmente nos pontos de encontro com as barras tracionadas e o
aparecimento de pequenas regiões de concreto tracionado, fato justificado pelo aparecimento
de concentração de tensões nos nós de transição de fluxo de tração/compressão e regiões onde
Figura 4.2 – Topologias obtidas do exemplo da viga MBB: (a) resultado obtido com o filtro de sensibilidade;
(b) resultado obtido com o esquema de projeção; (c) resultado obtido com aplicação do filtro máximo de
densidade proposto.
(a)
(b)
(c)
Apesar das otimizações com aplicação do esquema de projeção e do filtro máximo proposto
possuir uma semelhança topológica, as variações nos valores das densidades estão mascaradas
pela gradação de cores das figuras. Dessa forma são também apresentados os gráficos de
densidade das topologias obtidas na Figura 4.3 e os resultados de porcentagem de densidades
intermediárias, flexibilidade média da estrutura e tempo de processamento referentes na Tabela
4.1.
Figura 4.3 – Gráficos de densidade das topologias apresentadas na Figura 4.2: (a) com o filtro de sensibilidade;
(b) com o esquema de projeção; (c) obtido com aplicação do filtro máximo de densidade proposto.
(a)
(b)
(c)
Filtro
Filtro de Esquema de
máximo
sensibilidade projeção
proposto
% Densidade intermediárias (D<0.1) 6,62% 0,99% 0,00%
% Densidade intermediárias
19,20% 30,20% 2,97%
(0.1<D<0.9)
% Densidade intermediárias (D>0.9) 74,17% 68,79% 97,03%
Flexibilidade média da estrutura 23,90 N.m 21,00 N.m 20,80 N.m
Tempo de processamento 2h 24min 5s 1h 7min 58s 35min 29s
1. Na análise dos gráficos de densidade das topologias (Figura 4.3) já é perceptível a melhora
na distribuição de densidade quando comparado à aplicação do filtro máximo de densidade
proposto às outras aplicações.
2. Os resultados expostos na Tabela 4.1 confirmam de forma detalhada o que pôde ser visto
nos gráficos de distribuição de densidades da Figura 4.3. Nesse exemplo a estrutura final
obtida pelo filtro proposto foi a que mais se aproximou da topologia ótima na forma
sólido/vazio, possuindo 97,03 % de material com densidade maior de 0,9, praticamente 1
(sólido). Apresentou ainda uma maior semelhança com o layout do esquema de projeção
quando comparado ao layout da otimização com aplicação do filtro de sensibilidade.
3. A remoção das densidades intermediárias da topologia final tornou a estrutura mais rígida
diminuindo ligeiramente o resultado da flexibilidade.
L
L/3 L/3 L/3
P P L/6 P P
1
5
H=3L/4
(a)
(b)
A Figura 4.5 apresenta as topologias obtidas com com aplicação do filtro máximo de densidade
proposto associado ao esquema de projeção (a) e com aplicação do filtro máximo de densidade
proposto (b). Em ambos os casos o coeficiente λ0 usado na RT assume o valor de 10-7.
Figura 4.5 – Topologias obtidas do exemplo da Transversina: (a) resultado obtido com aplicação do filtro
máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção; (b) resultado obtido com aplicação do
filtro máximo de densidade proposto.
(a)
(b)
O resultado das topologias da transversina apresentada na Figura 4.5, demonstra que a estrutura
em que foi aplicado somente o filtro máximo de densidade proposto (b) possui diferenciação
maior no fluxo de tensões compressivas quando comparado com o exemplo da Figura 4.5 (a),
devido à filtragem dos elementos de densidades intermediárias. De forma semelhante ao
exemplo 1 da viga MBB, há o surgimento de alguns vazios no interior das zonas comprimidas
e há o aparecimento de pequenas regiões de concreto tracionado.
Dessa forma são também apresentados os gráficos de densidade das topologias obtidas na
Figura 4.6 e os resultados de porcentagem de densidades intermediarias, flexibilidade média da
estrutura e tempo de processamento referentes na Tabela 4.2.
Figura 4.6 – Gráficos de densidade das topologias apresentadas na Figura 4.5: (a) com aplicação do filtro
máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção (b) com aplicação do filtro máximo de
densidade proposto.
(a)
(b)
1. Na análise dos gráficos de densidade das topologias (Figura 4.6) pode-se observar que a
aplicação do filtro máximo de densidade proposto possui apenas densidade maiores que 0,9
sendo essa a situação considerada a situação ideal de representação da distribuição de
material. Sendo esses resultados, confirmados de forma detalhada na Tabela 4.2.
2. Ainda na Tabela 4.2, quanto da análise da flexibilidade média da estrutura a remoção das
densidades intermediárias da topologia final tornou a estrutura mais flexível aumentando
consideravelmente o resultado da flexibilidade. Esse aumento pode ser justificado pela
mudança na topologia com a eliminação de algumas regiões que foram removidas pelo filtro
máximo.
e uma malha de treliça com 1135 elementos de barra apresentados na Figura 4.7 (b). A fração
de volume prescrita é de 30% do volume do domínio de design.
Figura 4.7 – Viga parede com furo e recorte: (a) domínio de projeto; b) malha híbrida.
3L/8
L/4 H=L/2
2H/5
H/2
7L/20
L
(a)
(b)
Da mesma forma que o exemplo 2, a Figura 4.8 também apresenta as topologias obtidas com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção (a) e com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto (b). Em ambos os casos o coeficiente λ0
usado na RT assume o valor de 10-6.
Figura 4.8 - Topologias obtidas do exemplo da Viga parede com furo e recorte: (a) resultado obtido com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção; (b) resultado obtido com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto.
(a)
(b)
A aplicação somente do filtro máximo de densidade proposto (Figura 4.5 (b)) faz com que o
fluxo de tensões compressivas tenha uma ligeira diferenciação em relação à implementação da
associação do filtro máximo com o esquema de projeção. Como nos exemplos anteriores há o
surgimento de alguns vazios no interior das zonas comprimidas.
Dessa forma são também apresentados os gráficos de densidade das topologias obtidas na
Figura 4.8 e os resultados de porcentagem de densidades intermediarias, flexibilidade média da
estrutura e tempo de processamento referentes na Tabela 4.3.
Figura 4.9 – Gráficos de densidade das topologias apresentadas na Figura 4.8: (a) com aplicação do filtro
máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção (b) com aplicação do filtro máximo de
densidade proposto.
(a)
(b)
1. Na análise dos gráficos de densidade das topologias (Figura 4.9) é perceptível a melhora na
distribuição de densidade na aplicação apenas do filtro máximo de densidade proposto
quando comparado a aplicação do mesmo associado ao esquema de projeção. A Tabela 4.3
mostra que as densidades intermediárias foram reduzidas (0.1<D<0.9) 14,21% sendo
convertidas em regiões sólidas.
2. A pequena mudança na topologia com a eliminação de algumas regiões que foram removidas
pelo filtro máximo de densidade fez com que a flexibilidade média da estrutura sofresse um
pequeno aumento de 0,04 N.m (ver Tabela 4.3)..
3. O tempo de processamento da topologia da análise somente com a aplicação do filtro
máximo de densidade proposto foi consideravelmente menor. Sendo que a otimização com
o filtro proposto atendeu ao critério de convergência enquanto a otimização com a aplicação
do filtro associado ao esquema de projeção foi obtida por atingir o número máximo de
iterações.
Figura 4.10 – Domínio de projeto: (a) Viga parede; (b) Viga parede com furo; (c) Viga parede com recorte.
3L/8 P
(a)
3L/8 P
2H/5 H=L/2
H/2
L
(b)
L/4
L
(c)
A Figura 4.11 ((a.1), (b.1) e (c.1)) apresenta as topologias obtidas com aplicação do filtro
máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção e a Figura 4.11 ((a.2), (b.2)
e (c.2)) apresenta as topologias com aplicação do filtro máximo de densidade proposto. Em
ambos os casos o coeficiente λ0 usado na RT assume o valor de 10-6.
Figura 4.11 – Topologias obtidas com aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema
de projeção: (a.1) Viga parede; (b.1) Viga parede com furo; (c.1) Viga parede com recorte; e topologias obtidas
com aplicação do filtro máximo de densidade proposto: (a.2) Viga parede; (b.2) Viga parede com furo;
(c.2) Viga parede com recorte.
(a.1) (a.2)
(b.1) (b.2)
(c.1) (c.2)
A Figura 4.11 demonstra que ambas análises pouco diferem em relação a topologia final obtida.
Em todas as análises o tempo de processamento das topologias obtidas com aplicação do filtro
máximo de densidade proposto foi menor que a mesma estrutura analisada com aplicação do
filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção.
Este trabalho propõe a aplicação de um filtro máximo para os elementos contínuos nos moldes
do filtro máximo aplicado aos elementos discretos na otimização de topologia para obtenção
automática de caminhos de força em estruturas de concreto armado para aplicação em modelos
de escoras e tirantes. Esse filtro faz a remoção do material ineficiente de uma estrutura
eliminando a maior porcentagem possível de elementos com densidades intermediárias
associados às densidades de material controlando a violação da restrição de volume.
A partir do exemplo dois analisa-se a eficiência entre a otimização feita apenas com a
implementação do filtro máximo de densidade proposto e a implementação do mesmo
associado ao esquema de projeção, escolha essa justificada pelos resultados obtidos no
exemplo 1. Observa-se que nesses exemplos a eficiência em relação à porcentagem de
densidades intermediárias para a otimização somente com aplicação do filtro proposto continua
sendo melhor. Porém a topologia final obtida na associação do filtro máximo de densidade com
o esquema de projeção apresentou maior semelhança com os resultados obtidos no artigo de
Gaynor; Guest e Moen, (2013).
Dessa forma, nos resultados em que foi feito a implementação do filtro proposto associado ao
esquema de prjeção, apesar de não haver diferenciação perceptível na figura da topologia final,
os gráficos de densidades demonstraram a efetividade da implementação obtendo topologias
mais próximas do real (sólido/vazio). Isso mostra que esse novo filtro para elementos contínuos
associados ou não com outros esquemas de regularização, possa ser usado de forma a melhorar
K.A.T.F. GOUVEIA
Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 77
Com a proposta desse novo filtro máximo para estruturas de concreto armado utilizando a
formulação elástica no método híbrido sugere-se:
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with application to the aseismic design of concrete structures. Adv Struct Eng 13(6):1167–
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