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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA,
ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL

UMA ABORDAGEM HÍBRIDA PARA


OBTENÇÃO DE MODELOS DE ESCORAS E
TIRANTES VIA OTIMIZAÇÃO DE
TOPOLOGIA

KÊNIA AIKO TOGOE FERNANDES GOUVEIA

D0233E20
GOIÂNIA
2020
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO (TECA) PARA DISPONIBILIZAR


VERSÕES ELETRÔNICAS DE TESES

E DISSERTAÇÕES NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade


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[ X ] Dissertação [ ] Tese

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Kênia Aiko Togoe Fernandes Gouveia
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Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via
otimização de topologia
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autor.

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GOUVEIA, Discente, em 29/09/2020, às 10:22, conforme horário oficial de
Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de
outubro de 2015.
Documento assinado eletronicamente por Daniel De Lima Araujo, Professor
do Magistério Superior, em 29/09/2020, às 11:07, conforme horário oficial
de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de
outubro de 2015.

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Referência: Processo nº 23070.042773/2020-97 SEI nº 1582147

Termo de Ciência e de Autorização (TECA) EECA 1582147 SEI 23070.042773/2020-97 / pg. 2


KÊNIA AIKO TOGOE FERNANDES GOUVEIA

UMA ABORDAGEM HÍBRIDA PARA


OBTENÇÃO DE MODELOS DE ESCORAS E
TIRANTES VIA OTIMIZAÇÃO DE
TOPOLOGIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Geotecnia, Estruturas e Construção Civil da Universidade Federal de
Goiás para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil.
Área de Concentração: Mecânica das Estruturas
Orientador: Dr. Daniel de Lima Araújo
Coorientadora: Dra. Sylvia Regina Mesquita de Almeida.

D0233E20
GOIÂNIA
2020
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.

Togoe Fernandes Gouveia, Kênia Aiko


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e
tirantes via otimização de topologia [manuscrito] / Kênia Aiko Togoe
Fernandes Gouveia. - 2020.
82 f.: il.
81

Orientador: Prof. Dr. Daniel de Lima Araújo; co-orientadora Dra.


Sylvia Regina Mesquita de Almeida.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Escola
de Engenharia Civil e Ambiental(EECA), Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Civil - Geotecnia, Estruturas e Construção Civil, Goiânia,
2020.
Bibliografia.
Inclui abreviaturas, símbolos, lista de figuras, lista de tabelas.

1. Otimização de topologia . 2. Concreto armado. 3. Filtro. 4.


Modelo de escoras e tirantes. I. de Lima Araújo, Daniel , orient. II.
Título.

CDU 624.01
14/01/2021 SEI/UFG - 1584638 - Ata de Defesa de Dissertação

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ATA DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO

Ata nº 234 da sessão de Defesa de Dissertação de Kênia Aiko Togoe Fernandes Gouveia que confere o
título de Mestre em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil, na área de concentração em Estruturas.

Aos vinte e nove dias do mês de outubro do ano de dois mil e vinte, a partir das 14:30, por meio de
videoconferência, realizou-se a sessão pública de Defesa de Dissertação intitulada “Uma abordagem
híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia”. Os trabalhos
foram instalados pelo Orientador, Professor Doutor Daniel de Lima Araújo (PPGGECON/UFG) com a
participação dos demais membros da Banca Examinadora: Professora Doutora Renata Machado Soares
(PPGGECON/UFG), membro titular interno; Professor Doutor Ivan Fábio Mota de Menezes (PUC - Rio),
membro titular externo. Durante a arguição os membros da banca não fizeram sugestão de alteração do
título do trabalho. A Banca Examinadora reuniu-se em sessão secreta a fim de concluir o julgamento da
Dissertação tendo sido a candidata aprovada pelos seus membros. Proclamados os resultados pelo Professor
Doutor Daniel de Lima Araújo, Presidente da Banca Examinadora, foram encerrados os trabalhos e, para
constar, lavrou-se a presente ata que é assinada pelos Membros da Banca Examinadora, aos vinte e nove
dias do mês de outubro do ano de dois mil e vinte.

TÍTULO SUGERIDO PELA BANCA

Documento assinado eletronicamente por Daniel De Lima Araujo, Professor do Magistério Superior,
em 29/10/2020, às 16:15, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Renata Machado Soares, Professor do Magistério


Superior, em 29/10/2020, às 16:17, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º,
§ 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Ivan Fabio Mota de Menezes, Usuário Externo, em
30/10/2020, às 15:15, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por KÊNIA AIKO TOGOE FERNANDES GOUVEIA, Discente, em
30/10/2020, às 17:05, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

A auten cidade deste documento pode ser conferida no site


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acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0, informando o código verificador 1584638 e
o código CRC C2A575BA.
https://sei.ufg.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&codigo_verificador=1584638&codigo_crc=C2A575BA&hash_download… 1/2
14/01/2021 SEI/UFG - 1584638 - Ata de Defesa de Dissertação

Referência: Processo nº 23070.042773/2020-97 SEI nº 1584638

https://sei.ufg.br/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&codigo_verificador=1584638&codigo_crc=C2A575BA&hash_download… 2/2
AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me conduzido e me dado forças até aqui.

Aos meus professores no PPG-GECON, pelos valorosos ensinamentos; em especial à


professora Sylvia, pelos ensinamentos tanto quanto aluna como colega de profissão. Sua
paciência, sua solicitude e seus conselhos como orientadora e como amiga foram de grande
importância para a conclusão desta Dissertação.

Aos meus pais, Aeko e James, e a minhas irmãs e meu cunhado, Aline, Fernanda e Ariel, pelo
carinho, pelo cuidado, e por sempre me apoiarem e me incentivarem.

Em especial ao meu querido esposo, Alexandre, por todo respaldo e apoio que me deu nesse
período e por sua compreensão. Obrigada pelo carinho e pelo amor nos dias em que mais
precisei.

Aos amigos que ganhei no GECON e que tornaram essa etapa da minha vida mais leve: Phablo,
Guilherme, Ericka, Anna e Mauro. Obrigada pela parceria nos estudos e trabalhos, pelos
conselhos, pelos momentos felizes e difíceis que passamos juntos.

À UFG, pela infraestrutura física. À UFMT, por conceder e oportunizar esse período de
qualificação docente.

K.A.T.F. GOUVEIA
RESUMO

Este trabalho propõe a aplicação de técnicas de otimização de topologia para obtenção


automática de caminhos de força em estruturas de concreto armado para aplicação em modelos
de escoras e tirantes. Utiliza-se uma formulação híbrida para minimização da flexibilidade
média da estrutura na qual o concreto é representado por elementos contínuos associados a
variáveis de projeto relacionadas às densidades relativas de material e o aço é representado por
elementos discretos de barras associados a variáveis de projeto relacionadas às áreas das seções
transversais das barras. A separação do papel dos elementos contínuos e discretos no transporte
das forças de compressão pelo concreto e de tração pelo aço é obtida utilizando modelos
elásticos bilineares para ambos materiais. A solução híbrida é gerada por meio do processo de
otimização aplicado sobre um domínio com discretização híbrida. Um filtro máximo é proposto
envolvendo ambos os elementos contínuos e discretos, no qual utiliza-se a regularização de
Tikhonov aplicada à energia potencial da estrutura para detectar eventuais soluções singulares
resultantes da extração da topologia. Realizam-se, ainda, análises de variações da formulação
com associações do filtro discreto com o filtro de sensibilidade e com esquemas de projeção
para os elementos contínuos.

Palavras-chave: Otimização de topologia; Filtro; Modelo de escoras e tirantes; Concreto


armado.

K.A.T.F. GOUVEIA
ABSTRACT

This work proposes to apply topology optimization techniques to automatically obtain force
paths in reinforced concrete structures for application in strut and tie models. A hybrid
formulation is used to minimize the mean compliance of the structure in which concrete is
represented by continuous elements associated with design variables related to the relative
densities of material and steel is represented by discrete bar elements associated with design
variables related to cross-sectional areas. The separation of the role of continuous and discrete
elements in the transport of compressive forces by concrete and tensile by steel is achieved by
using bilinear elastic models for both materials. The hybrid solution is generated through the
optimization process applied to a domain with hybrid discretization. A maximum filter is
proposed involving both continuous and discrete elements, in which the Tikhonov
regularization applied to the potential energy of the structure is used to detect possible singular
solutions resulting from the topology extraction. Analysis of formulation variations with
associations of the discrete filter with the sensitivity filter or projection schemes for continuous
elements are also carried out.

Keywords: Topology optimization; Filter; Strut-and-tie model; Reinforced concrete.

K.A.T.F. GOUVEIA
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Exemplo de aplicação da abordagem em densidade para otimização de


topologia: (a) viga MBB; (b) domínio estendido; (c) solução intermediária; (d) topologia
resultante. .......................................................................................................................... 30
Figura 2.2 – Modelo SIMP- Relação entre η e ρ (adaptado de Deaton e Grandhi (2014)) ... 33
Figura 2.3 – Modelo RAMP – Relação entre η e ρ (adaptado de Deaton e Grandhi (2014)).. 34
Figura 2.4 – Filtro de sensibilidade ..................................................................................... 38
Figura 2.5 - Esquema de projeção. ...................................................................................... 39
Figura 2.6 – Exemplo de aplicação do método da estrutura base: (a) viga em balanço;
(b) estrutura base inicial; (c) topologia ao final do processo de otimização, sem corte;
(d) topologia extraída após o corte de barras. ...................................................................... 41
Figura 2.7 – Exemplos de topologia extraída para a viga em balanço usando diferentes
níveis de corte: (a) topologia em equilíbrio; (b) O equilíbrio global não se sustenta. ............ 44
Figura 2.8 – Fluxograma para encontrar o máximo valor de filtro (adaptado de Sanders,
Ramos Jr. e Paulino (2017)) ................................................................................................ 47
Figura 2.9 – Variação da função objetivo no Filtro Máximo (adaptado de Sanders,
Ramos Jr. e Paulino (2017)) ................................................................................................ 48
Figura 3.1 – Exemplo de domínio de projeto com malha híbrida (adaptado de Gaynor,
Guest e Moen (2013)). ........................................................................................................ 50
Figura 3.2 – Relações tensão-deformação para: (a) aço e (b) concreto. ................................ 51
Figura 3.3 – Fluxograma para encontrar o máximo valor de filtro de elementos contínuos
associados à densidade para o método híbrido proposta neste trabalho. ............................... 59
Figura 4.1 – Viga MBB : (a) domínio de projeto; b) Malha híbrida. .................................... 62
Figura 4.2 – Topologias obtidas do exemplo da viga MBB: (a) resultado obtido com o filtro
de sensibilidade; (b) resultado obtido com o esquema de projeção; (c) resultado obtido com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto. .............................................................. 63
Figura 4.3 – Gráficos de densidade das topologias apresentadas na Figura 4.2: (a) com o filtro
de sensibilidade; (b) com o esquema de projeção; (c) obtido com aplicação do filtro máximo
de densidade proposto. ........................................................................................................ 64
Figura 4.4 -Transversina : (a) domínio de projeto; b) Malha híbrida. ................................. 66

K.A.T.F. GOUVEIA
Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

Figura 4.5 - Topologias obtidas do exemplo da Transversina: (a) resultado obtido com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção; (b)
resultado obtido com aplicação do filtro máximo de densidade proposto. ............................ 67
Figura 4.6 – Gráficos de densidade das topologias apresentadas na Figura 4.5: (a) com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção (b) com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto............................................................... 68
Figura 4.7 – Viga parede com furo e recorte : (a) domínio de projeto; b) Malha híbrida. ... 70
Figura 4.8 - Topologias obtidas do exemplo da Viga parede com furo e recorte: (a) resultado
obtido com aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de
projeção; (b) resultado obtido com aplicação do filtro máximo de densidade proposto. ...... 71
Figura 4.9 – Gráficos de densidade das topologias apresentadas na Figura 4.8: (a) com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção (b) com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto. ............................................................. 72
Figura 4.10 – Domínio de projeto: (a) Viga parede; (b) Viga parede com furo; (c) Viga parede
com recorte. ....................................................................................................................... 73
Figura 4.11 – Topologias obtidas com aplicação do filtro máximo de densidade proposto
associado ao esquema de projeção: (a.1) Viga parede; (b.1) Viga parede com furo; (c.1) Viga
parede com recorte; e topologias obtidas com aplicação do filtro máximo de densidade
proposto: (a.2) Viga parede; (b.2) Viga parede com furo; (c.2) Viga parede com recorte.. .......
........................................................................................................................................... 74

Lista de Figuras K.A.T.F. GOUVEIA


LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 – Resultados das topologias da Figura 4.2 ......................................................... 65


Tabela 4.2 – Resultados das topologias da Figura 4.5 ......................................................... 69
Tabela 4.3 – Resultados das topologias da Figura 4.8 ......................................................... 72

K.A.T.F. GOUVEIA
LISTA DE ABREVIATURAS

BESO Bi-directional Evolutionary Structural Optimization

ESO Evolutionary Structural Optimization

MBB Messerschmitt – Bölkow – Blohm

MD Método da Densidade

MEB Método da Estrutura Base

MEF Método dos Elementos Finitos

MET Modelos de Escoras e Tirantes

RAMP Rational Approximation of Material Properties

RT Regularização de Tikhonov

SIMP Solid Isotropic Material with Penalization

K.A.T.F. GOUVEIA
LISTA DE SÍMBOLOS

Símbolos Romanos
a Vetor das áreas das seções transversais das barras

ab Área da seção transversal da barra

aj Área da seção transversal do elemento j

ajmin Área mínima da seção transversal do elemento j

ajmax Área máxima da seção transversal do elemento j

amax Limite de restrição máxima de área no método da estrutura base

Be Matriz de compatibilidade cinemática nodal


c Função objetivo (flexibilidade média da estrutura)

Ck Função objetivo ao final da iteração k

Ckupd Função objetivo após a atualização das variáveis de projeto na iteração corrente
k

Ck-1 Função objetivo ao final da iteração k-1

Ctol tolerância prescrita da função objetivo

dist(k,i) Operador definido como a distância entre o centro do elemento k e o centro do


elemento i

Eb Módulo de elasticidade da barra

Ec e Matriz constitutiva elástica

Ecc Módulo de elasticidade do concreto à compressão

Ect Módulo de elasticidade do concreto à tração

Ee Módulo de elasticidade do material sólido

Eei Módulo de elasticidade do elemento e na direção principal i

K.A.T.F. GOUVEIA
Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

E ep Matriz constitutiva elástica modelo constitutivo ortotrópico proposto por


Darwin e Pecknold (1977)

Emin Rigidez do material que representa o vazio diferente de zero

f Fração de volume prescrita pelo projetista

f Vetor de forças nodais aplicadas

fb Resultante da força normal aplicada na barra

f(u) Função ou o funcional que precisa ser regularizado;

fr(u) Função regularizada

Ĥi Operador de convolução (fator peso) associado à distância entre os elementos k


ei

K Matriz de rigidez global da estrutura

Kb Matriz de rigidez do elemento de treliça b

Kc Matriz de rigidez do elemento contínuo

Ke Matriz de rigidez do elemento corrente

K0 Matriz de rigidez do elemento para material sólido

K0b Matriz básica de rigidez do elemento b de treliça no sistema global de


coordenadas;

l Vetor de comprimentos das barras da estrutura

N Número de elementos da malha discretizada

Nfd Número de iterações em que o filtro é aplicado

p Coeficiente de penalização

q Fator que busca a formação de topologias com a configuração vazio-sólido

Q Matriz de transformação de coordenadas

rmin Raio de atuação do filtro

rej Distância entre o centro do elemento e e o nó j

Rva Restrição de volume dos elementos de barra

Rvρ Restrição de volume dos elementos planos

Lista de Símbolos K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

ue Vetor de deslocamentos nodais do elemento

u Vetor de deslocamentos nodais da malha de elementos finitos

up Solução particular do vetor de deslocamentos nodais da estrutura otimizada

up Solução homogênea do vetor de deslocamentos nodais da estrutura


otimizadaV(ρ) Volume total de material a cada iteração

V0 Volume do domínio estendido

Vmax Valor máximo para o volume de material da estrutura

Vamax Volume máximo dos elementos de barra

Vρmax Volume máximo dos elementos planos

Vf Fração de volume filtrada

VTol Tolerância para a violação da restrição de volume durante a filtragem

Xj Coordenadas do nó j

Xe Coordenadas do centro do elemento

yj Variáveis nodais

Símbolos Gregos

v Parâmetro de filtro de equilíbrio de densidadeαρ Parâmetro de filtro máximo de


densidade

ΔCkfilt Variação da função objetivo no Filtro Máximo

Δ Variação do filtro

γxy Deformação cisalhante normal ao plano do eixo x segundo a direção do eixo y

ε Valor pequeno positivo

x Deformação normal em relação ao eixo x

y Deformação normal em relação ao eixo yη Variação da rigidez

θ Orientação dos planos principais de tensão

λ Parâmetro de regularização de Tikhonov

K.A.T.F. GOUVEIA Lista de Símbolos


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

ei Coeficiente de Poisson do elemento e na direção principal i

νef Coeficiente de Poisson equivalente

νcc Coeficiente de Poisson do concreto à compressão

νct Coeficiente de Poisson do concreto à tração

ρ Vetor das variáveis de projeto (densidades relativas associadas aos elementos)

ρa Pseudodensidade de área

c densidade de material do elemento c

ρe Densidade relativa de cada elemento da malha do domínio estendido

ρmin Densidade relativa mínima prescrita pelo projetista

e Tensão normal principal

 ei Tensão normal do elemento e na direção principal i

x Tensão normal em relação ao eixo x

y Tensão normal em relação ao eixo y

max Tensão normal principal máxima

min Tensão normal principal mínima

bm Tensão normal média

xy Tensão cisalhante normal ao plano do eixo x segundo a direção do eixo y

Símbolos Matemáticos

∂ Derivada parcial

Lista de Símbolos K.A.T.F. GOUVEIA


SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 25

1.1. OBJETIVOS ........................................................................................................ 27

1.2. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO ........................................................................... 27

CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 29

2.1. MÉTODOS DE DENSIDADE............................................................................. 29

2.1.1. Formulação elástica aplicada ao problema de minimização da flexibilidade


média..................................................................................................................... 30

2.1.2. Modelo SIMP........................................................................................................ 32

2.1.3. Outros esquemas de interpolação com materiais isotrópicos ............................. 34

2.1.4. Análise de sensibilidade ....................................................................................... 35

2.1.5. Esquemas de regularização .................................................................................. 36

2.1.5.1. Filtro de Sensibilidade ............................................................................. 37

2.1.5.2. Esquema de Projeção com variáveis nodais de projeto ............................. 38

2.2. MÉTODO DA ESTRUTURA BASE .................................................................. 41

2.2.1. Formulação elástica clássica para o problema de minimização da flexibilização


média..................................................................................................................... 42

2.2.2. Extração da topologia com corte ......................................................................... 43

2.2.3. Detecção de configuração de equilíbrio na extração da topologia...................... 44

2.2.4. Filtro máximo ....................................................................................................... 46

CAPÍTULO 3 METODOLOGIA ...................................................................................... 49

K.A.T.F. GOUVEIA
Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

3.1. MÉTODO HÍBRIDO ........................................................................................... 49

3.1.1. Modelo do material .............................................................................................. 50

3.1.2. Formulação do método híbrido para o problema de minimização da


flexibilização média com uma única restrição de volume ................................... 55

3.2. FILTRO ESPECÍFICO PARA O MODELO HÍBRIDO ................................... 57

CAPÍTULO 4 RESULTADOS .......................................................................................... 61

4.1. EXEMPLO 1 – VIGA MBB ................................................................................ 61

4.2. EXEMPLO 2 - TRANSVERSINA ...................................................................... 66

4.3. EXEMPLO 3 – VIGA PAREDE COM FURO E RECORTE............................ 69

4.4. EXEMPLO 4 – OUTRAS VARIAÇÕES - VIGA PAREDE .............................. 73

CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES .......................................................................................... 76

Sumário K.A.T.F. GOUVEIA


CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

Estruturas de concreto armado com regiões com descontinuidade geométrica ou estática, como
consolos, vigas paredes com aberturas e dentes, entre outros, para as quais não são válidas as
hipóteses de Bernoulli, são comumente dimensionadas utilizando Modelos de Escoras e
Tirantes (MET). Esses modelos baseiam-se na idealização de caminhos de força adequados
para transferir cargas externas aos apoios nos quais as escoras são idealizações dos campos de
tensões de compressão e os tirantes idealizações dos campos de tensões de tração. Em linhas
gerais os MET seguem as trajetórias de tensões principais mesmo para domínios complexos.
Ainda assim, nem sempre tais trajetórias fornecem modelos claros e a literatura é pródiga na
oferta de modelos diferentes para representação de uma mesma estrutura. Pantoja (2012) lembra
que a carga de colapso do modelo será sempre inferior ou igual à carga de colapso da estrutura
real e, assim, os MET conduzem a resultados a favor da segurança.

Há alguns anos, surgiram propostas de utilização de técnicas de otimização de topologia para


geração automática de MET. Bruggi (2009) propôs o uso do método da densidade para tal fim,
tendo como objetivo a minimização da flexibilidade média da estrutura. A resultante
distribuição de material tem a forma de uma treliça e o autor propôs que fossem usados como
layouts preliminares para modelagem direta de escoras e tirantes. Em 2010, Bruggi propôs a
mesma abordagem em densidade, mas agora, para a otimização de estruturas de concreto
armado submetidas a múltiplos casos de carregamentos sob ações sísmicas. Victoria, Querin e
Mart (2011) propuseram uma abordagem em densidade para estudar o efeito do uso de
propriedades mecânicas diferentes para o aço e para o concreto na topologia resultante de MET.
Cai (2011) propôs uma abordagem em densidade com substituição do material original de
tração e compressão por um material isotrópico com a mesma elasticidade efetiva. Pantoja
(2012) propôs uma abordagem em densidade com emprego de otimização de topologia e análise
de confiabilidade de forma a permitir uma melhora na compreensão de funcionamento do
modelo bem como prover uma ferramenta ao projetista para o processo de concepção do projeto
que leve em conta a probabilidade de falha do modelo durante o processo de otimização.

K.A.T.F. GOUVEIA
26 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

As abordagens pela simples aplicação dos métodos de densidade para obtenção de MET e suas
variações não levam em consideração o caráter discreto das armaduras, gerando elementos
tracionados com variação de espessura ao longo de seu comprimento e não retilíneos. Gaynor,
Guest e Moen (2013) propuseram um método híbrido para obtenção dos caminhos de força em
elementos estruturais de concreto armado, empregando um domínio estendido discretizado com
elementos finitos planos para representar o concreto e uma estrutura base acoplada a essa malha
formada por elementos de treliça plana para representar as barras de aço. O método utiliza um
modelo constitutivo ortotrópico para a representação do concreto e uma relação bilinear do
diagrama de tensão x deformação para ambos os materiais. O processo de otimização proposto
pelos autores envolve simultaneamente os domínios de elementos discreto e contínuo fazendo-
se, assim, a distinção dos caminhos de carga de compressão e tração. Essa abordagem faz,
basicamente, a junção dos métodos de densidade e método da estrutura base, resultando em
armaduras retas, simples e de fácil dimensionamento e caminhos de força comprimidos
formados pela distribuição de material no domínio estendido contínuo cuja representação pode
levar a qualquer topologia, representando bem o concreto.

De modo geral, a otimização da topologia passou por um desenvolvimento notável nos últimos
anos com o surgimento de vários métodos, tanto associados a processos de otimização baseados
em gradientes, como os trabalhos citados até aqui, quanto associados a procedimentos
evolutivos. O método de otimização estrutural evolutiva (em inglês, Evolutionary Structural
Optimization - ESO) surgiu como um ramo importante da otimização de topologia e foi
proposto inicialmente por Xie e Steven (1993), onde conceitualmente uma estrutura evoluiria
para um ótimo através da remoção gradual de elementos com baixa tensão. Como extensão a
esse método Querin, Steven e Xie (1998) deram início ao desenvolvimento da primeira versão
da otimização estrutural evolutiva bidirecional (em inglês, Bi-directional Evolutionary
Structural Optimization - BESO), permitindo a recuperação dos elementos excluídos vizinhos
de elementos altamente tensionados. Um desenvolvimento interessante do método ESO é a
solução convergente e independente da malha para o método BESO proposta por Huang e Xie
(2007), que adicionou um esquema de filtro de sensibilidade e uma estabilização usando as
informações do histórico de sensibilidade. Assim, no campo da otimização de topologia, mesmo
os métodos evolucionários utilizam em algum grau a análise de sensibilidade. Tal constatação
fundamenta a opção deste trabalho por uma abordagem híbrida com procedimento de
otimização tradicional do campo da programação matemática.

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 1


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 27

1.1. OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é construir uma ferramenta numérica para geração automática de
modelos de escoras e tirantes em estruturas de concreto armado utilizando uma formulação
híbrida de otimização de topologia na qual o concreto é representado por elementos planos
associados à densidade de material e o aço é representado por elementos de barra associados à
área da seção transversal. Como objetivos específicos, tem-se:

Estudar e implementar a formulação híbrida (GAYNOR; GUEST; MOEN, 2013) para


validação do código computacional;

Associar o filtro máximo (SANDERS; RAMOS JR.; PAULINO, 2017), para eliminação das
barras finas ao final do processo de otimização e extração da topologia final;

Propor um filtro máximo para os elementos contínuos nos moldes do filtro máximo aplicado
aos elementos discretos;

Analisar variações da formulação com o filtro de sensibilidade e esquemas de projeção.

1.2. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO

O texto deste trabalho é organizado conforme apresentado a seguir. O Capítulo 2 apresenta a


revisão bibliográfica dividida em duas partes. A primeira descreve o método da densidade para
o problema de minimização da flexibilidade média e conceitos acessórios como: o modelo
SIMP (do inglês, Solid Isotropic Material with Penalization); os esquemas de regularização; e
o cálculo das sensibilidades da função objetivo e das restrições em relação às variáveis de
projeto. A segunda parte descreve a formulação elástica do método da estrutura base, também
aplicada ao problema de minimização da flexibilidade média, além de conceitos acessórios
como: a técnica de detecção de equilíbrio baseada na Regularização de Tikhonov (RT); o filtro
máximo para extração de topologias em equilíbrio na otimização de topologia discreta.

No Capítulo 3 é apresentado a metodologia desenvolvida neste trabalho, que parte do método


híbrido (GAYNOR, GUEST; MOEN, 2013) para o problema de minimização da flexibilidade
média, ao qual é acoplado o filtro máximo para os elementos discretos. Este capítulo traz
também propostas para os novos filtros específicos para o método híbrido, com o intuito de
reduzir a porcentagem de densidades intermediárias ao final do processo de otimização.

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 1


28 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

No Capítulo 4 são apresentados os resultados comparativos de aplicações do filtro máximo


proposto e suas variações com exemplos apresentados no artigo de Gaynor, Guest e Moen
(2013) que validam e qualificam a metodologia.

Por fim, o Capítulo 5 apresenta as principais conclusões do trabalho e sugestões para trabalhos
futuros.

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 1


CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo são apresentados os conceitos básicos sobre otimização de topologia necessários
para a aplicação da geração automática de MET. Apresentam-se os fundamentos dos métodos
de densidade, cujos conceitos serão usados neste trabalho para representação do concreto. Nesse
item abordam-se o modelo SIMP utilizado para o associar a densidade relativa, variável de
projeto nos métodos de densidade, às propriedades mecânicas do material e o filtro de
sensibilidade, utilizado para corrigir as instabilidades numéricas características do método.
Abordam-se também os fundamentos do método da estrutura base, que consiste em um método
de otimização de dimensões utilizado para obtenção de layouts estruturais e cujos conceitos
serão usados neste trabalho para a representação do aço no método híbrido. Nesse item
abordam-se a formulação que descreve o problema de minimização da flexibilidade média no
método da estrutura base, a detecção de configurações em equilíbrio na extração da topologia
e o filtro máximo, utilizado para remover elementos finos indesejáveis das soluções de projeto.

2.1. MÉTODOS DE DENSIDADE

A otimização de topologia é o processo que busca obter a melhor performance da estrutura


através da distribuição ótima de material em um domínio de projeto pré-definido (SIGMUND;
MAUTE, 2013). Os métodos de densidade operam em uma região do espaço onde está a
estrutura que se deseja projetar, denominada de domínio estendido (Ω). Essa região é
discretizada para análise estrutural utilizando o método dos elementos finitos (MEF). O objetivo
básico é encontrar, no domínio estendido em estudo, a distribuição de material que minimiza a
função objetivo do problema de otimização sujeito à restrição de volume constante. As variáveis
de projeto são densidades relativas, dadas pela relação entre o volume do material e o volume
do elemento finito. O material sólido é representado pelo valor unitário de densidade e o vazio
pelo valor nulo. As densidades relativas associadas aos elementos, ρe, são as variáveis de projeto
que sofrem alterações durante as iterações do processo por meio de um método de otimização,
obtendo-se a cada iteração uma nova distribuição de material até que o critério de convergência
atribuído seja atendido e se determine então a solução ótima (DEATON; GRANDHI,2014).

K.A.T.F. GOUVEIA
30 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

A Figura 2.1 apresenta um exemplo de aplicação do método de densidade para uma viga MBB
(Messerschmitt – Bölkow – Blohm) apresentada em (a), utilizando o programa educacional
desenvolvido por Sigmund (2001) conhecido por 99 lines. Dada a simetria do problema,
analisa-se apenas a metade da viga, delimitando assim o domínio estendido apresentado em (b).
Parte-se de uma distribuição de densidade uniforme que atende o volume prescrito. Durante o
processo de otimização ocorre a redistribuição de material de uma região para outra, conforme
mostrado na solução intermediária (c), até que se obtenha a topologia final do problema,
representada em (d).

Figura 2.1 – Exemplo de aplicação da abordagem em densidade para otimização de topologia: (a) viga MBB;
(b) domínio estendido; (c) solução intermediária; (d) topologia resultante.

(a)

(b)

(c)

(d)

2.1.1. Formulação elástica aplicada ao problema de minimização da


flexibilidade média

A função objetivo utilizada no método de densidade no presente trabalho é a flexibilidade média


da estrutura. Essa estrutura deve permanecer em equilíbrio e o volume de material deve ser
constante durante todo o processo de otimização. Valores nulos de densidade geram problemas
na solução do sistema de equações no MEF devido à possibilidade de se ter a associação dos

Capítulo 2 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 31

graus de liberdade a valores nulos de rigidez. Este problema é geralmente contornado


estabelecendo um valor mínimo não nulo para a densidade. No entanto, tal valor deve ser
suficientemente pequeno para não afetar significativamente a flexibilidade média da estrutura.

O problema de otimização de topologia com minimização da flexibilidade média é apresentado


na Equação (2.1). As equações de equilíbrio pelo MEF para análise estrutural linear elástica e
o modelo que relaciona a densidade à rigidez do elemento são restrições implícitas do problema,
enquanto que o volume constante e os limites às variáveis de projeto são restrições explícitas:

Obter : ρ
Que minimiza : c (ρ)  f T u
 V (ρ)
  f
Tal que :  V0 (2.1)
0  ρ  ρ  1
 min e

K u  f
Com : 
 Ee  E ( ρe )

onde:

ρ – é o vetor das variáveis de projeto (densidades relativas associadas aos


elementos);

c – é a função objetivo (flexibilidade média da estrutura);

f – é o vetor de forças nodais aplicadas;

u – é o vetor de deslocamentos nodais da malha de elementos finitos;

K – é a matriz de rigidez global da estrutura;

V(ρ) – é o volume total de material;

V0 – é o volume do domínio estendido;

f – é a fração de volume prescrita pelo projetista;

ρe – é a densidade relativa de cada elemento da malha do domínio estendido;

ρmin – é um valor mínimo de densidade, pequeno o suficiente para evitar instabilidade


numérica na etapa de análise estrutural;

Ee – é o módulo de elasticidade do material sólido.

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 2


32 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

As densidades podem variar de forma contínua, evitando o aparecimento de microestruturas


que melhoram o uso do material e causam instabilidades numéricas na implementação
computacional. Ao admitir essa relaxação proposta por Bendsøe (1989), a solução passa a
apresentar “regiões cinzentas”, as quais representam densidades intermediárias. Contornar o
aparecimento dessas regiões fica usualmente a cargo do modelo que descreve a relação entre a
densidade e as propriedades mecânicas da estrutura (BENDSØE; SIGMUND, 1999). Uma das
abordagens mais comuns é o popular modelo SIMP (BENDSØE,1989 e ZHOU; ROZVANY,
1991), mas há outras alternativas, como o modelo RAMP (STOLPE; SVANBERG, 2001) e os
esquemas de projeção (GUEST; PREVOST; BELYTSCHKO; 2004 e ALMEIDA; PAULINO;
SILVA, 2009).

2.1.2. Modelo SIMP

O modelo SIMP (do inglês, Solid Isotropic Material with Penalization), desenvolvido por
Bendsøe (1989) e por Zhou e Rozvany (1991), é um modelo isotrópico para interpolação de
vazios e sólidos favorecendo soluções do tipo sólido / vazio (0 / 1). Dessa forma, as densidades
relacionam-se com as propriedades mecânicas do material, na aplicação mais comum
assumidos como constantes em cada elemento, conforme a Equação (2.2).

E = η( ρ) Ee
(2.2)
η( ρ) = ρ p

onde:

η – é uma função que representa a variação da rigidez com a densidade;

p – é o coeficiente de penalização.

Observa-se na Figura 2.2 que, quanto maior a ordem da função de interpolação, maior a
quantidade de material necessária para o elemento atingir um mesmo valor de rigidez. De
acordo com Bendsøe e Sigmund (2003), o processo de otimização, para problemas de volume
constante apresenta resultados próximos à configuração sólido – vazio (0,1), desde que o
coeficiente de penalização seja suficientemente grande (p ≥ 3), objetivando remover as regiões
de densidades intermediárias.

Capítulo 2 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 33

Figura 2.2 – Modelo SIMP- Relação entre η e ρ


(adaptado de Deaton e Grandhi (2014))

1,0
0,9 p=1
p = 1,5
0,8 p=2
0,7 p=3
p=4
0,6 p=5
0,5


0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

A abordagem com base no elemento é a forma mais utilizada para implementação do método
da densidade utilizando o modelo SIMP. O domínio estendido Ω é discretizado em elementos
finitos para campos de deslocamentos e aproxima ρ como constante em cada elemento, obtendo
assim, uma típica matriz de rigidez do elemento que segundo Christensen e Klarbing (2009)
pode ser escrita na forma:

K e  e p K 0 (2.3)

onde:

Ke – é a matriz de rigidez do elemento corrente;

K0 – é a matriz de rigidez do elemento para material sólido.

Dessa forma é possível reescrever a função objetivo do problema apresentada na Equação (2.1)
em função das contribuições de cada elemento.

N
c(ρ)   ρe p uTe K0 ue
e1 (2.4)

onde:

ue – é o vetor de deslocamentos nodais do elemento;

N – é o número de elementos da malha discretizada.

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 2


34 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

2.1.3. Outros esquemas de interpolação com materiais isotrópicos

Alguns esquemas alternativos de interpolação foram criados a partir do modelo SIMP e


possuem certas características teóricas ou computacionais vantajosas para problemas
específicos (BENDSØE; SIGMUND, 2003). O modelo RAMP (do inglês, Rational
Approximation of Material Properties), proposto por Stolpe e Svanberg (2001) e apresentado
na Equação (2.5), é um desses esquemas alternativos que difere do SIMP por possuir
sensibilidade diferente de zero para densidade nula, sendo formulado com o propósito de
remediar as instabilidades numéricas em situações de densidades muito baixas (DEATON;
GRANDHI,2014). A Figura 2.3 apresenta o gráfico da variação da rigidez (), em relação a
densidade (ρ) no modelo RAMP.

ρ
(ρ) 
1+ q (1-ρ) (2.5)

onde:

q – é o fator que busca a formação de topologias com a configuração vazio-sólido.

Figura 2.3 – Modelo RAMP – Relação entre η e ρ


(adaptado de Deaton e Grandhi (2014))

Outro esquema alternativo é a versão modificada do SIMP proposta por Sigmund (2007), que
inclui uma rigidez mínima independente de penalização. A Equação (2.6) demonstra que o
módulo de Young de um elemento é uma função da variável de projeto do elemento e dada
pelo material isotrópico simplificado modificado com esquema de interpolação de penalização.

Capítulo 2 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 35

Ee  E (e )  Emin  e p  E0  Emin  , e   0,1


(2.6)

onde:

Emin – é a rigidez do material que representa o vazio diferente de zero, a fim de evitar
singularidade da matriz de rigidez;

E0 – é o módulo de Young do material sólido correspondente.

2.1.4. Análise de sensibilidade

Nos métodos baseados em gradientes, a partir da análise de sensibilidade, os algoritmos de


otimização levam a modificações nas variáveis de projeto no processo de otimização. A
sensibilidade da flexibilidade média da estrutura, expressa pela Equação (2.7), em relação à
variável de projeto associada ao elemento e é dada pela Equação (2.8). Explicações adicionais
podem ser obtidas em Christensen e Klarbing (2009).

c (ρ )  f T u (2.7)

c K e
 uTe ue
ρe ρe (2.8)

Utilizando o modelo SIMP, a derivada da matriz de rigidez do elemento (Ke), dada pela
Equação (2.3), em relação à densidade do elemento e é dada pela Equação (2.9).

K e p 1
 p  ρe  K 0
ρe (2.9)

Substituindo a Equação (2.9) na Equação (2.8) a sensibilidade da flexibilidade média da


estrutura em relação à densidade do elemento e é dada pela Equação (2.10).

c p 1
  p  ρe  uTe K 0 u e
ρ e (2.10)

De forma análoga, são apresentadas as equações das derivadas das matrizes de rigidezes e as
sensibilidades da função objetivo do problema utilizando o modelo SIMP modificado (Equação
2.11 e 2.12) e modelo RAMP (Equação 2.13 e 2.14).

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 2


36 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

K e
 p  E0  Emin  ρe p 1 K 0
ρe (2.11)

c
  p  E0  Emin  ρ e p 1 u eT K 0 ue
ρe (2.12)

K e K0 pe K 0 q
 
ρe 1  q(1  pe ) 1  q 1  pe  2
(2.13)

c  K0 pe K 0 q 
  uTe    ue
ρe  1  q(1  pe ) 1  q 1  pe  2 
‘   (2.14)

A restrição de volume de densidade, Rvρ, do problema (2.1) pode ser reescrita como apresentado
na Equação (2.15). Assim, sua sensibilidade em relação à densidade do elemento, e, é
apresentada na Equação (2.16). A sensibilidade das restrições laterais assume valor –1 ou 0 para
a restrição relativa ao limite inferior e 1 ou 0 para a restrição relativa ao limite superior.

Rvρ   ρ e Ve  f V0
(2.15)

Rvρ
 Ve
ρe (2.16)

2.1.5. Esquemas de regularização

Os esquemas de regularização são utilizados em otimização de topologia com a finalidade de


evitar instabilidades numéricas características da técnica, tais como soluções em tabuleiros de
xadrez, soluções em ilha e dependência de malha (SIGMUND, PETERSSON, 1998). A solução
em tabuleiro de xadrez apresenta regiões com alternância de elementos sólidos e vazios, com a
aparência de tabuleiro de xadrez e com uma rigidez artificial que a faz ser escolhida pelo
algoritmo de otimização. A solução em ilha apresenta regiões com material sólido desconectada
das demais regiões sólidas. Já a dependência de malha é caracterizada pelo surgimento de
soluções ótimas qualitativamente diferentes quando é feito um refinamento da malha de uma
mesma estrutura.

Capítulo 2 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 37

2.1.5.1. Filtro de Sensibilidade

O filtro de sensibilidade também conhecido como filtro de independência de malha, foi


proposto por Sigmund (19941 apud SIGMUND, 2001) com o objetivo de modificar a
sensibilidade analítica da função objetivo em relação à densidade de um elemento específico
usando uma média ponderada das sensibilidades relativas aos elementos situados em uma
vizinhança dentro de um raio mínimo de atuação.

Sigmund e Maute (2013) destacam que durante muito tempo, o esquema de filtragem de
sensibilidade foi considerado heurístico, mas os autores provaram que a filtragem de
sensibilidade para problemas de flexibilidade corresponde a minimizar a flexibilidade média de
um problema modelado por uma teoria muito conhecida na mecânica do contínuo denominada
de teoria da elasticidade não-local. Esse filtro ainda é amplamente utilizado em códigos
comerciais e acadêmicos, pela simplicidade na implementação em comparação com as outras
abordagens. Com isso, o esquema de independência de malha funciona modificando
sensibilidades da seguinte forma:


N
c -1 1 c
  ρk  N  Hˆ i ρi
ρ k ρi
 Hˆ i
i=1

i=1 (2.17)

Com:

Hˆ i  rmin  dist ( k,i ),{i  N | dist ( k,i )  rmin }


(2.18)

onde:


c
– é a nova sensibilidade da função objetivo em relação à variável de projeto k;
ρ k

Ĥi – representa o operador de convolução (fator peso) associado à distância entre os


elementos k e i;

1
SIGMUND, O. Design of material structures using topology optimization. Ph.D. Thesis, Department of
Solid Mechanics, Technical University of Denmark, 1994.

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 2


38 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

rmin – é o raio de atuação do filtro;

dist(k,i) – é um operador definido como a distância entre o centro do elemento k e o centro


do elemento i.

A Figura 2.4 ilustra o filtro de sensibilidade aplicado ao elemento k e a contribuição do elemento


vizinho, i, situado dentre de um círculo centrado no elemento k e com raio rmin.

Figura 2.4 - Filtro de sensibilidade.

rmin

k dist(k,i)

Observa-se que o fator peso decai linearmente com o aumento da distância entro do elemento i
ao elemento k e é nulo fora do círculo. Com isso nota-se que a sensibilidade converge para a
sensibilidade original quando o rmin tende ao raio do elemento k. Já quando o mesmo tende ao
infinito todas as sensibilidades serão iguais, resultando assim, em uma distribuição uniforme
do material.

2.1.5.2. Esquema de Projeção com variáveis nodais de projeto

Esquemas de projeção constituem uma alternativa para eliminar as instabilidades numéricas.


Na maior parte das vezes são utilizados com variáveis de projeto, y, associadas aos nós da malha
de elementos finitos. As próprias funções de forma usadas no MEF podem ser usadas para
projetar valores nodais em um espaço de elemento. No entanto, essas funções são por definição
dependentes da malha. Guest, Prévost e Belytschko (2004) propuseram funções de projeção
que fornecem soluções não influenciadas pelo tamanho da malha e que, adicionalmente impõem
uma dimensão mínima aos membros estruturais gerados pela otimização da topologia. As
variáveis de projeto associadas aos nós vizinhos ao elemento de referência e são incluídas na
função de projeção do elemento se tais nós estiverem localizados dentro de um subdomínio

Capítulo 2 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 39

circular, we, com centro coincidente com o centroide do elemento e e raio rmin, conforme
ilustrado na Figura 2.5.

Figura 2.5 - Esquema de projeção.

e
Ωw

rmin w(r) w(rje )

e rje e
j j
e
rj
rmin rmin

Vale salientar que a rotina para identificar os nós localizados dentro de cada subdomínio Ωew é
executada apenas uma vez no início do algoritmo.

Guest, Prévost e Belytschko (2004) propuseram duas funções: uma linear e outra não linear. A
função linear, mais simples, é utilizada no presente trabalho. Assim, o conjunto de nós que
fazem parte do subdomínio Ωew definido por:

X j  ew se rje  X j  Xe  rmin


(2.19)

onde:

Xj – são as coordenadas do nó j;

Xe – são as coordenadas do centro do elemento;

rej – é a distância entre o centro do elemento e e o nó j.

A função peso apresentada na Equação (2.20) possui valor de 1 no centroide do elemento e e


diminui linearmente para 0 ao longo de uma distância rmin, criando essencialmente um cone
com altura unitária e base 2 rmin , como mostrado na Figura 2.5,ou seja:

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 2


40 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

 rmin  rje
 se x j   ew
w (x j  x e )   rmin
 0 se x j  ew
 (2.20)

A função peso é utilizada na ponderação das variáveis nodais yj para avaliar densidade relativa
do elemento e do elemento e, como mostrado na Equação (2.21)

y j w ( X j  Xe )
j ew
e 
 w (X j  Xe )
j ew
(2.21)

Assim, quando se utilizam funções de projeção, o problema de otimização apresentado em (2.1)


assume a forma da Equação (2.22)

Obter : y
Que minimiza : c (y , ρ(y ))  f Tu
V (ρ( y ))
 V  f
Tal que :  0 (2.22)
0  y  y  1
 min j

K u  f
Com : 
 Ee = E (ρ(y ))

A sensibilidade da função objetivo em relação à variável de projeto do nó j é dada pela Equação


(2.23). Já a restrição de volume de densidade, Rvρ,e sua sensibilidade, bem como a sensibilidade
das restrições laterais permanecem inalteradas.

c p 1 ρe
y j
   p ρe  y j 
e ew
  uTe K 0 ue
y j
(2.23)

Onde o termo de derivação na função representa os elementos cujo subdomínio Ωew contém o
nó y, conforme Equação (2.24).

e w ( X j  Xe )

y j  w (X j  Xe )
j ew
(2.24)

Capítulo 2 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 41

2.2. MÉTODO DA ESTRUTURA BASE

O método da estrutura base (em inglês, ground structure method) é uma abordagem numérica
amplamente utilizada em otimização de topologia que redistribui o volume de barras de uma
estrutura base altamente conectada com nós fixos, mantendo o volume total da estrutura
constante. Essa abordagem tem como referência o artigo pioneiro de Dorn, Gomory e
Greenberg (19642, apud OHSAKI,2011).

Esta seção apresenta a formulação elástica clássica comumente utilizada para obtenção de
topologias no método da estrutura base. A Figura 2.6 ilustra a aplicação do método da estrutura
base ao problema de minimização de flexibilidade de uma viga em balanço, apresentada em
(a). A estrutura base é apresentada em (b), o resultado do processo de otimização em (c).
Observa-se que a solução da Figura 2.6(c) apresenta muitas barras finas que pouco contribuem
para rigidez da estrutura. Assim com o intuito de tornar a estrutura aplicável em soluções
práticas, eliminam-se as barras com área inferior a um parâmetro de corte ao final da
otimização, como ilustrado na Figura 2.6 (d).

Figura 2.6 – Exemplo de aplicação do método da estrutura base: (a) viga em balanço; (b) estrutura base inicial;
(c) topologia ao final do processo de otimização, sem corte; (d) topologia extraída após o corte de barras.

L/2

(a) (b)

(c) (d)

2
DORN, W.; GOMORY, R.; GREENBERG, H. Automatic design of optimal structures.
Journal Mecanique, [s.l.], v. 3, n. 1, p. 25-52, 1964.

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 2


42 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

2.2.1. Formulação elástica clássica para o problema de minimização da


flexibilização média

A formulação elástica clássica do método da estrutura base considera as condições de equilíbrio


e de compatibilidade da estrutura (KIRSCH,1993). Ohsaki (2011) descreve o problema de
minimização da flexibilidade média da estrutura com comportamento elástico linear dos
materiais da seguinte forma:

Obter : a
Que minimiza : c(a) = f T u(a)
l Ta - V max  0
Tal que :  min max
0  a j  a j  a j , j  1, 2,..., n
Com K (a) u(a) = f (2.25)

onde:

a – é o vetor das áreas das seções transversais das barras;

l – é o vetor de comprimentos das barras da estrutura;

Vmax – é o valor máximo para o volume de material da estrutura;

aj – é a área da seção transversal do elemento j;

ajmin – é a área mínima da seção transversal do elemento j;

ajmax – é a área máxima da seção transversal do elemento j.

Como no método da densidade, é necessário adotar um valor ajmin diferente de zero a fim de
evitar instabilidades numéricas na solução do sistema de equações da análise estrutural. Assim,
utiliza-se tal valor como limite inferior de área da seção transversal do problema. Christensen
e Klarbring (2009) afirmam que é difícil encontrar um valor adequado para tal limite inferior.
Caso seja utilizado um valor muito pequeno, as equações de equilíbrio serão resolvidas com
grandes erros devido ao mau condicionamento da matriz de rigidez. Em contrapartida, caso seja
utilizado um valor muito grande, barras em posições ineficientes podem vir a ser confundidas
com barras estruturalmente importantes para o equilíbrio da estrutura no processo de eliminação
de barras finas.

A função objetivo do problema (2.25) é uma função implícita das variáveis de projeto e a sua
sensibilidade em relação à área da barra b é obtida de maneira análoga à apresentada para o

Capítulo 2 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 43

método da densidade, resultando na Equação (2.26). Mais explicações podem ser encontradas
em Ohsaki (2011).

c K b
 uTb ub
ab ab (2.26)

K b  ab K 0b
(2.27)

onde:

Kb – é a matriz de rigidez do elemento de treliça b;

ab – é a área da seção transversal da barra b;

K0b – é a matriz básica de rigidez da barra b no sistema global de coordenadas.

c
 u(a)T K 0b u(a) (2.28)
ab

A restrição de volume de área (Rva) e sua sensibilidade em relação às áreas das barras são
apresentadas nas equações (2.29) e (2.30) respectivamente. A sensibilidade das restrições
laterais assume valor –1 ou 0 para a restrição relativa ao limite inferior e 1 ou 0 para a restrição
relativa ao limite superior, i.e.:

Rva   lb ab - V max
(2.29)

Rva
 lb
a b (2.30)

2.2.2. Extração da topologia com corte

A Figura 2.7 ilustra soluções do problema proposto na Figura 2.6 (a) para diferentes níveis de
corte. Na Figura 2.7 (a) apresenta-se uma topologia extraída em que o equilíbrio global é
atendido e na Figura 2.7 (b) apresenta-se uma topologia extraída hipostática, na qual os nós
destacados não apresentam colinearidade com seus nós adjacentes.

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 2


44 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

Figura 2.7 – Exemplos de topologia extraída para a viga em balanço usando diferentes níveis de corte:
(a) Topologia em equilíbrio; (b) Topologia hipostática.

(a) (b)

2.2.3. Detecção de configuração de equilíbrio na extração da topologia

A Equação (2.31) representa as equações de equilíbrio da estrutura. A eliminação de barras


finas para extração de uma topologia pode resultar em uma estrutura hipostática ou em uma
estrutura em equilíbrio. Assim, pode-se representar o sistema de equações de equilíbrio da
topologia extraída por meio da Equação (2.32), em que o vetor de deslocamentos da topologia
é composto por uma parcela particular, up, e uma parcela homogênea, uh.

K u=f (2.31)

u  u p  uh
(2.32)

onde:

up – é a solução particular do vetor de deslocamentos nodais da estrutura otimizada;

uh – é a solução homogênea do vetor de deslocamentos nodais da estrutura otimizada;./

Se a topologia extraída estiver em equilíbrio, a solução homogênea uh é nula e o deslocamento


total é composto somente pela parcela particular. Porém, se a estrutura não estiver em
equilíbrio, o sistema de equações (2.31) não tem solução única, a Equação (2.32) representa
várias possibilidades de deslocamento e não é possível obter a inversa da matriz de rigidez pelos
processos convencionais. Ramos Jr. e Paulino (2016) estudaram vários métodos para detecção
de configurações hipostáticas e concluíram que a regularização de Tikhonov (RT) aplicada ao
funcional de energia da estrutura apresenta maior sensibilidade tanto em relação aos

Capítulo 2 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 45

deslocamentos quanto em relação à variação na flexibilidade média da estrutura. A RT aplicada


a uma função qualquer f é representada genericamente na Equação (2.33).

f r (u )  f (u )   u T u (2.33)

onde:

f(u) – é a função ou o funcional que precisa ser regularizado;

fr(u) – é a função regularizada;

λ – parâmetro de regularização de Tikhonov.

Aplicando-se, conforme descrito por Ramos Jr e Paulino (2016), a RT ao funcional de energia


apresentado na Equação (2.34), obtém-se o funcional regularizado apresentado na Equação
(2.35). A minimização do funcional de energia regularizado conduz ao sistema de equações
apresentado na Equação (2.36).

1 T
 (u ) = u K u  uT f
2 (2.34)

 1 T 
 R (u )=  (u )+ u Tu  u Ku  u T f  u T u
2 2 2 (2.35)

K   I u p f
(2.36)

Dentro deste contexto, o parâmetro , apresentado nas Equações (2.33) a (2.36), é um número
pequeno em comparação com os demais termos da matriz de rigidez. Ramos Jr. e Paulino
(2016) sugerem que seja adotado um valor entre 10-8 e 10-12 multiplicado pela média dos valores
da diagonal da matriz de rigidez (K).

Caso a topologia extraída esteja em equilíbrio, a solução up obtida pela solução do sistema de
equações (2.34) também é solução total do sistema de equações (2.31). Assim considera-se que
a topologia está em equilíbrio se atende à verificação (2.37), caso contrário up é uma parcela do
deslocamento total apresentando, portanto, um resíduo, ou seja:.

K u-f  f
(2.37)

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 2


46 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

onde:

α – é uma tolerância para atestar numericamente o equilíbrio da topologia.

2.2.4. Filtro máximo

O uso do método da estrutura base para otimização de topologia geralmente leva a geometrias
altamente complexas para se executar na prática, por isso tem-se a necessidade de se fazer a
filtragem dos membros considerados desnecessários para se obter uma topologia final com
aplicabilidade prática. Ramos Jr. e Paulino (2016) introduziram o chamado filtro constante,
representado matematicamente pela Equação (2.38) e que consiste basicamente em aplicar a
extração da topologia durante o processo de otimização, verificando seu equilíbrio com uso da
RT aplicado ao funcional de energia.

 aj
0 se f
a j  Filtro(a,  f )   max(a)
a outro
 j (2.38)

onde:

f – é o parâmetro que define a abrangência do filtro aplicado.

Como observado por Ramos Jr e Paulino (2016), a extração da topologia geralmente provoca
acréscimo no valor da flexibilidade média da estrutura. Esse acréscimo pode ser limitado
juntamente com a aplicação do filtro constante. O problema de otimização fica então definido
como em (2.39).

Obter : a
Que minimiza : c(a) = f T u(a)
T max
l a - V  0
Tal que :  max
0  a j  a j
Com a j  Filtro (a,  f )

e min  (u (a)) + u(a)T u(a)
u 2 (2.39)

O filtro constante permitiu retirar o limite inferior imposto às áreas das barras na formulação
apresentada em (2.25) e a obtenção de topologias sem a presença de barras finas ao final do

Capítulo 2 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 47

processo de otimização. No entanto, é necessário que o projetista forneça o parâmetro f da


Equação (2.38), o que pode constituir uma dificuldade dependendo da estrutura. Assim,
Sanders, Ramos Jr. e Paulino (2017) propuseram o chamado filtro máximo, com o objetivo de
buscar o maior valor possível para o parâmetro f em cada aplicação do filtro que garanta que
a topologia extraída satisfaça o equilíbrio global. Como mostra a Figura 2.8, trata-se
basicamente de um processo de bisseção em que os limites de busca são o valor nulo e a
unidade.

Figura 2.8 – Fluxograma para encontrar o máximo valor de filtro


(adaptado de Sanders, Ramos Jr. e Paulino (2017))

-
f
= 0.0
+
f
= 1.0
- +
ak f f f
)/2 a kfilt= Filtro(a k f
) Análise
eq
f
= 0.0
eq
f
= 1.0

C kfilt =(C k - C kupd )/C k-1

eq -4
f
?,
Análise C k k
=(C - C k
)/C k-1 R Sim
filt upd
e
C < C Tol?
eq
f f

Não

a kfilt
eq eq
| R
f f f Sim
a kfilt= Filtro(a k ) eq - e
f f f f f
- +
)/2 C < CTol?
f f f

+
f f Não
- +
f f f
)/2

Assim como no filtro constante, é possível controlar o acréscimo na flexibilidade média


resultante da extração da topologia com a introdução de um parâmetro de controle (Ctol),
conforme descrito na Equação (2.40) e ilustrado na Figura 2.9, i.e.:

k
C k  Cupd
k

C filt   CTol
C k 1 (2.40)

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 2


48 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

onde:

Ck – é a função objetivo ao final da iteração k;

Ckupd – é a função objetivo após a atualização das variáveis de projeto na iteração corrente k;

Ck-1 – é a função objetivo ao final da iteração k-1.

Figura 2.9 – Variação da função objetivo no Filtro Máximo


(adaptado de Sanders, Ramos Jr. e Paulino (2017))

c
Ck

(C k-1 Ck

C k-1 a
(C k-1 C kupd
k
C upd
b (C k-1 C kfilt < CTol

k-1 k Iteração

Convergência
Caminho intermediário

O filtro máximo reduz o número de variáveis de projeto. Por outro lado, a busca pelo maior
valor de filtro tem um custo computacional significativo. Sanders, Ramos Jr e Paulino apontam
que não é necessário que o filtro máximo seja implementado em todas as iterações do processo
de otimização. Ressaltam também que, mesmo com a utilização do filtro máximo, é possível
que a topologia final ainda contenha barras finas e recomendam um pós-processamento usando
o filtro máximo final com valor menor após a conclusão do processo de otimização.

Capítulo 2 K.A.T.F. GOUVEIA


CAPÍTULO 3
METODOLOGIA

Este capítulo apresenta a metodologia desenvolvida neste trabalho, que propõe uma técnica de
otimização híbrida para obtenção automática de modelos de escoras e tirantes em estruturas de
concreto armado. Nesse modelo elementos de treliça representam barras aço discretas
(caminhos de carga de tração), enquanto os elementos contínuos representam o concreto
(caminhos de carga de compressão). Apresenta-se, primeiramente, o conceito do Método
Híbrido proposto por Gaynor, Guest e Moen (2013). Em seguida, apresentam-se os modelos
dos materiais a serem empregados, as formulações do método para o problema de minimização
da flexibilidade e os procedimentos computacionais envolvidos. Por fim apresenta-se uma
proposta de filtro para os elementos de estado plano, associados às densidades de material.

3.1. MÉTODO HÍBRIDO

O método da densidade (MD) e o método da estrutura base (MEB) são exemplos,


respectivamente, de otimização de topologia com representação contínua e discreta do domínio
de projeto. Uma das desvantagens do MEB é que as soluções dependem da estrutura base
adotada e, assim, as possibilidades de fluxo de força são involuntariamente limitadas pelo
projetista ao definir as localizações de nós e as orientações de elementos do modelo. O método
da densidade, por outro lado, oferece uma possibilidade livre de formação do fluxo de força em
uma estrutura. No entanto, demanda um pós-processamento para definir as regiões tracionadas
como barras discretas para o dimensionamento de aço e assim produzir representações que
sejam executáveis em um elemento de concreto armado.

Gaynor, Guest e Moen (2013) propuseram um método híbrido que tem como princípio
combinar uma representação contínua com uma representação discreta do domínio estendido,
sendo a primeira destinada a representar o concreto e a segunda a representar o aço. Pretende-
se assim chegar a soluções consistentes de modelos de escoras e tirantes que ajudem o projetista
a entender o fluxo de forças em um elemento de concreto armado, fornecendo um layout
preliminar do modelo a ser usado no dimensionamento.

K.A.T.F. GOUVEIA
50 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

O domínio estendido é discretizado com uma malha híbrida conforme ilustrado na Figura 3.1.
Uma malha de elementos finitos planos (Ωc) é utilizada para representar o domínio estendido e
associada ao material concreto. Uma malha de elementos de treliça (Ωt) é utilizada para
representar o posicionamento das barras de aço e é conectada à primeira malha. A malha de
elementos finitos planos é mais refinada, pois representam porções pequenas do domínio
estendido de concreto. Já a malha de elementos de treliça deve ser mais esparsa, onde o nível
de conectividade determina o grau de interconexão da estrutura base inicial. No presente
trabalho foi adotado um nível igual a 2, que permitirá a criação de barras até os nós vizinhos
dos vizinhos. A transferência de forças ocorre nos nós compartilhados de ambas as malhas.Vale
ressaltar que o uso da estrutura base mais densa geraria configurações de barras de aço mais
complexas se comparado com a configuração que uma estrutura base com nível de
conectividade menor produziria (GAYNOR; GUEST; MOEN, 2013). Isso pode ser verificado
no trabalho de Moraes (2017).

Figura 3.1 – Exemplo de domínio de projeto com malha híbrida


(adaptado de Gaynor, Guest e Moen (2013)).

Ωc

Ωt

3.1.1. Modelo do material

Neste trabalho os diagramas tensão x deformação do concreto e do aço são representados por
relações bilineares, como apresentado na Figura 3.2. A fim de forçar que as linhas de força de
tração sejam representadas exclusivamente pelos elementos de treliça, admite-se um valor nulo
para o módulo de elasticidade em compressão. A fim de forçar que as linhas de força de

Capítulo 3 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 51

compressão sejam representadas preferencialmente pelos elementos planos, admite-se um valor


pequeno para o módulo de elasticidade em tração.

Guest, Gaynor e Moen (2013) ressaltam que não é adequado adotar um módulo de elasticidade
nulo em tração para os elementos planos que representam o concreto, pois a definição da
estrutura base pode não representar algum caminho de força em tração e isso implicaria em
instabilidades numéricas na solução do sistema de equações da análise estrutural. Ressalta-se
aqui que, o aparecimento de uma grande quantidade de elementos tracionados na malha de
densidade pode ser resolvido com uma nova estrutura base.

Figura 3.2 – Relações tensão-deformação para: (a) concreto (b) aço.

σ (MPa) 30

25

20

15
(a)
10

-0.15 -0.10 -0.05 0 0.05 0.10 0.15


ε (*10-3)
-5

σ (MPa) 30

25

20

15
(b)
10

-0.15 -0.10 -0.05 0 0.05 0.10 0.15


ε (*10-3)
-5

A matriz de rigidez da topologia híbrida é dada pela soma das contribuições das matrizes de
rigidez dos elementos contínuos e discretos. As barras são elementos que carregam apenas
forças axiais cuja matriz de rigidez (Kb) pode ser escrita em função de uma parcela básica (K0b),
que carrega as informações que não variam durante o processo de otimização tais como

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 3


52 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

comprimento e orientação das barras, multiplicada pela variáveis que se alteram durante o
processo, conforme expresso na Equação (3.1).

K b  E b (a b ) ab K 0 b (3.1)

onde:

Kb – é a matriz de rigidez do elemento de treliça b;

ab – é a área da seção transversal da barra b;

Eb – é o módulo de elasticidade da barra b;

K0b – é a matriz básica de rigidez do elemento b de treliça no sistema global de


coordenadas;

Já a matriz de rigidez dos elementos contínuos (Kc), é calculada considerando um modelo


constitutivo ortotrópico para a representação do concreto adaptado da porção elástica bilinear
de um modelo proposto por Darwin e Pecknold (1977) conforme descrito na Equação (3.2),
caso seja utilizado o modelo SIMP original apresentado em (2.2), e na Equação (3.3), caso seja
utilizada a alteração no modelo SIMP apresentada em (2.6).

Kc = ρe p  BeT Ece (e ) Be dV (3.2)

  
Kc =  BeT Emin  e p Ece (e )  Emin Be dV (3.3)

onde:

Kc – é a matriz de rigidez do elemento contínuo;

e – é densidade de material do elemento e;

p – é o coeficiente de penalização do modelo SIMP;

Be – é a matriz de compatibilidade cinemática nodal;

E ce – é a matriz constitutiva elástica

e – é a tensão normal principal.

Esse modelo combina os vários módulos de elasticidade em função das tensões normais
principais, podendo ser facilmente incorporado em procedimentos de análise numérica padrão

Capítulo 3 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 53

onde a matriz constitutiva elástica para concreto segundo o modelo ortotrópico (Eep) é definida
no sistema de coordenadas principais de tensão conforme a Equação (3.4).

 
 Ee1  ef Ee Ee
1 2
0 
1  
Eep =  ef Ee1 Ee2 Ee2 0 
1- ef 2  
 1 

0 0
4

Ee1  Ee2  2  ef Ee1 Ee2   (3.4)

Onde o νef é o coeficiente de Poisson equivalente, definido como:

 ef   e1  e 2
(3.5)

Os subscritos 1 e 2 denotam os eixos de tensões principais, conforme exposto na Equação (3.6).

Eei  Ect ,  e i   ct se  e i  0
Eei  Ecc ,  e i   cc se  e i  0
(3.6)

onde:

Ect – é o módulo de elasticidade do concreto em tração;

Ecc – é o módulo de elasticidade do concreto em compressão;

νct – é o coeficiente de Poisson do concreto em tração;

νcc – é o coeficiente de Poisson do concreto em compressão;

Eei – é o módulo de elasticidade do elemento e na direção principal i;

ei – é o coeficiente de Poisson do elemento e na direção principal i;

 ei – é a tensão normal do elemento e na direção principal i.

O coeficiente de Poisson do concreto à tração é calculado conforme a Equação (3.7).

Ect
 ct   cc
Ecc (3.7)

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 3


54 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

Para calcular a matriz constitutiva elástica (Ece) e determinar a matriz de rigidez (Ke) definida
na Equação (3.2) faz-se a rotação do sistema coordenada principal para o sistema de coordenada
global segundo a Equação (3.8).

E ce  Q T E e p Q
(3.8)

Sendo Q a matriz de transformação de coordenadas calculada como:

 cos 2 (θ) sin 2 (θ) 2 cos(θ) sin(θ) 


 2 2 
Q   sin (θ) cos (θ) -2 cos(θ) sin(θ) 
 -cos(θ) sin(θ) cos(θ) sin(θ) cos 2 (θ) - sin 2 (θ) 
  (3.9)

Onde θ é a orientação dos planos principais de deformação segundo a Equação (3.10).

1   
θ tan 1  xy  (3.10)
2   
 x y 

onde:

x – é a deformação normal em relação ao eixo x;

y – é a deformação normal em relação ao eixo y;

γxy – é a deformação cisalhante normal ao plano do eixo x segundo a direção do eixo y;

As tensões principais de tração e compressão dos elementos contínuos são obtidas conforme a
Equação (3.11). O módulo de elasticidade a ser associado ao elemento depende da tensão
principal máxima, se de tração ou de compressão conforme a Figura 3.2(a).

2
x  y    y 
e    x    xy
2
max
min
2  2  (3.11)

onde:

x – é a tensão normal em relação ao eixo x;

y – é a tensão normal em relação ao eixo y;

Capítulo 3 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 55

xy – é a tensão cisalhante normal ao plano do eixo x segundo a direção do eixo y;

e max – é a tensão normal principal máxima;

e min – é a tensão normal principal mínima.

No caso dos elementos discretos, a tensão na barra é calculada pela Equação (3.12) e a partir
dela é determinado o módulo de elasticidade empregado conforme a Figura 3.2(b).

fb
b  (3.12)
m
ab

onde:

b m – tensão normal média;

fb – resultante da força normal aplicada na barra;

ab – área da seção transversal da barra.

3.1.2. Formulação do método híbrido para o problema de minimização


da flexibilização média com uma única restrição de volume

O problema de otimização de topologia com o método híbrido formulado para o problema de


minimização da flexibilidade média da estrutura é descrito na Equação (3.13):

Obter : x =  a ; ρ( y ) 
Que minimiza : c ( a,ρ(y )) = f T u
  lb T ab +  ρ eVe = V max
bt ec
 max
Tal que : 0  ab  ab  b  t
0  ρ  1  e   (3.13)
e c


K ( a,ρ(y )) u = f
 E (a)
Com  b
 E (  ) = E   p  E  E  ,    0,1
 e e min e 0 min e

Observa-se que a restrição de volume é compartilhada entre a treliça e a topologia contínua.


Esta abordagem otimiza simultaneamente os domínios de elementos discretos e contínuos para
encontrar trajetórias de carga de tração representadas por elementos de treliça e caminhos de

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 3


56 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

carga de compressão representadas por elementos contínuos. Na implementação realizada neste


trabalho faz-se a normalização das variáveis de projeto associadas à área das barras para que
estas tenham a mesma ordem de grandeza das densidades, conforme a Equação (3.14).

a
ρa 
a max
(3.14)

onde:

ρa – pseudodensidade de área;

amax – Limite de restrição máxima de área no método da estrutura base.

Consequentemente as sensibilidades da função objetivo e da restrição de volume em relação a


densidade permanecem inalteradas enquanto as sensibilidades em relação a área tornam-se,
respectivamente:

c
 u(ρa)T K 0 u(ρa) amax
ρa j
(3.15)

Rvρa
 l T amax
ρa j
(3.16)

As sensibilidades das restrições laterais assumem valores –1, 0 ou 1, dependendo se se trata das
restrições relativas ao limite inferior (–1 ou 0) ou das restrições relativa ao limite superior (1 ou
0).

Gaynor, Guest e Moen (2013) não apresentam nenhuma estratégia para a remoção de barras
finas eventualmente remanescentes, o que provavelmente indica a utilização de um corte
simples ao final do processo de otimização. Neste trabalho, utiliza-se o filtro máximo
(SANDERS, RAMOS JR; PAULINO, 2017) como filtro final do processo de otimização. E
durante o processo utiliza-se o filtro de sensibilidade ou o esquema de projeção linear. Este
trabalho apresenta também uma proposta de extensão dos conceitos do filtro máximo para os
elementos contínuosa ser aplicado durante o processo de otimização fazendo a análise da
necessidade de sua implentação associado a um esquema de regularização.

Capítulo 3 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 57

3.2. FILTRO ESPECÍFICO PARA O MODELO HÍBRIDO

De forma similar a otimização estrutural evolutiva (ESO), método desenvolvido por Xie e
Steven (1993), o filtro proposto tem por objetivo remover o material ineficiente de uma
estrutura eliminando a maior porcentagem possível de elementos de estado plano com
densidades intermediárias associados às densidades de material. Esta proposta é apresentada na
Equação (3.17) nos moldes do filtro máximo para os elementos discretos conforme a Equação
(2.38).

 j
0 se  
 j  Filtro (ρ,   )   max(ρ) (3.17)
 caso contrário
 j

onde:

αρ – é um parâmetro de filtro máximo de densidade.

Um dos problemas da extensão dos conceitos do filtro máximo concebido para elementos
discretos para elementos contínuos é a possível grande violação da restrição de volume
mantendo o equilíbrio da estrutura. Assim, é necessário um controle adicional sobre a restrição
de volume de forma semelhante ao feito para a função objetivo. Esse processo de filtragem é
definido por duas etapas como ilustrado na Figura 3.3, que apresenta o fluxograma para
encontrar o máximo valor de filtro de elementos contínuos associados à densidade para o
método híbrido de estruturas com modelo constitutivo ortotrópico.

Ambas etapas, são processos de bisseção, sendo a primeira, uma busca do maior valor do
parâmetro ρ que pode ser aplicado desde que a relação entre o volume total de material e o
volume da topologia final (Vt) atenda um limite de deterioração do volume filtrado (Vf) e a
variação do filtro (Δ ) atenda uma tolerância para a violação da restrição de volume durante
a filtragem conforme Equação (3.18).

V (ρ)
>Vf
Vt
Δvρ  αv  αρ  VTol
(3.18)

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 3


58 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

onde:

ρ – é um parâmetro de filtro máximo de densidade.

v – . é um parâmetro de filtro de equilíbrio de densidade

VTol – tolerância para a violação da restrição de volume durante a filtragem.

O valor de Vf deve ser o mais próximo possível da unidade, a fim de que a restrição de volume
sofra menor violação possível. No presente trabalho Vf adotado é igual a 0,98 do volume do
contínuo (concreto) na presente iteração e o valor 10-2 para a tolerância VTol.

Capítulo 3 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 59

Figura 3.3 – Fluxograma para encontrar o máximo valor de filtro de elementos contínuos associados à densidade
para o método híbrido proposta neste trabalho.

ρk

-
ρ
= 0.0 Sim v
+ = 1.0 ρ = 0.0
ρ
v +
ρ
= ρ ρ kfilt= Filtro(ρ k )
ρ

+ -
ρ
v
= ρ ρ
)
Não

Análise

v -2
ρ
? Sim
Análise e
vcflg=true?

Sim
v v
| R v
ρ ρ ρ Se vcflg=true Não ρ ρ
ρ kfilt= Filtro(ρ k ) v , -
ρ ρ ρ
-
ρ
+
ρ Não
ρ ρ ρ
)/2
Senão eq + -
)
ρ = ρ ρ
+ eq
ρ kfilt
ρ ρ ρ
- +
ρ ρ ρ
)/2 ρ ρ
-
ρ
)/2

Análise ρ kfilt= Filtro(ρ k ρ


)

∆C kfilt =(C k - C kupd )/C k-1

∆αρeq ≤ 10-4?,
Análise ∆C k k
=(C - C k
)/C k-1 R≤ ρ? Sim
filt upd
e
∆C < CTol?

αρeq = αρ
Não

ρ kfilt
∆αρeq = |αρeq - αρ| R ≤ ρ?
Sim e
ρ kfilt= Filtro(ρ k ρ
) αρeq = αρ αρ- = αρ
αρ = (αρ- + αρ+)/2 ∆C < CTol?

αρ + = αρ Não
αρ = (αρ- +αρ+)/2

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 3


60 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

Os limites de busca para o método híbrido são o valor nulo e a unidade, onde o valor de filtro
igual a zero equivale à estrutura híbrida com o volume correspondente a iteração analisada,
enquanto o valor do limite máximo do filtro na implementação, equivale a uma estrutura com
material de densidade quase sólido com a eliminação de uma grande porcentagem de
densidades intermediárias na otimização. Esse limite de busca é alterado na implementação do
filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção devido à grande erosão
de volume, implementando assim um filtro entre o valor nulo e 70% do valor máximo de
densidade analisado na presente iteração.

Assim, o valor do primeiro filtro aplicado à solução corrente é igual ao maior limite de filtro
máximo de densidade correspondente. Para o valor de filtro corrente, verifica-se a topologia
obtida quanto a fração de volume filtrada e faz-se as devidas atualizações das variáveis
correspondentes ao filtro máximo e aos limites inferior e superior do novo intervalo de busca.
Esse processo se repete até que a diferença entre o filtro máximo e o novo filtro a ser testado
(Δ ) seja menor que VTol (ver Equação (3.17)).

Encontrado o valor do filtro máximo de densidade na primeira etapa do processo, a topologia


extraída deve estar em equilíbrio. Caso a estrutura não esteja em equilíbrio o filtro passa para a
segunda etapa, sendo esse, o mesmo processo de filtragem do filtro máximo do método da
estrutura base, porém com o limite superior do filtro igual ao filtro encontrado na primeira etapa
do processo.

O usuário do filtro máximo de densidade pode ainda definir um número de iterações em que o
filtro é aplicado (Nfd). Assim, se o parâmetro Nfd for 1, o processo da bisseção é aplicado em
todas as iterações; caso contrário, aplica-se apenas o problema de otimização sem a etapa de
Filtro. Esse processo de filtragem dos elementos contínuos ocorre após a atualização das
variáveis de projeto e anterior a aplicação do filtro máximo dos elementos de treliça.

Capítulo 3 K.A.T.F. GOUVEIA


CAPÍTULO 4
RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados exemplos da aplicação do modelo híbrido associado ao filtro
máximo de densidade proposto neste trabalho e descrito no Capítulo 3. Para efeito de
comparação são apresentados também os resultados obtidos com outras técnicas de
regularização encontradas na literatura e descritas no Capítulo 2. São analisadas: uma viga
MBB; uma viga parede com furo e recorte; e uma transversina. São também apresentadas
algumas variações do caso da viga parede.

Todos os problemas são resolvidos usando elementos finitos planos quadrados com quatro nós
Q4 na malha contínua e modelo constitutivo ortotrópico. O fator de penalidade do modelo SIMP
modificado é igual a 3, Emin igual 10-9, raio do filtro de sensibilidade ou da projeção rmin igual
1,5 vezes o comprimento do elemento quadrado da malha contínua e o parâmetro que multiplica
a media dos elementos da diagonal da matriz de rigidez na regularização de Tikhonov (λ0) varia
de acordo com cada exemplo, com nível de conectividade igual a 2 para a malha discreta. O
coeficiente de Poisson ν dos elementos contínuos é 0,20, os módulos de Young para aço são
200 GPa em tração e zero em compressão, enquanto os módulos para concreto são 24,9 GPa
em compressão e 2,0 GPa em tração. O parâmetro de controle da fração de volume filtrada (Vf)
é de 0,98 e Nfd igual 5. A convergência do processo de otimização é alcançada quando a
mudança relativa na norma das variáveis de design em iterações consecutivas é inferior a 0,1%.

4.1. EXEMPLO 1 – VIGA MBB

O Exemplo 1 visa ilustrar a eficiência da aplicação do filtro máximo de densidade, proposto


neste trabalho. Para tal, estuda-se a viga biapoiada MBB apresentada na Figura 4.1. O domínio
da estrutura, exibido na Figura 4.1(a) com uma carga pontual de P = 100 kN no ponto médio
da viga e dimensões com L = 5 m. O problema foi resolvido para uma malha contínua com
3600 elementos quadrados e uma malha de treliça com elementos de 270 barras apresentados
na Fig. 4.1 (b). A fração de volume prescrita é 55% do volume do domínio de projeto.

K.A.T.F. GOUVEIA
62 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

Figura 4.1 -viga MBB : (a) domínio de projeto; b) Malha híbrida.

H=L/4

L/2
L

(a)

(b)

A Figura 4.2 apresenta as topologias obtidas com o filtro máximo aplicado sobre os elementos
discretos em associação com o filtro de sensibilidade (a), com o esquema de projeção (b) e com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto (c) para os elementos contínuos. Nessa figura
assim como nas topologias apresentadas nos exemplos seguintes os fluxos de tensões de
compressão são representados na cor vermelha e os fluxos de tração representados por barras
na cor azul. Na otimização com o filtro de sensibilidade e com o esquema de projeção λ0 assume
o valor de 10 -12, já no filtro máximo de densidade proposto utilizou-se o valor de 10 -8. Essa
diferença se deve a uma maior sensibilidade em relação à regularização de Tikhonov no caso
da malha contínua.

É possível observar que as topologias da Figura 4.2, diferem umas das outras quanto ao layout.
especialmente no fluxo de tensões de compressão. No caso em que foi aplicado o filtro máximo
de densidade proposto há uma maior diferenciação com surgimento de elementos tracionados
na malha contínua, principalmente nos pontos de encontro com as barras tracionadas e o
aparecimento de pequenas regiões de concreto tracionado, fato justificado pelo aparecimento
de concentração de tensões nos nós de transição de fluxo de tração/compressão e regiões onde

Capítulo 4 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 63

ocorreu a eliminação de barras durante a filtragem. Observa-se também o surgimento de alguns


vazios no interior das regiões comprimidas.

Figura 4.2 – Topologias obtidas do exemplo da viga MBB: (a) resultado obtido com o filtro de sensibilidade;
(b) resultado obtido com o esquema de projeção; (c) resultado obtido com aplicação do filtro máximo de
densidade proposto.

(a)

(b)

(c)

Apesar das otimizações com aplicação do esquema de projeção e do filtro máximo proposto
possuir uma semelhança topológica, as variações nos valores das densidades estão mascaradas
pela gradação de cores das figuras. Dessa forma são também apresentados os gráficos de
densidade das topologias obtidas na Figura 4.3 e os resultados de porcentagem de densidades
intermediárias, flexibilidade média da estrutura e tempo de processamento referentes na Tabela
4.1.

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 4


64 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

Figura 4.3 – Gráficos de densidade das topologias apresentadas na Figura 4.2: (a) com o filtro de sensibilidade;
(b) com o esquema de projeção; (c) obtido com aplicação do filtro máximo de densidade proposto.

(a)

(b)

(c)

Capítulo 4 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 65

Tabela 4.1 – Resultados das topologias da Figura 4.2

Filtro
Filtro de Esquema de
máximo
sensibilidade projeção
proposto
% Densidade intermediárias (D<0.1) 6,62% 0,99% 0,00%
% Densidade intermediárias
19,20% 30,20% 2,97%
(0.1<D<0.9)
% Densidade intermediárias (D>0.9) 74,17% 68,79% 97,03%
Flexibilidade média da estrutura 23,90 N.m 21,00 N.m 20,80 N.m
Tempo de processamento 2h 24min 5s 1h 7min 58s 35min 29s

Avaliando a Figura 4.3 e a Tabela 4.1 é possível observar que:

1. Na análise dos gráficos de densidade das topologias (Figura 4.3) já é perceptível a melhora
na distribuição de densidade quando comparado à aplicação do filtro máximo de densidade
proposto às outras aplicações.

2. Os resultados expostos na Tabela 4.1 confirmam de forma detalhada o que pôde ser visto
nos gráficos de distribuição de densidades da Figura 4.3. Nesse exemplo a estrutura final
obtida pelo filtro proposto foi a que mais se aproximou da topologia ótima na forma
sólido/vazio, possuindo 97,03 % de material com densidade maior de 0,9, praticamente 1
(sólido). Apresentou ainda uma maior semelhança com o layout do esquema de projeção
quando comparado ao layout da otimização com aplicação do filtro de sensibilidade.

3. A remoção das densidades intermediárias da topologia final tornou a estrutura mais rígida
diminuindo ligeiramente o resultado da flexibilidade.

4. O tempo de processamento da topologia da análise com aplicação do filtro máximo de


densidade proposto foi menor quando comparados com as análises do filtro de sensibilidade
e do esquema de projeção. Vale ressaltar que apenas a otimização com o filtro proposto
atendeu ao critério de convergência enquanto as outras topologias foram obtidas por
atingirem o número máximo de iterações.

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 4


66 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

4.2. EXEMPLO 2 - TRANSVERSINA

No Exemplo 2 foi feita a análise da eficiência da aplicação do filtro máximo de densidade em


detrimento da aplicação do mesmo associado ao esquema de projeção. No Exemplo 1 a
porcentagem de densidades intermediárias apresentam pouca diferença em relação ao filtro
de sensibilidade porém com uma maior semelhança no fluxo de tensões da topologia final com
o filtro máximo proposto e um tempo de processamento consideravelmente menor, justificando
assim a escolha do processo de otimização para comparação A estrutura exemplificada é de
uma transversina apresentada na Figura 4.4 (a) com tamanho L = 12 m e cargas pontuais
P = 100 kN. O problema foi resolvido para uma malha contínua com 7708 elementos quadrados
e uma malha de treliça com 1588 elementos de barra apresentados na Figura 4.4 (b). A fração
de volume prescrita é de 50% do volume de o domínio de projeto.

Figura 4.4 –Transversina: (a) domínio de projeto; b) Malha híbrida.

L
L/3 L/3 L/3
P P L/6 P P

1
5

H=3L/4

(a)

(b)

Capítulo 4 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 67

A Figura 4.5 apresenta as topologias obtidas com com aplicação do filtro máximo de densidade
proposto associado ao esquema de projeção (a) e com aplicação do filtro máximo de densidade
proposto (b). Em ambos os casos o coeficiente λ0 usado na RT assume o valor de 10-7.

Figura 4.5 – Topologias obtidas do exemplo da Transversina: (a) resultado obtido com aplicação do filtro
máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção; (b) resultado obtido com aplicação do
filtro máximo de densidade proposto.

(a)

(b)

O resultado das topologias da transversina apresentada na Figura 4.5, demonstra que a estrutura
em que foi aplicado somente o filtro máximo de densidade proposto (b) possui diferenciação
maior no fluxo de tensões compressivas quando comparado com o exemplo da Figura 4.5 (a),
devido à filtragem dos elementos de densidades intermediárias. De forma semelhante ao

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 4


68 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

exemplo 1 da viga MBB, há o surgimento de alguns vazios no interior das zonas comprimidas
e há o aparecimento de pequenas regiões de concreto tracionado.

Dessa forma são também apresentados os gráficos de densidade das topologias obtidas na
Figura 4.6 e os resultados de porcentagem de densidades intermediarias, flexibilidade média da
estrutura e tempo de processamento referentes na Tabela 4.2.

Figura 4.6 – Gráficos de densidade das topologias apresentadas na Figura 4.5: (a) com aplicação do filtro
máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção (b) com aplicação do filtro máximo de
densidade proposto.

(a)

(b)

Capítulo 4 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 69

Tabela 4.2 – Resultados das topologias da Figura 4.5

Filtro máximo associado Filtro máximo


ao esquema de projeção proposto
% Densidade intermediárias (D<0.1) 0,00% 0,00%
% Densidade intermediárias
38,26% 0,00%
(0.1<D<0.9)
% Densidade intermediárias (D>0.9) 61,74 % 100,00%
Flexibilidade média da estrutura 8,68 N.m 16,05 N.m
Tempo de processamento 3hrs 26min 6s 45min 22s

Avaliando a Figura 4.6 e a Tabela 4.2 é possível observar que:

1. Na análise dos gráficos de densidade das topologias (Figura 4.6) pode-se observar que a
aplicação do filtro máximo de densidade proposto possui apenas densidade maiores que 0,9
sendo essa a situação considerada a situação ideal de representação da distribuição de
material. Sendo esses resultados, confirmados de forma detalhada na Tabela 4.2.

2. Ainda na Tabela 4.2, quanto da análise da flexibilidade média da estrutura a remoção das
densidades intermediárias da topologia final tornou a estrutura mais flexível aumentando
consideravelmente o resultado da flexibilidade. Esse aumento pode ser justificado pela
mudança na topologia com a eliminação de algumas regiões que foram removidas pelo filtro
máximo.

3. O tempo de processamento da topologia da análise somente com a aplicação do filtro


máximo de densidade proposto foi consideravelmente menor. Sendo que a otimização com
o filtro proposto atendeu ao critério de convergência enquanto a otimização com a aplicação
do filtro associado ao esquema de projeção foi obtida por atingir o número máximo de
iterações.

4.3. EXEMPLO 3 – VIGA PAREDE COM FURO E RECORTE

A análise da aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de


projeção e à aplicação somente do filtro máximo de densidade proposto também foi aplicada à
estrutura de uma viga parede com furo e recorte como ilustrado na Figura 4.7 (a) com tamanho
L = 5 m. O problema apresentado, foi resolvido para uma malha contínua com 5292 elementos

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 4


70 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

e uma malha de treliça com 1135 elementos de barra apresentados na Figura 4.7 (b). A fração
de volume prescrita é de 30% do volume do domínio de design.

Figura 4.7 – Viga parede com furo e recorte: (a) domínio de projeto; b) malha híbrida.

3L/8

L/4 H=L/2
2H/5

H/2

7L/20
L

(a)

(b)

Da mesma forma que o exemplo 2, a Figura 4.8 também apresenta as topologias obtidas com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção (a) e com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto (b). Em ambos os casos o coeficiente λ0
usado na RT assume o valor de 10-6.

Capítulo 4 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 71

Figura 4.8 - Topologias obtidas do exemplo da Viga parede com furo e recorte: (a) resultado obtido com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção; (b) resultado obtido com
aplicação do filtro máximo de densidade proposto.

(a)

(b)

A aplicação somente do filtro máximo de densidade proposto (Figura 4.5 (b)) faz com que o
fluxo de tensões compressivas tenha uma ligeira diferenciação em relação à implementação da
associação do filtro máximo com o esquema de projeção. Como nos exemplos anteriores há o
surgimento de alguns vazios no interior das zonas comprimidas.

Dessa forma são também apresentados os gráficos de densidade das topologias obtidas na
Figura 4.8 e os resultados de porcentagem de densidades intermediarias, flexibilidade média da
estrutura e tempo de processamento referentes na Tabela 4.3.

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 4


72 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

Figura 4.9 – Gráficos de densidade das topologias apresentadas na Figura 4.8: (a) com aplicação do filtro
máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção (b) com aplicação do filtro máximo de
densidade proposto.

(a)

(b)

Tabela 4.3 – Resultados das topologias da Figura 4.8

Filtro máximo associado Filtro máximo


ao esquema de projeção proposto
% Densidade intermediárias (D<0.1) 0,00% 0,00%
% Densidade intermediárias
21,22% 7,01%
(0.1<D<0.9)
% Densidade intermediárias (D>0.9) 78,78% 92,99%
Flexibilidade média da estrutura 7,3 N.m 7,3 N.m
Tempo de processamento 1hrs 58min 4s 63min 23s

Capítulo 4 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 73

Avaliando a Figura 4.9 e a Tabela 4.3 é possível observar que:

1. Na análise dos gráficos de densidade das topologias (Figura 4.9) é perceptível a melhora na
distribuição de densidade na aplicação apenas do filtro máximo de densidade proposto
quando comparado a aplicação do mesmo associado ao esquema de projeção. A Tabela 4.3
mostra que as densidades intermediárias foram reduzidas (0.1<D<0.9) 14,21% sendo
convertidas em regiões sólidas.
2. A pequena mudança na topologia com a eliminação de algumas regiões que foram removidas
pelo filtro máximo de densidade fez com que a flexibilidade média da estrutura sofresse um
pequeno aumento de 0,04 N.m (ver Tabela 4.3)..
3. O tempo de processamento da topologia da análise somente com a aplicação do filtro
máximo de densidade proposto foi consideravelmente menor. Sendo que a otimização com
o filtro proposto atendeu ao critério de convergência enquanto a otimização com a aplicação
do filtro associado ao esquema de projeção foi obtida por atingir o número máximo de
iterações.

1.1. EXEMPLO 4 – OUTRAS VARIAÇÕES - VIGA PAREDE

Nesse exemplo é apresentado o mesmo tipo de análise do exemplo 3 para as variações da


estrutura da viga parede. A primeira variação é de uma viga parede sem furo e recortes (ver
Figura 4.10 (a)), a segunda variação é a mesma estrutura com furo (ver Figura 4.10 (b)), e a
terceira e última variação é de uma viga ´parede com recorte (ver Figura 4.10 (c)).

Figura 4.10 – Domínio de projeto: (a) Viga parede; (b) Viga parede com furo; (c) Viga parede com recorte.

3L/8 P

(a)

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 4


74 Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia

3L/8 P

2H/5 H=L/2

H/2

L
(b)

L/4

L
(c)

A Figura 4.11 ((a.1), (b.1) e (c.1)) apresenta as topologias obtidas com aplicação do filtro
máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção e a Figura 4.11 ((a.2), (b.2)
e (c.2)) apresenta as topologias com aplicação do filtro máximo de densidade proposto. Em
ambos os casos o coeficiente λ0 usado na RT assume o valor de 10-6.

Figura 4.11 – Topologias obtidas com aplicação do filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema
de projeção: (a.1) Viga parede; (b.1) Viga parede com furo; (c.1) Viga parede com recorte; e topologias obtidas
com aplicação do filtro máximo de densidade proposto: (a.2) Viga parede; (b.2) Viga parede com furo;
(c.2) Viga parede com recorte.

(a.1) (a.2)

Capítulo 4 K.A.T.F. GOUVEIA


Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 75

(b.1) (b.2)

(c.1) (c.2)

A Figura 4.11 demonstra que ambas análises pouco diferem em relação a topologia final obtida.
Em todas as análises o tempo de processamento das topologias obtidas com aplicação do filtro
máximo de densidade proposto foi menor que a mesma estrutura analisada com aplicação do
filtro máximo de densidade proposto associado ao esquema de projeção.

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 4


CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES

Este trabalho propõe a aplicação de um filtro máximo para os elementos contínuos nos moldes
do filtro máximo aplicado aos elementos discretos na otimização de topologia para obtenção
automática de caminhos de força em estruturas de concreto armado para aplicação em modelos
de escoras e tirantes. Esse filtro faz a remoção do material ineficiente de uma estrutura
eliminando a maior porcentagem possível de elementos com densidades intermediárias
associados às densidades de material controlando a violação da restrição de volume.

Os resultados obtidos no exemplo de 1 validam a eficiência do filtro máximo proposto quando


comparado aos resultados obtidos na implementação da formulação híbrida de Gaynor; Guest
e Moen, (2013). Implementação essa, feita com a associação do filtro máximo de Sanders;
Ramos Jr.e Paulino (2017), para eliminação das barras finas ao final do processo de otimização
e extração da topologia final, gerando topologias que mais se aproximam de topologias ótimas
sólido/vazio.

Observa-se em todos os exemplos que a implementação do filtro máximo proposto apresenta


uma maior eficiência computacional, apresentando, contudo, alguns problemas em relação a
pequenas modificações nas topologias finais obtidas.

A partir do exemplo dois analisa-se a eficiência entre a otimização feita apenas com a
implementação do filtro máximo de densidade proposto e a implementação do mesmo
associado ao esquema de projeção, escolha essa justificada pelos resultados obtidos no
exemplo 1. Observa-se que nesses exemplos a eficiência em relação à porcentagem de
densidades intermediárias para a otimização somente com aplicação do filtro proposto continua
sendo melhor. Porém a topologia final obtida na associação do filtro máximo de densidade com
o esquema de projeção apresentou maior semelhança com os resultados obtidos no artigo de
Gaynor; Guest e Moen, (2013).

Dessa forma, nos resultados em que foi feito a implementação do filtro proposto associado ao
esquema de prjeção, apesar de não haver diferenciação perceptível na figura da topologia final,
os gráficos de densidades demonstraram a efetividade da implementação obtendo topologias
mais próximas do real (sólido/vazio). Isso mostra que esse novo filtro para elementos contínuos
associados ou não com outros esquemas de regularização, possa ser usado de forma a melhorar

K.A.T.F. GOUVEIA
Uma abordagem híbrida para obtenção de modelos de escoras e tirantes via otimização de topologia 77

os resultados de topologias finais de estruturas de concreto armado utilizando a formulação


elástica para o método híbrido proposto por Gaynor; Guest e Moen, (2013).

Com a proposta desse novo filtro máximo para estruturas de concreto armado utilizando a
formulação elástica no método híbrido sugere-se:

1. Melhorar o filtro proposto a fim de corrigir os problemas surgidos com os elementos


finos;
2. Adaptação do filtro máximo de densidade proposto somente para o método de
densidade;
3. Inserção de elementos poligonais na formulação híbrida;
4. Inserção de não-linearidade no processo de otimização.

K.A.T.F. GOUVEIA Capítulo 5


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Referências K.A.T.F. GOUVEIA

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