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Dizer o Direito
Leonardo Garcia
Frederico Amado
1. INTRODUÇÃO
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e
de seus processos de elaboração e prestação;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
2.1. Conceito
O princípio do desenvolvimento sustentável tem como objetivo a harmonização das seguintes ideias: (a) crescimento
econômico; (b) preservação ambiental; e (c) equidade social.
Importante:
Ausente qualquer um desses elementos, não haverá desenvolvimento
sustentável.
OBS.:
1) Desenvolvimento não se confunde com crescimento, uma vez que não se trata de um processo meramente
quantitativo, mas sim qualitativo, que abrange o próprio crescimento. Deve-se procurar desenvolver e não apenas
crescer, pois o desenvolvimento pressupõe destaque ao aspecto qualitativo e não meramente quantitativo.
2.3. Jurisprudência
2. A Lei de Crimes Ambientais deve ser interpretada à luz dos princípios do desenvolvimento sustentável e da prevenção,
indicando o acerto da análise que a doutrina e a jurisprudência tem conferido à parte inicial do artigo 54, da Lei n.
9.605/1998, de que a mera possibilidade de causar dano à saúde humana é idônea a configurar o crime de poluição,
evidenciada sua natureza formal ou, ainda, de perigo abstrato (AgRg no REsp 1418795/SC).
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras
gerações.
3.2. Conceito
O princípio da equidade intergeracional estabelece, ao Poder Público e à coletividade, o dever de preservação dos
recursos naturais em benefício não apenas das gerações presentes, mas também das gerações futuras.
As presentes gerações devem preservar o meio ambiente, não podendo utilizar os recursos ambientais de maneira
irracional de modo a privar os seus descendentes do seu desfrute.
Poder Público.
Coletividade.
Importante:
1. Diante da imposição ao Poder Público, a doutrina criou o princípio da
obrigatoriedade de atuação estatal.
2. Diante da imposição à coletividade, a doutrina criou o princípio da
participação comunitária.
Gerações presentes.
Gerações futuras.
Não. Pressupõe condutas negativas (ex.: não poluir sem licença ambiental) e positivas (ex.: recuperação das áreas
degradadas).
1. A promoção de briga de galos, além de caracterizar prática criminosa tipificada na legislação ambiental, configura
conduta atentatória à Constituição da República, que veda a submissão de animais a atos de crueldade, cuja natureza
perversa, à semelhança da “farra do boi” (RE 153.531/SC), não permite sejam eles qualificados como inocente
manifestação cultural, de caráter meramente folclórico (ADI 1856/RJ).
2. A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais, incentivando a valorização e a difusão
das manifestações, não prescinde da observância da norma do inciso VII do artigo 225 da Constituição Federal, no que
veda prática que acabe por submeter os animais à crueldade. Procedimento discrepante da norma constitucional
denominado "farra do boi" (RE 153531/SC).
3. A vedação à crueldade contra animais tem aplicabilidade imediata, independentemente de lei regulamentadora (ADI
1.886).
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras
gerações.
4.2. Conceito
O direito a um meio ambiente equilibrado está intimamente ligado ao direito fundamental à vida e à proteção da
dignidade da vida humana, garantindo condições adequadas de qualidade de vida, protegendo a todos contra os
abusos ambientais de qualquer natureza.
O meio ambiente equilibrado é bem difuso, de uso comum do povo, diverso dos bens que o integram, adquirindo
natureza própria.
4.5. Jurisprudência
1. No caso, o dano moral coletivo surge diretamente da ofensa ao direito ao meio ambiente equilibrado. Em
determinadas hipóteses, reconhece-se que o dano moral decorre da simples violação do bem jurídico tutelado, sendo
configurado pela ofensa aos valores da pessoa humana. Prescinde-se, no caso, da dor ou padecimento (que são
consequência ou resultado da violação) (REsp 1410698/MG).
2. A Corte Suprema já firmou a orientação de que é dever do Poder Público e da sociedade a defesa de um meio ambiente
ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações. Assim, pode o Poder Judiciário, em situações
excepcionais, determinar que a Administração pública adote medidas assecuratórias desse direito, reputado essencial
pela Constituição Federal, sem que isso configure violação do princípio da separação de poderes. A Administração não
pode justificar a frustração de direitos previstos na Constituição da República sob o fundamento da insuficiência
orçamentária (RE 658171 AgR/DF).
3. Conquanto não se possa conferir ao direito fundamental do meio ambiente equilibrado a característica de direito
absoluto, certo é que ele se insere entre os direitos indisponíveis, devendo-se acentuar a imprescritibilidade de sua
reparação, e a sua inalienabilidade, já que se trata de bem de uso comum do povo (art. 225, caput, da CF/1988) (REsp
1394025/MS)
Art. 225, § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
Art. 225, § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
qualidade de vida e o meio ambiente;
5.3. Conceitos
Deve-se tomar as medidas necessárias para evitar o dano ambiental, porque as consequências de se iniciar
determinado ato, prosseguir com ele ou suprimi-lo são conhecidas (o nexo causal é cientificamente comprovado).
O princípio da prevenção se volta para atividades de vasto conhecimento humano (risco certo, conhecido ou concreto),
em que já se sabe a extensão e a natureza dos males ambientais, trabalhando com boa margem de segurança.
Exemplo de aplicação:
A exigência de estudo ambiental para o licenciamento de atividade
apta a causar degradação ao ambiente. Um exemplo é a atividade de
mineração, onde já se conhece o impacto sobre o meio ambiente.
O princípio da precaução é a garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com o estágio atual do conhecimento,
não podem ser ainda identificados.
Este princípio afirma que no caso de ausência de certeza cientifica formal, a existência de risco de um dano sério ou
irreversível requer a implementação de medidas que possam prever esse dano.
Nesse sentido, a ausência de certeza cientifica absoluta não deve servir de pretexto para postergar a adoção de
medidas efetivas, de modo a evitar a degradação ambiental.
Exemplo de aplicação:
Impõem-se restrições ou impede-se a intervenção no meio ambiente
até que se comprove que a atividade não acarreta efeitos adversos ao
meio ambiente. Um exemplo é o caso da radiofrequência das antenas
de telefonia celular.
5.4. Diferenciação
Prevenção Precaução
Objetiva evitar a concretização do dano. Objetiva evitar a concretização do dano.
O risco de dano é certo (perigo concreto). O risco de dano é incerto (perigo abstrato).
Prevenção = Certeza Precaução = Dúvida
Sim. Utilizando-se do princípio da precaução, a jurisprudência do STJ tem admitido a inversão do ônus da prova,
impondo ao autor potencial provar, com anterioridade, que sua ação não causará danos ao meio ambiente.
REsp 1237893/SP:
Em ação ambiental, impõe-se a inversão do ônus da prova, cabendo ao empreendedor,
no caso concreto o próprio Estado, responder pelo potencial perigo que causa ao meio
ambiente, em respeito ao princípio da precaução (01/10/2013).
Espécies:
Tutela inibitória Tutela de remoção do ilícito
Antes do ilícito e antes do dano. Depois do ilícito e antes do dano.
Conclusão:
Como os danos ambientais geralmente são irreparáveis, recomenda-
se a utilização da tutela inibitória.
5.6. Jurisprudência
1. A Lei de Crimes Ambientais deve ser interpretada à luz dos princípios do desenvolvimento sustentável e da prevenção,
indicando o acerto da análise que a doutrina e a jurisprudência tem conferido à parte inicial do artigo 54, da Lei n.
9.605/1998, de que a mera possibilidade de causar dano à saúde humana é idônea a configurar o crime de poluição,
evidenciada sua natureza formal ou, ainda, de perigo abstrato (AgRg no REsp 1418795/SC).
6. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR
Art. 225, § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução
técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
Art. 225, § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas,
a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Importante:
O art. 225, § 3º, da CF consagrou o princípio da independência das
instâncias (penal, administrativa e cível).
6.2. Conceito
O princípio do poluidor-pagador pode ser entendido como um instrumento econômico que exige do poluidor, uma vez
identificado, suportar as despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais.
Para a aplicação do princípio do poluidor-pagador, os custos sociais externos que acompanham o processo de produção
devem ser internalizados, ou seja, o custo resultante da poluição deve ser assumido pelos empreendedores de
atividades potencialmente poluidoras nos custos da produção, para evitar que se privatizem os lucros e se socializem
os prejuízos ambientais. Assim, o causador da poluição arcará com os custos necessários à diminuição, eliminação ou
neutralização do dano ambiental.
O princípio do poluidor-pagador determina a incidência do regime jurídico da responsabilidade civil objetiva por danos
ambientais (art. 14, §1º, da Lei nº 6.938/1981). O tema será melhor explicado posteriormente.
De direito público
Diretamente
Responsável por atividade causadora
de degradação ambiental
Indiretamente
Não. O princípio do poluidor-pagador não deve ser interpretado de forma que haja abertura incondicional à poluição,
desde que se pague, só podendo o poluidor degradar o meio ambiente dentro dos limites de tolerância previstos na
legislação ambiental, após licenciado.
A correta interpretação do princípio do poluidor-pagador deve ser: “poluiu, então deve suportar os danos”, e não
“pagou, então tem o direito de poluir”. Assim, este princípio não pode, em hipótese alguma, tornar-se um instrumento
que “autorize a poluição” ou que permita a “compra do direito de poluir”.
Não. A poluição amparada em regular licença ou autorização ambiental não desonerará o poluidor de reparar os danos
ambientais, pois não se trata de uma penalidade e sim de um ressarcimento ao meio ambiente.
REsp 1394025/MS:
Em tema de direito ambiental, não se cogita em direito adquirido à devastação, nem se
admite a incidência da teoria do fato consumado (precedentes do STJ e STF). Em que
pese ao loteamento em questão haver sido concedido licenciamento ambiental, tal
fato, por si só, não elide a responsabilidade pela reparação do dano causado ao meio
ambiente, uma vez afastada a legalidade da autorização administrativa (18/10/2013).
7. PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR
7.1. Conceito
O princípio do usuário-pagador estabelece que o usuário de recursos naturais deve pagar por sua utilização (ex.: uso da
água em indústrias).
Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou
indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
7.2. Objetivos
7.3. Diferenciação
Usuário-Pagador Poluidor-Pagador
Não importa se houve ou não dano Há poluição
Pagamento pelo uso Pagamento como reparação
PGE/BA – Procurador do Estado (2014):
De acordo com o princípio do usuário-pagador, deve-se proceder à quantificação econômica dos recursos ambientais, de modo a
garantir reparação por todo o dano ambiental causado (FALSO).
De acordo com o art. 36, o empreendedor de atividades significativo impacto ambiental deverá destinar recursos
financeiros para a implantação e manutenção de unidade de conservação do grupo de “Proteção integral” (caput) ou
de “Uso Sustentável” (§3º). Trata-se de uma aplicação do princípio do usuário-pagador.
Importante:
O tema será visto com detalhes posteriormente, dentro do material
sobre Unidades de Conservação.
8. PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR
Pelo princípio do protetor-recebedor, aqueles que protegem o meio ambiente podem receber benefícios, com o
objetivo de fomentar e premiar essas iniciativas. Assim, deve haver uma espécie de compensação pela prestação dos
serviços ambientais em favor daqueles que atuam em defesa do meio ambiente, como verdadeira maneira de
promover a justiça ambiental (ex.: compensação financeira, redução de alíquota de imposto, etc.).
9.1. Conceito
Como decorrência do princípio da equidade intergeracional, é dever irrenunciável do Poder Público a defesa e a
preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações.
A atuação obrigatória do Estado decorre da natureza indisponível do meio ambiente, cuja proteção é reconhecida hoje
como indispensável à dignidade e à vida de toda pessoa.
Deverá o Estado atuar como agente normativo e regulador da Ordem Econômica Ambiental, editando normas jurídicas
e fiscalizando de maneira eficaz o seu cumprimento.
Poderá, também, conceder incentivos ficais para as empresas ambientalmente responsáveis ou aplicar sanções
administrativas previstas em lei nos casos de degradação ambiental.
Não. A própria Declaração do Rio/92 estabelece que “os Estados deverão promulgar leis eficazes sobre o meio
ambiente”.
9.3.2. Quais as consequências práticas apontadas pela doutrina em razão da existência desse princípio?
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
10.2. Conceito
Segundo o princípio da participação comunitária, as pessoas têm o direito de participar ativamente as decisões políticas
ambientais, em decorrência do sistema democrático, uma vez que os danos ambientais são transindividuais.
Como consequência, a sociedade passou a dispor de alguns mecanismos de participação direta na proteção da
qualidade de vida e na preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações.
Audiência pública em licenciamentos ambientais nas hipóteses previstas na Resolução CONAMA 09/1987.
Consulta pública na criação de Unidades de Conservação.
Ação popular e ação civil pública.
Direito de petição ao Poder Público.
Iniciativa popular de leis ambientais.
Plebiscito e referendo, etc.
Importante:
Assim, a participação se dá em três esferas: legislativa, administrativa
e processual.
O direito à participação pressupõe o direito de informação. Há uma interdependência lógica entre eles: só haverá
participação popular caso haja acesso às informações ambientais.
11.1. Previsão
Art. 225, 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: IV - exigir, na forma da lei, para instalação de
obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental,
a que se dará publicidade.
11.2. Conceito
Segundo o princípio da informação, os órgãos e entidade ambientais estão obrigados a permitir o acesso público aos
documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as
informações ambientais que estejam sob sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico.
11.3. Limitações
Importante:
Tratando-se o meio ambiente de interesse difuso, qualquer
indivíduo, independentemente da comprovação de interesse
específico, terá acesso às informações que tratem de matéria
ambiental, mediante requerimento escrito, no qual assumira a
obrigação de não utilizar as informações colhidas para fins
comerciais, sob as penas da lei civil, penal, de direito autoral e de
propriedade indústria, assim como de citar as fontes, caso, por
qualquer meio, venha a divulgar os aludidos dados (art. 2º, §1º, da
Lei nº 10.650/2003).
O direito à participação pressupõe o direito de informação. Há uma interdependência lógica entre eles: só haverá
participação popular caso haja acesso às informações ambientais.
Incumbe ao Poder Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública
para a preservação do meio ambiente (art. 225, §1º, VI, da CF).
Caso não haja educação ambiental, impossível exigir da sociedade uma efetiva participação na preservação dos
recursos naturais.
OBS.:
1) As bancas de concursos costumam associar os conceitos de “educação ambiental” e “princípio da informação”. Muito
cuidado nesse ponto!
AL/GO – Procurador Legislativo (2015):
O dever do Poder Público em promover a educação ambiental e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente
diz respeito ao princípio da informação (VERDADEIRO).
TJ/PI – Juiz de Direito (2012) - CESPE:
Em consonância com o princípio da participação e informação, a CF determina expressamente que o poder público promova a
educação ambiental em todos os níveis de ensino (VERDADEIRO).
A propriedade não é mais um direito absoluto, e sobre ela está gravada naturalmente uma hipoteca social perpétua: o
cumprimento da função social. Nesse sentido, é correto dizer que a função social da propriedade é elemento
constitutivo do direito de propriedade.
Quando se afirma que a propriedade tem uma função social, na verdade está impondo-se ao proprietário o dever de
exercer o seu direito não unicamente em seu próprio e exclusivo interesse, mas, principalmente, em benefício da
coletividade, preservando o meio ambiente.
Dessa forma, a função social da propriedade relativiza o caráter absoluto do direito de propriedade, segundo o qual o
proprietário pode desfrutar da coisa como bem entender. As limitações impostas no interesse coletivo, decorrentes da
função social e socioambiental da propriedade, limitam esse atributo da propriedade.
A admissão do princípio da função social da propriedade tem como consequência básica fazer com que a propriedade
seja efetivamente exercida para beneficiar a coletividade e o meio ambiente (aspecto positivo), não bastando apenas
que não seja exercida em prejuízo de terceiros ou da qualidade ambiental (aspecto negativo).
De acordo com o art. 184 da CF, compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social.
Como o imóvel rural não cumpre a sua função social quando não há preservação do meio ambiente, surge a
possibilidade de realização da desapropriação.
Importante:
No caso de área incluída no plano direto, se o proprietário não utilizar
de acordo com a função social, poderá o município exigir o adequado
aproveitamento, podendo, inclusive, desapropriar o imóvel (art. 182,
§ 2º, da CF).
Todas as nações são responsáveis pelo controle da poluição e a busca da sustentabilidade, mas os países mais
poluidores deverão adotar as medidas mais drásticas, pois são os principais responsáveis pela degradação ambiental da
Biosfera.
Esse princípio leva em conta que fenômenos poluidores geralmente ultrapassam a fronteira de uma nação, atingindo
outro território.
O bem ambiental é onipresente, de forma que uma agressão ao meio ambiente em determinada localidade é capaz de
trazer reflexos negativos a todo o planeta.
Importante:
Neste princípio está incluída a cooperação no sentido de repassar os
conhecimentos de tecnologia e conhecimentos de proteção do
ambiente obtidos pelos países mais avançados e que têm
possibilidade econômica de investir e obter resultados nas pesquisas
ambientais.
OBS.: Sobre a ausência de fronteiras nos casos de danos ambientais, alguns autores fazem referência ao princípio da ubiquidade.
De acordo com o princípio, o meio ambiente deve ser levado em consideração antes e durante a realização de qualquer atividade
que venha a ser desenvolvida, de qualquer natureza.
Dizer o Direito
Leonardo Garcia
Frederico Amado
1. INTRODUÇÃO
Importante:
A constitucionalização ambiental ocorreu com a Constituição Federal
de 1988.
O que torna a Constituição adepta à Teoria Antropocentrista (caput do art. 225), na visão de alguns doutrinadores, não
é o simples fato de considerar o bem ambiental um bem de uso comum do povo, mas sim, o fato de tratar o meio
ambiente equilibrado como um direito humano fundamental (art. 225), afirmando, assim, que o equilíbrio ambiental
deve servir aos interesses humanos.
Contudo, não é correto afirmar que a Constituição Federal é estritamente antropocêntrica, tendo em vista que a
doutrina considera que o próprio inciso VII do art. 225 possui inspiração biocêntrica, ao impor a proteção da fauna e da
flora, vedando, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de
espécies ou submetam os animais a crueldade.
2. COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
A competência legislativa (art. 22 da CF/88) privativa pertence à União, com possibilidade de delegação.
Dica:
Competência da União Competência concorrente
Matéria relacionada à exploração Matéria relacionada à proteção do meio
econômica de recursos naturais energéticos. ambiente e dos recursos naturais.
A competência legislativa exclusiva (art. 25, §§ 2º e 3º, da CF/88) pertence aos Estados.
Art. 25 (...)
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada
a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
públicas de interesse comum.
A competência legislativa remanescente (art. 25, §1º, da CF/88) pertence aos Estados.
Art. 25 (...)
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
A competência legislativa concorrente (art. 24 da CF) pertence à União, aos Estados e ao DF.
Dica:
Competência da União Competência concorrente
Matéria relacionada à exploração Matéria relacionada à proteção do meio
econômica de recursos naturais energéticos. ambiente e dos recursos naturais.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico;
OBS.:
1) Os municípios também terão competência legislativa, nos termos do art. 30, I e II, da CF/88, para “legislar sobre
assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal e a estadual no que couber”. Cabe destacar que tal
atribuição do município não consta expressamente do art. 24 da CF/88, não se tratando, portanto, de competência
concorrente.
Art. 24 (...)
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
A competência legislativa suplementar caberá aos Estados e ao DF, complementando as normas gerais existentes.
Art. 24 (...)
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
Importante:
Na hipótese de a União estabelecer normas específicas para aplicação
nos Estados e DF, sua atuação será inconstitucional, por invasão da
competência desses entes federativos. Da mesma forma, os Estados e
o DF, ao suplementarem as normas gerais, não poderão contrariar as
mesmas, sob pena de inconstitucionalidade, por existir entre elas uma
relação de subordinação.
A competência legislativa concorrente supletiva (art. 24, § 3º, da CF/88) decorre da inércia da União em editar a lei
federal sobre normas gerais.
Nesse caso, os Estados e o DF adquirem competência plena para a edição de normas gerais e de normas específicas
sobre os assuntos relacionados no art. 24 da CF/88.
A superveniência da lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual (ou distrital), no que lhe for
contrário.
Art. 24 (...)
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
1. Se uma lei estadual ou municipal, ao tratar de algum assunto de competência concorrente, violar as normas gerais
estabelecidas pela União, neste caso, esta lei estadual/municipal será considerada ilegal (por violar a lei federal) ou
inconstitucional? Qual é o vício nesta hipótese? O vício será de inconstitucionalidade. Esta lei estadual ou municipal
será inconstitucional.
2. No âmbito da competência concorrente, uma lei estadual que esteja suplementando a lei federal poderá estabelecer
um tratamento mais restritivo (rigoroso) do que aquele que foi imposto pelas normais gerais da União? Ex: a União
edita uma lei prevendo as normas gerais sobre controle da poluição (art. 24, VI);o Estado-membro poderá publicar uma
lei suplementando as normais gerais com tratamento ainda mais gravoso ao poluidor? Depende. As normas
suplementares podem ser mais restritivas que as normas gerais federais. Os Municípios e Estados-membros podem
ampliar a proteção, estabelecendo novas restrições e condições ao exercício da atividade, bem como regras de
segurança e fiscalização mais exigentes, desde que não sejam incompatíveis com a norma geral. O que se deve
observar, portanto, caso a caso, é se as normas gerais editadas pela União dão margem (liberdade) para que os
Municípios e Estados-membros possam prever um tratamento mais rigoroso. Uma coisa, no entanto, é certa: os
Municípios e Estados-membros não têm competência legislativa para proibir uma atividade que foi expressamente
autorizada pela norma geral da União.
3. O art. 2º da Lei Federal nº 9.055/95 autorizou, de forma restrita, as atividades com uma das espécies de amianto. A Lei
do Estado de SP poderia, em tese, ter proibido completamente o uso de todas as formas de amianto? NÃO. Se a lei
federal admite, ainda que de modo restrito, o uso do amianto, isso significa que a lei estadual ou municipal não poderia
proibi-lo totalmente. Ao agir assim, a lei estadual contrariou a norma geral fixada pela União.
4. Apesar disso, a Lei estadual não foi declarada inconstitucional. Por quê? Porque o STF considerou que o art. 2º da Lei nº
9.055/95 não é, atualmente, compatível com a CF/88.
5. Antigamente o art. 2º da Lei nº 9.055/95 era considerado constitucional? SIM. Havia precedentes do STF afirmando que
esse dispositivo era constitucional. A Corte, contudo, agora mudou de entendimento. Dessa forma, pode-se dizer que o
art. 2º da Lei federal nº 9.055/1995 passou por um processo de inconstitucionalização e, no momento atual, não mais
se compatibiliza com a Constituição de 1988.
6. Espera um pouco. A ADI havia sido proposta contra a Lei do Estado de SP. O STF julgou a ADI improcedente e afirmou
que a lei paulista é constitucional. Ao mesmo tempo, o Supremo declarou que a Lei Federal nº 9.055/95, que nem
estava sendo impugnada, é inconstitucional. Isso é possível? SIM. Embora a Lei federal nº 9.055/95 não estivesse
impugnada na ADI, a causa de pedir nas ações de controle concentrado é aberta e “o STF, no exercício da competência
geral de fiscalizar a compatibilidade formal e material de qualquer ato normativo com a Constituição, pode declarar a
inconstitucionalidade, incidentalmente, de normas tidas como fundamento da decisão” (Rcl 4374/PE, Rel. Min. Gilmar
Mendes, DJe de 4/9/13).
7. A decisão que declarou o art. 2º da Lei nº 9.055/95 inconstitucional possui eficácia vinculante e erga omnes? SIM. Em
um julgamento posterior ao da lei do Estado de São Paulo, o STF analisou a Lei 3.579/2001 (do Estado do Rio de
Janeiro), que proíbe a extração do asbesto/amianto em todo o território daquela unidade da Federação e prevê a
substituição progressiva da produção e da comercialização de produtos que o contenham. Assim como já havia feito
com a Lei de SP, o STF declarou a lei do RJ constitucional, ou seja, é válido que lei estadual proíba o uso de amianto.
Além disso, o STF declarou, incidentalmente, institucional o art. 2º da Lei Federal nº 9.055/95. Pela lição tradicional dos
livros de Direito Constitucional, esta parte do acórdão não deveria possuir eficácia vinculante e efeitos erga omnes. Isso
porque a constitucionalidade do art. 2º da Lei Federal nº 9.055/95 não era o objeto principal da ADI. Era só um
argumento (causa de pedir). O STF, contudo, inovando em relação à posição clássica, decidiu que a declaração de
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei Federal nº 9.055/95 deveria ter efeito vinculante e erga omnes. Vale ressaltar,
no entanto, que, posteriormente ao resultado, a Min. Relatora Rosa Weber, monocraticamente, “decidiu suspender,
em parte, os efeitos da decisão, apenas no ponto em que se atribuiu eficácia erga omnes à declaração de
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 9.055/1995, até a publicação do acórdão respetivo e fluência do prazo para
oposição dos aventados embargos de declaração”. A razão dessa suspensão está no fato de que foi requerida a
modulação dos efeitos da decisão, o que ainda será apreciado pelo Plenário do STF.
O STF declarou a inconstitucionalidade da Lei 1.952/1995, do Município de Paulínia (SP), que proíbe totalmente a
queima da palha de cana-de-açúcar em seu território. De acordo como ministro Luiz Fux, as normas federais que
tratam do assunto apontam expressamente para a necessidade de se traçar um planejamento para extinguir
gradativamente o uso do fogo como método despalhador e facilitador do corte da cana. Dessa forma, o ministro
entendeu que as normas federais e a Constituição estadual já exaurem a matéria, não havendo competência residual
do município. “A solução do município é contrária ao planejamento federal e não passa pelo controle da sua
razoabilidade”, avaliou, ao considerar a inconstitucionalidade material da norma questionada (RE 586224).
3. COMPETÊNCIAS MATERIAIS
Importante:
1. Em regra, a competência material exclusiva da União estampa
situações relacionadas à exploração econômica de recursos naturais
energéticos.
2. O art. 21, XII, da CF/88 admite a exploração direta ou mediante
autorização, concessão ou permissão da exploração dos serviços nele
tratados. Assim, representa uma clara possiblidade de delegação.
A competência material comum (art. 23 da CF/88) é atribuída à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
territórios;
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
Dica:
Em regra, a competência material comum estampa situações
relacionadas à proteção ambiental, bem como sobre o exercício do
poder de polícia.
OBS.:
1) O parágrafo único do art. 23 da CF/88 foi regulamentado pela LC nº 140/2011, que fixa normas para cooperação entre
a União, os Estados, o DF e os Municípios.
2) Cuidado: não confundir as terminologias adotadas pela Constituição e pela doutrina. As bancas de concurso gostam de
trocar apenas os nomes, acabando por confundir o candidato.
Art. 24 Art. 23
Competência Competência
Legislativa Material
Concorrente Comum
Art. 5o O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações administrativas a ele atribuídas nesta Lei
Complementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações
administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente.
Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele que possui técnicos
próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a demanda das ações administrativas a serem
delegadas.
1. A livre iniciativa não é absoluta, pois nos casos previstos em lei o exercício do trabalho dependerá de autorização dos
órgãos públicos, na forma do art. 170, parágrafo único, da CF/88 (ex.: licenciamento ambiental).
2. Um dos princípios da Ordem Econômica é a Defesa do Meio Ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação (art. 170, VI).
5. MEIO AMBIENTE
5.1. Conceito
O meio ambiente é:
1. Um conjunto de condições, leis, influência e interações
2. De ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística
3. Que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (Resolução CONAMA nº 306/2002).
5.2. Características
5.3. Classificação
Formado pelos elementos da natureza com vida ou sem vida, a exemplo do solo, da
MA natural
água, do ar, da flora e da fauna.
Composto por criações tangíveis ou intangíveis do homem sobre os elementos
MA cultural naturais, a exemplo de uma casa tombada e das formas de expressão integrantes do
patrimônio cultural.
Também formado por bens fruto da criação humana, mas que por exclusão não
integram o patrimônio cultural brasileiro, por lhes carecer valor histórico,
MA artificial
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico ou cientifico que
possam enquadra-los no acervo cultural. Ex.:edificações.
É composto por todos os bens materiais e intangíveis que permitem que as pessoas
MA do trabalho desenvolvam uma atividade laboral remunerada digna e segura, a exemplo das
instalações prediais, das tecnologias de segurança, dos EPIs, etc.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos
quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de
inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear
sua consulta a quantos dela necessitem.
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.
§ 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de
sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no
pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
2. Todavia, em uma reação do Poder Legislativo ao decidido pelo STF, foi aprovada a Lei 13.364/2016 que estabeleceu
que o Rodeio, a Vaquejada, bem como as respectivas expressões artístico-culturais, passam a ser considerados
manifestações da cultura nacional.
3. No mesmo sentido foi aprovada a EC nº 96/2017, que inseriu o art. 225, §7º, da CF.
Art. 225. (...) § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas
desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal,
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei
específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
IMPORTANTE
EC 96/2017 é um exemplo do que a doutrina constitucionalista
denomina de “efeito backlash”. Em palavras muito simples, efeito
backlash consiste em uma reação conservadora de parcela da
sociedade ou das forças políticas (em geral, do parlamento) diante de
uma decisão liberal do Poder Judiciário em um tema polêmico.
George Marmelstein resume a lógica do efeito backlash ao ativismo
judicial: “(1) Em uma matéria que divide a opinião pública, o Judiciário
profere uma decisão liberal, assumindo uma posição de vanguarda na
defesa dos direitos fundamentais. (2) Como a consciência social ainda
não está bem consolidada, a decisão judicial é bombardeada com
discursos conservadores inflamados, recheados de falácias com forte
apelo emocional. (3) A crítica massiva e politicamente orquestrada à
decisão judicial acarreta uma mudança na opinião pública, capaz de
influenciar as escolhas eleitorais de grande parcela da população. (4)
Com isso, os candidatos que aderem ao discurso conservador
costumam conquistar maior espaço político, sendo, muitas vezes,
campeões de votos. (5) Ao vencer as eleições e assumir o controle do
poder político, o grupo conservador consegue aprovar leis e outras
medidas que correspondam à sua visão de mundo. (6) Como o poder
político também influencia a composição do Judiciário, já que os
membros dos órgãos de cúpula são indicados politicamente, abre-se
um espaço para mudança de entendimento dentro do próprio poder
judicial. (7) Ao fim e ao cabo, pode haver um retrocesso jurídico capaz
de criar uma situação normativa ainda pior do que a que havia antes
da decisão judicial, prejudicando os grupos que, supostamente,
seriam beneficiados com aquela decisão.” (Disponível em:
https://direitosfundamentais.net/2015/09/05/efeito-backlash-da-
jurisdicao-constitucional-reacoes-politicas-a-atuacao-judicial/).
6. PATRIMÔNIO NACIONAL
Importante:
O art. 225, § 4º, da CF/88 conferiu um tratamento especial para esses
biomas, mas o dispositivo não os converteu em bens públicos na
acepção tradicional.
7. TERRAS DEVOLUTAS
São terras das quais ninguém se apossou, áreas que não foram utilizadas para algum fim público. Não têm localização e
limites claros, por isso necessitam ser demarcadas e separadas das outras propriedades.
Essa separação pode ser administrativa ou judicial (ação discriminatória). Após essa discriminação, essas terras deixam
de ser devolutas e passam a ser terras públicas.
Sendo bens dominicais, as terras devolutas podem ser alienadas pelo Poder Público. Porém, são indisponíveis as terras
devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
6. TERRAS INDÍGENAS
1. O art. 68 do ADCT estabelece que “aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas
terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.” Em 2003, foi
editado o Decreto nº 4.887, com o objetivo de regulamentar o procedimento para identificação, reconhecimento,
delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos. O STF
entendeu que este Decreto não invadiu esfera reservada à lei. O objetivo do Decreto foi tão somente o de regular o
comportamento do Estado na implementação do comando constitucional previsto no art. 68 do ADCT. Houve o mero
exercício do poder regulamentar da Administração, nos limites estabelecidos pelo art. 84, VI, da Constituição. O art. 2º,
caput e § 1º do Decreto nº 4.887/2003 prevê como deve ser o critério utilizado pelo Poder Público para a identificação
dos quilombolas. O critério escolhido foi o da autoatribuição (autodefinição). O STF entendeu que a escolha do critério
desse critério não foi arbitrária, não sendo contrária à Constituição. O art. 2º, §§ 2º e 3º, do Decreto preconiza que, na
identificação, medição e demarcação das terras dos quilombolas devem ser levados em consideração critérios de
territorialidade indicados pelos remanescentes das comunidades dos quilombos. O STF afirmou que essa previsão é
constitucional. Isso porque o que o Decreto está garantindo é apenas que as comunidades envolvidas sejam ouvidas,
não significando que a demarcação será feita exclusivamente com base nos critérios indicados pelos quilombolas. O
art. 13 do Decreto, por sua vez, estabelece que o INCRA poderá realizar a desapropriação de determinadas áreas caso
os territórios ocupados por remanescentes das comunidades dos quilombos estejam situados em locais pertencentes a
particulares. O STF reputou válida essa previsão tendo em vista que, em nenhum momento a Constituição afirma que
são nulos ou extintos os títulos eventualmente incidentes sobre as terras ocupadas por remanescentes das
comunidades dos quilombos. Assim, o art. 68 do ADCT, apesar de reconhecer um direito aos quilombolas, não invalida
os títulos de propriedade eventualmente existentes, de modo que, para que haja a regularização do registro em favor
das comunidades quilombolas, exige-se a realização do procedimento de desapropriação. Por fim, o STF não acolheu a
tese de que somente poderiam ser consideradas terras de quilombolas aqueles que estivessem sendo ocupadas por
essas comunidades na data da promulgação da CF/88 (05/10/1988). Em outras palavras, mesmo que, na data da
promulgação da CF/88, a terra não mais estivesse sendo ocupada pelas comunidades quilombolas, é possível, em tese,
que seja garantido o direito previsto no art. 68 do ADCT.STF. Plenário. ADI 3239/DF, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red.p/
o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 8/2/2018 (Info 890).
2. Viola a Constituição Federal lei municipal que proíbe o trânsito de veículos, sejam eles motorizados ou não,
transportando cargas vivas nas áreas urbanas e de expansão urbana do Município. Essa lei municipal invade a
competência da União. O Município, ao inviabilizar o transporte de gado vivo na área urbana e de expansão urbana de
seu território, transgrediu a competência da União, que já estabeleceu, à exaustão, diretrizes para a política
agropecuária, o que inclui o transporte de animais vivos e sua fiscalização. Além disso, sob a justificativa de criar
mecanismo legislativo de proteção aos animais, o legislador municipal impôs restrição desproporcional. Esta
desproporcionalidade fica evidente quando se verifica que a legislação federal já prevê uma série de instrumentos para
garantir, de um lado, a qualidade dos produtos destinados ao consumo pela população e, de outro, a existência digna e
a ausência de sofrimento dos animais, tanto no transporte quanto no seu abate. STF. Plenário. ADPF 514 e ADPF 516
MC-REF/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 11/10/2018 (Info 919).
TERRAS INDÍGENAS
Dizer o Direito
Leonardo Garcia
Frederico Amado
1. CONSTITUIÇÃO DE 1988
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre
as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas
atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua
reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das
riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em
terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes
assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.
§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum" do Congresso Nacional, em caso de
catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso
Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.
§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das
terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado
relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a
indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.
§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e § 4º.
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e
interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.
2. QUESTIONAMENTOS IMPORTANTES
Pertencem à União (art. 20, XI, da CF/88). No entanto, essas terras destinam-se à posse permanente dos índios,
cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
Em suma, são bens da União, mas para serem usadas pelos índios. Por isso, alguns autores classificam essas terras
como sendo bens públicos de uso especial.
OBS.:
1) Vale ressaltar que se a terra já foi habitada pelos índios, porém quando foi editada a CF/88 o aldeamento já estava
extinto, ela não será considerada terra indígena.
Súmula 650-STF: Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que
ocupadas por indígenas em passado remoto.
2) Segundo critério construído pelo STF, somente são consideradas “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios”
aquelas que eles habitavam na data da promulgação da CF/88 (marco temporal) e, complementarmente, se houver a
efetiva relação dos índios com a terra (marco da tradicionalidade da ocupação). Assim, se, em 05/10/1988, a área em
questão não era ocupada por índios, isso significa que ela não terá a natureza indígena de que trata o art. 231 da CF/88.
A CF/88 garante aos índios os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, exercendo sobre elas o
usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos.
Essas terras são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas são imprescritíveis. Para que os índios possam
exercer seus direitos compete à União, por processo administrativo e sem necessidade de autorização do Congresso,
fazer a demarcação dessas terras.
Regra
o Em regra, é vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras.
Exceção
o Existem duas exceções em que isso e possível:
1. Em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco a população indígena. Nessa hipótese, os
índios são retirados imediatamente e, depois, essa remoção é submetida à aprovação do
Congresso Nacional, que poderá concordar ou determinar o retorno.
2. Se a remoção for de interesse da soberania do País. Nesse hipótese, os índios somente poderão
ser retirados após deliberação do Congresso Nacional.
2.5. Quais atividades que só podem ser exercidas nas terras indígenas com autorização do CN?
Importante:
Nesses dois casos, para que tais atividades sejam desenvolvidas é
necessário que, antes, as comunidades afetadassejam ouvidas e que
haja autorização do Congresso Nacional por meio de decreto
legislativo (art. 49, XVI, da CF/88). Se for autorizada a atividade,
deverá ser assegurada aos índios uma participação nos resultados da
lavra, na forma da lei.
3. JURISPRUDÊNCIA
1. O usufruto das riquezas do solo, dos rios e dos lagos existentes nas terras indígenas (CF, art. 231, § 2º) pode ser
relativizado sempre que houver, como dispõe o art. 231, § 6º, da CF, relevante interesse público da União, na forma de
lei complementar;
2. O usufruto dos índios não abrange o aproveitamento de recursos hídricos e potenciais energéticos, que dependerá
sempre da autorização do Congresso Nacional;
3. O usufruto dos índios não abrange a pesquisa e lavra das riquezas minerais, que dependerá sempre de autorização do
Congresso Nacional, assegurando-se-lhes a participação nos resultados da lavra, na forma da lei;
PGM Cuiabá – Procurador do Município (2014) – FCC:
o usufruto dos índios não lhes confere o direito ex- clusivo de explorar recursos minerais nas terras que tradicionalmente
ocupem, dependendo de autorização da União, nos termos de lei específica, a exploração da mineração como atividade
econômica. (VERDADEIRO)
4. O usufruto dos índios não abrange a garimpagem nem a faiscação, devendo, se for o caso, ser obtida a permissão da
lavra garimpeira;
5. O usufruto dos índios não se sobrepõe ao interesse da Política de Defesa Nacional; a instalação de bases, unidades e
postos militares e demais intervenções militares, a expansão estratégica da malha viária, a exploração de alternativas
energéticas de cunho estratégico e o resguardo das riquezas de cunho estratégico, a critério dos órgãos competentes
(Ministério da Defesa e Conselho de Defesa Nacional), serão implementadosindependentemente de consulta às
comunidades indígenas envolvidas ou à FUNAI;
6. A atuação das Forças Armadas e da Polícia Federal na área indígena, no âmbito de suas atribuições, fica assegurada e se
dará independentemente de consulta às comunidades indígenas envolvidas ou à FUNAI;
7. O usufruto dos índios não impede a instalação, pela União Federal, de equipamentos públicos, redes de comunicação,
estradas e vias de transporte, além das construções necessárias à prestação de serviços públicos pela União,
especialmente os de saúde e educação;
8. O usufruto dos índios na área afetada por unidades de conservação fica sob a responsabilidade do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade;
9. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade responderá pela administração da área da unidade de
conservação também afetada pela terra indígena, com a participação das comunidades indígenas, que deverão ser
ouvidas, levando-se em conta os usos, as tradições e os costumes dos indígenas, podendo para tanto contar com a
consultoria da FUNAI;
10. O trânsito de visitantes e pesquisadores não-índios deve ser admitido na área afetada à unidade de conservação nos
horários e condições estipulados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade;
11. Devem ser admitidos o ingresso, o trânsito e a permanência de não-índios no restante da área da terra indígena,
observadas as condições estabelecidas pela FUNAI;
12. O ingresso, o trânsito e a permanência de não-índios não podem ser objeto de cobrança de quaisquer tarifas ou
quantias de qualquer natureza por parte das comunidades indígenas;
13. A cobrança de tarifas ou quantias de qualquer natureza também não poderá incidir ou ser exigida em troca da
utilização das estradas, equipamentos públicos, linhas de transmissão de energia ou de quaisquer outros equipamentos
e instalações colocadas a serviço do público, tenham sido excluídos expressamente da homologação ou não;
14. As terras indígenas não poderão ser objeto de arrendamento ou de qualquer ato ou negócio jurídico que restrinja o
pleno exercício do usufruto e da posse direta pela comunidade indígena ou pelos índios;
15. É vedada, nas terras indígenas, a qualquer pessoa estranha aos grupos tribais ou comunidades indígenas, a prática da
caça, pesca ou coleta de frutas, assim como de atividade agropecuária extrativa;
16. As terras sob ocupação e posse dos grupos e das comunidades indígenas, o usufruto exclusivo das riquezas naturais e
das utilidades existentes nas terras ocupadas, observado o disposto nos artigos 49, XVI, e 231, § 3º, da Constituição da
República, bem como a renda indígena, gozam de plena imunidade tributária, não cabendo a cobrança de quaisquer
impostos, taxas ou contribuições sobre uns ou outros;
18. Os direitos dos índios relacionados às suas terras são imprescritíveis e estas são inalienáveis e indisponíveis;
19. É assegurada a participação dos entes federados no procedimento administrativo de demarcação das terras indígenas
encravadas em seus territórios, observada a fase em que se encontrar o procedimento.
3.2.Pet 3388 ED
1. Pessoas miscigenadas, ou que vivam maritalmente com índios, podem permanecer na área.
2. Presença de autoridades religiosas e templos: cabe às comunidades indígenas o direito de decidir se, como, e em quais
circunstâncias seria admissível a presença dos missionários e seus templos.
3. Escolas públicas: as entidades federadas devem continuar a prestar serviços públicos nas terras indígenas, desde que
sob a liderança da União (CF, art. 22, XIV).
4. Passagem de não índios pelas rodovias: os índios não exercem poder de polícia e não podem obstar a passagem de
outras pessoas pelas vias públicas que cruzem a área demarcada.
5. Ações individuais: quanto às ações individuais que questionam a boa-fé dos portadores de títulos de propriedade,
proveu-se o recurso para explicitar que ao STF não foram submetidos outros processos a respeito de questões
individuais relacionadas à área, devendo eles ainda serem julgados pelos juízes naturais.
6. Posse das fazendas desocupadas: eventuais disputas do tipo devem ser resolvidas pelas comunidades interessadas,
com a participação da FUNAI e da União, sem prejuízo da intervenção do Ministério Público e do Judiciário.
7. Condições estipuladas na decisão: as condições integram o objeto da decisão e fazem coisa julgada material. Portanto,
tais diretrizes não podem ser objeto de questionamento em outros processos. Isso não significa transformação da coisa
julgada em ato normativo geral e abstrato, vinculante para outros processos que discutam matéria similar. Em outras
palavras, essas condições estipuladas para a Raposa Serra do Sol não vinculam os juízes e tribunais quando forem julgar
questões envolvendo outras terras indígenas. Vale ressaltar, entretanto, que é natural que o entendimento do STF
sobre o tema sirva de força argumentativa para outros casos semelhantes.
1. A demarcação de terras indígenas é realizada mediante processo administrativo disciplinado pelo Decreto nº
1.775/96.Este Decreto não exige que eventuais interessados na demarcação (ex: pessoas que possuem títulos de
propriedade da área a ser demarcada) sejam notificados diretamente a respeito da existência do procedimento. Basta
que seja publicado um resumo do relatório circunstanciado nos Diários Oficiais da União e da unidade federada onde se
encontra a área sob demarcação - publicação essa que também deve ser afixada na sede da Prefeitura Municipal da
situação do imóvel (art. 2º, § 7º do Decreto nº 1.775/96). Isso já é suficiente para garantir o contraditório. Vale
ressaltar, no entanto, que nesta publicação deverá constar o nome do interessado ou de sua propriedade rural (ex:
Fazenda Terra Boa). Assim, não há nulidade em processo de remarcação de terras indígenas por ausência de
notificação direta a eventuais interessados, bastando que a publicação do resumo do relatório circunstanciado seja
afixada na sede da Prefeitura Municipal da situação do imóvel. STJ. 1ª Seção. MS 22.816-DF, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 13/9/2017 (Info 611).
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Dizer o Direito
Leonardo Garcia
Frederico Amado
1. Princípios:
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e
à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII - recuperação de áreas degradadas; (Regulamento)
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação
ativa na defesa do meio ambiente.
2. Objetivos:
3. Diretrizes:
Art 5º - As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente serão formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação
dos Governos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação da
qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, observados os princípios estabelecidos no art. 2º desta Lei.
Parágrafo único - As atividades empresariais públicas ou privadas serão exercidas em consonância com as diretrizes da Política
Nacional do Meio Ambiente.
Importante:
Compete à União elaborar o zoneamento ambiental de âmbito
nacional ou regional e aos Estados o zoneamento de âmbito estadual.
Já no âmbito local, ao Município cabe a elaboração do Plano Diretor,
observando os zoneamentos ambientais.
Art. 2o O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e
atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade
ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a
melhoria das condições de vida da população.
Servidão ambiental.
Seguro ambiental.
Concessão florestal (Lei nº 11.284/2006).
Etc.
O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento público ou particular ou por
termo administrativo firmado perante órgão integrante do Sisnama, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de
parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão ambiental.
O Código Florestal instituiu a Cota de Reserva Florestal (CRA), título nominativo representativo de área com vegetação
nativa, existente ou em processo de recuperação, sob regime de servidão ambiental. As CRA poderão ser negociadas
com proprietários cujas terras apresentem percentual de vegetação nativa inferior ao mínimo legalmente estabelecido.
Servidão ambiental:
Instrumento público
Instituída por proprietário
Instrumento particular
ou possuidor
Termo administrativo
Importante:
As áreas que tenham sido instituídas na forma de servidão florestal,
nos termos do art. 44-A da Lei n o 4.771, de 15 de setembro de 1965,
passam a ser consideradas como de servidão ambiental.
OBS.:
1) A servidão ambiental não se aplica às APA e à Reserva Legal mínima exigida. Além disso, a restrição ao uso ou à
exploração da vegetação da área sob servidão ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva
Legal.
Importante:
Na hipótese de compensação de Reserva Legal, a servidão ambiental
deve ser averbada na matrícula de todos os imóveis envolvidos.
3) É vedada, durante o prazo de vigência da servidão ambiental, a alteração da destinação da área, nos casos de
transmissão do imóvel a qualquer título, de desmembramento ou de retificação dos limites do imóvel
Importante:
O detentor da servidão ambiental poderá aliená-la, cedê-la ou
transferi-la, total ou parcialmente, por prazo determinado ou em
caráter definitivo, em favor de outro proprietário ou de entidade
pública ou privada que tenha a conservação ambiental como fim
social.
A concessão florestal:
1. É um contrato de concessão oneroso.
2. Celebrado por entidades políticas com pessoas jurídicas (não poderá ser firmada com pessoas físicas).
3. Consorciadas ou não.
4. Precedido de licitação na modalidade concorrência.
5. Visando a transferir ao concessionário o direito de explorar de maneira sustentável os recursos florestais.
6. Por prazo determinado.
OBS.:
1) A concessão poderá ser feita para uma floresta pública (natural ou plantada, de propriedade da Administração Pública
Direta ou Indireta) ou floresta nacional, distrital, estadual ou municipal (unidade de conservação prevista no art. 17 da
Lei nº 9.985/2000), vedada a subconcessão.
2) A concessão não transferirá a titularidade imobiliária ou direito de preferência na aquisição, o acesso ao patrimônio
genético, o uso dos recursos hídricos ou minerais, a exploração da fauna e a comercialização de créditos decorrentes da
emissão evitada de carbono em florestas naturais.
3) É vedada a inexigibidade de licitação, assim como, no julgamento das propostas, serão combinados os critérios do
maior preço ofertado como pagamento ao poder concedente e melhor técnica (menor impacto ambiental, etc.). Além
disso, o edital da licitação deverá ser apresentado em audiência pública.
OBS.:
1) O Município estará inserido na estrutura do SISNAMA a partir do momento em que criar, através de Lei, seu Conselho
de Meio Ambiente. Além disso, deverá dispor de profissionais legalmente habilitados.
2) É inconstitucional, por violar o princípio da separação dos poderes, lei estadual que exige autorização prévia do Poder
Legislativo estadual (Assembleia Legislativa) para que sejam firmados instrumentos de cooperação pelos órgãos
componentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Também é inconstitucional lei estadual que afirme
que Fundação estadual de proteção do meio ambiente só poderá transferir responsabilidades ou atribuições para
outros órgãos componentes do SISNAMA se houver aprovação prévia da Assembleia Legislativa. STF. Plenário. ADI
4348/RR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 10/10/2018 (Info 919).
4.2. CONAMA
O CONAMA possui uma competência normativa, derivada do poder regulamentar da Administração Pública.
Importante:
As resoluções normativas do Conselho Nacional do Meio Ambiente
vinculam todos os entes federativos diante do Sistema Nacional de
Meio Ambiente.
4.2.3. Composição
Plenário.
Câmara Especial Recursal.
Comitê de Integração de Políticas Ambientais.
Câmaras Técnicas.
Grupos de Trabalho.
Grupos Assessores.
Importante:
De forma resumida, o CONAMA é integrado por órgãos federais,
estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil.
4.3.1. IBAMA
3. Executa ações das políticas nacionais de meio ambiente, referentes às atribuições federais, relativas ao licenciamento
ambiental, ao controle da qualidade ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e à fiscalização,
monitoramento e controle ambiental.
Art. 11. Compete ao IBAMA propor ao CONAMA normas e padrões para implantação, acompanhamento e fiscalização do
licenciamento previsto no artigo anterior, além das que forem oriundas do próprio CONAMA.
§ 2º - Inclui-se na competência da fiscalização e controle a análise de projetos de entidades, públicas ou privadas, objetivando a
preservação ou a recuperação de recursos ambientais, afetados por processos de exploração predatórios ou poluidores.
4. Administra o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental e o Cadastro Técnico Federal
de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais.
Art. 17. Fica instituído, sob a administração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA:
II - Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, para registro
obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção,
transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da
fauna e flora.
4.3.2. ICMBio
Importante:
O IBAMA pode exercer supletivamente o poder de polícia ambiental
nos casos de omissão do ICMBio.
1. Art. 12 da PNMA:
Art 12 - As entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais condicionarão a aprovação de projetos habilitados a
esses benefícios ao licenciamento, na forma desta Lei, e ao cumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo
CONAMA.
Parágrafo único - As entidades e órgãos referidos no " caput " deste artigo deverão fazer constar dos projetos a realização de obras
e aquisição de equipamentos destinados ao controle de degradação ambiental e à melhoria da qualidade do meio ambiente.
Dizer o Direito
Leonardo Garcia
Frederico Amado
1. NATUREZA VINCULADA
Importante:
Portanto, dentro do Direito Ambiental, inexiste conveniência e
oportunidade na exteriorização do poder de polícia. É dever do poder
público promover a preservação ambiental.
Todas as entidades políticas (diretamente ou por meio de seus integrantes da Administração Pública Indireta) possuem
o dever constitucional de exercer o poder de polícia ambiental, em razão do art. 23, VI, da CF/88.
2.2.1. A competência para o licenciamento ambiental se confunde com a atribuição para exercer a fiscalização ambiental?
Não.
REsp 1479316/SE:
Não há falar em competência exclusiva de um ente da federação para promover
medidas protetivas. Impõe-se amplo aparato de fiscalização a ser exercido pelos quatro
entes federados, independentemente do local onde a ameaça ou o dano estejam
ocorrendo, bem como da competência para o licenciamento (01/09/2015).
REsp 1307317/SC:
A competência para licenciar não se confunde com o poder fiscalizatório dos demais
órgãos ambientais integrantes do SISNAMA. Precedente do STJ (23/10/2015).
Prevalecerá o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização.
OBS.:
1) Imagine a seguinte situação: o ente federal lavrou auto de infração, mas o ente estadual responsável pelo
licenciamento discordou, entendendo que inexistiria irregularidade. Nesse caso, subsistirá o auto de infração lavrado
pelo ente federal? A despeito da omissão legal, a doutrina (Frederico Amado) entende que sim.
3. ATUAÇÃO
TRF/2R (2013):
A atividade de controle e fiscalização de atividades potencialmente poluidoras não pode gerar a cobrança de taxas dos
fiscalizados porque, como ocorre em benefício de toda a população, deve ser custeada por impostos (FALSO).
Importante:
Os Estados membros e os Municípios também podem criar suas taxas
de controle ambiental. Nesse caso, parte do montante efetivamente
pago pelo empreendedor ao Estado ou ao Município constitui credito
para compensação com o valor devido a título de TCFA (federal).
Quem exerce atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais previstas no Anexo VIII da Lei
nº 6.938/1981.
Importante:
1. A TCFA é devida por estabelecimento. Caso o estabelecimento exerça
mais de uma atividade sujeita à fiscalização, pagará a taxa
relativamente a apenas uma delas, pelo valor mais elevado.
2. São isentas do pagamento da TCFA as entidades públicas federais,
distritais, estaduais e municipais, as entidades filantrópicas, aqueles
que praticam agricultura de subsistência e as populações tradicionais.
1. É o IBAMA autorizado a celebrar convênios com os Estados, os Municípios e o Distrito Federal para desempenharem
atividades de fiscalização ambiental, podendo repassar-lhes parcela da receita obtida com a TCFA
Dizer o Direito
Leonardo Garcia
Frederico Amado
1. LICENCIAMENTO AMBIENTAL
1.1. Conceito
O licenciamento ambiental é:
1. Procedimento administrativo.
2. Pelo qual o órgão ambiental competente licencia.
3. A localização, instalação, ampliação e a operação.
4. De empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais.
5. Consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras.
6. Ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.
Importante:
Após a conclusão de todas as etapas do licenciamento ambiental
(procedimento administrativo), a Administração Pública expedirá
Licença Ambiental, ato administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor.
Portanto, não confundir “licenciamento ambiental” (procedimento
administrativo) com “licença ambiental” (ato administrativo).
Importante:
Embora o licenciamento ambiental preventivo seja a regra, é
importante registrar que também existe o licenciamento corretivo,
voltado para regularização de empreendimentos que operam sem
licença.
O Poder Judiciário não poderá analisar a viabilidade ambiental de determinado empreendimento poluidor, sendo
atribuição do Poder Executivo, cujo licenciamento apenas poderá ser revisto se constatada alguma ilegalidade.
1.2.3. Atribuição de competência para que assembleia legislativa estadual autorize previamente o licenciamento ambiental de
atividade potencialmente poluidora é constitucional?
Não. O condicionamento da atuação tipicamente administrativa ao crivo do Poder Legislativo é medida excepcional,
que deve ter esteio direto nas hipóteses previstas no texto constitucional, sob pena de subversão da modelagem de
freios e contrapesos desenhada pelo texto constitucional. Nesse caso, a submissão da atividade administrativa de
licenciamento ambiental à prévia autorização legislativa ofende o princípio da separação de poderes (STF, ADI 4272 /
MA).
1.2.4. O rol de atividades sujeitas ao licenciamento ambiental (anexo I da Resolução CONAMA 237/97) é taxativo?
Não. É exemplificativo.
Exemplos:
1. Rodovias, ferrovias e hidrovias.
2. Transposição de bacias hidrográficas
2. É assegurado o sigilo comercial, industrial, financeiro ou qualquer outro sigilo protegido por lei, bem como o relativo às
comunicações internas dos órgãos e entidades governamentais (art. 2º, § 2º, da Lei nº 10.650/2003).
3. Deverão ser publicados em Diário Oficial e ficar disponíveis, no respectivo órgão, em local de fácil acesso ao público,
listagens e relações contendo os dados referentes aos seguintes assuntos: I - pedidos de licenciamento, sua renovação
e a respectiva concessão. As relações contendo os dados referidos neste artigo deverão estar disponíveis para o público
trinta dias após a publicação dos atos a que se referem (art. 4º da Lei nº 10.650/2003).
4. Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publicados no jornal oficial, bem como em
periódico regional ou local de grande circulação, ou em meio eletrônico de comunicação mantido pelo órgão ambiental
competente (art. 10, § 1º, da PNMA).
1.3. Competência
OBS.:
1) O art. 13 da LC 140/2011 traz algumas informações importantes relacionadas:
Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo, em
conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar.
§ 1º Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira
não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental.
§ 2º A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais é autorizada pelo ente federativo licenciador.
§ 3ºo Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e outros serviços afins devem guardar relação de proporcionalidade
com o custo e a complexidade do serviço prestado pelo ente federativo.
Art. 1o Para fins do disposto no inciso III, §1o , art. 19 da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, com redação dada pelo art. 83
da Lei no 11.284, de 2 de março de 2006, compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-
IBAMA a aprovação dos seguintes empreendimentos:
I - exploração de florestas e formações sucessoras que envolvam manejo ou supressão de espécies enquadradas no Anexo II da
Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção-CITES, promulgada pelo
Decreto no 76.623, de 17 de novembro de 1975, com texto aprovado pelo Decreto Legislativo no 54, de 24 de junho de 1975;
II - exploração de florestas e formações sucessoras que envolvam manejo ou supressão de florestas e formações sucessoras em
imóveis rurais que abranjam dois ou mais Estados;
III - supressão de florestas e outras formas de vegetação nativa em área maior que:
a) dois mil hectares em imóveis rurais localizados na Amazônia Legal;
b) mil hectares em imóveis rurais localizados nas demais regiões do país;
IV - supressão de florestas e formações sucessoras em obras ou atividades potencialmente poluidoras licenciadas pelo IBAMA;
V - manejo florestal em área superior a cinqüenta mil hectares.
Parágrafo único. A exploração de florestas e formações sucessoras deverá respeitar as regras e limites dispostos em normas
específicas para o bioma.
REGRA EXCEÇÃO
A competência seguirá o critério do ente federativo No caso das APAs, a competência seguirá os critérios
instituidor da unidade de conservação (art. 12, caput, previstos nas alíneas “a”, “b”, “e”, “f” e “h” do inciso
da LC 140/2011). XIV do art. 7º, no inciso XIV do art. 8º e na alínea “a”
do inciso XIV do art. 9º (art. 12, pú, da LC 140/2011).
Art. 5º da LC 140/2011:
Art. 5o O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações administrativas a ele atribuídas nesta Lei
Complementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações
administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente.
Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele que possui técnicos
próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a demanda das ações administrativas a serem
delegadas.
2. Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos
ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade.
3. Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais
apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias.
4. Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma
única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber,
podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido
satisfatórios.
TJ/ES (2011):
A Resolução n.º 237/1997 do Conselho Nacional do Meio Ambiente estabeleceu roteiro mínimo a ser observado nos processos
de licenciamento ambiental, composto de oito etapas, entre as quais se inclui a
a) apresentação da proposta de plano de monitoramento ambiental da emissão de efluentes.
b) apresentação da proposta de plano de manejo da área vizinha ao empreendimento.
c) emissão de parecer técnico conclusivo e, conforme o caso, de parecer jurídico (VERDADEIRO).
d) assinatura de termo de ajuste de conduta proposto em audiência pública.
e) redação do termo de referência circunstanciado, acompanhado de laudo pericial, se for o caso.
Não.
Art. 17 - O arquivamento do processo de licenciamento não impedirá a apresentação de novo requerimento de licença, que deverá
obedecer aos procedimentos estabelecidos no artigo 10, mediante novo pagamento de custo de análise.
De acordo com o art. 36, o empreendedor de atividades significativo impacto ambiental deverá destinar recursos
financeiros para a implantação e manutenção de unidade de conservação do grupo de “Proteção integral” (caput) ou
de “Uso Sustentável” (§3º). Trata-se de uma aplicação do princípio do usuário-pagador.
Importante:
O tema será visto com detalhes posteriormente, dentro do material
sobre Unidades de Conservação.
2. LICENÇAS AMBIENTAIS
2.1. Conceito
A licença ambiental é:
1. Ato administrativo.
2. Pelo qual o órgão ambiental competente estabelece.
3. As condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas.
4. Pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica.
5. Para localizar, instalar, ampliar e operar.
6. Empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais.
7. Consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras.
8. Ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.
REsp 1307317/SC:
As licenças ambientais concedidas por órgão estadual, enquanto atos administrativos,
revestem-se de presunção relativa, ou juris tantum, admitindo prova em contrário
(23/10/2013).
TRF/5R (2013):
As regras relativas à licença estabelecida no âmbito do direito administrativo aplicam-se ao licenciamento ambiental (FALSO).
OBS.:
1) As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e
fase do empreendimento ou atividade.
2) Caso a atividade não traga considerável impacto ambiental, poder-se-á dispensar o procedimento trifásico (LP, LI e LO)
e adotar licenciamento unifásico.
Sim. O processo de licenciamento ambiental para uso sustentável da unidade de manejo compreende a licença prévia e
a licença de operação, não se lhe aplicando a exigência de licença de instalação (art. 18, § 6º, da Lei nº 11.284/2006).
2.4. Prazos
OBS.:
1) O decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença ambiental, não implica emissão tácita nem autoriza a
prática de ato que dela dependa ou decorra, mas instaura a competência supletiva, assim considerada a ação do ente
da federação que se substitui ao ente federativo originalmente detentor das atribuições.
2) As exigências de complementação oriundas da análise do empreendimento ou atividade devem ser comunicadas pela
autoridade licenciadora de uma única vez ao empreendedor, ressalvadas aquelas decorrentes de fatos novos. As
exigências de complementação de informações, documentos ou estudos feitas pela autoridade licenciadora
suspendem o prazo de aprovação, que continua a fluir após o seu atendimento integral pelo empreendedor.
Importante:
O empreendedor deverá atender à solicitação de esclarecimentos e
complementações, formuladas pelo órgão ambiental competente,
dentro do prazo máximo de 4 (quatro) meses, a contar do
recebimento da respectiva notificação. Esse prazo poderá ser
prorrogado, desde que justificado e com a concordância do
empreendedor e do órgão ambiental competente.
TRF/3R (2011):
No caso de empreendimentos e atividades sujeitos ao EIA, verificada a necessidade de complementação dos esclarecimentos
prestados, o órgão ambiental competente poderá, de modo unilateral, independentemente da participação do empreendedor,
exigir providências suplementares, cujo descumprimento implica o indeferimento sumário do pedido de licença (FALSO).
OBS.: Sobre a renovação da Licença de Operação (LO), ficar atento para os seguintes detalhes:
As hipóteses de modificação, suspensão e cancelamento da licença ambiental estão fixadas no art. 19 da Resolução
CONAMA 237/97:
Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de
controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer:
I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais.
II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença.
III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.
Dizer o Direito
Leonardo Garcia
Frederico Amado
1.CONCEITO
O RIMA é:
1. O documento que conterá as conclusões do EIA.
2. Devendo ser apresentado em linguagem objetiva e adequada à sua compreensão pela população.
3. Inclusive podendo ter ilustrações.
4. Sendo de acessibilidade pública, ressalvado o sigilo industrial.
2. ESPÉCIES
3. EIA/RIMA
Art. 225, § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
Caráter público.
Não pode ser objeto de reforma judicial.
Exigido no meio rural e urbano.
A exigência do EIA deriva do poder vinculado.
O Poder Público também está submetido ao EIA.
O órgão ambiental não está vinculado às conclusões do EIA.
3.2.1. Uma lei estadual (ou municipal) pode dispensar o estudo prévio de impacto ambiental?
REGRA EXCEÇÃO
O EIA deve ser apresentado antes da concessão da Após a concessão de licença, nada impede que o órgão
licença prévia. Não deve ser admitido estudo ambiental competente exija um novo estudo de
“póstumo” de impacto ambiental. impacto ambiental, diante de uma nova situação
preocupante com relação a impactos ao meio
ambiente.
O EIA só será exigível se for significativa (efetiva ou potencialmente) a degradação ambiental esperada.
A Resolução CONAMA 237 presume a existência de significativa degradação ambiental (rol exemplificativo).
Importante:
Prevalece no âmbito doutrinário que essa presunção de significativa
degradação ambiental é absoluta (Paulo Affonso Leme Machado).
1. Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto, confrontando-as com a hipótese de não
execução do projeto.
2. Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da
atividade.
3. Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de
influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza.
4. Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de influência do projeto, e sua
compatibilidade.
Importante:
Os órgãos ambientais competentes e os órgãos setoriais do SISNAMA
deverão compatibilizar os processos de licenciamento com as etapas
de planejamento e implantação das atividades modificadoras do meio
Ambiente, respeitados os critérios e diretrizes estabelecidos por esta
Resolução e tendo por base a natureza o porte e as peculiaridades de
cada atividade.
1. Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas
interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto,
considerando: a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os
tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; b) o
meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade
ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; c) o
meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-economia, destacando os sítios e
monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local,
os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.
TRF/3R (2011):
No EIA, deve ser desenvolvido diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, considerados o meio físico, o biológico e
os ecossistemas naturais, sendo de responsabilidade do RIMA a análise do meio socioeconômico e das relações de dependência
entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos (FALSO).
2. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e
interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos
(benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau
de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.
3. Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de
tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas.
Importante:
Hoje não vigora mais a vedação de dependência direta ou indireta da
equipe multidisciplinar ao proponente, ante a revogação do art. 7º da
Resolução CONAMA 01/1986, o que se afigura um retrocesso
lamentável, pois certamente profissionais que mantenham vinculo
empregatícios (que pressupõe subordinação) com o empreendedor
não terão a devida independência funcional.
OBS.:
1) De acordo com a complexidade do empreendimento e de questões geográficas, é possível a realização de mais de uma
audiência pública sobre o mesmo projeto, a critério do órgão licenciador.
2) Caso não ocorra a audiência pública nas hipóteses acima, a eventual licença concedida será inválida, sendo condição
indispensável de validade da licença ambiental, quando obrigatória.
3) As observações e críticas colhidas no âmbito da audiência pública não vincularão a decisão do órgão ambiental
licenciador no deferimento ou não da licença ambiental.
1. Dispositivo de constituição estadual que submeta o RIMA ao crivo da Assembleia Legislativa viola o Princípio da
Separação dos Poderes (ADI 1505).
2. Não é possível que uma constituição estadual crie exceção à obrigatoriedade do EIA/RIMA (ADI 1086).
RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS
Dizer o Direito
Leonardo Garcia
Frederico Amado
1. INTRODUÇÃO
1. Em caso de dano ao meio ambiente, há possibilidade de responsabilidade simultânea nas esferas civil, penal e
administrativa, em relação a um mesmo evento danoso (princípio da independência das instâncias).
2. Deve-se priorizar a inibição do dano ambiental, mediante as tutelas de prevenção, haja vista normalmente não ser
possível se restaurar in natura o estado anterior do bem ambiental degradado.
REsp 1115555/MG:
O direito ambiental atua de forma a considerar, em primeiro plano, a prevenção,
seguida da recuperação e, por fim, o ressarcimento (23/02/2011).
2. PREVISÃO NA LEGISLAÇÃO
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica
exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
Art. 225, § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas,
a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Art. 21, XXIII, “d” A responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;
Art. 14, § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da
existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O
Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos
causados ao meio ambiente.
3. FUNDAMENTO
Princípio do poluidor-pagador.
4. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
É competência concorrente entre a União, os estados e o DF legislar sobre responsabilidade por dano ao meio
ambiente (art. 24, VIII, CF), inclusive os municípios, que poderão legislar sobre o tema de acordo com o interesse local,
bem como suplementar a legislação federal e estadual no que couber (art. 30, I e II, CF).
Responsabilidade objetiva.
o Não é necessária a prova da culpa ou do dolo.
Risco integral.
o Não admite a existência de excludentes do nexo causal.
5.2. Requisitos
Conduta.
Dano.
Nexo causal.
5.3.1. A responsabilidade civil ambiental por ofensa a direitos individuais é objetiva fundada no risco integral?
Sim.
REsp 1373788/SP:
A responsabilidade civil por danos ambientais, seja por lesão ao meio ambiente
propriamente dito (dano ambiental público), seja por ofensa a direitos individuais (dano
ambiental privado), é objetiva, fundada na teoria do risco integral, em face do disposto
no art. 14, § 10º, da Lei n. 6.938/81. Irrelevância da eventual culpa exclusiva ou
concorrente da vítima (20/05/2014).
REsp 1175907/MG
É jurisprudência pacífica desta Corte o entendimento de que um mesmo dano
ambiental pode atingir tanto a esfera moral individual como a esfera coletiva,
acarretando a responsabilização do poluidor em ambas, até porque a reparação
ambiental deve ser feita da forma mais completa possível
5.3.2. A responsabilidade civil objetiva por dano ambiental exclui a necessidade comprovação da efetiva ocorrência de dano e
do nexo de causalidade com a conduta do agente?
Não.
REsp 1378705/SC:
A responsabilidade civil objetiva por dano ambiental não exclui a comprovação da
efetiva ocorrência de dano e do nexo de causalidade com a conduta do agente, pois
estes são elementos essenciais ao reconhecimento do direito de reparação
(14/10/2013).
5.3.3. Existe algum caso específico que o STJ dispensa a comprovação do nexo de causalidade?
Sim. O STJ já dispensou a necessidade de prova do nexo causal, no caso específico de responsabilidade no novo
adquirente de imóvel já danificado (natureza propter rem), ainda que tenha adquirido com boa-fé.
A obrigação de reparação ambiental é propter rem, podendo, assim, ser exigível do atual proprietário independente de
qualquer indagação acerca da boa-fé do adquirente ou de nexo causal (INF 430 STJ).
Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor
atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/12/2018, DJe 17/12/2018.
OBS.:
1) O Código Florestal (art. 2º, § 1º) positivou essa jurisprudência: “As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e
são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural”.
2) Da mesma forma, o art. 7º, § 1º: “Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Preservação
Permanente, o proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recomposição da
vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei”.
5.3.4. A atividade geradora de risco ambiental potencial (e não concreto) poderá ensejar a responsabilização do agente?
Sim.
PGM-Curitiba (2015):
A simples atividade geradora de risco ambiental potencial, e não concreto, não tem o condão de suscitar a responsabilização do
agente e obrigá-lo a cessar a atividade nociva (FALSO).
5.3.5. Há bis in idem na cobrança de indenização por dano ambiental e a compensação ambiental do art. 36 da Lei nº 9985?
Conclusão:
Os dois institutos têm natureza distinta, não havendo bis in idem na
cobrança de indenização, desde que nela não se inclua a
compensação anteriormente realizada ainda na fase de implantação
do projeto.
6. CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES
De direito público
Diretamente
Responsável por atividade causadora
de degradação ambiental
Indiretamente
A degradação ambiental é uma expressão com acepção mais ampla que poluição.
6.1.2. A poluição amparada em regular licenciamento/autorização desonerará o poluidor de reparar os danos ambientais?
Não. A poluição poderá ser lícita ou ilícita. Se uma pessoa desmata parte da vegetação de sua fazenda amparada por
regular licenciamento ambiental, haverá uma poluição lícita, pois realizada dentro dos padrões de tolerância da
legislação ambiental e com base em licença, o que exclui qualquer responsabilidade administrativa ou criminal do
poluidor. Contudo, mesmo a poluição licenciada não exclui a responsabilidade civil do poluidor, na hipótese de geração
de danos ambientais, pois esta não é sancionatória, e sim reparatória
REsp 1394025/MS:
Em tema de direito ambiental, não se cogita em direito adquirido à devastação, nem se
admite a incidência da teoria do fato consumado (precedentes do STJ e STF). Em que
pese ao loteamento em questão haver sido concedido licenciamento ambiental, tal
fato, por si só, não elide a responsabilidade pela reparação do dano causado ao meio
ambiente, uma vez afastada a legalidade da autorização administrativa (18/10/2013).
Súmula 613-STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental. STJ. 1ª Seção. Aprovada
em 09/05/2018, DJe 14/05/2018.
OBS.:
1) Nesse caso, o poluidor poderia ser responsabilizado civilmente em razão da ocorrência do dano, mas por ter cumprido
as regras administrativas do licenciamento ambiental, não seria responsabilizado administrativamente.
É inadequado pretender conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter punitivo imediato, pois a punição é
função que incumbe ao direito penal e administrativo.
6.3.1. É possível a condenação em dano moral, inclusive coletivo, em razão de dano ambiental?
Sim. Como a reparação ambiental deve ser plena, a condenação a recuperar a área danificada não afasta o dever de
indenizar, alcançando o dano moral coletivo e o dano residual (REsp 1410698/MG).
REsp 1269494/MG:
O dano moral coletivo ambiental atinge direitos de personalidade do grupo
massificado, sendo desnecessária a demonstração de que a coletividade sinta a dor, a
repulsa, a indignação, tal qual fosse um indivíduo isolado (01/10/2013).
Grau de culpa.
Nível socioeconômico do autor.
Porte da empresa.
Realidade da vida e peculiaridades de cada caso.
REsp 1374284/MG:
Na fixação da indenização por danos morais, recomendável que o arbitramento seja
feito caso a caso e com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao nível
socioeconômico do autor, e, ainda, ao porte da empresa, orientando-se o juiz pelos
critérios sugeridos pela doutrina e jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua
experiência e bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso,
de modo que, de um lado, não haja enriquecimento sem causa de quem recebe a
indenização e, de outro, haja efetiva compensação pelos danos morais experimentados
por aquele que fora lesado (05/09/2014).
6.3.3. Jurisprudência
1. A privação das condições de trabalho em decorrência de dano ambiental configura dano moral. Estando o trabalhador
impossibilitado de trabalhar, revela-se patente seu sofrimento, angústia e aflição. O ócio indesejado imposto pelo
acidente ambiental gera a incerteza quanto à viabilidade futura de sua atividade profissional e manutenção própria e
de sua família. Precedente citado: REsp 1.114.398-PR, DJe 16/2/2012 (REPETITIVO). REsp 1.346.430-PR, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 18/10/2012.
Outro instrumento importante para garantir a reparação dos danos ambientais é a desconsideração da personalidade
jurídica, que na esfera ambiental é informada pela Teoria Menor, pois não exige o abuso da personalidade jurídica para
a sua concretização (art. 4º da Lei nº 9.605/98).
7. ASPECTOS PROCESSUAIS
7.1. Solidariedade
A responsabilidade civil ambiental é solidária, ou seja, todos os responsáveis diretos ou indiretos pelo dano causado
responderão solidariamente pelos danos ao meio ambiente (AgRg no AREsp 432409/RJ).
REsp 880160/RJ
Também é remansosa a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça pela
impossibilidade de que qualquer dos envolvidos alegue, como forma de se isentar do
dever de reparação, a não-contribuição direta e própria para o dano ambiental,
considerando justamente que a degradação ambiental impõe, entre aqueles que para
ela concorrem, a solidariedade da reparação integral do dano.
No dano ambiental, a regra geral é a do litisconsórcio facultativo. Logo, mesmo havendo múltiplos agentes poluidores,
não existe obrigatoriedade na formação do litisconsórcio, abrindo-se ao autor a possibilidade de demandar de qualquer
um deles, isoladamente ou em conjunto, pelo todo (AgRg no AREsp 432409/RJ).
Utilizando-se do princípio da precaução, a jurisprudência do STJ tem admitido a inversão do ônus da prova, impondo ao
autor potencial provar, com anterioridade, que sua ação não causará danos ao meio ambiente.
REsp 1237893/SP:
Em ação ambiental, impõe-se a inversão do ônus da prova, cabendo ao empreendedor,
no caso concreto o próprio Estado, responder pelo potencial perigo que causa ao meio
ambiente, em respeito ao princípio da precaução (01/10/2013).
Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental. STJ. Corte Especial. Aprovada em
24/10/2018, DJe 30/10/2018.
7.4. Imprescritibilidade
A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que as infrações ao meio ambiente são de caráter continuado,
motivo pelo qual as ações de pretensão de cessação dos danos ambientais são imprescritíveis (AgRg no REsp
1421163/SP).
Importante:
Não confundir o pedido de reparação do dano ambiental (direito
indisponível) com a ação de indenização promovida por particular em
razão de danos ambientais (direito disponível). Apenas o primeiro
pleito é imprescritível.
Em ação civil pública ambiental, é admitida a possibilidade de condenação do réu à obrigação de fazer ou não fazer
cumulada com a de indenizar. Tal orientação fundamenta-se na eventual possibilidade de que a restauração in natura
não se mostre suficiente à recomposição integral do dano causado (AgRg no REsp 1415062/CE).
Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada
com a de indenizar. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/12/2018, DJe 17/12/2018.
7.5.2. Se o poluidor promover a restauração imediata e completa do bem lesado ao status quo ante, a indenização ainda assim
será devida?
Não.
REsp 1198727/MG:
Se o bem ambiental lesado for imediata e completamente restaurado ao status quo
ante (reductio ad pristinumstatum, isto é, restabelecimento à condição original), não
há falar, ordinariamente, em indenização. Contudo, a possibilidade técnica, no futuro
(= prestação jurisdicional prospectiva), de restauração in natura nem sempre se mostra
suficiente para reverter ou recompor integralmente, no terreno da responsabilidade
civil, as várias dimensões do dano ambiental causado; por isso não exaure os deveres
associados aos princípios do poluidor-pagador e da reparação in integrum
(09/05/2013).
AgRg no REsp 1486195/SC:
No que tange às ações civis públicas que tratam de danos ao meio ambiente, o Superior
Tribunal de Justiça tem externado o entendimento de que as ações de obrigação de
fazer podem ser cumuladas com as indenizatórias e de que nem sempre a
recomposição da área degradada ou o saneamento do dano provocado ilide a
necessidade de indenização. Todavia, esse entendimento não implica a conclusão de
que, sempre, será devida a indenização, pois, quando é possível a completa
restauração, sem que se verifique ter havido dano remanescente ou reflexo, não há
falar em indenização (11/03/2016).
É pacífico o entendimento desta Corte Superior a respeito da impossibilidade de denunciação à lide quando a relação
processual entre o autor e o denunciante é fundada em causa de pedir diversa da relação passível de instauração entre
o denunciante e o denunciado, à luz dos princípios da economia e celeridade processuais. Na espécie, a
responsabilidade por danos ao meio ambiente é objetiva e a responsabilidade existente entre os pretensos
denunciante e denunciado é do tipo subjetiva, razão pela qual inviável a incidência do art. 70, inc. III, do CPC (AgRg no
Ag 1213458).
A indenização por dano material (ambiental) oriunda de responsabilidade civil objetiva extracontratual, tem, como
termo inicial da correção monetária, a data do evento danoso, nos termos da Súmula 43 do STJ (AgInt nos EDcl nos
EREsp 1312355 / MS, julgado em 05/10/2016).
MPE/MG – Promotor de Justiça (2017):
No caso de dano ambiental, é CORRETO afirmar:
a) Incide a correção monetária a partir do ato ilícito. (VERDADEIRO)
b) Não incide a correção monetária.
c) Incide a correção monetária a partir da data da sentença.
d) Incide a correção monetária a partir da data do acórdão.
Com base no conceito de “poluidor” (explicado acima), verifica-se que as pessoas jurídicas de direito público poderão
ser consideradas poluidoras, por atos comissivos ou omissivos.
Exemplos:
1. Quando explora diretamente atividade econômica, a exemplo do ramo petrolífero,
através de empresa estatal, a Administração Pública poderá se enquadrar como
poluidora direta.
2. A concessão de uma licença ambiental irregular por um órgão ambiental que
culmine em degradação ambiental, colocará o Poder Público na condição de
poluidor indireto.
OBS.: No espelho da prova subjetiva da PGE/BA, o Cespe destacou que a responsabilidade do Estado é objetiva em caso de
omissão do órgão ambiental competente.
8.2.2. Caso o Estado se enquadre como poluidor indireto, após a reparação poderá regressar contra o poluidor direto?
Sim, é assegurado o direito de regresso previsto no art. 934 do CC (AgRg no REsp 1001780/PR).
8.2.3. Caso o Estado se enquadre como poluidor indireto, a sua responsabilidade civil será solidária?
Apesar de ser solidária, a responsabilidade civil do Poder Público é de execução subsidiária, na hipótese de omissão de
cumprimento adequado do seu dever de fiscalizar que foi determinante para a concretização ou o agravamento do
dano causado pelo seu causador direto.
9. JURISPRUDÊNCIA
2. Determinada empresa de mineração deixou vazar resíduos de lama tóxica (bauxita), material que atingiu quilômetros
de extensão e se espalhou por cidades dos Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, deixando inúmeras famílias
desabrigadas e sem seus bens móveis e imóveis. O STJ, ao julgar a responsabilidade civil decorrente desses danos
ambientais, fixou as seguintes teses em sede de recurso repetitivo: a) a responsabilidade por dano ambiental é
objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o
risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de
excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indenizar; b) em decorrência do acidente, a
empresa deve recompor os danos materiais e morais causados e c) na fixação da indenização por danos morais,
recomendável que o arbitramento seja feito caso a caso e com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao
nível socioeconômico do autor, e, ainda, ao porte da empresa, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela
doutrina e jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e bom senso, atento à realidade da vida e
às peculiaridades de cada caso, de modo que, de um lado, não haja enriquecimento sem causa de quem recebe a
indenização e, de outro, haja efetiva compensação pelos danos morais experimentados por aquele que fora lesado. STJ.
2ª Seção. REsp 1.374.284-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/8/2014 (Info 545).
3. O particular que deposita resíduos tóxicos em seu terreno, expondo-os a céu aberto, em local onde, apesar da
existência de cerca e de placas de sinalização informando a presença de material orgânico, o acesso de outros
particulares seja fácil, consentido e costumeiro, responde objetivamente pelos danos sofridos por pessoa que, por
conduta não dolosa, tenha sofrido, ao entrar na propriedade, graves queimaduras decorrentes de contato com os
resíduos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.373.788-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 6/5/2014 (Info 544).
4. Para fins do art. 543-C do Código de Processo Civil: a) para demonstração da legitimidade para vindicar indenização por
dano ambiental que resultou na redução da pesca na área atingida, o registro de pescador profissional e a habilitação
ao benefício do seguro-desemprego, durante o período de defeso, somados a outros elementos de prova que
permitam o convencimento do magistrado acerca do exercício dessa atividade, são idôneos à sua comprovação; b) a
responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o
fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa
responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar a sua obrigação de indenizar; c)
é inadequado pretender conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter punitivo imediato, pois a punição é
função que incumbe ao direito penal e administrativo; d) em vista das circunstâncias específicas e homogeneidade dos
efeitos do dano ambiental verificado no ecossistema do rio Sergipe - afetando significativamente, por cerca de seis
meses, o volume pescado e a renda dos pescadores na região afetada -, sem que tenha sido dado amparo pela
poluidora para mitigação dos danos morais experimentados e demonstrados por aqueles que extraem o sustento da
pesca profissional, não se justifica, em sede de recurso especial, a revisão do quantum arbitrado, a título de
compensação por danos morais, em R$ 3.000,00 (três mil reais); e) o dano material somente é indenizável mediante
prova efetiva de sua ocorrência, não havendo falar em indenização por lucros cessantes dissociada do dano
efetivamente demonstrado nos autos; assim, se durante o interregno em que foram experimentados os efeitos do
dano ambiental houve o período de "defeso" - incidindo a proibição sobre toda atividade de pesca do lesado -, não há
cogitar em indenização por lucros cessantes durante essa vedação; f) no caso concreto, os honorários advocatícios,
fixados em 20% (vinte por cento) do valor da condenação arbitrada para o acidente - em atenção às características
específicas da demanda e à ampla dilação probatória -, mostram-se adequados, não se justificando a revisão, em sede
de recurso especial (REsp 1354536/SE).
5. Relativamente ao acidente ocorrido no dia 5 de outubro de 2008, quando a indústria Fertilizantes Nitrogenados de
Sergipe (Fafen), subsidiária da Petrobras, deixou vazar para as águas do rio Sergipe cerca de 43 mil litros de amônia,
que resultou em dano ambiental provocando a morte de peixes, camarões, mariscos, crustáceos e moluscos e
consequente quebra da cadeia alimentar do ecossistema fluvial local: é inadequado pretender conferir à reparação civil
dos danos ambientais caráter punitivo imediato, pois a punição é função que incumbe ao direito penal e
administrativo. O art. 225, § 3º, da CF estabelece que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, e que "as condutas e atividades consideradas lesivas
ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados". Nesse passo, no REsp 1.114.398/PR, (julgado sob o
rito do art. 543-C do CPC, DJe 16/2/2012) foi consignado ser patente o sofrimento intenso de pescador profissional
artesanal, causado pela privação das condições de trabalho, em consequência do dano ambiental, sendo devida
compensação por dano moral, fixada, por equidade. A doutrina realça que, no caso da compensação de danos morais
decorrentes de dano ambiental, a função preventiva essencial da responsabilidade civil é a eliminação de fatores
capazes de produzir riscos intoleráveis, visto que a função punitiva cabe ao direito penal e administrativo, propugnando
que os principais critérios para arbitramento da compensação devem ser a intensidade do risco criado e a gravidade do
dano, devendo o juiz considerar o tempo durante o qual a degradação persistirá, avaliando se o dano é ou não
reversível, sendo relevante analisar o grau de proteção jurídica atribuído ao bem ambiental lesado. Assim, não há falar
em caráter de punição à luz do ordenamento jurídico brasileiro - que não consagra o instituto de direito comparado
dos danos punitivos (punitivedamages) -, haja vista que a responsabilidade civil por dano ambiental prescinde da culpa
e que, revestir a compensação de caráter punitivo propiciaria o bis in idem (pois, como firmado, a punição imediata é
tarefa específica do direito administrativo e penal). Dessa forma, conforme consignado no REsp 214.053-SP, para "se
estipular o valor do dano moral devem ser consideradas as condições pessoais dos envolvidos, evitando-se que sejam
desbordados os limites dos bons princípios e da igualdade que regem as relações de direito, para que não importe em
um prêmio indevido ao ofendido, indo muito além da recompensa ao desconforto, ao desagrado, aos efeitos do
gravame suportado" (Quarta Turma, DJ 19/3/2001). Com efeito, na fixação da indenização por danos morais,
recomendável que o arbitramento seja feito com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao nível
socioeconômico dos autores e, ainda, ao porte da empresa recorrida, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela
doutrina e jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atento à realidade da vida
e às peculiaridades de cada caso. Assim, é preciso ponderar diversos fatores para se alcançar um valor adequado ao
caso concreto, para que, de um lado, não haja nem enriquecimento sem causa de quem recebe a indenização e, de
outro lado, haja efetiva compensação pelos danos morais experimentados por aquele que fora lesado.(INF 538
STJ/REsp 1.354.536-SE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/3/2014.)
6. A responsabilidade por dano ambiental é objetiva e pautada no risco integral, não se admitindo a aplicação de
excludentes de responsabilidade. Conforme a previsão do art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/1981, recepcionado pelo art.
225, §§ 2º e 3º, da CF, a responsabilidade por dano ambiental, fundamentada na teoria do risco integral, pressupõe a
existência de uma atividade que implique riscos para a saúde e para o meio ambiente, impondo-se ao empreendedor a
obrigação de prevenir tais riscos (princípio da prevenção) e de internalizá-los em seu processo produtivo (princípio do
poluidor-pagador). Pressupõe, ainda, o dano ou risco de dano e o nexo de causalidade entre a atividade e o resultado,
efetivo ou potencial, não cabendo invocar a aplicação de excludentes de responsabilidade (INF 507 STJ).
7. Na hipótese de ação civil pública proposta em razão de dano ambiental, é possível que a sentença condenatória
imponha ao responsável, cumulativamente, as obrigações de recompor o meio ambiente degradado e de pagar quantia
em dinheiro a título de compensação por dano moral coletivo (INF 526 STJ).
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA POR DANOS AMBIENTAIS
Dizer o Direito
Leonardo Garcia
Frederico Amado
1. INTRODUÇÃO
OBS.:
1) Cada entidade política terá a atribuição de instituir as suas próprias infrações administrativas por lei.
2) A competência para o licenciamento ambiental não se confunde com a atribuição para exercer a fiscalização ambiental.
No âmbito federal, a infração administrativa ambiental é tratada genericamente pela Lei nº 9.605/98, regulamentada
pelo Decreto nº 6.514/08.
Importante:
Não viola o princípio da legalidade a instituição de um tipo genérico
por lei, a ser regulamentado via decreto, como ocorre com a Lei nº
9.605/98 e o Decreto nº 6.514/08.
Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
proteção e recuperação do meio ambiente.
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata,
mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade.
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o
contraditório, observadas as disposições desta Lei.
2.2.1. Quem são autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo?
Art. 70 (...)
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de
órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização,
bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades relacionadas no parágrafo
anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia.
A ocorrência de dano ambiental não é exigida para a consumação do citado tipo administrativo, em consonância com o
princípio da prevenção, sendo bastante que o agente, por ação ou omissão, infrinja a legislação administrativa
ambiental, existindo infrações de dano e de perigo.
Pessoa física.
Pessoa jurídica.
Importante:
No caso de pessoa jurídica, exige-se que o ato tenha sido praticado
por seu representante legal ou contratual, no interesse ou benefício
da entidade moral.
Apesar de existência de decisões em sentido contrário (REsp 1318051/RJ), o STJ possui jurisprudência adotando a
responsabilidade subjetiva administrativa.
REsp 1401500/PR:
Sendo assim, o STJ possui jurisprudência no sentido de que, "tratando-se de
responsabilidade administrativa ambiental, o terceiro, proprietário da carga, por não
ser o efetivo causador do dano ambiental, responde subjetivamente pela degradação
ambiental causada pelo transportador" (AgRg no AREsp 62.584/RJ, Rel. Ministro Sérgio
Kukina, Rel. p/ acórdão Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, DJe 7.10.2015).
6. "Isso porque a aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da
responsabilidade objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados), mas
deve obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser
cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e
com demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano". (REsp 1.251.697/PR, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17.4.2012) (13/09/2016).
REsp 1640243/SC:
Nos termos da jurisprudência do STJ, como regra a responsabilidade administrativa
ambiental apresenta caráter subjetivo, exigindo dolo ou culpa para sua configuração
(27/04/2017).
INF 650 STJ
A aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da responsabilidade
objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados), mas deve obedecer à
sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida pelo
alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e com
demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano. Assim, a responsabilidade CIVIL
ambiental é objetiva; porém, tratando-se de responsabilidade administrativa ambiental,
a responsabilidade é SUBJETIVA. STJ. 1ª Seção. EREsp 1318051/RJ, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 08/05/2019 (Info 650).
2.5. Pessoalidade
A aplicação e a execução de penalidade administrativa se limita ao transgressor, ou seja, não se admite que terceiros
respondam por ofensa ambientais praticadas por outrem (REsp 1251697/PR).
REsp 1251697/PR:
6. O ponto controverso nestes autos, contudo, é outro. Discute-se, aqui, a possibilidade
de que terceiro responda por sanção aplicada por infração ambiental. 7. A questão,
portanto, não se cinge ao plano da responsabilidade civil, mas da responsabilidade
administrativa por dano ambiental. 8. Pelo princípio da intranscendência das penas (art.
5º, inc. XLV, CR88), aplicável não só ao âmbito penal, mas também a todo o Direito
Sancionador, não é possível ajuizar execução fiscal em face do recorrente para cobrar
multa aplicada em face de condutas imputáveis a seu pai. 9. Isso porque a aplicação de
penalidades administrativas não obedece à lógica da responsabilidade objetiva da
esfera cível (para reparação dos danos causados), mas deve obedecer à sistemática da
teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida pelo alegado
transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e com demonstração do
nexo causal entre a conduta e o dano. 10. A diferença entre os dois âmbitos de punição
e suas consequências fica bem estampada da leitura do art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/81,
segundo o qual "[s]em obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo [entre
elas, frise-se, a multa], é o poluidor obrigado, independentemente da existência de
culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros,
afetados por sua atividade". 11. O art. 14, caput, também é claro: "[s]em prejuízo das
penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento
das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos
causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: [...]". 12.
Em resumo: a aplicação e a execução das penas limitam-se aos transgressores; a
reparação ambiental, de cunho civil, a seu turno, pode abranger todos os poluidores, a
quem a própria legislação define como "a pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental" (art. 3º, inc. V, do mesmo diploma normativo). 13. Note-se que nem seria
necessária toda a construção doutrinária e jurisprudencial no sentido de que a
obrigação civil de reparar o dano ambiental é do tipo propter rem, porque, na verdade,
a própria lei já define como poluidor todo aquele que seja responsável pela degradação
ambiental - e aquele que, adquirindo a propriedade, não reverte o dano ambiental,
ainda que não causado por ele, já seria um responsável indireto por degradação
ambiental (poluidor, pois). 14. Mas fato é que o uso do vocábulo "transgressores" no
caput do art. 14, comparado à utilização da palavra "poluidor" no § 1º do mesmo
dispositivo, deixa a entender aquilo que já se podia inferir da vigência do princípio da
intranscendência das penas: a responsabilidade civil por dano ambiental é
subjetivamente mais abrangente do que as responsabilidades administrativa e penal,
não admitindo estas últimas que terceiros respondam a título objetivo por ofensa
ambientais praticadas por outrem.
OBS.:
1) SV 21/STF: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade
de recurso administrativo.
TJ/PR – Juiz de Direito (2017) – CESPE:
d) É legal a exigência de depósito prévio da multa ambiental como condição para o exercício da defesa administrativa.(FALSO)
TRF/5R – Juiz Federal (2017) – CESPE:
Em um processo administrativo sancionador no âmbito do IBAMA, foi proferida decisão — ainda sujeita a recurso — aplicando
multa ao autor de infração administrativa ambiental. A respeito dessa situação hipotética, é correto inferir que
d) a admissibilidade de recurso administrativo está condicionada ao prévio depósito do valor da multa. (FALSO)
2) Quando o fato objeto da infração também constituir crime, a prescrição de que trata o caput reger-se-á pelo prazo
previsto na lei penal.
3) Com fundamento no princípio da independência das instâncias, a prescrição da pretensão punitiva da administração
não elide a obrigação de reparar o dano ambiental.
2.8. Prazos
Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve observar os seguintes prazos máximos:
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação;
II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a
defesa ou impugnação;
III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente -
SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação;
IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da notificação.
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:
I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de
qualquer natureza utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
X – (VETADO)
XI - restritiva de direitos.
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas
cominadas.
§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos
regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo.
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:
I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do
SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha;
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha.
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei.
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento
não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.
§ 8º As sanções restritivas de direito são:
I - suspensão de registro, licença ou autorização;
II - cancelamento de registro, licença ou autorização;
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos.
OBS.:
1) A autoridade ambiental que se omitir na apuração do ilícito ambiental terá corresponsabilidade pela infração, se dele
tiver conhecimento e puder agir.
Em regra, sim.
REsp 1217234/PB:
Os atos de polícia são executados pela própria autoridade administrativa,
independentemente de autorização judicial. Se, todavia, o ato de polícia tiver como
objeto a demolição de uma casa habitada, a respectiva execução deve ser autorizada
judicialmente e acompanhada por oficiais de justiça (14/08/2013).
REsp 1246443 / PR
Mesmo que a Lei n. 9.605/98 autorize a demolição de obra como sanção às infrações
administrativas de cunho ambiental, a verdade é que existe forte controvérsia acerca
de sua auto-executoriedade (da demolição de obra). Em verdade, revestida ou não a
sanção do referido atributo, a qualquer das partes (Poder Público e particular) é dado
recorrer à tutela jurisdicional (3/04/2012).
2.7.2. A Administração Pública deve advertir para somente depois aplicar a multa?
Não. O art. 72 da Lei 9.605/1998 prevê as diferentes modalidades de sanções aplicáveis como resposta à infração
ambiental, sem, contudo, estabelecer a obrigatoriedade da observância de qualquer sequência dessas modalidades no
momento de sua cominação.
Não constitui dever da Administração Pública primeiramente advertir para somente depois aplicar a multa simples. A
escolha do tipo de sanção para o caso concreto é verificada de acordo com o grau de gravidade da conduta infracional,
os antecedentes do infrator e a situação econômica, conforme art. 6º da Lei 9.605/1998 (REsp 1710683/MG).
Importante:
Se a multa federal for maior, a substituição será parcial, bem como
será condicionada ao efetivo pagamento ao Poder Público local (art.
12 do Decreto nº 6.514/08).
Art. 12. O pagamento de multa por infração ambiental imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a
aplicação de penalidade pecuniária pelo órgão federal, em decorrência do mesmo fato, respeitados os limites estabelecidos neste
Decreto.
Parágrafo único. Somente o efetivo pagamento da multa será considerado para efeito da substituição de que trata o caput, não
sendo admitida para esta finalidade a celebração de termo de compromisso de ajustamento de conduta ou outra forma de
compromisso de regularização da infração ou composição de dano, salvo se deste também participar o órgão ambiental federal.
OBS.:
1) No caso de aplicação de multa diária (art. 10 do Decreto nº 6514), a celebração de termo de compromisso de
reparação ou cessação dos danos encerrará a contagem da multa diária.
Decreto nº 9.179/2017:
Antes Depois
Art. 141. Não será concedida a conversão de multa Art. 141. Não caberá conversão de multa para
para reparação de danos de que trata o inciso I do reparação de danos decorrentes das próprias
art. 140, quando: infrações.
I - não se caracterizar dano direto ao meio
ambiente; e
II - a recuperação da área degradada puder ser
realizada pela simples regeneração natural.
Parágrafo único. Na hipótese do caput, a multa
poderá ser convertida nos serviços descritos nos
incisos II, III e IV do art. 140, sem prejuízo da
reparação dos danos praticados pelo infrator.
Importante:
O CESPE, no concurso da DPU, exigiu o conhecimento desse tema.
Apesar de a questão estar desatualizada, vale o alerta, considerando a
possibilidade de exigirem novamente.
A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal. Se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor
máximo, poderá ser aumentada até 3x, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida (art. 18).
2.8. O Ministério Público deve ser manifestar em causa em que se discute a nulidade de auto de infração ambiental?
Art. 14 (...)
§ 2o Protocolada a documentação exigida para a análise da localização da área de Reserva Legal, ao proprietário ou possuidor
rural não poderá ser imputada sanção administrativa, inclusive restrição a direitos, por qualquer órgão ambiental competente
integrante do Sisnama, em razão da não formalização da área de Reserva Legal.
Art. 59 (...)
§ 4o No período entre a publicação desta Lei e a implantação do PRA em cada Estado e no Distrito Federal, bem como após a
adesão do interessado ao PRA e enquanto estiver sendo cumprido o termo de compromisso, o proprietário ou possuidor não
poderá ser autuado por infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas à supressão irregular de vegetação em Áreas
de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito.
§ 5o A partir da assinatura do termo de compromisso, serão suspensas as sanções decorrentes das infrações mencionadas no § 4o
deste artigo e, cumpridas as obrigações estabelecidas no PRA ou no termo de compromisso para a regularização ambiental das
exigências desta Lei, nos prazos e condições neles estabelecidos, as multas referidas neste artigo serão consideradas como
convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, regularizando o uso de áreas
rurais consolidadas conforme definido no PRA.
4. JURISPRUDÊNCIA
1. É constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja a aplicação de multas para os proprietários de
veículos automotores que emitem fumaça acima de padrões considerados aceitáveis. O Município tem competência
para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se tratar de interesse local. STF. Plenário. RE
194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 29/6/2017 (Info 870).
5. OBSERVAÇÕES FINAIS
Art. 24. Matar, perseguir, caçar, apanhar, coletar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a
devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
Multa de:
I - R$ 500,00 (quinhentos reais) por indivíduo de espécie não constante de listas oficiais de risco ou ameaça de extinção;
II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção
constante ou não da Convenção de Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção - CITES.
II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção,
inclusive da Convenção de Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção - CITES. (Redação
dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
§ 1o As multas serão aplicadas em dobro se a infração for praticada com finalidade de obter vantagem pecuniária.
§ 2o Na impossibilidade de aplicação do critério de unidade por espécime para a fixação da multa, aplicar-se-á o valor de R$
500,00 (quinhentos reais) por quilograma ou fração.
§ 3o Incorre nas mesmas multas:
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; ou
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou
espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de
criadouros não autorizados, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade ambiental competente ou em
desacordo com a obtida.
§ 4o No caso de guarda doméstica de espécime silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode a autoridade competente,
considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a multa, em analogia ao disposto no § 2o do art. 29 da Lei no 9.605, de 1998.
§ 5o No caso de guarda de espécime silvestre, deve a autoridade competente deixar de aplicar as sanções previstas neste Decreto,
quando o agente espontaneamente entregar os animais ao órgão ambiental competente.
§ 6o Caso a quantidade ou espécie constatada no ato fiscalizatório esteja em desacordo com o autorizado pela autoridade
ambiental competente, o agente autuante promoverá a autuação considerando a totalidade do objeto da fiscalização.
§ 7o São espécimes da fauna silvestre, para os efeitos deste Decreto, todos os organismos incluídos no reino animal, pertencentes
às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras não exóticas, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo
original de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro ou em águas jurisdicionais brasileiras. (Redação dada pelo
Decreto nº 6.686, de 2008).
§ 8o A coleta de material destinado a fins científicos somente é considerada infração, nos termos deste artigo, quando se
caracterizar, pelo seu resultado, como danosa ao meio ambiente. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
§ 9o A autoridade julgadora poderá, considerando a natureza dos animais, em razão de seu pequeno porte, aplicar multa de R$
500,00 (quinhentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais) quando a contagem individual for de difícil execução ou quando, nesta
situação, ocorrendo a contagem individual, a multa final restar desproporcional em relação à gravidade da infração e a capacidade
econômica do infrator. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
Importante:
Infelizmente, o CESPE exigiu o conhecimento das infrações
administrativas em espécie, no concurso da PGM/Fortaleza. Assim,
recomenda-se da Seção III do Decreto nº 6.514/08.
Art. 13. A partir da assinatura do termo de compromisso, serão suspensas as sanções decorrentes das infrações mencionadas no
art. 12, e cumpridas as obrigações estabelecidas no PRA ou no termo de compromisso para a regularização ambiental das
exigências previstas na Lei nº 12.651, de 2012, nos prazos e condições neles estabelecidos.
Parágrafo único. As multas decorrentes das infrações referidas no caput serão consideradas como convertidas em serviços de
preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, regularizando o uso de áreas rurais consolidadas conforme
definido no PRA.
3. O art. 2º, § 6º, inc. VIII, do Decreto nº 3.179/1999 (redação original), quando permite a liberação de veículos e
embarcações mediante pagamento de multa, não é compatível com o que dispõe o art. 25, § 4º, da Lei n. 9.605/1998;
entretanto, não há ilegalidade quando o referido dispositivo regulamentar admite a instituição do depositário fiel na
figura do proprietário do bem apreendido por ocasião de infração nos casos em que é apresentada defesa
administrativa - anote-se que não se está defendendo a simplória liberação do veículo, mas a devolução com a
instituição de depósito (e os consectários legais que daí advêm), observado, entretanto, que a liberação só poderá
ocorrer caso o veículo ou a embarcação estejam regulares na forma das legislações de regência (Código de Trânsito
Brasileiro, p. ex.). STJ. 1ª Seção. REsp 1.133.965-BA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 25/04/2018
(recurso repetitivo) (Info 625).
4. A empresa “Alta Vista Ltda.” estava transportando toras de madeira quando foi parada em uma fiscalização do IBAMA.
Os servidores da autarquia ambiental constataram que a empresa estava transportando madeiras serradas em
desacordo com a nota fiscal e com a licença de transporte que possuía. A empresa estava transportando 4.000 m3 de
madeira a mais do que estava autorizada. Isso significa que ela estava transportando cerca de 10% a mais da carga que
poderia. A legislação ambiental prevê a lavratura de auto de infração e a apreensão da carga. Indaga-se: deverá ser
apreendida a carga toda (todas as madeiras) ou apenas aquelas que excederam a autorização prevista na guia de
transporte? A carga inteira. A gravidade da conduta de quem transporta madeira em descompasso com a respectiva
guia de autorização não se calcula com base apenas no quantitativo em excesso. Essa infração compromete a eficácia
de todo o sistema de proteção ambiental. Logo, a medida de apreensão deve compreender a totalidade da mercadoria
transportada. STJ. 2ª Turma. REsp 1.784.755-MT, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 17/09/2019 (Info 658).
5. Para que haja a apreensão de veículo utilizado na prática de infração ambiental não é necessário que se comprove que
o bem era utilizado de forma reiterada ou rotineiramente na prática de ilícitos ambientais. Exigir que a autoridade
ambiental comprove que o veículo era utilizado específica, exclusiva, reiterada ou rotineiramente para a prática de
delito ambiental caracteriza verdadeira prova diabólica, o que tornaria letra morta a legislação que ampara a atividade
fiscalizatória. STJ. 2ª Turma. AREsp 1.084.396-RO, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 19/09/2019 (Info 659).
6. As autoridades ambientais podem apreender veículo utilizado para a prática de infração ambiental mesmo que este
bem seja alugado e quem tenha cometido o ilícito tenha sido o locatário. Ainda que se trate de bem locado ao real
infrator, a apreensão do bem é possível. Não se pode dizer que houve uma injusta restrição ao proprietário (que não
deu causa à infração ambiental). Ao alugar o veículo, o locador assume o risco decorrente da exploração da atividade
econômica por ele exercida. Além disso, seja em razão do conceito legal de poluidor, seja em função do princípio da
solidariedade que rege o direito ambiental, a responsabilidade administrativa pelo ilícito recai sobre quem, de qualquer
forma, contribuiu para a prática da infração ambiental, por ação ou omissão. Ademais, aquele que realiza a atividade
de locação de veículos deve adotar garantias para a prevenção e o ressarcimento dos danos causados pelo locatário.
Não é possível admitir que o Judiciário comprometa a eficácia da legislação ambiental e impeça a apreensão do veículo
tão somente porque o instrumento utilizado no ilícito originou-se de um contrato de locação, cessão ou de qualquer
outro meio juridicamente previsto.STJ. 2ª Turma. AREsp 1.084.396-RO, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 19/09/2019
(Info 659).
7. O locador (proprietário) do bem apreendido tem o direito de se defender administrativamente. Após a medida de
apreensão, a autoridade administrativa deverá notificar o proprietário do veículo locado para dar a ele a oportunidade
de comprovar a sua boa-fé antes de decidir sobre a destinação do bem apreendido pela prática de infração ambiental.
Cabe ao proprietário do veículo comprovar sua boa-fé, demonstrando que, pelas circunstâncias da prática envolvida e
apesar de ter tomado as precauções necessárias, não tinha condições de prever a utilização do bem no ilícito
ambiental. A autoridade administrativa deve notificar o proprietário do veículo locado para oportunizar que comprove
a sua boa-fé antes de decidir sobre a destinação do bem apreendido pela prática de infração ambientalSTJ. 2ª Turma.
AREsp 1.084.396-RO, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 19/09/2019 (Info 659).
CÓDIGO FLORESTAL
Dizer o Direito
Leonardo Garcia
Frederico Amado
1. INTRODUÇÃO
1.1. Regulamentação
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo
a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos
atributos que justifiquem sua proteção;
MS 26064/DF:
A delimitação dos espaços territoriais protegidos pode ser feita por decreto ou por lei,
sendo esta imprescindível apenas quando se trate de alteração ou supressão desses
espaços.
1. Art. 29:
Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA,
registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as
informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento
ambiental e econômico e combate ao desmatamento.
§ 1o A inscrição do imóvel rural no CAR deverá ser feita, preferencialmente, no órgão ambiental municipal ou estadual, que, nos
termos do regulamento, exigirá do proprietário ou possuidor rural:
I - identificação do proprietário ou possuidor rural;
II - comprovação da propriedade ou posse;
III - identificação do imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das coordenadas geográficas com pelo
menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel, informando a localização dos remanescentes de vegetação nativa, das
Áreas de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das áreas consolidadas e, caso existente, também da localização da
Reserva Legal.
§ 2o O cadastramento não será considerado título para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse, tampouco
elimina a necessidade de cumprimento do disposto no art. 2o da Lei no 10.267, de 28 de agosto de 2001.
§ 3º A inscrição no CAR é obrigatória e por prazo indeterminado para todas as propriedades e posses rurais. (Redação dada
pela Lei nº 13.887,de 2019)
§ 4º Os proprietários e possuidores dos imóveis rurais que os inscreverem no CAR até o dia 31 de dezembro de 2020 terão direito à
adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), de que trata o art. 59 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.887,de 2019)
2. Art. 30:
Art. 30. Nos casos em que a Reserva Legal já tenha sido averbada na matrícula do imóvel e em que essa averbação identifique o
perímetro e a localização da reserva, o proprietário não será obrigado a fornecer ao órgão ambiental as informações relativas à
Reserva Legal previstas no inciso III do § 1o do art. 29.
Parágrafo único. Para que o proprietário se desobrigue nos termos do caput, deverá apresentar ao órgão ambiental competente a
certidão de registro de imóveis onde conste a averbação da Reserva Legal ou termo de compromisso já firmado nos casos de posse.
3. Art. 55:
Art. 55. A inscrição no CAR dos imóveis a que se refere o inciso V do art. 3o observará procedimento simplificado no qual será
obrigatória apenas a apresentação dos documentos mencionados nos incisos I e II do § 1o do art. 29 e de croqui indicando o
perímetro do imóvel, as Áreas de Preservação Permanente e os remanescentes que formam a Reserva Legal.
1. Art. 44:
Art. 44. É instituída a Cota de Reserva Ambiental - CRA, título nominativo representativo de área com vegetação nativa, existente
ou em processo de recuperação:
I - sob regime de servidão ambiental, instituída na forma do art. 9o-A da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981;
II - correspondente à área de Reserva Legal instituída voluntariamente sobre a vegetação que exceder os percentuais exigidos no
art. 12 desta Lei;
III - protegida na forma de Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN, nos termos do art. 21 da Lei no 9.985, de 18 de julho
de 2000;
IV - existente em propriedade rural localizada no interior de Unidade de Conservação de domínio público que ainda não tenha sido
desapropriada.
§ 1o A emissão de CRA será feita mediante requerimento do proprietário, após inclusão do imóvel no CAR e laudo comprobatório
emitido pelo próprio órgão ambiental ou por entidade credenciada, assegurado o controle do órgão federal competente do
Sisnama, na forma de ato do Chefe do Poder Executivo.
§ 2o A CRA não pode ser emitida com base em vegetação nativa localizada em área de RPPN instituída em sobreposição à Reserva
Legal do imóvel.
§ 3o A Cota de Reserva Florestal - CRF emitida nos termos do art. 44-B da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, passa a ser
considerada, pelo efeito desta Lei, como Cota de Reserva Ambiental.
§ 4o Poderá ser instituída CRA da vegetação nativa que integra a Reserva Legal dos imóveis a que se refere o inciso V do art.
3o desta Lei.
2. Art. 45:
Art. 45. A CRA será emitida pelo órgão competente do Sisnama em favor de proprietário de imóvel incluído no CAR que mantenha
área nas condições previstas no art. 44.
§ 1o O proprietário interessado na emissão da CRA deve apresentar ao órgão referido no caput proposta acompanhada de:
I - certidão atualizada da matrícula do imóvel expedida pelo registro de imóveis competente;
II - cédula de identidade do proprietário, quando se tratar de pessoa física;
III - ato de designação de responsável, quando se tratar de pessoa jurídica;
IV - certidão negativa de débitos do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR;
V - memorial descritivo do imóvel, com a indicação da área a ser vinculada ao título, contendo pelo menos um ponto de amarração
georreferenciado relativo ao perímetro do imóvel e um ponto de amarração georreferenciado relativo à Reserva Legal.
§ 2o Aprovada a proposta, o órgão referido no caput emitirá a CRA correspondente, identificando:
I - o número da CRA no sistema único de controle;
II - o nome do proprietário rural da área vinculada ao título;
III - a dimensão e a localização exata da área vinculada ao título, com memorial descritivo contendo pelo menos um ponto de
amarração georreferenciado;
IV - o bioma correspondente à área vinculada ao título;
V - a classificação da área em uma das condições previstas no art. 46.
§ 3o O vínculo de área à CRA será averbado na matrícula do respectivo imóvel no registro de imóveis competente.
§ 4o O órgão federal referido no caput pode delegar ao órgão estadual competente atribuições para emissão, cancelamento e
transferência da CRA, assegurada a implementação de sistema único de controle.
3. Art. 46:
4. Art. 47:
Art. 47. É obrigatório o registro da CRA pelo órgão emitente, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data da sua emissão, em
bolsas de mercadorias de âmbito nacional ou em sistemas de registro e de liquidação financeira de ativos autorizados pelo Banco
Central do Brasil.
5. Art. 48:
Art. 48. A CRA pode ser transferida, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito público ou privado,
mediante termo assinado pelo titular da CRA e pelo adquirente.
§ 1o A transferência da CRA só produz efeito uma vez registrado o termo previsto no caput no sistema único de controle.
§ 2o A CRA só pode ser utilizada para compensar Reserva Legal de imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual o título
está vinculado.
§ 3o A CRA só pode ser utilizada para fins de compensação de Reserva Legal se respeitados os requisitos estabelecidos no § 6o do
art. 66.
§ 4o A utilização de CRA para compensação da Reserva Legal será averbada na matrícula do imóvel no qual se situa a área
vinculada ao título e na do imóvel beneficiário da compensação.
6. Art. 49:
Art. 49. Cabe ao proprietário do imóvel rural em que se situa a área vinculada à CRA a responsabilidade plena pela manutenção
das condições de conservação da vegetação nativa da área que deu origem ao título.
§ 1o A área vinculada à emissão da CRA com base nos incisos I, II e III do art. 44 desta Lei poderá ser utilizada conforme PMFS.
§ 2o A transmissão inter vivos ou causa mortis do imóvel não elimina nem altera o vínculo de área contida no imóvel à CRA.
7. Art. 50:
Art. 50. A CRA somente poderá ser cancelada nos seguintes casos:
I - por solicitação do proprietário rural, em caso de desistência de manter áreas nas condições previstas nos incisos I e II do art. 44;
II - automaticamente, em razão de término do prazo da servidão ambiental;
III - por decisão do órgão competente do Sisnama, no caso de degradação da vegetação nativa da área vinculada à CRA cujos
custos e prazo de recuperação ambiental inviabilizem a continuidade do vínculo entre a área e o título.
§ 1o O cancelamento da CRA utilizada para fins de compensação de Reserva Legal só pode ser efetivado se assegurada Reserva
Legal para o imóvel no qual a compensação foi aplicada.
§ 2o O cancelamento da CRA nos termos do inciso III do caput independe da aplicação das devidas sanções administrativas e
penais decorrentes de infração à legislação ambiental, nos termos da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
§ 3o O cancelamento da CRA deve ser averbado na matrícula do imóvel no qual se situa a área vinculada ao título e do imóvel no
qual a compensação foi aplicada.
3. RESERVA LEGAL
4. INFORMAÇÕES FINAIS
Cuidado com os conceitos do art. 3º do Código Florestal. Recomendamos uma leitura atenta do artigo, por já ter sido
exigido em provas de concurso.
2. Art. 26:
Art. 26. A supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo, tanto de domínio público como de domínio privado,
dependerá do cadastramento do imóvel no CAR, de que trata o art. 29, e de prévia autorização do órgão estadual competente do
Sisnama.
§ 1o (VETADO).
§ 2o (VETADO).
§ 3o No caso de reposição florestal, deverão ser priorizados projetos que contemplem a utilização de espécies nativas do mesmo
bioma onde ocorreu a supressão.
§ 4o O requerimento de autorização de supressão de que trata o caput conterá, no mínimo, as seguintes informações:
I - a localização do imóvel, das Áreas de Preservação Permanente, da Reserva Legal e das áreas de uso restrito, por coordenada
geográfica, com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel;
II - a reposição ou compensação florestal, nos termos do § 4o do art. 33;
III - a utilização efetiva e sustentável das áreas já convertidas; IV - o uso alternativo da área a ser desmatada.
3. Art. 27:
Art. 27. Nas áreas passíveis de uso alternativo do solo, a supressão de vegetação que abrigue espécie da flora ou da fauna
ameaçada de extinção, segundo lista oficial publicada pelos órgãos federal ou estadual ou municipal do Sisnama, ou espécies
migratórias, dependerá da adoção de medidas compensatórias e mitigadoras que assegurem a conservação da espécie.
4. Art. 28:
Art. 28. Não é permitida a conversão de vegetação nativa para uso alternativo do solo no imóvel rural que possuir área
abandonada.
Importante:
O objetivo da norma é evitar a supressão da vegetação ainda intacta
em propriedade rural que já possua área abandonada. Assim, busca-se
incentivar o (re) aproveitamento e a recuperação ambiental do
terreno mal utilizado e a preservação da vegetação nativa ainda
existente.
Art. 35 (...)
§ 3º O corte ou a exploração de espécies nativas plantadas em área de uso alternativo do solo serão permitidos
independentemente de autorização prévia, devendo o plantio ou reflorestamento estar previamente cadastrado no órgão
ambiental competente e a exploração ser previamente declarada nele para fins de controle de origem.
1. Art. 38:
Art. 38. É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto nas seguintes situações:
I - em locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, mediante prévia
aprovação do órgão estadual ambiental competente do Sisnama, para cada imóvel rural ou de forma regionalizada, que
estabelecerá os critérios de monitoramento e controle;
II - emprego da queima controlada em Unidades de Conservação, em conformidade com o respectivo plano de manejo e mediante
prévia aprovação do órgão gestor da Unidade de Conservação, visando ao manejo conservacionista da vegetação nativa, cujas
características ecológicas estejam associadas evolutivamente à ocorrência do fogo;
III - atividades de pesquisa científica vinculada a projeto de pesquisa devidamente aprovado pelos órgãos competentes e realizada
por instituição de pesquisa reconhecida, mediante prévia aprovação do órgão ambiental competente do Sisnama.
§ 1o Na situação prevista no inciso I, o órgão estadual ambiental competente do Sisnama exigirá que os estudos demandados para
o licenciamento da atividade rural contenham planejamento específico sobre o emprego do fogo e o controle dos incêndios.
§ 2o Excetuam-se da proibição constante no caput as práticas de prevenção e combate aos incêndios e as de agricultura de
subsistência exercidas pelas populações tradicionais e indígenas.
§ 3o Na apuração da responsabilidade pelo uso irregular do fogo em terras públicas ou particulares, a autoridade competente para
fiscalização e autuação deverá comprovar o nexo de causalidade entre a ação do proprietário ou qualquer preposto e o dano
efetivamente causado.
§ 4o É necessário o estabelecimento de nexo causal na verificação das responsabilidades por infração pelo uso irregular do fogo em
terras públicas ou particulares.
2. Art. 39:
Art. 39. Os órgãos ambientais do Sisnama, bem como todo e qualquer órgão público ou privado responsável pela gestão de áreas
com vegetação nativa ou plantios florestais, deverão elaborar, atualizar e implantar planos de contingência para o combate aos
incêndios florestais.
3. Art. 40:
Art. 40. O Governo Federal deverá estabelecer uma Política Nacional de Manejo e Controle de Queimadas, Prevenção e Combate
aos Incêndios Florestais, que promova a articulação institucional com vistas na substituição do uso do fogo no meio rural, no
controle de queimadas, na prevenção e no combate aos incêndios florestais e no manejo do fogo em áreas naturais protegidas.
§ 1o A Política mencionada neste artigo deverá prever instrumentos para a análise dos impactos das queimadas sobre mudanças
climáticas e mudanças no uso da terra, conservação dos ecossistemas, saúde pública e fauna, para subsidiar planos estratégicos de
prevenção de incêndios florestais.
§ 2o A Política mencionada neste artigo deverá observar cenários de mudanças climáticas e potenciais aumentos de risco de
ocorrência de incêndios florestais.
Art. 41. É o Poder Executivo federal autorizado a instituir, sem prejuízo do cumprimento da legislação ambiental, programa de
apoio e incentivo à conservação do meio ambiente, bem como para adoção de tecnologias e boas práticas que conciliem a
produtividade agropecuária e florestal, com redução dos impactos ambientais, como forma de promoção do desenvolvimento
ecologicamente sustentável, observados sempre os critérios de progressividade, abrangendo as seguintes categorias e linhas de
ação:
I - pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribuição, monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos
ecossistemas e que gerem serviços ambientais, tais como, isolada ou cumulativamente:
a) o sequestro, a conservação, a manutenção e o aumento do estoque e a diminuição do fluxo de carbono;
b) a conservação da beleza cênica natural;
c) a conservação da biodiversidade;
d) a conservação das águas e dos serviços hídricos;
e) a regulação do clima;
f) a valorização cultural e do conhecimento tradicional ecossistêmico;
g) a conservação e o melhoramento do solo;
h) a manutenção de Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito;
Art. 51:
Art. 51. O órgão ambiental competente, ao tomar conhecimento do desmatamento em desacordo com o disposto nesta Lei, deverá
embargar a obra ou atividade que deu causa ao uso alternativo do solo, como medida administrativa voltada a impedir a
continuidade do dano ambiental, propiciar a regeneração do meio ambiente e dar viabilidade à recuperação da área degradada.
§ 1o O embargo restringe-se aos locais onde efetivamente ocorreu o desmatamento ilegal, não alcançando as atividades de
subsistência ou as demais atividades realizadas no imóvel não relacionadas com a infração.
§ 2o O órgão ambiental responsável deverá disponibilizar publicamente as informações sobre o imóvel embargado, inclusive por
meio da rede mundial de computadores, resguardados os dados protegidos por legislação específica, caracterizando o exato local
da área embargada e informando em que estágio se encontra o respectivo procedimento administrativo.
§ 3o A pedido do interessado, o órgão ambiental responsável emitirá certidão em que conste a atividade, a obra e a parte da área
do imóvel que são objetos do embargo, conforme o caso.
Art. 25:
Art. 25. O poder público municipal contará, para o estabelecimento de áreas verdes urbanas, com os seguintes instrumentos:
I - o exercício do direito de preempção para aquisição de remanescentes florestais relevantes, conforme dispõe a Lei nº 10.257, de
10 de julho de 2001;
II - a transformação das Reservas Legais em áreas verdes nas expansões urbanas
III - o estabelecimento de exigência de áreas verdes nos loteamentos, empreendimentos comerciais e na implantação de
infraestrutura; e
IV - aplicação em áreas verdes de recursos oriundos da compensação ambiental.
Dizer o Direito
Leonardo Garcia
Frederico Amado
1. CONCEITO
APP é uma:
1. Área protegida.
2. Coberta ou não por vegetação nativa.
3. Com a função ambiental de.
4. Preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade.
5. Facilitar o fluxo gênico de fauna e flora.
6. Proteger o solo.
7. E assegurar o bem-estar das populações humanas.
2. NATUREZA JURÍDICA
Limitação restritiva (ou seja, não supressiva – desapropriação) calcada no princípio constitucional da função
socioambiental da propriedade.
3. FORMAS DE INSTITUIÇÃO
REGRA EXCEÇÃO
As áreas descritas no art. 4º têm incidência ex lege, pois Por exceção, podem existir hipóteses dentro do art. 4º
instituídas diretamente pelo Código Florestal, que dependam de um ato do Poder Público para
independentemente da adoção de alguma providência delimitar a APP, como ocorre com os reservatórios
de demarcação pela Administração Pública. d´água artificiais, cuja APP será fixada na licença
ambiental.
Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do
leito regular, em largura mínima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros;
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal
será de 50 (cinquenta) metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
§ 4o Nas acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare, fica dispensada a reserva da faixa de
proteção prevista nos incisos II e III do caput, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa, salvo autorização do órgão
ambiental competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água
naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento;
§ 4o Nas acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare, fica dispensada a reserva da faixa de
proteção prevista nos incisos II e III do caput, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa, salvo autorização do órgão
ambiental competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de
50 (cinquenta) metros;
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive;
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em
projeções horizontais;
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as
áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à
base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados,
pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação;
X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação;
XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço
permanentemente brejoso e encharcado.
OBS.:
1) As definições de APP nem são sempre as mesmas para as zonas rurais e urbanas. Como exemplo, cita-se a situação
indicada abaixo:
Importante:
Destaca-se que não há qualquer diferenciação no caso de curso
d’água natural perene e intermitente. Só há nas áreas no entorno dos
lagos e lagoas naturais.
2) Infelizmente, as bancas estão cobrando os detalhes do art. 4º, como por exemplo as metragens as matas ciliares. É
necessário decorar.
Art. 6o Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder
Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:
I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;
II - proteger as restingas ou veredas;
III - proteger várzeas;
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico;
VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
VII - assegurar condições de bem-estar público; VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares.
IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional.
Em regra, não será possível a supressão de vegetação em APP, justamente em razão das suas
REGRA
importantes funções ecológicas
Hipóteses:
1. A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em APP somente ocorrerá nas hipóteses
de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei
(art. 8º).
EXCEÇÃO 2. É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de
urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil
destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas (art. 8º, § 3º).
3. É permitido o acesso de pessoas e animais às APP para obtenção de água e para realização
de atividades de baixo impacto ambiental (art. 9º).
Art. 8o (...)
§ 1o A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de
utilidade pública.
§ 2o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente de que tratam os incisos VI e VII do
caput do art. 4o poderá ser autorizada, excepcionalmente, em locais onde a função ecológica do manguezal esteja comprometida,
para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, em
áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda.
§ 4o Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras intervenções ou supressões de vegetação nativa, além
das previstas nesta Lei.
OBS.:
1) O Código Florestal definiu no que consiste utilidade pública, interesse social e baixo impacto ambiental:
Art. 4º (...)
§ 5o É admitido, para a pequena propriedade ou posse rural familiar, de que trata o inciso V do art. 3 o desta Lei, o plantio de
culturas temporárias e sazonais de vazante de ciclo curto na faixa de terra que fica exposta no período de vazante dos rios ou
lagos, desde que não implique supressão de novas áreas de vegetação nativa, seja conservada a qualidade da água e do solo e seja
protegida a fauna silvestre.
Art. 4º (...)
§ 6o Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, é admitida, nas áreas de que tratam os incisos I e II do caput deste
artigo, a prática da aquicultura e a infraestrutura física diretamente a ela associada, desde que:
I - sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo e água e de recursos hídricos, garantindo sua qualidade e quantidade,
de acordo com norma dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente;
II - esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de gestão de recursos hídricos;
III - seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental competente;
IV - o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural - CAR.
V - não implique novas supressões de vegetação nativa.
1. Art. 61-A:
Art. 61-A. Nas Áreas de Preservação Permanente, é autorizada, exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris,
de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008.
§ 1o Para os imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo fiscal que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação
Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em 5 (cinco)
metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente da largura do curso d´água.
§ 2o Para os imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo fiscal e de até 2 (dois) módulos fiscais que possuam áreas
consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das
respectivas faixas marginais em 8 (oito) metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente da largura do
curso d´água.
§ 3o Para os imóveis rurais com área superior a 2 (dois) módulos fiscais e de até 4 (quatro) módulos fiscais que possuam áreas
consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das
respectivas faixas marginais em 15 (quinze) metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente da largura
do curso d’água.
§ 4o Para os imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) módulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áreas de
Preservação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais:
I - (VETADO); e
II - nos demais casos, conforme determinação do PRA, observado o mínimo de 20 (vinte) e o máximo de 100 (cem) metros,
contados da borda da calha do leito regular.
§ 5o Nos casos de áreas rurais consolidadas em Áreas de Preservação Permanente no entorno de nascentes e olhos d’água
perenes, será admitida a manutenção de atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a
recomposição do raio mínimo de 15 (quinze) metros.
§ 6o Para os imóveis rurais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente no entorno de lagos e lagoas
naturais, será admitida a manutenção de atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a
recomposição de faixa marginal com largura mínima de:
I - 5 (cinco) metros, para imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo fiscal;
II - 8 (oito) metros, para imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo fiscal e de até 2 (dois) módulos fiscais;
III - 15 (quinze) metros, para imóveis rurais com área superior a 2 (dois) módulos fiscais e de até 4 (quatro) módulos fiscais; e
IV - 30 (trinta) metros, para imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) módulos fiscais.
§ 7o Nos casos de áreas rurais consolidadas em veredas, será obrigatória a recomposição das faixas marginais, em projeção
horizontal, delimitadas a partir do espaço brejoso e encharcado, de largura mínima de:
I - 30 (trinta) metros, para imóveis rurais com área de até 4 (quatro) módulos fiscais; e
II - 50 (cinquenta) metros, para imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) módulos fiscais.
§ 8o Será considerada, para os fins do disposto no caput e nos §§ 1o a 7o, a área detida pelo imóvel rural em 22 de julho de 2008.
§ 9o A existência das situações previstas no caput deverá ser informada no CAR para fins de monitoramento, sendo exigida, nesses
casos, a adoção de técnicas de conservação do solo e da água que visem à mitigação dos eventuais impactos.
§ 10. Antes mesmo da disponibilização do CAR, no caso das intervenções já existentes, é o proprietário ou possuidor rural
responsável pela conservação do solo e da água, por meio de adoção de boas práticas agronômicas.
§ 11. A realização das atividades previstas no caput observará critérios técnicos de conservação do solo e da água indicados no
PRA previsto nesta Lei, sendo vedada a conversão de novas áreas para uso alternativo do solo nesses locais.
§ 12. Será admitida a manutenção de residências e da infraestrutura associada às atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de
turismo rural, inclusive o acesso a essas atividades, independentemente das determinações contidas no caput e nos §§ 1o a 7o,
desde que não estejam em área que ofereça risco à vida ou à integridade física das pessoas.
§ 13. A recomposição de que trata este artigo poderá ser feita, isolada ou conjuntamente, pelos seguintes métodos:
I - condução de regeneração natural de espécies nativas;
II - plantio de espécies nativas;
III - plantio de espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural de espécies nativas;
IV - plantio intercalado de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo, exóticas com nativas de ocorrência regional, em até 50%
(cinquenta por cento) da área total a ser recomposta, no caso dos imóveis a que se refere o inciso V do caput do art. 3o;
(Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
V - (VETADO).
§ 14. Em todos os casos previstos neste artigo, o poder público, verificada a existência de risco de agravamento de processos
erosivos ou de inundações, determinará a adoção de medidas mitigadoras que garantam a estabilidade das margens e a qualidade
da água, após deliberação do Conselho Estadual de Meio Ambiente ou de órgão colegiado estadual equivalente.
§ 15. A partir da data da publicação desta Lei e até o término do prazo de adesão ao PRA de que trata o § 2o do art. 59, é
autorizada a continuidade das atividades desenvolvidas nas áreas de que trata o caput, as quais deverão ser informadas no CAR
para fins de monitoramento, sendo exigida a adoção de medidas de conservação do solo e da água.
§ 16. As Áreas de Preservação Permanente localizadas em imóveis inseridos nos limites de Unidades de Conservação de Proteção
Integral criadas por ato do poder público até a data de publicação desta Lei não são passíveis de ter quaisquer atividades
consideradas como consolidadas nos termos do caput e dos §§ 1o a 15, ressalvado o que dispuser o Plano de Manejo elaborado e
aprovado de acordo com as orientações emitidas pelo órgão competente do Sisnama, nos termos do que dispuser regulamento do
Chefe do Poder Executivo, devendo o proprietário, possuidor rural ou ocupante a qualquer título adotar todas as medidas
indicadas.
§ 17. Em bacias hidrográficas consideradas críticas, conforme previsto em legislação específica, o Chefe do Poder Executivo
poderá, em ato próprio, estabelecer metas e diretrizes de recuperação ou conservação da vegetação nativa superiores às definidas
no caput e nos §§ 1o a 7o, como projeto prioritário, ouvidos o Comitê de Bacia Hidrográfica e o Conselho Estadual de Meio
Ambiente.
§ 18. (VETADO).
2. A Lei nº 13.465/2017 alterou os arts. 64 e 65 do Código Florestal, que tratam da Regularização Fundiária Urbana
(Reurb-S) por interesse social de núcleos urbanos informais que ocupam Áreas de Preservação Permanente.
3. São indevidos juros compensatórios quando a propriedade se mostrar impassível de qualquer espécie de exploração
econômica, seja atual ou futura, em decorrência de limitações legais ou da situação geográfica ou topográfica do local
onde se situa, nos termos do entendimento sedimentado na Primeira Seção desta Corte, nos autos dos EREsp
519.365/SP, de relatoria do Exmo. Senhor Ministro Teori Albino Zavascki. Tratando-se de Área de Preservação
Permanente, as restrições legais e administrativas impostas impedem o exercício de atividade produtiva. Inserir, no
cálculo da indenização, os referidos juros seria atentar contra o art. 5º, XXIV, da CF/88, que prescreve a justa
indenização (EREsp 1350914/MS).
AI 653062 AgR/SP:
O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que as áreas referentes à
cobertura vegetal e à preservação permanente devem ser indenizadas, não obstante a
incidência de restrição ao direito de propriedade que possa incidir sobre todo o imóvel
que venha a ser incluído em área de proteção ambiental.
RESERVA LEGAL
Dizer o Direito
Leonardo Garcia
Frederico Amado
1. CONCEITO
1.1. Conceito
A reserva legal é:
1. Uma área (uma porção de terra).
2. Localizada no interior de um imóvel rural.
3. E dentro da qual o proprietário ou possuidor fica.
4. Por força de lei (Lei n. 12.651/2012).
5. Obrigado a manter a cobertura de vegetação nativa.
6. Com a função de:
6.1 Assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural.
6.2 Auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos.
6.3 Promover a conservação da biodiversidade e.
6.4 Assegurar abrigo e proteção da fauna silvestre e da flora nativa.
A inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido mediante lei municipal não desobriga o proprietário ou
posseiro da manutenção da área de Reserva Legal, que só será extinta concomitantemente ao registro do
parcelamento do solo para fins urbanos aprovado segundo a legislação específica e consoante as diretrizes do plano
diretor de que trata o § 1o do art. 182 da CF.
Com o Novo Código Florestal (art. 18), foi instituído o dever do proprietário de registrar a Reserva Legal no Cadastro
Ambiental Rural – CAR.
Art. 18. A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão ambiental competente por meio de inscrição no CAR de que trata
o art. 29, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento, com
as exceções previstas nesta Lei.
§ 1o A inscrição da Reserva Legal no CAR será feita mediante a apresentação de planta e memorial descritivo, contendo a
indicação das coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de amarração, conforme ato do Chefe do Poder Executivo.
§ 2o Na posse, a área de Reserva Legal é assegurada por termo de compromisso firmado pelo possuidor com o órgão competente
do Sisnama, com força de título executivo extrajudicial, que explicite, no mínimo, a localização da área de Reserva Legal e as
obrigações assumidas pelo possuidor por força do previsto nesta Lei.
§ 3o A transferência da posse implica a sub-rogação das obrigações assumidas no termo de compromisso de que trata o § 2o.
§ 4o O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no Cartório de Registro de Imóveis, sendo que, no período entre a
data da publicação desta Lei e o registro no CAR, o proprietário ou possuidor rural que desejar fazer a averbação terá direito à
gratuidade deste ato.
2. NATUREZA JURÍDICA
Assim como a APP, a Reserva Legal consiste em limitação restritiva ao direito de propriedade, calcada no princípio
constitucional da função socioambiental da propriedade.
3. PERCENTUAIS MÍNIMOS
Ao contrário das APP, as de Reserva Legal já tem percentuais mínimos definidos no art. 12:
Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da
aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área
do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei:
I - localizado na Amazônia Legal:
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;
II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).
§ 1o Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer título, inclusive para assentamentos pelo Programa de Reforma
Agrária, será considerada, para fins do disposto do caput, a área do imóvel antes do fracionamento.
§ 2o O percentual de Reserva Legal em imóvel situado em área de formações florestais, de cerrado ou de campos gerais na
Amazônia Legal será definido considerando separadamente os índices contidos nas alíneas a, b e c do inciso I do caput.
§ 3o Após a implantação do CAR, a supressão de novas áreas de floresta ou outras formas de vegetação nativa apenas será
autorizada pelo órgão ambiental estadual integrante do Sisnama se o imóvel estiver inserido no mencionado cadastro, ressalvado
o previsto no art. 30.
Florestas 80%
Imóvel na
Cerrado 35%
Reserva Amazônia Legal
Campos gerais 20%
Legal
Imóveis nas
- 20%
demais regiões
OBS.:
1) Para cumprimento da manutenção da área de reserva legal no caso de pequena propriedade ou posse rural, poderão
ser computados os plantios de árvores frutíferas, ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas,
cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas da região em sistemas agroflorestais (art. 54).
Importante:
O poder público estadual deverá prestar apoio técnico para a
recomposição da vegetação da Reserva Legal na pequena propriedade
ou posse rural familiar (art. 54, parágrafo único).
3.2. Hipóteses legais excepcionas em que é permitida a redução dos percentuais mínimos
Art. 12 (...)
§ 4o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público poderá reduzir a Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), para fins
de recomposição, quando o Município tiver mais de 50% (cinquenta por cento) da área ocupada por unidades de conservação da
natureza de domínio público e por terras indígenas homologadas.
Art. 12 (...)
§ 5o Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público estadual, ouvido o Conselho Estadual de Meio Ambiente, poderá reduzir a
Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), quando o Estado tiver Zoneamento Ecológico-Econômico aprovado e mais de
65% (sessenta e cinco por cento) do seu território ocupado por unidades de conservação da natureza de domínio público,
devidamente regularizadas, e por terras indígenas homologadas.
3. Art. 13:
Art. 13. Quando indicado pelo Zoneamento Ecológico-Econômico - ZEE estadual, realizado segundo metodologia unificada, o poder
público federal poderá:
I - reduzir, exclusivamente para fins de regularização, mediante recomposição, regeneração ou compensação da Reserva Legal de
imóveis com área rural consolidada, situados em área de floresta localizada na Amazônia Legal, para até 50% (cinquenta por
cento) da propriedade, excluídas as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos e os corredores
ecológicos;
II - ampliar as áreas de Reserva Legal em até 50% (cinquenta por cento) dos percentuais previstos nesta Lei, para cumprimento de
metas nacionais de proteção à biodiversidade ou de redução de emissão de gases de efeito estufa.
§ 1o No caso previsto no inciso I do caput, o proprietário ou possuidor de imóvel rural que mantiver Reserva Legal conservada e
averbada em área superior aos percentuais exigidos no referido inciso poderá instituir servidão ambiental sobre a área excedente,
nos termos da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, e Cota de Reserva Ambiental.
§ 2o Os Estados que não possuem seus Zoneamentos Ecológico-Econômicos - ZEEs segundo a metodologia unificada, estabelecida
em norma federal, terão o prazo de 5 (cinco) anos, a partir da data da publicação desta Lei, para a sua elaboração e aprovação.
§ 6o Os empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto não estão sujeitos à constituição de Reserva
Legal.
2. Art. 12, § 7º
§ 7o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas por detentor de concessão, permissão ou
autorização para exploração de potencial de energia hidráulica, nas quais funcionem empreendimentos de geração de energia
elétrica, subestações ou sejam instaladas linhas de transmissão e de distribuição de energia elétrica.
3. Art. 12, § 8º
§ 8o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de
capacidade de rodovias e ferrovias.
O Código Florestal inova ao prever, em seu art. 15, que para se chegar ao percentual da área de Reserva Legal pode ser
computada a APP, desde que observados alguns requisitos:
Importante:
Nesses casos, o regime de proteção da APP não se altera, ou seja, nas
APPs computadas para o cálculo da Reserva Legal não é permitido o
manejo florestal sustentável.
Art. 15. Será admitido o cômputo das Áreas de Preservação Permanente no cálculo do percentual da Reserva Legal do imóvel,
desde que:
I - o benefício previsto neste artigo não implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo;
II - a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação, conforme comprovação do proprietário ao órgão
estadual integrante do Sisnama; e
III - o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental Rural - CAR, nos termos desta Lei.
§ 1o O regime de proteção da Área de Preservação Permanente não se altera na hipótese prevista neste artigo.
§ 2o O proprietário ou possuidor de imóvel com Reserva Legal conservada e inscrita no Cadastro Ambiental Rural - CAR de que
trata o art. 29, cuja área ultrapasse o mínimo exigido por esta Lei, poderá utilizar a área excedente para fins de constituição de
servidão ambiental, Cota de Reserva Ambiental e outros instrumentos congêneres previstos nesta Lei.
§ 3o O cômputo de que trata o caput aplica-se a todas as modalidades de cumprimento da Reserva Legal, abrangendo a
regeneração, a recomposição e a compensação.
§ 4o É dispensada a aplicação do inciso I do caput deste artigo, quando as Áreas de Preservação Permanente conservadas ou em
processo de recuperação, somadas às demais florestas e outras formas de vegetação nativa existentes em imóvel, ultrapassarem:
I - 80% (oitenta por cento) do imóvel rural localizado em áreas de floresta na Amazônia Legal; e
II - (VETADO).
O Código Florestal apresenta às propriedades rurais instrumentos compensatórios em caso de áreas de Reserva Legal
com percentual inferior ao mínimo exigido em lei.
Um deles, nos casos de propriedade rurais contiguas, é a denominada Reserva legal condominial (ou coletiva), prevista
no art. 16.
Requisitos:
1. Que as propriedades sejam continuas.
2. Que o percentual legal em relação a cada imóvel seja respeitado.
Importante:
Há previsão de Reserva Legal condominial também para os casos de
parcelamento de imóveis rurais (art. 16, parágrafo único).
Art. 16. Poderá ser instituído Reserva Legal em regime de condomínio ou coletiva entre propriedades rurais, respeitado o
percentual previsto no art. 12 em relação a cada imóvel.
Parágrafo único. No parcelamento de imóveis rurais, a área de Reserva Legal poderá ser agrupada em regime de condomínio entre
os adquirentes.
A localização da área de Reserva Legal dentro da propriedade ou posse rural não é de livre escolha do proprietário ou
do possuidor do imóvel.
A definição da localização da área de Reserva Legal no imóvel rural deverá levar em consideração os critérios
estabelecidos no art. 14.
Art. 14. A localização da área de Reserva Legal no imóvel rural deverá levar em consideração os seguintes estudos e critérios:
I - o plano de bacia hidrográfica;
II - o Zoneamento Ecológico-Econômico
III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de Preservação Permanente, com Unidade de
Conservação ou com outra área legalmente protegida;
IV - as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e
V - as áreas de maior fragilidade ambiental.
OBS.:
1) O órgão estadual integrante do Sisnama ou instituição por ele habilitada deverá aprovar a localização da Reserva Legal
após a inclusão do imóvel no CAR (art. 14, § 1º).
2) Protocolada a documentação exigida para a análise da localização da área de Reserva Legal, ao proprietário ou
possuidor rural não poderá ser imputada sanção administrativa, inclusive restrição a direitos, por qualquer órgão
ambiental competente integrante do Sisnama, em razão da não formalização da área de Reserva Legal (art. 14, § 2º).
Diferentemente da APP, onde a regra geral é a intocabilidade e vedação de uso econômico direto, na Reserva Legal
permite-se o manejo florestal sustentável, ou seja, a utilização da área sem descaracterizar ecologicamente os recursos
florestais e os ecossistemas.
Art. 17. A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação nativa pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou
ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.
§ 1o Admite-se a exploração econômica da Reserva Legal mediante manejo sustentável, previamente aprovado pelo órgão
competente do Sisnama, de acordo com as modalidades previstas no art. 20.
§ 2o Para fins de manejo de Reserva Legal na pequena propriedade ou posse rural familiar, os órgãos integrantes do Sisnama
deverão estabelecer procedimentos simplificados de elaboração, análise e aprovação de tais planos de manejo.
§ 3o É obrigatória a suspensão imediata das atividades em área de Reserva Legal desmatada irregularmente após 22 de julho de
2008.
§ 4o Sem prejuízo das sanções administrativas, cíveis e penais cabíveis, deverá ser iniciado, nas áreas de que trata o § 3 o deste
artigo, o processo de recomposição da Reserva Legal em até 2 (dois) anos contados a partir da data da publicação desta Lei,
devendo tal processo ser concluído nos prazos estabelecidos pelo Programa de Regularização Ambiental - PRA, de que trata o art.
59.
Art. 21. É livre a coleta de produtos florestais não madeireiros, tais como frutos, cipós, folhas e sementes, devendo-se observar:
I - os períodos de coleta e volumes fixados em regulamentos específicos, quando houver;
II - a época de maturação dos frutos e sementes;
III - técnicas que não coloquem em risco a sobrevivência de indivíduos e da espécie coletada no caso de coleta de flores, folhas,
cascas, óleos, resinas, cipós, bulbos, bambus e raízes.
O manejo sustentável consiste na administração da vegetação natural para a obtenção de benefícios econômicos,
sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-
se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não, de múltiplos produtos e
subprodutos da flora, bem como a utilização de outros bens e serviços (art. 3º, VII).
Importante:
Art. 24. No manejo florestal nas áreas fora de Reserva Legal, aplica-se
igualmente o disposto nos arts. 21, 22 e 23.
1. A disciplina de transição das explorações consolidadas em área de Reserva Legal é regulada pelos arts. 66-68 e
seguintes, tendo sido tomado o marco divisor do regime jurídico o dia 23/07/2008.
Art. 66. O proprietário ou possuidor de imóvel rural que detinha, em 22 de julho de 2008, área de Reserva Legal em extensão
inferior ao estabelecido no art. 12, poderá regularizar sua situação, independentemente da adesão ao PRA, adotando as seguintes
alternativas, isolada ou conjuntamente:
I - recompor a Reserva Legal;
II - permitir a regeneração natural da vegetação na área de Reserva Legal;
III - compensar a Reserva Legal.
§ 1o A obrigação prevista no caput tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do
imóvel rural.
§ 2o A recomposição de que trata o inciso I do caput deverá atender os critérios estipulados pelo órgão competente do Sisnama e
ser concluída em até 20 (vinte) anos, abrangendo, a cada 2 (dois) anos, no mínimo 1/10 (um décimo) da área total necessária à sua
complementação.
§ 3o A recomposição de que trata o inciso I do caput poderá ser realizada mediante o plantio intercalado de espécies nativas com
exóticas ou frutíferas, em sistema agroflorestal, observados os seguintes parâmetros: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
I - o plantio de espécies exóticas deverá ser combinado com as espécies nativas de ocorrência regional;
II - a área recomposta com espécies exóticas não poderá exceder a 50% (cinquenta por cento) da área total a ser recuperada.
§ 4o Os proprietários ou possuidores do imóvel que optarem por recompor a Reserva Legal na forma dos §§ 2o e 3o terão direito à
sua exploração econômica, nos termos desta Lei.
§ 5o A compensação de que trata o inciso III do caput deverá ser precedida pela inscrição da propriedade no CAR e poderá ser feita
mediante:
I - aquisição de Cota de Reserva Ambiental - CRA;
II - arrendamento de área sob regime de servidão ambiental ou Reserva Legal;
III - doação ao poder público de área localizada no interior de Unidade de Conservação de domínio público pendente de
regularização fundiária;
IV - cadastramento de outra área equivalente e excedente à Reserva Legal, em imóvel de mesma titularidade ou adquirida em
imóvel de terceiro, com vegetação nativa estabelecida, em regeneração ou recomposição, desde que localizada no mesmo bioma.
§ 6o As áreas a serem utilizadas para compensação na forma do § 5o deverão:
I - ser equivalentes em extensão à área da Reserva Legal a ser compensada;
II - estar localizadas no mesmo bioma da área de Reserva Legal a ser compensada;
III - se fora do Estado, estar localizadas em áreas identificadas como prioritárias pela União ou pelos Estados.
§ 7o A definição de áreas prioritárias de que trata o § 6 o buscará favorecer, entre outros, a recuperação de bacias hidrográficas
excessivamente desmatadas, a criação de corredores ecológicos, a conservação de grandes áreas protegidas e a conservação ou
recuperação de ecossistemas ou espécies ameaçados.
§ 8o Quando se tratar de imóveis públicos, a compensação de que trata o inciso III do caput poderá ser feita mediante concessão
de direito real de uso ou doação, por parte da pessoa jurídica de direito público proprietária de imóvel rural que não detém Reserva
Legal em extensão suficiente, ao órgão público responsável pela Unidade de Conservação de área localizada no interior de Unidade
de Conservação de domínio público, a ser criada ou pendente de regularização fundiária.
§ 9o As medidas de compensação previstas neste artigo não poderão ser utilizadas como forma de viabilizar a conversão de novas
áreas para uso alternativo do solo.
Art. 67. Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área de até 4 (quatro) módulos fiscais e que possuam
remanescente de vegetação nativa em percentuais inferiores ao previsto no art. 12, a Reserva Legal será constituída com a área
ocupada com a vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008, vedadas novas conversões para uso alternativo do solo.
Art. 68. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram supressão de vegetação nativa respeitando os
percentuais de Reserva Legal previstos pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão são dispensados de promover
a recomposição, compensação ou regeneração para os percentuais exigidos nesta Lei.
§ 1o Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais poderão provar essas situações consolidadas por documentos tais como a
descrição de fatos históricos de ocupação da região, registros de comercialização, dados agropecuários da atividade, contratos e
documentos bancários relativos à produção, e por todos os outros meios de prova em direito admitidos.
§ 2o Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais, na Amazônia Legal, e seus herdeiros necessários que possuam índice de
Reserva Legal maior que 50% (cinquenta por cento) de cobertura florestal e não realizaram a supressão da vegetação nos
percentuais previstos pela legislação em vigor à época poderão utilizar a área excedente de Reserva Legal também para fins de
constituição de servidão ambiental, Cota de Reserva Ambiental - CRA e outros instrumentos congêneres previstos nesta Lei.
2. É livre a extração de lenha e demais produtos de florestas plantadas nas áreas não consideradas Áreas de Preservação
Permanente e Reserva Legal (art. 35, § 2º).
3. O STJ ostenta entendimento uníssono no sentido de que, para ser excluída do cálculo de produtividade do bem, a
reserva legal deve estar averbada no registro imobiliário em tempo anterior à vistoria (REsp 1447203/TO).
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA
Dizer o Direito
Leonardo Garcia
Frederico Amado
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo
a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos
atributos que justifiquem sua proteção;
A expressão “dupla imputação” é utilizada para designar a destinação de um determinado bem a mais de uma
finalidade de interesse público.
Na Petição nº 3.388-4 julgada pelo STF, o Tribunal reconheceu o regime de dupla imputação célebre caso da Raposa
Serra do Sol, ou seja, vinculação a um interesse ambiental e a um interesse indígena.
2. CONCEITO
A unidade de conservação é:
1. Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais.
2. Com características naturais relevantes.
3. Legalmente instituído pelo Poder Público.
4. Com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração.
5. Ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
OBS.:
1) O subsolo e o espaço aéreo, sempre que influírem na estabilidade do ecossistema, integram os limites das unidades de
conservação.
1. Objetivos:
2. Diretrizes:
4. COMPOSIÇÃO NO SNUC
O SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e municipais.
TRF/4R – Juiz Federal (2016):
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza é composto pelas Unidades de Conservação Federais, Estaduais e
Municipais (VERDADEIRO).
5. GESTÃO DO SNUC
CONAMA.
Ministério do Meio Ambiente.
ICMBio, IBAMA (caráter supletivo) e órgãos estaduais/municipais.
Art. 6o O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições:
I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama, com as atribuições de acompanhar a
implementação do Sistema;
II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de coordenar o Sistema; e
III - órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em caráter supletivo, os órgãos estaduais e municipais, com a função
de implementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e
municipais, nas respectivas esferas de atuação.
Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a critério do Conama, unidades de conservação estaduais e
municipais que, concebidas para atender a peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo que não possam ser
satisfatoriamente atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas características permitam, em relação a estas, uma
clara distinção.
Importante:
O IBAMA pode exercer supletivamente o poder de polícia ambiental
nos casos de omissão do ICMBio.
6.1. Classificação
Importante:
A utilização (exploração) de parcela dos recursos
naturais só é admitida em regime de manejo
sustentável, desde que observado o zoneamento da
área, as limitações legais e o plano de manejo da
respectiva unidade de conservação.
É aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais (art. 2º, IX).
6.2. Subclassificação
É o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições
específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade (art. 2º, XVIII).
Importante:
As atividades de significativo impacto ambiental que possam afetar
uma UC ou seu entorno já previamente definido (ZA) só poderão ser
licenciadas após autorização do órgão responsável pela administração
da UC. A mesma regra se aplica àqueles empreendimentos de
significativo impacto ambiental localizados numa faixa de três mil
metros a partir do limite da UC cuja ZA não esteja ainda estabelecida
(art. 1º, § 2º, da Resolução CONAMA nº 428/2010).
6.2.2. O que acontecerá se a UC pressupor uma desapropriação e o Poder Público não desapropriar os imóveis?
1. Necessidade de desapropriação:
Reserva Biológica.
Estação Ecológica.
Parque Nacional.
Reserva Extrativista.
Reserva de Fauna.
Reserva de Desenvolvimento Sustentável.
Floresta Nacional.
Art. 25. As unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem
possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos.
§ 1o O órgão responsável pela administração da unidade estabelecerá normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos
recursos da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos de uma unidade de conservação.
§ 2o Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as respectivas normas de que trata o § 1o poderão ser
definidas no ato de criação da unidade ou posteriormente.
3. Quadro resumo:
6.2.4. Outras características
Importante:
Geralmente existem condicionantes quando a visitação pública não é
vedada.
Importante:
As populações tradicionais residentes em unidades de conservação
nas quais sua permanência não seja permitida serão indenizadas ou
compensadas pelas benfeitorias existentes e devidamente realocadas
pelo Poder Público, em local e condições acordados entre as partes
(art. 42).
3. A autorização de pesquisas cientificas dependerá da prévia autorização do gestor da UC, salvo em APA e Reserva
Particular do Patrimônio Natural.
Importante:
Qual o conceito mais exigido? É o de Área de Proteção Ambiental.
5. Outras características:
Importante:
Percebe-se que é necessário decorar alguns conceitos, características
e objetivos específicos das UC. Então, recomenda-se a leitura dessa
parte da Lei nº 9.985/00.
É uma categoria sui generis de unidade de conservação, não incluída pela lei do SNUC nem como unidade de proteção
integral, nem como unidade de uso sustentável.
Art. 41. A Reserva da Biosfera é um modelo, adotado internacionalmente, de gestão integrada, participativa e sustentável dos
recursos naturais, com os objetivos básicos de preservação da diversidade biológica, o desenvolvimento de atividades de pesquisa,
o monitoramento ambiental, a educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida das
populações.
§ 1o A Reserva da Biosfera é constituída por:
I - uma ou várias áreas-núcleo, destinadas à proteção integral da natureza;
II - uma ou várias zonas de amortecimento, onde só são admitidas atividades que não resultem em dano para as áreas-núcleo; e
III - uma ou várias zonas de transição, sem limites rígidos, onde o processo de ocupação e o manejo dos recursos naturais são
planejados e conduzidos de modo participativo e em bases sustentáveis.
§ 2o A Reserva da Biosfera é constituída por áreas de domínio público ou privado.
§ 3o A Reserva da Biosfera pode ser integrada por unidades de conservação já criadas pelo Poder Público, respeitadas as normas
legais que disciplinam o manejo de cada categoria específica.
§ 4o A Reserva da Biosfera é gerida por um Conselho Deliberativo, formado por representantes de instituições públicas, de
organizações da sociedade civil e da população residente, conforme se dispuser em regulamento e no ato de constituição da
unidade.
§ 5o A Reserva da Biosfera é reconhecida pelo Programa Intergovernamental "O Homem e a Biosfera – MAB", estabelecido pela
Unesco, organização da qual o Brasil é membro.
Estudos técnicos.
Consulta pública (salvo na criação de Estação Ecológica e Reserva Biológica).
Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público.
§ 1o (VETADO)
§ 2o A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública que permitam
identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento.
§ 3o No processo de consulta de que trata o § 2o, o Poder Público é obrigado a fornecer informações adequadas e inteligíveis à
população local e a outras partes interessadas.
§ 4o Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica não é obrigatória a consulta de que trata o § 2o deste artigo.
Importante:
Vale salientar que a consulta pública prevista no decreto tem caráter
consultivo, não determinante (não vinculante) para criação de
unidade de conservação.
OBS.:
1) Não há impedimento algum para a criação de mais de uma UC através de um único procedimento administrativo,
desde respeitados todos os requisitos legais para a sua instituição.
2) O processo de criação e ampliação das UCs deve ser precedido da regulamentação da lei, de estudos técnicos e de
consulta pública. O parecer emitido pelo Conselho Consultivo do Parque não pode substituir a consulta (MS 24.184).
3) O §2º do art. 22 da Lei nº 9.985/2000 não exige que os estudos técnicos estejam concluídos por ocasião das consultas
públicas, mas, tão somente, por ocasião da criação da própria UC (MS 26.189 AgR).
7.2.2. Como pode ser feita a ampliação dos limites de uma UC?
Como visto, pode ser feita por lei ou por decreto. Contudo, a ampliação dos limites de uma UC por decreto só é
admitida quando há estrita manutenção de sua delimitação originária. Isso porque pode ocorrer situação em que haja
ampliação da área total de uma UC via supressão de parcela de sua originária e “compensação” da parte suprimida com
a nova área acrescida.
Art. 22 (...)
§ 6o A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem modificação dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo
proposto, pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os
procedimentos de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo.
É inconstitucional a redução ou a supressão de espaços territoriais especialmente protegidos, como é o caso das
unidades de conservação, por meio de medida provisória. Isso viola o art. 225, § 1º, III, da CF/88. Assim, a redução ou
supressão de unidade de conservação somente é permitida mediante lei em sentido formal. A medida provisória possui
força de lei, mas o art. 225, § 1º, III, da CF/88 exige lei em sentido estrito. A proteção ao meio ambiente é um limite
material implícito à edição de medida provisória, ainda que não conste expressamente do elenco das limitações
previstas no art. 62, § 1º, da CF/88. STF. Plenário. ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/4/2018 (Info
896).
Sim. A transformação de uma UC de uso sustentável em proteção integral poderá ser feita pelo mesmo instrumento de
criação (lei ou decreto) mas a recíproca só poderá se dar por lei, uma vez realizada a consulta pública.
8. PLANO DE MANEJO
8.1. Conceito
É o documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se
estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive
a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade (art. 2º, XVII) – “lei interna da UC”.
8.3. Abrangência
Área da UC.
Zona de amortecimento.
Corredores ecológicos.
8.4. Proibições
Art. 28. São proibidas, nas unidades de conservação, quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em desacordo
com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus regulamentos.
Parágrafo único. Até que seja elaborado o Plano de Manejo, todas as atividades e obras desenvolvidas nas unidades de
conservação de proteção integral devem se limitar àquelas destinadas a garantir a integridade dos recursos que a unidade objetiva
proteger, assegurando-se às populações tradicionais porventura residentes na área as condições e os meios necessários para a
satisfação de suas necessidades materiais, sociais e culturais.
9. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL
Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo
órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o
empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de
acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei.(Regulamento)
§ 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos
custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de
acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento. (Vide ADIN nº 3.378-6, de 2008)
§ 2o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas
apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de
conservação.
§ 3o Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento a que
se refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a
unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação
definida neste artigo.
§ 4º A obrigação de que trata o caput deste artigo poderá, em virtude do interesse público, ser cumprida em unidades de
conservação de posse e domínio públicos do grupo de Uso Sustentável, especialmente as localizadas na Amazônia Legal. (Incluído
pela Lei nº 13.668, de 2018)
OBS.:
1) Para o Ministro Celso de Mello (ADI 3378DF), acompanhado por outros renomados juristas, trata-se da aplicação do
princípio do poluidor-pagador.
O STF declarou a inconstitucionalidade, com redução do texto, das expressões “não pode ser inferior a meio por cento
dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento” e “o percentual”, constantes no § 1º do art. 36.
Dessa forma, o órgão ambiental competente é que deve fixar o montante compatível e proporcional ao grão de
impacto ambiental do empreendimento analisado.
Destaca-se que o STF entendeu constitucional o instrumento da compensação ambiental, mas considerou
inconstitucionais as expressões que fixavam o percentual mínimo.
Não. Os recursos naturais são bens da coletividade e o seu uso garante uma compensação financeira pela utilização de
recursos naturais (bens de uso comum), independentemente da existência de dano ao meio ambiente. Aqui, o
indivíduo está pagando pela utilização de recursos naturais escassos, e não necessariamente pelo dano causado ao
meio ambiente.
PGE/BA – Procurador do Estado (2014):
De acordo com o princípio do usuário-pagador, deve-se proceder à quantificação econômica dos recursos ambientais, de modo a
garantir reparação por todo o dano ambiental causado (FALSO).
TJ/AC - Juiz (2012):
O princípio do usuário-pagador, desenvolvido por John Rawls na obra Uma Teoria da Justiça, fundamenta-se na ideia da
maximização do mínimo, segundo a qual cabe àqueles que alcançam um maior nível de consumo a responsabilidade sobre os
custos socioambientais da produção capitalista (FALSO).
9.3.3. É possível a cumulação da compensação ambiental com indenização por danos ambientais?
Sim. O valor devido pelo empreendedor a título de compensação ambiental não o exime do pagamento de indenização
por danos ambientais que eventualmente se verifiquem no decorrer das atividades do empreendimento.
A cumulação é viável em decorrência da natureza jurídica diversa dos referidos institutos. A compensação tem como
intuito compensar o meio ambiente pela utilização dos recursos naturais e a indenização tem conteúdo reparatório.
Art. 23. A posse e o uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais nas Reservas Extrativistas e Reservas de
Desenvolvimento Sustentável serão regulados por contrato, conforme se dispuser no regulamento desta Lei.
§ 1o As populações de que trata este artigo obrigam-se a participar da preservação, recuperação, defesa e manutenção da
unidade de conservação.
§ 2o O uso dos recursos naturais pelas populações de que trata este artigo obedecerá às seguintes normas:
I - proibição do uso de espécies localmente ameaçadas de extinção ou de práticas que danifiquem os seus habitats;
II - proibição de práticas ou atividades que impeçam a regeneração natural dos ecossistemas;
III - demais normas estabelecidas na legislação, no Plano de Manejo da unidade de conservação e no contrato de concessão de
direito real de uso.
2. Corredor ecológico:
3. Mosaico:
Art. 26. Quando existir um conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou
sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas, constituindo um mosaico, a gestão do conjunto deverá ser feita de
forma integrada e participativa, considerando-se os seus distintos objetivos de conservação, de forma a compatibilizar a presença
da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional.
Parágrafo único. O regulamento desta Lei disporá sobre a forma de gestão integrada do conjunto das unidades.
Art. 31. É proibida a introdução nas unidades de conservação de espécies não autóctones.
§ 1o Excetuam-se do disposto neste artigo as Áreas de Proteção Ambiental, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas e as
Reservas de Desenvolvimento Sustentável, bem como os animais e plantas necessários à administração e às atividades das demais
categorias de unidades de conservação, de acordo com o que se dispuser em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.
§ 2o Nas áreas particulares localizadas em Refúgios de Vida Silvestre e Monumentos Naturais podem ser criados animais
domésticos e cultivadas plantas considerados compatíveis com as finalidades da unidade, de acordo com o que dispuser o seu
Plano de Manejo.
Art. 22-A. O Poder Público poderá, ressalvadas as atividades agropecuárias e outras atividades econômicas em andamento e obras
públicas licenciadas, na forma da lei, decretar limitações administrativas provisórias ao exercício de atividades e empreendimentos
efetiva ou potencialmente causadores de degradação ambiental, para a realização de estudos com vistas na criação de Unidade de
Conservação, quando, a critério do órgão ambiental competente, houver risco de dano grave aos recursos naturais ali existentes.
§ 1o Sem prejuízo da restrição e observada a ressalva constante do caput, na área submetida a limitações administrativas, não
serão permitidas atividades que importem em exploração a corte raso da floresta e demais formas de vegetação nativa.
§ 2o A destinação final da área submetida ao disposto neste artigo será definida no prazo de 7 (sete) meses, improrrogáveis, findo
o qual fica extinta a limitação administrativa.
Art. 27. O uso de imagens de unidade de conservação com finalidade comercial será cobrado conforme estabelecido em ato
administrativo pelo órgão executor.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
TÍTULO I
DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS
CAPÍTULO I
DOS FUNDAMENTOS
AgREsp 2008.01.01.251-7:
A água fornecida à população, após ser tratada pelas empresas concessionárias,
permissionárias ou autorizadas, não caracteriza mercadoria, razão pela qual é
insuscetível de cobrança de ICMS (STJ, 2009).
CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS
Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade;
II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das
diversas regiões do País;
III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;
IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e
nacional;
V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;
VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras.
Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum.
CAPÍTULO IV
DOS INSTRUMENTOS
Importante:
Súmula 407 STJ: É legítima a cobrança da tarifa de água fixada de
acordo com as categorias de usuários e as faixas de consumo.
SEÇÃO I
DOS PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 6º Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que visam a fundamentar e orientar a implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos.
Art. 7º Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período de
implantação de seus programas e projetos e terão o seguinte conteúdo mínimo:
I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;
II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de
ocupação do solo;
III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com identificação de
conflitos potenciais;
IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis;
V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados, para o atendimento das metas
previstas;
VI - (VETADO)
VII - (VETADO)
VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos;
IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos;
X - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos.
MPE/SC (2012):
Segundo a Lei n. 9.433/ 97, os Planos de Recursos Hídricos são planos de médio prazo, com planejamento compatível com o
período de implantação de seus programas e projetos (FALSO).
MPE/RN (2009):
Os planos de recursos hídricos são planos de curto prazo (FALSO).
Art. 8º Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País.
SEÇÃO II
DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES, SEGUNDO OS USOS PREPONDERANTES DA ÁGUA
Art. 9º O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água, visa a:
I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas;
II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes.
Art. 10. As classes de corpos de água serão estabelecidas pela legislação ambiental.
SEÇÃO III
DA OUTORGA DE DIREITOS DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS
A outorga de recursos hídricos compete à União, nos termos do art. 21, XIX, CRFB.
Tem natureza de ato administrativo discricionário (IN nº 4/2000, do MMA).
MPE/PI (2012):
Discorrendo sobre a regulamentação do uso da água, o ministro Luiz Fux sustentou, no STJ, que “o particular tem, apenas, o
direito à exploração das águas subterrâneas, mediante autorização do poder público e cobrada a devida contraprestação”.
Acerca desse tema, assinale a opção correta.
a) A outorga de direito de uso da água constitui ato precário, tendo o seu pagamento natureza tributária (FALSO).
Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e
qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água.
PGE/PR (2011):
O órgão gestor deve conceder outorga de direito de uso de recursos hídricos para qualquer finalidade, na medida em que deve
sempre proporcionar todos os usos possíveis em determinado corpo d’água (FALSO).
Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos:
I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público,
ou insumo de processo produtivo;
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;
III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição,
transporte ou disposição final;
IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água.
§ 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica estará subordinada ao Plano Nacional de
Recursos Hídricos, aprovado na forma do disposto no inciso VIII do art. 35 desta Lei, obedecida a disciplina da legislação setorial
específica.
Art. 13. Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respeitar
a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando
for o caso.
Parágrafo único. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá preservar o uso múltiplo destes.
Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal.
§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de
uso de recurso hídrico de domínio da União.
§ 2º (VETADO)
Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo
determinado, nas seguintes circunstâncias:
I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;
II - ausência de uso por três anos consecutivos;
III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas
adversas;
IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;
V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas;
VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água.
Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável.
Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso.
SEÇÃO IV
DA COBRANÇA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
TRF/2R (2009):
A cobrança pelo uso de recursos hídricos visa
a) instituir a água como bem econômico e impor ao usuário medidas restritivas de direitos quanto à outorga e à
fruição dos recursos hídricos.
b) incentivar a privatização dos mecanismos de distribuição da água, bem como das estações de tratamento.
c) incentivar o reúso das águas servidas na produção de ração animal.
d) estabelecer limites diários para a captação das águas superficiais.
e) obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e das intervenções contempladas nos planos de
recursos hídricos (VERDADEIRO).
Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, nos termos do art. 12 desta Lei.
Parágrafo único. (VETADO)
TRF/1R (2011):
Assinale a opção correta com referência ao ordenamento jurídico brasileiro sobre a proteção dos recursos hídricos.
a) A atual legislação de gestão de recursos hídricos autoriza os estados a, de forma unilateral, organizar a cobrança
pelo uso dos recursos hídricos (FALSO).
Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos devem ser observados, dentre outros:
I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime de variação;
II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as
características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente.
PGE/SP (2009):
De acordo com a Lei Federal no 9.433/97, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, é correto afirmar que
a) na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos nos lançamentos de esgotos não devem
ser observadas as características de toxidade do afluente (FALSO).
Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia
hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados:
I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos;
II - no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos.
§ 1º A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo é limitada a sete e meio por cento do total arrecadado.
§ 2º Os valores previstos no caput deste artigo poderão ser aplicados a fundo perdido em projetos e obras que alterem, de modo
considerado benéfico à coletividade, a qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo de água.
§ 3º (VETADO)
SEÇÃO V
DA COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS
SEÇÃO VI
DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 25. O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e
recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão.
Parágrafo único. Os dados gerados pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
serão incorporados ao Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos.
Art. 26. São princípios básicos para o funcionamento do Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos:
I - descentralização da obtenção e produção de dados e informações;
II - coordenação unificada do sistema;
III - acesso aos dados e informações garantido à toda a sociedade.
DPE/TO (2013):
Considerando os instrumentos de gestão de recursos hídricos previstos na Lei n.º 9.433/1997, que institui a Política Nacional de
Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, assinale a opção correta.
a) São princípios básicos do funcionamento do Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, de acordo com a
citada lei, a centralização na obtenção e produção de dados e informações e a gestão compartilhada do sistema
por todos os entes federativos (FALSO).
TJ/AC (2012):
O sistema de informações sobre recursos hídricos é um dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos. São
princípios básicos do funcionamento desse sistema
a) a descentralização do processo de tomada de decisões, a integração institucional do processo de elaboração de
informações e o direito à informação.
b) a publicidade das informações, a coordenação unificada do sistema de coleta dos dados e a descentralização do
processo de tomada de decisões.
c) a descentralização da obtenção e produção de dados e informações, a coordenação unificada do sistema e a
garantia de acesso da sociedade aos dados e informações (VERDADEIRO).
d) a integração regional na coleta de informações, a centralização administrativa no processo de sistematização de
dados e a transparência do processo de tomada de decisões.
e) a centralização do processo de coleta de dados, a interdependência na gestão do conhecimento e a
democratização dos veículos de informação.
MPE/RN (2009):
A centralização da obtenção e produção de dados e informações é um dos princípios básicos para o funcionamento do Sistema
de Informações sobre Recursos Hídricos (FALSO).
Art. 27. São objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos:
I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos
no Brasil;
II - atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda de recursos hídricos em todo o território
nacional;
III - fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.
CAPÍTULO V
DO RATEIO DE CUSTOS DAS OBRAS DE USO MÚLTIPLO, DE INTERESSE COMUM OU COLETIVO
CAPÍTULO VI
DA AÇÃO DO PODER PÚBLICO
Art. 29. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, compete ao Poder Executivo Federal:
I - tomar as providências necessárias à implementação e ao funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos;
II - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e fiscalizar os usos, na sua esfera de competência;
III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito nacional;
IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.
Parágrafo único. O Poder Executivo Federal indicará, por decreto, a autoridade responsável pela efetivação de outorgas de
direito de uso dos recursos hídricos sob domínio da União.
Art. 30. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, cabe aos Poderes Executivos Estaduais e do Distrito
Federal, na sua esfera de competência:
I - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e fiscalizar os seus usos;
II - realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica;
III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito estadual e do Distrito Federal;
IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.
Art. 31. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes Executivos do Distrito Federal e dos
municípios promoverão a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio
ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos.
TÍTULO II
DO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS
CAPÍTULO I
DOS OBJETIVOS E DA COMPOSIÇÃO
Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com os seguintes objetivos:
I - coordenar a gestão integrada das águas;
II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos;
III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos;
V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
TJ/CE (2012):
O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos objetiva coordenar a gestão integrada das águas e implementar a
Política Nacional de Recursos Hídricos, cabendo diretamente aos entes federativos, por meio de suas agências de águas, arbitrar
os conflitos relacionados aos recursos hídricos (FALSO).
Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos: (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
I – o Conselho Nacional de Recursos Hídricos; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
I-A. – a Agência Nacional de Águas; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
II – os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
III – os Comitês de Bacia Hidrográfica; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
IV – os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com
a gestão de recursos hídricos; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
V – as Agências de Água. (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
CAPÍTULO II
DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de atuação:
I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes;
II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos;
III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;
IV - acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de
suas metas;
V - propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos as acumulações, derivações, captações e
lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de
acordo com os domínios destes;
VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados;
VII - (VETADO)
VIII - (VETADO)
IX - estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.
Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso ao Conselho Nacional ou aos Conselhos
Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com sua esfera de competência.
§ 1º O número de representantes de cada setor mencionado neste artigo, bem como os critérios para sua indicação, serão
estabelecidos nos regimentos dos comitês, limitada a representação dos poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios à metade do total de membros.
§ 2º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços de gestão compartilhada, a
representação da União deverá incluir um representante do Ministério das Relações Exteriores.
§ 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas devem ser incluídos
representantes:
I - da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União;
II - das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia.
TJ/PA (2012):
Nos comitês de bacia hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas devem ser incluídos representantes das
comunidades indígenas residentes nos estados-membros localizados na fronteira da bacia (FALSO).
TRF/1R (2011):
Assinale a opção correta com referência ao ordenamento jurídico brasileiro sobre a proteção dos recursos hídricos.
a) Quando se tratar de bacia hidrográfica situada em terras indígenas, a comunidade indígena deverá ser
representada por membros de entidades ambientais federais (FALSO).
§ 4º A participação da União nos Comitês de Bacia Hidrográfica com área de atuação restrita a bacias de rios sob domínio
estadual, dar-se-á na forma estabelecida nos respectivos regimentos.
Art. 40. Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão dirigidos por um Presidente e um Secretário, eleitos dentre seus membros.
TJ/PA (2012):
Os comitês de bacia hidrográfica devem ser dirigidos por um conselho de diretores e um secretário, indicados pelo governador
do estado cujo território se situe na área de atuação do comitê (FALSO).
CAPÍTULO IV
DAS AGÊNCIAS DE ÁGUA
Art. 41. As Agências de Água exercerão a função de secretaria executiva do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia
Hidrográfica.
MPE/PI (2012):
Discorrendo sobre a regulamentação do uso da água, o ministro Luiz Fux sustentou, no STJ, que “o particular tem, apenas, o
direito à exploração das águas subterrâneas, mediante autorização do poder público e cobrada a devida contraprestação”.
Acerca desse tema, assinale a opção correta.
b) Exercem o papel de secretarias executivas dos comitês de bacia hidrográfica as organizações civis de recursos
hídricos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (FALSO).
TJ/ES (2011):
O comitê de bacias, órgão consultivo e deliberativo do SNGRH, tem como centro administrativo a Secretaria Executiva do
Instituto Chico Mendes para a Biodiversidade (FALSO).
Art. 42. As Agências de Água terão a mesma área de atuação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica.
Parágrafo único. A criação das Agências de Água será autorizada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos ou pelos
Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica.
TJ/PA (2012):
A criação de Agências de Água somente pode ser autorizada pelo IBAMA (FALSO).
Art. 43. A criação de uma Agência de Água é condicionada ao atendimento dos seguintes requisitos:
I - prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica;
II - viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação.
CAPÍTULO V
DA SECRETARIA EXECUTIVA DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 45. A Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos será exercida pelo órgão integrante da estrutura do
Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, responsável pela gestão dos recursos hídricos.
CAPÍTULO VI
DAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 47. São consideradas, para os efeitos desta Lei, organizações civis de recursos hídricos:
I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas;
II - associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos;
III - organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos;
IV - organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade;
V - outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos.
TRF/1R (2011):
Assinale a opção correta com referência ao ordenamento jurídico brasileiro sobre a proteção dos recursos hídricos.
a) As associações intermunicipais de bacias hidrográficas integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos como órgão colegiado (FALSO).
Art. 48. Para integrar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, as organizações civis de recursos hídricos devem ser
legalmente constituídas.
TÍTULO III
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos:
I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso;
II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação ou a utilização de recursos hídricos,
superficiais ou subterrâneos, que implique alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos
órgãos ou entidades competentes;
III - (VETADO)
IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com os mesmos em desacordo com as
condições estabelecidas na outorga;
V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização;
VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos;
VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos administrativos, compreendendo instruções
e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes;
VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de suas funções.
PGE/AL (2006):
A perfuração de poços para extração de água subterrânea sem a devida autorização configura infração às normas de utilização
de recursos hídricos (VERDADEIRO).
Art. 50. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar referentes à execução de obras e serviços hidráulicos,
derivação ou utilização de recursos hídricos de domínio ou administração da União, ou pelo não atendimento das solicitações
feitas, o infrator, a critério da autoridade competente, ficará sujeito às seguintes penalidades, independentemente de sua ordem
de enumeração:
I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das irregularidades;
II - multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais);
III - embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e obras necessárias ao efetivo cumprimento das
condições de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção dos recursos
hídricos;
IV - embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu antigo estado, os recursos
hídricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de Águas ou tamponar os poços de extração de água
subterrânea.
§ 1º Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida,
perecimento de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à
metade do valor máximo cominado em abstrato.
§ 2º No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena de multa, serão cobradas do infrator as despesas em que
incorrer a Administração para tornar efetivas as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos arts. 36, 53, 56 e 58 do Código
de Águas, sem prejuízo de responder pela indenização dos danos a que der causa.
§ 3º Da aplicação das sanções previstas neste título caberá recurso à autoridade administrativa competente, nos termos do
regulamento.
§ 4º Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro.
TÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 51. Os consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas mencionados no art. 47 poderão receber
delegação do Conselho Nacional ou dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, por prazo determinado, para o exercício de
funções de competência das Agências de Água, enquanto esses organismos não estiverem constituídos.
Art. 51. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos e os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos poderão delegar a
organizações sem fins lucrativos relacionadas no art. 47 desta Lei, por prazo determinado, o exercício de funções de competência
das Agências de Água, enquanto esses organismos não estiverem constituídos. (Redação dada pela Lei nº 10.881, de 2004)
Art. 52. Enquanto não estiver aprovado e regulamentado o Plano Nacional de Recursos Hídricos, a utilização dos potenciais
hidráulicos para fins de geração de energia elétrica continuará subordinada à disciplina da legislação setorial específica.
Art. 53. O Poder Executivo, no prazo de cento e vinte dias a partir da publicação desta Lei, encaminhará ao Congresso
Nacional projeto de lei dispondo sobre a criação das Agências de Água.
Art. 54. O art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 1º .............................................................................
........................................................................................
III - quatro inteiros e quatro décimos por cento à Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazônia Legal;
IV - três inteiros e seis décimos por cento ao Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica - DNAEE, do Ministério de Minas
e Energia;
V - dois por cento ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
....................................................................................
§ 4º A cota destinada à Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia
Legal será empregada na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos e na gestão da rede hidrometeorológica nacional.
§ 5º A cota destinada ao DNAEE será empregada na operação e expansão de sua rede hidrometeorológica, no estudo dos recursos
hídricos e em serviços relacionados ao aproveitamento da energia hidráulica."
Parágrafo único. Os novos percentuais definidos no caput deste artigo entrarão em vigor no prazo de cento e oitenta dias
contados a partir da data de publicação desta Lei.
Art. 55. O Poder Executivo Federal regulamentará esta Lei no prazo de cento e oitenta dias, contados da data de sua
publicação.
Art. 56. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 57. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 8 de janeiro de 1997; 176º da Independência e 109º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Gustavo Krause
Este texto não substitui o publicado no DOU de 9.1.1997
OBSERVAÇÕES:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
territórios;
TJ/CE (2012):
Embora seja competência exclusiva da União registrar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos
hídricos, o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos é composto de órgãos federais, estaduais e do DF (FALSO).
TRF/5R (2009):
Cabe à União, em caráter privativo, legislar sobre mineração. Nesse sentido, são de sua competência o registro, o
acompanhamento e a fiscalização das concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos minerais, mesmo que
situadas no território dos estados, do DF e dos municípios (FALSO).
TRF/5R (2009):
Os recursos minerais, inclusive os do subsolo, são considerados bens da União. No entanto, os estados, o DF, os municípios e os
órgãos da administração direta da União participarão do resultado da exploração desses minérios localizados em seus
territórios, ou receberão compensação financeira por essa exploração (VERDADEIRO).
3.
TRF/2R (2013):
Tendo em vista as normas que regem os recursos hídricos nacionais, assinale a opção correta.
a) As águas subterrâneas e os rios que provenham de outros países ou banhem mais de um estado são bens da
União (FALSO).
TRF/1R (2011):
Assinale a opção correta com referência ao ordenamento jurídico brasileiro sobre a proteção dos recursos hídricos.
b) A CF divide o domínio das águas entre a União e os municípios conforme a localização dos corpos de água
(FALSO).
4.
MPE/RR (2012):
No que diz respeito à proteção dos recursos hídricos, assinale a opção correta.
a) A pena prevista para o crime de poluição é agravada caso dele decorra poluição hídrica que torne necessária a
interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade (FALSO).
b) A execução de todas as garantias exigidas pelo poder público resguarda da obrigação de indenizar danos
causados a terceiros o empreendedor beneficiado pela outorga de uso de água fluvial, remanescendo, contudo, a
responsabilidade pela reparação ao meio ambiente (FALSO).
5. É possível que o Estado-membro, por meio de decreto e portaria, determine que os usuários dos serviços de água
tenham em suas casas, obrigatoriamente, uma conexão com a rede pública de água. O decreto e a portaria estaduais
também poderão proibir o abastecimento de água para as casas por meio de poço artesiano, ressalvada a hipótese de
inexistência de rede pública de saneamento básico (INF 525 STJ).
LEI Nº 11.105, DE 24 DE MARÇO DE 2005.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
Art. 1o Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a
manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o
consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo
como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana,
animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente.
§ 1o Para os fins desta Lei, considera-se atividade de pesquisa a realizada em laboratório, regime de contenção ou campo, como
parte do processo de obtenção de OGM e seus derivados ou de avaliação da biossegurança de OGM e seus derivados, o que
engloba, no âmbito experimental, a construção, o cultivo, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a
exportação, o armazenamento, a liberação no meio ambiente e o descarte de OGM e seus derivados.
§ 2o Para os fins desta Lei, considera-se atividade de uso comercial de OGM e seus derivados a que não se enquadra como
atividade de pesquisa, e que trata do cultivo, da produção, da manipulação, do transporte, da transferência, da comercialização,
da importação, da exportação, do armazenamento, do consumo, da liberação e do descarte de OGM e seus derivados para fins
comerciais.
Art. 2o As atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados, relacionados ao ensino com manipulação de organismos
vivos, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial ficam restritos ao âmbito de entidades de
direito público ou privado, que serão responsáveis pela obediência aos preceitos desta Lei e de sua regulamentação, bem como
pelas eventuais conseqüências ou efeitos advindos de seu descumprimento.
§ 1o Para os fins desta Lei, consideram-se atividades e projetos no âmbito de entidade os conduzidos em instalações próprias ou
sob a responsabilidade administrativa, técnica ou científica da entidade.
§ 2o As atividades e projetos de que trata este artigo são vedados a pessoas físicas em atuação autônoma e independente, ainda
que mantenham vínculo empregatício ou qualquer outro com pessoas jurídicas.
§ 3o Os interessados em realizar atividade prevista nesta Lei deverão requerer autorização à Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança – CTNBio, que se manifestará no prazo fixado em regulamento.
§ 4o As organizações públicas e privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais, financiadoras ou patrocinadoras de atividades
ou de projetos referidos no caput deste artigo devem exigir a apresentação de Certificado de Qualidade em Biossegurança,
emitido pela CTNBio, sob pena de se tornarem co-responsáveis pelos eventuais efeitos decorrentes do descumprimento desta Lei
ou de sua regulamentação.
§ 1o Não se inclui na categoria de OGM o resultante de técnicas que impliquem a introdução direta, num organismo, de material
hereditário, desde que não envolvam a utilização de moléculas de ADN/ARN recombinante ou OGM, inclusive fecundação in vitro,
conjugação, transdução, transformação, indução poliplóide e qualquer outro processo natural.
§ 2o Não se inclui na categoria de derivado de OGM a substância pura, quimicamente definida, obtida por meio de processos
biológicos e que não contenha OGM, proteína heteróloga ou ADN recombinante.
Art. 4o Esta Lei não se aplica quando a modificação genética for obtida por meio das seguintes técnicas, desde que não impliquem
a utilização de OGM como receptor ou doador:
I – mutagênese;
II – formação e utilização de células somáticas de hibridoma animal;
III – fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que possa ser produzida mediante métodos tradicionais de
cultivo;
IV – autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de maneira natural.
Art. 5o É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos
produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da
publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento.
(...)
LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO I
Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem
como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às
responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.
§ 1o Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou
indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao
gerenciamento de resíduos sólidos.
§ 2o Esta Lei não se aplica aos rejeitos radioativos, que são regulados por legislação específica.
Art. 2o Aplicam-se aos resíduos sólidos, além do disposto nesta Lei, nas Leis nos 11.445, de 5 de janeiro de 2007, 9.974, de 6 de
junho de 2000, e 9.966, de 28 de abril de 2000, as normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(Sisnama), do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) e
do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro).
CAPÍTULO II
DEFINIÇÕES
IV - ciclo de vida do produto: série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas e
insumos, o processo produtivo, o consumo e a disposição final;
V - coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou composição;
VI - controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos que garantam à sociedade informações e participação nos
processos de formulação, implementação e avaliação das políticas públicas relacionadas aos resíduos sólidos;
VII - destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a
recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do
Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública
e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos;
VIII - disposição final ambientalmente adequada: distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais
específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos;
IX - geradores de resíduos sólidos: pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que geram resíduos sólidos por meio
de suas atividades, nelas incluído o consumo;
X - gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte,
transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de
resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei;
XI - gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a
considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do
desenvolvimento sustentável;
XII - logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações,
procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para
reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada;
XIII - padrões sustentáveis de produção e consumo: produção e consumo de bens e serviços de forma a atender as necessidades
das atuais gerações e permitir melhores condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das
necessidades das gerações futuras;
XIV - reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-
químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões
estabelecidos pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa;
XV- rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos
tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final
ambientalmente adequada;
XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja
destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como
gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou
em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;
XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza
urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir
os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei;
XVIII - reutilização: processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-química,
observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa;
XIX - serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades previstas no art. 7º da Lei nº
11.445, de 2007.
DECRETO Nº 7.404/2010:
Art. 19. Os acordos setoriais são atos de natureza contratual, firmados entre o Poder Público e os fabricantes, importadores,
distribuidores ou comerciantes, visando a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.
Art. 20. O procedimento para implantação da logística reversa por meio de acordo setorial poderá ser iniciado pelo Poder Público
ou pelos fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes dos produtos e embalagens referidos no art. 18.
§ 1o Os acordos setoriais iniciados pelo Poder Público serão precedidos de editais de chamamento, conforme procedimento
estabelecido nesta Subseção.
§ 2o Os acordos setoriais iniciados pelos fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes serão precedidos da
apresentação de proposta formal pelos interessados ao Ministério de Meio Ambiente, contendo os requisitos referidos no art. 23.
§ 3o Poderão participar da elaboração dos acordos setoriais representantes do Poder Público, dos fabricantes, importadores,
comerciantes e distribuidores dos produtos e embalagens referidos no art. 33 da Lei nº 12.305, de 2010, das cooperativas ou
outras formas de associações de catadores de materiais recicláveis ou reutilizáveis, das indústrias e entidades dedicadas à
reutilização, ao tratamento e à reciclagem de resíduos sólidos, bem como das entidades de representação dos consumidores,
entre outros.
TÍTULO II
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
o
Art. 4 A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações
adotados pelo Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou
particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos.
Art. 5o A Política Nacional de Resíduos Sólidos integra a Política Nacional do Meio Ambiente e articula-se com a Política Nacional
de Educação Ambiental, regulada pelaLei no 9.795, de 27 de abril de 1999, com a Política Federal de Saneamento Básico, regulada
pela Lei nº 11.445, de 2007, e com a Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005.
CAPÍTULO II
DECRETO Nº 7.404/2010:
Art. 44. As políticas públicas voltadas aos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis deverão observar:
I - a possibilidade de dispensa de licitação, nos termos do inciso XXVII do art. 24 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, para a
contratação de cooperativas ou associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis;
II - o estímulo à capacitação, à incubação e ao fortalecimento institucional de cooperativas, bem como à pesquisa voltada para sua
integração nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; e
III - a melhoria das condições de trabalho dos catadores.
Parágrafo único. Para o atendimento do disposto nos incisos II e III do caput, poderão ser celebrados contratos, convênios ou
outros instrumentos de colaboração com pessoas jurídicas de direito público ou privado, que atuem na criação e no
desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis,
observada a legislação vigente.
CAPÍTULO III
DOS INSTRUMENTOS
TÍTULO III
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 9o Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução,
reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
§ 1o Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido
comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com a implantação de programa de monitoramento de emissão de gases
tóxicos aprovado pelo órgão ambiental.
§ 2o A Política Nacional de Resíduos Sólidos e as Políticas de Resíduos Sólidos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
serão compatíveis com o disposto no caput e no § 1o deste artigo e com as demais diretrizes estabelecidas nesta Lei.
Art. 10. Incumbe ao Distrito Federal e aos Municípios a gestão integrada dos resíduos sólidos gerados nos respectivos territórios,
sem prejuízo das competências de controle e fiscalização dos órgãos federais e estaduais do Sisnama, do SNVS e do Suasa, bem
como da responsabilidade do gerador pelo gerenciamento de resíduos, consoante o estabelecido nesta Lei.
Art. 11. Observadas as diretrizes e demais determinações estabelecidas nesta Lei e em seu regulamento, incumbe aos Estados:
I - promover a integração da organização, do planejamento e da execução das funções públicas de interesse comum relacionadas
à gestão dos resíduos sólidos nas regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, nos termos da lei complementar
estadual prevista no § 3º do art. 25 da Constituição Federal;
II - controlar e fiscalizar as atividades dos geradores sujeitas a licenciamento ambiental pelo órgão estadual do Sisnama.
Parágrafo único. A atuação do Estado na forma do caput deve apoiar e priorizar as iniciativas do Município de soluções
consorciadas ou compartilhadas entre 2 (dois) ou mais Municípios.
Art. 12. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão e manterão, de forma conjunta, o Sistema Nacional de
Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir), articulado com o Sinisa e o Sinima.
Parágrafo único. Incumbe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios fornecer ao órgão federal responsável pela
coordenação do Sinir todas as informações necessárias sobre os resíduos sob sua esfera de competência, na forma e na
periodicidade estabelecidas em regulamento.
Art. 13. Para os efeitos desta Lei, os resíduos sólidos têm a seguinte classificação:
I - quanto à origem:
a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas;
b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza
urbana;
c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”;
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas
alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”;
f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais;
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas
estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;
h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos
os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis;
i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos
utilizados nessas atividades;
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e
passagens de fronteira;
k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios;
II - quanto à periculosidade:
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade,
patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à
qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica;
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”.
Parágrafo único. Respeitado o disposto no art. 20, os resíduos referidos na alínea “d” do inciso I do caput, se caracterizados como
não perigosos, podem, em razão de sua natureza, composição ou volume, ser equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder
público municipal.
CAPÍTULO II
Seção I
Disposições Gerais
Seção II
Do Plano Nacional de Resíduos Sólidos
Art. 15. A União elaborará, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, com
vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20 (vinte) anos, a ser atualizado a cada 4 (quatro) anos, tendo como conteúdo
mínimo:
I - diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos;
II - proposição de cenários, incluindo tendências internacionais e macroeconômicas;
III - metas de redução, reutilização, reciclagem, entre outras, com vistas a reduzir a quantidade de resíduos e rejeitos
encaminhados para disposição final ambientalmente adequada;
IV - metas para o aproveitamento energético dos gases gerados nas unidades de disposição final de resíduos sólidos;
V - metas para a eliminação e recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à emancipação econômica de catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis;
VI - programas, projetos e ações para o atendimento das metas previstas;
VII - normas e condicionantes técnicas para o acesso a recursos da União, para a obtenção de seu aval ou para o acesso a recursos
administrados, direta ou indiretamente, por entidade federal, quando destinados a ações e programas de interesse dos resíduos
sólidos;
VIII - medidas para incentivar e viabilizar a gestão regionalizada dos resíduos sólidos;
IX - diretrizes para o planejamento e demais atividades de gestão de resíduos sólidos das regiões integradas de desenvolvimento
instituídas por lei complementar, bem como para as áreas de especial interesse turístico;
X - normas e diretrizes para a disposição final de rejeitos e, quando couber, de resíduos;
XI - meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, no âmbito nacional, de sua implementação e operacionalização,
assegurado o controle social.
Parágrafo único. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos será elaborado mediante processo de mobilização e participação social,
incluindo a realização de audiências e consultas públicas.
Seção III
Art. 16. A elaboração de plano estadual de resíduos sólidos, nos termos previstos por esta Lei, é condição para os Estados terem
acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à gestão de resíduos
sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal
finalidade. (Vigência)
§ 1o Serão priorizados no acesso aos recursos da União referidos no caput os Estados que instituírem microrregiões, consoante
o § 3o do art. 25 da Constituição Federal, para integrar a organização, o planejamento e a execução das ações a cargo de
Municípios limítrofes na gestão dos resíduos sólidos.
§ 2o Serão estabelecidas em regulamento normas complementares sobre o acesso aos recursos da União na forma deste artigo.
§ 3o Respeitada a responsabilidade dos geradores nos termos desta Lei, as microrregiões instituídas conforme previsto no §
1o abrangem atividades de coleta seletiva, recuperação e reciclagem, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos, a
gestão de resíduos de construção civil, de serviços de transporte, de serviços de saúde, agrossilvopastoris ou outros resíduos, de
acordo com as peculiaridades microrregionais.
Art. 17. O plano estadual de resíduos sólidos será elaborado para vigência por prazo indeterminado, abrangendo todo o território
do Estado, com horizonte de atuação de 20 (vinte) anos e revisões a cada 4 (quatro) anos, e tendo como conteúdo mínimo:
I - diagnóstico, incluída a identificação dos principais fluxos de resíduos no Estado e seus impactos socioeconômicos e ambientais;
II - proposição de cenários;
III - metas de redução, reutilização, reciclagem, entre outras, com vistas a reduzir a quantidade de resíduos e rejeitos
encaminhados para disposição final ambientalmente adequada;
IV - metas para o aproveitamento energético dos gases gerados nas unidades de disposição final de resíduos sólidos;
V - metas para a eliminação e recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à emancipação econômica de catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis;
VI - programas, projetos e ações para o atendimento das metas previstas;
VII - normas e condicionantes técnicas para o acesso a recursos do Estado, para a obtenção de seu aval ou para o acesso de
recursos administrados, direta ou indiretamente, por entidade estadual, quando destinados às ações e programas de interesse dos
resíduos sólidos;
VIII - medidas para incentivar e viabilizar a gestão consorciada ou compartilhada dos resíduos sólidos;
IX - diretrizes para o planejamento e demais atividades de gestão de resíduos sólidos de regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões;
X - normas e diretrizes para a disposição final de rejeitos e, quando couber, de resíduos, respeitadas as disposições estabelecidas
em âmbito nacional;
XI - previsão, em conformidade com os demais instrumentos de planejamento territorial, especialmente o zoneamento ecológico-
econômico e o zoneamento costeiro, de:
a) zonas favoráveis para a localização de unidades de tratamento de resíduos sólidos ou de disposição final de rejeitos;
b) áreas degradadas em razão de disposição inadequada de resíduos sólidos ou rejeitos a serem objeto de recuperação
ambiental;
XII - meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, no âmbito estadual, de sua implementação e operacionalização,
assegurado o controle social.
§ 1o Além do plano estadual de resíduos sólidos, os Estados poderão elaborar planos microrregionais de resíduos sólidos, bem
como planos específicos direcionados às regiões metropolitanas ou às aglomerações urbanas.
§ 2o A elaboração e a implementação pelos Estados de planos microrregionais de resíduos sólidos, ou de planos de regiões
metropolitanas ou aglomerações urbanas, em consonância com o previsto no § 1o, dar-se-ão obrigatoriamente com a participação
dos Municípios envolvidos e não excluem nem substituem qualquer das prerrogativas a cargo dos Municípios previstas por esta
Lei.
§ 3o Respeitada a responsabilidade dos geradores nos termos desta Lei, o plano microrregional de resíduos sólidos deve atender
ao previsto para o plano estadual e estabelecer soluções integradas para a coleta seletiva, a recuperação e a reciclagem, o
tratamento e a destinação final dos resíduos sólidos urbanos e, consideradas as peculiaridades microrregionais, outros tipos de
resíduos.
Seção IV
Art. 18. A elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, nos termos previstos por esta Lei, é condição
para o Distrito Federal e os Municípios terem acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos
e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou
financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade. (Vigência)
§ 1o Serão priorizados no acesso aos recursos da União referidos no caput os Municípios que:
I - optarem por soluções consorciadas intermunicipais para a gestão dos resíduos sólidos, incluída a elaboração e implementação
de plano intermunicipal, ou que se inserirem de forma voluntária nos planos microrregionais de resíduos sólidos referidos no §
1o do art. 16;
II - implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda.
§ 2o Serão estabelecidas em regulamento normas complementares sobre o acesso aos recursos da União na forma deste artigo.
Art. 19. O plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos tem o seguinte conteúdo mínimo:
I - diagnóstico da situação dos resíduos sólidos gerados no respectivo território, contendo a origem, o volume, a caracterização
dos resíduos e as formas de destinação e disposição final adotadas;
II - identificação de áreas favoráveis para disposição final ambientalmente adequada de rejeitos, observado o plano diretor de que
trata o § 1o do art. 182 da Constituição Federal e o zoneamento ambiental, se houver;
III - identificação das possibilidades de implantação de soluções consorciadas ou compartilhadas com outros Municípios,
considerando, nos critérios de economia de escala, a proximidade dos locais estabelecidos e as formas de prevenção dos riscos
ambientais;
IV - identificação dos resíduos sólidos e dos geradores sujeitos a plano de gerenciamento específico nos termos do art. 20 ou a
sistema de logística reversa na forma do art. 33, observadas as disposições desta Lei e de seu regulamento, bem como as normas
estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;
V - procedimentos operacionais e especificações mínimas a serem adotados nos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo
de resíduos sólidos, incluída a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos e observada a Lei nº 11.445, de 2007;
VI - indicadores de desempenho operacional e ambiental dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos
sólidos;
VII - regras para o transporte e outras etapas do gerenciamento de resíduos sólidos de que trata o art. 20, observadas as normas
estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS e demais disposições pertinentes da legislação federal e estadual;
VIII - definição das responsabilidades quanto à sua implementação e operacionalização, incluídas as etapas do plano de
gerenciamento de resíduos sólidos a que se refere o art. 20 a cargo do poder público;
IX - programas e ações de capacitação técnica voltados para sua implementação e operacionalização;
X - programas e ações de educação ambiental que promovam a não geração, a redução, a reutilização e a reciclagem de resíduos
sólidos;
XI - programas e ações para a participação dos grupos interessados, em especial das cooperativas ou outras formas de associação
de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda, se houver;
XII - mecanismos para a criação de fontes de negócios, emprego e renda, mediante a valorização dos resíduos sólidos;
XIII - sistema de cálculo dos custos da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, bem
como a forma de cobrança desses serviços, observada a Lei nº 11.445, de 2007;
XIV - metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, entre outras, com vistas a reduzir a quantidade de rejeitos
encaminhados para disposição final ambientalmente adequada;
XV - descrição das formas e dos limites da participação do poder público local na coleta seletiva e na logística reversa, respeitado o
disposto no art. 33, e de outras ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
XVI - meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, no âmbito local, da implementação e operacionalização dos planos
de gerenciamento de resíduos sólidos de que trata o art. 20 e dos sistemas de logística reversa previstos no art. 33;
XVII - ações preventivas e corretivas a serem praticadas, incluindo programa de monitoramento;
XVIII - identificação dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos, incluindo áreas contaminadas, e respectivas
medidas saneadoras;
XIX - periodicidade de sua revisão, observado prioritariamente o período de vigência do plano plurianual municipal.
§ 1o O plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos pode estar inserido no plano de saneamento básico previsto
no art. 19 da Lei nº 11.445, de 2007, respeitado o conteúdo mínimo previsto nos incisos do caput e observado o disposto no § 2o,
todos deste artigo.
§ 2o Para Municípios com menos de 20.000 (vinte mil) habitantes, o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos terá
conteúdo simplificado, na forma do regulamento.
§ 3o O disposto no § 2o não se aplica a Municípios:
I - integrantes de áreas de especial interesse turístico;
II - inseridos na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou
nacional;
III - cujo território abranja, total ou parcialmente, Unidades de Conservação.
§ 4o A existência de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos não exime o Município ou o Distrito Federal do
licenciamento ambiental de aterros sanitários e de outras infraestruturas e instalações operacionais integrantes do serviço público
de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos pelo órgão competente do Sisnama.
§ 5o Na definição de responsabilidades na forma do inciso VIII do caput deste artigo, é vedado atribuir ao serviço público de
limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos a realização de etapas do gerenciamento dos resíduos a que se refere o art. 20
em desacordo com a respectiva licença ambiental ou com normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e, se couber, do SNVS.
§ 6o Além do disposto nos incisos I a XIX do caput deste artigo, o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos
contemplará ações específicas a serem desenvolvidas no âmbito dos órgãos da administração pública, com vistas à utilização
racional dos recursos ambientais, ao combate a todas as formas de desperdício e à minimização da geração de resíduos sólidos.
§ 7o O conteúdo do plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos será disponibilizado para o Sinir, na forma do
regulamento.
§ 8o A inexistência do plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos não pode ser utilizada para impedir a instalação ou
a operação de empreendimentos ou atividades devidamente licenciados pelos órgãos competentes.
§ 9o Nos termos do regulamento, o Município que optar por soluções consorciadas intermunicipais para a gestão dos resíduos
sólidos, assegurado que o plano intermunicipal preencha os requisitos estabelecidos nos incisos I a XIX do caput deste artigo, pode
ser dispensado da elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos.
Seção V
Art. 22. Para a elaboração, implementação, operacionalização e monitoramento de todas as etapas do plano de gerenciamento
de resíduos sólidos, nelas incluído o controle da disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, será designado
responsável técnico devidamente habilitado.
Art. 23. Os responsáveis por plano de gerenciamento de resíduos sólidos manterão atualizadas e disponíveis ao órgão municipal
competente, ao órgão licenciador do Sisnama e a outras autoridades, informações completas sobre a implementação e a
operacionalização do plano sob sua responsabilidade.
§ 1o Para a consecução do disposto no caput, sem prejuízo de outras exigências cabíveis por parte das autoridades, será
implementado sistema declaratório com periodicidade, no mínimo, anual, na forma do regulamento.
§ 2o As informações referidas no caput serão repassadas pelos órgãos públicos ao Sinir, na forma do regulamento.
Art. 24. O plano de gerenciamento de resíduos sólidos é parte integrante do processo de licenciamento ambiental do
empreendimento ou atividade pelo órgão competente do Sisnama.
§ 1o Nos empreendimentos e atividades não sujeitos a licenciamento ambiental, a aprovação do plano de gerenciamento de
resíduos sólidos cabe à autoridade municipal competente.
§ 2o No processo de licenciamento ambiental referido no § 1o a cargo de órgão federal ou estadual do Sisnama, será assegurada
oitiva do órgão municipal competente, em especial quanto à disposição final ambientalmente adequada de rejeitos.
CAPÍTULO III
Seção I
Disposições Gerais
Art. 25. O poder público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela efetividade das ações voltadas para assegurar
a observância da Política Nacional de Resíduos Sólidos e das diretrizes e demais determinações estabelecidas nesta Lei e em seu
regulamento.
Art. 26. O titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos é responsável pela organização e
prestação direta ou indireta desses serviços, observados o respectivo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos,
a Lei nº 11.445, de 2007, e as disposições desta Lei e seu regulamento.
Art. 27. As pessoas físicas ou jurídicas referidas no art. 20 são responsáveis pela implementação e operacionalização integral do
plano de gerenciamento de resíduos sólidos aprovado pelo órgão competente na forma do art. 24.
§ 1o A contratação de serviços de coleta, armazenamento, transporte, transbordo, tratamento ou destinação final de resíduos
sólidos, ou de disposição final de rejeitos, não isenta as pessoas físicas ou jurídicas referidas no art. 20 da responsabilidade por
danos que vierem a ser provocados pelo gerenciamento inadequado dos respectivos resíduos ou rejeitos.
§ 2o Nos casos abrangidos pelo art. 20, as etapas sob responsabilidade do gerador que forem realizadas pelo poder público serão
devidamente remuneradas pelas pessoas físicas ou jurídicas responsáveis, observado o disposto no § 5o do art. 19.
Art. 28. O gerador de resíduos sólidos domiciliares tem cessada sua responsabilidade pelos resíduos com a disponibilização
adequada para a coleta ou, nos casos abrangidos pelo art. 33, com a devolução.
Art. 29. Cabe ao poder público atuar, subsidiariamente, com vistas a minimizar ou cessar o dano, logo que tome conhecimento de
evento lesivo ao meio ambiente ou à saúde pública relacionado ao gerenciamento de resíduos sólidos.
Parágrafo único. Os responsáveis pelo dano ressarcirão integralmente o poder público pelos gastos decorrentes das ações
empreendidas na forma do caput.
Seção II
Da Responsabilidade Compartilhada
Art. 30. É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma
individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os
titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, consoante as atribuições e procedimentos
previstos nesta Seção.
Parágrafo único. A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos tem por objetivo:
I - compatibilizar interesses entre os agentes econômicos e sociais e os processos de gestão empresarial e mercadológica com os
de gestão ambiental, desenvolvendo estratégias sustentáveis;
II - promover o aproveitamento de resíduos sólidos, direcionando-os para a sua cadeia produtiva ou para outras cadeias
produtivas;
III - reduzir a geração de resíduos sólidos, o desperdício de materiais, a poluição e os danos ambientais;
IV - incentivar a utilização de insumos de menor agressividade ao meio ambiente e de maior sustentabilidade;
V - estimular o desenvolvimento de mercado, a produção e o consumo de produtos derivados de materiais reciclados e
recicláveis;
VI - propiciar que as atividades produtivas alcancem eficiência e sustentabilidade;
VII - incentivar as boas práticas de responsabilidade socioambiental.
Art. 31. Sem prejuízo das obrigações estabelecidas no plano de gerenciamento de resíduos sólidos e com vistas a fortalecer a
responsabilidade compartilhada e seus objetivos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes têm
responsabilidade que abrange:
I - investimento no desenvolvimento, na fabricação e na colocação no mercado de produtos:
a) que sejam aptos, após o uso pelo consumidor, à reutilização, à reciclagem ou a outra forma de destinação ambientalmente
adequada;
b) cuja fabricação e uso gerem a menor quantidade de resíduos sólidos possível;
II - divulgação de informações relativas às formas de evitar, reciclar e eliminar os resíduos sólidos associados a seus respectivos
produtos;
III - recolhimento dos produtos e dos resíduos remanescentes após o uso, assim como sua subsequente destinação final
ambientalmente adequada, no caso de produtos objeto de sistema de logística reversa na forma do art. 33;
IV - compromisso de, quando firmados acordos ou termos de compromisso com o Município, participar das ações previstas no
plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, no caso de produtos ainda não inclusos no sistema de logística reversa.
Art. 32. As embalagens devem ser fabricadas com materiais que propiciem a reutilização ou a reciclagem.
§ 1o Cabe aos respectivos responsáveis assegurar que as embalagens sejam:
I - restritas em volume e peso às dimensões requeridas à proteção do conteúdo e à comercialização do produto;
II - projetadas de forma a serem reutilizadas de maneira tecnicamente viável e compatível com as exigências aplicáveis ao produto
que contêm;
III - recicladas, se a reutilização não for possível.
§ 2o O regulamento disporá sobre os casos em que, por razões de ordem técnica ou econômica, não seja viável a aplicação do
disposto no caput.
§ 3o É responsável pelo atendimento do disposto neste artigo todo aquele que:
I - manufatura embalagens ou fornece materiais para a fabricação de embalagens;
II - coloca em circulação embalagens, materiais para a fabricação de embalagens ou produtos embalados, em qualquer fase da
cadeia de comércio.
Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo
consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes de: (Regulamento)
I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso,
observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos
órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas;
II - pilhas e baterias;
III - pneus;
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
§ 1o Na forma do disposto em regulamento ou em acordos setoriais e termos de compromisso firmados entre o poder público e o
setor empresarial, os sistemas previstos no caput serão estendidos a produtos comercializados em embalagens plásticas,
metálicas ou de vidro, e aos demais produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o grau e a extensão do impacto à
saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos gerados.
§ 2o A definição dos produtos e embalagens a que se refere o § 1o considerará a viabilidade técnica e econômica da logística
reversa, bem como o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos gerados.
§ 3o Sem prejuízo de exigências específicas fixadas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do
SNVS, ou em acordos setoriais e termos de compromisso firmados entre o poder público e o setor empresarial, cabe aos
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes dos produtos a que se referem os incisos II, III, V e VI ou dos produtos e
embalagens a que se referem os incisos I e IV do caput e o § 1o tomar todas as medidas necessárias para assegurar a
implementação e operacionalização do sistema de logística reversa sob seu encargo, consoante o estabelecido neste artigo,
podendo, entre outras medidas:
I - implantar procedimentos de compra de produtos ou embalagens usados;
II - disponibilizar postos de entrega de resíduos reutilizáveis e recicláveis;
III - atuar em parceria com cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, nos
casos de que trata o § 1o.
§ 4o Os consumidores deverão efetuar a devolução após o uso, aos comerciantes ou distribuidores, dos produtos e das
embalagens a que se referem os incisos I a VI do caput, e de outros produtos ou embalagens objeto de logística reversa, na forma
do § 1o.
§ 5o Os comerciantes e distribuidores deverão efetuar a devolução aos fabricantes ou aos importadores dos produtos e
embalagens reunidos ou devolvidos na forma dos §§ 3o e 4o.
§ 6o Os fabricantes e os importadores darão destinação ambientalmente adequada aos produtos e às embalagens reunidos ou
devolvidos, sendo o rejeito encaminhado para a disposição final ambientalmente adequada, na forma estabelecida pelo órgão
competente do Sisnama e, se houver, pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos.
§ 7o Se o titular do serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, por acordo setorial ou termo de
compromisso firmado com o setor empresarial, encarregar-se de atividades de responsabilidade dos fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes nos sistemas de logística reversa dos produtos e embalagens a que se refere este artigo, as ações do
poder público serão devidamente remuneradas, na forma previamente acordada entre as partes.
§ 8o Com exceção dos consumidores, todos os participantes dos sistemas de logística reversa manterão atualizadas e disponíveis
ao órgão municipal competente e a outras autoridades informações completas sobre a realização das ações sob sua
responsabilidade.
Art. 34. Os acordos setoriais ou termos de compromisso referidos no inciso IV do caput do art. 31 e no § 1o do art. 33 podem ter
abrangência nacional, regional, estadual ou municipal.
§ 1o Os acordos setoriais e termos de compromisso firmados em âmbito nacional têm prevalência sobre os firmados em âmbito
regional ou estadual, e estes sobre os firmados em âmbito municipal. (Vide Decreto nº 9.177, de 2017)
§ 2o Na aplicação de regras concorrentes consoante o § 1o, os acordos firmados com menor abrangência geográfica podem
ampliar, mas não abrandar, as medidas de proteção ambiental constantes nos acordos setoriais e termos de compromisso
firmados com maior abrangência geográfica. (Vide Decreto nº 9.177, de 2017)
Art. 35. Sempre que estabelecido sistema de coleta seletiva pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos e na
aplicação do art. 33, os consumidores são obrigados a:
I - acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados;
II - disponibilizar adequadamente os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução.
Parágrafo único. O poder público municipal pode instituir incentivos econômicos aos consumidores que participam do sistema de
coleta seletiva referido no caput, na forma de lei municipal.
Art. 36. No âmbito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, cabe ao titular dos serviços públicos de
limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, observado, se houver, o plano municipal de gestão integrada de resíduos
sólidos:
I - adotar procedimentos para reaproveitar os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis oriundos dos serviços públicos de limpeza
urbana e de manejo de resíduos sólidos;
II - estabelecer sistema de coleta seletiva;
III - articular com os agentes econômicos e sociais medidas para viabilizar o retorno ao ciclo produtivo dos resíduos sólidos
reutilizáveis e recicláveis oriundos dos serviços de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos;
IV - realizar as atividades definidas por acordo setorial ou termo de compromisso na forma do § 7 o do art. 33, mediante a devida
remuneração pelo setor empresarial;
V - implantar sistema de compostagem para resíduos sólidos orgânicos e articular com os agentes econômicos e sociais formas de
utilização do composto produzido;
VI - dar disposição final ambientalmente adequada aos resíduos e rejeitos oriundos dos serviços públicos de limpeza urbana e de
manejo de resíduos sólidos.
§ 1o Para o cumprimento do disposto nos incisos I a IV do caput, o titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de
resíduos sólidos priorizará a organização e o funcionamento de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda, bem como sua contratação.
§ 2o A contratação prevista no § 1o é dispensável de licitação, nos termos do inciso XXVII do art. 24 da Lei no 8.666, de 21 de junho
de 1993.
CAPÍTULO IV
Art. 37. A instalação e o funcionamento de empreendimento ou atividade que gere ou opere com resíduos perigosos somente
podem ser autorizados ou licenciados pelas autoridades competentes se o responsável comprovar, no mínimo, capacidade técnica
e econômica, além de condições para prover os cuidados necessários ao gerenciamento desses resíduos.
Art. 38. As pessoas jurídicas que operam com resíduos perigosos, em qualquer fase do seu gerenciamento, são obrigadas a se
cadastrar no Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos.
§ 1o O cadastro previsto no caput será coordenado pelo órgão federal competente do Sisnama e implantado de forma conjunta
pelas autoridades federais, estaduais e municipais.
§ 2o Para o cadastramento, as pessoas jurídicas referidas no caput necessitam contar com responsável técnico pelo
gerenciamento dos resíduos perigosos, de seu próprio quadro de funcionários ou contratado, devidamente habilitado, cujos dados
serão mantidos atualizados no cadastro.
§ 3o O cadastro a que se refere o caput é parte integrante do Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras
ou Utilizadoras de Recursos Ambientais e do Sistema de Informações previsto no art. 12.
Art. 39. As pessoas jurídicas referidas no art. 38 são obrigadas a elaborar plano de gerenciamento de resíduos perigosos e
submetê-lo ao órgão competente do Sisnama e, se couber, do SNVS, observado o conteúdo mínimo estabelecido no art. 21 e
demais exigências previstas em regulamento ou em normas técnicas.
§ 1o O plano de gerenciamento de resíduos perigosos a que se refere o caput poderá estar inserido no plano de gerenciamento de
resíduos a que se refere o art. 20.
§ 2o Cabe às pessoas jurídicas referidas no art. 38:
I - manter registro atualizado e facilmente acessível de todos os procedimentos relacionados à implementação e à
operacionalização do plano previsto no caput;
II - informar anualmente ao órgão competente do Sisnama e, se couber, do SNVS, sobre a quantidade, a natureza e a destinação
temporária ou final dos resíduos sob sua responsabilidade;
III - adotar medidas destinadas a reduzir o volume e a periculosidade dos resíduos sob sua responsabilidade, bem como a
aperfeiçoar seu gerenciamento;
IV - informar imediatamente aos órgãos competentes sobre a ocorrência de acidentes ou outros sinistros relacionados aos
resíduos perigosos.
§ 3o Sempre que solicitado pelos órgãos competentes do Sisnama e do SNVS, será assegurado acesso para inspeção das
instalações e dos procedimentos relacionados à implementação e à operacionalização do plano de gerenciamento de resíduos
perigosos.
§ 4o No caso de controle a cargo de órgão federal ou estadual do Sisnama e do SNVS, as informações sobre o conteúdo, a
implementação e a operacionalização do plano previsto no caput serão repassadas ao poder público municipal, na forma do
regulamento.
Art. 40. No licenciamento ambiental de empreendimentos ou atividades que operem com resíduos perigosos, o órgão licenciador
do Sisnama pode exigir a contratação de seguro de responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente ou à saúde
pública, observadas as regras sobre cobertura e os limites máximos de contratação fixados em regulamento.
Parágrafo único. O disposto no caput considerará o porte da empresa, conforme regulamento.
Art. 41. Sem prejuízo das iniciativas de outras esferas governamentais, o Governo Federal deve estruturar e manter instrumentos
e atividades voltados para promover a descontaminação de áreas órfãs.
Parágrafo único. Se, após descontaminação de sítio órfão realizada com recursos do Governo Federal ou de outro ente da
Federação, forem identificados os responsáveis pela contaminação, estes ressarcirão integralmente o valor empregado ao poder
público.
CAPÍTULO V
Art. 42. O poder público poderá instituir medidas indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente, às
iniciativas de:
I - prevenção e redução da geração de resíduos sólidos no processo produtivo;
II - desenvolvimento de produtos com menores impactos à saúde humana e à qualidade ambiental em seu ciclo de vida;
III - implantação de infraestrutura física e aquisição de equipamentos para cooperativas ou outras formas de associação de
catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda;
IV - desenvolvimento de projetos de gestão dos resíduos sólidos de caráter intermunicipal ou, nos termos do inciso I do caput do
art. 11, regional;
V - estruturação de sistemas de coleta seletiva e de logística reversa;
VI - descontaminação de áreas contaminadas, incluindo as áreas órfãs;
VII - desenvolvimento de pesquisas voltadas para tecnologias limpas aplicáveis aos resíduos sólidos;
VIII - desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao
reaproveitamento dos resíduos.
Art. 43. No fomento ou na concessão de incentivos creditícios destinados a atender diretrizes desta Lei, as instituições oficiais de
crédito podem estabelecer critérios diferenciados de acesso dos beneficiários aos créditos do Sistema Financeiro Nacional para
investimentos produtivos.
Art. 44. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no âmbito de suas competências, poderão instituir normas com o
objetivo de conceder incentivos fiscais, financeiros ou creditícios, respeitadas as limitações da Lei Complementar no 101, de 4 de
maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), a:
I - indústrias e entidades dedicadas à reutilização, ao tratamento e à reciclagem de resíduos sólidos produzidos no território
nacional;
II - projetos relacionados à responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos, prioritariamente em parceria com cooperativas ou
outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda;
III - empresas dedicadas à limpeza urbana e a atividades a ela relacionadas.
Art. 45. Os consórcios públicos constituídos, nos termos da Lei no 11.107, de 2005, com o objetivo de viabilizar a descentralização
e a prestação de serviços públicos que envolvam resíduos sólidos, têm prioridade na obtenção dos incentivos instituídos pelo
Governo Federal.
Art. 46. O atendimento ao disposto neste Capítulo será efetivado em consonância com a Lei Complementar nº 101, de 2000 (Lei
de Responsabilidade Fiscal), bem como com as diretrizes e objetivos do respectivo plano plurianual, as metas e as prioridades
fixadas pelas leis de diretrizes orçamentárias e no limite das disponibilidades propiciadas pelas leis orçamentárias anuais.
CAPÍTULO VI
DAS PROIBIÇÕES
Art. 47. São proibidas as seguintes formas de destinação ou disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos:
I - lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;
II - lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração;
III - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não licenciados para essa finalidade;
IV - outras formas vedadas pelo poder público.
§ 1o Quando decretada emergência sanitária, a queima de resíduos a céu aberto pode ser realizada, desde que autorizada e
acompanhada pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e, quando couber, do Suasa.
Art. 48. São proibidas, nas áreas de disposição final de resíduos ou rejeitos, as seguintes atividades:
I - utilização dos rejeitos dispostos como alimentação;
II - catação, observado o disposto no inciso V do art. 17;
III - criação de animais domésticos;
IV - fixação de habitações temporárias ou permanentes;
V - outras atividades vedadas pelo poder público.
Art. 49. É proibida a importação de resíduos sólidos perigosos e rejeitos, bem como de resíduos sólidos cujas características
causem dano ao meio ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade vegetal, ainda que para tratamento, reforma, reúso,
reutilização ou recuperação.
TÍTULO IV
Art. 50. A inexistência do regulamento previsto no § 3o do art. 21 não obsta a atuação, nos termos desta Lei, das cooperativas ou
outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.
Art. 51. Sem prejuízo da obrigação de, independentemente da existência de culpa, reparar os danos causados, a ação ou omissão
das pessoas físicas ou jurídicas que importe inobservância aos preceitos desta Lei ou de seu regulamento sujeita os infratores às
sanções previstas em lei, em especial às fixadas na Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que “dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências”, e em seu regulamento.
Art. 52. A observância do disposto no caput do art. 23 e no § 2o do art. 39 desta Lei é considerada obrigação de relevante
interesse ambiental para efeitos do art. 68 da Lei nº 9.605, de 1998, sem prejuízo da aplicação de outras sanções cabíveis nas
esferas penal e administrativa.
Art. 53. O § 1o do art. 56 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 56. .................................................................................
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os utiliza em desacordo com as normas ambientais ou de
segurança;
II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma
diversa da estabelecida em lei ou regulamento.
.............................................................................................” (NR)
Art. 54. A disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, observado o disposto no § 1o do art. 9o, deverá ser implantada
em até 4 (quatro) anos após a data de publicação desta Lei.
MPE/ES – Promotor de Justiça (2018)
IV. Segundo a Lei Federal n. 12.305/2010, o prazo para fim dos lixões – assim entendidos aqueles locais de disposição
inadequada de resíduos sólidos urbanos, sem licença, tratamento e lançados in natura a céu aberto – era de quatro anos,
havendo sido vencido em 2014. (FALSO)
Art. 55. O disposto nos arts. 16 e 18 entra em vigor 2 (dois) anos após a data de publicação desta Lei.
Art. 56. A logística reversa relativa aos produtos de que tratam os incisos V e VI do caput do art. 33 será implementada
progressivamente segundo cronograma estabelecido em regulamento.