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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA

DE {CIDADE} - SEÇÃO JUDICIÁRIA DO {ESTADO}

1. DOS FATOS........................................................................................................................................................... 1
2. DOS FUNDAMENTOS....................................................................................................................................... 2
2.1. DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO..........................................................2
2.2. PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR...................................................................................................3
2.3. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO E PRECAUÇÃO - IN DUBIO PRO NATURA..............5

3. CONCLUSÃO......................................................................................................................................................... 8

{Nome Usuário do CNJ – Estados, Associações Ambientais etc, MPs}, inscrito


no CNPJ n° {CNPJ}, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
propõe a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA, COM PEDIDO LIMINAR

Em face de {Denunciado}, {CPF}, {RG}, pelas razões de fato e de direito que


seguem.

1. DOS FATOS

{FATOS}

{FOTOS}
{Matrícula}

{Localização – Georeferenciamento}

{CNJ/LIODS}

2. DOS FUNDAMENTOS

2.1. DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO

A Constituição Federal do Brasil dispõe em seu art. 225, o Direito Fundamental


ao meio ambiente equilibrado:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

O meio ambiente como um:

Bem de uso comum do povo;


Essencial à sadia qualidade de vida.
Pressuposto para a garantia do cumprimento do
princípio fundamental da dignidade da pessoa
humana.

Natureza pública da Princípio da prevenção Princípio da precaução


proteção ambiental
Quando falamos em meio
Dever irrenunciável do Poder ambiente, tendo em vista a Dever irrenunciável do Poder
Público atuar como garantidor dificuldade da reparação, bem Público atuar como garantidor
da proteção do meio como sua onerosidade da proteção do meio
ambiente, devendo regular a excessiva, deve-se prevenir a ambiente, devendo regular a
ordem econômica ambiental.  consumação do dano, ordem econômica ambiental. 
devendo-se agir mediante o
mero risco.
Não há como se falar no direito fundamental ao Meio Ambiente Equilibrado
permitindo-se infrações ambientais. A literatura jurídica expõe sobre o tema,
destaca-se:

O ambiente é bem de valor democrático, garantido a todos. Aspectos


negativos e positivos realçam a construção do Estado de Ambiente
Democrático, de acordo com Canotilho. Para o professor
português, a tutela ambiental é função de todos, não apenas do
Estado; as normas de direito ambiental comandam a ação do Estado e
a conduta de particulares, devendo ser claramente compreendidas por
todos que se propõem à construção do Estado de Ambiente; a política
ambiental deve ser conhecida e dinamizada por todos e as
associações do ambiente configuram-se como instrumentos de
democracia direta, sendo imprescindível sua legitimidade processual
para propor ações necessárias à prevenção ou cessação de atos ou
omissões de entidades públicas e privadas, que constituam fator de
degradação do ambiente [LACP 5.º] (José Joaquim Gomes Canotilho.
Privatismo, Associacionismo e Publicismo no Direito do Ambiente
[Textos, Lisboa: Centro de Estudos Judiciários, 1996, pp. 155/157]).
Sobre o tema, v. José Joaquim Gomes Canotilho. Estado constitucional
ecológico e democracia sustentada (Est. José Afonso, pp. 101/110). 1

O art. 225 a Constituição Federal em seu § 3º ainda ressalta que as condutas e


atividades que são consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, pessoas ou empresas, a
sanções penais e administrativas, o que inclusive é independente da obrigação
de reparar os danos causados.

2.2. PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR

Ainda importa ressaltar o Princípio do Poluidor Pagador, disposto no art. 4º,


VII, da Lei n. 6.938/81, Lei da Política Nacional do Meio Ambiente:

DOS OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE


Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

1
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de
recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos.

As lições de Marcelo Abelha Rodrigues, ensinam:

A primeira, poluidor-pagador, diz respeito à proteção da qualidade


do bem ambiental, mediante a verificação prévia da possibilidade
ou não de internalização de custos ambientais no preço do
produto, até um patamar que não justifique economicamente a
sua produção, ou que estimule a promoção ou a adoção de
tecnologias limpas que não degradem a qualidade ambiental. [...]
A diferença, portanto, é que, enquanto o poluidor-pagador preocupa-
se com a qualidade do ambiente e de seus componentes, o usuário-
pagador volta suas atenções à quantidade dos recursos ambientais. 2

Voltando à literatura Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery,


complementam o estudo do citado princípio:

Princípio do poluidor-pagador. Refere-se à distribuição dos


encargos financeiros das medidas de proteção ambiental e à seleção
de tais medidas. Significa que os custos incorridos na prevenção,
eliminação ou compensação dos efeitos adversos no ambiente têm de
ser suportados pelo poluidor (Eckard Rehbinder. O direito do
ambiente na Alemanha [Amaral. Direito do Ambiente, p. 257]. Sobre o
tema: Sousa Aragão. Poluidor pagador). Existem duas vertentes do
princípio: a) preventiva e b) repressiva. Aquele que atua de
qualquer modo ou forma no meio ambiente tem o dever de arcar com
os custos de prevenção, para que o dano seja evitado. Caso o dano já
tenha ocorrido, o poluidor deve arcar com os custos da reparação
do mesmo dano. Podem-se vislumbrar três tipos potenciais de
custos que podem ser alocados por intermédio da aplicação do
princípio do poluidor pagador: a) custos de prevenção, que se
associam às medidas de prevenção dos impactos negativos
decorrentes do desenvolvimento de determinada atividade
econômica; b) custos de controle, que consistem nos custos
associados aos sistemas de controle e monitoramento ambiental,
cuja adoção é exigida como requisito para a implantação e
operação de empreendimentos potencialmente poluidores, tais
como assegurar que os equipamentos industriais operem em
conformidade com as normas que regem os padrões ambientais;
2
c) custos de reparação, que são associados às medidas de
reabilitação ambiental. São os custos sobre os quais se discute nas
ações de responsabilidade civil por danos ao meio ambiente e sua
imposição ocorre após o advento de eventos específicos de
degradação ambiental (Chris Wold. Introdução ao estudo dos
princípios de direito internacional do meio ambiente [Leite Sampaio-
Wold-Nardy. Princípios, Parte I, n. 2.6, p. 25]). A CF 225 § 3.º consagrou
a tríplice responsabilidade do poluidor do meio ambiente (civil,
administrativa e penal), permitida a cumulação dessas sanções porque
protegem direitos distintos e estão sujeitas a regimes jurídicos
diversos (Fiorillo. Curso Dir. Ambiental9, Cap. II, C, n. 1.1, p. 57). 3

O Superior Tribunal de Justiça no REsp 1114398/PR, Rel. Ministro SIDNEI


BENETI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 08/02/2012, DJe 16/02/2012, consolida o
entendimento da aplicabilidade do princípio do poluidor pagador:

Incide o princípio do poluidor-pagador, já destacado em julgado


desta Corte (REsp 769.753/SC, 2ª T., j. 8.9.2009, Rel. Min. HERMANN
BENJAMIM), de que se extrai:
"(...)11. Pacífica a jurisprudência do STJ de que, nos termos do art. 14,
§ 1°, da Lei 6.938/1981, o degradador, em decorrência do princípio do
poluidor-pagador, previsto no art. 4°, VII (primeira parte), do mesmo
estatuto, é obrigado, independentemente da existência de culpa, a
reparar - por óbvio que às suas expensas - todos os danos que cause
ao meio ambiente e a terceiros afetados por sua atividade, sendo
prescindível perquirir acerca do elemento subjetivo, o que,
consequentemente, torna irrelevante eventual boa ou má-fé para fins
de acertamento da natureza, conteúdo e extensão dos deveres de
restauração do status quo ante ecológico e de indenização".

Referido princípio, muito bem sintetiza o cumprimento do dever Estatal de


preservação do meio ambiente, estabelecendo que, do fato lesivo ao meio
ambiente, advêm a obrigação pecuniária como forma de desincentivar
monetariamente a poluição ao meio ambiente, em simples palavras, a
consequência de poluir é arcar com todos os custos da reparação integral e da
autuação.

2.3. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO E PRECAUÇÃO - IN


DUBIO PRO NATURA

3
Importante, ainda, ressaltar alguns aspectos acerca dos princípios da
prevenção e da precaução, conforme orienta Édis Milaré:

De maneira sintética, podemos dizer que a prevenção trata de riscos


ou impactos já conhecidos pela ciência, ao passo que a precaução se
destina a gerir riscos ou impactos desconhecidos. Em outros termos,
enquanto a prevenção trabalha com o risco certo, a precaução vai
além e se preocupa com o risco incerto. Ou ainda, a prevenção se dá
em relação ao perigo concreto, ao passo que a precaução envolve
perigo abstrato.4

Citado autor5, distingue muito bem prevenção da precaução, vejamos:

Prevenção (dano certo) Precaução (risco de dano)


O princípio de presenção se aplica quando o O princípio da precaução refere-se a uma

perigo é certo e quando se tem elementos decisão a ser tomada quando a informação
seguros para afirmar que uma determinada científica é insuficiente, inconclusiva ou

atividade é efetivamente perigosa. incerta e haja indicações de que os possíveis


Os objetivos do Direito ambiental são efeitos sobre o ambiente, a saúde das

fundamentalmente preventivos. Sua atenção pessoas ou dos animais ou a proteção


está voltada para momento anterior ao da vegetal possam ser potencialmente
consumação do dano – o do mero risco. perigosos e incompatíveis com o nível de
A degradação ambiental, como regra, é proteção escolhido.

irreparável. Como reparar o desaparecimento Anote-se, por fim, que a omissão na adoção
de uma espécie? Como trazer de volta uma de medidas de precaução, em caso de risco

floresta de séculos que sucumbiu sob a de dano ambiental grave ou irreversível, foi
violência do corte raso? Como purificar um considerada pela Lei 9.605/1998 (Lei dos

lençol freático contaminado por agrotóxicos? Crimes Ambientais) como circunstância capaz
de sujeitar o infrator a reprimenda mais

severa, idêntica à do crime de poluição


qualificado pelo resultado (art. 54, § 3º).

5
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992. Para
fins de reafirmando a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente Humano, foi realizado documento, onde consta o Princípio 15,
que determina:

Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução


deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas
capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis,
a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão
para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a
degradação ambiental.6

Édis Milaré7, sobre o citado Princípio 15 da Declaração Rio e


o art. 3º, 3 da Convenção sobre a mudança do Clima,
acrescenta:

Com efeito, no teor do Princípio 15 da Declaração do Rio, a ausência de certeza científica


absoluta não deve servir de pretexto para procrastinar a adoção de medidas efetivas capazes de
evitar a degradação do meio ambiente. Vale dizer, a incerteza científica milita em favor do
ambiente, carreando-se ao interessado o ônus de provar que as intervenções pretendidas não
trarão consequências indesejadas ao meio considerado.

Os citados princípios da prevenção (ao dano certo) e precaução (ao dano


incerto), materializam o princípio do in dubio pro natura, em que para os
articulistas Sílvia Cappelli e Tiago Vinicius Zanella no artigo “A aplicação do
princípio da precaução no direito internacional do ambiente: uma análise à luz
da proteção do meio marinho”:

O princípio in dubio pro natura significa que em caso de dúvida,


obscuridade ou incerteza da autoridade administrativa ou judicial
sobre o alcance ou colisão entre normas, princípios ou direitos
fundamentais, ou ainda, na hipótese de necessidade de reconhecer
um direito sem regra explícita, ou mesmo a apreciação de uma regra
ambiental vigente, a decisão a ser tomada deve ser aquela que
proveja maior proteção ou conservação ambiental.

7
Sua formulação justifica-se pela corriqueira disparidade entre as
partes envolvidas em eventuais conflitos ambientais. De um lado estão
o meio ambiente, os interesses difusos e coletivos de uma população
que não detém o conhecimento científico e técnico de uma atividade
que pode lhe afetar e, de outro, normalmente, como objeto, a
apreciação pela autoridade14 administrativa ou judicial, de uma
questão jurídica envolvendo uma antinomia entre normas, a ausência
de previsão normativa, a concreção de um conceito jurídico-
normativo, a análise da prova, o alcance temporal da norma ou a
necessidade de integração dela nos sistemas e microssistemas
jurídicos.
O princípio in dubio pro natura não atua em qualquer situação de
conflito, mas apenas naquela em que houver dúvida. Na condição de
postulado normativo aplicativo.
Em outras palavras, como adverte Zanetti, não é correto utilizar os
princípios da proporcionalidade e razoabilidade para decidir contra o
meio ambiente, especialmente em favor de interesses econômicos e
políticos vinculados ao direito de propriedade, sem antes superar o
ônus argumentativo representado pelo postulado normativo-
8
aplicativo in dubio pro natura .
Isto é, dá-se ao ambiente o benefício da dúvida quando existir uma
incerteza quanto aos efeitos de determinada atividade sobre o meio.
Nestes termos, quando não se souber se determinada atividade
causará danos graves ao meio, o risco do erro será em favor deste. Ou
seja, no caso de dúvida, é melhor correr o risco de errar para mais - na
9
proteção do ambiente - à causar uma lesão irreversível.

Referida regra interpretativa, isto é, regra de julgamento, é amplamente


aplicado na jurisprudência brasileira:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO


CPC. OMISSÃO INEXISTENTE. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO
AMBIENTAL. CONDENAÇÃO A DANO EXTRAPATRIMONIAL OU DANO
MORAL COLETIVO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO
NATURA. 1. Não há violação do art. 535 do CPC quando a prestação
jurisdicional é dada na medida da pretensão deduzida, com
enfrentamento e resolução das questões abordadas no recurso. (...) 4.
As normas ambientais devem atender aos fins sociais a que se
destinam, ou seja, necessária a interpretação e a integração de acordo
com o princípio hermenêutico in dubio pro natura. Recurso especial
improvido.
8

9
(STJ - REsp: 1367923 RJ 2011/0086453-6, Relator: Ministro HUMBERTO
MARTINS, Data de Julgamento: 27/08/2013, T2 - SEGUNDA TURMA,
Data de Publicação: DJe 06/09/2013)

DECISÃO: ACORDAM os magistrados integrantes da Quinta Câmara


Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de
votos, em negar provimento ao agravo interno. EMENTA: AGRAVO
INTERNO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL.INVERSÃO DO
ÔNUS DA PROVA. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA PRECAUÇÃO E
DO "IN DUBIO PRO NATURA". PRECEDENTES DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RECURSO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
(...) Como corolário do princípio “in dubio pro natura”, Justifica-se
a inversão do ônus da prova, transferindo para o empreendedor
da atividade potencialmente perigosa o ônus de demonstrar a
segurança do empreendimento, a partir da interpretação do art.
6.º, VIII, da Lei 8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei 7.347/1985,
conjugado ao Princípio Ambiental da Precaução ’ (REsp. 972.902/RS,
Rel.Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 14.9.2009), técnica que
sujeita aquele que supostamente gerou o dano ambiental a
comprovar ‘que não o causou ou que a substância lançada ao meio
ambiente não lhe é potencialmente lesiva’ (REsp. 1.060.753/SP, Rel.
Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 14.12.2009)" (STJ, 2.ª Turma,
REsp. n.º 883.656/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, j. em 09.03.2010).
(TJ-PR - AGV: 1433995401 PR 1433995-4/01 (Acórdão), Relator:
Adalberto Jorge Xisto Pereira, Data de Julgamento: 15/12/2015, 5ª
Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1725 22/01/2016)

Logo, inexistindo perícia, ou fiscalização in loco, deve-se aplicar


referidos princípios reformando a sentença para denegar a segurança.

3. CONCLUSÃO

Condenar a parte {denunciada}


{data}
{local}
{Assinatura}

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