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DIREITO AMBIENTAL
Por Eduardo Leite
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Lembre-se que como a disciplina é recente não existe consenso doutrinário sobre quais são os princípios.
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São patrimônios nacionais a Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal e Zona
Costeira. A CF/88 enfatizou a importância de tais biomas, não transformou tais áreas em bens
públicos (RE 134.297) e sua menção não significa atração da competência da Justiça Federal ou
interesse automático da União nas demandas (RE 300.244 e CC 99.294).
A CF/88 consagra a tríplice responsabilidade por danos ambientais, administrativa, cível e penal,
das pessoas físicas e jurídicas.
A teoria da dupla imputação que era aplicada pelo STJ, que entendia só ser possível a persecução
penal da pessoa jurídica quando uma pessoa física também fosse denunciada, foi superada pelo
STF. Não existe necessidade de persecução penal concomitante.
Mesmo sendo possível ação penal contra a pessoa jurídica, não se admite o uso de HC, já que o
remédio constitucional tutela a liberdade de locomoção.
Competências Legislativas
Art. 22. Compete Art. 24. Compete à União, aos Estados e Art. 30. Compete aos
privativamente à União ao Distrito Federal legislar Municípios:
legislar sobre: concorrentemente sobre:
IV - águas, energia, VI - florestas, caça, pesca, fauna, I - legislar sobre assuntos
informática, conservação da natureza, defesa do solo e de interesse local;
telecomunicações e dos recursos naturais, proteção do meio II - suplementar a
radiodifusão; ambiente e controle da poluição; legislação federal e a
XII - jazidas, minas, outros VII - proteção ao patrimônio histórico, estadual no que couber;
recursos minerais e cultural, artístico, turístico e paisagístico;
metalurgia; VIII - responsabilidade por dano ao meio
XXVI - atividades nucleares ambiente, ao consumidor, a bens e
de qualquer natureza; direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico;
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Segundo o STF, os Estados e Municípios podem legislar sobre o meio ambiente, desde que
maneira harmônica com a norma federal sobre o tema.
No caso amianto (ADI 3937), onde havia conflito aparente entre a legislação federal que o
permitia e a estadual que o vedava, não houve alteração desse entendimento.
O conflito legislativo aparente não existia, já que a legislação federal foi considerada
inconstitucional, tornando-se inválida. Sendo a legislação federal sem validade, os Estados possuem
competência legislativa plena (Art. 24, §3º da CF/88), o que legitima a proibição.
#DEOLHONAJURIS: O Município é competente para legislar sobre o meio ambiente, juntamente com
a União e o Estado-membro/DF, no limite do seu interesse local e desde que esse regramento seja
harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados (art. 24, VI, c/c o art. 30, I e
II, da CF/88). O STF julgou inconstitucional lei municipal que proíbe, sob qualquer forma, o emprego
de fogo para fins de limpeza e preparo do solo no referido município, inclusive para o preparo do
plantio e para a colheita de cana-de-açúcar e de outras culturas. (Info 776).
#DEOLHONAJURIS: É possível que o Estado-membro, por meio de decreto e portaria, determine que
os usuários dos serviços de água tenham em suas casas, obrigatoriamente, uma conexão com a rede
pública de água. O decreto e a portaria estaduais também poderão proibir o abastecimento de água
para as casas por meio de poço artesiano, ressalvada a hipótese de inexistência de rede pública de
saneamento básico. STJ (Info 524).
#DEOLHONAJURIS: Em tese, o Estado-membro detém competência para legislar sobre controle de
resíduos de embarcações, oleodutos e instalações costeiras. Isso porque o objeto dessa lei é a tutela
ao meio ambiente, sendo essa matéria de competência concorrente, nos termos do art. 24, VI e VIII,
da CF/88. STF. Plenário. ADI 2030/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/8/2017 (Info 872).
#DEOLHONAJURIS: É constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja a
aplicação de multas para os proprietários de veículos automotores que emitem fumaça acima de
padrões considerados aceitáveis. O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente
e controle da poluição, quando se tratar de interesse local. STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig.
Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 29/6/2017 (Info 870).
DOMÍNIO E POSSE
PRIVADO PÚBLICO OU PRIVADO PÚBLICO
Monumento Natural (MONA) Estação Ecológica (EE)
Refúgio da Vida Silvestre (RVS) Reserva Biológica (RB)
Reserva Área de Proteção Ambiental (APA) Parque Nacional (PARNA)
Particular do
Floresta Nacional (FLONA)
Patrimônio
Reserva Extrativista (RESEX)
Sustentável Área de Relevante Interesse Ecológico
(RPPN) Reserva de Fauna (REFAU)
(ARIE)
Reserva de Desenvolvimento
Sustentável (RDS)
#NÃOCONFUNDIR:
Todas as “reservas”, com exceção da RPPN, são de domínio público.
Todas as “áreas” podem ser de domínio público ou privado.
e) Refúgio da vida silvestre – é a UC que tenta preservar ambientes naturais típicos de reprodução
de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória, podendo ser
constituído por áreas públicas ou particulares, admitida a visitação pública.
Unidades de uso sustentável: admite-se o uso direto da natureza, desde que de forma
sustentável.
a) Área de proteção ambiental – é a UC que pode ser formada por áreas públicas ou particulares,
em geral extensas, com certo grau de ocupação humana, com atributos bióticos, abióticos ou
mesmo culturais, visando promover a diversidade e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos.
b) Área de relevante interesse ecológico – é a UC que pode ser formada por áreas públicas ou
particulares, em geral de pouca extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com
características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, visando
manter a manter ecossistemas naturais de importância regional ou local.
c) Floresta nacional – é a UC de propriedade pública, composta por uma área coberta de vegetação
predominantemente nativa, com o objetivo de manter o uso sustentável dos recursos e desenvolver
a pesquisa científica, sendo permitida a ocupação por populações tradicionais.
d) Reserva Extrativista – é a UC de propriedade pública utilizada pelas populações extrativistas
tradicionais como condição de sobrevivência, que têm o uso concedido pelo Poder Público, podendo
haver agricultura e criação de animais de pequeno porte, sendo permitida a visitação pública e a
pesquisa.
e) Reserva da fauna – é a UC de propriedade pública, composta por área natural com animais nativos,
adequada ao estudo científico, ligada ao manejo dos recursos faunísticos, permitida a visitação
pública e proibida a caça.
f) Reserva de desenvolvimento sustentável – é a UC de propriedade pública composta por área
natural e que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de
exploração transmitidos por gerações, protegendo a natureza, permitida a visitação pública e a
pesquisa.
g) Reserva particular do patrimônio natural – é a UC de propriedade privada, gravada com
perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica, apenas sendo permitida a
pesquisa e a visitação. Apesar de ser formalmente considerada como de USO SUSTENTÁVEL, na
prática, tem o regime jurídico de proteção integral, visto que o inciso III, do §2º, do artigo 21, que
previa o extrativismo na área foi vetado pelo Chefe do Executivo.
COMPENSAÇÃO AMBIENTAL
A compensação ambiental é instrumento previsto no art. 36 da Lei 9.985/00. Obriga o
empreendedor a apoiar a implantação e manutenção de Unidades de Conservação do Grupo de
Proteção Integral nos casos de empreendimento que causem significativo impacto ambiental com
fundamento no EIA/RIMA.
#DEOLHONAJURIS: O STF na ADI 3.378-6 entendeu que a compensação ambiental é constitucional,
ela não ofende o princípio da legalidade e também não há violação ao princípio da separação dos
Poderes. Contudo, à luz do princípio da proporcionalidade, o STF entendeu inconstitucional a
fixação de percentual mínimo para reparação. O valor da compensação-compartilhamento é de ser
fixado proporcionalmente ao impacto ambiental, após estudo em que se assegurem o contraditório
e a ampla defesa.
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ESTRUTURA DO SISNAMA
Órgão Superior Conselho de Governo
Órgão Consultivo e CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
Deliberativo
Órgão Central MMA – Ministério do Meio Ambiente
Órgãos Executores IBAMA e ICMBio
Órgãos Seccionais Órgãos e entidades ESTADUAIS
Órgãos Locais Órgãos e entidades MUNICIPAIS
#ATENÇÃO: No texto da Lei 6.938/81 consta como órgão central a “Secretaria de Meio Ambiente”.
Contudo, em 1992, esta secretaria foi transformada em Ministério do Meio Ambiente.
Consequentemente, o presidente do CONAMA que era o Secretário passou a ser o Ministro.
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
LICENCIAMENTO LICENÇA
Procedimento administrativo Ato administrativo
Apenas um ente político (U, E, DF ou M) expede a licença. Não há possibilidade de mais de um ente
expedir licença para o mesmo empreendimento.
- Concedida na fase preliminar;
LICENÇA PRÉVIA - Aprova a localização do empreendimento;
- Atesta a viabilidade ambiental.
LICENCIAMENTO
LICENÇA DE - Autoriza a instalação do empreendimento.
ORDINÁRIO
INSTALAÇÃO
- Autoriza a operação ou funcionamento do
LICENÇA DE OPERAÇÃO
empreendimento.
RENOVAÇÃO DO O pedido de renovação deve ser feito com antecedência MÍNIMA de 120 dias.
LICENCIAMENTO
(LC 140/2011 e O prazo de validade ficará AUTOMATICAMENTE renovado até manifestação
Res. CONAMA definitiva do órgão ambiental competente.
237/97)
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Obs.: Licença Simplificada: existe também a possibilidade de, em situações específicas, ser
viabilizado procedimento de licenciamento ambiental simplificado, como no caso do licenciamento
de atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental (§1° do artigo 12
da Resolução CONAMA 237/97), desde que haja aprovação pelo respectivo Conselho de Meio
Ambiente.
Destaca-se também que as ações de licenciamento são de competência exclusiva dos órgãos
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente. Inclusive, a competência específica para o
licenciamento ambiental deve recair, no caso concreto, apenas a um ente federado competente,
tendo em vista não haver possibilidade de licenciamento ambiental simultâneo (#IMPORTANTE).
#FISCALIZAÇÃO
A LC 140 aponta que o poder de polícia administrativo deve ser exercido pelo órgão
responsável pelo licenciamento.
Contudo, a norma prevista na Lei Complementar 140/2011 não impede o exercício da
fiscalização pelos demais entes federados, conforme previsão constitucional de
competência comum material para a proteção de meio ambiente.
Todavia, no caso de atuação simultânea, prevalecerá o auto de infração ambiental lavrado
por aquele órgão que detenha a atribuição de licenciamento.
Empreendimentos com impacto local, conforme definido pelo Conselho Estadual do Meio
Ambiente.
Empreendimentos localizados dentro de UCs municipais, salvo APAs.
Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com
a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populações humanas;
Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos
termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos
naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover
a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora
nativa;
A obrigação de reparação a degradação ambiental é “propter rem”, isto é, adere ao título de domínio
ou posse independente do fato de ter sido ou não o proprietário o autor da degradação.
Art. 7º, §2º. A obrigação prevista no §1º tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de
transferência de domínio ou posse do imóvel rural.
O STJ entende que a pretensão para a reparação ambiental é imprescritível (REsp 1.120.117).
#DEOLHONAJURIS: Para que a sentença declaratória de usucapião de imóvel rural sem matrícula
seja registrada no Cartório de Registro de Imóveis, é necessário o prévio registro da reserva legal no
Cadastro Ambiental Rural (CAR).. STJ (Info 561).
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RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
Poluidor é pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.
#DEOLHONAJURIS: O particular que deposita resíduos tóxicos em seu terreno, expondo-os a céu
aberto, em local onde, apesar da existência de cerca e de placas de sinalização informando a
presença de material orgânico, o acesso de outros particulares seja fácil, consentido e costumeiro,
responde objetivamente pelos danos sofridos por pessoa que, por conduta não dolosa, tenha
sofrido, ao entrar na propriedade, graves queimaduras decorrentes de contato com os resíduos. STJ
(Info 544).
causa de quem recebe a indenização e, de outro, haja efetiva compensação pelos danos morais
experimentados por aquele que fora lesado. STJ. (Info 545).
- Responsabilidade Civil Objetiva:
#DEOLHONAJURIS: A responsabilidade por dano ambiental é OBJETIVA, informada pela teoria do
RISCO INTEGRAL. Não são admitidas excludentes de responsabilidade, tais como o caso fortuito, a
força maior, fato de terceiro ou culpa exclusiva da vítima. O valor a ser arbitrado como dano moral
não deverá incluir um caráter punitivo. É inadequado pretender conferir à reparação civil dos danos
ambientais caráter punitivo imediato, pois a punição é função que incumbe ao direito penal e
administrativo. Assim, não há que se falar em danos punitivos (punitive damages) no caso de danos
ambientais. STJ, julgado em 26/3/2014 (recurso repetitivo) (Info 538).
As empresas adquirentes da carga transportada pelo navio Vicuña no momento de sua explosão, no
Porto de Paranaguá/PR, em 15/11/2004, não respondem pela reparação dos danos alegadamente
suportados por pescadores da região atingida, haja vista a ausência de nexo causal a ligar tais
prejuízos (proibição temporária da pesca) à conduta por elas perpetrada (mera aquisição pretérita
do metanol transportado). Situação concreta: três indústrias químicas adquiriam uma grande
quantidade de “metanol”, substância utilizada como matéria-prima para a produção de alguns
medicamentos. Elas adquiriram o metanol da METHANEX CHILE LIMITED, empresa chilena que ficou
responsável tanto pela contratação quanto pelo pagamento do frete marítimo. O navio contratado
pela empresa chilena para o transporte foi o “BTG Vicuña”, de bandeira do Chile. Ocorre que quando
já estava atracado no porto de Paranaguá/PR, o navio explodiu. Isso provocou uma tragédia
ambiental porque houve o vazamento de milhões de litros de óleo e de metanol. Em razão do
derramamento, a pesca na região ficou temporariamente proibida. STJ. 2ª Seção. REsp 1602106-PR,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/10/2017 (Info 615).
João é pescador artesanal e vive da pesca que realiza no rio Paranapanema, que faz a divisa dos
Estados de São Paulo e Paraná. A empresa "XXX", após vencer a licitação, iniciou a construção de
uma usina hidrelétrica neste rio. Ocorre que, após a construção da usina, houve uma grande redução
na quantidade de alguns peixes existentes no rio, em especial "pintados", "jaú" e "dourados". Vale
ressaltar que estes peixes eram os mais procurados pela população e os que davam maior renda aos
pescadores do local. Diante deste fato, João ajuizou ação de indenização por danos morais e
materiais contra a empresa (concessionária de serviço público) sustentando que a construção da
usina lhe causou negativo impacto econômico e sofrimento moral, já que ele não mais poderia
exercer sua profissão de pescador. O pescador terá direito à indenização em decorrência deste fato?
Danos materiais: SIM. Danos morais: NÃO. STJ. 4ª Turma. REsp 1371834-PR, Rel. Min. Maria Isabel
Gallotti, julgado em 5/11/2015 (Info 574)
- Responsabilidade Administrativa:
#DEOLHONAJURIS: Configurada infração ambiental grave, é possível a aplicação da pena de multa
sem a necessidade de prévia imposição da pena de advertência (art. 72 da Lei 9.605/98). STJ. (Info
561).
A responsabilidade administrativa ambiental, como regra, apresenta caráter subjetivo, exigindo dolo
ou culpa para sua configuração. STJ. 2ª Turma. REsp 1640243/SC, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 07/03/2017.
#DEOLHONAJURIS: Pode ser deferida usucapião especial urbana ainda que a área do imóvel seja
inferior ao módulo mínimo dos lotes urbanos previsto no plano diretor.
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Determinada pessoa preencheu os requisitos para obter o direito à usucapião especial urbana,
prevista no art. 183 da CF/88. Ocorre que o juiz negou o pedido alegando que o plano diretor da
cidade proíbe a existência de imóveis urbanos registrados com metragem inferior a 100m2. Em
outras palavras, fixou que o módulo mínimo dos lotes urbanos naquele Município seria de 100m2 e,
como a área ocupada pela pessoa seria menor que isso, ela não poderia registrar o imóvel em seu
nome. A decisão do magistrado está correta? O fato de haver essa limitação na lei municipal impede
que a pessoa tenha direito à usucapião especial urbana?
NÃO. Se forem preenchidos os requisitos do art. 183 da CF/88, a pessoa terá direito à usucapião
especial urbana e o fato de o imóvel em questão não atender ao mínimo dos módulos urbanos
exigidos pela legislação local para a respectiva área (dimensão do lote) não é motivo suficiente para
se negar esse direito, que tem índole constitucional.
Para que seja deferido o direito à usucapião especial urbana basta o preenchimento dos requisitos
exigidos pelo texto constitucional, de modo que não se pode impor obstáculos, de índole
infraconstitucional, para impedir que se aperfeiçoe, em favor de parte interessada, o modo
originário de aquisição de propriedade. STF. Plenário. RE 422349/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado
em 29/4/2015 (repercussão geral) (Info 783).
Fundamentos utilizados por FUX (voto vista);
- A usucapião é matéria de direito civil, de competência da União;
- Prevalece o direito à moradia; Função social da posse/propriedade; Segurança Jurídica.
- A lei municipal que fixa lote mínimo não é inconstitucional. Cumpre com o dever imposto aos
municípios em planejamento da ocupação do solo urbano e na sua fiscalização. Todavia, lei não tem
o condão de restringir o direito constitucional à usucapião especial urbana, permitindo a aquisição
da propriedade em área menor.
FUNDAMENTOS
Água é um bem de domínio público: reitera o domínio estatal das águas conforme o previsto na CF,
que reparte entre os Estados e a União. O STJ entende insuscetível de apropriação, podendo o
particular no máximo explorar com autorização (REsp 518.744).
A PNRH foi editada visando assegurar à atual e presentes gerações disponibilidade de água em
padrões adequados, utilização racional e integrada de tais recursos e prevenção e defesa contra
eventos hidrológicos críticos, seja de origem natural ou pelo uso inadequado dos recursos.
Água é um recurso natural limitado com valor econômico: a cobrança busca definir o valor do bem
tem como fundamento máximo racionalizar seu uso e evitar seu desperdício, dando noção ao
usuário do seu real valor, além de obter recursos para financiar os projetos e intervenções.
Consagra o princípio do usuário-pagador.
Os valores arrecadados devem ser utilizados prioritariamente na mesma bacia hidrográfica.
Em situações de escassez o uso prioritário é o consumo humano e dessedentação de animais, isso
pode inclusive motivar a suspensão da outorga do direito de uso.
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Gestão dos recursos deve proporcionar o uso múltiplo das águas: deve servir ao abastecimento
humano, irrigação, atividades industriais, respeitada a vocação da bacia hidrográfica, sendo
integrada com a gestão ambiental e realizada de maneira descentralizada, com a participação do
Estado, usuários e comunidade.
A bacia hidrográfica é considerada a unidade territorial.