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Resumo
Introdução
O presente artigo tem como objetivo o
estudo da sustentabilidade e suas dimen-
O presente artigo tem por objetivo
sões em face do princípio da dignidade da
pessoa humana como direito fundamen- demonstrar as dimensões da sustenta-
tal. Também há a necessidade de uma bilidade em face do princípio da digni-
reflexão sobre sustentabilidade como um dade da pessoa humana como direito
direito fundamental no ordenamento ju-
rídico brasileiro no que diz respeito à in- fundamental, haja vista a problemá-
tergeracionalidade. Nesse sentido, visa à tica em relação à preservação do meio
proteção da presente e das futuras gera- ambiente e à vida digna dos cidadãos.
ções, haja vista que a sustentabilidade,
como direito fundamental deve ser um
Assim, mostra-se a real importância
fato intergeracional. As dimensões da da sustentabilidade como forma de
sustentabilidade são obtidas por meio da ter-se a justiça social amparada pelas
observância das normas legais, da obri-
dimensões da sustentabilidade. A di-
gação estatal e do comprometimento da
sociedade em dar sustentação para que visão do trabalho deu-se na forma de
tal direito seja alcançado e mantido como
fundamental para os seres humanos e *
Mestranda em Ciência Jurídica (CMCJ) da
demais seres vivos. Universidade do Vale do Itajaí (Univali).
E-mail: morganaassi@gmail.com
Palavras-chave: Dignidade da pessoa
**
Mestrando em Ciência Jurídica (CMCJ) da
Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e Pro-
humana. Direito fundamental. Susten- fessor do curso de Direito da Univali. E-mail:
tabilidade. ducampos08@gmail.com
→→ http://dx.doi.org/10.5335/rjd.v27i1.4555
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evolução do tema alicerçado no méto- o meio ambiente necessita ser tutela-
do indutivo e utilizou como recurso a do pelo Estado e pela sociedade, pois
pesquisa bibliográfica. Assim, consta- é dever de todos a preservação desse
ta-se que a sustentabilidade é de na- para uma vida digna e sadia.
tureza multidimensional, objetivando Jorge Miranda,1 prelecionando
o desenvolvimento com o bem-estar de afirma que: “por direitos fundamen-
todas as gerações, quer no presente, tais entendemos os direitos ou as posi-
quer no futuro, assim, a atual gera- ções jurídicas ativas das pessoas como
ção pode e deve ser privilegiada, po- tais, individual ou institucionalmente
rém, sem causar prejuízos às futuras consideradas, assentes na Constitui-
gerações. O aumento da produção de ção, seja na Constituição formal, seja
bens e de serviços para o atendimen- na Constituição material – donde, di-
to às necessidades da sociedade vem reitos fundamentais em sentido for-
ultrapassando os limites imaginados mal e direitos fundamentais em sen-
pelo homem, haja vista que o processo tido material”.
econômico liberal e a globalização têm O direito fundamental elen-
influenciado diretamente o volume da cado na Declaração da Conferên-
produção dos bens, os quais têm suas cia das Nações Unidas sobre o Meio
matérias-primas extraídas da nature- Ambiente Humano – 1972, em seu
za sem que haja uma racional utiliza- Princípio 1, exorta em seu texto:
ção dos recursos naturais utilizados Princípio 1. O homem tem o direito fun-
nessa produção, uma vez que o consu- damental à liberdade, à igualdade e ao
desfrute de condições de vida adequadas
mo tem se mostrado acima das reais em um meio ambiente de qualidade tal
necessidades da sociedade. Dessa for- que lhe permita levar uma vida digna e
ma, faz-se necessária a preocupação gozar de bem estar, tendo a solene obri-
gação de proteger e melhorar o meio
pela forma com que tais recursos es- ambiente para as gerações presentes e
tão sendo explorados e que estão afe- futuras.
tando o meio ambiente e a qualidade José Rubens Morato Leite e Pa-
de vida dos seres vivos. tryck de Araújo Ayala assinalam a
importância do Princípio 1 apresen-
A dignidade da tado na ordem jurídica internacional,
pessoa humana ensinando que:
Este princípio significou, do ponto de
Objetivando a manutenção da dig- vista internacional, um reconhecimento
do direito do ser humano a um bem jurí-
nidade da pessoa humana e a preser- dico fundamental, o meio ambiente eco-
vação dos seres vivos com qualidade, logicamente equilibrado e a qualidade
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de vida. Além disto, firmou um compro- sultado almejado, devem surgir pro-
metimento de todos a preservar o meio
postas de iniciativas legais e popula-
ambiente ecologicamente equilibrado,
para as gerações presentes e futuras.2 res que inibam ou proíbam o processo
de retrocesso, ou seja, a regressão da
Todos os níveis de proteção social
legislação já aprovada. As garantias
devem ser mantidos, haja vista que
já obtidas devem ser mantidas com a
interferem diretamente na preserva-
criação de formas de proteção por meio
ção de um ambiente mais saudável e
das normas legais vigentes ou anterio-
seguro.
res, de modo que o legislador não pos-
Em conformidade com os precei-
sa dispor livremente dos direitos fun-
tos de Patryck de Araújo Ayala:3
damentais já estabelecidos em lei.
[...] procura-se sustentar que, se de um
lado ao Estado e aos particulares restam
A legislação protetora que preser-
vedadas as iniciativas que possam re- va o ambiente sadio e sustentável, não
sultar em estados de deslealdade com o deve regredir, priorizando o interesse
compromisso assinalado, de outro lado,
tem-se a afirmação... de um dever de individual em relação ao interesse co-
proteção ativa que requer da função le- letivo.
gislativa, administrativa e judicial, a in- Portanto, deve-se exigir que cada
tervenção positiva no sentido de assegu-
rar que os instrumentos propostos e os vez mais a garantia da sujeição às leis
procedimentos existentes sejam aqueles estabelecidas para todos os níveis da
que permitam, neste caso, contribuir
sociedade, independente de interesses
para a mitigação e a adaptação aos efei-
tos das mudanças climáticas globais. particulares existentes, pois se trata
de uma garantia de revisão e de re-
Havendo uma normatização de
torno na concretização de um mínimo,
proteção ao meio ambiente tem-se
cujo conteúdo está materialmente as-
uma expectativa com políticas públi-
sociado à dignidade humana.
cas que protejam os espaços naturais
Nas palavras de Tiago
e que o Estado tenha comprometi-
Fensterseifer:
mento maior de seus deveres de pro-
É importante cotejar um necessário
teção ao meio ambiente, por meio de equilíbrio entre as perspectivas subjeti-
uma legislação forte, eficiente e eficaz va e objetiva, a fim de que a “soberania”
que possa alcançar a todos os níveis do indivíduo não seja absoluta e blinda-
da contra a ingerência dos direitos (tam-
sociais. bém) fundamentais [...]4
Em complementação ao explicita-
do para a consecução da normatiza- Assim como a Constituição da Re-
ção em relação às políticas públicas pública Federativa do Brasil de 19885
ambientais e para que se tenha o re- prevê em seu artigo 225:
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Art. 225. Todos têm direito ao meio am- proteção de seus direitos fundamentais,
biente ecologicamente equilibrado, bem tornando-os efetivos através da mani-
de uso comum do povo e essencial à sa- festação autônoma e livre de sua vonta-
dia qualidade de vida, impondo-se ao de individual.
Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para a presente No entendimento de Tiago Fenster-
e futuras gerações. seifer7 evidencia-se que o direito funda-
De forma inexorável, cumpre o de- mental consolida-se com a aplicação do
ver de manter-se a garantia por meio princípio constitucional da dignidade
de nosso ordenamento jurídico da pre- da pessoa humana, porém, deve ser
servação ao meio ambiente, que possa exercido por todo o cidadão, não somen-
manter a qualidade de vida prevista te na sociedade, mas, também, no caso
constitucionalmente e se necessário de descumprimento de uma obrigação
for à recorrência ao Ministério Público que deve ser prestada pelo Estado.
e ao Poder Judiciário. Conforme esclarece Norberto
Incluso o direito ambiental como Bobbio:
categoria de direito fundamental, a le- [...] os direitos do homem por mais fun-
damentais que sejam, são direitos his-
gislação poderá atingir, de forma mais
tóricos, ou seja, nascidos em certas cir-
clara e contundente, a preservação da cunstâncias, caracterizadas por lutas em
vida digna em sociedade com um am- defesas de novas liberdades sobre velhos
poderes, e nascidos de modo gradual,
biente sadio e equilibrado. não todos de uma vez e nem de uma vez
por todas, [...] o que parece fundamental
Os direitos fundamentais numa época histórica e numa determi-
nada civilização não é fundamental em
outras épocas e outras culturas.8
Os direitos fundamentais estão
elencados na Constituição da Repú- Os direitos fundamentais são as-
blica Federativa do Brasil de 1988, sim considerados porque não reque-
que trouxe em seu bojo a dignidade da rem pressupostos para que sejam re-
pessoa humana. conhecidos ou mantidos, são direitos
O direito fundamental pode ser inerentes ao adequado modo de vida
garantido pelo preceito constitucional do homem, para sua sobrevivência e
inserto nos direitos da personalidade, subsistência digna.
conforme ensina J.J. Gomes Canotilho:6 Da mesma forma, Norberto
Bobbio9 caracteriza que
A perspectiva subjetiva dos direitos fun-
damentais estabelece uma posição jurí- [...] nenhum direito fundamental é abso-
dica de autodeterminação e liberdade do luto [...], é uma contradição em termos.
indivíduo para se opor e se defender em Mesmo os direitos fundamentais sendo
face de qualquer violação ao âmbito de básicos não são absolutos na medida em
que podem ser relativizados.
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No entendimento desse autor, tal Mesmo assim, a renúncia a um
contradição pode se dar porque tais direito fundamental somente é admi-
diretos podem gerar conflito entre si tida de forma temporária e se não afe-
e, nesse caso, somente se pode situar tar a dignidade humana pessoal ou de
qual será mais relevante quando o terceiros.
caso concreto for analisado e o direito • Indivisibilidade: os direitos fun-
fundamental puder, então, ser aplica- damentais são um conjunto e não
do como prioritário. Além do mais, a podem ser analisados de maneira
separada, isoladamente. Havendo
ilicitude, como em todo direito, é inad-
desrespeito a um direito fundamen-
missível na aplicação de um ou mais tal quer dizer que haverá desrespei-
direitos fundamentais. to a todos. Abrir exceção em relação
Buscando descrever a forma como a um é fazê-lo em relação a todos.
os direitos fundamentais apresentam Um direito é fundamental quan-
requisitos e como esses são fundamen- do está inserto dentro dos princípios
tais para estabelecer se determinado constitucionais da dignidade da pessoa
direito pode ser considerado como fun- humana e devidamente positivados na
damental ou não, o autor Cavalcante norma jurídica de determinado Estado
Filho10 apresenta-nos algumas carac- e, o seu titular, pode usufruí-lo desde
terísticas essenciais ao direito funda- seu nascimento, pois a garantia da or-
mental: dem jurídica prevê essa possibilidade.
• imprescritibilidade: os direitos fun- Assim, os direitos não submeti-
damentais são imprescritíveis, não se
dos às garantias e aos direitos indivi-
perdem pela falta do uso, não há sua
prescrição, tais direitos não podem duais previstos na Constituição, não
ser perdidos pela passagem do tempo; são considerados prerrogativas fun-
• inalienabilidade: não podem ser damentais. Zenildo Bodnar e Paulo
transferidos ou alienados a outrem, Márcio Cruz,11 assim prelecionam:
são pessoais e tem uma eficácia ob- Nessa escalada evolutiva dos direitos
jetiva, isso é, são de interesse da fundamentais, classificados em gerações
própria coletividade; ou dimensões, merecem especial desta-
• indisponibilidade (irrenunciabili- que aos direitos-deveres de solidarieda-
de. A solidariedade, prevista implícita
dade): geralmente, os direitos fun-
ou explicitamente nas constituições, ga-
damentais são indisponíveis, não se nha posição jurídica destacada e consti-
pode fazer com esses, o que bem se tui o valor central na construção de uma
quer, pois apresentam eficácia sub- teoria dos deveres fundamentais.
jetiva, isso é, importam não apenas
ao próprio titular, interessam a O direito fundamental em relação
toda coletividade. à dignidade da pessoa humana está
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inserto no inciso III, do artigo 1º da que não haverá motivos para ser so-
Constituição da República Federativa lidário, pois não haverá mais meios
do Brasil de 1988, dessa forma, tra- para tal atitude. O bem coletivo e o
ta-se de um princípio constitucional meio ambiente são os principais obje-
considerado cláusula pétrea. tivos para manter uma sociedade com
dignidade e segurança, na qual se per-
O princípio da mitam manter direitos fundamentais
já adquiridos.
solidariedade
O princípio da solidariedade está As dimensões da
cada vez mais enfatizado como pre- sustentabilidade
missa para a construção de uma so-
ciedade mais justa, segura, fraterna, A dignidade da pessoa humana
tranquila e solidária. Assim, como como direito fundamental, garante a
deve ser mútuo o auxílio, a obrigação, todos os cidadãos direitos inerentes
também, deve ser recíproca, pois, so- à respeitabilidade, no que tange às
mente com a atuação de uma via de dimensões citadas por Juarez Frei-
mão dupla, em que todos os envolvi- tas,13 no tocante à dimensão social,
dos possam obter benefícios, mas, aju- na qual não se admite o modelo do
dar para que o outro tenha os mesmos desenvolvimento que exclua ou ani-
benefícios, é que poderemos caracte- quile o cidadão; à dimensão ética
rizar uma sociedade mais solidária e constata-se que todos os seres huma-
justa consigo própria. nos e por que não dizer todos os seres
Novamente nas palavras de Zenil- vivos têm uma ligação intersubjetiva
do Bodnar e Paulo Márcio Cruz:12 e natural donde surge à empatia so-
O meio ambiente está vinculado de for- lidária, não se admitindo contraposi-
ma muito intensa e direta tanto com a ção entre o sujeito e o objeto, ou seja,
dignidade humana como com a solida-
riedade. Afinal, a verdadeira justiça so-
entre o sujeito e a natureza para um
cial e ambiental somente será alcançada equilíbrio dinâmico; a dimensão am-
com a concretização simultânea da dig- biental que procura uma proteção ao
nidade humana e da solidariedade.
meio ambiente para garantir o direi-
O ser solidário deverá buscar uma to das gerações atuais, sem prejuízo
forma de agir e de pensar o meio am- das futuras gerações, ao ambiente
biente e a sua preservação, pois sem limpo, sadio e ecologicamente equili-
esse critério de conservação, pode-se brado; a dimensão econômica tem
chegar a um ponto de destruição em a incumbência de produzir bens e ser-
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viços necessários à satisfação das ne- Critérios de
cessidades da sociedade, porém, essa
produção deve acontecer dentro dos
sustentabilidade e
parâmetros da racionalidade quando suas dimensões
da exploração dos recursos naturais
A sustentabilidade é um processo
de forma a não comprometer o meio
que se faz necessário economicamente
ambiente com medidas nefastas; a
e principalmente como direito funda-
dimensão jurídico política que de-
mental do cidadão, haja vista que o in-
termina ao Estado por seus poderes
ciso III, do artigo 1º da Carta Magna, e
constituídos garanta, a cada cidadão,
em obediência ao que prescreve o ar-
por intermédio de uma regulamen-
tigo 225 da Constituição da República
tação, a tutela jurídica do direito ao
Federativa do Brasil de 1988, o qual
futuro, por meio da liberdade, igual-
consideramos imprescindível para se
dade e solidariedade; e a dimensão
comentar sobre sustentabilidade.
tecnológica que deve promover o
Ao discorrer sobre sustentabilida-
desenvolvimento científico e tecnoló-
de, Edis Milaré14 comenta o que Neira
gico local, incentivando as parcerias
Alva ex-diretor da Comissão Econô-
entre órgãos do governo, empresas
mica para a América Latina e o Cari-
do setor produtivo privado, universi-
be (Cepal) assim a definiu:
dades, mercado e sociedade civil or-
[...] a sustentabilidade pode ser enten-
ganizada, promovendo inter-relações
dida como um conceito ecológico – isto
e a cooperação técnica científica para é, como a capacidade que tem um ecos-
se investir no desenvolvimento de sistema de atender às necessidades das
populações que nele vivem – ou como
recursos humanos locais, bem como um conceito político que limita o cresci-
possibilitar a produção de bens para o mento em função da dotação de recursos
atendimento das necessidades huma- naturais, da tecnologia aplicada no uso
desses recursos e do nível efetivo de bem
nas, utilizando-se de forma racional a estar da coletividade.
exploração dos recursos naturais, de
técnicas inovadoras em consonância Juarez Freitas15 ao tratar do prin-
com a preservação e evitar a degrada- cípio da sustentabilidade define-o da
ção do meio ambiente. seguinte forma:
Trata-se de um princípio constitucio-
nal que determina, com eficácia direta
e imediata, a responsabilidade do Es-
tado e da sociedade pela concretização
solidária do desenvolvimento material
e imaterial, socialmente incluso, durá-
vel e equânime, ambientalmente limpo,
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inovador, ético e eficiente, no intuito de Recomenda-se que haja constante
assegurar preferencialmente de modo
observação com efetiva pró-ação para
preventivo e precavido, no presente e no
futuro, o direito ao bem-estar. um ordenamento jurídico voltado à
proteção do meio ambiente, que utilize
Sustentabilidade para Gabriel
efetivamente suas normas e suas dire-
Real Ferrer
trizes para que os direitos difusos se-
[...] é a capacidade de permanecer inde-
finidamente no tempo, alcançando uma
jam garantidos e possam ser aprimora-
capacidade de se adaptar ao que aconte- dos em função da constante busca das
ce ao seu entorno buscando os níveis de garantias dos direitos fundamentais.
justiça social e econômica, necessárias à
sustentação da vida humana digna.16 A busca incessante da proteção
do meio ambiente, por meio da ordem
Assim, obriga-se ao Estado, à so- jurídica, deve fornecer meios para se
ciedade e às unidades de produção a admitir o gozo ao meio ambiental sau-
criarem mecanismos protetores para dável e com exploração econômica ra-
que o interesse particular não se so- cional dos recursos naturais extraídos
breponha aos interesses difusos, pos- da natureza, insistindo-se no princí-
sibilitando a preservação do ambiente pio da não regressão como forma de
com pensamento voltado à atual e às salvaguardar o direito fundamental
futuras gerações. já instituído.
O ordenamento jurídico brasileiro Dentro de um enfoque ambien-
deve buscar alicerces para estabele- tal, a sustentabilidade é um requisito
cer sua base mantenedora dos direi- para que os ecossistemas permane-
tos fundamentais e agregar o direito çam inalterados, possibilitando o uso
ambiental a esses direitos. dos recursos naturais, de maneira ra-
Michel Prieur17 alerta para a cional, somente por meio do preceito
preocupação que deve existir no pla-
reposição e/ou substituição desse, evi-
neta em relação à proteção do meio
tando-se, assim, a depredação pura,
ambiente, assim como às normas le-
buscando a manutenção do equilíbrio
gais, que determinam que o Estado
ecológico.
deve agir restritivamente quando o
A sociedade tem o dever de cons-
assunto é a preservação ao meio ne-
ciência e de perceber a necessidade
cessário à sobrevivência da sociedade:
de uma adequada relação entre os re-
Não há nenhuma convenção sobre o cursos que a natureza oferece e a pro-
meio ambiente que não declare sua von-
tade de proteger e melhorar as condições dução sistêmica, para que, em conse-
ambientais, o que por consequência tor- quência, haja também um ideal equi-
na ilícito todo o comportamento Estatal
líbrio entre o que se produz e o con-
que busca diminuir o grau de proteção.
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sumo necessário, sem desperdícios. reito ambiental seja contemplado não
O consumo deve ser ordenado para apenas como mais um ramo do Direi-
que não haja o desequilíbrio entre a to, mas, seja considerado como um
oferta e a procura. Essa é a base do direito fundamental ao homem e aos
que é considerado sustentável, é um demais seres.
processo contínuo que exige rigor na Não há medidas jurídicas inter-
administração dos recursos e no seu nacionais ou transnacionais que ve-
uso para que o objetivo comum seja nham a coagir determinado governo a
atingido sem agredir o meio ambiente acatar regras ou normas de proteção
de forma exagerada e desnecessária. ambiental, tornando impossível a pos-
sibilidade de homogeneizar uma nor-
Critério de sustentabilidade ma ou mesmo um tratado que possa
x dimensão ambiental garantir a preservação e a prevenção
nos danos que vem sendo causados ao
Este critério visa verificar a sus- meio ambiente.
tentabilidade sob o prisma do ambien- Dessa forma, existe a necessidade
te, pois esse é um patrimônio da socie- de cada governo em seu Estado pre-
dade que necessita de regulação para ocupe-se em legislar contra os causa-
a sua manutenção de forma a evitar dores de danos ambientais. Havendo
à sua degradação. O interesse difuso essa conscientização/preocupação in-
deve prevalecer sobre o interesse indi- terna, ocorrerá o crescimento da preo-
vidual, uma vez que a individualidade cupação em níveis mundiais, para que
leva o homem a ser egoísta, injusto e outros governos venham a apoiar essa
interesseiro, não se preocupando com atitude que deve ser proliferada.
a coletividade. Deve-se estar atento ao Há necessidade urgente de uma
presente, bem como ao futuro, pois a legislação mais rígida e coercitiva
atual geração como as gerações futu- para que os danos causados ao meio
ras dependem para a sua sobrevivên- ambiente não cheguem a ser perpetra-
cia de um meio ambiente sadio e sem dos ou que de alguma forma sejam re-
a interferência nefasta do homem. duzidos ou, até mesmo, inibidos para
Para a proteção do meio am- mantença da vida digna no planeta.
biente, o Estado deve tutelá-lo com Patryck de Araújo Ayla18 enfatiza
a adoção das normas jurídicas que que
orientam a proteção estatal para um [...] uma vez que foi atribuído ao Esta-
meio ambiente digno, com igualdade do o dever de proteger o meio ambiente,
através de suas funções, e assegurar o
e segurança. É importante que o di- acesso em igual qualidade aos direitos
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fundamentais que possam decorrer des- lo de desenvolvimento de exclusão e
ta proteção, e uma vez que o exercício
iníquo. Em conformidade com Juarez
dos deveres estatais de proteção e dos
deveres fundamentais deve ser contex- Freitas,19 “de nada serve cogitar da
tualizado em um espaço influenciado sobrevivência enfastiada de poucos,
por uma nova cultura constitucional, o
reconhecimento e a afirmação de um de-
encarcerados no estilo oligárquico,
ver de solidariedade, (que constitui um relapso e indiferente, que nega a co-
dos primados da República), constitui o nexão de todos os seres vivos, a liga-
fundamento capaz de justificar a redefi-
nição do alcance de tais deveres. ção de tudo, e, desse modo, a natureza
imaterial do desenvolvimento”.
É de bom alvitre que sejam apro-
De acordo com o referido autor:20
vadas normas legais claras, objetivas
“Na dimensão social da sustentabili-
e efetivas para a sociedade e unidades
dade, abrigam-se os direitos funda-
de produção como um todo, em nível
mentais, que requerem correspon-
ambiental, possibilitando que se te-
dentes programas relacionados à
nha o meio ambiente digno e de qua-
universalização eficiência e eficácia,
lidade para a vivência dos seres vivos
sob pena de o modelo de governança
e não somente em relação à pessoa
(pública e privada) ser autofágico e,
humana, todavia, há a necessidade de
numa palavra, insustentável”.
outras garantias que são tão ou mais
Para que a dimensão social seja
importantes que a preservação do
concretizada, o Estado deve investir
meio ambiente, como direito à educa-
na educação, inicialmente, construin-
ção, à segurança e à liberdade, entre
do escolas que venham ao encontro
outros direitos fundamentais que po-
da dignidade de todos os estudantes,
dem fornecer, por meio de um direito
quer no ensino fundamental, quer
vinculado aos direitos do homem, um
no ensino médio e profissionalizan-
ambiente equilibrado e justo para a
te, bem como no ensino superior. Os
vida humana e dos demais seres vivos.
projetos necessitam sair do projeto e
serem colocados em prática, inclusive
Critério de sustentabilidade deve haver investimento na qualifica-
x dimensão social ção dos professores.
Ainda de acordo com os ensina-
O direito ambiental passa a ser o
mentos de Juarez Freitas,21 a susten-
direito de sustentabilidade a partir do
tabilidade na sua dimensão social re-
momento que assume o papel de di-
clama:
reito difuso, pois a dimensão social da
a) o incremento da equidade intra e
sustentabilidade não admite o mode-
intergeracional;
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b) às condições propícias ao floresci- e que culminará com o bem-estar so-
mento virtuoso das potencialidades cial coletivo, pois, assim, haverá um
humanas, com educação de quali- real direito difuso.
dade para o convívio;
A percepção ética está inserida no
c) o engajamento na causa do desen- íntimo de cada indivíduo, e no enten-
volvimento que perdura e faz a so- dimento de Norberto Bobbio citando
ciedade mais apta a sobreviver, a
Freitas,23 “convindo que aqueles que
longo prazo, com dignidade e res-
peito à dignidade dos demais seres possuem a maior autoconsciência as-
vivos. sumam a tarefa de, sem encolher os
Importante salientar que a preo- ombros, resguardar a integridade e no-
cupação social não se prende somente breza de caráter, de sorte a não permi-
aos seres humanos, mas sim, a todos tir dano injusto, por ação ou omissão”.
os seres vivos e de forma inclusiva. Na lição de Dale Jamieson,24
“Existe de fato o dever ético indecli-
nável e natural de sustentabilidade
Critério de sustentabilidade
ativa, que não instrumentaliza preda-
x dimensão ética
toriamente, mas intervém para res-
A ética permite aos seres huma- taurar o equilíbrio dinâmico.”
nos deixar como legado para as futu- Ainda conforme o autor25 “Uma
ras gerações o dever universal de com- atitude eticamente sustentável é ape-
portamento retilíneo de forma que nas aquela que consiste em agir de
esse comportamento sirva de exemplo modo tal que possa ser universalizada
para todas as pessoas independen- a produção do bem estar duradouro, no
temente do local em que esse legado intimo e na interação com a natureza.”
seja deixado. Ensina Juarez Freitas26 que há
Juarez Freitas22 afirma que [...] nessa perspectiva, o dever ético ra-
cional de expandir liberdades e dignida-
[...] a dimensão ética, no sentido de que des, assim como permitir que cada ser
todos os seres possuem uma ligação in- humano atue como uma espécie de co-
tersubjetiva e natural, donde segue a criador dos destinos.
empática solidariedade como dever uni-
versalizável de deixar o legado positivo Por todo o exposto em relação à
na face da terra, com base na correta
ética, pode-se afirmar que se todos
compreensão darwiniana de seleção na-
tural, acima das limitações dos formalis- os seres humanos agissem dentro de
mos kantianos e rawlsianos. um comportamento ético, não have-
Com a dimensão ética, haverá um ria a necessidade de preocupação com
avanço do bem-estar social individual a proteção ao meio ambiente, o qual
propicia a todos um bem-estar.
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A dimensão ética da sustentabili- dição de consequências, de longo pra-
dade, de acordo com Juarez Freitas,27 zo. Nessa perspectiva, o consumo e a
reconhece: produção precisam ser reestruturados
a) a ligação de todos os seres, acima do completamente, numa alteração ines-
antropocentrismo estrito; capável do estilo de vida.
b) o impacto retroalimentador das A natureza, nas preleções de An-
ações e das omissões; thony Giddens e Edward Osborne
c) a exigência de universalização con- Wilson apud Juarez Freitas,30 não
creta, tópico sistemática do bem- pode ser vista como simples capital,
-estar; e a regulação estatal faz-se imposi-
d) o engajamento em uma causa que, tiva para coibir o desvio comum dos
sem negar a dignidade humana, adeptos do fundamentalismo voraz de
proclama e admite a dignidade dos mercado, que ignoram a complexida-
seres vivos em geral. de do mundo natural.
Com o advento da sustentabilida-
de, a dimensão econômica tem neces-
Critério de sustentabilidade
sidade de uma reformulação de com-
x dimensão econômica portamento, haja vista que todos os
A dimensão econômica não pode bens necessários à satisfação das ne-
ser vista no curto prazo, pois suas con- cessidades dos seres vivos são produ-
sequências requerem uma observação zidos com recursos naturais escassos
em longo prazo, pois, os resultados ou tendentes à escassez, assim, existe
apresentam-se num decurso de tempo a premente necessidade de consciên-
mais longo. cia de preservação do meio ambiente
De acordo com o pensamento de no sentido da utilização racional e
Juarez Freitas,28 equilibrada na exploração dos recur-
sos da natureza.
[...] a dimensão econômica da sustenta-
bilidade evoca aqui, a pertinente ponde- No que nos explicita Juarez Frei-
ração, o adequado “trade off” entre a efi- tas:31
45
umbilical entre a economia e sustentabi- cidadão deve ser pensada localmente.
lidade significa deixar de ver o princípio
numa de suas dimensões vitais.
Deveras importante é a contribui-
ção de Juarez Freitas34 que explicita:
Disciplina ainda Juarez Freitas:32
A dimensão jurídico política ecoa o senti-
Em última análise, a visão econômica do de que a sustentabilidade determina,
da sustentabilidade, especialmente ilu- com eficácia direta e imediata, indepen-
dentemente de regulamentação, a tu-
minada pelos progressos recentes da tela jurídica do direito futuro e, assim,
economia, revela-se decisivo para que: apresenta-se com dever constitucional
de proteger a liberdade de cada cida-
a) “a sustentabilidade lide adequada-
dão (titular de cidadania ambiental ou
mente com os custos e benefícios, diretos
ecológica), nesse status, no processo de
e indiretos, assim como o ‘trade off’ entre
estipulação intersubjetiva do conteúdo
a eficiência e equidade intra e intergera-
intertemporal dos direitos fundamen-
cional;
tais das gerações presentes e futuras,
b) a economicidade (princípio encapsu-
sempre que viável diretamente.
lado no artigo 70 da CF) experimente o
significado de combate ao desperdício
Alicerçado pelo pensamento de
‘lato sensu’;
c) a regulação do mercado aconteça de Winfred Lang apud Juarez Freitas,35
sorte a permitir que a eficiência guarde pode-se afirmar que:
real subordinação à eficácia” (grifo nosso).
É princípio vigente, que supõe, antes de
Portanto, a economia não pode se mais nada, o reconhecimento de novas
titularidades e a completa revisão das
sobrepor a sustentabilidade sob o pe- teorias clássicas dos direitos subjetivos:
rigo de comprometer o bem-estar da acolhe-se, mercê do novo paradigma, o
presente e das futuras gerações. direito fundamental de gerações futu-
ras, que sequer nascituros são. Supõe,
ainda, um novo limitador estatal que
Critério de sustentabilidade incorpora a proibição de toda e qualquer
crueldade contra os seres vivos, e não
x dimensão jurídico política somente aos seres humanos.
46
e remédios gratuitos para os caren- ção dos orçamentos públicos e a su-
tes, assim como disciplina adequa- bordinação dos gastos públicos aos
da do sistema (público e privado) de ditames da sustentabilidade (grifo
saúde (por exemplo, consulta mé- nosso);
dica em tempo razoável e o enfren-
h) o direito ao acesso judicial e admi-
tamento organizado das dependên-
nistrativo com desfecho tempestivo e
cias químicas de várias matizes)
a melhor definição cooperativa das
(grifo nosso);
competências, numa postura real-
b) o direito à alimentação sem exces- mente dialógica e preferencialmen-
so e carências, isso é, balanceada te conciliatória, dadas as limitações
e saudável, com amplo acesso à do método tradicional de comando e
informação sobre os efeitos perni- controle (grifo nosso);
ciosos, por exemplo, do excesso de
i) o direito à segurança, com empre-
gorduras, sal e açúcares (cujo con-
sumo pode ser viciante e gerador de go de persuasivas estratégias de
distúrbios mortais como a diabetes) ressocialização dos ímprobos e dos
(grifo nosso); demais infratores, mas também de
ações preventivas e ostensivas (gri-
c) o direito à ambiente limpo, com fo nosso);
vigoroso incentivo a energias re-
nováveis, e o planejamento estatal j) o direito à renda oriunda do traba-
voltado para o equilíbrio dinâmico lho decente, com estabilidade mone-
do sistema complexo da vida, sem tária, incentivo à poupança e à res-
inercismo inconstitucional; ponsabilidade fiscal (grifo nosso);
47
1228), crédito sem bolha especula- recursos naturais, de técnicas inova-
tiva disseminação do conceito de doras em consonância com a preserva-
casa saudável e o emprego de tec- ção para evitar a degradação do meio
nologias “verdes” para construção e
ambiente.
reconstrução (grifo nosso).
As dimensões da
Critério de sustentabilidade sustentabilidade e o
x dimensão tecnológica
princípio da dignidade
A dimensão tecnológica deve in- da pessoa humana como
centivar o desenvolvimento científico
direito fundamental
e tecnológico do local onde se realiza a
produção, utilizando-se de tecnologias Com o estudo das dimensões da
e energias limpas e apropriadas para sustentabilidade comprova-se que es-
serem utilizadas no processamento sas vão ao encontro do preceito cons-
dos recursos naturais utilizados no titucional elencado no artigo 225 da
contexto socioeconômico, cultural e no Constituição da República Federativa
ambiental local. As tecnologias apro- do Brasil de 1988, haja vista que a
priadas devem buscar privilegiar a sustentabilidade é pluridimensional e
não produção de mercadorias que não intergeracional.
possam ser recicladas e reutilizadas A sustentabilidade tem por finali-
no processo produtivo. O controle na dade a inclusão social para propiciar
geração, a minimização, o reuso e a a todos os seres humanos condições
reciclagem dos resíduos sólidos, de de vida digna em um ambiente social-
acordo com o contexto, incentivam as mente sadio. Não somente em relação
parcerias entre os órgãos do governo, ao meio ambiente, mas, em todas as
as empresas do setor produtivo priva- dimensões que permitam uma socie-
do, as universidades, o mercado e a dade justa e solidária.
sociedade civil organizada, promoven- O direito ao ambiente é transin-
do inter-relações e a cooperação téc- dividual, pois além da proteção cons-
nica científica para se investir no de- titucional ser lastreada pelas normas
senvolvimento de recursos humanos legais e pelos princípios gerais que de-
locais, bem como possibilitar a produ- terminam que o ambiente é obrigação,
ção de bens para o atendimento das direito e dever de todos. A proteção ao
necessidades humanas, utilizando-se ambiente é um direito fundamental
de forma racional a exploração dos para a preservação da humanidade,
48
garantindo à atual e às futuras gera- humanidade a ter na presente e nas
ções uma vida digna. futuras gerações um mundo com me-
O princípio da dignidade da pes- lhor qualidade de vida.
soa humana inserto no inciso III, do O princípio da dignidade da pes-
art. 1º da Constituição Federal é um soa humana, inserto na Carta Magna,
direito fundamental, que tem como deve observar os princípios e as regras
núcleo a proteção da dignidade de constitucionais haja vista ser neces-
todas as pessoas, assim, pode-se afir- sário à aplicação de tais ordenamen-
mar ser um direito difuso, uma vez tos por não haver hierarquia entre os
que o interesse individual não deve se princípios e as regras constitucionais.
sobrepor ao direito coletivo. A dignidade da pessoa humana
O princípio da dignidade da pes- está intimamente ligada à existência
soa humana deve ser observado em humana, que para ser considerada
todas as relações inerentes ao homem, efetivamente digna deve ser contem-
conforme demonstrado pelas dimen- plada com todas as dimensões que a
sões da sustentabilidade. sustentabilidade proporciona. Está
A sustentabilidade como princípio vinculada ao verdadeiro Estado De-
jurídico, altera a visão global do Di- mocrático de Direito conforme o anún-
reito, pois impõe e incorpora a digni- cio do inciso III, artigo 1° da Consti-
dade da pessoa humana, por meio do tuição. É um valor de supremacia que
qual, todos devem obrigatoriamente inclui todos os direitos do homem a
estar vinculados no sentido de conju- iniciar pelo direito à vida e que se es-
gar esforços para alcançar a desejada tende ao valor normativo e constitu-
condição de manutenção de uma vida cional de uma existência digna e sadia
salutar para a presente e as futuras para que se possa exercer a efetiva ci-
gerações. dadania.
Considerações finais
Pelo exposto no presente artigo,
as dimensões da sustentabilidade
em face ao princípio da dignidade da
pessoa humana como direito funda-
mental constata-se que existe um en-
trelaçamento entre essas, as quais,
devidamente observadas levarão à
49
Dimensions of sustainability da dignidade humana no marco jurídico-constitu-
cional do estado socioambiental de direito. Porto
in relation to the principle Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. 176.
of human dignity as a 5
BRASIL. Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.
fundamental right gov.br. Acesso em: 3 jun. 2013.
6
CANOTILHO, J.J. Gomes. Estudos sobre direitos
Abstract fundamentais. Coimbra: Coimbra Editora 2004,
p. 449.
This article aims to study the sus- 7
FENSTERSEIFER, Tiago. Direitos fundamen-
tainability and its dimensions in the tais e proteção do meio ambiente: a dimensão
face of the Principle of Human Digni- ecológica da dignidade humana no marco jurídi-
co-constitucional do estado socioambiental de di-
ty as a Fundamental Right. Also the
reito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008,
need for reflection on Sustainability as
p. 175.
a Fundamental Right in Brazilian law
8
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Ja-
with regard to intergenerational. In this
neiro: Campus. 1992, p. 17.
sense, aims to protect the present and
future generations, given that sustaina-
9
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Ja-
neiro: Campus. 1992, p. 21.
bility as fundamental right must be a
fact intergenerational. The dimensions
10
CAVALCANTE FILHO, João Trindade. Teoria
of sustainability are achieved through geral dos direitos fundamentais. Disponível em:
www.stf.jus.br. Acesso em: 16 jul. 2013.
the observance of legal norms, the state
obligation and commitment of society to
11
BODNAR, Zenildo. CRUZ, Paulo Márcio. Globa-
provide support for such a right is achie- lização, transnacionalidade e sustentabilidade.
Itajaí: Univali, 2012, p. 130.
ved and maintained as essential to hu-
mans and other living beings.
12
BODNAR, Zenildo. CRUZ, Paulo Márcio. Globa-
lização, transnacionalidade e sustentabilidade.
Itajaí: Univali, 2012, p. 130.
Keywords: Dignity of the human person
and fundamental right. Sustainability.
13
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direito ao
futuro. 2 ed. Belo Horizonte. Fórum. 2012, p. 20.
14
MILARÉ. Edis. Direito do ambiente. 5. ed. re-
Notas form., atual. e ampl. São Paulo: RT 2007, p. 68.
15
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direito ao
1
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucio- futuro. 2 ed. Belo Horiznte. Fórum. 2012, p. 41.
nal. 3. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2000, p. 7. 16
FERRER, Gabriel Real. Sostenibilidad, transna-
2
LEITE, José Rubens Morato; AYALA, Patryck de cionalidad y trasformaciones del derecho. Texto
Araújo. Dano ambiental: do individual ao coleti- ainda não publicado e entregue pelo próprio Prof.
vo extrapatrimonial. 5. ed. Teoria e Prática. São Dr. Gabriel Real Ferrer em aula do Mestrado em
Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 86. Ciência Jurídica da Universidade do Vale do Ita-
3
AYALA, Patrick de Araújo. Direito fundamental jaí (Univali) em setembro de 2012. p.4.
ao ambiente e a proibição de regresso nos níveis 17
PRIEUR, Michel. O princípio da “não regressão”
de proteção ambiental na constituição brasileira. no coração do direito do homem e do meio am-
In: O princípio da proibição de retrocesso ambien- biente. In: Comissão de meio ambiente, defesa do
tal. Brasília: Senado Federal, 2012. p. 210. consumidor e fiscalização e controle. Brasília: Se-
FENSTERSEIFER, Tiago. Direitos fundamentais
4 nado Federal, 2012. p. 7-25.
e proteção do meio ambiente: a dimensão ecológica
50
18
AYALA, Patryck de Araújo. Direito fundamental
ao ambiente e a proibição de regresso nos níveis
Referências
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In: JUNIOR, Moacir Custódio Leite. O Princípio AYALA, Patryck de Araújo. Direito fun-
da Proibição de Retrocesso Ambiental. Brasília: damental ao ambiente e a proibição de re-
Senado federal, 2012. p. 207. gresso nos níveis de proteção ambiental na
constituição brasileira. In: JUNIOR, Moa-
19
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direito ao
cir Custódio Leite. O Princípio da proibição
futuro. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum. 2012, p. 58.
de retrocesso ambiental. Brasília: Senado
20
FREITAS,Juarez. Sustentabilidade direito ao fu- Federal, 2012.
turo. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum. 2012, p. 59.
BARCELLOS, Ana Paula de. O mínimo
21
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direito ao
existencial e algumas fundamentações:
futuro. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum. 2012, p. 60.
John Rawls, Michael Walzer e Robert Alexy.
22
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direito ao In: TORRES, Ricardo Lobo (Org.). Legitima-
futuro. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum. 2012, p. 60. ção dos Direitos Humanos. Rio de Janeiro:
23
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direito ao Renovar, 2002. p. 50.
futuro. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum. 2012, p. 60.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio
24
JAMIESON, Dale. Ética e meio ambiente: uma de Janeiro: Campus, 1992.
introdução. Tradução de André Luiz de Alvaren-
ga. São Paulo: SENAC. 2010, p. 7. BODNAR, Zenildo. CRUZ, Paulo Márcio.
Globalização, transnacionalidade e susten-
25
JAMIESON, Dale. Ética e meio ambiente: uma
tabilidade. Itajaí: Univali, 2012.
introdução. 2. ed. Tradução de André Luiz de Al-
varenga. São Paulo: SENAC. 2010, p. 7. BRASIL. Constituição da república fede-
26
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direito ao futu- rativa do Brasil de 1988. Disponível em:
ro. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum. 2012, 2012, p. 61. <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 3
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27
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direito ao
futuro. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum. 2012, p. 63. CAVALCANTE FILHO, João Trindade. Teo-
28
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direito ao ria geral dos direitos fundamentais. Dispo-
futuro. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum. 2012, p. 65. nível em: <http://www.stf.jus.br>. Acesso
em: 16 jul. 2013.
29
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direito ao
futuro. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum. 2012, p. 66. CANOTILHO, J.J. Gomes. Estudos sobre
30
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direito ao direitos fundamentais. Coimbra: Coimbra
futuro. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum. 2012, p. 66. Editora, 2004.
31
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direito ao CRUZ, Paulo Márcio. Da soberania à trans-
futuro. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum. 2012, p. 66. nacionalidade. Democracia, direito e estado
32
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direito ao no século XXI. Itajaí: Univali, 2012.
futuro. 2 ed. Belo Horizonte: Fórum. 2012, p. 67. FENSTERSEIFER, Tiago. Direitos funda-
33
CRUZ, Paulo Márcio. Da soberania à transnacio- mentais e proteção do meio ambiente: a di-
nalidade. Democracia, direito e estado no século mensão ecológica da dignidade humana no
XXI. Itajaí: Univali, 2012, p. 130. marco jurídico-constitucional do estado so-
34
FREITAS Juarez. Direito constitucional à demo- cioambiental de direito. Porto Alegre: Livra-
cracia. In: FREITAS, Juarez; TEIXEIRA, Ander- ria do Advogado, 2008.
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disciplinares. São Paulo: Conceito. 2001. p. 19.
35
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direito ao
futuro. Itajaí: Univali, 2012, p. 72.
51
FERRER, Gabriel Real. Sostenibilidad,
transnacionalidad y trasformaciones del de-
recho. Texto ainda não publicado e entregue
pelo próprio Prof. Dr. Gabriel Real Ferrer
em aula do Mestrado em Ciência Jurídica
da Universidade do Vale do Itajaí (Univali)
em setembro de 2012.
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade direi-
to ao futuro. 2. ed. Belo Horizonte. Fórum.
2012.
_______. Direito constitucional à demo-
cracia. In: FREITAS, Juarez; TEIXEIRA,
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ceito. 2001. p. 19.
JAMIESON, Dale. Ética & meio ambiente:
uma introdução. Tradução de André Luiz de
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LEITE, José Rubens Morato; AYALA, Pa-
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PRIEUR, Michel. Princípio da proibição de
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52