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A legislação ambiental atualmente é um dos fatores externos que tem provocado uma mudança
na cultura das empresas para que a dimensão ambiental venha a ser verdadeiramente incorporada.
Nesta semana 13 (S13) vamos estudar aspectos do direito ambiental, suas origens, princípios e a sua
importância para as empresas, não só como agente regulador, mas também como bússola para o
alcance da responsabilidade socioambiental. Ótima Semana!
É notória a relevância da Conferência de Estocolmo para o direito ambiental, pois ela representa
a primeira tentativa de aproximação entre os direitos humanos e o meio ambiente. Desde então,
o tema qualidade ambiental passou a integrar as discussões e agendas políticas de todas as
nações, de tal modo que passou a ser considerado como um direito fundamental, essencial para
a melhoria da qualidade da vida humana (GONÇALVES, 2016)
A globalização das questões ambientais bem como o despertar ecológico da humanidade, são
eventos recentes, como percebemos em nossas semanas anteriores. No Brasil até os anos 60, era
permitido poluir, inclusive por lei federal. Absurdo nos tempos atuais, a lei federal nº 2.126/60
definia padrões para o lançamento de esgotos domésticos e industriais nos cursos d´água. Ainda
na década de 60, cidades como Contagem em Minas Gerais e Cubatão em São Paulo, conhecida
como Vale da Morte, receberam incentivos para implementação de indústrias, refinarias,
siderúrgicas, etc., e figuravam entre as regiões com maior poluição atmosférica do mundo,
causando danos irreparáveis à saúde e bem-estar da população. A ONU alarmou o planeta sobre
os problemas e consequências causadas pela poluição no polo industrial de Contagem, usando a
cidade como exemplo a não ser seguido. (PENSAMENTO VERDE, 2014).
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O marco inicial da legislação ambiental brasileira deu-se em 1981, com a promulgação da Lei da
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), ainda vigente. Dentre outros instrumentos,
a lei fixa o Licenciamento Ambiental, Avaliação de Impactos Ambientais, Auditoria Ambiental,
Gestão Ambiental, Padrões de Qualidade Ambiental, etc. A Lei também instituiu o Sistema
Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), conjunto de órgãos públicos da união, estados,
municípios, distrito federal e não governamentais, visando promover condições para o
desenvolvimento sustentável. Segundo GRIMALDI (2018) a PNMA uniu os pilares da proteção
ambiental, sendo o documento que atestou o nascimento do direito ambiental. A PNMA define
meio ambiente como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (BRASIL, 1981).
Após a PNMA, a Constituição Federal de 1988 foi a primeira a dedicar um capítulo específico ao
meio ambiente, sendo reconhecida como constituição verde (JUNG, 2015). Em seu art. 225
admite o meio ambiente como um bem comum, de uso coletivo de todo um povo, sem uma
propriedade definida nem interesse único particular, impondo ao poder público e à coletividade
o dever de defender e preservá-lo para as gerações presentes e futuras (BRASIL, 1988).
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, sediada no Rio de
Janeiro em 1992 (ECO-92 ou RIO-92), encerrou os questionamentos sobre a postura brasileira em
relação à proteção do meio ambiente e apresentou uma nova inclinação para a sustentabilidade,
sendo um momento histórico na trajetória do direito ambiental. Outras legislações importantes
formação do direito ambiental foram a Lei da Ação Civil Pública (Lei 7347/85) e a Lei de Crimes
Ambientais (Lei 9605/98). Continuamente o meio ambiente passou a ser indicado como um bem
jurídico, protegido pelo direito, especificamente o direito ambiental, que surgiu para estudar as
relações jurídicas ambientais com instrumentos e princípios para a análise da constituição,
buscando a proteção, preservação e a efetividade da norma ambiental para as atuais e futuras
gerações. (ANTONIO & VITÓRIA, 2019; GRIMALDI, 2018).
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Os princípios do direito ambiental são a base para se alcançar uma harmonia entre o meio
ambiente e a sociedade com objetivo de evitar, mitigar e reparar possíveis impactos ambientais
de pessoas físicas e jurídicas. Citamos abaixo alguns princípios ambientais e exemplos de
aplicação. A nomenclatura pode variar, mas certamente você conhece alguma ação prática
legitimada por eles.
https://www.youtube.com/watch?v=sWEQw6smo5w
Licenciamento Ambiental: o que é e porque é importante?
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6) Princípio do Poluidor Pagador: Este princípio tem relação com a responsabilidade civil. Aquele
que polui, deve ser responsabilizado pelo seu ato. O causador do dano deve arcar com os custos
relativos ao dano causado. O poluidor deve responder pelos seus custos sociais da degradação
causada por sua atividade, devendo esse valor ser agregado no curso produtivo.
https://youtu.be/AhU0sasvllk
Responsabilidade Civil por Dano Ambiental – Teoria do Risco Integral – Princípio da
Prevenção e do Poluidor Pagador
Como exemplo, podemos citar o pagamento pelas sacolas plásticas de supermercados. Alguns
autores consideram que dizer que o consumidor também tem culpa, pois opta por usar as
sacolas mais poluentes (poderia levar outras de casa), é meia-verdade pois seria muito mais
correto afirmar que foram os mercados, que acabando com as sacolas de papel, estimularam os
consumidores no uso das sacolas plásticas. Assim, o consumidor só pode ser pagador no caso
de sua opção, e não por uma regra posta pelo supermercado, como é o caso. Pelo princípio do
poluidor pagador, em síntese: o agente econômico paga “para não poluir” ou paga “porque
poluiu”. Mas nunca paga “para poder poluir”. Fato é que as pesquisas científicas indicam que o
uso de tais sacolas é um dos grandes vilões contra a preservação do meio ambiente, pois o
plástico leva muitos anos para se decompor e, à luz do direito ambiental, essa obrigatoriedade
de compra de sacolas plásticas é um exemplo de aplicação do princípio do poluidor-pagador.
A responsabilidade civil por danos ambientais tem como base a teoria do risco, segundo a qual
o dever de indenizar, cabe aquele que exerce atividade perigosa, juntando ao ônus de sua
atitude o dever de reparar os danos por ela causados e, assim, para que se prove a existência
da responsabilidade por danos ambientais, basta a comprovação do dano existente e do nexo
causal. Assim, quem causar dano ambiental, será responsabilizado, mesmo que não tenha a
intenção de gerar prejuízos aos recursos naturais ou ainda que não tenha agido com
imprudência, imperícia ou negligência (BRASIL, 1998)
7) Princípio do Protetor Recebedor: É necessário criar benefícios em favor daqueles que protegem
o meio ambiente para fomentar e premiar essa prática. Esse princípio visa dar aquele indivíduo
que preserva o meio além de seu dever ambiental, a possibilidade de receber benefícios em
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razão disso, como por exemplo a isenção de impostos, descontos no IPVA para carros com
GNV, IPTU para imóveis construídos com materiais comprovadamente ecologicamente
corretos, descontos em conta de luz para quem economiza energia e ICMS ecológico para os
estados que comprovem ações de proteção e preservação ao meio ambiente. Como exemplo,
podemos citar o fato de que nos estados do Rio de Janeiro e do Paraná existe a concessão de
descontos generosos de IPVA para carros movidos a GNV, sendo 75% e 40%, respectivamente.
https://www.youtube.com/watch?v=W2VGKMiVhzo
Isenção de IPVA para motoristas de aplicativos que utilizam GNV
10) Princípio do Usuário Pagador: As pessoas que se utilizam dos recursos naturais escassos,
devem pagar pela sua utilização, ainda que não haja poluição. Todos aqueles que consomem
recursos ambientais em grande escala, acima do uso comum, devem pagar por eles pois os
recursos ambientais são bens de uso comum do povo, não podendo alguns indivíduos usá-los
em demasia sem qualquer contraprestação.
É uma tendência mundial a cobrança pela utilização e exploração dos recursos naturais, afim
de limitar a atuação do homem na natureza, buscando a preservação do meio ambiente. Como
exemplo, podemos citar os ingressos cobrados para frequentadores de parques nacionais,
como por exemplo o primeiro parque nacional do Brasil, Parque Nacional de Itatiaia, na região
sul do estado do Rio de Janeiro, divisa entre os estados do Rio de Janeiro e
Minas Gerais e cujos valores dos ingressos podem ser consultados no link:
https://www.icmbio.gov.br/parnaitatiaia/guia-do-visitante/59-ingressos.html.
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Segundo Silva & Lima (2013), o direito ambiental tem atuado como um dos instrumentos de
gestão ambiental empresarial, participando na orientação e sustentação jurídica das atividades
de determinados setores de atividades e construindo uma relação harmônica homem-meio
ambiente. Além das perdas no âmbito social, ambiental e econômico, a exploração indiscriminada
do meio ambiente pelas empresas pode trazer grandes prejuízos. Adequar-se ao tripé econômico.
ambiental e social com o alinhamento de novas tecnologias é uma tendência inovadora.
A política ambiental tem evoluído, grande parte no campo institucional com as agências
governamentais de meio ambiente e legislação ambiental. Porém, Silva & Lima (2013) indicam
que existe uma nítida discrepância entre o direito instituído e praticado, que se reflete
negativamente sobre a qualidade da gestão e da proteção ambiental. Esse é um dos principais
desafios no combate à degradação ambiental no país. Conforme citado em nossa Semana 11, a
prevenção, detecção ou identificação de desvios, fraudes e irregularidades relativos aos impactos
ambientais negativos provocados por uma empresa é chamado de compliance ambiental.
RESUMO DA SEMANA
A área de direito ambiental se formou juntamente com a globalização das questões ambientais,
na medida que atender a legislação ambiental é um elemento imprescindível na busca pelas
dimensões socioambientais da sustentabilidade.
Os princípios do direito ambiental são a base legítima para uma série de ações das empresas
para se alcançar uma harmonia entre o meio ambiente e a sociedade, evitando, mitigando e reparando
possíveis impactos ambientais. Na próxima aula, conheceremos algumas políticas ambientais
brasileiras e o papel da sociedade na busca pela sustentabilidade. Até breve!
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