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Resumo
O presente trabalho tem como objetivo identificar e discutir as responsabilidades, o
gerenciamento de riscos, bem como os instrumentos jurídicos aplicáveis e os tipos de
soluções disponíveis no mercado nacional para serem contratadas quando se busca
assegurar a proteção do meio ambiente por meio do Seguro de Garantia, a fim de fazer
com que as empresas que incorram em risco de causar a poluição, a deterioração e a
destruição ambiental sigam com as suas atividades com maior segurança, possam
reparar os eventuais danos por elas ocasionados e consigam oferecer a caução
necessária nos casos em que os citados riscos se tornem fatos, sem que, contudo,
prejudiquem o seu fluxo de caixa e, consequentemente, as suas atividades operacionais
e a sua atuação no mercado.
Palavras-Chave
Seguro Garantia; Seguro Garantia Judicial; Carta fiança; Proteção do Meio Ambiente;
Ação Civil Pública; Ação Popular; Gerenciamento de Risco; Responsabilidade Civil.
Abstract
This paper aims to identify and discuss the responsibilities, risk management, as well as
the applicable legal instruments and the types of solutions available in the national
market to be contracted when seeking to ensure the protection of the environment
through the Surety in order to ensure that undertakings which are at risk of causing
pollution, deterioration and environmental destruction are able to carry out their
activities more safely, to remedy any damage caused by them and to provide the
necessary security in cases where that such risks become facts, without, however,
harming their cash flow and, consequently, their operating activities and their market
performance.
KEY WORDS
Surety, legal guarantee, Letter of guarantee, Environmental Protection, Public Civil
Action and Popular Action, Risk Management, Civil Liability
INTRODUÇÃO
Ora, essa lei, diversamente das anteriores, não apenas previu mais
uma dentre tantas ações já a cargo do Ministério Público, mas
também e principalmente colocou nas suas mãos um poderoso
instrumento investigatório de caráter pré-processual, ou seja, o
inquérito civil. (Idem, p. 46 )
4. AÇÃO POPULAR
A ação popular talvez seja o mais antigo instrumento jurídico, que nasceu ainda
na época do Império, por meio do artigo 157 da Constituição Imperial de 1824 – apenas
mais de cem anos depois surgiu a Lei 4717/1965, que nos contemplou também como
um instrumento de proteção do meio ambiente –, utilizado na defesa do meio ambiente.
Existem várias diferenças entre ela e a ação civil pública, mas o que mais nos interessa
aqui é a amplitude dos legitimados que inclui o cidadão.
Enquanto no objeto tem limitações, uma vez que atinge apenas os direitos
difusos ligados à moralidade, à eficiência e à probidade administrativa, além da tutela
do meio ambiente e do patrimônio histórico e cultural, consoante o artigo 5º, LXXIII, da
Constituição Federal de 1988 (CF/88), a diferença na espécie faz com que a ação
coletiva seja mais ampla que a popular. Esta cumpre o seu papel constitucional de
acesso ao Poder Judiciário, em harmonia com inciso XXXV do artigo 5º da CF/88: “a
lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, ou seja,
nesse sentido específico, é mais ampla, pois coloca todo cidadão como fiscal do meio
ambiente, bem como responsabiliza, em tese, cada um com o dever de cuidar do bem
público. Enfim, por meio da ação popular, qualquer um do povo tem acesso à via
judicial para buscar a tutela ambiental.
A respeito de que qualquer um poderá iniciar uma ação popular, Meirelles,
aponta que:
Sendo procedente o pedido dessa demanda, a sentença terá efeito erga omnes,
isto é, toda a ordem originária do Poder Judiciário deverá ser estendida a todos,
indistintamente, porque o objetivo da demanda atinge, de forma direta ou indireta, todos
os seres humanos que necessitam de condições mínimas para a sua sobrevivência no
meio ambiente.
Com o uso restrito do mandado de segurança coletivo para o meio ambiente e os
legitimados sendo autoridade pública ou quem suas vezes fizerem, o seguro de garantia
não vem sendo utilizando como suporte para assegurar os efeitos da obrigação de fazer
ou não fazer, até mesmo porque, o tomador de serviço, nesse caso, seria o governo
propriamente dito, a não ser em empresas de economia mista, onde esse instrumento
ainda não é usado.
O inquérito civil veio à baila em nosso mundo jurídico por meio da Lei
7347/1985, de atribuição exclusiva do Ministério Público e cuja natureza é
administrativa, inquisitiva, informal, com fulcro na coleta de provas, para amparar uma
eventual ação civil pública, característica que tem de semelhante com o inquérito
policial, cujo procedimento também é pré-processual.
O Ministério Público, como legitimado exclusivo para conduzir o inquérito civil,
tem isso como um dever e como poder, conforme encontra-se em nossa Constituição
Federal, artigo 129, inciso III, bem como as leis federais: Lei 7.347/85, artigo 8°, § 1°,
Lei 7.853/89 e Lei nº 8.625/93, artigos 6º e 25, inciso IV.
Traz a doutrina, por meio do entendimento apresentado por José Luiz Mônaco
da Silva, que o inquérito civil tem três funções ou papéis: o preventivo, o reparatório e o
repressivo.
No que tange à parte reparatória, o que mais interessa para a análise do seguro
garantia é o fato de ele ser um instrumento preventivo e trazer o compromisso de
ajustamento, ou seja, a celebração de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta).
Nesse caso, poderá o compromissado contratar um seguro garantia, a fim de que
consiga afiançar o compromisso que tenha celebrado com o Ministério Público, de suma
importância para acordos que envolvem os direitos difusos, garantindo, dessa maneira, o
equilíbrio do meio ambiente e trazendo segurança para a sociedade quanto à
manutenção da vida e das condições necessárias para a sua existência.
8. SEGURO GARANTIA
O seguro garantia bastante é abrangente, como se pode ser verificar. Ele pode ser
utilizado em diversos segmentos empresariais. No entanto, o que interessa para os
direitos coletivos e difusos são o Seguro Garantia Ambiental, empregado em acordos
com o Ministério Público em ações coletivas e o TAC (Termo de Ajuste de Condutas),
uma modalidade de garantia regulamentada pela SUSEP (Superintendência de Seguros
Privados).
CONCLUSÃO
Diante de todo o discutido neste estudo, vale a pena mencionar que existem
outras formas de garantir a estabilidade do meio ambiente por meio de seguros – já
abordadas em outros trabalhos –, como os seguros que abrangem a cobertura ambiental
e vêm antes do seguro garantia, cujo escopo é assegurar a terceiros o ressarcimento por
dano causado por empresas que desenvolvem atividades com risco ambiental, inerente à
poluição gradual e não intencional, como no bastante divulgado caso de Brumadinho.
Esse tipo de garantia é conhecido com apólice de RC (Responsabilidade Civil). Além
dessas, há ainda as que proporcionam benéficies ao próprio segurado (poluidor) para a
recomposição das suas atividades e também as apólices de property, que garantem a
edificação, os materiais, o estoque, as máquinas, o lucro cessante etc. A soma dessas
modalidades visa um melhor gerenciamento de todo o risco por meio de vistorias
realizadas antes da contratação da garantia, por técnicos especializados que avaliam e
até mesmo sugerem mudanças como condição sine qua non para a emissão da apólice
de seguro.
Nesse cenário, o seguro garantia tem uma função de máxima importância para o
meio ambiente no que tange à mediação, ao gerenciamento e à manutenção do risco no
momento em que ocorre, ademais de fornecer garantias suficientes para cumprimento
das obrigações do segurado.
Além disso, a título de conclusão, verifica-se que o seguro garantia tem um
papel determinante no plano de remediação ambiental aprovado nos contratos assinados
entre o tomador e o credor, porque age na minimização dos riscos, por meio da
contratação de gestores, sendo o segurador responsável pelo término e pela qualidade
das ações de mitigação.
BIBLIOGRAFIA
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