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Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande – Unidade II

DIREITO - Manhã

ELIEBER MACHADO DOS SANTOS

DIREITO AMBIENTAL

CAMPO GRANDE/MS – 2019


PASSO 1

Inicialmente cumpre destacar no caso em tela que houve flagrante desrespeito e


inobservância ao primeiro e quiçá, mais importante princípio do direito ambiental:
que é o da SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL , nascido do inquestionável
direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado essencial à sadia
qualidade de vida, está em permanente progresso, acompanhando o metabolismo
social vigente em determinado período da civilização, positivado na carta magna de
1988, que responsabiliza o dever de preservação do meio ambiente, as atuais e
futuras gerações. In verbis:

CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações. (BRASIL, 1988)

De certo, resta claro a falta de comprometido por parte da empresa exploradora de


recursos naturais, quanto a preservação e restauração da área extrativista, além da
ótica humanitária e trabalhista o que gerou dezenas de vidas perdidas, e centenas
de famílias destruídas. De modo que, com efeito, indaga-se o porquê de uma
empresa, que lucra mais de 5 (cinco) bilhões por trimestre, não ter tido um plano de
contingência para a catástrofe que incidiu em janeiro de 2019.

Em seguida, foi deixado de lado o PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO:

Em linhas gerais pode-se afirmar que o Princípio da Precaução deve ser lido como
In dúbio pro natura ou In dúbio pro ambiente. Ou seja, se diante da tecnologia
disponível pelo órgão técnico-ambiental em um determinado momento da história
não conseguir se antevir os danos ambientais que determinada atividade ou
empreendimento poderão originar, deve-se dar prevalência ao meio ambiente, não
permitindo que a atividade ou empreendimento venham a se desenvolver até que se
disponha de elementos suficientes para aferir as consequências que poderão ser
geradas. No âmbito do Direito Ambiental Internacional, encontramos o Princípio da
Precaução, exemplificativamente, no Princípio 15 da Declaração do Rio- Eco 92, ao
dispor que os Estados deverão aplicar o critério de precaução

Quando houver perigo de dano grave ou irreversível, a falta de


certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para
se adiar a adoção de medidas eficazes em função dos custos para
impedir a degradação do meio ambiente.

Ora, não e segredo pra ninguém que existem técnicas de deposição de rejeitos
menos danosas e menos perigosas daquela usada pela empresa vale no
empreendimento do córrego do feijão que era a deposição de rejeitos a montante.

Ademais, o PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO também de enorme relevância para o


estudo do Direito Ambiental correlacionados com o caso em tela, o Princípio da
Prevenção exige que o órgão técnico-ambiental ao permitir a atividade ou
empreendimento nocivo ao meio ambiente, deva se valer de medidas tendentes a
evitar ou reparar o dano ambiental. Em outras palavras, inicialmente o órgão técnico
ambiental deverá buscar mecanismos para evitar o dano ambiental gerado pela
atividade ou empreendimento, buscando soluções alternativas que não venham a
lesar o ecossistema.

Os crimes ambientais de Mariana e Brumadinho expõem as falhas na


implementação da legislação de licenciamento ambiental, ou seja, de
monitoramento, auditoria e fiscalização. A falta de rigor na legislação e a fragilidade
dos órgãos destinados ao monitoramento de barragens contribuem. O
monitoramento não detectou as falhas, e a fiscalização, não detectou nenhum tipo
de irregularidade ou alerta a respeito dos riscos.
Se foi detectada determinada falha e os órgãos responsáveis orientaram na tomada
de alguma medida, mas a Vale ignorou, pode caracterizar crime ou mesmo dolo
eventual. Não investir o recurso mínimo necessário para garantir a segurança nas
empresas que operam em atividades de risco não significa que há intenção de
matar, mas a mineradora poderia dimensionar que o risco é grande, e que poderiam
haver consequências. Observa-se o Princípio da Prevenção no ordenamento jurídico
nacional, dentre outros dispositivos, da leitura do art. 225 § 2º, da Carta maior de
1988 e art. 4º, VI, lei 6.938/81, ao dispor que a Política Nacional do Meio Ambiente
visará à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua
utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do
equilíbrio ecológico propício à vida.

O que nos leva ao próximo princípio: PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE O


Princípio da Responsabilidade é nodal para todo o tênue equilíbrio do sistema
jurídico-ambiental, determinando que aquele que causa o dano ambiental deve
responder nas esferas penal, civil e administrativa. Naturalmente, por força das
próprias regras gerais do direito, o autor poderá responder em qualquer uma ou
mesmo nas três esferas, visto que os campos penal, civil e administrativa não se
comunicam (exceto na hipótese de se provar a inexistência do fato ou da autoria na
esfera penal, quando então se afastará a responsabilidade civil e administrativa- art.
66 e 67 do Código de Processo Penal e 935 do Código Civil Brasileiro de 2002). É
exatamente por força do Princípio da Responsabilidade que o art. 225 § 3º, da Carta
Maior de 1988 dispõe que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Porquanto cabo as autoridades e as vítimas da tragédia promoverem ações civis e
penais contra a empresa VALE e seus diretores, os quais, eram diretamente
responsáveis pelo empreendimento trágico em questão.
PASSO 2

A despeito do dever e responsabilidades de fiscalização sobre barragens de


mineração no território nacional. Vale destacar que a constituição trata a matéria de
maneira exemplificativa competindo a legislação infraconstitucional versar sobre o
tema, em especial a LEI Nº 12.334, DE 20 DE SETEMBRO DE 2010. Estabelece a
Política Nacional de Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água
para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de
resíduos industriais, e cria o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de
Barragens.
De acordo com a lei a responsabilidade pela fiscalização dos barramentos de
rejeitos de mineração é do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM),
do Ministério de Minas e Energia.
De acordo com a lei, a responsabilidade de fiscalizar se divide entre quatro grupos,
de acordo com a finalidade da barragem:
1. Barragens para geração de energia, fiscalizadas pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel);
2. Para contenção de rejeitos minerais, fiscalizadas pelo Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPN);
3. Barragens para contenção de rejeitos industriais, sob responsabilidade do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e órgãos
ambientais estaduais; e
4. As de usos múltiplos, sob fiscalização da Agência Nacional de Águas (ANA) ou de
órgãos gestores estaduais de recursos hídricos.

A barragem de Brumadinho era destinada ao acumulo de rejeitos de mineração,


portanto, a fiscalização cabe ao DNPM. Como o empreendimento está localizado no
ribeirão FERRO-CARVÂO, afluente do rio Paraopeba de gestão estadual, a outorga
de direito de uso de água do rio para a atividade de mineração é concedida
pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e a licença ambiental
pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). De acordo com o Cadastro de
Barragens de Minérios do DNPM, a barragem foi classificada como categoria de
baixo risco e alto dano potencial associado.
As inspeções de segurança regular, tratadas no artigo 9° da Lei n° 12.334/2010,
devem ter a sua periodicidade, a qualificação da equipe responsável, o conteúdo
mínimo e o nível de detalhamento definidos pelo órgão fiscalizador em função da
categoria de risco e do dano potencial associado à barragem. As entidades
fiscalizadoras também devem detalhar as demais partes do Plano de Segurança de
Barragem, conforme artigo 8°. Os vários órgãos envolvidos na fiscalização das
barragens devem enviar as informações previstas na Lei para que a Agência
disponibilize as informações em seu site e nos Relatórios Anuais de Segurança de
Barragem. O último relatório foi feito por uma empresa alemã, a TÜV SÜD, que
garantiu sua estabilidade em setembro de 2018.

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