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Reserva Legal

Reserva Legal é a área localizada no interior de uma propriedade ou


posse rural, que não seja a de preservação permanente (APP). O Objetivo do
decreto da Reserva Legal é a conservação e a reabilitação dos processos
ecológicos, conservação da biodiversidade e o abrigo e proteção de fauna e flora
nativas. Ela varia de acordo com o bioma e o tamanho da propriedade e pode
ser:

I – 80% da propriedade rural localizada na Amazônia Legal;


II – 35% da propriedade rural localizada no bioma cerrado dentro dos
estados que compõem a Amazônia Legal;
III- 20% nas propriedades rurais localizadas nas demais regiões do país.

O conceito de Reserva Legal é dado pelo Código Florestal, em seu art.


1°, §2°, III, inserido pela MP n°. 2.166-67, de 24.08.2001, sendo: "área localizada
no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação
permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à
conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da
biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas."

Bioma mata atlântica

Este bioma ocupa uma área de 86.289 Km², corresponde 53% do


território nacional e que é constituída principalmente por mata ao longo da costa
litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. A Mata Atlântica
passa pelos territórios dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa
Catarina, e parte do território do estado de Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso
do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio
Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.
A Mata Atlântica apresenta uma variedade de formações, engloba um
diversificado conjunto de ecossistemas florestais com estrutura e composições
florísticas bastante diferenciadas, acompanhando as características climáticas
da região onde ocorre.
A lei 11428/06 possui um capítulo específico sobre a proteção nas áreas
urbanas e regiões metropolitanas. Tal diploma legal não impõe uma vedação
geral para a supressão de mata atlântica, mas fixa diversas condições de maior
ou menor rigor para sua exploração. Em todos os caso é necessário autorização
prévia do poder público.

Reserva da biosfera

Reserva da Biosfera são áreas de ecossistemas terrestres e costeiro-


marinhos, ou sua combinação, que são internacionalmente reconhecidas no
quadro do Programa Homem e a Biosfera da UNESCO (Man and the Biosphere
- MAB). Elas formam uma rede mundial, que serve de instrumento para a
conservação da diversidade biológica e o uso sustentado dos seus componentes
– sempre mantendo a soberania dos Estados sobre essas áreas e contando com
a participação das comunidades locais.
As reservas da biosfera devem ser locais de excelência para
experimentação e demonstração de enfoques para conservação e
desenvolvimento sustentado na escala regional, cumprindo e combinando três
funções:
a) contribuir para a conservação de paisagens, ecossistemas, espécies e
variações genéricas;
b) fomentar o desenvolvimento econômico e humano que seja
sociocultural e ecologicamente sustentado; e
c) apoiar projetos demonstrativos, educação ambiental e capacitação,
pesquisa e monitoramento relacionados com os temas locais, regionais,
nacionais e globais da conservação e do desenvolvimento sustentado.
Integrou-se ao ordenamento jurídico pátrio por meio do art. 41 da lei
9985/00 e tem como objetivo a preservação da diversidade biológica, o
desenvolvimento de atividades de pesquisa, o monitoramento ambiental, a
educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade
de vida das populações.

TUTELA CIVIL DO MEIO AMBIENTE

A destruição do ambiente constitui, sem nenhuma dúvida, um dos maiores


problemas com que a humanidade se deparou na segunda metade do século XX
e contínua deparando neste início do século XXI, cuja gravidade é de todos
conhecida, pelo que representa para a vida e para a própria sobrevivência do
homem.
Durante séculos, percebeu-se, no âmbito jurídico, total desprezo com
relação às questões que abordassem o meio ambiente, tendo-se este como
coisa nula, cujo aproveitamento coletivo poderia se dar indefinidamente, sem
vislumbrar-se a possibilidade de seu esgotamento.
No entanto, principalmente a partir da metade do século XX, passou-se a
valorizar intensamente os recursos ambientais, diante da constatação de que
tais recursos são finitos e que seu esgotamento encontrava-se bem mais
próximo.
O fundamento da introdução da responsabilidade objetiva pelo dano
ambiental no Brasil é a teoria do risco integral, que é um corolário do princípio
do poluidor-pagador, consagrado internacionalmente como um dos princípios
básicos do Direito Ambiental.
Em matéria de proteção ambiental, a lei nº 6.938/81, instituiu a Política
Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação,
artigos. 9º a 21.
Destaca-se que o art. 14, § 1º, estabelece que o poluidor é obrigado a
reparar o dano ambiental causado, independentemente da existência de
culpa, adotando-se, assim, a responsabilização objetiva do agente
poluidor.
Introduziu-se, assim, a responsabilidade civil objetiva e solidária, que se
baseia na ideia de que a pessoa que cria o risco deve reparar os danos advindos
de seu empreendimento.

Fundamento – art. 225, §3º, CF/88 e art. 14, §1º da lei 6938/81.

Natureza objetiva e solidária – nos termos dos art. 225, §3º, CF/88 e art.
14, §1º da lei 6938/81, todos que concorreram para o dano devem ser
responsabilizados solidariamente.

Características da responsabilização civil

• Reparação específica – a reparação deve restabelecer o status


quo ante, sem prejuízo dos danos materiais e morais.

• Desconsideração da PJ – tem previsão no art. 4º da lei 9605/98


levando a cabo sempre que sua existência for obstáculo ao ressarcimento dos
prejuízos ambientais.
• Imprescritibilidade – a doutrina e a jurisprudência majoritária
entendem que a matéria não prescreve, haja vista que o meio ambiente é
indisponível e irrenunciável.
• Responsabilidade objetiva integral – não admite as excludentes
de responsabilidade.

TUTELA PRÉ-PROCESSUAL

Inquérito civil
Surgiu com a lei 7347/85 que disciplinou a ação civil publica (art. 8º, §1º),
atualmente presente nas leis 7853/89, 7913/89, 8069/90, 8078/90, lei 8625/93 e
LC 75/93.
O Inquérito Civil Público é um procedimento administrativo, inquisitivo e
privativo do Ministério Público. Ele tem o escopo de produzir de um conjunto
probatório da efetiva lesão a interesses meta individuais. Este procedimento é
prévio ao ajuizamento da Ação Civil Pública, prevista na Lei nº 7.347, de 1985.
Natureza jurídica – procedimento administrativo e inquisitivo que tem por
finalidade a apuração de fatos. Ele integra o rol das funções institucionais
privativas do Ministério Público (art. 129 da Constituição Federal). Nele não há
contraditório, nem acusação, tampouco aplicação de sanção. Ele não cria, não
modifica e nem extingue direitos. Há somente controle de legalidade pelo Poder
Judiciário. Ele é uma medida prévia ao ajuizamento da Ação Civil Pública,
prevista na Lei nº 7.347, de 1985, mas não é obrigatório, pois esta ação pode
ser instaurada independentemente dele.

Fases
a) Instauração
Ele é instaurado por portaria a amparar requerimento ou por despacho
ministerial a amparar representação, sob pena de mera irregularidade. Nesse
sentido o Ministério Público pode instaurá-lo a pedido, o que não afasta o
procedimento de ofício.
b) Instrução
A partir da instauração do inquérito civil pode haver a sua publicidade, os
atos executórios podem ser praticados e a decadência do direito de reclamação
do consumidor fica obstaculizada (art. 26 do Código de Defesa do Consumidor).
Ele deve ser encerrado, embora a legislação seja silente sobre o prazo. Depois
de instaurado, o crime de falso testemunho pode ficar caracterizado, conforme
entendimento majoritário.
A instrução do inquérito civil é a produção de todas as provas em direito
admitidas pela notificação para oitiva de testemunhas ou pela
requisição de documentos, sob pena de caracterizar crime de desobediência.
Entende-se majoritariamente que o Ministério Público não pode quebrar o sigilo
bancário, exceto no caso de investigação de dano ao patrimônio público, mas
pode quebrar o sigilo fiscal.

Conclusão

No curso do inquérito civil pode ser formalizado o Compromisso de


Ajustamento e Conduta entre o Ministério Público e o investigado com o por
escopo de adequar a conduta lesiva às normas pertinentes, uma vez que o
agente a reconhece e compromete-se a adaptá-la à lei. Este compromisso
depende de homologação do Conselho Superior do Ministério Público, caso em
que o inquérito civil é arquivado.
O encerramento do inquérito civil é formalizado por relatório final
concluindo pelo seu arquivamento ou pela propositura da Ação Civil Pública.
O Ministério Público ordena o arquivamento do inquérito civil nos casos
de cumprimento do Compromisso de Ajustamento e Conduta e de inexistência
de justa causa para propositura da Ação Civil Pública. Esta providência depende
de homologação do Conselho Superior do Ministério Público, que pode converter
o julgamento em diligência ou ordenar a propositura da Ação Civil Pública.
Prazo de remessa 03 dias.

Termo de ajustamento de conduta


a) Introdução

O §4º do art. 5º da LACP foi introduzido pelo art. 113, CDC, constituindo-
se em importante mecanismo de efetivação do acesso a justiça.
Legitimidade – os legitimados estão estabelecidos no art. 5º, §6º da LACP:

Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública;
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia
mista;
V - a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente,
ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante
cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
Logo, todos os entes legitimados para propor a ação civil pública tem
legitimidade para propor o termo de ajustamento de conduta, salvo as
associações que não são órgãos públicos.
No Brasil, já na década de setenta, encontramos precedentes ao Termo
de Compromisso de Ajustamento de Conduta previstos na Legislação de
Controle da Poluição dos estados. Um bom exemplo é o art. 96 do Regulamento
da Lei º da lei nº 997, de 31 de maio de 1976, que permitia à autoridade conceder
prazos para adequação da fonte poluidora à legislação.
A figura do Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta como é
hoje definida, foi inicialmente prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente,
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1989, o qual reza, que: “os órgãos públicos
legitimados poderão tomar dos interessados, compromisso de ajustamento de
sua conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo
extrajudicial” (art. 211).
A seguir, o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de
11.09.1990), alterou a Lei da Ação Civil Pública, ao admitir que, em defesa de
quaisquer interesses meta individuais, e não apenas dos consumidores, os
órgãos públicos legitimados à Ação Civil Pública possam tomar dos
interessados, compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante comunicações, tendo esse compromisso eficácia de título extrajudicial
(art. 113, § 6º).
Assim, o Código de Defesa do Consumidor adicionou os parágrafos 4º, 5º
e 6º ao art. 5º da Lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985),
os quais serão adiante analisados.
Por outro lado, a Lei de Crimes Ambientais acaba também por estimular
a solução transacional do próprio ilícito civil, uma vez que é condição para a
proposta de transação penal a prévia composição do dano na esfera cível, salvo
em caso de comprovada impossibilidade, conforme se infere do art. 27 da Lei nº
9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Vale mencionar que a transação penal a que
se refere o referido artigo está prevista no art. 74 da Lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995.
Ainda no âmbito penal, o Termo de Compromisso de Ajustamento de
Conduta foi inserido pela Medida Provisória nº 1.710, que adicionou o art. 79-A
na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro
de 1998), autorizando os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA a celebrar,
com força de título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas
físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos
ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidores.
No Estado de São Paulo, a Resolução nº 05, de 07.01.97 da Secretaria
do Meio Ambiente instituiu o Compromisso de Ajustamento de Conduta
Ambiental, com força de título executivo extrajudicial, no âmbito da SMA, da
CETESB e da Fundação Florestal, cujo anexo possui modelo de conteúdo do
instrumento. No dia 18.08.1998, esta mesma secretaria do Estado de São Paulo,
regulamentou a celebração dos Termos de Compromisso previstos no art. 79-A
da Lei de Crimes Ambientais, através da Resolução SMA 66/98.

b) Definição e Objetivos

Em tese, Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta é o ato


jurídico pelo qual a pessoa, reconhecendo implicitamente que sua conduta
ofende ou pode ofender interesse difuso ou coletivo, assume o compromisso de
eliminar a ofensa ou o risco através da adequação de seu comportamento às
exigências legais, mediante a formalização de termo com força de título
executivo extrajudicial.

c) Da atuação do Ministério Público

Se o compromisso for judicial, a presença do Ministério Público é


obrigatória, seja quando for o autor da Ação Civil Pública, seja quando atuar
como fiscal da lei. Tudo em respeito ao disposto no art. 127 da Constituição
Federal, onde é conferida ao Ministério Público a defesa dos interesses difusos
e coletivos cc. Lei 7.347/85.
Já quando o instrumento for extrajudicial, o que, mormente ocorre,
entendemos que a presença do Ministério Público é optativa e
não obrigatória, haja vista a autonomia do Órgão Público legitimado para
celebrar o aludido Compromisso.

d) Natureza Jurídica

De início, entendiam alguns que, a natureza jurídica do Termo de


Compromisso de Ajustamento de Conduta era de ato jurídico unilateral quanto à
manifestação volitiva, na medida em que o compromitente reconhecia,
implicitamente, a ilegalidade da conduta e assumia o compromisso de se
adequar à lei. Isso é válido para a grande maioria dos casos em que
caracterizada está a infração e a possibilidade de adequação do infrator às
exigências legais.
No entanto, há casos em que a realidade não se enquadra na forma da
lei, sendo verdadeira leviandade pretender que a matéria seja moldada pelo
papel. Isso é fenômeno corrente em países como o Brasil onde há sensível
disparidade tecnológica e funcional, não exercendo o Poder Público o devido
controle sobre as atividades exercidas em seu território.
Nesse sentido, moderna corrente utiliza o Termo de Compromisso como
instrumento de mediação e solução de conflitos de interesses de natureza difusa,
em especial os de caráter ambiental, compreendendo que a dinâmica econômica
e social, muitas vezes, não é acompanhada pela estrutura administrativa posta
pelo Poder Público, havendo demanda excedente que nem sempre se resolve
com a aplicação fria do texto da lei.
O Termo de Compromisso passa a ser, portanto, de natureza contratual
e bilateral, sendo verdadeira hipocrisia considerá-lo mero sucedâneo do termo
de confissão com efeitos civis.
É certo que a Administração Pública não pode transigir com seu dever-
poder, posto que só lhe é permitido agir quando expressamente autorizado pela
lei, dentro de seus limites (princípio da reserva legal). No entanto, o dever de agir
nos termos da lei, na busca da adequação de atividades de interesse econômico
e social leva a autoridade a se esforçar para aplicar a lei exegeticamente,
atendendo ao disposto no art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, visando
atender aos fins sociais a que se destina e às exigências do bem comum.
A intransigibilidade para com o meio ambiente, posto tratar-se de bem
comunal, constitucionalmente tutelado, não há de ser confundida com a rigidez,
quase cadavérica, na aplicação fria da lei, praticada por alguns operadores do
direito, em especial determinadas correntes hoje incrustadas na Administração
Pública. De fato, não se admite que determinados administradores, ou mesmo
membros do Ministério Público, apeguem-se a preciosismos legais para nada
decidir, em prejuízo do próprio meio ambiente.
Nesse sentido, a legislação em vigor ao instituir o Termo de Compromisso,
reconhece, expressamente, a necessidade de flexibilização na aplicação de
parâmetros legais quando a matéria diz respeito a interesses difusos, com
destaque para o meio ambiente e as relações de consumo.

e) Do objeto do Termo de Compromisso

O objeto do Termo de Compromisso não é, como muitos pensam, o meio


ambiente propriamente dito, mas sim o ajuste de determinada conduta às
exigências legais, dentro de condições de modo, tempo e lugar do cumprimento
de obrigação de mitigar os efeitos danosos causados ao meio ambiente. Tais
condições devem ser possíveis de fato, jurídica e economicamente, além de
lícitas, de modo a possibilitar sua mensuração econômica, e dotadas de liquidez,
ou seja, certas quanto à sua existência e determinadas quanto ao seu objeto
(Código Civil, art. 1.533). (2)

f) O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta e a Transação

O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta Ambiental é


revestido, basicamente, do compromisso de fazer e/ou não fazer, uma vez que
seu objetivo principal é ajustar sua conduta às exigências legais ou dirimir
conflitos dentro dessas exigências.
Já no caso da impossibilidade de reparação dos danos causados, o
interessado no Termo de Compromisso buscará adotar medidas
compensatórias, que não se confundem com mera indenização. Assim, o
compromisso de adequação à lei supera as raias da confissão de dívida, mesmo
que contenha cláusula de indenização.
O Termo de Compromisso, por outro lado, não se confunde com
Transação, na acepção civil deste instituto. Segundo dispõe o Código Civil, é
lícito aos interessados prevenirem, ou terminarem o litígio mediante concessões
mútuas (art. 1.025), sendo que somente quanto a direitos patrimoniais de caráter
privado se permite a transação (art. 1.035).
Verifica-se, portanto, ser necessária a presença do litígio na transação,
sendo que as concessões nela previstas são recíprocas, com vistas à sua
extinção. O Termo de Compromisso, por outro lado, versa sobre interesse difuso,
indivisível, e quando de natureza ambiental, relacionado à bem de uso comum
do povo (art. 225, Constituição Federal), sendo, portanto, direito indisponível,
defeso sobre ele transigir.
Como muito bem salientado pelo Ilustre jurista Dr. José Rubens Morato
Leite, “trata-se, na verdade, de um instrumento de tutela de interesses meta
individuais preventivo e inibitório, em concepção diversa dos institutos do direito
civil existentes e objetivando regular uma ordem social e jurídica diferenciada”.
(4)

g) Compromisso de Ajustamento de Conduta firmado antes de


proposta a Ação Civil Pública
Quando o Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta for firmado
anteriormente à Ação Civil Pública, desaparece o interesse de agir das partes
compromissadas, necessário à propositura da referida ação.
Se o Termo de Compromisso for formalizado no curso de Inquérito Civil -
procedimento judicialiforme presidido pelo Ministério Público, não haverá mais
ensejo para ajuizamento da Ação Civil Pública, quer para o Ministério Público,
quer para qualquer outro legitimado, a menos que o autor da Ação comprove
cabalmente a existência de resíduo jurídico-material não abrangido ou atingido
pelo Termo. Assim, desde que o compromisso abranja todos os pontos
objetivados no inquérito, o Ministério Público promoverá o arquivamento dos
autos, ato a ser revisto pelo Conselho Superior do Ministério Público. (5)

h) Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta firmado no


curso de Ação Civil Pública
O TAC efetuado no bojo do processo, para ter validade, depende de
homologação judicial, portanto, não é mais um Termo de Compromisso nos
moldes do estabelecido pelo art. 5º da Lei da Ação Civil Pública, uma vez que se
trata de título executivo judicial.
Não se trata também de reconhecimento da procedência do pedido, posto
que possível, no bojo do ajuste, a adoção de medidas não só reparatórias, como
mitigadoras e compensatórias, instrumentos reconhecidos pela Política Nacional
do Meio Ambiente e aplicáveis exegeticamente à Ação Civil Pública, no
atendimento das demandas caracterizadoras da tutela dos interesses difusos:
autonomia e qualidade de vida.
Assim, Termo de Compromisso não significa reconhecimento da
procedência do pedido, posto ser efetuado no interesse da adequação da
atividade questionada no processo aos parâmetros de compatibilização do
desenvolvimento econômico social com a preservação ambiental, visando à
preservação e restauração de recursos ambientais, com vistas a sua utilização
racional e disponibilidade permanente (incisos I e VI, do art. 4º, da Lei 6.938/81).
Desta forma, se o réu da Ação Civil Pública firmar Termo de Ajustamento
de Conduta perante o órgão jurisdicional, sobrevindo sua homologação judicial,
o processo será extinto com julgamento do mérito, com base no disposto no art.
269, III, do Código de Processo Civil. O Termo de Compromisso constitui-se,
portanto, em transação, cujo objeto, saliente-se, não é o meio ambiente
propriamente dito, e sim as condições de modo, tempo e lugar de cumprimento
das obrigações de recuperar o meio ambiente.
O Termo de Compromisso, a teor do art. 5º da Lei da Ação Civil Pública,
não carece de homologação judicial para que surta efeitos, no entanto, ressalte-
se mais uma vez, firmado em juízo, a sentença que o homologar constituirá título
executivo judicial.
Existe, no entanto, uma outra situação em que o compromisso é firmado
no curso de Ação Civil Pública, porém fora do processo, perante o autor da ação
ou o Ministério Público (caso seja este apenas interveniente). Neste caso,
abrangendo o Termo de Compromisso todo o objeto da ação, esta perde seu
objeto.
Da mesma forma, ocorrendo Termo de Compromisso perante o órgão
fiscalizador competente para atuar na tutela do objeto em causa, e não sendo
este o autor da ação, pode ocorrer a perda do interesse de agir pelo autor do
pedido, principalmente se este for associação civil ou órgão não diretamente
responsável pela tutela do bem em testilha. Sendo assim, deve o juiz decretar o
processo extinto sem julgamento do mérito, na forma do que dispõe o art. 267,
VI, do Código de Processo Civil, inteiramente aplicável à espécie.

i) Do prazo do compromisso

A determinação do prazo conferido ao compromitente para adequar seu


empreendimento às normas ambientais é condição “sine qua non” para a
validade do Termo de Compromisso. O estabelecimento de cronograma da
execução também é bastante recomendável, na medida em que facilita
sobremaneira a fiscalização do cumprimento das obrigações por parte do Órgão
Público.
A Medida Provisória que inseriu o art. 79-A à Lei de Crimes Ambientais,
reza que o prazo de adequação às normas estabelecido no Termo de
Compromisso não poderá ser superior a três anos, sendo prorrogável por mais
três, caso necessário. Entendemos, aliás, que o limite legal imposto pela MP fere
o princípio da proporcionalidade, pois o prazo estabelecido, atinente somente
aos casos ali elencados (atividades anteriores à edição da Lei 9.605/98) pode
ser suficiente em muitas hipóteses mas ínfimo para outras.

j) Da execução Termo de Compromisso

O Termo de Compromisso, como reza o § 6o. do art. 5o. da Lei 7.347/85,


forma título executivo extra-judicial, e o nele contido gera presunção iuris tantum.
Isso significa que o título executivo que o representa pode ser imediatamente
objeto de ação de execução no caso de descumprimento por parte do
compromitente das obrigações que nele assumiu.
Tratando o Compromisso de obrigação de fazer, incidirão as normas dos
arts. 632 a 641 do Código de Processo Civil. Assim, proposta a execução, o juiz
fixará prazo para que a obrigação seja cumprida; não o fazendo, pode o Órgão
Público compromissário requerer ao juiz que a obrigação seja cumprida por
terceiro à custa do devedor, em consonância ao dispositivo legal
supramencionado, independente da multa fixada.
Se o Compromisso for de obrigação de não fazer, incidirão as normas dos
arts. 642 e 643 do Código de Processo Civil.

k) Do aditamento, retificação ou rescisão do compromisso

O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta pode ser


retificado, aditado ou mesmo rescindido como os atos jurídicos em geral, ou seja,
de maneira voluntária, pelo mesmo procedimento pelo qual foi feito, sendo tais
atos justificados técnica e legalmente.
Admite-se, da mesma forma, rescisão contenciosa, por meio de ação
anulatória.

XV – DA AÇAO CIVIL PÚBLICA


Conceito

É instrumento processual destinado à proteção de interesses difusos da


sociedade e, excepcionalmente, para a proteção de interesses coletivos e/ou
individuais homogêneos.
Não serve, pois, para amparar direitos meramente individuais (há
exceções, como as previsões do ECA). Trata-se de instrumento criado com a
finalidade de efetivar a responsabilização por danos ao meio ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico.
A CF/88 alargou o alcance desse instrumento, estendendo-o à proteção
do patrimônio público em geral, conferindo-lhe âmbito análogo
ao da ação popular. Tornou, ainda, exemplificativa, uma enumeração que era
taxativa, ao referir-se a “outros interesses difusos e coletivos”.

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